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Italiano Apaixonado
Capa: LA Capas
Revisão: Bianca Bonoto
Diagramação: AK Diagramação
Produzido no Brasil.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 33.2
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Epílogo
Bônus
Herdeiros Aandreozzi
Acordo cedo como todos os dias, é muito normal para nós Aandreozzi
começarmos o dia cedo, meus dias estão sendo tão ridículos a partir do
momento que meu coração traidor resolveu se apaixonar por Luigi. Desde o
primeiro dia que o vi no escritório de Filippo, me senti estranho. Aqueles
olhos negros me fizeram ficar hipnotizado, e meu coração bater tão forte que
pensei que iria ter algum ataque cardíaco, e desse dia em diante já não
consigo ser eu mesmo. E essa parada de não ser eu mesmo, não combina
comigo. Porra, eu sou Lucca Aandreozzi! Tá! Sei que vocês não me
conhecem direito, mas vou logo dizendo que sou um cara do bem.
Moro em Chicago a quase quatro anos logo após de ter me formado na
faculdade, Babo já tinha essa filial e como eu queria ter minha independência
unir o útil ao agradável. E por que não me aventurar em outro continente?
Por ser o mais novo dos homens, eu sempre fui muito protegido por
Filippo e Enzo, e quando decidi viver sozinho em Chicago foi muito ruim
meus pais aceitarem, principalmente porque eu tinha acabado de fazer 22
anos, mas Filippo depois de ter uma conversa bastante séria comigo sobre
responsabilidade aceitou melhor a minha vinda e ainda me ajudou, do modo
dele, a convencer o resto da família.
Tenho Lippo como um segundo pai, aquele modo dele sério de ver a
vida é insuportável para quem não o conhece, mas ele ama demais todos os
membros da nossa família e protege a todos nós com unhas e dentes. Até que
agora ele está mais sensível. Não! É mentira, ele não é, e nunca será sensível,
mas Luiz Otávio e as crianças preenchem tanto a vida de meu irmão que me
deixa muito feliz por ele. Eu não quero nem imaginar quando ele descobrir
que me apaixonei por Luigi Pierri, as vezes acho que ele sabe, mas respeita
meu tempo para compartilhar sobre esse assunto. Caspita! Só tive coragem
de conversar com Luti sobre o assunto, precisava desabafar e meu cunhado
que me mostrou ser um ótimo amigo, que posso contar sempre.
Saio dos meus pensamentos quando vejo um movimento na minha
cama, olho para o lado e acabei de me lembrar que dormir com Dylan, sei
que não deveria fazer isso de novo, mas eu estava precisando foder. E não é
porque estou com esses sentimentos mal resolvidos por Luigi que vou virar
um virgem, ainda mais sendo Luigi do jeito que é. Praticamente um
prostituto!
Lembro quando fui beber com Enzo no dia que Lippo foi buscar Luti na
boate BDSM. Esse dia foi bem engraçado, mas assim que chegamos na casa
de nosso irmão saímos apressados, pois sabíamos que não daria para ficar na
casa, Lippo iria acabar com o pobre Bello. Nessa mesma noite encontrei com
Luigi na boate quase fodendo uma vadia qualquer na parede perto da escada
na subida da área VIP. Tenho que confessar que ver aquela cena me
embrulhou o estômago e sentir muita raiva, raiva de mim por ter me
apaixonado e raiva por estar sentindo inveja da vadia ao ponto querer meter
uma bala na testa dela.
Sem falar no dia da despedida de solteiro de Luiz Otávio na boate de
minha nonna, só de lembrar que minha avó tem uma boate de mulheres me
faz rir, mas não é o momento para risos. O que eu estava falando mesmo? Ah
lembrei! Naquele dia que nonna tinha praticamente nos mandados dançar em
cima do palco, foi o dia que tive a maior certeza do mundo que não era só eu
que sentia essa atração que ronda entre eu e Luigi. O modo que ele olhou nos
meus olhos enquanto eu me movimentava no ritmo da música, aqueceu meu
corpo de uma maneira que nunca havia acontecido antes.
— Ei baby! Acordou cedo, volta a dormir Lucca — fala Dylan com a
voz rouca de sono. Me cortando dos meus pensamentos.
— Já falei que não é para você dormir aqui Dylan! — falo muito sério,
pois já falamos que eu não quero relacionamento nenhum. Pelo menos não
com ele.
— O que tem demais termos um relacionamento? Eu gosto de você,
somos bons juntos. Tudo isso conta, baby! — fala passando a mão no meu
peito e desviei levantando-me da cama.
— Olha só Dylan, gosto de você, mas não da maneira que você acha.
Quer saber, não te devo explicação! Eu gosto de te foder, você gosta de ser
fodido e é isso aí — falei bem direto para ver se ele entende.
— Tudo bem Lucca, se você quer assim eu não posso fazer nada. Posso
ficar pelo menos para o café? — perguntou com um sorriso sacana e eu dei
de ombros indo direto trocar de roupa. — Vai aonde baby? — fala deitando-
se na minha cama novamente.
— Vou treinar! — diz com indiferença. Porra curiosa!
Conheci Dylan em uma das minhas idas para uma boate muito boa. As
noites de Chicago são as melhores para quem é solteiro como eu, e adora uma
boa diversão, me divirto muito mesmo rodeado de seguranças por todo os
lados e meu fiel escudeiro Christian sempre ao meu lado. Dylan me apareceu
com uma conversa legal, fora que tem um corpo muito atrativo, esquio estilo
nadador, ele é mais baixo, tem olhos verdes, com cabelos loiros até o
ombro, mas é o tipo de cara que não amadureceu direito e acha de todas as
formas que temos que nos relacionar.
Coisa que não vai acontecer, eu ainda vou ter o meu Luigi, por bem ou
por mal ele vai ser meu. Nossa só de imaginar como será o toque dele no meu
corpo me falta o ar. Acho que vocês devem saber que nós da família
Aandreozzi graças ao amor de nossos pais, crescemos com os ensinamentos
que o amor é o maior, e o melhor sentindo que existe. Depois de tanta merda
que nossa família passou e passa até hoje pois o perigo nos ama. E eu amo o
perigo também, nós vivemos juntos de mãos dadas. Porra esqueci o que
estava falando! Ah, lembrei! Eu nunca vou ficar com alguém sem amor, isso
não existe e nunca vai existir, se amasse Dylan com certeza daria essa chance
a nós e o apresentaria a minha família, mas isso não vai acontecer.
Término de trocar de roupa e vou direto para minha academia.
Chegando lá converso com Christian o que vamos fazer no treino de hoje.
Começo o meu treino, na esteira e fico pensando nos meus irmãos como sinto
falta deles e dos meus sobrinhos também que são tão lindos. Penso em ter
minha própria família um dia, serei o melhor pai que conseguir ser, Lippo e
Luti, apesar da idade de Luti, estão se saindo muito bem.
Termino meu treino e vou direto para o quarto tomar um banho,
agradeço aos céus por Dylan não estar mais na minha cama. Entrando na
ducha gemo com a sensação da água quente caindo sobre meu corpo rígido o
fazendo relaxar em segundos.
Ao sentir meu corpo relaxado me lembro do beijo que dei no meu Luigi,
sei que não foi o momento mais promissor de se conseguir o primeiro beijo
de um cara que se estar apaixonado. E o fato de Luigi nunca ter beijado um
homem na vida e ter correspondido meu beijo com o mesmo afinco foi
maravilhoso, sentir seus lábios macios e doces junto ao meu, não tenho como
descrever. Termino meu banho me controlando para não me masturbar pela
centésima vez pensando em como seria ter a boca quente de Luigi envolta de
meu pau.
Enrolo uma toalha ao redor da minha cintura e vou até o meu closet
muito bem arrumado pela minha ajudante do lar, senhora Adams, ela é uma
senhora muito gentil que cuida de mim como se eu fosse seu filho, já peguei
várias vezes conversas dela no telefone com minha mamma ou até mesmo
com nonna Francesa, elas fazem questão de saber como os bambinos delas
está indo. Esses dias a senhora Adams está de férias e tenho que fazer de tudo
para não deixar a casa muito bagunçada, para que quando ela voltar não me
dar um belo de um esporro.
Coloquei uma boxer branca do Ralph Lauren, uma camisa preta por
baixo do meu terno cinza feito sobre medida da Gucci. Mamma adora
comprar e separar cada peça específica das roupas de cada filho e quando ela
não pode fazer, que é muito difícil de se acontecer, mas quando isso acontece
ela pede para senhora Adams fazer. Termino de me arrumar com o sapato
social Bigioni, prendo as abotoaduras com símbolo da família, arrumo o meu
cabelo, coloco o perfume novo que mamma fez para mim e apresentou na
inauguração da Charms Roses, após o fatídico incidente provocado por
aquele desgraçado do Paolo.
Saio do quarto indo em direção a cozinha, não me surpreendo ao
encontrar Dylan preparando o café. Não gosto muito de comer pela manhã,
só faço isso quando mamma ou nonna estão por perto. Assim que Dylan
percebe minha presença seu rosto se ilumina igual a uma árvore de Natal, ele
solta o pano que está a enxugando as mãos e vem ao meu encontro.
— Preparei tudo o que eu acho que você vai gostar — diz passando os
braços no meu ombro fazendo meu corpo enrijecer.
— Desculpe, mas eu não costumo comer pela manhã — falo e seu rosto
fica com uma expressão de raiva, mas muda rapidamente. Estranho, muito
estranho.
— Por favor só um pouquinho, fica mais um pouco comigo — fala
Dylan fazendo biquinho e eu achei mais estranho já que ele nunca ficou
assim.
— Tá certo, vamos tomar café. — Cedo as suas vontades já que vai ser o
nosso último dia juntos.
— Você é o melhor, Lucca Aandreozzi! — diz dando pulinhos de
alegria me deixando mais confuso ainda.
Sento no balcão da minha cozinha e fico vendo Dylan se atrapalha para
encontrar meus utensílios domésticos. Espero que ele não me pergunte,
apesar de saber cozinhar eu não sei onde fica nada, senhora Adams sempre
arruma tudo para mim quando decido fazer o meu próprio jantar. Tomo
somente uma xícara de café, pois como eu já diz, não gosto de comer muito
pela manhã. Fico olhando para Dylan tentando encontrar um motivo para que
ele pudesse pensar que estaríamos entrando em um relacionamento, já que
sempre diz a ele que isso não aconteceria.
— Bem, tenho que ir para a empresa. Obrigada pelo café Dylan, meu
motorista irá levá-lo até sua casa — digo levantando-me da mesa.
— Será que vamos nos ver novamente? — ele pergunta e estou fazendo
de tudo para não me irritar.
— Não, não vamos nos ver. Lembro-me perfeitamente de ter tido essa
conversa com você — falo soltando um suspiro irritado.
— Tudo bem, mas posso te dar um último beijo? — Dylan pergunta se
aproximando sorrateiramente.
— Não! Continuaremos como estamos — falo pegando minha pasta.
Vejo que Christian me espera com o elevador aberto.
— O senhor quer que eu fique até que ele saia do seu apartamento? —
pergunta Christian olhando para Dylan.
— Peça para um dos meus homens o levem embora. E avise na recepção
que sua entrada não é permitida, tenho a sensação que ele não me deixará em
paz ainda — falo assim que a porta do elevador fecha.
— Será feito senhor Aandreozzi — diz Christian me fazendo entortar a
cara para ele.
— Você me tratando assim é como se estivesse falando com Babo ou
com Filippo. Pare com isso bastardo! — falo vendo Chris dar um sorriso de
canto.
— Você nunca consegue ser formal, não é? — pergunta me fazendo rir.
— Esse rosto bonito aqui não combina com formalidade — falo
apontando para minha cara sorridente, fazendo meu chefe de segurança
balançar a cabeça negativamente.
Vou até a minha garagem pego o meu Aston Martin Vanquish, meu bebê
da cor chumbo, com bancos de couro bege, é tão lindo que chega me deixa
sem ar a cada vez que dirijo essa belezinha. Hoje estou com vontade seguir
para a empresa sozinho, sempre faço isso quando quero ouvir minhas
músicas alta, e hoje não é diferente, coloquei Can't Fight It — Rayvon Owen
para tocar a todo volume, essa música que me lembra Luigi e vou seguindo
pelas ruas de Chicago.
Chego na Aandreozzi SPA e sempre que saio do carro olho para o
edifício que é um arranha-céu moderno, todo de metal, vidro e ação, feito
pela nossa própria construtora. Passo pela recepção e vejo Katherine olhando
suas revistas de moda, mas quando nota minha presença se endurece toda e
abre um sorriso meloso. Ela é morena com cabelos castanhos avermelhados,
olhos azuis escuros, boca carnuda, ela é de descendência espanhola, tem um
corpo digno de ser fodido, sua beleza não quer dizer nada, pois o que ela tem
de bonita tem de vulgar. Katherine já trabalhava aqui antes de eu assumir a
empresa, mas não vou muito com a cara dela
— Bom dia senhor Aandreozzi! — diz Katherine de um modo sedutor.
— Bom dia senhorita Perez! — falo caminhando em direção ao
elevador.
— Essa sua recepcionista quer você — comenta Christian assim que
entramos no elevador. Já reparou que ele adora puxar papo comigo no
elevador? Ele faz isso sempre!
— Não achei meu pau no lixo! Tenho certeza que ela já deve ter dado
para metade dos acionistas daqui da empresa — falo fazendo careta sem virar
para olhar para Christian.
— Eu acho que já devo ter ouvido alguma coisa assim sobre ela — diz
Christian casualmente.
— O quê! Me conte aí, qual dos meus acionistas ela pegou? — pergunto
com a curiosidade fervilhando em mim.
— Depois falam que só os empregados gostam de uma fofoca —
Christian diz de um jeito engraçado.
— Capista! Eu não gosto de fofoca, só acho que deveria ficar por dentro
de tudo que acontece na minha empresa. Que mal há nisso? — falo com um
sorriso sacana.
— Se o senhor está dizendo, não serei eu a falar nada — diz meu chefe
de segurança.
— Proprio così il mio amico, il gioco è fatto! (É isso mesmo meu amigo,
é isso mesmo!) — falei e começo a andar em direção a minha sala.
Ando pela área da presidência e paro em frente à mesa da minha
secretária. A pouco tempo mudei de secretária, a de antes era uma mulher
chata, carrancuda que eu não fazia questão nenhuma de conversar. A única
coisa que ela sabia fazer direito era o meu café. Tenho a sensação que ela não
gostou muito quando eu assumir a empresa que estava nas mãos de um dos
acionistas e “amigo” de meu pai.
Contratei uma nova secretária o nome dela é Laila Allen, assim que bati
o olho nessa jovem de vinte e dois anos, gordinha das bochechas rosadas, é
de estatura mediana, cabelos longos e loiros, e seus olhos são castanhos
claros quase verdes, me encantei. Sabe aquela gordinha com o corpo cheio de
curvas? Essa é Laila! Ela é tímida e atrapalhada de um jeito fofo, mas faço de
tudo para deixá-la à vontade, adoro vê-la sorrir porque é a coisinha mais
engraçada de se ver, pois ela tem um riso estranho.
— Buongiorno, mia dolce! (Bom dia, meu doce!) — falo assustando
Laila que estava de cabeça baixa escrevendo furiosamente no notebook.
— Desculpe senhor não tinha o visto chegar. Bom dia! — diz
arrumando seus óculos de grau.
— Na minha sala Laila, temos que conversar! — falo fechando a cara,
fazendo ela pular na sua cadeira. Tadinha, adoro fazer isso!
— Sim senhor! — responde em forma de sussurro.
Entro na minha sala onde tem um lugar espaçoso, com um ar de limpo e
calmo, as janelas de vidro do teto ao chão me dão uma vista maravilhosa
dessa cidade movimentada que é Chicago, as paredes são em um tom azul
claro contendo algumas pinturas, na minha mesa tem alguns porta retrato
com as fotos da minha família, meu MacBook e telefone. Sento na minha
cadeira e olhei para o rostinho ansioso da minha secretária.
— Bem Laila, tenho que te dizer uma coisa — falo cruzando os braços.
— Olha senhor, eu não fiz nada de errado… — ela começa e eu levanto
a mão a fazendo parar de falar instantaneamente.
— Dio donna! (Por Deus mulher!) Se acalme, eu só iria dizer para você
parar de me chamar de senhor, já diz para me chamar de Lucca — digo
sorrindo fazendo Laila sentar na cadeira da minha frente soltando o ar que
estava segurando.
— Eu pensei que tinha feito algo de errado, juro que iria morrer do
coração, isso não se faz senhor Aandreozzi. O que eu iria fazer? Como iria
pagar minhas contas? Justin, meu filho, precisa ir para escola, já que o traste
do pai não dar nada ao filho — Laila começa a falar sem parar gesticulando,
mas para ao se dar conta que tinha falado demais. — Me descontrolei,
desculpe sen… quer dizer, desculpe Lucca.
— Você não me contou que tinha um filho. Quantos anos ele tem? —
pergunto, pois eu adoro crianças.
— Sim eu tenho, Justin tem 4 anos — fala envergonhada.
— Não precisa se envergonhar, tenho certeza que seu filho é um lindo
— falo sorrindo para minha secretária que está quase se tornando uma amiga.
— Adoro crianças, meu irmão mais velho e seu parceiro tem dois filhos.
Pietro e Duda são lindos! — digo mostrando a foto dos dois.
— São lindos! — comenta Laila com administração.
— Sim, mas vamos deixar essa conversa para o almoço. O que temos
para hoje?
— Ah claro! Hoje pela manhã o senhor tem alguns relatórios de obras
para averiguar e o contrato sobre a rede de hotéis. A tarde uma
videoconferência às 14 horas, e uma reunião com os acionistas às 16 horas —
diz com os olhos grudados no tablet.
— Obrigado Laila, vamos almoçar juntos hoje viu. Estou me sentindo
carente de atenção — falo a fazendo arregalar os olhos. — Pare com isso!
Você já está trabalhando comigo a quatro meses e ainda se surpreende com
meu jeito de fazer as coisas.
— Tudo bem senhor, eu só acho que as pessoas podem falar mal do
senhor por ter amizade com a secretária — diz Laila de cabeça baixa e eu
começo a rir.
— Deixe de se menosprezar, você é linda. O homem que ganhar seu
coração vai ser o mais sortudo de todos — falo a fazendo dar um sorriso
tímido e arrumar os óculos.
— Não acho que isso irá acontecer — diz baixo, mas eu conseguir ouvir.
—Vai sim, você vai ver só. Eu sei que sou muito lindo e irresistível, mas
não se apaixone por mim, pois meu coração já tem dono — falo vendo Laila
soltar um sorriso alegre.
— Pode deixar isso não vai acontecer — fala sorrindo e eu fiz uma
careta ofendida.
— Nossa! E eu aqui achando que era um cara apaixonante — digo
colocando a mão no peito.
— Tudo bem senhor apaixonante, deixe-me ir atender o telefone — diz
indo em direção a porta.
— Laila, traz um café para mim? — pergunto docemente e ela afirmou.
Começo a trabalhar com bastante concentração, adoro trabalhar com
construção. Estudei engenharia aqui na universidade de Chicago e faço de
tudo para ficar por dentro de cada obra, cada fornecedor novo, tudo tem que
passar por mim e não me importo se tem pessoas para fazer esse trabalho,
aprendi com babo que não importa como, mas a empresa tem que ser vigiada
pelos meus próprios olhos. Quando termino de ler o contrato vejo que o meu
celular começa a apitar, ao olhar para a tela vejo que o grupo Aandreozzi no
Whatsapp está com todo ânimo, pois nonna acabou de mandar uma foto de
uma bunda branca e eu tenho a suspeita de quem é essa bunda.
Família Aandreozzi:
Nonna: Quem adivinhar de quem é essa bunda vai ganhar um doce!
Kkkkk…
Eu: Eu tenho quase certeza que não é de Filippo, pois a bunda dele é
cabeluda.
Luti: Do meu marido não é mesmo não. Deixe de falar sobre o traseiro
de meu marido Luc! ;)
Luna: kkkkk… Dio santo! Não acredito que a senhora fez isso nonna!
Nonna: Faço mesmo! Peguei ele desprevenido hoje mais cedo.
Luti: De quem é essa bunda finalmente?
Lippo Ursão: Para que você quer saber Bello? Acho melhor não ficar
muito curioso, você é meu!
Luna: Esse Ursão é muito possessivo. Hahahah…
Eu: Isso mesmo meu irmão! Tenho que lhe dizer meu cunhado que
minha bunda é muito mais bonita. Quer ver? ^_^
Lippo Ursão: Você vai ver é o soco que vou lhe dar, seu bastardo!
Eu: Também te amo Irmão! ;-)
Nonna: Manda Lucca! Tem o meu gerente gay que vai adorar ver a
bunda de meus netos.
Enzo: NONNA! COMO A SENHORA CONSEGUIU TIRAR ESSA
FOTO?
Nonna: Não revelo nem sobe tortura. Como dizem no Brasil: Bobiou
dançou!
Luna: Sabia que era sua bunda grande fratello (irmão mais velho).
Eu: Essa bunda murcha é com certeza dele! Kkkkk…
Enzo: Vai se foder Luna e Lucca! Nonna isso não se faz!
Eu: Vou voltar a trabalhar! Beijos e amo vocês!
Deixo meu celular de lado e vejo que já estava na hora do almoço. Pego
minhas coisas e saio em busca da minha secretária que irá almoçar comigo
hoje. Assim que consigo tirar Laila da frente do computador e parar de
reclamar dizendo que não fica bem ela sair para almoçar com o chefe, coisa
que eu não me importo muito.
Vejo em Laila uma pessoa que quero como amiga e é assim que vai ser,
nunca me importei com comentários de terceiros. Saímos os dois juntos com
Christian logo atrás, ao entrar no elevador vejo o meu chefe de segurança
olhava muito para bunda da minha secretária, lanço um olhar de repreensão
para ele, o advertindo com olhar para respeitar Laila e assim ele fez. E ele é
gay, imagina se não fosse!
Saímos do elevador e de cara vejo as pessoas olhando para nós,
principalmente Katherine que olha para minha secretária com cara de nojo,
mas disfarça ao perceber que eu estou encarando-a. Invejosa de merda! Odeio
certos tipos de gente que se acham melhores e mais bonitos que as outras
pessoas, tive uma educação maravilhosa e nunca me importei com coisas
fúteis e preconceituosas.
— Vamos Laila! Tenho que te mostrar o que é uma comida italiana de
respeito. Andiamo a mangiare! (Vamos comer!) — falo fazendo minha mais
nova amiga sorri timidamente e suspender seus óculos com o dedo indicador.
Eu de verdade estou morrendo de fome e daria tudo para comer uma
lasanha aos quatro queijos de nonna, mas como ela não está por aqui tenho
que me conformar com o restaurante de um amigo dela.
Depois de quase lutar com minha secretária para aceitar entrar no meu
carro para virmos ao restaurante de Lorenzo um antigo amigo de nonna.
Chegamos ao aconchegante restaurante chamado La Nostra Casa, vir aqui
sempre me faz sentir falta de casa, de minha infância com meus irmãos, de
morar sob mesmo teto com todos eles, sem esquecer de Milão, lugar que eu
cresci e que sempre vai ser o meu lar.
A recepcionista já me conhece das outras vezes que vim e já nos leva
para a mesa que estou acostumado a ficar, mesa essa que me dar uma vista do
jardim magnífico que Lorenzo afirma cuidar pessoalmente. Faço Christian se
sentar comigo e Laila, ele veio para ajudá-la a se adaptar melhor com o meu
jeito de ver a vida.
—Relaxa mulher, você parece que está prestes a correr a qualquer
momento — falo olhando para Laila que estava de olhos absurdamente
arregalados.
— Não estou acostumada a vir para esses tipos de lugar tão sofisticado,
muito menos na companhia de meu chefe e seu chefe de segurança — diz
Laila se atropelando com as palavras.
— Chris só está aqui para te deixar um pouco mais confortável. Esse
maledetto gosta de comer nesses carrinhos de comida na rua — falo
entortando um bico e Christian dar de ombros.
— Gosto mesmo! Acho desnecessário tudo isso sendo que posso comer
uma comida boa e barata — Christian comenta fazendo Laila concordar.
— Eu concordo com você! — Laila diz me fazendo suspirar.
— Se mamma e nonna sonhar que eu e meus irmãos não comemos uma
boa refeição todo dia acho que elas nos matam. E irritar elas duas não é uma
coisa que gostamos de fazer muito — digo e um arrepio atravessa meu corpo
e vejo que no corpo de Christian também, pois ele conhece as senhoras
Aandreozzi.
— Com certeza, a vida é muito melhor deixando as senhoras Aandreozzi
felizes — fala Christian.
— Vocês falam como se a mãe e a avó do senhor fossem mulheres
perigosamente armadas — fala Laila bufando e olhando para o cardápio.
— Mais é isso mesmo que elas são! — Christian e eu respondemos
juntos.
— Isso não é possível, vocês dois devem gostar de criar caso — Laila
diz me fazendo rir.
— Você ainda não as conhece, espero que em breve tenha esse prazer.
Depois não fique assustada com as duas, principalmente minha nonna — falo
saudoso.
Nunca gostei de ser um homem fechado, as pessoas que trabalham
diretamente comigo faço questão de me aproximar bastante e quem sabe ter
uma amizade, que é o caso de Christian e senhora Adams. Christian que
serviu junto com Elijah o chefe de segurança muito competente de foda de
Filippo nos SEAL’s, que são uma das principais forças de operações
especiais da Marinha dos Estados Unidos. Não sei como meu irmão
conseguiu Elijah e os outros, mas foi a melhor equipe a trabalhar conosco.
Eles fazem a chefia de nossos outros seguranças, que são muitos e eu já perdi
a conta.
Diferente dos traíras dos Jeremiah e Atílio esses traidores já existiam
antes de Filippo contratar Elijah, Christian, Brian, Timóteo, Alejandro. Cada
um deles tem uma equipe que trabalha ao nosso serviço, não é fácil ser um
Aandreozzi, pois temos inimigos onde menos esperamos. Nunca quis ser
seguido por seguranças, sempre achei que meu treinamento intenso composto
por várias artes marciais, treinamento de tiro e muitos outros fosse o
necessário, mas Christian me mostrou que alguém precisa olhar minhas
costas, e ele faz um ótimo trabalho nisso.
Já diz que Christian é gay? Acho que sim! E saber disso me fez mais
feliz, pois tenho alguém para compartilhar meus gostos, que por mais que eu
já tenha ficado com várias mulheres a minha preferência sempre foi por
homens. Mais um homem em si ganhou meus pensamentos e faz meu
coração falhar as batidas, desejar possuir e ser possuído pelo seu corpo. Só de
imaginar o corpo de Luigi faz meu pau pulsar me fazendo sentir quente e
desconfortável em pleno restaurante.
— O senhor está bem? — pergunta Laila.
— Sim, por que a pergunta? — falo na maior cara de pau.
— Não, nada! O senhor estava com o rosto vermelho de repente —
responde sem graça. Tô com tesão bobinha!
— Oh sim, não deve ser nada — falo e faço o meu pedido com o
garçom, esperando que Christian e Laila fizesse o mesmo.
Peço minha lasanha, amo uma rica lasanha bem-feita, Laila faz o
mesmo, Christian pediu bife à milanesa. Quando os nossos pratos chegam
não houve conversa somente degustamos a comida perfeita feita por Lorenzo
e o nosso vinho branco. Terminamos de comer e como já era de se esperar
Lorenzo aparece para nos cumprimentar.
— Veja se não é o jovem Aandreozzi. Como você está Lucca? —
pergunta Lorenzo me cumprimentando com dois beijos de cada lado do rosto.
— Estou muito bem, a sua comida como sempre estava surpreendente
— falo recebendo um sorriso caloroso do velho Lorenzo.
— Como está a sua nonna? Faz tempo que não a vejo — pergunta
Lorenzo e eu já sabia que ele iria perguntar por nonna. A sorte dele é que eu
não sou tão ciumento como Filippo e Enzo.
— Nonna está em Milão deixando meu babo a cada dia de cabelos
brancos — digo fazendo o pobre homem gargalhar.
— Essa Francesa não muda de jeito nenhum. Acho o seu modo leve de
ver a vida fascinante — fala Lorenzo com seus olhos verdes brilhando.
Não sei o que aconteceu entre Lorenzo e nonna Francesa, mas que
alguma coisa rolou entre eles, tenho quase certeza que sim. O modo
carinhoso que ele fala sobre ela é muito fofo e divertido, porque de fofa
minha nonna não tem é nada. Ela é a senhora mais inquieta que eu tive a
honra de ter como minha avó. Adoro as saídas com nonna, mesmo que Babo
fique louco de preocupação achando que a mamma dele não tem mais idade
para fazer certas aventuras. Nunca perguntei a nonna o que houve entre ela e
Lorenzo, pois o medo dela me mandar ir para o inferno e cuidar da minha
vida ou jogar alguma coisa na cabeça é muito maior, apesar de ser muito
divertido ver ela me jogando algo.
— Quem é essa moça bonita que está te acompanhando hoje? O rapaz
eu já conheço — diz Lorenzo apontando para Laila que ficou muito
vermelha.
— Essa aqui é minha secretária, a convidei para provar da sua
excepcional lasanha — falo e Lorenzo assenti.
— Pensei que fosse sua namorada. Está na hora de forma uma família
meu rapaz — diz Lorenzo me dando uma cotovelada de brincadeira.
— Laila é minha funcionária e amiga, está longe de ser minha
namorada, pois prefiro o sexo oposto ao dela — falo com um certo
divertimento fazendo tanto Laila quando Lorenzo me olharem com confusão
e Christian quer rir.
— Chegou minha hora e tenho que ir, foi um prazer lhe ver novamente
Lorenzo — falo olhando para o meu relógio.
Me despeço de Lorenzo e saio do seu restaurante, percebo que Laila está
me olhando com uma vontade louca para perguntar se sou gay mesmo ou se
era uma brincadeira com um velho amigo, mas como ela é muito medrosa
para fazer esse tipo de pergunta íntima ao seu chefe, ela não faz. Chegamos
na empresa e fico um tempo na minha sala arrumando alguns documentos
para ir até a videoconferência com o CEO de uma rede de hotéis chinês Lian
Sakamoto. Faremos o primeiro contato hoje à tarde, se fecharmos esse
contrato com ele será um bom negócio para a Aandreozzi SPA.
— Laila se alguém me ligar por favor não me passe as ligações. A não
seja caso de extrema importância e principalmente minha família — digo
chamando sua atenção.
— Sim senhor, pode ir para sua videoconferência despreocupado — fala
profissionalmente.
— E por favor me leve um café daqui a uma hora. Estou precisando de
cafeína — digo suspirando alto.
— Tudo bem — diz anotando o que pedir e me seguindo até a sala.
Vou até a sala de onde seria a videoconferência com Lian e sento em
uma das cadeiras. Como a sala já está devidamente arrumada, quando dá o
horário marcado o Sakomoto está do outro lado da tela. Tenho que conversar
que achei que seria mais um velho na casa dos 60 anos, mas o homem na
minha frente me surpreendeu, ele está na casa dos 35 anos, com cabelos
curtos e espetados, um rosto másculo sem nenhuma barba que lhe dava o ar
de mais jovial, olhos tipicamente esticados, em seu terno azul marinho que
dava para perceber que ele tem um corpo legal.
Seu rosto carrega a mesma surpresa que a minha, eu devidamente
escondi, pois no momento do meu trabalho não levo minhas emoções à tona,
aprendi a me controlar perfeitamente. Sou um cara aberto só com quem eu
quero, fora isso sou um homem sério de negócios, não misturo as coisas.
Acho que por isso meu reconhecimento aqui em Chicago é muito grande,
apesar de novo, sou um Aandreozzi de responsabilidade e mostro que não se
deve mexer comigo, pois eu passo por cima esmagando tudo e confesso que
vou adorar ouvir seus ossos se partirem.
— Tenho que dizer que estou surpreso, não imaginei está de frente a
uma pessoa tão diferente, senhor Aandreozzi — diz Sakomoto segurando seu
queixo e fazendo movimentos de leves batidinha nos lábios.
Agradeço a Deus por ele está falando em inglês, pois não concluí meu
curso de mandarim. Falo português, francês, espanhol, russo, mas o meu
mandarim ainda é um fracasso. Respiro fundo e vou abrindo minha pasta com
todo os dados que eu irei precisar.
— Digo o mesmo Senhor Sakomoto, vamos dar início a nossa reunião
— falo profissionalmente com minha máscara de homem de negócios.
— Como preferir Senhor Aandreozzi — fala Sakomoto.
Iniciamos a reunião para a discussão sobre o contrato e o que o senhor
Sakomoto espera da minha empresa. Percebo que durante a reunião o japonês
não para de me olhar com olhos avaliadores, não faço ideia do porquê desses
olhos, mas sinto que eles estão interessados no que está vendo. Sou um
homem bonito, beleza é algo que na minha família é bem farta. Sou mais
baixo que Filippo e Enzo, tenho 1,86, peso 85 quilos bem distribuídos com
massa magra e músculos fortes e definidos, sempre me considerei uma peça
bonita e na minha cama nunca faltou alguém para aquecer meu pau. Minha
barba por fazer, cabelos castanhos escuros, sem mais delongas, sou lindo pra
caralho!
— Gostei muito da nossa reunião e estou pensando em fechar o contrato
com sua empresa Senhor Aandreozzi — diz Sakamoto assim que
finalizarmos os assuntos importantes.
— Fico contente em saber disso senhor Sakomoto — falo descansando
meus papéis na mesa.
— Essa semana chegarei em Chicago, podemos marcar um jantar. O que
acha? — pergunta com seu forte sotaque oriental.
— Claro que sim, e quem sabe não assinamos logo esse contrato? —
pergunto descontraidamente o fazendo rir.
— Isso seria bom! — diz e seu tom escorre uma certa malícia que fiz
questão de ignorar.
Não vou mentir e dizer que não notei os olhares avaliadores de Lian para
mim. Oh homem, percebi que você é muito gay e está gostando do que ver,
falei para mim mesmo durante a pressão de seus olhares sobre mim. Mas ele
pode me convidar para diversos jantares ou qualquer outra coisa que jamais
sairia com ele, hoje em dia seria mais para não perder tempo enganando a
mim e os outros, já que teria meu Luigi para mim, e não misturo negócios
com prazer. Encerrei o vídeo com Lian e como já estava no horário da
reunião com os acionistas vou direto para a outra sala de reuniões.
Odeio reunião com esses merdinhas! Principalmente Daniel Campbell,
esse homem não deixa de demonstrar a sua insatisfação por eu ter tirado sua
bunda o inútil da presidência da minha empresa. Campbell ficou na
presidência por alguns anos quando o meu pai fundou a empresa, Campbell
espalha para todos que essa empresa de Chicago só cresceu por causa dele.
Boatos que me fizeram rir muito, pois assim que tomei o meu lugar na
empresa vi o quão ruim estava as coisas por aqui.
Na mesa de reunião está eu, Daniel Campbell e mais quatro pessoas,
duas mulheres e dois homens, que desde o meu primeiro dia aqui não me dão
muita alegria. Agora estamos tendo uma discussão sobre a minha decisão de
não aceitar uma obra do senador White, senador esse que para mim não quer
dizer nada.
— Como você não quer fazer o contrato com o senador White? —
Campbell perguntou batendo na mesa de reunião, seu rosto marcava a sua
irritação.
— Será muito bom agora a empresa trabalhar com o senador White. Não
entendo sua relutância — diz uma das acionistas que nunca fiz questão de
lembrar seu nome.
— Sempre soube que Donatello deveria vender suas ações para mim.
Essa empresa cairá em desgraça na mão de uma pessoa tão jovem que mal
saiu das fraldas — fala Daniel me fazendo querer socar sua cara feia, mas me
controlei.
Vejo alguns acionistas balançarem a cabeça aceitando o que o filho da
puta nojento do Daniel Campbell estava propondo. Não seria a primeira e
nem a última vez que eu cortava qualquer chance da minha empresa fazer
negócios com esse senador.
— Isso não vai acontecer, já falei várias vezes que não farei negócios
com esse senador — falo mais calmo do que eu poderia ser nesse momento.
— Nos faça entender seu ponto de vista senhor Aandreozzi — pede um
outro acionista.
— Vamos aos fatos aqui, o senador White é um homem sujo. Esse
mesmo homem que estava envolvido em vários escândalos recentemente, não
sou adepto a corrupção. O meu nome e o nome da minha família jamais serão
vistos como aliado de um merdinha como ele que só quer se promover —
falei cruzando os braços e a comoção é geral na sala de reunião.
— Isso é um absurdo o Senador é um grande amigo meu, tudo
envolvido com seu nome foram só calúnias — diz Daniel Campbell com
raiva.
— Só por ser seu amigo já me mostra o tipo de pessoa que ele é — falo
sem muito interesse.
— Como ousa seu… — Interrompo antes que ele fale mais alguma
coisa.
— Olha bem o que você vai falar Daniel! Acho que esses anos que estou
na frente na empresa não fez com que você me conheça, pois bem tenho que
te dizer que não sou um homem com alta tolerância. Lembre-se que seus
míseros 15% das ações não se comparam aos meus 55%. Eu sou o dono dessa
porra, eu mando e desmando em você! Eu sou a voz aqui, eu sou o que você
jamais será, sou um Aandreozzi! Não mexa comigo meu caro, pois não
conseguirá nada — falei de pé curvado na mesa olhando para esse infame na
minha frente.
— Você não pode nos tratar assim — diz uma das vacas fazendo cara
ofendida.
— Faço o caralho que eu quiser! E digo que não faremos contrato com
o Senador White, essa é minha última palavra sobre esse assunto — falo
pegando minhas coisas para sair. — Campbell, entenda que uma pessoa como
você nunca conseguirá ser como eu — falo chegando à porta, mas não antes
de ouvir a pergunta.
— Como assim pessoa como eu? — ele pergunta e eu posso ver a
espuma sair de sua boca. Paro e olho para ele com um sorrisinho de canto.
— Insignificante! — falo fechando a cara e saio sem olhar para trás.
Chego na minha sala e me jogo na poltrona, sempre que saiu dessas
reuniões me sinto esgotado. Eles acham que pela minha pouca idade eles
podem mandar em mim e fazer a porra que eles quiserem na minha empresa,
mas não é bem assim. Eu sou o poder aqui, não eles! Filhos da puta
ridículos! Uma batida na porta me tira dos devaneios e Laila entra na minha
sala.
— Cansado senhor? — ela pergunta.
— Está tão na cara assim? Aquelas pessoas me sugam as energias —
falo bufando. — O que tem para mim?
— Seu cunhado ligou, mas não quis deixar recado diz que depois falaria
com o senhor.
— Nada de senhor, já diz que pode me chamar de Lucca — falo
pegando meu celular para retornar à ligação de Luti.
Laila sai da minha sala me dando privacidade, como o número de Luti já
está na discagem rápida faço a ligação rapidamente. Chama duas vezes até
que a ligação é atendida.
— Alô! — A vozinha do meu sobrinho Pietro chegou aos meus ouvidos
e um sorriso surgiu nos meus lábios.
— Ei Ursinho, com está o garotinho do zio (tio)? — pergunto e ele solta
uma risadinha infantil.
— Eu tô bem titio! Que dia você vai vir aqui? Tô com saudades! — ele
diz e a saudade aperta no meu peito.
— Espero que em breve, peça ao seu Babo para ele trazer você e
Ursinha para me fazer uma visita – falo sabendo que ele irá pedir sim ao meu
irmão mais velho.
— Eu vô pedi mesmo! — fala com entusiasmo.
— O que você está fazendo com o celular de seu pai? E onde ele está?
— pergunto curioso.
— Ele me deixou blicar com o seu celular, eu caí na escola hoje e
machuquei o juelo — fala e fico logo em alerta.
— Você está bem mio piccolino (meu pequerrucho)? Se machucou
muito? Está doendo? — pergunto aflito.
— Eu tô bem já titio! Foi só uma besteila, mas papai me deu o celular
para blincar — diz e eu respiro aliviado. — Papai quer falar com você!
Alivedeti! — diz em italiano me encantando.
— Arriverdeci minuscolo (Adeus pequenino) — falo feliz em ouvir ele
falar seu italiano.
— Como você está meu cunhado? — pergunta Luti e eu já estranho.
— O que foi que aconteceu para você me ligar? — Sou logo direito.
— Nossa, vocês Aandreozzi são tão diretos ao ponto — fala se
fingimento de ofendido.
— Corta essa Luti, você é um Aandreozzi também — falo folgando a
merda da minha gravata.
— Vendo por esse lado você está certo — Luiz diz soltando um risinho.
— Então? O que houve? — pergunto o induzindo a falar. — Fale de
uma vez, igual tirar uma fita adesiva!
— Luigi me confirmou o seu noivado — diz rápido fazendo meu
coração parar.
— Como… como é que é? — falo meio perdido.
— Isso aí Lucca! Ele vai realmente se casar — diz e ouço ele soltar um
suspiro triste.
Mesmo depois do nosso beijo, de eu ter afirmado que ele iria ser meu,
do modo que ele ficou desnorteado quando me encarava. Achei de verdade
que tinha o balançado de algum modo. Como uma pessoa adulta e
independente se presta a casar com uma pessoa que não ama para satisfazer
os outros? Que tipo de homem meu coração resolveu se apaixonar? Que
inferno farei se ele realmente se casar? Está passando tantas coisas na minha
cabeça, não dá mais para ficar aqui, preciso sair. Isso, preciso sair!
— Lucca? Lucca? Tá aí? — pergunta Luti me tirando dos meus
pensamentos.
— Tenho que ir, dê lembranças a Filippo por mim. — Luti iria falar
mais alguma coisa, mas desliguei a chamada.
Pego minhas coisas e saio em disparada para pegar meu carro. Christian
vem atrás de mim e percebe que eu não estou muito a fim de conversar, já
trabalhamos juntos a anos e ele já me conhece bem o suficiente para saber do
que eu realmente preciso. Vou em direção ao centro de treinamento dos meus
seguranças. Quando chego ninguém fala comigo, o que não é normal, mas ao
ver que eu não estou a fim de muito papo eles me deixam seguir o meu
caminho sem me atrapalhar com conversas desnecessárias.
— Você vai para onde eu acho que vai? — pergunta Christian e eu
assenti. — Posso saber o porquê precisa disso hoje? — indaga novamente e
eu sem parar de tirar minha roupa o encarei.
— Ele vai casar! — falo entre dentes e Christian assoviou.
— Tudo bem, mas sabe que não o deixarei ir sozinho. Acho que seus
irmãos me matariam, principal Filippo — diz Christian e eu assenti.
— Preciso quebrar a cara de alguns fodidos! — falo sem olhar para meu
segurança.
— Está ciente que se sua família descobri esse seu hobby para
desestressar não vai ser uma coisa muito boa né? — ele fala e o olho
trincando os dentes.
— Eu sei! Tá bom, eu sei inferno! Mas eu realmente preciso disso para
não ir até o fodido Brasil e tirar da cabeça daquele homem essa ideia. Quero
que ele seja meu porque quer ser meu e não por uma fodida ideia minha, esse
puto tem que ver que gosta de mim.
— Ok, mas só tome cuidado — fala Christian indo trocar de roupa
também.
— Cuidado comigo eu sempre tenho, mas não posso dizer o mesmo dos
outros.
— Preciso levar o kit de primeiros socorros? — pergunta e eu suspirei
frustrado sem lhe dar uma resposta.
Troco meu terno por uma calça jeans preta, uma camisa gola V cinza,
minhas botas pretas e para finalizar minha jaqueta, Christian faz o mesmo,
trocou de roupa para parecer uma pessoa casual e não o meu segurança.
Assim que terminarmos saímos do local de treinamento, como não estou a
fim de dirigir, Christian pega um dos SUVs e seguimos, junto com os outros
carros dos seguranças, até o meu destino.
Quem vê a boate que estou entrando não sabe o que acontece na área
subterrânea desse lugar, para muitos é uma simples boate recheada de gente
bonita e pronta para ser fodida até perder os sentidos, mas para mim não
passa de um lugar onde venho afogar as minhas frustrações ou procurar um
pouco de ação para deixar minha vida com um pouco mais em movimento.
Vou até o bar com Christian ao meu encalço e sento em uma das banquetas,
peço uma dose de uísque só para esquentar meu corpo do frio desgraçado que
está a fazer nessa noite. Quando estou pronto para pedir a segunda dose a
pessoa que eu queria ver finalmente aparece. Ricco Chavéz um bastardo
mexicano que organiza uma das maiores lutas amadoras no mundo
subterrânea de Chicago.
— Olha o que temos por aqui hoje. Vai lutar? — pergunta e eu assenti.
— Hoje temos os melhores, vai querer encarar? — indaga arqueando uma
sobrancelha.
— Pode apostar a sua fodida vida que eu vou sim! — falo com raiva.
Chavéz me lança um sorriso ridículo e pelo canto do olho vejo Christian
balançar a cabeça negativamente. Foda-se eu preciso quebrar uns ossos e é
isso que irei fazer. Iria seguir Chavéz, mas o meu celular começou a tocar,
pego o aparelho e tomo um susto ao perceber que o número é do Brasil.
— Ficar do jeito que estou não dá para continuar. Que diabos você fez
comigo? — diz uma voz rouca e muito bêbada no outro lado da linha.
— Luigi? — pergunto sentindo o infeliz do meu coração palpitar no
peito.
— Sim, sou eu! — diz entre dentes com sua voz enraivecida. Oh
homem, você ligou em péssima hora.
Finalmente estou indo para casa após uma semana naquele calor fora do
normal que é o Maranhão. Tive que ir com urgência para lá resolver um
problema na obra do resort, a sorte deles é que era eu que estava lá e não
Filippo, tenho certeza que ele teria demitido todo mundo, pois o que
aconteceu naquele lugar foi absurdo. Mas vamos deixar o Maranhão quente
para lá e voltar para minha vida que eu escolhi aqui em São Paulo, passando
pela desaprovação do meu pai, que faz de tudo para que eu volte para Roma.
Não é uma coisa fácil trabalhar para Filippo Aandreozzi, mas conseguir
esse feito por esforço próprio o cargo que ocupo na empresa. Sou um homem
de 30 anos que completará amanhã 31, pois é amanhã é meu aniversário. Se
eu ligo para isso? Claro que não! Sou filho único e isso só me fodeu, pois
nunca quis seguir com os absurdos que a família queria.
Meu pai Orazio Pierri tem uma grande empresa de importação e
exportação e vive em uma luta constante comigo para que eu assuma o seu
lugar na empresa que é de parceria com seu irmão Sávio Pierri, mas para seu
azar nunca mostrei interesse nesses negócios e me tornei engenheiro, para o
desgosto forte de meu pai. Meu pai já está na idade de se aposentar e não
quer deixar que o meu primo, Matteo assuma sozinho a empresa, o velho
sempre foi muito ambicioso, antiquado, grosseiro e jamais iria tolerar que o
nosso lado da família não lidere a empresa.
Não posso culpar meu pai por não querer entregar tudo de mão beijada
ao meu primo Matteo, ele é um escroto e nós dois nunca nos demos muito
bem. Não conseguimos ficar perto um do outro por muito tempo sem que
aconteça discussões ou até mesmo socos, não gosto dele e deixo isso bem
explícito. Meu pai o acha exemplo a ser seguido, pois o lixo do meu primo é
casado por cinco anos com uma mulherzinha fútil que adoraria que eu
fodesse ela com gosto. Gosto de uma boa transa despreocupada, mas essa
sujeita não veria meu pau jamais.
Minha mãe Gianella Pierri é a mulher mais desagradável que existe, ela
só pensa em cima mesma, o que a sociedade está falando de bom sobre a
nossa família e como que a fortuna de meu pai a faz parecer uma mulher
importância perante seus amigos pedantes. Ela nunca foi uma mãe de verdade
para mim, sempre exigindo que eu fosse sempre o melhor de todos e quando
isso não acontecia sofria muito nas suas mãos imundas repletas de produtos
caros. Fiz de tudo para ficar bem longe de minha família, mas o meu pau
errante não pensou nisso antes de se atracar com a filha de um dos amigos de
meu pai em um dos seus eventos caros que minha mãe faz questão de
organizar.
Invejo muito a família Aandreozzi, nunca vi uma família mais unida do
que aquela, não é uma família normal isso está bem claro para mim, mas o
amor, carinho e respeito que um tem com o outro é a coisa mais incrível de se
ver, só quem tá perto sabe o quão eles são incríveis. Não posso falar sobre a
família Aandreozzi sem me lembrar dele, Lucca Aandreozzi. Não sei o que
está acontecendo comigo, como começou meus pensamentos com relação a
ele, mas eu não consigo evitar, principalmente após aquele beijo roubado que
para minha desgraça me deixou mais duro do que qualquer mulher que já
peguei conseguiu, e olhe que não foram poucas.
Sei apontar quando um homem é bonito, mas Lucca tirou o meu fôlego
na primeira vez que meus olhos cruzaram com o dele na sala de Filippo,
nunca imaginei que Filippo tinha outro irmão. Conhecia Enzo em muitas
baladas que frequentamos juntos e Luna pôr a caso que já tinha sido
apresentada a mim quando eu trabalhei na filial de Milão e a achei linda, mas
nunca ousaria olhar para ela com outros olhos já a vi bater em um marmanjo
e vi também os ciúmes que os homens Aandreozzi tem com ela, por isso
passo correndo até de olhar para ela.
Mais Lucca tem algo que me puxa para ele, não sei se são seus olhos,
sua boca, o modo de falar, o seu sorriso tanto completo, repleto de dentes
perfeitos como o sorrisinho de lado que já observei ele sempre dar. Tentei de
diversas formas parar de pensar no irmão mais novo do meu chefe, foram
tantas ocasiões que me chamaram atenção para ele, mesmo eu não querendo.
O que foi o mais foda foi o beijo, juro que tentei lhe dar um soco assim que
ele investiu seu corpo no meu, mas aí sentir o sabor de sua boca doce, seu
corpo firme e seu cheiro.
Quer saber, chega! Não! Eu não vou ficar pensando nisso, vou me casar.
Eu não sou gay, aquele beijo foi só mais um beijo. AH! Só de pensar que foi
só um beijo algo no meu peito se aperta, mas não, eu não posso me permitir,
eu não sou assim. Só me resta chegar em casa e descansar para voltar ao
trabalho amanhã.
Acordo no dia seguinte, olho para o teto do meu quarto e vejo que
apesar de ser meu aniversário é um dia como outro qualquer para mim, mas
esse ano eu me sinto estranhamente solitário é como o se algo estivesse
faltando, não sei o que é ou na verdade eu sei, mas não quero ficar pensando.
Vejo meu celular vibrar e é uma mensagem de César no visor.
César:
É hoje italiano! O aniversário é seu, mas a celebração é nossa!
Convidei várias para sua festa hoje você terá um harém. Aguarde!
Leio essa mensagem várias vezes e suspiro alto, não irei responder
mensagem nenhuma, pois sei que se fizer isso César vai me ligar, depois Iago
vai querer falar comigo e nesse momento não estou querendo papo com
ninguém. Levanto da cama em um impulso e vou tomar meu banho, termino
meu banho rápido, coloco uma boxer e vou na cozinha de cueca mesmo
tomar um café. Chego na cozinha e vejo minha mesa já pronta isso é obra de
Sandra minha empregada, ela é filha da minha antiga empregada Zélia que se
acidentou, mas para não me deixar à procura de uma nova pessoa ela me
mandou a filha.
Não posso mentir e dizer que nunca dormi com Sandra e isso foi meu
grande erro, pois ela agora não me deixa em paz, e esse olhar que ela está me
dando com quem quer ser fodida novamente me irrita. Parece que nunca viu
um homem de cueca, a casa é minha e eu ando nela como bem entender.
— Bom dia Sandra! — murmuro sentando na mesa e já abrindo o jornal
do dia.
— Pensei que chegaria de viagem amanhã. — Levanto meus olhos
encarando Sandra que a cada dia que passa encurta mais o uniforme.
— Não é da sua conta quando eu venho ou deixo de vir de viagem —
falo rudemente fechando o seu risinho sedutor.
— Tudo bem, pensei que poderíamos repetir a dose como da última vez
— Sandra fala de um modo sedutor.
— Não existe um nós aqui você entendeu? Volte aos seus afazeres antes
que eu esqueça o carinho que tenho por sua mãe e lhe ponha no olho da
rua, capisce! — digo entre dentes fazendo ela arregalar os olhos. —
Andiamo! — Sandra saí tropeçando nos seus pés para longe de minha vista.
Melhor assim!
Termino meu café e vou me arrumar para ir a empresa. Coloco meu
terno cinza claro, minha gravata azul, meu sapato social preto, meu relógio e
pego minha pasta e saio do quarto. Desço para a garagem de meu prédio,
pego a minha Lamborghini preta que é o meu bebê e sigo caminho pelas ruas
de São Paulo. Chego na empresa e vou direto para a minha sala, pergunto
para Renata minha secretária, que já curvei na minha mesa uma vez ou outra,
se tem algum assunto com urgência, ela só me deu o recado que Filippo me
quer na sala dele. Por isso coloco minha pasta na sala e volto para o elevador
para ir ao último andar.
— Bom dia, Filippo pode me receber senhorita Oliveira? — A secretária
de Filippo tímida como sempre olha na minha direção.
— Bom dia senhor Pierri, vou olhar espere só um momento. — Espero
ela falar no telefone. — Pode entrar, Senhor Aandreozzi está a sua espera.
Entro na sala de Filippo e a primeira coisa que eu vejo é seu marido Luiz
Otávio sentado no seu colo. Quando soube que Filippo tinha se apaixonado
por um homem foi com certeza a maior surpresa de toda minha vida, ainda
mais Filippo sendo o homem mais fechado que eu conheço. Conheci Filippo
Aandreozzi sendo o homem que todos que trabalham temiam, o homem não
dá moleza para ninguém, perfeccionista em um nível extremo, como ele
mesmo afirma que odeia pessoas incompetentes trabalhando para ele, pois o
mesmo não tem paciência.
E agora é incrível ver esses dois homens juntos, o amor entre eles é
nítido só de olhar para os olhos brilhantes de Filippo quando o seu Bello está
por perto. Ele continua o mesmo homem grosseiro com os outros, mas com
Luti é só carinho e muita possessividade. Nunca pensei em ter isso que eles
têm para mim um dia, mas hoje, não sei por que, sinto que está faltando uma
parte de mim que não se encaixa e esse sentimento faz meu o peito apertar.
Não! Isso não é, e nunca vai ser para mim!
— Vai continua aí parado ou vai entrar Luigi? O tempo tá passando! —
Filippo diz com sua habitual carranca me fazendo acordar dos pensamentos.
— Bom dia Filippo, Luti! — falo fechando a porta. — Mandou me
chamar?
— Bom dia Luigi, como vão as coisas? — pergunta Luti vindo me
cumprimentar com um aperto de mão e um sorriso doce no rosto.
— Eu vou bem, feliz por estar em casa novamente depois de uma
cansativa viagem — falo soltando sua mão.
— Oh sim, eu soube que você estava no Maranhão — diz Luti
balançando a cabeça.
— Como vão as crianças? — pergunto lembrando dos filhos deles,
Pietro e Eduarda que são lindos e inteligentes.
— Acabamos de deixá-las na escola. Sabe como é criança né, aprontam
como sempre — fala com um largo sorriso.
— Se vocês dois terminarem de tricotar eu acho que vou poder adiantar
o trabalho — diz Filippo rudemente fazendo Luti revirar os olhos.
— Pode ir parando com isso Filippo! Estou aqui conversando com um
amigo — Luti diz sério apontando o dedo indicador para o marido que solta
um suspiro frustrado. — Soube que vai ter um bebê, como vai? Já sabe o
sexo? — pergunta me fazendo estremecer.
— Sim, minha noiva está de pouco tempo e ainda não sabemos o sexo
— murmuro meio constrangido, pois eu estou mentindo na cara dura, já que
não sei nada quando se tratava sobre a gravidez.
— Entendo, então você irá se casar mesmo — afirma Luti com uma cara
que eu não sei descrever.
— Bello, você não está atrasado para ir a aula? — Filippo pergunta
fazendo Luiz olhar para o relógio.
— Droga! Eu tenho que ir — fala pulando de susto. — Te vejo mais
tarde, amor. Foi muito bom lhe ver Luigi — diz Luti dando um beijo de
despedimento no marido e saindo correndo porta afora.
— Espero que os erros daqueles infelizes não tenham causado muitos
danos ao meu fodido bolso — Filippo diz assim que Luti sai.
— Não, eu consegui resolver tudo sem causar mais danos — falo
suspirando alto.
— Não esperaria menos de você, o cargo é seu por um motivo — fala
seriamente olhando para alguns papéis.
— Sei e agradeço a confiança — comento a mais pura verdade, sei que
Filippo Aandreozzi não é homem de confiar nos outros.
— Confiança se é conquistada e você está chegando lá, basta conseguir
tirar a cabeça de sua bunda e será praticamente da família — Filippo fala
ainda sem olhar na minha direção, me deixando confuso.
— Não entendi o que quer dizer — falo realmente confuso.
— Nada, basta sair da minha sala. Tenho coisas para fazer e acho que
você também — fala e seu jeito grosseiro não me incomoda, pois eu também
tenho meus momentos.
— Tão doce, nada ignorante! — falo soltando um suspiro falso.
— Já foi Luigi? — pergunta Filippo me fazendo rir de sua cara. Ele é
assim, mas gosto desse cara!
Saio da sala de Filippo sorrindo e volto para a minha, pensando nas
palavras dele e não consigo entender o que ele estava dizendo. Início meu
trabalho e logo dá o horário do almoço, como não estou com muita vontade
de sair do escritório peço a Renata para pedir o meu almoço. Quando termino
de almoçar meu celular começa a tocar. Ao ver o nome de minha mãe faço
uma careta involuntária.
— Olá meu filho, já está no avião? — pergunta minha mãe no seu tom
soberbo de sempre.
— Oi mãe, por que está me ligando? — pergunto já cansado da
conversa.
— Como assim? Hoje é o seu aniversário e pensei que viria passar
conosco — diz em um tom ofendido.
— Quando foi que você ou meu pai se importou com a data do meu
aniversário? — nem sei por que estou perguntando isso, já estou acostumado
certas coisas.
— Não diga isso, somos pessoas ocupadas e aniversário tem todo ano. E
você nunca me deixou dar uma enorme festa, esse ano seria ideal já que você
vai se casar com a filha dos Sartori. Quem sabe você finalmente não convida
os Aandreozzi, precisarmos ter contato com essa gente, eles são importantes
— fala e eu fico rígido.
— Mãe não quero festa nenhuma, malmente quero me casar com a
Giovanna. Por favor pelo menos por hoje me deixe em paz — falo realmente
cansado. — Deixe os Aandreozzi em paz.
— Olha como você fala comigo, eu só estou pensando no seu bem —
diz em um tom ofendido. Tão mentirosa mamma!
— Giovanna é uma moça rica com uma família influente e merece ser
tratada melhor por você. Ela é a mãe de seu filho, seu futuro herdeiro. Você
não pode ficar para trás do seu primo Matteo — fala me irritando
profundamente.
Giovanna Sartori é um dos meus maiores erros, não a conheço direito.
Meu pai sempre quis fazer negócios com o pai de Giovanna, mas ele sempre
dava uma desculpa aqui e ali, e agora com esse casamento ridículo e
totalmente sem noção meus pais esperam lucrar muito. Nunca pude conversar
diretamente com Giovanna, pois quase nunca a vejo, não faço ideia de como
anda essa gestação, nunca me imaginei pai, não faço ideia se vou continuar
ou não com essa farsa de casamento.
— Giovanna é a mulher que eu malmente vejo — digo já com a
intenção de desligar o telefone.
— Luigi meu querido não fale assim, já passou da hora de você se casar,
somos tradicionais e gostamos de ser assim. — Ouço um suspiro do outro
lado da linha.
— Vou desligar, tenho muito trabalho a fazer — falo já querendo
desligar essa maldita ligação.
— Você é um filho muito ingrato, poderia estar aqui cuidando do que é
seu e não aí servindo de empregado para os outros. — Ela não poderia deixar
de falar essa besteira.
— Não quero e nunca vou querer, aqui é o meu lugar. Passar
bem mamma! — digo entre dentes e desligo a ligação.
No final do dia saio do escritório e vou direto para academia. Como
sempre deixo uma sacola com uma roupa pronta dentro do carro, não tenho
que voltar em casa para fazer isso. Chegando lá vou direto para o vestiário,
troco de roupa e antes que eu saia pela porta ela se abre revelando meu amigo
Iago.
— Quem é o aniversariante do dia? — diz Iago vindo me abraçar.
— Pode continuar onde está, você está suado filho da puta! — falo
fazendo meu amigo gargalhar.
— Você é tão nojento, sua sorte é que mesmo sendo insuportável eu
gosto de você — fala Iago e reviro os olhos. — E essa festa toda?
— Por mim não teria nada, mas vocês são muito insistentes. — Bufo
saindo do vestiário.
— Hoje é o seu dia, tenho certeza que você vai comer muita mulher
hoje. Você não tem noção das gatas que já marcaram presença na sua festinha
— Iago fala todo sonhador, mas a mim não me causa nenhum efeito. E isso
está me irritando.
Conheci Iago e César em uma das minhas muitas saídas pela noite de
paulistana. César é o dono da melhor boate da cidade e a minha intenção de
ser sócio gerou uma amizade com esses dois caras, pois Iago já era amigo de
longa data de César e eles falam que eu só cheguei para completar o clube
dos safados. César é ruivo, ele é maior que os meus 1,96 de altura, de olhos
azuis, com um porte físico grande, por perder tempo demais na academia,
cabelo cortado baixo. Já Iago é um enganador de merda, as pessoas que
batem os olhos nele de primeira pensam que é um cara centrado, grande erro.
Iago é um pouco mais barbudo que eu, tem olhos cor de mel, cabelos
castanhos, usa um óculos de armação preta que ele diz ser seu maior charme,
é mais baixo que eu e tem um bom porte físico. Meus dois amigos são
médicos, César é cardiologista e Iago pediatra.
— Não estou com vontade de festa! — murmuro me sentindo para
baixo.
— O que você tem carcamano? Já tem um tempo que você anda meio
estranho — fala Iago como se estivesse me analisando.
— Dio! Não há nada ok? Vamos malhar logo — falo indo direto para a
esteira sem dar tempo de Iago me dizer nada.
— Onde as florzinhas estavam? — César perguntou vindo na minha
direção.
— Não vem você também me encher o saco sobre essa festa — falo
rudemente.
— Por que isso agora? A pouco tempo atrás você ficaria louco para
beber e pegar a maioria das gostosas que conseguisse, mas agora nem no dia
do seu aniversário você se anima — comenta César com a expressão fechada.
— Deve ser por causa do casamento, eu te diz que se casar por causa de
uma gravidez era furada — Iago diz correndo na estreita ao meu lado.
— Deve ser aquele insuportável do Filippo Aandreozzi, esse cara é um
poço de arrogância — Fala César fazendo cara feia.
— Não é nada disso, nem sei se vou realmente me casar — desabafo
sem querer. — E não fale assim de Filippo, ele não é muito agradável para as
outras pessoas, mas comigo tanto ele como toda sua família são incríveis —
falo e os dois assentem com desconfiança.
Lembra da família Aandreozzi me leva automaticamente para Lucca, e
imagens do nosso beijo, dele dançando na boate sexualmente, e
principalmente ele ajudando a acabar com aqueles caras que arruinaram o
casamento de Filippo. Até hoje não entendi direito o que estava acontecendo,
mas sei que aquela família é muito diferente de qualquer família. Lucca luta
com tanta vontade que me fez ficar embasbacado com tudo que vi ele
fazer. Da demoni! Chega de pensar nele!
— Soube que o marido dele é uma gracinha. Vi em um desses sites de
fofoca — Iago diz saindo da esteira.
— Uma das coisas que você nunca pode fazer é olhar para Luiz Otávio
por muito tempo perto de Filippo. Isso resultaria em uma catástrofe — falo
seriamente sentando em um dos aparelhos.
— As pessoas dizem que não se deve mexer com um Aandreozzi. Isso é
verdade? —— César pergunta.
— Não aconselharia ninguém a fazer uma coisa dessas. E é só isso que
vou dizer — falo e os dois assentem.
Estou pronto para ir à festa organizada por César e Iago, coloquei uma
calça jeans marrom, uma blusa de manga de cor clara parece um amarelo,
puxei a blusa até o cotovelo, uma jaqueta de couro marrom, um sapato social
esportivo. Chego no local e já dá para perceber que a boate está lotada de
gente. Sabia que eles iriam fechar a boate, mas não sabia que iriam convidar
esse tanto de gente. Ao passar pelas pessoas vejo algumas mulheres acenando
para mim, algumas eu já levei para cama, outras querem que as leve, mas não
me importo. Subo para a área VIP que é onde costumamos ficar e lá eu já
vejo os meus amigos cada um com uma mulher sentada no seu colo.
— Até que enfim você chegou! — fala Iago bebendo seu drink.
— Ficou bonitão assim para alguém especial ou só porque é seu
aniversário mesmo? — pergunta César rindo e eu o ignorei enchendo meu
copo com uísque e bebendo quatro vezes consecutivas.
— Vai com calma aí Luigi, a noite só está começando — diz Iago.
— Não é para me divertir? Pois farei isso do meu jeito — falo bebendo
mais.
Continuo a beber com meus olhos direcionados para a pista de dança,
não estava me sentido eu essa noite. Meu aniversário! Grande merda! Minha
família é horrível, minha mãe uma cadela que já peguei fodendo com o
amante na cozinha, meu pai um bastardo de primeira, engravidei uma menina
que mal conheço, querem eu case. Estou perdidamente apaixonado pelo
jovem CEO da cidade de Chicago. Oh droga! De onde esse caralho saiu?
Acordo dos meus pensamentos com Iago me chamando.
— Deixe-me te apresentar Marcela Gusmão — Iago diz apontada para
uma loira muito gostosa de vestido preto colado que eu não tinha visto antes.
— Prazer te conhecer Luigi, os meninos falam muito bem de você. —
Veio na minha direção e me dei um beijo molhado nos lábios.
— O prazer é todo meu bela ragazza — falo segurando seu queixo.
— Você será meu Luigi Pierri? — pergunta e eu lhe dou um sorriso de
lado.
— Por essa noite acho que posso fazer isso, fora isso mais
nada. Capisce! — falo com muita sinceridade e vejo seus olhos azuis
brilharem.
Continuo a beber e acendo um cigarro, pois é eu fumo, não muito, mas
se eu beber pode ter certeza que estarei com meu cigarro. Depois de um
tempo, de tanto a gostosa da Marcela ficar roçando seu traseiro gostoso no
meu pau, vejo que já é hora de foder até os miolos dela. Por isso saio da boate
com ela e a levo para um motel, estamos em um clima legal, Marcela já está
me dando uma chupada bastante digna, gozo na sua boca com vontade.
Marcela levanta tirando o resto das suas peças de roupa, fico admirando seu
corpo, e tenho que dizer que ela tem um belo corpo. Tiro o restante de minha
roupa e transo com ela com muita força fazendo ela gemer alto. Quando ela
gozou eu parei, não sei o que aconteceu pois do nada parei e não estou mais
querendo isso, a lembrança do beijo gostoso de Lucca veio como uma
vingança para mim.
— Para! — falo irritado quando ela veio me beijar, me estimulando a
me movimentar.
— O que está acontecendo Luigi? — pergunta Marcela desnorteada e eu
tiro meu pau de dentro dela, pegando a camisinha, amarrando e jogando fora.
— Só vai! Pega suas roupas e vaza daqui — falo colocando a cueca
novamente.
Marcela coloca suas roupas e sai do quarto de motel depois de vários
xingamentos, acendo outro cigarro e pego uma bebida que estava no frigobar
do quarto. Olhei para o meu celular e lá está o número que eu queria, preciso
ligar para ele. E assim faço, assim que ele atende à ligação meu corpo reage
automaticamente ao ouvir sua voz, Lucca parece não acreditar que liguei e
depois de um tempo calados eu início a conversa.
— Ficar do jeito que estou não dá para continuar. Que diabos você fez
comigo? — falo sentindo raiva sem saber muito bem o que dizer, mas foda-
se!
— Luigi? — pergunta Lucca meio desconfiado me fazendo bufar.
— Sim, sou eu! — falo entre dentes com sua voz enraivecida. Estou
com raiva pôr o querer comigo, quero muito mesmo.
— Que surpresa, mas pela sua voz não deve ser uma coisa boa, não é?
— ele fala e sinto que ele também está irritado.
— Não sei bem o que dizer na verdade — digo me sentindo meio
bêbado.
— Você está aonde Luigi? — Lucca pergunta depois de um tempo e
posso ouvir zoada de música alto do outro lado da linha.
— Não te interessa! Eu é que quero saber onde está você? — pergunto
com punhos cerrados. Não tenho coragem de dizer que eu acabei de foder
uma mulher.
— Também não é da sua conta onde estou se é assim, você me ligou
para que Luigi? — Ouvir a voz de Lucca me faz sentir meu corpo estranho.
— Eu liguei para mandar você parar de ficar constantemente na minha
cabeça, nos meus sonhos, nos meus desejos mais obscuros. Casarei com a
mãe do meu filho não porque eu quero ou por que sou um filho obediente,
quero casar para dar ao meu filho o pai que eu nunca tive. Mais quando penso
em família só me vem você e eu não quero isso, eu não sou gay. —
Descarrego tudo não ligando se estou bêbado e que estou balançando meu
cigarro para lá e pra cá.
— Essa conversa não é para se ter no celular, ainda mais no momento
em que eu me encontro — diz Lucca dando um sorrisinho. — É um pouco
tarde para dizer que não é gay, pare de mentir seu infeliz. Tenho certeza que
seu pau está duro só de ouvir minha voz. — Como no inferno ele sabe disso?
— Como... como você sabe disso? — pergunto balançando minha
cabeça muito bêbada.
— Porque o meu está do mesmo jeito. Oh sim querido, eu quero te foder
e ser fodido por você. E não importa o que você diga, isso vai acontecer mais
cedo ou mais tarde — Lucca fala e tenho certeza que o filho da mãe deve
estar dando seu sorriso sacana. Porra! Estou mais duro ainda.
A ligação fica muda por um tempo, mas eu sei que essa conversa está
um pouco longe de terminar. E com certeza eu não tenho coragem de falar
que eu realmente o desejo nesse momento perto de mim.
Ainda não consigo acreditar que Luigi está falando comigo. Tudo bem
que ele está muito bêbado e provavelmente não lembrará de um terço da
nossa conversa de agora, mas, mesmo assim está um pouco difícil de
assimilar. Eu queria tê-lo por perto, me sinto estranhamente necessitado de
estar ao seu lado, mas pelo que eu vejo não será uma coisa muito fácil de se
acontecer, ainda mais ele no Brasil sendo o braço direito de meu irmão e eu
aqui em Chicago. Dio! Ainda tem essa noiva grávida. Foda-se meus miolos!
Ficamos um tempo em silêncio e o que Luigi fala a seguir me choca bastante.
— Hoje é meu aniversário e eu passei o meu dia sentindo falta de algo e
não fazia ideia que era você. Inferno! — Luigi diz com raiva depois de um
tempo me fazendo paralisar.
— Parabéns, eu não fazia ideia que hoje era seu aniversário — falo
sentindo meu peito apertar, pois eu queria estar perto dele nesse dia, na minha
família, aniversário é algo muito importante a ser celebrado.
— Ninguém sabe para dizer a verdade, só dois amigos meus — diz
como se não se importasse realmente.
— E por que você não está com sua família? — pergunto por
curiosidade.
— Nem todo mundo tem uma família como a sua Lucca Aandreozzi! —
diz em um tom enraivecido me fazendo analisar o que ele acabou de dizer.
— Fale comigo direito, porra! Deixe sua raiva de lado, você está
falando comigo e não sou um qualquer assim como você não é um qualquer
para mim. Capisce? — falo seriamente.
— Mi scusi! (Desculpe-me!) — murmura Luigi se acalmando e eu volto
ao assunto novamente.
— Ficar sozinho no dia do aniversário não deve ser uma coisa muito
legal, ainda mais bêbado — digo, mas parei para ouvir Chavéz me apressar.
Lhe dei dedo e o mandei ir a merda.
— Não sei por que, mas saber que você não está em casa faz com que eu
queira te enforcar — murmura descontente me fazendo abrir um enorme
sorriso e ignorar novamente o puto do Chavéz.
— Ciúmes querido? — pergunto sarcasticamente.
— O quê? Claro que não! Porque eu sentiria ciúmes de você, nunca
senti isso na vida — Luigi diz com a voz embolada, ele está muito ruim.
— Não é o que está parecendo, mas não vamos entrar em discussão
sobre isso — falo sem muito interesse.
Algo está acontecendo com ele, não sei dizer o que é, pois não nos
conhecemos a esse ponto, mas sei que algo nele não está correto. Luigi
sempre me pareceu um cara centrado e eu sei que ele é, mas algo o incomoda.
— Olha aqui Aandreozzi mais novo, só quero te dizer que vou me casar
em breve, o beijo que você me roubou não pode mais acontecer — diz Luigi
em um tom sério me fazendo rir.
— É isso que você quer realmente dizer? — pergunto sarcasticamente.
— Não importa o que eu quero dizer, pois é isso que você ouvirá de
mim — fala quase gritando do outro lado da linha é isso me deixa muito
puto, mas eu respiro fundo.
— Escute muito bem o que eu vou te dizer Luigi — falo calmamente.
— Pode falar! — ele resmunga.
— Estou pouco me fodendo para o que você acha que deve fazer, sei
principalmente agora que você me quer assim como eu quero você. Temos
algo Luigi e esse algo pode se tornar muito especial — falo determinado,
percebo que ele iria falar algo, mas eu o corto. — Quieto que não terminei!
Eu quero que você seja o meu amor, não tem para onde correr. Você é o meu
único assim como eu sou o seu — digo bem nitidamente para que ele possa
entender. Ele tem que entender!
— Eu… eu não… — tenta falar, mas não sai. — Não posso! Isso não
vai acontecer, isso é loucura! Não Lucca! — Luigi começa a falar em forma
de sussurro, mas depois diz com mais firmeza.
— Você está dizendo isso porque quer realmente? — pergunto
mordendo o canto da minha boca e sinto o gosto metálico do meu sangue.
— Sim, é isso que eu quero. Siga sua vida só que sem mim — diz
derrotado e desliga a ligação sem que eu possa raciocinar direito.
É isso, meu coração está nesse momento partido em vários pedaços.
Olho para tela do meu celular é aperto aparelho com toda a força que eu
tenho no meu corpo nesse momento. Como foi que uma conversa de homem
bêbado acabou com isso? A sorte de Luigi é que ele está muito distante de
mim no momento, pois eu faria com que ele se arrependesse do que me fala.
Estou com raiva, muita raiva para ser mais exato, ele não tem o direito de me
ligar e me deixar mal. Percebo que Christian se aproxima de mim e coloca a
mão no meu ombro.
— Vai sair daqui? — pergunta Christian e eu o encarei.
— Estou com cara de quem quer ir embora — pergunto mal
reconhecendo minha voz.
— Já vamos começar, não vai me deixar na mão não viu. — Chamou
Martínez com euforia assim que se aproximou de mim.
— Já estarei lá! — falo e ouço um suspiro alto de Christian assim que
Martínez sai do meu pé.
— Você sabe que controlar sua raiva dessa maneira não vai ajudar muito
né. — Viro para o meu guarda costas e amigo e abro um sorriso.
— Eu sei cara! Mas é tão bom ouvir uns ossos se quebrando. — Não me
controlo e caio na risada.
— Seu sadismo maluco nem me surpreende mais — diz Chris me
acompanhando na risada.
— Eu sei! — falo e sair andando, mas parei olhando para trás. — Vai
olhar minhas costas? — pergunto a Christian.
— Você sabe que sim! — Christian diz e fica na sua posição
profissional.
Sigo o caminho para um corredor escuro que me leva até o meu destino,
paro de frente a uma porta de aço onde tem dois homens enormes e armados
fazendo a segurança, ao olharem para mim me reconhecem de imediato e
liberam minha entrada tranquilamente sem me dar uma palavra. Gosto disso!
Conversas desnecessárias não me deixaria feliz no momento. A porta é de
um elevador, elevador esse que me leva para o térreo.
A chegada é rápida e quando a porta do elevador se abre meus ouvidos
são preenchidos com gritos, risadas, xingamentos, odor de bebida alcoólica, o
cheiro metálico do sangue fresco, fumaça de cigarros, charutos e outros.
Olhando atentamente tudo contínua do mesmo jeito, no meio do espaço tem
um ringue muito parecido com as lutas de MMA, onde já tem dois homens
em uma luta sangrenta, desvio meu olhar, pois esses dois lutando não me
chama atenção. Ao redor do ringue tem pessoas normais que não tem
influência na sociedade, sentadas nas arquibancadas ou nas cadeiras perto do
ringue.
Aprendi que todas essas pessoas pagam para estar aqui, algumas porque
simplesmente gostam de ver porrada do alto nível de violência, outras por
que gostam de gastar seus dinheiros na esperança de ganhar mais em apostas.
Vou para as escadas que dão acesso para o andar superior, onde fica os
“esnobes”. Não você não está lendo errado, falei justamente a verdade. O
lugar que estou subindo é onde fica as pessoas do mais alto escalão, o
ambiente é totalmente diferente com poltronas de couro pretas confortáveis,
bar, aqui é como um todo diferenciado. Sei que aqui em cima tem políticos,
chefes de gangues, empresários entre outros.
As pessoas, o dinheiro, tratado de negócios, nada disso me importa! Eu
quero lutar e se é nesse lugar podre que vou conseguir meu objetivo, que seja.
Minha família nem sonha que venho para um lugar desse, isso me deixa
muito triste, pois eu me sinto mal por estar escondendo isso deles. Aqui
muitos me conhecem, mas a discrição é a primeira coisa exigida por Chavéz,
o filho da puta pode ter um sorriso fácil no rosto, mas eu já vi que ele pode
ser muito mal com quem vai de contra suas regras. Também pudera, o
maledetto é dono de um cartel de drogas.
Sento em uma das poltronas e rapidamente uma garçonete vem me servi
uma dose de uísque, mas dispenso a oferta. Christian está em pé atrás de mim
com seus olhos de águia para todo lugar, vejo ele dar algumas ordenadas pelo
seu comunicador aos outros seguranças que não puderam entrar, sei que ele
não gosta de me ver aqui e já tinha me dito que é perigoso. Vejo alguém
sentar perto de mim e sei que é Ricco.
— Quando vou poder lutar Chavéz? — pergunto impaciente.
— Pensei que você estava blefando, já tem um tempo que você não vem
aqui — diz Ricco montando umas duas carreiras de cocaína. — Vai querer?
— Não uso essas porcarias, você sabe disso já que sempre me oferece
— falo irritado fazendo ele levantar as mãos em sinal de rendição.
— ¡Hermano está bien! É o homem educado presente em mim — diz
limpando o nariz após usar sua merda.
— Io non sono un amico di quanto suo fratello. (Não sou seu amigo
quanto mais seu irmão.) — falo vendo pela sua cara de confusão que não
entendeu nada do que eu diz.
— Vou querer saber o que você diz? — Ricco pergunta desconfiado.
— A menos que você queira saber verdades — falo olhando para baixo
vendo uma próxima luta se iniciar.
— ¡No gracias! Olha Aandreozzi sei que você é o melhor que já entrou
nesse meu ringue, mas tenho que dizer que os homens que estão aí não são
nada fáceis — diz Ricco chamando minha atenção.
— Explique melhor porra! São quantos? Quem os trouxesse? —
pergunto curioso.
— Tem um lutador veio com um desses empresários viciados em
apostas, o cara é muito rápido. O segundo daquele senador White, o homem
está botando uma fé nesse cara que não faça ideia do porquê, fora que ele só
manda os caras e nunca aparece. — Já esperava encontrar o nome do senador
aqui, eu disse que ele era sujo e não estava mentindo. E é claro que ele não
viria aqui, sujaria sua imagem de homem correto. Puto! — O terceiro cara é
grande, hermano. Muito grande! Ele é de uma gangue de motoqueiros aí.
— Isso vai ser muito interessante — falo pensativo. — Eu vou querer os
três! — falo fazendo Chavéz arregalar os olhos e depois cair na risada.
— Porra Aandreozzi! Achei que estava falando sério. — Continua rindo
mais para quando vê minha expressão séria. — Sério isso? — pergunta e eu
assenti.
— Não sou um homem de mentiras Chavéz! — falo fechando os punhos
com força.
— ¡Está bien! Vou acertar tudo e assim que essa luta acabar será você
— diz Ricco e levantou me deixando sozinho novamente.
Ricco Chavéz fez o que foi dito, assim que aquela luta foi finalizada ele
anunciou que a próxima luta seria 3 contra 1. O alvoroço do lugar foi
ensurdecedor, as pessoas não estavam acreditando que um único homem iria
enfrentar os 3 lutadores que até certo momento estavam sendo os favoritos.
Como se eu ligasse para essas coisas, meu intuito aqui é descarregar essa
raiva que estou sentindo no momento, tudo isso por culpa de Luigi. Mais se
ele pensa que vai se livrar de mim assim tão facilmente ele está muito
enganado, nunca fui homem de desistir e não será com aquele covarde que
farei isso.
Saio do camarote e vou para a área do ringue, tiro minha camisa para
não sujar, Christian enrola minhas mãos com ataduras sem falar uma palavra.
Estalo meu pescoço, relaxo meus músculos, respiro fundo e entro no ringue.
O primeiro cara que vai lutar é bem mais baixo que eu, usa um shortinho
ridículo curto preto, está sem camisa mostrando as poucas definições de seu
tórax. O homem saltita como um filhote de canguru, isso me faria cair na
gargalhada se eu não estive tão concentrado em acabar com isso logo.
O canguru saltitante me provoca com suas jogadas de perna besta que
me faz cansar só de olhar, deixo ele fazer seu show como bem entender.
Assim que ele avança em minha direção defere dois socos em direção ao meu
rosto me fazendo desviar, ele aproveita minha distração quando desvio de
seus socos e vem logo em seguida acertando um chute nas minha costelas, ao
sentir o impacto do chute dei risada fazendo ele me olhar sem entender. Isso
foi seu grande erro canguru! Dou um giro de 180º acertando o solado da
minha bota pesada na sua bochecha e tenho certeza que vejo sair junto com
sangue de sua boca um dente. Vou guardar para fada do dente! Enquanto ele
está tonto termino a luta lhe dando o gancho de direita, o pobre homem
canguru cai desmaiado. Gritos ensurdecedores de alegria das pessoas que
ganharam dinheiro com essa luta é entediante.
Olho para onde Christian está e vejo ele sorrir balançando a cabeça
negativamente, dou de ombros e observo dois homens de Ricco tirar o pobre
canguru do ringue. O próximo a entrar é um cara com mais ou menos minha
altura, usa calça de moletom e está sem camisa, ele tem muito mais músculos
do que eu e me olha como se quisesse me matar. Olho para ele e pisco um
olho, deixando o meu adversário muito puto.
O cara vem até mim me fazendo desviar de seus golpes, muitos chutes e
socos são trocados, mas ele logo me acerta um soco muito bem dado no meu
rosto partindo meu supercílio, e outro na boca do meu estômago. O afasto de
mim e sinto o meu sangue escorrer ensopando o meu olho, deixando minha
visão um pouco turva. Respirei fundo limpando meu olho com o antebraço.
— Olha veja só, está doendo? — debocha meu adversário.
— Não! Já tive piores! — falo sem interesse enquanto o observo me
rodear.
— Espero que diga o mesmo depois que eu acabar com você. Não vai
restar nada para sua família enterrar. Lucca Aandreozzi! —Ele me conhece,
que maravilha! Isso me faz ficar muito irritado.
— Não faça isso! É só um conselho que lhe dou — falo entre dentes.
— Porque o que vai… — Impeço o resto de seu falatório acertando um
golpe duro e forte na sua traqueia cortando sua respiração.
— O nome da minha família nunca deve ser pronunciado por pessoas do
seu tipo — falo lhe dando três socos na barriga.
Quando ele cai no chão me sento sob seus quadris lhe dando socos e
mais socos esperando que ele desmaie logo. Eu olho bem para sua cara e os
respingos de seu sangue pulando no meu rosto, não posso controlar meu
sorriso. Sinto alguém me puxar de cima do meu adversário e vejo que é
algum homem de Ricco, mas a mão dele foi arrebatada de cima de mim por
um Christian muito irritado. Vou para um canto do ringue controlando minha
respiração e a satisfação de ver o puto tão fodido.
— Tenho que fazer um curativo no senhor — diz Christian pegando
uma gaze para estancar o meu sangue.
— Faça isso logo! Tenho mais um bastardo para lutar — falo dando
pressa a Christian.
— Esse corte aqui está feio senhor — ele fala colocando alguma porra
que arde feito uma cadela.
— Ai filho da puta! Essa merda arde! — falo soltando uma risada.
— Você não é normal! — Constata meu segurança e amigo.
— Me diga algo que eu não saiba — falo revirando os olhos.
— Se você for voltar vá logo que o cara ali está impaciente. — Meu
segurança aponta para trás de mim.
Lá está um homem mau encarado de mais de dois metros de altura. Ele é
o típico membro de uma gangue de motoqueiro. Ele usa uma calça jeans
surrada, regata preta colada no corpo que marca seu peitoral alto e uma
barriguinha de chope. Seus braços estão repletos de tatuagem pretas, seus
cabelos grandes loiros queimados do sol, e uma grande barba feia pra
caralho.
— Até que ele é bonitinho. Você não acha Chris? — pergunto caindo na
gargalhada quase me engasgando com a água que estou bebendo.
— Se você está dizendo — Christian fala fazendo uma careta.
— Volto já! Depois desse grandão vamos para casa — falo saindo.
Vou em direção ao grandalhão e desço meu punho com força na sua
cara, ato que não resultou em nada. Acho que ele não sentiu nenhuma cócega
com meu soco. Ele aproveita minha surpresa e começa a me bater, o cara é
muito forte. Percebo algo muito estranho ao me afastar do seu aperto, o
grande filho da puta puxou uma faca para mim. Vê se pode uma coisa
dessas?
Desvio o máximo que consego de sua lâmina afiada e quando tenho a
oportunidade seguro a mão que ele empunha a arma a torcendo ao contrário
com toda minha força, o fazendo gritar, espero que tenha quebrado seu
punho. Quando o desgraçado solta a faca eu a pego, aproveitando que meu
adversário está distraído segurando seu pulso, enfio com toda vontade a faca
pequena na sua panturrilha. Esse meu movimento faz com que o motoqueiro
caia de joelhos, isso é bom para mim que vou até uma extremidade do ringue,
corro a toda velocidade e usando todo o peso do meu corpo dou uma
cotovelada na nuca do feioso, o fazendo cair de cara no chão desacordado.
— Preciso ir para casa! — falo comigo mesmo ao ver o grandão no
chão.
— Sim, estou bem! Vai precisar de mais que isso para me abalar — falo
sorrindo de lado
— O modo que eu falei com você foi infeliz, me desculpe também por
isso Miele — fala visivelmente arrependido.
— Mal começamos a nos relacionar e já estamos brigando — falo
grudando nossas bocas novamente.
— Achei que só Filippo fosse esquentado, mas vejo que você também é.
Isso é de família com certeza — fala entre beijos.
— Dizem que o melhor da briga é a reconciliação — falo aprofundando
o beijo.
— Sim, mas estou muito puto e curioso para saber que merda foi aquela
que presenciei lá embaixo — Luigi diz com raiva na sua voz bonita.
— Será melhor descemos e lá conto tudo de uma vez. O que você já
deve saber é que os problemas sempre chegam a nossa família e é impossível
evitar — falo verdadeiramente.
— Já imaginava isso, mas no casamento de Filippo tive a confirmação.
— Então é isso aí, se quiser ficar comigo vai ter que enfrentar essas
coisas.
— Miele, você sabe que minha vida não é um mar de rosas e ainda
venho cheio de bagagem. Mesmo assim você me aceitou.
— Então é isso, estamos namorando? — pergunto com um sorriso de
lado.
— Esse seu sorriso é sexy! Acho que já tinha deixado explícito que
somos namorados. — ele responde calmamente.
Depois de mais uns beijos e amassos vou ao banheiro lavar meu rosto,
despois disso desço até o meu escritório, chegando lá todos que presenciaram
a minha cena com Dylan já estavam me aguardando. Sento na minha cadeira
e respiro fundo antes de começar a falar.
— O que está havendo Lucca? — pergunta Filippo impassível.
— Eu iria para a academia esfria a cabeça e chamei Christian, o que eu
não sabia era que Dylan já estava lá embaixo querendo entrar para conversar
comigo — falo tudo de uma vez.
— Quem no inferno é Dylan e o que ele quer com você? — Enzo
pergunta com raiva.
— Dylan era um carinha que eu dormia de vez em quando e queria um
relacionamento comigo. Sabe como é né, para aliviar a coceira — falo sem
importância e vejo babo, Filippo e Luti balançar a cabeça negativamente,
Enzo afirmar seriamente e Luigi semicerrar os olhos para mim.
— Que inferno ele quer contigo agora? Por algum acaso você diz a ele
que agora é comprometido? — Luigi pergunta entre dentes.
— Nem precisei dizer, ele foi logo mostrando a foto do nosso beijo de
ontem. O caso não é isso e sim as coisas que ele fala. Dylan praticamente diz
que foi contratado para me matar, mas parece que não completou a tarefa
porque se apaixonou por mim. — Fico pensativo assim paro de falar.
— Mais que foda! — Luti diz abismado.
— Você investigou a vida desse sujeito? — babo pergunta.
— Claro que fiz babo, mas não encontrei nada como “assassino de
aluguel” na sua ficha — falo nervoso, pois realmente mandei Chris
investigar.
— Realmente esses putos escondem as coisas muito bem — diz Filippo
com raiva.
— Você está pensando em fazer o que agora coniato? — Luti pergunta
me encarando sério.
— Nada, vou esperar que eles venham até mim. Dylan deu a entender
que outros virão e eu vou esperar. Adoro essas coisas! — falo dando um
sorriso mal fazendo meu cunhado que antes era tímido fazer o mesmo.
— Deixa ver se eu entendi, você tinha um caso com um carinha que
queria te matar, ele diz que outros virão e você me diz que não vai fazer nada.
Você por algum acaso está ficando louco? — Luigi pergunta incrédulo.
— Não! Essas pessoas são espertas, mas o que eles não sabem é que nós
somos mais espertos ainda, me apavorar não vai resolver nada — falo
tranquilamente para acalmar Luigi que está ficando muito nervoso.
Luigi fica me olhando tentando entender o que eu estou querendo dizer,
não posso culpá-lo ele ainda é novo nesses tipos de problemas. Nossa
conversa é interrompida pela entrada de mamma e Luna querendo saber o que
está acontecendo, contamos a elas tudo sem esconder nenhum detalhe. E
como já era de se esperar mamma fica muito preocupada com a minha
segurança, dizendo o quanto é perigoso toda essa história. Luna diz que quer
ficar mais um pouco para não me deixar sozinho, mas tiro essa ideia da sua
cabeça, pois ela tem que voltar para a Espanha e continuar seus estudos.
Depois de acalmar essas mulheres Aandreozzi, vamos todos almoçar.
— Temos que pensar logo nesse casamento de Luigi e Lucca viu
Arianna? — diz nonna fazendo Luigi se engasgar com o vinho que está
tomando.
— Dalla misericordia nonna! (Pela misericórdia vovó!) — gritou Enzo
abismado. — O homem mal saiu de um casamento a senhora já quer o
colocar em outro.
— Até parece que você não conhece essas mulheres Aandreozzi, se
dependesse deles eu já estava casado com Filippo na segunda semana que
elas me conheceram — diz Luti sorrindo.
— Seria a melhor coisa e não teria àquele maledetto para atrapalhar —
diz meu irmão segurando a mão de Luiz com carinho e depositando um beijo
amoroso.
— Vocês dois juntos são a coisa mais linda do mundo — diz Giovanna
caindo no choro. — Desculpe, eu sou uma romântica incurável.
— Não se preocupe querida, pode até não parecer, mas todo nós somos
muito românticos — diz mamma carinhosamente.
— Eu mesmo não, sou realista e só — murmura Enzo em desgosto.
— Ainda estarei viva para ver o bichinho do amor morder sua bunda —
diz nonna em uma ameaça velada para Enzo que faz sinal da cruz.
Não sei dos sentimentos de Luigi com relação a mim, mas posso afirmar
que o amo. Passei meses fantasiando esse homem na minha vida, tentando o
máximo não avançar o sinal, sabendo me controlar para não ir ao Brasil e
roubá-lo para mim. E agora o tenho na minha vida e não o deixarei escapar,
nem a distância, Dylan e suas ameaças loucas, a família sem amor de Luigi,
que estou louco para conhecer. Nada vai me impedir de termos uma vida
juntos.
— Acho que vou gostar disso, já que eu não tenho amigos — responde
ficando entristecido.
— Mais por que isso? Você me parece um garotinho muito legal, vou
adorar ser seu amigo — falo confuso.
— Ninguém quer brincar com quem não pode ver as coisas, as crianças
podem ser más de vez em quando — diz cabisbaixo dando de ombros e isso
me parte o coração em vários pedaços. Olho para cima e vejo Laila tentando
esconder as lágrimas.
— Preste atenção Justin, não fique assim por eles serem uns burros.
Você é um menino muito inteligente e se eles não fossem tão sem noção
veriam o grande amigo que poderiam ter, agora você tem a mim e pode ter
certeza que vai ganhar mais dois amigos — falo lembrando de meus
sobrinhos.
— Mais dois amigos, quem são? — pergunta ficando agitado agarrando
sua bengala com força.
— Esses são meus dois sobrinhos filhos de meu irmão mais velho. Seus
nomes são Eduarda e Pietro, eles são incríveis e não burros como esses seus
colegas — falo com muito orgulho.
— Isso é bom, isso é muito bom — fala dando pulinhos me fazendo rir e
a Laila também.
— Filho, você fica aqui com Senhor Aandreozzi enquanto ajeito
algumas coisas para podermos sair? — pergunta Laila a Justin que afirma
sorridente.
— Pode ir mommy, eu prometo me comportar — fala fazendo a mãe lhe
dar um beijo no rosto.
— Sim, você é o melhor filho de todo o mundo — diz ela fazendo o
filho rir.
Assim que Laila sai puxo Justin com cuidado para sentar no sofá que
tem na minha sala, observo com bastante curiosidade que assim que ele
sentou dobrou a bengala e a colocou ao seu lado, facilitando o acesso. Estou
realmente muito surpreso com esse garotinho que afirmou que daqui a pouco
tempo fará 5 anos de idade. Laila está de parabéns por saber cuidar tão bem
dele, pois não deve ser fácil para ela sozinha nessa cidade grande ter que
passar por tantas provações. Me cortou o coração ao saber que Justin não tem
amigos e desse dia em diante farei questão de aproximar ele de meus
sobrinhos para que sejam amigos, deve ser uma coisa boa de ver esse 3
juntos. Acordo dos meus pensamentos quando sinto a mãozinha gordinha e
quente de Justin apertar a minha.
— O que foi piccolino? — pergunto.
— O que isso significa? — pergunta fazendo careta.
— Na minha língua é a mesma coisa que pequenino e pequerrucho. E
antes que você pergunte eu sou da Itália. Já ouviu falar?
— Sim, é o mesmo lugar que vem a macarronada e a pizza não é isso?
— Viu só como você é um menino muito inteligente — falo bagunçando
seus cabelos loiros.
— Posso ver você? — pergunta Justin me causando surpresa.
— Como assim? — pergunto sem entender e o vejo respirar fundo.
— Eu não posso ver, mas sinto como as coisas são pelas minhas mãos.
Posso tocar seu rosto? — Tem como negar a um pedido desses?
— Vamos lá pode me tocar — falo saindo do sofá e me agachando à sua
frente novamente.
Justin levanta suas duas mãozinhas roliças, imediatamente pego
posicionando no meu rosto. Suas mãos passeavam pelos meus cabelos, testa,
sobrancelha, orelhas, nariz, boca e queixo é a cada pergunta que ele me faz
como, cor dos olhos, cor do cabelo eu o respondia sem pestanejar. Ele diz que
mesmo não sabendo as cores é sempre bom saber como as pessoas são
diferentes. Deus, essa criança é incrível! Ter esse contato com o pequeno
Justin só me fez ter muito ódio do homem que fala aqueles absurdos para
Laila, aquele filho da puta não sabe o filho maravilhoso que tem.
Tempos depois Laila volta falando sobre minha agenda e que se eu
precisasse de alguma coisa que não hesitasse em chamá-la. Agradeço dizendo
que não se preocupasse com isso, antes dela sair chamo Christian pedindo
que ele levasse Laila em uma das melhores clínicas aqui em Chicago de um
conhecido meu, mesmo sobre vários protestos Laila deixou Christian levá-la.
Me despeço de Justin com a promessa que nos veremos em breve.
O dia está passando absurdamente rápido e quando dou por mim já está
na hora do almoço. Encomendo meu almoço, pois não estou com saco de sair
hoje. Assim que termino de comer meu magnífico almoço a porta da minha
sala é aberta abruptamente, quando meus olhos batem na pessoa o meu ódio
aumenta instantaneamente.
— O que no inferno você quer na minha sala? Como ousa entrar nessa
porra sem bater — pergunto ao intruso com raiva.
— Eu sabia que você na presidência seria a desgraça dessa empresa.
Você fez a empresa perder credibilidade para todas as pessoas importantes no
jantar de sábado — diz Daniel Campbell com puro ódio.
— Mesmo eu não querendo saber a minha curiosidade é muito grande,
por tanto o que você quer dizer com isso Campbell? — pergunto entre dentes.
— Não finja que você não sabe seu moleque, aquele seu beijo nojento e
asqueroso no jantar — fala e eu não suporto ouvir esse puto falar uma coisa
dessas.
Quando dou por mim eu já estou pressionando o filho de uma cadela na
parede da minha sala, pressionando meu antebraço no seu pescoço com tanta
força que seu rosto começou a ficar vermelho. Poderia rir da sua cara de
desespero tentando me tirar de cima, mas eu sou mais forte e posso matá-lo
aqui e agora. Até que não seria uma má ideia. Seria?
— Pense muito bem antes de falar algo para mim Campbell, eu já disse
e parece que você não acreditou. Eu não sou um homem que se deve brincar
— falo apertando meus dentes com tanta força que seria capaz de parti-los.
— Você vai… você está... — Tenta falar, mas não consegue.
— O que você está falando? Espera aí eu não estou ouvindo — falo
afrouxando um pouco o apertando.
— Você vai me matar! — fala com dificuldade.
— Sabe Campbell, não posso dizer que me falte vontade, mas não farei
isso — falo com sarcasmo o soltando com toda força o fazendo segurar os
joelhos enquanto puxa o ar.
— Você é louco Aandreozzi! — fala entre tossidas.
— Um pouco, eu acho, mas pense muito bem antes de invadir a minha
sala, soltar suas palavras de ódio com relação ao beijo que meu namorado me
deu. Eu já tolerei muita coisa sua Campbell e a próxima você vai para o olho
da rua ou simplesmente para o caixão. Pense direitinho e decida o que você
prefere, agora sai da minha sala seu pedaço inútil de homem — falo com toda
raiva do meu ser.
— Isso não vai ficar assim Aandreozzi! — diz o bastardo sem noção.
— Isso é uma ameaça Campbell? Porque se for vou anotar para colocar
junto com as muitas outras que já tenho arquivadas — pergunto sorrindo o
vendo sair da minha sala pisando duro.
Após a saída de Campbell de minha sala, fico de todas as maneiras
tentando me acalmar para não sair da minha sala e jogá-lo no chão e esmagar
seu crânio no piso perfeito e brilhante da minha empresa. Devem estar se
perguntando porque eu não demito aquele ser repugnante da minha empresa,
isso é simples. Ele não é um homem fácil de ser mandando embora já que ele
tem alguns dos acionistas ao seu favor, mas não é só isso aprendi que é
sempre bom manter os meus inimigos por perto.
Daniel Campbell já está passando de todos os limites e não sei se
suportarei mantê-lo por perto, minha vontade de sair daqui e lhe ensinar uma
lição ainda é grande e não sei o que fazer para me controlar. Sento na minha
cadeira e bato minha cabeça algumas vezes, não forte, só para me distrair só
que não está adiantando. Olho para meu celular e imediatamente faço a única
coisa que me vem na cabeça, enquanto chama meus pés batem no chão de
puro nervosismo.
— Antes que você fale deixe-me te lembrar que estou sentindo sua falta
Miele. — Luigi diz me fazendo respirar fundo.
— Isso é tão fodidamente bom, pois eu sinto muito sua falta também —
falo sentindo meu coração acelerar e uma calma muito grande tomar conta de
mim.
Ouvir a voz de meu Luigi é a melhor coisa que eu resolvi fazer, não há
dúvida que esse homem é o homem da minha vida.
— O que houve? Sua voz está estranha, não me diga que não vai mais
para o jantar com o chinês ordinário? — Luigi pergunta me fazendo rir.
— Para de implicar com esse jantar, pois eu já disse que vou — falo e
ouço um bufar.
— Então hoje o meu namorado vai ser cortejado por um oriental
paquerador — Luigi fala como quem não quer nada me fazendo gargalhar.
— Quem fala cortejar nos dias de hoje Luigi? — pergunto ainda rindo.
— Cortejar é uma palavra muito usada — fala ofendido.
— Não querido, só você e a velha guarda usa isso, nem mesmo nonna
fala essa palavra — falo balanço a cabeça negativamente.
— Não sou um velho Miele, temos apenas 5 anos de diferença — Luigi
diz de um modo engraçado.
— Isso é muito coisa para mim sabe, acho que vou arranjar um novinho
por aí — falo sem muito interesse esperando uma explosão e isso acontece.
— Não brinque com uma coisa dessas Lucca Aandreozzi não é só você
que sabe bater, eu acabaria com o ninfeto de merda — fala me deixando
muito feliz.
— O que é isso Carino? Saiba dividir seus brinquedos — falo
prendendo o riso.
— Se é assim, vou aproveitar e que vou me encontrar com os caras e
arranjar uma companhia — Luigi diz rindo e dessa vez eu me irrito.
— Tente, só tente para você ver. E que história de sair com os caras é
essa? — pergunto apertando o celular.
— Nada demais, depois da nossa partida de basquete vamos sair para
tomar um chope — fala como quem não quer nada.
— Você gosta de basquete, isso é bem legal — falo já tendo ideias
formando da minha cabeça.
— Sempre quando dá estou na quadra com os caras.
— Estou bastante curioso para conhecê-los.
— E você irá! — enfatiza Luigi.
— Tenho que ir, vou para casa me arrumar para o jantar.
— Certo, mas tarde te ligo para saber como foi tudo.
Depois que me despeço de Luigi arrumo minhas coisas e saio do
escritório, não me surpreende ao ver que Christian já está à minha espera.
Pergunto a ele sobre Laila e Justin, ele diz que foram atendidos rapidamente e
que antes de voltar para a empresa deixou os dois em casa. Fico feliz em
saber disso, pois Laila é uma boa garota que precisa de apoio para lidar com
tantas coisas, seu filho Justin é uma criança absurdamente inteligente, doce e
adorável que conseguiu fazer com que eu me apaixonasse por ele. Já estou
pensando em procurar os melhores lugares para ele fazer várias atividades,
vou investir na educação do pequeno Justin, espero que Laila aceite.
Minha chegada em casa é um pouco demorada, mas isso me ajudou para
que eu pense em Dylan e em como meus homens não encontraram nenhum
sinal dele. Nunca imaginei que um carinha que conheci no bar fosse alguém
contratado para me matar. Puta merda! Eu beijei aquele puto, levei na minha
casa, na minha cama, e só de pensar nisso aperto bem forte o volante, não
aceito ser enganar dessa maneira tão sórdida. Quando chego na minha
garagem respiro fundo e tento esquecer toda essa merda que a lembrança de
Dylan me causa. Deixo meu carro e entro no elevador, a primeira coisa que
vejo quando a porta do elevador se abre é nonna sentada conversando com
alguém por vídeo chamada pelo celular.
Como minha curiosidade é muito grande, me aproximo por trás de
nonna e vejo que ela conversa com um rapaz loiro, com os cabelos na altura
dos ombros magros, seu sorriso é brilhante ao conversar com minha nonna,
seu rosto é fino e muito delicado, seus olhos me parecem verdes, agora para
saber com riqueza de detalhes terei que me aproximar mais.
— Quem é essa gracinha nonna? — pergunto me sentando do lado dela
e vejo o pobre rapaz arregalar os olhos.
— Tira os olhos seu ridículo que você já tem seu homem! Vou ter que
bater um papo com Luigi, ele tem de saber que você precisa foder — diz
nonna me fazendo olhar para ela sem acreditar e o rapaz ri.
— A senhora não faria uma coisa dessas né nonna? — pergunto a
encarando que me lança um olhar aguçado.
— Tenho certeza que nonna Francesa faria uma coisa dessas sim — diz
o rapaz com uma voz divertida.
— Sim ela faria, você me parece muito familiarizado com minha nonna
— falo sentindo os ciúmes chegar na superfície.
— Ele não vai me roubar de você querido — nonna diz com uma voz
enjoada fazendo um bico engraçado.
— A senhora está imitando quem nonna? — pergunto fazendo o rapaz
sorrir.
— Uma personagem de uma série chata que vi Andrea assistindo outro
dia. Não me pergunte que não lembro o nome — diz apontando para o rapaz
e acho que me lembro desse nome.
— Você é o gerente da boate de nonna? — pergunto ao rapaz que sorri e
concorda. — Mais quando te conheci você não tinha esse cabelo grande.
— Esse sou eu, meu cabelo naquele dia estava preso. Prazer senhor
Aandreozzi! — diz com um sorriso sem mostrar os dentes.
— Não me chame de senhor, sempre tenho vontade de me virar para
procurar meu pai ou Filippo — respondo sinceramente.
— Bem que nonna diz que você era o homem Aandreozzi mais
descontraído — diz Andrea gentilmente.
— Essa mulher nos ama demais, não consegue ficar um tempo sem falar
sobre nós — falo recebendo um tapa na nuca de nonna. — Aí caralho!
— Olha a boca seu bastardo! — diz nonna seriamente. — Você não tem
ideia das coisas que converso com Andrea. — nonna diz me assustando.
— Andrea meu amor, preciso que você aperte minha tanga. — Uma voz
masculina grita ao fundo fazendo Andrea revirar os olhos e nonna cair na
risada.
— Estou em uma chamada, volte para o camarim Matías. Poluchit'
seychas! (Sai daqui agora!) — diz Andrea com firmeza me espantando.
— Você acabou de falar em russo? Você é Russo? — pergunto curioso.
— Não! Eu sou Italiano, mas morei muitos anos na Rússia. Às vezes eu
falo sem perceber — diz com cuidado e nonna afirma.
— Acho que Matías quer seu corpo nu — nonna diz fazendo Andrea
olhar para trás.
— Ele vai querer sozinho — diz com firmeza e depois sorriu.
— Você é gay? — pergunto e nonna cai na gargalhada.
— Minha cantora favorita é Cher! — diz Andrea sorridente me fazendo
rir também.
— Posso até imaginar quem te apresentou Cher — falo o fazendo
afirmar.
— O quê? Cher é uma diva! Ele tinha que conhecer as coisas boas da
vida — responde nonna.
— O papo está muito bom, mas eu tenho que ir ao jantar com Sakomoto.
Muito bom conversar com você Andrea, vamos fazer isso mais vezes — falo
o vendo sorrir abertamente.
— Está bom assim, gostei também Lucca. Spasibo i khoroshiy uzhin.
(Obrigado e bom jantar.) — diz e eu assenti.
Deixo nonna conversando com seu gerente que me parece ser um
homem bem legal. Verdade seja dita, para nonna Francesa deixar uma pessoa
tão próxima a ela significa que a pessoa é confiável. Somos desconfiados por
natureza, para confiarmos em uma pessoa verdadeiramente é através de muita
observação e cuidado, com isso ficarei de olho em Andrea. Vou tomar meu
banho rápido já que estou bastante em cima do horário e não sou homem de
fazer ninguém esperar. Após o banho escolho por me vestir todo de preto,
como é um jantar de negócios coloco meu terno Armani.
Depois de pronto passo pela sala, deposito um beijo na testa da minha
nonna e saio. Vou no carro dos seguranças com Christian dirigindo e Scott no
carona. Scott é um bom rapaz ainda novo nesse emprego de segurança, mas
vejo nele algo promissor, pois o cara é muito bom com uma arma, sua ficha
mostra que ele tem uma filha de 6 anos que mora com a sua mãe no subúrbio
de Chicago. Scott entrou no exército para dar uma vida melhor para a família,
mas teve que sair por conta da sua mãe e filha, agora trabalha para mim como
o meu segundo segurança. Chegamos no restaurante indicado pelo próprio
Sakomoto, ao sair do carro dou uma arrumada no terno e entrego a minha
pasta com o contrato para Chris.
— Scott fique de olho aqui fora qualquer movimentação estranha nos
avise rapidamente — falo abotoando meu terno.
— Sim senhor, os outros homens estão fazendo a ronda em torno do
local — diz Scott em um tom sério.
— Você já sabe o que fazer não é Christian? — pergunto a Christian que
me dá um olhar aguçado.
— Não tirarei meus olhos da sua mesa e ficarei de olho em tudo — diz
sério me fazendo assenti.
Entro no local e não me surpreendo com o luxo e o ar de conforto que
esse lugar passa. A pouco tempo esse lugar foi vendido, tenho quase certeza
que foi Sakomoto que adquiriu esse lugar, o chinês parece querer tomar seus
negócios aqui e se for ele o novo dono está fazendo um bom trabalho, pois
está ótimo. Sou recepcionado pelo garçom, peço informação se Lian
Sakomoto já está me esperando, ao ouvir o nome de Sakomoto sou
imediatamente levado ao lugar.
— Desculpe a demora, você chegou a muito tempo? — falo assim que
chego à mesa.
— Não há problema, estou aqui a pouco tempo — responde Lian com
um sorriso simpático no rosto.
— Isso é uma coisa, não gosto de deixar ninguém esperando — falo
após cumprimentá-lo com um aperto de mão
— Ficaria feliz em lhe esperar, nunca seria um incômodo — Lian diz se
sentando indicando para que eu me sente também.
— Vamos aos negócios ou podemos comer primeiro? — pergunto
ignorando o seu modo gentil ao falar comigo.
— Comer com certeza! — Lian diz divertido colocando a mão no
estômago.
— Oh sim, isso está ótimo para mim — falo e vejo Lian chamar o
garçom.
Fazemos nossos pedidos logo após o garçom sair, introduzimos uma
conversa aleatória sobre negócios e viagens que já fizemos. Os olhares de
Lian já está me incomodando em um nível muito alto, mas como sou um
homem de negócios prefiro fechar o nosso contrato para que depois eu o
coloque no devido lugar. Não posso dizer que esse chinês é um homem feio,
pois ele não é, ainda mais vestido em com um terno azul marinho risca de giz
Dolce e Gabbana. Não dispensaria uma noite quente com ele em outros
tempos, mas amo meu Luigi e o Italiano que meu coração resolveu se
apaixonar é irrevogavelmente melhor.
Nossa comida chega e só tenho noção de como estou com fome quando
devoro tudo sem me importar muito com o que Lian fala. Terminamos de
comer e faço sinal para Christian se aproximar, pegoi minha pasta da sua mão
e vou logo puxando o contrato para Lian que já está bastante familiarizado
com o conteúdo. Falamos sobre os pontos que ocorreu mudanças com relação
ao nosso contrato, tenho certeza que está tudo em ordem e só basta Sakomoto
parar de me enrolar e assinar essa porcaria.
— Você tem mais alguma dúvida que eu possa esclarecer? — pergunto
e vejo ele pegar uma caneta no bolso o interno de seu paletó.
— Não, está tudo muito bem esclarecido para mim — diz e assina o
bendito contrato.
— Fico muito feliz em fazer negócios com você Sakomoto — digo
seriamente pegando os papéis e colocando novamente na pasta.
— Você sabe meu interesse em você não é verdade Lucca? — pergunta
Lian de modo sedutor e faço sinal para Christian se aproximar novamente.
— Claro que sei, em outros tempos quem sabe, mas hoje eu tenho
namorado e espero que você respeite isso e pare com sua tentativa fútil de me
levar para casa. Isso não vai acontecer Sakomoto — falo em um tom duro
fazendo Lian arregalar os olhos. — Nossos negócios são estritamente
profissionais.
— Cadê seu namorado? Soube que ele trabalha com seu irmão no Brasil
— Sakomoto diz me irritando profundamente.
— Sugiro que você não vá por esse caminho para que nossos negócios
deem certo. O meu relacionamento não lhe diz respeito — digo entre dentes.
— Senhor, podemos falar? — pergunta Chris e eu assenti.
— Só um momento que já volto — falo levantando-me da mesa.
— O que houve Christian? — pergunto assim que me afastei.
— Duas mesas uma à direita da sua mesa e outra atrás. Percebi
movimentos estranhos com observação excessiva na sua mesa. E tenho
certeza que estão armados — Chris diz me fazendo olhar para as respectivas
mesas.
A da direita tem dois homens grandes acompanhados por uma mulher,
fico encarando tentando estudá-los e assim que percebem que eu estou
olhando os filhos da puta não disfarçam e me olharam com determinação.
Nem preciso olhar muito à mesa de trás, pois os dois homens me dão uma
mensagem silenciosa de que queriam me matar.
— Por que essas coisas acontecem justamente quando eu acabo de
comer? Porra isso da má digestão! — exclamo revoltado.
— O que você pensa em fazer? — pergunta Chris seriamente.
— Podemos pegar esses filhos da puta aqui mesmo no restaurante ou
podemos sair e esperar que eles venham atrás — falo abrindo um outro
compartimento de minha pasta e tirando disfarçadamente minhas duas armas
que babo me deu.
— Tem certeza que quer isso? Apesar de ter pouca gente no restaurante,
você não sabe quem é o dono — fala me fazendo afirmar.
— Isso eu posso descobrir agora — falo e guardo as duas armas no
bolso do paletó em movimentos rápidos.
— Mandarei os outros se preparem e deixar os carros prontos —
Christian diz com um rosto duro.
— Faça isso e dependendo do que eu quiser fazer você saberá de
imediato — falo e vou em direção a minha mesa.
— Aconteceu algo? — Sakomoto perguntou.
— Você é dono deste estabelecimento não é verdade? — pergunto ao
me sentar.
— Sim, o adquirir tem pouco tempo. Não vai me dizer que você estava
pensando em comprar? — pergunta ele tentando brincar.
— Não é isso! Preciso de um grande favor seu e te reembolsarei em tudo
— falo o vendo fincar os olhos.
— Não estou entendendo onde está querendo chegar — diz confuso.
— Vou ser direto então. Estão querendo me matar e aqui sentado em
duas mesas tem pessoas que estão esperando o momento oportuno para
concluir seu trabalho — falo sem muita importância.
— E você fala como se não fosse nada? — pergunta Sakomoto rindo.
— Já me acostumei com essas coisas — falo e bebo o restante do meu
vinho.
— Te ajudarei, mas terá que jantar comigo novamente — Lian fala é o
olho incrédulo.
— Não farei isso, mas sei que você me ajudará — falo soltando um
suspiro.
— Gosto do seu jeito Lucca Aandreozzi — Lian diz e chama o maitre.
Enquanto Lian conversa com o maitre o incentivando a inventar uma
desculpa para tirar os poucos clientes do local, vou até a mesa onde estão os
dois homens é a mulher, eles me olhavam como se eu fosse louco é isso
quase me faz rir. Tiro meu paletó, sento em uma das cadeiras vagas.
— Eu sei o que vocês são e vocês sabem quem eu sou. Então o que vai
ser? — pergunto puxando a taça de vinho da mulher.
— Oh, isso é meu! — diz ela.
— Calada vagabunda! — digo entre dentes.
— Bem que dizram para ter cuidado com sua inteligência e sarcasmo —
o homem que está a ao lado da mulher diz.
— Me sinto lisonjeado que o seu empregador me conhece muito bem —
falo com um sorriso de lado.
— Você acha que pode contra nós 5? — O homem diz com raiva.
— Claro que posso! Não sou um homem que anda sozinho, na verdade
isso seria tolice de minha parte. Olhe para o fundo do restaurante, perto da
entrada da cozinha — falo sem me virar, mas os três na mesa se viraram. —
Acho que você encontrou quatro dos meus seguranças lá, tenho que dizer que
eles são ótimos em tiro a distância. Sem falar do meu chefe de segurança e
Scott que estão na entrada do restaurante. — Passo os olhos no local e vejo
que o maitre conseguiu tirar as pessoas, até Lian não vejo mais.
— Mas vamos te matar de qualquer maneira — a mulher diz
sedutoramente.
— Acho que não! — falo levantando rápido, puxando minhas armas e
acertando dois tiros no homem perto da mulher, respingando sangue no seu
rosto.
Ora um pouco de sangue nessa cara de vadia deve ser muito, muito
nojento. Estou sentindo que algo não vai sair muito bem essa noite, mas esses
filhos da puta têm que morrer.
Depois disso a calmaria do local é substituída por jogada de mesa e
cadeira, barulhos de pisadas fortes e tiros. Não olho para trás para ver o que
está acontecendo, só ouço um grito de um dos meus homens falando que tem
mais gente no telhado do prédio a frente atirando nos nossos homens. Isso é
foda! Esses putos devem estar me vigiando a um bom tempo e só esperando
uma oportunidade para se verem livre dos meus homens.
O homem que estava na mesa pegou a cadeira e acertou com tudo nos
meus braços derrubando minhas armas me causando uma dor filha da puta.
Ele vem com tudo tentando me acertar socos e pontapés, vou desviando o
máximo que consigo, mas o desgraçado é forte e ágil. Me e agacho desviando
do seu golpe que iria com força no meu rosto logo após acertando dos socos
rápidos e fortes no músculo interno de sua coxa direita.
Assim que ele cambaleou para trás urrando de dor, pois isso dói pra
caralho. Avanço com raiva acertando socos no seu rosto e costela, vou para
trás do seu corpo ao perceber que a vagabunda pegou a arma e iria atirar nas
minhas costas, ela disparou três tiros e os três acertaram o homem. Ainda
segurando o corpo do cara me aproximo de onde uma das minhas armas
caíram. Largo o corpo morto no chão é pego minha arma, atiro duas vezes no
peito da vadia.
Quando a mulher cai olho para trás e vejo que alguns dos meus homens
foram feridos é estão jogados no chão se contorcendo de dor pelos tiros que
levaram. Os dois outros homens que estavam na mesa estão mortos no chão,
posso apostar que cada um foi morto por Scott e Christian. Me abaixo para
evitar contato visual com o possível fodido atirador de longe.
— O senhor está bem? — pergunta Christian.
— Sim, estou bem! Temos que levar os outros feridos para a clínica.
Onde você acha que o fodido de merda está atirando? — pergunto com raiva.
— Esse restaurante é todo em vidro senhor, ele pode estar em qualquer
prédio — diz Scott e Chris afirma.
— Até que não fizemos tanto estragos — falo fazendo eles rirem.
Somente algumas mesas foram jogadas no chão, cadeiras quebradas, o
balcão de madeira que tem no salão está com algumas marcas de balas, o
chão tem estilhaços de vidros da janela que foi quebrada. Scott me diz que os
homens que tiveram ferimentos mais leve estão ajudando os outros e me
aconselhou a ir para a cozinha do restaurante. Chegamos lá correndo para não
ter de ficar exposto aqui no salão principal do restaurante, a primeira coisa
que vejo é Lian e os chefes de cozinha escondidos do tumulto. Ao me ver ele
respira aliviado e vem na minha direção.
— Você está bem? — pergunta e observa meus homens saindo pelos
fundos.
— Está tudo muito bem, daqui a pouco os homens da limpeza estão
chegando, por tanto não se preocupe com nada — falo segurando o lado do
meu tórax que está doendo.
— O que houve aí com você? — pergunta apontando para onde eu
seguro.
— Não foi nada, a não ser coisas de rotineiras da vida. O que fez para
que os poucos clientes que tinha saísse? — pergunto mudando de assunto.
— Mandei informar um vazamento de gás e que a comida era por conta
da casa — fala e eu puxo à minha carteira para pegar o meu cartão.
— Aqui, use isso para cobrar os jantares. Não posso deixar você sair em
prejuízo — —Entrego o cartão, mas Lian fecha à cara balançando a cabeça
negativamente.
— Não farei uma coisa dessas você é um amigo Aandreozzi. Não me
ofensa oferecendo seu dinheiro — Lian diz me fazendo guarda o cartão.
— Não foi minha intenção querer te ofender Sakomoto — falo
sinceramente.
— Sei que não, você é um homem correto. Tome cuidado, quem quer
lhe causar mal não está brincando — diz Sakomoto me oferecendo a mão em
cumprimento.
— Não se preocupe com isso, já nasci cuidadoso — falo com um sorriso
maroto.
— Senhor, o carro já está à sua espera — diz Chris desligando uma
chamada.
— E o pessoal já chegou? — pergunto o encarando.
— Sim senhor, a limpeza de todo o local já está em andamento —
responde em um tom profissional.
— Vocês são rápidos — diz Lian admirado.
— Nós os Aandreozzi só trabalhamos com o melhor — respondo
orgulhoso.
— Pelo visto você não vai querer envolver a polícia nisso tudo — diz
Lian me encarando e eu nego.
— Não, nada de polícia e ficaria feliz se você também não envolvesse já
que vou ajeitar tudo no seu restaurante — falo sério.
— Fique tranquilo quanto a isso Lucca — diz me deixando aliviado.
— Até a próxima, mas espero que sem esse tumulto todo — falo é o
vejo assenti.
Saímos do restaurante de Lian pelos fundos junto com Christian e Scott,
ao chegar do lado de fora Scott me entrega o meu paletó e minha arma que eu
tinha deixado no restaurante. O agradeço feliz, pois essa arma é um presente
importante que babo deu a cada um de nós, uma glock automática toda preta
com o brasão de nossa família no cano e a levo comigo onde quer que eu vá,
nunca se sabe as desgraças que podem acontecer no dia. Quando eu estou
pronto para entrar no carro sou puxado e jogado no chão em um baque forte,
com a queda tenho certeza que quebrei o pulso direito. Oh dor filha da mãe!
— Cuidado Lucca! — Scott grita e três tiros o atingiram causando
espasmos no seu corpo o fazendo cair.
— Filho da puta! — Christian grita pulando para fora do carro, pegando
sua arma e atirando em um motoqueiro que saiu em disparada.
— Oh Dio, Dio, Dio! Não Scott, você não cara! — Grito ao ver o corpo
de meu segurança no chão.
— Que porra Scott! Que porra seu filho da puta como você faz uma
coisa dessas? Você salvou minha vida! — Grito me aproximando do corpo de
Scott que está formando uma poça enorme de sangue.
— Senh… senhor? — Scott tenta dizer, mas sai sangue demais de sua
boca.
— Não fale nada, por favor não fale. Eu vou salvar sua vida, não vou
deixar você morrer, minha vida não vale mais que a sua — digo sentindo um
nó na garganta.
— —Vamos leva-lo para o hospital Lucca. — —Diz me fazendo
assentir.
— Nã… não vai... — Scott diz, mas pego meu paletó e fico
pressionando seus ferimentos.
— Quieto Cyclop! Vamos te levar sim! — diz Chris fazendo Scott rir do
apelido que ele odeia que os caras o chamam.
Christian e eu carregamos Scott com cuidado e colocamos na traseira do
carro, vou atrás para ajudar a estancar o sangue que fluí livremente dos
buracos de bala. Ele vai ficar bem, ele tem que ficar bem, minha vida não é
tão importante ao ponto de um homem me proteger dessa maneira. Sempre
soube através de Christian que Scott é um bom rapaz e não posso aceitar que
ele morra assim por minha causa.
— Senhor, por favor — pede Scott apontando com dificuldade o bolso
da frente do paletó.
— Não se esforce tanto Scott, logo você vai chegar no hospital — falo,
mas ele segura minha mão com firmeza, pedindo com os olhos para que eu
fizesse o que ele pediu. — Certo tudo bem!
Coloco a mão e de lá tiro um papel grosso que noto ser uma foto, limpo
o sangue rapidamente na minha calça e olho a foto atenciosamente. Nela tem
uma garotinha muito linda, com cabelos negros longos e cheio de cachos, na
foto ela está de vestido verde claro e tênis, um grande sorriso estampado no
seu rosto doce de menininha sapeca.
— Essa é a Samantha, minha linda panqueca — diz Scott tossindo e
cuspindo sangue.
— Panqueca? — pergunto rindo.
— Sim… sim! Essa é min… minha filha — fala e peço para ele parar de
falar, mas é impossível. — Cuide dela senhor, por favor minha mãe não pode
trabalhar, sei que estou morrendo, sinto que minha morte está próxima —
fala Scott com fervor.
— Você vai ficar bem Scott e vai continuar a cuidar de sua bambina —
digo segurando seu rosto sujando de sangue, seu sangue.
— Não, eu não vou! Cui… cuida — Scott diz e através de seus olhos
abertos e vidrados percebo que ele já se foi.
— Scott! Vamos lá cara, continue falando — falo batendo no seu rosto.
— Não adianta Lucca ele já se foi — diz Christian com a voz rouca.
Scott salvou minha vida, mas não conseguiu ficar vivo a tempo de
chegar ao hospital. Isso não está certo, os tiros eram para mim, agora estou
vivo e Scott morto. Não percebo quando chegamos no hospital, ao abrir a
porta do carro, os enfermeiros pegaram o corpo morto do meu segundo
segurança mais próximo e o levam. Continuo sentado olhando para o nada
sem saber o que fazer.
— Lucca? Você tem que vir também olhar esse pulso, pois ele não me
parece bem — Christian diz e eu assenti sem perceber. — Vamos lá que vou
ter que ligar para a família de Scott.
— Era para eu ser o morto agora — falo com Christian que me segurou
pelo ombro.
— Scott nasceu para proteger as pessoas e ele viu necessidade em não
lhe deixar morrer. Vamos encontrar o desgraçado que fez isso, senhor — diz
com fervor.
— Vamos sim, tenho certeza que vamos — falo e Christian chama um
dos médicos para me atender.
Não sei lidar com a morte de pessoas próximas a mim muito bem. Scott
era o segundo depois de Christian, das vezes que Chris não podia me
acompanhar por motivos pessoais era Scott que fazia o serviço e nos
dávamos muito bem, nunca tive nada o que reclamar sobre Scott O'Brien. Ele
era um homem muito bem-apanhado, tinha traços fortes de um bom homem
do exército, cabelos pretos cortados baixos, mas infelizmente sua beleza foi
levada pela morte. Sou encaminhado para ser examinado, como eu já
desconfiava o osso do meu pulso está quebrando e terei que ficar com a
porcaria do meu braço imobilizado. Me aplicam algum medicamento de
merda que me faz apagar na hora.
Acordo me sentindo desnorteado, precisando urgentemente beber um
copo de água. Ao mexer meus braços noto que o direito estava imobilizado e
esquerdo tem uma intravenosa me incomodando feito um inferno.
— Se acalme aí estressado, sei que odeia se sentir preso, mas logo vão
tirar isso de você — nonna diz chegando ao meu campo de visão.
— O que a senhora está fazendo aqui nonna? — pergunto confuso.
— Eu? Vim somente foder algum médico desavisado — diz irritada. —
—Claro que fui avisada sobre o atentado que meu neto sofreu.
— Estão realmente querendo me matar nonna — falo cabisbaixo.
— E você vai encontrar quem é o desgraçado filho de uma cadela mal
fodida para arrancarmos suas tripas com a unha — nonna diz me fazendo rir.
— A senhora tem os melhores modos de tortura — falo fazendo ela se
aproximar.
— Sou a mais velha dessa família, alguém tinha que ensinar os truques
— fala com desdém me fazendo rir, mas ao lembrar de Scott meu sorriso
morreu.
— Se não fosse por Scott, eu estaria morto agora nonna. Ele salvou
minha vida e nem se quer hesitou — falo seriamente e nonna segurou meu
rosto.
— Meu peito sangra por saber que Scott morreu, ele era um bom
ragazzo. Mas eu não saberia como iria ficar se o meu menininho morresse
assim, espero que Scott esteja em um bom lugar, pois ele foi um anjo e
merece estar em um bom lugar — diz nonna me abraçando forte.
— Ele antes de morrer pediu para que eu cuidasse de sua filha — falo
baixo fazendo nonna afastar do nosso abraço e me encarar.
— E é isso que você fará! Você deve isso a ele, somos Aandreozzi e não
faltamos com nossa palavra — nonna diz firmemente e eu assenti.
— E como farei isso nonna? — pergunto e ela abre um sorriso triste.
— Você saberá o que fazer, tenho certeza disso — fala e eu assenti.
Tempos depois o médico chegou, me liberando do hospital. Nonna
trouxe uma troca de roupa para mim, já que a roupa que estava antes tem
muito sangue de Scott. Tomo um banho rápido tentando não molhar a
porcaria do meu braço e assim que me arrumo saio. Não tinha ideia que já é
de manhã e eu dormi por tanto tempo, preciso ver a família de Scott e tem
que ser agora. Na saída do quarto encontro com Christian nos corredores.
— Como andam as coisas? — pergunto assim que me aproximo.
— Tudo no restaurante já foi arrumado, os feridos já foram atendidos e
estão bem, não conseguimos encontrar o motoqueiro — Christian diz me
deixando com raiva.
— Fodido de merda! — falo com raiva desse motoqueiro desgraçado.
— E a família de Scott? — pergunto respirando fundo.
— A mãe dele já foi contatada, mas não pode sair e deixar a neta
sozinha — fala seriamente.
— Você sabe onde eles moram? — pergunta nonna séria e ele assentiu.
— Então nos leve lá.
Saímos do hospital e seguimos viagem para ir ao encontro na família de
Scott. Chegamos no subúrbio de Chicago que fica mais ou menos uma hora e
o lugar é em plena área residencial, ao passar de carro vejo um parque onde
tem pessoas correndo e se exercitando. Paramos em frente a uma casa
simples, tem um portão pequeno de ferro que estava destrancado por isso só
fiz entrar, subir uns cinco degraus para chegar até a porta da casa. Bati e
fiquei esperando por pouco tempo até que uma linda garotinha de cabelos
cacheados e muito volumosos abriu a porta.
— Você deve ser Samantha, não é verdade? — pergunto e ela me olha
como se estivesse analisando e depois assentiu.
— Podemos ver a sua vovó querida? — nonna pede.
— Ela está chorando muito — diz a menininha abrindo a porta.
— Vamos vê-la agora, por que você não vai para seu quarto? — pede
nonna e a filha de Scott assentiu.
Entramos na casa muito simples, mas muito bem arrumada. Encontro
uma senhora que não me parece ter uma idade muito avança, mas parece ser
mais velha que minha mãe Arianna, ela está sentada no sofá chorando
copiosamente, me aproximo o mais calmo possível e me sento ao seu lado.
Sua dor é tanta pela morte de seu filho que ela nem se dá ao trabalho de virar
para ver quem era.
— Olá senhora O'Brien, eu sou Lucca Aandreozzi — falo baixo a
fazendo virar para me encarar.
— Meu menino, meu filho morreu! — fala chorosa e abraço seu corpo
magro.
— Sinto muito, sinto muito mesmo pelo o que acontece com Scott —
falo e olho para nonna que está tocada com o sofrimento da mulher.
— Você, é verdade! — grita me empurrando. — Ele morreu te
protegendo, não diga que sente muito, pois não foi sua vida que foi perdida
— fala de pé e chora novamente.
— Sei que a senhora está muito triste com o que aconteceu, pode apostar
que sei como se sente. Mas tenho que dizer que não deixarei a senhora e sua
neta desamparadas, cuidarei das duas esse foi o último pedido de seu filho —
falo com firmeza não me importando com o aperto no meu peito.
— Não precisamos do seu dinheiro! Sei que não posso trabalhar, a mãe
desnaturada de Sam prefere ganhar o mundo do que criar a filha, mas não
precisamos de sua esmola — diz a senhora O’Brien chorando copiosamente.
— Não posso imagi… — começo a falar, mas ela me interrompe.
— Querem ajudar? Levem Samantha com vocês! — diz me causando
espanto. — Meus dias aqui na terra estão contados — fala inerte e isso faz
nonna Francesa tomar a frente.
— Meu neto não quer te dar esmola, ele simplesmente quer te dar total
apoio que você precisa nesse momento. Entendo sua dor, pois eu também sou
mãe e não desejo esse sentimento de perda a ninguém. Sei que o está falando
agora é somente sua dor e nada mais — nonna diz levantando-se da cadeira.
— Vamos Luc, depois voltaremos aqui.
— Esse é o meu endereço é o meu celular, pode me ligar. Não se
preocupe com o funeral de Scott, tudo já está sendo ajeitado — falo
escrevendo meu endereço atrás do cartão depositando na mesinha.
Antes de passar pela porta da casa vejo no cantinho Samantha nos
encarando. Vou até ela e lhe dou um beijo na testa, sinto seu cheirinho
gostoso de perfume infantil. Após me despedir de Samantha entramos no
carro e seguimos viagem para minha casa. Preciso falar com Luigi, ouvir sua
voz e dizer a ele o quanto o amo, por isso com muita determinação efetuei a
chamada.
— Lui ontem não foi um dia muito bom e eu precisava ouvir sua voz —
falo assim que percebo que a ligação foi atendida do outro lado.
— Alô! Quem fala? — pergunta uma voz feminina em português me
deixando confuso.
— Não é da sua conta quem fala! Por que está atendendo o celular que
não é o seu? — pergunto em português com muita raiva e o ciúme comendo
pelas beiradas.
— Quem é você para falar assim comigo, saiba que o meu namorado é
um homem importante e não vai gostar de saber disso. Passar bem! — diz a
mulher irritada desligado a ligação.
Respiro várias vezes para com a intenção de me acalmar, mas é
impossível. Uso minha mão com o pulso quebrado para socar o carro e
começo a sentir uma puta dor dos infernos, nonna começa a me perguntar o
que está havendo, mas não dou ouvidos e fico curtindo minha dor. Luigi não
seria capaz de fazer uma coisa dessas comigo seria? Espero que não!
— Christian, ligue para o pessoal ajustar o jatinho, espero está saindo
daqui em menos de uma hora — falo com raiva e o vejo conectar o celular no
carro.
— O que houve Lucca? — pergunta nonna.
— Vou tentar não matar uma vadia qualquer que atendeu o telefone do
meu namorado afirmando ser sua namorada — falo entre dentes e vejo nonna
ficar irritada.
— Estamos indo para o Brasil abater uma vadia? Isso é comigo! — diz
nonna com um sorriso mal.
— Que diabos você está fazendo por aqui Roberto? — pergunta Filippo
tirando Luti dos braços do amigo e passando o braço envolta da sua cintura
possessivamente.
— Claro que vai Ursão! Pare com isso, você às vezes eu não sei não —
Luti diz seriamente com os braços cruzados.
— Não Bello, darei a carona! Agora você vir aqui? — Filippo diz e Luti
o abraça com um sorriso radiante.
— Quem poderia imaginar que esse Ursão iria ser domado algum dia,
não é? — nonna pergunta e é o suficiente para que eu caísse na gargalhada.
— Eu amo ver Luti fazendo sua mágica com esse homem carrancudo —
falo e Beto se aproxima de mim colocando os braços no meu pescoço.
— Mas ele não vai ser capaz de me acalmar se você não soltar o meu
namorado — Luigi diz com raiva olhando para um Beto muito espantado.
— Mais um ciumento para fazer parte dessa família — Luti diz sorrindo.
Luigi passa os braços na minha cintura e me dá um beijo forte na boca.
— Você não sabe o quanto miele, nem eu sabia até me apaixonar por
você — diz calmamente com um sorriso de lado.
— Eu também sinto muito ciúmes por você, amor. Na verdade, acho que
mataria quem encostasse em você. Você é só meu! — falo possessivamente
admirando seu sorriso.
— Assim como você é meu! — sussurrou Luigi com sua boca contra a
minha.
— Acho melhor você deixar minha sorellina — falo apontando para ele
e Filippo fez a mesma coisa.
— Vocês são tão sem noção às vezes. Beto e Luna são só amigos.
Vamos Beto, estamos indo almoçar e quero que durante o almoço você me
conte como está sua vida em Portugal. Sabia que eu já namorei um carinha de
lá, menino, ele sabia como chupar…. — Nonna Francesa para de falar ao
ouvir Filippo.
— Nonna, por favor não, só não — Filippo diz fazendo cara de nojo e o
resto de nós começa a rir.
— Não seja um puritano meu neto, vai me dizer que não sabe o que
chupar… — Ela parou novamente quando Filippo levantou a mão.
Filippo por trás de toda sua máscara de homem sério e intocável sempre
foi o mais ciumento de todos nós, principalmente com as mulheres
Aandreozzi. Não vou mentir e dizer que não sinto ciúmes, pois eu estaria
mentindo muito duro, mas consigo ser mais maleável do que Filippo, babo e
Enzo. Já vi muitas das vezes babo bater em homens que não respeitavam
minha mamma com olhares e cantadas sem noção, mamma é uma mulher
muito linda, linda de verdade com sua beleza natural sem precisar fazer
esforço e posso imaginar o que babo passou quando eles eram mais novos.
Filippo não foi nenhuma surpresa para nós quando se apaixonou, a não ser
pelo fato de estar casado com um homem, mas isso não importa. Nós
sabíamos que quando ele encontrasse a pessoa certa para sua vida, ele iria ser
bem assim do jeito que ele é. E eu não posso esperar para ver Enzo cair de
amor por alguém, isso vai ser muito engraçado de ver. Ele que sempre se
gaba que essas coisas não são para seu estilo de vida solteirão, só quero ver
quando acontecer, o que meu irmão não sabe é que quando o amor acontece,
acontece que você não percebe e quando cai em si não tem como reverter.
Olha só agora como estou caído no amor por Luigi Pierri.
— Óbvio que não, eu só queria ouvir você falar — Luigi diz me fazendo
rir.
— Verdade, vamos logo para não ocorrer atrasos — Luigi fala fazendo
meu irmão assentir. — Miele, mais tarde tenho um jogo marcado com uns
amigos. Verei você lá?
— Se você me quer lá, é lá que estarei. Só não faço ideia de onde possa
ser.
— Não estou acreditando nisso, eu daria tudo para ver a cena de você no
palco dançando — diz Gio fazendo graça.
— Olha quem fala, você por algum acaso diz ao seu marido que você
participava de um grupo de dança quando éramos moleques? — Beto
pergunta a Luti que fica vermelho como um tomate.
— Não tem como amigo, você lembra daquela roupa… — Beto ia falar
mais, mas foi interrompido por Luti.
— Corte essa merda, Beto! — Estalou meu cunhado com raiva, fazendo
todos rirem. — Sim nonna, conte para nós sobre a sua aula de dança com
Lucca.
— Oi? Oh, nada demais, acho que preciso ir ao banheiro. Com licença
por favor — Giovanna fala levantando e virando para sair.
— Não nonna, acho que não deve ser nada demais — falo sem querer
preocupar minha nonna, mesmo que depois eu vá conversar com Gio.
— Olá família Aandreozzi, Roberto, é muito bom tê-los aqui hoje — diz
um homem que se não me engano deve ser Marco Benedetti o dono do
restaurante.
— Vou muito bem Luti e vocês como estão? — pergunta Marco, mas
percebo os olhos dele em direção a Beto que fica bastante desconfortável.
— Estou muito bem, obrigado por perguntar — falo atraindo seus olhos
para mim.
— Lucca Aandreozzi, você é o Aandreozzi que está em Chicago se não
estou enganado — fala sorrindo apertando minha mão.
— E pelo que vejo você anda bem informado sobre mim e minha família
— falo seriamente, pois não vou muito com a cara desse sujeito.
— Oh foda-se! Ainda bem que ele foi embora — diz Beto assim que
Marco saiu.
— Ele ainda quer algo com você amigo? — pergunta Luti para Beto.
— Pelo olhar dizendo “posso te foder se você deixar” que ele lançava,
se não é um indício eu não sei mais o que é — nonna diz com malícia.
— Ele me ligava, por isso que troquei a porra do meu número. Eu não
sou gay! Nada contra sabe, mas eu não sou. E se fosse não seria esse cara que
iria acontecer — Beto fala estremecendo.
— Sei o que você quer dizer, não vou muito com a cara dele desde a
última vez que viemos aqui para fazer surpresa para Luti — falo sério e Luti
afirma.
— Você não é o único, Luna já me falou que não gosta dele também —
Luti diz distraído.
Lembro-me perfeitamente bem do dia que viemos aqui pela primeira vez
na intenção de jantarmos com Luti. O modo que aquele Marco Benedetti fala
se referindo ao meu cunhado como inferior me irritou profundamente, minha
vontade era de socar aquele rostinho dele, mas fiquei com a tarefa de levar
meu cunhado para o carro junto com Luna. Na época o pobre Luti era muito
tímido, que tinha vergonha de conversar qualquer coisa, agora olho para Luti
e vejo a mudança que ele sofreu e isso é muito bom. Sou cortado dos meus
pensamentos com Luti cutucando meu braço.
Não, ela não pode estar aqui para me presentear com a imagem de
víbora que ela me mostrou ser. Se você está pensando que é a mãe de Luigi,
acertou de primeira. Em um canto na saída da área que dá para os banheiros
vejo que Gianella Pierri segurar o braço de Giovanna com muita força
fazendo ela fazer careta de dor com o aperto. Ao me aproximar delas vejo
que nonna, Luti e Beto vem a passos rápidos atrás de mim. Gianella não
percebe a minha aproximação, mas Giovanna sim e arregala os olhos.
— O que eu disse para você sua vagabunda? Você vai voltar comigo
para Roma agora mesmo e assim eu poderei fazer com que meu filho inútil se
case com você. Como pode estragar tudo assim? — Gianella fala em italiano
e com muita áspera com Giovanna.
— Capista, isso é muito bom. Pelo que eu posso ver de sua família o
único que deve prestar é o meu namorado — falo com sarcasmo.
— Não chame meu filho de namorado, ele não é parte dessa sujeira com
você — diz a mulher com raiva.
— Essa aqui? Você está querendo que eu solte a noiva de meu filho que
é uma vagabunda fugitiva — fala olhando para Gio que chora copiosamente.
— Você não vai gostar do que eu sou ser capaz de fazer — falo
perigosamente sentindo minha raiva chegar a um nível alto.
— Por favor me solte Gianella, você sabe tão bem quanto eu que esse
casamento não iria acontecer — Gio fala chorando.
— Cala a boca! Lembre-se que ninguém te quer Giovanna, seus pais não
te querem, seu namorado. Se lembra dele? Aquele mesmo, pois bem ele não
te quer, ele nunca te quis. Agora vamos, pois, pelo pior que você seja, eu
ainda te quero como nora — Gianella diz e eu fico horrorizado com as coisas
que sai da boca dessa mulher.
— Como você pode ser uma pessoa tão ruim com uma mulher grávida!
— nonna diz acertando um tapa bem dado no rosto de Gianella.
— Muda o disco amiga, é claro que bati nessa sua cara de mulher ruim e
pilantra. Você está merecendo mais do que esses tapinhas fracos — nonna
diz com desdém.
— Isso não vai ficar assim eu vou te processar por agressão sua velha
desgraçada! — Gianella diz com ódio, nonna e eu começamos a rir.
— O que eles não sabem é que o pai de Luigi era o meu namorado
misterioso — fala de forma robótica me fazendo arregalar os olhos.
Oh foda-se! Eu sabia que Giovanna tinha coisa que não tinha falado com
Luigi, mas eu nunca poderia imaginar que seria uma coisa tão complexa.
Tenho a sensação que ainda tem muita coisa vindo por aí, e que é muito bom
me preparar para ouvir tudo com muita cautela.
Ainda não estou conseguindo assimilar o que Giovanna acabou de me
dizer. Primeiro seus pais a expulsão de casa a deixando aos cuidados de
Gianella Pierri, uma mulher desprezível que dá questão de espalhar o seu
perfume desagradável de enxofre por onde quer que vá. Não posso imaginar
as coisas que ela teve que ouvir e passar tendo Gianella para controlar sua
vida. Mas o que é mais inesperado é saber que o pai de Luigi é o namorado
de Giovanna, só de saber disso várias perguntas rondam a minha cabeça na
intenção de desvendar como esse relacionamento começou.
— Gio, eu não estou conseguindo entender o que você acabou de me
dizer — falo na intenção de chamar a atenção de Giovanna para mim.
— Não tem o que entender Lucca, é isso mesmo o que você ouviu. Eu
sou a vadia que tem o caso com um homem casado — fala e volta a chorar.
— Ei, não, não fale assim — diz e levanto o corpo de Giovanna a
colocando sentada na cama.
Tiro meus sapatos e sento na cama colocando minhas costas na
cabeceira, depois de confortável puxo Giovanna para se recostar no meu
peito, no início ela fica rígida, mas logo relaxa. Espero um tempo sem falar
nada e espero o tempo que ela quiser para poder se abrir comigo, sei que ela
precisa conversar, precisa pôr para fora tudo o que está guardando para si.
— Pode conversar comigo o que quiser, não estou aqui para te julgar.
Sou a última pessoa que poderia julgar alguém. Deixe-me te contar algo
sobre mim, eu tenho explosões de raiva quando estou perturbado, gosto de
infligir dor a pessoas que mexem com a minha família e pessoas que amo.
Por tanto, não sou perfeito — falo em tom baixo e percebo que Gio parou de
chorar.
— Você não me parece uma pessoa com explosões de raiva — Gio diz
enxugando os olhos.
— Oh sim, não duvide, sou assim para quem merece que eu seja — falo
fazendo graça. Giovanna respira fundo e volta a falar.
— Eu estava no meu segundo ano na faculdade estudando história da
arte quando conheci Orazio. Fui com umas amigas almoçar, esse foi o último
dia das aulas e minhas amigas e eu estávamos felizes, fazendo planos para
uma viagem. Foi aí que o vi, sentado me encarando enquanto tomava uma
taça de vinho branco. Ele é um homem muito bonito, com um olhar
intimidade e eu me senti aquecida pelo seu olhar intenso. Ele estava no meio
de um almoço de negócios, mas seus olhos estavam em mim o tempo todo,
não nas minhas amigas ou em qualquer outro lugar, seus olhos estavam em
mim — fala distraidamente com um pequeno sorriso nos lábios.
— Você se apaixonou por ele, não foi? — pergunta em um tom baixo.
— Não tinha como não se apaixonar Lucca, ele é tudo que sempre
sonhei e um homem muito, muito galanteador. Quando eu saí do restaurante
ele estava me esperando no seu carro e quando ele me diz para entrar para
que pudéssemos conversar eu nem hesitei. No início era ótimo estar com ele,
nunca me importei com a nossa diferença de idade, viajávamos juntos sempre
que ele tinha algo para resolver, eu sempre me sentia bem ao seu lado — diz
Gio é uma carranca aprofundou no seu rosto bonito. — Juro que não fazia
ideia que ele era casado.
— O que aconteceu? Como você descobriu que ele era casado.
— Foi em um jantar na casa de meus pais. Eu já não morava com meus
pais a um bom tempo desde o início da faculdade. Minha mãe ligou me
chamando para um jantar de negócios de papa que eu não poderia deixar de
ir, não tive para onde correr a não ser ir naquele maldito jantar, onde eu
encontraria o meu namorado com sua esposa. E foi a pior coisa que poderia
ter acontecido, foi a partir desse dia que Orazio mudou comigo — Gio fala
com raiva.
— O que foi que aconteceu quando você o viu no jantar — pergunto
com calma.
— Aconteceu que eu fiquei confusa e devastada ao mesmo tempo,
descobri na mesma noite que homem que eu amava era casado, amigo dos
meus pais e pelo seu olhar frio tive a certeza que ele sabia muito bem quem
eu era. Aquilo acabou comigo, passei dias tentando entender, me sentindo
suja e usada.
— Foi aí que você terminou com ele — falo e ela nega com a cabeça
me deixando confuso.
— Eu tentei, juro que tentei, mas eu o amava demais. Sentia falta do
seu toque e isso me devastou e estava disposta a continuar mesmo sendo
estupidamente casado, mas quando percebi meu erro já foi tarde demais. O
homem que eu amava já não existia mais, ele mudou, ficou agressivo,
inconstante e frio. Ele não me queria com mais ninguém, perdi minhas
amigas, minha faculdade, ele tinha o controle de minha vida — fala entre
dentes.
— O que aconteceu para você conseguir se libertar de Orazio? —
pergunto com raiva.
— Gianella aconteceu, sim, ela descobriu o caso do seu marido e o mais
incrível é que ela não ligou muito para isso, mas conseguiu fazer com que ele
parasse de me ver. Orazio parou de me ver sem me dar uma palavra sobre o
assunto, como se eu fosse uma coisa descartável E isso me irritou, porra, isso
me irritou muito. Foi quando… quando… — Giovanna para de falar e me
encara.
— Foi quando você conheceu Luigi e dormiu com ele, para provocar
Orazio e Gianella — falo com firmeza a fazendo se afastar de mim com
vergonha.
— Sim, foi isso mesmo que aconteceu. Para mim Luigi seria só um
escroto como os pais, mas percebi meu erro no dia seguinte e me senti mal
pelo o que fiz com Luigi — fala com a cabeça baixa torcendo as mãos no seu
colo.
— E você tem certeza que a bebê é filha e não irmã de Luigi? Desculpe,
mas tenho que perguntar isso — falo e ela afirma rapidamente.
— Quando Orazio e eu fomos ficar mais íntimos, ele diz que não
precisaríamos de proteção já que ele não poderia ter filhos mais. E foi uma
grande surpresa quando me vi grávida do filho do homem que eu amava —
Giovanna diz passando a mão na barriga.
— Luigi me diz que você não aceitou a gravidez muito bem, isso é
porque o filho não era de Orazio?
— Não! Claro que não! Passei por muita coisa, fui uma mulher inútil e
patética que se envolveu e se apaixonou por um homem casado. Que depois
em uma súbita infantilidade engravida sem pensar nas consequências. Luigi é
um homem bom e não merecia ser casado com a amante de seu pai. —
Giovanna chora e minha cabeça entra em parafuso.
Não posso imaginar o que seria de Luigi se por algum acaso ele se
casasse com Giovanna. Ela é uma jovem que se apaixonou por um homem
casado que pelo visto a conhecia muito bem e mesmo assim a enganou. Que
tipo de homem é Orazio Pierre? Que tipo de mulher é Gianella Pierri, que
soube da traição do seu marido e não se importou. Algo não está muito bem
nessa história, como seria esse casamento para Luigi e Giovanna. Sempre
soube desde o primeiro dia que bati meus olhos em Giovanna que ela
escondia coisas e que estava triste por algo, mas isso o que ela acabou de
contar nunca passou pela minha cabeça.
— Uma coisa não sai da minha cabeça. Como Orazio e Gianella
receberam a notícia de sua gravidez? — pergunto deixando Giovanna
pensativa.
— Não sei, por que foram os meus pais que falaram com os Pierre. E a
próxima coisa que eu soube foi o carro vindo me buscar para me instalar na
casa deles. Logo depois eu estava sendo mantida lá para o casamento e
consegui sair de lá quando os dois não estavam na casa.
— Quem te ajudou? Quem te tirou da casa dos Pierri? — pergunto
tentando entender.
— Eu nunca tinha visto aquele homem, mas ele tinha traços de Orazio.
Ele me diz que era Sávio Pierre o tio de Luigi — Giovanna diz me deixando
confuso.
— Por que será que ele te tiraria de lá? Ele te falou alguma coisa?
— Não, ele só fala para eu encontrar Luigi e conversar com ele. Antes
de sair ele me deu dinheiro e uma passagem para o Brasil — fala e para me
encarando. — —Você agora deve me achar uma pessoa terrível.
— Não vou mentir e dizer que gostei de saber que você usou meu
namorado para se vingar, mas como eu disse antes, isso não faz você uma
pessoa ruim. Não sou nenhum santo e não tenho o porquê para te julgar, mas
acho que você, somente você pode conversar com Luigi — falo seriamente e
ela respira fundo.
— Eu sei, deveria ter feito isso no primeiro dia que ele aceitou me dar
abrigo, mas fiquei com muita vergonha — diz Gio levantando e começando a
andar pelo quarto.
— Gio, você tem que se acalmar e fora que você está me deixando
tonto andando de um lado para outro — falo a fazendo parar.
— Como eu poderia olhar na casa de Luigi e dizer que o pai dele era o
meu namorado, que sua intenção maior com esse casamento era ter o controle
de mim e de seu filho para seu bel prazer. Gianella só queria seu filho casado
para mostrar a sociedade como a família Pierri é incrível — Giovanna diz
com cara de nojo.
Vou para o quarto de Luigi e lá faço de tudo para me acalmar, pego meu
notebook e começo a trabalhar. Durante o tempo que estive trabalhando
recebi uma mensagem de Luigi me lembrando do seu jogo com seus amigos e
o endereço do local para que eu possa encontrá-lo. Volto para o trabalho e de
lá converso um pouco com Laila que me informou a insistência de Daniel
Fodido Campbell para saber onde estou. Fiz Laila rir do modo que a autorizei
a mandar o bastardo ir se foder com um pedaço de madeira cheia de pregos.
O sinal de uma nova mensagem soou no meu celular e abro um sorriso, pois
naturalmente é uma mensagem de Lui, mas o meu sorriso morreu ao ver que
o número é desconhecido. O pior de tudo foi o conteúdo da mensagem.
Sinto sua falta, podemos ainda ter algo bom basta você querer, baby.
Amo-te. D.
Filho da puta! Como ele ousa me mandar uma mensagem? Conto até
dez duas vezes e aperto a ponta do nariz com o polegar e o indicador na
intenção de me acalmar. Não posso cair na asneira de responder essa
mensagem infame, por tanto encaminhei a mensagem para Christian, ele
saberá o que fazer, caso ele possa rastrear de onde esse filho da puta está
mandando essa mensagem.
Olho para o meu relógio e vejo que estou terrivelmente atrasado para
me encontrar com Luigi. Saio correndo do apartamento pedindo a Christian
que tire logo o carro, demora um pouco para chegar já que o trânsito de São
Paulo é maçante feito o inferno. Finalmente chego ao local que Luigi me
falou e não me surpreende em saber que é uma academia, ele me fala direito
o lugar onde se localiza a quadra e é para lá que eu vou com Christian bem
atrás de mim. Algumas pessoas, principalmente as mulheres, me olhavam
com curiosidade e flerte, mas mantenho minha postura e caminho para o meu
destino.
— Estou bem, mais que bem, eu estou ótimo — falo e um sorriso de lado
escapou dos lábios de Lucca.
— Tsc, tcs, tcs… Tão mentiroso Lui! — fala e eu não consigo esconder
a cara ofendida.
— Você está querendo que te mostre que estou bem? — pergunto
levantando meu corpo e rolando Lucca para deitar na cama enquanto me
sento nos seus quadris.
Assim que prendo Lucca embaixo de mim, observo um sorriso lento e
preguiçoso cruzar seu rosto lindo. Só de olhar para esse rosto com sorriso
sexy como um pecado, consigo ver o porquê me apaixonei por outro homem,
isso é porque esse homem é ele. E esse filho da puta sexy é muito fácil para
cair de amor. E só de pensar que ele é meu, faz meu peito inchar de orgulho.
— Nunca duvidaria de sua palavra, amor, mas não quero te machucar —
fala em uma expressão séria.
— Assim como eu nunca machucaria você propositalmente, tenho plena
certeza que você também não me machucaria — falo pegando outra
camisinha e um lubrificante embaixo do travesseiro.
— Esteja certo que eu jamais te machucaria — fala e solta um gemido
baixo assim que minha mão entra em contato com seu pau que já está duro
assim como o meu.
— Eu realmente acredito nisso — falo me concentrando em colocar o
preservativo no meu namorado.
Não preciso de preparo algum, pois eu já estava bastante preparado
devido às vezes que Lucca me deu prazer hoje. Sendo assim alinho o pau dele
na minha entrada e vou descendo arrancando um ofegar satisfeito dele. Meu
corpo estremece com o aperto da mão de Lucca no meu quadril, quando o seu
pau está totalmente acomodado dentro de mim. Antes de começar a me
movimentar procuro a sua boca depositando um beijo quente e necessitado,
enquanto nos beijamos sinto o seu pau ficar ainda mais duro dentro de mim.
— Se você porra não começar a me foder com seu bunda, eu vou acabar
tendo um colapso — Lucca diz entre dentes.
— Seja como for, querido — falo e começo a subir e descer.
— Oh porra! Ahhh…! — Ele geme alto me fazendo acelerar os
movimentos.
— Abra os olhos e olhe para mim. Faça isso! — ordeno e
automaticamente seus olhos lindos encontraram o meu. — Foda! Você é
lindo demais!
Solto um gemido rouco quando os quadris de Lucca começam a
balançar de acordo aos meus movimentos. Cobro sua boca com a minha e
acelero ainda mais os meus movimentos a procura de libertação. Quando
percebo que ele está perto de gozar pego o meu pênis e começo a me
masturbar rapidamente.
— Eu vou porra gozar! Puta que pariu! Ahhh… — diz Lucca sem
quebrar o contato dos nossos olhos.
— Eu amo você! — digo entre dentes e assim que as palavras saem de
minha boca Lucca goza forte me deixando gozar logo em seguida.
Após ter me deleitado do prazer de estar com Lucca nos meus braços o
vejo cochilar pacificamente, esses dias que Lucca está na minha casa só me
faz pensar o quanto tenho vontade de estar sempre perto dele, e pensar nisso
assusta o inferno fora de mim. Mas não me assusta de um jeito ruim, muito
pelo contrário, o espanto é de perceber o quanto o quero perto de mim. Sou
um homem que tinha uma convicção que nunca saberia se algum dia alguém
poderia aquecer meu coração, mas olhar para Lucca adormecido no meu
braço é a melhor sensação que eu poderia ter. Levanto da cama e vou à
procura do meu cigarro, abro a janela do meu quarto e me deleito da fumaça
entrando nos meus pulmões. Continuo a fumar até que eu sinto um braço
circular minha cintura.
— Essa porcaria ainda vai te matar — Lucca resmunga e isso me faz rir.
— Impossível, agora que descobri o que é ter você na minha vida eu não
penso em morrer facilmente — falo descartando o resto do cigarro e
abraçando um Lucca muito nu em seguida.
— Vamos tomar banho, pois ainda iremos jantar na casa de Filippo —
Lucca fala me puxando para o banheiro, me fazendo soltar um gemido
frustrado.
— Temos realmente que ir? — pergunto e Lucca afirmou com a cabeça.
— Claro que sim! Se não formos Filippo vai me matar e fora que estou
louco de saudades dos meus sobrinhos — diz com um grande sorriso e isso
me fez puxá-lo ao meu encontro.
— Você gosta muito de criança, não é verdade? — pergunto e ele solta
um suspiro.
— Gosto muito, crianças são criaturas inocentes adoráveis. O mundo
está cheio de adultos mal intencionados por isso temos que aproveitar as
crianças que existe antes que elas cresçam — Lucca diz com firmeza e isso
aquece meu coração.
— Você fala sabiamente, querido — falo beijando-o levemente nos
lábios macios.
— Oh sim, eu sou um homem muito sábio — confirma convencido e eu
balanço a cabeça negativamente.
— Não se ache tanto Miele, sua humildade é sem limites — falo
sorrindo o vendo sorrir também.
— Você me prometeu um banho decente e eu estou cobrando isso agora
— Lucca fala em um tom jocoso me fazendo revirar os olhos.
— Não se aproveite da minha boa vontade — reclamo escondendo
minha diversão.
— Que namorado mais sem amor eu fui arrumar — Lucca diz
dramaticamente.
— Eu vou te mostrar o sem amor seu bastardo fingindo — falo o
empurrando contra a parede.
— Sinto que isso não poderá ser mostrando, bebê, já que temos um
jantar para estar presente — fala e em seguida me beija com paixão.
— Oh merda, o jantar! — falo com resignação e vou para o banheiro
fazendo Lucca gargalhar.
Tomamos o nosso banho, nos arrumamos e logo já estamos saindo de
casa. Chamo Giovanna, mas ela me diz que está com dor de cabeça e prefere
ficar em casa, e como eu não quero forçar nada prefiro deixá-la em casa
quieta e digo que qualquer coisa que sentir ela pode me ligar imediatamente.
A viagem até o condomínio de Filippo e Luti foi sem problemas, e logo já
estamos passando pelos portões da entrada para casa do Aandreozzi mais
velho. Lucca diz que podemos ir direto para garagem já que ele tem os
códigos para entrada da casa.
Quando ele me diz isso faço uma cara de dúvida, pois acho pouco
provável Filippo liberar a entrada assim facilmente e isso fez Lucca rir. E
logo após seu riso ele me diz que todos tem espaço livre na casa de cada um,
e que isso foi uma coisa que aconteceu naturalmente, já que eles sempre
foram muito próximos. Lucca ainda diz que as casas e apartamentos são
grandes para que possa acomodar cada um dos irmãos sem preocupações.
Isso me espantou em um nível alto, pois nunca ouvir falar em qualquer
família que goste de estar perto um do outro assim e isso só me faz admirar
ainda mais os Aandreozzi.
Como Lucca me instruiu vamos até a garagem e de lá já tem uma
passagem para ir até a casa. Assim que entramos ouvimos imediatamente as
vozes das crianças.
— Já era hora, pensei que vocês dois não viriam mais — Luiz Otávio
diz vindo nós receber.
— Estávamos fazendo sexo selvagem e suado — Lucca diz me fazendo
arregalar os olhos e Luiz Otávio ficar vermelho de vergonha.
— Inferno homem, onde está seu filtro? — Luti pergunta e Lucca o
abraça.
— Esse menino é meu orgulho, nunca devemos esconder os prazeres da
vida de um sexo saudável — nonna Francesa diz fazendo Lucca rir.
— Não ligue para isso Luigi, você assim como eu terá que se acostumar
com as coisas que sai da boca de nonna — Luti diz e eu afirmo.
— Tenho certeza que terei que me acostumar — falo e recebo um
abraço de nonna.
— Zio! — As crianças gritaram e correm assim que veem Lucca.
— Quem é o tio mais lindo que vocês têm? — Lucca pergunta e se
agacha para abraçar os sobrinhos.
— Voxe tio Lucca, mas eu não posso ficar falando isso na flente dos
outlos tios — Pietro diz em forma de segredo, mas todos nós ouvimos.
— Os deixe para lá, eu sei que sou o mais bonito da família — Lucca
diz fazendo as crianças rirem. — Como vocês dois estão indo na escola?
— Tudo bem, tenho uma viagem de campo para ir com a escola, mas
babo não quer me deixar ir. Ele diz que é muito perigoso — Eduarda diz
cruzando os braços e eu olho sem entender.
— Vamos ver o que podemos fazer com relação a isso, mas você tem
que me prometer não ficar chateada se o lugar for realmente perigoso —
Lucca diz passando a mão pelos cabelos logos de Eduarda que assentiu.
— Lucca, Luigi que bom que já vieram — Filippo diz se aproximando
de nós.
— Obrigado pelo convite Filippo — falo e ele faz um gesto casual.
— Não tem por que agradecer, nós somos família — Filippo diz
seriamente e eu assenti.
Filippo me chama para nos sentarmos na sala enquanto o jantar ainda
não é servido. Nonna Francesa foi ver como andam as coisas na cozinha, Luti
foi buscar umas bebidas para nós e Lucca continua entretido com as crianças
e o filhote de buldogue que eu sei que se chama Amora.
— Está realmente cogitando a ideia de ir para Chicago ficar com Lucca?
— Filippo pergunta casualmente.
— Sim, hoje em dia eu tenho a plena certeza — falo sem pestanejar.
— E você está ciente dos riscos que corre tendo uma relação com ele,
não sabe? Não estou dizendo isso para impedi-lo de nada, só preso pelo bem
de meu irmãozinho, tanto fisicamente quanto emocionalmente. E odiaria
saber que você não tem certeza do que está fazendo e acabar o machucando
— Filippo diz e suas palavras me irritam rapidamente.
— Eu o amo! Sou homem o suficiente para saber o que eu quero para
minha vida. Não tenho que te agradar ou falar palavras bonitas para você.
Toda ou qualquer dedicação de minha parte tem que ser para Lucca e
somente para ele. Eu o amo e pronto! — falo e vejo Filippo dar um pequeno
sorriso, mas logo sumiu.
— Você tem garra Luigi e isso é bom, principalmente para entrar nessa
família — Filippo fala olhando para onde seu irmão e filhos estão.
— Você fala isso por causa dos perigos? — pergunto e recebo uma taça
de vinho que Luti trouxe.
— Sim, mesmo que ultimamente não tenha percebido nada fora do
comum, eu sempre fico muito atento a tudo — Filippo diz e solta um suspiro.
— Eduarda disse que você não queria que ela fosse para algum passeio
da escola. É sempre assim? — pergunto com curiosidade.
— Ela já foi recorrer aos tios advogados — afirma e solta um sorriso
baixo. — E respondendo sua pergunta. Não, não é sempre assim, mas para
ela ir tenho que por uma segurança extra já que o local é desconhecido para
mim, mas para a felicidade de minha bambina eu farei isso já que ela vai se
divertir — fala lançando um olhar carinhoso para as crianças e isso só me
mostrou o amor que ele sente pela sua família.
— Você faria tudo por eles, não é? — pergunto e Filippo me olha com
firmeza.
— Eu daria cada órgão do meu corpo para ver minha família bem e em
segurança. E mataria qualquer um que tentar machucar eles — fala e eu
assenti entendo perfeitamente o que ele quer dizer.
— Às vezes acho que não serei bom o bastante para a minha filha que
vai nascer, e isso me deixa com o medo filho da puta — desabafo.
— Isso é muito natural, esse medo que você tem é muito normal. Tive
esse mesmo medo no início, mas quando me vi subornado o juiz para
adiantar a papelada de adoção das crianças percebi que poderia fazer tudo
para tê-los comigo e com o meu marido em segurança — Filippo diz e eu me
surpreendo por ele falar essas coisas para mim.
— Você nunca foi tão falador assim comigo antes — falo com um leve
sorriso.
— —Eu não confio nas pessoas que não são da família. Sou um homem
reservado que gosta de ser reservado. Mas agora você é da família e tenho
certeza que Lucca não o deixará ir — ele diz e eu olho para Lucca que me
olha e dá um sorriso brilhante.
— E nem eu vou o deixar ir, pode apostar nisso — falo sério.
O jantar foi ótimo, a comida estava divina e a conversar como sempre
agitada e muito relaxante. Nonna como sempre falando suas coisas me
fazendo rir e ter isso durante o jantar é fantástico, já que eu nunca vivi nada
igual durante toda a minha vida. O jantar na minha família é basicamente sem
nenhum estímulo social com uma interação normal entre uma família. Meu
pai sempre esteve calado e quando falava na mesa era quando algum amigo
dele estava presente, mas todas as conversas eram sobre negócio e minha mãe
vive no mundo superficial que só ela tem. Passei minha infância e
adolescência assim e quando me vi adulto e livre passei tendo os jantares
solitários, sempre foi assim até agora.
— Nonna, a senhora não pode falar sobre essas coisas com as crianças
na mesa — Filippo diz com uma expressão séria e nonna faz um gesto de
desdém.
— Como pode um ser humano ser tão antiquado? — nonna pergunta e
isso me faz rir.
— Papai o que é esse quadado? — Pietro pergunta a Luti fazendo todos
rirem.
— Antiquado significa que a pessoa está sendo velha. É basicamente
isso Ursinho — Luti fala com carinho e Pietro olha para Filippo e sorri.
— Você me acha um velho, Ursinho? — Filippo pergunta com uma voz
baixa.
— Não, voxe é um supe heloi! — Pietro diz com empolgação.
— Viram só, meus filhos sabem a verdade — Filippo diz com um
sorriso para o filho.
— Eu não disse nada — Eduarda fala comendo sua comida.
— E se você eu deixar você ir para seu passeio na escola? — Filippo
pergunta e os olhos da filha começaram a brilhar de alegria.
— Oh sim, meu pai é um grande herói — Eduarda diz divertida.
— Você pequena interesseira — Lucca diz rindo. — Já vi que ela está
aprendendo várias artimanhas com Luna.
— E isso é um grande perigo — Filippo diz e Lucca confirma.
Quando o jantar termina voltamos para o meu apartamento para dormir e
finalizar mais um dia. No dia seguinte converso com Giovanna com a
possibilidade de ela ir para casa de Lucca enquanto eu estiver na minha
viagem de negócios.
— Se é isso que você quer e eu não formos incomodar Lucca para mim
tudo bem — Giovanna diz e eu confirmo.
— Estou pensando em ficar permanentemente em Chicago — falo e
Giovanna fica empolgada.
— Já não era sem tempo Luigi. Lucca já sabe dos seus planos? — ela
pergunta passando a mão na barriga.
— Não, e eu peço que você não fale nada — peço e ela sorriu.
— Não se preocupe, de mim ele não saberá — Giovanna fala e logo fica
séria de repente.
— O que foi Gio? Aconteceu alguma coisa, está se sentindo bem? —
pergunto preocupado e ela negou com a cabeça.
— Não, eu estou bem. Na verdade, eu só queria ter uma palavra com
você — fala e eu faço um gesto para que ela continue.
— Eu queria falar com você sobre… — A fala dela é interrompida pelo
toque do meu celular. Olho e vejo que é do trabalho, uma ligação que eu não
posso ignorar.
— Só um momento Gio, eu tenho que atender — falo e ela respira fundo
e assenti.
Afasto-me e fui atender a ligação do sujeito que eu vou me encontrar na
minha viagem para a Bahia. A conversa é rápida para confirmar a nossa
reunião. Assim que desligo volto minha atenção para Giovanna, mas ela não
está mais presente, dou de ombros e sei que depois ela poderá me dizer o que
quer que seja. Por isso decido dar uma olhada em uns documentos.
— Gio me diz que ela irá comigo para Chicago. Isso é verdade? —
Lucca pergunta vindo em minha direção.
— Sim, eu não a quero sozinha. Ela por vez ou outra está sempre com
alguma indisposição e sei que com você ela estará bem — falo e ele me lança
um sorriso pequeno.
— Eu tive esse mesmo pensamento e fico feliz que você confie em mim
para cuidar da mãe de sua filha — diz e eu o encaro seriamente.
— Claro que eu confio em você, se eu quero ter uma vida com você,
teremos que ter principalmente confiança.
— Sei disso e isso me conforta. Giovanna vai estar comigo e isso será
um pretexto para ter você lá para uma visita — diz e me lança uma piscadela.
— Sentirei sua falta Miele — falo me levantando e o abraçando com
força.
— Oh cara, eu também sentirei sua falta você nem sabe o quanto — fala
apoiando sua cabeça no meu ombro.
Está mais do que decido, não posso mais deixar passar, tenho que estar
perto dele, dormir e acordar ao seu lado é tudo o que mais desejo
ultimamente e eu farei acontecer.
E cá estou eu de volta a Chicago, tenho que dizer que ficar esses poucos
dias com Luigi foi maravilhoso e é muito triste pensar que sentirei sua falta,
principalmente que ele está em uma viagem de negócio e não poderá falar
comigo sempre que desejar. Sei muito bem como essas viagens de negócios
são cansativas e pode desgastar com qualquer ser humano, por causa disso
farei o possível para não ficar ligando o tempo todo. Espero que tudo dê certo
e que logo ele possa terminar esse trabalho com todo sucesso que sei que vai
ter.
Falando da minha volta para Chicago, fiquei bem feliz que Giovanna
veio comigo, com isso podemos um fazer companhia ao outro. Luigi me
pediu para trazê-la comigo já que ela está grávida e não pode ficar sozinha
sem ninguém para ficar de olho nela. Durante a viagem Gio me confidenciou
que tentou iniciar uma possível conversa com Luigi, mas foi impossível e
percebo que isso está a deixando bem angustiada. Não posso imaginar o que
deve estar passando na sua cabeça, não vai ser fácil confidenciar ao pai de
seu filho que ela teve um caso com o pai dele. Porra que confusão! Sendo
assim independente do dia e da hora que ela tiver essa conversa eu estarei lá
para os dois, pois sei que ambos irão precisar.
Nonna Francesa também está voltando comigo afirmando que tem um
encontro com Lorenzo. Saber disso me deixa feliz, pois nonna merece um
pouco de tranquilidade na sua vida e posso apostar toda minha fortuna em
dizer que Lorenzo ainda tem uma grande queda pela minha avó. Ele me
parece ser um cara de bem, mas isso não quer dizer que eu não irei ficar de
olho, só espero que eles possam se entender. E já imagino a confusão
ciumenta que vai ser quando babo descobrir que nonna tem um novo affair.
A chegada à minha casa é tranquila, o voo foi perfeito e eu pude relaxar
um pouco antes de começar a minha vida diária de CEO de uma grande
empresa. Fico feliz ao ver senhora Adams, apresento ela a Gio e peço para
que ela a instale em um dos quartos de hóspedes disponíveis. Depois que
todos nós jantamos eu vou direto para o meu quarto dormir, pois amanhã
tenho uma empresa para dar conta.
No dia seguinte acordo cedo e vou para academia fazer alguns
exercícios, mesmo com a porra do gesso no meu braço, que me incomoda
pra caralho, eu tenho que estar na minha rotina de sempre. Só não poderei
lutar com Christian como eu sempre gosto de fazer.
— Bom dia, senhor Aandreozzi! — diz Christian em frente à esteira.
— O que deu em você para me chamar de senhor assim? — pergunto
fazendo careta.
— Bom dia, senhor Aandreozzi! — diz outra voz que eu reconheço
sendo a de Norah a segurança de Giovanna.
— Agora eu entendi toda essa formalidade, mas tenho que dizer que não
sou muito fã de formalidades. Isso vale para você também Norah — falo
fazendo Chris revirar os olhos e Norah assenti.
— E eu aqui tentando te levar a sério — resmunga Christian subindo na
esteira do meu lado.
— Você está assim porque não vou poder chutar a sua bunda bonita no
chão, já que eu ainda tenho essa merda no braço — falo e começo a correr em
um ritmo moderado.
— Em seus sonhos você com certeza me vencerá em uma luta — Chris
diz me fazendo rir.
— Tenho certeza que Norah também te derruba. Não é verdade? —
pergunto a Norah que está dando socos no saco.
— Pode apostar que sim — responde Norah fazendo Chris bufar.
— E aí Christian, eu não te perguntei antes. Como é que foi com o irmão
de Brian? — pergunto quase fazendo meu segurança cair da esteira.
— Não tenho nada para falar — diz recuperando o movimento na
esteira.
— Deixe de ser tímido meu amigo e conte como foi — falo o vendo
negar com a cabeça.
— Não vou te falar nada sobre o que aconteceu no meu encontro — fala
na defensiva e isso me faz rir.
— Capista, até encontro teve. Questo è meraviglioso! (Isso é
maravilhoso!) — respondo em tom de provocação. — Para onde você o
levou?
— Já diz que não vou dizer, não insista — Christian diz firmemente.
— Mas… — Começo, mas ele me interrompe.
— Não! — diz e eu reviro os olhos.
— Bastardo compiaciuto! (Bastardo presunçoso!) — falo sério, mas
depois comecei a rir.
Christian além de ser a pessoa que confio minha segurança é meu
amigo, e nada mais me deixaria feliz se ele também encontrasse alguém para
compartilhar sua vida. Nós não nascemos para ser sozinhos e cada um merece
a dádiva de encontrar o amor. Foi assim que meus irmãos e eu aprendemos
com os nossos pais que se amam tão loucamente que esse amor chega a ser
palpável, sendo assim acho digno ver um amigo meu se envolver com uma
pessoa que eu tenho quase certeza que poderá vir a se apaixonar.
Termino meus exercícios e vou direto para o meu quarto tomar um
banho e me arrumar, assim que estou pronto vejo que estou praticamente
atrasado para chegar à empresa e tenho que correr, passo pela cozinha me
despeço de nonna e senhora Adams e digo que se Giovanna precisar de mim
eu estou disponível.
A chegada à empresa é rápida cumprimento alguns dos meus
funcionários e subo diretamente para o andar da presidência, não preciso
procurar demais, pois Laila já está na frente da sua mesa de pé me esperando
para começarmos o dia. Passo por ela a chamando para minha sala e o meu
pedido é aceito com precisão.
— Bom dia, senhor Aandreozzi! — diz Laila com uma expressão
profissional.
— Bom dia Laila! Como passou o final de semana? E o pequeno Justin?
— pergunto sentando à mesa.
— Foi tudo bem, senhor. Justin está bem e falando dele gostaria de falar
com o senhor sobre o que está fazendo pelo meu menino, eu não sei como
poderia ser mais grata — diz Laila e ouço a emoção na sua voz.
Quando conheci Justin me encantei com seu jeito de ser, uma criança de
quatro anos não merece passar por esse tipo de provação, mas o pequeno
loirinho não me parece uma criança que se queixa da vida por não ser como
as outras crianças de sua idade questionamento tudo, que a meu ver seria
totalmente válido, mas não, ele é um pequeno anjo cheio de luz. E por isso
resolvi entrar em contato com as melhores escolas para pessoas cegas que
tem aqui em Chicago e assim poder dar a maior base educacional que esse
pequeno possa ter. Faço isso também para ajudar Laila que é uma grande
guerreira e cuida de sua cria com muito esforço e dedicação.
— Não Laila, você não tem que me agradecer em nada. Justin é um
ótimo garoto que merece o melhor — falo com toda sinceridade no meu tom
de voz.
— Mesmo assim eu queria te agradecer. Quando entraram em contato
comigo para poder conhecer a nova escola dele foi… na verdade eu não sei
expressar o que sentir, mas posso resumir que foi muita felicidade — diz ela
com um pequeno sorriso de canto nos seus lábios.
— Então isso me deixa contente. E o que Justin está achando da
mudança? — pergunto curioso.
— Oh, ele está muito animado e muito pronto para aprender — diz Laila
com um sorriso brilhante.
— Fico muito feliz em saber disso. Diga a ele que ainda o levarei para
um passeio que prometi — falo lhe dando uma piscadela que a faz ficar
vermelha.
— Sim senhor, eu falarei — diz respirando fundo.
— Bem se é assim deixe-me saber o que vou ter hoje — falo ligando o
meu notebook.
Laila resume basicamente meu dia que será com uma reunião no horário
de almoço com um empresário que está com projeto para contribuir um
clube. E isso me deixa contente, pois eu adoro esse tipo de construções. Passo
o resto da manhã com a cara enfiada em contratos e mais contratos que
devem ser assinados por mim, isso é um inferno na terra já que estou com a
porra da mão ainda imobilizada, mas como sou uma pessoa foda dou meu
jeito. No horário do almoço vou para o restaurante designado para a reunião e
tudo sai perfeitamente bem como deveria ser, estou bem em acreditar que
esse é mais um contrato fechado com a empresa e isso me deixa muito
satisfeito.
Fala sério! Eu sou muito incrível em ser um empresário, às vezes eu
ainda fico abismado com a minha incrível capacidade de ser muito bom no
que faço. Brincadeiras à parte agora é hora de voltar para o trabalho. Chego à
empresa e soube por Laila que Daniel-Fodido-Campbell marcou uma reunião
com os acionistas sem me consultar ou me informar sobre esse merda. E eu
só soube disso porque a minha incrível secretaria colheu informações com
uma das secretarias daqui da empresa. Ultimamente tenho quase certeza que
Campbell tem desejo de morte. Eu ainda vou chutar o traseiro desde fodido!
Meus pensamentos são interrompidos com o toque do meu celular, ao olhar a
tela sorri em ver o número de Enzo.
— O Irmão mais gostoso falando — digo assim que atendi e posso ouvir
o riso do outro lado da linha.
— Você é um bastardo convencido — diz Enzo me fazendo rir.
— Admita porra que sou muita mais bonito que você — falo girando
minha caneta na mesa.
— Ora deixe de ser um merda, irmão mais novo — Enzo fala em um
tom brincalhão.
— Ouch! Assim você mágoa o meu pobre coração — falo fingindo
tristeza. — O que eu devo a honra dessa incrível ligação, mano?
— Não é nada demais Lucca é que fiquei preocupado com você. Soube
do seu recente atentado — Enzo diz e posso sentir a preocupação no seu tom
de voz.
— Não se preocupe demais Irmão, eu sei me cuidar e pode ter certeza
que tudo está bem — falo tentando acalmar Enzo.
— Foda-se se você acha que pode se cuidar Lucca, você ainda é o meu
irmão e eu ficaria muito puto de algo te acontecesse — diz Enzo em um tom
duro e isso me fez respirar fundo.
— Eu sei disso, sei que se preocupa comigo assim como eu me
preocupo com você, Lippo e Luna — falo com sinceridade.
— Então você deve me prometer que se algo não der muito certo você
vai ter que nos ligar. Você deve me prometer isso.
— Eu prometo irmão, se algo não sair bem eu chamarei vocês.
— Papai ficou sabendo e passou horas controlando mamãe para não ir
para Chicago ver o seu bebê — Enzo diz e eu rio imaginando babo tentando
controlar nossa mãe.
— Eu sei, mamma me ligou quando eu estava no Brasil fazendo uma
visita a Luigi e falou por horas de como é importante a minha segurança —
falo fazendo Enzo soltar uma gargalhada.
— E o que babo disse? — pergunta Enzo controlando a risada, pois ele
sabe tão bem quando eu como mamma é quando está preocupada.
— Ele só diz para ter cuidado e comprar mais cartuchos para a minha
arma — falo contente.
— Babo confia que sabemos o que estamos fazendo, mas não se engane,
pois tenho quase certeza que ele está bem preocupado — Enzo fala e eu sei
disso muito bem.
— Eu sei irmão, acredite em mim quando do eu digo isso — falo
soltando um suspiro.
— Então você já sabe, qualquer coisa estarei logo aí — Enzo diz e eu
fico feliz por isso.
— Deixe-me voltar a trabalhar, pois minha beleza não paga as contas —
falo divertido ouvindo meu irmão bufar do outro lado da linha.
— Adeus irmão mais novo.
— Até logo irmão mais chato.
— Vai de foder bastardo! — E com isso desligo a ligação sorrindo.
Minha família é, e sempre vai ser a minha base de segurança, não sou
um tolo em pensar que eles não estão preocupados comigo por saber que
tenho um alvo sobre minha cabeça. Mas não posso me deixar abater por isso,
tenho que continuar viver minha vida e efetuar o meu trabalho e se algo a
mais surgir eu com certeza chamarei os grande Aandreozzi para cobrir
minhas costas. Minha família é com toda certeza as pessoas que eu posso
confiar sempre. Depois do que aconteceu com Filippo e Luti, todos nós
permanecemos um pouco mais vigilantes uns com os outros.
Sacudo minha cabeça e faço de tudo para esquecer essa merda e voltar
para o meu trabalho. Estou tão absorto nas minhas obrigações que não
percebo Laila entrando na minha sala com um pacote na mão.
— Desculpe senhor, mas eu bati e não ouvir resposta por isso eu entrei
— diz Laila envergonhada.
— Não, está tudo bem Laila. Eu estava tão distraído que não ouvir você
bater — falo e ela afirma.
— Chegou uma encomenda para o senhor agora a pouco — diz me
estendo um pacote.
— Sabe de onde veio isso? — pergunto curioso com o pacote bem
embrulhado.
— Não, e eu também não recebi qualquer lembrete sobre alguma
encomenda para o senhor.
— Tudo bem, deixe-me ver isso.
Rasgo a fita adesiva que está pretendendo a caixa e quando abro vejo
que dentro tem uma caixa preta amarrada com um laço prata muito bem feito.
Desfaço o laço e ao abrir a caixa tomo um susto de imediato pelo cheiro forte
de sangue que subiu no meu nariz. Dentro da caixa contém uma rosa
vermelha mergulhada em um pote de vidro, onde tenho certeza que o líquido
vermelho que a rosa está mergulhada é sangue. O cheiro é tão
insuportavelmente forte que fazia meu estômago embrulhar. Ouço uma arfar
espantado levanto a cabeça para ver a expressão assustada de Laila com os
olhos fixos no pacote.
— Laila, por favor, chama Christian para mim — peço a Laila que
continua parada olhando para o pacote. — Laila? — chamo mais duro a
fazendo sair do transe.
— Sim… sim, senhor? — pergunta e eu respiro fundo.
— Laila, por favor, vá e chame Christian para mim — falo e ela assenti
com a cabeça e se vira para sair.
Volto meus olhos para o maldito pacote e posso deixar a minha irritação
correr solta. Mais que diabos estão pensando? Que porra é essa? Essa merda
é para me assustar? Porque se for esses fodidos tem que tentar algo mais
forte. Percebo que dentro tem uma nota e ao pegar percebo que tem alguns
pingos de sangue manchando o papel.
Esse pequeno presente é para lembrar que em breve será o seu sangue
que irei derramar.
Até logo.
— O filho de uma cadela ainda acha que é poeta. — Solto um suspiro
indignado.
Não demora muito e Christian chega à minha sala e olha imediatamente
para a porra do pacote que está na minha mesa, ele rapidamente tira um par
de luvas do bolso interno do paletó e inspecionou a caixa. Pergunto a Laila
sobre o entregador e como eu já imaginava ela diz que o entregador era um
jovem que já tinha saído do andar a algum tempo e que ele era novo. Depois
disso, peço licença a ela para que eu pudesse conversar com Christian.
— Esses filhos da puta estão quero me irritar Christian — falo
seriamente apertando minhas mãos em punhos firmes.
— Sim, parece que estão querendo te irritar — Chris afirma ainda
vasculhando a caixa.
— Eu quero que você pegue mais homens para ficar de olhos abertos em
quem entra nesse lugar. Cada encomenda que chega para mim deve ser
inspecionada com mais atenção, não quero ter que ver isso acontecendo
comigo novamente, ou pior — falo irritado elevando a voz.
— Considere isso feito, senhor — Christian diz com firmeza e eu respiro
fundo.
— Bom! Esses fodidos não conhece a força de um Aandreozzi e eu vou
fazer questão de mostrar que não serão ameaças vazias que irão me atingir.
— Tenho certeza disso senhor — Christian afirma seriamente.
— Está dispensado Christian, veja se você consegue alguma pista com
essa merda — falo e meu segurança e amigo se virou para sair.
— Christian! — chamo e ele vira para me encarar.
— Senhor? — pergunta.
— Quero que você mande alguém para averiguar a família de Scott.
— Alguém problema que eu não sei?
— Não que eu saiba, mas eu quero saber como a mãe e a filha dele
estão. É o mínimo que eu posso fazer — falo e vejo Christian amolecer um
pouco a expressão do rosto.
— Vou mandar um dos homens fazer isso é lhe passo um relatório. É só
isso, senhor?
— Por enquanto sim, prepare-se que acho que sairei cedo hoje.
— Sim senhor — diz e sai da sala.
O cheiro metálico do sangue ainda não sai da minha cabeça, quem quer
que tenha me mandado essa ameaça está querendo foder o inferno na minha
cabeça, mas isso não vai ser uma coisa fácil de fazer. Eu vou acabar com
cada um que pensa que pode me causar qualquer tipo de transtorno. Minha
vontade nesse momento é de pôr minhas mãos nesses putos e sangrá-los até a
morte. Quero mostrar qual é a porra de sangue que vai pingar e esse sangue
não será o meu. Preciso colocar minhas mãos neles, se eu não fizer isso
ficarei completamente louco.
O trabalho hoje para mim não vai mais acontecer, preciso ir para casa e
ligar para Luigi, tenho esse impulso de me certificar de que ele está bem, mas
antes tenho que ligar para Chavéz e ver se ele pode me ajudar com alguma
coisa. Posso até me arrepender de estar fazendo isso agora, mas tenho que
resolver isso logo. Tenho que pegar o bastardo que quer minha cabeça e acho
que Ricco Chavéz pode me ajudar.
— Mais olha só se não é meu hermano Aandreozzi — diz Ricco com o
seu forte sotaque latino.
— Eu não sou seu hermano, Chávez! — digo sério e ouço um riso do
outro lado da linha.
— Sempre um doce sincero de pessoa, Lucca — diz Ricco com ar de
riso.
— Vou direto ao assunto Ricco, eu preciso de um favor seu. — Fui
direto sem perder a batida.
— Oh! Olha só, não acredito que estou ouvindo você me pedir um favor,
Aandreozzi.
— Para você ver como estou realmente precisando. Não enrole, você vai
ajudar ou não? — pergunto cortando sua merda.
— Você sabe que tudo tem um preço, não é verdade? — pergunta e eu
reviro os olhos.
— Claro que sei você é um grande filho da mãe mercenário. Mas eu
infelizmente preciso de informações e acho que só no seu mundo subterrâneo
eu conseguirei.
— Bom que você saiba Aandreozzi — diz seriamente com a voz rouca
dele. — Bem, me diga o que você quer e quando eu conseguir te direi o que
quero. — Pensei sobre isso e seja o que for eu terei que pagar o preço.
— Estão tentando me matar. E eu quero saber quem é a porra do
mandante e o preço pela minha cabeça — exijo em um tom irritado.
— Anda irritando alguém ultimamente Lucca? Não importa, eu
procurarei isso e assim que souber de algo entrarei em contato.
— Faça isso, Ricco. Eu ficarei grato de verdade.
— Eu não quero sua gratidão meu amigo, isso são negócios e eu vou
cobrar por isso. Adiós mi amigo.
— Adeus, Ricco!
Quando desligo a ligação me preparo para ir embora. Posso estar
cometendo um erro muito grande em pedir ajuda de Ricco Chavéz, mas esse
é uma boa opção e tenho certeza que ele conseguirá o que eu tanto quero
saber. Termino de me ajeitar para sair e quando estou quase levantando da
mesa o telefone da minha mesa toca.
— Sim, Laila? — Atendo ficando de pé.
— Senhor, o senhor Jordan Miller da contabilidade está aqui para falar
com você. Ele diz que é algo de seu total interesse — murmuro um
xingamento e me sento novamente na cadeira.
— Mande-o entrar Laila, por favor.
Poucos minutos depois um homem de aparência jovial entra na sala e
pelo que eu posso ver ele está muito nervoso. Jordan está com roupas formais
de quem realmente trabalha em um escritório, mas ainda é novo no trabalho.
Olho para ele e peço para que sente na cadeira e assim ele faz. Espero que ele
fale alguma coisa, mas o pobre rapaz só fica me encarando, como se eu fosse
o levar para a forca.
— Bem, o que tem de tão importante para me falar, senhor Miles? —
pergunto curioso.
— É que… é que… senhor Aandreozzi. — O rapaz começa a se
atrapalhar com as palavras.
— Só derrame Jordan, fale o que te trouxe aqui, mas falar de uma vez
só. Será como arrancar um Band-Aid — falo e o vejo respirar fundo e
assentir.
— Tenho grandes provas que afirmam que o senhor está sendo roubado
— diz o rapaz com uma única respiração me deixando atônito.
Puta merda! Será que esse dia pode ficar pior?
Fico olhando para o rapaz que está na minha frente à procura de algum
indício de que ele esteja mentindo, mas a única coisa que vejo é um jovem
que está muito intimidado com a minha presença é com medo de que eu o
coloque na rua. Ele não consegue disfarçar suas emoções e eu fico
imensamente aliviado por ser um bom juiz de caráter, tenho certeza de que
Jordan Miller não está mentindo para mim. A coragem dele de vir aqui fazer
esse tipo de acusação é muito bem apreciada por mim, mas como tudo na
vida não é fácil, ele terá que me mostrar se o que ele diz é de fato verídico.
— Há quanto tempo você trabalha na Aandreozzi SPA, Jordan? —
pergunto me levantando da minha cadeira.
— O… o que senhor? — pergunta confuso.
— Eu perguntei a quanto tempo você trabalha para a empresa? —
pergunto novamente virando para encarar as costas dele que ficam rígidas.
— Eu trabalho aqui a dois anos senhor Aandreozzi. O primeiro ano eu
era um estagiário e depois que concluir meu curso fui efetivado — Jordan diz
em um tom baixo.
— Certo, se você trabalha aqui tenho certeza que você é bom — falo
fazendo-o virar para mim e seu rosto marca a confusão.
— Por que o senhor tem essa certeza? — pergunta curioso.
— Por nas empresas Aandreozzi SPA nós só trabalhamos com os
melhores — falo no meu melhor tom de indiferença. — Você diz que tem
como provar suas acusações. Como pode fazer isso?
— Tenho sim, e está tudo aqui — diz ele apontando para o meu
notebook e isso me deixa confuso.
— Eu não estou entendendo. Como assim as provas estão no meu
computador? — pergunto no meu maior tom intimidante e o pobre homem
treme.
— Quando encontrei esses documentos e averiguei tudo direito. Fiz com
que os documentos chegaram ao seu computador sem deixar rastros nem
mesmo para o senhor. Eu não poderia chegar aqui com pastas e mais pastas
ou com o meu próprio computador, por isso fiz o mais simples possível —
ele divaga e eu afirmo me sentindo estupidamente curioso.
— E como você conseguiu invadir o meu sistema único? — pergunto e
vejo um pequeno sorriso surgir no canto de sua boca.
— Eu não sou só o garoto dos números, senhor. Também tenho meus
hobbies.
— E esses seus hobbies é ser um pequeno hacker? — afirmo vendo-o
arregalar os olhos.
— O quê!? Não! — exclama Jordan e eu olho para ele levantando uma
sobrancelha em questionamento é ele suspirou em derrota. — Tudo bem,
pode-se dizer que tive uma adolescência que aprendi muitas coisas.
— Tudo bem Jordan, eu não me importo se você é um contador hacker.
Eu quero saber o que você encontrou — falo apressado e ele afirma voltando
ao assunto em questão.
— Posso te mostrar senhor? — Jordan pergunta apontando para o meu
notebook e eu afirmo.
E assim Jordan me mostra cada documento, planilha, contrato, contas e
mais contas que ele acidentalmente encontrou em muito dos seus trabalhos
até tarde na empresa, porque o filho da puta do CFO é um bastardo que adora
deixar alguns dos seus subordinados fazendo trabalho que era de sua
responsabilidade ser feito. Eu estou sendo roubado bem debaixo do meu nariz
e nem se quer tive a capacidade de perceber. Puta que pariu! Como eu não
enxerguei isso antes? Como pode se passar de forma tão aleatório por mim?
Eu sou a porra do dono! Eu deveria saber de tudo que se passa nesse lugar! A
cada explicação de Jordan de como os contratos podem ter sido
superfaturados me deixa com um gosto amargo na boca.
Jordan me mostra que pode haver algumas construções que os filhos da
puta podem ter comprado materiais de baixa qualidade para roubar alguns
clientes. Dio santo! Jordan ainda tenta me tranquilizar afirmando que muitos
desses documentos adulterados são de antes que eu assumisse o controle da
empresa, mas isso não me deixa nem um pouco feliz. Muito pelo contrário,
isso me deixa muito, muito puto. Conseguimos ter certeza de pelo menos
duas pessoas envolvidas em todas essas sujeiras, mas tenho quase certeza de
que deve haver mais. E vou trabalhar incansavelmente até descobrir quantos
filhos de uma cadela eu vou ter que foder. E eu estou com muita raiva deles,
e cada pessoa envolvida vai ser esmagado até não sobrar nada. Eles com
certeza não sabem a pessoa que eles roubaram.
No tempo em que Jordan estava me mostrando as provas pude o
observar mais de perto. Ele tem um senso de justiça aguçado que me fez
prestar mais atenção nele e eu estou gostando de tê-lo para me ajudar e abrir
meus olhos. Depois que Jordan terminou de me mostrar tudo mando
Christian e Laila virem para a minha sala. Quando eles chegam explico tudo
o que está acontecendo, fazendo Laila ficar espantada e Christian entra em
alerta ainda mais pela minha segurança. Como se a porra da minha segurança
importasse para mim agora. A única coisa que quero é foder com a vida
desses ladrões do inferno.
— Vocês três no momento são os que eu posso contar aqui na empresa.
Espero que eu possa confiar em vocês — falo me sentindo exausto.
— Claro que pode contar comigo senhor Aandreozzi — diz Laila
prontamente.
— Comigo também senhor, eu tinha que te mostrar o que estava
acontecendo por aqui — diz Jordan com um pouco mais confiante.
— De mim você nunca deverá pedir senhor, eu dou a minha vida pela
sua segurança e o que precisar de mim eu estou aqui sempre às ordens —
Christian diz com muita firmeza.
— Era tudo o que eu queria ouvir no momento. Vou precisar trabalhar
com você três para poder tirar os sanguessugas que estão sugando o legado da
minha família — falo com fervor e os três assentem.
— E como o senhor pretende fazer isso? — Laila perguntou.
— Nós três vamos trabalhar para descobrir quem são esses bandidos
para que eu possa chutar suas bundas para fora daqui — Falo e os três
assentem.
— Será que não vão achar estranho o meu envolvimento direto com o
senhor? — pergunta Jordan.
— Claro que podem estranhar, por isso vai ser tudo muito bem
reservado e vamos trabalhar após o expediente — falo com segurança.
— Senhor, eu tenho meu menino e não sei se poderei ficar muito tarde
— Laila diz nervosa.
— Não se preocupe Laila, você me auxiliará de outro modo — digo lhe
dado uma piscadela a deixando vermelha de vergonha.
— Fico feliz em ajudá-lo, senhor Aandreozzi — diz Jordan chamando
minha atenção.
— Se vamos trabalhar juntos eu prefiro que você pare de me chamar de
senhor Aandreozzi toda hora — falo com um meio sorriso. — Nos falamos
depois, agora eu preciso ir para casa.
Saio do meu escritório sentindo a porra do peso do mundo nas minhas
costas malditas. Esse dia já deu o que tinha que dar e agora eu só preciso ir
para casa e ver minha família. Preciso me sentir conectado com pessoas que
querem o meu bem e se importam comigo. Entro no elevador com Christian
no meu encalço e posso sentir os seus olhos sobre mim.
— O que quiser dizer, diga logo Chris — falo cansado.
— Você acredita nesse Jordan Miller? — pergunta me analisando.
— Ele me mostrou muita coisa, coisas que com certeza são verdadeiras
— falo e o vejo assentir. — E tem outra, o rapaz não consegue esconder
nada, basta olhar para ele.
— Isso é muito certo, ele é muito transparente — afirmou Christian.
— Por incrível que pareça, saber desses desfalques não me deixou
espantado — falo quando chegamos ao meu veículo.
— Posso imaginar, mas tenho certeza que você dará o jeito nessa
bagunça — fala Christian quando entramos no carro
— Como você pode ter tanta certeza? — pergunto olhando para as ruas
de Chicago através do vidro do carro.
— —Porque você pode e você é um Aandreozzi — diz e eu procuro
seus olhos pelo espelho retrovisor.
— Você tem muita fé em mim, meu amigo — falo e ele ficou ainda
mais sério.
— Você fez com que isso acontecesse — diz Christian e o assunto é
encerrado.
A chegada em casa é muito bem apreciada por mim, pois é tudo o que
eu quero no momento. A primeira coisa que vejo quando chego à minha
cobertura é Giovanna deitada no sofá com os olhos em sua barriga
arredondada de grávida. Paro para ficar apenas observando e com isso posso
perceber o quanto que sua barriga está crescendo. É bom chegar em casa e ter
um alguém a sua espera, passei esse tempo todo aqui em Chicago sozinho e
ter uma companhia de vez em quando é muito bom. Tiro meu paletó e
gravata e me aproximo de Gio, que assim que me vê abre um sorriso.
— E aí, como está se sentindo? — pergunto me sentando no espaço que
Giovanna cede para mim.
— Eu estou me sentindo muito bem, não te vi quando acordei — fala
calmamente.
— Tive que chegar cedo na empresa, estive alguns dias longe — falo
dando de ombros.
— Não posso imaginar como deve ser lidar com uma empresa de grande
porte assim — diz me encarando.
— Acredite quando eu digo que não é nada fácil — falo soltando um
suspiro cansado.
— Está tendo problemas? — pergunta passando a mão na barriga.
— Não, nada que eu não posso resolver — afirmo e ela concorda.
— Você parece bem cansado.
— E eu estou, estou bastante cansado hoje. Mas não quero falar de mim
e sim desse bebê. Como ela está hoje? Está muito agitada aí? — pergunto
colocando a mão na sua barriga.
— Muito agitada meu amigo, mas isso mostra que ela é saudável e está
bem, não é? — fala ela e eu fico hipnotizado ao sentir os movimentos na
palma da minha mão.
— Já jantou? — pergunto e ela afirma. — Sinto muito não ter chegado
cedo para jantar com você, mas tive imprevistos.
— Não tem problema. Vá tomar um banho para comer e descansar.
Você está com a cara péssima. — Manda me fazendo rir.
— Tão mandona essa senhorita — falo levantando do sofá. — Sabe por
onde anda nonna?
— Ela disse que tinha um jantar e que depois ela conta as novidades —
Gio diz soltando uma risadinha.
— Posso até imaginar com quem nonna foi jantar — digo sucinto.
Vou para o meu quarto e tiro toda minha roupa para poder tomar um
banho relaxante, na esperança que esse dia estressante saia do meu corpo.
Lavo cada parte do meu corpo com muito cuidado para não molhar a porcaria
do meu braço que ainda está imobilizado. Não vejo a hora de tirar logo isso
de mim e se quando eu for ao médico e ele resolver que terei que ficar mais
tempo com isso, vou tirar imediatamente. Pouco me importo! Isso no meu
braço já está me incomodando demais. Termino meu banho e coloco minha
calça de moletom e um blusão de manga, já que está fazendo muito frio.
Na cozinha senhora Adams faz questão de servir o meu jantar, às vezes
tenho a impressão que ela gosta de me mimar. Como tudo de bom agrado e
eu não tinha de noção da fome que estava sentindo até sentir o cheiro da
deliciosa refeição que ela preparou. Após comer procuro por Giovanna e
pedir desculpa por não lhe fazer companhia, ela ri e diz que estou morto em
pé e automaticamente me manda ir para cama. Como estou realmente
cansado vou às pressas me deitar na minha confortável enorme cama, que
hoje em dia está faltando alguém para compartilhar o calor comigo. Pensando
nele, acho melhor ligar para saber como ele estar.
— Você está com uma cara péssima — diz Luigi assim que abre a
chamada de vídeo.
— Olá para você também, meu amor. Como está indo a viagem? Sentiu
minha falta? Puta merda, Luigi, é assim que se inicia uma conversa — falo
vendo-o arregalar os olhos.
— Ei, o que houve? Por que você está assim? Desculpe querido, mas seu
rosto está bem expressivo — fala calmamente e logo me sento mal por ter
explodido com ele.
— Não, desculpe a mim. Você não tem com o que se desculpar. Mi
dispiace, amore (Sinto muito, amor) — falo me sentindo péssimo.
— Está tudo bem Lucca, você vai me contar o que está acontecendo
com você? — pergunta e eu nego com a cabeça forçando um sorriso.
— Não há nada com que se preocupar Lui, isso deve ser puro cansaço
— falo e vejo ele me analisar criticamente com os olhos.
— Lucca, somos um casal. Pelo mesmo com a minha zero experiência
em relacionamentos sei que o diálogo faz bem para qualquer relação — Luigi
diz e eu respiro fundo.
— Não quero ficar soltando os meus problemas para você. Você tem os
seus próprios para lidar — falo e o vejo me encarar com irritação.
— Pelo que você deu a entender uma vez, não existe mais eu e você é
sim nós. Estou enganado? — pergunta Luigi com firmeza e eu nego.
— Desculpe-me você está certo — falo derrotado.
— Então me fale o que causou esse franzir de testa em você — pede
Luigi.
Conto a Luigi tudo o que está acontecendo no momento. As mensagens
de ameaça, a encomenda sangrenta que recebi hoje no escritório e para
completar a mais fodida coisa; o desfalque na empresa. Me sinto muito
melhor depois que conto tudo, como eu já imaginava Luigi fica tão puto
quanto eu em saber dos roubos. E mais preocupado ainda com as ameaças.
Me sinto mal por causar essa preocupação nele, mas não posso evitar o alívio
por contar a ele o que está acontecendo.
— Você não acha melhor contar a polícia? — pergunta Luigi e eu nego.
— Nada de polícia Lui, contatar a polícia e a mesma coisa que falar com
a mídia. Essas merdas sempre acabam vazando e eu não estou nem um pouco
a fim disso. Vou cuidar dessa merda da minha maneira — falo o mais sério
possível.
— Se você quiser eu posso muito bem ir aí te ajudar — sugere Luigi e
eu nego rapidamente.
— Não que eu não fosse adorar de tê-lo aqui comigo, mas você tem
responsabilidades Luigi, e eu posso cuidar disso. Agradeço a sua oferta. —
Vejo do outro lado da tela Luigi afirmar.
— Só quero que tenha cuidado Lucca. Sei que você e sua família estão
acostumados a essas coisas de ameaças, mas isso não quer dizer que eu não
fique fodidamente preocupado com você — diz Luigi fazendo meu coração
se aquecer.
— Tomarei cuidado, meu amor. Isso é uma promessa — falo e o vejo
me dar um sorriso.
— Eu não espero menos de você Lucca Aandreozzi.
Luigi e eu conversamos por mais alguns minutos e quando bocejo pela
milésima vez ele sente dó de mim e se despede. É nessas horas de despedida
que vejo o quanto sinto falta de Luigi e morro a cada vez que temos que dizer
adeus. Um dia, um dia quem sabe nós vamos poder dividir a nossa vida
juntos. E com esse pensamento eu adormeço.
Alguns dias se passaram e posso dizer que esses dias foram de trabalhos
árduos com Jordan, Laila e Christian. A cada coisa que eu vou descobrindo a
minha raiva vai aumentando consideravelmente. Se eu não tivesse assumido a
empresa, posso ver que se andasse do jeito que as coisas estão, o nome
Aandreozzi SPA de Chicago poderia estar na lama. Depois da aposentadoria
do meu pai, meus irmãos e eu fazemos de tudo para continuar com o legado
que nosso pai deixou. Não porque somos obrigados, mas sim porque
gostamos de trabalhar. E por que não trabalhar com algo que beneficia nossa
vida desde sempre? Gostamos do que fazemos e isso é a melhor coisa para
fazer um negócio ir para frente.
Agora vejo coisas que eu não me sinto nem um pouco feliz em ver,
coisas que poderiam sujar o nome da minha família, mas agora é hora de
acabar com a bagunça e deixar a empresa do modo que eu quero que ela
esteja. Sendo assim hoje marquei uma reunião com as pessoas que tenho que
bater um bate papo bastante esclarecedor. Esses dias que seguiram trabalhei
muito, junto com minha pequena equipe, para que tudo saia do modo que eu
quero, só me arrependo de não ter tido muito tempo para até mesmo
conversar com Luigi.
Lembro-me perfeitamente da conversa que tive com nonna, contei a ela
o porquê estava trabalhando tanto e peço ela para que ficar com Giovanna
para que ela não se sinta sozinha. E agora estou sentado na sala de reuniões
esperando pacientemente os meus convidados aparecerem. Na sala de
reuniões está comigo Laila e Jordan para me auxiliar. O primeiro a chegar é o
diretor financeiro Simón Richards, um homem velho, altamente chato e
cansativo, várias vezes em algumas reuniões tive vontade de socar seu rosto
esnobe. Depois chega dois acionistas Michelle Prince e Connor Walker, na
qual eu nunca fui com a cara, já que sempre defendem as opiniões
desnecessárias de Campbell. E o último não menos importante Daniel
Campbell.
— O que significa essa reunião? Eu exijo uma explicação! — diz
Campbell em um tom sério ainda de pé.
— Se eu fosse você sentava logo, assim vamos iniciar nosso bate papo
— falo com um tom indiferente.
— Como… — O corto levantando da cadeira.
— Sente-se logo porra! Você não exigir nada aqui Campbell — falo em
um tom dominante que o fez resmungar e sentar na cadeira. Assim que gosto
vadia!
— O que faz aqui Jordan, você não deveria estar efetuando seu trabalho?
— Simón diz olhando diretamente para Jordan.
— Não se preocupe com o trabalho de Jordan, Simon, ele está
definitivamente trabalhando — falo fazendo-o me encarar sem entender.
— Laila, por favor, distribua as pastas — peço a Laila que faz
exatamente o que eu pedi.
— O que significa isso Lucca? — pergunta Connor e eu faço questão de
ignorar.
— Há poucas semanas atrás eu estava vivendo no escuro, mas graças a
pessoas competentes e com índole que ainda trabalham para mim tive o
prazer de descobrir o que eu definitivamente não percebi nesses anos no qual
assumi a minha empresa. — —Dou uma ênfase na palavra minha olha
diretamente para Campbell. — Descobri que eu e minha família estávamos
sendo roubados.
— O quê!? Isso é um disparate, não sei de onde você tirou isso — grita
Campbell com indignação.
— Não me apresse a falar com você ainda Daniel, ainda não chegou sua
vez. Espere um momento, sim? — falo com graça fazendo ele se irritar.
— Passei dias trabalhando sem descansar com ajuda na minha exclusiva
equipe e pude encontrar coisas que me causaram muito espanto. — Meu
discurso é interrompido por Simón.
— Foi você, não foi? — grita apontando para Jordan que se encolheu no
assento. — Eu deveria ter te demitido assim que soube que você andou se
metendo onde não devia.
— Simón já que você se manifestou então começarei com você — falo
fazendo-o me olhar. — Dentro dessa pasta está cada falsificação que você
assinou e não menos importante a sua carta de demissão. Sim, espero que
você a assine e envie para o setor de RH. Pessoas como você não trabalham
para mim. Por isso saia da minha empresa sem fazer muito alarde, não
envolvi polícia nisso, mas ficarei feliz em fazer se assim você me importunar.
— Ele ia falar alguma coisa, mas o impeço levantando a mão. — Não ouse
falar nada Simón, pois eu sempre quis socar sua cara esnobe e ficarei muito
feliz em fazer caso você abrir a boca maldita.
— Eu não estou envolvida nisso Lucca. Não vou para cadeia por algo
que não fiz — diz Michelle em um tom dramático de quem vai começar a
chorar.
— Me poupe de seu melodrama, Prince, você é mais falsa que uma
fodida imitação do quadro de Monalisa — falo fazendo gestos de desdém. —
Assim como Simón, você é Connor também fizeram parte dessa sujeira e eu
preparei um documento onde vocês estão vendendo suas ações. Espero que
assinem logo e passem para o meu advogado assim que pisar fora da sala, ele
vai estar esperando no seu andar.
— Isso é um absurdo! — diz Connor pegando a mão de Michelle
tentando a acalmar.
— Espero que estejam vendo o quão bondoso estou sendo sem envolver
a polícia nisso, mas caso vocês não cumpram, vou ver todos vocês atrás das
grades — digo ignorando Connor completamente.
— Seu moleque insolente! — grita um Campbell muito irritado.
Como eu já tirei durante essa semana o gesso do meu braço me levanto
da cadeira graciosamente e paro de frente a Campbell. Quando ele vai falar
alguma coisa o impeço lhe dando dois socos muito bem colocados com toda a
minha força, fazendo-o cair no chão como um pedaço inútil de homem que
ele é. Aproveito a deixa e me agacho para posicionar muito rosto perto do seu
que está uma bagunça sangrenta, acho que devo ter quebrado seu nariz.
— Meu pai confiou em você para ficar administrando a sua empresa e é
assim que mostra sua amizade, o roubando! Você, seu fodido pedaço de
merda, eu quero você fora da minha empresa. Eu estava com vergonha de
falar com meu pai o que você fez, mas como tive que mostrá-lo quem você é
de verdade, tive que dizer. Não é mesmo, babo? — falo e meu pai entra na
sala de reunião como toda sua seriedade que me causa um fodido orgulho.
— Ciao il mio caro figlio (Olá meu filho querido) — babo diz olhando
para mim com carinho e depois seu olhar mudou para sério e fica em pé
olhando para cada pessoa presente na sala.
— Don… Donatello, meu amigo — diz Campbell tentando se levantar
do chão.
— Você fez da vida de meu menino um inferno, Campbell. Na verdade,
eu me importo muito com as empresas, tudo o que eu fiz, eu fiz para os meus
filhos. É tudo deles! Lucca é muito capaz e tenho muito orgulho dele e sei
que ele está fazendo um trabalho incrível. Você subestimou a sua capacidade
Campbell e esse foi o seu erro. Um erro que poderia custar a sua vida — diz
papai em um tom irritado olhando para Daniel como se quisesse o matar.
— Eu sempre quis dizer isso. Você está demitindo Daniel Campbell.
Assim como os outros acionistas, você deverá vender suas ações por tanto, ao
sair daqui você encontrará com o meu advogado — falo com muita altivez e
isso me deixa muito contente.
Sai da sala acompanhado pelo meu pai, Laila e Jordan, deixando aqueles
infames onde estavam. Assim que estou um pouco distante da sala de reunião
abraço meu pai com força, pois estou com muita saudade dele.
— Onde está mamma? — pergunto assim que me afasto do abraço.
— Ela preferiu ir direto para casa, dizendo que tem assuntos para tratar
com sua avó — diz babo me fazendo rir.
— Essas duas junto são um perigo, pai — falo balançando a cabeça
negativamente. — Vamos à minha sala, assim podemos conversar — peço
ele nega com um sorriso.
— Não, tenho que ir ver sua mãe, mas acho que tem uma surpresa
esperando por você. Até mais tarde bambino — babo diz misterioso e sai
com seus seguranças para o elevador.
— Como assim surpresa? — pergunto a mim mesmo e dou de ombros
indo em direção a minha sala, ao abrir a porta tomo um susto com uma figura
masculina vestido casualmente de costas olhando para fora da janela. Essas
costas eu conheço em qualquer lugar.
— Luigi? — pergunto fazendo-o virar.
— Estava com saudades, miele? — pergunta em um tom charmoso
fazendo meus joelhos tremerem.
— O que faz aqui? — pergunto e um sorriso se forma na sua boca linda.
— Acho que Chicago é a minha casa agora. Eu vim para ficar — diz e
eu ando apressado me jogando em seus braços, pois não tenho nenhuma
intenção de soltá-lo.
Finalmente acabei com a minha última viagem de negócios para a
Aandreozzi SPA no Brasil. Durante a viagem fiz o meu melhor para que tudo
saísse na mais perfeita ordem, já que foi a minha última inspeção a mando de
Filippo, eu não poderia fazer nenhuma merda, coisa que não eu nunca fiz,
sempre fui muito bom no meu trabalho. Trabalhei com Filippo por quase seis
anos, nesse tempo pude crescer muito profissionalmente e só tenho que
agradecer a confiança que foi depositada em mim durante esse tempo. Mas
agora é hora de seguir em frente.
Passei uma semana na Bahia enquanto pude terminar o que tinha que ser
feito, voltei imediatamente para São Paulo. Em São Paulo a primeira coisa
que eu fiz foi demitir a inconveniente da Sandra. Eu não poderia imaginar
que a mulher iria fazer um escândalo quando eu disse que estava demitida, a
lembrança ainda me faz rir. Mesmo assim acertei todas as suas contas, lhe dei
uma boa carta de recomendação e a mandei ir. Logo após isso fiz uma corrida
para colocar meu apartamento para alugar, fiz isso com ajuda dos meus
amigos César e Iago.
Falando nos meus amigos eles ficaram meio putos quando contei meus
planos, mas como bons amigos que são me desejaram boa sorte. Iago ainda
brincou dizendo que o meu namorado tinha um jato e que ele iria ligar para
marcar uma visita em breve. Marcamos um último jogo e logo após a partida
fomos tomar uns drinques, foi uma noite muito relaxante, é isso serviu para
que eu pudesse tirar um pouco da minha preocupação constante de Lucca e as
ameaças que ele vem sofrendo.
O Brasil é com certeza o país que eu guardarei para sempre no meu
coração, mas o meu coração por completo não está aqui e sim aqui nos
Estados Unidos. Não há nada que poderia me fazer desistir de ficar com meu
Lucca. Já tinha acertado tudo com Filippo e minha mudança já estava pronta,
três pessoas que me ajudaram com a minha chegada foi nonna, minha sogra
Ariana e Giovanna. Essas mulheres me mandaram direto para a empresa e
disseram que tudo estaria no devido lugar quando eu e Lucca chegássemos
em casa. Agora estou aqui o abraçando, me sentindo como um fodido
adolescente de tão feliz que estou. Não há dúvida que eu fiz a escolha certa.
— Eu não posso acreditar que você está aqui — diz Lucca em um tom
abafado.
— Pode acreditar que estou aqui sim — afirmo com graça.
— Você realmente veio para ficar? E o seu trabalho? Sua casa? Seus
amigos? — pergunta em exasperação.
— Sim Lucca, eu vim para ficar se você me quiser aqui é claro. Você
me quer aqui? — pergunto e recebo um soco no braço. — Ai! Porra isso dói!
— Isso é por você fazer perguntas idiotas — Lucca diz irritado e isso me
faz rir.
— Muito agressivo, meu amor. E respondendo a sua pergunta, seu irmão
facilitou minha vida, ele me demitiu — falo e Lucca arregala os olhos. — Ei,
se acalme eu pedi por isso. Filippo sabia que tudo o que eu mais queria estava
bem aqui em outro continente.
— Oh merda, eu estou tão feliz Luigi. Isso é tão porra de incrível —
Lucca diz me beijando.
— Minha casa é onde você está Lucca, desde o momento que me
apaixonei por você eu sabia que teria que estar aonde você estivesse. Não
poderia dormir mais uma noite sem ter você para compartilhá-la comigo —
falo com toda sinceridade que há no meu coração.
— Inferno doce! Eu amo você demais!
Então, Lucca abaixou a cabeça e captura os meus lábios, enfiando a
língua em minha boca em um beijo dominador. Ele viola a minha boca e eu
abro para deixá-lo entrar. Com nossas línguas duelando e dentes batendo, eu
me deleito com a necessidade, paixão e desejo que sinto um pelo meu
homem. Continuamos a nos beijar até que uma batida na porta é ouvida,
Lucca geme descontente ao se afastar de mim e pede para quer que seja
entrar.
— Licença senhor Aandreozzi, sinto muito interromper. Se quiser eu
posso voltar depois — diz uma mulher baixinha, loira e um pouco acima do
peso que usa óculos de grau.
— Tudo bem, pode entrar Laila — diz Lucca carinhosamente e isso me
fez encará-lo em questionamento. — Oh, Laila esse é o meu namorado Luigi.
Luigi essa é Laila minha secretária e amiga.
— Prazer em te conhecer Laila — falo formalmente e a vejo ficar
vermelha de vergonha.
— Muito bom te conhecer, senhor Pierri — diz olhando para baixo e
mexendo automaticamente os óculos. Percebo que isso é um gesto nervoso.
— Não precisa ficar com vergonha Laila, terá que se acostumar com
esse homem aqui — fala Lucca e eu franzo o cenho sem entender.
— O quê? Como assim? — pergunto e ele revira os olhos.
— Nada bebê, isso é assunto para mais tarde — fala brincando com seus
lábios nos meus.
— Já que você tem coisas para fazer, vou te esperar lá fora. E será bom
que eu fumarei um pouco — falo chamando a atenção de Lucca.
— Vou almoçar em casa hoje, meus pais estão aqui e almoço em família
é sagrado — Lucca diz e eu concordo.
— Eu sei disso, eu vim com seu pai — falo lhe dando uma piscadela
antes de abrir a porta e sair.
Saio da sala de Lucca e passo o olho em volta do andar da presidência,
adoraria poder fazer um tour por todo lugar, mas prefiro fazer isso na
companhia de Lucca. E pelo que eu pude ver essa sede é bem diferente da
que eu trabalhei no Brasil. Procuro por algum lugar adequado aqui em cima
para poder acender meu cigarro, mas não encontro, por isso decido enviar
uma mensagem para Lucca informando que estou esperando na recepção.
Passo por Christian, chefe de segurança de Lucca e o cumprimento com um
aceno de cabeça, ao entrar no elevador percebo Daren entrando logo em
seguida.
Começo a me acostumar com a presença de Daren, apesar de sua
constante carranca de homem mau, que vou te confessar que é bastante
intimidante, não para mim é claro. Saio do elevador e vou diretamente para a
entrada do edifício, lá pego o maço do meu cigarro. Enquanto vou
aproveitando o prazer que a nicotina me oferece fico olhando para as ruas
movimentadas de Chicago. Sinto que aqui posso ser feliz de verdade, tendo
Lucca ao meu lado eu não terei o que reclamar.
Meus devaneios são cortados com a presença de uma pessoa ao meu
lado, uma mulher para ser mais exato, ela é linda com cabelos escuros e olhos
claros, observo que ele tem uma beleza latina incrível e se fosse em outros
tempos a teria levado para a minha cama sem pensar, só que isso não irá
acontecer.
— Tem fogo? — pergunta suspendendo um cigarro entre os dedos.
— Sim, um momento — falo sério e peguei o isqueiro de prata que
ganhei de César de presente.
— É novo na empresa? Sinto muito se estou sendo indelicada, mas eu
nunca te vi por aqui — pergunta me lançando um sorriso que para ela deve
ser sexy.
— Não, não assim. Você trabalha em que setor? — pergunto por
educação.
— Ah, eu trabalho logo ali na recepção. Meu nome é Katherine, prazer
em te conhecer… — Katherine faz sinal para que eu diga meu nome, mas
sinto um braço envolver minha cintura.
— Está fazendo o que aqui que não está no seu posto Katherine? —
pergunta Lucca em uma voz exigente e quase rio da cara de choque da
recepcionista.
— Eu... eu… bem eu estava… — Se engasga.
— Volte para o trabalho Katherine! — Mandou Lucca e se vira para
mim. — Vamos para casa, amor?
— Claro que sim, miele — falo calmamente juntando nossos lábios em
seguida.
Lucca me puxa em direção ao carro e pela sua cara de desagrado ele não
gostou muito de me ver papeando com a tal Katherine. Ao nos sentamos no
banco, jogo a bituca de cigarro pela janela e viro para encarar o meu
namorado ciumento.
— Você não sabe o quanto me deixa ligado quando está todo territorial
assim — falo com a voz baixa e rouca.
— Não estou com ciúmes! — diz Lucca ofendido e eu faço um barulho
de descrença com a boca.
— Isso é uma pena, porque eu vejo que nesse relacionamento o único
ciumento vou ser eu. Mas você assim me excita — falo e encurto a distância
o puxando na minha direção.
— Ei, você está me amarrotado — diz Lucca rindo.
— Senti falta dessa sua boca, do seu cheiro, porra senti saudades de
tudo em você — falo atacando a boca de Lucca.
— Não quero você de papo com aquela mulher, ela tem a mania que
pular de cama em cama — diz Lucca com uma carranca azeda.
— Só tem uma cama que eu tenho intenção de ir e essa cama é a sua —
afirmo beijando seu pescoço e Lucca balança a cabeça negativamente.
— Não é minha cama e sim nossa cama, Luigi — Lucca responde
soltando um suspiro
Paro instantaneamente as minhas investidas em Lucca e levanto minha
cabeça fazendo com que nossos olhos se encontrassem. Olho nos olhos de
Lucca e vejo a transparência dos seus sentimentos, é a coisa mais incrível que
já vi, isso faz meu coração cantar de felicidade. Não tenho para onde correr
eu sou completamente dele.
— Gosto de como isso soa, eu fodidamente gosto de como isso soa —
falo vendo um sorriso grande se formar nos lábios convidativos dele.
Chegamos no apartamento de Lucca e não me surpreendo ao ver os pais
dele lá. Observo quando Lucca até a mãe a carregando nos braços, fazendo
com que ela solte um grito de susto, logo depois ela lhe dá uns tapas e diz que
se ele a deixasse cair ela o mataria. Mesmo com a cara de zangada o amor é
muito nítido nas suas palavras. Tiro meus olhos da cena na minha frente e
vou até Giovanna que está sentada também observando a interação da família
Aandreozzi com um sorriso no rosto. Assim que me aproximo lhe dou um
beijo na bochecha e acaricio sua barriga.
— Essa família é tão diferente da nossa família — Giovanna diz
soltando um suspiro triste.
— Muito diferente mesmo, muitas vezes me pego perguntando se era
assim que uma família deveria agir — falo olhando para nonna que estava
puxando Donatello pela camisa.
— Não acho que seja, nunca vi uma família mais diferente e amorosa
como eles — responde Gio.
— Vocês dois estão aí sentados sem fazer nada, venham logo aqui
compartilhar algumas fofocas. Eu com certeza tenho coisas para contar —
gritou nonna chamando nossa atenção.
— Vamos lá, eu ainda tenho que cumprimentar o restante das pessoas —
falo levantando do sofá e puxando Giovanna comigo.
Abraço nonna que me dá um beliscão no traseiro dizendo que seu neto
está comendo muito bem, fico sem palavras e Donatello vem ao meu socorro
repreendendo a mãe que nem liga para o que ele diz, saindo em seguida o
ignorando completamente. Vou falar com Ariana que não escondeu seu
contentamento ao saber que ficarei aqui com Lucca, ela me agradece dizendo
que agora está mais aliviada que seu bebê não ficará sozinho. Falamos sobre
coisas triviais até que uma senhora avisa que o almoço está pronto. Lucca me
apresenta a mulher dizendo que ela é sua governanta.
Durante o almoço Lucca conta como foi à reunião que ele fez com as
pessoas que estavam roubando a empresa, ele confidenciou como se sente
melhor sem ter o seu antigo diretor lá, um homem que ele chamou como
Daniel Campbell. Ao ouvir falar no nome do homem percebi que Donatello
fica desconfortável e pede desculpas ao filho.
— Não pai, o senhor não tem com o que se desculpar. Ele te enganou
assim como fez comigo — Lucca diz com determinação.
— Mesmo assim filho, eu me sinto mal por não ter olhado por isso
antes. Aquele desgraçado traiu a confiança que eu lhe dei — Donatello fala
com raiva.
— Infelizmente eu não posso tirar esse sentimento de traição que o
senhor está sentindo, mas não fique se sentindo culpado com relação a mim
— fala Lucca e Donatello balança a cabeça.
— Quando eu decidi expandir as nossas impressas aqui na América do
norte, fiz isso em Chicago justamente porque conhecia Daniel e achava que
era um homem de confiança para cuidar daquilo que um dia seria de um dos
meus filhos, mas a sua ambição ficou maior que a nossa amizade —
Donatello diz seriamente e Arianna alcança sua mão.
— Não se sinta assim querido, infelizmente as pessoas mudam e não há
nada que podemos fazer — Arianna diz e seu marido a olha com carinho.
— Ouça o que a sua mulher tem a dizer meu filho, te conheço e sei que
você se sente mal pelos atos daquele maledetto, mas Lucca é um homem e
soube lidar com tudo. Soube até que ele deu uma coça no filho da puta —
nonna diz fazendo Lucca rir.
— Você bateu no seu antigo diretor geral? — pergunto chocado.
— Claro que sim, há tempos eu ansiava por isso e não pude me conter
— Lucca diz presunçoso.
— Você não tem medo que ele possa te processar? — pergunta
Giovanna e Lucca dá de ombros.
— Não acho que ele possa fazer, já que ele poderia responder por
muitos outros crimes. E eu só poderia ser acusado de uma pequena agressão
— Lucca diz de modo que arranca um sorriso de Giovanna.
— É agora você está sem um diretor geral. O que pensa em fazer? —
pergunta Arianna curiosamente.
— Tenho que confessar que eu já tinha pensado nisso antes e as coisas
só se tornaram fáceis para mim — Lucca diz chamando a atenção de todos.
— Como? Explique-se filho — pede Donatello.
— Sempre soube que uma hora ou outra Daniel sairia da empresa. Há
muito tempo que eu vinha lutando com seu jeito de me ver como um mísero
menino e não um executivo. Eu definitivamente tinha que dar um jeito nisso.
Quando comecei a me relacionar com Luigi… — Lucca diz e vira para me
encarar. — Eu sei que ele é um ótimo profissional, um que conquistou a
confiança de Filippo e isso não é uma coisa fácil de conseguir — Lucca diz e
todos afirmam em concordância.
— Filippo é uma pessoa muito difícil — Arianna diz me lançando um
sorriso de compreensão.
— Bem, com isso eu estou decidido que depois que me livrasse da
presença insignificante de Campbell, eu faria o possível para poder ter ao
meu lado um cara muito bom chamado Luigi Pierri — Lucca fala me
deixando chocado. — Vamos conversar sobre isso mais tarde e com calma,
mas farei com que a minha proposta seja muito tentadora para que você não
queira recusar — termina de falar piscando um olho para mim de modo
atrevido.
— Você é definitivamente louco — murmuro bebericando meu vinho e
Lucca coloca a mão sorrateiramente na minha coxa.
— Você não sabe o quanto Luigi — Diz me dando um olhar quente,
apertando minha coxa com força me causando uma ereção instantânea.
— Vocês dois podem ir pararam com esse olhar de “vou te foder até
perder o juízo mais tarde”. Isso me faz sentir falta do meu namorado — diz
nonna fazendo a conversar cessar e todos os olhares se voltam para ela.
— Que porra é essa de namorado, mamãe? — pergunta Donatello
abruptamente.
— Mio benedetto Dio! Io e la mia grande bocca (Meu bendito Deus! Eu
e minha boca grande) — resmunga nonna em voz baixa.
— Vamos mamãe, diga isso que a senhora acabou de dizer — Donatello
pergunta é nonna revira os olhos.
— Ah foda-se! Quem é a mãe aqui? — pergunta nonna e quando
Donatello vai falar alguma coisa ela levantou a mão. — Não responda,
inferno, foi uma pergunta retórica.
— Mamma… — Donatello diz calmamente e nonna estreitou os olhos
para ele.
— Eu não queria dar essa notícia assim, gostaria de ter um jantar com
toda a família reunida para poder fazer as apresentações como deve ser, mas
eu tenho a boca muito grande e não sei guardar um segredo. Principalmente
quando um é bem prazeroso para mim — nonna diz e Donatello faz um som
de asfixia.
— Mãe, por favor, pule a parte do prazer… quero dizer, pule a parte que
não me deixa desconfortável — Donatello fala levantando uma tapa da
esposa.
— Você é um chato! Pois bem, eu estou namorando e estou me sentindo
bem com isso — afirmou nonna com um lindo sorriso no rosto.
— Quando vou poder conhecer esse cara? Tenho que deixar claro que
não estou contente com isso, ele pode estar se aproveitando da senhora — diz
Donatello petulante.
— Tenho certeza que eu estou me aproveitando dele — nonna diz
fazendo Lucca e o pai gemerem.
— Chega! — diz Arianna quando seu marido ia falar mais alguma coisa.
— Estou muito feliz por você nonna, tenho plena certeza que esse homem
deve ser um dos bons. E vamos marcar logo esse jantar estou muito louca
para conhecê-lo — diz alegremente.
— Podemos fazer isso na semana do aniversário de Lucca — nonna diz
para Arianna e as duas engatam uma conversa.
— Quando é seu aniversário? — pergunto me sentindo um tolo por não
saber sobre isso.
— No próximo final de semana — Lucca diz e eu estreito os olhos na
sua direção.
— Quando você iria me dizer? — questiono e ele dá de ombros.
— Não achei que fosse algo muito importante — Lucca fala e eu me
irrito profundamente.
Se fosse o Luigi de antes realmente não se o interessaria por essas
festividades, mas inferno, eu não sou mais aquele homem. E agora sinto que
saber da data do aniversário de Lucca é muito importante para mim. Para
falar a verdade tudo que se relaciona a Lucca é de suma importância para
mim. Então sim, estou chateado por ele achar que eu não fosse algo
importante. Sentindo-me muito irritado agarro o rosto de Lucca e viro de
encontro com o meu.
— Tudo em você é importante para mim. Nunca ouse se esquecer disso.
Você é fodidamente meu, tudo em você é de suma importância. Estamos
entendidos? — pergunto com a voz grave e vejo um sorriso pequeno se
formar nos lábios macios de meu amante.
— Você fica muito sexy desse jeito — Lucca diz encarando meus
lábios.
— Não me provoque, pois eu não posso te dar o que você quer agora.
Estamos na mesa com seus pais — digo baixo no seu ouvido.
— Oh, merda, isso é uma pena — Lucca diz e tive que o soltar para não
fazer algo inesperado.
— Seu bastardo provocador. Espere até mais tarde — falo baixo para
que só ele pudesse me ouvir.
— Estou pagando para ver, Pierri — Lucca diz sorrindo e balanço a
cabeça negativamente.
Esse homem definitivamente será a minha morte e eu não me importo
nem um pouco com isso, já que estou feliz. Ainda mais agora que se inicia
uma nova fase nas nossas vidas, fase essa que estou louco para desfrutar.
— Lucca! Vamos logo, nós vamos chegar atrasados se você continuar
assim — grito tentando fazer Lucca adiantar.
— Nossa, tenha calma senhor eu não gosto de me atrasar — diz vindo
com sua pasta na mão.
— Sem brincadeiras, amor. Mas eu realmente não gosto de me atrasar
— falo e recebo um beijo molhado nos lábios.
— Mesmo você sendo um pau chato eu vou te amar — Lucca diz sério,
mas ri logo em seguida.
— Ei… Eu não sou chato! — grito quando ele passa por mim. Entramos
no elevador e vamos direto para a garagem.
— É sim! E ande logo Luigi ou nós vamos nos atrasar — Lucca diz
seguindo para o elevador da cobertura. Balanço minha cabeça negativamente
e descemos para a garagem.
Já faz cinco dias que estou morando aqui em Chicago, mais
especificamente morando com Lucca e a experiência tem sido muito boa.
Estamos nos conhecendo mais profundamente, solidificando o nosso
relacionamento, tendo mais intimidade e isso é incrível, pois posso garantir
que estou cada vez mais apaixonado pelo Aandreozzi mais novo. Lucca é
uma criatura impressionante, tanto com seus pais, que ainda estão aqui, seus
empregados e com as pessoas em geral. Nesses cinco dias não conseguimos
ainda tirar a mão um do outro e fodermos como coelhos e isso é muito foda
de bom. Lucca faz questão de me mostrar todo dia como ele aprecia a minha
vinda para cá, ele mostra o quanto sou importante para ele e eu faço de tudo
para demonstrar o mesmo.
Tive a proposta de me tornar diretor geral da empresa daqui e no início
eu fiquei meio receoso, pois eu não poderia imaginar que receberia essa
proposta vinda do meu namorado, não estava querendo misturar as coisas.
Mas foram Donatello e Arianna que me fizeram aceitar o cargo, pois eles
garantiram que não há mal nisso e que seria muito bom ter mais alguém da
família fazendo essa parceria com Lucca e ainda dizram que eu sou um
excelente profissional e que só iria acrescentar. Fiquei pasmo com toda a
confiança que demonstraram a mim e quando Lucca, que estava quieto
esperando seus pais terminarem de falar comigo, diz que o diretor geral era
eu e que era para me acostumar com a ideia.
Com isso não esperamos mais e na segunda feira uma reunião foi
marcada e Lucca anunciou que eu era o novo diretor geral. Percebi logo de
cara que algumas pessoas não gostaram muito, principalmente quando Lucca
não escondeu a nossa familiaridade. Não me importo de demonstrar o meu
amor por Lucca para os outros, sei que isso é uma coisa que as pessoas de
mente pequena ainda não aceita e para isso eu não poderia dar uma merda, já
que a opinião dos outros não me importa, mas no ambiente de trabalho
teremos que nos contentar um pouco mais. Alguns acionistas não entendam a
falta de Daniel Campbell e de alguns outros e Lucca fez questão de dizer que
bastardos corruptos não trabalham para ele. Depois de mais algumas palavras
Luca dispensou todo mundo. E porra se Lucca no modo CEO não é sexy pra
caralho.
Sendo assim faz três dias que comecei a trabalhar aqui e posso dizer que
ainda estou me familiarizando com o local. Minha sala fica um andar abaixo
do da presidência e aqui eu posso conhecer algumas pessoas, principalmente
minha assistente Cameron Weston uma ruiva muito atraente que é muito
prestativa, me mostrou como são as coisas por aqui. O escritório do antigo
diretor é muito bem iluminado e com móveis de boa qualidade que faço
questão manter. Lucca diz firmemente que eu tenho que exorcizar o
Campbell de uma vez daqui. O modo que ele fala me faz rir, mas tenho que
concordar que deixar as coisas do meu jeito vai me ajudar a me sentir bem e
em casa.
— Vamos nos ver no almoço? — pergunto a Lucca que nega fazendo
um bico descontente.
— Não, eu tenho um almoço de negócios hoje — diz e eu aproveito para
lhe dar um beijo antes que o elevador pare o meu andar.
— Tudo bem, sendo assim te vejo mais tarde — falo sorrindo.
— Pode apostar que sim, não esqueça que a noite tenho uma surpresa
para você. — Relembra Lucca e eu reviro os olhos.
— O aniversário que está chegando é o seu, eu é que deveria estar
preparando uma surpresa para você, não o contrário. — —Argumentei o
fazendo soltar uma risada.
— Acostume-se a ter um homem nada convencional. Va bene? — diz
em um tom brincalhão.
— Me acostumar com você não é uma tarefa difícil, na verdade é muito
prazerosa — minha voz sai baixa e percebo que Lucca fica rígido.
— Luigi, você não pode simplesmente falar essas coisas. Nunca se sabe
quando poderá sofrer algum tipo de ataque sexual — reclama Lucca, eu não
posso deixar de sorrir. O elevador abre, mas sou impedido de sair.
— Infelizmente esses ataques não podem ocorrer em um ambiente de
trabalho. Isso pode gerar um processo de assédio sexual. E não podemos
sujar o nome do CEO com essas brigas jurídicas. O CEO é um homem muito
exigente — falo com um tom sério fingindo.
— É não podemos deixar de dizer o quão gostoso é esse CEO — Lucca
fala provocando.
— Oh sì, assurdamente gustoso (Oh sim, absurdamente gostoso) —
sussurro ao passar por Lucca e seguir para minha sala sem olhar para trás.
— Isso foi muito mal de sua parte! — grita Lucca antes que as portas do
elevador se fechem.
Descobri que realmente gosto do modo leve que o meu relacionamento
com Lucca é, estamos sempre brincando e provocando um ao outro, e isso
torna uma vida a dois muito mais leve. Mas agora não é o momento de pensar
no meu relacionamento, tenho que focar minha concentração em limpar as
muitas sujeiras que o antigo diretor deixou. É isso não é um trabalho fácil.
— Minha sala, senhorita Weston — falo seriamente ao passar por minha
assistente que levantou o mais rápido de sua cadeira.
— Bom dia, senhor Pierri! — fala Cameron fechando a porta atrás de si.
— Bom dia! Diga-me a minha agenda de hoje — peço acomodando
minha pasta em cima da mesa.
— Pela manhã o senhor tem um encontro com a senhorita Taylor do
setor de marketing. E logo após trarei os relatórios na qual o senhor pediu. —
Lembra Cameron e eu assenti.
— Traga um expresso duplo para mim por favor e se é só isso pode ir —
peço e ela sai logo em seguida.
No horário marcado a senhorita Taylor apareceu para conversarmos. Ela
é uma mulher pequena, de cabelos castanhos cortados baixo e uma expressão
séria no rosto. Conversamos sobre o andamento das coisas, é assim podemos
nos familiarizar, tenho muita coisa aqui ainda para me adaptar e nada melhor
do que começar com algumas pessoas de setores de diferentes. Quando
terminamos a reunião a senhorita Taylor sai da minha sala e logo depois
minha assistente chega me trazendo os relatórios que pedi anteriormente.
Minha concentração é quebrada pelo toque do meu celular, ao ver de quem é
o número faço uma careta descontente antes de atender a chamada.
— O que houve Gianella? — pergunto assim que atendo a ligação.
— Cadê seu respeito Luigi? Eu sou sua mãe, me respeite como tal —
fala minha mãe com arrogância.
— Se é para falar sobre como eu devo te chamar, então eu acho melhor
desligar. Tenho coisas mais urgentes para resolver — falo no meu melhor
tom sério e desinteressado.
— Onde você está? Passei no casebre que você chama de apartamento e
não o encontrei — pergunta minha mãe com curiosidade.
— O que queria comigo? Que eu sabia já deixei explícito que não tenho
mais nada para falar com você — digo decisivo e ouço um suspiro dramático
do outro lado da linha.
— Não quero brigar com você meu filho, tudo que eu queria era
conversar — diz Gianella com tranquilidade e isso me faz entrar em alerta.
— Nunca existiu conversa entre nós mãe e estou cético que isso seja
verdade — falo em um tom duro.
— Você é meu filho Luigi, meu único filho… — Corto o papo sentindo
a raiva consumir meu corpo.
— Você nunca foi minha mãe, biologicamente pode até ser, mas mãe
você nunca foi — digo entre dentes.
— Sinto muito que pense assim, tudo o que eu fiz, fiz pensando no seu
bem — diz e eu reviro os olhos.
— Pensando no meu bem? — pergunto soltando uma risada incrédula.
— Não sei o que está havendo com você, mas sugiro que pare por aí. Não
vou cair nos seus truques dissimulados.
— Liguei para você para que pudéssemos falar sem brigar desta vez,
tenho algo para te pedir e… — Solto uma gargalhada cortando o que ela está
falando.
— Sempre você quer algo de mim! Isso não é nenhuma surpresa — falo
cada palavra com desgosto, sentindo um gosto amargo na boca.
— Por favor, Luigi, sem infantilidade. O que eu tenho que te pedir é
algo muito importante para seu pai e seu tio Sávio — fala e ao ouvir o nome
do meu tio eu entro em alerta.
— O que houve com o tio Sávio? — pergunto rapidamente e a ouço
soltar um som de desgosto.
— Seu tio está bem, não é para falar sobre seu tio que eu estou te
ligando — resmunga minha mãe descontente. — Seu pai e seu tio precisam
de você aqui para resolver alguns trâmites da empresa — fala e eu aprofundo
uma carranca sem entender.
— Não faço parte da empresa e nem quero, eles já têm Matteo aí e eu…
— Parei de falar ao ouvir um som estrangulado sair da garganta de minha
mãe.
— Luigi, tudo que eu peço é que venha para Roma e aqui você vai
resolver tudo com seu pai e tio — fala irritada.
— Não posso ir a Roma por agora. Tenho coisas para fazer e não vou
largar minha vida para fazer o que você e papai quer.
— Daqui a dois meses seu pai e eu fazemos aniversário de casamento. E
ficaríamos muito felizes de tê-lo aqui — diz Gianella em um tom mais calmo.
— Tem uma coisa que eu tenho que te lembrar. Eu não sou mais
sozinho, tenho um companheiro e se eu for ele vai junto comigo — falo e um
sorriso sai dos meus lábios.
— A família Aandreozzi é muito bem-vinda aqui em nossa casa —
responde minha mãe entre dentes.
— Conversarei com Lucca sobre isso — falo por fim e desligo a ligação.
Cada vez que me presto a ter algum diálogo com minha mãe me sinto
esgotado no final. Ela consegue tirar todas as minhas energias com uma
simples conversa, passei minha vida inteira querendo um pouco de atenção
dela e de meu pai, mas hoje em dia o quanto mais afastado melhor para mim.
Não acredito em nada que saiu da boca de Gianella nessa conversa,
principalmente essa necessidade de que meu pai e tio precisam de mim. Se
fosse só pelo meu tio eu iria sem pensar duas vezes, já que ele durante toda a
minha fase infanto juvenil, foi à pessoa mais próxima a me dar um pouco de
afeto. Obviamente tudo de bom que meu tio fazia era muito recriminado pelo
meu pai, que não tolerava o carinho que meu tio sempre me deu. Tio Sávio
foi a pessoa que sempre me ajudou e sou muito grato por isso.
Almoço no meu escritório, e volto a me afundar nos papéis. É
impressionante como o trabalho de Lucca aqui é incrível e não vejo a hora de
poder conhecer melhor todo o andamento daqui. As horas vai passando e
quando olho no relógio já era hora de ir para casa, mando uma mensagem
para Lucca e ele diz que também já está indo embora comigo. Desço junto
com Daren para a garagem e poucos minutos depois Lucca vem em seguida.
— Vamos logo que hoje ainda temos a sua surpresa — Lucca diz
empolgado entrando no carro.
— Sua empolgação está me deixando preocupado — falo e recebi um
soco braço.
— Não estrague minha alegria seu bastardo, quero receber um foda
quente de agradecimento mais tarde — reclama Lucca me fazendo rir.
— Nossa fodas sempre são quentes — falo puxando-o em minha direção
mergulhando seus lábios nos meus.
— Oh se sei, mas tenho certeza que você vai gostar do lugar que nós
vamos. Sem falar que meus irmãos também irão.
— Seus irmãos? — pergunto espantado.
— Sim, vamos logo!
Chegamos em casa e não me espanto ao ouvir várias vozes conversando
ao mesmo tempo, nós italianos temos o costume de conversamos muito e a
família Aandreozzi não fica de fora nisso. Cumprimento cada um dos meus
cunhados e fico observando a brincadeira entre os irmãos. Filippo sério como
sempre, Enzo e Lucca um pegando no pé do outro e os três pegando no pé da
irmã. Tudo isso é uma confusão mais uma confusão familiar maravilhosa.
— Tio Luigi! — grita Pietro e vem correndo me ver.
— Ei campeão, como vai você? — pergunto bagunçando os cabelos do
garotinho.
— Eu tô bem! Papai complou com presente bem legal para o titio — diz
Pietro com empolgação me fazendo rir.
— Isso deve ser surpresa e você não pode contar a ele até o dia —
explico e ele ficou pensativo.
— Eu disse isso a ele, tio Luigi. Ele é muito bebezão que não guarda
segredo — diz Eduarda toda mocinha. Abaixo e lhe dei um beijo na bochecha
a deixando vermelha de vergonha.
— Eu não sou um bebezão! Um sou um homi! — grita Pietro.
— Sim, sim você é um grande homem Ursinho — diz Luti se
aproximando da gente. — A nonna de vocês está chamando na cozinha. —
As crianças se despedem de mim e saem correndo para cozinha.
— Como vai Luti? E a viagem para Portugal? — pergunto vendo-o
sorrir e assentir com a cabeça.
— Foi tudo muito bem, adorei conhecer Portugal e fora que pude ficar
com minha família — Luti diz divertido e eu rio.
— Ei coniato! Você está muito lindo, pena que já roubaram meu
coração — Lucca diz abraçando Luti.
— Não precisa abraçar assim seu pervertido. Tire as mãos dele — diz
Filippo com raiva vindo tirar Luti dos braços do irmão mais novo.
— Deixe de ser possessivo Ursão! — diz Luti dando um tapa nos peitos
do marido.
— Ursão possessivo, Ursão ciumento, Ursão lindão! — diz Enzo e
Lucca ao mesmo tempo deixando Filippo com raiva.
— Oras seus bastardos… — Filippo fala entre dentes.
— Podem ir parando vocês seus idiotas! Lucca e Luigi vão logo se
ajeitar para saímos — diz Luna em um tom mandão.
— Sim mamãe! Vamos amor, vamos tomar um banho bem quente —
Lucca diz de modo sedutor e eu reviro os olhos, mas não posso negar que me
animei.
— Sem brincadeiras no banheiro Lucca, vamos nos atrasar — Luna diz
fazendo careta.
— Não posso prometer nada. Ver Luigi molhado no banho passan… —
Cortei o discurso de Lucca colocando a mão na sua boca.
— Não vamos nos atrasar cunhada — falo arrastando Lucca comigo
para o nosso quarto.
Lucca está com um sorriso malicioso quando entramos no banheiro, e eu
tenho que usar todo meu autocontrole para não fazermos amor. Terminamos
nosso banho e vamos logo em seguida nos vestir. Coloco uma calça jeans
preta, uma blusa cinza, minha jaqueta de couro marrom escuro e botas, já
Lucca está de calça jeans de lavagem escura rasgada em algumas partes,
blusa de gola V vermelha e tênis Adidas branco cano alto. Chegamos à sala e
todos os irmãos incluindo Luti já estão nos esperando.
Vamos divididos em três carros, fora mais dois carros com as
seguranças para chegarmos até o nosso destino, destino esse que ainda não
faço ideia de onde é. Quando chegamos ao United Center arregalo os olhos, e
olho para Lucca que está sorrindo do meu susto.
— O que estamos fazendo no United Center? — pergunto a Lucca sem
entender.
— O que vamos fazer em um ginásio de esportes, onde é a casa de um
dos maiores times de basquete do país? — Meu coração começou a bater
descontroladamente e minhas mãos ficaram suando.
— Dio Santo! Não me diga que… — Paro incapaz de terminar a frase.
— Não me diga que vamos assistir o Chicago Bulls jogar hoje à noite?
— Lucca termina minha frase se inclina para me beijar.
— Oh porra isso é muito foda! — falo exasperado, avanço na boca de
Lucca lhe dando um beijo de tirar o fôlego. — Grazie amore mio, grazie! —
Uma batida do lado de fora da janela interrompe meus agradecimentos.
— Vamos logo! — grita Enzo com o boné do Chicago na cabeça. E
quando estou saindo Lucca me impede segurando meu braço.
— Aqui Lui! — diz ele me dando o boné e a camisa do Chicago.
— Foda-se que incrível! — falo tirando minha camisa e colocando a do
meu time. — Como você sabia? Não me lembro de ter dito sobre isso.
— Cesar e Iago me falaram quando nos conhecemos — diz dando de
ombros e colocando o seu boné na cabeça, saindo do carro em seguida me
deixando boquiaberto. Eu porra amo esse homem!
O Chicago Bulls está jogando contra Dallas Mavericks, isso é a porra de
um espetáculo. Chicago está com um time muito incrível e o placar está ao
seu favor. Estamos em um camarote onde todos nós estamos reunidos
assistindo ao jogo, até Filippo que não se interessa por jogos está curtindo. Eu
não estou sabendo lidar com tamanha empolgação, a cada cesta a euforia
toma conta de mim.
Comemos e bebemos algumas coisas e nos acertamos que após o jogo
vamos sair para jantar todos juntos. Lucca está explicando algumas coisas a
Luti que nunca veio para um jogo de uma liga profissional e pela sua cara
está adorando. Enzo fica reclamando dos árbitros, e Luna xingado feito louca.
Olho para cada um dos Aandreozzi e vejo como eles são pessoas magníficas.
O jogo termina e Chicago ganha de 95 pontos a 79. Estou muito feliz. no
final do jogo me vejo dando beijos no meu lindo namorado em
agradecimento por essa surpresa foda.
— Essas bichas do caralho, não sabem respeitar os machos de verdade e
ficam se esfregando na frente dos outros. Raça nojenta! — diz um homem
atrás de nós com escárnio.
— O que você acabou de falar seu filho da puta!? — pergunta Lucca
com o corpo rígido e seu rosto mostra claramente sua raiva.
— Isso mesmo que você ouviu suas bichinhas insignificante! — grita o
homem e mais dois se aproximam de apoio ao idiota.
— Você não tem medo de que sua família encontre seus corpos em uma
vala, não seu puto? — Lucca pergunta entre dentes.
— Viadinhos não sabem bater! Eu ficaria feliz de tirar sua existência
bicha do planeta — o homem diz e logo em seguida solta uma risada. Lucca
está quase avançando nos homens quando Filippo entra no caminho
impedindo.
— Não podemos fazer nada aqui irmão, não se esqueça que aqui você é
uma figura pública — Filippo diz com sua voz firme fazendo Lucca respirar
fundo.
— Puta merda Lippo! Eu não posso deixar esse filho da puta falar essas
coisas com a gente — Lucca diz indignado.
— Eu adoraria dar uns socos nesses cretinos, querido, mas seu irmão
tem razão — falo acalmando Lucca.
— Tudo bem vamos logo antes que eu acabe com esses caras de uma
vez — Lucca diz entre dentes e se aproxima mais de mim. Estamos todos
saindo quando ouvimos.
— Isso mesmo mulherzinhas, deixem os homens de verdade aqui —
grita o filho da puta é o corpo de todo mundo ficou rígido.
— Não posso ouvir mais! — diz Luna virando para encarar os homens.
— Vou mostrar a vocês quem são as mulherzinhas aqui — diz ela e avançou
nos caras.
Luna com sua incrível rapidez consegue dar socos no rosto do líder é um
chute bem na cara fazendo-o cair no chão. E ela não para por aí, mesmo com
uma calça bem apertada e um salto alto matador ela consegue derrubar os
outros dois homens, me deixando de queixo caído e os irmãos muito
orgulhosos de sua irmã caçula.
— Isso são para vocês homofóbicos do caralho que deve aprender
respeitar os outros. Não mexam com a porra da minha família! — diz
apontando para cada homem e vem ao nosso encontro como se nada tivesse
acontecido.
— Você foi incrível sorellina! Ainda bem que você ajeitou o quadril
como eu te falei nos treinos — Enzo diz com orgulho na voz.
— Sim, realmente consegui colocar mais força — responde ela.
— Sim, mas já te falei que lutar de salto alto pode machucar seu pé —
diz Filippo em tom de aviso e Luna o abraça.
— Isso foi brincadeira de criança irmão mais velho — diz soltando uma
risadinha.
— Relaxe Ursão, Luna sabe o que faz. — Luti diz piscando um olho
para Luna.
— Luna você foi incrível! — digo ainda surpreso.
— Obrigada cunhado! Fico me perguntando quando Lucca vai iniciar
seus treinamentos — diz olhando para Lucca me deixando sem entender.
— Em breve, ele chegou não tem nem uma semana direito — Lucca
responde a irmã. — Relaxe amor, depois falamos sobre isso.
Vamos todos para os nossos respectivos carros e antes que pudéssemos
entrar para nos acomodar ouço um barulho de pneus de carros derrapando e
logo em seguida uma rajada de balas é disparados contra todos nós. Barulhos
de vidro sendo quebrados, pessoas gritando, passos correndo, tudo começa a
ficar uma loucura.
— Todos para o chão! — grita uma voz que tenho certeza ser de Elijah
chefe de segurança de Filippo.
— Que porra é essa? — grito me jogando no chão.
— Não poderíamos ter uma noite normal como uma família normal? —
pergunta Enzo com raiva.
— Não somos uma família normal meu irmão! — diz Lucca com frieza
na voz.
— Vamos acabar com esses filhos da puta! — diz Filippo puxando a
arma por trás do casaco. De onde veio isso?
— Pensei que você nunca iria falar Ursão — Luti diz determinado.
Olho para todos e sei que eles não estão para brincadeira no momento. E
agora eu sei o que Luna quis dizer com o meu treinamento. Isso tudo é muito
louco!
Não passou pela minha cabeça que um momento de lazer com a minha
família poderia se resumir em um ataque contra as nossas vidas. Há pessoas
correndo e gritando por todo lado, principalmente hoje, que o estádio está
lotado de torcedores, eu, com certeza não queria colocar essas pessoas e Luigi
em perigo. Luna pergunta quando eu irei treinar Luigi, juro que essa ideia não
passou pela cabeça, ainda está no início do nosso relacionamento e eu não
queria que ele já tivesse essa responsabilidade de empunhar uma arma de
fogo, mas pelo visto não é assim que tem que ser. Luigi deve aprender a se
defender, assim como todos nós.
— Temos que sair daqui, esses putos não vão parar — grita Enzo com
raiva.
— Precisamos de nossas armas! — Luna grita a seguir e eu confirmo.
— Não vamos poder ir para os nossos carros sem uma porra de uma
distração. Inferno! Esses filhos da puta me querem morto — falo dando um
soco no chão.
— Ficar com raiva não vai resolver de nada Lucca — Luti diz virando o
rosto para me encarar.
— Vamos fazer assim, eu vou acobertar vocês e sirvo de distração para
que vocês possam correr para os seus respectivos carros — diz Filippo de
modo frio e seus olhos mostraram determinação.
— Não vou te deixar aqui sozinho — Luti retruca.
— Claro que você vai Luiz Otávio! — meu irmão diz com firmeza para
o marido.
— Nossas armas estão no carro e quando chegarmos lá podemos muito
bem atirar para que Filippo siga para o carro — Enzo conta o plano e eu
confirmo.
— Vocês estão ficando malucos, porra! Se vocês abrirem mais fogo
aqui pessoas podem se ferir — Luigi diz com os olhos arregalados.
— Ninguém vai se ferir. Mas se não sairmos daqui eles vão — falo para
Luigi que me encara sem entender.
— Mas como… — Interrompo Luigi segurando sua mão.
— Já fizemos isso antes, querido, confie em nós, por favor — falo
encarando seus lindos olhos castanhos, tentando passar segurança.
— Tudo bem… tudo bem porra! — Luigi diz derrotado.
— Vamos fazer isso, sinalizem para seus respectivos seguranças para
que eles entrem em modo de fuga — Filippo diz arrogantemente.
— Vamos fugir? Não Lippo, eu tenho que matá-los — falo com fervor e
meu irmão me encara sério.
— Claro que vamos pegá-los, mas temos que fazer isso longe de olhos
curiosos — Lippo diz me arrancando um sorriso.
— Grazie Dio! — falo fazendo Luigi me encarar como se eu tivesse
duas cabeças.
— Se acostume cunhado, meu irmãozinho pode ser um pouco sádico —
Luna diz piscando um olho para meu namorado e eu reviro os olhos.
Procuro por Christian e Daren que estão especificamente a poucos
passos de nós, atirando nos bastardos, e assim que eu assovio chamando a
atenção deles, eles viram os rostos para me encarar. Faço o sinal e eles que
assentem e vejo quando Daren corre para a porta do motorista enquanto Chris
distrai os outros atiradores, quando Daren se acomoda no banco do motorista
eu olho para Filippo. Não percebo a hora que Elijah vai para o lado de
Filippo, mas os dois se posicionam para nós dar cobertura enquanto
corremos. Nossa formação quando estamos sobre ataque é muito específica
para sair de lugares onde tem muitas pessoas, pois assim não vamos ter
testemunhas para saber o que somos capazes de fazer. Fodam-se os policiais!
Minha família sempre ficou fora do radar da polícia, mas sei que devido
ao que aconteceu hoje vamos ter mais cedo ou mais tarde a visita do
departamento de polícia de Chicago, e por isso temos que sair daqui o mais
rápido possível. Puxo Luigi comigo para corrermos juntos para o carro que
Daren está nos esperando. Eu posso ouvir os sons dos disparos das armas de
Filippo e Elijah atrás de mim, com isso posiciono Luigi entre mim e Christian
para alcançarmos o carro. Não sei como acontece, mas Luigi tropeça e cai no
chão e quando o ajudo a levantar ele é atingido na perna esquerda. Luigi grita
e cai para trás segurando a perna, fico assustado vendo a perna do meu Luigi
sangrar bastante.
— Porra! Luigi sua perna! — grito puxando Luigi para mim. Christian
vira para o sujeito e o atingiu fazendo-o cair, não sei se está morto, mas
espero que sim.
— Eu posso me levantar não se preocupe — Luigi diz apertando a boca
em uma linha fina.
— Foda-se! Não é hora para dar uma de machão. Vamos logo o carro já
está aqui — falo e quando Christian vai pegar Luigi eu lanço um olhar frio.
— Eu seguro o que é meu!
— Tudo bem, mas vamos logo — Christian diz e eu assenti.
Carrego Luigi sobre seus protestos e vamos para o carro, assim que
chegamos acomodo Luigi no banco, uso o cinto de Christian para fazer um
torniquete para ver se para o sangrando. Ver Luigi gritar de dor faz meu
coração apertar, pois ele não deveria passar por essa situação. Meu celular
toca e chega uma mensagem de Luna dizendo para nós nos movimentarmos e
assim fazemos. Minha preocupação com Luigi é tão grande que me esqueci
de pegar a minha arma, mas Christian pegou para mim.
— Sinto muito Luigi por você está passando por isso — falo entre
dentes sentindo raiva.
— Cale a porra da boca e pegue sua arma para atirar nesses maledettos.
Inferno isso dói! — Luigi diz puxando o ar.
— Senhor, para onde vamos? — pergunta Daren e quando eu vou
responder meu celular toca. Atendo colocando no viva voz
— O que aconteceu Lucca? — pergunta Filippo.
— Luigi foi baleado na perna e está sangrando pra caralho — falo
sentindo uma raiva fora do comum me atingir, pois o meu namorado está
nessa situação por minha causa.
— Então vamos direto para o hospital — Filippo fala em um tom sério.
— Não! — grita Luigi e eu o olho sem entender — Vocês têm que pegar
esses caras, isso que tem que fazer.
— Luigi você está se ouvindo? Você tem que ir para o hospital
imediatamente. Não vou ver você sangrar até a morte — falo e flashes do que
aconteceu com Scott passaram pela minha mente.
— Eu aguento, eu sei que aguento. Você tem que conseguir respostas
Lucca — Luigi diz entre dentes sentindo dor.
— Ele está certo, podemos ver se conseguimos alguma coisa. Mas… —
Interrompi Filippo sem querer ouvir mais besteiras.
— Vai se foder Filippo! Se fosse Luti que estivesse ferido você não
estaria falando isso — grito com raiva.
— Você estar certo, por isso você vai para o hospital e nós vamos dar
um jeito nisso — Filippo fala rudemente e Luigi negou com a cabeça.
— Eu posso… — O barulho alto de tiros da lataria do carro faz Luigi
calar a boca.
— Desgraçados! — xingo em voz alta. — Luigi continue deitado e não
se mova — falo e ele assente.
Pegoi minha duas Glocks e as carrego com os pentes cheio de balas e
destravo. Quando me vejo pronto, peço Daren para abrir o vidro traseiro do
SUV, que é adaptado especialmente para essas ocasiões. Assim que o vidro é
abaixado começo a atirar sem piedade, a cada bala que sai da minha arma faz
o meu corpo cantar em contentamento e a única coisa que vem na minha
cabeça é que eu tenho que derrubar esses filhos da puta que feriram o meu
Luigi. Consego acertar o motorista de um dos carros que está na nossa cola e
com isso o carro perde o controle e bate. Eu estou tão desligado que não vejo
um Hummer ganhando velocidade para bater com tudo na traseira do nosso
carro.
O impacto é tão grande que quase me faz cair janela a fora, mas Luigi
segura minha perna, quando me vejo estabilizado olho para ele e sorrio em
agradecimento, logo em seguida volto para tentar derrubar os cretinos. Mas
quando tento atirar em um dos seus pneus, eles me surpreendem atirando em
nossos pneus fazendo o carro ziguezaguear pela pista. Percebo que Daren
está fazendo de tudo para ter controle do carro, mas os caras aproveitam esse
transtorno para bater mais uma vez no nosso carro. Sinto o carro virar e a
primeira coisa que me vem à mente é que eu tenho que proteger Luigi, sendo
assim me jogo por cima de seu corpo agarrando o banco do carro com toda a
minha força para que Luigi não sofra demais com os impactos.
Não sei quantas vezes o carro capota, mas no final ele está virado de
lado. Olho para Luigi que está de olhos fechados e a cabeça sangrando, me
apavoro e faço um esforço do caralho para arrastar minha mão dos cacos de
vidro e olhar a sua pulsação no pescoço. Posso respirar aliviado quando vejo
que ele só está desmaiado, mas o seu pulso fraco me faz entrar em alerta.
— Lucca, temos que tirar vocês daqui — ouço a voz de Christian e tiro
meus olhos de Luigi.
— Você está bem e Daren? — pergunto sentindo dor no ombro.
— Estou aqui senhor! — diz Daren entre dentes e posso perceber que
ele está ferido, só não sei onde.
— Nós dois estamos bem senhor, mas temos que te tirar daqui
imediatamente — grita Christian.
— Você consegue ver minhas armas em algum lugar? — pergunto e ao
vasculhar com os olhos acabo encontrando uma.
— Encontrei uma aqui perto de mim — diz Daren estendendo minha
arma com dificuldade.
— Vocês vão tirar Luigi desse maldito carro e eu vou dar um jeito nisso
— falo sentindo uma frieza tomar conta de mim.
— Lucca! Dio santo! Irmão, você está bem? — Ouço a voz de Luna me
chamar e mais barulhos de tiros estourando no ar.
— Tirem Luigi daqui e cuidem dele e logo estaremos indo para o
hospital, mas a segurança do meu homem vem em primeiro lugar — falo e
começo a chutar a porta do carro para sair.
Sai do carro com um pouco de dificuldade e sinto uma mão me puxar,
me ajudando com o restante do percurso. E essa mão vem de Enzo que
começa a validar se eu estou realmente bem. Ele diz que Filippo e Luti estão
cuidando de uns caras logo atrás de nós e que os homens dentro do Hummer
que virou meu carro estão atirando contra os nossos outros seguranças. Vejo
que tem um SUV virado bloqueando o meu carro capotado dos tiros.
— PORRA! — grito quando Enzo segura meu braço.
— Que diabos homem, o que foi? — pergunta Enzo assustado.
— Acho que desloquei meu fodido ombro — falo entre dentes.
— Você não pode atirar assim Lucca — Luna diz averiguando suas
armas.
— Diga algo que eu não sabia — falo grosseiramente e ela me lançou
um olhar duro. — Vamos Enzo, coloque essa porra no lugar.
— Tem certeza? Isso vai doer como uma cadela — Enzo diz e eu
afirmo.
— Andiamo! — diz com raiva. Nessa hora vejo que Daren e Chris estão
tirando Luigi ainda desacordado do carro.
— Vou contar até cinco e vou colocá-lo no lugar — Enzo diz segurando
meu braço e eu assenti apertando os dentes. — Um... dois… — Ele coloca
meu ombro no lugar me fazendo gritar.
— Onde está o caralho do número cinco, seu maledetto? — pergunto e o
ouço dar uma risadinha.
— Mi scusi, mas onde está a diversão? — pergunta dando de ombros.
— Quero um deles vivo para fazer perguntas, mas o resto vamos matar
todos — falo seriamente.
— Não esperava menos de você — Luna fala e vai em direção a
Alejandro, seu segurança.
Dou uma última olhada para Luigi que está sendo bem protegido pelos
nossos seguranças e saio correndo de encontro aos fodidos que me querem
morto, vou dar o gostinho do homem que eles acham que vão conseguir
matar. Cada homem que encontro eu miro fielmente na cabeça, consigo
derrubar uns cinco até agora e mais carros estão chegando. Enzo diz que os
nossos reforços estão chegando e que nós temos que adiantar antes que a
polícia chegue. Atendendo ao pedido de meu irmão eu finco meus olhos em
um homem, ele é bem alto e careca e tem uma fodida cara assustadora. Foco
nele e vou a minha caçada, depois de atirar em mais alguns consigo alcançar
o feioso e miro no seu joelho direito. Quando ele cai grunhido de dor, chuto
sua arma para longe.
— Olha só o que temos aqui. Vamos bater um papo bem íntimo logo,
logo — falo lhe dando um sorriso mal.
— Eu não tenho medo de você, mas acho que você deveria ter medo de
mim — diz me fazendo rir.
— Vamos ver quanto tempo até estar se borrando de medo mais tarde —
falo e logo em seguida lhe dou uma coronhada o fazendo dormir.
— Conseguiu o que você quer? — pergunta Enzo e eu assenti. — Então
vamos logo, pois os carros já estão à nossa espera. — Enzo faz sinal a dois
homens dos nossos para pegar o homem que derrubei.
— Seu fodido! Você vai morrer, escreva o que eu estou dizendo — grita
o cão me fazendo dar um sorriso brilhante.
— Não faça promessas que você não pode cumprir meu caro — falo
abrindo um dos armários e pegado algumas coisas que eu quero usar. —
Você vai morrer hoje, cão. E o modo que você vai morrer só depende de
você. O que você acha, vamos começar com isso? — pergunto ligando meu
mais novo maçarico.
— Vai se foder seu filho da puta! Seu doente de merda, você vai morrer
e de quebra sua família vai junto — grita o homem enquanto eu corto a sua
camisa.
— Para quem você trabalha? — pergunto e ele cuspe na minha cara. —
Olha isso é muita mal educado de sua parte — falo limpando meu rosto.
— Vai se fo… HAAAA! — grita quando eu passo as chamas do
maçarico no seu tórax.
— Quente, não é? Nossa o cheiro de carne queimada para mim é a
melhor parte — falo e em seguida cravo a faca na sua coxa. — Ou é o sangue
pingando? Às vezes tenho dúvidas.
— Você é doente! — diz o cão em um tom sofrido.
— Eu sei! Não morra ainda, sei que perdeu muito sangue com o tiro que
lhe dei, mas temos coisas para conversar — falo acendendo o maçarico
novamente. — Quem está lhe pagando para me matar?
— Você não vai conseguir nada de mim, por isso me mate logo para que
os outros possam fazer o serviço. Sua família vai morrer! — Ele parou de
falar quando eu queimo suas duas mãos com muita calma enquanto eu
assovio.
— Você é um homem muito estúpido, cão. Vamos logo, me diga quem
é, e eu vou te matar mais rápido — falo sorrindo e balanço a cabeça. — Você
quer que eu retire qual mamilo primeiro? O esquerdo ou direito, você
escolhe.
— Me mate logo porra! Faça isso, eu não vou te dizer nada — fala com
dificuldade e grita logo em seguida quando eu passo a lâmina afiada nele.
Meus movimentos são precisos e bastante bem feitos. Fazer o quê, eu sou
perfeccionista!
— Lucca! — A porta é aberta abruptamente e meus irmãos passam por
ela.
— Que porra você está fazendo aqui? — pergunta Enzo com raiva.
— Resolvi bater um papo com meu amigo aqui. Não é mesmo cão? —
pergunto olhando para o homem amarrado na cadeira.
— Me tirem daqui! Esse homem é louco! — grita o homem me levando
a lhe dar alguns socos.
— Você interrompeu uma conversa aqui. Não seja mal educado — falo
apontando um dedo o repreendendo.
— Vamos voltar para o hospital Lucca, Luigi precisa de você lá com ele
— diz Filippo e eu não lhe dou ouvidos.
— Não posso sair daqui ainda, tenho informações para tirar — falo
distraído.
— Não! Você vai agora! — Filippo fala puxando sua arma e atirando na
cabeça do homem.
— Você não entende porra! Eu não posso fazer isso, é tudo culpa
minha! Ele… ele está lá — grito apontando descontroladamente com o braço.
— Não, isso não é sua culpa. Pare de falar assim, isso não é sua culpa —
diz Filippo usando as palavras com precisão.
— De onde você tirou essa besteira Lucca? — pergunta Luna e eu os
ignoro.
— Eu não sei se posso… E se algo acontecer? — pergunto e Enzo me
puxa pelo braço e eu fico rígido, pois foi o mesmo braço que eu desloquei.
— Você vai tomar um banho e quando terminar vamos te levar para o
hospital. Assim você vai ficar com Luigi e vai ver seus machucados — Enzo
diz me arrastando para o banheiro.
— Vamos estar aqui te esperando — Filippo diz com sua expressão
séria.
Tomo um banho rápido e quando saio do chuveiro tem uma calça jeans e
uma camisa preta me esperando, junto com uma bota. Coloco a roupa e antes
de sair do banheiro me olho no espelho e respiro fundo. Ao sair percebo que
meus irmãos mandaram tirar o corpo do homem, limpando a minha bagunça.
Não falamos muito um com o outro no caminho do hospital e ao chegar lá
sou recepcionado com um corpo se jogando na minha direção, esse corpo é o
de Giovanna que chora muito.
— Estou aqui agora Gio, sinto muito por ter saído — falo arrastado a
abraçando forte.
— —Ele… Lucca, Luigi não está bem — diz Giovanna e eu olho para
minha família e todos desviam as vistas.
— O quê? O que está acontecendo? Já conseguiram tirar a bala da perna
de Luigi? — pergunto olhando para meus pais.
— Lucca — minha mãe diz respirando fundo e olha para meu pai que
assentiu.
— Mamma? Babo? O que está acontecendo? — pergunto sem entender.
— Filho o médico diz que Luigi teve uma reação alérgica durante o
procedimento é que devido a isso ele teve alguns problemas respiratórios —
babo diz calmamente.
— Tudo bem, mas onde ele está agora? Ele já deve estar no quarto, não
é? — pergunto olhando para Filippo que está abraçado a Luti. Meus olhos já
estão ardendo pelas lágrimas que se acumulam nos meus olhos.
— Sinto muito meu filho, mas Luigi foi enviado para a UTI e não
podemos vê-lo, pois não somos da família — mamma diz e começa a chorar e
babo a puxou para seus braços.
— Não! Isso não pode ser! Eu sou a sua família, nós somos sua família!
Eles vão me tirar o meu Luigi. Não! Isso não vai acontecer! — grito em
desespero deixando um choro sufocado sair com tudo de mim.
— Vocês não podem chamar aquelas pessoas para ver Luigi — falo
apertando a mão contra o peito. — Os pais dele são pessoas terríveis com ele.
— Sinto muito Lucca, mas o hospital já entrou em contato com eles —
nonna diz em tom baixo e viro minha cabeça para encará-la.
— Eles têm que me deixar vê-lo nonna, a senhora me entende? Por
favor, não deixe isso acontecer. Nonna quero o meu Luigi! — exclamo
sentindo meu corpo todo tremer.
— Mi dispiace, ragazzo mio — diz nonna e tudo que eu vejo depois
disso é escuridão.
Abro meus olhos e percebo automaticamente que estou no hospital, ao
fechá-los novamente vejo flashes do que aconteceu. A minha surpresa para
Luigi, a visão deliciosa dos seus olhos alegres ao assistir ao jogo que ele tanto
gosta, as brincadeiras com meus irmãos, mas logo depois essa alegria se
transformou em tiros, gritos, choros e sangue, e lembrar disso fode com tudo,
tudo de verdade. Por causa do que aconteceu, principalmente por ter visto
Luigi machucado, eu perdi o controle. Fazia tanto tempo que isso não
acontecia que eu não estou sabendo lidar, Lucca Aandreozzi não é um
homem negativo, e porra não sou um homem que se deixa perder o controle
de si mesmo.
Ver Luigi e minha família correr risco por minha causa quebrou algo em
mim, algo que eu tinha deixado ir a muito tempo atrás. Quando eu tinha sete
anos meu irmão mais velho foi levado de nós, esse foi o pior momento da
minha família. Não consigo esquecer o choro desesperado de minha mãe, o
olhar de raiva e determinação de meu pai, Enzo tendo que consolar Luna que
não conseguia entender porquê Filippo não voltava para casa. Isso foi demais
para mim, pois eu consegui absorver tudo de todos os lados, a dor, tristeza,
confusão, é a pior de todas a raiva. Sim, a raiva que eu sentia era muito forte,
forte para a criança que eu era.
E mesmo depois que Filippo voltou para nós, tudo ficou diferente, nós
éramos diferentes e minha raiva ainda não tinha sido apagada, ela fervilhava
dentro de mim de um jeito muito fodido. Fiz de tudo para não descontar nas
pessoas as minhas frustrações, mas chegou um determinado momento que eu
não conseguia mais e minha família teve que se envolver. Passei por
aconselhamento, fiz várias artes marciais, até aprendi a tocar piano. Isso
mesmo, eu sei tocar piano! Ao lembrar do piano um sorriso escapa de minha
boca, pois quando estiver em casa com meu Luigi eu tocarei.
Preciso sair daqui o mais rápido possível para poder chegar até Luigi
para tirá-lo daqui. Não posso continuar separado dele, pois ele precisa de
mim. Para falar a verdade tenho certeza que eu preciso muito mais da
presença dele, ver se está tudo bem, tenho essa necessidade de tocá-lo. Abro
meus olhos e impulsiono meu corpo para frente e uma dor excruciante me faz
estremecer.
— Ei, não pense em sair dessa cama. — Viro minha cabeça e dou de
cara com Luna.
— Estou bem — faloi em um tom de voz rouca. — Cadê Luigi? —
pergunto encarando minha irmã.
— Deite irmão, você também não está muito bem. — Ouço a voz de
Enzo e viro minha cabeça a sua procura.
Enzo está sentado em uma poltrona no canto do quarto, vestido de terno
e totalmente formal. Procuro por mais alguém, e só posso ver Luna trazendo
um corpo com água na minha direção.
— Que inferno eu estou fazendo aqui? — pergunto em um tom
desgosto.
— Você teve uma pequena hemorragia interna, causada por uma costela
quebrada — Luna responde em um tom calmo e eu assenti.
— Eu não estava sentindo nada, não faço ideia do que aconteceu — falo
tentando me lembrar de alguma dor, mas nada vem a minha mente.
— Claro seu idiota, você sofreu um acidente de carro e depois quis dar
uma de exterminador do futuro — critica Enzo e eu reviro os olhos.
— Eu só quis proteger a minha família — falo um tom mais forte.
— Entendo isso, mas fazer coisas loucas não está no esquema — Enzo
diz e posso perceber que ele está chateado.
— —nzo… — Quando eu estou para falar com ele a porta é aberta.
Imediatamente assim que a porta é aberta, por ela passa minha mãe,
nonna Francesa e Luti. Mamma vem em minha direção e sem falar nada me
abraça forte e chora, me sinto bem por estar nos braços de minha mãe, essa
figura que tanto amo e tenho muito orgulho por seu filho, ela me beija a testa
e sussurra o quanto me ama. Logo após mamma se afastar nonna se aproxima
e me abraça também dizendo que não importa o que nós sempre superamos
os putos. Luti me dá um sorriso gentil e senta perto de Enzo.
— Vamos conversar meu filho, temos que resolver algumas coisas —
mamma diz e eu assenti confuso.
— Onde estão papai e Filippo? — pergunto curioso, pois é difícil ver
mamãe sem o papai e Filippo sem Luti.
— É estranho ver Filippo e papai largar o osso não é? — pergunta Enzo
rindo e Luti lhe dá um tapa no braço. — —Isso doeu!
— Era para doer mesmo seu abestalhado! — resmunga Luti e isso me
faz dar um pequeno sorriso.
— Você anda muito agressivo, Lippo é uma má influência para você —
reclama Enzo esfregando o braço.
— Quando você se apaixonar nós vamos ter essa conversa novamente
— Luti diz piscando para Enzo, que faz um cara de desgosto.
— De novo esse assunto sem cabimento? — Enzo pergunta indignado.
— Oh Zuco, eu não vejo a hora disso acontecer — Luna diz com graça e
Luti assentiu.
— Mamma e nonna tem que já ficar sabendo que eu e você estamos fora
de casamentos nessa família — Enzo diz e mamma cruza os braços.
— Você eu posso até entender, já que afirma que não vai se apaixonar
por ninguém. Mas Luna eu não vejo porque não — mamma fala e Luna olha
para Enzo com desafio gravado no seu rosto bonito.
— Eu também estou muito curiosa para saber por que eu não iria me
casar — Luna diz irritada.
— Eu entendi Enzo muito bem. Não existe casamento para você Luna,
você está muito nova e não tem marmanjo nenhum vai encostar suas mãos
imundas em você — falo presunçoso e Enzo começa a bater palmas.
— Não poderia falar melhor, Luc! — Enzo diz e Luna pega o meu copo
descartável e joga nele, levando todo mundo ao riso.
— Ah, calem essas suas bocas malditas! — Luna diz apontando para nós
dois.
— Ok, ok vocês crianças! Vamos falar sério agora — mamma diz
fazendo com que todos nós ficássemos calados.
— Respondendo sua pergunta anterior, seu pai e irmão estão
concertando as coisas com a polícia de Chicago. Seu pai não me deu muita
informação por telefone e diz que assim que possível vamos fazer uma
reunião familiar — diz mamma e eu afirmo.
— Não tinha dúvidas que a polícia iria se envolver nisso. Odeio lidar
com esses caras — falo suspirando alto.
— Verdade, a polícia pode ser uma dor na bunda — Enzo fala cruzando
os braços no alto da cabeça.
— Eu preciso sair daqui para ver Luigi, será que eu já posso sair? —
pergunto aflito e mamma suspirou alto.
— Essa é uma das coisas que eu quero falar com você meu filho. A
família de Luigi já está aqui e não está muito receptiva com a nossa família
— mamma fala e não posso deixar de ficar com raiva.
— Eles não podem simplesmente me impedir de ver o meu homem. Isso
está totalmente fora de cogitação — falo cerrando os dentes com força.
— O pior de tudo é que eles podem. — Luna respira profundamente.
— Preciso ser liberado daqui, tenho que ver Luigi. Por favor, mamma —
suplico para minha mãe e olho para minha avó.
— Você vai sair daqui Lucca, mas antes temos que falar com você —
nonna fala pegando minha mão.
— O que foi que aconteceu com você Lucca? E não adianta fazer essa
cara de desentendido porque você sabe muito bem o que eu estou
perguntando — fala mamma em um tom firme.
— Perdi o controle de minhas emoções, tudo bem!? Eu posso esperar
ver algum de vocês machucados ou até mesmo feridos, mas para Luigi isso é
novo. Ver Luigi sangrando desencadeou um Lucca que eu não gosto, o cheio
de agressividade bruta, repreensão, um Lucca que não consegue enxergar o
bom de dentro dele. Eu não sou esse cara, eu não posso ser e pronto. De todo
o coração eu só quero nesse momento ter uma vida com meu namorado, ter a
família que estamos esperando ter. Nada mais — desabafo tirando o peso de
mim.
— E você vai conseguir meu irmão — Luna afirma com carinho.
— Você não está sozinho, cara. Somos o que somos e nada vai mudar
isso. Vamos fazer você ter a vida que você quer, somos sua família — diz
Enzo aquecendo meu coração.
— E a nossa família cuida dos seus, você não vai permitir se
sobrecarregar desse jeito — Luti diz com compaixão.
— Eu sei e fico muito feliz em sempre tê-los ao meu lado. Sou um filho
da mãe sortudo — falo com graça e respiro fundo novamente.
— Senti falta dele não é mesmo? — pergunta Luna e eu assenti.
— Muita, o pior é que mal começamos a nossa vida juntos e tudo isso
tem que acontecer — respondo cabisbaixo.
— Aconteceu sim! E daí? Agora você tem que se reerguer e tirar seu
homem das mãos daquela víbora dos infernos — nonna diz com um olhar
assassino.
— Gianella já está aqui? Quanto tempo eu estive apagado? — pergunto
nervoso.
— Eu tive o desprazer de encontrar com ela nos corredores do hospital
uma vez e tive que controlar para não agarrá-la pelo pescoço. Ela me irrita —
mamma diz e nonna afirma.
— Você ficou apagado por quase dois dias — diz Enzo me causando
espanto. Puta merda! Dois dias? Isso é foda!
— Tenho que sair daqui e ver Luigi — digo sentindo meu coração
aperta. — Vocês sabem o diagnóstico dele? O médico fala com algum de
vocês sobre ele?
— Eu tentei meu filho, mas esse hospital tem uma regra muito rígida
sobre manter a privacidade dos pacientes — mamma diz docemente e ouvir
isso me causa irritação.
— Mas eu sou sua família, nós somos a sua família. Isso não está certo,
vou por esse hospital abaixo até eu conseguir vê-lo — falo entre dentes.
— Sim, nós somos a família de Luigi, mas infelizmente vocês ainda não
são casados e o contato de emergência de Luigi ainda são aquelas porcarias
de pais e você não pode fazer nada. Pelo menos não agora, use a porra da sua
cabeça — Enzo diz rudemente e encaro-o percebendo que o que me diz é a
mais pura verdade.
— E, além disso, se você for preso como é que poderá ver Luigi quando
ele acordar — Luna fala e uma tristeza muito grande toma conta de mim.
— Eu queria ser a primeira pessoa que ele fosse ver ao acordar —
murmuro com tristeza.
Pouco tempo depois um médico aparece no meu quarto fazendo todas as
perguntas chatas que um médico deve fazer. Quando ele diz que pretende que
eu fique em observação por mais dois dias, fico louco. Porra nenhuma! Não
irei ficar nem mais um minuto nesse maldito quarto. Mesmo sobre seus
protestos e dizendo que eu devo assinar um documento para minha liberação,
consigo me livrar de toda essa merda.
— Pronto para ir para casa? — mamma pergunta e nego com a cabeça.
— Impossível eu sair desse lugar sem antes ver como Luigi está — falo
com terminação.
— Como você pensa em fazer isso? — Luna pergunta chamando minha
atenção.
— Vou tentar encontrar a enfermeira que está cuidando dele e fazer o
que for para conseguir nem que seja cinco minutos com ele. — Levanto da
cama com ajuda de nonna.
— Vamos te ajudar com isso — Luti diz com um sorriso reconfortante.
— Grazie, tu sei il migliore (Obrigado, vocês são os melhores) — falo
olhando para eles.
Vou para o banheiro que tem no quarto e faço minha higiene. Debaixo
da ducha quente fecho meus olhos para tentar relaxar um pouco, meu corpo
está cheio de tensão. Tudo que preciso é resolver minha vida de uma vez por
todas, preciso descobrir o nome do bastardo que quer me ver morto com
muita urgência, e assim que pôr minhas mãos nele não irá sobrar nada. Antes
de qualquer coisa tenho que ter Luigi ao meu lado, sua família no meu
caminho, não é uma opção. Ninguém, ninguém deve ficar no meu caminho,
sou forte o suficiente para esmagar quem se atrever.
Termino o banho, me visto com uma calça de moletom preta e uma
camisa branca da liga da justiça. O quê? Não me olhem assim, eu sou um
pequeno bastardo que gosta de super-heróis. Saio do banheiro e lá só
encontro minha mãe e nonna, pergunto a elas pelos outros e somente dão de
ombros. Aí tem coisa! Depois de assinar as papeladas para minha liberação,
saio do quarto pronto para ver como faço para ver Luigi. Chegando no
corredor vejo Christian de prontidão para efetuar minha segurança.
— Fico feliz que o senhor esteja bem, senhor Aandreozzi — diz
solenemente e eu lhe dou um tapinha no ombro.
— Você é um amigo Chris, já diz nada de formalidades — falo e ele
assenti sem deixar sua posição formal. — Teve notícias de Daren?
— Sim, Daren não teve nada muito preocupante, só algumas escoriações
é um machucado na perna — fala me tranquilizando.
— Isso é bom, não tenho a intenção de perder mais nenhum de vocês. A
perda de Scott ainda está fresca na minha memória — falo com firmeza e ele
confirma.
— Fique tranquilo Lucca, todos os seus homens estão bem e prontos
para seus comandados — Christian diz me deixando mais aliviado.
— Teve notícias dos homens que coloquei para ver como está Samantha
e a avó? — —A respiração profunda de Chris me fez entrar em alerta.
— As notícias não são muito boas não Lucca. Soube que a senhora
O'Brien não anda muito bem de saúde e a menina não está saindo de casa
nem para ir à escola — Christian diz com uma expressão preocupada e eu
posso entender o porquê.
Scott e Christian eram amigos, não sei o grau dessa amizade, mas eles se
davam muito bem. E a preocupação pela família dele é admirável, pois tenho
certeza que ele lá no fundo se sente tão culpado quando eu pela morte
daquele homem, pois foi uma perda inesperada. Ainda consigo ouvir as
palavras sussurradas dele ao me pedir para cuidar de sua família, e saber o
que está acontecendo me mostra que eu também estou falhando com Scott e
isso não pode acontecer. Eu não sou um homem de falhas, sendo assim irei
resolver isso assim que possível, antes que o pior aconteça.
— Amanhã iremos à casa da família O'Brien. Temos que ver como vão
às coisas por lá — digo com uma expressão séria e ele afirma.
— Lucca, um dos capangas de Ricco Chavéz me ligou — Christian diz
aumentando minha curiosidade.
— O que inferno ele disse? — pergunto franzindo o cenho.
— Ele diz que Chavéz já tem aquilo que você quer. — Ao ouvir isso
meu corpo enrijeceu.
— Isso é muito foda de bom, vamos hoje à noite consegui algumas
respostas para mim — falo determinado e sinto uma mão segurar meu braço.
— Você ainda está machucado e não deve ir a parte alguma, filho —
mamma diz e eu acaricio sua mão.
— Vou ficar bem mamma, eu preciso saber quem é — falo olhando nos
seus olhos. — Não se preocupe, pois irei junto com meus irmãos — digo para
aliviar sua preocupação.
Me viro para sair, mas antes que eu desse mais um passo sou impedido
de sair. Não contive o susto e viro abruptamente. Arregalando os olhos logo
em seguida.
— Você n… não vai enfrentar iss... isso sem mim. Somos um… uma
equipe — Luigi diz com a voz cortada abrindo os olhos devagar fazendo meu
coração bater mais forte. Oh Deus, eu não posso acreditar que o meu Luigi
voltou.
Eu conseguia ouvir a voz de Lucca me pedindo para voltar, falando o
quanto me amava e tudo o que eu pensava era que eu o amava também e que
não estava entendendo o porquê que sua voz saia baixa e triste. O meu Lucca
é cheio de vida, ele tem uma luz brilhante que encanta as pessoas que tem a
honra de tê-lo por perto. Mas sempre que eu tentava despertar o cansaço
tomava conta de meu corpo e eu acabava dormindo. Algumas vezes que eu
achava que estava voltando à consciência, eu imagine estar ouvindo a voz de
descaso e desdém de minha mãe. Espero que tenha sido somente a minha
imaginação, pois às coisas que eram sussurradas no meu ouvido não eram
coisas agradáveis.
Como por exemplo, ela falava como era degradante me ter como filho,
que preferia me ver morto do que a grande decepção que sempre fui na sua
vida e na de meu pai. Que minha bastardinha não deveria nascer, ou que eu
deveria mesmo perder a minha memória para ela fazer de mim o filho que
sempre sonhou. O filho que daria gosto de exibir com prazer ao mundo dos
negócios. Eu já estou acostumado a ouvir certas coisas vindas de minha mãe,
mas ela mexer com Lucca e o bebê isso eu não poderia tolerar.
Sempre que eu tentava abrir meus olhos eu voltava à inconsciência, mas
eu sabia que precisava me esforçar um pouco mais e voltar para Lucca. Ele
precisa de mim, assim como eu preciso dele, por isso ao sentir sua presença
novamente eu tento e finalmente consigo. Lucca tem que saber que ele não
está sozinho e que eu farei tudo que estiver ao meu alcance para estar perto
dele. Agora eu estou acordado e olhando para o homem que amo, vendo ele
com a maior cara de surpresa, que se eu tivesse meu celular tiraria uma foto
para rir depois.
— Você acordou! Você voltou para mim — sussurra Lucca com uma
expressão de pura felicidade. — Eu preciso chamar Helena!
— Espere, por favor — falo com dificuldade e ele me encara franzindo
os lábios.
— Não podemos esperar amor, porque daqui a pouco os médicos podem
vir e me encontrar. Na verdade, eu nem deveria estar aqui — fala e eu posso
sentir sua irritação no tom de voz.
— Por quê? — Minha voz está saindo irreconhecível até para mim.
— Porque sua família é uma família de bosta e a enfermeira que me
ajuda para te ver pode se dar mal — fala Lucca descontente.
— Não vá! — Tento levantar, mas eu estou me sentindo muito cansado.
— Deixe-me chamar por Helena, acalme-se que tudo vai ficar bem —
Lucca diz com calma me fazendo respirar fundo.
— Amo você — falo e ele sorri largamente, se abaixando para beijar
meus lábios rachados.
— Eu porra amo você muito mais, Pierri — responde ele com uma
expressão de alívio e amor.
Lucca vai até a porta e faz sinal para alguém, poucos segundos depois
uma mulher aparece, ao ver que estou acordado ela arregala os olhos e abre
um grande sorriso. Ela olha para Lucca com um olhar conhecedor e fala
algumas coisas rápidas com as mãos gesticulando. Fecho meus olhos para
descansar um pouco, pois eu me sinto cansado de um jeito que nunca estive
na vida. Sinto uma mão tocar meu rosto e ao abrir os olhos meu Lucca está
me encarando com uma expressão cautelosa e aflita. Tento sorrir para
acalmá-lo, mas sinto que não consegui sorrir direito.
— Pensei que eu estava delirando e você não tinha acordado — diz ele
com o cenho franzido. — Essa aqui é Helena, ela vai cuidar de você e chamar
os médicos. Por favor, não durma.
— Vá agora e aproveite que o corredor está vazio — fala a enfermeira
com Lucca que continuou a me olhar. — Vá, por favor, se alguém te ver aqui
eu perco o emprego.
— Tudo bem, eu vou. Droga! Eu não quero ir, mas eu vou — diz e antes
de virar para porta ele piscou e solta um beijo, fazendo a enfermeira dar uma
risadinha.
— Olá senhor Pierri, eu sou Helena sua enfermeira. Eu vou dar uma
olhada em você e chamar o médico — diz ela apertando alguns botões nas
máquinas irritantes.
— Quero Lucca aqui — digo tentando minha voz sair com firmeza, mas
é impossível.
— Vocês se amam muito, não é? Eu vi o modo que ele ficou quando
você entrou em coma, fiquei me sentindo mal e tentei fazer ele te ver um
pouco. Mas sua família não permitiu a entrada dele aqui — diz ela
distraidamente e meu coração começou a bater forte de agonia. — Ei, se
acalme, por favor. Sinto muito, eu não deveria falar essas coisas com o
senhor. Se acalme ou o médico vai querer te sedar.
— Tudo bem, obrigado — falo e ela sorri para mim.
— Não há o que agradecer. Eu vou chamar o médico agora — fala e eu
assenti.
O que a enfermeira me fala fica martelando na minha cabeça, me
causando dor. Imediatamente a razão vem a mim e as vozes que eu pensei ser
ilusão realmente são reais. A minha mãe está aqui e impediu Lucca de me
ver. Como ela pode fazer isso com ele? Não posso imaginar as coisas que ele
passou e sentiu por não poder ficar comigo, pois se os papéis fossem
invertidos eu não estaria nem um pouco bem. Um homem de cabelos
grisalhos entra pela porta sendo acompanhado com a enfermeira Helena.
— Fico feliz em finalmente o ver acordado, senhor Pierri — diz o
médico com um sorriso que não é correspondido por mim. — Como está se
sentindo?
— Posso dar um pouco de água ao paciente, doutor Hall? — pergunta
Helena e eles ficaram conversando entre si. Assim que ele afirma, ela traz um
pouco de água para mim. Fico imensamente agradecido, pois minha boca está
muito seca.
— Obrigado, Helena — falo e ela ficou vermelha. — Estou bem, mas
estou cansado.
— Esse cansaço que você está sentindo é muito normal, mas preciso de
você acordado para que eu possa fazer alguns exames. Será que você pode
fazer isso? — pergunta o doutor Hall e eu afirmo.
— O que aconteceu comigo? — pergunto e ele respira fundo antes de
falar.
— Bem, você levou um tiro na perna, isso você lembra, certo? —
perguntou e eu afirmo com a cabeça. — A bala atingiu sua artéria femoral,
mas foi uma pequena laceração nada de muito alarmante só que isso
desencadeou uma grande perda de sangue. O que me preocupa são seus
músculos da perna, mas isso é uma preocupação para mais tarde. Você teve
um acidente de carro também — fala ele e eu fico confuso, isso eu não
lembro.
— Eu não me lembro disso — falo e ele assenti.
— Isso é totalmente normal, não se preocupe por não lembrar. Com o
acidente você teve uma pancada forte na cabeça que formou um inchaço,
sendo assim preferimos te sedar para que esse inchaço desaparecesse sozinho
— explica e no final sorri.
— Helena o prepare para podemos levar para os exames — diz o médico
e a enfermeira assentiu.
E com isso eu passei por diversos exames que me fez sentir mais
cansado do que eu já estava. Luto contra o sono que queria me levar de
qualquer maneira. Fui cutucado, furado, tive luz chata nos meus olhos, tudo
isso sendo acompanhado por uma grande é chata equipe médica. Eu me
sentia cansado, somente a minha coxa que está bastante dolorida. Ouço os
médicos que estão averiguando a minha coxa sussurrar que talvez eu precise
de muita fisioterapia. Ao chegar ao quarto a enfermeira Helena me dá um
sorriso de desculpas que eu acho engraçado.
— Vou mandar chamar sua família para que eles possam ficar com você
no quarto — diz o médico e eu entro em alerta.
— Lucca! Chame Lucca — falo e o médico me olha sem entender.
— Mas a sua mãe… — Ele começa a falar, mas o meu coração começa
a bater muito forte de pura irritação e o médico olha para os aparelhos
alarmado.
— Senhor Pierri, se acalme, por favor. Está sentindo alguma coisa? —
diz médico vindo ouvir meu coração. Mas eu seguro sua mão.
— Minha família é Lucca Aandreozzi — falo com firmeza e o médico
me olha assustado.
— Tudo bem, se acalme. Terei que te sedar — fala fazendo sinal para
Helena que me olha com aflição.
— Eu quero Lucca aqui! — falo nervoso e o vejo preparar uma
medicação. — Não!
— Isso é para o senhor descansar um pouco, não se preocupe com nada
— diz o médico e eu começo a balança a cabeça negativamente. Mesmo
assim ele aplica o sedativo
— Lucca! — falo um pouco mais sonolento. — Por favor — digo meio
embolado.
— Quem é esse Lucca, Helena? Ele está aqui no hospital? — Ouço o
médico falar com a enfermeira, mas meus olhos já estão ficando pesados.
— Ele é o seu parceiro, doutor. — Ainda consigo ouvir Helena falar,
mas tudo está a ficando distante e não consigo ouvir mais nada, porque tudo
fica escuro novamente.
Acordo ao som de vozes alteradas no quarto. Tento abrir os olhos, mas a
claridade me faz fechá-los rapidamente. Reconheço as vozes sendo a de
Lucca e minha mãe, mas outra voz me chama ainda mais atenção, que é a de
Matteo meu primo ridiculamente degradante que me odeia. É claro que o
ódio é mútuo, pois esse filho da puta é um pomposo sem noção e só por ele
está dividido o mesmo ambiente que o meu namorado me faz querer ter
forças para levantar dessa cama é quebrar sua cara inteira, para não sobrar
nada de útil para contar história. Fodido desgraçado! O que diabos esses dois
fazem aqui.
— Luigi! — diz Lucca assim que vê meus olhos abertos. — Quer
alguma coisa, querido? — pergunta ele cautelosamente.
— Água, por favor — peço e ele assenti.
— Luigi meu filho ainda bem que você acordou, finalmente poderia
levar você para casa e cuidar de você — diz minha mãe com todo o seu tom
de autoridade, mas eu ignoro.
— Primo querido, finalmente você acordou. Não sabe como sua mãe
ficou preocupada com seu bem estar — diz Matteo com seu melhor tom
sínico.
Direciono meus olhos para as duas pessoas que não deveriam estar aqui
e uma onda de raiva e ódio toma conta de mim. O rosto de desdém de Matteo
me tira do sério, desde criança ele nunca suportou a ideia de me ter por perto.
Nunca entendi o motivo dele me odiar tanto, mas não posso fazer nada por
ele, já que eu o odeio com a mesma intensidade. Continuo a olhar seriamente
para essas figuras e viro para olhar para Lucca que se aproxima com um copo
contendo um canudo.
— Aqui está querido, você quer que eu me livre disso? — pergunta se
referindo a minha mãe e primo. Lucca está sorrindo lindamente para mim e
seu sorriso faz meu coração bater forte pelo amor que sinto por ele.
— Obrigado por estar aqui — falo e vejo a emoção passar por seu rosto
e ele sorriu.
— Eu nunca, nunca estaria em um lugar diferente. Sou seu, bobo! — diz
me dando uma piscadela marota.
— Já disse que quero você bem longe do meu filho, ele está voltando
comigo para Roma — diz minha mãe com um tom irritante.
— Não! Eu quero você e esse seu capacho bem longe de mim — falo
com toda firmeza que consigo junta no meu corpo.
— Você não pode falar assim com sua mãe e comigo. Saímos da Itália
para ficar aqui velando seu corpo quase morto — diz Matteo com uma
máscara de ódio.
— Nunca pedi para que isso acontecesse, eu preferia a morte a ter que
lidar com vocês — falo com raiva e sinto a mão de Lucca no meu ombro.
— Não diga isso amor, por favor. Eu estou aqui, sempre estive com
você — Lucca diz em um tom baixo e eu afirmo.
— Vocês não são e nunca vão ser a minha família. Eu lembro cada
palavra sussurrada que vocês dois falaram no meu ouvido enquanto eu lutava
para voltar a consciência. Cada pedido pela minha morte, e que algo
acontecesse para que eu perdesse a memória. Tudo de ruim que vocês
falaram ficaram guardados no meu subconsciente. Mas eu vou ter que dizer
que sou forte. Eu sou a porra de um homem forte que sabe lutar por sua vida.
— Parei de falar para recuperar o fôlego.
— Seus filhos da puta! Eu não acredito nisso, eu deveria… Dio! —
Lucca diz e minha mãe solta um som ofendido e Matteo fica calado.
— Isso é coisa de sua cabeça, você sempre foi propício a drama — diz
Matteo me causando mais raiva.
— Saiam daqui! Sumam da minha vida, esqueçam que eu existo. Sei o
que é bom e hoje em dia eu posso dizer que eu sei o que é ter família e vocês
não se classificam como nada — falo olhando com ódio para eles. — Vocês
não tinham o fodido direito de me privar da minha família.
— Que família? Eles mais cedo ou mais tarde vão perceber o inútil e
descartável que você sempre foi — diz mãe despejando seu veneno.
— Isso você está enganada, sua cadela sem coração. Descartável e inútil
são qualidades que somente você e esse projeto de homem são. Sumam
daqui! Fora desse hospital, fora dessa cidade, fora desse país. Sumam da
porra das nossas frentes — Lucca diz em um tom frio.
— Você ainda vai me pagar pelas coisas que está me dizendo — diz
Gianella.
— Chega de conversa! Saiam daqui, vocês não são bem-vindos! — falo
me sentindo exausto.
— Isso mesmo, saiam daqui ou preferem que eu chame os seguranças?
— pergunta Lucca com ar de riso e minha mãe o olha gotejando ódio.
— Você sempre foi e sempre será um drogado que sempre vai precisar
de ajuda para ser alguém — diz Matteo e Lucca com alguns passos já está a
na sua cola.
— Poderia pedir para você repetir o que diz, mas isso vai poupar tempo
para nós dois — Lucca fala de modo louco e sombrio.
— O que você… — Matteo para de falar, pois suas costas batem na
parede pelo soco muito forte que Lucca lhe dá. Gianella grita, mas a sua
figura não me interessa.
Puta merda! O meu namorado bate muito bem, eu não consigo desviar
os olhos da leveza dos seus movimentos. Os olhos de Matteo arregalam
quando sente o impacto forte de suas costas na parede e ao ver Lucca avançar
na sua direção ele tenta se erguer, mas é tarde Lucca lhe dá dois socos no
rosto e mais dois nas costelas fazendo Matteo se curvar. Meus próprios olhos
se arregalam ao o ver puxar sua arma da cintura e aponta para testa de meu
primo.
— Solte meu sobrinho seu bandido! Vou chamar a polícia — grita
minha mãe e imediatamente a porta é aberta por Christian e Daren.
— Sugiro que não faça isso senhora — diz Christian tomando o celular
de minha mãe.
— Você não sabe do desejo louco que tive de fazer isso no dia que nos
conhecemos — Lucca fala de modo baixo e daqui vejo Matteo tremer de
medo. — Você é um inseto desagradável e sabe o que fazemos com insetos?
Sim, nós matamos! Dizem que eu sou meio louco, será que você quer ter
certeza se sou ou não? — pergunta Lucca e Matteo nega, vejo sua testa
começar a suar.
— —Então estamos conversados! Agora fora daqui, saiam da porra da
minha frente. — —Lucca guardou a sua arma e juro que eu achei tão incrível
a sua postura que fez meu pau ficou estremecer querendo ganhar vida.
— —Quer que nós os levemos até a saída? — pergunta Christian e
Lucca vira sorrindo para mim.
— Isso seria muito prestativo de sua parte. Não seria, amor? — pergunta
Lucca para mim e eu sorrio de lado afirmando.
— Esqueçam que eu existo, pois eu nunca lembro que vocês já cruzaram
minha vida — falo com firmeza e vejo Matteo sair da parede e ir de encontro
à minha mãe que antes de sair me olha com ódio e uma promessa no olhar.
Observo minha mãe e Matteo sair do meu quarto, quando a porta é
fechada eu posso respirar aliviado sem ter a presença desagradável deles.
Fecho meus olhos por um momento, pensando em tudo para que foi dito por
eles e a única coisa que eu consigo sentir é indiferença. Tudo o que eles
falaram de ruim, não era nada de diferente que eu cresci ouvindo.
— Você está bem, Lui? — pergunta Lucca com cautela.
— Sim, eu sinto muito que você tenha que passar por essas coisas
desagradáveis — falo olhando nos seus olhos e ele nega.
— Não Lui, eu que não deveria aparecer que nem um louco dessa
maneira — siz ele em um tom baixo.
— Não seja ridículo, eu achei sexy como um pecado — confesso e
Lucca cai na risada.
— Oh meu caro, eu sou sexy de qualquer maneira. Porra eu sou lindo!
— diz ele fazendo uma dancinha que me faz rir.
— Sim, miele, você é muito, muito lindo — falo sorrindo ele sorri, mas
seu sorriso se apaga.
— Eu juro que estava começando a enlouquecer por não poder ficar
perto de você. Luigi você não tem noção de como senti vazio — fala
intensamente e eu respiro fundo.
— Não posso imaginar, na verdade eu posso. Porque se isso acontecesse
com você e sua família não me deixasse ficar com você eu não saberia lidar
— falo e ele nega rapidamente.
— Minha família nunca faria uma coisa tão absurda dessas. Eles sabem
o quanto nos amamos — Lucca diz e eu confirmo.
— Essa família Aandreozzi é única — falo e a porta é aberta.
— Não estou com vontade de esperar por resposta, por isso eu já vou
entrando logo — diz nonna tirando os óculos escuros. — É bom te ver
acordado, meu neto — diz ela sorrindo para mim.
— É bom está acordado também nonna, e ainda por cima ter o prazer de
ver você — falo e ela dá uma risada gostosa.
— Tão galanteador, nem parece que estava no sono dos mortos. Por isso
que Lucca o ama tanto — diz nonna me fazendo rir.
— Nonna não fale essas coisas. Sono dos mortos, mesmo? — diz Enzo
entrando no quarto junto com Luna.
— A boca é minha e eu falo o que quiser — resmunga nonna fazendo
eu, Lucca e Luna rir.
— É bom te ver melhor meu cunhado, você fez falta — Luna diz vindo
até mim e me dando um beijo na testa.
— Agora estou de volta — falo sorrindo para ela.
— Bem-vindo de volta Luigi, agora não teremos mais que subornar a
enfermeira — Enzo diz me deixando confuso, mas os outros riem. — Mas
sério é sempre bom à família ficar completa novamente.
— Cadê a cadela mãe? Eu pensei que iria encontrá-la aqui para lhe dar
uns tapas — diz nonna olhando para os lados.
— Eles acabaram de sair daqui — diz Lucca fechando a cara.
— E espero que não voltem — falo e todos assentem.
Lucca começou a contar que não aguentou e bateu em meu primo
Matteo, o que faz Enzo rir porque ele diz que meu primo tem cara de quem
não aguenta um vento forte no corpo. Ficamos conversando por um tempo até
eles ficam me atualizando das coisas que eu perdi por estar dormindo por um
tempo. Quando Lucca diz que ganhou um cachorro de Luti e as crianças, me
sinto empolgado para poder conhecer o pequeno furacão que irá trazer alegria
nossa pequena família em formação.
— Não, você não vai querer conhecer aquele pequeno demônio. Ele
destruiu minha cueca nova — fala Enzo irritado e Luna olha para ele
indignada.
— Deixe de pôr a culpa em Loki, você deixou a porta do quarto aberta
porque quis — diz Luna e Enzo olha para ela ofendido.
— E pare de reclamar que você roubou uma cueca nova de Filippo —
diz Lucca caindo na risada.
— Deve ter ficado folgada, porque o Ursão tem uma bunda muito
grande — diz nonna rindo.
— Filippo e eu temos o mesmo corpo — resmunga Enzo e todo mundo
ri.
— Acho que rolou uma pequena mentira aqui — nonna fala ainda rindo.
Me vejo parando de rir e olho para cada um presente no quarto, o único
sentimento que eu posso sentir nesse momento é a felicidade de poder estar
vivo e fazer parte desse ciclo de pessoas maravilhosas. E sendo amado pelo
homem incrível que é Lucca Aandreozzi.
PARTE 1
Depois de quase duas semanas no hospital internado, Luigi está
finalmente em casa. A demora da sua recuperação foi por sua perna, como
não entendo muito bem termos médicos, vamos ver se consigo dizer o que
estava acontecendo. O tiro que Lui levou na coxa acabou danificado a sua
musculatura, depois de muitos exames e testes foi constatado que ele tinha
que passar por mais uma cirurgia para ver se conseguia dar um jeito em
alguns ligamentos do músculo de sua coxa. Depois da cirurgia e mais alguns
dias de molho ele começou a fazer fisioterapia, mas daí ele já começou a
querer vir para casa.
Luigi ficou chateado quando o médico disse que ele poderia vir a usar
uma bengala por algum tempo, mas para mim, o que importa é que ele está
finalmente em casa, no nosso conforto. Com a autorização do médico, Luigi
contratou o fisioterapeuta que já está trabalhando no seu caso há um tempo.
Agora eu sinto que posso respirar um pouco mais aliviado por saber que ele
está bem e vivo, o mais importante para mim é saber que ele está vivo.
Sempre vou repetir que o momento que ele ficou em coma, sobre os
“cuidados” da sua família infame, foram os piores dias de minha vida.
Com Luigi em casa ele pôde finalmente conhecer Loki. E o sorriso dele
ao ver o vilãozinho é lindo demais, o danado do filhote de cachorro fica todo
derretido com os carinhos de Luigi e não quer mais sair de perto. Com ele de
licença da empresa para sua recuperação, Luigi passa muito mais tempo em
casa reclamando que quer voltar a trabalhar, mas eu não sou louco de deixá-
lo fazer isso. Falando em deixar fazer ou não fazer estamos no meio de uma
pequena discussão porque eu vou viajar para Washington, D.C. para ter uma
conversa bem satisfatória com o senador Antony White.
— Você não pode simplesmente viajar sozinho e me deixar aqui — diz
Luigi irritado e eu respiro fundo.
— Luigi eu vou te falar pela última vez que eu não vou estar sozinho.
Enzo e Luna vão estar comigo — repito novamente para ver se ele consegue
entender.
— Você já me diz isso, mas eu ainda me preocupo. Tenho que estar lá
para saber que tudo vai sair bem — reclama ele com um tom de voz forte.
— Isso não está acontecendo Lui, você ainda está se recuperando e eu
não posso permitir que você se machuque — falo com a expressão séria, mas
meu tom de voz saiu controlado.
— Lucca eu sei das minhas limitações, e sei que eu posso ir com você
— diz Luigi irritado, e eu não sei se soco sua cara linda ou lhe dou um beijo.
— Você ainda está em recuperação, amor. Deixe de ser cabeça dura. —
Tento não sorrir, mas é impossível e isso o deixa mais irritado ainda.
— Posso saber por que você está rindo? — pergunta cerrando os olhos.
— Oh minha foda! É claro que estou rindo de você — falo sorrindo e ele
levanta as duas mãos para cima.
— Sério isso Lucca? Eu aqui preocupado com você indo fazer sei lá o
que com o senador. Porque até agora não sei o que você e seus irmãos vão
fazer — diz na defensiva e eu que estava de pé me sento ao seu lado na cama.
— Sinto muito, mas você tem que entender que você lá pode me deixar
muito nervoso e eu não serei capaz de não me preocupar caso as coisas não
saiam como eu estou planejando — digo e ele desvia os olhos, mas faço
questão de virá-lo para mim novamente.
— Eu também sinto muito, só que ficar aqui sem fazer nada enquanto
você vai ficar cara a cara com o homem que está tentando te matar — diz
derrotado.
— Eu entendo muito bem, enquanto eu estiver fora não vou conseguir
ficar tranquilo — respondo ele segura minha mão.
— Por favor, só não mate o senador a sangue frio, pois eu não quero te
ver preso — diz me fazendo cair na risada.
— Se eu me deixar ser preso acho que mamma e babo me matam — falo
rindo o fazendo cair na risada também.
— Tem certeza que não quer esperar Filippo vir também para estar à
máfia Aandreozzi toda junta? — diz em um tom de brincadeira e eu nego.
— Não, eu não posso deixar isso adiar mais. Quando eu for me
encontrar com o outro filho puta, vou querer estar com todo mundo — falo
entre dentes e ele afirma.
— Não seja louco de se deixar ser pego pela CIA, FBI, Serviço Secreto
e seja lá mais o que — Luigi diz preocupado.
— Já disse que não vou matar o senador — falo rindo. — E quem vai ter
um encontro com a justiça será o próprio White — digo fechando minha
expressão.
— Quando você chegar vai ter que cozinhar feijão, arroz, bife e batata
frita para mim — resmunga Luigi cruzando os braços.
— E eu lá sei fazer comida brasileira? — pergunto ele dá de ombros.
— Você me deve Lucca, eu me sento um inválido — resmunga e peço a
Deus para ter paciência com esse carrancudo.
— Eu tenho vontade de te enforcar — falo rindo ele estreita os olhos.
— Você não faria isso, além disso, você vai cozinhar para mim — diz e
eu balanço a cabeça confirmando.
— Eu cozinho tudo que eu você quiser — respondo beijando sua boca
gostosa que tanto senti falta.
O nosso beijo vai ficando mais quente, quando dou por mim eu estou
praticamente em cima de Luigi em um emaranhado de línguas e mãos
passeamos por todas as partes do nosso corpo. Minha vontade é tirar toda sua
roupa, passar minha língua bem vagarosamente por todo seu corpo bronzeado
e gostoso. Quando a mão de Luigi aperta meu pau eu não consigo segurar o
gemido que escapa de minha garganta, esse gemido é rouco, sofrido e
saudoso. Minha necessidade de estar no seu traseiro apertando é muito, muito
forte.
— Lui, você sabe que nós não temos certeza se podemos fazer isso —
falo sentindo seus dentes afundarem no músculo do meu ombro.
— Não ouse me dizer mais o que fazer, eu quero você. Eu preciso de
você! — diz com firmeza e isso só faz minha excitação aumentar.
— Oh Deus! Eu vou explodir! Ahhhhh... — falo nervoso e ele ri
baixinho.
— Vamos lá amor, eu vou ficar quieto e você faz todo o trabalho, mas
eu preciso sentir você dentro de mim — ele fala puxando minha cabeça para
baixo e me beijando com mais vontade.
— Faz tanto tempo que estou com medo de te machucar — falo entre
beijos e ele nega.
— Você nunca iria machucar, sou forte e posso aguentar tudo que você
estive disposto a me dar — Luigi diz fazendo meu pau endureceu mais ainda.
— Você não sabe o que está pedindo — falo em tom de aviso.
— Porra vamos lá, me dê tudo! — ele pede e eu engoli em seco.
— Tire sua cueca e deitei atravessado na cama — peço e ele faz assim
como eu mandei, mais com cuidado com sua coxa lesionada.
Tiro minha cueca e ao me ver nu com o pau duro apontando para frente
Luigi geme descendo a mão para apertar o seu próprio pau. Puxo seu corpo
para deixar sua cabeça um pouco pendurada para fora da cama, percebo que
ele me encara com o olhar conhecedor e como um bom namorado tarado que
é ele abre sua boca esperando somente minha vontade para acomodar meu
pau na sua boca gulosa.
— O que você acha de um belo 69? — pergunto em tom de voz rouca
ele confirma com fogo no seu olhar.
— Vamos lá, me dê isso. Eu disse que estaria a sua mercê —
confidencia Lui me deixando ainda mais com vontade.
Me aproximo dele para ficar na posição correta, mas antes que eu
pudesse me acomodar direito, ele me puxou com tudo colocando sua boca
quente ao redor do meu pau. É impossível segurar o gemido, pois o meu Lui
está cheio de fome, uma fome que só eu, seu homem, pode saciar. Sem
querer ficar para trás cavo minhas mãos até sua bunda dura e musculosa
apertando com força enquanto eu chupo seu pau grosso e delicioso. Meus
quadris trabalham de forma involuntária a procura de mais prazer. Deus, isso
é fodidamente delicioso.
— Argh! Eu não vou aguentar por mais tempo, faz tanto tempo —
resmunga Luigi abafado pelo meu pau preenchendo sua boca.
— Goze bebê, goze que vou estar logo atrás de você — falo e com mais
algumas sugadas Luigi vem com tanta força que é impossível não me
engasgar um pouco. — Não vou segurar Lui — falo assim que seu pau sai da
minha boca. Gozo também com força e posso sentir minhas pernas
fraquejarem.
— Delícia! — essa é à única coisa que Luigi fala quando eu desencaixo
os nossos corpos.
Deito na cama puxando Luigi para mim, pensei que por hoje já me
sentiria saciado, mas eu estava enganado. Voltamos a nos beijar como loucos
e quando sinto meu pau voltar querer ganhar vida olho para Lui que assenti
mordendo os lábios. Vou até a gaveta e pego o frasco de lubrificante, mas ao
tirar uma camisinha meu namorado olha para ela com a testa franzida e nega
com a cabeça.
— Tem certeza? — pergunto com esperança.
— Sim, quero te sentir sem nada impedindo — responde e eu sinto meu
coração inchar no peito pela confiança ele está depositado em mim.
Não perco tempo e puxo a perna de Luigi com cuidado para que eu
possa ter mais acesso ao seu orifício rosado, que é só meu. O preparo com
todo carinho e cuidado que ele merece, fazendo questão de massagear sua
próstata para vê-lo chegar ao limite. Quando o vejo bastante relaxado começo
a penetrar e tenho que morder a língua para impedir que eu goze rápido.
Homem gostoso e meu! Comecei a bater com vontade no seu traseiro
apertando, Luigi fala coisas que não consigo entender e pede para que eu vá
mais forte.
— Mais! Porra mais forte! Ahhhhh… — diz cravando as unhas nas
minhas costas.
— Eu te dou o que você quiser! — falo aumentando a velocidade e a
força nas estocadas. — Goze para mim de novo Lui — peço descendo minha
mão até seu pau e começo a masturbá-lo.
— Oh merda! — diz antes de convulsionar molhando minha mão e seu
peito com a sua libertação.
— Agora é minha vez de preenchê-lo e marcá-lo como meu — sussurro
no seu ouvido e ao ouvi-lo gemer eu gozo deliciosamente no seu buraco.
— Te amo! — falo após recuperar o fôlego.
— Não mais que eu — responde com um sorriso sonolento.
Mesmo morrendo de sono puxo Luigi para fora da cama para que
tomarmos um banho rápido e voltar para cama. Ninguém merece acordar com
esperma seco no corpo. Depois de banhados, deitamos juntinhos nos
deixando levar por um sono tranquilo.
Acordo no dia seguinte pronto e relaxado para enfrentar o mundo. E
assim me sinto pronto para a minha viagem para Washington, D.C, meus
irmãos também estão com suas coisas arrumadas para me acompanhar. Após
o café da manhã, ouço mais algumas reclamações de Luigi que continua não
muito contente por eu ter que ir sem ele, mas eu lembro que ele precisava
levar Giovanna ao obstetra e só assim ele pode parar de resmungar pela
minha ida.
— Vamos cuidar desse maluco para ele não fazer besteira — diz Enzo
para Luigi que assenti.
— Eu não faço essas coisas, sou muito sensato — falo indignado.
— Se formos contar com a sua sensatez você estaria provocando um
atentado ao Capitólio — Luna diz rindo.
— Sigam com o plano de vocês e voltem com meu namorado sem estar
na cadeia — Luigi diz se apoiando na sua bengala.
— Fique despreocupado cunhado, não acontecerá nada demais —
responde Enzo e eu reviro os olhos.
Nos despedimos de todos, menos de nonna que está sei lá onde com
Lorenzo. Ela queria vir com a gente nessa viagem, mas eu pedi para que ela
fizesse companhia a Luigi e impeça-o de fazer qualquer sandice. Ele está se
recuperando e não pode ficar procurando coisa para se sentir útil, ou seja, lá
que merda ele esteja pensando. Já no jatinho ficamos passando todo o plano
que começamos a bolar desde o momento que descobrimos que o senador
estará em uma festa de gala muito importante, com todos os membros do
Capitólio e figuras públicas importantes que tenha dinheiro suficiente para ir
a um lugar desses e doar uma quantia exorbitante para o governo.
Algumas horas depois chegamos ao hotel que ficaremos hospedados por
algumas horas. Assim que nos instalamos Enzo pegou o Notebook para fazer
a chamada que Filippo está esperando. Pois é, meu irmão, controlador feito o
inferno, não pode deixar de estar presente por qualquer meio possível. Luna
tirou o sapato e se jogou na cama, eu fiquei sentado esperando Enzo nos
conectar com Filippo. Enquanto isso mando uma mensagem para Chris para
saber se ele e os outros se instalaram e a resposta é positiva. Trouxemos os
nossos homens para a nossa proteção, mas para que o plano dê certo não
podemos chamar a atenção, então hospedamos todos aqui para que
parecessem que são hóspedes como qualquer outro.
— Eu não estou gostando desse plano de vocês — resmunga Filippo
assim que atende na primeira chamada, ele está com cara de sono. Pela sua
falta de camisa e cabelo bagunçado é nítido que acabou de acordar.
— Você não estaria desconte se estivesse aqui, então acho melhor você
confiar em nós — diz Enzo revirando os olhos.
— Mesmo assim eu acho que isso é arriscado. Não quero ver minha
irmãzinha no meio dessa gente — diz Filippo irritado e Luna se irrita.
— Merda Lippo! Sei que você está preocupado comigo, mas eu sou tão
bem treinada quanto qualquer um de vocês. E isso para mim não é nada —
Luna retruca e Filippo respira fundo.
— Você tem certeza que esse cara que está te ajudando com
informações é confiável? — ele perguntou cruzando os braços.
— Ninguém que não seja do nosso ciclo é confiável, mas o dinheiro que
estou lhe dando é suficiente para poder fazer com que ele me dê o que eu
quiser — falo com uma expressão séria e Filippo afirma.
— No início também fiquei preocupado, mas esse plano está muito bem
encaminhado. Tudo vai dar certo, eu conversei com esse Jimmy e ele sabe
que não pode vacilar conosco — Enzo revela em um tom frio e nosso irmão
mais velho assenti.
Através de nossas investigações encontramos Jimmy Harris, que é um
ex-assessor do senador White. Fontes seguras revelaram que Jimmy
trabalhou com senador desde a época que ele se candidatou como deputado, e
quando o filho da mãe se tornou senador e a imprensa conseguiu descobrir
algumas das falcatruas que ele estava envolvido. O senador simplesmente
pulou fora na maior tranquilidade e deixou Jimmy como o principal
envolvido de todo o esquema. Isso foi péssimo para Jimmy, mas para mim
está sendo ótimo que estou usando a sua raiva ao meu favor.
— Me passem o plano novamente — ordena Filippo no seu melhor tom
mandão do caralho.
— Já te falamos umas três vezes — resmunga Luna e Enzo dá uma
risadinha.
— Isso é porque ele não se conforma de não estar aqui — Enzo diz
provocando Lippo.
— Se as pessoas que trabalham para mim não fossem tão incompetentes
eu poderia viajar tranquilo, mas o meu COO não trabalha mais aqui —
Filippo diz com ódio e eu caio na gargalhada.
— Não lamento por você, já que seu ex-diretor geral é meu agora —
falo debochado e Filippo bufa.
— Seu diretor e outras coisas. — Luna piscou para mim e eu lhe jogo
um beijo.
— O trabalho braçal e sexual dele é impecável — digo no meu melhor
tom sonhador e todos meus irmãos gemem em frustração.
— Bastardo! — Enzo e Filippo dizem no seu melhor tom enojado, mas
Luna continua a rir.
— Como diz nonna Francesa: Il sesso è la vita (Sexo é vida) — diz Luti
parecendo do mesmo modo descabelado e sonolento de Filippo, mas Luti
consegue ser fofo e Lippo um ogro.
— Não quis acordar você Bello, volte a dormir — diz Filippo puxando
seu marido para seu colo.
— E perder toda essa situação? Não, obrigado! — resmunga meu
cunhado e volta a olhar para a tela. — Como vai ser isso? — pergunta com
expectativa.
O plano é basicamente muito simples, mas qualquer erro ou mudança
nos hábitos do senador pode resultar em nada. Todos os eventos políticos que
consiste em uma festa de gala o senador sempre, sempre contrata uma
acompanhante de luxo. O homem já está tão acostumado a usar esse serviço
que nem procura mais saber quem ele contrata, o seu atual assessor é quem
faz isso. Com a ajuda de Jimmy conseguimos mexer os pauzinhos e fazer
com que Luna seja sua acompanhante essa noite. Coisa que eu e meus irmãos
odiamos no primeiro momento, mas a minha irmãzinha cabeça dura disse que
ela faria e pronto.
Desde o momento que eu soube sobre o senador White estava querendo
minha morte, começamos a trabalhar bem fundo para descobrir tudo que o
“respeitado” homem do povo está envolvido, e o que descobrimos é muito
bem apreciado para o início de seu fim. Mas eu não posso simplesmente
derrubá-lo e não o confrontar, por isso o papel de Luna é de grande
importância. Ela irá o seduzir para que o senador queira levá-la para o lugar
que ele sempre leva suas garotas. E como o filho da puta sujo sempre vai
sozinho sem companhia da sua segurança é nesse momento que nós vamos
nos encontrar e bater um papo legal.
— Luna é a nossa principessa, não quero imaginar ela seduzindo um
homem como esses — Filippo diz com uma carranca descontente.
— Pelo menos você não estará no mesmo ambiente, tendo que ver isso
ao vivo. — Enzo e eu estremecemos ao mesmo tempo.
— Deixem de ser uns idiotas, eu sou uma Aandreozzi e eu quero
derrubar o puto que tentou matar meu irmão assim como vocês — Luna diz
com raiva e determinação.
— Eu também concordo, vocês a treinaram muito bem e tenho certeza
que ela vai se sair muito bem e sem nenhum arranhão — Luti diz e Luna sorri
para ele.
— Você é o melhor cunhado! — Luna fala e eu faço uma cara de
ofendido.
— Deixe só Luigi saber de uma coisa dessas — falo e ela dá um tapa
dramático na sua testa.
— Como eu pude me esquecer que eu tenho os dois melhores cunhados
do mundo — dramatiza Luna me fazendo rir.
— Agora só falta Enzo arrumar uma cunhada ou um cunhado para vocês
— Luti diz com seu tom inocente e Enzo olha para ele sem entender.
— Por que tem sempre que ser eu? Já diz que isso não vai acontecer —
resmunga ele descontente deixando Luna e Luti rindo.
— Eu só quero que tenham cuidado. Todos vocês! — Lippo diz com
firmeza levando todos nós a seriedade.
— Pode deixar irmão, tudo vai dar certo — falo e ele assenti.
Conversamos mais algumas coisas e depois desligamos a chamada de vídeo.
Após falarmos com nosso irmão controlador, ficamos repassando toda a
segurança dessa noite para que nada dê errado. Hoje se inicia a queda do filho
da puta que acha que pode tentar me matar e sair impune. Isso nunca iria
acontecer, você definitivamente mexeu com o homem errado, senador.
PARTE 2
Ao cair da noite estamos todos vestidos para o nosso encontro com o
senador. Enzo e eu estamos vestimos impecavelmente com os nossos
smokings, eu como sou um namorado muito prestativo mando uma
mensagem para Lui, que fica toda hora me perguntando o que está
acontecendo. Sei que ele está preocupado e queria estar aqui, mas eu não
posso correr o risco de que algo aconteça com ele. Temos um plano muito
bem elaborado para que não ocorra nenhum erro, mas nunca se sabe se algo
possa a sair de errado.
Meus pensamentos são interrompidos com minha irmã saindo do
banheiro fan-porra-tástica. Luna está usando um vestido branco longo, com
um decote generoso que não a deixa vulgar, o vestido é elegante e sedutor ao
mesmo tempo, e em minha sorellina só fez destacar a beleza arrebatadora que
nós os Aandreozzi possuímos. Seu cabelo está penteado para trás de forma
que deixa seu lindo rosto em evidência, e seu batom vermelho escuro a deixa
com cara de mulher fatal. Porra estou começando a repensar esse nosso
plano.
— Isso não vai dar certo! Não vai porra dá certo! Luna, tinha que ser
esse vestido ousado desse jeito? — Enzo pergunta irritado e eu tenho que
concordar.
— Luna esse vestido… não vai dar certo! — falo entre dentes.
— Deixem de ser ridículos — responde com indiferença.
— E se ele te atacar? E se nós não conseguimos chegar até você a
tempo? — diz Enzo nervoso e irritado fazendo Luna fechar a cara.
— Minha parte do plano é seduzi-lo e levá-lo até o seu lugar de sempre,
se por algum acaso ele me atacar eu sempre posso lhe atacar com mais força
— diz Luna expondo sua perna direita mostrando que tem uma adaga presa
na sua cinta liga branca.
— Oh Dio! Ainda tem essa abertura, como não vimos antes? —
pergunta em sofrimento.
— Lindo vestido, não é? Mamma que mandou, foi feito especialmente
para mim. E a adaga foi nonna que me deu, diz que quem indicou foi um
amigo dela que é especialista em facas — diz minha irmã contente.
— Quem é esse amigo de nonna? Será que conhecemos? — pergunta
Enzo me encarando e eu dou de ombros.
— Ela diz que é um grande amigo dela — responde Luna e eu continuo
sem saber.
— Nunca vi nenhum amigo de nonna assim — diz Enzo pensativo
— O único amigo de nonna que eu conheço é Andrea — diz minha irmã
e eu nego com a cabeça.
— O gerente da boate de nonna não parece um cara que seja um
especialista em faca. Ele tem cara de anjo — falo pensando no absurdo e
começo a rir.
— Não conheço esse sujeito e também pouco me importa. Quero saber
onde está a sua arma — pergunta Enzo com a expressão séria a nossa irmã.
— Está na minha outra perna seu chato — responde Luna revirando os
olhos e nós assentimos.
— Eu também nunca o vi pessoalmente, mas isso é assunto para outra
hora — falo sério e eles assentiram.
Luna sai primeiro já que o assessor do senador virá buscá-la. Enzo e eu
saímos depois de nos comunicamos com os nossos homens, Alejandro,
segurança de Luna, a seguirá de carro e não a perderá de vista. Alguns estão a
postos no lugar que possivelmente o senador levará minha irmã. Christian e
Timóteo ficam de olhos e ouvidos abertos para ajuda do andamento do plano.
Chegamos à festa e a plenitude do lugar é coisa de outro mundo, sempre
soube que festas com políticos são de pura riqueza e pelo que vejo toda
informação é verdadeira. Sempre fiz questão de não me envolver no meio de
política, nesse meio só há sujeira e de sujeira na minha vida eu tenho um
prato cheio.
— Você não deveria estar aqui — murmura Enzo e eu o encaro confuso.
— Você queria que eu estivesse parado só esperando notícias? Esse não
sou eu, Enzo —falo mal humorado e ele respira fundo.
— Eu sei, mas é se o senador filho da puta te ver por aqui? Ele vai saber
que algo não está certo — diz Enzo e eu nego.
— Nunca cruzei com o senador, ele não faz ideia sobre o que eu sou ou
não capaz — falo sério e Enzo nega.
— Ele tentou te matar! Quer mais informação que essa? — Enzo fala
entre dentes.
— Confie em mim Zuco, ele não vai me ver. Sem falar que nossa irmã
está muito linda, duvido alguém nessa festa tirar os olhos dela — falo com
amargura e Enzo aprofunda a carranca.
— Isso não me deixa muito feliz. Tenho vontade de furar os olhos
desses maledettos — resmunga Enzo enciumando.
Como obra do destino nossa irmã aparece na entrada da festa nos braços
de um muito feliz e sorridente senador Antony White. Ao olhar esse pedaço
de merda todo feliz conduzindo minha irmãzinha me faz sentir mais raiva
dele. Não posso mentir e dizer que os olhares de admiração que eles estão
recebendo não seja algo verdadeiro, pois mesmo sendo um homem sem
escrúpulos Antony White é a porra de um homem de uma grande beleza e
presença. Ele é alto, de cabelos loiros, olhos azuis, sorriso grande com
simpatia política, mesmo vestido dá para ver que seus ombros são largos e
tem um bom porte atlético.
Observo como um falcão cada passo seu, ele fala com as pessoas e
apresenta Luna para seus amigos políticos. E todos a olham com admiração,
minha irmãzinha continua a ostentar um sorriso educado e fala com as
pessoas tentando demonstrar bastante interesse nas besteiras que devem sair
de suas bocas. Quando tudo isso acabar eu terei que dar algo que minha irmã
queira, ela está fazendo um papel impressionante. O senador está falando
algo no seu ouvido e ela passa a mão discretamente no seu ombro, e esse
movimento me dar ânsia.
— Não sei que vou aguentar ver esse figlio di una cagna com a mão na
nossa irmãzinha — Enzo diz em um tom enojado.
— Estou pensando na mesma coisa — resmungo descontente.
— Acho melhor você ir para o local, do jeito que as coisas estão
encaminhando esse bastardo vai querer encerrar a festa logo — Enzo fala e
percebo que ele está coberto de razão.
— Tudo bem, Chris já está me esperando — falo e ele assenti. — E você
vá para o seu lugar, eu só posso confiar em você irmão — falo e Enzo vira o
rosto para me encarar.
— Pode apostar que vou estar lá — meu irmão fala com determinação.
— Agora vá!
Após dar uma última olhada onde Luna e o senador estão eu saio da
festa para ir ao encontro de Christian. Que já está esperando por minhas
ordens. Assim que entro no carro tiro o meu paletó, e visto o coldre, abro a
maleta que estão minhas duas armas pretas, totalmente carregadas e as
encaixo no suporte do coldre e para finalizar minhas luvas de couro preto.
Vejo o olhar de Christian pelo retrovisor, e pelo seu olhar sei que ele me
deseja uma boa sorte.
Chegamos em frente ao hotel onde descobri que o senador sempre traz
suas conquistas, ao que parece esse lugar é específico para pessoa que
precisam de privacidade, muitas dessas pessoas são figuras públicas que não
querem sujar seus nomes saindo com pessoas que não são “bem vista” por
essa sociedade de abutres.
Saio do carro com Christian logo atrás de mim, assim que eu passo pelo
hall do lugar luxuoso o gerente arregala os olhos e discretamente coloca a
chave extra na bancada da recepção. Sem olhar para qualquer lugar adiantado
meus passos e pego a chave. Vocês devem estar se perguntando: Que porra é
essa? E isso é bem simples de explicar. Quando descobri sobre esses
encontros do senador nesse lugar eu simplesmente comprei a chave extra do
quarto que ele aluga. Coisa boa, não é? Dinheiro fácil para pessoas que se
vendem!
O quarto é grande, com uma cama king size enorme, janelas de vidro do
chão ao teto, simplificando, o quarto é digno de se passar uma noite bem
ostentosa. Mando mensagens para meus homens para saber se todos já estão
em seus lugares e assim que recebo a confirmação me sento na poltrona
esperando o convidado de honra aparecer. Depois de algum tempo Enzo me
avisa que eles já estão deixando a festa, não espero muito e a porta do quarto
finalmente é aberta.
Senador/tarado está de costas para mim tentando beijar a minha irmã,
que está virando o rosto fazendo uma cara de sofrimento na minha direção.
Ao receber meu aval, Luna dá um empurrão no senador para que ele a solte,
naturalmente o confundindo.
— Olá, senador White! — falo em um tom sombrio e ele virou
abruptamente na minha direção arregalando os olhos.
— O que está acordado aqui? — ele pergunta com a cara assustada
olhando para mim.
— Eu não estava aguentando mais — Luna fala irritada chamando a
atenção do senador. Quando ele se vira para minha irmã ela está apontando
sua arma na direção de sua cabeça.
— Oh, que falta de educação essa minha. Senador, deixe-me apresentar
a minha irmãzinha, Luna Aandreozzi — digo com a minha melhor cara de
anfitrião. — Você fez um ótimo show lá, sorellina.
— Obrigada, foi mais fácil que eu pensei. — Luna dá de ombros e a cara
confusa do senador quase me faz rir.
— Eu não sei que está acontecendo aqui, mas eu exijo uma resposta
agora mesmo — diz no seu tom autoritário que me faz rir.
— Você não exige nada aqui, para falar a verdade as exigências são
minhas — falo sentindo minha raiva começar a brotar.
— Não tenho nada para falar com você, um telefonema meu e vocês
serão presos — o senador fala puxando o seu celular.
— Não tão rápido! — Luna diz pegando o aparelho e destravando sua
arma.
— O que é isso? Devolva-me sua vadia! — xinga o senador me fazendo
levantar e lhe dá uma chave de braço.
— Você não deveria falar essas coisas para as pessoas que estão
apontando arma na sua cabeça. Minha irmã é e sempre foi a nossa princesa
— sussurro no seu ouvido e sinto o corpo do senador se enrijecer.
— O que vocês querem comigo? — pergunta ele com dificuldade e eu o
solto.
— Eu só quero conversar, nada mais que isso — falo com a expressão
séria e ele assenti. — Sente-se, Antony. Posso te chamar de Antony, não
posso? — Ele confirma engolindo em seco.
— Eu não sei o que vocês querem comigo, eu tenho muito dinheiro e
posso dar a vocês a quantia que vocês quiserem. É só falar e vamos poder nos
acertar — diz ele se atropelando nas palavras e eu começo a rir. Mesmo rindo
eu dou um forte tapa no rosto dele fazendo-o cambalear.
— Vamos parar de jogos! Você sabe muito bem quem eu sou, já que
tentou me matar seu filha da puta sujo de merda — falo fechando meu
sorriso é o encarando com olhos assassinos.
— Eu não sei o que você está falando — diz o senador tentando se
recuperar.
— Vamos fazer assim, eu estou cansado de ficar nessa cidade e estou
atrás de informação. Então vamos lá, tudo bem? — falo e ele me olha sem
entender. — Está vendo aquele prédio ali? — Apontei para a grande
construção de frente para o hotel.
— Estou sim e o que isso tem demais? — fala me encarando de forma
autoritária.
— Sabe a minha sorte quando descobri que o lugar onde você leva seus
encontros é de frente para o edifício que a minha empresa construiu? —
pergunto olhando para a janela. — O dono daquela empresa ficou muito
amigo de meu pai e cedeu para nós um espaço. Lá em algum lugar, está
alguém olhando por nós. Esse alguém é o meu segundo irmão mais velho,
que ficou bem chateado quando soube que queriam me matar. Enzo é muito
protetor, sabe! — falo e meu celular vibra com uma mensagem de Enzo que
diz: “Na mira”
— Eu não tenho nada a ver com isso. Você e sua família vão pagar por
me fazer passar por essa situação — o senador diz entre dentes.
— Olhe para o seu peito, senador — peço calmamente e ele olha. Bem
do lado esquerdo tem um ponto vermelho brilhante descansando. — Cada um
dos meus irmãos tem sua especialidade. Filippo é ótimo em uma luta corpo a
corpo, ela adora quebrar uns pescoços. Luna é rápida feito o inferno, ninguém
sabe dirigir como ela. Enzo? Enzo é aquele que está lá naquele prédio do
outro lado da rua esperando o momento certo de fazer um buraco bem legal
no seu coração — termino de falar no meu tom gelado e o senador engole em
seco.
— Luna e eu poderíamos atirar, mas eu acho que a surpresa deixa tudo
mais emocionante — falo piscando para minha irmã.
— Qual a sua especialidade? — pergunta o senador com medo nos
olhos, eu o olho e um sorriso de lado brota de mim.
— Tortura! Eu sou ótimo em extrair informações — falo e Luna assenti.
— Tu… tudo bem! Eu falo que você quiser saber — ele fala vencido e
eu assenti.
— Eu só quero saber por que estava tentando me matar e quem foi que
você contratou? — pergunto em uma só respiração e ele olha de mim para
Luna.
— Tudo começou quando procurei a empresa da sua família, que estava
ao comando de Daniel Campbell, para fazer umas obras que estavam sobre a
minha responsabilidade. No início foi tudo como eu queria que estivesse e eu
estava recebendo um bom lucro por cada construção. Daí você apareceu para
tomar o lugar de Daniel e as coisas começaram a desandar tanto para mim
quando para Daniel — diz o senador e isso eu já suspeitava.
— Foi Daniel que mandou você contratar a pessoa para me matar? —
pergunto seriamente e ele nega com sua cara de descrença.
— Você acha que alguém iria me mandar fazer alguma coisa, garoto?
Daniel não sabia que eu queria te tirar da jogada, não gosto de outras pessoas
envolvidas nos meus negócios — ele fala e eu sei que uma parte disso é
mentira, mas não vamos tocar nisso agora. — —Fui até a pessoa que eu sabia
que poderia fazer o serviço, mas ele me decepcionou. Aquele inseto tinha que
me decepcionar! — o senador diz com raiva.
— Quem foi essa pessoa? Fala logo porra! — mando e ele me olha por
um momento e dá uma risadinha.
— Você o conhece muito bem, até dormiu com ele. Na verdade, você
fez parte da minha família, já que estava dormindo com o meu sobrinho
Dylan — o senador diz com um olhar conhecedor e meus olhos se arregalam
de surpresa.
— Dylan? Então você contratou Dylan para me matar? Você mandou a
porra do seu sobrinho vir me matar? — pergunto em um tom louco de raiva
me aproximando do senador.
— Luc! Se acalme! Você sabe que não podemos… — Luna não termina
de falar e eu olho para ela assentindo. — Esse tal Dylan não é aquele que diz
ser apaixonado por você? — Luna pergunta e eu assenti.
— Explique-se! — mando com o tom sombrio e louco.
— Dylan sempre foi um garoto problemático e cheio de ideias lunáticas
na cabeça. Meu irmão achou que servindo ao exército ele iria melhorar em
alguma coisa. Mas as forças armadas só o deixaram mais pirado ainda — diz
o senador balançando a cabeça negativamente. — A única coisa boa é que ele
se tornou uma máquina de matar muito eficaz. O que eu nunca consegui
entender é porque ele não conseguiu terminar o serviço com você — fala
enojado.
— Para mim pouco importa! Saiba que se ele vier, ele vai ter o dele —
ameaço com raiva. Porque se eu pego aquele filho da puta eu o mato com
minhas próprias mãos.
— Já que você sabe tudo, então acho melhor vocês me deixarem ir —
diz o senador irritado e eu nego.
— Só falta mais umas coisinhas, senador — falo e vou até a mesinha e
pego todas as pastas que eu tinha pego na minha maleta antes de subir para o
quarto. — Minha vontade é de dar um tiro certeiro na sua testa, ou até mesmo
causar um ferimento e esperar você sangrar até a morte.
— O quê? Você não pode fazer isso! Eu lhe disse tudo o que queira
saber! — o senador grita assustado.
— É isso mesmo! Eu não posso fazer nada disso, o que torna as coisas
mais chatas — falo com indiferença, mas minha cara indiferente é logo
substituída por desprezo. — E é por isso que ao invés de te matar eu vou
fazer aquilo que mais dói em uma pessoa como você. Eu vou te destruir!
— Impossível! Você não tem essa capacidade! — O senador me olha
sorrindo.
— Tem certeza? Não é isso que essas pastas dizem. Aqui, olhe por si
mesmo! — falo jogando pasta por pasta no seu colo. — Lavagem de
dinheiro, tráfico de drogas e armas, desfalques, subornos, chantagens,
assassinatos. E entre muitas coisas que mostra sua sujeira que foi muito bem
escondida por debaixo do tapete — falo e vejo o senador ficar branco como
papel.
— O que você pensa em fazer com tudo isso? — pergunta analisando as
pastas com medo na voz.
— Eu já fiz senador Antony White. Ou será que a partir de amanhã eu o
chamarei de ex-senador? — falo rindo para minha irmã que me olha com os
olhos brilhando.
— O QUE VOCÊ FEZ? — ele grita nervoso e eu rio.
— Vou dizer só porque eu quero ver sua cara de desespero. Os
documentos foram enviados para o FBI e espera aí — peço levantando a mão
e pegando o meu celular.
— Sim, senhor Aandreozzi? — pergunta Jordan assim que atende.
— Faça agora! — mando com a voz séria e ouço o som das teclas do
teclado.
— Está feito! — responde Jordan e eu agradeço desligando logo em
seguida.
— Bem, nesse exato momento todos os principais canais de televisão
receberam os arquivos com todas as suas falcatruas — digo dando um sorriso
pequeno e pela cara de descrença do senador ele não está acreditando em
nada.
— Não! Isso não é possível! — diz nervoso me fazendo rir.
— Claro que é possível! Isso é para você e muitos outros filhos da puta
verem que não se deve mexer comigo e minha família — falo encarando o
rosto pálido do senador. — A vida é uma selva, senador. E nessa porra de
selva eu sou um fodido rei — digo com ódio.
— Estou com o celular dele, as chaves e cortei a comunicação do quarto.
Acho que podemos ir — diz Luna chamando minha atenção e eu assenti.
— Vocês vão me deixar aqui? — pergunta Antony e eu afirmo.
— Sim, descanse um pouco, acho que seu dia de amanhã vai ser bem
agitado — falo com graça indo para a porta com Luna.
— Ah, senador! — chama Luna antes de fechar a porta. — Você tem
mau hálito! — Luna diz com cara de nojo me fazendo cair na gargalhada.
Deixamos um senador muito gritador trancado no quarto de hotel e
saímos andando pelo corredor para ir até o elevador. Assim que descemos
Christian e Alejandro estão à nossa espera, eles dizem que os carros estão
prontos. Ao entrar no carro a primeira pessoa que eu vejo é Enzo com uma
expressão preocupada no rosto, ao nos ver ele relaxa instantaneamente.
— Foda! Vocês demoram! — diz nos abraçando.
— Desde quando está a nossa espera? — pergunta Luna tirando os
sapatos de salto alto matador.
— No momento que Lucca jogou as pastas no senador eu sabia que era a
minha deixa e que eu poderia sair porque ele conversou o que queria — Enzo
diz e eu assenti.
— Nunca poderia imaginar que Dylan fosse sobrinho do senador — falo
lembrando de Dylan e me sentindo ridiculamente irritado. — Como essas
coisas não passaram pela minha investigação?
— Pare de se martirizar, essas coisas acontecem — resmunga Enzo.
— O que vamos fazer agora? — Luna pergunta se aconchegando a
Enzo.
— Vamos pegar o nosso jatinho e ir para casa — falo sorrindo e meus
irmãos assentem.
— A melhor coisa que você diz, meus pés estão me matando — diz
Luna colocando o pé no meu colo.
— Molto sciolta questa ragazza (Muito folgada essa garota) — reclamo
e ela sorri.
O que eu não sabia era que ao finalizar uma luta eu estaria iniciando
mais algumas que poderiam ferir pessoas a quem eu realmente viria a amar.
Uma semana se passou e podemos dizer que o senador Antony White
caiu, e ele caiu de um jeito bem feio. No dia depois da nossa vinda para casa
os noticiários explodiram com notícias relacionadas às falcatruas do senador.
Tudo que eu tinha planejado para a derrota daquele filho de uma puta, saiu
além das minhas expectativas. White se elegeu sendo aclamado pelos seus
eleitores, chamado de homem do povo, homem que se interessa pelo bem da
população. O que é uma grande mentira, esse maldito político é mais sujo que
qualquer bueiro. E saber que ele não poderá mais usar o meio político para
seus negócios é um alívio imenso.
Foi uma grande vitória para mim, isso sem dúvida foi. Ver todos os
melhores canais de televisão, revistas, jornais, blogs e entre os meios de
comunicação expondo as falcatruas daquele bandido sem caráter. Ele que
sempre apareceu defendendo os direitos humanos, mostrou a grande farsa que
é para toda população americana. Não posso deixar de me sentir bem por
saber que logo ele estará na cadeia. Só sinto muito pelos eleitores que
confiaram nele para fazer algo de bom, mas infelizmente ele os enganou
direitinho.
Depois de toda essa situação com o senador minha família inteira foi
para suas respectivas casas, não sei como eu poderei agradecer a eles por
tudo que fizeram por mim. Nossa, eles foram de suma importância nesse meu
acerto de conta. Até mesmo Giovanna foi para Milão com nonna, minha avó
disse que iria levar Gio para relaxar um pouco porque ela está com uma cara
de abatida muito grande. Achei incrível essa iniciativa de nonna, na verdade
tudo o que vovó faz é incrível. E o melhor de tudo é que Luigi e eu estamos
sozinhos, acho que já experimentamos cada superfície plana da nossa casa.
— Lucca, eu não acredito que você ligou para Rita para pedir a receita
do feijão — diz Luigi entrando na cozinha usando sua bengala e mancando
um pouco.
— Você não estava me cobrando o tempo inteiro? — falo mexendo na
panela.
— Isso é para você aprender a cumprir com as coisas que promete —
diz ele me fazendo rir.
— Como é que foi a fisioterapia? — pergunto ao ver que ele está com os
cabelos úmidos do banho após a sessão.
— Foi bem dolorido, mas nada que eu não faça para largar essa porcaria
— diz olhando enojado para a bengala.
— Tenha um pouco de paciência que os resultados podem ser um pouco
lentos, mas são precisos — falo piscando para ele.
— Paciência é tudo que Carlos me manda ter — resmunga e eu me
lembro do seu fisioterapeuta.
— Se o lindo do Carlos diz isso, então faça — provoco e tenho certeza
que se olhar matasse eu estaria morto agora mesmo.
— Se eu não soubesse que Carlos é muito bem casado e apaixonado pela
sua esposa eu teria chutado seu traseiro — Luigi diz irritado e eu começo a
rir.
— Como ciúmes, Lui? — pergunto ele cerra os olhos para mim. — Não
precisa! Eu sou seu assim como você é meu e se alguém tentar tirar você de
mim, não ficará vivo para contar história — falo e meu namorado sorri de
lado.
— Você é muito mais ciumento que eu — diz e eu me aproximo
grudando nossas bocas.
— Você não faz ideia — falo lhe beijando, e me afastando logo em
seguida.
— Por que você está só de cueca? — pergunta me olhando de cima a
baixo.
— Porque estamos sozinhos em casa e eu acho que queria mostrar meu
corpo gostoso para meu namorado — falo passando a mão pelo meu
abdômen.
— Nunca vi um sujeito mais convencido que você, mas tenho que dizer
que olhar para você assim é muito excitante — Luigi diz mordendo os lábios.
— Eu sei… — Iria começar a falar, mas vejo uma bola branca e preta
passar por mim arrastando uma coisa que acho ser um rolo de papel. — Loki!
— grito, mas o maldito filhote nem me dá bola.
— Meu Deus! Esse cachorro não para! — diz Luigi caindo na risada.
— Porra, eu vou ter que ir atrás desse pequeno bastardo — digo
enxugando minhas mãos.
— Eu acho que dessa vez eu vou gravar para enviar para o grupo da
família — Luigi diz segurando a barriga de tanto rir.
— Não ouse fazer uma coisa dessas! Eu fiquei zoando Enzo quando ele
estava atrás daquele vilãozinho para pegar sua meia — digo e começo a rir
junto com Luigi.
— Ele apronta demais, definitivamente é seu cão — Luigi diz e eu o
lanço um olhar sujo.
— Não seja um bastardo você também, ele é seu também — falo e ele
nega.
— Não quando ele faz umas loucuras dessas — diz Lui apontando para
Loki que está se divertindo em espalhar papel por toda a cobertura.
— Porra! Volta aqui seu pequeno vilão! — grito correndo atrás de Loki.
Corro atrás de Loki para fazer com que ele pare de sujar tudo, mas é
impossível, o pequeno bastardo consegue desviar de mim com muita
facilidade. Imagine só, eu Lucca Aandreozzi correndo pela cobertura atrás de
um filhote de cachorro que tem tiras e mais tiras de papel higiênico grudados
no seu corpo peludo e o meu namorado sem noção se curvando de tanto rir
dessa minha saga. Até que finalmente consigo capturar esse vilãozinho sem
noção, podendo respirar aliviado. Porque se senhora Adams chega na
segunda-feira e se ver a casa nessa baderna ela vai querer me matar.
— Até que você conseguiu pegá-lo rápido — Luigi diz controlando o
riso e eu tenho vontade de lhe socar.
— Vá para o inferno! — digo com raiva fingida e ele coloca a mão no
coração com o mais puro fingimento.
— O que é isso amor? Você está muito irritado — diz ele me fazendo
rir.
— Essa sua dramatização até que é sexy. Agora deixe de ser um
bastardo e segure esse safado para ele não aprontar — falo lhe entregando
Loki.
— Esse grande menino me deu um ótimo show. Não é menino? — diz
Luigi fazendo carinho em Loki e eu deixo os dois lá eu vou lavar minha mão
para terminar de cozinhar.
Termino de fazer a comida favorita de Luigi e vamos almoçar. Apesar
de ser a primeira vez que resolvi me aventurar nesse tipo de culinária, até que
a comida saiu muito gostosa. Luigi não poupou elogios e diz que eu vou ter
que cozinhar mais vezes, eu simplesmente digo que eu não sou seu
cozinheiro particular. Agora é que eu estou feito! Após o almoço ficamos o
dia inteiro na maior preguiça, assistimos filmes, fizemos amor bem gostoso e
lento e continuamos a passar o resto do final de semana curtindo um pouco
de paz.
— Lucca, você conseguiu entrar em contato com a família daquele
segurança seu que morreu? — pergunta Luigi em um determinado momento
enquanto estávamos assistindo.
— Não, fui lá na casa da senhora O’Brien, mas ela não quis me atender
— falo sentindo uma sensação ruim.
— Será que ela ainda te culpa pela morte de seu filho? — pergunta e eu
afirmo.
— Naturalmente, e saber disso me deixa um pouco mal. Porque é a mais
pura verdade — falo em um tom baixo e Luigi nega.
— Você não pode ficar sentindo essas coisas — fala Luigi e eu viro o
rosto para encará-lo.
— Como não? Scott antes de morrer pediu para eu cuidar de sua filhinha
e eu ainda não tive como fazer o prometido. Sinto que devo cuidar de
Samantha — falo com determinação. — Todas as vezes que fui lá percebi
uma pequena figura me olhando pela janela da frente, e tenho certeza que era
ela.
— Então faça! O que você resolver fazer eu vou te apoiar — fala e eu
me aconchego mais perto dele. — Como ela é? — pergunta e eu sorrio.
— Ela é linda, linda de verdade. Tão pequena e com uma cara de
esperta. Seus cabelos são longos, cheios e cacheados — falo lembrando da
pequena garotinha de Scott.
— Você gosta dela, não é? — pergunta Luigi e eu afirmo.
— Sim, e não é só porque me sinto culpado com a morte de Scott, ela
tem uma coisa naqueles olhos pretos que não sei explicar — falo lembrando
do dia em que a vi pela primeira vez.
— E a avó dela? — Essa pergunta me faz respirar fundo.
— A avó dela é doente, soube que Scott trabalhava duro para poder
comprar seus remédios e cuidar da sua menina. E agora não faço ideia de
como elas possa estar de saúde, mas ela também estará sobre a minha
proteção — falo determinado e ele assenti.
— Estou com você no que você quiser fazer, mas dessa vez espero estar
lá com você. Somos uma equipe, querido — diz derretendo meu coração.
— Sim, somos uma equipe — falo sorrindo para ele que me beija forte.
E com isso o nosso final de semana é repleto de carícias e conversas sobre o
nosso futuro.
Na segunda-feira cheguei à empresa cedo e começo a trabalhar com toda
a vontade. Luigi ainda está em casa e eu tenho que fazer um trabalho muito
mais pesado, já que algumas obras que ficaram sobre suas avaliações, agora
eu terei que tomar a frente até o momento de sua volta. Mas se você acha de
aquele cabeça dura fica em casa sem fazer nada, você está muito enganado.
Ele está lá no meu escritório se afundando em papeladas. Quando eu falei
com ele para fazer isso depois, o homem me lançou um olhar matador que me
fez rir.
Então para evitar discussões desnecessárias, eu deixei Luigi trabalhar,
para não se sentir inútil como ele mesmo fala. Meus pensamentos e atenção
do trabalho são interrompidos pela batida na porta, Laila entra ajeitando os
óculos e olhando para seu tablet.
— Com licença, senhor Aandreozzi — diz Laila ainda de cabeça baixa.
— Já disse que é para me chamar de Lucca. Eu estou tão jovem e bonito
para ser chamado de senhor — falo em um tom de brincadeira fazendo Laila
tirar os olhos do tablet e me olhar com ar de riso.
— O senhor é muito humilde, sabe — fala ela dando ênfase no senhor e
eu lhe lanço um olhar azedo.
— Além de linda é uma sem jeito. Laila você às vezes quebra meu
coração — falo deixando minha pobre secretária morrendo de vergonha.
— Não, eu não me engano achando que sou bonita — diz Laila de
cabeça baixa apertando as mãos no tablet fazendo os nós dos dedos ficarem
brancos.
— Você é linda sim, linda e muito competente. Eu tenho muita sorte de
ter você trabalhando para mim — falo e ela me olha por um momento com o
rosto vermelho de vergonha e desvia o olhar. — Você poderia me
acompanhar por um momento, Laila? — digo levantando e ela assenti.
— Aonde vamos? Será que terei que levar as coisas para alguma
reunião? — pergunta nervosa e eu nego sorrindo.
Saio com Laila da minha sala e a levo para outra sala um pouco menor
que a minha, mas que é muito arejada e espaçosa. Já está na hora de dar a
Laila uma nova oportunidade, ela faz tão bem seu trabalho que merece sim
uma bela de uma promoção.
— Aqui! Você fala o você quer por aqui e nós vamos cuidar disso —
falo abrindo a sala e ela me olha sem entender.
— O que é essa sala? — pergunta olhando por todo o lugar.
— Você achou mesmo que minha assistente sênior estaria em uma
mesinha do lado de fora da minha sala? Não, ela deve ter seu próprio lugar —
falo cruzando os braços e ela suspira alto.
— E quando ela vai aparecer senhor? — pergunta e eu a pego pelos
ombros.
— Essa é você, Laila! Não existe pessoa mais capacitada para este cargo
que você — falo e vejo seus olhos se encherem de lágrimas.
— Eu… eu nem sei o que dizer — fala deixando as lágrimas caírem
livremente.
— Então não diga nada e aceite seu novo cargo. — A puxei para um
abraço forte. — Não esqueça que você é linda e que você é muito, muito mais
do que pensa — sussurro no seu ouvido e me afasto do seu abraço.
— Obrigada, Lucca — diz me fazendo sorrir.
Deixo Laila na sua nova sala e volto para a minha, é difícil voltar a me
concentrar no trabalho já que tudo que eu penso é em voltar para casa e ficar
com Luigi, mesmo que eu tenha que arrastá-lo do escritório de casa. Abro um
sorriso quando meu celular toca, mas fechi o sorriso rapidamente ao notar
que o número é desconhecido.
— Aandreozzi, falando — digo caminhando até minha sala.
— Oi meu amor, eu adoraria te encontrar hoje — a voz calma de Dylan
faz o meu sangue gelar.
— Que diabos você quer me ligando? Acho bom você não aparecer na
minha frente… — falo com raiva sentindo meu coração bater muito rápido de
tão irritado que eu estou.
— Você vai fazer o que? Vai fazer a mesma coisa que fez com o meu
tio? Você achou mesmo que eu iria deixar você sair impune por colocar meu
tio da cadeia. Eu te amo, mas você não deu valor ao meu amor — diz em um
tom louco e eu tenho que respirar fundo para me acalmar.
— Seu tio teve o que mereceu, e eu ainda achei pouco — falo e o ouço
fazer um som descontente.
— Você não deveria falar essas coisas para mim. É difícil ouvir essas
coisas já que eu tenho em minhas mãos pessoas que acho que você se importa
— diz e eu penso em Luigi automaticamente. Vejo Christian me encarando e
faço sinal para ele vir até mim.
— O que você está falando Dylan? — pergunto alarmado. — Que
pessoas? — falo e Chris começa a fazer uma ligação. Ele me fez sinal que
Luigi está em casa e eu posso respirar.
— Qual é a graça? Você tem que ver por si mesmo, meu amor — diz
rindo e de longe eu ouço um choro. E com isso minha preocupação aumenta.
— Não estou pronto para brincadeiras Dylan, diga logo o que você quer
e quem está com você? — digo em um tom duro.
— Sabe, eu adoro saber de todos os seus passos. Quem quiser me
chamar de louco, eu não me importo. Você é o meu amor! — diz ele
docemente e um frio toma minha barriga. — Vi que você estava protegendo
uma criança e uma senhora. Daí vir aqui bater um papo com elas.
— Samantha! — digo sentindo minhas mãos começarem a tremer. —
Onde elas estão seu filho da puta. Uma criança? Como você pôde? —
pergunto sentindo uma raiva de outro mundo. Esse doente tem que morrer.
— Oh, o nome dessa belezinha de cabelos longos é Samantha?
Interessante, ela só sabe chorar e mandar largar sua vovó. Pobre criança! —
diz e eu ouço um grito alto de dor de Samantha.
— Dylan! Espero que você pare imediatamente com que está fazendo,
porque eu vou te acabar com sua existência — falo em um tom perigoso e o
desgraçado ri.
— Eu estava planejando meu reencontro romântico com você, mas eu
resolvi adiantar e me encontrar com você logo — diz como se não estivesse
fazendo nada demais. Filho da puta louco!
— Você é louco, mas um tipo de louco que deveria estar morto. Não se
usa criança em um plano tão sujo — falo com ódio esquecendo todas as
minhas coisas enquanto caminhando para o elevador a passos rápidos.
— Sou louco por você, meu amor. Temos tanto o que conversar. Sinto
sua falta, sabe — diz e eu me vejo rangendo os dentes.
— Deixe Samantha e sua avó em paz e eu estarei disponível para você.
A hora e o lugar que você quiser — mando rudemente e ele faz som de
desgosto.
— Você não manda em nada aqui Lucca! Eu estou no comando dessa
merda, e eu digo que se você não aparecer em poucos minutos eu vou dar um
tiro da testa da vovó e outro na garotinha — diz e eu ouço o som de uma
arma sendo destravada.
— NÃO! NÃO, PORRA NÃO! EU VOU SEU FILHO DA PUTA! —
grito de ódio e ele soltou uma gargalhada.
— Esse é o espírito da coisa. Por isso que eu gosto tanto de você. Espero
você aqui nesse subúrbio que elas moram. Não se atrase meu amor e venha
lindo para mim — ele diz em um tom enojado e meu estômago revira.
Entro no carro me sentindo muito mal. Como ele pôde usar uma criança
para chegar até mim? Deus! Eu não estou conseguindo respirar direito. Dylan
perdeu totalmente o juízo, não consigo entender porque usar uma criança e
uma idosa que não tem nenhuma ligação com ele para toda essa loucura. Eu
deveria ter forçado mais uma aproximação com a mãe de Scott, não deveria
ter esperado por tanto tempo. Se eu tivesse feito isso antes elas não estariam
passando por isso. Mas agora eu vou mudar isso, vou tirar elas das garras
desse louco do caralho e assim poder cuidar delas como eu deveria ter feito
antes.
— Onde primeiro Lucca? — pergunta Christian com uma expressão
sombria.
— Eu preciso das minhas armas e elas estão em casa — falo olhando
para a janela.
— Sim, senhor — diz ele e eu olho para ele.
— Chame seus homens e os deixe por todo o perímetro. Nada vai
acontecer a elas. Você está ouvindo? — pergunto e ele assentiu.
— Ele não sairá de lá vivo, não é? — pergunta Christian e eu continuo
olhando-o e ele assenti sem precisar que eu fale mais alguma coisa.
Chego em casa e a primeira coisa que eu faço ir correndo para meu
quarto trocar de roupa. Tiro todo meu terno, vou até meu closet e coloco uma
calça jeans e uma camiseta simples. Assim que estou terminando de colocar
minha bota Luigi aparece me olhando sem entender.
— Por que está cedo em casa? Aconteceu alguma coisa? — pergunta
sem entender.
— Surgiu uma coisa e eu vou ter que resolver — falo ficando de pé e
Lui para na minha frente.
— Me diga o que há agora? — pergunta me fazendo respirar fundo.
— Dylan está me ameaçando e está usando Samantha e sua avó — falo
entre dentes e ele me segura pelos ombros.
— Estou com você nessa. Você sabe disso, não é? — pergunta e eu
assenti.
— Eu sei — revelo em um tom abafado.
— Nunca esqueça que somos uma equipe. Vamos tirar elas das mãos
daquele maluco e no caminho você me conta direito essa história — diz ele e
eu só posso amá-lo mais ainda.
— Amo você! — falo e ele sorri para mim.
— Não mais que eu a você — responde tranquilamente.
Pego minhas armas, dando uma extra que eu tenho guardado para Luigi
e vamos para o carro. No caminho conto a Luigi a ligação que o maluco fez e
posso ver que Luigi fica tão irritado quanto eu. É inadmissível, uma pessoa
usar outras duas totalmente indefesas para suas vinganças pessoais. Não
tenho ideia de como ele descobriu a existência delas assim tão fácil, e da
importância delas para mim. Demora um pouco até que podermos chegar ao
subúrbio, meu coração está a mil e não consigo controlar as minhas emoções,
não quando qualquer erro meu possa acabar ferindo duas pessoas inocentes.
— Estou com você, lembre-se disso e vá ser o herói que você nasceu
para ser — fala Luigi apertando nossas mãos juntas.
— Vamos pegar um maluco! — falo com determinação e Luigi assenti.
Ao sair do carro faço sinal para Christian e Daren se prepararem que eu
vou entrar. Olho para trás e minha vontade é pedir para que Luigi fique
dentro do carro em segurança, mas somos uma equipe, como ele mesmo
falou. E vou precisar de ajuda para tirá-las de lá e ninguém melhor que Lui
para me auxiliar nisso. Só não quero que ele se machuque, já que sua perna
ainda está em processo de recuperação.
Vejo uma figura loira olhar pela fresta da janela e poucos segundos
depois Dylan abre a porta com um grande sorriso doentio no rosto, mas não é
a sua figura mais magra que dá última vez que pus meus olhos que me chama
a atenção, e sim a atrocidade que ele está fazendo. O maldito está segurando
uma Samantha muito pequena e chorosa no colo enquanto uma arma está
firme em sua mão direita.
— Baby, que bom que você chegou. Eu estava ficando cansado de
esperar — diz ele, mas meus olhos estão na pequena menina.
— Eu estou aqui agora Dylan, mas nós só vamos falar quando você
soltar a criança. Ela não tem nada com toda essa sua besteira — falo com
raiva e ele nega.
— Como você pode pensar uma coisa dessas, já que fui eu o cara de
capacete que matou o seu segurança. E olha a minha surpresa quando eu
descobri que ele era o pai dessa pequena criatura — diz ele olhando para
Samantha que está apertando os olhos com muita força.
— Era você? Era você aquela pessoa desgraçada? — pergunto
desorientado e ele assenti sorrindo.
— Sim, eu achei que seria legal fechar um ciclo. Não gosto de trabalhos
mal acabados — ele diz com sua expressão séria.
— É eu realmente acho que isso será o ciclo se fechando — digo entre
dentes com muito ódio no meu tom de voz e posso sentir Luigi atrás de mim
me dando força.
O ciclo que irei fechar é o dele na minha vida. Vou acabar com sua vida,
me vingando por Scott, pela sua família que ficou sem ele e por eu ter me
envolvido com essa pessoa doente.
Não consigo tirar meus olhos de cima de Samantha, que aparenta estar
tão assustada. Passo meus olhos pelo seu corpo pequeno para me certificar
que ela não está com nenhum ferimento. A primeira coisa que eu devo fazer é
livrar ela e sua avó, que ainda não vi qual é seu estado, das garras desse
desgraçado. Dylan não tem o direito de envolver essas pessoas nisso, ele não
tem que colocá-las em perigo, pelo simples fato de querer me atingir. Olho
para Luigi e pelo seu rosto dá para ver que ele está com muito ódio, assim
como eu.
— Tsc... Tsc… Tsc. — Dylan faz isso chamando minha atenção. —
Você deveria ter vindo sozinho, meu amor. Esse sujeito não deveria ser
incluído nessa história.
— Luigi é o meu parceiro, ele vai sempre estar incluído na minha vida
— falo e ele solta um som debochado.
— Você não sabe o quanto eu estive perto de você durante esse tempo
— Dylan fala me irritando.
— Dylan, solte a Samantha. Ela é só uma criança — falo cerrando os
punhos.
— Sim, percebi que ela é uma criança. Uma linda criança que você se
preocupa, não é? Você se preocupa tanto que eu sempre via você por aqui.
Você sempre foi tão prestativo, Lucca — fala passando o cano da arma nos
cabelos de Samantha.
— Não! Me solte! — grita a pequena menina fazendo meu coração se
apertar pela cara de medo e sofrimento que ela faz.
— A solte seu filho da mãe doente! — Luigi diz entre dentes fazendo
Dylan rir.
— Então quer dizer que você fala, que lindo a sua preocupação —
Dylan fala em um tom de riso.
— Dylan! Eu faço o que você quiser, mas solte a Samantha e sua avó —
falo e ele pensa por um momento.
— Se eu fizer isso, que graça vai ter? — pergunta pensativo.
— A graça é que eu vou estar a sua mercê, totalmente desamarrado e
sem ninguém por perto — falo tirando minhas armas e levantando-as para
ficar na sua linha de visão.
— Por que eu faria isso? Você me usou! Eu deveria ajudar o meu tio a te
tirar de seu caminho, mas eu fui um tolo por me apaixonar — diz de modo
louco sacudindo Samantha e minha preocupação com a menina fica muito
mais forte.
— Eu nunca te usei, nós nos envolvemos e eu sempre deixei claro que
não queria nada sério — falo e ele nega com a cabeça.
— NÃO! EU PERDI TUDO POR SUA CAUSA! — grita apontando a
arma para Luigi e eu tomo a sua frente.
— Vamos conversar, com calma. Eu estou aqui com você — falo e ele
me olha com nojo.
— O que ele tem que eu não tenho? O que ele te deu que eu nunca pude
te dar? — pergunta Dylan em um tom sofrido.
— Dylan, por favor, solte a senhora O’Brien e Samantha e nós vamos
poder conversar melhor — peço calmamente ele fica pensando.
— Você jura que vai entrar no carro e sair comigo? — pergunta e vejo
Luigi segurar meus ombros com força.
— Lucca, não! — Luigi diz negando com a cabeça e eu respiro fundo.
— Lui, eu não posso deixá-lo machucar essas pessoas mais do que já
machucou — falo vendo os olhos preocupados de Luigi.
— Ele vai te machucar e eu com essa perna inútil não vou poder te
ajudar — Luigi diz frustrado e eu nego.
— Eu vou tirar elas do controle dele e elas vão precisar de alguém. E
esse meu alguém é você. Por favor, querido, Samantha só tem a nós — falo
em um tom baixo e ele respira fundo.
— Tudo bem, mas se você se machucar eu vou… Argh! Eu nem sei que
eu vou fazer — Luigi diz e eu afirmo.
Entendo perfeitamente a posição de Luigi, sei que ele está muito
preocupado comigo. Mas eu tenho que fazer tudo que estiver ao meu alcance
para poder tirar essas pessoas inocente das garras desse homem doente. Eu
não conseguiria viver bem se algo de grave acontecesse com elas. Esse filho
da puta já tirou delas alguém de suma importância. Scott era o filho único da
senhora O’Brien que teve sua vida interrompida por ser um empregado tão
dedicado. Eu devo isso a ele, eu tenho que proteger sua família, tenho que
cuidar da sua menina. E não vai ser Dylan que irá me impedir.
— Vamos lá Dylan! Acho que já temos um acerto — falo chamando sua
atenção.
— Eu não prometo nada a você, baby — diz ele em um tom sínico.
— Eu vou com você, mas antes você tem que soltar a senhora O’Brien e
Samantha — falo com firmeza e ele olha para dentro da casa.
— Acho que a velha não tem condições de sair sozinha, mas eu sempre
posso a chutar para fora — diz rindo e meu sangue esquenta do modo que ele
fala.
— Tudo bem, será que um dos meus homens pode entrar na casa e tirá-
la daí? — pergunto usando todo meu autocontrole.
— Porque você não vem aqui, meu amor, você sabe que é muito bem-
vindo — ele diz eu nego com a cabeça.
— Só irei me aproximar de você quando elas estiverem aqui — falo em
um tom decisivo.
— Tudo bem, você pode ser um autoritário às vezes — Dylan diz em
um tom de desgosto.
— —Sou um homem de palavra e se você soltá-las eu vou com você. —
—Falei tentando parecer tranquilo.
— Só não mande esse seu namorado, acho que ele está deficiente e eu
poderia muito bem tentar matá-lo por tirar você de mim — Dylan fala
sarcástico e Luigi tenta passar por mim, mas eu impeço.
— Não, não podemos — falo com Luigi que faz uma careta descontente
e afirma.
— Pode mandar alguém, de preferência esse seu segurança Christian.
Sempre fui com a cara dele — diz piscando um olho e eu viro para encarar
Christian.
Pela mandíbula trincada e o rosto mascarado com um ódio muito
grande, Christian vira seu rosto em minha direção. Peço para ir e ele assenti,
não posso imaginar o que deve estar passando pela cabeça de Christian.
Sempre soube que os homens que trabalham para minha segurança têm uma
boa convivência e Scott era amigo de todos ali. Vejo Christian andar com
determinação para a casa simples e pequena da senhora O'Brien. Pouco
tempo depois o vejo saindo da casa carregando uma muito fragilizada
senhora.
— Sam, ele vai machucar a Sam — senhora O'Brien fala fracamente nos
braços de Christian.
— Eu não vou permitir que isso aconteça, senhora O’Brien — falo
determinado chamando sua atenção.
— O senhor veio! Veio pela Sam, não foi? — pergunta francamente e eu
nego.
— Não, vim pela senhora também. Vou acabar com isso em um instante
e vou cuidar da senhora e da pequena — falo e ela respira com um pouco de
dificuldade.
— Não, eu não. Tire Samantha das mãos do maluco que matou o meu
Scott — diz ela me fazendo prender a respiração. Então quer dizer que ele
falou isso com elas. Deus esse homem perdeu a porra do juízo.
— Eu vou fazer isso, senhora O’Brien — falo e ela me encara com
firmeza.
— Cumpra a promessa que fez ao meu Scott e cuide da nossa pequena
Panqueca — ela diz com dificuldade e desmaia logo em seguida. Vou até
Christian que a segurava ainda no colo.
— O que foi? Ela está bem? — pergunto preocupado e Luigi verifica a
pulsação.
— Ela desmaiou Lucca — diz ele com um olhar preocupado.
— A leve ao hospital Christian. Quando eu terminar aqui eu os encontro
lá — falo e Christian me olha com dúvida.
— Tem certeza senhor? Eu posso mandar outros dos nossos homens —
diz e eu olho para trás capturando o olhar assustado e suplicante de
Samantha.
— Sim, eu vou cuidar disso. Faça o que eu pedi, a senhora O’Brien
precisa de um hospital — falo e ele assenti.
Observo meu segurança entrar em um dos carros e colocar a senhora
O’Brien ainda desacordada no banco de trás. Assim que ele sai volto meu
olhar para Dylan que me encara atentamente. Falo com Luigi para não se
preocupar, que ele deve ficar atento e ele confirma com a cabeça. Sinto que
Luigi está tão preocupado com Samantha quanto eu, e isso me dar um infame
alívio de saber que ele pode não surtar quando eu o chamar para conversar
quando do isso acabar.
— Dylan, agora, por favor, solte a minha garotinha — falo meio
espantado com o que saí da minha boca.
— Esteja totalmente desarmado e venha mais perto — diz e eu começo a
andar e Luigi vem junto e Dylan dá um grito.
— Esse deficiente de merda fica para trás! Ele não pode estragar o nosso
momento — grita Dylan colocando a arma na cabeça de Samantha e meu
coração vem para a boca.
— Pare de ser um doente seu filho da puta. Solte a menina! — Luigi diz
com muita raiva.
— O mocinho se acha valente? Estou emocionado! — o filho da puta
diz rindo.
— Lui eu vou, você fica com Sam e a acalma, por favor. Precisamos de
sua calma no momento — falo e Luigi assenti nervoso.
— Estou indo, mas você solta Samantha e ela vem até mim — falo
andando até a sua direção e paro no meio do caminho. — Agora solte a
Samantha e eu vou até você logo em seguida.
— Tudo bem querido, estou tão emocionado por poder ver você
novamente para que possamos acertar as nossas diferenças — Dylan diz com
um tom sarcástico e eu me sinto enojado.
Ele solta Samantha no chão que continua muito assustada. Fico olhando-
a tentando passar um pouco de segurança através do meu olhar e a incentivo
vir até mim. Assim que Dylan a solta completamente ela vem em direção a
mim, correndo em desespero. Agacho-me e abro meus braços para poder
recebê-la, quando seu corpo pequeno se choca com o meu ela me agarra bem
forte, com suas pequenas unhas cravando na minha pele. Ela treme de medo,
seus soluços são fortes e medrosos, me sinto muito mal por ela estar desse
jeito. Eu vou matá-lo pelo simples fato dele a deixar tão amedrontada. Você
cometeu um grande erro Dylan!
— Estou com você agora pequena, nada mais vai te acontecer. Eu
prometo — falo sentindo um nó se formar da minha garganta. — Eu preciso
que você faça uma coisa por mim. Você pode fazer Sam? — pergunta
fazendo-a olhar para mim, seus olhos vermelhos cortam meu coração.
— Você que ver os filhotes de cachorro. Tem Loki e Amora — Sam diz
puxando papo e Justin respira fundo.
— Eu não posso ver, sou cego. Às vezes tem crianças que não brincam
comigo porque eu não posso ver. Será que vocês se importam com isso? —
Justin pergunta receoso e eu paro de respirar no momento.
— Não, não nos importamos. Você vai ter que nós dizer do que mais
gosta de brincar. Daí vamos poder fazer junto. Não é verdade, Sam? —
pergunta Duda como uma mocinha.
— Sim, sempre podemos ter o que fazer — Sam diz cruzando os braços
com uma expressão pensativa.
— Então eu acho melhor vocês se secarem e ir para a sala — falo e eles
assentiram.
— Duda como fala, eu gostei do seu óculos em inglês? — sussurra
Pietro para a irmã que começa a rir.
— Ensinem a Justin o caminho da sala. Isso vai ser bom para você,
Justin? — pergunto já sabendo que é importante os deficientes visuais terem
noção do lugar que eles estão andando.
— Vai sim, na escola é assim que eles nos ensinam — Justin diz abrindo
um sorriso e ajeitando sua bengala.
— Vamos ficar bem Papai Lucca! — Sam garanti e eu assenti.
Duda e Sam cada uma vai para um lado de Justin e assim seguem o
caminho para sala de estar, e Pietro na frente falando pelos cotovelos. Vejo
que quando chega perto do batente Sam fala com Justin e ele procura a
profundidade com sua bengala, depois de averiguar consegue descer
tranquilamente. Não sei como eles vão fazer isso, mas confio que eles podem
se adaptar.
— Como você sabia que eles iram se dar bem? — Filippo pergunta e eu
nem vi que ele estava próximo.
— Não sabia, só tinha essa intuição — falo ainda observando as
crianças.
— Você fez bem Luc, não sei como Pietro vai falar em inglês, mas
vamos ver — Luti diz sorrindo.
— Falando nele, primeira vez que o vejo ficar irritado quando fala uma
palavra errada — falo e Luti respira fundo.
— Estamos levando-o para a fonoaudióloga e sempre fazemos os
exercícios em casa. Muitas das vezes quando ele não consegue, fica frustrado
— Filippo diz com uma expressão fechada, prestando atenção nas crianças.
— Vou procurar alguma coisa para comer. Puta que pariu eu estou
caindo de fome — Enzo resmunga passando pela gente com a mão na
barriga.
Passamos o restante da manhã onde todo mundo está em uma conversa
agradável. Na hora do almoço sentamos todos juntos e Sam faz questão de
sentar no colo de Luigi e ainda reclamar que ele está fedendo a fumaça. Fico
atento como Laila deixa Justin a vontade na hora de comer, explicando onde
está cada coisa, cortando sua carne e se ele se suja ela limpa. Giovanna está
em uma conversa entretida com nonna e Lorenzo, e isso evitou que nonna
jogasse farpas em alguém durante o almoço. Em determinado momento do
almoço meu celular toca, quando vejo que é Chávez sinto meu corpo ficar
rígido. Peço licença e vou atender a ligação.
— Aandreozzi! — Atendo com firmeza e ouço uma risada ouça do outro
lado.
— ¡Hola mi amigo! — diz Chávez e eu reviro os olhos.
— Diga logo o que você quer me ligando a essa hora, Chávez — falo e
ouço um resmungar em espanhol de Chávez.
— Seja mais gentil com a pessoa que só quer lhe fazer um favor —
Chávez diz em tom mais leve.
— Vamos lá, para você resolver me ligar então a coisa é séria — falo
tentando não me irritar.
— Você ainda pretende pegar aquela outra pessoa? — pergunta ele em
código e meu corpo fica rígido.
— Claro que sim, eu estava já planejando nosso encontro — falo me
sentindo muito irritado.
— Se for fazer, faça isso agora. Ele descobriu que você sabe sobre ele e
está saindo do país para não voltar mais. E se ele for embora, você não
conseguirá pegá-lo. Ele lá fora é mais forte do que pensa — Ricco diz e eu
começo a andar um lado para o outro com o punho cerrado e maxilar em um
aperto forte.
— Como diabos ele descobriu isso? Pelo que eu sabia só você sabia
disso — pergunto e ele solta um som de desgosto.
— Isso é culpa minha, na verdade um dia meus homens que relatou.
Mas não se preocupe ele já não é mais problema, a morte o levou bonito —
Ricco diz rindo e eu nego com a cabeça.
— Você sabe quando e onde o avião dele vai sair? — pergunto nervoso.
— Sim, te mandarei todas as coordenadas. E farei questão de te dar um
presente. Vamos nos encontrar no local — Chávez diz me deixando
desconfiado.
— Eu não preciso de nenhum presente seu, vou fazer isso do meu jeito
— falo e ele faz um som de desgosto do outro lado da linha.
— Não seja tão irritante, farei isso porque foi um dos meus homens que
fez essa bagunça. Odeio traidores, mas odeio ainda mais deixar que os erros
dos outros me afetem — Ricco diz e sem nem pensar direito me vejo
afirmando.
— Tudo bem então, vamos ver como isso vai ser — falo com raiva e ele
ri novamente.
— Vá armado, Aandreozzi. O negócio não vai ser bonito — Ricco diz
com ar de riso.
— Aprenda uma coisa sobre mim, Ricco. Eu nunca, nunca ando
despreparado — falo e encerro a ligação.
— O que está acontecendo agora Lucca? — Luigi pergunta atrás de mim
e eu pulo com o susto.
— Caspita, Lui! Quer me matar do coração? — pergunto com a mão no
peito.
— Não, quero saber o que tá rolando — ele fala me olhando com os
olhos cerrados.
— Vamos terminar de almoçar e vamos fazer uma reunião no meu
escritório. Pode ser? — peço e ele me olha por um momento até assenti.
— Tudo bem então — Luigi diz e eu lhe dou um beijo nos seus lábios
macios.
Voltamos para a mesa e eu falo com meu pai e meus irmãos que teremos
que conversar no escritório depois. Todos eles assentem e não fazem mais
perguntas. Voltamos a comer, mas tenho que confessar que a comida já não
me cai muito bem, eu estou sentindo um gosto amargo na boca e meus
pensamentos vão para longe. Sinto a mão de Luigi aperta a minha e eu olho
para ele, depois de um tempo afirmo com a cabeça e volto a comer.
Agora estamos todos reunidos no meu escritório, menos mamma, nonna,
Gio e Lorenzo. Depois do almoço as crianças capotaram em um sono
tranquilo e Laila aproveitou a deixa para ir para casa com Justin. Conto para
todos sobre a ligação de Chávez, todo mundo fica irritado e totalmente
desconfiado. Mas eu disse que se eu quiser me acertar com o maldito eu
tenho que confiar na palavra de Chávez. Isso também não me agrada muito,
mas pela primeira vez na minha vida eu terei que confiar em alguém que não
seja da minha família. Mas como meus planos foram arruinados por causa
dos homens dele, nada melhor que ele mesmo me ajudar a arrumar a
bagunça.
— Não importa o que esse mexicano quer, vamos estar lá de qualquer
jeito. E vamos acabar com esse maledetto — Enzo diz fazendo todos
concordar.
— E sempre podemos acabar com a raça Chávez se ele fizer alguma
coisa — Filippo diz com o seu tom sombrio.
— Não vamos nos meter com o cartel de drogas. Eles são o que são, mas
são homens de palavra — babo diz acalmando os ânimos.
— Já tem um tempo que eu não uso minhas armas com vontade — Luti
diz com um sorriso de lado.
— Eu também cunhado — Luna confirma e eles dão um sorriso
cúmplice.
— Falando em armas, acho que está na hora de batizar Luigi em nossa
família — babo diz colocando uma maleta preta, muito parecida com a dele
em cima da mesa.
— O quê? — pergunta Luigi olhando para todos com os olhos
arregalados e isso faz todo mundo rir.
— Ele deveria era casar com meu irmão, ele é um menino de honra —
Enzo diz e eu lhe dou um soco no braço. — Ai cazzo infelice!
— Deixe de ser um bastardo, va bene? — pergunto entre dentes e ele ri.
— Parem vocês dois! Luigi todo mundo que entra para essa família
recebe um presente, esse presente nunca fica parado — resmunga babo e
todos riem. — Mas o que importa é que nós te aceitamos e te acolhemos para
essa família. Você faz parte de nós, você faz meu filho feliz, o ama de
verdade e todos esses requisitos fazem você parte de nós. Nós cuidamos e
protegemos os nossos. Grazie per aver fatto felice il mio ragazzo. (Obrigado
por fazer meu menino feliz.) — Papai termina de falar e abre a maleta
contendo duas armas automáticas, pretas com o brasão de nossa família no
fundo do cano.
— Eu não sei nem o que dizer — Luigi diz boquiaberto olhando para as
armas.
— A sensação é esmagadora, não é? — Luti diz sorrindo e Luigi afirma.
— Eu me sinto honrado por vocês me aceitarem. Molte grazie! — Luigi
diz emocionado.
— Só continue sendo você e está tudo bem — babo diz e todos
felicitaram Luigi. E eu não poderia me sentir mais radiante por meu Lui.
Hoje é um dia muito importante para a nossa família, hoje é o dia que
finalmente irá acontecer a reinauguração da galeria de Giovanna. Ela está
lutando a um tempo para fazer daquele lugar o mais fantástico possível. Eu
tenho um fodido orgulho dela, porque além dela ser uma mãe incrível para
minhas as meninas, ela também é uma profissional extremamente séria.
Confesso que muita coisa mudou durante esses 15 anos, mas a única coisa na
qual nunca mudou é o amor, respeito e admiração que sinto por essa família.
E Giovanna era o complemento que faltava para que tudo se tornasse mais
incrível. Por isso que eu e Luigi fizemos questão de que essa noite seja
memorável para ela, onde toda a família Aandreozzi vai estar reunida para
festejar o seu esforço.
Parando de falar um pouco sobre a noite de hoje eu solto um sorriso na
frente do espelho, admirando a minha incrível beleza. Fala sério eu estou
muito gostoso nesse smoking! Eu não… Espera aí, que diabos eu estava
falando? Ah sim, a noite de Giovanna! Mas não era só isso, eu ia falar outra
coisa, não ia? Que seja, vamos reformular isso aqui, beleza? O tempo passa
tão rápido, mais tão rápido que eu estou pronto para ter um treco um dia
desses. E se isso acontecer vai ser por causa das minhas filhas. Deixo logo
isso aqui em aberto, porque se algo realmente me acontecer vocês saberão
que foi a senhorita Samantha e senhorita Isabel. Sim, agora que elas estão tão
crescidas que a minha vida pacata e livre de qualquer tempestade foi
subitamente substituída por um fodido caos.
Luigi, o grande amor da minha vida, o homem que fode como um Deus
do sexo, fala que elas puxaram a mim. Como ele pôde usar dessa afronta?
Logo eu que sou tão sério quando Filippo. Reviro os olhos pelo o que acabei
de pensar e me assusto ao pensar que seria realmente muito sem graça ser tão
sisudo como meu Ursão lindão. Mas seja como for, eu garanto que essas
meninas estão realmente me deixando de cabelos brancos. Sam está fazendo
faculdade de negócios, para a felicidade de Luigi que sonha um dia em que a
nossa marrentinha trabalhará ao nosso lado. Eu não quero quebrar o encanto
do meu marido, e dizer que Sam irá lutar com ele sobre isso, mas eu decido
ficar quietinho e observar minha filha encrenqueira, de 22 anos, seguir sua
vida como ela bem entender.
Ainda lembro de como Samantha era uma criança tão cheia de vida,
linda e que tinha uma resposta para tudo. E hoje em dia? Ah cara, claro que
ela continua com a língua afiada, mas hoje em dia a minha filha mais velha é
a mulher mais foda que existe nessa vida. Mesmo que ela se envolva em
algumas confusões, que não são nada muito grave, eu estou junto a ela para
tudo. Quem nunca foi preso por desacato que atire a primeira pedra, não é
verdade? Não vou julgar minha menina, até porque nós fomos presos juntos
algumas poucas vezes, bem poucas vezes mesmo. Bem, agora o que falar de
Isabel? Isabel está com 14 anos, beirando os 15, e está me deixando maluco a
cada dia.
Mas eu me importo por ela está me deixando louco? Não, eu não me
importo mesmo! Até porque ela é minha garotinha, a bebê do papa aqui,
mesmo que ela tenha um gênio do cão como Luigi. Sim, Isabel está naquela
fase da adolescência onde eles pensam que ninguém os entende, que ser
adulto é uma das melhores coisas do mundo, mas que todos nós sabemos que
não é bem assim. A vida adulta é um verdadeiro inferno, mas eu vou dizer
isso a minha filha adolescente? Não mesmo! Vou deixar a pobrezinha
descobrir isso sozinha.
— Luc, por que diabos você está rindo sozinho? — Luigi aparece todo
lindo vestindo o seu smoking.
— Porque eu lembrei como nossa filha adolescente acha que é adulta —
falo rindo e ele dá um sorriso de lado.
— Coitadinha da minha princesinha, alguém tem que dizer a ela que ser
adulto não é legal — Luigi brincou negando com a cabeça.
— Sim, e esse alguém não sou eu — falo de modo sério e Luigi ri.
— Você está muito gostoso — ele diz me olhando de cima a baixo e eu
arregalo os olhos.
— Você acha mesmo? — pergunto descaradamente e ele concorda.
— Sim amor, você sempre está muito bom para o meu gosto. Você é
simplesmente o homem mais deslumbrante que já vi na vida — Luigi diz de
forma tão intensa que me deixa engasgado.
— Luigi, pare com isso. Ou eu vou livrar você dessas roupas e vou te
foder aqui mesmo de frente para esse espelho — minha voz sai rouca e eu
posso sentir o meu pau começar a engrossar.
— Sabe o que eu acho mais excitante, senhor meu marido? — Luigi
pergunta dando um passo na minha direção.
— O que? — pergunto mordendo meus lábios com força.
— É que você ainda me faz ficar tão fodidamente duro por todos esses
anos, somente por te olhar. — Solto um gemido e isso o faz dar uma risada
rouca.
— Luigi, não me provoque — aviso de forma firme.
— Não amor, não vou te provocar. — Seus olhos castanhos estão em
mim tão sério que eu me sinto despido.
— Luigi, quando esse evento terminar eu vou te foder tão duro e tão
forte que você não vai conseguir andar. — Faço a promessa e ele me olha por
um tempo.
— Será que eu devo lutar pela dominância ou deixo você chegar ao seu
caminho? — ele perguntou cruzando os braços.
— Acho melhor você lutar, eu gosto quando você luta, amor. Isso
porque eu sou tão foda com o meu pau que você não resiste — brinco
tentando controlar minha louca vontade de ir até Luigi e foder seus miolos. E
isso faz Luigi rir.
— A grandeza desse seu ego não mudou nesses anos de casados —
Luigi diz pairando seu corpo no meu.
— E é isso que faz você me amar — falo olhando fixamente para seus
lábios.
— Não, eu te amo porque você é você, mas eu sou louco pelo seu ego
também. Porque ele é tão gigantesco que me impede que não amar. — Ele
beijou o canto da minha boca e eu fecho os olhos saboreando seu toque.
— Você é a porra de uma provocação, Lui — falo baixinho e ele beija a
ponta do meu nariz.
— Sim, e eu sou sua provocação assim como você é a minha maior
provocação. — Luigi beijou minha testa.
— Me beija, seu bastardo — mando e ele gargalha.
— Você pedindo com um carinho especial assim, fica impossível negar
— meu marido lindo diz e eu não posso mais aguentar.
Sem perder tempo eu avanço meus lábios contra os lábios macios e
saborosos do meu Luigi. Oh cara, que delícia! Mesmo depois de todos esses
quase 15 anos de casamento, tocar Luigi é como se acendessem o inferno de
uma fogueira dentro de mim. Nosso amor é explosivo, sempre foi e sempre
vai ser, e eu fodidamente amo isso em nós. Eu o amo com loucura e foda-se
quem acha que pode ser errado. Ele é a porra do meu homem, meu e de mais
ninguém por isso eu tenho todo o direito de ser o mais quente o possível com
o meu amor. Luigi faz com que eu me sinta o homem mais especial do
mundo, e eu faço tudo que estiver ao meu alcance para dar a ele o mesmo
sentimento. O meu amor por ele é avassalador e é assim que tem que ser.
— Eu te amo Luigi! — murmuro beijando-o com aos força.
— Não mais que eu, amore, pode apostar! — Luigi responde
intensificando seu aperto.
Eu amo a maneira quente, divertida, cúmplice e intensa que o nosso
casamento se desenvolve. É obvio que nós dois brigados, alguns momentos
mais que outros, mas o que é mais especial em nosso casamento é que
sabemos lidar com nossas diferenças da melhor maneira possível. Não somos
perfeitos pelo amor da foda! Ninguém nessa fodida vida consegue alcançar o
nível de perfeição, mas juntos podemos ser o melhor que conseguimos ser.
Fora a minha família, Luigi é a pessoa que mais me entende em todo o
mundo, ele conhece cada ponto de fraqueza, ruptura e principalmente a
loucura. Então sim, eu me considero um bastardo muito sortudo por tudo o
que a vida me proporcionou, meu marido, minhas filhas, minha Giovanna e
tudo mais.
— Miele, temos que parar, vamos chegar atrasados! — Luigi diz, mas eu
já estou pronto para tirar sua roupa bonita e foder sua vida fora de seu corpo
gostoso.
— Acho que podemos nos atrasar um pouquinho, Lui — falo entre
beijos e isso o faz rir.
— Daqui a pouco vão vir nos chamar — ele diz e eu dou de ombros.
Minha atenção está na bunda apertada do meu marido.
— Eu não gostaria que Sam aparecesse e… — Nesse momento a porta
do quarto é aberta abruptamente.
— Pai, pelo amor de Deus não me diga que vocês está de pegando
justamente quando temos que estar lá por Mamãe — Samantha grita do
quarto e eu olho para Luigi derrotado.
— Que boquinha viu, amor — sussurro e isso o faz rir.
— Eu conheço nossa filha muito bem. — Ele dá de ombros e começa a
ajeitar sua roupa. — Estamos indo marretinha! — Luigi responde e deixa um
beijo no meu rosto antes de sair do closet.
— Meu Deus pai, o senhor e papai não se controlam — Sam reclama e
eu reviro os olhos.
— Filha, você está incrivelmente bela — Luigi elogia nossa menina
tentando mudar de assunto.
— Mude de assunto, pai! — O tom desdenhoso de Sam me faz rir. —
Papai saia do closet com as mãos para cima, agora mesmo! — ela grita e eu
solto um bufo.
— Então agora eu sou o meliante do amor por atacar seu pai? —
pergunto saindo do closet como fui ordenado. — Marrentinha, eu não tenho
culpa se seu outro pai é gostoso. — Ainda com as mãos para cima eu pisco
agora para meu marido e solto um beijo.
— Oh não foda! Isso é muita informação! — ela diz em um tom enojado
e eu dou uma risada divertida abaixando os braços.
— Olha a boca, Samantha! — repreendeu Luigi e ela assenti
desgostosa.
— Você está fodidamente linda, marrentinha — falo olhando a beleza
incrível que minha filha tem, sendo destacada por um vestido cor de ameixa
desenhando suas curvas. Ela arregala os olhos com o que falei e aponta para
mim.
— Olha só pai o exemplo que temos aqui — Sam diz e eu franzo o
cenho. — E obrigada pelo elogio meu lindo papai, o senhor está incrível
também — ela diz e foi impossível, mesmo que por um momento, não me
sentir alto com o seu elogio.
— Eu sou o pai aqui e eu posso falar palavrão! — falo na minha defesa
e Luigi arqueia a sobrancelha para mim, mas eu o ignoro.
— Samantha! Você não diz que ia chamar nossos pais? Vamos nos
atrasar e mamãe vai ficar irritada. — Dessa vez é Isabel que entra exasperada
no quarto, tão linda quanto a irmã.
— Você está encantadora, Bel! — falo e ela se desmanchou. Isabel está
usando um vestido da cor clara, colado na parte de cima, mas solto na
cintura.
— Obrigada papai. — Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha,
mas depois volta a me olhar com firmeza. — Não podemos nos atrasar, todos
já foram só falta a gente. — Seu tom sofrido de adolescente quase me fez rir.
— Se estamos todos prontos acho que não tem por que não irmos. Então
vamos! — Luigi diz e confirmamos. Eu estou começando a andar, mas paro
quando uma onda de ciúmes tomou conta de mim por lembrar de algo.
— Bel, filha, fique longe do filho dos Andrews, aquele menino olha para
você de maneira sorrateira e cafajeste — falo com Isabel que me olha como
se eu estivesse louco.
— Papai, não! — ela geme voltando seus olhos para Luigi que está com
uma expressão que concorda comigo.
— Bem lembrado, amor, eu não vou com a cara daquele menino —
Luigi confirmou e eu sorrio de modo triunfante.
— Viu só, seu pai concorda comigo. — Aponto e posso ouvir um som
sofrido sair de Sam.
— Não comecem com seus ciúmes, ou eu vou acabar enlouquecendo de
verdade — Sam diz indo até a irmã e a puxando para si. — Vamos lá Bel! —
Ela vira de costas para mim e é aí que eu quase caio para trás.
— Samantha, esse vestido… — eu não consigo falar porque estou quase
tendo uma síncope.
— Lindo, não é? Presente de nonna Arianna! — ela diz com uma
inocência fingida e eu começo a pensar em gatinhos vestindo tutus rosa.
Acho que pode ajudar a minha vontade de trancar minhas duas filhas
terrivelmente belas em casa. — Não se estresse papai, essa noite é de festa!
— seu tom espirituoso faz Isabel soltar uma risada.
— Sinto saudades quando Samantha lutava para não usar vestidos e
Isabel nos fantasiava com os personagens favoritos — Luigi diz saudoso
assim que nossas filhas saem e eu não posso deixar de concordar.
— Eu também, Lui, eu também — falo em um tom sofrido e saímos
logo depois.
Finalmente chegamos na reinauguração da galeria de Giovanna e a
primeira coisa que eu posso observar é a beleza que está esse lugar. Claro que
toda a estrutura foi feita pela Aandreozzi SPA, eu estava firme em deixar
tudo do jeito que Giovanna planejava para a reforma. Mas a decoração foi
obra totalmente dela e confesso que está tudo esplendoroso. E não deveria
estar diferente, porque Gio merece nada menos que o melhor. Sinto a mão de
Luigi segurar a minha e olho para o lado lhe dando um sorriso. Ele aponta
para um determinado lugar e franzo o cenho sem entender, mas quando olho
atentamente eu posso ver Giovanna, linda demais para parecer real, ao lado
do seu marido Aaron Le Roux.
Aaron e Giovanna estão juntos a quase sete anos e confesso que Aaron
foi uma adição maravilhosa para nossa família nada convencional. Aaron é
um artista plástico muito famoso, que tem suas obras pelo mundo e foi de
grande importância para a galeria de Gio no início. Mas não é por Aaron ser
um artista famoso que me faz gostar dele e sim pelo fato que ele aceitou a
minha Gio e nossas filhas com todo o seu coração. Foi somente isso que fez
com que a família Aandreozzi abraçasse esse francês bonito como nosso. O
que? Eu não posso chamar meu cunhado de bonito? Óbvio que posso! Porque
o infeliz é realmente muito bonito com esse cabelo comprido e tatuagens
espalhadas pelo corpo. Nonna quando viu esse homem… Fodido Deus! Eu
ainda dou risada depois de todos esses anos.
— Complimenti bella mia! — falo assim que me aproximo de Gio. —
Está tudo tão lindo! — Quando ela vira para mim já vem logo me dando um
tapa forte no peito.
— Vocês demoraram demais, porra! — ela diz entre dentes olhando
acusadoramente para mim e Luigi.
— Sinto muito pelo atraso, Gio — Luigi diz sorrindo enquanto beijava
os dois lados do rosto de Gio e apertava a mão de Aaron.
— Tenho certeza que Lucca estava agarrando Luigi em algum lugar da
casa. Pas mon ami? (Não é meu amigo?) — Aaron diz e eu dou um sorriso
malicioso.
— Você me conhece tão bem, A. — Pisco um olho para Aaron que dá
um largo sorriso.
— Estou irritada com vocês dois, que além de se atrasarem, atrasaram as
minhas meninas também — Giovanna diz cerrando os olhos para mim. — E
não me dê esse sorriso porque eu não vou cair nessa — diz e eu assenti. Me
aproximo de Giovanna e rodeei os meus braços na sua cintura.
— Te amo tesoro, te desejo muito sucesso! — falo seriamente deixando
um beijo carinhoso na sua testa.
— Eu te amo mais, Luc! — ela respondeu e eu me afasto.
— Vamos deixar vocês receberem os convidados, estarem ali com a
família. — Luigi apontou e Aaron confirma.
— Logo estaremos lá — ele responde fazendo eu e Luigi confirmamos.
Seguimos até a família e a primeira coisa eu faço é cumprimentar os
meus pais, Lolo e nonna. Nonna mesmo em uma certa idade, seu espírito
continua firme, saudável e safada como nunca. Viro para os meus irmãos e
cunhados sorrindo feliz por estamos mais uma vez juntos. Porque a palavra
"separados" nunca irá combinar com a gente.
— Nós não aguentamos e tivemos que vir sem vocês — Filippo diz e
Luti confirma.
— Sério que vocês dois estavam se agarrando? — Luna perguntou e eu
dou de ombros focando minha atenção em Ella.
— Olha como você está crescendo rápido, meu amor. — Peguei minha
sobrinha recém-nascida de minha irmã e Lai.
— Não ignore o obvio, Lucca — Enzo diz e eu não dou atenção.
— Ah, então agora ele vai nos ignorar? — Luti pergunta e eu pisco para
ele.
— Vocês estão muito quentes essa noite, cunhados e cunhada — falo e
todos eles reviram os olhos.
— Lucca! — Filippo, Enzo e Luna falam em um tom de aviso.
— Luc, não provoque seus irmãos — Laila pede rindo.
— Ele gosta disso Lai, sempre gostou — Luigi diz beijando minha
cabeça e dando o dedo para Ella pegar. — Você está linda, querida! — Luigi
diz saudoso. — Onde estão o restante das crianças? — pergunta chamando
minha atenção.
— Estão todo ali, inclusive a Hope! — Andrea aponta para uma direção
e nego com a cabeça.
— Por que eu tenho essa sensação de frio na barriga? — pergunto como
quem não quer nada e observo meus irmãos e cunhados de canto de olho.
— Isso porque vocês sabem que seus filhos são piores que vocês quando
o assunto é entrarem em confusão — babo diz fazendo todos nós olharmos na
sua direção.
— Que absurdo, deixem as crianças serem felizes. Olha aquelas carinhas
cheia de hormônios em explosão — nonna diz em um tom orgulho e Luigi
empalidece na hora.
— São esses hormônios que me dão medo — meus irmãos e eu falamos
ao mesmo tempo.
Posso ouvir mamma e nonna rirem de nós, mas eu estava mais focado
em saber o que minha filha mais velha e sobrinhos podem aprontar hoje. E é
impossível não sentir uma pontinha de medo.
Está tudo tão ridiculamente chato! Oh Deus, eu sei que estou em um
evento organizado pela minha mãe, mas cara isso está muito chato. Tirando
os meus tios, tias, meus avós e bisavós todo mundo que está na reinauguração
da galeria de mamãe são ricos que não tem nada melhor para comprar do que
quadros, esculturas e muitas outras coisas que podem ser consideradas como
artes plásticas. Eu não entendo porra nenhuma! Não, não, não e não mesmo!
Por mais que minha mãe seja uma foda de uma profissional no ramo das
artes, e meu padrasto seja um artista renomado, eu não entendo nada. Tenho
até vontade de rir, porque além de não entender o tal do sentimento, seja lá
que sentimento for, que os artistas querem passar em suas obras. Ou até
mesmo porque essas pessoas gastam tanto dinheiro para comprar.
Oh fodido senhor! Lá vem eu acabar com o ganha pão de minha mamãe
e do Aaron. Retiro o que eu diz sobre as pessoas gastarem dinheiro com artes.
Podem comprar! Principalmente se forem comprar na galeria de mamãe, isso
mesmo podem gastar suas gramas aqui, somente aqui. Prendo o riso e sinto
os olhos de Duda em cima de mim, olho na sua direção e ela arqueia a
sobrancelha em questionamento, mas eu nego com a cabeça. Algumas
pessoas que são conhecidos de mamãe param para cumprimentar a mim e a
Isabel. Dou um sorriso forçado para cada um deles, diferente da minha
irmãzinha que é toda fofa e simpática. Tenho que admitir que esses eventos
me deixam um pouco irritada, mas a Bel consegue lidar melhor que eu.
Ao citar minha irmã caçula é impossível não sentir o meu coração se
aquecer de amor. Isabel está no auge dos seus quase 15 anos, pensando
melhor acho que faltam um mês para seu aniversário. E posso dizer com toda
a sinceridade que por mais que ela seja uma adolescente cheia de verdades
absolutas e irritante algumas vezes, minha irmã é tão inteligente e esperta que
me mata de orgulho. Somos muito diferentes tanto fisicamente quando na
personalidade, mas o meu amor por essa menina é imenso. Imenso ao ponto
de matar qualquer pessoa que queira fazer algum mal a minha princesa. Ela e
nossos pais são as minhas maiores riquezas e sem eles… oh porra, sem eles
eu não sou nada.
— Sam, você está tão calada. O que há? — Ouço Justin me perguntar e
olho na sua direção.
— O que? Nada! Nada mesmo, Jus! — falo rapidamente e ele vira a
cabeça para o lado.
— Tem certeza? Você não é de ficar mais de dois minutos em silêncio
— Justin provoca arrumando seus óculos escuros.
— Há há! Muito engraçadinho, mocinho azul! — falo dando uma risada
sem graça e meu primo ri.
— Você é encantadora quando inventa apelidos estranhos — ele diz
sorrindo. Me aproximo perto o suficiente para falar no seu ouvido.
— Foda-se! — murmuro e isso o faz rir mais ainda.
— Vocês podem, por favor, parar de chamar a atenção? — Otto diz e eu
olhei para ele. — Estão todos olhando para a gente — ele diz sem graça.
— Eu não estou chamando atenção! Tem alguém chamando atenção
aqui Justin? — pergunto gesticulando com os braços para fazer Otto rir. E
confesso que fazer Otto rir não é um trabalho muito árduo.
— Agora quem está chamando a atenção, Otto? — Justin diz e Otto
morde os lábios.
— Isso é culpa da Sam, ela sabe fazer Ottozinho dar risada com suas
besteiras. — Duda vem em defesa de Otto.
— Chegou à defensora dos homens com risos frouxos — provoco e ela
me dá dedo.
— Ursinha eu vou chamar babo para mostrar os seus gestos obscenos.
Que vergonha irmã! — Pietro provoca fazendo Duda cerrar os olhos para
ele.
— —Fica na sua aí ursinho! — ela diz entre dentes e eu rio.
— Onde está a Hope, eu não sinto o seu perfume perto — Justin
pergunta preocupado.
— Não se preocupe, ela está com Gian e Enrico olhando a exposição.
Daqui eu consigo vê-los — Pietro diz e posso ver Jus relaxar.
— Tudo bem, só fiquei preocupado. Prometi a mommy e mamma que
ficaria de olho em Hope — Justin se justifica e eu coloco a mão no seu
ombro.
— Estamos todos aqui, não se preocupe — falo em tom calmo e ele
assenti.
— Fora que Hope é muito calma e doce — Duda diz olhando para
nossos primos caçulas com um sorriso amoroso.
— Sim, Hope realmente é, mas Gian e Enrico de calmos e dóceis não
tem nada. — A voz de Viktor se fez presente e todos nós viramos para
encará-lo. Aqui está meu primo mais velho, tão sério, responsável e bonito
como sempre.
— Irmão, pensei que você não viria. Aconteceu algo? — O tom
preocupado de Otto chamou nossa atenção.
— Não, tive somente que atender uma ligação importante — Viktor diz
com seu tom sério.
— Problemas, Vik? — Justin perguntou e eu aperto seu ombro sentindo
seu tom muito curioso. Viktor olhou para Jus por um tempo antes de desviar
os olhos para qualquer outro lugar.
— Problema algum, não se preocupem — ele diz e eu posso sentir seu
sotaque russo um pouco mais acentuado.
— Viktor? — Otto perguntou e Viktor o encara negando com a cabeça.
— Otto, não! — ele diz simplesmente e Otto respira fundo.
Observo a interação estranha de Viktor e Otto, mas prefero não falar
nada. Mas eu posso sentir que algo está muito estranho, eu não sei o que é,
mas algo está definitivamente muito errado. Essa estranheza tem algo
relacionado a Vik, é como se ele estivesse escondendo algo de nós, e só de
pensar nessa possibilidade eu me sinto uma tola. Porque nós cinco, que
somos os mais velhos, nunca escondemos nada um dos outros. Nós sempre
estamos lá um para o outro e sabemos que segredos não combinam com a
nossa família. Tentamos de tudo para ficar os mais unidos possíveis, porque é
dessa união que vem a nossa maior força. Porra, somos os Aandreozzi! E
juntos somos mais fortes que separados, papai Lucca sempre fala isso e eu
trouxe para a minha vida. Eu amo minha família, meu amor é imenso, mas
com Viktor, Eduarda, Otto, Justin e Pietro é coisa de alma.
Eu não sei explicar, somos um o complemento do outro, é uma coisa
louca de se admitir, mas é o que é. Viktor sempre tão misterioso e sério,
carregando o mundo nas costas com apenas 28 anos, cuida de nós como um
grande irmão mais velho, Eduarda a nossa ursinha feroz, que de ursinha não
tem nada, que está se preparando para assumir as empresas junto com o meu
tio Filippo. Otto é o meu menino sorriso, sua risada é tão bonita e o modo
como ele parece fisicamente com o meu tio Dea é assustador. Pietro é o
futuro médico da família, esse menino pegou todo mundo desprevenido ao
passar na faculdade de Medicina. Mas além de ser raivoso e convencido, o
menino é foda de inteligente. E Justin? O que falar dele? Justin é o meu
melhor amigo, ele é realmente muito amável e o melhor ouvinte que alguém
poderia querer, mas não se engane com seu rosto bonito e deficiência visual,
Jus é um exímio lutador de artes marciais.
— Por que não vamos para outro lugar? — falo de supetão e todos meus
primos viraram para me encarar.
— Sam, estamos no evento da sua mãe. — Justin me lembra e eu faço
de tudo para não revirar os olhos.
— Eu sei, eu sei não me diga o óbvio, abóbora — chamo ele pelo
apelido de tia Laila para o irritá-lo, mas não funciona porque Jus é muito
calmo e controlado.
— Samantha, nós não vamos! — Viktor diz de um jeito onde não tem
conversa.
— Mas Vik, por favorzinho, prometo me comportar. — Juntei minhas
mãos e faço minha melhor cara de inocente.
— Você sabe que fazer essa carinha não vai funcionar com Vik, não é?
— Duda pergunta e eu faço cara feia para ela parar de falar, e assim ela fez,
levantando as mãos em sinal de rendição.
— Você nunca se comporta, Sam — Otto diz fazendo Pietro rir.
— Pura verdade, O! — Pietro levantou a mão para Otto bater e assim ele
faz.
— Vem cá, eu estou sentindo um complô contra a minha pessoa aqui?
— pergunto sem entender e eles negam.
— Não mesmo, Marretinha! — Pietro diz com cinismo e eu cerro os
olhos para ele.
— Ursinho cínico! — Aponto um dedo acusatório para ele.
— O caso Sam é que meu pai diz que eles vão embora depois do evento
— Viktor explica e eu arregalo os olhos.
— Mas já? — Olho para todos sem entender.
— Infelizmente sim, eu tenho aula e não posso faltar e Duda vai para
uma viagem de negócios com o babo — Pietro diz e eu solto um suspiro.
— Já está de vez na empresa com o tio, Duda? — pergunto e ela
concorda com a cabeça.
— Sim, e estou aprendendo muito com o meu velho. — Ela dá de
ombros e eu fico feliz porque é isso que ela sempre quis.
— E você, Otto? — pergunto e Otto sorri brevemente.
— Vou aproveitar a folga na faculdade e ir em Riomaggiore visitar
meus pais — ele diz e eu compreendo totalmente.
— Mande um beijo para senhor Vicenzo — falo e ele assenti. Ainda
bem que ele não perguntou pela mãe dele, porque eu não vou muito com a
cara dela e não iria mandar beijo para ela. Não sou falsa!
— Jus? — pergunto com a voz um pouco mais aguda e ele faz cara feia.
— Não gosto quando você usa essa voz, muita chata — ele resmunga
tirando os olhos e tateando o bolso para guardá-los no bolso do smoking.
— Você prometeu que ficaria uns dias comigo — acuso e ele solta um
suspiro.
— Isso foi antes de saber que mamma tinha desmarcando uma viajem
importante, porque não está pronta para deixar Ella — Justin diz e eu faço um
som em confirmação.
— Para onde era essa viagem? — Viktor perguntou sem esconder sua
curiosidade.
— Turquia! — responde Justin prontamente com um sorriso.
— Então você vai para a Turquia? — pergunta Duda e todos estão
curiosos para saber, principalmente o nosso primo.
— Sim, eu vou no lugar de mamma — Justin diz e tateia a mão na
minha direção para passar os braços ao meu redor.
— Bem, tome cuidado lá sozinho — Viktor diz com expressão fechada.
— Pode deixar, eu não irei sozinho — Justin diz e eu o empurro de
modo brincalhão.
— Mas olha isso, quem vai roubar o meu lugar como sua melhor
acompanhante? — indago cutucando sua barriga rígida e cheia de músculos
duros.
— Pare com isso, isso dói! — Eu estou pronta para cutucá-lo
novamente, mas Jus é muito rápido e segura meu dedo antes de alcançar sua
barriga. Fodidamente rápido e assustador!
— Essa rapidez de Justin me assusta às vezes — Pietro fala e Justin dá
uma risada divertida.
— Respondendo sua pergunta eu vou com a mommy. Ela vai comigo! —
Justin fala e todos relaxam. E se meus olhos não estão enganados, Viktor foi
o que mais ficou aliviado, também não é para menos. Todos nós temos uma
certa segurança com Justin e Vik é o mais protetor de todos nós.
— Vik! — Uma voz feminina e infantil chama nossa atenção. Viramos a
tempo de ver Hope se jogar nos braços de Viktor, que a recebeu sem nem ao
menos pestanejar.
— Privet, lyubov' moya, ty vyglyadish' prekrasno! (Oi meu amor, você
está linda!) — Vik diz em tom carinhoso em Russo se abaixando para ficar
no mesmo nível que nossa prima.
— Spasibo! (Obrigada!) — ela responde em russo e isso me enche de
orgulho.
— Esse é o único momento que vemos Viktor de modo doce. Somente
Hope para amaciar esse homem — Duda fala e todos concordamos e Vik dá
uma breve olhada para ela, voltando sua atenção a nossa loirinha novamente.
— Nonno está chamando todo mundo, ele disse que vamos jantar em um
restaurante muito legal antes de ir todos pegar o jatinho — Enrico diz e Gian
concorda ao seu lado. Tão idênticos e tão lindos!
— Melhor que sair para festejar é um jantar com toda a família reunida
— Pietro diz rindo e eu o acompanho.
— Sim, com isso eu não posso discordar — concordo e posso sentir um
beijo de Jus na minha têmpora.
— Não faltaram oportunidades para a gente entrar em encrenca — ele
diz no meu ouvido e eu dou um largo sorriso.
— É por isso que te amo, Abóbora! — falo feliz.
— Eu sei, Marretinha — concorda abrindo sua bengala para irmos até o
restante da família.
É dia seguinte ao evento da galeria de minha mãe e sinto a casa tão vazia
sem ter a família aqui fazendo o maior barulho. E é por sentir a falta de todos
que eu decido sair de casa cedo. Eu tenho que ir para a faculdade porque
tenho um trabalho atrasado e vou aproveitar a minha solidão para prepará-lo.
O jantar ontem após o evento de mamãe foi muito divertido, tenho certeza
que foi muito mais divertido que qualquer saída que eu poderia fazer com
meus primos. Tudo isso porque nonna Francesa é sempre a protagonista das
situações mais constrangedoras. Ainda dou risada das coisas que ela fez e fala
durante o jantar, e seu principal alvo é o nonno Donatello, como sempre.
Mesmo admitindo que estar em eventos de artes é chato feito o inferno,
mas estar em família supera qualquer coisa. É por esses momentos especiais
em família que faz falta quando eles vão para suas casas, por isso bate logo
aquele momento de nostalgia. Eu não posso mudar isso, é sempre assim. Por
isso estou na faculdade agora, mesmo que eu só tenha aula mais tarde, eu
preciso de algo para me distrair. Estou bastante concentrada no que estou
fazendo, mas sou tirada das minhas atividades quando ouço uma voz bem
conhecida por mim.
— Sam, onde anda seu celular? Eu estava tentando te ligar. — Levanto
os olhos para encontrar com minha amiga Keisha.
— Meu celular? — Bato a mão no bolso e pego minha bolsa. — Deixa
eu ver… ah aqui está! — Levanto o celular sorrindo e Keisha nega com a
cabeça.
— Ele está no silencioso, não é? — pergunta e eu destravo a tela para
ver o monte de chamada perdidas e mensagens.
— Opa, desculpe Isha! Eu esqueci de tirar do silencioso — falo e ela faz
um gesto de desdém.
— Tudo bem, foi bom que eu pude te encontrar. — Ela dá um sorriso e
sua beleza afro-americana me fez paralisar. — Tem dias que não nos vemos,
não é? — ela diz sem jeito e eu cerro os punhos.
— Claro, aquele bastardo do seu namorado não quer mais que você se
aproxime de mim — falo entre dentes sem esconder o meu ódio por aquele
idiota abusivo.
— Não é bem assim, Sam — Keisha diz sem jeito e eu tenho que
controlar minha irritação.
Keisha é uma das poucas pessoas que eu posso chamar de amiga aqui
em Chicago. Claro que como eu nasci e fui criada aqui eu conheço algumas
pessoas, pessoas que estavam até mesmo na minha infância. Mas acho que
com o andar da vida agitada as pessoas vão se afastando e fica impossível
manter contato. E com Keisha é diferente, nos conhecemos em um grupo de
dança no qual fazia parte e entramos na mesma faculdade, o que foi
maravilhoso. Mas de uns tempos para cá estamos mais afastadas e tudo isso
porque o namorado da Isha me detesta. O idiota abusivo fala de modo
específico e direto que sou má influência para ela e que não a queria perto de
mim.
Morro de tanto ódio dessa situação que minha vontade é de pegar minha
arma e descarregar todinha nele, mas como sei que minha amiga o ama eu
não farei isso. Keisha é tão fodidamente linda, sua pele negra, cabelos crespos
iluminados com mechas loiras, sorriso matador e tem um corpo curvilíneo
que me mata de inveja. É triste ver minha amiga tão linda e gentil se
submeter ao um homem como aquele. É como Justin sempre me fala, que não
adianta eu ficar tentando livrá-la desse cara, sendo que ela mesma está cega e
não consegue enxergar o quanto destrutivo o seu namorado é para sua vida.
Me dói saber que não posso fazer nada, que a libertação tem que vir dela. E
quando finalmente ela conseguir sair dessa relação abusiva eu estarei de
braços abertos a esperando para dar todo o meu carinho e compreensão.
— Olha Keisha… — começo a falar, mas sou interrompida com o toque
do celular dela.
— Oh não, é o Baron! — Ela me olhou com um pedido de desculpas
estampado no rosto. — Eu tenho que ir, Sam — ela diz mordendo os lábios e
eu respiro fundo.
— Tudo bem Isha! — falo observando-a levantar da cadeira. Ela me
lançou um outro olhar e vira para sair. — Keisha! — chamo e ela olha para
trás.
— O que foi San? — pergunta e eu dou um sorriso.
— Foi bom te ver e se cuida! — falo e ela alarga um sorriso acenando
com a mão logo em seguida.
Aproveitando a saída de Keisha eu começo a arrumar minhas coisas para
sair também. Acho que vou passar na empresa para almoçar com meus pais.
Isabel não sai da escola até mais tarde, mamãe deve estar muito ocupada na
galeria e Aaron deve estar trancando no seu ateliê trabalhando em alguma
nossa exposição. Então nada melhor do que eu ir almoçar com os dois
homens mais lindos e gostosos da minha vida. E é com esse pensamento em
mente que eu solto os meus cachos, que estavam presos de forma desleixada
com uma caneta, e vou em direção a saída da faculdade. Mando uma
mensagem para Jasper, meu segurança, avisando que estou saindo. Assim que
chego na saída ele está a minha espera.
— E aí grandão! — cumprimento Jasper batendo nossas mãos juntas.
— Pensei que ficaria até mais tarde — ele fala e eu nego com a cabeça.
— Encontrei com Keisha e isso fodeu meu humor — falo e ele assenti.
— Entendo — ele diz simplesmente. — Onde vamos? — pergunta
abrindo a porta do carro para mim.
— Já disse que não preciso que abra a porta para mim — falo e ele
revira os olhos.
— Pare de problematizar e entre no carro — Jasper diz me fazendo rir.
— Então eu sou problemática, grandão? — pergunto entrando no carro.
— Eu não responderei a isso, senhorita Aandreozzi — ele diz fechando
a porta do carro e eu dou uma gargalhada.
— Você é um incrível protetor, Jas! — brinco olhando seu reflexo pelo
retrovisor.
— —Se você diz! — Ele dá um curto sorriso, ligando o som do carro
para mim como de costume.
Sem mais uma palavra Jasper e eu seguimos para a empresa do seus
pais. Só de lembrar que daqui a uns dias eu vou estar lá estagiando com papai
Luigi eu sinto uma pontinha de receio tomar conta de mim. Posso amar muito
meus pais, mas não me vejo trabalhando com eles no futuro. Deus sabe que
vou tentar e muito que esse estágio dê certo, mas se não acontecer eu vou sair
sem pensar duas vezes.
A viagem até a empresa é tão rápida que quando dou por mim já estou
atravessando as portas de vidro. Cumprimento alguns funcionários que eu
conheço e recebo alguns olhares estranhos de outros que eu não conheço.
Sinto que eles estão julgando a minha calça jeans rasgada de cintura alta,
minha camiseta folgada e minhas botas de motoqueiro. E será que eu ligo
para isso? Não mesmo!
— Meu pai está aqui? — pergunto a secretária de papai Lucca assim,
que subo para a presidência, já que eu não vi Christian em lugar nenhum.
— Sim, senhorita, ele está, mas temo que… — Eu não a deixo terminar
e já vou adiando meus passos até a porta.
— Obrigada! — Agradeço girando a maçaneta.
— Senhorita, é que… — ela tenta falar e para.
— É meu pai Luigi que está aqui com ele? — pergunto e ela nega
rapidamente. — Então não é importante! — Termino e já vou logo entrando.
— Papai, você não sabe quem eu encontrei na… — falo enquanto estou
fechando a porta, mas paro quando percebo quem está no escritório com meu
pai.
— Samantha, que surpresa! — Ricco Chávez diz sorrindo largamente
para mim.
— Olá, senhor Chávez! — cumprimento observando que tem outro
homem ao seu lado, mas acho que nunca o vi.
— Filha, você veio para almoçar comigo e seu pai? — Papai Lucca diz
fazendo gesto para que eu me aproxime e assim faço.
— Sim, eu estava passando e resolvi parar. — Meus olhos estão no
homem ao lado de Chávez, e eu não consigo desviar os olhos.
— Isso é ótimo! — Ele apertou seu braço ao meu redor e beija minha
cabeça.
— Lucca, meu amigo, não vai apresentar a sua filha ao meu filho? —
Ricco pergunta e posso ouvir os dentes de meu pai trincarem juntos.
— Acho que não há necessidade, já que vocês já estão de saída, certo?
— meu pai diz em um tom que eu conheço muito bem e não é nada menos
que ciúmes.
— Não seja assim, Lucca! — Ricco diz e aponta para o seu filho. —
Samantha esse é o meu filho Radamés Chavéz, filho essa é Samantha
Aandreozzi.
Pela primeira vez na minha vida eu me vejo totalmente sem palavras,
presa nos olhos castanhos e intensos do filho de Chavéz. Engulo em seco e eu
posso sentir os olhos de meu pai Lucca em mim, como se tentasse descobrir o
que está acontecendo comigo. Mas o mais engraçado é que nem eu mesmo
sei que inferno está acontecendo, porque eu não sou mulher de ficar calada
como uma idiota. Esse homem, ele está me deixando assim e eu não sei por
que, esse jeito dele me olhar… oh merda não! Nego com a cabeça me
livrando do seu olhar fodidamente sexy em mim.
— O que está olhando? — pergunto grosseiramente assim que recupero
minha besteira. Posso ouvir a respiração aliviada de papai Lucca ao meu lado,
mas não olho na sua direção. Radamés arregala os olhos por um tempo,
assustado com a minha reação, mas logo um sorriso pretensioso e quente
surge no canto dos seus lábios.
— Prazer em te conhecer, Samantha Aandreozzi! — Radamés fala com
um forte sotaque latino e eu cerro os punhos.
Fodido sagrado Jesus! Que diabos de homem quente é esse?
Table of Contents
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 33.2
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Epílogo
Bônus
Herdeiros Aandreozzi