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Copyright © 2020 Bianca Brito

Italiano Apaixonado

Capa: LA Capas
Revisão: Bianca Bonoto
Diagramação: AK Diagramação

Todos os direitos reservados.


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Esta obra literária é ficção. Qualquer nome, lugares, personagens e incidentes
são produto da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas reais,
vivas ou mortas, eventos ou estabelecimentos é mera coincidência.
Esta obra segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.

Produzido no Brasil.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 33.2
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Epílogo
Bônus
Herdeiros Aandreozzi
Acordo cedo como todos os dias, é muito normal para nós Aandreozzi
começarmos o dia cedo, meus dias estão sendo tão ridículos a partir do
momento que meu coração traidor resolveu se apaixonar por Luigi. Desde o
primeiro dia que o vi no escritório de Filippo, me senti estranho. Aqueles
olhos negros me fizeram ficar hipnotizado, e meu coração bater tão forte que
pensei que iria ter algum ataque cardíaco, e desse dia em diante já não
consigo ser eu mesmo. E essa parada de não ser eu mesmo, não combina
comigo. Porra, eu sou Lucca Aandreozzi! Tá! Sei que vocês não me
conhecem direito, mas vou logo dizendo que sou um cara do bem.
Moro em Chicago a quase quatro anos logo após de ter me formado na
faculdade, Babo já tinha essa filial e como eu queria ter minha independência
unir o útil ao agradável. E por que não me aventurar em outro continente?
Por ser o mais novo dos homens, eu sempre fui muito protegido por
Filippo e Enzo, e quando decidi viver sozinho em Chicago foi muito ruim
meus pais aceitarem, principalmente porque eu tinha acabado de fazer 22
anos, mas Filippo depois de ter uma conversa bastante séria comigo sobre
responsabilidade aceitou melhor a minha vinda e ainda me ajudou, do modo
dele, a convencer o resto da família.
Tenho Lippo como um segundo pai, aquele modo dele sério de ver a
vida é insuportável para quem não o conhece, mas ele ama demais todos os
membros da nossa família e protege a todos nós com unhas e dentes. Até que
agora ele está mais sensível. Não! É mentira, ele não é, e nunca será sensível,
mas Luiz Otávio e as crianças preenchem tanto a vida de meu irmão que me
deixa muito feliz por ele. Eu não quero nem imaginar quando ele descobrir
que me apaixonei por Luigi Pierri, as vezes acho que ele sabe, mas respeita
meu tempo para compartilhar sobre esse assunto. Caspita! Só tive coragem
de conversar com Luti sobre o assunto, precisava desabafar e meu cunhado
que me mostrou ser um ótimo amigo, que posso contar sempre.
Saio dos meus pensamentos quando vejo um movimento na minha
cama, olho para o lado e acabei de me lembrar que dormir com Dylan, sei
que não deveria fazer isso de novo, mas eu estava precisando foder. E não é
porque estou com esses sentimentos mal resolvidos por Luigi que vou virar
um virgem, ainda mais sendo Luigi do jeito que é. Praticamente um
prostituto!
Lembro quando fui beber com Enzo no dia que Lippo foi buscar Luti na
boate BDSM. Esse dia foi bem engraçado, mas assim que chegamos na casa
de nosso irmão saímos apressados, pois sabíamos que não daria para ficar na
casa, Lippo iria acabar com o pobre Bello. Nessa mesma noite encontrei com
Luigi na boate quase fodendo uma vadia qualquer na parede perto da escada
na subida da área VIP. Tenho que confessar que ver aquela cena me
embrulhou o estômago e sentir muita raiva, raiva de mim por ter me
apaixonado e raiva por estar sentindo inveja da vadia ao ponto querer meter
uma bala na testa dela.
Sem falar no dia da despedida de solteiro de Luiz Otávio na boate de
minha nonna, só de lembrar que minha avó tem uma boate de mulheres me
faz rir, mas não é o momento para risos. O que eu estava falando mesmo? Ah
lembrei! Naquele dia que nonna tinha praticamente nos mandados dançar em
cima do palco, foi o dia que tive a maior certeza do mundo que não era só eu
que sentia essa atração que ronda entre eu e Luigi. O modo que ele olhou nos
meus olhos enquanto eu me movimentava no ritmo da música, aqueceu meu
corpo de uma maneira que nunca havia acontecido antes.
— Ei baby! Acordou cedo, volta a dormir Lucca — fala Dylan com a
voz rouca de sono. Me cortando dos meus pensamentos.
— Já falei que não é para você dormir aqui Dylan! — falo muito sério,
pois já falamos que eu não quero relacionamento nenhum. Pelo menos não
com ele.
— O que tem demais termos um relacionamento? Eu gosto de você,
somos bons juntos. Tudo isso conta, baby! — fala passando a mão no meu
peito e desviei levantando-me da cama.
— Olha só Dylan, gosto de você, mas não da maneira que você acha.
Quer saber, não te devo explicação! Eu gosto de te foder, você gosta de ser
fodido e é isso aí — falei bem direto para ver se ele entende.
— Tudo bem Lucca, se você quer assim eu não posso fazer nada. Posso
ficar pelo menos para o café? — perguntou com um sorriso sacana e eu dei
de ombros indo direto trocar de roupa. — Vai aonde baby? — fala deitando-
se na minha cama novamente.
— Vou treinar! — diz com indiferença. Porra curiosa!
Conheci Dylan em uma das minhas idas para uma boate muito boa. As
noites de Chicago são as melhores para quem é solteiro como eu, e adora uma
boa diversão, me divirto muito mesmo rodeado de seguranças por todo os
lados e meu fiel escudeiro Christian sempre ao meu lado. Dylan me apareceu
com uma conversa legal, fora que tem um corpo muito atrativo, esquio estilo
nadador, ele é mais baixo, tem olhos verdes, com cabelos loiros até o
ombro, mas é o tipo de cara que não amadureceu direito e acha de todas as
formas que temos que nos relacionar.
Coisa que não vai acontecer, eu ainda vou ter o meu Luigi, por bem ou
por mal ele vai ser meu. Nossa só de imaginar como será o toque dele no meu
corpo me falta o ar. Acho que vocês devem saber que nós da família
Aandreozzi graças ao amor de nossos pais, crescemos com os ensinamentos
que o amor é o maior, e o melhor sentindo que existe. Depois de tanta merda
que nossa família passou e passa até hoje pois o perigo nos ama. E eu amo o
perigo também, nós vivemos juntos de mãos dadas. Porra esqueci o que
estava falando! Ah, lembrei! Eu nunca vou ficar com alguém sem amor, isso
não existe e nunca vai existir, se amasse Dylan com certeza daria essa chance
a nós e o apresentaria a minha família, mas isso não vai acontecer.
Término de trocar de roupa e vou direto para minha academia.
Chegando lá converso com Christian o que vamos fazer no treino de hoje.
Começo o meu treino, na esteira e fico pensando nos meus irmãos como sinto
falta deles e dos meus sobrinhos também que são tão lindos. Penso em ter
minha própria família um dia, serei o melhor pai que conseguir ser, Lippo e
Luti, apesar da idade de Luti, estão se saindo muito bem.
Termino meu treino e vou direto para o quarto tomar um banho,
agradeço aos céus por Dylan não estar mais na minha cama. Entrando na
ducha gemo com a sensação da água quente caindo sobre meu corpo rígido o
fazendo relaxar em segundos.
Ao sentir meu corpo relaxado me lembro do beijo que dei no meu Luigi,
sei que não foi o momento mais promissor de se conseguir o primeiro beijo
de um cara que se estar apaixonado. E o fato de Luigi nunca ter beijado um
homem na vida e ter correspondido meu beijo com o mesmo afinco foi
maravilhoso, sentir seus lábios macios e doces junto ao meu, não tenho como
descrever. Termino meu banho me controlando para não me masturbar pela
centésima vez pensando em como seria ter a boca quente de Luigi envolta de
meu pau.
Enrolo uma toalha ao redor da minha cintura e vou até o meu closet
muito bem arrumado pela minha ajudante do lar, senhora Adams, ela é uma
senhora muito gentil que cuida de mim como se eu fosse seu filho, já peguei
várias vezes conversas dela no telefone com minha mamma ou até mesmo
com nonna Francesa, elas fazem questão de saber como os bambinos delas
está indo. Esses dias a senhora Adams está de férias e tenho que fazer de tudo
para não deixar a casa muito bagunçada, para que quando ela voltar não me
dar um belo de um esporro.
Coloquei uma boxer branca do Ralph Lauren, uma camisa preta por
baixo do meu terno cinza feito sobre medida da Gucci. Mamma adora
comprar e separar cada peça específica das roupas de cada filho e quando ela
não pode fazer, que é muito difícil de se acontecer, mas quando isso acontece
ela pede para senhora Adams fazer. Termino de me arrumar com o sapato
social Bigioni, prendo as abotoaduras com símbolo da família, arrumo o meu
cabelo, coloco o perfume novo que mamma fez para mim e apresentou na
inauguração da Charms Roses, após o fatídico incidente provocado por
aquele desgraçado do Paolo.
Saio do quarto indo em direção a cozinha, não me surpreendo ao
encontrar Dylan preparando o café. Não gosto muito de comer pela manhã,
só faço isso quando mamma ou nonna estão por perto. Assim que Dylan
percebe minha presença seu rosto se ilumina igual a uma árvore de Natal, ele
solta o pano que está a enxugando as mãos e vem ao meu encontro.
— Preparei tudo o que eu acho que você vai gostar — diz passando os
braços no meu ombro fazendo meu corpo enrijecer.
— Desculpe, mas eu não costumo comer pela manhã — falo e seu rosto
fica com uma expressão de raiva, mas muda rapidamente. Estranho, muito
estranho.
— Por favor só um pouquinho, fica mais um pouco comigo — fala
Dylan fazendo biquinho e eu achei mais estranho já que ele nunca ficou
assim.
— Tá certo, vamos tomar café. — Cedo as suas vontades já que vai ser o
nosso último dia juntos.
— Você é o melhor, Lucca Aandreozzi! — diz dando pulinhos de
alegria me deixando mais confuso ainda.
Sento no balcão da minha cozinha e fico vendo Dylan se atrapalha para
encontrar meus utensílios domésticos. Espero que ele não me pergunte,
apesar de saber cozinhar eu não sei onde fica nada, senhora Adams sempre
arruma tudo para mim quando decido fazer o meu próprio jantar. Tomo
somente uma xícara de café, pois como eu já diz, não gosto de comer muito
pela manhã. Fico olhando para Dylan tentando encontrar um motivo para que
ele pudesse pensar que estaríamos entrando em um relacionamento, já que
sempre diz a ele que isso não aconteceria.
— Bem, tenho que ir para a empresa. Obrigada pelo café Dylan, meu
motorista irá levá-lo até sua casa — digo levantando-me da mesa.
— Será que vamos nos ver novamente? — ele pergunta e estou fazendo
de tudo para não me irritar.
— Não, não vamos nos ver. Lembro-me perfeitamente de ter tido essa
conversa com você — falo soltando um suspiro irritado.
— Tudo bem, mas posso te dar um último beijo? — Dylan pergunta se
aproximando sorrateiramente.
— Não! Continuaremos como estamos — falo pegando minha pasta.
Vejo que Christian me espera com o elevador aberto.
— O senhor quer que eu fique até que ele saia do seu apartamento? —
pergunta Christian olhando​ para Dylan.
— Peça para um dos meus homens o levem embora. E avise na recepção
que sua​ entrada não é permitida, tenho a sensação que ele não me deixará em
paz ainda — falo assim que a porta do elevador fecha.
— Será feito senhor Aandreozzi — diz Christian me fazendo entortar a
cara para ele.
— Você me tratando assim é como se estivesse falando com Babo ou
com Filippo. Pare com isso bastardo! — falo vendo Chris dar um sorriso de
canto.
— Você nunca consegue ser formal, não é? — pergunta me fazendo rir.
— Esse rosto bonito aqui não combina com formalidade — falo
apontando para minha cara sorridente, fazendo meu chefe de segurança
balançar a cabeça negativamente.
Vou até a minha garagem pego o meu Aston Martin Vanquish, meu bebê
da cor chumbo, com bancos de couro bege, é tão lindo que chega me deixa
sem ar a cada vez que dirijo essa belezinha. Hoje estou com vontade seguir
para a empresa sozinho, sempre faço isso quando quero ouvir minhas
músicas alta, e hoje não é diferente, coloquei Can't Fight It — Rayvon Owen
para tocar a todo volume, essa música que me lembra Luigi e vou seguindo
pelas ruas de Chicago.
Chego na Aandreozzi SPA e sempre que saio do carro olho para o
edifício que é um arranha-céu moderno, todo de metal, vidro e ação, feito
pela nossa própria construtora. Passo pela recepção e vejo Katherine olhando
suas revistas de moda, mas quando nota minha presença se endurece toda e
abre um sorriso meloso. Ela é morena com cabelos castanhos avermelhados,
olhos azuis escuros, boca carnuda, ela é de descendência espanhola, tem um
corpo digno de ser fodido, sua beleza não quer dizer nada, pois o que ela tem
de bonita tem de vulgar. Katherine já trabalhava aqui antes de eu assumir a
empresa, mas não vou muito com a cara dela
— Bom dia senhor Aandreozzi! — diz Katherine de um modo sedutor.
— Bom dia senhorita Perez! — falo caminhando em direção ao
elevador.
— Essa sua recepcionista quer você — comenta Christian assim que
entramos no elevador. Já reparou que ele adora puxar papo comigo no
elevador? Ele faz isso sempre!
— Não achei meu pau no lixo! Tenho certeza que ela já deve ter dado
para metade dos acionistas daqui da empresa — falo fazendo careta sem virar
para olhar para Christian.
— Eu acho que já devo ter ouvido alguma coisa assim sobre ela — diz
Christian casualmente.
— O quê! Me conte aí, qual dos meus acionistas ela pegou? — pergunto
com a curiosidade fervilhando em mim.
— Depois falam que só os empregados gostam de uma fofoca —
Christian​ diz de um jeito engraçado.
— Capista! Eu não gosto de fofoca, só acho que deveria ficar por dentro
de tudo que acontece na minha empresa. Que mal há nisso? — falo com um
sorriso sacana.
— Se o senhor está dizendo, não serei eu a falar nada — diz meu chefe
de segurança.
— Proprio così il mio amico, il gioco è fatto! (É isso mesmo meu amigo,
é isso mesmo!) — falei e começo a andar em direção a minha sala.
Ando pela área da presidência e paro em frente à mesa da minha
secretária. A pouco tempo mudei de secretária, a de antes era uma mulher
chata, carrancuda que eu não fazia questão nenhuma de conversar. A única
coisa que ela sabia fazer direito era o meu café. Tenho a sensação que ela não
gostou muito quando eu assumir a empresa que estava nas mãos de um dos
acionistas e “amigo” de meu pai.
Contratei uma nova secretária o nome dela é Laila Allen, assim que bati
o olho nessa jovem de vinte e dois anos, gordinha das bochechas rosadas, é
de estatura mediana, cabelos longos e loiros, e seus olhos são castanhos
claros quase verdes, me encantei. Sabe aquela gordinha com o corpo cheio de
curvas? Essa é Laila! Ela é tímida e atrapalhada de um jeito fofo, mas faço de
tudo para deixá-la à vontade, adoro vê-la sorrir porque é a coisinha mais
engraçada de se ver, pois ela tem um riso estranho.
— Buongiorno, mia dolce! (Bom dia, meu doce!) — falo assustando
Laila que estava de cabeça baixa escrevendo furiosamente no notebook.
— Desculpe senhor não tinha o visto chegar. Bom dia! — diz
arrumando seus óculos de grau.
— Na minha sala Laila, temos que conversar! — falo fechando a cara,
fazendo ela pular na sua cadeira. Tadinha, adoro fazer isso!
— Sim senhor! — responde em forma de sussurro.
Entro na minha sala onde tem um lugar espaçoso, com um ar de limpo e
calmo, as janelas de vidro do teto ao chão me dão uma vista maravilhosa
dessa cidade movimentada que é Chicago, as paredes são em um tom azul
claro contendo algumas pinturas, na minha mesa tem alguns porta retrato
com as fotos da minha família, meu MacBook e telefone. Sento na minha
cadeira e olhei para o rostinho ansioso da minha secretária.
— Bem Laila, tenho que te dizer uma coisa — falo cruzando os braços.
— Olha senhor, eu não fiz nada de errado… — ela começa e eu levanto
a mão a fazendo parar de falar instantaneamente.
— Dio donna! (Por Deus mulher!) Se acalme, eu só iria dizer para você
parar de me chamar de senhor, já diz para me chamar de Lucca — digo
sorrindo fazendo Laila sentar na cadeira da minha frente soltando o ar que
estava segurando.
— Eu pensei que tinha feito algo de errado, juro que iria morrer do
coração, isso não se faz senhor Aandreozzi. O que eu iria fazer? Como iria
pagar minhas contas? Justin, meu filho, precisa ir para escola, já que o traste
do pai não dar nada ao filho — Laila começa a falar sem parar gesticulando,
mas para ao se dar conta que tinha falado demais. — Me descontrolei,
desculpe sen… quer dizer, desculpe Lucca.
— Você não me contou que tinha um filho. Quantos anos ele tem? —
pergunto, pois eu adoro crianças.
— Sim eu tenho, Justin tem 4 anos — fala envergonhada.
— Não precisa se envergonhar, tenho certeza que seu filho é um lindo
— falo sorrindo para minha secretária que está quase se tornando uma amiga.
— Adoro crianças, meu irmão mais velho e seu parceiro tem dois filhos.
Pietro e Duda são lindos! — digo mostrando a foto dos dois.
— São lindos! — comenta Laila com administração.
— Sim, mas vamos deixar essa conversa para o almoço. O que temos
para hoje?
— Ah claro! Hoje pela manhã o senhor tem alguns relatórios de obras
para averiguar e o contrato sobre a rede de hotéis. A tarde uma
videoconferência às 14 horas, e uma reunião com os acionistas às 16 horas —
diz com os olhos grudados no tablet.
— Obrigado Laila, vamos almoçar juntos hoje viu. Estou me sentindo
carente de atenção — falo a fazendo arregalar os olhos. — Pare com isso!
Você já está trabalhando comigo a quatro meses e ainda se surpreende com
meu jeito de fazer as coisas.
— Tudo bem senhor, eu só acho que as pessoas podem falar mal do
senhor por ter amizade com a secretária — diz Laila de cabeça baixa e eu
começo a rir.
— Deixe de se menosprezar, você é linda. O homem que ganhar seu
coração vai ser o mais sortudo de todos — falo a fazendo dar um sorriso
tímido e arrumar os óculos.
— Não acho que isso irá acontecer — diz baixo, mas eu conseguir ouvir.
—Vai sim, você vai ver só. Eu sei que sou muito lindo e irresistível, mas
não se apaixone por mim, pois meu coração já tem dono — falo vendo Laila
soltar um sorriso alegre.
— Pode deixar isso não vai acontecer — fala sorrindo e eu fiz uma
careta ofendida.
— Nossa! E eu aqui achando que era um cara apaixonante — digo
colocando a mão no peito.
— Tudo bem senhor apaixonante, deixe-me ir atender o telefone — diz
indo em direção a porta.
— Laila, traz um café para mim? — pergunto docemente e ela afirmou.
Começo a trabalhar com bastante concentração, adoro trabalhar com
construção. Estudei engenharia aqui na universidade de Chicago e faço de
tudo para ficar por dentro de cada obra, cada fornecedor novo, tudo tem que
passar por mim e não me importo se tem pessoas para fazer esse trabalho,
aprendi com babo que não importa como, mas a empresa tem que ser vigiada
pelos meus próprios olhos. Quando termino de ler o contrato vejo que o meu
celular começa​ a apitar, ao olhar para a tela vejo que o grupo Aandreozzi no
Whatsapp está com todo ânimo, pois nonna acabou de mandar uma foto de
uma bunda branca e eu tenho a suspeita de quem é essa bunda.
Família Aandreozzi:
Nonna: Quem adivinhar de quem é essa bunda vai ganhar um doce!
Kkkkk…
Eu: Eu tenho quase certeza que não é de Filippo, pois a bunda dele é
cabeluda.
Luti: Do meu marido não é mesmo não. Deixe de falar sobre o traseiro
de meu marido Luc! ;)
Luna: kkkkk… Dio santo! Não acredito que a senhora fez isso nonna!
Nonna: Faço mesmo! Peguei ele desprevenido hoje mais cedo.
Luti: De quem é essa bunda finalmente?
Lippo Ursão: Para que você quer saber Bello? Acho melhor não ficar
muito curioso, você é meu!
Luna: Esse Ursão é muito possessivo. Hahahah…
Eu: Isso mesmo meu irmão! Tenho que lhe dizer meu cunhado que
minha bunda é muito mais bonita. Quer ver? ^_^
Lippo Ursão: Você vai ver é o soco que vou lhe dar, seu bastardo!
Eu: Também te amo Irmão​! ;-)
Nonna: Manda Lucca! Tem o meu gerente gay que vai adorar ver a
bunda de meus netos.
Enzo: NONNA! COMO A SENHORA CONSEGUIU TIRAR ESSA
FOTO?
Nonna: Não revelo nem sobe tortura. Como dizem no Brasil: Bobiou
dançou!
Luna: Sabia que era sua bunda grande fratello (irmão mais velho).
Eu: Essa bunda murcha é com certeza dele! Kkkkk…
Enzo: Vai se foder Luna e Lucca! Nonna isso não se faz!
Eu: Vou voltar a trabalhar! Beijos e amo vocês!
Deixo meu celular de lado e vejo que já estava na hora do almoço. Pego
minhas coisas e saio em busca da minha secretária que irá almoçar comigo
hoje. Assim que consigo tirar Laila da frente do computador e parar de
reclamar dizendo que não fica bem ela sair para almoçar com o chefe, coisa
que eu não me importo muito.
Vejo em Laila uma pessoa que quero como amiga e é assim que vai ser,
nunca me importei com comentários de terceiros. Saímos os dois juntos com
Christian logo atrás, ao entrar no elevador vejo o meu chefe de segurança
olhava muito para bunda da minha secretária, lanço um olhar de repreensão
para ele, o advertindo com olhar para respeitar Laila e assim ele fez. E ele é
gay, imagina se não fosse!
Saímos do elevador e de cara vejo as pessoas olhando para nós,
principalmente Katherine que olha para minha secretária com cara de nojo,
mas disfarça ao perceber que eu estou encarando-a. Invejosa de merda! Odeio
certos tipos de gente que se acham melhores e mais bonitos que as outras
pessoas, tive uma educação maravilhosa e nunca me importei com coisas
fúteis e preconceituosas.
— Vamos Laila! Tenho que te mostrar o que é uma comida italiana de
respeito. Andiamo a mangiare! (Vamos comer!) — falo fazendo minha mais
nova amiga sorri timidamente e suspender seus óculos com o dedo indicador.
Eu de verdade estou morrendo de fome e daria tudo para comer uma
lasanha aos quatro queijos de nonna, mas como ela não está por aqui tenho
que me conformar com o restaurante de um amigo dela.
Depois de quase lutar com minha secretária para aceitar entrar no meu
carro para virmos ao restaurante de Lorenzo um antigo amigo de nonna.
Chegamos ao aconchegante restaurante chamado La Nostra Casa, vir aqui
sempre me faz sentir falta de casa, de minha infância com meus irmãos, de
morar sob mesmo teto com todos eles, sem esquecer de Milão, lugar que eu
cresci e que sempre vai ser o meu lar.
A recepcionista já me conhece das outras vezes que vim e já nos leva
para a mesa que estou acostumado a ficar, mesa essa que me dar uma vista do
jardim magnífico que Lorenzo afirma cuidar pessoalmente. Faço Christian se
sentar comigo e Laila, ele veio para ajudá-la a se adaptar melhor com o meu
jeito de ver a vida.
—Relaxa mulher, você parece que está prestes a correr a qualquer
momento — falo olhando para Laila que estava de olhos absurdamente
arregalados.
— Não estou acostumada a vir para esses tipos de lugar tão sofisticado,
muito menos na companhia de meu chefe e seu chefe de segurança — diz
Laila se atropelando com as palavras.
— Chris só está aqui para te deixar um pouco mais confortável. Esse
maledetto gosta de comer nesses carrinhos de comida na rua — falo
entortando um bico e Christian dar de ombros.
— Gosto mesmo! Acho desnecessário tudo isso sendo que posso comer
uma comida boa e barata — Christian comenta fazendo Laila concordar.
— Eu concordo com você! — Laila diz me fazendo suspirar.
— Se mamma e nonna sonhar que eu e meus irmãos não comemos uma
boa refeição todo dia acho que elas nos matam. E irritar elas duas não é uma
coisa que gostamos de fazer muito — digo e um arrepio atravessa meu corpo
e vejo que no corpo de Christian também, pois ele conhece as senhoras
Aandreozzi.
— Com certeza, a vida é muito melhor deixando as senhoras Aandreozzi
felizes — fala Christian.
— Vocês falam como se a mãe e a avó do senhor fossem mulheres
perigosamente armadas — fala Laila bufando e olhando para o cardápio.
— Mais é isso mesmo que elas são! — Christian e eu respondemos
juntos.
— Isso não é possível, vocês​ dois devem gostar de criar caso — Laila
diz me fazendo rir.
— Você ainda não as conhece, espero que em breve tenha esse prazer.
Depois não fique assustada com as duas, principalmente minha nonna — falo
saudoso.
Nunca gostei de ser um homem fechado, as pessoas que trabalham
diretamente comigo faço questão de me aproximar bastante e quem sabe ter
uma amizade, que é o caso de Christian e senhora Adams. Christian que
serviu junto com Elijah o chefe de segurança muito competente de foda de
Filippo nos SEAL’s, que são uma das principais forças de operações
especiais da Marinha dos Estados Unidos. Não sei como meu irmão
conseguiu Elijah e os outros, mas foi a melhor equipe a trabalhar conosco.
Eles fazem a chefia de nossos outros seguranças, que são muitos e eu já perdi
a conta.
Diferente dos traíras dos Jeremiah e Atílio esses traidores já existiam
antes de Filippo contratar Elijah, Christian, Brian, Timóteo, Alejandro. Cada
um deles tem uma equipe que trabalha ao nosso serviço, não é fácil ser um
Aandreozzi, pois temos inimigos onde menos esperamos. Nunca quis ser
seguido por seguranças, sempre achei que meu treinamento intenso composto
por várias artes marciais, treinamento de tiro e muitos outros fosse o
necessário, mas Christian me mostrou que alguém precisa olhar minhas
costas, e ele faz um ótimo trabalho nisso.
Já diz que Christian é gay? Acho que sim! E saber disso me fez mais
feliz, pois tenho alguém para compartilhar meus gostos, que por mais que eu
já tenha ficado com várias mulheres a minha preferência sempre foi por
homens. Mais um homem em si ganhou meus pensamentos e faz meu
coração falhar as batidas, desejar possuir e ser possuído pelo seu corpo. Só de
imaginar o corpo de Luigi faz meu pau pulsar me fazendo sentir quente e
desconfortável em pleno restaurante.
— O senhor está bem? — pergunta Laila.
— Sim, por que a pergunta? — falo na maior cara de pau.
— Não, nada! O senhor estava com o rosto vermelho de repente —
responde sem graça. Tô com tesão bobinha!
— Oh sim, não deve ser nada — falo e faço o meu pedido com o
garçom, esperando que Christian e Laila fizesse o mesmo.
Peço minha lasanha, amo uma rica lasanha bem-feita, Laila faz o
mesmo, Christian pediu bife à milanesa. Quando os nossos pratos chegam
não houve conversa somente degustamos a comida perfeita feita por Lorenzo
e o nosso vinho branco. Terminamos de comer e como já era de se esperar
Lorenzo aparece para nos cumprimentar.
— Veja se não é o jovem Aandreozzi. Como você está Lucca? —
pergunta Lorenzo me cumprimentando com dois beijos de cada lado do rosto.
— Estou muito bem, a sua comida como sempre estava surpreendente
— falo recebendo um sorriso caloroso do velho Lorenzo.
— Como está a sua nonna? Faz tempo que não a vejo — pergunta
Lorenzo e eu já sabia que ele iria perguntar por nonna. A sorte dele é que eu
não sou tão ciumento como Filippo e Enzo.
— Nonna está em Milão deixando meu babo a cada dia de cabelos
brancos — digo fazendo o pobre homem gargalhar.
— Essa Francesa não muda de jeito nenhum. Acho o seu modo leve de
ver a vida fascinante — fala Lorenzo com seus olhos verdes brilhando.
Não sei o que aconteceu entre Lorenzo e nonna Francesa, mas que
alguma coisa rolou entre eles, tenho quase certeza que sim. O modo
carinhoso que ele fala sobre ela é muito fofo e divertido, porque de fofa
minha nonna não tem é nada. Ela é a senhora mais inquieta que eu tive a
honra de ter como minha avó. Adoro as saídas com nonna, mesmo que Babo
fique louco de preocupação achando que a mamma dele não tem mais idade
para fazer certas aventuras. Nunca perguntei a nonna o que houve entre ela e
Lorenzo, pois o medo dela me mandar ir para o inferno e cuidar da minha
vida ou jogar alguma coisa na cabeça é muito maior, apesar de ser muito
divertido ver ela me jogando algo.
— Quem é essa moça bonita que está te acompanhando hoje? O rapaz
eu já conheço — diz Lorenzo apontando para Laila que ficou muito
vermelha.
— Essa aqui é minha secretária, a convidei para provar da sua
excepcional lasanha — falo e Lorenzo assenti.
— Pensei que fosse sua namorada. Está na hora de forma uma família
meu rapaz — diz Lorenzo me dando uma cotovelada de brincadeira.
— Laila é minha funcionária e amiga, está longe de ser minha
namorada, pois prefiro o sexo oposto ao dela — falo com um certo
divertimento fazendo tanto Laila quando Lorenzo me olharem com confusão
e Christian quer rir.
— Chegou minha hora e tenho que ir, foi um prazer lhe ver novamente
Lorenzo — falo olhando para o meu relógio.
Me despeço de Lorenzo e saio do seu restaurante, percebo que Laila está
me olhando com uma vontade louca para perguntar se sou gay mesmo ou se
era uma brincadeira com um velho amigo, mas como ela é muito medrosa
para fazer esse tipo de pergunta íntima ao seu chefe, ela não faz. Chegamos
na empresa e fico um tempo na minha sala arrumando alguns documentos
para ir até a videoconferência com o CEO de uma rede de hotéis chinês Lian
Sakamoto. Faremos o primeiro contato hoje à tarde, se fecharmos esse
contrato com ele será um bom negócio para a Aandreozzi SPA.
— Laila se alguém me ligar por favor não me passe as ligações. A não
seja caso de extrema importância e principalmente minha família — digo
chamando sua atenção.
— Sim senhor, pode ir para sua videoconferência despreocupado — fala
profissionalmente.
— E por favor me leve um café daqui a uma hora. Estou precisando de
cafeína — digo suspirando alto.
— Tudo bem — diz anotando o que pedir e me seguindo até a sala.
Vou até a sala de onde seria a videoconferência com Lian e sento em
uma das cadeiras. Como a sala já está devidamente arrumada, quando dá o
horário marcado o Sakomoto está do outro lado da tela. Tenho que conversar
que achei que seria mais um velho na casa dos 60 anos, mas o homem na
minha frente me surpreendeu, ele está na casa dos 35 anos, com cabelos
curtos e espetados, um rosto másculo sem nenhuma barba que lhe dava o ar
de mais jovial, olhos tipicamente esticados, em seu terno azul marinho que
dava para perceber que ele tem um corpo legal.
Seu rosto carrega a mesma surpresa que a minha, eu devidamente
escondi, pois no momento do meu trabalho não levo minhas emoções à tona,
aprendi a me controlar perfeitamente. Sou um cara aberto só com quem eu
quero, fora isso sou um homem sério de negócios, não misturo as coisas.
Acho que por isso meu reconhecimento aqui em Chicago é muito grande,
apesar de novo, sou um Aandreozzi de responsabilidade e mostro que não se
deve mexer comigo, pois eu passo por cima esmagando tudo e confesso que
vou adorar ouvir seus ossos se partirem.
— Tenho​ que dizer que estou surpreso, não imaginei está de frente a
uma pessoa tão diferente, senhor Aandreozzi — diz Sakomoto segurando seu
queixo e fazendo movimentos de leves batidinha nos lábios.
Agradeço a Deus por ele está falando em inglês, pois não concluí meu
curso de mandarim. Falo português, francês, espanhol, russo, mas o meu
mandarim ainda é um fracasso. Respiro fundo e vou abrindo minha pasta com
todo os dados que eu irei precisar.
— Digo o mesmo Senhor Sakomoto, vamos dar início a nossa reunião
— falo profissionalmente com minha máscara de homem de negócios.
— Como preferir Senhor Aandreozzi — fala Sakomoto.
Iniciamos a reunião para a discussão sobre o contrato e o que o senhor
Sakomoto espera da minha empresa. Percebo que durante a reunião o japonês
não para de me olhar com olhos avaliadores, não faço ideia do porquê desses
olhos, mas sinto que eles estão interessados no que está vendo. Sou um
homem bonito, beleza é algo que na minha família é bem farta. Sou mais
baixo que Filippo e Enzo, tenho 1,86, peso 85 quilos bem distribuídos com
massa magra e músculos fortes e definidos, sempre me considerei uma peça
bonita e na minha cama nunca faltou alguém para aquecer meu pau. Minha
barba por fazer, cabelos castanhos escuros, sem mais delongas, sou lindo pra
caralho!
— Gostei muito da nossa reunião e estou pensando em fechar o contrato
com sua empresa Senhor Aandreozzi — diz Sakamoto assim que
finalizarmos os assuntos importantes.
— Fico contente em saber disso senhor Sakomoto — falo descansando
meus papéis na mesa.
— Essa semana chegarei em Chicago, podemos marcar um jantar. O que
acha? — pergunta com seu forte sotaque oriental.
— Claro que sim, e quem sabe não assinamos logo esse contrato? —
pergunto descontraidamente o fazendo rir.
— Isso seria bom! — diz e seu tom escorre uma certa malícia que fiz
questão de ignorar.
Não vou mentir e dizer que não notei os olhares avaliadores de Lian para
mim. Oh homem, percebi que você é muito gay e está gostando do que ver,
falei para mim mesmo durante a pressão de seus olhares sobre mim. Mas ele
pode me convidar para diversos jantares ou qualquer outra coisa que jamais
sairia com ele, hoje em dia seria mais para não perder tempo enganando a
mim e os outros, já que teria meu Luigi para mim, e não misturo negócios
com prazer. Encerrei o vídeo com Lian e como já estava no horário da
reunião com os acionistas vou direto para a outra sala de reuniões.
Odeio reunião com esses merdinhas! Principalmente Daniel Campbell,
esse homem não deixa de demonstrar​ a sua insatisfação por eu ter tirado sua
bunda o inútil da presidência da minha empresa. Campbell ficou na
presidência por alguns anos quando o meu pai fundou a empresa, Campbell
espalha para todos que essa empresa de Chicago só cresceu por causa dele.
Boatos que me fizeram rir muito, pois assim que tomei o meu lugar na
empresa vi o quão ruim estava as coisas por aqui.
Na mesa de reunião está eu, Daniel Campbell e mais quatro pessoas,
duas mulheres e dois homens, que desde o meu primeiro dia aqui não me dão
muita alegria. Agora estamos tendo uma discussão sobre a minha decisão de
não aceitar uma obra do senador White, senador esse que para mim não quer
dizer nada.
— Como você não quer fazer o contrato com o senador White? —
Campbell perguntou batendo na mesa de reunião, seu rosto marcava a sua
irritação.
— Será muito bom agora a empresa trabalhar com o senador White. Não
entendo sua relutância — diz uma das acionistas que nunca fiz questão de
lembrar seu nome.
— Sempre soube que Donatello deveria vender suas ações para mim.
Essa empresa cairá em desgraça na mão de uma pessoa tão jovem que mal
saiu das fraldas — fala Daniel me fazendo querer socar sua cara feia, mas me
controlei.
Vejo alguns acionistas balançarem a cabeça aceitando o que o filho da
puta nojento do Daniel Campbell estava propondo. Não seria a primeira e
nem a última vez que eu cortava qualquer chance da minha empresa fazer
negócios com esse senador.
— Isso não vai acontecer, já falei várias vezes que não farei negócios
com esse senador — falo mais calmo do que eu poderia ser nesse momento.
— Nos faça entender seu ponto de vista senhor Aandreozzi — pede um
outro acionista.
— Vamos aos fatos aqui, o senador White é um homem sujo. Esse
mesmo homem que estava envolvido em vários escândalos recentemente, não
sou adepto a corrupção. O meu nome e o nome da minha família jamais serão
vistos como aliado de um merdinha como ele que só quer se promover —
falei cruzando os braços e a comoção é geral na sala de reunião.
— Isso é um absurdo o Senador é um grande amigo meu, tudo
envolvido com seu nome foram só calúnias — diz Daniel Campbell com
raiva.
— Só por ser seu amigo já me mostra o tipo de pessoa que ele é — falo
sem muito interesse.
— Como ousa seu… — Interrompo antes que ele fale mais alguma
coisa.
— Olha bem o que você vai falar Daniel! Acho que esses anos que estou
na frente na empresa não fez com que você me conheça, pois bem tenho que
te dizer que não sou um homem​ com alta tolerância. Lembre-se que seus
míseros 15% das ações não se comparam aos meus 55%. Eu sou o dono dessa
porra, eu mando e desmando em você! Eu sou a voz aqui, eu sou o que você
jamais será, sou um Aandreozzi! Não mexa comigo meu caro, pois não
conseguirá nada — falei de pé curvado na mesa olhando para esse infame na
minha frente.
— Você​ não pode nos tratar assim — diz uma das vacas fazendo cara
ofendida.
— Faço o caralho que eu quiser! E digo que não faremos contrato com
o Senador White, essa é minha última palavra sobre esse assunto — falo
pegando minhas coisas para sair. — Campbell, entenda que uma pessoa como
você nunca conseguirá ser como eu — falo chegando à porta, mas não antes
de ouvir a pergunta.
— Como assim pessoa como eu? — ele pergunta e eu posso ver a
espuma sair de sua boca. Paro e olho para ele com um sorrisinho de canto.
— Insignificante! — falo fechando a cara e saio sem olhar para trás.
Chego na minha sala e me jogo na poltrona, sempre que saiu dessas
reuniões me sinto esgotado. Eles acham que pela minha pouca idade eles
podem mandar em mim e fazer a porra que eles quiserem na minha empresa,
mas não é bem assim. Eu sou o poder aqui, não eles! Filhos da puta
ridículos! Uma batida na porta me tira dos devaneios e Laila entra na minha
sala.
— Cansado senhor? — ela pergunta.
— Está tão na cara assim? Aquelas pessoas me sugam as energias —
falo bufando. — O que tem para mim?
— Seu cunhado ligou, mas não quis deixar recado diz que depois falaria
com o senhor.
— Nada de senhor, já diz que pode me chamar de Lucca — falo
pegando meu celular para retornar à ligação de Luti.
Laila sai da minha sala me dando privacidade, como o número de Luti já
está na discagem rápida faço a ligação rapidamente. Chama duas vezes até
que a ligação é atendida.
— Alô! — A vozinha do meu sobrinho Pietro chegou aos meus ouvidos
e um sorriso surgiu nos meus lábios.
— Ei Ursinho, com está o garotinho do zio (tio)? — pergunto e ele solta
uma risadinha infantil.
— Eu tô bem titio! Que dia você vai vir aqui? Tô com saudades! — ele
diz e a saudade aperta no meu peito.
— Espero que em breve, peça ao seu Babo para ele trazer você e
Ursinha para me fazer uma visita – falo sabendo que ele irá pedir sim ao meu
irmão mais velho.
— Eu vô pedi mesmo! — fala com entusiasmo.
— O que você está fazendo com o celular de seu pai? E onde ele está?
— pergunto curioso.
— Ele me deixou blicar com o seu celular, eu caí na escola hoje e
machuquei o juelo — fala e fico logo em alerta.
— Você está bem mio piccolino (meu pequerrucho)? Se machucou
muito? Está doendo? — pergunto aflito.
— Eu tô bem já titio! Foi só uma besteila, mas papai me deu o celular
para blincar — diz e eu respiro aliviado. — Papai quer falar com você!
Alivedeti! — diz em italiano me encantando.
— Arriverdeci minuscolo (Adeus pequenino) — falo feliz em ouvir ele
falar seu italiano.
— Como você está meu cunhado? — pergunta Luti e eu já estranho.
— O que foi que aconteceu para você me ligar? — Sou logo direito.
— Nossa, vocês Aandreozzi são tão diretos ao ponto — fala se
fingimento de ofendido.
— Corta essa Luti, você é um Aandreozzi também — falo folgando a
merda da minha gravata.
— Vendo por esse lado você está certo — Luiz diz soltando um risinho.
— Então? O que houve? — pergunto o induzindo a falar. — Fale de
uma vez, igual tirar uma fita adesiva!
— Luigi me confirmou o seu noivado — diz rápido fazendo meu
coração parar.
— Como… como é que é? — falo meio perdido.
— Isso aí Lucca! Ele vai realmente se casar — diz e ouço ele soltar um
suspiro triste.
Mesmo depois do nosso beijo, de eu ter afirmado que ele iria ser meu,
do modo que ele ficou desnorteado quando me encarava. Achei de verdade
que tinha o balançado de algum modo. Como uma pessoa adulta e
independente se presta a casar com uma pessoa que não ama para satisfazer
os outros? Que tipo de homem meu coração resolveu se apaixonar? Que
inferno farei se ele realmente se casar? Está passando tantas coisas na minha
cabeça, não dá mais para ficar aqui, preciso sair. Isso, preciso sair!
— Lucca? Lucca? Tá aí? — pergunta Luti me tirando dos meus
pensamentos.
— Tenho que ir, dê lembranças a Filippo por mim. — Luti iria falar
mais alguma coisa, mas desliguei a chamada.
Pego minhas coisas e saio em disparada para pegar meu carro. Christian
vem atrás de mim e percebe que eu não estou muito a fim de conversar, já
trabalhamos juntos a anos e ele já me conhece bem o suficiente para saber do
que eu realmente preciso. Vou em direção ao centro de treinamento dos meus
seguranças. Quando chego ninguém fala comigo, o que não é normal, mas ao
ver que eu não estou a fim de muito papo eles me deixam seguir o meu
caminho sem me atrapalhar com conversas desnecessárias.
— Você vai para onde eu acho que vai? — pergunta Christian e eu
assenti. — Posso saber o porquê precisa disso hoje? — indaga novamente e
eu sem parar de tirar minha roupa o encarei.
— Ele vai casar! — falo entre dentes e Christian assoviou.
— Tudo bem, mas sabe que não o deixarei ir sozinho. Acho que seus
irmãos me matariam, principal Filippo — diz Christian e eu assenti.
— Preciso quebrar a cara de alguns fodidos! — falo sem olhar para meu
segurança.
— Está ciente que se sua família descobri esse seu hobby para
desestressar não vai ser uma coisa muito boa né? — ele fala e o olho
trincando os dentes.
— Eu sei! Tá bom, eu sei inferno! Mas eu realmente preciso disso para
não ir até o fodido Brasil e tirar da cabeça daquele homem essa ideia. Quero
que ele seja meu porque quer ser meu e não por uma fodida ideia minha, esse
puto tem que ver que gosta de mim.
— Ok, mas só tome cuidado — fala Christian indo trocar de roupa
também.
— Cuidado comigo eu sempre tenho, mas não posso dizer o mesmo dos
outros.
— Preciso levar o kit de primeiros socorros? — pergunta e eu suspirei
frustrado sem lhe dar uma resposta.
Troco meu terno por uma calça jeans preta, uma camisa gola V cinza,
minhas botas pretas e para finalizar minha jaqueta, Christian faz o mesmo,
trocou de roupa para parecer uma pessoa casual e não o meu segurança.
Assim que terminarmos saímos do local de treinamento, como não estou a
fim de dirigir, Christian pega um dos SUVs e seguimos, junto com os outros
carros dos seguranças, até o meu destino.
Quem vê a boate que estou entrando não sabe o que acontece na área
subterrânea desse lugar, para muitos é uma simples boate recheada de gente
bonita e pronta para ser fodida até perder os sentidos, mas para mim não
passa de um lugar onde venho afogar as minhas frustrações ou procurar um
pouco de ação para deixar minha vida com um pouco mais em movimento.
Vou até o bar com Christian ao meu encalço e sento em uma das banquetas,
peço uma dose de uísque só para esquentar meu corpo do frio desgraçado que
está a fazer nessa noite. Quando estou pronto para pedir a segunda dose a
pessoa que eu queria ver finalmente aparece. Ricco Chavéz um bastardo
mexicano que organiza uma das maiores lutas amadoras no mundo
subterrânea de Chicago.
— Olha o que temos por aqui hoje. Vai lutar? — pergunta e eu assenti.
— Hoje temos os melhores, vai querer encarar? — indaga arqueando uma​
sobrancelha.
— Pode apostar a sua fodida vida que eu vou sim! — falo com raiva.
Chavéz me lança um sorriso ridículo e pelo canto do olho vejo Christian
balançar a cabeça negativamente. Foda-se eu preciso quebrar uns ossos e é
isso que irei fazer. Iria seguir Chavéz, mas o meu celular começou a tocar,
pego o aparelho e tomo um susto ao perceber que o número é do Brasil.
— Ficar do jeito que estou não dá para continuar. Que diabos você fez
comigo? — diz uma voz rouca e muito bêbada no outro lado da linha.
— Luigi? — pergunto sentindo o infeliz do meu coração palpitar no
peito.
— Sim, sou eu! — diz entre dentes com sua voz enraivecida. Oh
homem, você ligou em péssima hora.
Finalmente estou indo para casa após uma semana naquele calor fora do
normal que é o Maranhão. Tive que ir com urgência para lá resolver um
problema na obra do resort, a sorte deles é que era eu que estava lá e não
Filippo, tenho certeza que ele teria demitido todo mundo, pois o que
aconteceu naquele lugar foi absurdo. Mas vamos deixar o Maranhão quente
para lá e voltar para minha vida que eu escolhi aqui em São Paulo, passando
pela desaprovação do meu pai, que faz de tudo para que eu volte para Roma.
Não é uma coisa fácil trabalhar para Filippo Aandreozzi, mas conseguir
esse feito por esforço próprio o cargo que ocupo na empresa. Sou um homem
de 30 anos que completará amanhã 31, pois é amanhã é meu aniversário. Se
eu ligo para isso? Claro que não! Sou filho único e isso só me fodeu, pois
nunca quis seguir com os absurdos que a família queria.
Meu pai Orazio Pierri tem uma grande empresa de importação e
exportação e vive em uma luta constante comigo para que eu assuma o seu
lugar na empresa que é de parceria com seu irmão Sávio Pierri, mas para seu
azar nunca mostrei interesse nesses negócios e me tornei engenheiro, para o
desgosto forte de meu pai. Meu pai já está na idade de se aposentar e não
quer deixar que o meu primo, Matteo assuma sozinho a empresa, o velho
sempre foi muito ambicioso, antiquado, grosseiro e jamais iria tolerar que o
nosso lado da família não lidere a empresa.
Não posso culpar meu pai por não querer entregar tudo de mão beijada
ao meu primo Matteo, ele é um escroto e nós dois nunca nos demos muito
bem. Não conseguimos ficar perto um do outro por muito tempo sem que
aconteça discussões ou até mesmo socos, não gosto dele e deixo isso bem
explícito. Meu pai o acha exemplo a ser seguido, pois o lixo do meu primo é
casado por cinco anos com uma mulherzinha fútil que adoraria que eu
fodesse ela com gosto. Gosto de uma boa transa despreocupada, mas essa
sujeita não veria meu pau jamais.
Minha mãe Gianella Pierri é a mulher mais desagradável que existe, ela
só pensa em cima mesma, o que a sociedade está falando de bom sobre a
nossa família e como que a fortuna de meu pai a faz parecer uma mulher
importância perante seus amigos pedante​s. Ela nunca foi uma mãe de verdade​
para mim, sempre exigindo que eu fosse sempre o melhor de todos e quando
isso não acontecia sofria muito nas suas mãos imundas repletas de produtos
caros. Fiz de tudo para ficar bem longe de minha família, mas o meu pau
errante não pensou nisso antes de se atracar com a filha de um dos amigos de
meu pai em um dos seus eventos caros que minha mãe faz questão de
organizar.
Invejo muito a família Aandreozzi, nunca vi uma família mais unida do
que aquela, não é uma família normal isso está bem claro para mim, mas o
amor, carinho e respeito que um tem com o outro é a coisa mais incrível de se
ver, só quem tá perto sabe o quão eles são incríveis. Não posso falar sobre a
família Aandreozzi sem me lembrar dele, Lucca Aandreozzi. Não sei o que
está acontecendo comigo, como começou meus pensamentos com relação a
ele, mas eu não consigo evitar, principalmente após aquele beijo roubado que
para minha desgraça me deixou mais duro do que qualquer mulher que já
peguei conseguiu, e olhe que não foram poucas.
Sei apontar quando um homem é bonito, mas Lucca tirou o meu fôlego
na primeira vez que meus olhos cruzaram com o dele na sala de Filippo,
nunca imaginei que Filippo tinha outro irmão. Conhecia Enzo em muitas
baladas que frequentamos juntos e Luna pôr a caso que já tinha sido
apresentada a mim quando eu trabalhei na filial de Milão e a achei linda, mas
nunca ousaria olhar para ela com outros olhos já a vi bater em um marmanjo
e vi também os ciúmes que os homens Aandreozzi tem com ela, por isso
passo correndo até de olhar para ela.
Mais Lucca tem algo que me puxa para ele, não sei se são seus olhos,
sua boca, o modo de falar, o seu sorriso tanto completo, repleto de dentes
perfeitos como o sorrisinho de lado que já observei ele sempre dar. Tentei de
diversas formas parar de pensar no irmão mais novo do meu chefe, foram
tantas ocasiões que me chamaram atenção para ele, mesmo eu não querendo.
O que foi o mais foda foi o beijo, juro que tentei lhe dar um soco assim que
ele investiu seu corpo no meu, mas aí sentir o sabor de sua boca doce, seu
corpo firme e seu cheiro.
Quer saber, chega! Não! Eu não vou ficar pensando nisso, vou me casar.
Eu não sou gay, aquele beijo foi só mais um beijo. AH! Só de pensar que foi
só um beijo algo no meu peito se aperta, mas não, eu não posso me permitir,
eu não sou assim. Só me resta chegar em casa e descansar para voltar ao
trabalho amanhã.
Acordo no dia seguinte, olho para o teto do meu quarto e vejo que
apesar de ser meu aniversário é um dia como outro qualquer para mim, mas
esse ano eu me sinto estranhamente solitário é como o se algo estivesse
faltando, não sei o que é ou na verdade eu sei, mas não quero ficar pensando.
Vejo meu celular vibrar e é uma mensagem de César no visor.
César:
É hoje italiano! O aniversário é seu, mas a celebração é nossa!
Convidei várias para sua festa hoje você terá um harém. Aguarde!
Leio essa mensagem várias vezes e suspiro alto, não irei responder
mensagem nenhuma, pois sei que se fizer isso César vai me ligar, depois Iago
vai querer falar comigo e nesse momento não estou querendo papo com
ninguém. Levanto da cama em um impulso e vou tomar meu banho, termino
meu banho rápido, coloco uma boxer e vou na cozinha de cueca mesmo
tomar um café. Chego na cozinha e vejo minha mesa já pronta isso é obra de
Sandra minha empregada, ela é filha da minha antiga empregada Zélia que se
acidentou, mas para não me deixar à procura de uma nova pessoa ela me
mandou a filha.
Não posso mentir e dizer que nunca dormi com Sandra e isso foi meu
grande erro, pois ela agora não me deixa em paz, e esse olhar que ela está me
dando com quem quer ser fodida novamente me irrita. Parece que nunca viu
um homem de cueca, a casa é minha e eu ando nela como bem entender.
— Bom dia Sandra! — murmuro sentando na mesa e já abrindo o jornal
do dia.
— Pensei que chegaria de viagem amanhã. — Levanto meus olhos
encarando Sandra que a cada dia que passa encurta mais o uniforme.
— Não é da sua conta quando eu venho ou deixo de vir de viagem —
falo rudemente fechando o seu risinho sedutor.
— Tudo bem, pensei que poderíamos repetir a dose como da última vez
— Sandra fala de um modo sedutor.
— Não existe um nós aqui você entendeu? Volte aos seus afazeres antes
que eu esqueça o carinho que tenho por sua mãe e lhe ponha no olho da
rua, capisce! — digo entre dentes fazendo ela arregalar os olhos. —
Andiamo! — Sandra saí tropeçando nos seus pés para longe de minha vista.
Melhor assim!
Termino meu café e vou me arrumar para ir a empresa. Coloco meu
terno cinza claro, minha gravata azul, meu sapato social preto, meu relógio e
pego minha pasta e saio do quarto. Desço para a garagem de meu prédio,
pego a minha Lamborghini preta que é o meu bebê e sigo caminho pelas ruas
de São Paulo. Chego na empresa e vou direto para a minha sala, pergunto
para Renata minha secretária, que já curvei na minha mesa uma vez ou outra,
se tem algum assunto com urgência, ela só me deu o recado que Filippo me
quer na sala dele. Por isso coloco minha pasta na sala e volto para o elevador
para ir ao último andar.
— Bom dia, Filippo pode me receber senhorita Oliveira? — A secretária
de Filippo tímida como sempre olha na minha direção.
— Bom dia senhor Pierri, vou olhar espere só um momento. — Espero
ela falar no telefone. — Pode entrar, Senhor Aandreozzi está a sua espera.
Entro na sala de Filippo e a primeira coisa que eu vejo é seu marido Luiz
Otávio sentado no seu colo. Quando soube que Filippo tinha se apaixonado
por um homem foi com certeza a maior surpresa de toda minha vida, ainda
mais Filippo sendo o homem mais fechado que eu conheço. Conheci Filippo
Aandreozzi sendo o homem que todos que trabalham temiam, o homem não
dá moleza para ninguém, perfeccionista em um nível extremo, como ele
mesmo afirma que odeia pessoas incompetentes trabalhando para ele, pois o
mesmo não tem paciência.
E agora é incrível ver esses dois homens juntos, o amor entre eles é
nítido só de​ olhar para os olhos brilhantes de Filippo quando o seu Bello está
por perto. Ele continua o mesmo homem grosseiro com os outros, mas com
Luti é só carinho e muita possessividade. Nunca pensei em ter isso que eles
têm para mim um dia, mas hoje, não sei por que, sinto que está faltando uma
parte de mim que não se encaixa e esse sentimento faz meu o peito apertar.
Não! Isso não é, e nunca vai ser para mim!
— Vai continua aí parado ou vai entrar Luigi? O tempo tá passando! —
Filippo diz com sua habitual carranca me fazendo acordar dos pensamentos.
— Bom dia Filippo, Luti! — falo fechando a porta. — Mandou me
chamar?
— Bom dia Luigi, como vão as coisas? — pergunta Luti vindo me
cumprimentar com um aperto de mão e um sorriso doce no rosto.
— Eu vou bem, feliz por estar em casa novamente depois de uma
cansativa viagem — falo soltando sua mão.
— Oh sim, eu soube que você estava no Maranhão — diz Luti
balançando a cabeça.
— Como vão as crianças? — pergunto lembrando dos filhos deles,
Pietro e Eduarda que são lindos e inteligentes.
— Acabamos de deixá-las na escola. Sabe como é criança né, aprontam
como sempre — fala com um largo sorriso.
— Se vocês dois terminarem de tricotar eu acho que vou poder adiantar
o trabalho — diz Filippo rudemente fazendo Luti revirar os olhos.
— Pode ir parando com isso Filippo! Estou aqui conversando com um
amigo — Luti diz sério apontando o dedo indicador para o marido que solta
um suspiro frustrado. — Soube que vai ter um bebê, como vai? Já sabe o
sexo? — pergunta me fazendo estremecer.
— Sim, minha noiva está de pouco tempo​ e ainda não sabemos o sexo
— murmuro meio constrangido, pois eu estou mentindo na cara dura, já que
não sei nada quando​ se tratava sobre a gravidez.
— Entendo, então você irá se casar mesmo — afirma Luti com uma cara
que eu não sei descrever.
— Bello​, você não está atrasado para ir a aula? — Filippo pergunta
fazendo Luiz olhar para o relógio.
— Droga! Eu tenho que ir — fala pulando de susto. — Te vejo mais
tarde, amor. Foi muito bom lhe ver Luigi — diz Luti dando um beijo de
despedimento no marido e saindo correndo porta afora.
— Espero que os erros daqueles infelizes não tenham causado muitos
danos ao meu fodido bolso — Filippo diz assim que Luti sai.
— Não, eu consegui resolver tudo sem causar mais danos — falo
suspirando alto.
— Não esperaria menos de você, o cargo é seu por um motivo — fala
seriamente olhando para alguns papéis.
— Sei e agradeço a confiança — comento a mais pura verdade, sei que
Filippo Aandreozzi não é homem de confiar nos outros.
— Confiança se é conquistada e você está chegando lá, basta conseguir
tirar a cabeça de sua bunda e será praticamente da família — Filippo fala
ainda sem olhar na minha direção, me deixando confuso.
— Não entendi o que quer dizer — falo realmente confuso.
— Nada, basta sair da minha sala. Tenho coisas para fazer e acho que
você também — fala e seu jeito grosseiro não me incomoda, pois eu também
tenho meus momentos.
— Tão doce, nada ignorante! — falo soltando um suspiro falso.
— Já foi Luigi? — pergunta Filippo me fazendo rir de sua cara. Ele é
assim, mas gosto desse cara!
Saio da sala de Filippo sorrindo e volto para a minha, pensando nas
palavras dele e não consigo entender o que ele estava dizendo. Início meu
trabalho e logo dá o horário do almoço, como não estou com muita vontade
de sair do escritório peço a Renata para pedir o meu almoço. Quando termino
de almoçar meu celular começa a tocar. Ao ver o nome de minha mãe faço
uma careta involuntária.
— Olá meu filho, já está no avião? — pergunta minha mãe no seu tom
soberbo de sempre.
— Oi mãe, por que está me ligando? — pergunto já cansado da
conversa.
— Como assim? Hoje é o seu aniversário e pensei que viria passar
conosco — diz em um tom ofendido.
— Quando foi que você ou meu pai se importou com a data do meu
aniversário? — nem sei por que estou perguntando isso, já estou acostumado
certas coisas.
— Não diga isso, somos pessoas ocupadas e aniversário tem todo ano. E
você nunca me deixou dar uma enorme festa, esse ano seria ideal já que você
vai se casar com a filha dos Sartori. Quem sabe você finalmente não convida
os Aandreozzi, precisarmos ter contato com essa gente, eles são importantes
— fala e eu fico rígido.
— Mãe não quero festa nenhuma, malmente quero me casar com a
Giovanna. Por favor pelo menos por hoje me deixe em paz — falo realmente
cansado. — Deixe os Aandreozzi em paz.
— Olha como você fala comigo, eu só estou pensando no seu bem —
diz em um tom ofendido. Tão mentirosa mamma!
— Giovanna é uma moça rica com uma família influente e merece ser
tratada melhor por você. Ela é a mãe de seu filho, seu futuro herdeiro. Você
não pode ficar para trás do seu primo Matteo — fala me irritando
profundamente.
Giovanna Sartori é um dos meus maiores erros, não a conheço direito.
Meu pai sempre quis fazer negócios com o pai de Giovanna, mas ele sempre
dava uma desculpa aqui e ali, e agora com esse casamento ridículo e
totalmente sem noção meus pais esperam lucrar muito. Nunca pude conversar
diretamente com Giovanna, pois quase nunca a vejo, não faço ideia de como
anda essa gestação, nunca me imaginei pai, não faço ideia se vou continuar
ou não com essa farsa de casamento.
— Giovanna é a mulher que eu malmente vejo — digo já com a
intenção de desligar o telefone.
— Luigi meu querido não fale assim, já passou da hora de você​ se casar,
somos tradicionais e gostamos de ser assim. — Ouço um suspiro do outro
lado da linha.
— Vou desligar, tenho muito trabalho a fazer — falo já querendo
desligar essa maldita ligação.
— Você é um filho muito ingrato, poderia estar aqui cuidando do que é
seu e não aí servindo de empregado para os outros. — Ela não poderia deixar
de falar essa besteira.
— Não quero e nunca vou querer, aqui é o meu lugar. Passar
bem mamma! — digo entre dentes e desligo a ligação.
No final do dia saio do escritório e vou direto para academia. Como
sempre deixo uma sacola com uma roupa pronta dentro do carro, não tenho
que voltar em casa para fazer isso. Chegando lá vou direto para o vestiário,
troco de roupa e antes que eu saia pela porta ela se abre revelando meu amigo
Iago.
— Quem é o aniversariante do dia? — diz Iago vindo me abraçar.
— Pode continuar onde está, você está suado filho da puta! — falo
fazendo meu amigo gargalhar.
— Você é tão nojento, sua sorte é que mesmo sendo insuportável eu
gosto de você — fala Iago e reviro os olhos. — E essa festa toda?
— Por mim não teria nada, mas vocês são muito insistentes. — Bufo
saindo do vestiário.
— Hoje é o seu dia, tenho certeza que você vai comer muita mulher
hoje. Você não tem noção das gatas que já marcaram presença na sua festinha
— Iago fala todo sonhador, mas a mim não me causa nenhum efeito. E isso
está me irritando.
Conheci Iago e César em uma das minhas muitas saídas pela noite de
paulistana. César é o dono da melhor boate da cidade e a minha intenção de
ser sócio gerou uma amizade com esses dois caras, pois Iago já era amigo de
longa data de César e eles falam que eu só cheguei para completar o clube
dos safados. César é ruivo, ele é maior que os meus 1,96 de altura, de olhos
azuis, com um porte físico grande, por perder tempo demais na academia,
cabelo cortado baixo. Já Iago é um enganador de merda, as pessoas que
batem os olhos nele de primeira pensam que é um cara centrado, grande erro.
Iago é um pouco mais barbudo que eu, tem olhos cor de mel, cabelos
castanhos​, usa um óculos de armação preta que ele diz ser seu maior charme,
é mais baixo que eu e tem um bom porte físico. Meus dois amigos são
médicos, César é cardiologista e Iago pediatra.
— Não estou com vontade de festa! — murmuro me sentindo para
baixo.
— O que você tem carcamano? Já tem um tempo que você anda meio
estranho — fala Iago como se estivesse me analisando.
— Dio! Não há nada ok? Vamos malhar logo — falo indo direto para a
esteira sem dar tempo de Iago me dizer nada.
— Onde as florzinhas estavam? — César perguntou vindo na minha
direção.
— Não vem você também me encher o saco sobre essa festa — falo
rudemente.
— Por que isso agora? A pouco tempo atrás você ficaria louco para
beber e pegar a maioria das gostosas que conseguisse, mas agora nem no dia
do seu aniversário você se anima — comenta César com a expressão fechada.
— Deve ser por causa do casamento, eu te diz que se casar por causa de
uma gravidez era furada — Iago diz correndo na estreita ao meu lado.
— Deve ser aquele insuportável do Filippo Aandreozzi, esse cara é um
poço de arrogância — Fala César fazendo cara feia.
— Não é nada disso, nem sei se vou realmente me casar — desabafo
sem querer. — E não fale assim de Filippo, ele não é muito agradável para as
outras pessoas, mas comigo tanto ele como toda sua família são incríveis —
falo e os dois assentem com desconfiança.
Lembra da família Aandreozzi me leva automaticamente para Lucca, e
imagens do nosso beijo, dele dançando na boate sexualmente, e
principalmente ele ajudando a acabar com aqueles caras que arruinaram o
casamento de Filippo. Até hoje não entendi direito o que estava acontecendo,
mas sei que aquela família é muito diferente de qualquer família. Lucca luta
com tanta vontade que me fez ficar embasbacado com tudo que vi ele
fazer. Da demoni! Chega de pensar nele!
— Soube que o marido dele é uma gracinha. Vi em um desses sites de
fofoca — Iago diz saindo da esteira.
— Uma das coisas que você nunca pode fazer é olhar para Luiz Otávio
por muito tempo perto de Filippo. Isso resultaria em uma catástrofe — falo
seriamente sentando em um dos aparelhos.
— As pessoas dizem que não se deve mexer com um Aandreozzi. Isso é
verdade? —— César pergunta.
— Não aconselharia ninguém a fazer uma coisa dessas. E é só isso que
vou dizer — falo e os dois assentem.
Estou pronto para ir à festa organizada por César e Iago, coloquei uma
calça jeans marrom, uma blusa de manga de cor clara parece um amarelo,
puxei a blusa até o cotovelo, uma jaqueta de couro marrom, um sapato social
esportivo. Chego no local e já dá para perceber que a boate está lotada de
gente. Sabia que eles iriam fechar a boate, mas não sabia que iriam convidar
esse tanto de gente. Ao passar pelas pessoas vejo algumas mulheres acenando
para mim, algumas eu já levei para cama, outras querem que as leve, mas não
me importo. Subo para a área VIP que é onde costumamos ficar e lá eu já
vejo os meus amigos cada um com uma mulher sentada no seu colo.
— Até que enfim você chegou! — fala Iago bebendo seu drink.
— Ficou bonitão assim para alguém especial ou só porque é seu
aniversário mesmo? — pergunta César rindo e eu o ignorei enchendo meu
copo com uísque e bebendo quatro vezes consecutivas.
— Vai com calma aí Luigi, a noite só está começando — diz Iago.
— Não é para me divertir? Pois farei isso do meu jeito — falo bebendo
mais.
Continuo a beber com meus olhos direcionados para a pista de dança,
não estava me sentido eu essa noite. Meu aniversário! Grande merda! Minha
família é horrível, minha mãe uma cadela que já peguei fodendo com o
amante na cozinha, meu pai um bastardo de primeira, engravidei uma menina
que mal conheço, querem eu case. Estou perdidamente apaixonado pelo
jovem CEO da cidade de Chicago. Oh droga! De onde esse caralho saiu?
Acordo dos meus pensamentos com Iago me chamando.
— Deixe-me te apresentar Marcela Gusmão — Iago diz apontada para
uma loira muito gostosa de vestido preto colado que eu não tinha visto antes.
— Prazer te conhecer Luigi, os meninos falam muito bem de você. —
Veio na minha direção e me dei um beijo molhado nos lábios.
— O prazer é todo meu bela ragazza — falo segurando seu queixo.
— Você será meu Luigi Pierri? — pergunta e eu lhe dou um sorriso de
lado.
— Por essa noite acho que posso fazer isso, fora isso mais
nada. Capisce! — falo com muita sinceridade e vejo seus olhos azuis
brilharem.
Continuo a beber e acendo um cigarro, pois é eu fumo, não muito, mas
se eu beber pode ter certeza que estarei com meu cigarro. Depois de um
tempo, de tanto a gostosa da Marcela ficar roçando seu traseiro gostoso no
meu pau, vejo que já é hora de foder até os miolos dela. Por isso saio da boate
com ela e a levo para um motel, estamos em um clima legal, Marcela já está
me dando uma chupada bastante digna, gozo na sua boca com vontade.
Marcela levanta tirando o resto das suas peças de roupa, fico admirando seu
corpo​, e tenho que dizer que ela tem um belo corpo. Tiro o restante de minha
roupa e transo com ela com muita força fazendo ela gemer alto. Quando ela
gozou eu parei, não sei o que aconteceu pois do nada parei e não estou mais
querendo isso, a lembrança do beijo gostoso de Lucca veio como uma
vingança para mim.
— Para! — falo irritado quando ela veio me beijar, me estimulando a
me movimentar.
— O que está acontecendo Luigi? — pergunta Marcela desnorteada e eu
tiro meu pau de dentro dela, pegando a camisinha, amarrando e jogando fora.
— Só vai! Pega suas roupas e vaza daqui — falo colocando​ a cueca
novamente.
Marcela coloca suas roupas e sai do quarto de motel depois de vários
xingamentos, acendo outro cigarro e pego uma bebida que estava no frigobar
do quarto. Olhei para o meu celular e lá está o número que eu queria, preciso
ligar para ele. E assim faço, assim que ele atende à ligação meu corpo reage
automaticamente ao ouvir sua voz, Lucca parece não acreditar que liguei e
depois de um tempo calados eu início a conversa.
— Ficar do jeito que estou não dá para continuar. Que diabos você fez
comigo? — falo sentindo raiva sem saber muito bem o que dizer, mas foda-
se!
— Luigi? — pergunta Lucca meio desconfiado me fazendo bufar.
— Sim, sou eu! — falo entre dentes com sua voz enraivecida. Estou
com raiva pôr o querer comigo, quero muito mesmo.
— Que surpresa, mas pela sua voz não deve ser uma coisa boa, não é?
— ele fala e sinto que ele também está irritado.
— Não sei bem o que dizer na verdade — digo me sentindo meio
bêbado.
— Você está aonde Luigi? — Lucca pergunta depois de um tempo e
posso ouvir zoada de música alto do outro lado da linha.
— Não te interessa! Eu é que quero saber onde está você? — pergunto
com punhos cerrados. Não tenho coragem de dizer que eu acabei de foder
uma mulher.
— Também não é da sua conta onde estou se é assim, você me ligou
para que Luigi? — Ouvir a voz de Lucca me faz sentir meu corpo estranho.
— Eu liguei para mandar você parar de ficar constantemente na minha
cabeça, nos meus sonhos, nos meus desejos mais obscuros. Casarei com a
mãe do meu filho não porque eu quero ou por que sou um filho obediente,
quero casar para dar ao meu filho o pai que eu nunca tive. Mais quando penso
em família só me vem você e eu não quero isso, eu não sou gay. —
Descarrego tudo não ligando se estou bêbado e que estou balançando meu
cigarro para lá e pra cá.
— Essa conversa não é para se ter no celular, ainda mais no momento
em que eu me encontro — diz Lucca dando um sorrisinho. — É um pouco
tarde para dizer que não é gay, pare de mentir seu infeliz. Tenho certeza que
seu pau está duro só de ouvir minha voz. — Como no inferno ele sabe disso?
— Como... como você sabe disso? — pergunto balançando minha
cabeça muito bêbada.
— Porque o meu está do mesmo jeito. Oh sim querido, eu quero te foder
e ser fodido por você. E não importa o que você diga, isso vai acontecer mais
cedo ou mais tarde — Lucca fala e tenho certeza que o filho da mãe deve
estar dando seu sorriso sacana. Porra! Estou mais duro ainda.
A ligação fica muda por um tempo, mas eu sei que essa conversa está
um pouco longe de terminar. E com certeza eu não tenho coragem de falar
que eu realmente o desejo nesse momento perto de mim.
Ainda não consigo acreditar que Luigi está falando comigo. Tudo bem
que ele está muito bêbado e provavelmente não lembrará de um terço da
nossa conversa de agora, mas, mesmo assim está um pouco difícil de
assimilar. Eu queria tê-lo por perto, me sinto estranhamente necessitado de
estar ao seu lado, mas pelo que eu vejo não será uma coisa muito fácil de se
acontecer, ainda mais ele no Brasil sendo o braço direito de meu irmão e eu
aqui em Chicago. Dio! Ainda tem essa noiva grávida. Foda-se meus miolos!
Ficamos um tempo em silêncio e o que Luigi fala a seguir me choca bastante.
— Hoje é meu aniversário e eu passei o meu dia sentindo falta de algo e
não fazia ideia que era você. Inferno! — Luigi diz com raiva depois de um
tempo me fazendo paralisar.
— Parabéns, eu não fazia ideia que hoje era seu aniversário — falo
sentindo meu peito apertar, pois eu queria estar perto dele nesse dia, na minha
família, aniversário é algo muito importante a ser celebrado.
— Ninguém sabe para dizer a verdade, só dois amigos meus — diz
como se não se importasse realmente.
— E por que você não está com sua família? — pergunto por
curiosidade.
— Nem todo mundo tem uma família como a sua Lucca Aandreozzi! —
diz em um tom enraivecido me fazendo analisar o que ele acabou de dizer.
— Fale comigo direito, porra! Deixe sua raiva de lado, você está
falando comigo e não sou um qualquer assim como você não é um qualquer
para mim. Capisce? — falo seriamente.
— Mi scusi! (Desculpe-me!) — murmura Luigi se acalmando e eu volto
ao assunto novamente.
— Ficar sozinho no dia do aniversário não deve ser uma coisa muito
legal, ainda mais bêbado — digo, mas parei para ouvir Chavéz me apressar.
Lhe dei dedo e o mandei ir a merda.
— Não sei por que, mas saber que você não está em casa faz com que eu
queira te enforcar — murmura descontente me fazendo abrir um enorme
sorriso e ignorar novamente o puto do Chavéz.
— Ciúmes querido? — pergunto sarcasticamente.
— O quê? Claro que não! Porque eu sentiria ciúmes de você, nunca
senti isso na vida — Luigi diz com a voz embolada, ele está muito ruim.
— Não é o que está parecendo, mas não vamos entrar em discussão
sobre isso — falo sem muito interesse.
Algo está acontecendo com ele, não sei dizer o que é, pois não nos
conhecemos a esse ponto, mas sei que algo nele não está correto. Luigi
sempre me pareceu um cara centrado e eu sei que ele é, mas algo o incomoda.
— Olha aqui Aandreozzi mais novo, só quero te dizer que vou me casar
em breve, o beijo que você me roubou não pode mais acontecer — diz Luigi
em um tom sério me fazendo rir.
— É isso que você quer realmente dizer? — pergunto sarcasticamente.
— Não importa o que eu quero dizer, pois é isso que você ouvirá de
mim — fala quase gritando do outro lado da linha é isso me deixa muito
puto, mas eu respiro fundo.
— Escute muito bem o que eu vou te dizer Luigi — falo calmamente.
— Pode falar! — ele resmunga.
— Estou pouco me fodendo para o que você acha que deve fazer, sei
principalmente​ agora que você me quer assim como eu quero você. Temos
algo Luigi e esse algo pode se tornar muito especial — falo determinado,
percebo que ele iria falar algo, mas eu o corto. — Quieto que não terminei!
Eu quero que você seja o meu amor, não tem para onde correr. Você é o meu
único assim como eu sou o seu — digo bem nitidamente para que ele possa
entender. Ele tem que entender!

— Eu… eu não… — tenta falar, mas não sai. — Não posso! Isso não
vai acontecer, isso é loucura! Não Lucca! — Luigi começa a falar em forma
de sussurro, mas depois diz com mais firmeza.
— Você está dizendo isso porque quer realmente? — pergunto
mordendo o canto da minha boca e sinto o gosto metálico do meu sangue.
— Sim, é isso que eu quero. Siga sua vida só que sem mim — diz
derrotado e desliga a ligação sem que eu possa raciocinar direito.
É isso, meu coração está nesse momento partido em vários pedaços.
Olho para tela do meu celular é aperto aparelho com toda a força que eu
tenho no meu corpo nesse momento. Como foi que uma conversa de homem
bêbado acabou com isso? A sorte de Luigi é que ele está muito distante de
mim no momento, pois eu faria com que ele se arrependesse do que me fala.
Estou com raiva, muita raiva para ser mais exato, ele não tem o direito de me
ligar e me deixar mal. Percebo que Christian se aproxima de mim e coloca a
mão no meu ombro.
— Vai sair daqui? — pergunta Christian e eu o encarei.
— Estou com cara de quem quer ir embora — pergunto mal
reconhecendo minha voz.
— Já vamos começar, não vai me deixar na mão não viu. — Chamou
Martínez com euforia assim que se aproximou de mim.
— Já estarei lá! — falo e ouço um suspiro alto de Christian assim que
Martínez sai do meu pé.
— Você sabe que controlar sua raiva dessa maneira não vai ajudar muito
né. — Viro para o meu guarda costas e amigo e abro um sorriso.
— Eu sei cara! Mas é tão bom ouvir uns ossos se quebrando. — Não me
controlo e caio na risada.
— Seu sadismo maluco nem me surpreende mais — diz Chris me
acompanhando na risada.
— Eu sei! — falo e sair andando, mas parei olhando para trás. — Vai
olhar minhas costas? — pergunto a Christian.
— Você sabe que sim! — Christian diz e fica na sua posição
profissional.
Sigo o caminho para um corredor escuro que me leva até o meu destino,
paro de frente a uma porta de aço onde tem dois homens enormes e armados
fazendo a segurança, ao olharem para mim me reconhecem de imediato e
liberam minha entrada tranquilamente sem me dar uma palavra. Gosto disso!
Conversas desnecessárias não me deixaria feliz no momento. A porta é de
um elevador, elevador esse que me leva para o térreo.
A chegada é rápida e quando a porta do elevador se abre meus ouvidos
são preenchidos com gritos, risadas, xingamentos, odor de bebida alcoólica, o
cheiro metálico do sangue fresco, fumaça de cigarros, charutos e outros.
Olhando atentamente tudo contínua do mesmo jeito, no meio do espaço tem
um ringue muito parecido com as lutas de MMA, onde já tem dois homens
em uma luta sangrenta, desvio meu olhar, pois esses dois lutando não me
chama atenção. Ao redor do ringue tem pessoas normais que não tem
influência na sociedade, sentadas nas arquibancadas ou nas cadeiras perto do
ringue.
Aprendi que todas essas pessoas pagam para estar aqui, algumas porque
simplesmente gostam de ver porrada do alto nível de violência, outras por
que gostam de gastar seus dinheiros na esperança de ganhar mais em apostas.
Vou para as escadas que dão acesso para o andar superior, onde fica os
“esnobes”. Não você não está lendo errado, falei justamente a verdade. O
lugar que estou subindo é onde fica as pessoas do mais alto escalão, o
ambiente é totalmente diferente com poltronas de couro pretas confortáveis,
bar, aqui é como um todo diferenciado. Sei que aqui em cima tem políticos,
chefes de gangues, empresários entre outros.
As pessoas, o dinheiro, tratado de negócios, nada disso me importa! Eu
quero lutar e se é nesse lugar podre que vou conseguir meu objetivo, que seja.
Minha família nem sonha que venho para um lugar desse, isso me deixa
muito triste, pois eu me sinto mal por estar escondendo isso deles. Aqui
muitos me conhecem, mas a discrição é a primeira coisa exigida por Chavéz,
o filho da puta pode ter um sorriso fácil no rosto, mas eu já vi que ele pode
ser muito mal com quem vai de contra suas regras. Também pudera, o
maledetto é dono de um cartel de drogas.
Sento em uma das poltronas e rapidamente uma garçonete vem me servi
uma dose de uísque, mas dispenso a oferta. Christian está em pé atrás de mim
com seus olhos de águia para todo lugar, vejo ele dar algumas ordenadas pelo
seu comunicador aos outros seguranças que não puderam entrar, sei que ele
não gosta de me ver aqui e já tinha me dito que é perigoso. Vejo alguém
sentar perto de mim e sei que é Ricco.
— Quando vou poder lutar Chavéz? — pergunto impaciente.
— Pensei que você estava blefando, já tem um tempo que você não vem
aqui — diz Ricco montando umas duas carreiras de cocaína. — Vai querer?
— Não uso essas porcarias, você sabe disso já que sempre me oferece
— falo irritado fazendo ele levantar as mãos em sinal de rendição.
— ¡Hermano está bien! É o homem educado presente em mim — diz
limpando o nariz após usar sua merda.
— Io non sono un amico di quanto suo fratello. (Não sou seu amigo
quanto mais seu irmão.) — falo vendo pela sua cara de confusão que não
entendeu nada do que eu diz.
— Vou querer saber o que você diz? — Ricco pergunta desconfiado.
— A menos que você queira saber verdades — falo olhando para baixo
vendo uma próxima luta se iniciar.
— ¡No gracias! Olha Aandreozzi sei que você é o melhor que já entrou
nesse meu ringue, mas tenho que dizer que os homens que estão aí não são
nada fáceis — diz Ricco chamando minha atenção.
— Explique melhor porra! São quantos? Quem os trouxesse? —
pergunto curioso.
— Tem um lutador veio com um desses empresários viciados em
apostas, o cara é muito rápido. O segundo daquele senador White, o homem
está botando uma fé nesse cara que não faça ideia do porquê, fora que ele só
manda os caras e nunca aparece. — Já esperava encontrar o nome do senador
aqui, eu disse que ele era sujo e não estava mentindo. E é claro que ele não
viria aqui, sujaria sua imagem de homem correto. Puto! — O terceiro cara é
grande, hermano. Muito grande! Ele é de uma gangue de motoqueiros aí.
— Isso vai ser muito interessante — falo pensativo. — Eu vou querer os
três! — falo fazendo Chavéz arregalar os olhos e depois cair na risada.
— Porra Aandreozzi! Achei que estava falando sério. — Continua rindo
mais para quando vê minha expressão séria. — Sério isso? — pergunta e eu
assenti.
— Não sou um homem de mentiras Chavéz! — falo fechando os punhos
com força.
— ¡Está bien! Vou acertar tudo e assim que essa luta acabar será você
— diz Ricco e levantou me deixando sozinho novamente.
Ricco Chavéz fez o que foi dito, assim que aquela luta foi finalizada ele
anunciou que a próxima luta seria 3 contra 1. O alvoroço do lugar foi
ensurdecedor, as pessoas não estavam acreditando que um único homem iria
enfrentar os 3 lutadores que até certo momento estavam sendo os favoritos.
Como se eu ligasse para essas coisas, meu intuito aqui é descarregar essa
raiva que estou sentindo no momento, tudo isso por culpa de Luigi. Mais se
ele pensa que vai se livrar de mim assim tão facilmente ele está muito
enganado, nunca fui homem de desistir e não será com aquele covarde que
farei isso.
Saio do camarote e vou para a área do ringue, tiro minha camisa para
não sujar, Christian enrola minhas mãos com ataduras sem falar uma palavra.
Estalo meu pescoço, relaxo meus músculos, respiro fundo e entro no ringue.
O primeiro cara que vai lutar é bem mais baixo que eu, usa um shortinho
ridículo curto preto, está sem camisa mostrando as poucas definições de seu
tórax. O homem saltita como um filhote de canguru, isso me faria cair na
gargalhada se eu não estive tão concentrado em acabar com isso logo.
O canguru saltitante me provoca com suas jogadas de perna besta que
me faz cansar só de olhar, deixo ele fazer seu show como bem entender.
Assim que ele avança em minha direção defere dois socos em direção ao meu
rosto me fazendo desviar, ele aproveita minha distração quando desvio de
seus socos e vem logo em seguida acertando um chute nas minha costelas, ao
sentir o impacto do chute dei risada fazendo ele me olhar sem entender. Isso
foi seu grande erro canguru! Dou um giro de 180º acertando o solado da
minha bota pesada na sua bochecha e tenho certeza que vejo sair junto com
sangue de sua boca um dente. Vou guardar para fada do dente! Enquanto ele
está tonto termino a luta lhe dando o gancho de direita, o pobre homem
canguru cai desmaiado. Gritos ensurdecedores de alegria das pessoas que
ganharam dinheiro com essa luta é entediante.
Olho para onde Christian está e vejo ele sorrir balançando a cabeça
negativamente, dou de ombros e observo dois homens de Ricco tirar o pobre
canguru do ringue. O próximo a entrar é um cara com mais ou menos minha
altura, usa calça de moletom e está sem camisa, ele tem muito mais músculos
do que eu e me olha como se quisesse me matar. Olho para ele e pisco um
olho, deixando o meu adversário muito puto.
O cara vem até mim me fazendo desviar de seus golpes, muitos chutes e
socos são trocados, mas ele logo me acerta um soco muito bem dado no meu
rosto partindo meu supercílio, e outro na boca do meu estômago. O afasto de
mim e sinto o meu sangue escorrer ensopando o meu olho, deixando minha
visão um pouco turva. Respirei fundo limpando meu olho com o antebraço.
— Olha veja só, está doendo? — debocha meu adversário.
— Não! Já tive piores! — falo sem interesse enquanto o observo me
rodear.
— Espero que diga o mesmo depois que eu acabar com você. Não vai
restar nada para sua família enterrar. Lucca Aandreozzi! —Ele me conhece,
que maravilha! Isso me faz ficar muito irritado.
— Não faça isso! É só um conselho que lhe dou — falo entre dentes.
— Porque o que vai… — Impeço o resto de seu falatório acertando um
golpe duro e forte na sua traqueia cortando sua respiração.
— O nome da minha família nunca deve ser pronunciado por pessoas do
seu tipo — falo lhe dando três socos na barriga.
Quando ele cai no chão me sento sob seus quadris lhe dando socos e
mais socos esperando que ele desmaie logo. Eu olho bem para sua cara e os
respingos de seu sangue pulando no meu rosto, não posso controlar meu
sorriso. Sinto alguém me puxar de cima do meu adversário e vejo que é
algum homem de Ricco, mas a mão dele foi arrebatada de cima de mim por
um Christian muito irritado. Vou para um canto do ringue controlando minha
respiração e a satisfação de ver o puto tão fodido.
— Tenho que fazer um curativo no senhor — diz Christian pegando
uma gaze para estancar o meu sangue.
— Faça isso logo! Tenho mais um bastardo para lutar — falo dando
pressa a Christian.
— Esse corte aqui está feio senhor — ele fala colocando alguma porra
que arde feito uma cadela.
— Ai filho da puta! Essa merda arde! — falo soltando uma risada.
— Você não é normal! — Constata meu segurança e amigo.
— Me diga algo que eu não saiba — falo revirando os olhos.
— Se você for voltar vá logo que o cara ali está impaciente. — Meu
segurança aponta para trás de mim.
Lá está um homem mau encarado de mais de dois metros de altura. Ele é
o típico membro de uma gangue de motoqueiro. Ele usa uma calça jeans
surrada, regata preta colada no corpo que marca seu peitoral alto e uma
barriguinha de chope. Seus braços estão repletos de tatuagem pretas, seus
cabelos grandes loiros queimados do sol, e uma grande barba feia pra
caralho.
— Até que ele é bonitinho. Você não acha Chris? — pergunto caindo na
gargalhada quase me engasgando com a água que estou bebendo.
— Se você está dizendo — Christian fala fazendo uma careta.
— Volto já! Depois desse grandão vamos para casa — falo saindo.
Vou em direção ao grandalhão e desço meu punho com força na sua
cara, ato que não resultou em nada. Acho que ele não sentiu nenhuma cócega
com meu soco. Ele aproveita minha surpresa e começa a me bater, o cara é
muito forte. Percebo algo muito estranho ao me afastar do seu aperto, o
grande filho da puta puxou uma faca para mim. Vê se pode uma coisa
dessas?
Desvio o máximo que consego de sua lâmina afiada e quando tenho a
oportunidade seguro a mão que ele empunha a arma a torcendo ao contrário
com toda minha força, o fazendo gritar, espero que tenha quebrado seu
punho. Quando o desgraçado solta a faca eu a pego, aproveitando que meu
adversário está distraído segurando seu pulso, enfio​ com toda vontade a faca
pequena na sua panturrilha. Esse meu movimento faz com que o motoqueiro
caia de joelhos, isso é bom para mim que vou até uma extremidade do ringue,
corro a toda velocidade e usando todo o peso do meu corpo dou uma
cotovelada na nuca do feioso, o fazendo cair de cara no chão desacordado.
— Preciso ir para casa! — falo comigo mesmo ao ver o grandão no
chão.

Saio do ringue em direção de Christian, deixando os filhos da puta que


gritavam enlouquecidos com a merda de luta. Chavéz vem falar comigo e
como não estou muito a fim de papo vou direto para o elevador. Estou com a
adrenalina correndo forte na minha veia, mas o vazio ainda está presente.
Esse vazio que só será preenchido quando eu tiver o que tanto quero. Está
chegando a hora de mostrar a Luigi por que algumas pessoas me acham
louco.
A viagem até em casa foi rápida, já que essa hora da noite não teria mais
tráfego. Chego em casa é vou direto para o meu banheiro ver os estragos, tiro
minha bota e calça as jogando em qualquer canto do banheiro. Encho a
banheira depois de terminar de regular a temperatura da água. Volto minha
visão para o espelho. Meu corpo está recheado de hematomas, na área da
minha costela esquerda tem uma grande marca ficando roxa, aproximo meu
rosto do espelho e noto o corte no supercílio com um curativo feito rápido
pelo meu segurança, minha bochecha direita está inchada, meu lábio inferior
tem um pequeno corte, e ao passar a língua pela área interna da minha boca
sinto minha bochecha cortada.
Que porra! Essas merdas vão ficar marcas e eu não posso ficar com
marca de briga na cara. Eu sou um empresário e isso é inaceitável. Com raiva
tiro minha cueca fazendo meu pau saltar livremente, vou até a banheira
desligo a água e entro na banheira. Ao descer meu corpo dolorido na água
gemo em satisfação, acomodo minha cabeça na beira da banheira e fecho
meus olhos. Minha cabeça viaja pensando no homem que consegue me tirar
do eixo, fico me perguntando por que ele está sozinho no dia do seu
aniversário. Se estivéssemos juntos iria fazer com que essa data fosse especial
para ele.
O que deve ter causado o motivo para ele me ligar desse jeito? Minha
vontade é pegar o jatinho ir à sua casa, no escritório ou em que lugar que ele
possa estar lhe perguntar que diabos ele tem medo. Sei que ele ficou
balanceado com as minhas palavras, isso ficou nítido para mim, mas ele
parece não aceitar muito bem nossa atração. E bota atração nisso, pois só de
lembrar da afirmação dele de que seu pau estava duro ao me ouvir faz com
que o meu fique duro nesse momento.
Sento na borda banheira e desço minha mão até o meu membro rígido e
passo o dedão pela minha glande fazendo movimentos circulares, imagens de
como deve ser bom e explosivo o sexo com Luigi surgi na minha mente
muito criativa, imagino seu toque no meu corpo, o sabor de seu pré sêmen.
Como deve ser seu pau? Droga! Subo e desço repetindo esse movimento até
pegar a velocidade necessária para que meu pau ganhe a sua libertação.
Pouco tempo depois sussurro o nome dele e sinto meu esperma quente e
grosso sujar minha mão. Que lambança maravilhosa!
Após minha gozada termino meu banho, saio da banheira, pego a toalha
enxugando meu corpo, passo sem querer no rosto com ignorância e dou um
berro pois doeu feito o inferno. Que porra, acho que estou muito distraído!
Resmungando vou até o armário do meu banheiro pego minha maleta de
primeiros socorros, faço meu curativo e tomo dois comprimidos.
Terminando vou até o closet pego um short de dormir e visto, assim que
deito apago imediatamente. Algum tempo depois ouço uma zoada de saltos
batendo no chão e um barulho de roupas sendo tiradas, o perfume do intruso
invade o quarto e nem preciso abrir os olhos para saber quem é.
— Você não estuda mais não? — pergunto com minha voz rouca e
bêbado de sono.
— Estudo sim, mas sentir que você precisava de mim — ela fala
deitando do meu lado, abro meus braços e ela vem de bom agrado.
— Fico feliz por você estar aqui sorellina — falo beijando sua cabeça.
— Fico feliz em estar aqui fratello. Agora cala a boca estou cansada, o
voo foi foda — resmunga minha irmãzinha​.
— Vou dizer a Babo que da boca de sua principessa só sai palavrão —
falo levando um soco fraco no peito.
— Não ouse seu ridículo! — diz em um riso curto. — Buonanotte
fratello.
— Notte sorellina mia! — respondo e caio novamente no sono.
Acordo mais tarde sentindo a cama vazia. Será que eu sonhei? Acho que
não, pois sinto o cheiro do perfume de minha irmã pelo quarto. Luna é e
sempre vai ser a nossa garotinha, apesar dela odiar essa nossa proteção, mas é
impossível não nos preocuparmos com o seu bem-estar. Por nós dois sermos
os mais novos vivemos nossa infância sempre juntos e isso continuou até a
fase adulta. Luna para mim é como um anjo guerreiro, doce na medida certa,
atenciosa, mas feroz ao extremo, que não foge de um bom combate.
Brincamos dizendo que ela é a nossa piloto de fuga.
Lembro perfeitamente quando Babo finalmente aceitou que minha
irmãzinha aprendesse a se defender, no início foi uma loucura Filippo, Enzo e
eu não queríamos que ninguém ensinasse a ela a não ser nós, ela batendo o pé
dizendo que não queria a gente. Mais no fim das contas Luna aprendeu e hoje
em dia me sinto mais confiante em deixá-la fora das minhas vistas.
Olho para o relógio e vejo que estou muito atrasado para ir a empresa,
quando estou me levantando apressado para ir tomar um banho vejo que em
cima do criado mudo tem uma nota com a letra de Luna.
Desliguei o despertador e liguei para sua secretária. Seu rosto está um
cu! Vamos conversar sobre isso, por isso venha logo!
Te amo seu tapado!
Respiro aliviado, pois tenho certeza que Laila deve ter desmarcado
qualquer compromisso que tivesse hoje pela manhã, mas ao mesmo tempo
estou apreensivo pelo o que minha irmã vai perguntar. Sempre fiz de tudo
para esconder esse meu lado para eles, quando ia para lutas e ficava
machucado evitava viajar até estar todo cicatrizado, mas se minha irmãzinha
perguntar o que aconteceu terei que dizer. Nós irmãos Aandreozzi temos esse
pacto de não mentir um para o outro, sempre fomos muito unidos e isso só
piorou quando Filippo foi levado e ficou um ano desaparecido, esse foi o pior
momento da nossa família.
Levanto-me e vou no banheiro fazer minhas necessidades. Ao escovar
os dentes vejo que o estado do meu rosto está bem feio, termino de escovar
os dentes e saio do quarto. Antes de ir procurar minha irmã respiro fundo me
preparando para o falatório. Não precisei procurar muito por Luna, pois ela
estava na cozinha.
— Buongiorno sorellina! — falo e ela vira para me encarar de braços
cruzados.
— Vai me dizer que merda é essa na sua cara Lucca? — Direta como
tirar uma fita adesiva nos pelos do braço.
— Vamos ter essa conversa agora mesmo Luna? — pergunto desviando
da sua pergunta anterior.
— Vamos sim! A não ser que você queria que eu ligue para os outros.
— Sujeitinha chantagista!
— Tem alguém te importunando e você não nos contou? Diga quem foi
o puto e vamos chutar sua bunda! — Luna diz me analisando.
— Não é nada disso! — falo e solto um suspiro frustrado.
— Então fale! Acordo de manhã e vejo meu irmão parecendo um
pedaço de carne batida — diz Luna me fazendo entortar a cara de desgosto.
— Carne batida nada! Eu sou lindo! — falo tentando fazer charme, mas
Luna não come essa.
— Ainda estou esperando, não me enrole! Ecco! — Diz Luna irritada.
— Eu estava lutando ontem à noite. Pronto falei! — digo cansado e
Luna pega o celular e começa a discar. — Você diz que não ia ligar. —
Aponto e ela me ignora.
— Ei Zuco! Estou com Lucca e ele fez de novo, liga para Lippo aí.
Esperarei! — Enzo responde algo e ela fez um “Humrum” e coloca no viva
voz. É sério isso?
— Lippo estamos os três na linha e temos que conversar com Lucca,
pois ele fez de novo — diz Enzo e ouço um suspiro alto e bruto de Filippo.
— Cheguei na casa dele e hoje de manhã vi que a cara dele está toda
quebrada — diz Luna me olhando com os olhos semicerrados.
— Não falem de mim como se eu não estivesse ouvindo vocês — falo
sério.
— Estou pouco me fodendo o que você pensa — diz Filippo com seu
tom rude. — Você já tinha um tempo que não ia para aquele lugar fodido de
Ricco Chavéz. O que houve Lucca? — Filippo pergunta calmamente e eu não
entendo nada. Como diabos?
— Mais como? Como vocês sabem? — pergunto confuso.
— Sempre sabemos de tudo que acontece na vida de cada um,
principalmente se seu irmãozinho anda se metendo em um lugar barra pesada
— diz Enzo irritado.
— Você mais que ninguém deveria saber que cuidamos uns dos outros
— diz Luna com carinho.
— Sempre soube que você ia na boate de Chavéz, mas você é grande o
suficiente​ para saber o que fazer da sua vida, mas lutar não é uma coisa
inteligente a se fazer. Se algo acontecesse de grave com você em uma dessas
lutas nós, seus irmãos, mataríamos a todos. Sem tirar ninguém! — Filippo diz
e isso aqueceu meu coração.
— Sinto muito não ter contado, só não queria decepcionar vocês. Eu só
precisava! — falo cabisbaixa e Luna me abraça.
— Sabemos que você tem essa necessidade de colocar suas frustrações
em algum fodido de merda até ver ele em uma bagunça, tenho certeza que
falo também por Luna e Lippo. Não nos importamos sobre seus gostos e
modo de vida, mas frequentar um lugar com gangues e máfias não é seguro
para você — Enzo diz mais calmo.
— Eu sei disso! Ontem não foi um dia muito legal para mim —
murmuro.
— Irmão, você sabe que sempre pode contar conosco para tudo. Não foi
agradável acordar pela manhã e ver você nesse estado — comenta Luna e eu
concordo.
— Esse final de semana estaremos todos aí para o jantar beneficente —
diz Filippo e eu fico confuso.
— Que jantar é esse? — pergunto olhando para Luna.
— Mais é um tapado mesmo! O jantar beneficente que a Aandreozzi
SPA dá todo ano e esse ano é aqui — Luna fala me dando um tapa atrás da
cabeça.
— Porra isso doeu! — grito esfregando o local e ouço Lippo e Enzo
falar frouxo, mas ignoro. — Eu juro que tinha me esquecido sobre isso.
O jantar beneficente que nossas empresas dão foi algo criado por
mamma e nonna e todo ano elas resolvem todos os trâmites inclusive o local,
que dessa vez será aqui em Chicago. E com a ajuda de Luna, essas mulheres
fazem os melhores jantares de todo os tempos, no ano passado foi no Brasil.
Filippo nem sonhava em conhecer Luiz Otávio, e como ele estava
aterrorizando muita gente da sociedade paulista mamma resolver fazer lá,
naturalmente para ver se as pessoas conseguiram esquecer cada patada,
gritaria, frieza de meu irmão, o que não aconteceu. Fora que foi o maior
trabalho fazer Filippo ir, mas depois das ameaças de nonna ele foi.
— Que milagre é esse que Filippo vai vir para o jantar? — pergunta
Luna.
— Não, já sabe? Deve ser por livre e espontânea pressão de seu Bello —
falo com divertimento.
— Nada disso seu bastardo! Eu vou porque eu quero ir — Filippo diz
irritado.
— Não foi bem assim que aconteceu. Diga a verdade Ursão! — grita
Luti fazendo eu, Luna e Enzo cair na gargalhada.
— Bello! — repreende Filippo e Luti cai na risada.
— Ahhhh… agora estou curioso! — diz Enzo controlando o riso.
— Vão se foder vocês! Queria ter irmãos menos retardados — diz
Filippo com raiva e posso jurar que ele está bem vermelho agora.
— Você​ não vive sem nós! — Eu, Enzo e Luna falamos ao mesmo
tempo. Fazemos isso desde pequenos.
— Peggiore di tutti è che nemmeno vivo. (Pior de tudo é que não vivo
mesmo.) — confessa nosso irmão mais velho.
— Se prepare que esse final de semana vamos todos aí. E vou logo te
avisando para comprar aquele chocolate que gosto de comer. — Lembrou
Enzo e eu me irrito.
— Por que você não vai se foder? Aquele chocolate era meu que
senhora Adams me deu e você comeu tudo! Não tem nada para você aqui. —
Que sujeito folgado!
— Senhora Adams é a melhor, vou pedir para ela comprar pra mim —
diz Luna e eu faço cara feia para ela.
— Também quero esse chocolate — diz Filippo sério, naturalmente
querendo me tirar do sério.
— Senhora Adams é minha! Minha! Ela compra coisas para mim!
Vocês não têm o que fazer mais não? — falo cruzando meus braços.
— O papo está bom, mas eu vou alimentar esse ser todo quebrado — diz
Luna e nos despedimos deles.
Após encerramos a ligação Luna volta a fazer não sei o que no fogão.
No fundo eu sei que meus irmãos estão muito putos comigo por eu ir à boate
de Chavéz. Realmente lá é o pior ambiente para se estar, o que tem de
pessoas erradas fazendo negociação sujas de tráficos de drogas, armas e
muitas outras coisas. Sei muito bem que corri risco e que se por algum acaso
acontecesse algo comigo minha família não mediria esforços para acabar com
quem quer que me tenha feito alguma coisa, não posso mais ser irresponsável
em achar que nada pode acontecer. Não suportaria que algo acontecesse a
algum deles por minha culpa. Me destruiria!
— Aqui toma logo isso aqui. Ele é forte e precisa ser tomado um pouco
antes das refeições. — Olho para o remédio na mão de minha irmã sem
entender.
— Eu tomei remédio ontem para dor — falo pegando os comprimidos.
— Suspeitava que sim, mas esse aí um amigo meu médico indicou e vai
te deixar novo até o final de semana. Você não quer mamma preocupada
vendo esses machucados né? — pergunta Luna debochadamente.
— Não! Tenho certeza que ela iria me bater um pouco mais por não
dizer que estava “doente”. Ela e nonna vem quando? — pergunto e tomo os
remédios.
— Daqui a dois dias, vim antes e parece que fiz o certo — —Luna diz
suspirando.
— Grazie sorellina! — falo vendo-a abrir um sorriso doce.
— Non c'è bisogno di ringraziare, fratello (Não precisa agradecer,
irmão) — —Responde Luna e eu assinto.
Mesmo não querendo tomar café sou praticamente obrigado por minha
irmã, pois ela diz que eu precisava comer por causa do maldito remédio.
Terminamos de comer e Luna me fez assistir um programa de TV chato para
se foder, preferia mil vezes estar no escritório do que assistir esse programa
que passa na Espanha e que ela nunca perde, não fiz a mínima questão de
descobrir o nome do programa maldito. Fiquei resmungando na intenção de
que minha irmãzinha se tocasse e deixasse eu sair desse tormento.
— Caralho como você é chato Lucca! — Se revolta Luna após me ver
reclamar demais.
— Sou nada, eu sou lindo! — falo puxando minha irmãzinha para meu
colo e a enchendo de beijos.
— Para seu tapado! Porra você está me enchendo de baba seu merda!
— grita Luna e não a solto.
— Quieta sorellina! Babo nem Filippo está aqui para te proteger do meu
amor — falo soltando uma risada maléfica.
— Sei molto strana! (Você é muito bicha!) — grita Luna e eu paro
rapidamente deixando ela atordoada de cabelo bagunçado.
— Ué, é claro que sim sorellina! Não está vendo na minha testa “Sou
adepto a paus! Adoro homens!” — falo com uma expressão surpresa fazendo
minha irmãzinha cair na gargalhada.
— Você é muito idiota! Mais ainda é o idiota do meu irmão! — ela diz e
eu a catei nos meus braços novamente.
Um tempo depois de nossa descontração recebo um telefonema de Laila
me informando de algo inesperada na empresa, falo com ela que logo estarei
chegando e que eu resolvo. Vou até meu quarto tomei um banho rápido o
mando uma mensagem para Christian falando que iremos dar um pulo na
empresa. Como não vou demorar coloquei uma calça jeans qualquer, uma
camisa branca de manga comprida que puxo até o cotovelo, o
comprometimento da camisa é grande vem até minha bunda, coloquei meu
all star vermelho e meu Pork Pie também vermelho. Foda-se terno hoje!
Quem faz o meu estilo sou eu! Quem não gostar tome no cu!
Sao do meu quarto e encontro minha irmã arrumada para sair junto
comigo, ela está linda como sempre usando uma calça jeans branca cintura
alta, um cropped preto de moletom e manga comprida, seu salto alto preto.
Luna olhou para mim e diz: Foda-se terno! E entramos no elevador, isso é a
prova que minha irmã me conhece muito bem.
Chegamos rápido à empresa no mesmo carro com Christian e Alejandro
nós fazendo companhia, Christian dirigindo e Alejandro no carona. Ao descer
do carro vejo uma situação estranha, minha adorável secretária está sendo
abordada por um homem e percebo que ela está amedrontada. Ele está
gritando com Laila alguma coisa que não consegui ouvir.
— Tá olhando o que Luc? — pergunta Luna e eu aponto com o queixo.
— Você conhece?
— Claro é minha doce e adorável secretária. Eu vou matar esse puto seja
ele quem for. — falo com raiva observando o modo agressivo do homem
com Laila.
— Não! Eu vou! Tenho que mostrar a esse puto que uma mulher
também sabe bater e de salto alto ainda — diz Luna vermelha de ódio me
jogando sua bolsa.
Isso vai ser uma coisa muito boa de se ver, e eu já estou rindo desde já.
É puto, você está muito fodido agora!
Porra! Que zoada infeliz é essa? Pera aí, eu acho que conheço essa
zoada. Droga, meu celular! Ainda de olhos fechados passo a mão por toda
cama, estendo os meus braços para o criado mudo e acho o bendito celular,
forço rapidamente meu cérebro para abrir os olhos, mas nas minhas tentativas
consigo abrir somente o direito. Vejo a foto de Iago me dando dedo e rejeito
a ligação. Não quero falar com ninguém, muito mesmo com meus amigos
sem noção.
A ligação que eu fiz para Lucca ontem vem como uma bola feita de
concreto gigantesca caindo sobre mim. Não acredito que fiz isso, e para
minha maior desgraça maior ao ouvir sua voz me fez ter a certeza que era ele
que eu queria que estivesse do meu lado naquele momento. Não posso me
enganar por muito tempo, sei que estou gostando dele muito mais do que eu
consigo admitir a mim mesmo. Como foi que isso aconteceu? Na época da
faculdade tive uma experiência com homem, mas nada que eu pudesse dizer
que não ficaria mais com mulheres.
Sempre achei o corpo feminino perfeito, cada curva feminina é um
convite para que minhas mãos fizessem carícias. Já pedi as contas de quantas
mulheres levei para cama, mas nunca consegui firma nada muito sério. Até
tentei uma vez, mas perdi o interesse rapidamente no relacionamento e
decidir terminar.
Já com Lucca e tudo tão estranho e intenso. Um beijo! Um único beijo
foi capaz de me fazer sentir diferente, sentir de um jeito que eu jamais sentir
nos meus 31 anos de idade. Não consegui ficar ouvindo sua voz sem sentir
raiva, raiva por gostar tanto de ouvi-lo que poderia ficar horas só prestando
atenção no que ele poderia dizer por mais absurdo que fosse. Eu não sou
assim!
Percebo que ainda estou no quarto de motel que trouxe Marcela. Olho
por todo o quarto e vejo que está uma grande merda, todas as bebidas que
estava no frigobar eu bebi, fumei todos os maços de cigarros que estava na
minha carteira, ou seja, estou um merda. Depois que falei aquilo com ele me
senti mal, muito mais do eu poderia admitir, praticamente cai em desgraça.
Lucca não faz ideia do porquê aceitei me casar com Giovanna, meus pais
podem ser cruéis quando querem e não posso trazer a família Aandreozzi
para a bagunça que é a minha família. Eles são tão bons que seria uma
vergonha para mim mostrar o quão monstruosa a minha família pode ser.
Coloco minha roupa de ontem e saio deixando o quarto imundo para
trás. Deus estou uma merda! Vou a até a recepção entrego a chave, pago a
conta e vou pegar meu carro. A minha volta para casa é massacrante, o
trânsito como sempre está uma merda e como eu não estou nem um pouco
bem, foi pior ainda. Chego em casa e Sandra vem logo ao meu encontro,
antes que ela fosse perguntar ou falar alguma merda levanto minha mão lhe
lançando um olhar duro que a faz murchar imediatamente, melhor assim.
Tomo meu banho, coloco um short de flanela qualquer​, mando uma
mensagem para minha secretária avisando que não irei hoje, deito-me na
minha cama. Nunca pensei que iria dizer um dia que me sinto infinitamente
solitário, queria alguém dividindo esse espaço na minha cama fria, mas é um
alguém específico. Porra! Com esses pensamentos adormeço deixando
escapar um grande suspiro.
Levanto mais ou menos meio dia e vou almoçar. Depois que eu vim para
o Brasil, descobrir que minha comida favorita é o bom arroz com feijão, bife
e batata frita. Não troco esse prato por nada, muito menos aquelas comidas
caras e sofisticadas, aprendi a apreciar essa comigo graças a minha antiga
doméstica Zélia. A comida de Zélia é maravilhosa, percebo que a filha
aprendeu direito com a mãe e esse é um dos motivos que me fez permitir que
mesmo Sandra sendo uma inconveniente continue a trabalhar para mim. Meu
celular está tocando de novo e dessa vez é a minha mãe.
— Sim! — falo sem ânimo.
— Quando você vai me tratar como se deve? Eu sou sua mãe! — diz
minha mãe com desprezo.
— O que você quer mamma? — falo a palavra mamma com deboche.
— Estou lhe avisando que o seu casamento será daqui a duas semanas.
Não precisa se preocupar com nada basta comparecer — diz e percebo pelo
tom de sua voz a sua incrível falta de interesse.
— Eu não quero me casar! — falo entre dentes.
— Como se me importasse com o que você quer — fala e posso ouvir
uma voz masculina do outro lado da linha.
— O meu pai estar aí com você? — pergunto, pois quase nunca meu pai
e eu nos falamos.
— Seu terno, a cerimônia e a festa já está tudo encaminhado. Queremos
você aqui na quinta-feira — minha mãe fala ignorando minha pergunta
anterior.
— É se eu não for? Você não tem a porra de nenhum direito sobre mim
— falo com ódio e eu sei o que virá depois é sempre a mesma coisa.
— A nossa família não existe bastardos! O que as pessoas irão pensar de
nós? Que o inútil do meu filho, que preferiu morar nesse país de pessoas
imundas e sem classe do que com sua família, também tem um filho bastardo
que não cresceu com uma família formada. Não isso não vai acontecer! — —
diz e daqui eu posso sentir seu ódio.
Pois é minha mãe odeia o Brasil, ela sempre fala que esse país só existe
pessoas sem educação, que era um país pobre. Que não entendia como o seu
filho foi parar nesse submundo. Pois é, minha mãe consegue ser muito
desprezível quando quer. Para falar a verdade ela é sempre desprezível.
— Você já sujou muito o nome dessa família. Maldita hora que te pus
no mundo, mas isso é culpa do seu pai que queria um herdeiro, agora ele está
vendo a decepção que você é. — Já estou acostumado a ouvir essas coisas,
sempre foi assim.
— Você pra mim não é nada Gianella! Suas palavras não querem dizer
nada para mim. — Rosno de raiva.
— Não me importo de verdade, quero você aqui. Toda a alta sociedade
estará presente, vai ser um belo casamento. Passar bem Luigi! — Com isso
desliga na minha cara. Maldita!
Meus pais sempre foram um lixo comigo, isso mexeu muito comigo
quando eu era mais novo. Minha adolescência foi uma merda, fazia muita
besteira e meus pais como queria passar para a sociedade​ que éramos uma
família perfeita conseguia esconder as coisas que eu fazia. Mas com o tempo
amadureci e resolvi seguir minha vida bem longe deles, fiz minha faculdade,
me mudei para Milão, comecei a trabalhar com Filippo e hoje estou aqui no
Brasil e agora vivo esse inferno. Meus pensamentos​ são cortados com a
presença de Sandra.
— Luigi, seu amigo Iago está aqui — fala me olhando lascivamente.
— Por que não mandou ele vir me ver? Sabe que Iago é de casa — falo
levantando da mesa.
— É porque eu pensei que você não estava em um bom dia — fala na
maior intimidade me irritando profundamente.
— Para você sempre serei senhor Pierre. Pare de achar que temos algum
tipo de intimidade. Estamos entendidos? — pergunto seriamente a fazendo dá
um passo para trás e afirmar com a cabeça.
— Sim senhor! — fala e saio de perto dela. Encontro Iago largado no
meu sofá mexendo no celular.
— Como sabia que eu não fui para a empresa hoje? — pergunto sentado
ao seu lado.
— Liguei para a gostosa da sua secretária e ela me diz que a senhorita
tinha se dado folga — Iago diz largando o celular.
— Não estava bem hoje, nunca fiz isso, mas hoje eu precisava — falo
exausto.
— O que houve com você e Marcela? — pergunta sorrindo. — Ela não
estava a muito feliz quando voltou para a festa.
— Não aconteceu nada, simplesmente não a queria mais. Semplice!
(Simples assim!) — digo dando de ombros.
— Aí você ficou no quarto se embebedando. O que está acontecendo
contigo? Você nunca foi de fazer isso com mulher nenhuma — fala me
fazendo revirar os olhos.
— É o que você tem a ver com isso? Eu estou bem, va bene! — falo
exasperado.
— Tudo bem, deve ser esse casamento que está mexendo com sua
cabeça. Quando é mesmo?
— Daqui a duas malditas semanas de merda! — falo com raiva.
— Você sabe muito bem… — Iria falar algo, mas o cortei.
— Non più! (Não mais!) Não quero falar sobre esse assunto — falo
levantando a mão e ele assenti.
— Mesmo você querendo fazer essa louca eu e César estaremos lá com
você — fala e eu concordo.
— Vamos jogar uma partida de basquete? Estou querendo pensar em
outra coisa — falo é Iago abre um sorriso.
— É só ligar para os caras! Daqui a pouco termina o plantão de César —
diz olhando para o relógio de pulso.
— Faça isso irei trocar de roupa — digo saindo para o meu quarto.
Troco de roupa colocando meu calção esportivo azul marinho, uma
regata folgada branca, meu blusão cinza, tênis e estou pronto. Pego uma
mochila colocando uma muda de roupa para tomar um banho depois no
vestiário. Chego na sala e Iago está terminando uma ligação, saímos de casa e
como não estou muito a fim de dirigir vou no carro de Iago. Passamos na
casa de meu amigo para que ele possa trocar de roupa e todo o processo não
dura muito. Iago troca sua roupa casual pelo calção branco, camiseta verde e
tênis.
Na quadra já está à nossa espera Alex, Murilo e Francisco, mas nós o
chamamos de Beço. Esses três caras são pessoas legais, não tenho amizade
com eles como Iago e César, mas não posso mentir falando que não são
pessoas de valor. Alex é dono de uma oficina, é casado e tem duas filhas
gêmea, o cara é careca e mais baixo que eu poucos centímetros, corpo
volumoso, olhos marrons e tem um bigodinho sem noção. Murilo é
veterinário também casado só que sem filhos ainda, ele tem cabelos
cacheados cheios e castanhos, olhos verdes vibrantes, ele é o mais magro de
nós. Beço é o nosso negão sensação, como ele mesmo fala, usa seu cabelo
crespo trançados para trás, ele é publicitário, gay, solteiro, seus olhos são
verdes escuros, seu corpo é malhado de mais ou menos um 1,80 de altura.
— Já não era tempo! Como vocês estão? — pergunta Beço vindo nós
cumprimentar.
— Calma aí parceiro, César ainda não chegou — diz Iago.
— Foi uma ótima ideia essa partida, eu estou precisando — fala Alex
suspirando.
— Muito trabalho com as gêmeas? — pergunta Murilo e Alex assentiu.
— Imagino, Ana está querendo engravidar e eu já estou apreensivo.
— Um conselho, não tenha filho se realmente não estiver preparado —
fala Alex me deixando desconfortável.
— Não deve ser tão ruim assim ter duas pessoinhas para amar
incondicionalmente — diz Beço sorrindo.
— Realmente não é, eu amo minhas filhas de uma maneira que vocês
não têm noção, mas o desgaste físico e mental é demais — Alex reclamou.
— Minhas pacientes são lindas e muito saudáveis, só agradeça o
presente lindo — diz Iago.
— Pode acreditar que eu agradeço meu amigo — responde Alex.
Eles continuaram a conversar sobre esse tema que eu faço questão de
esquecer. Sei que o filho de Giovanna é meu, mas eu não quero tocar no
assunto. Pouco tempo depois César chega ainda usando suas roupas brancas
de médico e assim que ele troca de roupa iniciamos a nossa partida. O jogo
com esses caras é sempre cansativo e revigorante, duas horas depois os
casados dizram que tinha que jantar com suas esposas. Iago me levou para
casa, pois logo mais ele está entrando de plantão nessa noite.
Chego em casa após a partida e vou tomar um banho relaxando meus
músculos, nesse meio tempo minha cabeça não para de pensar em como eu
adoraria ouvir a voz do Aandreozzi mais novo, mas sei que não é uma coisa
inteligente a se fazer. Termino meu banho me sentindo mais frustrado do que
nunca estive na minha vida. Jantei a comida que Sandra tinha deixado para
mim, assisto um filme qualquer e vou dormir.
No dia seguinte me arrumo para ir a empresa e quando estou terminando
de escovar os dentes para sair ouço uma conversa alta vindo da sala. Corro
para ver o que está acontecendo e arregalo os olhos ao ver Giovanna de malas
e tudo em pé no meio da minha sala.
Percebo que ela continua a mesma coisa de antes, só que seu corpo está
bem magro e com uma saliência bem perceptível no ventre, diferente do
corpo cheio de curvas de menina jovem que ela tinha. Seus olhos verdes que
antes eram vivos estão com olheiras escuras ao redor, seu cabelo que antes
era pintado de vermelho​ está com a cor natural de castanho escuro quase
preto, mas estão ressecados e sem vida.
— Luigi si prega di lasciare il tuo servo che io sono la madre di sua
figlia (Luigi por favor, avise a sua empregada que eu sou a mãe de sua filha)
— diz Giovanna visivelmente cansada com a mão no ventre.
— Sai Sandra! — falo nervoso, pois não estou entendendo nada.
— Mais senhor… — Ia falar algo, mas a lancei meu olhar “Não foda
comigo” e ela saiu.
Olho novamente para Giovanna e vejo o quão frágil e debilitada ela se
encontra. Ela não se faz de rogada e sentou no sofá ainda com a mão na
barriga me fazendo olhar para aquele volume por trás do seu vestido branco
folgado. Tem uma filha minha ali. Peraí, como assim filha?
— Você diz filha? Eu ouvir direito? — pergunto atordoado.
— Sim Luigi uma menina, uma menina que fará 5 meses daqui a
algumas semanas — diz séria e de olhos fechados. Ela realmente está
acabada.
Oh Dio Santo! Uma menina! Logo uma menina, por quê? Será que esse
lance de pagar pecado é verdade? Não posso acreditar nisso! Una piccolina
mia!
— O que está fazendo aqui Giovanna? — pergunto delicadamente.
— Precisamos conversar Luigi, de verdade. Sem brigas, sem escândalos,
sem nada. Eu não sou uma pessoa ruim Luigi, só preciso de paz — fala e vejo
seus olhos cheios de lágrimas não derramadas.
— O que está acontecendo? — pergunto sentando ao seu lado.
— Eu vou te contar tudo, mas eu preciso descansar. A viagem​ foi
desgaste — diz enxugando os olhos.
— Tudo bem, eu já estou atrasado para uma reunião. Mais tarde quando
eu chegar vamos conversar — falo me levantando do sofá.
— Onde fica o quarto de hóspedes? — pergunta levantando com um
pouco de dificuldade.
Mostro a Giovanna onde fica o quarto e ela vai quase se arrastando, ela
realmente não está em uma situação muito boa, estou muito curioso para
saber o que ela está fazendo aqui. Chamo Sandra e mando ela preparar algo
para Giovanna comer e que deixe ela em paz. Minha cabeça fica mais
confusa ainda com a presença de Giovanna muito grávida aqui na minha
casa, mas eu não tenho tempo para pensar sobre isso, tenho que chegar na
empresa rápido antes que Filippo coma meu fígado. Ele odeia atrasos na
reunião.
Chego na Aandreozzi SPA faltando 5 minutos para a reunião. Nem
passei na minha sala, vou direto para a sala de reuniões, chegando lá vejo
Filippo com sua habitual expressão séria olhando para todos os presentes,
assim que seus olhos cruzaram com os meus ele levantou uma sobrancelha
questionadora. Dou de ombros e sento no meu lugar de sempre.
A reunião transcorreu devidamente como deve ser, vários assuntos​
foram abordados e debatidos. Minha cabeça ainda está em Giovanna e nos
porquês que rondam minha cabeça. O casamento está marcado para daqui a
duas semanas e não sei o que ela deve estar querendo de mim nesse
momento.
— Luigi! — Ouço a voz séria de Filippo me chamar.
— Sim? — pergunto atordoado.
— Se você não viu a reunião já acabou — Filippo diz me fazendo olhar
para o local onde não tem mais ninguém.
— Sinto muito eu estava distraído — confesso derrotado.
— Consigo ver! — diz ele em um tom duro.
— Quero lhe informar que essa semana iremos para o jantar beneficente
das empresas Aandreozzi SPA lá em Chicago — ele diz me fazendo tomar
um susto.
— Sim, e você quer que eu vá, não é? — pergunto na esperança que não
seja isso.
— Claro que sim! Você é o meu braço direito, você tem que ir. E está
decidido. Meu jatinho sai daqui na sexta-feira — diz pegando sua pasta.
Doce inferno! O que farei com Giovanna? O pior como irei encarar
Lucca? Por um lado, meu coração salta na possibilidade de rever o homem
mais novo, mas porra terei que levar Giovanna. Isso me lembra que tenho
que comunicar Filippo.
— Filippo! — chamo e ele para segurando a maçaneta.
— Fale logo, tenho que ligar para Bello! — diz ele de um jeito que
quase me fez rir.
— Terei que levar a minha noiva comigo — falo vendo-o me encarar.
— Tudo bem, se for só isso tenho que ir — diz soltando um suspiro
frustrado.
Quando​ Filippo sai da sala de reunião eu vi quão fodido eu vou estar até
o dia dessa viagem. Como será que vou reagir ao homem que estou
apaixonado? O que farei com Giovanna? Uma filha, será isso mesmo? Mio
Dio! Sono così scopata! (O meu Deus! Eu estou tão fodido!)
A cena na nossa frente é irritantemente perturbadora, assim que
descemos do carro vemos um homem grande, não muito forte de cabelos
loiros penteado para trás, ele usa um terno que dá para ver que é de alguma
grife conhecida. O homem grita algumas coisas com Laila que fazem ela cada
vez se encolher mais, essa cena é de cortar o meu coração, pois Laila é uma
menina doce e incrivelmente fofa. Antes que pudéssemos alcançá-lo o
homem agarra os braços de Laila e a sacode com muita força, fazendo ela dar
um grito assustado. Percebo que Christian e Alejandro estão atrás de mim e
Luna, Christian faz menção de ir até lá abater o bastardo, mas eu o parei.
— Mais Senhor, temos que ir lá. Laila não merece aquela situação —
diz Christian indignado. Ele virou tanto amigo de Laila como eu, não tem
como não ela é uma criaturinha doce.
— Acalme-se nada melhor que uma mulher para mostrar a esse filho da
puta que não se deve agredir uma — falo vendo minha irmã com toda
elegância andar até o casal.
— Você não conhece a chica Luna! Aquela ali me derruba em dois
tempos — diz Alejandro me fazendo sorrir de lado, pois eu conheço minha
sorellina muito bem.
Conseguimos chegar até o casal e as palavras que saem da boca do
sujeito me faz ficar muito puto, ele com certeza é um monte de merda
andante.
— Eu não quero aquela criança danificada! Ele não é meu filho, você
está entendendo Laila? — pergunta o homem com o rosto vermelho de raiva.
— Mais... mais… Eu não falei nada, eu juro pela vida de meu filho —
Laila fala atrapalhada através de um choro sofrido.
— Acho melhor mesmo sua gorda inútil! Eu acabo com você! — ele
fala com ódio. Aquilo está demais
É nesse momento que minha irmãzinha tira Laila dos braços do sujeito,
seus olhos percorrem todo o corpo de Laila e fixa nas marcas vermelhas nos
braços de minha secretária. Luna sussurra algo para Laila que olha na minha
direção e ela assente muito assustada. Luna passa Laila para mim e olha com
muita raiva para o homem nojento e abusador.
— Então você é daqueles filhos da puta que acham que agredir uma
mulher é uma coisa muito normal — diz Luna com calma se aproximando do
homem.
— Acho melhor você não se meter coisa linda, minha conversa é com
aquela puta gorda — diz o homem fazendo Laila se encolher e tremer nos
meus braços.
— E você vai fazer o que comigo? Vai me bater também? Vamos ver do
que você é capaz — fala minha irmã é o homem sorriu.
— O que vai fazer? Vai manda um desses brutamontes me bater? —
pergunta o homem debochadamente.
— Oh não, eu não preciso disso que ver? — Luna está com tanta raiva
que seus punhos estão fechados com força deixando os nós dos seus dedos
brancos.
— Não​ se… — Ele não terminou, pois, o soco que levou o deixa
desnorteado.
O homem cambaleia para trás segurando o rosto, mas minha irmã não dá
a ele qualquer chance de recuperação, ela lhe dá mais dois socos no rosto, um
na boca do estômago fazendo-o perder o ar e se curvar para frente. Luna
aproveita que ele se curvou e lhe acerta um golpe de mão aberta no queixo
fazendo o monte de merda cair no chão. O sorriso no meu rosto é tão
absurdamente grande que dói, mas eu não consigo parar de rir, eu estou muito
orgulho pela minha sorellina.
— Isso é para você aprender que nem toda mulher é incapaz de se
defender. Merdinhas como você tem que tomar uma surra diária para
aprender que não se deve bater em mulher. Sua sorte é que minha calça é
muito apertada e gosto desses saltos que mamma me deu, pois senão iria ver
mais uma coisa. Minha vontade é de te destroçar pedaço inútil de homem! —
fala Luna e passa por cima do homem caído e sangrando, mas ela para e se
agacha ficando à sua frente. — —Encoste suas patas sujas nela novamente e
não serão os soquinhos que lhe dei e sim uma bala na testa e outra no peito só
para ter certeza que você morreu il culo (seu vagabundo).
— Isso não vai ficar assim, faça o que mandei Laila! — diz o merdinha
levantando do chão após Luna passar por ele.
Ele sai às pressas deixando Laila tremendo e assustada nos meus braços,
Luna ao ver a situação vem ao meu encontro e pega Laila de meus braços,
percebo que minha sorellina fala coisas tranquilizantes no ouvido de Laila
que vai fazendo ela se acalmar.
— Você está bem? — pergunta Luna, mas Laila está com os olhos
perdidos. — Ei olha para mim! Respira! Ótimo, você está bem agora o
maledetto já foi — diz Luna olhando nos olhos Laila que se acalmou.
Digo a Luna que é melhor entramos na empresa para evitar mais olhares
sobre nós. Se tiver algum paparazzi que registrou essa cena, por isso mando
os meus homens vasculhar o perímetro na intenção recuperar essas fotos,
melhor prevenir. Não quero fotos de minha irmã justiceira na capa de algum
jornaleco ou sites de fofocas.
Chegamos na empresa e vamos direto para minha sala, ao chegar
colocamos Laila em uma das minhas poltronas esperando que ela se acalme e
nos conte quem é aquele sujeito. Christian entra trazendo um copo de água
para Laila que bebe rapidamente com as mãos trêmulas. Quando termina
respira fundo e olha com seus olhinhos assustados para mim e Luna. Mas
para minha irmã vejo que seus olhos brilhavam em admiração, respeito e
afeto? Não, eu devo estar louco e imaginando coisas, porém quando minha
sorellina abre um sorriso lindo para Laila a pobrezinha fica muito, mais
muito vermelha.
— Me desculpe por tudo isso senhores. Eu não tive a intenção de causar
qual tipo de briga. E muito obrigada por me defender senhora — Laila diz
baixo visivelmente envergonhada.
— Não! Você não teve culpa de nada, não diga uma coisa dessas. —
Luna correu para segurar a mão de Laila.
— Sim Laila, minha irmã está certa! Você não teve culpa de nada e não
nos causou nada — falo tranquilizando-a.
— Não imaginei que ele fosse me bater justamente na rua — diz baixo
deixando as lágrimas rolarem dos seus olhos.
— Quem era aquele cara? — pergunto irritado. Laila olhou para mim,
mas abaixou a cabeça novamente.
— Não precisa dizer se não quiser. Não é verdade Lucca? — pergunta
Luna lançando uma careta para mim.
— Não tudo bem, eu posso dizer. — Laila respira fundo. — Aquele é o
cara que me fez sair da minha cidade natal, ele é o pai de Justin. É uma
história muito longa que eu não gosto de contar, mas resumindo ele não quer
assumir a paternidade do meu menininho — fala derrotada.
— E é isso que você quer? Quer que ele assuma a paternidade de seu
filho? — pergunto curioso.
— Se você quiser​ podemos… — Luna não termina, pois Laila dá um
grito.
— NÃO! Ele não vai encostar no meu filho. Muito obrigada, mas não —
fala Laila como uma mãe feroz.
É perceptível que Laila sofreu muito na mão desse sujeito e não quer ver
seu filho perto dele. Lembro-me perfeitamente quando ele diz que a criança
era danificada. O que será que ele quis dizer com isso?
— Tudo bem Laila, mas você pode me responder uma coisa? —
pergunto e ela assente. — Por que aquele cara estava chamando seu filho de
danificado? — O corpo de Laila ficou tenso na hora, mas Luna conseguiu
acalmá-la.
— Justin nasceu cego devido a uma doença rara. Meu filhinho tem 4
aninhos e nunca se quer viu meu rosto — diz Laila fazendo eu e Luna abraçá-
la ao mesmo tempo.
— Não imagino o tamanho do seu sofrimento ao ter que criar o seu filho
sozinha — Luna fala e posso ver que ela está muito emocionada.
— Tenho certeza que ele deve ser um bambino muito especial — falo
passando a mão nos seus cabelos loiros.
— Oh, ele é sim! Justin é uma criatura abençoada, apesar da cegueira ele
consegue ser uma criança carinhosa​ e muito esperta. Faço de tudo para ver
um sorriso no meu menininho — diz Laila transbordando amor.
— Onde ele está? Quero conhecê-lo! — diz Luna encantada tirando as
palavras de minha boca.
— Eu também quero! — falo rindo.
— Sério? Ele está na creche, mas posso ver um dia para lhes apresentar​
a ele — diz com os olhos brilhando.
— Ótimo! Luna, podemos levar Justin, Pietro e Duda para passear esse
final de semana. Já que a família está vindo para cá — falo deixando minha
irmã empolgada.
— Oh sim, claro! Nonna e mamma vão amar ter as crianças por perto —
Luna diz feliz.
— Eu só quero agradecer o apoio que vocês me deram, principalmente
você senhorita Aandreozzi. Não tenho palavras​ para expressar o quanto sou
grata — Laila diz e arruma seus óculos nervosamente como sempre faz.
— Nada de senhorita Aandreozzi, eu sou Luna e nada mais. Não precisa
agradecer, aquele desgraçado teve o que mereceu — diz minha irmãzinha​
fazenda Laila ficar vermelha.
— Bem, essa ação toda me deixou com fome. O que acha de nós três
irmos almoçar? — pergunto e Laila arregalou os olhos.
— Eu senhor? Mais… — Como sempre a corto antes falar besteiras.
— É Lucca, já lhe diz isso! Vai lá lavar esse rosto choroso que vamos
almoçar sim — falo com a expressão séria fazendo Laila assentir e sair da
sala para ir ao banheiro.
Luna e eu ficamos conversando sobre como Laila parece ser uma mulher
forte e uma ótima mãe. Pois uma menina nova que se aventura em uma
cidade como Chicago sozinha e ainda por cima cuidado do seu filho de 4
anos cego, ela é digna de ser chamada de guerreira. Fico imaginando as
coisas que ela deve ter passado nessa vida, coisas que se fosse uma pessoa
sem uma boa cabeça poderia estar muito mal. Aproveito que Laila foi se
ajustar e dou uma olhada em uns documentos que estão na minha mesa, estou
muito concentrado até que a porta da minha sala abre abruptamente revelando
minha mamma e nonna com um enorme sorriso no rosto.
Luna olha para mim sorrindo e eu sei o que ela vai fazer, por isso larguei
o que está na minha mesa e corro ao encontro​ primeiro de mamma que me
acolheu nos seus braços maternais, sentir o aroma adocicado do perfume de
minha mãe, que já estou um tempinho sem ver, me faz ver o quanto senti sua
falta. Saio do abraço de minha mãe sendo puxado por Luna e vou pegar
minha nonna para matar a saudade, como todas as vezes antes que nos
abracemos damos um selinho e nonna belisca minha bunda. Amo essas
senhoras com todo o meu coração e alma.
— O que é isso no seu rosto Lucca Aandreozzi? — pergunta mamma
assim que acabamos o abraço me fazendo encolher os ombros.
— Nada demais mamma, podemos falar sobre meus machucados depois
— falo sob seu olhar avaliador. Não gosto de mentir para ela. Droga, pareço
um moleque de 10 anos de idade de novo, mamma tem esse efeito na gente.
— Vou cobrar sobre isso mais tarde — fala e faz o gesto como os dedos
que está de olho em mim.
— Pensei que as duas só viriam daqui a um dia — diz Luna após mudar
de assunto e eu agradeço mentalmente a ela.
— Sì figlia, mas eu estava com muita saudade de vocês e quando soube
que você viria ficar com Lucca resolvemos antecipar nossa vinda — diz
mamma docemente.
— Deixe de mentira! Essa aí brigou com Don, por ele ser um ciumento é
idiota e resolveu mandar ele ir a merda — fala nonna fazendo mamma
gargalhar.
— A senhora não deixa passar nada. Quem mandou ele querer matar o
meu novo fornecedor? — diz mamma com a expressão de quem está
aprontando.
— Naturalmente babo está com a razão, aquele puto deve ter se ousado
para o lado de mamma — falo com convicção pois conheço bem os ciúmes
de meu pai.
— Vocês homens Aandreozzi são tão sem noção às vezes — diz Luna
revirando os olhos.
— Eu não vi nada disso, seu pai tem que aprender uma lição — fala
mamma rindo. — Viajei e nem lhe contei.
— Sua safada! Você quer é que Don quando chegar aqui depois de te
procurar como louco te foda até perder o juízo — nonna diz no exato
momento que Laila abre a porta da minha sala.
— Dio Santo! Não! Mães não fazem essas coisas com os pais. Aí que
nojo! — gritou Luna colocando a mão no ouvido e eu faço a mesma cara de
nojo. Nonna se contorce de tanto rir.
— Quem é essa lindinha que está em tempo de desmaiar de vergonha?
— pergunta mamma apontando para Laila que não sabe onde enfiar a cara.
— Des… desculpe senhores, não sabia que estavam com visitas — diz a
coitada nervosa e sem graça.
— Essa é minha secretária Laila, ela é um doce. Venha aqui conhecer
mamma e nonna. — Chamo Laila e Luna vai ao seu encontro a puxando para
dentro da sala.
— Não precisa ter vergonha Lai. Elas são loucas, mas são inofensivas
— diz minha irmã sorrindo carinhosamente para minha secretária.
— Tá precisando tomar uns tapas né Luna. O que a menina vai achar de
mim, eu sou tão calma — diz nonna me fazendo rir e Laila arregalar os olhos.
— Prazer em te conhecer querida, eu me chamo Arianna. Sou mãe
dessas criaturas impossíveis, Lucca deve te dar muito trabalho, não é? —
pergunta mamma e eu faço cara de ofendido.
— Nada disso! Eu não sou impossível, os impossíveis são Filippo e
Enzo — falo e Luna concorda com a cabeça.
— Não senhora, na verdade pode dar um pouquinho de trabalho, mas
não muito, ele gosta de me dar susto, só que ele me trata bem como ninguém
jamais tratou. A senhorita Luna me tirou de um sufoco. E também… — Laila
fala tudo correndo e mamma a abraçou.
— Tão atrapalhadinha, mas tão fofa. — Laila tomou um susto ficando
rígida, mas depois abraçou minha mãe de volta.
— Obrigada senhora Aandreozzi — diz Laila arrumando seu óculos
depois do abraço de mamma.
— Pelo o que pude ver meus netos gostam de você criança. Então nada
de senhora aqui. Meu nome é Francesa, mas pode me chamar de nonna —
diz nonna abraçando Laila.
— Nós estávamos indo almoçar. Querem ir conosco? — pergunto às
duas que assentem.
— A viagem foi cansativa e eu não estou com vontade de cozinhar no
momento —diz mamma e nonna confirmou.
— Então vamos ao restaurante de Lorenzo Melloni. Conhece ele nonna?
— pergunto e minha avó ficou pensativa.
— Acho que me recordo desse Melloni, ele tem um restaurante aqui? —
pergunta nonna puxando algo da sua memória.
— Ele fala de você com carinho, por que isso? — A curiosidade estava
me matando.
— Essa é fácil! Ele se apaixonou por mim depois que eu chupei seu pau
a uns anos atrás. Aqui pra nós, eu sou boa no que faço — diz nonna saindo
da minha sala deixando todo mundo de boca aberta. Eu, Luna e mamma
começamos a rir e Laila está petrificada.
— Vamos logo! Estou com fome! — grita nonna do lado de fora
fazendo todos nós saltarmos de susto.
Vamos almoçar no restaurante de Lorenzo e para nossa falta de sorte ele
não estava lá. O seu subchefe diz que ele teve uns problemas, isso foi uma
pena porque que adoraria ver a cara do pobre homem ao ver minha avó em
seu restaurante. Durante o almoço nonna e mamma fazem algumas​ perguntas
a Laila na intenção de querer conhecê-la um pouco mais, minha secretária é
uma boa menina e fez as mulheres Aandreozzi se encantarem por ela. E
quando ela fala sobre o seu filho o amor triplicou, todo nós ficamos com
muita vontade de conhecer o pequeno guerreiro chamado Justin.
Mamma viu que os nós dos dedos de Luna, minha irmãzinha, estão
machucados e perguntou o que houve e ela contou o que aconteceu com
Laila, deixando a pobre Laila com vergonha e as duas mulheres Aandreozzi
com muita vontade de querer ir caçar o desgraçado. Pude perceber que Luna
ficou muito balançada com o que ocorreu mais cedo com Laila. Ela odeia
esse tipo de homem covarde que usa a fragilidade da mulher para tentar ser
alguém.
Acabamos nosso almoço e saímos do restaurante, volto para o escritório
na intenção de resolver meu problema, mas libero Laila para ir para casa. Ela
merece uma tarde de descanso depois do que houve, as mulheres Aandreozzi
chamaram ela para lhes fazer companhia, mas ela diz que prefere ir
aproveitar esse tempo livre com seu garotinho. Quando termino o que eu
estou fazendo na empresa resolvo voltar para casa. Estou no elevador com
Christian quando​ o meu celular começou a tocar, o número é desconhecido,
mas eu resolvi atender.
— Olá Aandreozzi aqui é Lian, acabei de chegar em Chicago. Será que
nosso jantar ainda está de pé? — diz Sakomoto assim que atendo a ligação.
— Não imaginei que iria querer marcar nosso jantar para tão logo —
falo um pouco surpreso e vejo Christian rindo balançando a cabeça
negativamente.
— Eu adoraria que fosse o mais breve possível — Lian fala com a voz
rouca.
— Infelizmente hoje eu não tenho como. Podemos marcar nosso jantar
para depois do final de semana — falo em um tom sério.
— Claro, faremos isso na semana que vem — responde Lian.
— Bene, então até mais! — falo me despedindo e desligando a ligação.
— Porque não aceitou o jantar de negócios hoje. Já sei! Sua cara
destruída né? — meu chefe de segurança diz prendendo o riso.
— Minha cara não está tão ruim assim não. Percebo que ele quer mais
que um simples jantar de negócios — falo deixando Christian pensativo.
— É por que não vai? — pergunta me analisando.
— Você sabe muito bem por que não vou. Não misturo negócios com
prazer — falo sem olhar na sua direção.
— Tem certeza que não tem nada a ver com o braço direito de seu
irmão?
— Acho que também, mas não pode ser assim. — Suspirando alto. —
Mais também quem não me quer, não é verdade? — falo sorriso, mudando o
clima que ficou obscuro ao lembrar de Luigi.
— Eu não quero! — diz Christian firmemente me fazendo o olhar com
horror.
— Assim você mágoa o meu pobre coração — falo colocando a mão no
peito e Christian revira os olhos.
— Vamos pra casa pois eu sei que as mulheres Aandreozzi estão à
minha espera —falo assim que entro no SUV.
Não vejo a hora do resto da minha família chegar, nada melhor que
encher o saco de Filippo, deixar Luti sem graça, roubar as cuecas novas de
Enzo, conversa com meu pai e com certeza brincar com os meus sobrinhos.
Amo demais essa família!
O dia hoje no trabalho foi horrível, parece que o tempo está fazendo
questão de me castigar. A lembrança de Giovanna com aquela expressão de
pessoa destruída que não dorme bem a semanas, acabou comigo. Nunca tive
nenhum contato com Giovanna exceto no dia que dormimos juntos, ela é
mais nova que eu, deve ter uns 22 anos, não sei ao certo, mas o nosso contato
foi só na festa que meus pais estavam organizando. Lembro-me de estar
muito bêbado naquele dia e me sentar na mesa que Giovanna estava sentada
solitária, com uma expressão pensativa, tentei iniciar uma conversa com ela,
pois a achei muito gostosa e naquela noite nenhuma mulher me agradou além
dela, mas ela foi taxativa que não estava em um bom momento.
Ao ouvir o que ela tinha me dito dei de ombros e só fiz perguntar se
poderia fumar ali e ela afirmou com a cabeça me pedindo um cigarro.
Ficamos calados tempo suficiente até ficarmos completamente bêbados.
Muitas bebidas foram servidas a nós dois, não sei como, mas quando dei por
mim já estava em um dos quartos na casa de meus pais fodendo a filha dos
Santori. No dia seguinte sair do quarto percebendo que Giovanna não estava
em lugar algum, para mim foi ótimo, já que eu não queria mesmo ter que
falar nada com ela.
Agora ela está lá na minha casa, me pedindo para conversarmos e não
faço noção alguma de qual seja o conteúdo dessa conversa. Ainda tenho que
levá-la nesse jantar beneficente onde vou ver Lucca depois do nosso beijo, e
dá nossa conversa ao telefone. Só de me lembrar dessa maldita ligação e o
que falei com ele faz meu coração doer, me arrependi assim que as palavras
saíram de minha boca, mas não posso colocar Lucca nessa bagunça que está
minha vida. A cada dia que passa só aumenta minha vontade de querer tê-lo
para mim.
Saio da empresa e como estou muito ansioso para saber o que Giovanna
está fazendo aqui eu não vou para a academia. Ao ficar parado em um
ridículo engarrafamento me vejo perdido em pensamentos tentando adivinhar
o que Giovanna quer falar e não chego a denominador algum, esqueço essas
merdas na minha cabeça e ligo o som do meu carro que começa a tocar
automaticamente uma música que César estava ouvindo em um dia qualquer
que ele me pediu carona Vidinha de Balada - Henrique e Juliano. Ao prestar
a atenção na porra da letra um merda de sorriso involuntário surge na minha
boca, acho essa música bem propícia para o momento.
...Eu vim acabar com essa sua vidinha de balada.
E dar outro gosto pra essa sua boca de ressaca.

Vai namorar comigo, sim!


Vai por mim, igual nós dois não tem.
Se reclamar, cê vai casar também
Com comunhão de bens.
Seu coração é meu e o meu é seu também….
Gosto do Brasil, esse tempo em que moro aqui aprendi a amar muito
esse país, mais hoje em dia sinto como se aqui não fosse minha casa. Desligo
meu carro assim que chego na garagem do prédio. Saio do carro já tirando a
porcaria da minha gravata, assim que chego na porta do meu apartamento
respiro fundo e a abro. A primeira coisa que vejo é Giovanna sentada no sofá
olhando para o nada, assim que nota minha presença me dá um sorriso triste
que retribuo com um aceno de cabeça.
— Já jantou? — pergunto a Giovanna colocando minha pasta no sofá.
— Não! Estava esperando você chegar, acho que está na hora de
conversarmos — fala e eu assinto.
— Verdade, mas vou tomar um banho para podermos​ jantar. Depois
vamos conversar, pode ser? — pergunto e ela afirma devagar com a cabeça.
Vou para o meu quarto, tiro toda minha roupa e caminho até o banheiro.
Ao entrar na minha ducha tento relaxar meu corpo tirando o dia estressante
que foi hoje, não quero terminar o banho mais infelizmente isso terá que
acontecer. Enxugo todo meu corpo e saio nu do banheiro indo em direção ao
meu closet, adoraria ficar de cueca como eu sempre gostei, mas para minha
tristeza e desconforto eu tenho visita. Coloco uma calça jeans velha, uma
camisa também velha e saio do quarto.
Vou direto para a cozinha esquentar a comida para mim e Giovanna.
Salivo ao ver que Sandra fez frango xadrez, gosto muito e espero que a minha
visita também. Estou morrendo de fome! Nunca soube cozinhar nada, mas
adoro comer isso é um fato. Comida quente e mesa posta que Sandra já tinha
deixando, chamo a mãe de minha filha para comer. Ainda nem acredito que
terei uma filha, aquela barriga arredondada de Giovanna assusta o inferno
fora de mim, mas tentarei me acostumar.
Comemos em silêncio percebo que Giovanna não comeu o suficiente
para uma gestante, ouvir dizer através de Alex que a mulher dele quando
estava grávida das gêmeas comia o mundo se deixasse, mas vendo Giovanna
beliscar a comida vejo que isso não é um padrão para todas as grávidas.
Nunca estive tão perto de uma assim como estou agora, então não sei o que
fazer ou falar. Será que Lucca saberia? De novo ele na minha cabeça. Cazzo!
Terminamos de jantar e vou lavar os pratos que sujamos. Giovanna quer
me ajudar, mas eu falo que não é necessário e que ela pode me esperar na
sala. Ela vai a contragosto, mas vai. Lavo toda a louça e vou ao encontro de
Giovanna, sento ao seu lado no sofá esperando​ que ela comece a falar, mas
nada fala, então tomo a iniciativa.
— Não é querendo ser grosso contigo, mas não entendo sua vinda para
cá sendo que esse casamento entre nós já está marcado — tento falar sem ser
grosseiro.
— Você se casaria com alguém que não ama? — pergunta Giovanna
olhando nos meus olhos.
Ao ouvir essa pergunta vejo que nunca amei ninguém a esse ponto, mas
aí as palavras de Lucca veem a minha cabeça. Falando que eu era o único
para ele e isso me fez pensar muito, então respirei fundo e volto meus olhos
para ela.
— Não! Não casaria com alguém sem amor — falo firmemente.
— Por que aceitou se casar comigo então? — ela pergunta, mas vejo nos
seus olhos que ela já sabe a resposta.
— Quero dar a esse bebê a família que eu nunca tive — falo olhando
para sua barriga arredondada.
— Não precisamos fazer isso! Eu não quero e nem vou me casar com
você Luigi — Giovanna fala com firmeza e eu arregalo os olhos de surpresa.
— Dio! Isso é sério? — pergunto e não posso deixar de ficar feliz com
as palavras saídas de sua boca.
— Sim, muito sério! Quando descobri essa gravidez foi um grande
choque para mim. Quase cometi o erro de tirar essa vida que está dentro de
mim — diz passando a mão na barriga. — Mais no dia eu não consegui ir até
o fim e sai da clínica o mais rápido possível. Eu tenho, ou tinha alguém na
minha vida, eu o amo com tudo que tenho e meus pais não sabem, e com
certeza não aceitariam nosso envolvimento. No dia que dormimos juntos nós
tínhamos terminado e eu estava muito mal. Não pensei direito nos meus atos
e acabei engravidando.
— Então esse bebê é realmente meu! — murmuro e Giovanna com os
olhos cheios de lágrimas não derramadas assente. — Desculpe falar isso, mas
eu realmente pensei nessa possibilidade.
— Tudo bem, ficaria muito feliz que não fosse seu e sim do homem que
amo, mas ele não pode ter filhos. Pelo menos não mais e eu já tinha me
acostumando com essa ideia de não ter filhos. Ele não aceita esse bebê de
forma alguma — Giovanna diz cabisbaixa.
— Como assim me explicar direito essa história. Ele quer que você
aborte — falo sentindo raiva, ninguém machuca o bebê.
— Não! Ele não faria nada com o bebê, tenho certeza disso — diz com
convicção me fazendo respirar aliviado. — O caso é que pouco tempo depois
daquela nossa noite eu tinha voltado com o meu namorado. E quando
descobri que estava grávida foi um baque tanto para ele quanto para mim, ele
não aceitou que eu engravidasse de outro homem que não fosse ele. Pode
parecer cadelice de minha parte, mas eu nunca quis ser mãe — ela fala me
fazendo entrar em choque.
— Quem é esse seu namorado? — pergunto e ela abaixa a cabeça. Essa
história não está me cheirando bem. Esse sujeito não deve ser alguém decente
e talvez eu deva conhecer pela sua cara.
— Pera aí! Você está querendo dizer que não quer criar nossa filha? E
quem fará isso? Você está desistindo de nossa filha? — Faço várias perguntas
vendo-a chorar livremente agora. Eu não estaou entendendo nada.
— Eu vim aqui para falar que não irei me casar contigo, pedir abrigo até
o bebê nascer e perguntar se você prefere ficar com o bebê ou dar para
adoção — diz Giovanna soluçando pelo seu choro forte.
Levanto do sofá e começo a caminhar de um lado para outro. As coisas
que Giovanna me fala estão sobrecarregando minha cabeça, entendo
perfeitamente que ela não queira se casar, isso me causa um alívio do
tamanho do mundo, pois casar seria a última coisa que eu queria fazer na
semana que vem. Mas ela não querer ficar com o próprio bebê não entra na
minha mente, sei que muitas mulheres dão seus bebês para adoção, mas não
vejo isso acontecendo com o meu filho, tenho uma péssima família e não
quero isso para esse bebê. Não acredito que seja isso que ela queria de
verdade, ela fala do bebê com afeto, essa conversa está um pouco estranha,
mas darei um tempo para ela. E ainda tem esse lance de pedir abrigo. Tenho
que perguntar.
— Por que você quer abrigo? O que houve com você? — falo sem olhá-
la.
— Não sei se você sabe, mas meus pais estão aceitando esse casamento
entre nós muito firmemente. Eles junto com a vadia da sua mãe. Desculpe
falar isso, mas é verdade — diz e eu reviro os olhos.
— Aquela ali passa de disso. Acredite em mim quando eu digo — falo
sem me importar.
— Eu fugir de casa, sem me importar com droga de casamento. Eu nem
te conheço! Por que merda eu me casaria contigo? Foi por isso que eu fugir,
não aguentava mais tudo isso, o meu namorado não está em Roma e muito
menos atende minhas ligações, nunca fui de ter amigos e só me restou o pai
do meu bebê para me ajudar — fala e vejo sofrimento nos seus olhos.
— E se por algum acaso eu não quisesse dar abrigo a você e sim me
casar contigo? — pergunto curioso por sua resposta, mesmo eu não querendo
me casar com ela.
— Não sei de verdade, eu não sei. Mais nenhum de nós três seriamos
felizes, eu sairia deste casamento na primeira oportunidade — diz
desesperadamente​.
— Ei acalme-se, eu também não quero esse casamento — falo
rapidamente fazendo-a respirar aliviada. — E o que você fala sobre o bebê?
— pergunto fazendo ela abaixar a cabeça.
— Você deve estar me achando uma pessoa ruim, não é? Mas eu não
sou, e justamente por não ser uma vadia do mau, escolho que o bebê fique
com alguém que o queira. Se você não quiser darei para adoção — diz e eu
sou curto e grosso.
— Você não dará minha filha a ninguém! Casaria com você por causa
dela, mas serei um bom pai solteiro se for assim — digo com toda certeza do
meu ser.
— Você tem alguém na sua vida Luigi? — Giovanna pergunta e Lucca
vem na minha mente me fazer sorrir. — Por esse sorriso acho que sim.
Desistiria dela por um casamento sem sentido?
— Acho que fiz isso, mesmo que sem querer — digo olhando para o
lado. Não queria ter dito aquilo para Lucca, mas agora já foi.
— Agora já sabe que não vamos fazer essa besteira. Nada mais impede
de você ficar com essa mulher — fala me incentivando.
— Não é uma mulher, você deve conhecê-lo — murmuro fazendo
Giovanna abrir um sorriso enorme. O primeiro cheio de vida que vi ela dar.
— Per l'amor di Dio! (Por Deus santo!) Você é gay? O cara que as
mulheres de Roma ficam louca é gay! Quem diria! — diz e eu olho ofendido.
— Não sou gay! Só me apaixonei por Lucca, só ele é mais ninguém. —
Nossa! É libertador falar isso com alguém.
— Tudo bem, não importa. Isso é muito legal — fala feliz me fazendo
balançar a cabeça negativamente.
Nunca tinha contado a ninguém que Lucca roubava os meus
pensamentos 24 horas por dia. E contar isso para alguém é muito bom, agora
fico me perguntando o que será que ele deve achar quando ver a bagagem
que eu carrego. A ideia de que nada mais está me prendendo de não ficarmos
juntos, se essa ainda for sua vontade, me faz bem. Descobrirei esse final de
semana, pode apostar que sim.
— Como você sabe que é uma​ menina? — pergunto ao ver ela passar a
mão na barriga.
— Não sei, nunca fiz um pré-natal. Eu sonhei com uma menina e tenho​
certeza que é. — diz distraidamente me fazendo arregalar os olhos.
— Como assim você não fez pré-natal? Que eu sabia toda grávida faz.
Não é verdade? — falo confuso e com raiva.
— Eu não queria essa gravidez! Sinto muito se… — Corto seu falatório
levantando minha mão.
— Amanhã iremos ao médico, ainda tenho esperança que será um
menino — falo seriamente e ela dá de ombros.
Ficamos um tempo conversando até que a vejo abrir a boca de sono,
mando ela descansar pois eu farei a mesma coisa, foram muitas revelações
em um dia só. Depois que Giovanna se acomoda no seu quarto eu vou para o
meu, tiro toda minha roupa e penso em tudo que ela me fala, não acredito
muito nesse lance dela não querer a criança, vejo nos seus olhos que ela quer
sim, mas algo está a impedindo e eu descobrirei o que é. Mesmo com a
cabeça cheia de coisa eu consigo dormir.
No dia seguinte ligo para Iago fazer o favor de marcar com urgência
uma ginecologista para Giovanna e sem muitas perguntas ele fez o que pedir.
No horário marcado lá estamos nós, ao entrar no local vejo gestantes sentadas
sozinha com os seus respectivos parceiros.
Não esperamos muito e o nome de Giovanna é chamado, fico surpreso
ao ver que a médica que vai atender Giovanna é Marcela Gusmão. Sim! A
mesma Marcela que eu expulsei do quarto de motel, ela me olha com raiva e
eu não dou muita importância ao que ela deve estar pensando. Aqui ela tem
que ser a médica e não a safada que queria transar comigo a noite toda. Irei
matar Iago!
Como toda médica que se preze ela deu um esporro em Giovanna por
não ter feito o pré-natal logo cedo e me olhou de cara feia como se eu fosse o
culpado da porra toda. Depois de um tempo ela passou alguns exames,
passou um monte de vitaminas pré-natais. Marcela mandou Giovanna ir para
uma sala que tem acesso pela sua sala para fazer o ultrassom. Assim que
Giovanna atravessa a porta Marcela impede minha passagem.
— Sua mulher sabe que você é um verdadeiro puto — diz Marcela
cuspindo ódio.
— Doutora Gusmão, por favor dá licença — falo calmamente, mas já
sentindo a irritação tomando conta de mim.
— Agora é Doutora Gusmão? Como você pode me expulsar daquela
maneira — diz indignada e colocou a mão no meu peito sobre o meu terno.
— Eu estou aqui como o pai do filho da sua paciência, peço que me
respeite como tal. Nos poupe dessa sua conversa patética, faça o seu trabalho
que é para isso que estamos aqui — falo com ódio tirando sua mão de cima
de mim.
Marcela não fala mais nada e entra na sala de ultrassom. Ao me ver
Giovanna arqueia uma sobrancelha e ri balançando a cabeça negativamente.
Me aproximo de Giovanna que está deitada em uma maca perto do aparelho
de ultrassom, sento na cadeira de acompanhante e vejo quando uma
enfermeira ajuda a preparar Giovanna para o exame. A preparação é rápida e
logo a barriga muito grávida de Giovanna está com um gel para que a doutora
possa usar o aparelho com facilidade.
Poucos minutos depois uma imagem borrada preta e branca aparece na
tela que fica de frente para mim. Esfrego as mãos uma na outra e tenho a total
noção que eu estou muito nervoso. Logo um contorno exato de um pequeno
serzinho apareceu ganhando vida na tela e vejo que ali eu tenho a total noção
que realmente Giovanna está grávida e não tenho para onde correr. Marcela
vai falando sobre peso, órgãos, mas eu estou muito vidrado nos movimentos
frenéticos das mãozinhas e os pezinhos. Oh porra! Isso é incrível!
— Querem saber o sexo? — pergunta a médica de cara amarrada. Puta!
— Ele tem que ver que é uma menina! — diz Giovanna e eu olho agora
para a tela com expectativa.
— Niente di tutto questo è un bambino. (Nada disso, é um menininho.)
— falo com firmeza.
— Non dite che non vi avevo avvertito. (Depois não diga que eu não
avisei.) — diz Giovanna calmamente.
— Então doutora? Dá para ver? — pergunto me sentindo ansioso.
— Sim! 98% de certeza que vocês estão​ esperando uma menina — diz a
médica cortando minhas esperanças. — Ela está um pouco abaixo do peso e
tamanho para o tempo de 19 semanas e 1 dia, por isso recomendo uma
alimentação saudável rica em vários nutrientes.
A médica vai falando e eu fico preocupado com o que ela diz sobre o
bebê, isso ainda é muito estranho para mim, só que estou quase me
acostumando com ideia. Terminamos a consulta e levo Giovanna para casa e
logo após vou para a empresa.
Durante os dias que se passaram levei Giovanna para fazer seus exames,
comprei todas as vitaminas que a médica passou para que a bebê possa
aumentar de peso. Sim, estou muito preocupado com o que a médica fala e
não consigo tirar isso da minha cabeça, acho que vou ficar maluco e não faço
a mínima questão de esconder essa minha apreensão. Conversei com Iago
depois de brigar com o palerma por ter me indicado justamente a louca da
Marcela, ele diz​ que isso era normal e que logo o peso ficaria ideal. Depois
do que ele diz relaxei um pouco mais.
Sexta-feira chegou e com ele a viagem de Chicago para ir ao jantar
beneficente. Estou decidido a conversa com Lucca nessa viagem, quero poder
contar tudo para ele, sobre minha família mesquinha, meu não casamento
com Giovanna, a bebê que está a caminho e será minha total
responsabilidade, e não podemos esquecer dos meus sentimentos por ele.
Sim! Está na hora de dizer a ele como me sinto de verdade. Espero que ele
queira me ouvir, se não quiser o farei ouvir assim mesmo.
Ao chegar no aeroporto Giovanna e eu vamos para a área onde está o
jatinho. Vejo muitos dos seguranças de Filippo parados do lado das
escadarias da subida do jatinho. Não sei como eles aguentam andar com tanto
segurança, tudo bem que Filippo já sofreu e sofre alguns atentados e ele presa
muito pela segurança da sua família, mas não sei, se fosse comigo eu não
aceitaria que marmanjos de preto me seguissem para todo lugar que vou.
Quando estou andando com as malas um dos seguranças vem ao meu
encontro para me ajudar. Filippo aparece com sua típica cara dura nos
encarando, ele dá passagem para Giovanna tranquilamente, mas quando vou
passar ele coloca a mão no meu ombro me impedindo.
— Escuta bem o que vou te dizer Luigi. Se a sua presença em Chicago
for deixar meu irmãozinho mal eu te chutarei de lá na primeira oportunidade.
Capisce? — diz Filippo com raiva me fazendo arregalar os olhos e juro que
fico meio apreensivo, mas eu já estou decido.
— Mais como você sabe? — pergunto aturdido.
— Sei sobre tudo o que acontece com a minha família Luigi. Lembre-se
que eu estava na sala quando vocês dois se conheceram — fala de modo rude
me fazendo afirmar com a cabeça.
— Não se preocupe grande amigo, espero me acertar com ele e não o
afastar — falo seriamente e Filippo me deixa passar.
A primeira coisa que eu vejo ao entrar no jatinho é Pietro e Eduarda
conversando animadamente com Giovanna e passando a mão na barriga dela.
Luti está com uma cara de apreensão, mas quando seus​ olhos​ bateram em
mim ele respira aliviado e me dá um sorriso pequeno. Naturalmente com
medo de que Filippo possa me matar aqui e agora.
— Ei pequenos! — Comprimento as crianças que me encararam felizes.
— Puxa! Tem um bebê aqui né tio? — pergunta Pietro e eu afirmo.
— É um menino ou menina? O de Rita ainda não dá pra ver, eu acho tão
legal — diz Eduarda com as mãos na barriga de Giovanna.
— É uma menina! Espero que ela seja tão linda como você — diz
Giovanna para Eduarda que abre um sorriso envergonhado.
— Vamos Ursinhos deixa a noiva de Luigi em paz, pois o babo de vocês
diz que logo vamos decolar — diz Luti para o desgosto das crianças que
estão adorando tudo isso.
— Eu não sou noiva dele, sou só a mãe de sua filha — diz Giovanna
sorrindo para Luti que me olhou espantado e feliz ao mesmo tempo.
— Oh graças Deus todo poderoso​! Então nada de casamento? — ele
pergunta e eu nego tentando não rir de sua cara. Se Filippo sabia é certo que o
Bello dele também sabe, sei que Filippo conta tudo a Luti. — Isso é bom, isso
é muito foda de bom!
Com isso se despede e vai acomodar as crianças na poltrona do jatinho
para a decolagem, me sento ao lado de Giovanna que me olha como se
quisesse perguntar algo.
— Pode perguntar! — fala enquanto desligava o celular.
— O Lucca que você é apaixonado é o Lucca Aandreozzi? — pergunta
exasperada.
— Sim, por que a pergunta? — pergunto com desconfiança.
— Nada na verdade, só acho ele um cara legal. Além de ser lindo, vocês
serão um casal perfeito — fala com animação.
Afirmo com a cabeça sem falar mais nada, pois eu estou pensando
demais no que essa viagem resultará.
Sinto pequenas mãozinhas passeando pelo meu rosto e tocando meus
machucados que estão quase totalmente curados, ouço as vozinhas infantis de
meus sobrinhos, mas prefiro continuar de olhos fechados. Ainda bem que
dormi comportado essa noite e não de cueca como eu sempre faço. Minha
vontade de abrir um sorriso e puxar esses dois, que vieram me tirar do mundo
dos sonhos, enchê-los de beijos e cócegas​ é muito grande. Sei que mais ou
menos é nesse horário da manhã que Filippo iria chegar com Luti e as
crianças.
— Acoda tio Lu! O tinhor diz que ilia me levar pla sair — diz Pietro
informado.
— Deixe nosso tio dormir Pê! Vamos sair daqui babo vai brigar — diz
Duda e ouço um muxoxo de Pietro.
— Isso é vedade! Mas sei que o tio tá blicando com a gente — Pietro
diz me fazendo rir de sua esperteza.
— Tio Lu! — gritaram os dois ao mesmo tempo.
— Olha se não são os Ursinhos Aandreozzi. Estavam com saudades do
tio mais bonito? — falo abraçando as crianças que iluminam essa família.
— Claro que sim tio, mas tio Zuco não vai gostar de saber que o senhor
é o mais bonito — diz Duda baixo me fazendo revirar os olhos.
— Ele é muito do intrometido, eu sou o tio mais legal e bonito — falo
fazendo as crianças rirem. — Quem vai jogar videogame com o tio hoje?
— Eu! — gritaram com os olhos brilhando.
— Vou ganha de voxes tudim. — Pietro diz de braços cruzados e cara de
mal.
— Você é só um pequeno bebê Pê! — diz Duda irritando o Ursinho.
— Fica aí achandu. Eu sou um homi! Igual ao meus Pppais! — diz com
os punhos fechado e cara feia.
Dio! Como é possível essa criatura pequena aprender as mesmas coisas
que Filippo faz? Ele realmente se espelha muito no pai, fico encantado ao ver
isso. Sempre gostei de crianças, nunca tive contato com muitas, mas sempre
que vejo na rua alguma irresistível de passar despercebida eu paro para
conversar. Conversar com uma criança é uma coisa bem fascinante, a
inocência nas suas palavras faz a gente pensar que no mundo cão que
vivemos, cheio de coisas ruins acontecendo, ainda existam seres inocentes.
Pouco tempo depois Luti aparece na porta gritando pelas crianças para
que eles fosse tomar café. Depois que eles foram eu vou ao banheiro fazer
minha higiene matinal e tomar um banho. Ter minha família aqui é muito
bom, ainda mais que vivo sozinho. Babo chegou no mesmo dia à noite com o
rabo entre as pernas pedindo desculpas a mamma por ser um babaca
ciumento. Mamma ficou com aquela cara de “não sei, ainda estou analisando
os fatos” que fez babo ficar muito nervoso. E quando ele prometeu não se
envolver mais com suas coisas ela abriu um sorriso​ e perdoou ele, quando
papai a carregou para o quarto eu sair de casa com nonna e Luna para tomar
um ar. Só de imaginar o que iria… Que nojo! Chega! Eca!
Enzo chegou ontem na sexta-feira dizendo que se entrou sozinho já que
todos os abandonaram. Cara dramático, eu sei! Aproveitei sua chegada e
conversei sobre as coisas na empresa e o quase contrato com o Sakomoto,
Enzo e babo acharam que esse contrato com o chinês é muito bom e me
elogiaram por ter uma visão para os negócios. Tudo bem, eu fiquei sem
graça, mas ao mesmo tempo feliz. Sempre converso sobre negócios com
Filippo, Enzo e babo, sou humilde em assumir que eles são muito mais
experientes do que eu, gosto de saber que estou conseguindo administrar
direito essa filial, são muitas pessoas que dependem de mim, muitos
empregos que não podem deixar de existir.
Tomo meu banho, vou até meu closet pego minha cueca cheia de
coração. Cara, eu adoro essa cueca e foi nonna que me deu! Coloco uma
calça jeans velha, uma camiseta branca com um desenho do coringa sorrindo.
Eu gosto do coringa, você não? Tanto faz! Saio do meu quarto e já ouço a
conversa agitada que só essa família italiana é capaz de fazer. Todos já estão
sentados na mesa se preparando para tomar café. Olho para todos sorrindo de
pura felicidade e vou logo em direção ao meu primeiro alvo.
— Quem é o irmão mais carrancudo e peludo feito um Urso pardo? —
falo me jogando no colo de Filippo que com o grande reflexo que tem me
jogou no chão.
— Puta merda Lucca! Você é um idiota! — diz Filippo com raiva,
fazendo a família rir.
— Tenha cuidado com seu irmãozinho Lippo, eu bati minha bunda no
chão — falo fingindo indignação, levanto fazendo massagem no local.
— Começou cedo hoje figlio? — pergunta babo com um sorriso de
canto.
— Sabe bem como eu sou babo, e Filippo me ama desse jeito — falo
indo até meu pai que me dá um beijo na testa.
— Don está de bom humor, acho que meu filho mostrou que ainda não
precisa de viagra para ter uma vida sexual ativa — diz nonna levando
mamma a sorrir​ abertamente. Automaticamente todos os filhos Aandreozzi
fazem cara de nojo.
— Por Deus! Essa conversa nesse horário da manhã não! — diz Luna
nervosa.
— Hai ragione la mia principessa (Você está certa minha princesa) —
diz babo todo derretido para Luna e eu reviro os olhos.
— Babo me deixa te contar uma coisa, sua filha tem a boca mais suja
que nonna — diz Enzo fazendo papai olhar para Luna que balança a cabeça
negativamente.
— Isso é verdade! Ela às vezes é pior que nós três juntos — falo e
minha irmã me joga um pedaço de pão na cara.
— Nada de brincar com a comida. Può stare fermi! (Podem parar por
ai!) — diz mamma apontando para nós dois que concordamos.
— As refeições com vocês são sempre divertidas. Eu amo isso aqui —
diz Luti contente.
— Eu também te amo Luti! Vamos ali, é logo ali atrás — falo fazendo
Luti prender o riso, pois meu irmão me lança um olhar assassino. — Tudo
bem Luti desistir, deixa Ursão dormir que nós vamos.
— Não brinque assim com seu irmão Lucca, lembre-se que ele é um
urso feroz — diz nonna lançando um beijinho para Lippo e que não aguenta e
sorri.
— Vocês quatro parem de brincar e vão comer. Não vou repetir — diz
mamma e quando Enzo ia falar alguma coisa ela levanta a mão. — Não ouse
falar nada e isso serve para vocês também — fala apontando para mim, Lippo
e Luna.
— Sì mamma! — respondemos juntos e começamos a comer. Mamma
pode ser assustadora quando quer.
Observo que Luti, nonna, as crianças e até nosso pai estão prendendo o
riso com o esporro que mamma nos deu. Podemos ser velhos, ter nossas vida
e independência, mas nunca vamos desrespeitar nossa madre. Nós a
respeitamos muito, sem falar no medo de ver dona Arianna com raiva.
— Isso mesmo seus putos, por isso que adoro você minha nora. Sempre
colocando ordem nesses putos! — diz Nonna com malícia.
— Papai o ti é puto? — Preciso dizer de onde veio essa pergunta. Quem
acha que foi Pietro acertou!
— Não é nada que você tenha que aprender agora bambino. Não falem
essas coisas, vá bene! — fala Filippo seriamente para os filhos que assentem
rapidamente.
— Vocês querem saber o que é ser um puto? — pergunta nonna
ignorando Filippo. — Bem, isso é fácil. É só olhar para a cara de seu tio
Enzo. Ele é um puto escrito. — Enzo a olha ofendido e o resto de nós rir,
nem Filippo se segura dessa vez.
Após o café da manhã, as mulheres Aandreozzi levam Luti e as crianças
para conhecer um pouco de Chicago. Percebo que Luiz queria que Filippo
fosse também, mas ele disse que amanhã eles dois farão um programa juntos,
depois de muito amor Luiz finalmente sao. É assustador ver Filippo falar
docemente com alguém, ainda não me acostumei. O resto de nós fica no
escritório vendo como os seguranças o esquema para a nossa segurança hoje
à noite. Esqueci de contar que mamma e nonna tem novos seguranças seus
nomes são Oliver e Sergei.
Os dois são muito sérios e profissionais, eles foram indicados por Elijah
e cada um tem um currículo de dar inveja, Oliver é negro, com cabelos
cortados bem baixos, olhos escuros, forte como um touro e com certeza é um
homem de poucas palavras. Sergei é branco de cabelos castanhos e olhos
azuis, também forte e já está sofrendo muito nas mãos de nonna. Como
devem saber Sergei se pronuncia Serguei ou Sergay por isso nonna fica
fazendo piadas com o pobre rapaz. Ela fala assim: Sergei não pode ser bi? Ou
nunca vi um Sergei ser tão chato. Resumindo o pobre segurança não tem paz
e eu me divirto muito.
Ficamos acertando tudo e vamos usar o seguinte esquema. Como toda
família vai nesse evento a segurança tem que ser sem falhas, por tanto vamos
usar 4 SUVs, babo, mamma e nonna no primeiro com Oliver e Sergei, Luna,
Enzo e eu no segundo com Alejandro e Timóteo, Filippo e Luti no terceiro
com Elijah e Brian, no quarto carro vai Christian e mais três seguranças.
Podem estar achando que é muita coisa, mas não é, as pessoas não têm noção
de como muitos inimigos aproveitam esses eventos para tentar de alguma
forma machucar a nossa família. Não é fácil, mas aprendemos desde
pequenos a não vacilar com a nossa segurança.
As crianças não vão para o evento desta noite, primeiro porque é um
evento de adulto, Filippo não gosta de expor os pequenos nesse meio de
pessoas falsas e essa mídia ridícula. Por esse motivo eles trouxeram Rita,
para a felicidade de Brian que não queria sua esposa grávida longe de suas
vistas. Durante a nossa conversa no escritório babo citou algo que me deixou
muito puto. Pois aquele merda do Campbell está passando dos limites.
— Lucca está havendo algum problema entre você e Daniel Campbell?
— pergunta seriamente.
— Por que a pergunta babo? — pergunto sem expressão alguma.
— Ele me passou um e-mail dizendo que foi um erro eu ter deixado
você na presidência — fala calmamente.
— E o que o senhor acha disso tudo? — pergunto já sorrindo.
— —Eu acho que ele está mexendo com a pessoa errada. Você é meu
filho e sei o quão você e seus irmãos são ótimos profissionais. E eu nem me
dei ao trabalho de responder aquele infame e-mail de merda. — Esse é o meu
babo!
— Pois bem papai, ele quer que a nossa empresa faça parceria com o
bandido do senador White — falo e vejo meu pai e irmãos aprofundarem uma
carranca.
— Não conheço esse senador, mas sei como ele é sujo — diz Enzo
coçando o queixo.
— Esse homem é barra pesada irmão. Fique longe dele! — diz Filippo
com desgosto.
— Já fui taxativo e diz que não iria fechar negócio com o senador e que
aquilo era meu — falo relaxadamente.
— É assim que se fala, não deixe ninguém te subjugar meu filho — diz
babo firmemente e eu assenti.
No horário não almoço mamma chegou junto com todo mundo para
almoçarmos todos juntos. Adoro demais a comida de mamma, na verdade
adoro tudo que mamma faz. Quem quiser nos chamar de mimados, que seja!
É graças a mamma e nonna que somos pessoas fortes e de caráter, e você que
me chama de mimado tenho que dizer que você está muito certo. O que eu
estava falando mesmo? Ah lembrei! Estamos todos na mesa tendo orgasmos
gastronômicos do almoço preparado por mamma. Quando Duda solta a
seguinte pergunta.
— Papai aquela moça grávida que veio com tio Luigi é a namorada
dele? — Ouço isso sair da boca de minha sobrinha e meus olhos vão diretos
para Luti que ficou com as bochechas vermelhas.
— Como assim? Luigi está em Chicago? — pergunto e a confusão é
nítida no meu rosto.
— Olha irmão ele veio sim, mas preferi não te dizer — Filippo diz
calmo e isso me irrita.
— Como assim você preferiu não me contar. O que você sabe? —
pergunto e olhei para Luti que parece aflito.
— Eu sei de tudo Lucca, mas Bello não me contou nada. Sou inteligente
o bastante para entender as coisas — Filippo diz rudemente.
— O que está acontecendo aqui? — pergunta babo, mas eu balanço a
cabeça negativamente.
— Estou tão por fora como você babo — fala Enzo me analisando e isso
já está me deixando nervoso.
— Licença, mas acho que perdi a fome — falo sentindo minha garganta
fechar. Levanto da mesa meio rápido demais sem olhar para ninguém.
— Fiz algo ruim papai? — Ouço Duda perguntar.
— Não Ursinha, não é nada com você — diz Luti e não ouço mais nada,
pois saio de lá.
Ele veio com ela! Como pode uma coisa dessas? Cazzo! Eu sabia que
isso poderia acontecer, mas eu já estava me preparando para ir me encontrar
com ele no Brasil e fazer aquele filho da mãe entender que nós pertencemos
um ao outro. E agora como faço? Preciso pensar, por isso vou até a área da
piscina coberta e fico lá sentado na beira da piscina com os pés descalços na
água. Ouço passos se aproximando e não viro a cabeça para saber que são
meus irmãos. Cada um tirou seus respectivos sapatos e sentou dá mesma
maneira que eu.
— Quando você era pequeno tinha a mania de quando estava realmente
chateado corria para o lago ou batia em alguém na escola. E vejo que os
hábitos não mudaram — diz Enzo sentado ao meu lado direito.
— Desculpe não ter lhe contado que eu sabia e que Luigi estava aqui e
ainda por cima acompanhado — murmura Filippo arrependido sentado do
lado de Luna
— Sei que pode parecer idiotice, mas é chato ficar de fora do que está
acontecendo — diz Luna segurando minha mão esquerda.
— Isso é verdade, como falam no Brasil: Estou boiando nesse momento.
— Brincou Enzo.
— Estou perdidamente, irrevogavelmente apaixonado por Luigi Pierri,
braço direito de Filippo. — Solto de uma vez deixando Enzo e Luna surpresa.
— Sinto muito não ter sido mais aberto com vocês, principalmente com você
Lippo — falo e meu irmão mais velho assente.
— Ai que máximo! Como isso aconteceu Luc? Dio! Ele sabe disso? —
pergunta Luna eufórica e depois fecha a cara. — Estou magoada com você
por não ter me contado.
— Isso é uma grande surpresa irmão, mas não era ele que iria casar? —
pergunta Enzo me fazendo respirar fundo.
— Sim, esse mesmo! Mais o que posso fazer se me apaixonei por ele? E
isso não é só eu! Tenho certeza que ele também gosta de mim, mas é muito
covarde para admitir isso para si mesmo. Eu tenho certeza que é ele! Filippo
vai entender o que estou dizendo, quando você encontra aquela pessoa que
rouba seus pensamentos, que faz seu coração falhar na batida a cada vez que
ouve o som da voz. O quero para mim, isso é uma coisa certa na minha vida!
— Desabafo tudo que posso com meus irmãos e me sinto muito aliviado. —
Nos beijamos, uma única vez e depois disso só piorou meus sentimentos.
— Uau! Então isso é muito sério? — pegunta Enzo e eu confirmo. —
Parabéns irmão fico feliz por você, não entendo essas coisas, mas ver você
feliz me faz feliz — diz Enzo me abraçando pelos ombros.
— Pode contar com a gente para qualquer coisa Luc, não iriamos te
julgar. Somos um pelo outro independente de qualquer coisa — diz Luna
carinhosamente.
— Podemos até sequestrar ele para que ele não se case — diz Enzo
pensativo. Me fazendo abrir um sorriso.
— Nada de sequestros Enzo! Não somos assim! — diz Filippo sério.
Fechando meu sorriso na hora.
— Eu sei que deveria contar a vocês, mas eu só precisava ter certeza dos
meus sentimentos. Foram meses nisso e não sou mais um adolescente
indeciso que não sabe o que quer. Sei o que quero, e quero Luigi — falo com
firmeza e os olhos de Luna brilharam.
— Quero tanto sentir esse sentimento avassalador — Luna diz
sonhadora.
— É algo que não tem para onde correr. Ele só vem e muda sua vida
para melhor — diz Filippo relaxado. É bom ver ele assim, esses momentos
são raros.
— Estou correndo disso, não quero isso na minha vida. Estou bem
assim! — diz Enzo.
— Continue com esse pensamento que você vai longe — diz Luna
sorrindo.
— Tenho a sensação que você vai ser o pior de todos nós — fala Filippo
analisando Enzo que aprofunda uma carranca.
— Não irmãos! Isso fica com vocês, só com vocês — diz ele revoltado
fazendo o resto de nós rir.
— Veremos se vai ser realmente assim Irmão! — Filippo fala
calmamente.
— Já diz para vocês pararem com esse papo. Não estou desmerecendo
os sentimentos de vocês, mas isso não é para mim — diz Enzo com muita
firmeza me fazendo revirar os olhos.
— Nunca diga nunca irmão, o amor vem quando você menos espera —
Luna fala sorridente.
— Espero que não esteja em nenhum fodido relacionamento com esses
homens inúteis. O último deu trabalho para tirar do seu caminho — diz Enzo
distraído deixando minha irmã boquiaberta.
— Foram vocês que sumiram com Hernandes? — pergunta Luna
olhando para nós com bastante indignação.
— Eu não! Só fiz dar o meu aval — Filippo diz com o rosto impassível
me fazendo rir.
— Dio! Como vocês são um bando de idiotas abusivos — Luna fala
inconformada.
— Tenho certeza que você ficou muito aliviada quando aquele sujeito
parou com suas investidas nojentas — falo fazendo cara de nojo.
— Pensando por esse lado, fiquei feliz mesmo, mas isso não dá o
direito. Eu sei me defender droga — ela fala irritada.
— Isso não quer dizer nada! — falamos juntos fazendo Luna balançar a
cabeça negativamente.
Luna é forte e sabe se defender muito bem, mesmo assim independente
de ser ela ou qualquer um de nós que passar por um aperto, estaremos lá para
tirar esse aperto do caminho, por bem ou por mau. Saímos da beira da piscina
e eu já me sinto mil vezes melhor depois de conversar com meus irmãos. Às
vezes esqueço de como é bom poder contar com eles. Antes que eu possa
chegar perto da passagem de saída da área Filippo me puxa.
— Não pense em nada precipitadamente, as coisas podem sair melhores
do que você pode esperar — diz Filippo olhando nos meus olhos com seus
olhos azuis acinzentados profundos.
— Por que está me dizendo isso? — pergunto sem entender e ele me deu
um sorriso sem mostrar os dentes.
— Porque eu conheço o meu irmãozinho e sei como ele pode ser
impulsivo — fala e segue seu caminho. Como ele consegue me deixar
confuso desse jeito?
Chego na sala rindo e conversando, com todo o meu sufoco esquecido e
acalentado pelos meus irmãos. Vejo mamma e babo olhar atentamente para
nós 4, eles sabem que seja o que for, nós sempre nos resolvemos e ajudamos
uns aos outros. Agradeço mentalmente pelos meus pais não me perguntarem
nada, pois quero falar quando eu já estiver me resolvido com Luigi. Luti está
cabisbaixo sentado no sofá com nonna, não perco tempo e me aproximo
deles.
— Eu queria te dizer cunhado, mas Filippo conversou comigo dizendo
que era melhor não nos meter — diz Luti quando me sento ao seu lado.
— Não se preocupe coniato, eu entendo perfeitamente bem. Filippo não
quer se envolver e nem deixar que eu faça algo que vá me arrepender — falo
e vejo ele respirar aliviado.
— Sempre soube que você estava apaixonado por Luigi. Também
pudera, ele é muito gostoso — diz nonna me dando uma piscadela.
— Oh sim, ele é muito gostoso. Mas tira o olho vovó a senhora é um
perigo — falo divertidamente, se fosse outra pessoa eu estaria arrancando sua
cabeça para fora de seu corpo.
— Continue pensando assim que você está certo, mas Luigi será seu
neto em breve. Não é? — pergunta arqueando uma sobrancelha.
— Pode apostar que sim nonna — falo firmemente.
O horário da nossa saída chega e já estamos todos prontos. Minha
ansiedade está a mil, pois eu sei que irei encontrar com ele. Tenho que me
controlar para não agarrá-lo na festa, no meio de tanta gente, e também tenho
que não ser grosseiro e indelicado com uma gestante que está aponto de se
casar com o homem que amo. Todos os homens estão em seus smokings
sobre medida, modéstia à parte estamos muito incríveis.
Mamma está linda em um vestido longo azul marinho com alças grossas
e decote reto, seu cabelo está em um penteado arrumado, nonna está usando
um vestido nude também longo, de mangas longas e um decote que para
muitos seria indecente, mas para minha nonna é normal, seu cabelo curto e
pintado de loiro está bem arrumado, Luna está usando um vestido que
realmente parece uma segunda pele de tão colado, branco com detalhes preto
no seu enorme decote, seu cabelo preto curto está penteado para trás, lhe
dando um ar de mulher fatal. Essas mulheres chamam muita atenção para a
desgraça dos nossos pobres corações.
Nossa ida até o salão da festa é rápida e sem problemas. A entrada do
lugar está repleta de jornalista querendo tirar suas melhores fotos dos
membros família Aandreozzi, vejo eles querendo tirar fotos de Filippo e Luti,
mas meu irmão pousa por alguns segundos com seu rosto impassível, com
seus braços ao redor de seu marido possessivamente e não responde nenhuma
pergunta. Babo e mamma fazem o mesmo e não escapam das perguntas.
Nonna e Luna fazem carão para as fotos por alguns minutos e saem
rapidamente.
— Oh merda! Eu odeio essas porcarias — diz Enzo quando nos
posicionamos para as fotos.
— Nem me fale, mas é importante para os negócios. E não custa nada
mostrar como somos lindos — falo fazendo meu irmão sorrir abertamente
para mim e quando vira para frente fechar o semblante ficando sério.
— Vocês são considerados a família mais bonita e brutal nos negócios.
O que acham sobre isso? — pergunta uma repórter me chamando a atenção.
— O que eu acho? Que vocês eles estão repletos de razão — falo dando
o meu melhor sorriso para a jornalista que fica muito vermelha.
— Exibido! — murmura Enzo em desgosto, e eu dou de ombros
Deixamos os repórteres de lado e entramos no salão, o lugar está
fabuloso. Nossa presença só fez com que todos parem para nos observar. O
salão de festas está lindo e ornamentado com muita maestria pela equipe que
mamma contratou, não pude contemplar direito tudo porque sou chamado por
várias pessoas em um grupo de empresários puxa saco a fim de babar meu
ovo. Odeio esse tipo de pessoas!
— Jovem e promissor Aandreozzi, como vão os negócios? — pergunta
um empresário que esqueci o nome, e não faço questão de lembrar.
— Anda tudo como tem que andar. Apreciando a noite? — pergunto por
perguntar.
— Sim, faço questão de comparecer aos eventos da família Aandreozzi,
pois são tão raros — diz o homem na pura falsidade.
— Não somos do tipo festivos, temos mais com o que nos preocuparmos
— falo calmamente vendo ele abrir um sorriso.
— Posso imaginar, queria conversar com você sobre uma proposta —
diz o homem em um tom simpático.
— Não é o momento para tratarmos de negócios — falo seriamente.
— Mais o que eu tenho a lhe propor é muito bom — diz e pronto ele
conseguiu me irritar.
— Não me interessa o que você tem a me dizer. Hoje é o dia de
arrecadação de fundos para as obras de caridade de mia mamma, por isso
tenha a descendência de não usar isso ao seu favor. Não me importune mais.
Capisce! — falo com raiva fazendo o homem me lançar um olhar ofendido.
Estou pouco me importando.
Deixo o homem para trás e sou abordado por mais pessoas. Vejo que
meus pais cumprimentam as pessoas com educação, o principal deles é
Daniel Campbell que ao ver que eu estaou olhando me lança um olhar de
ódio que é retribuído na mesma intensidade. Luna encontrou minha
secretária, que fiz questão de convidar, e está em um papo agradável. Daqui
dá para ver como Laila está linda em um vestido preto, ela fica toda sem
graça com algo que Luna diz a ela.
Filippo está apresentando seu marido para quem vem ao seu encontro e
eu posso ver a surpresa nos olhos das pessoas. Enzo e nonna não estão onde
eu possa ver. Estou tentando ir ao encontro de minha família quando soui
abordado por uma pessoa que me surpreende.
— Queria poder te encontrar no nosso jantar, mas essa noite está de bom
tamanho para mim — diz Lian Sakomoto sorrindo.
— É muito bom tê-lo aqui essa noite Sakomoto — falo o
cumprimentando com um aperto de mão.
— É bom está aqui também Lucca, por favor me chame de Lian — fala
ainda segurando minha mão.
— Sem formalidades então — falo sorrindo de lado, vou iniciar uma
conversa quando sinto que alguém está me observando.
Sabe aquela sensação quando a pessoa sente que tem alguém medindo
seus passos? É isso que eu sentindo no momento. Viro minha cabeça em uma
direção e lá está ele. Minha nossa! Como esse homem é incrivelmente lindo,
não consigo desviar meu olhar do dele, ele está sentado em uma das mesas,
seu rosto bonito com aquela barba por fazer, olhos castanhos​ semicerrados
em direção a mão de Sakomoto sobre a minha, percebi que sua mandíbula
está cerrada como se estivesse com raiva de alguma coisa. Será que é de
Sakomoto? Oh baby! Você é tão ciumento quanto eu? Isso vai ser incrível!
Meu coração está tão acelerado ao perceber que ele está incomodado
com minha aproximação de Lian. Eu sou um sacana ao ponto de usar isso ao
meu favor, não consigo segurar meu sorriso de lado. Uma moça fala algo no
seu ouvido e sei que essa é a tal noiva. Mesmo de longe dá para ver que ela é
uma moça bonita em um vestido claro e tem cabelos castanhos, não dá para
ver mais detalhes devido à distância, mas percebo que seu rosto se ilumina ao
falar algo para Luigi que assenti e levanta da mesa.
— Lucca? Você está me ouvindo? — pergunta Lian me chamando a
atenção.
— Oh sim, me desculpe por isso! O que você falava mesmo? —
pergunto tentando controlar meu coração apaixonado e enraivado.
— Quero saber quando​ vamos sair. Me diga! — fala Lian segurando
meu antebraço.
— Ele não vai a lugar nenhum com você — diz uma voz a voz que eu
conheço bem o bastante.
— Quem é você para me dizer o que fazer? — pergunta Lian a um Luigi
vermelho de raiva. Pera aí! Que porra é essa aqui?
— Isso mesmo! Que eu saiba você tem noiva e ela está bem aqui. E nos
encarando — falo calmamente, mas por dentro estou fervendo de raiva.
Que ousadia, ele vem acompanhado e quer falar o que bem entende. Por
dentro estou louco para deixar Luigi sentir o máximo de ciúmes que ele possa
sentir, pois até agora não estou sabendo lidar com o aparecimento dele com a
noiva aqui. Eu o amo, pode até parecer loucura o que vou dizer, mas eu tenho
total certeza dos sentimentos que tenho por esse homem que está olhando
para meu parceiro de negócios com muita raiva.
— Está vendo que você não é bem-vindo? — diz Lian Sakomoto em
deboche me despertando dos pensamentos.
— Pera aí cara, não sou mercadoria não ouviu! Nossos negócios são
apenas profissionais — digo entre dentes para Lian que fica surpreso.
— Agora é com você? — Falei apontando para Luigi. — Não é você o
noivo? — falo sério e vejo ele balançar a cabeça negativamente.
— Eu sou o seu namorado! Pelo menos é o que eu estou querendo ser —
diz Luigi um pouco mais calmo me deixando muito confuso e com certeza eu
devo estar fazendo cara de retardado.
— Mais o que você está falando? — pergunto mais não obtive resposta
pois a boca quente de Luigi está grudada na minha.
Demoro um pouquinho para assimilar o que está acontecendo, mas
correspondo o beijo com muita intensidade agarrando seus ombros e
apertando com força enquanto nossas línguas acariciam uma a outra. Dio
Santo! Essa boca gostosa me deixando louco, sinto um leve sabor de uísque
misturado com nicotina. Luigi fuma? Quem liga! Ele quebra o beijo e olha
ainda segurando os dois lados do meu rosto.
— Desculpe demorar para perceber o quanto estou apaixonado por você
— murmura Luigi enchendo meu coração de alegria.
— Já estava na hora, eu estava quase indo para o Brasil chutar essa sua
bunda bonita — falo sério, mas logo abro um sorriso e Luigi faz o mesmo.
Oh homem quero te foder!
Minha chegada a Chicago foi sem nenhuma complicação. Assim que
aterrissamos tem um carro a nossa espera, tudo isso a mando de Filippo, e eu
não poderia ficar menos agradecido. Me hospedo com Giovanna em um bom
hotel, mas eu estou em tempos de ficar maluco. Não consigo parar de pensar
em como quero ficar logo cara a cara com Lucca, mas fui aconselhado por
Giovanna a espera até a noite para que esse encontro fosse acontecer. Nunca
vi uma pessoa mais eufórica pelo meu encontro com Lucca do que ela,
pergunto o porquê disso e ela simplesmente me diz que é difícil encontrar um
amor ultimamente e que quando acontece deve ser concretizado. Não sei
dizer se é amor o que sinto por Lucca, mas com certeza é algo profundo que
nunca senti antes.
Processo muito o que Giovanna diz e percebo que ela está certa. Se
fosse antigamente eu daria muita risada sobre tudo isso, falaria que tudo era
muita besteira, mas hoje vejo que tudo feito sem pressa e nervosismo pode ter
mais probabilidade de dar certo, a ânsia que sinto em encontrar Lucca é muito
grande, e isso nunca aconteceu comigo com relação a ninguém. Passo o dia
inteiro no quarto do hotel olhando para o nada, só esperando dar o bendito
horário.
Almoço com Giovanna no restaurante do hotel mesmo, e ela passa o
restante do dia dormindo, isso com certeza deve ser coisa da gravidez.
Mesmo que esse sono seja por causa da gravidez isso não me impediu de
ficar menos preocupado. Giovanna é uma moça que gosta de ficar no seu
canto e não sei porque, mas no fundo sinto que Giovanna me esconde alguma
coisa.
Quando dá o horário do jantar estou me sentindo absurdamente nervoso,
o mais impressionante é que durante o dia não demonstrei nada do que estava
sentindo, mas com o aproximar das horas não consigo mais esconder o
nervosismo. Coloco meu smoking e vou buscar Giovanna. Prefiro que ela
fique no hotel porque minha intenção maior é me acertar com Lucca de uma
vez por todas, mas ela ficou brava e diz que não perderia isso por nada.
Ao chegar no salão olho para todo canto e não vejo nenhum sinal da
família Aandreozzi em qualquer lugar, sento em uma das mesas com minha
acompanhante do lado. Só dá tempo de beber uma dose de uísque e fumar um
cigarro do lado de fora do jardim e quando me sento novamente o vejo entrar
no salão. Como todos os homens Aandreozzi ele exibe poder e segurança nas
suas passadas, o sigo com os olhos por todo o lugar que vai e mal percebo
quando Filippo e Luti sentam próximo a mim, pois um oriental qualquer está
segurando com muita intimidade aquilo que é meu.
O sorriso que Lucca me lança enquanto o babaca o segura é sexy em um
nível muito alto. Não dá mais para resistir, não posso esperar. E quando
Giovanna diz que eu estou tendo concorrência uma raiva que nunca senti
antes me consume por dentro. Me aproximo deles é a única coisa que quero
no momento é provar o gosto de Lucca e assim faço, não pensei em nada, só
fiz. Mostro a esse oriental inconveniente que na vida de Lucca existe alguém
e esse alguém sou eu. Agora estou olhando nos seus olhos sorrindo parecendo
um idiota.
— Acho que a sua demonstração pública de afeto atraiu muita atenção
— diz Lucca com uma expressão marota.
— Sério? Juro que nem tinha percebido — falo tirando meus olhos de
Lucca e passando pelo local.
— Viu só? Para mim não importa a opinião deles e para você Luigi? —
pergunta como se estivesse me analisando.
— Não, não me importa, não mais. Eu sei o que eu quero! — digo com
convicção.
— Obrigado por isso, mas não se preocupe com os repórteres. Babo e
Filippo fazem questão de tirar tudo do ar — diz ele beliscando meu queixo.
— É realmente muito lindo ver que Luigi não é mais um babaca, mas
acho que a tensão sexual aqui está muito grande. — —Me assusto ao ver
nonna Francesa parar ao nosso lado com um olhar brincalhão.
— Não conseguimos disfarçar não é verdade nonna? — pergunta Lucca
e a sua avó nega.
— Querem um conselho? Saiam daqui e vão conversar, tenho certeza
que precisam disso — nonna Francesa diz como se contasse um segredo.
— Mais tenho que levar Giovanna — falo olhando para Lucca.
— Não se preocupe com isso, levaremos ela conosco — diz ela
resolvendo tudo.
— Obrigado por isso, ela é uma boa moça — falo para ela que assente.
— Percebi isso quando vi ela te incentivando a vir falar com meu neto.
É só não vacilar e será da família! — nonna Francesa diz e se vira para sair.
— Vamos sair daqui, temos assuntos para tratar — sussurra Lucca no
meu ouvido arrepiando cada pelo do meu corpo.
— Já ia esquecendo, aqui Luc pegue! — Nonna voltou depositando algo
na mão de Lucca, ele olha e dá a ela um sorriso brilhante.
— A senhora pensa em tudo nonna. Grazie! — diz ele lhe dando um
beijo carinhoso.
— Oh sim, eu sou a melhor! — fala é e chamada por uma senhora. Dou
um sorriso curto ao ver nonna Francesa revirou os olhos. — Velha chata do
inferno!
— Vou querer saber o que é isso? — pergunto curioso vendo-o guardar
algo no bolso.
— Claro que vai, isso é lubrificante para nós dois — fala me fazendo
ficar confuso. — Você ainda vai aprender muita coisa sobre nonna, mas o
mais importante é que ela pensa muito nas possibilidades.
Lucca pega o celular e manda uma mensagem, depois segura minha mão
e vai me puxando para fora do salão. Fico olhando nossas mãos juntas, ele
segura como se fosse algo costumeiro e isso quase me faz rir, não rir no
sentido de ridículo, mas sim rir pois nunca recebi qualquer tipo de afeto e isso
é muito estranho para uma pessoa como eu.
Chegamos do lado de fora e já tem um carro a nossa espera, entramos e
o carro ganha vida nas ruas ventosas de Chicago. Sem que possa me dar
conta Lucca senta no meu colo e gruda nossas bocas, me causando surpresa.
Um beijo áspero com gosto de saudade. Isso! Saudade, é isso que significava.
— Eu realmente pensei que você fosse se casar — fala ele entre beijos.
— Não vou mentir, mas também achei isso — falo e ele para o nosso
beijo.
— Você quer ter essa conversa agora ou deixar para depois? — pergunta
sério.
— Temos muito o que conversar, você sabe disso. Só que estar com
você me parece algo muito, mais muito prazeroso — falo sentindo uma
mordida no lóbulo da minha orelha.
— Oh sim bebê, você vai realizar meu sonho — fala Lucca mordendo o
lábio.
— Bebê? Dio, não! Eu tenho cara de bebê? — pergunto revoltado
fazendo o safado rir descaradamente. — E que sonho é esse? — assim que
pergunto Lucca fecha o sorriso divertido e abre um sorriso perverso.
— Eu sonhei todas as noites em foder você e é isso que vou fazer —
Lucca diz me assustando.
— Não se assuste, não é um bicho de sete cabeças. É tudo muito
prazeroso, eu também vou querer sentir você em mim — sussurra no meu
ouvido me deixando mais excitado do que eu já estou no momento.
É incrível como eu nunca senti desejo assim por outro homem, mas o
modo masculino e safado de Lucca me deixa em um nível muito alto de
excitação, sua beleza gigantesca, seu modo de agir leve, mais ao mesmo
tempo forte e decidido faz com que o deseje de qualquer inferno de maneira
possível. Estou receoso, mas irei tentar. Diz a Lucca para irmos ao hotel que
estou hospedado, pois precisamos de um tempo sozinhos e lembrar que na
casa dele está reunida todos os membros da família Aandreozzi é algo
assustador.
Chegamos ao hotel e vamos direto para o elevador, pelo canto dos olhos
vejo que Lucca se segurar ao máximo para não avançar em mim, pois tem um
senhor no mesmo elevador que o nosso. Assim que chegamos no meu quarto
e a porta é fechada, Lucca abaixou a cabeça e me olha com um sorriso de
canto, vai tirando o terno do smoking, a gravata borboleta, enquanto
desabotoa a camisa branca vai tirando os sapatos, logo ele está de cueca preta
expondo seu corpo bonito rasgado com músculos, não tão grandes, mas fortes
e firmes. O vejo levantar a sobrancelha para que eu faça o mesmo, tiro cada
peça da minha roupa ficando de cueca cinza na sua frente, meu corpo é maior
que o dele, até na altura.
— O que acontece entre essas paredes só diz respeito a nós — diz se
aproximando sorrateiramente. — Me entregarei a você, assim espero que
você faça o mesmo.
Nós beijamos com muito afinco, nosso beijo é sempre muito
necessitado. Não percebo quando Lucca me direciona até a cama, me jogando
nela. Lucca senta no meu quadril e vai distribuindo beijos molhados no meu
pescoço, enquanto vai beijando ele morde forte alguns lugares aleatórios,
logo em seguida passa a língua no local da mordida me causando sensações
desconhecidas e muito prazerosas.
— Merda! Que delícia! Ohhh... — Gemi ao sentir a língua de Lucca
descer o caminho até meu umbigo.
— Você ainda não viu nada, acostume-se tenho tendência a ser um
pouco perverso — fala com a voz rouca chegado até o cós da minha cueca.
— Só faça! — falo irritado com sua provocação.
— Você​ não manda querido, pelo menos não agora — diz apertando
meu pau muito duro me fazendo gemer alto.
— Por favor, olha só como eu estou — falo nervoso.
— Estou vendo, isso tudo é meu! — Lucca diz e retira minha cueca
fazendo meu pau saltar.
— O que você… Ahhh! — Solto um gemido alto ao sentir uma chupada
forte e muito prazerosa na minha glande.
— Melhor que eu imaginava! — diz e começa a me chupar com
maestria.
Porca puttana! (Puta que pariu!) Nunca senti isso antes, a intensidade
do prazer é fora do comum, a língua macia e doce de Lucca acaricia toda
minha extensão, sube e desce me deixando louco, falando coisas que nem eu
mesmo sei o que sai de minha boca, a única coisa que quero é gozar no
momento, gozar muito nessa boca gostosa. Quando estou quase lá ele para e
se levanta da cama.
— Isso é algum castigo por acaso? — pergunto enfezado fazendo Lucca
sorrir.
— Calma, não me olhe assim estou chegando — fala sexualmente.
Observo ele andando com passos leves e decididos até a sua calça,
pegando algo que lembro ser o lubrificante. Na gaveta do criado mudo tira
um pacote de camisinha. Lucca volta para a cama e começa a me beijar
novamente, masturbando meu pau vagarosamente e dolorosamente me
levando ao delírio. Sua boca volta para o meu pau me fazendo fechar os
olhos, sinto algo querendo invadir e empurro meu corpo para trás, Lucca
imediatamente segura minha perna.
— Relaxa querido, sou eu, lembre-se disso. Sinta o prazer só isso! —
fala calmamente me fazendo relaxar, mas ainda continuo receoso.
— Desculpe, nunca fiz isso antes — falo respirando fundo.
— Estou sendo um puto egoísta agora, mas eu adorei saber — fala e
sinto seu dedo escorregadio me invadir.
Me acostumo com seu dedo enquanto ele faz movimentos de vai e vem,
pouco tempo depois um segundo dedo é adicionado me abrindo um pouco
mais. Incrível como isso é bom, sim porra, isso é muito bom. Mais um dedo
é adicionado e a boca de Lucca vai trabalhando no meu pau, quando dou por
mim estou gozando muito forte na sua boca, antes que possa me recuperar do
orgasmo, sou virado bruscamente deitando de bruços na cama.
Mordidas fortes no meu ombro me fazem soltar urro de dor e prazer, ao
mesmo tempo. Lucca introduzis seus dedos em mim novamente, fazendo
movimentos de entra e saí, ele toca em algum lugar que me fez arfar.
— Olha o que encontramos aqui, seu ponto doce. O que será que
acontece se continuar com isso, mas agora é com meu pau — sussurra no
meu ouvido deixando uma lambida ali. Que diabos esse homem!
Eu não consigo falar nada a não ser gemer, ouço um barulho de
embalagem sendo aberta e sei que é da camisinha. Olho para trás e lá está ele
com aquele maldito sorriso enquanto cobre seu membro grande e grosso, tão
grande quando o meu. Ele passa lubrificante na sua extensão e se inclinou
para um beijo feroz. Sinto ele se posicionar e começar a empurrar, travo na
hora, mas os beijos e lambidas de Lucca nas minhas costas me faz relaxar e
deixar que seu pau se introduza mais em mim. Ele espera um tempo para me
acostumar com essa porra que está me rasgando no meio.
— Agora não tem para onde correr, você é meu, e eu, sou eu. Não quero
te assustar, mas se você pensar em me deixar eu te caço nos confins do
mundo — fala me fazendo afirmar e solta um urro animalesco.
Assim que fecha a boca começa​ a se movimentar, no início dói como
uma merda, mas depois vou aceitando e me acostumando mais. Como eu
nunca senti isso antes? Acho que se fosse com outra pessoa eu não estaria
nesse êxtase todo, tudo é mais intenso porque é com ele. Como isso é
possível? A cada estocada eu conseguia sentir um prazer fora do comum,
seus movimentos foram ficando mais frenéticos e precisos. Lucca ainda preso
a mim, me fez segurar a cabeceira da cama.
— Quero que você goze comigo querido. Cazzo! Oh merda! — geme e
com uma mão ele segura meu pescoço e a outra dá um aperto firme no meu
pau.
— Como isso é possi… Porcaria! — Ele começa a masturbar meu pau
com rapidez enquanto segura meu pescoço, mas ele não aperta.
— Sinta isso Luigi, sinta a intensidade do que eu sinto por você — fala e
morde meu ombro de novo, esse é o meu fim.
Gozo pela segunda vez, um gozo tão forte ou mais que o anterior.
Imediatamente sinto que ele também está gozando. Isso é surreal! Meu corpo
cai entre os lençóis bagunçados da cama, com o de Lucca por cima do meu,
nossas respirações são fortes em busca de ar. Com a respiração controlada
Lucca sai de mim e observo ele tirar a camisinha, amarrar e levantar para
colocar no lixo.
— Vai ser sempre assim entre nós dois? — pergunto me sentindo
esgotado.
— Espero que sim, mas para falar a verdade eu tenho quase certeza —
diz deitando sua cabeça em cima do meu ombro.
— Nunca experimentei algo tão intenso — confesso com sinceridade.
— Nem eu! E isso é muito foda de bom — diz ele pensativo.
Fico um tempo olhando para seu perfil bonito e vejo que já é hora de
conversarmos, já adiamos muito. E ele precisa saber o que está acontecendo.
— Meu casamento era na semana que vem, para os meus pais Giovanna
e eu vamos nos casar, mas isso não vai acontecer — falo e ele me olha
atentamente.
— Muito bom saber que você não tem mais esse pensamento de casar,
pois eu não iria deixar de qualquer maneira — fala como quem não quer nada
me deixando confuso. — Não fique com essa cara, eu iria te tirar daquela
igreja — diz me fazendo rir.
— Giovanna iria achar isso o máximo. Ela foi reta e direta sobre esse
casamento sem noção — falo o encarando
— Me fale mais sobre essa Giovanna — Lucca pede.
— Giovanna apareceu no meu apartamento em uma condição​ bastante
precária. Não conheço ela em um ponto significativo, nosso lance aconteceu
quando estávamos muito bêbados em uma das muitas festas dos meus pais​.
Nunca trocamos mais que uma dúzia de palavras. — Decido contar a ele
tudo, já que não o quero mais longe de mim.
— Você tem certeza que esse bebê é seu? Não que eu esteja duvidando
sobre o seu julgamento — Lucca diz com cuidado.
— Sim, tenho certeza! Não sei o que me faz ter tanta certeza se é minha
intuição ou acreditar​ na história de Giovanna — digo verdadeiramente.
— Ela chegou bem mal, praticamente uma morta viva, não faço ideia do
que aconteceu com ela em Roma, mas não foi algo bom. Sei que ela me
esconde coisas, não sei se por medo ou vergonha, mas ela me esconde coisas.
— E mesmo que não fosse seu filho, acho que você cuidaria da criança
de qualquer maneira. E eu te apoiaria — Lucca diz distraidamente.
— O que? — pergunto confuso.
— Luigi depois do que tivemos você nos ver separados? — pergunta e
eu nego. — Nem eu, por isso te apoiaria de qualquer maneira em tudo.
Aprendi com meus pais que podemos sempre fazer o que quisermos contanto
que sejamos sinceros e honestos com nossos sentimentos. E os meus
sentimentos por você não é algo passageiro. Eu o quero para mim! — ele fala
e eu o puxo para um beijo gostoso.
— Eu também quero isso, sinto muito se demorei tanto tempo para
entender tudo isso. Mas estou muito feliz por estar com você agora. Fiquei
meio receoso por causa da ligação — digo cada palavra olhando nos seus
olhos.
— Que ligação? Aquela que você fala que eu deveria seguir meu
caminho sem você? — pergunta e eu afirmo. — Não me importei com suas
palavras, pois sabia que era só sua covardia falando.
— Ei! Eu não sou um covarde! — falo com convicção.
— É sim! Já deveríamos estar junto a muito tempo, eu deveria ter pego a
merda do jatinho e ter ido atrás de você, mas não queria forçar nada — Lucca
fala grudando nossas testas. — Sou louco por você! — diz me fazendo fechar
os olhos em contentamento.
— Será engraçado ver a cara da megera da minha mãe quando ela
descobrir que não me casarei e estou com um homem — falo sem pensar.
— Como assim? Sua mãe não é uma boa mãe? — pergunta surpreso,
naturalmente tendo uma mãe Arianna Aandreozzi ele deve achar que todas
são perfeitas como ela.
— Para meus pais tudo o que mais importa é o poder e o respeito que
eles podem ter com relação a sociedade de Roma. Eles nunca foram pais
carinhos e dedicados, não me lembro de um dia ter recebido um beijo de
minha mãe ou uma palavra de afeto do meu pai, tudo na vida era cobranças
para ser sempre o melhor, e se por algum acaso falhasse no que eles queriam
sofria coisas horríveis. Coisas que não quero lhe contar no momento, se eu
pudesse esquecer seria muito bom — falo em forma desabafo e Lucca junta
seu corpo ao meu me abraçando forte.
— Às vezes esqueço que existem pessoas tão ruins, e que essas pessoas
podem ser nossa própria família — Lucca diz com raiva na voz.
— Eles são pessoas ruins, faço de tudo para me manter o mais longe
possível daquelas pessoas. Não deixarei que eles falem ou façam nada para
tentar afastar você de mim — digo com muita raiva e vejo Lucca abrir um
sorrisinho frio.
— A muitas coisas que você aprenderá sobre mim carino e uma delas é
que eu adoro uma boa e fodida quantidade de ação. Se tentarem algo eu vou
esmagá-los como pequenos e medíocres insetos insignificantes — fala me
causando um arrepio na espinha.
— Você fala como Filippo agora. — Me assusto pois nunca tinha o visto
tão sério.
— Oh não! Meus irmãos e eu somos pessoas totalmente diferentes, mas
o que temos em comum é que ninguém mexe com o que nosso. Não sabemos
lidar com isso — fala abrindo um sorriso brilhante.
— E eu sou seu? — pergunto jogando meu corpo em cima do seu.
— Sim você é meu assim como eu sou seu. Sei que você é um puto, por
isso tenho que dizer que não compartilho Luigi — diz sério deixando escapar
um sorriso.
— Como pode me chamar de puto assim na cara dura? — Estou
indignado agora.
— A sinceridade mora em mim carcamano!
— Sendo assim, isso é ótimo, também percebi que não divido você,
principalmente com aquele oriental de merda — falo com raiva.
— Sakomoto é só mais um empresário a fechar negócios — fala como
se não fosse nada demais. — Vamos tomar um banho?
Levantamos da cama e vamos tomar um banho juntos, tudo isso é muito
novo para mim. Nunca deixei ninguém ser tão íntimo comigo, mas com
Lucca é tudo muito bom e diferenciado. Nosso banho é repleto de carícias e
quando terminamos deitamos na cama abraçados compartilhando algo bom e
leve de se sentir. Prendo Lucca nos meus braços fortemente, percebo quando
ele está em um sono leve.
— Ti amo così tanto, il mio amore (Eu te amo muito, meu amor) —
Lucca diz em seu sono me fazendo paralisar.
Ninguém nunca me diz estas palavras, e isso faz meu coração bater
muito rápido. Me sinto infinitamente feliz nesse momento, espero ouvir isso
quando ele não estiver dormindo.
— Sono sicuro che ti amo, credo che anche più di quello che a me.
Davvero? (Tenho a certeza que te amo, acho que até mais que você a mim.
Será?) — sussurro o apertando mais ao meu corpo e me entregando ao sono
que nunca tive na vida.
Sinto uma sensação estranha, é mais como um vazio, de olhos fechados
procuro Luigi na cama e não o encontro. Abro meus olhos imediatamente,
vejo que ainda está escuro lá fora, no relógio do criado mudo são 3:35 da
manhã. Cadê Luigi? Esfrego os olhos para despertar mais do meu sono,
olhando atenciosamente reparo que a porta de uma pequena varandinha que
dá para o lado de fora está aberta. Levanto da cama e vejo a silhueta de Luigi
em pé olhando para as ruas de Chicago distraidamente.
Ele está só de cueca, mostrando seu corpo forte. Sua posição de braços e
pernas cruzadas podem até passar uma imagem de relaxamento, mas seu
rosto marca linhas duras e tensas. O que será que ele pensa tão duro? Me
aproximo fazendo questão de fazer algum barulho para que não ocorra
nenhum susto, ele vira rosto para me olhar e passo meus braços pela sua
cintura, depositando meu queixo no seu ombro largo.
— Não quis te acordar, mas perdi o sono — fala esfregando nossas
bochechas.
— Senti sua falta, isso é estranho, mas eu senti — digo confuso.
— Queria fumar um cigarro, mas não queria lhe incomodar com a
fumaça — Luigi fala virando para ficar de frente para mim.
— Você fuma sempre? — pergunto curioso.
— Não, mas ultimamente tenho fumado bastante — responde pensativo.
— Teve algum sonho ruim? — Olho para ele que nega com a cabeça.
— Vem! Vamos voltar a deitar, amanhã terei que enfrentar sua família
completa — fala fingindo um tremor.
— Você os conhece, mas agora será apresentado como meu namorado.
Olha que legal! — falo rindo.
— Essa é a parte que mais me assusta. Antes de vir para cá Filippo me
ameaçou, ele diz que se a minha presença lhe machucasse ele me chutaria —
Luigi diz me fazendo rir.
— Esse é meu grande fratello! Filippo é muito protetor apesar de que eu
não preciso disso — falo bocejando.
— Acho a relação de vocês muito linda — Luigi murmura enquanto
deitamos na cama.
— Você vai esquecer esse lance de linda quando conviver mais com
conosco, brincamos com tudo e eu particularmente adoro irritar meus irmãos
— falo me aconchegando mais a ele.
— Durma Miele! (Meu bem)! Amanhã eu ainda estarei aqui — sussurra
no meu ouvido.
— Assim espero Carino, pois senão eu te caço e você sabe disso muito
bem — falo e adormeço logo em seguida.
Acordo soltando um gemido de apreciação ao me espreguiçar. Me sinto
absurdamente feliz, imaginava que muitas coisas poderiam acontecer naquele
jantar, menos que Luigi sentiria ciúmes de Lian e reagiria daquela maneira,
tudo bem que eu não gosto dessa coisa para o meu lado, e não sou nenhum
garotinho que precisa ser resgatado do lobo mau, mas é sempre bom ver
quando a pessoa gostar de você no nível que não quer ninguém lhe jogando
charme.
Eu sou um homem possessivo nunca escondi isso, acho que isso é de
família.
Minha nonna conta que meu nonno Domenico era um homem de merda,
o pior dos piores que muitas das vezes passava dos limites com o ciúme
chegando a matar muitos homens e até agredir a mesma, ele falava que era
assim por culpa dela. Que raiva! Só de saber que ele fazia uma coisa dessas
com minha nonna dá vontade de ressuscitar o infelice para poder lhe dar uma
lição. Já babo sente muitos ciúmes de mamma, mas aprendeu a respeitar e
confiar em nossa mãe, isso não quer dizer que ele não der uns sacodes em
muitos que desrespeitaram ela. Tudo isso serve de ensinamento para mim e
meus irmãos, babo diz que a nossa possessividade é a nossa marca e que não
tem para onde correr, pois se amamos alguém cuidamos e não queremos
ninguém se esgueirando pelo o que é nosso.
Filippo, Enzo, eu e Luna crescemos acreditando que em algum lugar
existia um amor para nós. Que pode demorar, passar por diversas barreiras,
mas quando é de verdade e para sempre esse amor acontece, quando
acontecer é lindo que enche nossos corações dos sentimentos mais belos e
profundos. Isso é foda demais! Hoje eu posso afirmar que as coisas que meus
pais falavam para nós quando pequenos é a mais pura verdade. A conexão
que sinto ao tocar na pele, senti o gosto dos beijos e olhar nos olhos de Luigi
é divina.
Falando nele acho que​ acabei de ouvir o barulho do chuveiro. Corro para
fora da cama e vou direto para o banheiro. Fico de braços cruzados encostado
na porta do banheiro, agradecendo a quem planejou esse banheiro e ter
pensado em um box de vidro perfeito que não atrapalha a minha visão
deliciosa da água escorrendo pelo corpo de meu namorado. Muitos devem
estar pensando: Como assim namorado? Deixa-me te explicar uma coisa,
quando você fica meses pensando naquela pessoa, sente falta do seu gosto
por esse tempo inteiro é muito difícil não dar nomes a essa relação quando
ela for concretizada. Foda-se! Ele é meu namorado e acabou!
— Miele? — Ouço Luigi chamando com sua voz rouca, me acordando
de devaneios. — Está me olhando muito firme, vem cá! — Assinto e tiro
minha cueca em um movimento rápido.
— Não sei se gostei de acordar sozinho novamente, mas te ver tomar
banho é muito foda de quente — falo abrindo o box.
— Acordei e vi que precisava tomar um banho, frio de preferência —
diz no seu modo cafajeste.
— Oh sim, e por que precisava de um banho? — pergunto sentindo meu
pau ficar duro.
— Porque eu não sabia que iria acordar com uma vontade sem limites de
me enterrar bem fundo em você — sussurra no meu ouvido e depois beijando
meu pescoço.
— Oh homem! Por que não fez isso? Dizer que eu iria adorar seria
pouco — falo sentindo sua mão grande e macia passar pelo meu corpo.
— Meu corpo está todo marcado, terei que ficar com camisa por um
tempo — diz mordendo meu queixo de leve fazendo meu corpo se arrepiar.
Observo que realmente no seu ombro, peitoral, abdômen tem várias
marcas de dentes feitas por mim. E ver essas marcas nele me deixa muito
excitado, essas marcas mostram o prazer que senti ao ter seu corpo na noite
anterior.
— Acostume-se, gostei muito disso e farei sempre — murmuro
prendendo o lábio com os dentes apertando forte.
Luigi me beija forte cravando os dedos nas polpas da minha bunda, com
isso aprofundando ainda mais o beijo mostrando o quanto me deseja. Ele
desce ficando de joelhos e começou a me chupar com força. Oh droga como
ele sabe que gosto assim? Isso é impossível!
— Porra! Isso, assim mesmo! Argh! — Gemo jogando os quadris para
frente.
— Você tem a cara de quem gosta de algo duro e forte. Isso é verdade
Miele? — pergunta Luigi depois de tirar meu pau de sua boca em um “pop”
com força.
— Sim! Sim, eu amo isso! — falo sentindo minhas pernas fraquejarem.
— Espere aqui, não saia eu já volto! — diz e eu afirmo sentindo falta do
seu toque.
Esse homem vai me deixar louco, sabia que as coisas entre nós poderiam
se quentes mais isso que sinto no meu corpo já passa disso. Não demora
muito e Luigi volta com o resto do lubrificante que ganhei ontem e uma
embalagem de camisinha. Sem que eu tivesse tempo de avaliar sou virado de
frente para a parede fria do banheiro. Luigi distribuiu beijos na minha nuca,
passando sua língua macia pela a mesma me distraindo da invasão do seu
dedo no meu interior.
— Hoje eu acordei um novo Luigi, me sinto bem e a muito tempo não
me sinto assim — fala, mas eu estou mais interessado nos seus dedos
escorregadios trabalhando avidamente em mim.
— Porra! Chega disso Pierri, quero você é quero você agora. Vamos lá!
— falo rudemente empurrando mais minha bunda para trás.
— Quieto! Quem está no comando agora sou eu Aandreozzi! — fala
entre dentes aprofundando o dedo mais fundo me fazendo gemer alto.
— Não sou mais virgem a muito tempo… — O desafio e ele mordeu
meu ombro em sinal de aviso.
— Prefiro não saber disso. Agora sou eu, não existe outro! — fala e vira
o meu rosto me beijando.
Enquanto vai me beijando ele vai curvando meu corpo mais contra a
parede, olho para trás curioso e o vejo me lançar um olhar selvagem
mostrando que no momento está colocando a camisinha no seu pau duro e
magnífico, pau esse que me fez salivar ontem e hoje. Luigi vai deslizando seu
pau em mim de uma vez só me fazendo gritar de dor, mas logo um maldito
sorriso surge nos meus lábios. Isso mesmo, nada de delicadeza!
— Ti piace che non è vero? Anche a me! (Você gosta disso, não é? Eu
também!) — Não falo nada, na verdade eu não tenho como falar.
Luigi fica um tempo parado, percebo que ele está se controlando. Depois
de um tempo para minha alegria ele começa a se movimentar, cada estocada é
forte e precisa, me levando a loucura. Dio, que coisa boa! Foram poucos
homens que aceitei ser penetrado, mas com Luigi é perfeito, não existe igual.
Isso não faz com que goste menos de ser o topo. Nunca me importei com
relação a surpresa de muitos parceiros com relação a mim, isso é irrelevante.
Esse sou eu e não mudo!
Ao me ouvir gemendo pedindo por mais Luigi me dá, me dá tudo. E
quando ele está perto de chegar ao seu ápice, pega meu pau com força e me
masturbou no ritmo das suas estocadas. Tento, juro que tento segurar, mas
acabo gozando levando Luigi logo em seguida. Minhas pernas estão bambas
e se não fosse por Luigi teria caído no chão com toda certeza. Isso foi… não
tenho palavras para dizer o que foi ou como estou me sentindo​ no momento.
Luigi sai de mim, tira a camisinha e me beija com carinho.
— Obrigado por me fazer sentir inteiro pela primeira vez Miele — Luigi
diz olhando nos meus olhos.
— Engraçado, pois estou me sentindo do mesmo jeito e não precisa
agradecer — falo calmamente.
Terminamos nosso banho e esperamos o pedido do nosso café da manhã
chegar, enquanto isso mando uma mensagem para Christian pedindo que ele
traga uma muda de roupa para mim. O nosso café chega e pouco tempo
depois Chris também com a minha roupa, o mando esperar já que depois do
café vou levar para Luigi a minha casa. Finalizamos nosso café e não tinha
ideia da fome que estava sentindo, depois de alimentado coloco minha roupa,
uma calça jeans, uma blusa de manga cinza, meu tênis rasteiro, agradecendo
mentalmente a Chris por trazer a roupa para mim. Luigi está de suéter azul
marinho, uma calça clara e um tênis social.
O carro já está nos esperando e a viagem até a minha casa é tranquila,
assim que a porta do elevador se abre dou de cara com Filippo andando de
um lado para outro gritando algo no celular, me aproximo fazendo o resto da
minha família nos encarar. Mamma é a primeira a vir nos cumprimentar com
um abraço caloroso e um grande sorriso no rosto.
— Seja muito bem-vindo a família Luigi, mesmo nos conhecendo a um
tempo por ser o homem de confiança de Filippo, não muda o fato que agora
você faz parte dessa família — mamma diz docemente fazendo Luigi sorrir.
— Grazie senhora Aandreozzi! — Luigi diz fazendo mamma fazer
careta.
— —Nada de senhora Aandreozzi figlio, sou Arianna e nada mais. Nem
nonna gosta de ser chamada de senhora — diz mamma fazendo nonna ouvir.
— E não gosto mesmo! Luigi é muito bom ver que finalmente parou de
ser um lerdo — nonna diz deixando Luigi sem graça.
— Mamma não faça isso com o homem! E você meu rapaz, sugiro que
saiba de verdade sobre seus sentimentos com relação ao meu filho — diz
babo firmemente apertando a mão de Luigi, me deixando confuso e quando
faço menção a falar algo mamma me olha como se falasse “fique quieto” e é
claro que fico, eu não seria louco de não ficar.
— Pode ficar tranquilo senhor Aandreozzi, tenho total certeza que é
Lucca que quero na minha vida — Luigi diz no mesmo tom, fazendo babo
afirmar.
— Se é assim, bem-vindo a família, cuide do meu mais novo. Ele pode
ser um pouco demais às vezes, pois teve uma ótima professora — babo diz e
faço cara de ofendido.
— Essa indireta bateu e voltou Don! Meu neto é só meu companheiro de
farra, nada demais — diz nonna maliciosa.
— Como assim? — pergunta Luigi fazendo Enzo se aproximar.
— Significa que Lucca adora se meter em encrenca junto com a nossa
adorável nonna — Enzo diz após cumprimentar Luigi.
— Você​ não sabe os prazeres que é ir em um dos meus programas —
diz nonna sonhadora me lançando um sorriso cúmplice.
— Você é muito travado, não sei quem é pior se é Filippo ou Enzo —
falo sem olhar para Luigi, pois sei que ele está me encarando.
— É Luna? Luna não faz essas coisas! — babo diz e nonna começou a
gargalhar.
— É isso mesmo babo, eu não me envolvo nisso aí — grita Luna e
tampa minha boca antes que eu possa falar algo.
— Bem-vindo a nossa adorável família Lui! Vou logo te avisando se
vacilar com meu irmão eu corto suas duas bolas e dou para os cachorros
comerem — diz Luna depois de abraçar Luigi que engole em seco.
— Tão doce e amável essa sorellina, mas saiba que eu mesmo faço isso
— falo em sinal de aviso para Luigi que balança a cabeça negativamente.
— Sabemos usar uma faca! — Luna e eu falamos juntos e depois rimos.
— Viu que eu disse, tudo farinha do mesmo saco — diz Enzo para
Luigi.
— Estou tão feliz por vocês dois! Não via a hora de vocês se acertarem
logo. — Luti se aproximou com as crianças.
— Você é que bem sabe como hein, coniato — falo carregando Pietro
que me pediu colo.
— É vedade que voxês são namolados? — pergunta Pietro e eu afirmo.
— Vai ter que me dá sua soblemesa — diz Pietro para Duda e todos nós
olhamos para ele sem entender.
— Eu e Pê apostamos nossa sobremesa, ele diz que vocês eram
namorados e eu diz que não — diz Duda envergonhada.
— Viu que eu disse Duda! Eu sou um galoto muito lindo e espeto! —
Pietro diz convencido fazendo a irmã sorrir.
— Até demais para o meu gosto — Duda responde cruzando os braços.
Logo Pietro sai do meu colo e vai correr com a Duda.
— Questi figli di puttana! (Esses filhos da puta!) — murmura Filippo
com uma grande carranca.
— O que houve meu filho? — pergunta namma.
— Vazou uma foto de Lucca e Luigi no jantar de ontem, mas não se
preocupem que já consegui acabar com essa merda — meu irmão diz com
raiva e vejo Luigi paralisar.
— Isso é problema para você Luigi? Sei como sua família é, saiba que
nós não nos importamos. Basta você fazer meu filho feliz — diz babo
segurando o ombro de Luigi.
Luigi olha para cada membro da minha família e seus olhos está
mostrando o quando ele estava bem por estar ali entre nós. Depois de respirar
fundo e olhar para mim com um lindo sorriso e ele vira para o meu pai e diz.
— Não, isso para mim não importa, pelo menos não mais. Encontrei
minha família — Luigi diz deixando os membros da família Aandreozzi
felizes.
— Bem-vindo a família Aandreozzi coniato! — diz Filippo sério
abraçando seu marido por trás. — Cuide desse desajustado.
— Não diga uma coisa dessa Ursão de Luti! Eu sou praticante um santo
nessa família — falo com a mais pura malícia.
— Espera aí meu neto, acho melhor você maneirar na mentira — diz
nonna sorrateiramente.
— Isso foi demais, não foi? — pergunto sorrindo e ela afirma.
— Não me faça contar da vez que você, Luna e nonna foi parar em
Amsterdã e ficaram tão loucos que eu precisei ir buscá-los — diz Enzo e
nonna atira o sapato nele.
— Fique quieto Enzo! Você prometeu não contar isso ao seu pai chato
dos infernos — nonna fala e eu olho para Enzo em revolta.
Minha viagem para Amsterdã com nonna e Luna foi a mais incrível de
todas para um jovem que acabou de completar 21 anos, muito estressado com
as provas finais para me formar e uma menina de 18 anos que atinja acabado
de entrar para a universidade em outro país. Lembrar dessa viagem me faz
olhar para Luna que me olhou de volta e vejo que também está revoltada com
a boca grande de Enzo.
— Eu lembro dessa viagem, eu queria muito ir com vocês e não pude
por causa de um probleminha na minha empresa — diz mamma.
— Estou curioso para saber o que aconteceu — babo fala olhando feio
para mim e Luna.
— Incrível que eu também estou muito curioso. Vai contar Miele? —
pergunta Luigi, eu finjo não ouvir aproveitando para abraçá-lo e enterrar meu
nariz no seu pescoço.
— Não aconteceu nada demais, não é verdade Luna? — falo
cinicamente, escondendo o riso no seu pescoço
— Se você diz usar uma droga afirmando que foram enganados pelo
dono da boate e ficarem muito loucos em um país que não conhece é nada
demais. Eu não sei mais o que é nada demais — Enzo fala com um sorriso
mau.
— Eu sugiro que você corra Zuco, pois eu vou te matar — diz Luna
vermelha de raiva.
— Vocês fizeram isso? — pergunta Luti prendendo o riso.
— Olhe para a cara deles e faça essa pergunta novamente — Filippo fala
passando o nariz nos cabelos de Luti.
— Sim eles fizeram! — Afirmou Luti sorrindo.
— Eu juro que não sabia que aquele brownie tinha maconha — diz
nonna irritada fazendo Luigi cair na risada.
— Onde já se viu ter brownie em uma boate? — pergunta Enzo
gargalhando.
— Vaffanculo bastardo (Vai se foder seu bastardo) — diz Luna irritada.
Me distraio da conversa​ de minha família com Luigi quando vejo
Giovanna a “não noiva de Luigi” se aproximar de mim. Ela é realmente uma
moça bonita, tem cara de que é jovem com cabelo castanhos grandes e
profundos olhos verdes. Sua barriga de grávida é bem visível sobre um
vestido amarelo que ela está usando no momento.
— Olá Lucca, fico muito feliz que você e Luigi se acertaram. Não se
preocupe​, pois eu não sinto nenhum sentimento romântico com relação a ele
— diz sem graça e se atrapalhando com as palavras.
— É bom finalmente te conhecer Giovanna — falo e vejo ela ficar
paralisada. — O que foi? Está se sentindo mal? — pergunto preocupado.
— Não, não é isso! Parece que a bebê gosta de você. Ela nunca mexeu,
mas ela acabou de mexer quando você fala — diz Giovanna com lágrimas
nos olhos me deixando espantado.
— Posso? — pergunto apontando para a barriga e ela confirma.
Coloco a mão na sua barriga e sinto alguém se posicionar atrás de mim,
não preciso me virar para saber que é Luigi. Tomo um susto ao sentir um
chute forte no local em que eu estou segurando e isso me faz sorrir.
— Acho que ela sabe quem são as pessoas que vão amá-la
incondicionalmente — Giovanna diz emocionada e eu fico encantado
sentindo o filho do homem que amo mexer.
Depois que o bebê para de mexer olho para Luigi que ten um sorriso
carinhoso no rosto. Fico me perguntando o porquê de Giovanna estar tão
emocionada, o choro dela é de uma mulher que está sofrendo por algum
motivo e isso me atinge de alguma maneira que não faço ideia. Quero Luigi
na minha vida e se ter ele na minha vida quer dizer que terei de aceitar
Giovanna e o bebê farei isso de bom agrado, sinto no meu interior que essa
mulher na minha frente está precisando de ajuda e farei de tudo para que ela
tenha confiança em mim para me contar o que está lhe afligindo tanto.
Percebo um silencio na sala que estava repleta de conversas altas da
minha família muito agitada, olho para trás percebo que todos estão
observando a minha cena com Giovanna. Mamma está emocionada como se
soubesse de algo que eu ainda não estou sabendo, isso me deixa meio que
encucado. Tiro a mão da barriga de Giovanna e solto um pigarro.
— Nossa esse bebê é muito forte. Você já sentiu isso Luigi? — pergunto
a Luigi que nega com a cabeça.
— Não Miele! Você foi o primeiro — fala beijando minha nuca.
— Luigi nunca tocou na minha barriga e ela nunca mexeu — Giovanna
diz enxugando os olhos.
— Você disse ela? Oh Dio! Uma menina? Estou fodido! — falo
exasperado.
— Como assim? — pergunta Giovanna sem entender.
— Giovanna vou ser muito sincero com você, se acostume com isso pois
a sinceramente aqui está acima de muitas coisas. — Fixo meus olhos nos
dela. — Olho nos seus olhos e vejo que você não contou tudo o que se passa,
mas está sendo sincera com relação a minha relação com Luigi — falo e ela
afirma rapidamente. — Quero Luigi na minha vida e você junto com a bebê
faz parte da família agora. Espero não me decepcionar com você, pois não
sou muito doce com quem me machuca.
— Não, reconheço que tenho coisas para contar, mas são coisas
relacionadas a mim e me fazem ter vergonha e receios de contar, mas em
breve espero conseguir — diz chorosa e mamma senta ao seu lado.
— Você vai ficar bem ragazza, vamos cuidar de vocês — sussurra
mamma no ouvido de Giovanna, mas eu possa ouvir.
— Você realmente aceita a bebê? — Giovanna pergunta novamente.
— Você ainda me pergunta? Vou ter que comprar mais cartuchos para
minha arma. Isso é uma emergência, essa menina vai ser muito linda
principalmente se puxar a você — falo meio que dramático sentando no sofá
e puxando Giovanna para sentar também.
— Ter uma filha mulher nunca é fácil — diz babo seriamente olhando
para Luna que lhe dá uma piscadela.
— Isso eu tenho que concordar! — fala Filippo recebendo uma
cotovelada de Luiz.
— Está​ melhor que eu imaginei, aí Luigi a família que você sempre quis
dar a bebê — fala Giovanna e já ia chorar de novo. Isso deve ser os
homônimos, pelo menos é o que dizem sobre as mulheres grávidas chorosas.
— Claro querida, eu já me considero tia dela — diz Luna sorridente.
— Luigi meu coniato, não deixe as mulheres Aandreozzi ficarem
comprando coisas para o bebê, elas as vezes passam dos limites — diz Enzo e
Filippo confirma.
— Minha pobre Ursinha vai me deixar de cabelos brancos usando essas
coisas que essas daí compram para ela — diz Filippo para Luigi que está
rindo da situação.
— Você​ que é um ciumento chato do caralho — diz Luiz Otávio
revirando os olhos.
— Quem é chato aqui Bello? Só estou dizendo a mais pura verdade —
Filippo diz com indignação puxando Luiz para seu colo e lhe dando um beijo
rápido nos lábios.
Luigi e Giovanna olhavam atentamente a discussão da minha família
sobre as coisas da bebê que ainda nem nasceu. E eu não estou mentindo,
cuidarei da bebê sim, um serzinho tão pequeno que não sabe nada do mundo
e precisa de alguém para proteger. Se Luigi permitir adoraria ser uma pessoa
próxima do bebê, sei que nossa relação ainda tem muito o que amadurecer,
mas temos tempo para resolver tudo sobre isso.
— Como vocês vão ficar quando Luigi tiver que voltar para o Brasil? —
pergunta Luna me fazendo sair dos pensamentos.
— Nós ainda não conversamos sobre isso — diz Luigi direcionado seus
olhos para mim.
Droga! Realmente esse assunto não passou pela minha cabeça. Não sei
se fico muito confortável com um relacionamento a longa distância, não sei
de verdade. Sou um homem ciumento e pelo o que pude perceber Luigi não
fica atrás, fora que com Luigi tenho esse desejo de ficar perto, dormi
abraçado, conversar sobre o dia. Sou um homem tátil, gosto de contato e ter
Luigi longe de mim fará com que fique louco de saudades.
— Vocês sempre podem se ver, Luc você tem um jatinho qualquer coisa
você pode ir para o Brasil — Luti diz tentando melhorar o clima que ficou
tenso de uma hora pra outra.
— Isso mesmo meu filho, tudo nessa vida pode tem um jeitinho a dar —
mamma fala com um sorriso sem graça. Ela conhece muito bem os filhos que
têm.
— Cada um de nós vive em lugares diferentes e sempre encontramos um
jeito para estar perto um do outo — Enzo diz como se não fosse nada e eu o
olho incrédulo.
— Você diz isso porque não é com você — falo entre dentes.
— Eu só estou dizendo irmão, cada um tem sua vida em lugar do
mundo. — Me lembrou Enzo me deixando mais irritado ainda. Enzo não
entende, espero eu ele um dia entenda.
— Realmente eu não posso deixar a empresa do Brasil na mão, tenho
uma agenda a ser seguida e essas coisas somente eu posso fazer — diz Luigi
em um tom sério.
— —uito menos eu abandonarei minha empresa na mão de Campbell
novamente — falo com raiva ao lembrar do fodido do Campbell.
— Teremos que ver como ficará nosso relacionamento — Luigi diz me
fazendo olhar para ele. Não ele não pode... Não!
— Olha só, eu vou sair daqui pois eu não quero discussão — falo me
levantando do sofá.
— Lucca você não pode sair assim. Podemos conversar sobre isso — diz
Luigi me encarando sem acreditar.
— Sugiro que você não tente me impedir de nada nem agora e nem
nunca — falo sério virando as contas e saindo.
— Deixe-o ir, em breve você irá conhecer um pouco mais de Lucca. —
Ouço Filippo falar, naturalmente impedindo Luigi de vir atrás de mim.
Pego meu celular e mando Christian subir para a academia. Chego na
minha academia e fecho a porta, não entendo o porquê dessa minha irritação
toda, para falar a verdade eu sei sim. O que está me irritando é a possibilidade
de não ter pensado na hipótese que Luigi terá que voltar para sua vida no
Brasil, na minha cabeça romantizada assim que ficássemos juntos tudo se
resolveria sem nenhum problema e não é bem assim que as coisas acontecem.
Só que Luigi longe de mim é um problema, e um problema dos grandes.
Antes que pudesse tirar minha roupa para bater minha raiva para fora de mim
Christian aparece com uma cara nada amigável.
— O que houve Christian? — pergunto seriamente.
— Tentei resolver esse problema para o senhor, mas está um pouco
impossível — Christian diz visivelmente incomodado por não conseguir
controlar a situação.
— O que temos? — pergunto cerrando os punhos.
— Aquele rapaz o Dylan, ele está lá fora querendo entrar no prédio de
qualquer jeito — fala e a raiva que estava sentindo triplicou.
— Vamos lá! — diz passando na frente e saindo da academia.
Descemos o elevador e chegando na entrada do hall, de cara vejo dois
dos meus seguranças impedindo a passagem de Dylan que grita algo que eu
não consigo entender. Me aproximo em passos rápidos e quando os
seguranças veem minha aproximação dão passagem.
— O que faz aqui Dylan? — pergunto em uma máscara fria.
— Quero que você me dê explicações! Como você pôde fazer uma coisa
dessas depois do que eu passei ao me apaixonar por você — Dylan diz com
ódio, diferente do Dylan leve e descontraído que conheci a semanas atrás.
— Não que eu me importe com o que você quer, mas realmente não
estou entendendo o que você está falando — falo cruzando os braços o
encarando atentamente.
— Essa merda aqui é o que eu estou querendo saber! — grita
espumando de ódio, me mostrando na tela do celular a foto minha e de Luigi
nos beijando na festa de ontem. — Eu deixei o meu trabalho de lado e ao
invés de te matar eu me apaixonei por você. Eu merecia mais de você Lucca
— diz me deixando confuso.
— O que você quer dizer com me matar? — Fico confuso e logo
arregalo os olhos encurtando minha distância de Dylan. Aproveitei sua
distribuição e o imobilizei. — Você é um fodido assassino de aluguel? Espera
que eu acredite nisso seu fodido de merda.
— Acredite no que você quiser Aandreozzi! Você é um homem odiado
aqui pelo mais alto escalão — diz sorrindo.
— O que você está falando? Ainda não tenho bola de cristal e eu bem
sei que sou odiado, a inveja das pessoas não me surpreende mais — falo com
deboche pressionando seu rosto na parede. — Quem te contratou pedaço de
merda? — pergunto com ódio.
— Se você é tão inteligente do jeito que é sabe que não te direi nada —
diz Dylan com cinismo.
— Eu vou acabar com sua vida, antes mesmo que você pense em fazer
algo contra mim. Mais antes vou adorar brincar de qual parte do seu fodido
corpo sangra mais. Me diga Dylan! Quem te contratou? — pergunto com
raiva batendo sua cabeça na parede com força.
— Ah baby! Tente seu melhor, vou adorar brincar com você — falo
sedutoramente me causando nojo.
— Que porra está acontecendo aqui? — Ouço a voz imponente de meu
pai perguntar, mas eu estou ocupado no momento para poder lhe responder.
Viro meu rosto rapidamente e lá estava babo, Filippo, Enzo, Luti e Luigi
me encarando sem entender nada do que está acontecendo. Se eu não
estivesse tão revoltado poderia estar rindo da cara confusa de Luigi, ele está
analisando meu corpo dos pés cabeça verificando se eu estou bem. Acho que
devo ter afrouxado no meu aperto, pois Dylan consegue se soltar com uma
facilidade profissional apontando uma arma prata na minha direção. De onde
saiu isso?
— Lucca! — Luigi grita, mas eu não posso desviar meu olhar. Ouço
vários cliques de armas destravando dos seguranças.
— Então esse aí é o carinha da foto, baby? — diz sem desviar os olhos
de mim. — Olha amigo, Lucca sabe muito bem como descartar uma pessoa.
Espero que ele faça isso com você quando se cansar.
— Isso não vai acontecer Dylan, pode ficar despreocupado — falo
sorrindo o deixando mais irritado.
— Você brinca Lucca, como brincou com os sentimentos que tenho por
você, mas isso não vai ficar assim — diz Dylan andando para trás. — Se não
for eu, outros vão aparecer.
— Que venham! Eu vou estar aqui a esperar, não sou um homem que se
deve brincar Dylan — falo escorrendo ódio na minha voz.
— Eu sei, por isso que te amo. Você vai ser meu baby — diz docemente
e vira para Luigi. — E você? Vai sumir! — fala fazer um barulho de explosão
com a boca
Um carro todo preto apareceu abrindo a porta fazendo Dylan entrar
praticamente se jogando na parte traseira do veículo. Como se fosse em
câmera lenta fico parado observando Dylan me encarar com ódio e o carro
sair a toda velocidade.
— Christian quero que encontre esse bastardo filho da puta. Faça o que
for preciso, mas eu preciso dele vivo para termos mais informações — falo
sem olhar para ninguém. — Espero que tenham conseguido pegar a porra da
placa para rastrear aquela porcaria.
— Pode deixar senhor! — diz em um tom profissional me fazendo
assenti.
— Lucca você está bem? — Luigi diz me puxando de encontro ao seu
corpo.
— Sim, eu estou bem! Querendo muito matar alguém, mas estou bem —
falo aceitando seu abraço apertado.
— Vamos subir, por que ficar aqui não dá. Lucca acho que você precisa
nos contar o que houve aqui — diz Filippo e eu assenti.
Subimos novamente para a minha cobertura e antes que minha família
possa querer alguma informação, vou direto para as escadas na intenção de
chegar até meu quarto. Sei que Luigi está vindo atrás de mim e é isso mesmo
que eu quero. Chegando no meu quarto espero Luigi entrar e o puxo para um
beijo, pelo susto Luigi fica parado sem reação, mas logo me beija com a
ferocidade que eu preciso no momento. Nossas línguas duelavam em uma
dança ritmada, o sabor dos lábios doces, quentes e macios de Luigi me
acalma de um jeito assustador. Paramos o beijo e eu abraço Luigi forte
enterrando meu rosto no seu pescoço cheiroso.
— Me desculpe por agir daquele jeito mais cedo. Foi infantil eu sei, mas
me irritou ter esquecido que você ia embora — falo levantando o rosto para
encará-lo.
— Vamos saber lidar isso, fique tranquilo que tudo vai se resolver —
Luigi diz dando um aperto na minha nuca. — Senti o inferno fora de mim
quando vi aquela maldita coisa apontada para você. Você está bem de
verdade? — pergunta e eu assenti.

— Sim, estou bem! Vai precisar de mais que isso para me abalar — falo
sorrindo de lado
— O modo que eu falei com você foi infeliz, me desculpe também por
isso Miele — fala visivelmente arrependido.
— Mal começamos a nos relacionar e já estamos brigando — falo
grudando nossas bocas novamente.
— Achei que só Filippo fosse esquentado, mas vejo que você também é.
Isso é de família com certeza — fala entre beijos.
— Dizem que o melhor da briga é a reconciliação — falo aprofundando
o beijo.
— Sim, mas estou muito puto e curioso para saber que merda foi aquela
que presenciei lá embaixo — Luigi diz com raiva na sua voz bonita.
— Será melhor descemos e lá conto tudo de uma vez. O que você já
deve saber é que os problemas sempre chegam a nossa família e é impossível
evitar — falo verdadeiramente.
— Já imaginava isso, mas no casamento de Filippo tive a confirmação.
— Então é isso aí, se quiser ficar comigo vai ter que enfrentar essas
coisas.
— Miele, você sabe que minha vida não é um mar de rosas e ainda
venho cheio de bagagem. Mesmo assim você me aceitou.
— Então é isso, estamos namorando? — pergunto com um sorriso de
lado.
— Esse seu sorriso é sexy! Acho que já tinha deixado explícito que
somos namorados. — ele responde calmamente.
Depois de mais uns beijos e amassos vou ao banheiro lavar meu rosto,
despois disso desço até o meu escritório, chegando lá todos que presenciaram
a minha cena com Dylan já estavam me aguardando. Sento na minha cadeira
e respiro fundo antes de começar a falar.
— O que está havendo Lucca? — pergunta Filippo impassível.
— Eu iria para a academia esfria a cabeça e chamei Christian, o que eu
não sabia era que Dylan já estava lá embaixo querendo entrar para conversar
comigo — falo tudo de uma vez.
— Quem no inferno é Dylan e o que ele quer com você? — Enzo
pergunta com raiva.
— Dylan era um carinha que eu dormia de vez em quando e queria um
relacionamento comigo. Sabe como é né, para aliviar a coceira — falo sem
importância e vejo babo, Filippo e Luti balançar a cabeça negativamente,
Enzo afirmar seriamente e Luigi semicerrar os olhos para mim.
— Que inferno ele quer contigo agora? Por algum acaso você diz a ele
que agora é comprometido? — Luigi pergunta entre dentes.
— Nem precisei dizer, ele foi logo mostrando a foto do nosso beijo de
ontem. O caso não é isso e sim as coisas que ele fala. Dylan praticamente diz
que foi contratado para me matar, mas parece que não completou a tarefa
porque se apaixonou por mim. — Fico pensativo assim paro de falar.
— Mais que foda! — Luti diz abismado.
— Você investigou a vida desse sujeito? — babo pergunta.
— Claro que fiz babo, mas não encontrei nada como “assassino de
aluguel” na sua ficha — falo nervoso, pois realmente mandei Chris
investigar.
— Realmente esses putos escondem as coisas muito bem — diz Filippo
com raiva.
— Você está pensando em fazer o que agora coniato? — Luti pergunta
me encarando sério.
— Nada, vou esperar que eles venham até mim. Dylan deu a entender
que outros virão e eu vou esperar. Adoro essas coisas! — falo dando um
sorriso mal fazendo meu cunhado que antes era tímido fazer o mesmo.
— Deixa ver se eu entendi, você tinha um caso com um carinha que
queria te matar, ele diz que outros virão e você me diz que não vai fazer nada.
Você por algum acaso está ficando louco? — Luigi pergunta incrédulo.
— Não! Essas pessoas são espertas, mas o que eles não sabem é que nós
somos mais espertos ainda, me apavorar não vai resolver nada — falo
tranquilamente para acalmar Luigi que está ficando muito nervoso.
Luigi fica me olhando tentando entender o que eu estou querendo dizer,
não posso culpá-lo ele ainda é novo nesses tipos de problemas. Nossa
conversa é interrompida pela entrada de mamma e Luna querendo saber o que
está acontecendo, contamos a elas tudo sem esconder nenhum detalhe. E
como já era de se esperar mamma fica muito preocupada com a minha
segurança, dizendo o quanto é perigoso toda essa história. Luna diz que quer
ficar mais um pouco para não me deixar sozinho, mas tiro essa ideia da sua
cabeça, pois ela tem que voltar para a Espanha e continuar seus estudos.
Depois de acalmar essas mulheres Aandreozzi, vamos todos almoçar.
— Temos que pensar logo nesse casamento de Luigi e Lucca viu
Arianna? — diz nonna fazendo Luigi se engasgar com o vinho que está
tomando.
— Dalla misericordia nonna! (Pela misericórdia vovó!) — gritou Enzo
abismado. — O homem mal saiu de um casamento a senhora já quer o
colocar em outro.
— Até parece que você não conhece essas mulheres Aandreozzi, se
dependesse deles eu já estava casado com Filippo na segunda semana que
elas me conheceram — diz Luti sorrindo.
— Seria a melhor coisa e não teria àquele maledetto para atrapalhar —
diz meu irmão segurando a mão de Luiz com carinho e depositando um beijo
amoroso.
— Vocês dois juntos são a coisa mais linda do mundo — diz Giovanna
caindo no choro. — Desculpe, eu sou uma romântica incurável.
— Não se preocupe querida, pode até não parecer, mas todo nós somos
muito românticos — diz mamma carinhosamente.
— Eu mesmo não, sou realista e só — murmura Enzo em desgosto.
— Ainda estarei viva para ver o bichinho do amor morder sua bunda —
diz nonna em uma ameaça velada para Enzo que faz sinal da cruz.
Não sei dos sentimentos de Luigi com relação a mim, mas posso afirmar
que o amo. Passei meses fantasiando esse homem na minha vida, tentando o
máximo não avançar o sinal, sabendo me controlar para não ir ao Brasil e
roubá-lo para mim. E agora o tenho na minha vida e não o deixarei escapar,
nem a distância, Dylan e suas ameaças loucas, a família sem amor de Luigi,
que estou louco para conhecer. Nada vai me impedir de termos uma vida
juntos.

Continuo em silêncio olhando para o perfil de Luigi que está rindo de


algo que minha nonna lhe diz. Como ele é lindo! Eu o amo, mas será que ele
pode me amar do jeito que eu o amo?
Minha hora de voltar para o Brasil chegou, não imaginei que fazer isso
depois de ter ficado com Lucca fosse ser tão difícil. Depois do almoço com a
família Aandreozzi, aproveito para ficar mais um tempo com Lucca e nos
conhecermos um pouco mais. Chamo ele para ir comigo no hotel que eu e
Giovanna estamos hospedados para pegar nossa bagagem já que hoje no final
da tarde estamos embarcando no jatinho. Ficamos conversando um pouco
mais sobre nós e posso perceber o quanto Lucca é um ser leve e descontraído,
estar perto dele faz como que me pegue com um sorriso involuntário no
rosto.
Além de muito lindo, Lucca é uma pessoa iluminada e eu não tinha
dimensão de como é agradável estar perto dele. Ele é sério na medida certa,
provocador, adora tirar os irmãos do sério, amável, ou seja, ele é um pacote
completo. Estou morrendo por dentro de ter que ir embora e deixá-lo sozinho
aqui com essa ameaça contra sua vida, isso está me deixando uma pilha.
Quando vi aquele desgraçado apontando uma arma para Lucca foi uma
coisa horrível, o olhar daquele tal Dylan só refletia o ódio e ressentimento
que estava sentindo ao saber do relacionamento de Lucca comigo. Em toda a
minha vida nunca sentir o medo por outra pessoa como sentir ao ver aquela
cena, minha vontade de correr com Lucca de toda essa merda e trancá-lo em
algum lugar escondido do perigo foi muito grande. Sei que os Aandreozzi
estão acostumados a essa vida perigosa, mas não quero meu Lucca correndo
perigo. Isso que estou sentindo é muito, muito louco.
Agora estou esperando-o se despedir da sua família. Uma família
diferente, mas é uma família muito digna e cheia de amor.
— Luna você precisa voltar para a Espanha, nem comece com isso de
novo — diz Lucca abraçando a irmã.
— Você vai precisar de minha ajuda Luc, fora que eu vou ficar
preocupada contigo — ela fala fazendo bico.
— Eu vou ficar com ele, não a nada que nonna não faça para ajudar —
diz nonna Francesca.
— Essa é uma das minhas preocupações. O que a senhora vai fazer aqui
mamma? — Donatello pergunta cautelosamente.
— Não é da sua conta, mas vou ficar um tempo com Lucca — ela
responde apontando o dedo indicador para ele.
— Va bene, é só vocês tomarem cuidado com tudo isso aí — diz
Donatello levantando as mãos em sinal ​de rendição.
— Você está falando com sua mãe, a mulher mais cuidadosa que existe
— ela responde sem muita importância.
— Não sei onde a senhora tirou essa cautela toda, mas se a senhora está
dizendo — diz Enzo recebendo um soco na costela. — Caspita nonna!
— Feche essa sua boca grande garoto! — nonna fala irritada.
— Eu prometo que ficarei bem e cuidaria de nonna também. Façam uma
ótima viagem e amo vocês — diz Lucca beijando o rosto carinhosamente da
mãe e a irmã, Enzo lhe dá um abraço forte e seu pai um beijo na testa, logo
após bagunça seus cabelos.
— Também amamos você figlio, qualquer sinal de perigo me avise —
Donatello diz seriamente fazendo Lucca rir.
— O senhor sabe que sou o filho mais foda que tem, não é verdade? —
fala Lucca fazendo Donatello dar um sorriso sem dentes e os irmãos revirar
os olhos.
— E você Luigi como eu já diz antes bem-vindo a família — diz
apertando minha mão e logo se aproxima para falar no meu ouvido. — Lucca
é um dos meus caçulas, se você o machucar quebrarei suas duas pernas. Ele é
forte, mas ainda é o meu garotinho.
— Não farei nada que possa machucar seu filho, senhor — tento falar o
mais firme possível e meu sogro assente.
Depois que Donatello sai de perto de mim posso respirar aliviado.
Senhora Aandreozzi e Luna vem ao meu encontro se despedir também, e logo
entraram no jatinho. Enzo também afirma que a ameaça de seu pai é verídica
e aperta minha mão, entrando no jatinho logo em seguida. A maneira que
Donatello fala foi com muito fervor e jamais duvidaria que ele não cumprisse
o que foi dito. Isso só mostra o quanto eles são protetores uns com os outros,
não importando a idade que cada um tenha.
— Ei carino (querido), o que foi que babo lhe diz para você ficar branco
como uma vela? — pergunta Lucca me abraça pela cintura.
— Nada demais Miele (Meu bem), coisa de pais preocupados —
respondo aceitando seu abraço.
— Ele te ameaçou não foi? — pergunta e não falo nada só lhe dou um
beijo.
— Sem preocupação Miele, está tudo bem. Sentirá minha falta? —
pergunto em forma de sussurro.
— Isso é pergunta que se faça, claro que vou sentir carino. Não quero
que você vá! — Lucca diz me abraçando forte.
— Você sabe que tenho que ir — falo fazendo ele me encarar.
— Tudo bem, se não tem jeito — diz suspirando alto.
— Tenho que ter medo com você e sua nonna aqui em Chicago? —
pergunto fazendo graça e ouço um bufo de riso atrás de mim.
Vejo Filippo, Luiz Otávio, as crianças e Giovanna se aproximando de
nós dois. Nós ficamos de ir logo após a partida do primeiro jatinho. Eles
estão se despedindo de nonna antes de virem falar com Lucca.
— Isso é com certeza para você ter​ medo. Lucca e nonna juntos é um
perigo constante. — Filippo diz com a expressão séria.
— Que calúnia! Está vendo isso Bello? Podemos ficar juntos se você
quiser é só largar esse Ursão mal-humorado — Lucca diz docemente fazendo
Filippo apertar os punhos com força.
— Meu cunhado, você sabe muito bem como o é seu irmão, mesmo
assim gosta de provocar — diz Luti abraçando meu namorado.
— Ele quer realmente ficar com um olho roxo — diz Filippo com raiva.
— Você não fará uma coisa dessas com o meu namorado Filippo — falo
irritado puxando Lucca ao meu encontro.
— Pronto, agora foi que deu! Os dois ciumentos, isso não vai prestar —
Luiz diz balançando a cabeça negativamente.
— Não preciso de proteção carino, mas ver você desse jeito irritado é
excitante — Lucca diz no meu ouvido arrepiando os pelos da minha nuca.
— Não​ faça uma coisa dessas Miele — falo lhe dando um selinho e o
vendo sorrir.
— Tio Lu! — gritam as crianças fazendo Lucca sair dos meus braços.
— Vou sentir saudades de vocês, mas quando menos esperar o zio vai
estar lá — diz ele abraçando as crianças que assentem e foram ver Rita.
— Foi muito bom te conhecer Lucca, espero nos ver em breve — diz
Giovanna abraçando meu namorado.
— Foi muito bom te conhecer também Gio e ver que você não é
nenhuma cadela do mal — diz pensativo fazendo Giovanna rir abertamente.
— Não eu não sou, gosto de verdade de ver vocês dois juntos. E fora
que nunca me interessei nesse aí — ela diz verdadeiramente apontando para
mim.
— Cuida bem dessa garotinha e se cuide também. Sempre que quiser
conversar pode me ligar — Lucca diz pegando na barriga da Gio.
— Cuidarei muito bem da bebê de vocês — murmura com um sorriso
pequeno.
— O que diz? — pergunta Lucca confuso.
— Vamos indo, já deu o horário — diz Filippo nos chamando.
Lucca e Giovanna dão um último abraço e ela segue para entrar no
jatinho com a ajuda de um dos seguranças​. Filippo dá um abraço no irmão,
afirmando que qualquer coisa que aconteça ele vem correndo, Luti fala
alguma coisa no ouvido de Lucca o fazendo rir e olhar para mim. Logo após
os dois estão caminhando em direção ao jatinho. Olho para Lucca e juro que
não sei o que fazer, então ele se aproxima e juntou nossas testas.
— Se cuida lá no Brasil está bem. Assim que puder eu vou lá para
matarmos a saudade — diz e me abraça.
— Vou te esperar Miele, pode ter certeza que vou estar lá — falo
sorrindo.
Iniciamos um beijo calmo saboreando o gosto um do outro, meu coração
parece que está saindo da porra do meu peito. Sabe aquela sensação de que
você não deve se afastar? Então, é essa sensação que sinto nesse momento.
Terminamos nosso beijo, Lucca me olha como se quisesse dizer alguma
coisa, mas respira fundo.
— Luigi eu… — A fala dele é interrompida pelo chamado de Filippo.
— Andiamo Pierre! — grita Filippo.
— O que você iria me falar Miele? — pergunto curioso.
— Nada carino, faça uma boa viagem — diz me fazendo assentir.
Entro no maldito jatinho, vendo Luiz Otávio falar alguma coisa para
Filippo e posso dizer que o marido do meu amigo não está muito feliz com
algo. Dou de ombros e me sento na poltrona ao lado de Giovanna. Ao olhar
pela janelinha vejo Lucca de pé com os braços cruzados com um olhar
perdido, quando percebe que estou olhando acena sorrindo, me levando a
fazer o mesmo. Merda! Estou agindo como um adolescente sem noção.
— Ele gosta demais de você Luigi — diz Giovanna.
— Eu sei e eu gosto muito dele também, nunca imaginei uma coisa
dessas. — Solto sem perceber.
— Isso é muito bom, fora que a bebê não aguenta ouvir a voz dele que
mexe. Acho que ela vai sentir sua falta também, andei pesquisando — diz me
fazendo ficar confuso.
— Ela realmente nunca tinha mexido? — pergunto com curiosidade.
— Juro por minha vida que não, ela sempre foi quietinha pelo menos até
agora — fala pegando minha mão e colocando na barriga.
— Não acho que… — Paro de falar ao sentir um movimento leve. —
Nossa, isso é incrível! — falo encantado.
— Sabe o que eu estava aqui pensando? — ela pergunta.
— Não faço ideia — respondo tirando minha mão de sua barriga.
— Quando nossos pais descobrirem que não vamos nos casar — diz
estremecendo involuntariamente.
— Pouco me importa o que eles acham ou deixam de achar — falo
rudemente vendo ela assentir.
— Você não sabe as coisas que aconteceram Luigi — diz já querendo
chorar, mas eu impeço.
— Quando você quiser me contar estarei aqui para ouvi-la, mas não se
preocupe com mais ninguém além de você e o bebê — falo sério fazendo
Giovanna respirar fundo.
Serei um hipócrita se não dizer que estou muito curioso para saber o que
Giovanna não me contou ainda, mas irei esperar até quando ela quiser, no
entanto continuarei cuidado dela e da bebê, elas são minha responsabilidade.
Paro de pensar nas coisas que envolvem Giovanna assim que percebo as
portas do jatinho se fechando, olho para fora novamente e Lucca se encontra
no mesmo lugar. Dou um último aceno para ele e sinto um aperto no peito,
pois estou deixando longe de mim a única pessoa que demonstrou gostar de
estar comigo verdadeiramente.
Sentimentalmente falando nunca cheguei a sentir nenhuma emoção tão
forte. Meus pais são pessoas frias e interesseiras que não sabem o significado
das palavras amor e carinho, mas isso não fez com que me tornasse um
homem ruim, pelo contrário sempre procurei ser diferente daquelas pessoas e
são essas coisas que quero passar para minha filha e se possível com a ajuda
de Lucca. Quero ensinar a essa bebezinha que existem coisas mais
importantes nessa vida, pretendo fazer por ela o que nunca tive dos meus
pais.
Enquanto o jatinho vai ganhando velocidade para alcançar voo, respiro
fundo e fecho meus olhos rezando para que nada aconteça a Lucca e que
aquela ameaça seja uma besteira de um homem que não gostou de ser
chutado. Com esse pensamento e a imagem sorridente de Lucca Aandreozzi
eu pego no sono.
Acordo com Giovanna me chamando, pois já chegamos ao Brasil.
Descemos do jatinho e nos despedimos de Filippo e sua família, como hoje
não iremos mais a empresa vou para casa com Giovanna. Chegado em casa
subo direto para o meu quarto para tomar um banho e dormir mais um pouco,
meu corpo está cansado de toda essa viagem.
Lembrei que não vi o meu celular desde o momento que fiquei com
Lucca, a primeira coisa que vejo é que nele há várias ligações e mensagens de
pessoas aleatórias, mas as principais são de minha mãe que faço questão de
passar sem nem ao menos abrir, pois já posso imaginar qual o conteúdo das
mensagens. Mais uma em si me faz abrir um sorriso ridículo na cara, Lucca
me mandou uma foto fazendo bico e cara de choro, não aguento e caio na
risada. Na foto tem a seguinte mensagem:
Olha só como você me deixou Luigi. Sabe o que é isso? Saudade!
Me ligue Carino!
Depois de rir com sua foto escrota, não perco tempo e ligo para ele
imediatamente.
— Como foi a viagem Carino? — pergunta Lucca assim que atende à
ligação.
— Foi tudo muito tranquilo Miele. Como estão as coisas por aí? —
pergunto começando a tirar minha roupa.
— Bem, nonna resolveu inventar de fazer ioga, mas ficou com a coluna
travada — Lucca diz e ouço um “vá se foder” gritado por nonna.
— Diga a ela que se tivesse aí faria uma massagem nela — falo rindo.
— Ela acabou de ouvir e diz que… Não nonna, eu não vou falar isso
para o meu namorado — diz Lucca seriamente.
— Agora estou curioso — falo tirando o celular do ouvido para tirar a
camisa.
— O que você está a fazendo? — pergunta com interesse.
— Ficando nu para tomar um belo banho, seria muito bom tomar esse
banho com você, mas estamos a continentes de distância — falo em um tom
de pura provocação e ouço um gemido escapar de Lucca.
— Isso não se faz, pode ter certeza que só de imaginar você molhado me
deixou de pau duro — fala em um tom sofrido.
— Vamos parar de provocação, já que isso seria muita sacanagem com
nós dois — falo caminhando até o banheiro.
— Muita verdade, não posso ficar de pau duro na frente de meus
seguranças — Lucca diz me fazendo entrar em alerta.
— Por que está cheio de segurança? Alguma outra ameaça? — pergunto
preocupado.
— Não Carino, o caso é que vou para um jantar com Lian e não posso
vacilar com a segurança — fala distraidamente.
— Espera aí! Esse Lian é aquele oriental sem noção que o queria para
ele? — pergunto com raiva e ouço Lucca bufar do outro lado.
— Lian Sakomoto é um empresário que fechará contrato com minha
empresa. Não me interessa nele nada além de negócios, eu sei quem eu
quero, e Lian é de longe essa pessoa — Lucca diz em um tom muito sério me
fazendo revirar os olhos.
— Não gosto dele! Se estivesse aí iria contigo nesse jantar infeliz —
falo entre dentes.
— São tantas que não gosto, mesmo assim tenho que aceitar. Como no
fato de ter começado a ter um relacionamento contigo a pouco tempo e você
está longe de mim nesse momento — diz e eu respiro fundo.
— Eu sei como se sente Miele, sinto sua falta da mesma maneira — falo
encostando na parede.
— Quem sabe não vou ao Brasil esse final de semana? — pergunta e eu
estranho.
— Você está me perguntando mesmo isso Lucca? Se não houver
problema para você é claro que quero meu namorado aqui — digo
firmemente.
— Era isso que eu queria ouvir Carino, homem decidido da porra —
fala Lucca rindo e me levando junto.
— Se cuide e não faça nenhuma das suas loucuras que Enzo me fala que
você faz — falo e ouço do outro lado da linha um arquejo ofendido.
— Enzo está muito bocudo, tenho que dar uma lição nesse infelice —
diz baixo, mas consigo ouvir. — Serei um anjo Lui, pode apostar. — Afirma
e eu balancei a cabeça negativamente.
Nos despedimos e quando termino a ligação um sorriso pequeno está
ostentando meu rosto. Quando diz me sentia diferente com Lucca eu não
estava mentindo, durante a nossa primeira noite em que acordei no meio da
madrugada fiquei pensando em como eu gostei do modo livre e sem
preocupação que a presença de Lucca causava em mim. E não tive dúvidas de
que era isso que queria, aceitaria o que tiver que vir.
Tomo meu banho, assim que termino coloquei uma cueca, pego meu
cigarro, abro as cortinas e a grande janela que tem no meu quarto. Enquanto
puxo a fumaça do meu cigarro vou pensando quanto o Aandreozzi mais novo
me faz falta.
Estou pronto para ir a empresa, passei uma das piores noites de minha
vida, tudo isso por estar sentindo tudo muito estranho e vazio. Sempre que
tem uma reunião familiar, mesmo que por poucos dias, me sinto
estranhamente solitário quando eles vão embora, mas agora é diferente, pois
não é só da minha família que sinto falta. Só faz dois dias que não sinto o
gosto dos beijos, o cheiro do seu perfume, o calor do seu corpo e confesso
que estou a ponto de ficar louco. Tenho que me controlar, controlar o
máximo para não largar as minhas obrigações aqui e viajar para o Brasil.
Fiquei parecendo um menino quando arranja a primeira namoradinha na
escola quando Luigi me ligou assim que chegou de viagem. Sua voz irritada
de preocupação e ciúmes da minha companhia de hoje foi a melhor coisa que
poderia ouvir, isso me faz ter um sorriso de merda o dia todo. Só que os
negócios são negócios e mesmo sabendo que Lian demonstrou seu interesse
em mim, não posso deixar de fechar esse contrato de milhões com sua
empresa. E justamente hoje é o meu jantar com Sakomoto, não vejo a hora de
fechar negócio com esse Chinês.
Saio do meu quarto na intenção de ver nonna antes de sair. A primeira
coisa que ouço são os risos muito conhecido e amado por mim, senhora
Adams voltou para minha felicidade. Deixo minha pasta na mesinha e vou
direto para a cozinha e lá está ela rindo de algo que minha nonna acabou de
falar.
Vestida com sua roupa de trabalho que é um vestido azul marinho que
vai abaixo do joelho, seus cabelos brancos muito bem presos em um penteado
elegante, seus sapatos pretos e confortáveis. Margô Adams sempre está com
um sorriso no rosto e seus olhos azuis brilhantes de felicidade, ela é tão doce
que faz qualquer​ pessoa se encantar.
— Menino Lucca, que bom que acordou — diz docemente e não
aguento e vou em sua direção lhe dando um abraço apertado.
— Você voltou para mim, Maguinha! — falo e ouço um bufar de nonna.
— Fico feliz em voltar também, mas sinto que Francesca ficou com
ciúmes do neto — fala e em seguida dá uma risadinha.
— Eu com ciúmes? Sou mais que isso Margô! — nonna diz irritada.
— Buongiorno nonna do meu coração! Vem cá dar um abraço no seu
neto gostoso — falo soltando Senhora Adams e indo abraçar minha nonna.
— Não quero saber, volte para sua Margô — nonna diz cruzando os
braços.
— Muito ciumenta Francesa, saiba que não tomarei o seu lugar — diz
senhora Adams sorridente.
— É bom que saiba diz Margô! — nonna diz lançando um olhar mal
para a pobre mulher.
— Aprenda a dividir nonna, você é tão amiga de Maguinha — falo
sorridente vendo nonna cerrar os olhos na minha direção.
— Se é assim vamos fazer você aprender a dividir Luigi Pierri, tenho
certeza que muitos vão querer um pedaço daquele homem — nonna diz e
uma careta involuntária surgiu no meu rosto só de pensar na possibilidade.
— Não! Nem o inferno congelando isso vai acontecer — falo sério
— Quem é Luigi Pierri? — senhora Adams pergunta confusa.
— Luigi é o meu namorado, está vendo Maguinha, estou namorando —
falo contente fazendo Margô arregalar os olhos.
— Isso é sério? Até que enfim tomou um juízo — Margô diz me
fazendo ficar indignado.
— Vou te contar todas as fofocas do que está acontecendo por aqui.
Você está muito desinformada colega — nonna diz me fazendo rir.
— Você duas fiquem aí tricotando que eu tenho que ir a empresa — falo
dando um beijo em nonna e indo dar um em Margô.
— Não vai tomar café da manhã menino? — pergunta Margô e eu nego.
— Não, vou comer alguma coisa por lá mesmo — falo vendo a cara feia
de nonna.
— Nada disso, pode sentar e comer alguma coisa. Se você passar mal te
dou uma bifas moleque — diz nonna irritada e eu quase reviro os olhos, mas
ao olhar para minha avó penso melhor nessa possibilidade.
— Tudo bem, mas só um pouco. A senhora me assusta às vezes — falo
sentando e ouço o risinho de senhora Adams. Traidora!
Como um pouco enquanto ouço nonna contar a senhora Adams as coisas
que aconteceram sobre o jantar, principalmente o beijo que Luigi me deu em
público. Cada coisa que nonna falava deixava Margô mais espantada, mas no
final sei que ela está feliz por mim. Assim que termino de beliscar o meu café
da manhã saio às pressas e encontro com Christian​ na porta do elevador como
sempre faz.
— Como está lidando com a nonna Francesa aqui? — pergunta com um
sorriso de canto.
— Você sabe, nonna é a melhor pessoa para estar perto, mas pode ser
bastante persuasiva — falo me referindo ao café.
— E como eu sei, acredita que ela já ligou para o Sergei avisando que
quer sair, mas não o quer por perto? — pergunta me fazendo rir.
— Isso é bem a cara de minha nonna. Espero que ele não acate essa
ordem — falo em sinal de aviso.
— Ele já está acostumado com sua nonna — afirma Chris com um
sorriso sem mostrar os dentes.
— Já viu com Elijah os seguranças para Luigi e Giovanna? — pergunto
e Chris afirmou.
— Elijah já está trabalhando nisso, a segurança feminina para Giovanna
já foi contratada.
— Isso é bom, basta agora Luigi não ficar muito puto — falo sorrindo.
E eu realmente espero que Luigi não se irrite, não pude conversar sobre
a importância da segurança com ele ainda e isso é o que mais me preocupa.
Não quero que pense que estou querendo controlar sua vida ou qualquer outra
coisa que seja, mas como já sofri ameaças e muitos viram que ele é uma
pessoa muito importante para mim, prefiro evitar que cheguem até ele para
me fazer sucumbir a alguma coisa. Isso me mataria com toda certeza, não
posso suportar que alguém que gosto e amo se machuque por minha causa.
Preferi uma segurança feminina para Giovanna, pois ela está grávida e
mulheres grávidas vão muito ao banheiro, palavras de mamma​, como prefiro
evitar que algo aconteça com ela e a bebê decido que uma figura feminina é
mais adequada para ir em certos lugares com ela.
Estou a fim de ir dirigindo para a empresa, por isso peguei meu Lexus
Lfa, esse carro com seu painel incrível e todo em couro e camurça me
encantou na primeira vez que bati meus olhos, sendo assim não resisti e
comprei. Enzo me invejou e comprou um igual, fazer o que, nós Aandreozzi
amamos carros! Chego na empresa dou bom dia para Katherine e vou direto
para o elevador, chegando no andar da presidência a primeira coisa que
percebo é a falta de Laila na sua mesa, passo direto e vou ver se ela está na
minha sala, mas nenhum sinal de Laila. Onde será que ela se meteu?
Sento na minha mesa, ligo o notebook e começo a trabalhar. Pouco
tempo depois ouço batidas na porta e mando quem quer que seja entrar,
quando a porta é aberta uma Laila muito nervosa entra.
— Desculpe o atraso Senhor, meu filho Justin não passou muito bem a
noite e hoje de manhã quando fui arrumá-lo para levar para a escolinha vi que
ele ainda não estava bem. Como o senhor sabe meu garotinho tem… —
Levanto uma mão fazendo Laila parar de falar rapidamente. Ela fala tudo
rápido sem nem respirar.
— Sente-se Laila. — Mando e ela faz isso com muito receio. — Agora
respire e me fale o que houve — peço calmamente fazendo ela respirar fundo.
— Me atrasei porque Justin está doendo desde ontem — fala e eu
assenti.
— O que ele tem? — pergunto curioso.
— Não sei ainda senhor, vim só ajustar a agenda do senhor para poder
leva-lo ao médico — fala com o rosto vermelho de vergonha.
— Enquanto você está aqui, onde está o seu filho? — pergunto e ela fica
mais vermelha ainda.
— Eu não tinha com quem deixá-lo Senhor, por isso o trouxe comigo —
fala arrumando os óculos muito envergonhada. — Por favor senhor essa foi a
última vez que faço isso. O senhor vai me demitir? — pergunta e eu fico com
o rosto sério.
— Laila Allen, em primeiro lugar já diz que é para você me chame de
Lucca, em segundo lugar eu não irei te demitir nem se você quisesse e em
terceiro lugar traga o pequeno Justin para conhecer o tio Lucca. — Termino
de falar com um sorriso, deixando Laila espantada.
— Você às vezes é muito estranho — murmura Laila e eu faço um gesto
de desdém.
— Diga uma coisa que eu não sabia. Agora traga o pequeno para eu ver,
mulher! — falo impaciente.
Laila afirma com um sorriso pequeno e sai da minha sala voltando logo
em seguida segurando pela mão um pequeno garotinho muito lindo. Ele tem
cabelo loiro cortado baixo em um corte legal, vestido com uma camisa de
botão azul manga curta, bermuda social marrom claro e um tênis all star, ele
é pequeno mais ou menos do tamanho de Pietro, seus olhos azuis vidrados
para frente. Justin está segurando uma bengala adaptada para seu tamanho e
se não fosse pela bengala não daria para dizer que ele é cego, mas isso são
meros detalhes, Justin é uma criança linda.
Me levanto da minha cadeira e agacho à sua frente, imediatamente o
observo puxar o ar como se tentasse guardar o meu cheiro. Olho para Laila
pedindo permissão para falar com ele e ela assente sorrindo.
— Olá pequeno Justin é muito bom finalmente te conhecer. Sua mãe
fala muito bem de você — falo e vejo o menininho abrir um sorriso doce que
me derrete por dentro.
— Oi senhor, mommy fala essas coisas porque me ama muito​. E o
senhor fala muito engraçado — diz me deixando espantado.
— Com certeza sua mãe te ama muito e vamos ter que ver isso aí, pois
eu não falo engraçado não — falo fingindo estar ofendido.
— Fala sim senhor, mas é bem legal de ouvir — fala ainda sorrindo.
— Me chame de Lucca, sou amigo de sua mãe — falo pegando sua mão
direita macia e apertando gentilmente. — Posso ser seu amigo também? —
pergunto e o vejo fazer cara de confuso.

— Acho que vou gostar disso, já que eu não tenho amigos — responde
ficando entristecido.
— Mais por que isso? Você me parece um garotinho muito legal, vou
adorar ser seu amigo — falo confuso.
— Ninguém quer brincar com quem não pode ver as coisas, as crianças
podem ser más de vez em quando — diz cabisbaixo dando de ombros e isso
me parte o coração em vários pedaços. Olho para cima e vejo Laila tentando
esconder as lágrimas.
— Preste atenção Justin, não fique assim por eles serem uns burros.
Você é um menino muito inteligente e se eles não fossem tão sem noção
veriam o grande amigo que poderiam ter, agora você tem a mim e pode ter
certeza que vai ganhar mais dois amigos — falo lembrando de meus
sobrinhos.
— Mais dois amigos, quem são? — pergunta ficando agitado agarrando
sua bengala com força.
— Esses são meus dois sobrinhos filhos de meu irmão​ mais velho. Seus
nomes são Eduarda e Pietro, eles são incríveis e não burros como esses seus
colegas — falo com muito orgulho.
— Isso é bom, isso é muito bom — fala dando pulinhos me fazendo rir e
a Laila também.
— Filho, você fica aqui com Senhor Aandreozzi enquanto ajeito
algumas coisas para podermos sair? — pergunta Laila a Justin que afirma
sorridente.
— Pode ir mommy, eu prometo me comportar — fala fazendo a mãe lhe
dar um beijo no rosto.
— Sim, você é o melhor filho de todo o mundo — diz ela fazendo o
filho rir.
Assim que Laila sai puxo Justin com cuidado para sentar no sofá que
tem na minha sala, observo com bastante curiosidade que assim que ele
sentou dobrou a bengala e a colocou ao seu lado, facilitando o acesso. Estou
realmente muito surpreso com esse garotinho que afirmou que daqui a pouco
tempo fará 5 anos de idade. Laila está de parabéns por saber cuidar tão bem
dele, pois não deve ser fácil para ela sozinha nessa cidade grande ter que
passar por tantas provações. Me cortou o coração ao saber que Justin não tem
amigos e desse dia em diante farei questão de aproximar ele de meus
sobrinhos para que sejam amigos, deve ser uma coisa boa de ver esse 3
juntos. Acordo dos meus pensamentos quando sinto a mãozinha gordinha e
quente de Justin apertar a minha.
— O que foi piccolino? — pergunto.
— O que isso significa? — pergunta fazendo careta.
— Na minha língua é a mesma coisa que pequenino e pequerrucho. E
antes que você pergunte eu sou da Itália. Já ouviu falar?
— Sim, é o mesmo lugar que vem a macarronada e a pizza não é isso?
— Viu só como você é um menino muito inteligente — falo bagunçando
seus cabelos loiros.
— Posso ver você? — pergunta Justin me causando surpresa.
— Como assim? — pergunto sem entender e o vejo respirar fundo.
— Eu não posso ver, mas sinto como as coisas são pelas minhas mãos.
Posso tocar seu rosto? — Tem como negar a um pedido desses?
— Vamos lá pode me tocar — falo saindo do sofá e me agachando à sua
frente novamente.
Justin levanta suas duas mãozinhas roliças, imediatamente pego
posicionando no meu rosto. Suas mãos passeavam pelos meus cabelos, testa,
sobrancelha, orelhas, nariz, boca e queixo é a cada pergunta que ele me faz
como, cor dos olhos, cor do cabelo eu o respondia sem pestanejar. Ele diz que
mesmo não sabendo as cores é sempre bom saber como as pessoas são
diferentes. Deus, essa criança é incrível! Ter esse contato com o pequeno
Justin só me fez ter muito ódio do homem que fala aqueles absurdos para
Laila, aquele filho da puta não sabe o filho maravilhoso que tem.
Tempos depois Laila volta falando sobre minha agenda e que se eu
precisasse de alguma coisa que não hesitasse em chamá-la. Agradeço dizendo
que não se preocupasse com isso, antes dela sair chamo Christian pedindo
que ele levasse Laila em uma das melhores clínicas aqui em Chicago de um
conhecido meu, mesmo sobre vários protestos Laila deixou Christian levá-la.
Me despeço de Justin com a promessa que nos veremos em breve.
O dia está passando absurdamente rápido e quando dou por mim já está
na hora do almoço. Encomendo meu almoço, pois não estou com saco de sair
hoje. Assim que termino de comer meu magnífico almoço a porta da minha
sala é aberta abruptamente, quando meus olhos batem na pessoa o meu ódio
aumenta instantaneamente.
— O que no inferno você quer na minha sala? Como ousa entrar nessa
porra sem bater — pergunto ao intruso com raiva.
— Eu sabia que você na presidência seria a desgraça dessa empresa.
Você fez a empresa perder credibilidade para todas as pessoas importantes no
jantar de sábado — diz Daniel Campbell com puro ódio.
— Mesmo eu não querendo saber a minha curiosidade é muito grande,
por tanto o que você quer dizer com isso Campbell? — pergunto entre dentes.
— Não finja que você não sabe seu moleque, aquele seu beijo nojento e
asqueroso no jantar — fala e eu não suporto ouvir esse puto falar uma coisa
dessas.
Quando dou por mim eu já estou pressionando o filho de uma cadela na
parede da minha sala, pressionando meu antebraço no seu pescoço com tanta
força que seu rosto começou a ficar vermelho. Poderia rir da sua cara de
desespero tentando me tirar de cima, mas eu sou mais forte e posso matá-lo
aqui e agora. Até que não seria uma má ideia. Seria?
— Pense muito bem antes de falar algo para mim Campbell, eu já disse
e parece que você não acreditou. Eu não sou um homem que se deve brincar
— falo apertando meus dentes com tanta força que seria capaz de parti-los.
— Você vai… você está... — Tenta falar, mas não consegue.
— O que você está falando? Espera aí eu não estou ouvindo — falo
afrouxando um pouco o apertando.
— Você vai me matar! — fala com dificuldade.
— Sabe Campbell, não posso dizer que me falte vontade, mas não farei
isso — falo com sarcasmo o soltando com toda força o fazendo segurar os
joelhos enquanto puxa o ar.
— Você é louco Aandreozzi! — fala entre tossidas.
— Um pouco, eu acho, mas pense muito bem antes de invadir a minha
sala, soltar suas palavras de ódio com relação ao beijo que meu namorado me
deu. Eu já tolerei muita coisa sua Campbell e a próxima você vai para o olho
da rua ou simplesmente para o caixão. Pense direitinho e decida o que você
prefere, agora sai da minha sala seu pedaço inútil de homem — falo com toda
raiva do meu ser.
— Isso não vai ficar assim Aandreozzi! — diz o bastardo sem noção.
— Isso é uma ameaça Campbell? Porque se for vou anotar para colocar
junto com as muitas outras que já tenho arquivadas — pergunto sorrindo o
vendo sair da minha sala pisando duro.
Após a saída de Campbell de minha sala, fico de todas as maneiras
tentando me acalmar para não sair da minha sala e jogá-lo no chão e esmagar
seu crânio no piso perfeito e brilhante da minha empresa. Devem estar se
perguntando porque eu não demito aquele ser repugnante da minha empresa,
isso é simples. Ele não é um homem fácil de ser mandando embora já que ele
tem alguns dos acionistas ao seu favor, mas não é só isso aprendi que é
sempre bom manter os meus inimigos por perto.
Daniel Campbell já está passando de todos os limites e não sei se
suportarei mantê-lo por perto, minha vontade de sair daqui e lhe ensinar uma
lição ainda é grande e não sei o que fazer para me controlar. Sento na minha
cadeira e bato minha cabeça algumas vezes, não forte, só para me distrair só
que não está adiantando. Olho para meu celular e imediatamente faço a única
coisa que me vem na cabeça, enquanto chama meus pés batem no chão de
puro nervosismo.
— Antes que você fale deixe-me te lembrar que estou sentindo sua falta
Miele. — Luigi diz me fazendo respirar fundo.
— Isso é tão fodidamente bom, pois eu sinto muito sua falta também —
falo sentindo meu coração acelerar e uma calma muito grande tomar conta de
mim.
Ouvir a voz de meu Luigi é a melhor coisa que eu resolvi fazer​, não há
dúvida que esse homem é o homem da minha vida.
— O que houve? Sua voz está estranha, não me diga que não vai mais
para o jantar com o chinês ordinário? — Luigi pergunta me fazendo rir.
— Para de implicar com esse jantar, pois eu já disse que vou — falo e
ouço um bufar.
— Então hoje o meu namorado vai ser cortejado por um oriental
paquerador — Luigi fala como quem não quer nada me fazendo gargalhar.
— Quem fala cortejar nos dias de hoje Luigi? — pergunto ainda rindo.
— Cortejar é uma palavra muito usada — fala ofendido.
— Não querido, só você e a velha guarda usa isso, nem mesmo nonna
fala essa palavra — falo balanço a cabeça negativamente.
— Não sou um velho Miele, temos apenas 5 anos de diferença — Luigi
diz de um modo engraçado.
— Isso é muito coisa para mim sabe, acho que vou arranjar um novinho
por aí — falo sem muito interesse esperando uma explosão e isso acontece.
— Não brinque com uma coisa dessas Lucca Aandreozzi não é só você
que sabe bater, eu acabaria com o ninfeto de merda — fala me deixando
muito feliz.
— O que é isso Carino? Saiba dividir seus brinquedos — falo
prendendo o riso.
— Se é assim, vou aproveitar e que vou me encontrar com os caras e
arranjar uma companhia — Luigi diz rindo e dessa vez eu me irrito.
— Tente, só tente para você ver. E que história de sair com os caras é
essa? — pergunto apertando o celular.
— Nada demais, depois da nossa partida de basquete vamos sair para
tomar um chope — fala como quem não quer nada.
— Você gosta de basquete, isso é bem legal — falo já tendo ideias
formando da minha cabeça.
— Sempre quando dá estou na quadra com os caras.
— Estou bastante curioso para conhecê-los.
— E você irá! — enfatiza Luigi.
— Tenho que ir, vou para casa me arrumar para o jantar.
— Certo, mas tarde te ligo para saber como foi tudo.
Depois que me despeço de Luigi arrumo minhas coisas e saio do
escritório, não me surpreende ao ver que Christian já está à minha espera.
Pergunto a ele sobre Laila e Justin, ele diz que foram atendidos rapidamente e
que antes de voltar para a empresa deixou os dois em casa. Fico feliz em
saber disso, pois Laila é uma boa garota que precisa de apoio para lidar com
tantas coisas, seu filho Justin é uma criança absurdamente inteligente, doce e
adorável que conseguiu fazer com que eu me apaixonasse por ele. Já estou
pensando em procurar os melhores lugares para ele fazer várias atividades,
vou investir na educação do pequeno Justin, espero que Laila aceite.
Minha chegada em casa é um pouco demorada, mas isso me ajudou para
que eu pense em Dylan e em como meus homens não encontraram nenhum
sinal dele. Nunca imaginei que um carinha que conheci no bar fosse alguém
contratado para me matar. Puta merda! Eu beijei aquele puto, levei na minha
casa, na minha cama, e só de pensar nisso aperto bem forte o volante, não
aceito ser enganar dessa maneira tão sórdida. Quando chego na minha
garagem respiro fundo e tento esquecer toda essa merda que a lembrança de
Dylan me causa. Deixo meu carro e entro no elevador, a primeira coisa que
vejo quando a porta do elevador se abre é nonna sentada conversando com
alguém por vídeo chamada pelo celular.
Como minha curiosidade é muito grande, me aproximo por trás de
nonna e vejo que ela conversa com um rapaz loiro, com os cabelos na altura
dos ombros magros, seu sorriso é brilhante ao conversar com minha nonna,
seu rosto é fino e muito delicado, seus olhos me parecem verdes, agora para
saber com riqueza de detalhes terei que me aproximar mais.
— Quem é essa gracinha nonna? — pergunto me sentando do lado dela
e vejo o pobre rapaz arregalar os olhos.
— Tira os olhos seu ridículo que você já tem seu homem! Vou ter que
bater um papo com Luigi, ele tem de saber que você precisa foder — diz
nonna me fazendo olhar para ela sem acreditar e o rapaz ri.
— A senhora não faria uma coisa dessas né nonna? — pergunto a
encarando que me lança um olhar aguçado.
— Tenho certeza que nonna Francesa faria uma coisa dessas sim — diz
o rapaz com uma voz divertida.
— Sim ela faria, você me parece muito familiarizado com minha nonna
— falo sentindo os ciúmes chegar na superfície.
— Ele não vai me roubar de você querido — nonna diz com uma voz
enjoada fazendo um bico engraçado.
— A senhora está imitando quem nonna? — pergunto fazendo o rapaz
sorrir.
— Uma personagem de uma série chata que vi Andrea assistindo outro
dia. Não me pergunte que não lembro o nome — diz apontando para o rapaz
e acho que me lembro desse nome.
— Você é o gerente da boate de nonna? — pergunto ao rapaz que sorri e
concorda. — Mais quando te conheci você não tinha esse cabelo grande.
— Esse sou eu, meu cabelo naquele dia estava preso. Prazer senhor
Aandreozzi! — diz com um sorriso sem mostrar os dentes.
— Não me chame de senhor, sempre tenho vontade de me virar para
procurar meu pai ou Filippo — respondo sinceramente.
— Bem que nonna diz que você era o homem Aandreozzi mais
descontraído — diz Andrea gentilmente.
— Essa mulher nos ama demais, não consegue ficar um tempo sem falar
sobre nós — falo recebendo um tapa na nuca de nonna. — Aí caralho!
— Olha a boca seu bastardo! — diz nonna seriamente. — Você não tem
ideia das coisas que converso com Andrea. — nonna diz me assustando.
— Andrea meu amor, preciso que você aperte minha tanga. — Uma voz
masculina grita ao fundo fazendo Andrea revirar os olhos e nonna cair na
risada.
— Estou em uma chamada, volte para o camarim Matías. Poluchit'
seychas! (Sai daqui agora!) — diz Andrea com firmeza me espantando.
— Você acabou de falar em russo? Você é Russo? — pergunto curioso.
— Não! Eu sou Italiano, mas morei muitos anos na Rússia. Às vezes eu
falo sem perceber — diz com cuidado e nonna afirma.
— Acho que Matías quer seu corpo nu — nonna diz fazendo Andrea
olhar para trás.
— Ele vai querer sozinho — diz com firmeza e depois sorriu.
— Você é gay? — pergunto e nonna cai na gargalhada.
— Minha cantora favorita é Cher! — diz Andrea sorridente me fazendo
rir também.
— Posso até imaginar quem te apresentou Cher — falo o fazendo
afirmar.
— O quê? Cher é uma diva! Ele tinha que conhecer as coisas boas da
vida — responde nonna.
— O papo está muito bom, mas eu tenho que ir ao jantar com Sakomoto.
Muito bom conversar com você Andrea, vamos fazer isso mais vezes — falo
o vendo sorrir abertamente.
— Está bom assim, gostei também Lucca. Spasibo i khoroshiy uzhin.
(Obrigado e bom jantar.) — diz e eu assenti.
Deixo nonna conversando com seu gerente que me parece ser um
homem bem legal. Verdade seja dita, para nonna Francesa deixar uma pessoa
tão próxima a ela significa que a pessoa é confiável. Somos desconfiados por
natureza, para confiarmos em uma pessoa verdadeiramente é através de muita
observação e cuidado, com isso ficarei de olho em Andrea. Vou tomar meu
banho rápido já que estou bastante em cima do horário e não sou homem de
fazer ninguém esperar. Após o banho escolho por me vestir todo de preto,
como é um jantar de negócios coloco meu terno Armani.
Depois de pronto passo pela sala, deposito um beijo na testa da minha
nonna e saio. Vou no carro dos seguranças com Christian dirigindo e Scott no
carona. Scott é um bom rapaz ainda novo nesse emprego de segurança, mas
vejo nele algo promissor, pois o cara é muito bom com uma arma, sua ficha
mostra que ele tem uma filha de 6 anos que mora com a sua mãe no subúrbio
de Chicago. Scott entrou no exército para dar uma vida melhor para a família,
mas teve que sair por conta da sua mãe e filha, agora trabalha para mim como
o meu segundo segurança. Chegamos no restaurante indicado pelo próprio
Sakomoto, ao sair do carro dou uma​ arrumada no terno e entrego a minha
pasta com o contrato para Chris.
— Scott fique de olho aqui fora qualquer movimentação estranha nos
avise rapidamente — falo abotoando meu terno.
— Sim senhor, os outros homens estão fazendo a ronda em torno do
local — diz Scott em um tom sério.
— Você já sabe o que fazer não é Christian? — pergunto a Christian que
me dá um olhar aguçado.
— Não tirarei meus olhos da sua mesa e ficarei de olho em tudo — diz
sério me fazendo assenti.
Entro no local e não me surpreendo com o luxo e o ar de conforto que
esse lugar passa. A pouco tempo esse lugar foi vendido, tenho quase certeza
que foi Sakomoto que adquiriu esse lugar, o chinês parece querer tomar seus
negócios aqui e se for ele o novo dono está fazendo um bom trabalho, pois
está ótimo. Sou recepcionado pelo garçom, peço informação se Lian
Sakomoto já está me esperando, ao ouvir o nome de Sakomoto sou
imediatamente levado ao lugar.
— Desculpe a demora, você chegou a muito tempo? — falo assim que
chego à mesa.
— Não há problema, estou aqui a pouco tempo — responde Lian com
um sorriso simpático no rosto.
— Isso é uma coisa, não gosto de deixar ninguém esperando — falo
após cumprimentá-lo com um aperto de mão
— Ficaria feliz em lhe esperar, nunca seria um incômodo — Lian diz se
sentando indicando para que eu me sente também.
— Vamos aos negócios ou podemos comer primeiro? — pergunto
ignorando o seu modo gentil ao falar comigo.
— Comer com certeza! — Lian diz divertido colocando a mão no
estômago.
— Oh sim, isso está ótimo para mim — falo e vejo Lian chamar o
garçom.
Fazemos nossos pedidos logo após o garçom sair, introduzimos uma
conversa aleatória sobre negócios e viagens que já fizemos. Os olhares de
Lian já está me incomodando​ em um nível muito alto, mas como sou um
homem de negócios prefiro fechar o nosso contrato para que depois eu o
coloque no devido lugar. Não posso dizer que esse chinês é um homem feio,
pois ele não é, ainda mais vestido em com um terno azul marinho risca de giz
Dolce e Gabbana. Não dispensaria uma noite quente com ele em outros
tempos, mas amo meu Luigi e o Italiano que meu coração resolveu se
apaixonar é irrevogavelmente melhor.
Nossa comida chega e só tenho noção de como estou com fome quando
devoro tudo sem me importar muito com o que Lian fala. Terminamos de
comer e faço sinal para Christian se aproximar, pegoi minha pasta da sua mão
e vou logo puxando o contrato para Lian que já está bastante familiarizado
com o conteúdo. Falamos sobre os pontos que ocorreu mudanças com relação
ao nosso contrato, tenho certeza que está tudo em ordem e só basta Sakomoto
parar de me enrolar e assinar essa porcaria.
— Você tem mais alguma dúvida que eu possa esclarecer? — pergunto
e vejo ele pegar uma caneta no bolso o interno de seu paletó.
— Não, está tudo muito bem esclarecido para mim — diz e assina o
bendito contrato.
— Fico muito feliz em fazer negócios com você Sakomoto — digo
seriamente pegando os papéis e colocando novamente na pasta.
— Você sabe meu interesse em você não é verdade Lucca? — pergunta
Lian de modo sedutor e faço sinal para Christian se aproximar novamente.
— Claro que sei, em outros tempos quem sabe, mas hoje eu tenho
namorado e espero que você respeite isso e pare com sua tentativa fútil de me
levar para casa. Isso não vai acontecer Sakomoto — falo em um tom duro
fazendo Lian arregalar os olhos. — Nossos negócios são estritamente
profissionais.
— Cadê seu namorado? Soube que ele trabalha com seu irmão no Brasil
— Sakomoto diz me irritando profundamente.
— Sugiro que você não vá por esse caminho para que nossos negócios
deem certo. O meu relacionamento não lhe diz respeito — digo entre dentes.
— Senhor, podemos falar? — pergunta Chris e eu assenti.
— Só um momento que já volto — falo levantando-me da mesa.
— O que houve Christian? — pergunto assim que me afastei.
— Duas mesas uma à direita da sua mesa e outra atrás. Percebi
movimentos estranhos com observação excessiva na sua mesa. E tenho
certeza que estão armados — Chris diz me fazendo olhar para as respectivas
mesas.
A da direita tem dois homens grandes acompanhados por uma mulher,
fico encarando tentando estudá-los e assim que percebem que eu estou
olhando os filhos da puta não​ disfarçam e me olharam com determinação.
Nem preciso olhar muito à mesa de trás, pois os dois homens me dão uma
mensagem silenciosa de que queriam me matar.
— Por que essas coisas acontecem justamente quando eu acabo de
comer? Porra isso da má digestão! — exclamo revoltado.
— O que você pensa em fazer? — pergunta Chris seriamente.
— Podemos pegar esses filhos da puta aqui mesmo no restaurante ou
podemos sair e esperar que eles venham atrás — falo abrindo um outro
compartimento de minha pasta e tirando disfarçadamente minhas duas armas
que babo me deu.
— Tem certeza que quer isso? Apesar de ter pouca gente no restaurante,
você não sabe quem é o dono — fala me fazendo afirmar.
— Isso eu posso descobrir agora — falo e guardo as duas armas no
bolso do paletó em movimentos rápidos.
— Mandarei os outros se preparem e deixar os carros prontos —
Christian diz com um rosto duro.
— Faça isso e dependendo do que eu quiser fazer você saberá de
imediato — falo e vou em direção a minha mesa.
— Aconteceu algo? — Sakomoto perguntou.
— Você é dono deste estabelecimento não é verdade? — pergunto ao
me sentar.
— Sim, o adquirir tem pouco tempo. Não vai me dizer que você estava
pensando em comprar? — pergunta ele tentando brincar.
— Não é isso! Preciso de um grande favor seu e te reembolsarei em tudo
— falo o vendo fincar os olhos.
— Não estou entendendo onde está querendo chegar — diz confuso.
— Vou ser direto então. Estão querendo me matar e aqui sentado em
duas mesas tem pessoas que estão esperando o momento oportuno para
concluir seu trabalho — falo sem muita importância.
— E você fala como se não fosse nada? — pergunta Sakomoto rindo.
— Já me acostumei com essas coisas — falo e bebo o restante do meu
vinho.
— Te ajudarei, mas terá que jantar comigo novamente — Lian fala é o
olho incrédulo.
— Não farei isso, mas sei que você me ajudará — falo soltando um
suspiro.
— Gosto do seu jeito Lucca Aandreozzi — Lian diz e chama o maitre.
Enquanto Lian conversa com o maitre o incentivando a inventar uma
desculpa para tirar os poucos clientes do local, vou até a mesa onde estão os
dois homens é a mulher, eles me olhavam como se eu fosse louco é isso
quase me faz rir. Tiro meu paletó, sento em uma das cadeiras vagas.
— Eu sei o que vocês são e vocês sabem quem eu sou. Então o que vai
ser? — pergunto puxando a taça de vinho da mulher.
— Oh, isso é meu! — diz ela.
— Calada vagabunda! — digo entre dentes.
— Bem que dizram para ter cuidado com sua inteligência e sarcasmo —
o homem que está a ao lado da mulher diz.
— Me sinto lisonjeado que o seu empregador me conhece muito bem —
falo com um sorriso de lado.
— Você acha que pode contra nós 5? — O homem diz com raiva.
— Claro que posso! Não sou um homem que anda sozinho, na verdade
isso seria tolice de minha parte. Olhe para o fundo do restaurante, perto da
entrada da cozinha — falo sem me virar, mas os três na mesa se viraram. —
Acho que você encontrou quatro dos meus seguranças lá, tenho que dizer que
eles são ótimos em tiro a distância. Sem falar do meu chefe de segurança e
Scott que estão na entrada do restaurante. — Passo os olhos no local e vejo
que o maitre conseguiu tirar as pessoas, até Lian não vejo mais.
— Mas vamos te matar de qualquer maneira — a mulher diz
sedutoramente.
— Acho que não! — falo levantando rápido, puxando minhas armas e
acertando dois tiros no homem perto da mulher, respingando sangue no seu
rosto.
Ora um pouco de sangue nessa cara de vadia deve ser muito, muito
nojento. Estou sentindo que algo não vai sair muito bem essa noite, mas esses
filhos da puta têm que morrer.
Depois disso a calmaria do local é substituída por jogada de mesa e
cadeira, barulhos de pisadas fortes e tiros. Não olho para trás para ver o que
está acontecendo, só ouço um grito de um dos meus homens falando que tem
mais gente no telhado do prédio a frente atirando nos nossos homens. Isso é
foda! Esses putos devem estar me vigiando a um bom tempo e só esperando
uma oportunidade para se verem livre dos meus homens.
O homem que estava na mesa pegou a cadeira e acertou com tudo nos
meus braços derrubando minhas armas me causando uma dor filha da puta.
Ele vem com tudo tentando me acertar socos e pontapés, vou desviando o
máximo que consigo, mas o desgraçado é forte e ágil. Me e agacho desviando
do seu golpe que iria com força no meu rosto logo após acertando dos socos
rápidos e fortes no músculo interno de sua coxa direita.
Assim que ele cambaleou para trás urrando de dor, pois isso dói pra
caralho. Avanço com raiva acertando socos no seu rosto e costela, vou para
trás do seu corpo ao perceber que a vagabunda pegou a arma e iria atirar nas
minhas costas, ela disparou três tiros e os três acertaram o homem. Ainda
segurando o corpo do cara me aproximo de onde uma das minhas armas
caíram. Largo o corpo morto no chão é pego minha arma, atiro duas vezes no
peito da vadia.
Quando a mulher cai olho para trás e vejo que alguns dos meus homens
foram feridos é estão jogados no chão se contorcendo de dor pelos tiros que
levaram. Os dois outros homens que estavam na mesa estão mortos no chão,
posso apostar que cada um foi morto por Scott e Christian. Me abaixo para
evitar contato visual com o possível fodido atirador de longe.
— O senhor está bem? — pergunta Christian.
— Sim, estou bem! Temos que levar os outros feridos para a clínica.
Onde você acha que o fodido de merda está atirando? — pergunto com raiva.
— Esse restaurante é todo em vidro senhor, ele pode estar em qualquer
prédio — diz Scott e Chris afirma.
— Até que não fizemos tanto estragos — falo fazendo eles rirem.
Somente algumas mesas foram jogadas no chão, cadeiras quebradas, o
balcão de madeira que tem no salão está com algumas marcas de balas, o
chão tem estilhaços de vidros da janela que foi quebrada. Scott me diz que os
homens que tiveram ferimentos mais leve estão ajudando os outros e me
aconselhou a ir para a cozinha do restaurante. Chegamos lá correndo para não
ter de ficar exposto aqui no salão principal do restaurante, a primeira coisa
que vejo é Lian e os chefes de cozinha escondidos do tumulto. Ao me ver ele
respira aliviado e vem na minha direção.
— Você está bem? — pergunta e observa meus homens saindo pelos
fundos.
— Está tudo muito bem, daqui a pouco os homens da limpeza estão
chegando, por tanto não se preocupe com nada — falo segurando o lado do
meu tórax que está doendo.
— O que houve aí com você? — pergunta apontando para onde eu
seguro.
— Não foi nada, a não ser coisas de rotineiras da vida. O que fez para
que os poucos clientes que tinha saísse? — pergunto mudando de assunto.
— Mandei informar um vazamento de gás e que a comida era por conta
da casa — fala e eu puxo à minha carteira para pegar o meu cartão.
— Aqui, use isso para cobrar os jantares. Não posso deixar você sair em
prejuízo — —Entrego o cartão, mas Lian fecha à cara balançando a cabeça
negativamente.
— Não farei uma coisa dessas você é um amigo Aandreozzi. Não me
ofensa oferecendo seu dinheiro — Lian diz me fazendo guarda o cartão.
— Não foi minha intenção querer te ofender Sakomoto — falo
sinceramente.
— Sei que não, você é um homem correto. Tome cuidado, quem quer
lhe causar mal não está brincando — diz Sakomoto me oferecendo a mão em
cumprimento.
— Não se preocupe com isso, já nasci cuidadoso — falo com um sorriso
maroto.
— Senhor, o carro já está à sua espera — diz Chris desligando uma
chamada.
— E o pessoal já chegou? — pergunto o encarando.
— Sim senhor, a limpeza de todo o local já está em andamento —
responde em um tom profissional.
— Vocês são rápidos — diz Lian admirado.
— Nós os Aandreozzi só trabalhamos com o melhor — respondo
orgulhoso.
— Pelo visto você não vai querer envolver a polícia nisso tudo — diz
Lian me encarando e eu nego.
— Não, nada de polícia e ficaria feliz se você também não envolvesse já
que vou ajeitar tudo no seu restaurante — falo sério.
— Fique tranquilo quanto a isso Lucca — diz me deixando aliviado.
— Até a próxima, mas espero que sem esse tumulto todo — falo é o
vejo assenti.
Saímos do restaurante de Lian pelos fundos junto com Christian e Scott,
ao chegar do lado de fora Scott me entrega o meu paletó e minha arma que eu
tinha deixado no restaurante. O agradeço feliz, pois essa arma é um presente
importante que babo deu a cada um de nós, uma glock automática toda preta
com o brasão de nossa família no cano e a levo comigo onde quer que eu vá,
nunca se sabe as desgraças que podem acontecer no dia. Quando eu estou
pronto para entrar no carro sou puxado e jogado no chão em um baque forte,
com a queda tenho certeza que quebrei o pulso direito. Oh dor filha da mãe!
— Cuidado Lucca! — Scott grita e três tiros o atingiram causando
espasmos no seu corpo o fazendo cair.
— Filho da puta! — Christian grita pulando para fora do carro, pegando
sua arma e atirando em um motoqueiro que saiu em disparada.
— Oh Dio, Dio, Dio! Não Scott, você não cara! — Grito ao ver o corpo
de meu segurança no chão.
— Que porra Scott! Que porra seu filho da puta como você faz uma
coisa dessas? Você salvou minha vida! — Grito me aproximando do corpo de
Scott que está formando uma poça enorme de sangue.
— Senh… senhor? — Scott tenta dizer, mas sai sangue demais de sua
boca.
— Não fale nada, por favor não fale. Eu vou salvar sua vida, não vou
deixar você morrer, minha vida não vale mais que a sua — digo sentindo um
nó na garganta.
— —Vamos leva-lo para o hospital Lucca. — —Diz me fazendo
assentir.
— Nã… não vai... — Scott diz, mas pego meu paletó e fico
pressionando seus ferimentos.
— Quieto Cyclop! Vamos te levar sim! — diz Chris fazendo Scott rir do
apelido que ele odeia que os caras o chamam.
Christian e eu carregamos Scott com cuidado e colocamos na traseira do
carro, vou atrás para ajudar a estancar o sangue que fluí livremente dos
buracos de bala. Ele vai ficar bem, ele tem que ficar bem, minha vida não é
tão importante ao ponto de um homem me proteger dessa maneira. Sempre
soube através de Christian que Scott é um bom rapaz e não posso aceitar que
ele morra assim por minha causa.
— Senhor, por favor — pede Scott apontando com dificuldade o bolso
da frente do paletó.
— Não se esforce tanto Scott, logo você vai chegar no hospital — falo,
mas ele segura minha mão com firmeza, pedindo com os olhos para que eu
fizesse o que ele pediu. — Certo tudo bem!
Coloco a mão e de lá tiro um papel grosso que noto ser uma foto, limpo
o sangue rapidamente na minha calça e olho a foto atenciosamente. Nela tem
uma garotinha muito linda, com cabelos negros longos e cheio de cachos, na
foto ela está de vestido verde claro e tênis, um grande sorriso estampado no
seu rosto doce de menininha sapeca.
— Essa é a Samantha, minha linda panqueca — diz Scott tossindo e
cuspindo sangue.
— Panqueca? — pergunto rindo.
— Sim… sim! Essa é min… minha filha — fala e peço para ele parar de
falar, mas é impossível. — Cuide dela senhor, por favor minha mãe não pode
trabalhar, sei que estou morrendo, sinto que minha morte está próxima —
fala Scott com fervor.
— Você vai ficar bem Scott e vai continuar a cuidar de sua bambina —
digo segurando seu rosto sujando de sangue, seu sangue.
— Não, eu não vou! Cui… cuida — Scott diz e através de seus olhos
abertos e vidrados percebo que ele já se foi.
— Scott! Vamos lá cara, continue falando — falo batendo no seu rosto.
— Não adianta Lucca ele já se foi — diz Christian com a voz rouca.
Scott salvou minha vida, mas não conseguiu ficar vivo a tempo de
chegar ao hospital. Isso não está certo, os tiros eram para mim, agora estou
vivo e Scott morto. Não percebo quando chegamos no hospital, ao abrir a
porta do carro, os enfermeiros pegaram o corpo morto do meu segundo
segurança mais próximo e o levam. Continuo sentado olhando para o nada
sem saber o que fazer.
— Lucca? Você tem que vir também olhar esse pulso, pois ele não me
parece bem — Christian diz e eu assenti sem perceber. — Vamos lá que vou
ter que ligar para a família de Scott.
— Era para eu ser o morto agora — falo com Christian que me segurou
pelo ombro.
— Scott nasceu para proteger as pessoas e ele viu necessidade em não
lhe deixar morrer. Vamos encontrar o desgraçado que fez isso, senhor — diz
com fervor.
— Vamos sim, tenho certeza que vamos — falo e Christian chama um
dos médicos para me atender.
Não sei lidar com a morte de pessoas próximas a mim muito bem. Scott
era o segundo depois de Christian, das vezes que Chris não podia me
acompanhar por motivos pessoais era Scott que fazia o serviço e nos
dávamos muito bem, nunca tive nada o que reclamar sobre Scott O'Brien. Ele
era um homem muito bem-apanhado, tinha traços fortes de um bom homem
do exército, cabelos pretos cortados baixos, mas infelizmente sua beleza foi
levada pela morte. Sou encaminhado para ser examinado, como eu já
desconfiava o osso do meu pulso está quebrando e terei que ficar com a
porcaria do meu braço imobilizado. Me aplicam algum medicamento de
merda que me faz apagar na hora.
Acordo me sentindo desnorteado, precisando urgentemente beber um
copo de água. Ao mexer meus braços noto que o direito estava imobilizado e
esquerdo tem uma intravenosa me incomodando feito um inferno.
— Se acalme aí estressado, sei que odeia se sentir preso, mas logo vão
tirar isso de você — nonna diz chegando ao meu campo de visão.
— O que a senhora está fazendo aqui nonna? — pergunto confuso.
— Eu? Vim somente foder algum médico desavisado — diz irritada. —
—Claro que fui avisada sobre o atentado que meu neto sofreu.
— Estão realmente querendo me matar nonna — falo cabisbaixo.
— E você vai encontrar quem é o desgraçado filho de uma cadela mal
fodida para arrancarmos suas tripas com a unha — nonna diz me fazendo rir.
— A senhora tem os melhores modos de tortura — falo fazendo ela se
aproximar.
— Sou a mais velha dessa família, alguém tinha que ensinar os truques
— fala com desdém me fazendo rir, mas ao lembrar de Scott meu sorriso
morreu.
— Se não fosse por Scott, eu estaria morto agora nonna. Ele salvou
minha vida e nem se quer hesitou — falo seriamente e nonna segurou meu
rosto.
— Meu peito sangra por saber que Scott morreu, ele era um bom
ragazzo. Mas eu não saberia como iria ficar se o meu menininho morresse
assim, espero que Scott esteja em um bom lugar, pois ele foi um anjo e
merece estar em um bom lugar — diz nonna me abraçando forte.
— Ele antes de morrer pediu para que eu cuidasse de sua filha — falo
baixo fazendo nonna afastar do nosso abraço e me encarar.
— E é isso que você fará! Você deve isso a ele, somos Aandreozzi e não
faltamos com nossa palavra — nonna diz firmemente e eu assenti.
— E como farei isso nonna? — pergunto e ela abre um sorriso triste.
— Você saberá o que fazer, tenho certeza disso — fala e eu assenti.
Tempos depois o médico chegou, me liberando do hospital. Nonna
trouxe uma troca de roupa para mim, já que a roupa que estava antes tem
muito sangue de Scott. Tomo um banho rápido tentando não molhar a
porcaria do meu braço e assim que me arrumo saio. Não tinha ideia que já é
de manhã e eu dormi por tanto tempo, preciso ver a família de Scott e tem
que ser agora. Na saída do quarto encontro com Christian nos corredores.
— Como andam as coisas? — pergunto assim que me aproximo.
— Tudo no restaurante já foi arrumado, os feridos já foram atendidos e
estão bem, não conseguimos encontrar o motoqueiro — Christian diz me
deixando com raiva.
— Fodido de merda! — falo com raiva desse motoqueiro desgraçado.
— E a família de Scott? — pergunto respirando fundo.
— A mãe dele já foi contatada, mas não pode sair e deixar a neta
sozinha — fala seriamente.
— Você sabe onde eles moram? — pergunta nonna séria e ele assentiu.
— Então nos leve lá.
Saímos do hospital e seguimos viagem para ir ao encontro na família de
Scott. Chegamos no subúrbio de Chicago que fica mais ou menos uma hora e
o lugar é em plena área residencial, ao passar de carro vejo um parque onde
tem pessoas correndo e se exercitando. Paramos em frente a uma casa
simples, tem um portão pequeno de ferro que estava destrancado por isso só
fiz entrar, subir uns cinco degraus para chegar até a porta da casa. Bati e
fiquei esperando por pouco tempo até que uma linda garotinha de cabelos
cacheados e muito volumosos abriu a porta.
— Você deve ser Samantha, não é verdade? — pergunto e ela me olha
como se estivesse analisando e depois assentiu.
— Podemos ver a sua vovó querida? — nonna pede.
— Ela está chorando muito — diz a menininha abrindo a porta.
— Vamos vê-la agora, por que você não vai para seu quarto? — pede
nonna e a filha de Scott assentiu.
Entramos na casa muito simples, mas muito bem arrumada. Encontro
uma senhora que não me parece ter uma idade muito avança, mas parece ser
mais velha que minha mãe Arianna, ela está sentada no sofá chorando
copiosamente, me aproximo o mais calmo possível e me sento ao seu lado.
Sua dor é tanta pela morte de seu filho que ela nem se dá ao trabalho de virar
para ver quem era.
— Olá senhora O'Brien, eu sou Lucca Aandreozzi — falo baixo a
fazendo virar para me encarar.
— Meu menino, meu filho morreu! — fala chorosa e abraço seu corpo
magro.
— Sinto muito, sinto muito mesmo pelo o que acontece com Scott —
falo e olho para nonna que está tocada com o sofrimento da mulher.
— Você, é verdade! — grita me empurrando. — Ele morreu te
protegendo, não diga que sente muito, pois não foi sua vida que foi perdida
— fala de pé e chora novamente.
— Sei que a senhora está muito triste com o que aconteceu, pode apostar
que sei como se sente. Mas tenho que dizer que não deixarei a senhora e sua
neta desamparadas, cuidarei das duas esse foi o último pedido de seu filho —
falo com firmeza não me importando com o aperto no meu peito.
— Não precisamos do seu dinheiro! Sei que não posso trabalhar, a mãe
desnaturada de Sam prefere ganhar o mundo do que criar a filha, mas não
precisamos de sua esmola — diz a senhora O’Brien chorando copiosamente.
— Não posso imagi… — começo a falar, mas ela me interrompe.
— Querem ajudar? Levem Samantha com vocês! — diz me causando
espanto. — Meus dias aqui na terra estão contados — fala inerte e isso faz
nonna Francesa tomar a frente.
— Meu neto não quer te dar esmola, ele simplesmente quer te dar total
apoio que você precisa nesse momento. Entendo sua dor, pois eu também sou
mãe e não desejo esse sentimento de perda a ninguém. Sei que o está falando
agora é somente sua dor e nada mais — nonna diz levantando-se da cadeira.
— Vamos Luc, depois voltaremos aqui.
— Esse é o meu endereço é o meu celular, pode me ligar. Não se
preocupe com o funeral de Scott, tudo já está sendo ajeitado — falo
escrevendo meu endereço atrás do cartão depositando na mesinha.
Antes de passar pela porta da casa vejo no cantinho Samantha nos
encarando. Vou até ela e lhe dou um beijo na testa, sinto seu cheirinho
gostoso de perfume infantil. Após me despedir de Samantha entramos no
carro e seguimos viagem para minha casa. Preciso falar com Luigi, ouvir sua
voz e dizer a ele o quanto o amo, por isso com muita determinação efetuei a
chamada.
— Lui ontem não foi um dia muito bom e eu precisava ouvir sua voz —
falo assim que percebo que a ligação foi atendida do outro lado.
— Alô! Quem fala? — pergunta uma voz feminina em português me
deixando confuso.
— Não é da sua conta quem fala! Por que está atendendo o celular que
não é o seu? — pergunto em português com muita raiva e o ciúme comendo
pelas beiradas.
— Quem é você para falar assim comigo, saiba que o meu namorado é
um homem importante e não vai gostar de saber disso. Passar bem! — diz a
mulher irritada desligado a ligação.
Respiro várias vezes para com a intenção de me acalmar, mas é
impossível. Uso minha mão com o pulso quebrado para socar o carro e
começo a sentir uma puta dor dos infernos, nonna começa a me perguntar o
que está havendo, mas não dou ouvidos e fico curtindo minha dor. Luigi não
seria capaz de fazer uma coisa dessas comigo seria? Espero que não!
— Christian, ligue para o pessoal ajustar o jatinho, espero está saindo
daqui em menos de uma hora — falo com raiva e o vejo conectar o celular no
carro.
— O que houve Lucca? — pergunta nonna.
— Vou tentar não matar uma vadia qualquer que atendeu o telefone do
meu namorado afirmando ser sua namorada — falo entre dentes e vejo nonna
ficar irritada.
— Estamos indo para o Brasil abater uma vadia? Isso é comigo! — diz
nonna com um sorriso mal.

Estava planejando ir para o Brasil no final de semana, mas vejo que


minha viagem precisa ser antecipada o mais rápido possível.
Ontem à noite fiz plano com César e Igor de assistirmos um jogo de
basquete na casa de Beço, mas eu não estava conseguindo parar de pensar na
possibilidade do meu namorado estar tendo um jantar com o chinês de merda
que adora cortejar o que é meu. Lembrar da palavra cortejar faz com que
minha mente vá direto para minha conversa com Lucca e de como ele riu por
eu usar essa palavra. Durante todo o pouco que estive na casa de Francisco
fiquei pensando em contar aos meus amigos que agora estou namorando e
mais precisamente namorando um homem, mas prefiro esperar Lucca chegar
no Brasil esse final de semana e o apresentar como tem que ser.
Como não consegui ficar muito tempo na casa de Francisco voltei logo
para casa. Passei o tempo inteiro agoniado tentando ligar para Lucca, só que
foi sem sucesso, não entendia como não conseguia falar com ele e muitas
coisas se passaram na minha cabeça. Queria ligar para Filippo e saber se
soube de alguma notícia relacionada a Lucca, mas pensei melhor resolvendo
ir dormir.
Estou terminando de me arrumar para ir a empresa, me arrumei todo só
não coloquei o paletó acho melhor fazer isso quando estiver perto de sair de
casa. Esses dias procurei ficar mais em casa, pois Giovanna não está se
sentindo muito bem e mesmo ela dizendo que é normal não quis vacilar. Eu
tinha uma viagem para a Bahia essa semana, mas preferi adiar para semana
que vem, tenho um novo projeto para avaliar e Filippo já tem que ir para
Portugal.
Tirando um pouco o trabalho da cabeça saio do quarto, chegando no
corredor começo a ouvir Giovanna gritar com alguém, resolvo adiantar o
passo para ver o que está acontecendo por aqui. Ao chegar na sala encontro
Giovanna muito irritada.
— Você não deveria ter feito isso sua cagna! — Giovanna diz com
raiva.
— Eu não sei o que você está falando — Sandra responde confusa.
— É claro que você sabe! Não se faça de desentendida sua vadia, eu sei
muito bem o que você fez — Giovanna fala apontando um dedo para Sandra.
— Você​ tem alguma prova de seja lá o que você esteja falando —
Sandra responde com um tom de deboche.
— Eu vou dar nessa sua cara de vadia — —Giovanna já está avançando
em Sandra, mas resolvo impedir para ela não se machucar e nem machucar o
bebê.
— O que no inferno está acontecendo por aqui? — pergunto puxando
uma Giovanna muito irritada ao meu encontro.
— Essa mulher que você está abrigando é uma louca Luigi — Sandra
diz dramatizando.
— Ora sua vagabunda, você está precisando de uns tapas — Giovanna
diz de um jeito que tive que me segurar para não rir.
— Giovanna se acalme não esqueça do bebê — falo fazendo ela respirar
fundo. — —Agora eu quero saber o que está acontecendo aqui.
— Diga a ele vadia, diga a ele o que você fez! — mandou Giovanna
fazendo Sandra cruzar os braços.
— Você é uma louca, acho que essa gravidez está mexendo com sua
cabeça — Sandra diz fazendo Giovanna avançar nela novamente, mas eu a
impeço.
— Mais que porra! Me fale Gio, o que houve aqui? — peço a
encarando.
— Acordei com a campainha tocando e tinha umas pessoas lá querendo
falar com você e comigo, mas isso pode ser assunto para depois. Quando
entro em casa vejo essa vadia dos confins do inferno atendendo seu celular e
o pior tenho certeza que ela fala com quem quer se seja que você era
namorado dela — Giovanna diz com raiva.
— Você perdeu a porra da sua mente? — grito com raiva para Sandra a
fazendo se encolher. — Quem te deu permissão de fazer uma coisa dessas?
Isso é invasão de privacidade! — falo me aproximando dela que dá um passo
para trás.
— Eu… eu... eu não fiz nada que essa daí está falando — responde
Sandra apontando chorosa para Gio que a olha com raiva.
— Quem foi que estava do outro lado da linha? — pergunto entre dentes
e ela começ a chorar.
— Ninguém de importante se é isso que você quer saber, só poderia ser
coisa sobre trabalho — diz chorando copiosamente.
— Para de chorar porra! Seu choro está me irritando — falo com raiva
pegando meu celular que está em cima da mesa.
Sei que Sandra não é uma pessoa que se deva confiar, mas mexer no
meu celular isso nunca aconteceu antes, pelo menos não que eu tenha notado.
Sempre tive a mania não ficar com o celular muito perto ou até mesmo o
esquecer em qualquer canto e como ontem eu estava com um pouco de raiva
por Lucca não ter me ligado depois do seu jantar com o chinês e muito menos
retornando minhas ligações, deixei meu celular na sala e esqueci de pegar.
Verifico a última ligação​ e vejo que a última ligação​ foi de Lucca a porra do
meu coração para. Oh merda! Puta que pariu!
Olho para Giovanna que entende rapidamente o que eu queria dizer é
começo a retornar à ligação para Lucca, as chamadas não completam ou vão
direto para o correio de voz. Começo a andar de um lado para outro na
intenção de me acalmar, mas nada adiantava. O que será que Lucca deve ter
pensado? Quando mais penso mais raiva de Sandra eu sinto. Direciono meus
olhos para ela novamente e me aproximo.
— O que você fala quando atendeu a porra da ligação? — pergunto a
vendo fungar.
— Não diz nada demais, falei que o senhor estava no banho — fala
respirando fundo e de cabeça baixa.
— É mentira dessa cagna! — Giovanna diz com raiva.
— Não minta para mim Sandra, não faça isso. Vou perguntar mais uma
vez e quero a verdade — digo calmamente e a vejo me olhar confusa.
— Nunca vi o senhor tão nervoso assim. O que esse homem tem de
importante? — pergunta Sandra me analisando.
— Não que minha vida lhe diga a respeito, mas o homem é
simplesmente o meu namorado que mora longe demais e está me fazendo
uma falta desgraçada — falo pausadamente fazendo Sandra arregalar os
olhos.
— O senhor é… o senhor é bicha? — fala irritada, mas logo mudou a
postura quando vê minha cara feia.
— O que eu sou ou não sou não é da sua conta. Me fale que porra você
diz ao meu namorado — pergunto pegando meu celular tentando ligar
novamente para Lucca, mas só dá caixa postal.
— Eu diz que o senhor estava no banho e o homem foi um rude comigo
e para não sair por baixo diz que o senhor era meu namorado — fala tudo
com muita rapidez e a única vontade que eu tenho é de avançar no seu
pescoço, mas me contenho.
— Além de vadia você ainda é mentirosa. Eu deveria lhe dar uns tapas!
— Giovanna diz com raiva logo após soltar um gemido de dor.
— O que houve Giovanna? É a bebê? — pergunto desesperado.
— Não é nada demais, deve ser só o nervosismo — fala se sentando no
sofá.
— Se acalme, isso não faz bem para o bebê e tenho certeza que Lucca
não iria gostar de vê-la assim — falo fazendo ela rir é depois olhar para
Sandra.
— Desculpe senhor eu não sabia… — fala sentida e eu não acredito
muito nessa sua cara sínica.
— Vou tentar ligar para Lucca também é dizer que quem fala com ele
foi uma vadia sem noção — diz Giovanna e eu balanço a cabeça.
— Tenho que ir, fico grato por isso Gio. E você! — falo apontando para
minha empregada. — Quando eu chegar vamos ter​ uma conversa.
— Sim, sim me desculpe novamente senhor — diz Sandra e ouço um
bufar de Gio.
— Un vero e proprio cagna che ama gli uomini dagli altri (Uma
verdadeira puta que gosta dos homens dos outros) — diz Giovanna de​ um
jeito que se eu não estivesse tão aflito com minha situação com Lucca eu
poderia rir.
— Guerriero va bene, cercare di calmarsi dopo risolvere questo
problema con Lucca (Tudo bem guerreira, tente se acalmar depois resolvo
esse problema com Lucca) — falo pegando na barriga de Giovanna que está
dura.
— Farei o meu melhor! — responde fechando o olho. Com isso pego
minha pasta e meu paletó.
Com a discussão eu nem tive como tomar café, mas isso é o que menos
estou me importando no momento. Quando estou saindo de casa vejo um
homem e uma mulher vestidos como segurança. O homem é tão alto quanto
eu, tem uma cara fechada de quem não gostava de sorrir com frequência,
negro, careca, mesmo vestido dá para perceber que o homem é forte, seus
olhos são pretos. A mulher é branca e bem alta, seus cabelos loiros são
cortados bem baixo, seus olhos são azuis, seu rosto também está fechado,
mas com uma máscara fria.
— Quem diabos são vocês? — pergunto seriamente e o homem toma a
frente.
— Bom dia senhor Pierri, somos os seguranças contratados para sua
segurança e segurança da senhorita Sartori — diz o homem em um tom
respeitoso.
— Deixe-me adivinhar, estão aqui a mando dos Aandreozzi. Estou
certo? — pergunto os fazendo assenti. — Não obrigado, podem voltar de
onde vieram.
— Sinto lhe informar senhor que já fomos avisados que recusar os
nossos serviços não será uma escolha — a mulher diz com à voz grave e pelo
sotaque posso dizer que ela é inglesa. Ela me assusta!
— Vou ter que ter uma conversa muito séria com um Aandreozzi — falo
com raiva. — Como é o nome de vocês?
— Eu sou Norah a segurança da senhorita Sartori e esse é Daren. — Ela
nem precisou dizer mais nada pois já sabia que Daren seria o meu.
— Não vá se acostumando muito, pois isso aqui não vai durar — falo
apontando dele para mim e ele assentiu.
— Você pode entrar e se Giovanna passar mal me ligue, ela não está
muito bem — falo e Norah assentiu e assim que abri a porta ela passou.
— Senhor tenho que dizer que seus dois carros estão passando por
revisões, por tanto vamos com o carro da segurança — Daren diz quando
entramos no elevador.
— Mais que porra é essa? Meu carro, meus dois carros? — pergunto
com raiva.
— É o protocolo de segurança senhor — diz educadamente não se
importando com minha explosão.
Saímos do elevador e ao invés de descermos para a garagem direto,
paramos no hall do prédio, onde o carro Audi SUV já está à nossa espera.
Entro no carro a contragosto e meu humor não está um dos melhores, assim
que chegamos na empresa abro a porta do carro e desço sem esperar por
Daren. Chegando no meu andar peço para Renata ligar para Melissa e
perguntar se Filippo está na empresa, preciso perguntar se ele sabe alguma
coisa sobre Lucca essa falta de comunicação já está me deixando louco.
Estou muito chateado com essa coisa de segurança particular,
principalmente por não ter sido nem ao menos informado sobre isso. Não sou
um irresponsável, sei que minha vida assim como a de Lucca foi ameaçada,
mas isso não dá o direito de contratar pessoas sem conversamos sobre o
assunto. Sou um homem adulto que sempre soube lidar com os desafios que a
vida me proporcionou, ainda mais quando decidi abandonar todas as regalias
que minha família me dava com a intenção de me controlar e não vou aturar
ser controlado novamente, não pelo homem que pelo qual meu coração se
apaixonou. Passo por Melissa e abro a porta de Filippo sem nem ao menos
bater.
— Você é meu cunhado, mas isso não lhe dar o direito de entrar nesse
inferno sem bater — Filippo diz rudemente, mas não ligo para seu mau
humor.
— Não me importo! Que porra de história é essa de segurança? —
pergunto irritado e Filippo me encara.
— Aceite Luigi, você faz parte da família e nós protegemos os nossos
— diz de cara fechada.
— Para você é fácil que nunca teve sua vida controlada por ninguém —
falo passando a mão no meu rosto em sinal de frustração.
— Sente-se Pierre! — ele manda e eu o olho incrédulo.
— Você não manda em mim Aandreozzi! — rebato-o fazendo revirar os
olhos.
— Lucca sofreu um atentado na noite passada — Filippo diz me fazendo
arregalar os olhos e puxar a cadeira para sentar. — Ah! Resolveu sentar? —
diz balançando a cabeça negativamente.
— Mais… mais o que você está falando? — pergunto desnorteado.
— Isso que você ouviu Pierri, Lucca sofreu um atentado na noite de
ontem — Filippo diz cruzando as mãos na mesa.
— Como você ficou sabendo diz e eu não? Lucca é meu namorado! —
Levanto sentindo minhas mãos tremerem.
— Eu sei de tudo o que acontece com meus irmãos, principalmente os
mais novos Lucca e Luna. E hoje fui informado sobre o atentado, estou
tentando falar com ele ou nonna, mas não estou conseguindo — fala
revoltado por não conseguir notícias.
— Desde ontem à noite que tento falar com ele e não consigo. Será que
ele está ferido? Tenho que vê-lo! — falo nervoso me levantando da cadeira.
— Acalme-se Luigi, Lucca passou a noite no hospital, mas não teve
nada de demais — fala e sinto o meu peito apertar, pois eu não estava lá para
ele.
— Oh merda Filippo, eu não estava lá! — falo me jogando na cadeira.
— Não se preocupe, Lucca foi muito bem treinado para esse tipo de
coisa — fala sério e me irrito novamente.
— Como se eu me importasse com isso porra! E se fosse Luiz Otávio e
você não estivesse lá para ajudá-lo? Não fale comigo nesse tom, pois me
importo demais com Lucca e estou pouco me fodendo se ele é bem treinado
ou não. Luca Aandreozzi é o meu namorado e… e… — paro de falar quando
Filippo levantou a mão com um sorriso sem mostrar dentes para mim.
— Eu sei que você o ama, mas isso você deve dizer a ele e não a mim —
Filippo fala me fazendo rir.
— Está tão na cara assim? — pergunto sorrindo e ele assentiu.
— Eu estou me controlando para não pegar o jatinho e ver como estar
mio fratello minore (irmão mais novo). Mas sei que logo vamos saber os
detalhes do acontecimento — Filippo diz enigmático.
— Ele ligou para mim mais cedo, mas não pude atender e agora me
sinto pior do que eu já estava — falo frustrado.
— É por isso que mesmo que não goste, você e Giovanna tem que andar
sob proteção. Procuramos não vacilar quanto a isso — Filippo fala me
fazendo assenti distraidamente.
— Se você conseguir falar com ele por favor me avise — falo
levantando-me da cadeira e indo em direção a porta.
Saio do escritório de Filippo e desço para o meu andar, não consigo
parar de me preocupar com Lucca e essa falta de comunicação está me
matando. O restante do dia é uma verdadeira merda, vi alguns projetos, fui à
área dos arquitetos e conversei com o diretor de lá Pedro que é um sujeito
bem agradável de se conversar, mas minha cabeça está em outro lugar mais
precisamente no meu Lucca. Vou almoçar com Pedro quando dá o horário do
almoço, todo tempo olho para a porcaria do meu celular com a esperança de
uma mísera ligação. Mais tarde ligo para Giovanna para saber como ela é a
bebê estão, para minha alegria e menos uma preocupação elas estão bem e
sob a segurança de Norah.
No final do dia quando estou quase no final do expediente ouço minha
secretária impedir a entrada de alguém sem ser anunciado, antes que pudesse
levantar na minha cadeira para poder ver o que está acontecendo a porta se
abre abruptamente revelando a minha mãe. Sim, a senhora Gianella Pierre
está falando aos berros com minha secretária e o meu segurança.
— Luigi mio figlio dire a questo piccolo popolo insignificante Io sono
tua madre. (Luigi meu filho diga a essa gentinha insignificante que eu sou sua
mãe.)
— Tudo bem, essa é minha mãe — falo fazendo uma careta no meu
rosto.
Não basta toda essa merda de hoje mais cedo, mas parece que nunca é
merda suficiente para um dia só. Olho para a figura impecável de minha mãe
é um arrepio toma conta da minha espinha ao ver essa mulher linda de cabelo
compridos negros, lábios carnudos e destes perfeitos, um corpo de dar inveja
a muita gente em um vestido azul feito como uma segunda pele no seu corpo.
— O que você está fazendo aqui Gianella? — pergunto apertando
minhas têmporas.
— Os preparativos do casamento já estão todos prontos, só esperando
por você e a vadiazinha — diz minha mãe com um gesto de desdém.
— Isso não me diz nada Gianella. Vou ter que perguntar de novo? —
pergunto e ela sorri.
— Vim buscar meu filho tolo e minha futura nora — diz abrindo a bolsa
pegando o álcool em gel e passando nas mãos.
— Então pegue suas coisas dê meia volta e volte para Roma — falo
cansado.
— Não sabia que agora você tinha esse tipo de gente trabalhando para
você — diz colocando sua bolsa na poltrona, ignorando o que eu disse.
— O que você está falando? — pergunto curioso.
— Esse homem de cor que você colocou como segurança. E por que
você precisa de um segurança? — pergunta com deboche me causando uma
raiva muito grande.
— Como você consegue ser tão suja? Não fale assim sobre Daren, não o
conheço a muito tempo, mas sei que ele é um homem digno. Muito mais
digno que você que é uma mulher mesquinha e preconceituosa. Volte para
Roma, pois não existe casamento algum. Eu tenho alguém na minha vida e
esse alguém me faz sentir uma pessoa melhor. Sou um homem melhor por
causa dele, sinto que posso ser amado de um jeito que você e meu pai nunca
puderam me amar — falo tentando acalmar minha respiração acelerada.
— Como ousa falar assim comigo seu inútil! Eu sou sua mãe e você vai
fazer o que eu dizr para você fazer — minha mãe diz vermelha de ódio se
aproximando de mim.
— Não, ele não vai! — Ouço a voz que faz meu coração bater mais forte
no peito.
Olho para a porta da minha sala e o sentimento de alívio toma conta do
meu corpo. Ele está bem, ele está bem e na minha frente! Eram as únicas
coisas que flutuavam na minha cabeça. Meu Lucca está aqui e está bem!
— Miele por onde você andou? — pergunto respirando fundo em
contentamento.
— Estava no jatinho precisava ver o meu namorado, mas o que não
sabia era que encontraria minha sogra — fala seriamente olhando para minha
mãe.
Fico encarando Lucca sentindo um alívio muito grande por ele estar
bem, mas o seu braço imobilizado não escapa da minha avaliação, teremos
que conversar sobre isso. Ele está tão lindo quanto dá última vez que o vi, seu
rosto está em uma máscara fria avaliando minha mãe, que nos olha sem
entender nada. Ele está tão incrível com sua calça jeans, blusa de suéter preto
gola V, e tênis baixo, não consigo desviar meus olhos dele é muito menos
parar de me aproximar. Paro na sua frente e não preciso dizer nada, o puxo de
encontro ao meu corpo. O abraço bem apertado sem fazer questão nenhuma
de deixá-lo sair de longe de minhas vistas. Consigo esquecer de todo
sentimento de angústia que senti durante a porra do meu dia de merda, sentir
Lucca me apertar mais de encontro ao seu corpo.
— Você está bem miele? — pergunto e ele levanta a cabeça para me
encarar.
— Não, eu não estou bem! — responde olhando nos meus olhos.
— Vai me contar o que houve com você? — pergunto e ele assentiu.
— Luigi Orazio Pierri, o que está acontecendo aqui? — minha mãe grita
me fazendo lembrar da sua existência já esquecida por mim.
— Orazio? Sério isso mesmo? — Lucca pergunta sorrindo e eu solto um
gemido de desgosto.
— Você não vai esquecer sobre isso, não é verdade? — falo vendo-o
negar com a cabeça.
— Não mesmo! Mas acho que temos que revelar algumas coisas para
minha sogra — Lucca diz no meu ouvido divertidamente.
— Luigi, estou falando com você! — minha mãe grita me fazendo
afastar de Lucca, mas não muito.
— Bem Gianella, quero que você conheça o meu namoro Lucca — falo
vendo os olhos da minha mãe arregalar.
— Se isso é alguma brincadeira para que eu desista do seu casamento
com Giovanna você está muito errado — minha mãe diz me olhando
seriamente.
— Não é nenhuma brincadeira, Lucca é o meu namorado — falo sem
me importar com seu olhar duro e cara irritada.
— Chega de palhaçada Luigi, você sempre fez de tudo para deixar eu e
seu pai mal com a sociedade. Eu aceitei você usar drogas, sair de casa,
recusar nosso dinheiro, foder com qualquer rabo de saia, se mudar para esse
país contaminado, mas ver você fazer essa coisa aí com esse sujeito que não
deve ter nem onde cair morto eu não vou aceitar. Você está me ouvindo? —
diz minha mãe vermelha de raiva me irritando profundamente.
— Você não pode falar uma coisa dessas! Como você pode ser tão
desprezível? — pergunto e Lucca coloca a mão no meu peito.
— Ei, se acalme — ele pede fazendo com que eu respire fundo.
— Você seu sujeitinho, tire suas mãos de meu filho. Não sei quem é
você, mas pouco me importa — Gianella diz fazendo Lucca rir.
— Não posso dizer que é um prazer te conhecer, pois eu estaria
mentindo. Eu sou aquele que seu filho está namorando e não vai ser você,
uma mulher tão pobre de espírito que vai impedir. Vamos nos apresentar, eu
sou Lucca Aandreozzi, terceiro filho de Donatello é Arianna Aandreozzi —
Lucca diz seriamente fazendo minha mãe arregalar os olhos. — Não olhe
para mim como se estivesse vendo um fantasma. Posso perceber que você é
daquelas pessoas que medem os outros pelo seu grau na sociedade. Isso é tão
sujo! — Lucca fala fazendo meu coração bater forte.
— Lucca Aandreozzi? Sério mesmo Luigi? Mas ainda assim, não
aceitaria que meu filho fique nessa coisa suja com você — Gianella diz me
irritando.
— Se amar uma pessoa é ser sujo, então eu aceito essa classificação com
muita vontade — Lucca diz me fazendo arregalar os olhos.
— Amor? Luigi não sabe o que é amor, eu ensinei melhor que isso a ele
— minha mãe diz me irritando profundamente.
— Vá embora daqui Gianella! — mando a fazendo me olhar assustada.
— Você nunca fala assim comigo, eu sou sua mãe seu infeliz! — minha
mãe diz com raiva.
— Não vou mais deixar você ditar nada na minha vida mãe, sinto muito
se você nunca foi uma mulher feliz, mas eu almejo a felicidade na minha vida
— falo sentindo a mão de Lucca apertar a minha.
Olho nos seus olhos e só enxergo afeto, ver isso me faz ter a noção do
quanto eu realmente estou apaixonado pelo Aandreozzi mais novo. É uma
surpresa muito grande vê-lo aqui são e salvo depois de passar o dia inteiro
sofrendo sem ter notícias suas, mas é a melhor surpresa que eu poderia ter
nesse dia de merda que foi hoje.
— Foi um grande desgosto te conhecer assim minha sogra, vamos
marcar algo no futuro quem sabe — Lucca diz com sarcasmo.
— Você acha que vou deixar você ficar com meu filho assim — reclama
minha mãe.
— Claro que acho! Senhora Pierri eu sou um homem sério que odeia
joguinhos de gato, e rato e com certeza se esse jogo vir a acontecer eu vou ser
o gato, e como o belo gato que sou, adoro brincar com minha caça antes de
destruí-la em pedaços — Lucca diz em um tom perigoso me deixando rígido
e minha mãe assustada.
— Isso não vai ficar assim, seu pai não vai gostar de saber o que está
acontecendo com você Luigi — minha mãe diz caminhando até sua bolsa.
— Faça um favor a você mesma e volte para Roma — falo cansado.
Minha mãe caminha até a porta e antes de sair do meu escritório me
lança um olhar cheio de desprezo. Estou muito familiarizado com esse olhar,
pois passei minha vida inteira sob esse mesmo olhar, mas hoje em dia não
consigo sentir a dor no peito que sentia quando eu era apenas um menino
atrás de um pouco de amor que sua mãe poderia lhe dar. Quando minha mãe
saiu volto meus olhos para meu Lucca que permanece em silêncio com uma
expressão pensativa em seu rosto bonito. Sem conseguir me conter vou até
seu encontro o puxando para os meus braços, fico sentindo seu calor por um
bom tempo até que finalmente estamos prontos para falar um com o outro.
— O que houve com você miele? — pergunto e sinto ele respirar fundo.
— Muitas coisas como por exemplo uma cagna qualquer atendendo o
celular do meu namorado — diz com raiva e isso me faz rir.
— Foi tudo uma grande confusão, tenho o costume notável de deixar
meu celular em qualquer lugar e minha empregada achou que deveria atender
— falo relaxado, mas percebo que Lucca me encara com o rosto impassível.
— Você tem noção da raiva que sentir ao ouvir aquela lá dizendo que
era o celular do seu namorado e que era um homem importante? — Lucca diz
rígido e eu arregalo os olhos.
— Eu não fazia ideia que a maluca fala isso — falo balançando a cabeça
negativamente.
— Você fodeu ela não foi? — Lucca pergunta e eu fico sem graça. —
Sim, você fodeu!
Imediatamente agarro meu Lucca nos meus braços e quando ele vira o
rosto para me encarar colo meus lábios nos seus. Gemo ao sentir o sabor de
sua boca explodir na minha, a dinâmica do nosso beijo é forte e reflete a
saudade que temos um do outro. Fico me perguntando como as coisas com
ele pode ser tão intensa, à medida que aprofundo mais o beijo o meu coração
bate descontrolado no meu peito, essa é a prova nítida que o que eu sinto por
ele é absurdamente forte.
— Não importa quem esteve na minha cama ou na sua antes de ter o que
temos aqui. Eu sou teu assim como você é meu — falo o vendo sorrir.
— A última vez que falei palavra parecidas contigo eu pensei que você
iria fugir para as colinas — Lucca diz sorrindo.
— Se eu for fugir te levo comigo, isso é um fato — respondo
distribuindo beijos no seu rosto.
— Não sabia que o senhor era um homem tão romântico — Lucca diz
assim que grudo minha testa na sua.
— Nem eu sabia, mas parece que na sua presença sou, e nem me
importo em ser um tolo — falo o vendo dar uma gargalhada curta. — Temos
muita coisa para discutir miele. Como por exemplo o que houve ontem à
noite com você — falo e o vejo assumir uma postura rígida.

— Tentaram me matar ontem no restaurante, mas podemos conter os


cinco que já estavam no restaurante à minha espera, mas quando eu estava
indo embora com Christian e Scott um motoqueiro apareceu tentando me
matar, e eu suspeito que era o mesmo cara que estava atirando de cima de
algum prédio — fala pensativo e eu deixo escapar um barulho de espanto
com a boca.
— Tinha um atirador tendo uma boa vista sua e não te matou? —
pergunto alarmado deixando Lucca pensativo.
— Agora que você fala, estou podendo pensar direito. O atirador poderia
ter me matando quando quisesse, mas ontem aconteceu tanta coisa que acabei
deixando passar — Lucca diz derrotado, posso reparar uma tristeza em seu
olhar.
— O que teve mais ontem, vai querer me contar?
— Scott morreu tentando salvar minha vida, se não fosse por ele eu não
estaria aqui. Já lidei com muitas mortes Luigi, mas a de Scott mexeu demais
comigo, ele morreu pedindo que eu cuidasse de sua filha.
— Não posso imaginar o que você passou ontem eu me senti mau o dia
todo por não poder estar lá por você.
— Odeio parecer egoísta, mas eu adoraria tê-lo ontem como refúgio.
— Fico feliz em ser o seu refúgio miele, sua presença é sempre bem-
vinda — falo agarrando Lucca pela cintura.
Ao aproximar o corpo de Lucca do meu aperto com força minhas mãos
em sua cintura e mergulho minha boca no seu pescoço cheiroso, deixando
mordidas fracas e constantes fazendo Lucca arfar em contentamento.
Substituo as mordidas fracas por beijos molhados do seu pescoço ao queixo,
chegando na sua boca passo a língua no contorno. Preciso dele, preciso de
agora!
— É uma pena que está com o braço machucado, pois esses dias tive
pensamentos eróticos de você debruçado na minha mesa enquanto enterrava
o meu pau bem fundo em você — sussurro no seu ouvido o fazendo me
encarar com seus olhos ardendo de desejo.
— Quem se importa com meu braço! Eu quero isso Luigi e quero agora,
me faça esquecer essa merda que foi meu dia ontem.
— Tem certeza disso? — pergunto e ele me cala com um beijo gostoso e
uma mordida forte no lábio inferior.
— Calado Luigi, não fala e faça — diz ele esfregando seu pau duro
contra o meu.
Viro Lucca bruscamente contra minha mesa tirando as coisas de cima
em uma passada de mão só. O debruço sobre a mesa pressionando meu pau
contra sua bunda arredondada, nunca tinha reparado na bunda de nenhum
homem, mas a de Lucca e digna de ser vista, dois montes duros, deliciosa e
só minha.
— Você​ não manda em nada aqui agora. Você estar a minha mercê.
Entendeu? — falo puxando sua calça.
— Sim, porra sim! No meu bolsa tem lubrificante para nós — fala com
a respiração acelerada.
— Você já veio aqui esperando algo miele? Que coisa magnífica! —
falo colocando a mão no seu bolso.
— Sempre vou esperar algo de você, querido — fala com um sorriso de
lado.
Lucca aproveitou que estou tirando minha roupa e vira para me olhar
enquanto tira cada peça de seu corpo me deixando mais desejoso ainda para
ter tudo o que ele podea me oferecer. Depois de nossas roupas no chão, meu
namorado lindo para o caralho se ajoelha à minha frente engolindo meu pau
o máximo que ele consegue, sua boca quente e úmida feito o inferno suga
meu pau com vontade, tenho que me apoiar em algum lugar para que eu não
caia no chão, observo com bastante admiração o movimento de vai e vem que
a boca de Lucca faz no meu pau.
— Chega, preciso de você agora! — falo agarrando Lucca pelo ombro e
o beijando assim que ele se levanta.
Viro meu Lucca novamente para se debruçar na mesa, abro o
lubrificante, molho meus dedos e deslizo o primeiro no canal apertando dele
o fazendo saltar em surpresa e logo depois soltar um gemido rouco de
apreciação. Quando adiciono o segundo dedo, dou beijos nas suas costas
falando o quanto estou feliz por tê-lo nos meus braços.
— Eu também estou ahhhh… que porra! — murmura Lucca me
deixando extasiado ao olhar para sua fase desejosa.
— Você me quer, não é? O quanto você me quer? Vamos lá eu quero
saber! — falo no seu ouvido enquanto o abro para me receber.
— Oh vamos lá! Sabe que posso sair daqui e procurar em outro lugar —
diz Lucca de aviso me irritando profundamente.
— Vou te mostrar o lugar que você vai — falo com raiva e vejo o
sacana sorrir.
Vou até minha mesa pego a camisinha que tinha ali e visto meu pau, ao
me posicionar atrás de Lucca e antes que ele pudesse falar mais alguma
besteira encaixo meu pau de uma vez no seu canal apertado o fazendo urrar
de prazer. Espero um tempo para ele se acostumar e quando ele começa a
querer se movimentar não permito o prendendo. Começo os meus
movimentos, primeiro lento, o maltratando bastante e logo depois alcançando
velocidade e batendo com força na sua bunda bonita com meu pau. Com a
mão boa o vejo apertar a borda da mesa, não sei se posso segurar por muito
tempo, é tudo tão gostoso com ele.
— Vamos lá querido, eu quero ver você gozar — falo apertando seu pau
com minha mão direita.
— Luigi eu vou… oh merda! Eu vou gozar! — ele diz nervoso.
— É isso mesmo que eu quero, vamos lá agora! — falo entre dentes
sentindo o meu orgasmo na beirada.
Sinto jatos quentes e grossos do orgasmo de Lucca atingir minha mão e
ao sentir seu prazer não aguento e gozei logo depois. Tiro meu pau dele,
amarro a camisinha e vou até o banheiro jogar fora, molho uma toalhinha que
tinha no banheiro e volto para a minha sala encontrando Lucca do mesmo
jeito largado na minha mesa. O limpo com a toalha úmida, e fazer isso me
deixa feliz por estar cuidando dele, sei que pode ser besteira, mas gosto de
cuidar dele e isso é estranho para mim.
— Você é muito bem-vindo querido sempre que quiser alguma coisa —
falo dando um beijo em Lucca o fazendo rir.
— Eu ainda vou te pegar na minha mesa, essa nossa aventura me deu
ideias — Lucca fala pegando a cueca e vestindo.
— Não posso esperar para aproveitar de tal deleite — falo com graça.
— Você é literalmente um velho meu amor — Lucca diz distraído
fazendo meu coração acelerar.
— Amor? — pergunto e Lucca me olhou com afeto.
— Ainda não percebeu que eu te amo? Tudo bem que eu não disse as
palavras com precisão, mas aí vai. Eu te amo Luigi e o quero comigo até
quando a vida permitir — fala cada palavra olhando nos meus olhos.
— Para mim é tão estranho isso, mas sinto que você me ama, pois eu
sinto da mesma maneira com relação a você. Não sei como me ama, mas
continue porque isso me faz um bem demasiadamente grande. Eu também te
amo — falo o beijando com amor.
— Sabe por que você me ama? Por eu sou foda de irresistível! — fala
me fazendo rir.
— Não vamos esquecer que você também é muito humilde miele — falo
rindo.
— Meros detalhes esquecidos meu amor — fala com gestos casuais.
Após limpos e vestidos dou um último beijo no meu namorado antes de
saímos do meu escritório. Ao nos ver passar de mãos dados à minha
secretária arregala os olhos​ em surpresa e eu dou de ombros ignorando sua
reação, a libero para que ela possa ir embora. Entramos no elevador sendo
seguidos por Christian e Daren, ainda não sei como vou me acostumar com
isso, mas não terei para onde correr.
— Você deve ser Daren, muito bom te conhecer — Lucca diz virando
para encarar o meu segurança.
— Muito bom conhecer no senhor também, senhor Aandreozzi — Daren
diz em um tom forte.
— Proteja o meu namorado e vamos ver bons amigos, sem formalidades
me chame de Lucca — fala fazendo Christian​ rir.
— Farei meu trabalho com eficiência senhor — responde Daren fazendo
Lucca assentir.
— Não gostei nenhum pouco de saber que Daren me seguirá para todo o
inferno de lugar — murmuro inconformado.
— Relaxe, logo você se acostuma. Diga a ele Chris as aventuras que já
passamos juntos — Lucca diz fazendo Christian arquear as sobrancelhas.
— Tem certeza disso? — Christian pergunta me fazendo entrar em
alerta.
— Melhor não, foram muitas coisas e isso daria um livro — Lucca diz
me deixando com ciúmes.
— Não, não estou interessado — falo irritado puxando Lucca ao meu
encontro.
— Não esse tipo de aventura não Pierri, Chris é um grande amigo. Na
verdade, me pergunto se você não tem nenhum amigo gay e solteiro para
apresentar a Christian, ele tem andado tão solitário — Lucca diz fazendo seu
chefe de segurança aprofundar uma carranca.
— Não preciso de relacionamentos! — ele diz me fazendo rir.
— Acho que conheço a pessoa perfeita para ele — falo me lembrando
de alguém muito legal.
— E você Daren? — pergunta Lucca ao meu segurança e balançou a
cabeça em negação.
— Não senhor, obrigado — diz sério saindo do elevador como se
estivesse fugindo da polícia.
Ficamos rindo da reação de Daren e entramos no carro para irmos para
minha casa. Será a primeira vez que Lucca vai na minha casa e não sei por
que, mas isso me deixa nervoso. Ele diz que veio com sua nonna e ela foi
direto para casa de Filippo ver os bisnetos, queira ver nonna Francesa e
amanhã espero vê-la, Lucca diz que ela não foi com ele, pois sabia que
iríamos matar a saudade um do outro e não estava afim de atrapalhar o
momento de ninguém. Chegamos na minha casa e a primeira coisa que ouço
é um grito de Giovanna ao ver Lucca entrando.
— Olha só como está crescendo essa belezinha — Lucca diz sendo
abraçado por Gio.
— Verdade, está bem grande e agora está mexendo. Ela realmente gosta
de sua voz — Giovanna fala sorrindo para Lucca.
— Isso é bom, isso é realmente muito bom. Tenho a impressão que vir
aqui para o Brasil foi a melhor coisa que fiz — Lucca fala acariciando a
barriga de Giovanna.
— Tenho certeza que foi miele — falo sorrindo me sentindo bastante
contente por ter o meu namorado comigo.

Não há mais dúvidas eu o amo sim, Lucca Aandreozzi conseguiu


penetrar na minha pele de uma forma que não dá mais para controlar. E por
isso eu não tenho mais o que fazer aqui no Brasil, falarei com Filippo que
após essa viagem, irei para Chicago determinado a ficar perto de Lucca,
quem sabe eu possa arrumar um trabalho por lá, não me importa onde, tenho
um ótimo currículo, sei que consigo me arrumar por lá. Quero ter sempre esse
sentimento de felicidade ao encarar o rosto de meu Lucca todos os dias, pois
uma coisa que ele consegue é me fazer feliz.
Quando entrei no jatinho para vir encontrar com Luigi eu estava me
sentindo absurdamente irritado e não sabia dizer o que estava me causa tal
irritação, se era o fato que quase morrer, ter minha vida sendo salvar por
Scott, ir parar em um merda de hospital, ter que ficar cara a cara com a
família de meu segurança morto ou ter que ouvir a voz de uma qualquer
atendendo o celular de meu namorado. Nossa, eu estava uma pilha humana e
para terminar de completar tenho um encontro estilo jogos mortais com
minha sogra. Foram muitas coisas para minha cabeça, mas tudo começou a
melhorar com um simples toque do homem que amo.
Sim, eu amo Luigi e me sinto absurdamente feliz ao ouvir essas palavras
saírem de sua boca também. Estar com ele é a mesma coisa de ser um menino
apaixonado sem precisar fazer qualquer tipo de esforço e isso é muito foda de
bom. Depois de nosso fim de tarde quente e excitante no seu escritório, pude
finalmente conhecer o seu apartamento, um lugar típico de um solteiro
convicto, mas quem liga para isso quando é o lugar onde reside o homem que
ganhou​ o seu coração?
Percebo que Giovanna e um ser humaninho que habitam no seu ventre
ficaram muito feliz com a minha chegada, ficamos conversando besteiras
durante a noite, jantamos uma típica comida brasileira, que descobri ser a
culinária favorita de Luigi e fomos dormir. Agradeço aos céus por ir dormir,
pois eu não imaginava o grau do meu cansaço até que me deitei na cama e
apaguei sentindo o perfume do sabonete pós banho de Luigi. Acordo sentindo
um corpo ser pressionado contra minhas costas e um braço envolto à minha
cintura, me pego rindo e viro o corpo devagar para não acordar Luigi e fico
encarando seu rosto lindo, com traços masculinos e perfeitamente delineados.
— Você está acordado? — pergunto vendo um sorriso pequeno nos
lábios de Luigi. — Sim, você está muito acordado.
— Buongiorno miele! Dormiu bem? — Luigi abre os olhos e me aperta​
contra seu corpo.
— Buongiorno amore mio! Eu dormir muito bem, bem de um jeito que
eu nunca tinha dormido — respondo com sinceridade.
— Isso é muito​ bom, tenho que confessar que eu também nunca dormi
com ninguém — Luigi diz me deixando surpreso.
— Sério isso? Está vendo querido estou sempre tirando sua pureza de
alguma forma — falo em um tom de brincadeira fazendo Luigi rir.
— Pode apostar que de puro eu não tenho nada, acho que te mostrei
ontem contra a minha mesa — diz deixando meu pau mais duro do que já
estava.
— Adoraria ver isso novamente, mas acho que você tem que ir para a
empresa — falo olhando o horário no seu relógio de cabeceira.
— Puta que pariu! Vou me atrasar e Filippo vai me matar — Luigi diz
pulando da cama.
— Não precisa tanta pressa amor, vem cá deite mais um pouquinho —
falo me espreguiçando entre os lençóis.
— O que você tem de lindo tem de demoníaco. Você sabe tão bem
quanto eu que seu irmão não é alguém que gosta de ser contrariado — diz
tirando a cueca e caminha em direção ao banheiro.
— Sei sim, e é por isso que amo contrariá-lo — grito na intenção de
fazer Luigi ouvir do banheiro.
Caminho até o banheiro e lá vejo Luigi tomar um banho rápido para não
se atrasar mais do que já está, eu adoraria fazer amor com ele nesse momento,
pois nunca vi nada mais erótico do que o corpo bronzeado de meu namorado
molhado no banho. Mas como sou um bom namorado decido escovar os
dentes e deixá-lo sozinho para que não entre em maus lençóis, quando Luigi
está terminando o banho eu entro, mas não antes de receber um belo beijo de
bom dia que me faz perder um pouco a noção do que eu iria fazer. Ah
lembrei! Tomo meu banho com cuidado para não molhar a merda do braço e
quando saio Luigi está se barbeando, encaro ele através do espelho e recebo
um sorriso encantador cheio de espuma de barbear.
— Sinto muito miele, eu deveria te ajudar no banho, pois esse seu banho
foi ridículo — Luigi diz me irritando.
— Eu tomei meu banho muito bem, obrigado — falo com cara feia
fazendo o bastardo rir.
— Não, não tomou não! — Luigi fala rindo.
— Acho que o COO vai chegar muito atrasado hoje — falo saindo do
banheiro, mas não antes de ouvir.
— Golpe muito baixo querido — ele grita me deixa risonho.
— Só acerto onde dói bebê! — falo feliz.
Vou ao closet de Luigi e pego minha mala, primeira vez que venho ao
Brasil e trago alguma bagagem, pois na casa de Filippo e Luti as minhas
coisas já estão no meu quarto, mas como preferir vir direto ficar com Luigi
não passaria por lá. Término de pôr uma roupa muito casual como uma calça
jeans lavagem clara, uma camiseta gola V preta e um tênis, assim que estou
pronto vejo Luigi entrar em um dos seus ternos risca de giz cinza. Antes de
sair do closet lhe dou um beijo e sigo meu caminho para fora do quarto,
percebo que em todos os lugares da casa de Luigi não tem fotos ou qualquer
coisa que possa mostrar a sua família, posso até ter uma noção do porquê,
aquela mãe dele é definitivamente um demônio.
Antes que possa entrar na cozinha dou de cara com uma moça bonita,
sugiro que essa deve ser a empregada que se julga ser a namorada de meu
Luigi, posso imaginar o porquê Luigi levou a sujeita para a cama, ela tem um
belo par de pernas e bunda que ficam bem nítidos no seu uniforme quase
indecente. Ao perceber minha presença a sua primeira expressão foi espanto,
logo muda para surpresa, não demora muito passo pelo seu olhar avaliador e
por último o olhar de felicidade por estar gostando do que está vendo. Pobre
garotinha iludida se soubesse que se não fosse mulher ela já estaria recebendo
um belo soco na sua cara sonsa.
— Bom dia, acho que não nos conhecemos — Diz ela com um olhar
quente para cima de mim e eu fecho a cara.
— Então foi com você que eu falei ontem quando liguei para o celular
de Luigi? — pergunto com uma expressão séria deixando a mulher na minha
frente espantada.
— Eu... eu... — tenta falar, mas nada sai.
— Você o que? Não, não me diga para falar a verdade eu não quero
saber — falo andando e paro na sua frente. — Luigi é o meu namorado e não
seu! Só estou falando isso para você ficar ciente de um fato, não estou aqui
para brigar, te humilhar ou qualquer coisa parecida, estou só te mostrando um
fato, lembre-se disso. Sou um homem muito ciumento, em um nível bastante
alto e não gostei de ouvir sua voz no lugar que deveria ser do meu namorado.
Espero que isso não se repita, pois eu não posso ser esse doce estou sendo
hoje. Lembre-se, Luigi é meu! Só meu e de mais ninguém!
— Você não é o meu patrão para dizer o que eu devo ou​ não fazer —
fala recuperando a postura em forma de desafio e isso me faz rir.
— Você tem muita sorte que eu não seja o seu patrão, pois eu poderia
não ter sido muito benevolente e ter chutado essa sua bunda bonita para o
quinto dos infernos — falo em um tom perigoso fazendo a pobre mulher se
assustar.
— Miele? Aconteceu algo? — pergunta Luigi atrás de mim.
— Não amore, estava aqui conhecendo essa bella ragazza — falo
virando para ele sorrindo que balança a cabeça negativamente.
— Tudo bem, só não a assuste muito — fala beijando minha boca em
um selinho.
— Eu? Jamais faria uma coisa dessas — falo ofendido.
— Tá sei, não vamos poder almoçar juntos hoje porque tenho um
almoço de negócios para ir — fala pegando a pasta.
— Não se preocupe, Lucca terá uma boa companhia comigo hoje —
Giovanna diz se aproximando dando um beijo na bochecha de Luigi e na
minha.
— Onde vamos senhorita gestante? — pergunto sorrindo.
— Acho que você vai querer ver como está o pequeno bebê — diz
passando a mão na sua barriga.
— Tem consulta hoje? — Luigi pergunta.
— Tenho sim, vou levar os resultados dos exames e ver como a bebê
está desenvolvendo — responde Giovanna.
— Tudo bem, tenham um bom dia vocês dois. Agora eu realmente tenho
que ir — diz Luigi olhando o relógio de pulso.
Após a saída de ​Luigi, eu e Giovanna vamos tomar café, percebo pela
cara feia que ela lança para a empregada de Luigi, descobri através de Gio
que seu nome é Sandra, pelo visto a doce Gio não gosta muito de Sandra e
como sou um homem curioso pergunto o porquê que dessa desavença, ela
simplesmente me diz que a Sandra não sabe a hora de parar de ser uma vadia,
começo a rir e espero Gio terminar seu café da manhã. Quando saímos de
casa pude conhecer Norah a segurança de Giovanna e posso ver que ela é
uma mulher muito séria e profissional, gostei muito do que vi e sei que Norah
manterá Giovanna e a bebê em segurança.
Vamos no carro junto com Christian​ e Norah, o caminho inteiro vou
conversando com Giovanna e ela me contando algumas coisas sobre a
gravidez que se sentia muito culpada pela falta de desenvolvimento do bebê,
a acalmei dizendo que tudo vai dar certo, mesmo que por dentro eu esteja
morrendo de preocupação. Chegamos na clínica onde Giovanna vai ser
atendida, esperamos por pouco tempo e o nome de Giovanna é chamado.
Entramos no consultório e uma loira muito linda nos atende com pouca
simpatia.
— Olá senhora, vejo que hoje veio acompanhada de outra pessoa e não
de Luigi — diz a médica parecendo conhecer Luigi bem. Sério isso Pierri?
— Olá doutora, esse aqui é Lucca um dos pais do bebê — Giovanna diz
com naturalidade me deixando espantado e a médica incrédula. — Não olhe
assim, você também é o pai da bebê.
— Prazer em te conhecer​ doutora, podemos iniciar a consulta — falo
ignorando o olhar vidrado da médica para mim.
— Pode… podemos sim — diz apontando a cadeira para nos sentarmos.
A consulta inicia com a médica fazendo algumas perguntas para
Giovanna e olhando os exames que ela naturalmente deve ter pedido antes,
pego diversas vezes a médica me encarando como se quisesse me fazer
alguma pergunta ou simplesmente porque me encarava mesmo. Em
determinado momento da consulta meu celular toca, peço licença e vou
atender já que é Laila. Converso por pouco tempo com Laila a deixando
saber que logo estarei de volta e que qualquer coisa ela pode me ligar. Entro
na sala novamente e vejo que Gio está deitada na maca com a médica
segurando um aparelho na sua barriga arredondada. Aquele aparelho é para
ver os batimentos cardíacos do bebê e ao ouvir esse som rápido e ritmado, ele
mexe comigo me deixando emocionado.
— Essa pequena é bem forte, olha esse coraçãozinho — falo meio
abobado.
— Você e Luigi vão ser bons pais para ela — diz Gio segurando minha
mão.
— Assim como você vai ser uma boa mãe — falo a vendo balançar a
cabeça negativamente.
— Desculpe a minha indiscrição, mas como assim o senhor é o pai do
bebê também. Conheço Luigi e não acho que ele aceitaria uma coisa dessas
— diz a médica chamando minha atenção.
— Esse é o namorado e provavelmente o futuro marido de Luigi,
senhora Gusmão — Giovanna diz irritada.
— Luigi não é gay! Pelo menos não dá última vez que estávamos juntos
— diz a médica com malícia.
— Da última vez que você esteve com ele posso te afirmar que ele ainda
não estava comigo, pois na vida dele não vai existir mais ninguém além de
mim. Pela sua falta de profissionalismo e indiscrição posso ver que você
esteve com meu Luigi, mas não se iluda, isso não vai voltar a acontecer.
Podemos ir Gio? — pergunto vendo Giovanna rir da cara de besta que a
médica está fazendo.
— Essas mulheres não sabem a hora de parar de ser inconvenientes —
diz Gio assim que saímos do consultório.
— Não posso culpá-las Luigi Pierri é um pedaço, mas para a desgraça
delas ele me pertence — falo como se contasse um segredo levando
Giovanna a gargalhar.
— Vamos almoçar juntos hoje? — pergunta Giovanna me fazendo
afirmar.
— Sim, vamos sim — confirmo.
Deixei Giovanna em casa e vou à empresa ver Filippo, durante o
caminho nonna me liga chamando para almoçar com ela e Luti, pobre Luti
foi sequestrado da faculdade por minha nonna que afirma querer passar um
dia com o seus​ netos. Chego na empresa e penso em ir na sala de Luigi, mas
eu tenho que ver logo meu irmão, chegando no andar da presidência e vejo
Melissa distraída envolta a algum documento, como sou uma pessoa boa e de
bem com a vida falo com Mel.
— Mel — grito fazendo a pobre mulher jogar os documentos longe.
— Puta merda! Oh, me desculpe senhor Aandreozzi — diz ela afoita ao
perceber quem está diante dela
— Mi scusi, não deveria ter feito você se assustar dessa maneira — falo
rindo e ajudando Melissa com os papéis.
— Não foi nada senhor — responde ela sem graça. Pobre coitada!
— Meu irmão está desocupado Mel? — pergunto e ela afirma.
— Sim senhor, deixe-me avisar que… — Interrompo sua fala já abrindo
a porta do escritório de Lippo.
— Grazie, Mel — falo vendo a pobre moça resmungar algo que não
entendi.
— Quem é o irmão mais lindo de todo o mundo? — pergunto encarando
Filippo que bufa. É tão estranho ver meu irmão usando óculos, eu não me
acostumo com esses seus óculos de leitura.
— Você não sabe o que é bater na porta ou ter a paciência de esperar a
minha secretária avisar sua chegada não Lucca? — pergunta Filippo em um
tom rude e eu nem me importo.
— Olá para você também meu irmão! Sim, eu quase fui morto ontem,
mas estou muito bem obrigado por perguntar — falo com sarcasmo vendo
meu irmão respira fundo.
— Sei sobre tudo que aconteceu irmão e esse braço está bem? —
pergunta Filippo e eu rio.
— Está tudo bem fratello, de tudo o que aconteceu o que mais me tocou
foi a morte de Scott — falo sentando-me em uma das cadeiras de frente para
Lippo.
— Serei grato por ele ter salvo sua vida — ele fala e eu afirmo.
— Ele deixou uma filha de 6 anos, ela é a coisinha mais linda e doce,
ver o sofrimento daquela família por minha causa não foi uma coisa legal de
ser ver — falo e me sinto mal por isso.
— Te conheço bem o suficiente para saber que você está se sentindo
mal, mas Scott estava fazendo seu trabalho se ele achou que você era um
homem digno de permanecer vivo faça por merecer e encontre os bastardos
filhos da puta que estão fazendo isso. Pode ter certeza que sua família te
ajudará nisso — Filippo diz em um tom duro me fazendo assenti.
— Farei o meu melhor irmão! — falo com firmeza.
— Claro que vai, nós somos os Aandreozzi. Falando nisso, mamma e
babo estão demasiadamente preocupados com toda essa sua situação​ —
Filippo diz tirando seus óculos de grau com armação preta.
— Estou me preparando para isso, não posso culpá-los pela preocupação
com os filhos — falo pensando no bebê de Giovanna.
— Sei bem também, Duda e Pietro ainda vão me deixar careca — diz
meu irmão me fazendo rir.
— Os Ursinhos são as crianças mais adoráveis que existe. Estou com
saudades deles, estão na escola nesse horário, não é? — pergunto olhando o
relógio.
— São adoráveis mais com os gênios muito forte e sim eles estão na
escola — fala Filippo passando a mão no rosto.
— Eles são uns legítimos Aandreozzi, pois são adoráveis e incríveis —
falo orgulhoso.
— Diga isso quando a sua filha nascer e estiver com 9 anos querendo ir
para a festinha na casa de um amigo, sim amigo do sexo masculino e ficar
chateada com você por você não querer sua garotinha na casa de nenhum
moleque — diz Filippo me causando um arrepio.
— Não, isso não vai acontecer! — falo vendo um sorriso de lado de
Lippo. — Como vai nonna lá na sua casa? — pergunto mudando de assunto e
fechando o sorriso do meu irmão.
— Vamos bem, mesmo nonna não deixando meu marido ir para a
faculdade porque queria um tempo com ele, está tudo bem. Eu achei que você
fosse ficar lá também.
— Não iria acontecer irmão, eu tinha coisas para tratar com meu
namorado — falo com malícia e vejo a cara de nojo de Filippo.
— Dio Santo! Eu não quero saber sobre isso!
— Te amo Irmão, Obrigado por se preocupar.
— Para tudo e por tudo, se esqueceu? — fala sério apontando para o
ombro.
— Nunca grande fratello!
— Você sabe tão bem quanto eu que não precisamos ser comunicados
coisa fofa. — Ouvimos a voz de nonna e viramos para ver ela e Luti
entrando.
— Realmente não existe “bater na porta” nessa família — Filippo diz
negando com a cabeça.
— Deixe de ser um chato Ursão! — repreende Luti.
— Estava com saudades do seu cunhado favorito? — pergunto
levantando da cadeira e indo abraçar Luti.
— Espero que Enzo e Luna não saiba que você fala essas coisas —
responde Luti sorrindo. — Como está esse braço?
— Meu braço está melhorando — respondo sinceramente. — Você sabe
que eu sou o melhor dos Aandreozzi, você poderia ter ficado comigo, sabe —
falo e vejo Lippo levantar da cadeira, eu corro para trás de nonna.
— Não fique falando essas coisas para o meu marido seu bastardo — diz
Filippo com raiva abraçando Luti e o beijando em seguida. — Como está seu
dia com nonna, Bello? — pergunta Filippo calmamente ao seu Bello, o
olhando com amor.
— Ainda estamos sem nenhum problema Ursão — Luti diz divertido
aceitando o carinho do meu irmão
— Eles são tão perfeitos juntos, não é? — sussurrou nonna me fazendo
assentir.
— Soube que meu namorado está por aqui — diz Luigi abrindo a porta.
— Ei amor, já sentindo minha falta? — pergunto saindo de trás de
nonna e indo em direção ao meu namorado.
— Não sabia o quanto até me afastar de você miele — fala passando o
braço na minha cintura.
— Estou me sentindo a porra de uma vela aqui! — diz nonna indignada.
— Terei que arranjar um namorado para mim.
— Não! Sim! — Luti e eu falamos sim e nem preciso dizer quem fala o
não.
— Nada de namoros para a senhora nonna! — Filippo diz deixando​
nonna irritada.
— Você não controla minha vida seu ridículo ciumento — diz nonna
apontando para Filippo.
— Isso mesmo nonna mostra a esse Filipitito quem manda nessa porra!
— diz uma voz na porta viro e sorrio ao ver quem é a pessoa.
— Beto? — falamos ao mesmo tempo e Luti corre para ver o amigo.
— Como eu diz antes não há mais respeito nesse caralho — diz Filippo
deixando todo mundo rindo menos ele.
É por essas e outras que sempre me sinto​ muito bem em estar perto da
minha família, podemos não ter um osso normal no corpo como algumas
famílias por aí, mas somos felizes e isso é o que importa.
Na sala de Filippo agora está nonna, Luigi, Beto, Luti e eu. Todo mundo
com o rosto sorridente, menos o meu irmão, que ainda deve estar tentando
adivinhar como foi que todas essas pessoas foram parar na sua sala. Mesmo
Filippo sendo um homem muito rude, nós da família sabemos como ele
mudou a partir do momento que Luti entrou na sua vida, até a sua sala que
antes tinha somente uma foto com os membros da família Aandreozzi, hoje
em dia há muitas fotos de Luti com as crianças e até mesmo alguns desenhos
feitos pelos meus sobrinhos. A surpresa é a chegada de Beto, amigo de Luti,
uma pessoa que gosto bastante, pois ele é um cara que não aguenta as merdas
de Filippo e pessoas assim ganham o meu respeito facilmente.

— Que diabos você está fazendo por aqui Roberto? — pergunta Filippo
tirando Luti dos braços do amigo e passando o braço envolta da sua cintura
possessivamente.

— Bem, eu estava lá solitário, sentindo saudades de minha família e


quando soube que você iria para Portugal resolvi vir para pegar uma carona
depois — diz Beto sorrindo e vejo meu irmão bufar.

— Não te darei carona no jatinho, Roberto — diz Filippo e Luti se solta


de seus braços.

— Claro que vai Ursão! Pare com isso, você às vezes eu não sei não —
Luti diz seriamente com os braços cruzados.

— Mas Bello… — Meu cunhado levantou a mão impedindo Lippo de


continuar.

— Meu marido não negaria uma carona ao meu amigo de infância. Ou


estou errado sobre você, amor? — pergunta Luti e meu irmão está se
contorcendo para levar Luti nos seus braços novamente.

— Não Bello, darei a carona! Agora você vir aqui? — Filippo diz e Luti
o abraça com um sorriso radiante.
— Quem poderia imaginar que esse Ursão iria ser domado algum dia,
não é? — nonna pergunta e é o suficiente para que eu caísse na gargalhada.

— Eu amo ver Luti fazendo sua mágica com esse homem carrancudo —
falo e Beto se aproxima de mim colocando os braços no meu pescoço.

— Luti tem um potencial incrível de domar muitas feras — Beto fala me


fazendo rir, mas minha risada é interrompida pelo puxão que sofro no braço.

— Mas ele não vai ser capaz de me acalmar se você não soltar o meu
namorado — Luigi diz com raiva olhando para um Beto muito espantado.

— Mais um ciumento para fazer parte dessa família — Luti diz sorrindo.
Luigi passa os braços na minha cintura e me dá um beijo forte na boca.

— Ciumento, sim? — pergunto olhando meu Luigi.

— Você não sabe o quanto miele, nem eu sabia até me apaixonar por
você — diz calmamente com um sorriso de lado.

— Eu também sinto muito ciúmes por você, amor. Na verdade, acho que
mataria quem encostasse em você. Você é só meu! — falo possessivamente
admirando seu sorriso.
— Assim como você é meu! — sussurrou Luigi com sua boca contra a
minha.

— Como eu não sabia que vocês estavam juntos? — pergunta Beto


coçando a cabeça.

— Porque você não é da família — Filippo diz recebendo uma cotovela


de Luti.
— Claro que sou, você ainda não sabe, mas eu e Lunita vamos nos casar
em breve — diz Beto e agora eu fico irritado.

— Acho melhor você deixar minha sorellina — falo apontando para ele
e Filippo fez a mesma coisa.

— Tenho que concordar com você, irmão — Filippo diz rudemente.

— Vocês são tão sem noção às vezes. Beto e Luna são só amigos.
Vamos Beto, estamos indo almoçar e quero que durante​ o almoço você me
conte como está sua vida em Portugal. Sabia que eu já namorei um carinha de
lá, menino, ele sabia como chupar…. — Nonna Francesa para de falar ao
ouvir Filippo.

— Nonna, por favor não, só não — Filippo diz fazendo cara de nojo e o
resto de nós começa a rir.

— Não seja um puritano meu neto, vai me dizer que não sabe o que
chupar… — Ela parou novamente quando Filippo levantou a mão.

— Eu realmente não quero saber — Filippo diz carrancudo. E assim que


ele fecha a boca nonna sai puxando Beto para fora da sala sorrindo.

Filippo por trás de toda sua máscara de homem sério e intocável sempre
foi o mais ciumento de todos nós, principalmente com as mulheres
Aandreozzi. Não vou mentir​ e dizer que não sinto ciúmes, pois eu estaria
mentindo muito duro, mas consigo ser mais maleável do que Filippo, babo e
Enzo. Já vi muitas das vezes babo bater em homens que não respeitavam
minha mamma com olhares e cantadas sem noção, mamma é uma mulher
muito linda, linda de verdade com sua beleza natural sem precisar fazer
esforço e posso imaginar o que babo passou quando eles eram mais novos.
Filippo não foi nenhuma surpresa para nós quando se apaixonou, a não ser
pelo fato de estar casado com um homem, mas isso não importa. Nós
sabíamos que quando ele encontrasse a pessoa certa para sua vida, ele iria ser
bem assim do jeito que ele é. E eu não posso esperar para ver Enzo cair de
amor por alguém, isso vai ser muito engraçado de ver. Ele que sempre se
gaba que essas coisas não são para seu estilo de vida solteirão, só quero ver
quando acontecer, o que meu irmão não sabe é que quando o amor acontece,
acontece que você não percebe e quando cai em si não tem como reverter.
Olha só agora como estou caído no amor por Luigi Pierri.

— Por que está me olhando assim? — pergunta Luigi me acordando dos


pensamentos.

— Assim como, amor? — pergunto.

— Como se me amasse — Luigi fala me fazendo revirar os olhos.

— Isso é porque eu te amo. Está duvidando de mim, Pierri? — pergunto


e o vejo sorrir largamente.

— Óbvio que não, eu só queria ouvir você falar — Luigi diz me fazendo
rir.

— Vocês dois podem parar de namorar no meu escritório? Luigi temos


um almoço para ir — Filippo diz fazendo Luigi olhar as horas.

— Verdade, vamos logo para não ocorrer atrasos — Luigi fala fazendo
meu irmão assentir. — Miele, mais tarde tenho um jogo marcado com uns
amigos. Verei você lá?

— Se você me quer lá, é lá que estarei. Só não faço ideia de onde possa
ser.

— Pode deixar que mandarei o endereço por mensagem — fala e saímos


do escritório de Filippo.
Me despeço de Luigi e seguimos para fora da empresa, falo com nonna
e Luti que encontraria com eles no restaurante Benedetti, pois tenho que
buscar a Giovanna para almoçar também. Chego no apartamento de Luigi e
aproveito para tomar um banho rápido enquanto espero por Giovanna. Assim
que termino meu banho, me arrumo com uma calça jeans rasgada, uma
camiseta com dizeres “Não canso de ser gostoso”, coloco um coturno e para
finalizar uma jaqueta de couro. Saio do quarto de Luigi e vejo o olhar de
Sandra em cima de mim, a ignoro e vou ver Giovanna que vem com um
vestido e um casaquinho. No caminho até o restaurante Gio vai falando o
quanto está com fome e louca para comer uma boa massa, tenho que
concordar com ela, por estou do mesmo jeito.

Chegamos no restaurante e somos levados para mesa que nonna, Luti e


Beto estão nos esperando. Nonna reclama da nossa demora, dizendo que está
com fome e que se ela não me amasse tanto iria me mandar ir para o inferno,
mas por eu ter ido buscar Giovanna​ para almoçar ela me perdoa. Fazemos
nosso pedido para o garçom chamado Anderson que Luti e Beto parecem
conhecer muito bem, depois desenvolvemos uma conversa agradável no qual
Beto fica contando sobre sua vida nova em Portugal.

Enquanto estamos conversando pude ver que Giovanna se sentia


bastante à vontade com minha família. Nonna e Luti fazem questão de
sempre colocá-la no meio da conversa e deixando à vontade para
compartilhar o que ela quisesse conosco. Gosto de Gio, vejo ela como uma
menina inocente em muitos aspectos, mas algo se passa com ela posso ver no
seu olhar e terei paciência até que ela possa ter confiança para contar.

— Tenho que te levar na minha casa de mulheres Gio. Lá só tem


machos fortes e viris, tenho certeza que você vai gostar — diz nonna.

— Como assim, a senhora tem uma boate de mulheres? — Gio pergunta


curiosa.

— Tem sim, e fez eu e meus irmãos dançarem na despedida de solteiro


de Luti — falo e Giovanna se engasga com a comida.
— Como é que é? — pergunta sorrindo.

— Pense na minha surpresa quando chego no local da minha despedida


de solteiro e vejo meus cunhados e meu noivo em cima do palco — Luti diz
após engolir sua comida.

— Não estou acreditando nisso, eu daria tudo para ver a cena de você no
palco dançando — diz Gio fazendo graça.

— Para sua informação Giovanna, eu sou muito foda em cima do palco​.


Nonna e eu já fizemos aula de dança — falo lançando uma piscadela para
minha nonna.

— Como eu não fiquei sabendo disso? — Luti pergunta rindo.

— Olha quem fala, você por algum acaso diz ao seu marido que você
participava de um grupo de dança quando éramos​ moleques? — Beto
pergunta a Luti que fica vermelho como um tomate.

— Esquece essa merda Beto, eu fiz questão de esquecer — Luti diz


ainda vermelho.

— Não tem como amigo, você lembra daquela roupa… — Beto ia falar
mais, mas foi interrompido por Luti.

— Corte essa merda, Beto! — Estalou meu cunhado com raiva, fazendo
todos rirem. — Sim nonna, conte para nós sobre a sua aula de dança com
Lucca.

— Muito esperto você coniato, mudando de assunto — falo bebendo um


gole do vinho.
— Tem certos tipos de coisas que é melhor esquecer e deixar nos nossos
passados — Luti fala estremecendo.

— Eu bem sei como é isso — murmura Giovanna com o olhar distante.


E isso atraí minha curiosidade.

— O que você quer dizer, Gio? — pergunto com cautela segurando em


sua mão a fazendo saltar de susto.

— Oi? Oh, nada demais, acho que preciso ir ao banheiro. Com licença
por favor — Giovanna fala levantando e virando para sair.

— Quer que eu vá atrás dela Lucca? — nonna pergunta enquanto eu


ainda estou olhando Giovanna se afastar.

— Não nonna, acho que não deve ser nada demais — falo sem querer
preocupar minha nonna, mesmo que depois eu vá conversar com Gio.

— Olá família Aandreozzi, Roberto, é muito bom tê-los aqui hoje — diz
um homem que se não me engano deve ser Marco Benedetti o dono do
restaurante.

— Olá Marco, como tem passado? — Luti pergunta se levantando para


cumprimentar o ex chefe.

— Vou muito bem Luti e vocês como estão? — pergunta Marco, mas
percebo os olhos dele em direção a Beto que fica bastante desconfortável.

— Estou muito bem, obrigado por perguntar — falo atraindo seus olhos
para mim.
— Lucca Aandreozzi, você é o Aandreozzi que está em Chicago se não
estou enganado — fala sorrindo apertando minha mão.

— E pelo que vejo você anda bem informado sobre mim e minha família
— falo seriamente, pois não vou muito com a cara desse sujeito.

— Seu irmão​ e eu somos sócios, sempre faço questão de conhecer meus


amigos um pouco mais — fala e vejo seu olhar direcionado novamente para
Beto que bebe sua taça de vinho.

— Amigos? — pergunto levantando uma sobrancelha questionadora.

— Oh sim, amigos! Considero a família Aandreozzi minha amiga — diz


sorrindo largamente. — Bem, fiquem à vontade, tenho que ver algumas
coisas.

— Oh foda-se! Ainda bem que ele foi embora — diz Beto assim que
Marco saiu.

— Ele ainda quer algo com você amigo? — pergunta Luti para Beto.

— Pelo olhar dizendo “posso te foder se você deixar” que ele lançava,
se não é um indício eu não sei mais o que é — nonna diz com malícia.

— Ele me ligava, por isso que troquei a porra do meu número. Eu não
sou gay! Nada contra sabe, mas eu não sou. E se fosse não seria esse cara que
iria acontecer — Beto fala estremecendo.

— Sei o que você quer dizer, não vou muito com a cara dele desde a
última vez que viemos aqui para fazer surpresa para Luti — falo sério e Luti
afirma.
— Você não é o único, Luna já me falou que não gosta dele também —
Luti diz distraído.

Lembro-me perfeitamente bem do dia que viemos aqui pela primeira vez
na intenção de jantarmos com Luti. O modo que aquele Marco Benedetti fala
se referindo ao meu cunhado como inferior me irritou profundamente, minha
vontade era de socar​ aquele rostinho dele, mas fiquei com a tarefa de levar
meu cunhado para o carro junto com Luna. Na época o pobre Luti era muito
tímido, que tinha vergonha de conversar qualquer coisa, agora olho para Luti
e vejo a mudança que ele sofreu e isso é muito bom. Sou cortado dos meus
pensamentos com Luti cutucando meu braço.

— O que foi Luti? — pergunto.

— Quem é aquela mulher que está segura o braço de Giovanna? — Luti


pergunta nervoso e eu fico sem entender.

— Mulher? Que mulher? — pergunto olha para trás, ao ver quem é a


pessoa indesejada levanto da cadeira rapidamente.

Não, ela não pode estar aqui para me presentear com a imagem de
víbora que ela me mostrou ser. Se você está pensando que é a mãe de Luigi,
acertou de primeira. Em um canto na saída da área que dá para os banheiros
vejo que Gianella Pierri segurar o braço de Giovanna com muita força
fazendo ela fazer careta de dor com o aperto. Ao me aproximar delas vejo
que nonna, Luti e Beto vem a passos rápidos atrás de mim. Gianella não
percebe a minha aproximação, mas Giovanna sim e arregala os olhos.

— O que eu disse para você sua vagabunda? Você vai voltar comigo
para Roma agora mesmo e assim eu poderei fazer com que meu filho inútil se
case com você. Como pode estragar tudo assim? — Gianella fala em italiano
e com muita áspera com Giovanna.

— Se eu fosse você a soltaria agora, sogra — falo com raiva a palavra


sogra, fazendo Gianella virar para me encarar.

— Mais olha só quem eu vejo aqui. Não se envolva em assuntos de


família, pois você não faz parte dela — diz Gianella com desdém.

— Capista, isso é muito bom. Pelo que eu posso ver de sua família o
único que deve prestar é o meu namorado — falo com sarcasmo.

— Não chame meu filho de namorado, ele não é parte dessa sujeira com
você — diz a mulher com raiva.

— Não vamos entrar nessa discussão novamente minha sogra, minha


intenção aqui é fazer você cair em si e soltar a Giovanna — falo e vejo ela
torcer mais o braço da pobre Giovanna que está chorando.

— Essa aqui? Você está querendo que eu solte a noiva de meu filho que
é uma vagabunda fugitiva — fala olhando para Gio que chora copiosamente.

— Você não vai gostar do que eu sou ser capaz de fazer — falo
perigosamente sentindo minha raiva chegar a um nível alto.

— Por favor me solte Gianella, você sabe tão bem quanto eu que esse
casamento não iria acontecer — Gio fala chorando.

— Cala a boca! Lembre-se que ninguém te quer Giovanna, seus pais não
te querem, seu namorado. Se lembra dele? Aquele mesmo, pois bem ele não
te quer, ele nunca te quis. Agora vamos, pois, pelo pior que você seja, eu
ainda te quero como nora — Gianella diz e eu fico horrorizado com as coisas
que sai da boca dessa mulher.

— Sua puta do caralho! — nonna diz avançando na mãe de Luigi com


raiva, o baque que nonna faz no corpo de Gianella fez com que ela soltasse
Giovanna e em um movimento rápido a trouxe​ para os meus braços.
— Você está bem Gio? — pergunto olhando para ela que está
visivelmente assustada.

— Es… estou bem! — diz me abraçando e enterrando sua cara na minha


camisa.

— Como você pode ser uma pessoa tão ruim com uma mulher grávida!
— nonna diz acertando um tapa bem dado no rosto de Gianella.

— Você me bateu? — pergunta desnorteada segurando o rosto e nonna


lhe acertou mais um tapa bem dado do outro lado. — Você me bateu! —
afirma novamente só que dessa vez olhando para nonna com raiva.

— Muda o disco amiga, é claro que bati nessa sua cara de mulher ruim e
pilantra. Você está merecendo mais do que esses tapinhas fracos — nonna
diz com desdém.

— Isso não vai ficar assim eu vou te processar por agressão sua velha
desgraçada! — Gianella diz com ódio, nonna e eu começamos a rir.

— Um processo a mais um a menos não faz diferença para mim —


nonna fala relaxada. — Mas escute bem o que eu vou dizer a você, não se
aproxime da minha família novamente e jamais fale do modo que você fala
com o meu garotinho. Tenho que te informar que sou uma velha que anda
armada e eu não hesito em matar.

— Esqueça Luigi e Giovanna, pois eles agora fazem parte da nossa


família e nós protegemos os nossos, principalmente de um projeto de mãe
como você — falo e viro para tirar Giovanna daqui o mais rápido possível.

Nonna pergunta se eu preciso de ajuda com Giovanna que está muito


abalada com o encontro com Gianella, mas diz que não precisa se preocupar
que eu resolvo isso. Sendo assim pego Giovanna com a intenção de levá-la
para casa de Luigi, estou me sentindo bastante culpado por deixado a
segurança do lado de fora, não poderia imaginar que aquela mulher
desprezível estaria lá. Entro no carro com os olhos de Norah e Christian em
cima de mim e Gio, mas resolvo ignorar e não falar nada nesse momento, o
melhor a fazer é chegar em casa logo.

A chegada ao apartamento de Luigi é rápida, pois tem pouco tráfego,


subo até o apartamento com Giovanna grudada em mim escondendo​ seu
rosto. Levo ela para o seu quarto e a mando tomar um banho para ver se faz
com que ela relaxasse um pouco, ela não argumenta comigo, somente assenti
e se arrasta até o banheiro. Ouço o chuveiro ser ligado e aproveito para deixar
a cama confortável, não demora muito e ela sai de roupão e com os cabelos
úmidos, a deito na cama e sento em uma das extremidades. Não falo nada
somente passei a mão que está boa nos seus cabelos castanhos. Giovanna fica
um tempo calada olhando para o nada e depois começou a desabafar.

— Quando meus pais descobriram que eu estava a grávida e não tinha


intenção de me casar com Luigi, eles mandaram arrumar uma mala para mim
e me enviaram para casa dos Pierri para que eles dessem um jeito nessa
situação — diz Giovanna me fazendo congelar. — Minha mãe ficou tão
horrorizada com a minha gravidez que nunca mais quis papo com uma
menina mundana que engravidou e não tinha intenção de casar. Eles achavam
que os Pierri poderiam me fazer mudar de ideia e afirmam que eles tinham
mais responsabilidades com essa criança do que eles, já que foi o filho deles
que me engravidou.

— Oh Dio! Como puderam te deixar na casa de uma mulher como


Gianella? — pergunto sem acreditar.

— O que eles não sabem é que o pai de Luigi era o meu namorado
misterioso — fala de forma robótica me fazendo arregalar os olhos.
Oh foda-se! Eu sabia que Giovanna tinha coisa que não tinha falado com
Luigi, mas eu nunca poderia imaginar que seria uma coisa tão complexa.
Tenho a sensação que ainda tem muita coisa vindo por aí, e que é muito bom
me preparar para ouvir tudo com muita cautela.
Ainda não estou conseguindo assimilar o que Giovanna acabou de me
dizer. Primeiro seus pais a expulsão de casa a deixando aos cuidados de
Gianella Pierri, uma mulher desprezível que dá questão de espalhar o seu
perfume desagradável de enxofre por onde quer que vá. Não posso imaginar
as coisas que ela teve que ouvir e passar tendo Gianella para controlar sua
vida. Mas o que é mais inesperado é saber que o pai de Luigi é o namorado
de Giovanna, só de saber disso várias perguntas rondam a minha cabeça na
intenção de desvendar como esse relacionamento começou.
— Gio, eu não estou conseguindo entender o que você acabou de me
dizer — falo na intenção de chamar a atenção de Giovanna para mim.

— Não tem o que entender Lucca, é isso mesmo o que você ouviu. Eu
sou a vadia que tem o caso com um homem casado — fala e volta a chorar.
— Ei, não, não fale assim — diz e levanto o corpo de Giovanna a
colocando sentada na cama.
Tiro meus sapatos e sento na cama colocando minhas costas na
cabeceira, depois de confortável puxo Giovanna para se recostar no meu
peito, no início ela fica rígida, mas logo relaxa. Espero um tempo sem falar
nada e espero o tempo que ela quiser para poder se abrir comigo, sei que ela
precisa conversar, precisa pôr para fora tudo o que está guardando para si.
— Pode conversar comigo o que quiser, não estou aqui para te julgar.
Sou a última pessoa que poderia julgar alguém. Deixe-me te contar algo
sobre mim, eu tenho explosões de raiva quando estou perturbado, gosto de
infligir dor a pessoas que mexem com a minha família e pessoas que amo.
Por tanto, não sou perfeito — falo em tom baixo e percebo que Gio parou de
chorar.
— Você não me parece uma pessoa com explosões de raiva — Gio diz
enxugando os olhos.
— Oh sim, não duvide, sou assim para quem merece que eu seja — falo
fazendo graça. Giovanna respira fundo e volta a falar.
— Eu estava no meu segundo ano na faculdade estudando história da
arte quando conheci Orazio. Fui com umas amigas almoçar, esse foi o último
dia das aulas e minhas amigas e eu estávamos felizes, fazendo planos para
uma viagem. Foi aí que o vi, sentado me encarando enquanto tomava uma
taça de vinho branco. Ele é um homem muito bonito, com um olhar
intimidade e eu me senti aquecida pelo seu olhar intenso. Ele estava no meio
de um almoço de negócios, mas seus olhos estavam em mim o tempo todo,
não nas minhas amigas ou em qualquer outro lugar, seus olhos estavam em
mim — fala distraidamente com um pequeno sorriso nos lábios.
— Você se apaixonou por ele, não foi? — pergunta em um tom baixo.
— Não tinha como não se apaixonar Lucca, ele é tudo que sempre
sonhei e um homem muito, muito galanteador. Quando eu saí do restaurante
ele estava me esperando no seu carro e quando ele me diz para entrar para
que pudéssemos conversar eu nem hesitei. No início era ótimo estar com ele,
nunca me importei com a nossa diferença de idade, viajávamos juntos sempre
que ele tinha algo para resolver, eu sempre me sentia bem ao seu lado — diz
Gio é uma carranca aprofundou no seu rosto bonito. — Juro que não fazia
ideia que ele era casado.
— O que aconteceu? Como você descobriu que ele era casado.
— Foi em um jantar na casa de meus pais. Eu já não morava com meus
pais a um bom tempo desde o início da faculdade. Minha mãe ligou me
chamando para um jantar de negócios de papa que eu não poderia deixar de
ir, não tive para onde correr a não ser ir naquele maldito jantar, onde eu
encontraria o meu namorado com sua esposa. E foi a pior coisa que poderia
ter acontecido, foi a partir desse dia que Orazio mudou comigo — Gio fala
com raiva.
— O que foi que aconteceu quando você o viu no jantar — pergunto
com calma.
— Aconteceu que eu fiquei confusa e devastada ao mesmo tempo,
descobri na mesma noite que homem que eu amava era casado, amigo dos
meus pais e pelo seu olhar frio tive a certeza que ele sabia muito bem quem
eu era. Aquilo acabou comigo, passei dias tentando entender, me sentindo
suja e usada.
— Foi aí que você terminou com ele — falo e ela nega com a cabeça
me deixando confuso.
— Eu tentei, juro que tentei, mas eu o amava demais. Sentia falta do
seu toque e isso me devastou e estava disposta a continuar mesmo sendo
estupidamente casado, mas quando percebi meu erro já foi tarde demais. O
homem que eu amava já não existia mais, ele mudou, ficou agressivo,
inconstante e frio. Ele não me queria com mais ninguém, perdi minhas
amigas, minha faculdade, ele tinha o controle de minha vida — fala entre
dentes.
— O que aconteceu para você conseguir se libertar de Orazio? —
pergunto com raiva.
— Gianella aconteceu, sim, ela descobriu o caso do seu marido e o mais
incrível é que ela não ligou muito para isso, mas conseguiu fazer com que ele
parasse de me ver. Orazio parou de me ver sem me dar uma palavra sobre o
assunto, como se eu fosse uma coisa descartável E isso me irritou, porra, isso
me irritou muito. Foi quando… quando… — Giovanna para de falar e me
encara.
— Foi quando você conheceu Luigi e dormiu com ele, para provocar
Orazio e Gianella — falo com firmeza a fazendo se afastar de mim com
vergonha.
— Sim, foi isso mesmo que aconteceu. Para mim Luigi seria só um
escroto como os pais, mas percebi meu erro no dia seguinte e me senti mal
pelo o que fiz com Luigi — fala com a cabeça baixa torcendo as mãos no seu
colo.
— E você tem certeza que a bebê é filha e não irmã de Luigi? Desculpe,
mas tenho que perguntar isso — falo e ela afirma rapidamente.

— Quando Orazio e eu fomos ficar mais íntimos, ele diz que não
precisaríamos​ de proteção já que ele não poderia ter filhos mais. E foi uma
grande surpresa quando me vi grávida do filho do homem que eu amava —
Giovanna diz passando a mão na barriga.
— Luigi me diz que você não aceitou a gravidez muito bem, isso é
porque o filho não era de Orazio?
— Não! Claro que não! Passei por muita coisa, fui uma mulher inútil e
patética que se envolveu e se apaixonou por um homem casado. Que depois
em uma súbita infantilidade engravida sem pensar nas consequências. Luigi é
um homem bom e não merecia ser casado com a amante de seu pai. —
Giovanna chora e minha cabeça entra em parafuso.
Não posso imaginar o que seria de Luigi se por algum acaso ele se
casasse com Giovanna. Ela é uma jovem que se apaixonou por um homem
casado que pelo visto a conhecia muito bem e mesmo assim a enganou. Que
tipo de homem é Orazio Pierre? Que tipo de mulher é Gianella Pierri, que
soube da traição do seu marido e não se importou. Algo não está muito bem
nessa história, como seria esse casamento para Luigi e Giovanna. Sempre
soube desde o primeiro dia que bati meus olhos em Giovanna que ela
escondia coisas e que estava triste por algo, mas isso o que ela acabou de
contar nunca passou pela minha cabeça.
— Uma coisa não sai da minha cabeça. Como Orazio e Gianella
receberam a notícia de sua gravidez? — pergunto deixando Giovanna
pensativa.
— Não sei, por que foram os meus pais que falaram com os Pierre. E a
próxima coisa que eu soube foi o carro vindo me buscar para me instalar na
casa deles. Logo depois eu estava sendo mantida lá para o casamento e
consegui sair de lá quando os dois não estavam na casa.
— Quem te ajudou? Quem te tirou da casa dos Pierri? — pergunto
tentando entender.
— Eu nunca tinha visto aquele homem, mas ele tinha traços de Orazio.
Ele me diz que era Sávio Pierre o tio de Luigi — Giovanna diz me deixando
confuso.
— Por que será que ele te tiraria de lá? Ele te falou alguma coisa?
— Não, ele só fala para eu encontrar Luigi e conversar com ele. Antes
de sair ele me deu dinheiro e uma passagem para o Brasil — fala e para me
encarando. — —Você agora deve me achar uma pessoa terrível.
— Não vou mentir e dizer que gostei de saber que você usou meu
namorado para se vingar, mas como eu disse antes, isso não faz você uma
pessoa ruim. Não sou nenhum santo e não tenho o porquê para te julgar, mas
acho que você, somente você pode conversar com Luigi — falo seriamente e
ela respira fundo.
— Eu sei, deveria ter feito isso no primeiro dia que ele aceitou me dar
abrigo, mas fiquei com muita vergonha — diz Gio levantando e começando a
andar pelo quarto.
— Gio, você tem que se acalmar e fora que você está me deixando
tonto andando de um lado para outro — falo a fazendo parar.
— Como eu poderia olhar na casa de Luigi e dizer que o pai dele era o
meu namorado, que sua intenção maior com esse casamento era ter o controle
de mim e de seu filho para seu bel prazer. Gianella só queria seu filho casado
para mostrar a sociedade como a família Pierri é incrível — Giovanna diz
com cara de nojo.

— Existem pessoas e pessoas nesse mundo Giovanna, pelo o que já


ouvir e vi sobre eles, eu não poderia ficar mais surpreso — falo
cautelosamente.
— Isso é tão mesquinho, fico feliz que a bebê terá pessoas de bem na
sua vida. Isso me deixa muito tranquila — fala baixo passando a mão na
barriga.
— Isso pode apostar que ela terá e você também, não se engane. Agora
venha aqui e deite um pouco, você tem que descansar.
— Não sei se eu consigo.
— Claro que você consegue, agora venha e deite-se — falo levantando
da cama e depois que Gio se deitou a cobro.
— Obrigada por me ouvir Lucca, sempre soube que você era uma
pessoa especial — fala soltando um longo bocejo.
— Obrigado a você por confiar em mim. Agora durma um pouco.
Saio do quarto de Giovanna me sentindo exausto mentalmente encosto
minha cabeça na porta e respiro fundo. Como pode uma família ser tão
ridiculamente ordinária. Essa é a maior pergunta que está na minha cabeça
agora, não consigo assimilar o que se passa na cabeça de Gianella e Orazio.
Um empresário importante no ramo de exportação, que usa uma jovem
mulher a fazendo se apaixonar por um homem que não existe. Ainda não
entra na minha cabeça como ele pôde querer fazê-la se casar com seu filho
para que permanecessem amantes. Puta que pariu que filho de uma cadela!
Se ele estivesse na minha frente agora, eu iria socar sua cara tão mal que
ninguém poderia fazer o reconhecimento do seu rosto imundo. Que tipos de
pais são esses? Não, eu não posso ir por esse caminho, tenho que ver tudo
direito e principalmente conversa com Luigi.

Vou para o quarto de Luigi e lá faço de tudo para me acalmar, pego meu
notebook e começo a trabalhar. Durante o tempo que estive trabalhando
recebi uma mensagem de Luigi me lembrando do seu jogo com seus amigos e
o endereço do local para que eu possa encontrá-lo. Volto para o trabalho e de
lá converso um pouco com Laila que me informou a insistência de Daniel
Fodido Campbell para saber onde estou. Fiz Laila rir do modo que a autorizei
a mandar o bastardo ir se foder com um pedaço de madeira cheia de pregos.
O sinal de uma nova mensagem soou no meu celular e abro um sorriso, pois
naturalmente é uma mensagem de Lui, mas o meu sorriso morreu ao ver que
o número é desconhecido. O pior de tudo foi o conteúdo da mensagem.
Sinto sua falta, podemos ainda ter algo bom basta você querer, baby.
Amo-te. D.
Filho da puta! Como ele ousa me mandar uma mensagem? Conto até
dez duas vezes e aperto a ponta do nariz com o polegar e o indicador na
intenção de me acalmar. Não posso cair na asneira de responder essa
mensagem infame, por tanto encaminhei a mensagem para Christian, ele
saberá o que fazer, caso ele possa rastrear de onde esse filho da puta está
mandando essa mensagem.
Olho para o meu relógio e vejo que estou terrivelmente atrasado para
me encontrar com Luigi. Saio correndo do apartamento pedindo a Christian
que tire logo o carro, demora um pouco para chegar já que o trânsito de São
Paulo é maçante feito o inferno. Finalmente chego ao local que Luigi me
falou e não me surpreende em saber que é uma academia, ele me fala direito
o lugar onde se localiza a quadra e é para lá que eu vou com Christian bem
atrás de mim. Algumas pessoas, principalmente as mulheres, me olhavam
com curiosidade e flerte, mas mantenho minha postura e caminho para o meu
destino.

A visão na minha frente me fez ofegar, sim estou ofegante e


fodidamente ficando de pau duro, pois o meu namorado/meu Luigi está
deliciosamente sem camisa expondo seu corpo forte, recheado de músculos
firmes, me fazendo salivar. Oh homem, que visão maravilhosa. Adianto-me
para sentar em um lugar com o principal motivo de esconder meu pau duro
cheio de excitação por observar a desenvoltura de Luigi em um simples jogo
de basquete com seus amigos. Na quadra com Luigi está mais cinco homens,
cinco homens diferentes e bonitos (desculpe amore mio, mas eu não sou
cego.) jogando e rindo. Luigi percebe a minha chegada e me lança um sorriso
lindo e acena para mim, voltando a se concentrar no jogo.
— Oh, merda! — Ouço o gemido frustrado de Christian e o encaro.
— O que foi Christian? — pergunto vendo seus olhos firmes em um
homem específico. — Você o conhece? — pergunto analisando o negro
muito bonito, com cabelos de trança de calção esportivo branco.
— Eu não tenho que responder isso, tenho? — ele responde sem desviar
os olhos do homem.
— Oh sim, você tem se não quiser que eu morra de curiosidade — falo
inocentemente o fazendo bufar.
— Você​ sabe que isso não vai funcionar comigo não é verdade? — fala
estreitando os olhos na minha direção.
— Vamos lá, você não quer que eu pergunte ao homem lindo que tem
uma cor perfeita de chocolate — falo malicioso e acho que o ouço rosnar. —
Isso foi um rosnado?
— Pare Aandreozzi, você não vai saber de nada aqui — fala na
defensiva.
— Deixe de ser assim Chris. Diga-me quem é ele, pelo que posso ver há
uma tensão sexual aqui — falo sério e ele revira os olhos.
— Aquele cara é o irmão de Brian, nós meio que… meio que —
Christian fala na intenção de me fazer concluir.
— Vocês meio que foderam como dois coelhos no cio? É isso? Posso
ver por que você fez isso, mas pera aí, você me diz que ele é irmão de Brian?
— pergunto e ele geme em frustração.
— Você consegue ser um pouco mais sutil? — Christian diz passando a
mão no rosto.
— O que houve com vocês? Não me olhe assim, estou curioso aqui —
falo olhando para meu Luigi que continuava todo suado e… Há!
— Você parece querer comer alguma coisa — Christian fala e eu lanço
meu sorriso de lado.
— Oh cara, eu quero sim e como eu quero. — Soltei um suspiro. —
Mas não mude de assunto e me fale sobre seu envolvimento com o irmão​ de
Brian.
— Conheci Francisco através de Brian uma noite a um tempo atrás e
não sei como mais acabou com nos dois na cama — fala rapidamente e eu
assenti.
— E o que mais aconteceu? — Induzo ele a contar mais.
— Nada, não aconteceu nada. Ele era jovem e eu tinha acabado de
conseguir meu emprego como seu chefe de segurança — diz dando de
ombros.
— E você ainda gosta dele não é? Você se lembra daquela noite ainda
ou eu estou errado? — Christian afirmou seriamente com a cabeça. — Vá
falar com ele depois do jogo.
— Não, não vou fazer isso! — diz firmemente. — Sem falar que estou
de serviço ainda.
— Não seja por isso. Você está dispensado por hoje, não se preocupe
que ainda tem Daren — falo apontando para Daren do outro lado.
— Sério que você quer dar uma de cupido? — pergunta franzindo a
sobrancelha.
— Só acho que todo mundo deve ter alguém que deseja na sua vida e
não será eu que vou impedir — falo dando de ombros e vejo que o jogo
finalmente acabou e um Luigi muito suado vem correndo na minha direção.
— Agora é minha deixa, tenho um namorado quente para cumprimentar.
— Miele, que bom que você pôde vir. Sentiu minha falta? — pergunta
sorrindo ao se aproximar de mim.
— Não me lembro de senti sua falta — falo tranquilamente e ele me
puxa para os seus braços.
— Muito mentiroso miele, muito mentiroso mesmo — fala enterrado o
rosto no meu pescoço.
— Você está suado, muito suado para ser honesto. Mas tenho que te
dizer que estou duro feito pedra — sussurro e Luigi solta um gemido baixo.
— Sem provocação Lucca, vai ser desconfortável apresentar o meu
namorado aos meus amigos ostentando uma ereção furiosa — fala em um
tom sofrido me fazendo rir.
— Você esteve quente lá no jogo, amor — falo no seu ouvido.
— Puta merda Lucca, isso é muita maldade — diz Luigi beijando minha
boca.
— Quando chegar em casa vou querer e muito esse seu traseiro
apertando em torno do meu pau — falo com os nossos lábios grudados.
— Argh! Isso é muito ruim de dizer, especialmente agora — Luigi diz
em um tom sofrido. Estamos juntos e nos afastamos quando ouvimos um
pigarro.
— Luigi? — pergunta um homem alto com uma barba cerrada castanha.
Ele ostenta uma carranca confusa no rosto.
— Ah, gostaria de apresentar a vocês meu namorado Lucca. Lucca esses
são César e Iago, já falei deles para você e os outros são Alex, Murilo e
Francisco — Luigi fala colocando o braço ao redor da minha cintura.
Olhando de perto para os amigos de Luigi posso ver que toda a beleza
que eu achei que eles tinham enquanto estive sentado no banco não faz jus ao
vê-los de perto, porque eles realmente são homens bonitos e cada um tem
uma beleza diferente. Eles ficam nos encarando tentando entender o que está
acontecendo de verdade ou se é alguma brincadeira de Luigi e como no
ninguém se pôs a falar nada coube a mim tomar iniciativa.
— É muito bom conhecê-los, e não precisam ficar acanhados eu não
mordo. A não ser que peçam — falo sorrindo e Luigi me aperta.
— Ninguém morde ninguém aqui, você é meu — fala Luigi virando
meu rosto para olhar para ele.
— Caralho mano! Luigi Pierri está perdidamente apaixonado e
ciumento. Me belisca para ver se estou sonhando César — diz Iago
espantado.
— Juro que nunca veria isso na vida — fala César fazendo os outros
assentiram.
— Calem a boca vocês dois, não sei quem é pior do lote com relação a
vocês. Prazer em te conhecer Lucca — diz Alex sorrindo.
— Nós somos os mais sérios com relação a esses cara, Lucca. Falando
nisso, tenho um jantar para ir com minha mulher. É bom te conhecer, mas
tenho que ir — diz Murilo.
— Também tenho que ir, prometi a minha esposa dar uma folga a ela
com as gêmeas — Alex diz recebendo um tapinha nas costas de César.
— Ei! Eu posso ser solteiro, mas sou um rapaz muito sério. Pode me
chamar de Beço, é assim que meus amigos me chamam — diz Francisco com
um grande sorriso branco e seus incríveis olhos verdes. Posso ver as
semelhanças de Brian nele e o porquê Christian é tão encantado. O homem é
lindo!
— Soube que você é irmão de Brian — falo e ele me encara confuso,
mas sorri em seguida.
— Sim, sou sim. Você conhece meu irmão? — pergunta.
— Sim, ele trabalha sendo segurança de meu cunhado — respondo e ele
afirma.
— Quem te fala isso? Meu irmão está por aqui? — pergunta e seu
sorriso cai ao olhar para algo atrás de mim e tenho certeza que é Christian. —
Licença, tenho que ver algo.
— Oh sim, sei. Foi bom te conhecer, Christian fala muito bem de você
— falo cúmplice. Francisco passa por nós e Luigi me olha sem entender
nada.
— Vou querer saber disso? — Luigi pergunta e eu nego.
— Acho que não, mas depois te falo de qualquer jeito — falo beijando-
o rapidamente.
— Tenho a sensação que você está aprontando algo — fala e eu nego
sorrindo.
— É tão estranho ver Luigi sendo atencioso com alguém, mas tenho que
confessar que fico feliz — Iago diz chamando minha atenção.
— Vocês não se importam que o amigo de vocês namorando um
homem? — pergunto encarando os dois que dão de ombros.
— Nem um pouco, somos amigos dele e se ele está bem contigo,
estamos bem por ele — diz César.
Nos despedimos dos amigos de Luigi e logo estávamos indo para o
caminho de casa com Daren, já que Christian resolveu que queria um tempo
para quem sabe poder conversar com Francisco. Isso me deixa muito feliz,
pois se alguém merece uma pessoa legal esse alguém é Chris. E pelo o que eu
pude perceber de Francisco ele é um cara de bem, ainda mais sendo irmão de
Brian um cara que gosto bastante.
— Acho que você tinha me falado que estava muito excitado e tinha
várias intenções — fala Luigi chamando minha atenção.
— Você não tem noção da gravidade das minhas intenções com você —
falo sentindo meu pau começar a dar sinal.
— Estou muito disponível para que você me mostre — Luigi diz
aproximando seu rosto do meu.
— Pode ter a foda certeza que te mostrarei, de preferência, nu e muito
suado.
A mão de Lucca passa pelo meu peito, parando no meu mamilo direito o
puxando com força, enquanto beijos molhados são depositados no meu
ombro. Lucca toca meu corpo eu não consigo ter nenhum pensamento
coerente na minha cabeça, tudo é tão intenso que me deixa sem ar. Desde que
chegamos do jogo de basquete estamos trancados no quarto e nem sequer
saímos para procurar algo para nos alimentar. Tomamos banho juntos,
explorando persistentemente o corpo um do outro, mas parece que Lucca
ainda não está totalmente satisfeito.
— Você está dolorido, querido? — a pergunta feita roucamente no meu
ouvido faz meu corpo se arrepiar.
Essa é uma boa pergunta, já que fui muito bem fodido há pouco tempo,
mas parece que nada poderá me fazer não querer ter algum tipo de contato
com ele. Sempre me encontro em busca de alívio da excitação involuntária
que sinto só por um simples toque que ele causa em mim.

— Estou bem, mais que bem, eu estou ótimo — falo e um sorriso de lado
escapou dos lábios de Lucca.
— Tsc, tcs, tcs… Tão mentiroso Lui! — fala e eu não consigo esconder
a cara ofendida.
— Você está querendo que te mostre que estou bem? — pergunto
levantando meu corpo e rolando Lucca para deitar na cama enquanto me
sento nos seus quadris.
Assim que prendo Lucca embaixo de mim, observo um sorriso lento e
preguiçoso cruzar seu rosto lindo. Só de olhar para esse rosto com sorriso
sexy como um pecado, consigo ver o porquê me apaixonei por outro homem,
isso é porque esse homem é ele. E esse filho da puta sexy é muito fácil para
cair de amor. E só de pensar que ele é meu, faz meu peito inchar de orgulho.
— Nunca duvidaria de sua palavra, amor, mas não quero te machucar —
fala em uma expressão séria.
— Assim como eu nunca machucaria você propositalmente, tenho plena
certeza que você também não me machucaria — falo pegando outra
camisinha e um lubrificante embaixo do travesseiro.
— Esteja certo que eu jamais te machucaria — fala e solta um gemido
baixo assim que minha mão entra em contato com seu pau que já está duro
assim como o meu.
— Eu realmente acredito nisso — falo me concentrando em colocar o
preservativo no meu namorado.
Não preciso de preparo algum, pois eu já estava bastante preparado
devido às vezes que Lucca me deu prazer hoje. Sendo assim alinho o pau dele
na minha entrada e vou descendo arrancando um ofegar satisfeito dele. Meu
corpo estremece com o aperto da mão de Lucca no meu quadril, quando o seu
pau está totalmente acomodado dentro de mim. Antes de começar a me
movimentar procuro a sua boca depositando um beijo quente e necessitado,
enquanto nos beijamos sinto o seu pau ficar ainda mais duro dentro de mim.
— Se você porra não começar a me foder com seu bunda, eu vou acabar
tendo um colapso — Lucca diz entre dentes.
— Seja como for, querido — falo e começo a subir e descer.
— Oh porra! Ahhh…! — Ele geme alto me fazendo acelerar os
movimentos.
— Abra os olhos e olhe para mim. Faça isso! — ordeno e
automaticamente seus olhos lindos encontraram o meu. — Foda! Você é
lindo demais!
Solto um gemido rouco quando os quadris de Lucca começam a
balançar de acordo aos meus movimentos. Cobro sua boca com a minha e
acelero ainda mais os meus movimentos a procura de libertação. Quando
percebo que ele está perto de gozar pego o meu pênis e começo a me
masturbar rapidamente.
— Eu vou porra gozar! Puta que pariu! Ahhh… — diz Lucca sem
quebrar o contato dos nossos olhos.
— Eu amo você! — digo entre dentes e assim que as palavras saem de
minha boca Lucca goza forte me deixando gozar logo em seguida.
Após ter me deleitado do prazer de estar com Lucca nos meus braços o
vejo cochilar pacificamente, esses dias que Lucca está na minha casa só me
faz pensar o quanto tenho vontade de estar sempre perto dele, e pensar nisso
assusta o inferno fora de mim. Mas não me assusta de um jeito ruim, muito
pelo contrário, o espanto é de perceber o quanto o quero perto de mim. Sou
um homem que tinha uma convicção que nunca saberia se algum dia alguém
poderia aquecer meu coração, mas olhar para Lucca adormecido no meu
braço é a melhor sensação que eu poderia ter. Levanto da cama e vou à
procura do meu cigarro, abro a janela do meu quarto e me deleito da fumaça
entrando nos meus pulmões. Continuo a fumar até que eu sinto um braço
circular minha cintura.
— Essa porcaria ainda vai te matar — Lucca resmunga e isso me faz rir.
— Impossível, agora que descobri o que é ter você na minha vida eu não
penso em morrer facilmente — falo descartando o resto do cigarro e
abraçando um Lucca muito nu em seguida.
— Vamos tomar banho, pois ainda iremos jantar na casa de Filippo —
Lucca fala me puxando para o banheiro, me fazendo soltar um gemido
frustrado.
— Temos realmente que ir? — pergunto e Lucca afirmou com a cabeça.
— Claro que sim! Se não formos Filippo vai me matar e fora que estou
louco de saudades dos meus sobrinhos — diz com um grande sorriso e isso
me fez puxá-lo ao meu encontro.
— Você gosta muito de criança, não é verdade? — pergunto e ele solta
um suspiro.
— Gosto muito, crianças são criaturas inocentes adoráveis. O mundo
está cheio de adultos mal intencionados por isso temos que aproveitar as
crianças que existe antes que elas cresçam — Lucca diz com firmeza e isso
aquece meu coração.
— Você fala sabiamente, querido — falo beijando-o levemente nos
lábios macios.
— Oh sim, eu sou um homem muito sábio — confirma convencido e eu
balanço a cabeça negativamente.
— Não se ache tanto Miele, sua humildade é sem limites — falo
sorrindo o vendo sorrir também.
— Você me prometeu um banho decente e eu estou cobrando isso agora
— Lucca fala em um tom jocoso me fazendo revirar os olhos.
— Não se aproveite da minha boa vontade — reclamo escondendo
minha diversão.
— Que namorado mais sem amor eu fui arrumar — Lucca diz
dramaticamente.
— Eu vou te mostrar o sem amor seu bastardo fingindo — falo o
empurrando contra a parede.
— Sinto que isso não poderá ser mostrando, bebê, já que temos um
jantar para estar presente — fala e em seguida me beija com paixão.
— Oh merda, o jantar! — falo com resignação e vou para o banheiro
fazendo Lucca gargalhar.
Tomamos o nosso banho, nos arrumamos e logo já estamos saindo de
casa. Chamo Giovanna, mas ela me diz que está com dor de cabeça e prefere
ficar em casa, e como eu não quero forçar nada prefiro deixá-la em casa
quieta e digo que qualquer coisa que sentir ela pode me ligar imediatamente.
A viagem até o condomínio de Filippo e Luti foi sem problemas, e logo já
estamos passando pelos portões da entrada para casa do Aandreozzi mais
velho. Lucca diz que podemos ir direto para garagem já que ele tem os
códigos para entrada da casa.
Quando ele me diz isso faço uma cara de dúvida, pois acho pouco
provável Filippo liberar a entrada assim facilmente e isso fez Lucca rir. E
logo após seu riso ele me diz que todos tem espaço livre na casa de cada um,
e que isso foi uma coisa que aconteceu naturalmente, já que eles sempre
foram muito próximos. Lucca ainda diz que as casas e apartamentos são
grandes para que possa acomodar cada um dos irmãos sem preocupações.
Isso me espantou em um nível alto, pois nunca ouvir falar em qualquer
família que goste de estar perto um do outro assim e isso só me faz admirar
ainda mais os Aandreozzi.
Como Lucca me instruiu vamos até a garagem e de lá já tem uma
passagem para ir até a casa. Assim que entramos ouvimos imediatamente as
vozes das crianças.
— Já era hora, pensei que vocês dois não viriam mais — Luiz Otávio
diz vindo nós receber.
— Estávamos fazendo sexo selvagem e suado — Lucca diz me fazendo
arregalar os olhos e Luiz Otávio ficar vermelho de vergonha.
— Inferno homem, onde está seu filtro? — Luti pergunta e Lucca o
abraça.
— Esse menino é meu orgulho, nunca devemos esconder os prazeres da
vida de um sexo saudável — nonna Francesa diz fazendo Lucca rir.
— Não ligue para isso Luigi, você assim como eu terá que se acostumar
com as coisas que sai da boca de nonna — Luti diz e eu afirmo.
— Tenho certeza que terei que me acostumar — falo e recebo um
abraço de nonna.
— Zio! — As crianças gritaram e correm assim que veem Lucca.
— Quem é o tio mais lindo que vocês têm? — Lucca pergunta e se
agacha para abraçar os sobrinhos.
— Voxe tio Lucca, mas eu não posso ficar falando isso na flente dos
outlos tios — Pietro diz em forma de segredo, mas todos nós ouvimos.
— Os deixe para lá, eu sei que sou o mais bonito da família — Lucca
diz fazendo as crianças rirem. — Como vocês dois estão indo na escola?
— Tudo bem, tenho uma viagem de campo para ir com a escola, mas
babo não quer me deixar ir. Ele diz que é muito perigoso — Eduarda diz
cruzando os braços e eu olho sem entender.
— Vamos ver o que podemos fazer com relação a isso, mas você tem
que me prometer não ficar chateada se o lugar for realmente perigoso —
Lucca diz passando a mão pelos cabelos logos de Eduarda que assentiu.
— Lucca, Luigi que bom que já vieram — Filippo diz se aproximando
de nós.
— Obrigado pelo convite Filippo — falo e ele faz um gesto casual.
— Não tem por que agradecer, nós somos família — Filippo diz
seriamente e eu assenti.
Filippo me chama para nos sentarmos na sala enquanto o jantar ainda
não é servido. Nonna Francesa foi ver como andam as coisas na cozinha, Luti
foi buscar umas bebidas para nós e Lucca continua entretido com as crianças
e o filhote de buldogue que eu sei que se chama Amora.
— Está realmente cogitando a ideia de ir para Chicago ficar com Lucca?
— Filippo pergunta casualmente.
— Sim, hoje em dia eu tenho a plena certeza — falo sem pestanejar.
— E você está ciente dos riscos que corre tendo uma relação com ele,
não sabe? Não estou dizendo isso para impedi-lo de nada, só preso pelo bem
de meu irmãozinho, tanto fisicamente quanto emocionalmente. E odiaria
saber que você não tem certeza do que está fazendo e acabar o machucando
— Filippo diz e suas palavras me irritam rapidamente.
— Eu o amo! Sou homem o suficiente para saber o que eu quero para
minha vida. Não tenho que te agradar ou falar palavras bonitas para você.
Toda ou qualquer dedicação de minha parte tem que ser para Lucca e
somente para ele. Eu o amo e pronto! — falo e vejo Filippo dar um pequeno
sorriso, mas logo sumiu.
— Você tem garra Luigi e isso é bom, principalmente para entrar nessa
família — Filippo fala olhando para onde seu irmão e filhos estão.
— Você fala isso por causa dos perigos? — pergunto e recebo uma taça
de vinho que Luti trouxe.
— Sim, mesmo que ultimamente não tenha percebido nada fora do
comum, eu sempre fico muito atento a tudo — Filippo diz e solta um suspiro.
— Eduarda disse que você não queria que ela fosse para algum passeio
da escola. É sempre assim? — pergunto com curiosidade.
— Ela já foi recorrer aos tios advogados — afirma e solta um sorriso
baixo. — E respondendo sua pergunta. Não, não é sempre assim, mas para
ela ir tenho que por uma segurança extra já que o local é desconhecido para
mim, mas para a felicidade de minha bambina eu farei isso já que ela vai se
divertir — fala lançando um olhar carinhoso para as crianças e isso só me
mostrou o amor que ele sente pela sua família.
— Você faria tudo por eles, não é? — pergunto e Filippo me olha com
firmeza.
— Eu daria cada órgão do meu corpo para ver minha família bem e em
segurança. E mataria qualquer um que tentar machucar eles — fala e eu
assenti entendo perfeitamente o que ele quer dizer.
— Às vezes acho que não serei bom o bastante para a minha filha que
vai nascer, e isso me deixa com o medo filho da puta — desabafo.
— Isso é muito natural, esse medo que você tem é muito normal. Tive
esse mesmo medo no início, mas quando me vi subornado o juiz para
adiantar a papelada de adoção das crianças percebi que poderia fazer tudo
para tê-los comigo e com o meu marido em segurança — Filippo diz e eu me
surpreendo por ele falar essas coisas para mim.
— Você nunca foi tão falador assim comigo antes — falo com um leve
sorriso.
— —Eu não confio nas pessoas que não são da família. Sou um homem
reservado que gosta de ser reservado. Mas agora você é da família e tenho
certeza que Lucca não o deixará ir — ele diz e eu olho para Lucca que me
olha e dá um sorriso brilhante.
— E nem eu vou o deixar ir, pode apostar nisso — falo sério.
O jantar foi ótimo, a comida estava divina e a conversar como sempre
agitada e muito relaxante. Nonna como sempre falando suas coisas me
fazendo rir e ter isso durante o jantar é fantástico, já que eu nunca vivi nada
igual durante toda a minha vida. O jantar na minha família é basicamente sem
nenhum estímulo social com uma interação normal entre uma família. Meu
pai sempre esteve calado e quando falava na mesa era quando algum amigo
dele estava presente, mas todas as conversas eram sobre negócio e minha mãe
vive no mundo superficial que só ela tem. Passei minha infância e
adolescência assim e quando me vi adulto e livre passei tendo os jantares
solitários, sempre foi assim até agora.
— Nonna, a senhora não pode falar sobre essas coisas com as crianças
na mesa — Filippo diz com uma expressão séria e nonna faz um gesto de
desdém.
— Como pode um ser humano ser tão antiquado? — nonna pergunta e
isso me faz rir.
— Papai o que é esse quadado? — Pietro pergunta a Luti fazendo todos
rirem.
— Antiquado significa que a pessoa está sendo velha. É basicamente
isso Ursinho — Luti fala com carinho e Pietro olha para Filippo e sorri.
— Você me acha um velho, Ursinho? — Filippo pergunta com uma voz
baixa.
— Não, voxe é um supe heloi! — Pietro diz com empolgação.
— Viram só, meus filhos sabem a verdade — Filippo diz com um
sorriso para o filho.
— Eu não disse nada — Eduarda fala comendo sua comida.
— E se você eu deixar você ir para seu passeio na escola? — Filippo
pergunta e os olhos da filha começaram a brilhar de alegria.
— Oh sim, meu pai é um grande herói — Eduarda diz divertida.
— Você pequena interesseira — Lucca diz rindo. — Já vi que ela está
aprendendo várias artimanhas com Luna.
— E isso é um grande perigo — Filippo diz e Lucca confirma.
Quando o jantar termina voltamos para o meu apartamento para dormir e
finalizar mais um dia. No dia seguinte converso com Giovanna com a
possibilidade de ela ir para casa de Lucca enquanto eu estiver na minha
viagem de negócios.
— Se é isso que você quer e eu não formos incomodar Lucca para mim
tudo bem — Giovanna diz e eu confirmo.
— Estou pensando em ficar permanentemente em Chicago — falo e
Giovanna fica empolgada.
— Já não era sem tempo Luigi. Lucca já sabe dos seus planos? — ela
pergunta passando a mão na barriga.
— Não, e eu peço que você não fale nada — peço e ela sorriu.
— Não se preocupe, de mim ele não saberá — Giovanna fala e logo fica
séria de repente.
— O que foi Gio? Aconteceu alguma coisa, está se sentindo bem? —
pergunto preocupado e ela negou com a cabeça.
— Não, eu estou bem. Na verdade, eu só queria ter uma palavra com
você — fala e eu faço um gesto para que ela continue.
— Eu queria falar com você sobre… — A fala dela é interrompida pelo
toque do meu celular. Olho e vejo que é do trabalho, uma ligação que eu não
posso ignorar.
— Só um momento Gio, eu tenho que atender — falo e ela respira fundo
e assenti.
Afasto-me e fui atender a ligação do sujeito que eu vou me encontrar na
minha viagem para a Bahia. A conversa é rápida para confirmar a nossa
reunião. Assim que desligo volto minha atenção para Giovanna, mas ela não
está mais presente, dou de ombros e sei que depois ela poderá me dizer o que
quer que seja. Por isso decido dar uma olhada em uns documentos.
— Gio me diz que ela irá comigo para Chicago. Isso é verdade? —
Lucca pergunta vindo em minha direção.
— Sim, eu não a quero sozinha. Ela por vez ou outra está sempre com
alguma indisposição e sei que com você ela estará bem — falo e ele me lança
um sorriso pequeno.
— Eu tive esse mesmo pensamento e fico feliz que você confie em mim
para cuidar da mãe de sua filha — diz e eu o encaro seriamente.
— Claro que eu confio em você, se eu quero ter uma vida com você,
teremos que ter principalmente confiança.
— Sei disso e isso me conforta. Giovanna vai estar comigo e isso será
um pretexto para ter você lá para uma visita — diz e me lança uma piscadela.
— Sentirei sua falta Miele — falo me levantando e o abraçando com
força.
— Oh cara, eu também sentirei sua falta você nem sabe o quanto — fala
apoiando sua cabeça no meu ombro.
Está mais do que decido, não posso mais deixar passar, tenho que estar
perto dele, dormir e acordar ao seu lado é tudo o que mais desejo
ultimamente e eu farei acontecer.
E cá estou eu de volta a Chicago, tenho que dizer que ficar esses poucos
dias com Luigi foi maravilhoso e é muito triste pensar que sentirei sua falta,
principalmente que ele está em uma viagem de negócio e não poderá falar
comigo sempre que desejar. Sei muito bem como essas viagens de negócios
são cansativas e pode desgastar com qualquer ser humano, por causa disso
farei o possível para não ficar ligando o tempo todo. Espero que tudo dê certo
e que logo ele possa terminar esse trabalho com todo sucesso que sei que vai
ter.
Falando da minha volta para Chicago, fiquei bem feliz que Giovanna
veio comigo, com isso podemos um fazer companhia ao outro. Luigi me
pediu para trazê-la comigo já que ela está grávida e não pode ficar sozinha
sem ninguém para ficar de olho nela. Durante a viagem Gio me confidenciou
que tentou iniciar uma possível conversa com Luigi, mas foi impossível e
percebo que isso está a deixando bem angustiada. Não posso imaginar o que
deve estar passando na sua cabeça, não vai ser fácil confidenciar ao pai de
seu filho que ela teve um caso com o pai dele. Porra que confusão! Sendo
assim independente do dia e da hora que ela tiver essa conversa eu estarei lá
para os dois, pois sei que ambos irão precisar.
Nonna Francesa também está voltando comigo afirmando que tem um
encontro com Lorenzo. Saber disso me deixa feliz, pois nonna merece um
pouco de tranquilidade na sua vida e posso apostar toda minha fortuna em
dizer que Lorenzo ainda tem uma grande queda pela minha avó. Ele me
parece ser um cara de bem, mas isso não quer dizer que eu não irei ficar de
olho, só espero que eles possam se entender. E já imagino a confusão
ciumenta que vai ser quando babo descobrir que nonna tem um novo affair.
A chegada à minha casa é tranquila, o voo foi perfeito e eu pude relaxar
um pouco antes de começar a minha vida diária de CEO de uma grande
empresa. Fico feliz ao ver senhora Adams, apresento ela a Gio e peço para
que ela a instale em um dos quartos de hóspedes disponíveis. Depois que
todos nós jantamos eu vou direto para o meu quarto dormir, pois amanhã
tenho uma empresa para dar conta.
No dia seguinte acordo cedo e vou para academia fazer alguns
exercícios, mesmo com a porra do gesso no meu braço, que me incomoda
pra caralho, eu tenho que estar na minha rotina de sempre. Só não poderei
lutar com Christian como eu sempre gosto de fazer.
— Bom dia, senhor Aandreozzi! — diz Christian em frente à esteira.
— O que deu em você para me chamar de senhor assim? — pergunto
fazendo careta.
— Bom dia, senhor Aandreozzi! — diz outra voz que eu reconheço
sendo a de Norah a segurança de Giovanna.
— Agora eu entendi toda essa formalidade, mas tenho que dizer que não
sou muito fã de formalidades. Isso vale para você também Norah — falo
fazendo Chris revirar os olhos e Norah assenti.
— E eu aqui tentando te levar a sério — resmunga Christian subindo na
esteira do meu lado.
— Você está assim porque não vou poder chutar a sua bunda bonita no
chão, já que eu ainda tenho essa merda no braço — falo e começo a correr em
um ritmo moderado.
— Em seus sonhos você com certeza me vencerá em uma luta — Chris
diz me fazendo rir.
— Tenho certeza que Norah também te derruba. Não é verdade? —
pergunto a Norah que está dando socos no saco.
— Pode apostar que sim — responde Norah fazendo Chris bufar.
— E aí Christian, eu não te perguntei antes. Como é que foi com o irmão
de Brian? — pergunto quase fazendo meu segurança cair da esteira.
— Não tenho nada para falar — diz recuperando o movimento na
esteira.
— Deixe de ser tímido meu amigo e conte como foi — falo o vendo
negar com a cabeça.
— Não vou te falar nada sobre o que aconteceu no meu encontro — fala
na defensiva e isso me faz rir.
— Capista, até encontro teve. Questo è meraviglioso! (Isso é
maravilhoso!) — respondo em tom de provocação. — Para onde você o
levou?
— Já diz que não vou dizer, não insista — Christian diz firmemente.
— Mas… — Começo, mas ele me interrompe.
— Não! — diz e eu reviro os olhos.
— Bastardo compiaciuto! (Bastardo presunçoso!) — falo sério, mas
depois comecei a rir.
Christian além de ser a pessoa que confio minha segurança é meu
amigo, e nada mais me deixaria feliz se ele também encontrasse alguém para
compartilhar sua vida. Nós não nascemos para ser sozinhos e cada um merece
a dádiva de encontrar o amor. Foi assim que meus irmãos e eu aprendemos
com os nossos pais que se amam tão loucamente que esse amor chega a ser
palpável, sendo assim acho digno ver um amigo meu se envolver com uma
pessoa que eu tenho quase certeza que poderá vir a se apaixonar.
Termino meus exercícios e vou direto para o meu quarto tomar um
banho e me arrumar, assim que estou pronto vejo que estou praticamente
atrasado para chegar à empresa e tenho que correr, passo pela cozinha me
despeço de nonna e senhora Adams e digo que se Giovanna precisar de mim
eu estou disponível.
A chegada à empresa é rápida cumprimento alguns dos meus
funcionários e subo diretamente para o andar da presidência, não preciso
procurar demais, pois Laila já está na frente da sua mesa de pé me esperando
para começarmos o dia. Passo por ela a chamando para minha sala e o meu
pedido é aceito com precisão.
— Bom dia, senhor Aandreozzi! — diz Laila com uma expressão
profissional.
— Bom dia Laila! Como passou o final de semana? E o pequeno Justin?
— pergunto sentando à mesa.
— Foi tudo bem, senhor. Justin está bem e falando dele gostaria de falar
com o senhor sobre o que está fazendo pelo meu menino, eu não sei como
poderia ser mais grata — diz Laila e ouço a emoção na sua voz.
Quando conheci Justin me encantei com seu jeito de ser, uma criança de
quatro anos não merece passar por esse tipo de provação, mas o pequeno
loirinho não me parece uma criança que se queixa da vida por não ser como
as outras crianças de sua idade questionamento tudo, que a meu ver seria
totalmente válido, mas não, ele é um pequeno anjo cheio de luz. E por isso
resolvi entrar em contato com as melhores escolas para pessoas cegas que
tem aqui em Chicago e assim poder dar a maior base educacional que esse
pequeno possa ter. Faço isso também para ajudar Laila que é uma grande
guerreira e cuida de sua cria com muito esforço e dedicação.
— Não Laila, você não tem que me agradecer em nada. Justin é um
ótimo garoto que merece o melhor — falo com toda sinceridade no meu tom
de voz.
— Mesmo assim eu queria te agradecer. Quando entraram em contato
comigo para poder conhecer a nova escola dele foi… na verdade eu não sei
expressar o que sentir, mas posso resumir que foi muita felicidade — diz ela
com um pequeno sorriso de canto nos seus lábios.
— Então isso me deixa contente. E o que Justin está achando da
mudança? — pergunto curioso.
— Oh, ele está muito animado e muito pronto para aprender — diz Laila
com um sorriso brilhante.
— Fico muito feliz em saber disso. Diga a ele que ainda o levarei para
um passeio que prometi — falo lhe dando uma piscadela que a faz ficar
vermelha.
— Sim senhor, eu falarei — diz respirando fundo.
— Bem se é assim deixe-me saber o que vou ter hoje — falo ligando o
meu notebook.
Laila resume basicamente meu dia que será com uma reunião no horário
de almoço com um empresário que está com projeto para contribuir um
clube. E isso me deixa contente, pois eu adoro esse tipo de construções. Passo
o resto da manhã com a cara enfiada em contratos e mais contratos que
devem ser assinados por mim, isso é um inferno na terra já que estou com a
porra da mão ainda imobilizada, mas como sou uma pessoa foda dou meu
jeito. No horário do almoço vou para o restaurante designado para a reunião e
tudo sai perfeitamente bem como deveria ser, estou bem em acreditar que
esse é mais um contrato fechado com a empresa e isso me deixa muito
satisfeito.
Fala sério! Eu sou muito incrível em ser um empresário, às vezes eu
ainda fico abismado com a minha incrível capacidade de ser muito bom no
que faço. Brincadeiras à parte agora é hora de voltar para o trabalho. Chego à
empresa e soube por Laila que Daniel-Fodido-Campbell marcou uma reunião
com os acionistas sem me consultar ou me informar sobre esse merda. E eu
só soube disso porque a minha incrível secretaria colheu informações com
uma das secretarias daqui da empresa. Ultimamente tenho quase certeza que
Campbell tem desejo de morte. Eu ainda vou chutar o traseiro desde fodido!
Meus pensamentos são interrompidos com o toque do meu celular, ao olhar a
tela sorri em ver o número de Enzo.
— O Irmão mais gostoso falando — digo assim que atendi e posso ouvir
o riso do outro lado da linha.
— Você é um bastardo convencido — diz Enzo me fazendo rir.
— Admita porra que sou muita mais bonito que você — falo girando
minha caneta na mesa.
— Ora deixe de ser um merda, irmão mais novo — Enzo fala em um
tom brincalhão.
— Ouch! Assim você mágoa o meu pobre coração — falo fingindo
tristeza. — O que eu devo a honra dessa incrível ligação, mano?
— Não é nada demais Lucca é que fiquei preocupado com você. Soube
do seu recente atentado — Enzo diz e posso sentir a preocupação no seu tom
de voz.
— Não se preocupe demais Irmão, eu sei me cuidar e pode ter certeza
que tudo está bem — falo tentando acalmar Enzo.
— Foda-se se você acha que pode se cuidar Lucca, você ainda é o meu
irmão e eu ficaria muito puto de algo te acontecesse — diz Enzo em um tom
duro e isso me fez respirar fundo.
— Eu sei disso, sei que se preocupa comigo assim como eu me
preocupo com você, Lippo e Luna — falo com sinceridade.
— Então você deve me prometer que se algo não der muito certo você
vai ter que nos ligar. Você deve me prometer isso.
— Eu prometo irmão, se algo não sair bem eu chamarei vocês.
— Papai ficou sabendo e passou horas controlando mamãe para não ir
para Chicago ver o seu bebê — Enzo diz e eu rio imaginando babo tentando
controlar nossa mãe.
— Eu sei, mamma me ligou quando eu estava no Brasil fazendo uma
visita a Luigi e falou por horas de como é importante a minha segurança —
falo fazendo Enzo soltar uma gargalhada.
— E o que babo disse? — pergunta Enzo controlando a risada, pois ele
sabe tão bem quando eu como mamma é quando está preocupada.
— Ele só diz para ter cuidado e comprar mais cartuchos para a minha
arma — falo contente.
— Babo confia que sabemos o que estamos fazendo, mas não se engane,
pois tenho quase certeza que ele está bem preocupado — Enzo fala e eu sei
disso muito bem.
— Eu sei irmão, acredite em mim quando do eu digo isso — falo
soltando um suspiro.
— Então você já sabe, qualquer coisa estarei logo aí — Enzo diz e eu
fico feliz por isso.
— Deixe-me voltar a trabalhar, pois minha beleza não paga as contas —
falo divertido ouvindo meu irmão bufar do outro lado da linha.
— Adeus irmão mais novo.
— Até logo irmão mais chato.
— Vai de foder bastardo! — E com isso desligo a ligação sorrindo.
Minha família é, e sempre vai ser a minha base de segurança, não sou
um tolo em pensar que eles não estão preocupados comigo por saber que
tenho um alvo sobre minha cabeça. Mas não posso me deixar abater por isso,
tenho que continuar viver minha vida e efetuar o meu trabalho e se algo a
mais surgir eu com certeza chamarei os grande Aandreozzi para cobrir
minhas costas. Minha família é com toda certeza as pessoas que eu posso
confiar sempre. Depois do que aconteceu com Filippo e Luti, todos nós
permanecemos um pouco mais vigilantes uns com os outros.
Sacudo minha cabeça e faço de tudo para esquecer essa merda e voltar
para o meu trabalho. Estou tão absorto nas minhas obrigações que não
percebo Laila entrando na minha sala com um pacote na mão.
— Desculpe senhor, mas eu bati e não ouvir resposta por isso eu entrei
— diz Laila envergonhada.
— Não, está tudo bem Laila. Eu estava tão distraído que não ouvir você
bater — falo e ela afirma.
— Chegou uma encomenda para o senhor agora a pouco — diz me
estendo um pacote.
— Sabe de onde veio isso? — pergunto curioso com o pacote bem
embrulhado.
— Não, e eu também não recebi qualquer lembrete sobre alguma
encomenda para o senhor.
— Tudo bem, deixe-me ver isso.
Rasgo a fita adesiva que está pretendendo a caixa e quando abro vejo
que dentro tem uma caixa preta amarrada com um laço prata muito bem feito.
Desfaço o laço e ao abrir a caixa tomo um susto de imediato pelo cheiro forte
de sangue que subiu no meu nariz. Dentro da caixa contém uma rosa
vermelha mergulhada em um pote de vidro, onde tenho certeza que o líquido
vermelho que a rosa está mergulhada é sangue. O cheiro é tão
insuportavelmente forte que fazia meu estômago embrulhar. Ouço uma arfar
espantado levanto a cabeça para ver a expressão assustada de Laila com os
olhos fixos no pacote.
— Laila, por favor, chama Christian para mim — peço a Laila que
continua parada olhando para o pacote. — Laila? — chamo mais duro a
fazendo sair do transe.
— Sim… sim, senhor? — pergunta e eu respiro fundo.
— Laila, por favor, vá e chame Christian para mim — falo e ela assenti
com a cabeça e se vira para sair.
Volto meus olhos para o maldito pacote e posso deixar a minha irritação
correr solta. Mais que diabos estão pensando? Que porra é essa? Essa merda
é para me assustar? Porque se for esses fodidos tem que tentar algo mais
forte. Percebo que dentro tem uma nota e ao pegar percebo que tem alguns
pingos de sangue manchando o papel.
Esse pequeno presente é para lembrar que em breve será o seu sangue
que irei derramar.
Até logo.
— O filho de uma cadela ainda acha que é poeta. — Solto um suspiro
indignado.
Não demora muito e Christian chega à minha sala e olha imediatamente
para a porra do pacote que está na minha mesa, ele rapidamente tira um par
de luvas do bolso interno do paletó e inspecionou a caixa. Pergunto a Laila
sobre o entregador e como eu já imaginava ela diz que o entregador era um
jovem que já tinha saído do andar a algum tempo e que ele era novo. Depois
disso, peço licença a ela para que eu pudesse conversar com Christian.
— Esses filhos da puta estão quero me irritar Christian — falo
seriamente apertando minhas mãos em punhos firmes.
— Sim, parece que estão querendo te irritar — Chris afirma ainda
vasculhando a caixa.
— Eu quero que você pegue mais homens para ficar de olhos abertos em
quem entra nesse lugar. Cada encomenda que chega para mim deve ser
inspecionada com mais atenção, não quero ter que ver isso acontecendo
comigo novamente, ou pior — falo irritado elevando a voz.
— Considere isso feito, senhor — Christian diz com firmeza e eu respiro
fundo.
— Bom! Esses fodidos não conhece a força de um Aandreozzi e eu vou
fazer questão de mostrar que não serão ameaças vazias que irão me atingir.
— Tenho certeza disso senhor — Christian afirma seriamente.
— Está dispensado Christian, veja se você consegue alguma pista com
essa merda — falo e meu segurança e amigo se virou para sair.
— Christian! — chamo e ele vira para me encarar.
— Senhor? — pergunta.
— Quero que você mande alguém para averiguar a família de Scott.
— Alguém problema que eu não sei?
— Não que eu saiba, mas eu quero saber como a mãe e a filha dele
estão. É o mínimo que eu posso fazer — falo e vejo Christian amolecer um
pouco a expressão do rosto.
— Vou mandar um dos homens fazer isso é lhe passo um relatório. É só
isso, senhor?
— Por enquanto sim, prepare-se que acho que sairei cedo hoje.
— Sim senhor — diz e sai da sala.
O cheiro metálico do sangue ainda não sai da minha cabeça, quem quer
que tenha me mandado essa ameaça está querendo foder o inferno na minha
cabeça, mas isso não vai ser uma coisa fácil de fazer. Eu vou acabar com
cada um que pensa que pode me causar qualquer tipo de transtorno. Minha
vontade nesse momento é de pôr minhas mãos nesses putos e sangrá-los até a
morte. Quero mostrar qual é a porra de sangue que vai pingar e esse sangue
não será o meu. Preciso colocar minhas mãos neles, se eu não fizer isso
ficarei completamente louco.
O trabalho hoje para mim não vai mais acontecer, preciso ir para casa e
ligar para Luigi, tenho esse impulso de me certificar de que ele está bem, mas
antes tenho que ligar para Chavéz e ver se ele pode me ajudar com alguma
coisa. Posso até me arrepender de estar fazendo isso agora, mas tenho que
resolver isso logo. Tenho que pegar o bastardo que quer minha cabeça e acho
que Ricco Chavéz pode me ajudar.
— Mais olha só se não é meu hermano Aandreozzi — diz Ricco com o
seu forte sotaque latino.
— Eu não sou seu hermano, Chávez! — digo sério e ouço um riso do
outro lado da linha.
— Sempre um doce sincero de pessoa, Lucca — diz Ricco com ar de
riso.
— Vou direto ao assunto Ricco, eu preciso de um favor seu. — Fui
direto sem perder a batida.
— Oh! Olha só, não acredito que estou ouvindo você me pedir um favor,
Aandreozzi.
— Para você ver como estou realmente precisando. Não enrole, você vai
ajudar ou não? — pergunto cortando sua merda.
— Você sabe que tudo tem um preço, não é verdade? — pergunta e eu
reviro os olhos.
— Claro que sei você é um grande filho da mãe mercenário. Mas eu
infelizmente preciso de informações e acho que só no seu mundo subterrâneo
eu conseguirei.
— Bom que você saiba Aandreozzi — diz seriamente com a voz rouca
dele. — Bem, me diga o que você quer e quando eu conseguir te direi o que
quero. — Pensei sobre isso e seja o que for eu terei que pagar o preço.
— Estão tentando me matar. E eu quero saber quem é a porra do
mandante e o preço pela minha cabeça — exijo em um tom irritado.
— Anda irritando alguém ultimamente Lucca? Não importa, eu
procurarei isso e assim que souber de algo entrarei em contato.
— Faça isso, Ricco. Eu ficarei grato de verdade.
— Eu não quero sua gratidão meu amigo, isso são negócios e eu vou
cobrar por isso. Adiós mi amigo.
— Adeus, Ricco!
Quando desligo a ligação me preparo para ir embora. Posso estar
cometendo um erro muito grande em pedir ajuda de Ricco Chavéz, mas esse
é uma boa opção e tenho certeza que ele conseguirá o que eu tanto quero
saber. Termino de me ajeitar para sair e quando estou quase levantando da
mesa o telefone da minha mesa toca.
— Sim, Laila? — Atendo ficando de pé.
— Senhor, o senhor Jordan Miller da contabilidade está aqui para falar
com você. Ele diz que é algo de seu total interesse — murmuro um
xingamento e me sento novamente na cadeira.
— Mande-o entrar Laila, por favor.
Poucos minutos depois um homem de aparência jovial entra na sala e
pelo que eu posso ver ele está muito nervoso. Jordan está com roupas formais
de quem realmente trabalha em um escritório, mas ainda é novo no trabalho.
Olho para ele e peço para que sente na cadeira e assim ele faz. Espero que ele
fale alguma coisa, mas o pobre rapaz só fica me encarando, como se eu fosse
o levar para a forca.
— Bem, o que tem de tão importante para me falar, senhor Miles? —
pergunto curioso.
— É que… é que… senhor Aandreozzi. — O rapaz começa a se
atrapalhar com as palavras.
— Só derrame Jordan, fale o que te trouxe aqui, mas falar de uma vez
só. Será como arrancar um Band-Aid — falo e o vejo respirar fundo e
assentir.
— Tenho grandes provas que afirmam que o senhor está sendo roubado
— diz o rapaz com uma única respiração me deixando atônito.
Puta merda! Será que esse dia pode ficar pior?
Fico olhando para o rapaz que está na minha frente à procura de algum
indício de que ele esteja mentindo, mas a única coisa que vejo é um jovem
que está muito intimidado com a minha presença é com medo de que eu o
coloque na rua. Ele não consegue disfarçar suas emoções e eu fico
imensamente aliviado por ser um bom juiz de caráter, tenho certeza de que
Jordan Miller não está mentindo para mim. A coragem dele de vir aqui fazer
esse tipo de acusação é muito bem apreciada por mim, mas como tudo na
vida não é fácil, ele terá que me mostrar se o que ele diz é de fato verídico.
— Há quanto tempo você trabalha na Aandreozzi SPA, Jordan? —
pergunto me levantando da minha cadeira.
— O… o que senhor? — pergunta confuso.
— Eu perguntei a quanto tempo você trabalha para a empresa? —
pergunto novamente virando para encarar as costas dele que ficam rígidas.
— Eu trabalho aqui a dois anos senhor Aandreozzi. O primeiro ano eu
era um estagiário e depois que concluir meu curso fui efetivado — Jordan diz
em um tom baixo.
— Certo, se você trabalha aqui tenho certeza que você é bom — falo
fazendo-o virar para mim e seu rosto marca a confusão.
— Por que o senhor tem essa certeza? — pergunta curioso.
— Por nas empresas Aandreozzi SPA nós só trabalhamos com os
melhores — falo no meu melhor tom de indiferença. — Você diz que tem
como provar suas acusações. Como pode fazer isso?
— Tenho sim, e está tudo aqui — diz ele apontando para o meu
notebook e isso me deixa confuso.
— Eu não estou entendendo. Como assim as provas estão no meu
computador? — pergunto no meu maior tom intimidante e o pobre homem
treme.
— Quando encontrei esses documentos e averiguei tudo direito. Fiz com
que os documentos chegaram ao seu computador sem deixar rastros nem
mesmo para o senhor. Eu não poderia chegar aqui com pastas e mais pastas
ou com o meu próprio computador, por isso fiz o mais simples possível —
ele divaga e eu afirmo me sentindo estupidamente curioso.
— E como você conseguiu invadir o meu sistema único? — pergunto e
vejo um pequeno sorriso surgir no canto de sua boca.
— Eu não sou só o garoto dos números, senhor. Também tenho meus
hobbies.
— E esses seus hobbies é ser um pequeno hacker? — afirmo vendo-o
arregalar os olhos.
— O quê!? Não! — exclama Jordan e eu olho para ele levantando uma
sobrancelha em questionamento é ele suspirou em derrota. — Tudo bem,
pode-se dizer que tive uma adolescência que aprendi muitas coisas.
— Tudo bem Jordan, eu não me importo se você é um contador hacker.
Eu quero saber o que você encontrou — falo apressado e ele afirma voltando
ao assunto em questão.
— Posso te mostrar senhor? — Jordan pergunta apontando para o meu
notebook e eu afirmo.
E assim Jordan me mostra cada documento, planilha, contrato, contas e
mais contas que ele acidentalmente encontrou em muito dos seus trabalhos
até tarde na empresa, porque o filho da puta do CFO é um bastardo que adora
deixar alguns dos seus subordinados fazendo trabalho que era de sua
responsabilidade ser feito. Eu estou sendo roubado bem debaixo do meu nariz
e nem se quer tive a capacidade de perceber. Puta que pariu! Como eu não
enxerguei isso antes? Como pode se passar de forma tão aleatório por mim?
Eu sou a porra do dono! Eu deveria saber de tudo que se passa nesse lugar! A
cada explicação de Jordan de como os contratos podem ter sido
superfaturados me deixa com um gosto amargo na boca.
Jordan me mostra que pode haver algumas construções que os filhos da
puta podem ter comprado materiais de baixa qualidade para roubar alguns
clientes. Dio santo! Jordan ainda tenta me tranquilizar afirmando que muitos
desses documentos adulterados são de antes que eu assumisse o controle da
empresa, mas isso não me deixa nem um pouco feliz. Muito pelo contrário,
isso me deixa muito, muito puto. Conseguimos ter certeza de pelo menos
duas pessoas envolvidas em todas essas sujeiras, mas tenho quase certeza de
que deve haver mais. E vou trabalhar incansavelmente até descobrir quantos
filhos de uma cadela eu vou ter que foder. E eu estou com muita raiva deles,
e cada pessoa envolvida vai ser esmagado até não sobrar nada. Eles com
certeza não sabem a pessoa que eles roubaram.
No tempo em que Jordan estava me mostrando as provas pude o
observar mais de perto. Ele tem um senso de justiça aguçado que me fez
prestar mais atenção nele e eu estou gostando de tê-lo para me ajudar e abrir
meus olhos. Depois que Jordan terminou de me mostrar tudo mando
Christian e Laila virem para a minha sala. Quando eles chegam explico tudo
o que está acontecendo, fazendo Laila ficar espantada e Christian entra em
alerta ainda mais pela minha segurança. Como se a porra da minha segurança
importasse para mim agora. A única coisa que quero é foder com a vida
desses ladrões do inferno.
— Vocês três no momento são os que eu posso contar aqui na empresa.
Espero que eu possa confiar em vocês — falo me sentindo exausto.
— Claro que pode contar comigo senhor Aandreozzi — diz Laila
prontamente.
— Comigo também senhor, eu tinha que te mostrar o que estava
acontecendo por aqui — diz Jordan com um pouco mais confiante.
— De mim você nunca deverá pedir senhor, eu dou a minha vida pela
sua segurança e o que precisar de mim eu estou aqui sempre às ordens —
Christian diz com muita firmeza.
— Era tudo o que eu queria ouvir no momento. Vou precisar trabalhar
com você três para poder tirar os sanguessugas que estão sugando o legado da
minha família — falo com fervor e os três assentem.
— E como o senhor pretende fazer isso? — Laila perguntou.
— Nós três vamos trabalhar para descobrir quem são esses bandidos
para que eu possa chutar suas bundas para fora daqui — Falo e os três
assentem.
— Será que não vão achar estranho o meu envolvimento direto com o
senhor? — pergunta Jordan.
— Claro que podem estranhar, por isso vai ser tudo muito bem
reservado e vamos trabalhar após o expediente — falo com segurança.
— Senhor, eu tenho meu menino e não sei se poderei ficar muito tarde
— Laila diz nervosa.
— Não se preocupe Laila, você me auxiliará de outro modo — digo lhe
dado uma piscadela a deixando vermelha de vergonha.
— Fico feliz em ajudá-lo, senhor Aandreozzi — diz Jordan chamando
minha atenção.
— Se vamos trabalhar juntos eu prefiro que você pare de me chamar de
senhor Aandreozzi toda hora — falo com um meio sorriso. — Nos falamos
depois, agora eu preciso ir para casa.
Saio do meu escritório sentindo a porra do peso do mundo nas minhas
costas malditas. Esse dia já deu o que tinha que dar e agora eu só preciso ir
para casa e ver minha família. Preciso me sentir conectado com pessoas que
querem o meu bem e se importam comigo. Entro no elevador com Christian
no meu encalço e posso sentir os seus olhos sobre mim.
— O que quiser dizer, diga logo Chris — falo cansado.
— Você acredita nesse Jordan Miller? — pergunta me analisando.
— Ele me mostrou muita coisa, coisas que com certeza são verdadeiras
— falo e o vejo assentir. — E tem outra, o rapaz não consegue esconder
nada, basta olhar para ele.
— Isso é muito certo, ele é muito transparente — afirmou Christian.
— Por incrível que pareça, saber desses desfalques não me deixou
espantado — falo quando chegamos ao meu veículo.
— Posso imaginar, mas tenho certeza que você dará o jeito nessa
bagunça — fala Christian quando entramos no carro
— Como você pode ter tanta certeza? — pergunto olhando para as ruas
de Chicago através do vidro do carro.
— —Porque você pode e você é um Aandreozzi — diz e eu procuro
seus olhos pelo espelho retrovisor.
— Você tem muita fé em mim, meu amigo — falo e ele ficou ainda
mais sério.
— Você fez com que isso acontecesse — diz Christian e o assunto é
encerrado.
A chegada em casa é muito bem apreciada por mim, pois é tudo o que
eu quero no momento. A primeira coisa que vejo quando chego à minha
cobertura é Giovanna deitada no sofá com os olhos em sua barriga
arredondada de grávida. Paro para ficar apenas observando e com isso posso
perceber o quanto que sua barriga está crescendo. É bom chegar em casa e ter
um alguém a sua espera, passei esse tempo todo aqui em Chicago sozinho e
ter uma companhia de vez em quando é muito bom. Tiro meu paletó e
gravata e me aproximo de Gio, que assim que me vê abre um sorriso.
— E aí, como está se sentindo? — pergunto me sentando no espaço que
Giovanna cede para mim.
— Eu estou me sentindo muito bem, não te vi quando acordei — fala
calmamente.
— Tive que chegar cedo na empresa, estive alguns dias longe — falo
dando de ombros.
— Não posso imaginar como deve ser lidar com uma empresa de grande
porte assim — diz me encarando.
— Acredite quando eu digo que não é nada fácil — falo soltando um
suspiro cansado.
— Está tendo problemas? — pergunta passando a mão na barriga.
— Não, nada que eu não posso resolver — afirmo e ela concorda.
— Você parece bem cansado.
— E eu estou, estou bastante cansado hoje. Mas não quero falar de mim
e sim desse bebê. Como ela está hoje? Está muito agitada aí? — pergunto
colocando a mão na sua barriga.
— Muito agitada meu amigo, mas isso mostra que ela é saudável e está
bem, não é? — fala ela e eu fico hipnotizado ao sentir os movimentos na
palma da minha mão.
— Já jantou? — pergunto e ela afirma. — Sinto muito não ter chegado
cedo para jantar com você, mas tive imprevistos.
— Não tem problema. Vá tomar um banho para comer e descansar.
Você está com a cara péssima. — Manda me fazendo rir.
— Tão mandona essa senhorita — falo levantando do sofá. — Sabe por
onde anda nonna?
— Ela disse que tinha um jantar e que depois ela conta as novidades —
Gio diz soltando uma risadinha.
— Posso até imaginar com quem nonna foi jantar — digo sucinto.
Vou para o meu quarto e tiro toda minha roupa para poder tomar um
banho relaxante, na esperança que esse dia estressante saia do meu corpo.
Lavo cada parte do meu corpo com muito cuidado para não molhar a porcaria
do meu braço que ainda está imobilizado. Não vejo a hora de tirar logo isso
de mim e se quando eu for ao médico e ele resolver que terei que ficar mais
tempo com isso, vou tirar imediatamente. Pouco me importo! Isso no meu
braço já está me incomodando demais. Termino meu banho e coloco minha
calça de moletom e um blusão de manga, já que está fazendo muito frio.
Na cozinha senhora Adams faz questão de servir o meu jantar, às vezes
tenho a impressão que ela gosta de me mimar. Como tudo de bom agrado e
eu não tinha de noção da fome que estava sentindo até sentir o cheiro da
deliciosa refeição que ela preparou. Após comer procuro por Giovanna e
pedir desculpa por não lhe fazer companhia, ela ri e diz que estou morto em
pé e automaticamente me manda ir para cama. Como estou realmente
cansado vou às pressas me deitar na minha confortável enorme cama, que
hoje em dia está faltando alguém para compartilhar o calor comigo. Pensando
nele, acho melhor ligar para saber como ele estar.
— Você está com uma cara péssima — diz Luigi assim que abre a
chamada de vídeo.
— Olá para você também, meu amor. Como está indo a viagem? Sentiu
minha falta? Puta merda, Luigi, é assim que se inicia uma conversa — falo
vendo-o arregalar os olhos.
— Ei, o que houve? Por que você está assim? Desculpe querido, mas seu
rosto está bem expressivo — fala calmamente e logo me sento mal por ter
explodido com ele.
— Não, desculpe a mim. Você não tem com o que se desculpar. Mi
dispiace, amore (Sinto muito, amor) — falo me sentindo péssimo.
— Está tudo bem Lucca, você vai me contar o que está acontecendo
com você? — pergunta e eu nego com a cabeça forçando um sorriso.
— Não há nada com que se preocupar Lui, isso deve ser puro cansaço
— falo e vejo ele me analisar criticamente com os olhos.
— Lucca, somos um casal. Pelo mesmo com a minha zero experiência
em relacionamentos sei que o diálogo faz bem para qualquer relação — Luigi
diz e eu respiro fundo.
— Não quero ficar soltando os meus problemas para você. Você tem os
seus próprios para lidar — falo e o vejo me encarar com irritação.
— Pelo que você deu a entender uma vez, não existe mais eu e você é
sim nós. Estou enganado? — pergunta Luigi com firmeza e eu nego.
— Desculpe-me você está certo — falo derrotado.
— Então me fale o que causou esse franzir de testa em você — pede
Luigi.
Conto a Luigi tudo o que está acontecendo no momento. As mensagens
de ameaça, a encomenda sangrenta que recebi hoje no escritório e para
completar a mais fodida coisa; o desfalque na empresa. Me sinto muito
melhor depois que conto tudo, como eu já imaginava Luigi fica tão puto
quanto eu em saber dos roubos. E mais preocupado ainda com as ameaças.
Me sinto mal por causar essa preocupação nele, mas não posso evitar o alívio
por contar a ele o que está acontecendo.
— Você não acha melhor contar a polícia? — pergunta Luigi e eu nego.
— Nada de polícia Lui, contatar a polícia e a mesma coisa que falar com
a mídia. Essas merdas sempre acabam vazando e eu não estou nem um pouco
a fim disso. Vou cuidar dessa merda da minha maneira — falo o mais sério
possível.
— Se você quiser eu posso muito bem ir aí te ajudar — sugere Luigi e
eu nego rapidamente.
— Não que eu não fosse adorar de tê-lo aqui comigo, mas você tem
responsabilidades Luigi, e eu posso cuidar disso. Agradeço a sua oferta. —
Vejo do outro lado da tela Luigi afirmar.
— Só quero que tenha cuidado Lucca. Sei que você e sua família estão
acostumados a essas coisas de ameaças, mas isso não quer dizer que eu não
fique fodidamente preocupado com você — diz Luigi fazendo meu coração
se aquecer.
— Tomarei cuidado, meu amor. Isso é uma promessa — falo e o vejo
me dar um sorriso.
— Eu não espero menos de você Lucca Aandreozzi.
Luigi e eu conversamos por mais alguns minutos e quando bocejo pela
milésima vez ele sente dó de mim e se despede. É nessas horas de despedida
que vejo o quanto sinto falta de Luigi e morro a cada vez que temos que dizer
adeus. Um dia, um dia quem sabe nós vamos poder dividir a nossa vida
juntos. E com esse pensamento eu adormeço.

Alguns dias se passaram e posso dizer que esses dias foram de trabalhos
árduos com Jordan, Laila e Christian. A cada coisa que eu vou descobrindo a
minha raiva vai aumentando consideravelmente. Se eu não tivesse assumido a
empresa, posso ver que se andasse do jeito que as coisas estão, o nome
Aandreozzi SPA de Chicago poderia estar na lama. Depois da aposentadoria
do meu pai, meus irmãos e eu fazemos de tudo para continuar com o legado
que nosso pai deixou. Não porque somos obrigados, mas sim porque
gostamos de trabalhar. E por que não trabalhar com algo que beneficia nossa
vida desde sempre? Gostamos do que fazemos e isso é a melhor coisa para
fazer um negócio ir para frente.
Agora vejo coisas que eu não me sinto nem um pouco feliz em ver,
coisas que poderiam sujar o nome da minha família, mas agora é hora de
acabar com a bagunça e deixar a empresa do modo que eu quero que ela
esteja. Sendo assim hoje marquei uma reunião com as pessoas que tenho que
bater um bate papo bastante esclarecedor. Esses dias que seguiram trabalhei
muito, junto com minha pequena equipe, para que tudo saia do modo que eu
quero, só me arrependo de não ter tido muito tempo para até mesmo
conversar com Luigi.
Lembro-me perfeitamente da conversa que tive com nonna, contei a ela
o porquê estava trabalhando tanto e peço ela para que ficar com Giovanna
para que ela não se sinta sozinha. E agora estou sentado na sala de reuniões
esperando pacientemente os meus convidados aparecerem. Na sala de
reuniões está comigo Laila e Jordan para me auxiliar. O primeiro a chegar é o
diretor financeiro Simón Richards, um homem velho, altamente chato e
cansativo, várias vezes em algumas reuniões tive vontade de socar seu rosto
esnobe. Depois chega dois acionistas Michelle Prince e Connor Walker, na
qual eu nunca fui com a cara, já que sempre defendem as opiniões
desnecessárias de Campbell. E o último não menos importante Daniel
Campbell.
— O que significa essa reunião? Eu exijo uma explicação! — diz
Campbell em um tom sério ainda de pé.
— Se eu fosse você sentava logo, assim vamos iniciar nosso bate papo
— falo com um tom indiferente.
— Como… — O corto levantando da cadeira.
— Sente-se logo porra! Você não exigir nada aqui Campbell — falo em
um tom dominante que o fez resmungar e sentar na cadeira. Assim que gosto
vadia!
— O que faz aqui Jordan, você não deveria estar efetuando seu trabalho?
— Simón diz olhando diretamente para Jordan.
— Não se preocupe com o trabalho de Jordan, Simon, ele está
definitivamente trabalhando — falo fazendo-o me encarar sem entender.
— Laila, por favor, distribua as pastas — peço a Laila que faz
exatamente o que eu pedi.
— O que significa isso Lucca? — pergunta Connor e eu faço questão de
ignorar.
— Há poucas semanas atrás eu estava vivendo no escuro, mas graças a
pessoas competentes e com índole que ainda trabalham para mim tive o
prazer de descobrir o que eu definitivamente não percebi nesses anos no qual
assumi a minha empresa. — —Dou uma ênfase na palavra minha olha
diretamente para Campbell. — Descobri que eu e minha família estávamos
sendo roubados.
— O quê!? Isso é um disparate, não sei de onde você tirou isso — grita
Campbell com indignação.
— Não me apresse a falar com você ainda Daniel, ainda não chegou sua
vez. Espere um momento, sim? — falo com graça fazendo ele se irritar.
— Passei dias trabalhando sem descansar com ajuda na minha exclusiva
equipe e pude encontrar coisas que me causaram muito espanto. — Meu
discurso é interrompido por Simón.
— Foi você, não foi? — grita apontando para Jordan que se encolheu no
assento. — Eu deveria ter te demitido assim que soube que você andou se
metendo onde não devia.
— Simón já que você se manifestou então começarei com você — falo
fazendo-o me olhar. — Dentro dessa pasta está cada falsificação que você
assinou e não menos importante a sua carta de demissão. Sim, espero que
você a assine e envie para o setor de RH. Pessoas como você não trabalham
para mim. Por isso saia da minha empresa sem fazer muito alarde, não
envolvi polícia nisso, mas ficarei feliz em fazer se assim você me importunar.
— Ele ia falar alguma coisa, mas o impeço levantando a mão. — Não ouse
falar nada Simón, pois eu sempre quis socar sua cara esnobe e ficarei muito
feliz em fazer caso você abrir a boca maldita.
— Eu não estou envolvida nisso Lucca. Não vou para cadeia por algo
que não fiz — diz Michelle em um tom dramático de quem vai começar a
chorar.
— Me poupe de seu melodrama, Prince, você é mais falsa que uma
fodida imitação do quadro de Monalisa — falo fazendo gestos de desdém. —
Assim como Simón, você é Connor também fizeram parte dessa sujeira e eu
preparei um documento onde vocês estão vendendo suas ações. Espero que
assinem logo e passem para o meu advogado assim que pisar fora da sala, ele
vai estar esperando no seu andar.
— Isso é um absurdo! — diz Connor pegando a mão de Michelle
tentando a acalmar.
— Espero que estejam vendo o quão bondoso estou sendo sem envolver
a polícia nisso, mas caso vocês não cumpram, vou ver todos vocês atrás das
grades — digo ignorando Connor completamente.
— Seu moleque insolente! — grita um Campbell muito irritado.
Como eu já tirei durante essa semana o gesso do meu braço me levanto
da cadeira graciosamente e paro de frente a Campbell. Quando ele vai falar
alguma coisa o impeço lhe dando dois socos muito bem colocados com toda a
minha força, fazendo-o cair no chão como um pedaço inútil de homem que
ele é. Aproveito a deixa e me agacho para posicionar muito rosto perto do seu
que está uma bagunça sangrenta, acho que devo ter quebrado seu nariz.
— Meu pai confiou em você para ficar administrando a sua empresa e é
assim que mostra sua amizade, o roubando! Você, seu fodido pedaço de
merda, eu quero você fora da minha empresa. Eu estava com vergonha de
falar com meu pai o que você fez, mas como tive que mostrá-lo quem você é
de verdade, tive que dizer. Não é mesmo, babo? — falo e meu pai entra na
sala de reunião como toda sua seriedade que me causa um fodido orgulho.
— Ciao il mio caro figlio (Olá meu filho querido) — babo diz olhando
para mim com carinho e depois seu olhar mudou para sério e fica em pé
olhando para cada pessoa presente na sala.
— Don… Donatello, meu amigo — diz Campbell tentando se levantar
do chão.
— Você fez da vida de meu menino um inferno, Campbell. Na verdade,
eu me importo muito com as empresas, tudo o que eu fiz, eu fiz para os meus
filhos. É tudo deles! Lucca é muito capaz e tenho muito orgulho dele e sei
que ele está fazendo um trabalho incrível. Você subestimou a sua capacidade
Campbell e esse foi o seu erro. Um erro que poderia custar a sua vida — diz
papai em um tom irritado olhando para Daniel como se quisesse o matar.
— Eu sempre quis dizer isso. Você está demitindo Daniel Campbell.
Assim como os outros acionistas, você deverá vender suas ações por tanto, ao
sair daqui você encontrará com o meu advogado — falo com muita altivez e
isso me deixa muito contente.
Sai da sala acompanhado pelo meu pai, Laila e Jordan, deixando aqueles
infames onde estavam. Assim que estou um pouco distante da sala de reunião
abraço meu pai com força, pois estou com muita saudade dele.
— Onde está mamma? — pergunto assim que me afasto do abraço.
— Ela preferiu ir direto para casa, dizendo que tem assuntos para tratar
com sua avó — diz babo me fazendo rir.
— Essas duas junto são um perigo, pai — falo balançando a cabeça
negativamente. — Vamos à minha sala, assim podemos conversar — peço
ele nega com um sorriso.
— Não, tenho que ir ver sua mãe, mas acho que tem uma surpresa
esperando por você. Até mais tarde bambino — babo diz misterioso e sai
com seus seguranças para o elevador.
— Como assim surpresa? — pergunto a mim mesmo e dou de ombros
indo em direção a minha sala, ao abrir a porta tomo um susto com uma figura
masculina vestido casualmente de costas olhando para fora da janela. Essas
costas eu conheço em qualquer lugar.
— Luigi? — pergunto fazendo-o virar.
— Estava com saudades, miele? — pergunta em um tom charmoso
fazendo meus joelhos tremerem.
— O que faz aqui? — pergunto e um sorriso se forma na sua boca linda.
— Acho que Chicago é a minha casa agora. Eu vim para ficar — diz e
eu ando apressado me jogando em seus braços, pois não tenho nenhuma
intenção de soltá-lo.
Finalmente acabei com a minha última viagem de negócios para a
Aandreozzi SPA no Brasil. Durante a viagem fiz o meu melhor para que tudo
saísse na mais perfeita ordem, já que foi a minha última inspeção a mando de
Filippo, eu não poderia fazer nenhuma merda, coisa que não eu nunca fiz,
sempre fui muito bom no meu trabalho. Trabalhei com Filippo por quase seis
anos, nesse tempo pude crescer muito profissionalmente e só tenho que
agradecer a confiança que foi depositada em mim durante esse tempo. Mas
agora é hora de seguir em frente.
Passei uma semana na Bahia enquanto pude terminar o que tinha que ser
feito, voltei imediatamente para São Paulo. Em São Paulo a primeira coisa
que eu fiz foi demitir a inconveniente da Sandra. Eu não poderia imaginar
que a mulher iria fazer um escândalo quando eu disse que estava demitida, a
lembrança ainda me faz rir. Mesmo assim acertei todas as suas contas, lhe dei
uma boa carta de recomendação e a mandei ir. Logo após isso fiz uma corrida
para colocar meu apartamento para alugar, fiz isso com ajuda dos meus
amigos César e Iago.
Falando nos meus amigos eles ficaram meio putos quando contei meus
planos, mas como bons amigos que são me desejaram boa sorte. Iago ainda
brincou dizendo que o meu namorado tinha um jato e que ele iria ligar para
marcar uma visita em breve. Marcamos um último jogo e logo após a partida
fomos tomar uns drinques, foi uma noite muito relaxante, é isso serviu para
que eu pudesse tirar um pouco da minha preocupação constante de Lucca e as
ameaças que ele vem sofrendo.
O Brasil é com certeza o país que eu guardarei para sempre no meu
coração, mas o meu coração por completo não está aqui e sim aqui nos
Estados Unidos. Não há nada que poderia me fazer desistir de ficar com meu
Lucca. Já tinha acertado tudo com Filippo e minha mudança já estava pronta,
três pessoas que me ajudaram com a minha chegada foi nonna, minha sogra
Ariana e Giovanna. Essas mulheres me mandaram direto para a empresa e
disseram que tudo estaria no devido lugar quando eu e Lucca chegássemos
em casa. Agora estou aqui o abraçando, me sentindo como um fodido
adolescente de tão feliz que estou. Não há dúvida que eu fiz a escolha certa.
— Eu não posso acreditar que você está aqui — diz Lucca em um tom
abafado.
— Pode acreditar que estou aqui sim — afirmo com graça.
— Você realmente veio para ficar? E o seu trabalho? Sua casa? Seus
amigos? — pergunta em exasperação.
— Sim Lucca, eu vim para ficar se você me quiser aqui é claro. Você
me quer aqui? — pergunto e recebo um soco no braço. — Ai! Porra isso dói!
— Isso é por você fazer perguntas idiotas — Lucca diz irritado e isso me
faz rir.
— Muito agressivo, meu amor. E respondendo a sua pergunta, seu irmão
facilitou minha vida, ele me demitiu — falo e Lucca arregala os olhos. — Ei,
se acalme eu pedi por isso. Filippo sabia que tudo o que eu mais queria estava
bem aqui em outro continente.
— Oh merda, eu estou tão feliz Luigi. Isso é tão porra de incrível —
Lucca diz me beijando.
— Minha casa é onde você está Lucca, desde o momento que me
apaixonei por você eu sabia que teria que estar aonde você estivesse. Não
poderia dormir mais uma noite sem ter você para compartilhá-la comigo —
falo com toda sinceridade que há no meu coração.
— Inferno doce! Eu amo você demais!
Então, Lucca abaixou a cabeça e captura os meus lábios, enfiando a
língua em minha boca em um beijo dominador. Ele viola a minha boca e eu
abro para deixá-lo entrar. Com nossas línguas duelando e dentes batendo, eu
me deleito com a necessidade, paixão e desejo que sinto um pelo meu
homem. Continuamos a nos beijar até que uma batida na porta é ouvida,
Lucca geme descontente ao se afastar de mim e pede para quer que seja
entrar.
— Licença senhor Aandreozzi, sinto muito interromper. Se quiser eu
posso voltar depois — diz uma mulher baixinha, loira e um pouco acima do
peso que usa óculos de grau.
— Tudo bem, pode entrar Laila — diz Lucca carinhosamente e isso me
fez encará-lo em questionamento. — Oh, Laila esse é o meu namorado Luigi.
Luigi essa é Laila minha secretária e amiga.
— Prazer em te conhecer Laila — falo formalmente e a vejo ficar
vermelha de vergonha.
— Muito bom te conhecer, senhor Pierri — diz olhando para baixo e
mexendo automaticamente os óculos. Percebo que isso é um gesto nervoso.
— Não precisa ficar com vergonha Laila, terá que se acostumar com
esse homem aqui — fala Lucca e eu franzo o cenho sem entender.
— O quê? Como assim? — pergunto e ele revira os olhos.
— Nada bebê, isso é assunto para mais tarde — fala brincando com seus
lábios nos meus.
— Já que você tem coisas para fazer, vou te esperar lá fora. E será bom
que eu fumarei um pouco — falo chamando a atenção de Lucca.
— Vou almoçar em casa hoje, meus pais estão aqui e almoço em família
é sagrado — Lucca diz e eu concordo.
— Eu sei disso, eu vim com seu pai — falo lhe dando uma piscadela
antes de abrir a porta e sair.
Saio da sala de Lucca e passo o olho em volta do andar da presidência,
adoraria poder fazer um tour por todo lugar, mas prefiro fazer isso na
companhia de Lucca. E pelo que eu pude ver essa sede é bem diferente da
que eu trabalhei no Brasil. Procuro por algum lugar adequado aqui em cima
para poder acender meu cigarro, mas não encontro, por isso decido enviar
uma mensagem para Lucca informando que estou esperando na recepção.
Passo por Christian, chefe de segurança de Lucca e o cumprimento com um
aceno de cabeça, ao entrar no elevador percebo Daren entrando logo em
seguida.
Começo a me acostumar com a presença de Daren, apesar de sua
constante carranca de homem mau, que vou te confessar que é bastante
intimidante, não para mim é claro. Saio do elevador e vou diretamente para a
entrada do edifício, lá pego o maço do meu cigarro. Enquanto vou
aproveitando o prazer que a nicotina me oferece fico olhando para as ruas
movimentadas de Chicago. Sinto que aqui posso ser feliz de verdade, tendo
Lucca ao meu lado eu não terei o que reclamar.
Meus devaneios são cortados com a presença de uma pessoa ao meu
lado, uma mulher para ser mais exato, ela é linda com cabelos escuros e olhos
claros, observo que ele tem uma beleza latina incrível e se fosse em outros
tempos a teria levado para a minha cama sem pensar, só que isso não irá
acontecer.
— Tem fogo? — pergunta suspendendo um cigarro entre os dedos.
— Sim, um momento — falo sério e peguei o isqueiro de prata que
ganhei de César de presente.
— É novo na empresa? Sinto muito se estou sendo indelicada, mas eu
nunca te vi por aqui — pergunta me lançando um sorriso que para ela deve
ser sexy.
— Não, não assim. Você trabalha em que setor? — pergunto por
educação.
— Ah, eu trabalho logo ali na recepção. Meu nome é Katherine, prazer
em te conhecer… — Katherine faz sinal para que eu diga meu nome, mas
sinto um braço envolver minha cintura.
— Está fazendo o que aqui que não está no seu posto Katherine? —
pergunta Lucca em uma voz exigente e quase rio da cara de choque da
recepcionista.
— Eu... eu… bem eu estava… — Se engasga.
— Volte para o trabalho Katherine! — Mandou Lucca e se vira para
mim. — Vamos para casa, amor?
— Claro que sim, miele — falo calmamente juntando nossos lábios em
seguida.
Lucca me puxa em direção ao carro e pela sua cara de desagrado ele não
gostou muito de me ver papeando com a tal Katherine. Ao nos sentamos no
banco, jogo a bituca de cigarro pela janela e viro para encarar o meu
namorado ciumento.
— Você não sabe o quanto me deixa ligado quando está todo territorial
assim — falo com a voz baixa e rouca.
— Não estou com ciúmes! — diz Lucca ofendido e eu faço um barulho
de descrença com a boca.
— Isso é uma pena, porque eu vejo que nesse relacionamento o único
ciumento vou ser eu. Mas você assim me excita — falo e encurto a distância
o puxando na minha direção.
— Ei, você está me amarrotado — diz Lucca rindo.
— Senti falta dessa sua boca, do seu cheiro, porra senti saudades de
tudo em você — falo atacando a boca de Lucca.
— Não quero você de papo com aquela mulher, ela tem a mania que
pular de cama em cama — diz Lucca com uma carranca azeda.
— Só tem uma cama que eu tenho intenção de ir e essa cama é a sua —
afirmo beijando seu pescoço e Lucca balança a cabeça negativamente.
— Não é minha cama e sim nossa cama, Luigi — Lucca responde
soltando um suspiro
Paro instantaneamente as minhas investidas em Lucca e levanto minha
cabeça fazendo com que nossos olhos se encontrassem. Olho nos olhos de
Lucca e vejo a transparência dos seus sentimentos, é a coisa mais incrível que
já vi, isso faz meu coração cantar de felicidade. Não tenho para onde correr
eu sou completamente dele.
— Gosto de como isso soa, eu fodidamente gosto de como isso soa —
falo vendo um sorriso grande se formar nos lábios convidativos dele.
Chegamos no apartamento de Lucca e não me surpreendo ao ver os pais
dele lá. Observo quando Lucca até a mãe a carregando nos braços, fazendo
com que ela solte um grito de susto, logo depois ela lhe dá uns tapas e diz que
se ele a deixasse cair ela o mataria. Mesmo com a cara de zangada o amor é
muito nítido nas suas palavras. Tiro meus olhos da cena na minha frente e
vou até Giovanna que está sentada também observando a interação da família
Aandreozzi com um sorriso no rosto. Assim que me aproximo lhe dou um
beijo na bochecha e acaricio sua barriga.
— Essa família é tão diferente da nossa família — Giovanna diz
soltando um suspiro triste.
— Muito diferente mesmo, muitas vezes me pego perguntando se era
assim que uma família deveria agir — falo olhando para nonna que estava
puxando Donatello pela camisa.
— Não acho que seja, nunca vi uma família mais diferente e amorosa
como eles — responde Gio.
— Vocês dois estão aí sentados sem fazer nada, venham logo aqui
compartilhar algumas fofocas. Eu com certeza tenho coisas para contar —
gritou nonna chamando nossa atenção.
— Vamos lá, eu ainda tenho que cumprimentar o restante das pessoas —
falo levantando do sofá e puxando Giovanna comigo.
Abraço nonna que me dá um beliscão no traseiro dizendo que seu neto
está comendo muito bem, fico sem palavras e Donatello vem ao meu socorro
repreendendo a mãe que nem liga para o que ele diz, saindo em seguida o
ignorando completamente. Vou falar com Ariana que não escondeu seu
contentamento ao saber que ficarei aqui com Lucca, ela me agradece dizendo
que agora está mais aliviada que seu bebê não ficará sozinho. Falamos sobre
coisas triviais até que uma senhora avisa que o almoço está pronto. Lucca me
apresenta a mulher dizendo que ela é sua governanta.
Durante o almoço Lucca conta como foi à reunião que ele fez com as
pessoas que estavam roubando a empresa, ele confidenciou como se sente
melhor sem ter o seu antigo diretor lá, um homem que ele chamou como
Daniel Campbell. Ao ouvir falar no nome do homem percebi que Donatello
fica desconfortável e pede desculpas ao filho.
— Não pai, o senhor não tem com o que se desculpar. Ele te enganou
assim como fez comigo — Lucca diz com determinação.
— Mesmo assim filho, eu me sinto mal por não ter olhado por isso
antes. Aquele desgraçado traiu a confiança que eu lhe dei — Donatello fala
com raiva.
— Infelizmente eu não posso tirar esse sentimento de traição que o
senhor está sentindo, mas não fique se sentindo culpado com relação a mim
— fala Lucca e Donatello balança a cabeça.
— Quando eu decidi expandir as nossas impressas aqui na América do
norte, fiz isso em Chicago justamente porque conhecia Daniel e achava que
era um homem de confiança para cuidar daquilo que um dia seria de um dos
meus filhos, mas a sua ambição ficou maior que a nossa amizade —
Donatello diz seriamente e Arianna alcança sua mão.
— Não se sinta assim querido, infelizmente as pessoas mudam e não há
nada que podemos fazer — Arianna diz e seu marido a olha com carinho.
— Ouça o que a sua mulher tem a dizer meu filho, te conheço e sei que
você se sente mal pelos atos daquele maledetto, mas Lucca é um homem e
soube lidar com tudo. Soube até que ele deu uma coça no filho da puta —
nonna diz fazendo Lucca rir.
— Você bateu no seu antigo diretor geral? — pergunto chocado.
— Claro que sim, há tempos eu ansiava por isso e não pude me conter
— Lucca diz presunçoso.
— Você não tem medo que ele possa te processar? — pergunta
Giovanna e Lucca dá de ombros.
— Não acho que ele possa fazer, já que ele poderia responder por
muitos outros crimes. E eu só poderia ser acusado de uma pequena agressão
— Lucca diz de modo que arranca um sorriso de Giovanna.
— É agora você está sem um diretor geral. O que pensa em fazer? —
pergunta Arianna curiosamente.
— Tenho que confessar que eu já tinha pensado nisso antes e as coisas
só se tornaram fáceis para mim — Lucca diz chamando a atenção de todos.
— Como? Explique-se filho — pede Donatello.
— Sempre soube que uma hora ou outra Daniel sairia da empresa. Há
muito tempo que eu vinha lutando com seu jeito de me ver como um mísero
menino e não um executivo. Eu definitivamente tinha que dar um jeito nisso.
Quando comecei a me relacionar com Luigi… — Lucca diz e vira para me
encarar. — Eu sei que ele é um ótimo profissional, um que conquistou a
confiança de Filippo e isso não é uma coisa fácil de conseguir — Lucca diz e
todos afirmam em concordância.
— Filippo é uma pessoa muito difícil — Arianna diz me lançando um
sorriso de compreensão.
— Bem, com isso eu estou decidido que depois que me livrasse da
presença insignificante de Campbell, eu faria o possível para poder ter ao
meu lado um cara muito bom chamado Luigi Pierri — Lucca fala me
deixando chocado. — Vamos conversar sobre isso mais tarde e com calma,
mas farei com que a minha proposta seja muito tentadora para que você não
queira recusar — termina de falar piscando um olho para mim de modo
atrevido.
— Você é definitivamente louco — murmuro bebericando meu vinho e
Lucca coloca a mão sorrateiramente na minha coxa.
— Você não sabe o quanto Luigi — Diz me dando um olhar quente,
apertando minha coxa com força me causando uma ereção instantânea.
— Vocês dois podem ir pararam com esse olhar de “vou te foder até
perder o juízo mais tarde”. Isso me faz sentir falta do meu namorado — diz
nonna fazendo a conversar cessar e todos os olhares se voltam para ela.
— Que porra é essa de namorado, mamãe? — pergunta Donatello
abruptamente.
— Mio benedetto Dio! Io e la mia grande bocca (Meu bendito Deus! Eu
e minha boca grande) — resmunga nonna em voz baixa.
— Vamos mamãe, diga isso que a senhora acabou de dizer — Donatello
pergunta é nonna revira os olhos.
— Ah foda-se! Quem é a mãe aqui? — pergunta nonna e quando
Donatello vai falar alguma coisa ela levantou a mão. — Não responda,
inferno, foi uma pergunta retórica.
— Mamma… — Donatello diz calmamente e nonna estreitou os olhos
para ele.
— Eu não queria dar essa notícia assim, gostaria de ter um jantar com
toda a família reunida para poder fazer as apresentações como deve ser, mas
eu tenho a boca muito grande e não sei guardar um segredo. Principalmente
quando um é bem prazeroso para mim — nonna diz e Donatello faz um som
de asfixia.
— Mãe, por favor, pule a parte do prazer… quero dizer, pule a parte que
não me deixa desconfortável — Donatello fala levantando uma tapa da
esposa.
— Você é um chato! Pois bem, eu estou namorando e estou me sentindo
bem com isso — afirmou nonna com um lindo sorriso no rosto.
— Quando vou poder conhecer esse cara? Tenho que deixar claro que
não estou contente com isso, ele pode estar se aproveitando da senhora — diz
Donatello petulante.
— Tenho certeza que eu estou me aproveitando dele — nonna diz
fazendo Lucca e o pai gemerem.
— Chega! — diz Arianna quando seu marido ia falar mais alguma coisa.
— Estou muito feliz por você nonna, tenho plena certeza que esse homem
deve ser um dos bons. E vamos marcar logo esse jantar estou muito louca
para conhecê-lo — diz alegremente.
— Podemos fazer isso na semana do aniversário de Lucca — nonna diz
para Arianna e as duas engatam uma conversa.
— Quando é seu aniversário? — pergunto me sentindo um tolo por não
saber sobre isso.
— No próximo final de semana — Lucca diz e eu estreito os olhos na
sua direção.
— Quando você iria me dizer? — questiono e ele dá de ombros.
— Não achei que fosse algo muito importante — Lucca fala e eu me
irrito profundamente.
Se fosse o Luigi de antes realmente não se o interessaria por essas
festividades, mas inferno, eu não sou mais aquele homem. E agora sinto que
saber da data do aniversário de Lucca é muito importante para mim. Para
falar a verdade tudo que se relaciona a Lucca é de suma importância para
mim. Então sim, estou chateado por ele achar que eu não fosse algo
importante. Sentindo-me muito irritado agarro o rosto de Lucca e viro de
encontro com o meu.
— Tudo em você é importante para mim. Nunca ouse se esquecer disso.
Você é fodidamente meu, tudo em você é de suma importância. Estamos
entendidos? — pergunto com a voz grave e vejo um sorriso pequeno se
formar nos lábios macios de meu amante.
— Você fica muito sexy desse jeito — Lucca diz encarando meus
lábios.
— Não me provoque, pois eu não posso te dar o que você quer agora.
Estamos na mesa com seus pais — digo baixo no seu ouvido.
— Oh, merda, isso é uma pena — Lucca diz e tive que o soltar para não
fazer algo inesperado.
— Seu bastardo provocador. Espere até mais tarde — falo baixo para
que só ele pudesse me ouvir.
— Estou pagando para ver, Pierri — Lucca diz sorrindo e balanço a
cabeça negativamente.
Esse homem definitivamente será a minha morte e eu não me importo
nem um pouco com isso, já que estou feliz. Ainda mais agora que se inicia
uma nova fase nas nossas vidas, fase essa que estou louco para desfrutar.
— Lucca! Vamos logo, nós vamos chegar atrasados se você continuar
assim — grito tentando fazer Lucca adiantar.
— Nossa, tenha calma senhor eu não gosto de me atrasar — diz vindo
com sua pasta na mão.
— Sem brincadeiras, amor. Mas eu realmente não gosto de me atrasar
— falo e recebo um beijo molhado nos lábios.
— Mesmo você sendo um pau chato eu vou te amar — Lucca diz sério,
mas ri logo em seguida.
— Ei… Eu não sou chato! — grito quando ele passa por mim. Entramos
no elevador e vamos direto para a garagem.
— É sim! E ande logo Luigi ou nós vamos nos atrasar — Lucca diz
seguindo para o elevador da cobertura. Balanço minha cabeça negativamente
e descemos para a garagem.
Já faz cinco dias que estou morando aqui em Chicago, mais
especificamente morando com Lucca e a experiência tem sido muito boa.
Estamos nos conhecendo mais profundamente, solidificando o nosso
relacionamento, tendo mais intimidade e isso é incrível, pois posso garantir
que estou cada vez mais apaixonado pelo Aandreozzi mais novo. Lucca é
uma criatura impressionante, tanto com seus pais, que ainda estão aqui, seus
empregados e com as pessoas em geral. Nesses cinco dias não conseguimos
ainda tirar a mão um do outro e fodermos como coelhos e isso é muito foda
de bom. Lucca faz questão de me mostrar todo dia como ele aprecia a minha
vinda para cá, ele mostra o quanto sou importante para ele e eu faço de tudo
para demonstrar o mesmo.
Tive a proposta de me tornar diretor geral da empresa daqui e no início
eu fiquei meio receoso, pois eu não poderia imaginar que receberia essa
proposta vinda do meu namorado, não estava querendo misturar as coisas.
Mas foram Donatello e Arianna que me fizeram aceitar o cargo, pois eles
garantiram que não há mal nisso e que seria muito bom ter mais alguém da
família fazendo essa parceria com Lucca e ainda dizram que eu sou um
excelente profissional e que só iria acrescentar. Fiquei pasmo com toda a
confiança que demonstraram a mim e quando Lucca, que estava quieto
esperando seus pais terminarem de falar comigo, diz que o diretor geral era
eu e que era para me acostumar com a ideia.
Com isso não esperamos mais e na segunda feira uma reunião foi
marcada e Lucca anunciou que eu era o novo diretor geral. Percebi logo de
cara que algumas pessoas não gostaram muito, principalmente quando Lucca
não escondeu a nossa familiaridade. Não me importo de demonstrar o meu
amor por Lucca para os outros, sei que isso é uma coisa que as pessoas de
mente pequena ainda não aceita e para isso eu não poderia dar uma merda, já
que a opinião dos outros não me importa, mas no ambiente de trabalho
teremos que nos contentar um pouco mais. Alguns acionistas não entendam a
falta de Daniel Campbell e de alguns outros e Lucca fez questão de dizer que
bastardos corruptos não trabalham para ele. Depois de mais algumas palavras
Luca dispensou todo mundo. E porra se Lucca no modo CEO não é sexy pra
caralho.
Sendo assim faz três dias que comecei a trabalhar aqui e posso dizer que
ainda estou me familiarizando com o local. Minha sala fica um andar abaixo
do da presidência e aqui eu posso conhecer algumas pessoas, principalmente
minha assistente Cameron Weston uma ruiva muito atraente que é muito
prestativa, me mostrou como são as coisas por aqui. O escritório do antigo
diretor é muito bem iluminado e com móveis de boa qualidade que faço
questão manter. Lucca diz firmemente que eu tenho que exorcizar o
Campbell de uma vez daqui. O modo que ele fala me faz rir, mas tenho que
concordar que deixar as coisas do meu jeito vai me ajudar a me sentir bem e
em casa.
— Vamos nos ver no almoço? — pergunto a Lucca que nega fazendo
um bico descontente.
— Não, eu tenho um almoço de negócios hoje — diz e eu aproveito para
lhe dar um beijo antes que o elevador pare o meu andar.
— Tudo bem, sendo assim te vejo mais tarde — falo sorrindo.
— Pode apostar que sim, não esqueça que a noite tenho uma surpresa
para você. — Relembra Lucca e eu reviro os olhos.
— O aniversário que está chegando é o seu, eu é que deveria estar
preparando uma surpresa para você, não o contrário. — —Argumentei o
fazendo soltar uma risada.
— Acostume-se a ter um homem nada convencional. Va bene? — diz
em um tom brincalhão.
— Me acostumar com você não é uma tarefa difícil, na verdade é muito
prazerosa — minha voz sai baixa e percebo que Lucca fica rígido.
— Luigi, você não pode simplesmente falar essas coisas. Nunca se sabe
quando poderá sofrer algum tipo de ataque sexual — reclama Lucca, eu não
posso deixar de sorrir. O elevador abre, mas sou impedido de sair.
— Infelizmente esses ataques não podem ocorrer em um ambiente de
trabalho. Isso pode gerar um processo de assédio sexual. E não podemos
sujar o nome do CEO com essas brigas jurídicas. O CEO é um homem muito
exigente — falo com um tom sério fingindo.
— É não podemos deixar de dizer o quão gostoso é esse CEO — Lucca
fala provocando.
— Oh sì, assurdamente gustoso (Oh sim, absurdamente gostoso) —
sussurro ao passar por Lucca e seguir para minha sala sem olhar para trás.
— Isso foi muito mal de sua parte! — grita Lucca antes que as portas do
elevador se fechem.
Descobri que realmente gosto do modo leve que o meu relacionamento
com Lucca é, estamos sempre brincando e provocando um ao outro, e isso
torna uma vida a dois muito mais leve. Mas agora não é o momento de pensar
no meu relacionamento, tenho que focar minha concentração em limpar as
muitas sujeiras que o antigo diretor deixou. É isso não é um trabalho fácil.
— Minha sala, senhorita Weston — falo seriamente ao passar por minha
assistente que levantou o mais rápido de sua cadeira.
— Bom dia, senhor Pierri! — fala Cameron fechando a porta atrás de si.
— Bom dia! Diga-me a minha agenda de hoje — peço acomodando
minha pasta em cima da mesa.
— Pela manhã o senhor tem um encontro com a senhorita Taylor do
setor de marketing. E logo após trarei os relatórios na qual o senhor pediu. —
Lembra Cameron e eu assenti.
— Traga um expresso duplo para mim por favor e se é só isso pode ir —
peço e ela sai logo em seguida.
No horário marcado a senhorita Taylor apareceu para conversarmos. Ela
é uma mulher pequena, de cabelos castanhos cortados baixo e uma expressão
séria no rosto. Conversamos sobre o andamento das coisas, é assim podemos
nos familiarizar, tenho muita coisa aqui ainda para me adaptar e nada melhor
do que começar com algumas pessoas de setores de diferentes. Quando
terminamos a reunião a senhorita Taylor sai da minha sala e logo depois
minha assistente chega me trazendo os relatórios que pedi anteriormente.
Minha concentração é quebrada pelo toque do meu celular, ao ver de quem é
o número faço uma careta descontente antes de atender a chamada.
— O que houve Gianella? — pergunto assim que atendo a ligação.
— Cadê seu respeito Luigi? Eu sou sua mãe, me respeite como tal —
fala minha mãe com arrogância.
— Se é para falar sobre como eu devo te chamar, então eu acho melhor
desligar. Tenho coisas mais urgentes para resolver — falo no meu melhor
tom sério e desinteressado.
— Onde você está? Passei no casebre que você chama de apartamento e
não o encontrei — pergunta minha mãe com curiosidade.
— O que queria comigo? Que eu sabia já deixei explícito que não tenho
mais nada para falar com você — digo decisivo e ouço um suspiro dramático
do outro lado da linha.
— Não quero brigar com você meu filho, tudo que eu queria era
conversar — diz Gianella com tranquilidade e isso me faz entrar em alerta.
— Nunca existiu conversa entre nós mãe e estou cético que isso seja
verdade — falo em um tom duro.
— Você é meu filho Luigi, meu único filho… — Corto o papo sentindo
a raiva consumir meu corpo.
— Você nunca foi minha mãe, biologicamente pode até ser, mas mãe
você nunca foi — digo entre dentes.
— Sinto muito que pense assim, tudo o que eu fiz, fiz pensando no seu
bem — diz e eu reviro os olhos.
— Pensando no meu bem? — pergunto soltando uma risada incrédula.
— Não sei o que está havendo com você, mas sugiro que pare por aí. Não
vou cair nos seus truques dissimulados.
— Liguei para você para que pudéssemos falar sem brigar desta vez,
tenho algo para te pedir e… — Solto uma gargalhada cortando o que ela está
falando.
— Sempre você quer algo de mim! Isso não é nenhuma surpresa — falo
cada palavra com desgosto, sentindo um gosto amargo na boca.
— Por favor, Luigi, sem infantilidade. O que eu tenho que te pedir é
algo muito importante para seu pai e seu tio Sávio — fala e ao ouvir o nome
do meu tio eu entro em alerta.
— O que houve com o tio Sávio? — pergunto rapidamente e a ouço
soltar um som de desgosto.
— Seu tio está bem, não é para falar sobre seu tio que eu estou te
ligando — resmunga minha mãe descontente. — Seu pai e seu tio precisam
de você aqui para resolver alguns trâmites da empresa — fala e eu aprofundo
uma carranca sem entender.
— Não faço parte da empresa e nem quero, eles já têm Matteo aí e eu…
— Parei de falar ao ouvir um som estrangulado sair da garganta de minha
mãe.
— Luigi, tudo que eu peço é que venha para Roma e aqui você vai
resolver tudo com seu pai e tio — fala irritada.
— Não posso ir a Roma por agora. Tenho coisas para fazer e não vou
largar minha vida para fazer o que você e papai quer.
— Daqui a dois meses seu pai e eu fazemos aniversário de casamento. E
ficaríamos muito felizes de tê-lo aqui — diz Gianella em um tom mais calmo.
— Tem uma coisa que eu tenho que te lembrar. Eu não sou mais
sozinho, tenho um companheiro e se eu for ele vai junto comigo — falo e um
sorriso sai dos meus lábios.
— A família Aandreozzi é muito bem-vinda aqui em nossa casa —
responde minha mãe entre dentes.
— Conversarei com Lucca sobre isso — falo por fim e desligo a ligação.
Cada vez que me presto a ter algum diálogo com minha mãe me sinto
esgotado no final. Ela consegue tirar todas as minhas energias com uma
simples conversa, passei minha vida inteira querendo um pouco de atenção
dela e de meu pai, mas hoje em dia o quanto mais afastado melhor para mim.
Não acredito em nada que saiu da boca de Gianella nessa conversa,
principalmente essa necessidade de que meu pai e tio precisam de mim. Se
fosse só pelo meu tio eu iria sem pensar duas vezes, já que ele durante toda a
minha fase infanto juvenil, foi à pessoa mais próxima a me dar um pouco de
afeto. Obviamente tudo de bom que meu tio fazia era muito recriminado pelo
meu pai, que não tolerava o carinho que meu tio sempre me deu. Tio Sávio
foi a pessoa que sempre me ajudou e sou muito grato por isso.
Almoço no meu escritório, e volto a me afundar nos papéis. É
impressionante como o trabalho de Lucca aqui é incrível e não vejo a hora de
poder conhecer melhor todo o andamento daqui. As horas vai passando e
quando olho no relógio já era hora de ir para casa, mando uma mensagem
para Lucca e ele diz que também já está indo embora comigo. Desço junto
com Daren para a garagem e poucos minutos depois Lucca vem em seguida.
— Vamos logo que hoje ainda temos a sua surpresa — Lucca diz
empolgado entrando no carro.
— Sua empolgação está me deixando preocupado — falo e recebi um
soco braço.
— Não estrague minha alegria seu bastardo, quero receber um foda
quente de agradecimento mais tarde — reclama Lucca me fazendo rir.
— Nossa fodas sempre são quentes — falo puxando-o em minha direção
mergulhando seus lábios nos meus.
— Oh se sei, mas tenho certeza que você vai gostar do lugar que nós
vamos. Sem falar que meus irmãos também irão.
— Seus irmãos? — pergunto espantado.
— Sim, vamos logo!
Chegamos em casa e não me espanto ao ouvir várias vozes conversando
ao mesmo tempo, nós italianos temos o costume de conversamos muito e a
família Aandreozzi não fica de fora nisso. Cumprimento cada um dos meus
cunhados e fico observando a brincadeira entre os irmãos. Filippo sério como
sempre, Enzo e Lucca um pegando no pé do outro e os três pegando no pé da
irmã. Tudo isso é uma confusão mais uma confusão familiar maravilhosa.
— Tio Luigi! — grita Pietro e vem correndo me ver.
— Ei campeão, como vai você? — pergunto bagunçando os cabelos do
garotinho.
— Eu tô bem! Papai complou com presente bem legal para o titio — diz
Pietro com empolgação me fazendo rir.
— Isso deve ser surpresa e você não pode contar a ele até o dia —
explico e ele ficou pensativo.
— Eu disse isso a ele, tio Luigi. Ele é muito bebezão que não guarda
segredo — diz Eduarda toda mocinha. Abaixo e lhe dei um beijo na bochecha
a deixando vermelha de vergonha.
— Eu não sou um bebezão! Um sou um homi! — grita Pietro.
— Sim, sim você é um grande homem Ursinho — diz Luti se
aproximando da gente. — A nonna de vocês está chamando na cozinha. —
As crianças se despedem de mim e saem correndo para cozinha.
— Como vai Luti? E a viagem para Portugal? — pergunto vendo-o
sorrir e assentir com a cabeça.
— Foi tudo muito bem, adorei conhecer Portugal e fora que pude ficar
com minha família — Luti diz divertido e eu rio.
— Ei coniato! Você está muito lindo, pena que já roubaram meu
coração — Lucca diz abraçando Luti.
— Não precisa abraçar assim seu pervertido. Tire as mãos dele — diz
Filippo com raiva vindo tirar Luti dos braços do irmão mais novo.
— Deixe de ser possessivo Ursão! — diz Luti dando um tapa nos peitos
do marido.
— Ursão possessivo, Ursão ciumento, Ursão lindão! — diz Enzo e
Lucca ao mesmo tempo deixando Filippo com raiva.
— Oras seus bastardos… — Filippo fala entre dentes.
— Podem ir parando vocês seus idiotas! Lucca e Luigi vão logo se
ajeitar para saímos — diz Luna em um tom mandão.
— Sim mamãe! Vamos amor, vamos tomar um banho bem quente —
Lucca diz de modo sedutor e eu reviro os olhos, mas não posso negar que me
animei.
— Sem brincadeiras no banheiro Lucca, vamos nos atrasar — Luna diz
fazendo careta.
— Não posso prometer nada. Ver Luigi molhado no banho passan… —
Cortei o discurso de Lucca colocando a mão na sua boca.
— Não vamos nos atrasar cunhada — falo arrastando Lucca comigo
para o nosso quarto.
Lucca está com um sorriso malicioso quando entramos no banheiro, e eu
tenho que usar todo meu autocontrole para não fazermos amor. Terminamos
nosso banho e vamos logo em seguida nos vestir. Coloco uma calça jeans
preta, uma blusa cinza, minha jaqueta de couro marrom escuro e botas, já
Lucca está de calça jeans de lavagem escura rasgada em algumas partes,
blusa de gola V vermelha e tênis Adidas branco cano alto. Chegamos à sala e
todos os irmãos incluindo Luti já estão nos esperando.
Vamos divididos em três carros, fora mais dois carros com as
seguranças para chegarmos até o nosso destino, destino esse que ainda não
faço ideia de onde é. Quando chegamos ao United Center arregalo os olhos, e
olho para Lucca que está sorrindo do meu susto.
— O que estamos fazendo no United Center? — pergunto a Lucca sem
entender.
— O que vamos fazer em um ginásio de esportes, onde é a casa de um
dos maiores times de basquete do país? — Meu coração começou a bater
descontroladamente e minhas mãos ficaram suando.
— Dio Santo! Não me diga que… — Paro incapaz de terminar a frase.
— Não me diga que vamos assistir o Chicago Bulls jogar hoje à noite?
— Lucca termina minha frase se inclina para me beijar.
— Oh porra isso é muito foda! — falo exasperado, avanço na boca de
Lucca lhe dando um beijo de tirar o fôlego. — Grazie amore mio, grazie! —
Uma batida do lado de fora da janela interrompe meus agradecimentos.
— Vamos logo! — grita Enzo com o boné do Chicago na cabeça. E
quando estou saindo Lucca me impede segurando meu braço.
— Aqui Lui! — diz ele me dando o boné e a camisa do Chicago.
— Foda-se que incrível! — falo tirando minha camisa e colocando a do
meu time. — Como você sabia? Não me lembro de ter dito sobre isso.
— Cesar e Iago me falaram quando nos conhecemos — diz dando de
ombros e colocando o seu boné na cabeça, saindo do carro em seguida me
deixando boquiaberto. Eu porra amo esse homem!
O Chicago Bulls está jogando contra Dallas Mavericks, isso é a porra de
um espetáculo. Chicago está com um time muito incrível e o placar está ao
seu favor. Estamos em um camarote onde todos nós estamos reunidos
assistindo ao jogo, até Filippo que não se interessa por jogos está curtindo. Eu
não estou sabendo lidar com tamanha empolgação, a cada cesta a euforia
toma conta de mim.
Comemos e bebemos algumas coisas e nos acertamos que após o jogo
vamos sair para jantar todos juntos. Lucca está explicando algumas coisas a
Luti que nunca veio para um jogo de uma liga profissional e pela sua cara
está adorando. Enzo fica reclamando dos árbitros, e Luna xingado feito louca.
Olho para cada um dos Aandreozzi e vejo como eles são pessoas magníficas.
O jogo termina e Chicago ganha de 95 pontos a 79. Estou muito feliz. no
final do jogo me vejo dando beijos no meu lindo namorado em
agradecimento por essa surpresa foda.
— Essas bichas do caralho, não sabem respeitar os machos de verdade e
ficam se esfregando na frente dos outros. Raça nojenta! — diz um homem
atrás de nós com escárnio.
— O que você acabou de falar seu filho da puta!? — pergunta Lucca
com o corpo rígido e seu rosto mostra claramente sua raiva.
— Isso mesmo que você ouviu suas bichinhas insignificante! — grita o
homem e mais dois se aproximam de apoio ao idiota.
— Você não tem medo de que sua família encontre seus corpos em uma
vala, não seu puto? — Lucca pergunta entre dentes.
— Viadinhos não sabem bater! Eu ficaria feliz de tirar sua existência
bicha do planeta — o homem diz e logo em seguida solta uma risada. Lucca
está quase avançando nos homens quando Filippo entra no caminho
impedindo.
— Não podemos fazer nada aqui irmão, não se esqueça que aqui você é
uma figura pública — Filippo diz com sua voz firme fazendo Lucca respirar
fundo.
— Puta merda Lippo! Eu não posso deixar esse filho da puta falar essas
coisas com a gente — Lucca diz indignado.
— Eu adoraria dar uns socos nesses cretinos, querido, mas seu irmão
tem razão — falo acalmando Lucca.
— Tudo bem vamos logo antes que eu acabe com esses caras de uma
vez — Lucca diz entre dentes e se aproxima mais de mim. Estamos todos
saindo quando ouvimos.
— Isso mesmo mulherzinhas, deixem os homens de verdade aqui —
grita o filho da puta é o corpo de todo mundo ficou rígido.
— Não posso ouvir mais! — diz Luna virando para encarar os homens.
— Vou mostrar a vocês quem são as mulherzinhas aqui — diz ela e avançou
nos caras.

Luna com sua incrível rapidez consegue dar socos no rosto do líder é um
chute bem na cara fazendo-o cair no chão. E ela não para por aí, mesmo com
uma calça bem apertada e um salto alto matador ela consegue derrubar os
outros dois homens, me deixando de queixo caído e os irmãos muito
orgulhosos de sua irmã caçula.
— Isso são para vocês homofóbicos do caralho que deve aprender
respeitar os outros. Não mexam com a porra da minha família! — diz
apontando para cada homem e vem ao nosso encontro como se nada tivesse
acontecido.
— Você foi incrível sorellina! Ainda bem que você ajeitou o quadril
como eu te falei nos treinos — Enzo diz com orgulho na voz.
— Sim, realmente consegui colocar mais força — responde ela.
— Sim, mas já te falei que lutar de salto alto pode machucar seu pé —
diz Filippo em tom de aviso e Luna o abraça.
— Isso foi brincadeira de criança irmão mais velho — diz soltando uma
risadinha.
— Relaxe Ursão, Luna sabe o que faz. — Luti diz piscando um olho
para Luna.
— Luna você foi incrível! — digo ainda surpreso.
— Obrigada cunhado! Fico me perguntando quando Lucca vai iniciar
seus treinamentos — diz olhando para Lucca me deixando sem entender.
— Em breve, ele chegou não tem nem uma semana direito — Lucca
responde a irmã. — Relaxe amor, depois falamos sobre isso.
Vamos todos para os nossos respectivos carros e antes que pudéssemos
entrar para nos acomodar ouço um barulho de pneus de carros derrapando e
logo em seguida uma rajada de balas é disparados contra todos nós. Barulhos
de vidro sendo quebrados, pessoas gritando, passos correndo, tudo começa a
ficar uma loucura.
— Todos para o chão! — grita uma voz que tenho certeza ser de Elijah
chefe de segurança de Filippo.
— Que porra é essa? — grito me jogando no chão.
— Não poderíamos ter uma noite normal como uma família normal? —
pergunta Enzo com raiva.
— Não somos uma família normal meu irmão! — diz Lucca com frieza
na voz.
— Vamos acabar com esses filhos da puta! — diz Filippo puxando a
arma por trás do casaco. De onde veio isso?
— Pensei que você nunca iria falar Ursão — Luti diz determinado.
Olho para todos e sei que eles não estão para brincadeira no momento. E
agora eu sei o que Luna quis dizer com o meu treinamento. Isso tudo é muito
louco!
Não passou pela minha cabeça que um momento de lazer com a minha
família poderia se resumir em um ataque contra as nossas vidas. Há pessoas
correndo e gritando por todo lado, principalmente hoje, que o estádio está
lotado de torcedores, eu, com certeza não queria colocar essas pessoas e Luigi
em perigo. Luna pergunta quando eu irei treinar Luigi, juro que essa ideia não
passou pela cabeça, ainda está no início do nosso relacionamento e eu não
queria que ele já tivesse essa responsabilidade de empunhar uma arma de
fogo, mas pelo visto não é assim que tem que ser. Luigi deve aprender a se
defender, assim como todos nós.
— Temos que sair daqui, esses putos não vão parar — grita Enzo com
raiva.
— Precisamos de nossas armas! — Luna grita a seguir e eu confirmo.
— Não vamos poder ir para os nossos carros sem uma porra de uma
distração. Inferno! Esses filhos da puta me querem morto — falo dando um
soco no chão.
— Ficar com raiva não vai resolver de nada Lucca — Luti diz virando o
rosto para me encarar.
— Vamos fazer assim, eu vou acobertar vocês e sirvo de distração para
que vocês possam correr para os seus respectivos carros — diz Filippo de
modo frio e seus olhos mostraram determinação.
— Não vou te deixar aqui sozinho — Luti retruca.
— Claro que você vai Luiz Otávio! — meu irmão diz com firmeza para
o marido.
— Nossas armas estão no carro e quando chegarmos lá podemos muito
bem atirar para que Filippo siga para o carro — Enzo conta o plano e eu
confirmo.
— Vocês estão ficando malucos, porra! Se vocês abrirem mais fogo
aqui pessoas podem se ferir — Luigi diz com os olhos arregalados.
— Ninguém vai se ferir. Mas se não sairmos daqui eles vão — falo para
Luigi que me encara sem entender.
— Mas como… — Interrompo Luigi segurando sua mão.
— Já fizemos isso antes, querido, confie em nós, por favor — falo
encarando seus lindos olhos castanhos, tentando passar segurança.
— Tudo bem… tudo bem porra! — Luigi diz derrotado.
— Vamos fazer isso, sinalizem para seus respectivos seguranças para
que eles entrem em modo de fuga — Filippo diz arrogantemente.
— Vamos fugir? Não Lippo, eu tenho que matá-los — falo com fervor e
meu irmão me encara sério.
— Claro que vamos pegá-los, mas temos que fazer isso longe de olhos
curiosos — Lippo diz me arrancando um sorriso.
— Grazie Dio! — falo fazendo Luigi me encarar como se eu tivesse
duas cabeças.
— Se acostume cunhado, meu irmãozinho pode ser um pouco sádico —
Luna diz piscando um olho para meu namorado e eu reviro os olhos.
Procuro por Christian e Daren que estão especificamente a poucos
passos de nós, atirando nos bastardos, e assim que eu assovio chamando a
atenção deles, eles viram os rostos para me encarar. Faço o sinal e eles que
assentem e vejo quando Daren corre para a porta do motorista enquanto Chris
distrai os outros atiradores, quando Daren se acomoda no banco do motorista
eu olho para Filippo. Não percebo a hora que Elijah vai para o lado de
Filippo, mas os dois se posicionam para nós dar cobertura enquanto
corremos. Nossa formação quando estamos sobre ataque é muito específica
para sair de lugares onde tem muitas pessoas, pois assim não vamos ter
testemunhas para saber o que somos capazes de fazer. Fodam-se os policiais!
Minha família sempre ficou fora do radar da polícia, mas sei que devido
ao que aconteceu hoje vamos ter mais cedo ou mais tarde a visita do
departamento de polícia de Chicago, e por isso temos que sair daqui o mais
rápido possível. Puxo Luigi comigo para corrermos juntos para o carro que
Daren está nos esperando. Eu posso ouvir os sons dos disparos das armas de
Filippo e Elijah atrás de mim, com isso posiciono Luigi entre mim e Christian
para alcançarmos o carro. Não sei como acontece, mas Luigi tropeça e cai no
chão e quando o ajudo a levantar ele é atingido na perna esquerda. Luigi grita
e cai para trás segurando a perna, fico assustado vendo a perna do meu Luigi
sangrar bastante.
— Porra! Luigi sua perna! — grito puxando Luigi para mim. Christian
vira para o sujeito e o atingiu fazendo-o cair, não sei se está morto, mas
espero que sim.
— Eu posso me levantar não se preocupe — Luigi diz apertando a boca
em uma linha fina.
— Foda-se! Não é hora para dar uma de machão. Vamos logo o carro já
está aqui — falo e quando Christian vai pegar Luigi eu lanço um olhar frio.
— Eu seguro o que é meu!
— Tudo bem, mas vamos logo — Christian diz e eu assenti.
Carrego Luigi sobre seus protestos e vamos para o carro, assim que
chegamos acomodo Luigi no banco, uso o cinto de Christian para fazer um
torniquete para ver se para o sangrando. Ver Luigi gritar de dor faz meu
coração apertar, pois ele não deveria passar por essa situação. Meu celular
toca e chega uma mensagem de Luna dizendo para nós nos movimentarmos e
assim fazemos. Minha preocupação com Luigi é tão grande que me esqueci
de pegar a minha arma, mas Christian pegou para mim.
— Sinto muito Luigi por você está passando por isso — falo entre
dentes sentindo raiva.
— Cale a porra da boca e pegue sua arma para atirar nesses maledettos.
Inferno isso dói! — Luigi diz puxando o ar.
— Senhor, para onde vamos? — pergunta Daren e quando eu vou
responder meu celular toca. Atendo colocando no viva voz
— O que aconteceu Lucca? — pergunta Filippo.
— Luigi foi baleado na perna e está sangrando pra caralho — falo
sentindo uma raiva fora do comum me atingir, pois o meu namorado está
nessa situação por minha causa.
— Então vamos direto para o hospital — Filippo fala em um tom sério.
— Não! — grita Luigi e eu o olho sem entender — Vocês têm que pegar
esses caras, isso que tem que fazer.
— Luigi você está se ouvindo? Você tem que ir para o hospital
imediatamente. Não vou ver você sangrar até a morte — falo e flashes do que
aconteceu com Scott passaram pela minha mente.
— Eu aguento, eu sei que aguento. Você tem que conseguir respostas
Lucca — Luigi diz entre dentes sentindo dor.
— Ele está certo, podemos ver se conseguimos alguma coisa. Mas… —
Interrompi Filippo sem querer ouvir mais besteiras.
— Vai se foder Filippo! Se fosse Luti que estivesse ferido você não
estaria falando isso — grito com raiva.
— Você estar certo, por isso você vai para o hospital e nós vamos dar
um jeito nisso — Filippo fala rudemente e Luigi negou com a cabeça.
— Eu posso… — O barulho alto de tiros da lataria do carro faz Luigi
calar a boca.
— Desgraçados! — xingo em voz alta. — Luigi continue deitado e não
se mova — falo e ele assente.
Pegoi minha duas Glocks e as carrego com os pentes cheio de balas e
destravo. Quando me vejo pronto, peço Daren para abrir o vidro traseiro do
SUV, que é adaptado especialmente para essas ocasiões. Assim que o vidro é
abaixado começo a atirar sem piedade, a cada bala que sai da minha arma faz
o meu corpo cantar em contentamento e a única coisa que vem na minha
cabeça é que eu tenho que derrubar esses filhos da puta que feriram o meu
Luigi. Consego acertar o motorista de um dos carros que está na nossa cola e
com isso o carro perde o controle e bate. Eu estou tão desligado que não vejo
um Hummer ganhando velocidade para bater com tudo na traseira do nosso
carro.
O impacto é tão grande que quase me faz cair janela a fora, mas Luigi
segura minha perna, quando me vejo estabilizado olho para ele e sorrio em
agradecimento, logo em seguida volto para tentar derrubar os cretinos. Mas
quando tento atirar em um dos seus pneus, eles me surpreendem atirando em
nossos pneus fazendo o carro ziguezaguear pela pista. Percebo que Daren
está fazendo de tudo para ter controle do carro, mas os caras aproveitam esse
transtorno para bater mais uma vez no nosso carro. Sinto o carro virar e a
primeira coisa que me vem à mente é que eu tenho que proteger Luigi, sendo
assim me jogo por cima de seu corpo agarrando o banco do carro com toda a
minha força para que Luigi não sofra demais com os impactos.
Não sei quantas vezes o carro capota, mas no final ele está virado de
lado. Olho para Luigi que está de olhos fechados e a cabeça sangrando, me
apavoro e faço um esforço do caralho para arrastar minha mão dos cacos de
vidro e olhar a sua pulsação no pescoço. Posso respirar aliviado quando vejo
que ele só está desmaiado, mas o seu pulso fraco me faz entrar em alerta.
— Lucca, temos que tirar vocês daqui — ouço a voz de Christian e tiro
meus olhos de Luigi.
— Você está bem e Daren? — pergunto sentindo dor no ombro.
— Estou aqui senhor! — diz Daren entre dentes e posso perceber que
ele está ferido, só não sei onde.
— Nós dois estamos bem senhor, mas temos que te tirar daqui
imediatamente — grita Christian.
— Você consegue ver minhas armas em algum lugar? — pergunto e ao
vasculhar com os olhos acabo encontrando uma.
— Encontrei uma aqui perto de mim — diz Daren estendendo minha
arma com dificuldade.
— Vocês vão tirar Luigi desse maldito carro e eu vou dar um jeito nisso
— falo sentindo uma frieza tomar conta de mim.
— Lucca! Dio santo! Irmão, você está bem? — Ouço a voz de Luna me
chamar e mais barulhos de tiros estourando no ar.
— Tirem Luigi daqui e cuidem dele e logo estaremos indo para o
hospital, mas a segurança do meu homem vem em primeiro lugar — falo e
começo a chutar a porta do carro para sair.
Sai do carro com um pouco de dificuldade e sinto uma mão me puxar,
me ajudando com o restante do percurso. E essa mão vem de Enzo que
começa a validar se eu estou realmente bem. Ele diz que Filippo e Luti estão
cuidando de uns caras logo atrás de nós e que os homens dentro do Hummer
que virou meu carro estão atirando contra os nossos outros seguranças. Vejo
que tem um SUV virado bloqueando o meu carro capotado dos tiros.
— PORRA! — grito quando Enzo segura meu braço.
— Que diabos homem, o que foi? — pergunta Enzo assustado.
— Acho que desloquei meu fodido ombro — falo entre dentes.
— Você não pode atirar assim Lucca — Luna diz averiguando suas
armas.
— Diga algo que eu não sabia — falo grosseiramente e ela me lançou
um olhar duro. — Vamos Enzo, coloque essa porra no lugar.
— Tem certeza? Isso vai doer como uma cadela — Enzo diz e eu
afirmo.
— Andiamo! — diz com raiva. Nessa hora vejo que Daren e Chris estão
tirando Luigi ainda desacordado do carro.
— Vou contar até cinco e vou colocá-lo no lugar — Enzo diz segurando
meu braço e eu assenti apertando os dentes. — Um... dois… — Ele coloca
meu ombro no lugar me fazendo gritar.
— Onde está o caralho do número cinco, seu maledetto? — pergunto e o
ouço dar uma risadinha.
— Mi scusi, mas onde está a diversão? — pergunta dando de ombros.
— Quero um deles vivo para fazer perguntas, mas o resto vamos matar
todos — falo seriamente.
— Não esperava menos de você — Luna fala e vai em direção a
Alejandro, seu segurança.
Dou uma última olhada para Luigi que está sendo bem protegido pelos
nossos seguranças e saio correndo de encontro aos fodidos que me querem
morto, vou dar o gostinho do homem que eles acham que vão conseguir
matar. Cada homem que encontro eu miro fielmente na cabeça, consigo
derrubar uns cinco até agora e mais carros estão chegando. Enzo diz que os
nossos reforços estão chegando e que nós temos que adiantar antes que a
polícia chegue. Atendendo ao pedido de meu irmão eu finco meus olhos em
um homem, ele é bem alto e careca e tem uma fodida cara assustadora. Foco
nele e vou a minha caçada, depois de atirar em mais alguns consigo alcançar
o feioso e miro no seu joelho direito. Quando ele cai grunhido de dor, chuto
sua arma para longe.
— Olha só o que temos aqui. Vamos bater um papo bem íntimo logo,
logo — falo lhe dando um sorriso mal.
— Eu não tenho medo de você, mas acho que você deveria ter medo de
mim — diz me fazendo rir.
— Vamos ver quanto tempo até estar se borrando de medo mais tarde —
falo e logo em seguida lhe dou uma coronhada o fazendo dormir.
— Conseguiu o que você quer? — pergunta Enzo e eu assenti. — Então
vamos logo, pois os carros já estão à nossa espera. — Enzo faz sinal a dois
homens dos nossos para pegar o homem que derrubei.

— Preciso ver Luigi! — digo exasperado.


— Não se preocupe Luna já está no carro com ele e já está indo em
direção ao hospital. Vamos irmão você tem que ir ver seu namorado — diz
Enzo e eu observo o cara ser jogado no porta malas.
— Levem-no para que mais tarde possamos ter uma conversa em
particular — falo com raiva e os meus homens assentem.
Entro em um carro e nele já está Filippo e Luti esperando por mim.
Filippo fica me encarando, fazendo sua avaliação para ver se eu estou bem,
mas não diz nada assim como Luti. Encosto minha cabeça contra o banco do
carro e respiro fundo tentando colocar minha cabeça no lugar. A minha
preocupação com Luigi cai sobre mim como se pesasse uma fodida tonelada.
Não consigo tirar a imagem dele sangrando e desmaiado, não consigo parar
de não me sentir culpado por tudo.
Chegamos ao hospital e saio do carro em disparada para saber onde
Luigi está. Encontro com Luna na recepção e vou correndo em sua direção.
— Onde ele está? Por que você não está com ele? — pergunto
percorrendo meus olhos por todo lugar.
— Ele foi levado para cirurgia irmão, a bala ainda está alojada na sua
perna — diz Luna e sinto meu coração bater de um jeito descontrolado.
— Liguei para mamãe e papai, eles estão vindo — Luna diz e eu assenti.
— Senhor? O senhor precisa de atendimento! — diz um enfermeiro
vindo à minha direção e dou um passo para trás.
— Não! Eu estou bem, a única coisa que eu quero é que o homem que
deu entrada aqui seja muito bem atendido — falo grosseiramente fazendo o
homem se encolher.
— Tenha certeza que ele vai ser muito bem atendido — diz o enfermeiro
com firmeza.
— Não espero menos que isso — divago e vou me encostar na parede.
Não consigo parar de pensar que Luigi está ferido por minha culpa, se
eu não o forçasse a estar comigo isso nunca teria acontecido. Se eu não lhe
desse aquele beijo, o provocasse, ele não estaria enfrentando essas merdas
que acontecem sempre com aqueles que pertencem a nossa família. Isso é tão
porra fodido! Oh merda, minha cabeça está tão louca, eu realmente não sei o
que pensar nesse momento. Ouço passos apressados vindo à minha direção e
nem me dou ao trabalho de abrir meus olhos.
— Lucca! Dio, Lucca o que está acontecendo? — pergunta minha mãe e
ao encará-la dou de ombros.
— Ele se machucou por minha culpa, mamma — murmuro abaixando os
olhos.
— Oh meu menino, não fale isso — mamma fala tentando me dar um
abraço, mas eu recuso.
— Agradeço que a senhora e papai estão aqui, pois eu tenho que ver
uma coisa e logo estarei de volta — falo querendo sair.
— Onde você pensa que vai Lucca? — pergunta meu pai e eu nego com
a cabeça.
— Não vou demorar papai — falo e passo pelos dois sem falar mais
nada.
— Lucca? — Me chamam, mas eu ando sem olhar para trás.
Sigo para fora do hospital e vou encontrar algum carro dos nossos, assim
que encontro pego a chave de um dos seguranças e saio cantando pneus para
fazer o que eu tenho em mente. Tiro minhas armas do cós da minha calça e
coloco no banco do passageiro, e volto minha atenção à estrada. Olho pelo
espelho retrovisor na intenção de detectar algum tipo de ameaça, mas não
encontro nenhuma. Bom para eles! Porque do jeito que estou agora, não sei o
que eu seria capaz de fazer, e sei muito bem onde eu descarregarei essa
minha imensa energia negativa. Chego ao meu destino e dispenso os três
homens que estão tomando conta do meu pacote de informação.
— Que porra! — digo assustado o homem quando eu lhe dou uma forte
bofetada fazendo-o acordar. — Olá, como eu não sei o seu nome irei te
chamar de cão. Está bem para você? — pergunto com malícia e vejo o
homem se agitar tentando me alcançar, mas ele está bem amarrado na
cadeira. — Sinto muito, esqueci de dizer que você está a minha mercê.
Vamos brincar um pouco.

— Seu fodido! Você vai morrer, escreva o que eu estou dizendo — grita
o cão me fazendo dar um sorriso brilhante.
— Não faça promessas que você não pode cumprir meu caro — falo
abrindo um dos armários e pegado algumas coisas que eu quero usar. —
Você vai morrer hoje, cão. E o modo que você vai morrer só depende de
você. O que você acha, vamos começar com isso? — pergunto ligando meu
mais novo maçarico.
— Vai se foder seu filho da puta! Seu doente de merda, você vai morrer
e de quebra sua família vai junto — grita o homem enquanto eu corto a sua
camisa.
— Para quem você trabalha? — pergunto e ele cuspe na minha cara. —
Olha isso é muita mal educado de sua parte — falo limpando meu rosto.
— Vai se fo… HAAAA! — grita quando eu passo as chamas do
maçarico no seu tórax.
— Quente, não é? Nossa o cheiro de carne queimada para mim é a
melhor parte — falo e em seguida cravo a faca na sua coxa. — Ou é o sangue
pingando? Às vezes tenho dúvidas.
— Você é doente! — diz o cão em um tom sofrido.
— Eu sei! Não morra ainda, sei que perdeu muito sangue com o tiro que
lhe dei, mas temos coisas para conversar — falo acendendo o maçarico
novamente. — Quem está lhe pagando para me matar?
— Você não vai conseguir nada de mim, por isso me mate logo para que
os outros possam fazer o serviço. Sua família vai morrer! — Ele parou de
falar quando eu queimo suas duas mãos com muita calma enquanto eu
assovio.
— Você é um homem muito estúpido, cão. Vamos logo, me diga quem
é, e eu vou te matar mais rápido — falo sorrindo e balanço a cabeça. — Você
quer que eu retire qual mamilo primeiro? O esquerdo ou direito, você
escolhe.
— Me mate logo porra! Faça isso, eu não vou te dizer nada — fala com
dificuldade e grita logo em seguida quando eu passo a lâmina afiada nele.
Meus movimentos são precisos e bastante bem feitos. Fazer o quê, eu sou
perfeccionista!
— Lucca! — A porta é aberta abruptamente e meus irmãos passam por
ela.
— Que porra você está fazendo aqui? — pergunta Enzo com raiva.
— Resolvi bater um papo com meu amigo aqui. Não é mesmo cão? —
pergunto olhando para o homem amarrado na cadeira.
— Me tirem daqui! Esse homem é louco! — grita o homem me levando
a lhe dar alguns socos.
— Você interrompeu uma conversa aqui. Não seja mal educado — falo
apontando um dedo o repreendendo.
— Vamos voltar para o hospital Lucca, Luigi precisa de você lá com ele
— diz Filippo e eu não lhe dou ouvidos.
— Não posso sair daqui ainda, tenho informações para tirar — falo
distraído.
— Não! Você vai agora! — Filippo fala puxando sua arma e atirando na
cabeça do homem.
— Você não entende porra! Eu não posso fazer isso, é tudo culpa
minha! Ele… ele está lá — grito apontando descontroladamente com o braço.
— Não, isso não é sua culpa. Pare de falar assim, isso não é sua culpa —
diz Filippo usando as palavras com precisão.
— De onde você tirou essa besteira Lucca? — pergunta Luna e eu os
ignoro.
— Eu não sei se posso… E se algo acontecer? — pergunto e Enzo me
puxa pelo braço e eu fico rígido, pois foi o mesmo braço que eu desloquei.
— Você vai tomar um banho e quando terminar vamos te levar para o
hospital. Assim você vai ficar com Luigi e vai ver seus machucados — Enzo
diz me arrastando para o banheiro.
— Vamos estar aqui te esperando — Filippo diz com sua expressão
séria.
Tomo um banho rápido e quando saio do chuveiro tem uma calça jeans e
uma camisa preta me esperando, junto com uma bota. Coloco a roupa e antes
de sair do banheiro me olho no espelho e respiro fundo. Ao sair percebo que
meus irmãos mandaram tirar o corpo do homem, limpando a minha bagunça.
Não falamos muito um com o outro no caminho do hospital e ao chegar lá
sou recepcionado com um corpo se jogando na minha direção, esse corpo é o
de Giovanna que chora muito.
— Estou aqui agora Gio, sinto muito por ter saído — falo arrastado a
abraçando forte.
— —Ele… Lucca, Luigi não está bem — diz Giovanna e eu olho para
minha família e todos desviam as vistas.
— O quê? O que está acontecendo? Já conseguiram tirar a bala da perna
de Luigi? — pergunto olhando para meus pais.
— Lucca — minha mãe diz respirando fundo e olha para meu pai que
assentiu.
— Mamma? Babo? O que está acontecendo? — pergunto sem entender.
— Filho o médico diz que Luigi teve uma reação alérgica durante o
procedimento é que devido a isso ele teve alguns problemas respiratórios —
babo diz calmamente.
— Tudo bem, mas onde ele está agora? Ele já deve estar no quarto, não
é? — pergunto olhando para Filippo que está abraçado a Luti. Meus olhos já
estão ardendo pelas lágrimas que se acumulam nos meus olhos.
— Sinto muito meu filho, mas Luigi foi enviado para a UTI e não
podemos vê-lo, pois não somos da família — mamma diz e começa a chorar e
babo a puxou para seus braços.
— Não! Isso não pode ser! Eu sou a sua família, nós somos sua família!
Eles vão me tirar o meu Luigi. Não! Isso não vai acontecer! — grito em
desespero deixando um choro sufocado sair com tudo de mim.
— Vocês não podem chamar aquelas pessoas para ver Luigi — falo
apertando a mão contra o peito. — Os pais dele são pessoas terríveis com ele.
— Sinto muito Lucca, mas o hospital já entrou em contato com eles —
nonna diz em tom baixo e viro minha cabeça para encará-la.
— Eles têm que me deixar vê-lo nonna, a senhora me entende? Por
favor, não deixe isso acontecer. Nonna quero o meu Luigi! — exclamo
sentindo meu corpo todo tremer.
— Mi dispiace, ragazzo mio — diz nonna e tudo que eu vejo depois
disso é escuridão.
Abro meus olhos e percebo automaticamente que estou no hospital, ao
fechá-los novamente vejo flashes do que aconteceu. A minha surpresa para
Luigi, a visão deliciosa dos seus olhos alegres ao assistir ao jogo que ele tanto
gosta, as brincadeiras com meus irmãos, mas logo depois essa alegria se
transformou em tiros, gritos, choros e sangue, e lembrar disso fode com tudo,
tudo de verdade. Por causa do que aconteceu, principalmente por ter visto
Luigi machucado, eu perdi o controle. Fazia tanto tempo que isso não
acontecia que eu não estou sabendo lidar, Lucca Aandreozzi não é um
homem negativo, e porra não sou um homem que se deixa perder o controle
de si mesmo.
Ver Luigi e minha família correr risco por minha causa quebrou algo em
mim, algo que eu tinha deixado ir a muito tempo atrás. Quando eu tinha sete
anos meu irmão mais velho foi levado de nós, esse foi o pior momento da
minha família. Não consigo esquecer o choro desesperado de minha mãe, o
olhar de raiva e determinação de meu pai, Enzo tendo que consolar Luna que
não conseguia entender porquê Filippo não voltava para casa. Isso foi demais
para mim, pois eu consegui absorver tudo de todos os lados, a dor, tristeza,
confusão, é a pior de todas a raiva. Sim, a raiva que eu sentia era muito forte,
forte para a criança que eu era.
E mesmo depois que Filippo voltou para nós, tudo ficou diferente, nós
éramos diferentes e minha raiva ainda não tinha sido apagada, ela fervilhava
dentro de mim de um jeito muito fodido. Fiz de tudo para não descontar nas
pessoas as minhas frustrações, mas chegou um determinado momento que eu
não conseguia mais e minha família teve que se envolver. Passei por
aconselhamento, fiz várias artes marciais, até aprendi a tocar piano. Isso
mesmo, eu sei tocar piano! Ao lembrar do piano um sorriso escapa de minha
boca, pois quando estiver em casa com meu Luigi eu tocarei.
Preciso sair daqui o mais rápido possível para poder chegar até Luigi
para tirá-lo daqui. Não posso continuar separado dele, pois ele precisa de
mim. Para falar a verdade tenho certeza que eu preciso muito mais da
presença dele, ver se está tudo bem, tenho essa necessidade de tocá-lo. Abro
meus olhos e impulsiono meu corpo para frente e uma dor excruciante me faz
estremecer.
— Ei, não pense em sair dessa cama. — Viro minha cabeça e dou de
cara com Luna.
— Estou bem — faloi em um tom de voz rouca. — Cadê Luigi? —
pergunto encarando minha irmã.
— Deite irmão, você também não está muito bem. — Ouço a voz de
Enzo e viro minha cabeça a sua procura.
Enzo está sentado em uma poltrona no canto do quarto, vestido de terno
e totalmente formal. Procuro por mais alguém, e só posso ver Luna trazendo
um corpo com água na minha direção.
— Que inferno eu estou fazendo aqui? — pergunto em um tom
desgosto.
— Você teve uma pequena hemorragia interna, causada por uma costela
quebrada — Luna responde em um tom calmo e eu assenti.
— Eu não estava sentindo nada, não faço ideia do que aconteceu — falo
tentando me lembrar de alguma dor, mas nada vem a minha mente.
— Claro seu idiota, você sofreu um acidente de carro e depois quis dar
uma de exterminador do futuro — critica Enzo e eu reviro os olhos.
— Eu só quis proteger a minha família — falo um tom mais forte.
— Entendo isso, mas fazer coisas loucas não está no esquema — Enzo
diz e posso perceber que ele está chateado.
— —nzo… — Quando eu estou para falar com ele a porta é aberta.
Imediatamente assim que a porta é aberta, por ela passa minha mãe,
nonna Francesa e Luti. Mamma vem em minha direção e sem falar nada me
abraça forte e chora, me sinto bem por estar nos braços de minha mãe, essa
figura que tanto amo e tenho muito orgulho por seu filho, ela me beija a testa
e sussurra o quanto me ama. Logo após mamma se afastar nonna se aproxima
e me abraça também dizendo que não importa o que nós sempre superamos
os putos. Luti me dá um sorriso gentil e senta perto de Enzo.
— Vamos conversar meu filho, temos que resolver algumas coisas —
mamma diz e eu assenti confuso.
— Onde estão papai e Filippo? — pergunto curioso, pois é difícil ver
mamãe sem o papai e Filippo sem Luti.
— É estranho ver Filippo e papai largar o osso não é? — pergunta Enzo
rindo e Luti lhe dá um tapa no braço. — —Isso doeu!
— Era para doer mesmo seu abestalhado! — resmunga Luti e isso me
faz dar um pequeno sorriso.
— Você anda muito agressivo, Lippo é uma má influência para você —
reclama Enzo esfregando o braço.
— Quando você se apaixonar nós vamos ter essa conversa novamente
— Luti diz piscando para Enzo, que faz um cara de desgosto.
— De novo esse assunto sem cabimento? — Enzo pergunta indignado.
— Oh Zuco, eu não vejo a hora disso acontecer — Luna diz com graça e
Luti assentiu.
— Mamma e nonna tem que já ficar sabendo que eu e você estamos fora
de casamentos nessa família — Enzo diz e mamma cruza os braços.
— Você eu posso até entender, já que afirma que não vai se apaixonar
por ninguém. Mas Luna eu não vejo porque não — mamma fala e Luna olha
para Enzo com desafio gravado no seu rosto bonito.
— Eu também estou muito curiosa para saber por que eu não iria me
casar — Luna diz irritada.
— Eu entendi Enzo muito bem. Não existe casamento para você Luna,
você está muito nova e não tem marmanjo nenhum vai encostar suas mãos
imundas em você — falo presunçoso e Enzo começa a bater palmas.
— Não poderia falar melhor, Luc! — Enzo diz e Luna pega o meu copo
descartável e joga nele, levando todo mundo ao riso.
— Ah, calem essas suas bocas malditas! — Luna diz apontando para nós
dois.
— Ok, ok vocês crianças! Vamos falar sério agora — mamma diz
fazendo com que todos nós ficássemos calados.
— Respondendo sua pergunta anterior, seu pai e irmão estão
concertando as coisas com a polícia de Chicago. Seu pai não me deu muita
informação por telefone e diz que assim que possível vamos fazer uma
reunião familiar — diz mamma e eu afirmo.
— Não tinha dúvidas que a polícia iria se envolver nisso. Odeio lidar
com esses caras — falo suspirando alto.
— Verdade, a polícia pode ser uma dor na bunda — Enzo fala cruzando
os braços no alto da cabeça.
— Eu preciso sair daqui para ver Luigi, será que eu já posso sair? —
pergunto aflito e mamma suspirou alto.
— Essa é uma das coisas que eu quero falar com você meu filho. A
família de Luigi já está aqui e não está muito receptiva com a nossa família
— mamma fala e não posso deixar de ficar com raiva.
— Eles não podem simplesmente me impedir de ver o meu homem. Isso
está totalmente fora de cogitação — falo cerrando os dentes com força.
— O pior de tudo é que eles podem. — Luna respira profundamente.
— Preciso ser liberado daqui, tenho que ver Luigi. Por favor, mamma —
suplico para minha mãe e olho para minha avó.
— Você vai sair daqui Lucca, mas antes temos que falar com você —
nonna fala pegando minha mão.
— O que foi que aconteceu com você Lucca? E não adianta fazer essa
cara de desentendido porque você sabe muito bem o que eu estou
perguntando — fala mamma em um tom firme.
— Perdi o controle de minhas emoções, tudo bem!? Eu posso esperar
ver algum de vocês machucados ou até mesmo feridos, mas para Luigi isso é
novo. Ver Luigi sangrando desencadeou um Lucca que eu não gosto, o cheio
de agressividade bruta, repreensão, um Lucca que não consegue enxergar o
bom de dentro dele. Eu não sou esse cara, eu não posso ser e pronto. De todo
o coração eu só quero nesse momento ter uma vida com meu namorado, ter a
família que estamos esperando ter. Nada mais — desabafo tirando o peso de
mim.
— E você vai conseguir meu irmão — Luna afirma com carinho.
— Você não está sozinho, cara. Somos o que somos e nada vai mudar
isso. Vamos fazer você ter a vida que você quer, somos sua família — diz
Enzo aquecendo meu coração.
— E a nossa família cuida dos seus, você não vai permitir se
sobrecarregar desse jeito — Luti diz com compaixão.
— Eu sei e fico muito feliz em sempre tê-los ao meu lado. Sou um filho
da mãe sortudo — falo com graça e respiro fundo novamente.
— Senti falta dele não é mesmo? — pergunta Luna e eu assenti.
— Muita, o pior é que mal começamos a nossa vida juntos e tudo isso
tem que acontecer — respondo cabisbaixo.
— Aconteceu sim! E daí? Agora você tem que se reerguer e tirar seu
homem das mãos daquela víbora dos infernos — nonna diz com um olhar
assassino.
— Gianella já está aqui? Quanto tempo eu estive apagado? — pergunto
nervoso.
— Eu tive o desprazer de encontrar com ela nos corredores do hospital
uma vez e tive que controlar para não agarrá-la pelo pescoço. Ela me irrita —
mamma diz e nonna afirma.
— Você ficou apagado por quase dois dias — diz Enzo me causando
espanto. Puta merda! Dois dias? Isso é foda!
— Tenho que sair daqui e ver Luigi — digo sentindo meu coração
aperta. — Vocês sabem o diagnóstico dele? O médico fala com algum de
vocês sobre ele?
— Eu tentei meu filho, mas esse hospital tem uma regra muito rígida
sobre manter a privacidade dos pacientes — mamma diz docemente e ouvir
isso me causa irritação.
— Mas eu sou sua família, nós somos a sua família. Isso não está certo,
vou por esse hospital abaixo até eu conseguir vê-lo — falo entre dentes.
— Sim, nós somos a família de Luigi, mas infelizmente vocês ainda não
são casados e o contato de emergência de Luigi ainda são aquelas porcarias
de pais e você não pode fazer nada. Pelo menos não agora, use a porra da sua
cabeça — Enzo diz rudemente e encaro-o percebendo que o que me diz é a
mais pura verdade.
— E, além disso, se você for preso como é que poderá ver Luigi quando
ele acordar — Luna fala e uma tristeza muito grande toma conta de mim.
— Eu queria ser a primeira pessoa que ele fosse ver ao acordar —
murmuro com tristeza.
Pouco tempo depois um médico aparece no meu quarto fazendo todas as
perguntas chatas que um médico deve fazer. Quando ele diz que pretende que
eu fique em observação por mais dois dias, fico louco. Porra nenhuma! Não
irei ficar nem mais um minuto nesse maldito quarto. Mesmo sobre seus
protestos e dizendo que eu devo assinar um documento para minha liberação,
consigo me livrar de toda essa merda.
— Pronto para ir para casa? — mamma pergunta e nego com a cabeça.
— Impossível eu sair desse lugar sem antes ver como Luigi está — falo
com terminação.
— Como você pensa em fazer isso? — Luna pergunta chamando minha
atenção.
— Vou tentar encontrar a enfermeira que está cuidando dele e fazer o
que for para conseguir nem que seja cinco minutos com ele. — Levanto da
cama com ajuda de nonna.
— Vamos te ajudar com isso — Luti diz com um sorriso reconfortante.
— Grazie, tu sei il migliore (Obrigado, vocês são os melhores) — falo
olhando para eles.
Vou para o banheiro que tem no quarto e faço minha higiene. Debaixo
da ducha quente fecho meus olhos para tentar relaxar um pouco, meu corpo
está cheio de tensão. Tudo que preciso é resolver minha vida de uma vez por
todas, preciso descobrir o nome do bastardo que quer me ver morto com
muita urgência, e assim que pôr minhas mãos nele não irá sobrar nada. Antes
de qualquer coisa tenho que ter Luigi ao meu lado, sua família no meu
caminho, não é uma opção. Ninguém, ninguém deve ficar no meu caminho,
sou forte o suficiente para esmagar quem se atrever.
Termino o banho, me visto com uma calça de moletom preta e uma
camisa branca da liga da justiça. O quê? Não me olhem assim, eu sou um
pequeno bastardo que gosta de super-heróis. Saio do banheiro e lá só
encontro minha mãe e nonna, pergunto a elas pelos outros e somente dão de
ombros. Aí tem coisa! Depois de assinar as papeladas para minha liberação,
saio do quarto pronto para ver como faço para ver Luigi. Chegando no
corredor vejo Christian de prontidão para efetuar minha segurança.
— Fico feliz que o senhor esteja bem, senhor Aandreozzi — diz
solenemente e eu lhe dou um tapinha no ombro.
— Você é um amigo Chris, já diz nada de formalidades — falo e ele
assenti sem deixar sua posição formal. — Teve notícias de Daren?
— Sim, Daren não teve nada muito preocupante, só algumas escoriações
é um machucado na perna — fala me tranquilizando.
— Isso é bom, não tenho a intenção de perder mais nenhum de vocês. A
perda de Scott ainda está fresca na minha memória — falo com firmeza e ele
confirma.
— Fique tranquilo Lucca, todos os seus homens estão bem e prontos
para seus comandados — Christian diz me deixando mais aliviado.
— Teve notícias dos homens que coloquei para ver como está Samantha
e a avó? — —A respiração profunda de Chris me fez entrar em alerta.
— As notícias não são muito boas não Lucca. Soube que a senhora
O'Brien não anda muito bem de saúde e a menina não está saindo de casa
nem para ir à escola — Christian diz com uma expressão preocupada e eu
posso entender o porquê.
Scott e Christian eram amigos, não sei o grau dessa amizade, mas eles se
davam muito bem. E a preocupação pela família dele é admirável, pois tenho
certeza que ele lá no fundo se sente tão culpado quando eu pela morte
daquele homem, pois foi uma perda inesperada. Ainda consigo ouvir as
palavras sussurradas dele ao me pedir para cuidar de sua família, e saber o
que está acontecendo me mostra que eu também estou falhando com Scott e
isso não pode acontecer. Eu não sou um homem de falhas, sendo assim irei
resolver isso assim que possível, antes que o pior aconteça.
— Amanhã iremos à casa da família O'Brien. Temos que ver como vão
às coisas por lá — digo com uma expressão séria e ele afirma.
— Lucca, um dos capangas de Ricco Chavéz me ligou — Christian diz
aumentando minha curiosidade.
— O que inferno ele disse? — pergunto franzindo o cenho.
— Ele diz que Chavéz já tem aquilo que você quer. — Ao ouvir isso
meu corpo enrijeceu.
— Isso é muito foda de bom, vamos hoje à noite consegui algumas
respostas para mim — falo determinado e sinto uma mão segurar meu braço.
— Você ainda está machucado e não deve ir a parte alguma, filho —
mamma diz e eu acaricio sua mão.
— Vou ficar bem mamma, eu preciso saber quem é — falo olhando nos
seus olhos. — Não se preocupe, pois irei junto com meus irmãos — digo para
aliviar sua preocupação.

— Nós vamos onde? — Enzo pergunta se aproximando de nós junto


com Luna e Luti.
— No submundo — respondo e o vejo apertar os lábios em linha fina.
— Pode apostar seu traseiro que vamos com você — Enzo diz
apontando o dedo em sinal de aviso, para que eu não vá sozinho.
— Meu traseiro já tem dono, o seu que ainda não — falo com
indiferença fazendo todos rirem.
— Oh! Informações desnecessárias! — resmunga Enzo.
— Lucca, sinto muito interromper, mas você tem uma visita para fazer
— Luti diz me deixando confuso.
— Como assim? — pergunto sem entender.
— Conseguimos que você pudesse ver Luigi, mas será por apenas
alguns minutos. Sinto muito, não conseguimos mais tempo — Luna diz sem
jeito e eu paro de respirar.
— Puta merda! Isso é sério? — Olho para eles que confirmam. —
Como vocês conseguiram isso?
— Não importa, você tem que ir agora. A enfermeira diz que você vai
poder entrar, mas você tem que ir agora — Luti diz fazendo gestos com a
mão como se estivesse nervoso.
— Vocês me cobrem, caso a cobra Pierre apareça? — pergunto sentindo
meu coração bater mais forte.
— Sim, porra sim! Agora vai logo! — nonna diz me fazendo rir. —
Qualquer coisa eu arrumo uma briga com a vadia, estou louca para estalar
uns tapas naquela cara plastificada dela. — Nonna me dá um sorriso mal e
não posso deixar de amá-la mais.
Saio o mais rápido possível na direção que Enzo me indica. Meu
coração está batendo muito forte no peito só pela possibilidade de poder ver o
meu Luigi. Preciso saber que ele está bem pelos meus próprios olhos, que a
possibilidade dele voltar para mim ainda é bem grande. Sinto muito sua falta,
quero beijar teus lábios, dormir ao seu lado. Inferno! Eu quero uma vida com
ele, só com ele. Ao chegar ao local vejo uma mulher vestida com uniforme
hospitalar andando de um lado para outro. Ao me ver ela dá um pulo e vem
na minha direção.
— Você deve ser Lucca, estou certa? — pergunta visivelmente nervosa.
— Sim, sou eu. Esse aqui é meu chefe de segurança. — Aponto para
Christian a fazendo olhar para trás de mim. — Posso vê-lo?
— Sim, você pode agora, mas, por favor, não podemos demorar muito.
Seus familiares não querem ninguém aqui e eu posso perder meu emprego —
diz a mulher e eu cerro os dentes com força ao ouvir esse absurdo que a
família idiota de Luigi está fazendo.
— Não se preocupe, serei rápido — falo com firmeza e ela assenti.
A enfermeira abre a porta e me dá passagem para entrar no leito. Passo
meus olhos pelo lugar e arregalo os olhos ao ver Luigi, uma figura tão
imponente deitado na cama, tão frágil, ligando em vários aparelhos. Sinto
minhas mãos suarem me aproximo mais dele na intenção de ver seu rosto
bonito de perto. O barulho das máquinas é o único som do lugar e nunca
poderia imaginar que me sentiria tão pequeno e assustado, a visão do homem
que eu tanto amo nessa situação assusta o inferno fora de mim. Ao tocar sua
mão, meus olhos enchem de lágrimas e sou incapaz de segurar o maldito
soluço que escapa da minha garganta.
— Oh merda querido, eu sinto muito — falo e em seguida dou um beijo
na sua mão. — Não era para nossa noite acabar assim, eu planejei para que
tudo ocorresse bem, mas não saiu como esperado. Eu sinto tanto, meu amor,
eu preciso que você acorde para mim. Será que você pode me ouvir? Se você
pode me ouvir, então ouça isso. — Respirei fundo e olho para sua face
adormecida. — Eu te amo Luigi, porra eu te amo muito. Não sei se consigo
sem você, só por te ver machucado eu acabo me perdendo e pensando um
monte de besteiras, machuquei o meu prisioneiro muito, mas disso eu não me
arrependo. Acorde para mim, por favor, faça isso logo bebê. — Soltei um
sorriso rouco seguido por um soluço. — Você odeia que te chame de bebê,
mas vou te confessar que faço isso para ver a careta de desgostoso que você
faz quando te chamo, acho isso sexy demais…

— Senhor, hora de ir — chama a enfermeira, mas continuo a encarar


Luigi.
— Tenho que sair daqui Lui, e fazer isso vai me deixar louco. Não tenho
a intenção de te deixar, estou a ponto de bolar um plano louco para te tirar
desse hospital, mas infelizmente não vou poder, então me ajude e acorde.
Preciso de você, nossa bebê precisa de você, temos uma família linda para
formar. Te espero aqui fora, não esqueça que te amo. — Levo sua mão em
direção aos meus lábios mais uma vez antes de usar todo meu autocontrole
para sair desse lugar e deixar o meu coração aqui.
— Você está bem, Lucca? — pergunta Chris e eu nego com a cabeça e
respiro fundo para me acalmar.
— Não, mas vou ficar quando ele acordar e voltar para mim. — Voltei
minha atenção para a enfermeira que me olha com curiosidade. — Obrigado
por fazer isso, não sei o que minha família lhe propôs, mas você será muito
bem recompensada.
— Você o ama, não é verdade? — a pergunta da enfermeira vem tímida
em forma de sussurro.
— Mais do que a mim mesmo — respondo abruptamente. — Cuide
dele, por favor — peço e viro para sair.
Ando para chegar ao elevador, mas a dor por me afasta de Luigi é tão
grande que me encosto na parede na intenção de controlar a minha
respiração.
— O que você pensa que está fazendo aqui? — Uma voz estridente me
faz abrir os olhos.
Bem na minha frente está à mãe de Luigi, me olhando com raiva e logo
ao seu lado está um homem mais jovem, aparenta ser mais velho que eu. Esse
homem tem uma forte aparecia com Luigi, se não estou enganado ele pode
ser muito bem o primo sem noção que já ouvi Luigi falar. Acho que seu
nome é Matteo.
— Ainda estou esperando uma resposta. O que faz aqui? — Gianella
perguntou novamente e quase reviro os olhos, mas a raiva que estou sentindo
é muito maior do que o meu desdém.
— Poderia dizer que seria muito bom te ver se eu não tivesse tanto asco
da sua pessoa. Mas temos assunto para ser tratados, e esse assunto não pode
esperar — falo o mais frio e calculista que eu sei que posso ser. — Vamos
conversar, sogra.
A frieza para os meus inimigos está no meu sangue e está na hora de
mostrar quem eu sou a esse projeto de mãe.
— Eu só quero saber o que você está fazendo aqui, dei ordens
específicas e gosto que minhas ordens sejam cumpridas — Gianella diz com
raiva.
— Não vamos fazer escândalos em um hospital, eu achei que você fosse
uma dama da sociedade — falo sério sem demonstrar a raiva que queima em
mim.
— Quero que você fique bem longe de meu filho, pois ele vai fazer o
que tem que ser feito assim que acordar, isso se ele não morrer — diz ela
entre dentes e um sorriso maligno surge na sua boca.
— E isso seria? — pergunto no meu melhor tom de dúvida, tentando
não a matar por ousar pensar que Luigi possa morrer.
— Se casar com Giovanna, isso é o que ele vai fazer. — Me esforço ao
máximo para não revirar os olhos.
— Isso não vai acontecer, entenda de uma vez que Luigi me pertence e
ele não vai a lugar nenhum, principalmente com você — falo e vejo o tal
Matteo arregalar os olhos em um momento, mas volta a ficar sério.
— Então é verdade, meu primo agora se deita com homens. Como eu
não fiquei sabendo disso tia? — pergunta Matteo olhando para Gianella.
— Isso é tudo mentira desse… desse sujeito — diz Gianella se
atrapalhando com as palavras.
— Se Luigi é gay não tem como formar uma família e ficar à frente da
empresa da família — divaga Matteo com uma expressão muito satisfeita.
— Você deve ser o primo, certo? — pergunto apontando para o sujeito
que não fui com a cara.
— Sim, eu sou Matteo Pierri. E você seria? — pergunta com presunção.
— Eu sou alguém que você não gostaria de usar esse seu tom nojento de
gente que se acha melhor que os outros — falo rudemente.
— Eu falo com você do jeito que eu quiser, uma bicha como você deve
com certeza ser um ninguém. Como pode entrar em um hospital desses? —
fala Matte tentando me humilhar, mas isso só me fez lhe dar um sorriso
brilhante.
— Senhor? — Christian em tom de aviso para o primo de Luigi.
— Relaxe Christian, está tudo bem — falo olhando para meu segurança.
— Você não disse a sua família quem é o namorado de seu filho,
Gianella? — pergunto achando graça.
— Você para mim é insignificante — fala dando de ombros.
— Vamos logo tia, deveríamos estar à procura da vagabunda da
Giovanna — Matteo diz entediado e Gianella me encara.
— Você! Você deve saber onde ela está. Onde você a escondeu? —
pergunta apontando para mim.
Minha preocupação com Giovanna aumenta, pois não faço ideia onde
ela está. Desde o acidente de Luigi eu não a vejo, e ela não foi me ver lá no
quarto em que estive. Mesmo achando que algo pode vir a lhe acontecer, sei
que a minha família não a deixaria desamparada. Giovanna se tornou uma
amiga bem querida para mim, e o pior de tudo saber que ela e Luigi já
estiveram nas garras dessa família desprezível. E se depender de mim isso
não vai voltar a acontecer, não vou deixar que esses filhos da puta ditem o
que fazer para as pessoas te que me importo e amo.
— Giovanna está bem, Christian? — pergunto ao meu chefe de
segurança.
— Sim senhor, ela está em casa sob a segurança de Norah — Christian
fala com seu tom profissional.
— Quem é você? — pergunta Matteo e eu ignorei novamente.
— Giovanna está em um lugar que você não deverá pôr suas mãos sujas
— falo para minha sogra megera.
— Você não pode fazer isso, isso é sequestro — replica Gianella e eu
ignoro.
— Se ele é um bandido poderemos muito bem ir à polícia, tia. Luigi
sempre foi adepto a coisas ruins e além de se envolver com um homem, esse
homem só poderia ser sujo. — Cuspe com ódio Matteo e eu não posso mais o
ouvir falar assim de Luigi.
Antes que Matteo pudesse se dar conta eu estou prendendo-o na parede
apertando firmemente seu pescoço. Um homem tão bonito, invejoso e
enojado, está na cara que ele tem inveja de meu Luigi. Para ser mais exato
sinto que ele queria ser como Luigi, mas é uma pessoa muito inútil e
insignificante. Ele olha nos meus olhos e fica assustado, pois eu sei que agora
ele percebeu que sou um homem que não se deve brincar. Os meus olhos
devem estar lhe mostrando o meu poder sobre ele e que para mim ele não
passa de uma mosca inconveniente.
— Solte-o, isso é agressão! Eu vou te pôr na cadeia por causa disso —
grita Gianella e nem me dou ao trabalho de olhar em sua direção, pois eu sei
que Christian a conteve de se aproximar. — Me deixe passar seu brutamonte!
— Nunca, jamais em toda sua vida miserável fale de Luigi dessa
maneira. Você está me entendendo? Luigi Pierri é o homem mais honrado,
incrível e profissional que eu conheço. Para você conseguir ser metade do
homem que ele é tem que suar muito essa sua camisa da Armani. Fale assim
dele mais uma vez e eu te coloco no lugar que você e essa família merecem
que é na sarjeta — falo cara palavra com muita tranquilidade e solto seu
pescoço deixando-o tossir.
— Não sei de onde você tirou que um drogado de merda pode ser digno.
Ele quer tomar a minha empresa — diz ele com dificuldade e ouço Gianella
soltar um som engasgado.
— Essa empresa é da família e Luigi deve tomar a frente, pois ele é o
mais velho. — Ela lembra com raiva para o sobrinho.
— Tolos! Vocês dois são muito tolos! — falo balançando a cabeça
negativamente. — Luigi não tem necessidade em gerir a sua pequena
empresa de exportação — falo achando graça.
— Como você ousa falar assim. Nossa empresa é a melhor de toda a
Itália — Matteo fala com raiva e Gianella me encara e agora posso ver
cautela no seu olhar.
— Não vamos ficar aqui brincando de qual pau é o maior. Mas eu só
queria dizer que Luigi é o vice-presidente da minha empresa aqui em
Chicago, por tanto ele não tem intenção de tomar o seu lugar medíocre —
falo com desdém, pois toda essa conversa está me entediando.
— E que empresa seria essa? — pergunta Matteo tentando não parecer
curioso.
— As empresas de construção Aandreozzi SPA — falo e o primo de
Luigi arregala os olhos.
— Você além de bicha é mentiroso — fala Matteo e quando eu vou
avançar nele ouço uma voz me chamar.
— Lucca! Aí está você! Porra irmão eu fiquei preocupado, que inferno
está fazendo de pé ainda. — Enzo vem na minha direção me olhando
preocupado.
— Eu estou bem, nem sinto nenhuma dor — falo uma pequena mentira
ignorando as pessoas na minha frente.
— Mamma está vindo por aí, ela ficou preocupada de um jeito que tive
que vir na frente — fala Enzo e eu levanto uma sobrancelha para ele em
questionamento. — Certo, eu também fiquei preocupado.
— Estou bem irmão, só batendo um papo chato e esclarecedor com a
família de Luigi — digo sem importância.
— Você é Enzo Aandreozzi? — Ouço Matteo perguntar sem aquela
confiança de antes.
— Eu sou! E você é? — pergunta meu irmão com o rosto marcando a
sua seriedade.
— Esse é o primo de Luigi que se acha melhor que ele — falo cruzando
os braços com um pouco de dificuldade.
— Sério? — Enzo pergunta a mim querendo rir, mas continua sério e eu
só dou de ombros. — Que seja, termine logo com essa merda… — Ele nem
terminou de falar, pois a voz de mamãe se faz presente.
— Você está perdendo seu tempo falando com essa mulher? — Mamãe
se aproxima se nós olhando para Gianella com um olhar matador.
— Você deveria me respeitar, somos do mesmo nível social — Gianella
diz de nariz em pé.
— Eu não sou do mesmo nível que uma mãe cadela sem coração —
mamma diz com uma cara de ofendida.
— Ei vocês, por que estão demorando tanto? — Pronto agora está todo
mundo aqui. Caspita!
— Estou batendo um papo aqui — falo sem importância olhando para
nonna, Luti e Luna.
— Briga? Adoro uma briga, principalmente se for para dar uns tapas na
cara de umas desavisadas — nonna fala estalando os dedos me fazendo
prender a risada.
— Ninguém vai bater em ninguém aqui — falo risonho e nonna solta
um “merda” que faz Luti ser incapaz de segurar a risada.
— Eu quero todos vocês longe do meu filho, ele vai voltar conosco para
Roma — Gianella fala e não posso deixar de ficar irritado.
— Nossa, eu sempre quis fazer negócios com a empresa de vocês e não
estou acreditando que o inútil do meu primo tem esse cargo importante. Será
que vocês sabem que Luigi é um ex drogado. Não, ele deve estar trocando
favores por sexo — —Matteo fala com rancor e sinto Enzo enrijecer ao meu
lado e eu fico do mesmo jeito.
— Não fale assim do meu cunhado ou você pode se arrepender. Mesmo
que Luigi não estivesse em um relacionamento com Lucca ele já estava
conosco a um tempo, pois ele sempre foi amigo da família. E já você e sua
empresa pode muito bem ir para puta que pariu, não fazemos negócios com
seu tipo de gente sem caráter — Enzo fala com seu tom mais duro e eu não
posso deixar de olhar para ele com admiração.
— Mas… — Ele iria falar mais alguma merda, mas eu já estou me
cansando disso.
— Chega! Acho melhor você ficar quieto, pois ouvir suas besteiras já
está me causando enjoo. Eu vejo bem nitidamente que você queria ser como
Luigi, mas nunca vai ser, por que o meu Luigi é um ser incrível — falo
olhando diretamente para Matteo que fica irritado.
— Não fale mais nada Matteo. E vocês ouviram o que eu disse? Quero
todos você fora daqui, logo Luigi e aquela pequena vadia irão para Roma —
Gianella resmunga impedindo que seu sobrinho fale mais alguma merda.
— Você pode tentar, mas você não vai tirar Luigi de Chicago. Aqui é o
lugar que ele pertence, aqui é o seu lar. Estarei na vigilância de cada passo
seu, e pode ter certeza que os seus desejos não serão alcançados. Posso não
poder ficar ao lado dele nesse momento por respeito às regras do hospital,
mas saiba que será o meu nome a primeira coisa que ele vai dizer assim que
acordar — falo olhando para a porta do quarto onde Luigi está.
— Como você pode ter tanta certeza disso? — pergunta Matteo e lhe
dou um sorriso confiante.
— Porque ele me ama. E mesmo amando minha família do jeito que
amo, se eu estivesse no lugar dele seria o seu nome que estaria chamando
assim que abrisse meus olhos. — Sou o mais sincero possível e virei para
minha família. — Me tirem daqui, por favor — peço e sinto meu coração
doer por deixar o homem que amo a mercê dessas pessoas tão desumanas.
— Você pode até tentar nos separar, mas aposte sua fodida vida que
seus esforços serão em vão — falo olhando diretamente nos olhos da cobra.
De repente me sinto estupidamente cansado.
— Vem irmão, você precisa descansar — Luna diz em tom baixo vindo
me abraçar.
— Sugiro que você não cometa o erro de afastar mais meu filho do seu
namorado, pois eu não estou muito feliz em ver o meu bebê se sentir tão mal.
Eu sou mãe, você não sabe o significado dessa palavra, e agora Luigi faz
parte da minha família. Se algo acontecer eu juro que vou te destruir —
mamma fala e Gianella solta um som dramático. — Nós protegemos a
família.
— Vocês estão nos ameaçando? — pergunta Gianella olhando para
minha mãe com a maior cara de ofendida.
— Sim, estamos te ameaçando. Se não gostou nos processem! Estamos
de olho em você, vadia! — nonna fala fazendo sinal com os dedos.
— Vamos para casa querido, você precisa descansar um pouco — diz
mamãe e eu assenti sem falar mais nada.
Sair do hospital foi à coisa mais difícil e complicada de se fazer, nunca
pensei que pudesse sair daqui sem Luigi. Se não fosse pela minha família não
sei o que eu seria capaz de fazer, com certeza faria alguma loucura. E fazer
uma loucura poderia causar uma piora no quadro de Luigi que não está em
um estado bom, e isso é uma das últimas coisas que eu queria no momento.
Tenho fé que ele vai irá ficar bem e logo sairá desse estado. Enquanto isso
não acontece vou encontrar a pessoa que nos machucou e fazê-la pagar. Isso
com certeza não ficará impune.
Chego em casa e vou direto tomar um banho, fico feliz e emocionado ao
ver que um banho de banheira já está preparado me esperando. Tenho certeza
que senhora Adams está querendo me deixar mais relaxado e faço uma nota
mental para quando sair daqui lhe agradecer pelo mimo. É impossível não
ficar triste ao pensar que Luigi poderia estar aqui, mas ainda está naquela
cama tão vulnerável. Não vou o deixar ficar desprotegido, por isso mandei
colocar alguns homens para ficar de olho em quem entra e sai daquele lugar,
não estou mais disposto a ter surpresas indesejáveis, agora é hora só de agir.
Termino meu banho e vou ao closet, que divido com Luigi, colocar uma
roupa. Ao tentar encontrar uma peça confortável para me vestir, não consigo
resistir e abro o lado de Luigi. Passo a mão pelas suas roupas, puxando uma
camiseta sua e levando até o meu nariz, amo tanto seu cheiro, amo tudo nele.
Decido o que usar: coloco a camiseta de Luigi e uma calça de moletom, a
camisa ficou um pouco mais comprida já ele é maior que eu. E isso me faz
rir. Uma batida na porta me tira dos meus devaneios.
— Zio! Zio! Voxê tá dormindo? Se tá, acorde viu! — A vozinha fofa de
Pietro enche meu coração de carinho.
— Eu estou dormindo sim, não irei acordar — falo tentando não rir.
— Mentir é feio tio! Papai diz que isso é coisa de menino mau —
resmunga meu sobrinho do lado de fora da porta.
— Por que está aí do lado de fora? Pode entrar Ursinho — mando e ele
como um bom garoto que é entrou.
— Eu entlei! — diz ele com as duas mãos na cintura. — Vovô e papai
Ursão querem falar com voxê.
— Tudo bem, mas agora vem aqui dá um abraço bem gostoso no seu tio
que estava com saudades do Ursinho — falo abrindo os braços para receber o
carinho do pequeno.
— Só não aperta muito, eu acabei de comer bolo de Magô — diz ele se
aconchegando a mim e não posso deixar de rir.
— Você é um garotinho incrível. Te amo Ursinho — falo sentindo o
cheirinho de bebê que exala do corpo dele.
— Eu também te amo titio. Sinto falta de tio Luigi também — Pietro diz
me assustando, mas não falo uma palavra só assenti com a cabeça.
— Vamos lá, espero que Maguinha tenha deixado um pedaço de bolo
para mim — falo pegando na mãozinha de Pietro para sairmos do quarto.
— Se tio Zuco não comeu tudo, acho que tem — responde com uma
expressão pensativa.
Caminho junto com Pietro até a cozinha e como eu já poderia imaginar
todos estão lá degustando o bolo maravilhoso de cenoura com calda de
chocolate de Margô. Vou até minha governanta e agradeço pelo banho a
deixando sem graça, ela é uma a pessoa maravilhosa e adoro saber que ela
trabalha aqui em casa, eu não poderia perdê-la de forma alguma. Quem está
presente na cozinha também é Giovanna que assim que me vê vem me
abraçar, falo com ela que consegui ver Luigi é que ele ainda está do mesmo
estado. Ela me agradece por mantê-la afastada de Gianella e eu somente
assenti. Assim que uma grande fatia de bolo para na minha frente, ouço
alguém pigarrear, e esse alguém é babo.
— Como você está meu filho? — pergunta papai fazendo todos
cessarem as conversas.
— Eu estou bem, sinto algumas dores, mas nada que eu não possa
aguentar — falo com um sorriso pequeno.
— Isso é bom, sua mãe falou que seu irmão e eu estávamos conversando
com a polícia? — papai pergunta e eu olho para Filippo que está sentando ao
lado do seu Bello.
— Sim, me disse. E lá já está tudo resolvido? Houve alguma morte não
resolvida? — indago sentindo a tensão no meu corpo.
— Não, eles só queriam saber o motivo do tiroteio, mas nós resolvemos.
Mas tenho certeza que o detetive Michael vai querer ter algumas palavras
com você — Filippo diz e eu assenti.
— Odeio esses caras, eles sempre acham que somos bandidos — falo
fazendo muxoxo.
— Entre para o clube então. Eu não gosto do modo que nos olham
querendo saber por que sempre estamos na mira de algum alvo — Enzo fala
também com um tom desgosto.
— Tenho que ir ao clube de Ricco Chávez, pois ele marcou uma reunião
comigo — falo e Filippo solta um rosnado.
— Que diabos você quer fazer lá? — pergunta Lippo irritado.
— Eu preciso de respostas, ele diz que vai me ajudar com isso. Para
falar a verdade ele já mandou dizer que já tem minhas respostas.
— Não gosto disso! Qual o preço você terá que pagar para ter suas
respostas? — Lippo diz carrancudo.
— Não sei, mas não posso mais ficar assim o escuro. Isso tem que
acabar — falo decidido.
— Tudo vai ficar bem Filippo, nós sempre podemos ir com ele — Enzo
diz e Filippo confirma.
— Va bene, mas qualquer coisa vamos sair de lá mais rápido do que
entramos. E se algo acontecer contigo eu acabo com Chávez — Filippo diz
virando para limpar a boca suja de chocolate de Pietro.
— Vamos que dia? — Luna perguntou tentando roubar um pedaço do
meu bolo.
— Deixe de ser gulosa, mulher! — reclamo afastando meu prato. —
Vamos amanhã à noite.
— Mas amanhã é seu aniversário. — Lembra minha irmã e eu só dou
ombros.
— Vai ser um dia incompleto querendo ou não — falo soltando um
suspiro.
— Não fique triste Luc, tudo vai ficar bem e Luigi vai acordar. Você vai
ver — Luti fala me fazendo assenti.
— Tenha muita fé nele, e sei que ele é forte e vai sair dessa — Giovanna
diz e sem perceber coloca a mão na barriga.
— Por que você não vai tentar dormir um pouco meu filho? — pede
minha mãe e acabo concordando.
— Acho que vou tentar um pouco. Quando eu acordar vamos assistir um
filme? — pergunto olhando para meus irmãos, meu cunhado e Gio.
— Não quero assistir filme, vai ter uma luta de boxe hoje com aquele
grandalhão que esqueci o nome — Enzo fala estalando os dedos.
— Nada de luta Zuco, da última vez você assistiu luta, mas hoje vai ser
um filme — reclama Luna e Luti assentiu.
— Nós também vamos poder assistir? — Eduarda perguntou sem tirar
os olhos do seu novo tablet. Meu Deus essa menina está ficando tão crescida!
— Não mocinha, você e seu irmão vão dormir cedo hoje — Luti diz em
um tom autoritário.
— Puxa, cliança não pode fazer nada! Quelo ser glande logo —
murmura Pietro descontente e todos nós rimos.
— Deus, não! Por mim você vai ficar assim para sempre, não estou
preparado para ver o meu bebê crescer — Luti fala puxando Ursinho para
seus braços.
— Não sou um bebê, eu sou um homi! — diz Pietro à contra gosto.
— Quem não vai crescer tão cedo é Duda, pois eu não estou preparado
para ir preso ou para o hospital — Filippo diz sério e nonna começou a rir
alto.
— Eu ainda estarei viva para levar minhas bisnetinhas para minha boate
— provoca nonna e meu pescoço arrepia.
— Nenhuma mulher Aandreozzi vai se casar ou crescer — falo e vejo
Enzo, Filippo e papai estremecer e assenti.
— Vocês são todos uns idiotas e iludidos — fala nonna gargalhando.
— Acho melhor você ir à merda Lucca — Luna diz irritada e isso me
faz rir.
Olho para cada membro da minha família e mesmo me sentindo triste
pela falta de Luigi, posso perceber que sozinho eu nunca vou estar, pois tenho
essas pessoas tão maravilhosas na minha vida. A frase “Para tudo e por
tudo” tem um grande significado, significado esse que fazemos questão de
sempre cumprir. A família Aandreozzi é única e com eles eu jamais vou me
sentir desamparado.
Meu aniversário sempre foi uma data muito divertida, para falar a
verdade, todos os aniversários dos membros da família Aandreozzi são muito
bem comemorados. Quando nós éramos pequenos, mamãe adorava fazer
festinhas com nossos amigos da escola, eu e Luna adorávamos toda aquela
animação ao contrário de Enzo e Filippo. Esses dois sempre foram chatos,
Lippo não tinha amigos e nem tinha intenção de ter e Enzo, ele só não queria
festa mesmo, e isso deixava mamãe louca.
Oh Deus! Lembro-me de um aniversário de Luna que ela resolveu levar
algumas amigas para a festa do pijama lá na mansão, as pobres criaturas
acharam que poderiam deixar Luna para ir atrás de nós, um grande erro da
parte delas. Resumindo, uma delas ficou toda saliente para o lado do
carrancudo da família. Não preciso dizer o nome por que vocês já conhecem,
não é? O que eu estava falando? Ah! Filippo disse que se elas não derem a
devida atenção a sorellina, elas não eram bem-vinda a nossa casa. Conclusão
da história, a noite terminou com as meninas voltando para suas casas e nós
os irmãos dormindo junto com Luna que queria pintar nossas unhas com rosa.
Isso foi assustador!
— Ei, vamos levantar logo dessa cama? — Ouço a voz de Luna e nem
faço questão de abrir os olhos.
— Por favor, me deixe dormir — falo com a cara enterrada no
travesseiro de Luigi.
— Você sabe tão bem quanto eu que isso não vai acontecer — Luna diz
com ar risonho.
— Alguém já lhe diz que você é una noiosa (uma chata)? — pergunto
em um tom de voz abafado.
— Hum… deixe-me ver… Acho que sim e essa pessoa é você! — diz
ela maliciosamente e puxa o lençol do meu corpo, mas eu o seguro com
firmeza. — Levante sua bunda daí!
— Eu estou nu! Pare com isso Luna! — grito ainda puxando o lençol.
— Tudo o que você tem aí eu já vi. Nada de muito importante para ser
visto — diz ela com desdém e eu cerro os olhos para encará-la.
— Você anda vendo muitos homens pelados? Será que papai sabe disso?
— provoco e ela faz um som frustrado.
— Cazzo! — Luna diz irritada.
— Hoje eu só quero ficar quieto e esperar esse dia terminar logo — falo
cabisbaixo e ouço um suspiro sair de minha irmã.
— Eu sei disso Luc, eu sei e te entendo — diz ela sentando ao meu lado.
— Eu espero que você nunca sinta a dor que estou sentindo nesse
momento — sussurro após deitar na cama e trazer Luna junto comigo.
— Sei que não posso imaginar o que está passando, mas você não está
sozinho Luc — diz minha irmãzinha se aconchegando a mim.
— E vocês não sabem a importância que são para mim — falo em um
tom baixo.
— Eu sei, juro que sei, mas não é igual — Luna diz levantando a cabeça
para me encarar.
— Não, não é. Esse amor é diferente do amor que sinto por vocês, é algo
que você se sente incrível, mas quando algo acontece você se sente tão
miserável que é sufocante — falo o mais profundo possível e minha irmã
assenti.
— Quero amar assim um dia, quero de verdade — diz ela com o
pensamento longe.
— E você vai! Só espero que você nunca possa sentir qualquer tipo de
dor — falo beijando sua testa.
— Você, o papai e os outros não podem me proteger de tudo — fala em
um tom sério.
— Infelizmente não, isso é algo para o seu aprendizado. Mesmo assim
estaremos sempre para você — falo com convicção a apertando em meus
braços.
— Assim como você pode contar conosco. Nunca o deixaremos
sozinho, Irmão — Luna diz com um sorriso pequeno.
— Dio santo! Você ainda está deitado seu infelice! — Enzo diz
indignado entrando no quarto.
— Que porra homem! Eu estava aqui em um momento com Luna —
falo sem olhar para ele.
— Isso aqui não é novela mexicana! Vamos logo, levante seu traseiro
daí — Enzo fala e Luna e eu começamos a rir.
— Qual o problema de vocês com a porra da minha bunda? — pergunto
ainda rindo.
— Se fosse peluda como a de Filippo iria zoar muito mais — Enzo fala
rindo junto.
— Eu estava quieto aqui, aí vêm vocês um bando de bastardos —
Filippo fala em um tom que não estava para brincadeira. E nós ligamos para
isso? Claro que não!
— Deus me livre ter uma bunda cabeluda como a de Lippo. Pare de rir
Enzo que sei que você se depila — falo e Enzo para de rir instantaneamente.
— Vai se foder! Eu não me depilo! — responde carrancudo e até Filippo
é incapaz de segurar o riso.
— Temos fontes! Podemos ligar para sua secretária. Você tem o número
dela, Lippo? — Luna pergunta e Filippo puxa o seu celular.
— Pare com isso! — grita Enzo puxando o celular de Lippo.
— Qual o assunto? — pergunta Luti entrando no quarto.
Nesse momento todo mundo estava rindo no quarto. Filippo que poucas
vezes sorrir estava com um olhar alegre, e muitas das vezes só Luiz Otávio e
as crianças são capazes de tirar um pouco do ar sombrio que ele tem pairando
sobre ele. Enzo pode brincar entre nós, mas fora do meio familiar ele é um
homem implacável que não dá nenhuma brecha para ninguém. Muitas das
vezes eu já vi pessoas na empresa da Itália correr quando ele está por perto e
isso me faz rir. Já eu e Luna somos um pouco diferentes, nós conseguimos
lidar com outras pessoas, até mesmo fazer amizades, mas não falhem com a
gente porque se falhar vamos te destruir. Os mais sérios da família não
conseguem confiar nos outros que não sejam da família, mas eu e Luna
damos a oportunidade de contato. Por isso só damos uma chance.
— Estamos pedindo para Filippo ligar para a secretária de Enzo, para
confirmar que ele depila a bunda — falo rindo e Luti olha para meu irmão
com cara feia.
— Você tem o número da secretária de Enzo no seu celular? — Luti
pergunta sem expressão alguma e Filippo paralisa olhando para seu marido
sem entender.
— Claro que tenho Bello, eu guardei achando que poderia ser
importante — Filippo fala e Luti arregala os olhos.
— Você achou importante ter o número da secretária de seu irmão que
por sinal é uma mulher incrivelmente bonita? — Luti pergunta e no quarto
poderia ouvir até uma agulha cair no chão pelo silêncio.
— Ela é bonita? Nunca olhei para isso — Filippo diz indiferente e Luti
fica vermelho e acho que dessa vez é de raiva
— Ótimo! Vamos ver o que você acha se eu deixar o número do meu
coordenador nos contatos — Luti fala cruzando os braços e meu irmão o
encarou com fúria.
— Isso não está acontecendo, Bello. Pode apostar que não está
acontecendo — Filippo fala em um tom de aviso.
— Inferno! Se eu soubesse que ia ter uma novela aqui eu teria trazido a
pipoca — Enzo fala olhando para o casal e sentando na minha cama.
— Você é um idiota! E eu não gosto da sua secretária, ela é uma vaca —
resmunga Luna.
— Ela é uma boa pessoa — defende Enzo.
— Eu também gosto da secretária de Enzo, ela sempre me tratou bem —
falo sem entender.
— Ela é muito eficiente, não sou cego e sei que ela é linda — explica
Enzo e nossa irmã revira os olhos.
— Mas também é covardia de Luti ameaçar Lippo com o coordenador
dele. O homem é um gostoso, sério mesmo — falo e Luna me olha indignada.
— Que Luigi não me ouça. Desculpe amor — falo comigo mesmo.
— Oh, calem a boca vocês dois! — Luna diz com raiva. Calo sem
entender e quando volto meus olhos para o casal, eles já estão aos beijos.
Agora sou eu que não entendi nada mesmo.
— Se te deixa tão puto eu vou apagar o contato dela, sinto muito eu não
sabia — diz Filippo entre beijos e Luti confirma.
— Me desculpe, eu não deveria usar o coordenador contra você — —
Luti diz sendo praticamente sufocado pelo abraço de Lippo.
Enzo fica olhando para os dois sem entender nada, Luna está sorrindo
como uma besta. E eu? Eu só poderia sentir mais ainda a falta de Luigi. Puta
merda, isso não está certo! Eu deveria estar lá no hospital, implorando ao pé
do ouvido para que ele acorde logo ou me contentar em segurar sua mão, mas
sei que isso é impossível. Tudo o que sinto agora é uma saudade sufocante.
Meus irmãos percebem que eu fico perdido em pensamentos e me arrastam
da cama para ir tomar banho. Enzo ainda grita da porta do banheiro que se
não adiantar logo o banho ele iria mandar mamma vir me buscar. Chato do
caralho!
Saio do banheiro de banho tomado, dentes escovados e vou colocar uma
roupa simples já que só sairei à noite para ir à boate de Chávez. Depois de
colocar uma bermuda e camiseta vou ao encontro da família italiana mais
barulhenta do mundo. Mamma é a primeira a me ver, ela me dá um sorriso
enorme e me abraça com todo amor que só uma mãe de verdade pode dar.
Assim que sair dos braços de dona Arianna, babo vem me felicitar. Ele diz no
meu ouvido que eu sou um dos seus bens mais valiosos e juro que me seguro
para não chorar. Depois é a vez de Giovanna me felicitar, sinto que ela hoje
não está muito bem.
— Você está bem, Gio? — pergunto vendo as bolsas pretas embaixo dos
seus olhos.
— Sim, não se preocupe comigo. Hoje é seu dia meu amigo — fala
vindo me abraçar novamente.
— Sabe que se sentir alguma coisa é só me falar, não é? Meu preocupo
com você também — falo severo e ela assenti tímida.
— Não é nada, é só um mal estar normal da gestação — diz é passo a
mão carinhosamente pela sua barriga linda. E agora foi a vez de nonna.
— Não fique com essa cara de cu murcho meu neto, logo seu homem
vai estar aqui com a gente — nonna diz vindo me abraçar.
— Eu sou muito lindo para ter cara de cu murcho — falo com meu
melhor tom convencido.
— E muito humilde também — murmura Enzo.
— Inveja não é seu forte meu irmão. Aceite que sou mais lindo que
você. — Pisco um olho para Enzo o fazendo rir.
— Buon compleanno mio ragazzo! (Feliz aniversário meu menino!) —
diz nonna sorridente me puxando mais uma vez para seus braços.
— Grazie nonna, la donna più deliziosa del mondo (Obrigado vovó, a
mulher mais gostosa desse mundo) — falo a fazendo rir alto. — Quando
Luigi acordar, temos que ir para uma de nossas saídas e vamos levar
companhias — digo maliciosamente e ela concorda.
— Vamos levar Luti, Luna e Arianna com a gente — nonna diz me
fazendo rir.
— Por que eu não sou convidado? — Enzo pergunta sem entender.
— Porque você é um bocudo infeliz — Luna responde e Enzo a olha
com cara feia.
— Bello não vai a lugar nenhum com vocês — Filippo afirma
rudemente.
— No dia em que você mandar em mim a terra vai parar, os mares vão
secar e eu vou virar hetero — Luti resmunga levando todo mundo a
gargalhar.
— Esse menino é meu orgulho, que evolução, que prodígio — nonna
diz fingindo choro.
— Isso que dá querer ser um mandão — diz Luna ainda rindo e eu
confirmo.
— Vocês nunca vão crescer — Lippo resmunga e leva um tapa de Luti.
— Bello!
— Pare de ser um chato! Luc, eu e as crianças temos um presente para
você — Luiz Otávio diz docemente e vira fazendo sinal para os filhos que
saem da sala correndo.
— Que presente é esse? Não me diga que… — falo, mas Luti me
interrompe rindo.
— Você me fez prometer que no dia do seu aniversário eu lhe daria um
cachorro. Então procuramos muito e quando o encontramos sentimos que ele
lhe pertencia — meu cunhado diz e eu não posso deixar de ir abraçá-lo.
— Segula ele Duda! Ele é um fugidor! — grita Pietro chamando minha
atenção.
— Se você não tivesse brincado com ele, ele não ficaria feliz demais e
sairia correndo — diz Duda com a voz descontente.
Uma pequena bola de pelos preto e branco começa a correr por todo o
lugar, eu me vejo parado com um sorriso no rosto admirando meus sobrinhos
saírem atrás do pequeno filhote. Dou um passo para frente e assobio alto
fazendo o pequeno cão parar o olhar em direção ao som. Aproveito que ele
ficou parado e me agacho e solto um “Vem cá garoto!”. Observo seu rabo
começar a balançar e ele imediatamente vem ao meu encontro, o peguei no
colo e faço carinho na sua cabeça. Ele é definitivamente o Husky Siberiano
mais lindo que já vi e todo meu.
— Feliz aniversário, zio! — diz as crianças me abraçando ao mesmo
tempo e rio ao ouvir Pietro falar “aniversálio”. Ele ainda troca o r pelo l e eu
acho isso muito fofo.
— Você é um menino muito traquino — falo rindo e limpando a baba de
suas lambidas no meu rosto.
— Com certeza ele é seu cachorro — diz Filippo e eu confirmo.
— Você me ajudou a escolher. — Luti cutucou meu irmão sorrindo e
saber disso me assusta.
— Sério? — pergunto olhando para Filippo que não fala nada.
— Sim, ele foi com a gente escolher. Eu queria um labrador, mas babo
disse que esse era o seu cão — Duda diz e isso aquece meu coração.
— Grazie, fratello — falo para Lippo que assenti rapidamente. Volto
minha atenção aos meus sobrinhos beijando cada um com amor e olho para
Luti. — Obrigado, isso era um pouco de distração que eu estava precisando
no momento.
— Qual o nome dele? — pergunta Luna vindo fazer carinho no meu
cãozinho.
— Seu nome vai ser Loki, ele tem a cara de um pequeno vilão — falo
olhando os olhos azuis incríveis de Loki.
— Loki como o irmão de Thor? — Luti pergunta e eu afirmo.
— Você ainda é um pequeno nerd, mas eu gosto do nome — Enzo fala
tomando Loki de mim.
— Ei, solte o meu cachorro! — grito e Loki rosnou para Enzo e morde
seu dedo com força.
— Ai! Sim, esse é o nome dele. Esse pequeno vilãozinho fofo — Enzo
diz com cara de dor e passa Loki para mim de novo.
— Vamos jantar hoje no restaurante de Lorenzo. Ele está louco para
conhecer minha família e marcou esse jantar comemorativo — diz nonna
abruptamente e eu levanto a cabeça para encará-la.
— Nonna, não quero festejar meu aniversário com o homem que amo
deitado em uma cama de hospital — falo me sentindo derrotado.
— Não pense assim meu filho, vamos ter um jantar em família. A
comemoração ficará quando Luigi acordar, daí vamos todos para casa e
vamos fazer nossa própria festa — mamma fala e automaticamente um
sorriso surge nos meus lábios, pois a celebração dos Aandreozzi é muito
digna. — Agora vamos todos comer, estamos todos com fome. — Todos nós
assentimos com a cabeça.
— Isso vai ser ótimo! Vamos mostrar a Luigi como nossa família sabe
se divertir — diz Luna empolgada querendo tomar Loki de mim enquanto
andamos.
— Eu ainda estou muito curioso para saber quem é esse sujeito que
nonna está namorando — Enzo diz com um ar sombrio.
— Não é só você que está curioso, meu filho — papai fala com o tom
pior do que o de meu irmão.
— Eu gosto muito de Lorenzo, ele é uma ótima pessoa — falo
distraidamente brincando com Loki.
— Isso é o que vamos ver. — Agora foi à vez de Filippo usar seu tom de
morte. E agora só falta nonna em 3, 2...
— Vão tudo se foder seus putos! Se vocês, seus trogloditas, ficarem
intimidado o meu namorado eu vou pegar minha arma e dar um tiro em cada
um de vocês — nonna fala com raiva.
— A senhora faria isso com seu único filho mamãe? — pergunta papai
analisando nonna.
— Você quer tentar a porra da sua sorte, Donatello? — nonna pergunta
com um ar doce e babo estremeceu negando automaticamente.
— Assim que eu gosto — nonna diz e sai andando na frente, pisando
duro. Essa senhora é assustadora quando quer.
— Eles brigam o tempo todo? Eu acho isso tão engraçado. — —
Giovanna me pergunta rindo.
— Você não faz ideia Gio, é o tempo todo assim. E vou te confessar que
amo tudo isso — falo sorridente e ela assenti também sorrindo.
Fazemos nossa refeição todos juntos em meio a brincadeiras e conversas
aleatórias. A todo tempo Loki queria ficar comigo e quando eu ia dar um
pedaço do meu brioche com Nutella para ele, mamma me deu um tapa na
mão dizendo para não alimentar o cachorro com doce. Nossa, me sinto uma
criança nesse momento! A manhã passa rapidamente e eu passo o dia inteiro
brincando com as crianças e os filhotes de cachorro. É incrível como Amora
está tão crescidinha um dia desses era uma pequena bolota de pelos, indo
atrás de Filippo para todo o lado quando ele estava em casa.
O quê? Vocês não acreditam em mim? Pois é, eu também não acreditei
quando eu vi e me acabei na risada. Filippo esse homem todo sério e chato
com o filhotinho andando para todo dando atrás dele foi a coisas mais
estranha e hilariante da vida. Mas dizem que os cães reconhecem seus donos
e acho que esse vilãozinho do Loki já sabe que eu sou seu papai. Enquanto
corremos pela área protegida da piscina ele sempre dá um jeito de ficar bem
próximo a mim. Filhotinho esperto esse meu!
O almoço é tranquilo, estamos falando sobre a formação de segurança
para a nossa saída hoje à noite, mas mamma impede dizendo que não é o
momento para isso. Então encerramos o assunto e deixamos para fazer uma
reunião antes do fim da tarde. Mas tarde ligo para a enfermeira de Luigi e
peço a ela para ter um tempinho com ele, mas ela somente desliga a ligação.
Depois de alguns minutos ela retornou dizendo que eu chegue o mais rápido
que conseguir, pois o horário de visita já acabou e ela vai dar um jeito de me
fazer entrar.
Chegoi ao hospital com Luna e Luti de companhia e me sentindo uma
pouco mais aliviando por estar podendo ver o homem que amo pelos menos
um pouco. O que eu não esperava era que a enfermeira me barrasse
impedindo até que eu chegasse à ala que Luigi está.
— —Sinto muito senhor, eu pensei que fosse dar um jeito para o senhor
entrar hoje, mas infelizmente o diretor do hospital resolveu aparecer — diz
nervosa olhando de um lado a outro.
— Eu não posso entrar nem por dois minutos para lhe dar um beijo e
sair? — pergunto sentindo um peso no peito.
— Sinto muito, sinto muito de verdade. Eu não posso — fala e sinto
uma mão tocar minhas costas.
— Não deu hoje cunhado, mas outro dia você o verá — diz Luti no meu
ouvido e eu assenti.
— Isso é tão injusto! — falo entre dentes e aperto a mãos, sentindo a
unha furar a palma.
— Sim, isso é, e vocês vão superar isso. Agora vamos embora daqui —
Luna fala e pelo seu tom de voz sinto que ela também está muito irritada.
— Eu queria poder te ajudar, mas hoje não vou poder. É triste ver um
casal apaixonado sendo mantido longe um do outro — a enfermeira sussurra
apaixonadamente.
— Sim, eles estão fazendo isso hoje, mas amanhã pode ser eu a tirar
algo deles — falo com raiva e saio para encontrar meu carro.
À volta para casa é tensa, eu estou me sentindo com todas as emoções
em conflito dentro de mim e isso não é uma coisa boa. Ao chegar em casa a
primeira coisa que eu faço é ir descarregar minha raiva no saco de pancadas.
Bato, bato muito, bato com tanta força que eu posso sentir o ardor dos nós
dos meus dedos calejados. Eu os odeio! É tudo o que eu posso pensar no
momento, eu odeio todos aqueles que estão me mantendo afastado do Luigi.
Deveria ser eu a ficar ao seu lado todos os dias, deveria ser eu. Droga! Só me
resta bater e bater no saco de pancadas, imaginando ser a megera da Gianella
com aquele ar pomposo dela, ou seu sobrinho Matteo que é um sujeito
medíocre, minha imaginação vagueia pelos rostos desses bastardos. Paro de
bater imediatamente quando ouço um pigarro, olho para trás e vejo Giovanna
parada me olhando com os olhos arregalados.
— Você está ferido! — exalta Giovanna e eu rapidamente olho para nós
dos meus dedos feriados e escondo atrás das costas.
— Isso? Isso não é nada, eu estava distraído — falo o mais indiferente
que consegui.
— Não acho que seja isso — fala em tom baixo.
— Não há nada que você possa se preocupar, isso aqui nem doeu — falo
forçando um sorriso.
— Tudo bem se você quiser conversar, eu não irei te julgar, sabe — diz
suavemente e eu a olho.
— Por que você diz isso? — pergunto curioso.
— Você não me julgou quando eu contei que dormia com o pai do pai
da minha filha. Nossa, isso saindo desse jeito é bem sórdido — ela solta
pensativa e eu solto uma risada.
— Sim, isso saiu um pouco estranho. Mas não tem com que se
preocupar, eu só precisava descontar um pouco minhas frustrações.
— Você não conseguiu ver Luigi, não é mesmo? — pergunta e eu
assenti.
— Sabe o que é mais fodido? São esses filhos da mãe fazendo com que
eu me torne um estranho, sendo que são eles os estranhos para Luigi. — Não
consigo segurar, uma risada sem emoção escapa de minha boca. — Eles estão
tão cheio de merda que me faz perder a cabeça.
— Acho que sua família é tão perfeita que você não percebe que há
outras muito sujas — diz Gio com um sorriso sem graça e eu balanço a
cabeça negativamente.
— Não, isso não é uma verdade. Minha família está longe de ser
perfeita, temos as nossas bagagens de merda, mas sabemos lidar com tudo
isso juntos. Eu não seria ingênuo em achar que famílias são todas legais.
Porque porra elas não são — falo em um tom sério.
— Mas você sabe que sua família é diferente, certo? — pergunta e eu
nego novamente.
— Não, não somos diferentes. Somos só uma família que já passou por
várias desgraças e sabemos que a união é muito melhor do que fazer tudo
sozinhos. Para nós a base família é composta por amor, nos amamos muito
para não nos unir.
— Nossa! Você não tem noção de como isso é incrível — fala com
admiração.
— Não é incrível ou totalmente espantoso é só simplicidade — falo
dando de ombros e ela assenti sorrindo.
— Estou feliz que a pequena bebê vai crescer com a família tão adorável
— diz contente passando a mão na barriga.
— Você também vai estar por perto, ou eu estou enganado? A bebê vai
precisar de você também — falo é um olhar triste toma conta dela, mas logo
ela dispersa.
— Tudo que eu sei é que eu não estou preparada para ser uma mãe —
fala ela e fico quieto.
— Entendo você — falo e ela balança a cabeça negativamente.
— Mas não sou uma pessoa sem coração que não vai ligar se o bebê que
estou carregando vai ter uma boa vida, pelo contrário eu só a quero bem e
segura — confidenciou ela passando a mão no seu abdômen inchado. Esse
assunto está ficando muito sério para mim e eu não estou no momento para
esse tipo de bate papo.
— Vamos? Tenho que me encontrar com meus irmãos — falo e ela
suspira afirmando.
Vou ao meu quarto, faço uma pequena limpeza na bagunça que eu fiz
com a minha mão. Depois que me vejo satisfeito saio do meu quarto para ir
de encontro com o meu pai e meus irmãos, ao passar pela sala sou
recepcionado por Loki que se prontifica a ficar ao meu lado e eu não posso
deixar de sorrir. Ele é tão pequeno, mas tão esperto e sensível. No meu
pequeno escritório de casa já estão todos me esperando para podermos acertar
a nossa saída da noite.
— Até que enfim apareceu a margarida — Enzo diz e eu reviro os olhos.
— Cale-se, eu nem demorei assim — falo dando de ombros.
— O que houve com sua mão? — Luna pergunta e eu me encolho sob
seu olhar.
— Um pequeno acidente? — falo sorrindo e ela revira os olhos. — Saía
da minha cadeira Filippo! — falo apontando para ele, mas ele não se dá ao
trabalho de se levantar.
— Deixe de chilique e vamos ver como faremos essa noite, para que o
seu traseiro não seja morto — diz com uma carranca e eu estreito meus olhos
para ele.
— Bastardo! — resmungo e um minúsculo sorriso surge no canto de sua
boca.
— Vamos parar de brigar crianças para podermos resolver nossas vidas.
Quero tudo seguro, pois vamos estar saindo com a mãe, avó de vocês e uma
gestante. Tenho certeza que não querem que elas sejam pegas no meio de um
tiroteio — babo diz seriamente e Enzo solta um som frustrado.
— Mamma e Giovanna pode até ser, mas nonna iria adorar toda essa
ação — fala e todos nós assentimos, mas papai endurece o corpo.
— Ela pode até querer, mas se depender de mim ela não estará
ganhando isso — fala em um tom sério e nós assentimos rapidamente —
Agora vamos falar sério aqui — diz e todos nós entramos no modo
concentração.
Ficamos algumas horas conversando sobre o nosso modo de segurança.
O acerto é que nós vamos para o restaurante do Lorenzo fazer um jantar em
família e logos após o jantar, meus irmãos e eu vamos para a boate de Ricco,
enquanto papai volta para casa trazendo mamma, nonna e Gio com ele.
Vamos todos com os nossos respectivos chefes de segurança, e mais dois
carros de escolta, resumindo vai ser uma porrada de gente para sair hoje. A
porta é aberta e mamma chegou com senhora Adams com bandejas com
lanches.
— Não precisava se incomodar, minha flor — diz papai docemente
quando vê mamãe.
— Eu sei, mas é sempre bom fazer uns mimos para o meu amor e meus
bebês — responde ela com um sorriso carinhoso.
— Você é incrível. Vem aqui! — fala babo apontando para seu colo e
mamma vai sem questionar.
— Fecha os olhos Loki, isso não é coisa para se ver — falo de graça
pegando as patinhas dele para fechar seus olhos enquanto meus pais se
beijam.
— Parece até que vocês não beijam seus parceiros — mamma diz com
um grande sorriso abraçando babo pelo pescoço.
— Eu não tenho ninguém e essa visão está me deixando com traumas —
Enzo diz estremecendo.
— Vocês dois são tão ridículos — Luna fala sentando no colo de Enzo
que começa a fazer cócegas nela. — Pare com isso, Zuco!
— Tem alguém com sede aí? — pergunta Luti entrando com outra
bandeja e Filippo abre os braços chamando seu marido.
— Onde estão às crianças Bello? — Filippo pergunta passando o nariz
na nuca de Luti.
— Estão assistindo o tal Titio Avô com Giovanna — responde e Filippo
faz careta.
— Giovanna corajosa! — diz ele pensativo e rimos.
Fico observando minha família com suas expressões felizes e outra onda
de saudade toma conta de mim, mas faço questão de empurrá-la para longe.
Não posso me abater pela falta que Luigi me faz, hoje ele pode não estar
aqui, mas logo vai estar e não vamos mais ficar separados. No horário de
nossa saída estamos todos prontos, Filippo e babo com suas habituais roupas
escuras, Enzo, Luti e eu estamos basicamente de jeans, camisas simples e
jaquetas. Mamma, Giovanna e nonna estão lindas de vestidos discretos, Luna
está com uma calça de couro, uma blusa branca de material fino e um salto
matador. Olhando assim, ninguém suspeita que estamos armados até os
dentes. Fala sério! Não existem pessoas mais lindas que nós.
A chegada ao restaurante foi sem nenhum problema, seguimos todos os
protocolos e tudo deu muito certo. Ao saímos do carro a primeira pessoa que
vejo é Lorenzo, ostentando um enorme sorriso e posso ver daqui seus olhos
brilhando quando ele avista nonna Francesa. Ele realmente está muito
apaixonado e isso é uma porra de um alívio para sua própria sobrevivência.
Nonna passa por nós e vai até o encontro de Lorenzo, lhe dá um abraço e fala
algo no seu ouvido deixando o pobre homem vermelho de vergonha. Papai,
Filippo e Enzo estão olhando para o casal com a expressão de puro ciúmes,
mas são educados e não cometem o erro de falar nada demais com o pobre
homem.
— Buon compleanno! Esse jantar será especial para você meu caro.
Estou feliz e poder tê-los aqui — diz Lorenzo com sua simpatia de sempre e
me dá um abraço caloroso.
— Muita gentileza de sua parte ceder seu espaço para nós hoje — falo
fazendo-o rir.
— A honra é toda minha Lucca — diz ele e vai nos conduzindo para a
grande mesa que foi separada para nós.
Nos acomodamos e Lorenzo sai um momento para ir até a cozinha, para
logo se juntar a nós. Quando ele volta, fazemos nossos pedidos e posso sentir
que ele não deixou se abater pelos olhares desconfiados dos chatos da família
e continua com seu sorriso verdadeiro e calmo de sempre, coisa que atraiu
Luna, Luti, Gio e mamma que não param de conversar com Lorenzo. Não
posso resistir e acabo me juntando a eles na conversa, pois o namorado de
nonna é um cara de verdade, e pessoas de verdade me encantam.
— Qual a sua intenção com a nossa nonna? — Filippo pergunta a
Lorenzo fazendo todo mundo parar de fazer o que quer que estivéssemos
fazendo.
— Filippo, não é? — pergunta Lorenzo e meu irmão assenti duramente.
— Sua avó foi o amor da minha juventude, me senti mal por ela ter ficado
com seu avô e achei que nunca mais fossemos nos acertar. Mas as coisas são
como devem ser e eu sabia que nós nos encontraríamos. Então sim, eu espero
poder ficar com a sua nonna se ela continuar a me querer. Isso me fará o
velho mais feliz do mundo — diz ele olhando para nonna com um sorriso
doce.
— Ele não é um doce? — pergunta nonna a minha mãe, e ela estava
enxugando as lágrimas.
— Sim, muito doce. É uma grande alegria poder te conhecer Lorenzo —
diz mamma e Lorenzo assenti carinhosamente.
— Isso é tudo que eu queria saber, mas saiba que se por algum acaso
você fizer alguma coisa com a minha mamma, eu e meus garotos vamos te
caçar nem que seja no inferno — papai fala suavizando sua expressão. E
todos nós assentimos fazendo o pobre homem estremecer.
— Parem de ameaçá-lo seus putos! — nonna diz irritada e eu solto um
beijo para ela.
— Bem-vindo à família Lorenzo, sua comida é maravilhosa — diz Enzo
sério e Lorenzo sorri agradecido.
— Eu fico feliz em ser aceito por vocês — diz Lorenzo sem jeito e
Luna, Gio, Luti e mamãe caem ainda mais nas graças de Lorenzo. — Vocês,
Donatello e Arianna parecem tão jovens para ter filhos tão adultos — diz
Lorenzo e nonna solta uma risadinha.
— Oh meu querido, esses dois fodiam como coelhos reprodutores. Era
tirando uma criança e colocando outra em seguida. Jesus! Foram muitos
hormônios reprodutores — diz nonna fazendo todos rirem, mesmo os chatos.
— Se pudesse eu tinha mais filhos com meu Don — mamma diz
piscando em direção a papai que segura sua mão.
— Por favor, parem com essa conversa. Isso me embrulha o estômago.
Mães não fazem essas coisas — reclamo e meus irmãos assentem.
— Como você acha que foi feito? Pelo dedo? — nonna pergunta
debochada e nós fazemos uma careta. Voltamos ao nosso jantar um pouco
mais leve.
— O jantar estava ótimo, mas agora temos que ir. — Lembra Filippo
assim que terminamos de comer.
— Vamos ficar mais um pouco, mas vocês tomem cuidado — mamma
diz e nós assentimos. Com isso nos despedimos e saímos do restaurante.
No meu carro quem vem comigo é Enzo, mas nós ficamos em silêncio
esperando chegar ao nosso destino. Chegamos à boate de Chávez e posso ver
que o local contínua do mesmo jeito desde a última vez que eu estive aqui.
Meus irmãos me encaram como se perguntasse como diabos que vinha aqui
com frequência, eu somente dou de ombros e sigo caminho até a passagem
para as lutas ilegais de Ricco.
Na passagem a dois seguranças construídos como máquinas pesadas de
tão musculosos que são, um dele ficou quieto olhando para frente e o outro se
prontifica a falar.
— Só vocês podem entrar, seus homens ficam aqui — diz ele olhando
fixamente para Christian que devolveu o olhar matador.
— Não é assim o protocolo, eu posso entrar muito bem com o meu chefe
— Christian fala entre dentes.
— Hoje não, ele não está sozinho. Então só ele e seus convidados
entram — diz o segurança com confiança e eu olho para Chris.
— Tudo bem Chris, eu estou com meus irmãos. Você é os outros fiquem
em formação — falo para Christian que me olha com dúvida.
— Tem certeza senhor? Eu e Elijah podíamos entrar — fala e eu nego
rapidamente.
— Tudo vai ficar bem, Ricco é um amigo, certo? — pergunto com
sarcasmo e o vejo controlar o sorriso. — Já que resolvemos nosso impasse,
me deixe passar — falo friamente com o segurança que imediatamente abre
as portas para que eu e meus irmãos pudéssemos passar.
A descida do elevador é rápida e assim que as portas se abrem,
imediatamente somos atingidos por vozes de pessoas gritando nomes,
xingando, rindo alto, e principalmente um forte estrondo de alguém sendo
jogado no chão em um baque forte. No ringue a nossa frente tem dois caras
fortes em uma luta sangrenta, onde o cara que acabou de cair no chão é
surpreendido por um mata leão. Observo atentamente a luta e sei que o que
está imobilizado não tem para onde se esquivar e que ele já está perdendo a
consciência. Mesmo o cara derrotado batendo no chão afirmando que desistiu
da luta, o filho da puta que está no controle não o solta fazendo o cara
desmaiar pouco tempo depois. No final da luta o barulho é ensurdecedor
pelos gritos dos torcedores.
— Nossa isso aqui não é como as lutas que vemos na TV — diz Luti e
eu olho em sua direção.
— Não cunhado, aqui o negócio é muito sério — falo e ele dá um
sorriso.
— Gostei muito daqui! — afirma e me faz rir, mas meu irmão não gosta
nem um pouco do que ouviu.
— Você lutava aqui, Luc? — pergunta Luna curiosa.
— Sim, mas prometi a vocês que não venho mais — falo e eles
assentem.
— Mi gran hermano! É um prazer ter você e seus irmãos aqui — Ricco
diz se aproximando de nós com um grande sorriso.
— Não sou seu hermano, Ricco. Vim aqui, pois você diz que tinha algo
para mim — falo com uma expressão séria e ele sorri ainda mais.
— Ele é sempre sério desse jeito? — pergunta ele aos meus irmãos.
— Não estamos felizes em estar aqui e se você puder acelerar o
processo, nós agradecemos — Enzo diz friamente ignorando Ricco que faz
um som de desgosto.
— Venham! Vamos relaxar tomando umas bebidas. Acho que será
melhor para conversarmos — diz ele e vira para subir a área VIP.
— Eu não gosto desse sujeito. Vamos fazer o que tivemos que fazer e
vamos sair daqui — Filippo fala com raiva e nós assentimos.
— Lembre-se que não podemos criar uma luta com um dono de cartel.
Temos muita coisa para lidar. — —Luna lembrou e eu apertei os dentes.
Subimos para a área VIP e Ricco indica um lugar para nos sentarmos. O
lugar tem uma visão muito boa de toda área do ringue lá embaixo, mas não
viemos aqui para assistir lutas e sim para fazer “negócios”. Uma garçonete
apareceu vestida com um short e top curto de couro, nos oferecendo uma
bebida. Filippo recusa na hora, mas Luna quis um Martini, Luti uma Corona,
eu e Enzo preferimos um uísque. Depois que nossas bebidas chegam me viro
para Ricco que nos encara atentamente.
— Vamos logo com isso Chávez, eu não quero ficar aqui por muito
tempo então fale logo o que você quer pela informação — pergunto após
tomar um pouco do meu uísque.
— Por isso que eu gosto tanto de você, hermano. Sempre indo direto ao
ponto — diz sorrateiro.
— Agradeceria se você não chamasse meu irmão assim — resmunga
Luna e a conhecendo bem sei que ela não gosta de outros chamando seus
irmãos de irmão.
— Nossa que preciosidade nós temos aqui, você parece ser uma jovem
de sangue quente. Gosto disso! — diz ele piscando para Luna que o olha sem
demonstrar emoção alguma.
— Sugiro que você respeite nossa irmã, isso faria bem para todos —
Filippo diz com o rosto passível.
— Lo siento mucho, se passei do ponto aqui. Não era minha intenção
desrespeitar sua irmã — fala com um tom debochado e com o maldito sorriso
no rosto. Esse sorriso está me irritando.
— Diga logo o que você quer do meu irmão — Enzo disso com
impaciência.
— Soube que hoje é seu aniversário, estou errado? — pergunta Ricco e
eu nego. — ¡Feliz cumpleaños amigo! — Felicita Ricco e eu franzo os lábios.
— Como você soube que era meu aniversário? — pergunto e ele arqueia
a sobrancelha.
— Eu sei de muitas coisas, Lucca. Principalmente as pessoas que
colocaram o preço na sua cabeça — fala me deixando confuso.
— Você acabou de dizer pessoas? — pergunta Luti e Ricco sorri para
ele, mas meu irmão ciumento não gostou nem um pouco disso e puxa Luti
para seu colo.
— Ciumento, no? — pergunta Ricco e Luti revira os olhos.
— Você não faz ideia, esse meu marido nem me surpreende mais — diz
Luti e Ricco solta uma risada rouca.
— Ricco? — pergunto após me recuperar do choque de saber que existe
mais uma pessoa.
— Isso é uma surpresa para você, não é? — pergunta e eu assenti. —
Aqui está! — diz ele tirando um papel do bolso interno de seu casaco.
— Mas por quê? — questionei surpreso pegando o papel sem olhar.
— Eu diz que gosto de você, Aandreozzi. Não pedirei nada em troca
pela informação, que foi muito fácil de conseguir, na verdade a única coisa
que quero é sua amizade — Ricco fala com um sorriso de lado.
— Pensei que negócios são negócios no seu mundo — falo sem
entender e ele dá de ombros.
— Assim vezes é bom cultivar uns bons amigos pelo caminho a fora,
nunca se sabe quando algo pode vir a acontecer — diz piscando um olho e eu
balanço a cabeça.
— Você sabe que não me envolvo com coisas do Cartel, Ricco — falo e
ele arregala os olhos.
— Por la virgen María! Não, eu não faria uma coisa dessas. Fique como
um presente de aniversário — fala acendendo um cigarro de maconha. —
Servidos? — pergunta e todos nós negamos.
— Se for assim fico grato pelo seu ato e pode contar comigo se precisar
— falo e posso ouvir uns resmungos de Filippo e Enzo.
— Gosto de você Aandreozzi — fala com um grande sorriso e levantou
para me cumprimentar.
— Pode até ser, mas com você é sempre bom manter os olhos bem
abertos — falo e ele gargalha alto.
— Cuide de suas costas meu amigo, e se precisar de alguma coisa eu
estarei aqui. Esses homens aí podem ser bem perigosos, isso eu posso te
garantir — fala Ricco com uma expressão séria e eu assenti.
— Obrigado, mas acho que vou recusar mais ajudas futuras — falo
rindo e ele me acompanha. — Vamos para casa? — pergunto aos meus
irmãos que confirmam seriamente. Saímos da boate de Chávez com a
informação queimando a minha curiosidade, mas eu estou determinado a só
abri-la quando chegar em casa.

Alguns dias se passam e os preparativos para o meu encontro com a


primeira pessoa que quer a minha morte já está em andamento. Filippo teve
que voltar para o Brasil com Luti e as crianças, mas ele diz que logo estará
aqui para me auxiliar nos meus planos. Papai e mamma também voltaram,
mas nonna, Enzo e Luna ficam aqui comigo, pois não quiseram me deixar
sozinho, ainda mais com Luigi no mesmo estado de saúde. Eu não poderia
ficar mais grato e feliz por ter um pouco de companhia.
Volto para a empresa e faço uma reunião para informar sobre o
afastamento de Luigi, alguns queriam criar caso sobre isso, mas os coloquei
nos seus devidos lugares, porque eles trabalham para mim e não o contrário.
Nesse momento eu estou no hospital para fazer mais uma visita clandestina a
Luigi. E tenho certeza que dessa vez eu vou poder vê-lo, para matar um
pouquinho a saudade que tenho aqui no peito.
— Olá senhor, hoje o seu namorado teve uma melhora significativa nos
seus sinais vitais — diz a enfermeira com uma expressão leve no rosto e a
esperança tomou conta de mim.
— E ele acordou? — pergunto e seu sorriso morre na hora.
— Não, mas temos fé que ele logo poderá estar por aqui — diz ela
confiante e minha esperança fica um pouco abalada.
— A megera está por aí? — pergunto e ela solta um risinho.
— Não, ela estava fazendo o maior escândalo para tirá-lo daqui, mas o
diretor não permitiu dizendo que paciente não poderia ser realocado — diz e
eu solto a respiração.
— Isso é ótimo! Agora vou vê-lo — falo e ela assentiu me dando
passagem. Volto meus olhos para ela novamente chamando sua atenção. —
Muito obrigado pelo que você está fazendo por mim e por ele, Helena.
— De nada, agora vai lá — responde ficando vermelha de vergonha.
Entro no quarto de Luigi e sempre que o vejo deitado nessa cama
hospitalar, ligado a aparelhos eu morro um pouco por dentro. É impossível
não ficar com o coração partido ao ver o meu amor nessa situação.
Aproximo-me mais da cama dou um beijo na sua testa e seguro sua mão.
— Vamos lá Luigi, acorde para mim. Você faz tanta falta. Oh, você tem
que conhecer o Loki ele é tão esperto. Helena me diz que seus sinais vitais
estão ótimos e que isso é muito bom. — Beijo sua mão e olho para o seu
rosto adormecido. — Estou cansado de ficar sem você, todas às vezes que
deito na nossa cama eu não consigo dormir direito pela falta que seus braços
pesados fazem em torno de minha cintura. Lui, eu sei quem são as pessoas
que querem me matar e sei quem é o culpado por você está nesse estado e
prometo que vou fazê-los pagar. Vou destruí-los! — O primeiro a ter o que
merece será o Senador Anthony White. Vou acertar onde mais dói, ele não
perde por esperar — falo o mais sombrio possível. — Então meu amor
quando você acordar, não haverá mais ameaças rondando nossas vidas, vou
tirar todas do nosso caminho. Vou voltar em breve para te ver, meu amor, eu
te amo mais que tudo. Tenho que ir antes que a vaca da sua mãe me pegue
aqui de novo — digo colocando sua mão cuidadosamente na cama. — Non
dimenticare di tornare da me (Não se esqueça de voltar para mim) —
sussurro no seu ouvido.

Me viro para sair, mas antes que eu desse mais um passo sou impedido
de sair. Não contive o susto e viro abruptamente. Arregalando os olhos logo
em seguida.
— Você n… não vai enfrentar iss... isso sem mim. Somos um… uma
equipe — Luigi diz com a voz cortada abrindo os olhos devagar fazendo meu
coração bater mais forte. Oh Deus, eu não posso acreditar que o meu Luigi
voltou.
Eu conseguia ouvir a voz de Lucca me pedindo para voltar, falando o
quanto me amava e tudo o que eu pensava era que eu o amava também e que
não estava entendendo o porquê que sua voz saia baixa e triste. O meu Lucca
é cheio de vida, ele tem uma luz brilhante que encanta as pessoas que tem a
honra de tê-lo por perto. Mas sempre que eu tentava despertar o cansaço
tomava conta de meu corpo e eu acabava dormindo. Algumas vezes que eu
achava que estava voltando à consciência, eu imagine estar ouvindo a voz de
descaso e desdém de minha mãe. Espero que tenha sido somente a minha
imaginação, pois às coisas que eram sussurradas no meu ouvido não eram
coisas agradáveis.
Como por exemplo, ela falava como era degradante me ter como filho,
que preferia me ver morto do que a grande decepção que sempre fui na sua
vida e na de meu pai. Que minha bastardinha não deveria nascer, ou que eu
deveria mesmo perder a minha memória para ela fazer de mim o filho que
sempre sonhou. O filho que daria gosto de exibir com prazer ao mundo dos
negócios. Eu já estou acostumado a ouvir certas coisas vindas de minha mãe,
mas ela mexer com Lucca e o bebê isso eu não poderia tolerar.
Sempre que eu tentava abrir meus olhos eu voltava à inconsciência, mas
eu sabia que precisava me esforçar um pouco mais e voltar para Lucca. Ele
precisa de mim, assim como eu preciso dele, por isso ao sentir sua presença
novamente eu tento e finalmente consigo. Lucca tem que saber que ele não
está sozinho e que eu farei tudo que estiver ao meu alcance para estar perto
dele. Agora eu estou acordado e olhando para o homem que amo, vendo ele
com a maior cara de surpresa, que se eu tivesse meu celular tiraria uma foto
para rir depois.
— Você acordou! Você voltou para mim — sussurra Lucca com uma
expressão de pura felicidade. — Eu preciso chamar Helena!
— Espere, por favor — falo com dificuldade e ele me encara franzindo
os lábios.
— Não podemos esperar amor, porque daqui a pouco os médicos podem
vir e me encontrar. Na verdade, eu nem deveria estar aqui — fala e eu posso
sentir sua irritação no tom de voz.
— Por quê? — Minha voz está saindo irreconhecível até para mim.
— Porque sua família é uma família de bosta e a enfermeira que me
ajuda para te ver pode se dar mal — fala Lucca descontente.
— Não vá! — Tento levantar, mas eu estou me sentindo muito cansado.
— Deixe-me chamar por Helena, acalme-se que tudo vai ficar bem —
Lucca diz com calma me fazendo respirar fundo.
— Amo você — falo e ele sorri largamente, se abaixando para beijar
meus lábios rachados.
— Eu porra amo você muito mais, Pierri — responde ele com uma
expressão de alívio e amor.
Lucca vai até a porta e faz sinal para alguém, poucos segundos depois
uma mulher aparece, ao ver que estou acordado ela arregala os olhos e abre
um grande sorriso. Ela olha para Lucca com um olhar conhecedor e fala
algumas coisas rápidas com as mãos gesticulando. Fecho meus olhos para
descansar um pouco, pois eu me sinto cansado de um jeito que nunca estive
na vida. Sinto uma mão tocar meu rosto e ao abrir os olhos meu Lucca está
me encarando com uma expressão cautelosa e aflita. Tento sorrir para
acalmá-lo, mas sinto que não consegui sorrir direito.
— Pensei que eu estava delirando e você não tinha acordado — diz ele
com o cenho franzido. — Essa aqui é Helena, ela vai cuidar de você e chamar
os médicos. Por favor, não durma.
— Vá agora e aproveite que o corredor está vazio — fala a enfermeira
com Lucca que continuou a me olhar. — Vá, por favor, se alguém te ver aqui
eu perco o emprego.
— Tudo bem, eu vou. Droga! Eu não quero ir, mas eu vou — diz e antes
de virar para porta ele piscou e solta um beijo, fazendo a enfermeira dar uma
risadinha.
— Olá senhor Pierri, eu sou Helena sua enfermeira. Eu vou dar uma
olhada em você e chamar o médico — diz ela apertando alguns botões nas
máquinas irritantes.
— Quero Lucca aqui — digo tentando minha voz sair com firmeza, mas
é impossível.
— Vocês se amam muito, não é? Eu vi o modo que ele ficou quando
você entrou em coma, fiquei me sentindo mal e tentei fazer ele te ver um
pouco. Mas sua família não permitiu a entrada dele aqui — diz ela
distraidamente e meu coração começou a bater forte de agonia. — Ei, se
acalme, por favor. Sinto muito, eu não deveria falar essas coisas com o
senhor. Se acalme ou o médico vai querer te sedar.
— Tudo bem, obrigado — falo e ela sorri para mim.
— Não há o que agradecer. Eu vou chamar o médico agora — fala e eu
assenti.
O que a enfermeira me fala fica martelando na minha cabeça, me
causando dor. Imediatamente a razão vem a mim e as vozes que eu pensei ser
ilusão realmente são reais. A minha mãe está aqui e impediu Lucca de me
ver. Como ela pode fazer isso com ele? Não posso imaginar as coisas que ele
passou e sentiu por não poder ficar comigo, pois se os papéis fossem
invertidos eu não estaria nem um pouco bem. Um homem de cabelos
grisalhos entra pela porta sendo acompanhado com a enfermeira Helena.
— Fico feliz em finalmente o ver acordado, senhor Pierri — diz o
médico com um sorriso que não é correspondido por mim. — Como está se
sentindo?
— Posso dar um pouco de água ao paciente, doutor Hall? — pergunta
Helena e eles ficaram conversando entre si. Assim que ele afirma, ela traz um
pouco de água para mim. Fico imensamente agradecido, pois minha boca está
muito seca.
— Obrigado, Helena — falo e ela ficou vermelha. — Estou bem, mas
estou cansado.
— Esse cansaço que você está sentindo é muito normal, mas preciso de
você acordado para que eu possa fazer alguns exames. Será que você pode
fazer isso? — pergunta o doutor Hall e eu afirmo.
— O que aconteceu comigo? — pergunto e ele respira fundo antes de
falar.
— Bem, você levou um tiro na perna, isso você lembra, certo? —
perguntou e eu afirmo com a cabeça. — A bala atingiu sua artéria femoral,
mas foi uma pequena laceração nada de muito alarmante só que isso
desencadeou uma grande perda de sangue. O que me preocupa são seus
músculos da perna, mas isso é uma preocupação para mais tarde. Você teve
um acidente de carro também — fala ele e eu fico confuso, isso eu não
lembro.
— Eu não me lembro disso — falo e ele assenti.
— Isso é totalmente normal, não se preocupe por não lembrar. Com o
acidente você teve uma pancada forte na cabeça que formou um inchaço,
sendo assim preferimos te sedar para que esse inchaço desaparecesse sozinho
— explica e no final sorri.
— Helena o prepare para podemos levar para os exames — diz o médico
e a enfermeira assentiu.
E com isso eu passei por diversos exames que me fez sentir mais
cansado do que eu já estava. Luto contra o sono que queria me levar de
qualquer maneira. Fui cutucado, furado, tive luz chata nos meus olhos, tudo
isso sendo acompanhado por uma grande é chata equipe médica. Eu me
sentia cansado, somente a minha coxa que está bastante dolorida. Ouço os
médicos que estão averiguando a minha coxa sussurrar que talvez eu precise
de muita fisioterapia. Ao chegar ao quarto a enfermeira Helena me dá um
sorriso de desculpas que eu acho engraçado.
— Vou mandar chamar sua família para que eles possam ficar com você
no quarto — diz o médico e eu entro em alerta.
— Lucca! Chame Lucca — falo e o médico me olha sem entender.
— Mas a sua mãe… — Ele começa a falar, mas o meu coração começa
a bater muito forte de pura irritação e o médico olha para os aparelhos
alarmado.
— Senhor Pierri, se acalme, por favor. Está sentindo alguma coisa? —
diz médico vindo ouvir meu coração. Mas eu seguro sua mão.
— Minha família é Lucca Aandreozzi — falo com firmeza e o médico
me olha assustado.
— Tudo bem, se acalme. Terei que te sedar — fala fazendo sinal para
Helena que me olha com aflição.
— Eu quero Lucca aqui! — falo nervoso e o vejo preparar uma
medicação. — Não!
— Isso é para o senhor descansar um pouco, não se preocupe com nada
— diz o médico e eu começo a balança a cabeça negativamente. Mesmo
assim ele aplica o sedativo
— Lucca! — falo um pouco mais sonolento. — Por favor — digo meio
embolado.
— Quem é esse Lucca, Helena? Ele está aqui no hospital? — Ouço o
médico falar com a enfermeira, mas meus olhos já estão ficando pesados.
— Ele é o seu parceiro, doutor. — Ainda consigo ouvir Helena falar,
mas tudo está a ficando distante e não consigo ouvir mais nada, porque tudo
fica escuro novamente.
Acordo ao som de vozes alteradas no quarto. Tento abrir os olhos, mas a
claridade me faz fechá-los rapidamente. Reconheço as vozes sendo a de
Lucca e minha mãe, mas outra voz me chama ainda mais atenção, que é a de
Matteo meu primo ridiculamente degradante que me odeia. É claro que o
ódio é mútuo, pois esse filho da puta é um pomposo sem noção e só por ele
está dividido o mesmo ambiente que o meu namorado me faz querer ter
forças para levantar dessa cama é quebrar sua cara inteira, para não sobrar
nada de útil para contar história. Fodido desgraçado! O que diabos esses dois
fazem aqui.
— Luigi! — diz Lucca assim que vê meus olhos abertos. — Quer
alguma coisa, querido? — pergunta ele cautelosamente.
— Água, por favor — peço e ele assenti.
— Luigi meu filho ainda bem que você acordou, finalmente poderia
levar você para casa e cuidar de você — diz minha mãe com todo o seu tom
de autoridade, mas eu ignoro.
— Primo querido, finalmente você acordou. Não sabe como sua mãe
ficou preocupada com seu bem estar — diz Matteo com seu melhor tom
sínico.
Direciono meus olhos para as duas pessoas que não deveriam estar aqui
e uma onda de raiva e ódio toma conta de mim. O rosto de desdém de Matteo
me tira do sério, desde criança ele nunca suportou a ideia de me ter por perto.
Nunca entendi o motivo dele me odiar tanto, mas não posso fazer nada por
ele, já que eu o odeio com a mesma intensidade. Continuo a olhar seriamente
para essas figuras e viro para olhar para Lucca que se aproxima com um copo
contendo um canudo.
— Aqui está querido, você quer que eu me livre disso? — pergunta se
referindo a minha mãe e primo. Lucca está sorrindo lindamente para mim e
seu sorriso faz meu coração bater forte pelo amor que sinto por ele.
— Obrigado por estar aqui — falo e vejo a emoção passar por seu rosto
e ele sorriu.
— Eu nunca, nunca estaria em um lugar diferente. Sou seu, bobo! — diz
me dando uma piscadela marota.

— Já disse que quero você bem longe do meu filho, ele está voltando
comigo para Roma — diz minha mãe com um tom irritante.
— Não! Eu quero você e esse seu capacho bem longe de mim — falo
com toda firmeza que consigo junta no meu corpo.
— Você não pode falar assim com sua mãe e comigo. Saímos da Itália
para ficar aqui velando seu corpo quase morto — diz Matteo com uma
máscara de ódio.
— Nunca pedi para que isso acontecesse, eu preferia a morte a ter que
lidar com vocês — falo com raiva e sinto a mão de Lucca no meu ombro.
— Não diga isso amor, por favor. Eu estou aqui, sempre estive com
você — Lucca diz em um tom baixo e eu afirmo.
— Vocês não são e nunca vão ser a minha família. Eu lembro cada
palavra sussurrada que vocês dois falaram no meu ouvido enquanto eu lutava
para voltar a consciência. Cada pedido pela minha morte, e que algo
acontecesse para que eu perdesse a memória. Tudo de ruim que vocês
falaram ficaram guardados no meu subconsciente. Mas eu vou ter que dizer
que sou forte. Eu sou a porra de um homem forte que sabe lutar por sua vida.
— Parei de falar para recuperar o fôlego.
— Seus filhos da puta! Eu não acredito nisso, eu deveria… Dio! —
Lucca diz e minha mãe solta um som ofendido e Matteo fica calado.
— Isso é coisa de sua cabeça, você sempre foi propício a drama — diz
Matteo me causando mais raiva.
— Saiam daqui! Sumam da minha vida, esqueçam que eu existo. Sei o
que é bom e hoje em dia eu posso dizer que eu sei o que é ter família e vocês
não se classificam como nada — falo olhando com ódio para eles. — Vocês
não tinham o fodido direito de me privar da minha família.
— Que família? Eles mais cedo ou mais tarde vão perceber o inútil e
descartável que você sempre foi — diz mãe despejando seu veneno.
— Isso você está enganada, sua cadela sem coração. Descartável e inútil
são qualidades que somente você e esse projeto de homem são. Sumam
daqui! Fora desse hospital, fora dessa cidade, fora desse país. Sumam da
porra das nossas frentes — Lucca diz em um tom frio.
— Você ainda vai me pagar pelas coisas que está me dizendo — diz
Gianella.
— Chega de conversa! Saiam daqui, vocês não são bem-vindos! — falo
me sentindo exausto.
— Isso mesmo, saiam daqui ou preferem que eu chame os seguranças?
— pergunta Lucca com ar de riso e minha mãe o olha gotejando ódio.
— Você sempre foi e sempre será um drogado que sempre vai precisar
de ajuda para ser alguém — diz Matteo e Lucca com alguns passos já está a
na sua cola.
— Poderia pedir para você repetir o que diz, mas isso vai poupar tempo
para nós dois — Lucca fala de modo louco e sombrio.
— O que você… — Matteo para de falar, pois suas costas batem na
parede pelo soco muito forte que Lucca lhe dá. Gianella grita, mas a sua
figura não me interessa.
Puta merda! O meu namorado bate muito bem, eu não consigo desviar
os olhos da leveza dos seus movimentos. Os olhos de Matteo arregalam
quando sente o impacto forte de suas costas na parede e ao ver Lucca avançar
na sua direção ele tenta se erguer, mas é tarde Lucca lhe dá dois socos no
rosto e mais dois nas costelas fazendo Matteo se curvar. Meus próprios olhos
se arregalam ao o ver puxar sua arma da cintura e aponta para testa de meu
primo.
— Solte meu sobrinho seu bandido! Vou chamar a polícia — grita
minha mãe e imediatamente a porta é aberta por Christian e Daren.
— Sugiro que não faça isso senhora — diz Christian tomando o celular
de minha mãe.
— Você não sabe do desejo louco que tive de fazer isso no dia que nos
conhecemos — Lucca fala de modo baixo e daqui vejo Matteo tremer de
medo. — Você é um inseto desagradável e sabe o que fazemos com insetos?
Sim, nós matamos! Dizem que eu sou meio louco, será que você quer ter
certeza se sou ou não? — pergunta Lucca e Matteo nega, vejo sua testa
começar a suar.
— —Então estamos conversados! Agora fora daqui, saiam da porra da
minha frente. — —Lucca guardou a sua arma e juro que eu achei tão incrível
a sua postura que fez meu pau ficou estremecer querendo ganhar vida.
— —Quer que nós os levemos até a saída? — pergunta Christian e
Lucca vira sorrindo para mim.
— Isso seria muito prestativo de sua parte. Não seria, amor? — pergunta
Lucca para mim e eu sorrio de lado afirmando.
— Esqueçam que eu existo, pois eu nunca lembro que vocês já cruzaram
minha vida — falo com firmeza e vejo Matteo sair da parede e ir de encontro
à minha mãe que antes de sair me olha com ódio e uma promessa no olhar.
Observo minha mãe e Matteo sair do meu quarto, quando a porta é
fechada eu posso respirar aliviado sem ter a presença desagradável deles.
Fecho meus olhos por um momento, pensando em tudo para que foi dito por
eles e a única coisa que eu consigo sentir é indiferença. Tudo o que eles
falaram de ruim, não era nada de diferente que eu cresci ouvindo.
— Você está bem, Lui? — pergunta Lucca com cautela.
— Sim, eu sinto muito que você tenha que passar por essas coisas
desagradáveis — falo olhando nos seus olhos e ele nega.
— Não Lui, eu que não deveria aparecer que nem um louco dessa
maneira — siz ele em um tom baixo.
— Não seja ridículo, eu achei sexy como um pecado — confesso e
Lucca cai na risada.
— Oh meu caro, eu sou sexy de qualquer maneira. Porra eu sou lindo!
— diz ele fazendo uma dancinha que me faz rir.
— Sim, miele, você é muito, muito lindo — falo sorrindo ele sorri, mas
seu sorriso se apaga.
— Eu juro que estava começando a enlouquecer por não poder ficar
perto de você. Luigi você não tem noção de como senti vazio — fala
intensamente e eu respiro fundo.
— Não posso imaginar, na verdade eu posso. Porque se isso acontecesse
com você e sua família não me deixasse ficar com você eu não saberia lidar
— falo e ele nega rapidamente.
— Minha família nunca faria uma coisa tão absurda dessas. Eles sabem
o quanto nos amamos — Lucca diz e eu confirmo.
— Essa família Aandreozzi é única — falo e a porta é aberta.
— Não estou com vontade de esperar por resposta, por isso eu já vou
entrando logo — diz nonna tirando os óculos escuros. — É bom te ver
acordado, meu neto — diz ela sorrindo para mim.
— É bom está acordado também nonna, e ainda por cima ter o prazer de
ver você — falo e ela dá uma risada gostosa.
— Tão galanteador, nem parece que estava no sono dos mortos. Por isso
que Lucca o ama tanto — diz nonna me fazendo rir.
— Nonna não fale essas coisas. Sono dos mortos, mesmo? — diz Enzo
entrando no quarto junto com Luna.
— A boca é minha e eu falo o que quiser — resmunga nonna fazendo
eu, Lucca e Luna rir.
— É bom te ver melhor meu cunhado, você fez falta — Luna diz vindo
até mim e me dando um beijo na testa.
— Agora estou de volta — falo sorrindo para ela.
— Bem-vindo de volta Luigi, agora não teremos mais que subornar a
enfermeira — Enzo diz me deixando confuso, mas os outros riem. — Mas
sério é sempre bom à família ficar completa novamente.
— Cadê a cadela mãe? Eu pensei que iria encontrá-la aqui para lhe dar
uns tapas — diz nonna olhando para os lados.
— Eles acabaram de sair daqui — diz Lucca fechando a cara.
— E espero que não voltem — falo e todos assentem.
Lucca começou a contar que não aguentou e bateu em meu primo
Matteo, o que faz Enzo rir porque ele diz que meu primo tem cara de quem
não aguenta um vento forte no corpo. Ficamos conversando por um tempo até
eles ficam me atualizando das coisas que eu perdi por estar dormindo por um
tempo. Quando Lucca diz que ganhou um cachorro de Luti e as crianças, me
sinto empolgado para poder conhecer o pequeno furacão que irá trazer alegria
nossa pequena família em formação.
— Não, você não vai querer conhecer aquele pequeno demônio. Ele
destruiu minha cueca nova — fala Enzo irritado e Luna olha para ele
indignada.
— Deixe de pôr a culpa em Loki, você deixou a porta do quarto aberta
porque quis — diz Luna e Enzo olha para ela ofendido.
— E pare de reclamar que você roubou uma cueca nova de Filippo —
diz Lucca caindo na risada.
— Deve ter ficado folgada, porque o Ursão tem uma bunda muito
grande — diz nonna rindo.
— Filippo e eu temos o mesmo corpo — resmunga Enzo e todo mundo
ri.
— Acho que rolou uma pequena mentira aqui — nonna fala ainda rindo.
Me vejo parando de rir e olho para cada um presente no quarto, o único
sentimento que eu posso sentir nesse momento é a felicidade de poder estar
vivo e fazer parte desse ciclo de pessoas maravilhosas. E sendo amado pelo
homem incrível que é Lucca Aandreozzi.
PARTE 1
Depois de quase duas semanas no hospital internado, Luigi está
finalmente em casa. A demora da sua recuperação foi por sua perna, como
não entendo muito bem termos médicos, vamos ver se consigo dizer o que
estava acontecendo. O tiro que Lui levou na coxa acabou danificado a sua
musculatura, depois de muitos exames e testes foi constatado que ele tinha
que passar por mais uma cirurgia para ver se conseguia dar um jeito em
alguns ligamentos do músculo de sua coxa. Depois da cirurgia e mais alguns
dias de molho ele começou a fazer fisioterapia, mas daí ele já começou a
querer vir para casa.
Luigi ficou chateado quando o médico disse que ele poderia vir a usar
uma bengala por algum tempo, mas para mim, o que importa é que ele está
finalmente em casa, no nosso conforto. Com a autorização do médico, Luigi
contratou o fisioterapeuta que já está trabalhando no seu caso há um tempo.
Agora eu sinto que posso respirar um pouco mais aliviado por saber que ele
está bem e vivo, o mais importante para mim é saber que ele está vivo.
Sempre vou repetir que o momento que ele ficou em coma, sobre os
“cuidados” da sua família infame, foram os piores dias de minha vida.
Com Luigi em casa ele pôde finalmente conhecer Loki. E o sorriso dele
ao ver o vilãozinho é lindo demais, o danado do filhote de cachorro fica todo
derretido com os carinhos de Luigi e não quer mais sair de perto. Com ele de
licença da empresa para sua recuperação, Luigi passa muito mais tempo em
casa reclamando que quer voltar a trabalhar, mas eu não sou louco de deixá-
lo fazer isso. Falando em deixar fazer ou não fazer estamos no meio de uma
pequena discussão porque eu vou viajar para Washington, D.C. para ter uma
conversa bem satisfatória com o senador Antony White.
— Você não pode simplesmente viajar sozinho e me deixar aqui — diz
Luigi irritado e eu respiro fundo.
— Luigi eu vou te falar pela última vez que eu não vou estar sozinho.
Enzo e Luna vão estar comigo — repito novamente para ver se ele consegue
entender.
— Você já me diz isso, mas eu ainda me preocupo. Tenho que estar lá
para saber que tudo vai sair bem — reclama ele com um tom de voz forte.
— Isso não está acontecendo Lui, você ainda está se recuperando e eu
não posso permitir que você se machuque — falo com a expressão séria, mas
meu tom de voz saiu controlado.
— Lucca eu sei das minhas limitações, e sei que eu posso ir com você
— diz Luigi irritado, e eu não sei se soco sua cara linda ou lhe dou um beijo.
— Você ainda está em recuperação, amor. Deixe de ser cabeça dura. —
Tento não sorrir, mas é impossível e isso o deixa mais irritado ainda.
— Posso saber por que você está rindo? — pergunta cerrando os olhos.
— Oh minha foda! É claro que estou rindo de você — falo sorrindo e ele
levanta as duas mãos para cima.
— Sério isso Lucca? Eu aqui preocupado com você indo fazer sei lá o
que com o senador. Porque até agora não sei o que você e seus irmãos vão
fazer — diz na defensiva e eu que estava de pé me sento ao seu lado na cama.
— Sinto muito, mas você tem que entender que você lá pode me deixar
muito nervoso e eu não serei capaz de não me preocupar caso as coisas não
saiam como eu estou planejando — digo e ele desvia os olhos, mas faço
questão de virá-lo para mim novamente.
— Eu também sinto muito, só que ficar aqui sem fazer nada enquanto
você vai ficar cara a cara com o homem que está tentando te matar — diz
derrotado.
— Eu entendo muito bem, enquanto eu estiver fora não vou conseguir
ficar tranquilo — respondo ele segura minha mão.
— Por favor, só não mate o senador a sangue frio, pois eu não quero te
ver preso — diz me fazendo cair na risada.
— Se eu me deixar ser preso acho que mamma e babo me matam — falo
rindo o fazendo cair na risada também.
— Tem certeza que não quer esperar Filippo vir também para estar à
máfia Aandreozzi toda junta? — diz em um tom de brincadeira e eu nego.
— Não, eu não posso deixar isso adiar mais. Quando eu for me
encontrar com o outro filho puta, vou querer estar com todo mundo — falo
entre dentes e ele afirma.
— Não seja louco de se deixar ser pego pela CIA, FBI, Serviço Secreto
e seja lá mais o que — Luigi diz preocupado.
— Já disse que não vou matar o senador — falo rindo. — E quem vai ter
um encontro com a justiça será o próprio White — digo fechando minha
expressão.
— Quando você chegar vai ter que cozinhar feijão, arroz, bife e batata
frita para mim — resmunga Luigi cruzando os braços.
— E eu lá sei fazer comida brasileira? — pergunto ele dá de ombros.
— Você me deve Lucca, eu me sento um inválido — resmunga e peço a
Deus para ter paciência com esse carrancudo.
— Eu tenho vontade de te enforcar — falo rindo ele estreita os olhos.
— Você não faria isso, além disso, você vai cozinhar para mim — diz e
eu balanço a cabeça confirmando.
— Eu cozinho tudo que eu você quiser — respondo beijando sua boca
gostosa que tanto senti falta.
O nosso beijo vai ficando mais quente, quando dou por mim eu estou
praticamente em cima de Luigi em um emaranhado de línguas e mãos
passeamos por todas as partes do nosso corpo. Minha vontade é tirar toda sua
roupa, passar minha língua bem vagarosamente por todo seu corpo bronzeado
e gostoso. Quando a mão de Luigi aperta meu pau eu não consigo segurar o
gemido que escapa de minha garganta, esse gemido é rouco, sofrido e
saudoso. Minha necessidade de estar no seu traseiro apertando é muito, muito
forte.
— Lui, você sabe que nós não temos certeza se podemos fazer isso —
falo sentindo seus dentes afundarem no músculo do meu ombro.
— Não ouse me dizer mais o que fazer, eu quero você. Eu preciso de
você! — diz com firmeza e isso só faz minha excitação aumentar.
— Oh Deus! Eu vou explodir! Ahhhhh... — falo nervoso e ele ri
baixinho.
— Vamos lá amor, eu vou ficar quieto e você faz todo o trabalho, mas
eu preciso sentir você dentro de mim — ele fala puxando minha cabeça para
baixo e me beijando com mais vontade.
— Faz tanto tempo que estou com medo de te machucar — falo entre
beijos e ele nega.
— Você nunca iria machucar, sou forte e posso aguentar tudo que você
estive disposto a me dar — Luigi diz fazendo meu pau endureceu mais ainda.
— Você não sabe o que está pedindo — falo em tom de aviso.
— Porra vamos lá, me dê tudo! — ele pede e eu engoli em seco.
— Tire sua cueca e deitei atravessado na cama — peço e ele faz assim
como eu mandei, mais com cuidado com sua coxa lesionada.
Tiro minha cueca e ao me ver nu com o pau duro apontando para frente
Luigi geme descendo a mão para apertar o seu próprio pau. Puxo seu corpo
para deixar sua cabeça um pouco pendurada para fora da cama, percebo que
ele me encara com o olhar conhecedor e como um bom namorado tarado que
é ele abre sua boca esperando somente minha vontade para acomodar meu
pau na sua boca gulosa.
— O que você acha de um belo 69? — pergunto em tom de voz rouca
ele confirma com fogo no seu olhar.
— Vamos lá, me dê isso. Eu disse que estaria a sua mercê —
confidencia Lui me deixando ainda mais com vontade.
Me aproximo dele para ficar na posição correta, mas antes que eu
pudesse me acomodar direito, ele me puxou com tudo colocando sua boca
quente ao redor do meu pau. É impossível segurar o gemido, pois o meu Lui
está cheio de fome, uma fome que só eu, seu homem, pode saciar. Sem
querer ficar para trás cavo minhas mãos até sua bunda dura e musculosa
apertando com força enquanto eu chupo seu pau grosso e delicioso. Meus
quadris trabalham de forma involuntária a procura de mais prazer. Deus, isso
é fodidamente delicioso.
— Argh! Eu não vou aguentar por mais tempo, faz tanto tempo —
resmunga Luigi abafado pelo meu pau preenchendo sua boca.
— Goze bebê, goze que vou estar logo atrás de você — falo e com mais
algumas sugadas Luigi vem com tanta força que é impossível não me
engasgar um pouco. — Não vou segurar Lui — falo assim que seu pau sai da
minha boca. Gozo também com força e posso sentir minhas pernas
fraquejarem.
— Delícia! — essa é à única coisa que Luigi fala quando eu desencaixo
os nossos corpos.
Deito na cama puxando Luigi para mim, pensei que por hoje já me
sentiria saciado, mas eu estava enganado. Voltamos a nos beijar como loucos
e quando sinto meu pau voltar querer ganhar vida olho para Lui que assenti
mordendo os lábios. Vou até a gaveta e pego o frasco de lubrificante, mas ao
tirar uma camisinha meu namorado olha para ela com a testa franzida e nega
com a cabeça.
— Tem certeza? — pergunto com esperança.
— Sim, quero te sentir sem nada impedindo — responde e eu sinto meu
coração inchar no peito pela confiança ele está depositado em mim.
Não perco tempo e puxo a perna de Luigi com cuidado para que eu
possa ter mais acesso ao seu orifício rosado, que é só meu. O preparo com
todo carinho e cuidado que ele merece, fazendo questão de massagear sua
próstata para vê-lo chegar ao limite. Quando o vejo bastante relaxado começo
a penetrar e tenho que morder a língua para impedir que eu goze rápido.
Homem gostoso e meu! Comecei a bater com vontade no seu traseiro
apertando, Luigi fala coisas que não consigo entender e pede para que eu vá
mais forte.
— Mais! Porra mais forte! Ahhhhh… — diz cravando as unhas nas
minhas costas.
— Eu te dou o que você quiser! — falo aumentando a velocidade e a
força nas estocadas. — Goze para mim de novo Lui — peço descendo minha
mão até seu pau e começo a masturbá-lo.
— Oh merda! — diz antes de convulsionar molhando minha mão e seu
peito com a sua libertação.
— Agora é minha vez de preenchê-lo e marcá-lo como meu — sussurro
no seu ouvido e ao ouvi-lo gemer eu gozo deliciosamente no seu buraco.
— Te amo! — falo após recuperar o fôlego.
— Não mais que eu — responde com um sorriso sonolento.
Mesmo morrendo de sono puxo Luigi para fora da cama para que
tomarmos um banho rápido e voltar para cama. Ninguém merece acordar com
esperma seco no corpo. Depois de banhados, deitamos juntinhos nos
deixando levar por um sono tranquilo.
Acordo no dia seguinte pronto e relaxado para enfrentar o mundo. E
assim me sinto pronto para a minha viagem para Washington, D.C, meus
irmãos também estão com suas coisas arrumadas para me acompanhar. Após
o café da manhã, ouço mais algumas reclamações de Luigi que continua não
muito contente por eu ter que ir sem ele, mas eu lembro que ele precisava
levar Giovanna ao obstetra e só assim ele pode parar de resmungar pela
minha ida.
— Vamos cuidar desse maluco para ele não fazer besteira — diz Enzo
para Luigi que assenti.
— Eu não faço essas coisas, sou muito sensato — falo indignado.
— Se formos contar com a sua sensatez você estaria provocando um
atentado ao Capitólio — Luna diz rindo.
— Sigam com o plano de vocês e voltem com meu namorado sem estar
na cadeia — Luigi diz se apoiando na sua bengala.
— Fique despreocupado cunhado, não acontecerá nada demais —
responde Enzo e eu reviro os olhos.
Nos despedimos de todos, menos de nonna que está sei lá onde com
Lorenzo. Ela queria vir com a gente nessa viagem, mas eu pedi para que ela
fizesse companhia a Luigi e impeça-o de fazer qualquer sandice. Ele está se
recuperando e não pode ficar procurando coisa para se sentir útil, ou seja, lá
que merda ele esteja pensando. Já no jatinho ficamos passando todo o plano
que começamos a bolar desde o momento que descobrimos que o senador
estará em uma festa de gala muito importante, com todos os membros do
Capitólio e figuras públicas importantes que tenha dinheiro suficiente para ir
a um lugar desses e doar uma quantia exorbitante para o governo.
Algumas horas depois chegamos ao hotel que ficaremos hospedados por
algumas horas. Assim que nos instalamos Enzo pegou o Notebook para fazer
a chamada que Filippo está esperando. Pois é, meu irmão, controlador feito o
inferno, não pode deixar de estar presente por qualquer meio possível. Luna
tirou o sapato e se jogou na cama, eu fiquei sentado esperando Enzo nos
conectar com Filippo. Enquanto isso mando uma mensagem para Chris para
saber se ele e os outros se instalaram e a resposta é positiva. Trouxemos os
nossos homens para a nossa proteção, mas para que o plano dê certo não
podemos chamar a atenção, então hospedamos todos aqui para que
parecessem que são hóspedes como qualquer outro.
— Eu não estou gostando desse plano de vocês — resmunga Filippo
assim que atende na primeira chamada, ele está com cara de sono. Pela sua
falta de camisa e cabelo bagunçado é nítido que acabou de acordar.
— Você não estaria desconte se estivesse aqui, então acho melhor você
confiar em nós — diz Enzo revirando os olhos.
— Mesmo assim eu acho que isso é arriscado. Não quero ver minha
irmãzinha no meio dessa gente — diz Filippo irritado e Luna se irrita.
— Merda Lippo! Sei que você está preocupado comigo, mas eu sou tão
bem treinada quanto qualquer um de vocês. E isso para mim não é nada —
Luna retruca e Filippo respira fundo.
— Você tem certeza que esse cara que está te ajudando com
informações é confiável? — ele perguntou cruzando os braços.
— Ninguém que não seja do nosso ciclo é confiável, mas o dinheiro que
estou lhe dando é suficiente para poder fazer com que ele me dê o que eu
quiser — falo com uma expressão séria e Filippo afirma.
— No início também fiquei preocupado, mas esse plano está muito bem
encaminhado. Tudo vai dar certo, eu conversei com esse Jimmy e ele sabe
que não pode vacilar conosco — Enzo revela em um tom frio e nosso irmão
mais velho assenti.
Através de nossas investigações encontramos Jimmy Harris, que é um
ex-assessor do senador White. Fontes seguras revelaram que Jimmy
trabalhou com senador desde a época que ele se candidatou como deputado, e
quando o filho da mãe se tornou senador e a imprensa conseguiu descobrir
algumas das falcatruas que ele estava envolvido. O senador simplesmente
pulou fora na maior tranquilidade e deixou Jimmy como o principal
envolvido de todo o esquema. Isso foi péssimo para Jimmy, mas para mim
está sendo ótimo que estou usando a sua raiva ao meu favor.
— Me passem o plano novamente — ordena Filippo no seu melhor tom
mandão do caralho.
— Já te falamos umas três vezes — resmunga Luna e Enzo dá uma
risadinha.
— Isso é porque ele não se conforma de não estar aqui — Enzo diz
provocando Lippo.
— Se as pessoas que trabalham para mim não fossem tão incompetentes
eu poderia viajar tranquilo, mas o meu COO não trabalha mais aqui —
Filippo diz com ódio e eu caio na gargalhada.
— Não lamento por você, já que seu ex-diretor geral é meu agora —
falo debochado e Filippo bufa.
— Seu diretor e outras coisas. — Luna piscou para mim e eu lhe jogo
um beijo.
— O trabalho braçal e sexual dele é impecável — digo no meu melhor
tom sonhador e todos meus irmãos gemem em frustração.
— Bastardo! — Enzo e Filippo dizem no seu melhor tom enojado, mas
Luna continua a rir.
— Como diz nonna Francesa: Il sesso è la vita (Sexo é vida) — diz Luti
parecendo do mesmo modo descabelado e sonolento de Filippo, mas Luti
consegue ser fofo e Lippo um ogro.
— Não quis acordar você Bello, volte a dormir — diz Filippo puxando
seu marido para seu colo.
— E perder toda essa situação? Não, obrigado! — resmunga meu
cunhado e volta a olhar para a tela. — Como vai ser isso? — pergunta com
expectativa.
O plano é basicamente muito simples, mas qualquer erro ou mudança
nos hábitos do senador pode resultar em nada. Todos os eventos políticos que
consiste em uma festa de gala o senador sempre, sempre contrata uma
acompanhante de luxo. O homem já está tão acostumado a usar esse serviço
que nem procura mais saber quem ele contrata, o seu atual assessor é quem
faz isso. Com a ajuda de Jimmy conseguimos mexer os pauzinhos e fazer
com que Luna seja sua acompanhante essa noite. Coisa que eu e meus irmãos
odiamos no primeiro momento, mas a minha irmãzinha cabeça dura disse que
ela faria e pronto.
Desde o momento que eu soube sobre o senador White estava querendo
minha morte, começamos a trabalhar bem fundo para descobrir tudo que o
“respeitado” homem do povo está envolvido, e o que descobrimos é muito
bem apreciado para o início de seu fim. Mas eu não posso simplesmente
derrubá-lo e não o confrontar, por isso o papel de Luna é de grande
importância. Ela irá o seduzir para que o senador queira levá-la para o lugar
que ele sempre leva suas garotas. E como o filho da puta sujo sempre vai
sozinho sem companhia da sua segurança é nesse momento que nós vamos
nos encontrar e bater um papo legal.
— Luna é a nossa principessa, não quero imaginar ela seduzindo um
homem como esses — Filippo diz com uma carranca descontente.
— Pelo menos você não estará no mesmo ambiente, tendo que ver isso
ao vivo. — Enzo e eu estremecemos ao mesmo tempo.
— Deixem de ser uns idiotas, eu sou uma Aandreozzi e eu quero
derrubar o puto que tentou matar meu irmão assim como vocês — Luna diz
com raiva e determinação.
— Eu também concordo, vocês a treinaram muito bem e tenho certeza
que ela vai se sair muito bem e sem nenhum arranhão — Luti diz e Luna sorri
para ele.
— Você é o melhor cunhado! — Luna fala e eu faço uma cara de
ofendido.
— Deixe só Luigi saber de uma coisa dessas — falo e ela dá um tapa
dramático na sua testa.
— Como eu pude me esquecer que eu tenho os dois melhores cunhados
do mundo — dramatiza Luna me fazendo rir.
— Agora só falta Enzo arrumar uma cunhada ou um cunhado para vocês
— Luti diz com seu tom inocente e Enzo olha para ele sem entender.
— Por que tem sempre que ser eu? Já diz que isso não vai acontecer —
resmunga ele descontente deixando Luna e Luti rindo.
— Eu só quero que tenham cuidado. Todos vocês! — Lippo diz com
firmeza levando todos nós a seriedade.
— Pode deixar irmão, tudo vai dar certo — falo e ele assenti.
Conversamos mais algumas coisas e depois desligamos a chamada de vídeo.
Após falarmos com nosso irmão controlador, ficamos repassando toda a
segurança dessa noite para que nada dê errado. Hoje se inicia a queda do filho
da puta que acha que pode tentar me matar e sair impune. Isso nunca iria
acontecer, você definitivamente mexeu com o homem errado, senador.
PARTE 2
Ao cair da noite estamos todos vestidos para o nosso encontro com o
senador. Enzo e eu estamos vestimos impecavelmente com os nossos
smokings, eu como sou um namorado muito prestativo mando uma
mensagem para Lui, que fica toda hora me perguntando o que está
acontecendo. Sei que ele está preocupado e queria estar aqui, mas eu não
posso correr o risco de que algo aconteça com ele. Temos um plano muito
bem elaborado para que não ocorra nenhum erro, mas nunca se sabe se algo
possa a sair de errado.
Meus pensamentos são interrompidos com minha irmã saindo do
banheiro fan-porra-tástica. Luna está usando um vestido branco longo, com
um decote generoso que não a deixa vulgar, o vestido é elegante e sedutor ao
mesmo tempo, e em minha sorellina só fez destacar a beleza arrebatadora que
nós os Aandreozzi possuímos. Seu cabelo está penteado para trás de forma
que deixa seu lindo rosto em evidência, e seu batom vermelho escuro a deixa
com cara de mulher fatal. Porra estou começando a repensar esse nosso
plano.
— Isso não vai dar certo! Não vai porra dá certo! Luna, tinha que ser
esse vestido ousado desse jeito? — Enzo pergunta irritado e eu tenho que
concordar.
— Luna esse vestido… não vai dar certo! — falo entre dentes.
— Deixem de ser ridículos — responde com indiferença.
— E se ele te atacar? E se nós não conseguimos chegar até você a
tempo? — diz Enzo nervoso e irritado fazendo Luna fechar a cara.
— Minha parte do plano é seduzi-lo e levá-lo até o seu lugar de sempre,
se por algum acaso ele me atacar eu sempre posso lhe atacar com mais força
— diz Luna expondo sua perna direita mostrando que tem uma adaga presa
na sua cinta liga branca.
— Oh Dio! Ainda tem essa abertura, como não vimos antes? —
pergunta em sofrimento.
— Lindo vestido, não é? Mamma que mandou, foi feito especialmente
para mim. E a adaga foi nonna que me deu, diz que quem indicou foi um
amigo dela que é especialista em facas — diz minha irmã contente.
— Quem é esse amigo de nonna? Será que conhecemos? — pergunta
Enzo me encarando e eu dou de ombros.
— Ela diz que é um grande amigo dela — responde Luna e eu continuo
sem saber.
— Nunca vi nenhum amigo de nonna assim — diz Enzo pensativo
— O único amigo de nonna que eu conheço é Andrea — diz minha irmã
e eu nego com a cabeça.
— O gerente da boate de nonna não parece um cara que seja um
especialista em faca. Ele tem cara de anjo — falo pensando no absurdo e
começo a rir.
— Não conheço esse sujeito e também pouco me importa. Quero saber
onde está a sua arma — pergunta Enzo com a expressão séria a nossa irmã.
— Está na minha outra perna seu chato — responde Luna revirando os
olhos e nós assentimos.
— Eu também nunca o vi pessoalmente, mas isso é assunto para outra
hora — falo sério e eles assentiram.
Luna sai primeiro já que o assessor do senador virá buscá-la. Enzo e eu
saímos depois de nos comunicamos com os nossos homens, Alejandro,
segurança de Luna, a seguirá de carro e não a perderá de vista. Alguns estão a
postos no lugar que possivelmente o senador levará minha irmã. Christian e
Timóteo ficam de olhos e ouvidos abertos para ajuda do andamento do plano.
Chegamos à festa e a plenitude do lugar é coisa de outro mundo, sempre
soube que festas com políticos são de pura riqueza e pelo que vejo toda
informação é verdadeira. Sempre fiz questão de não me envolver no meio de
política, nesse meio só há sujeira e de sujeira na minha vida eu tenho um
prato cheio.
— Você não deveria estar aqui — murmura Enzo e eu o encaro confuso.
— Você queria que eu estivesse parado só esperando notícias? Esse não
sou eu, Enzo —falo mal humorado e ele respira fundo.
— Eu sei, mas é se o senador filho da puta te ver por aqui? Ele vai saber
que algo não está certo — diz Enzo e eu nego.
— Nunca cruzei com o senador, ele não faz ideia sobre o que eu sou ou
não capaz — falo sério e Enzo nega.
— Ele tentou te matar! Quer mais informação que essa? — Enzo fala
entre dentes.
— Confie em mim Zuco, ele não vai me ver. Sem falar que nossa irmã
está muito linda, duvido alguém nessa festa tirar os olhos dela — falo com
amargura e Enzo aprofunda a carranca.
— Isso não me deixa muito feliz. Tenho vontade de furar os olhos
desses maledettos — resmunga Enzo enciumando.
Como obra do destino nossa irmã aparece na entrada da festa nos braços
de um muito feliz e sorridente senador Antony White. Ao olhar esse pedaço
de merda todo feliz conduzindo minha irmãzinha me faz sentir mais raiva
dele. Não posso mentir e dizer que os olhares de admiração que eles estão
recebendo não seja algo verdadeiro, pois mesmo sendo um homem sem
escrúpulos Antony White é a porra de um homem de uma grande beleza e
presença. Ele é alto, de cabelos loiros, olhos azuis, sorriso grande com
simpatia política, mesmo vestido dá para ver que seus ombros são largos e
tem um bom porte atlético.
Observo como um falcão cada passo seu, ele fala com as pessoas e
apresenta Luna para seus amigos políticos. E todos a olham com admiração,
minha irmãzinha continua a ostentar um sorriso educado e fala com as
pessoas tentando demonstrar bastante interesse nas besteiras que devem sair
de suas bocas. Quando tudo isso acabar eu terei que dar algo que minha irmã
queira, ela está fazendo um papel impressionante. O senador está falando
algo no seu ouvido e ela passa a mão discretamente no seu ombro, e esse
movimento me dar ânsia.
— Não sei que vou aguentar ver esse figlio di una cagna com a mão na
nossa irmãzinha — Enzo diz em um tom enojado.
— Estou pensando na mesma coisa — resmungo descontente.
— Acho melhor você ir para o local, do jeito que as coisas estão
encaminhando esse bastardo vai querer encerrar a festa logo — Enzo fala e
percebo que ele está coberto de razão.
— Tudo bem, Chris já está me esperando — falo e ele assenti. — E você
vá para o seu lugar, eu só posso confiar em você irmão — falo e Enzo vira o
rosto para me encarar.
— Pode apostar que vou estar lá — meu irmão fala com determinação.
— Agora vá!
Após dar uma última olhada onde Luna e o senador estão eu saio da
festa para ir ao encontro de Christian. Que já está esperando por minhas
ordens. Assim que entro no carro tiro o meu paletó, e visto o coldre, abro a
maleta que estão minhas duas armas pretas, totalmente carregadas e as
encaixo no suporte do coldre e para finalizar minhas luvas de couro preto.
Vejo o olhar de Christian pelo retrovisor, e pelo seu olhar sei que ele me
deseja uma boa sorte.
Chegamos em frente ao hotel onde descobri que o senador sempre traz
suas conquistas, ao que parece esse lugar é específico para pessoa que
precisam de privacidade, muitas dessas pessoas são figuras públicas que não
querem sujar seus nomes saindo com pessoas que não são “bem vista” por
essa sociedade de abutres.
Saio do carro com Christian logo atrás de mim, assim que eu passo pelo
hall do lugar luxuoso o gerente arregala os olhos e discretamente coloca a
chave extra na bancada da recepção. Sem olhar para qualquer lugar adiantado
meus passos e pego a chave. Vocês devem estar se perguntando: Que porra é
essa? E isso é bem simples de explicar. Quando descobri sobre esses
encontros do senador nesse lugar eu simplesmente comprei a chave extra do
quarto que ele aluga. Coisa boa, não é? Dinheiro fácil para pessoas que se
vendem!
O quarto é grande, com uma cama king size enorme, janelas de vidro do
chão ao teto, simplificando, o quarto é digno de se passar uma noite bem
ostentosa. Mando mensagens para meus homens para saber se todos já estão
em seus lugares e assim que recebo a confirmação me sento na poltrona
esperando o convidado de honra aparecer. Depois de algum tempo Enzo me
avisa que eles já estão deixando a festa, não espero muito e a porta do quarto
finalmente é aberta.
Senador/tarado está de costas para mim tentando beijar a minha irmã,
que está virando o rosto fazendo uma cara de sofrimento na minha direção.
Ao receber meu aval, Luna dá um empurrão no senador para que ele a solte,
naturalmente o confundindo.
— Olá, senador White! — falo em um tom sombrio e ele virou
abruptamente na minha direção arregalando os olhos.
— O que está acordado aqui? — ele pergunta com a cara assustada
olhando para mim.
— Eu não estava aguentando mais — Luna fala irritada chamando a
atenção do senador. Quando ele se vira para minha irmã ela está apontando
sua arma na direção de sua cabeça.
— Oh, que falta de educação essa minha. Senador, deixe-me apresentar
a minha irmãzinha, Luna Aandreozzi — digo com a minha melhor cara de
anfitrião. — Você fez um ótimo show lá, sorellina.
— Obrigada, foi mais fácil que eu pensei. — Luna dá de ombros e a cara
confusa do senador quase me faz rir.
— Eu não sei que está acontecendo aqui, mas eu exijo uma resposta
agora mesmo — diz no seu tom autoritário que me faz rir.
— Você não exige nada aqui, para falar a verdade as exigências são
minhas — falo sentindo minha raiva começar a brotar.
— Não tenho nada para falar com você, um telefonema meu e vocês
serão presos — o senador fala puxando o seu celular.
— Não tão rápido! — Luna diz pegando o aparelho e destravando sua
arma.
— O que é isso? Devolva-me sua vadia! — xinga o senador me fazendo
levantar e lhe dá uma chave de braço.
— Você não deveria falar essas coisas para as pessoas que estão
apontando arma na sua cabeça. Minha irmã é e sempre foi a nossa princesa
— sussurro no seu ouvido e sinto o corpo do senador se enrijecer.
— O que vocês querem comigo? — pergunta ele com dificuldade e eu o
solto.
— Eu só quero conversar, nada mais que isso — falo com a expressão
séria e ele assenti. — Sente-se, Antony. Posso te chamar de Antony, não
posso? — Ele confirma engolindo em seco.
— Eu não sei o que vocês querem comigo, eu tenho muito dinheiro e
posso dar a vocês a quantia que vocês quiserem. É só falar e vamos poder nos
acertar — diz ele se atropelando nas palavras e eu começo a rir. Mesmo rindo
eu dou um forte tapa no rosto dele fazendo-o cambalear.
— Vamos parar de jogos! Você sabe muito bem quem eu sou, já que
tentou me matar seu filha da puta sujo de merda — falo fechando meu
sorriso é o encarando com olhos assassinos.
— Eu não sei o que você está falando — diz o senador tentando se
recuperar.
— Vamos fazer assim, eu estou cansado de ficar nessa cidade e estou
atrás de informação. Então vamos lá, tudo bem? — falo e ele me olha sem
entender. — Está vendo aquele prédio ali? — Apontei para a grande
construção de frente para o hotel.
— Estou sim e o que isso tem demais? — fala me encarando de forma
autoritária.
— Sabe a minha sorte quando descobri que o lugar onde você leva seus
encontros é de frente para o edifício que a minha empresa construiu? —
pergunto olhando para a janela. — O dono daquela empresa ficou muito
amigo de meu pai e cedeu para nós um espaço. Lá em algum lugar, está
alguém olhando por nós. Esse alguém é o meu segundo irmão mais velho,
que ficou bem chateado quando soube que queriam me matar. Enzo é muito
protetor, sabe! — falo e meu celular vibra com uma mensagem de Enzo que
diz: “Na mira”
— Eu não tenho nada a ver com isso. Você e sua família vão pagar por
me fazer passar por essa situação — o senador diz entre dentes.
— Olhe para o seu peito, senador — peço calmamente e ele olha. Bem
do lado esquerdo tem um ponto vermelho brilhante descansando. — Cada um
dos meus irmãos tem sua especialidade. Filippo é ótimo em uma luta corpo a
corpo, ela adora quebrar uns pescoços. Luna é rápida feito o inferno, ninguém
sabe dirigir como ela. Enzo? Enzo é aquele que está lá naquele prédio do
outro lado da rua esperando o momento certo de fazer um buraco bem legal
no seu coração — termino de falar no meu tom gelado e o senador engole em
seco.
— Luna e eu poderíamos atirar, mas eu acho que a surpresa deixa tudo
mais emocionante — falo piscando para minha irmã.
— Qual a sua especialidade? — pergunta o senador com medo nos
olhos, eu o olho e um sorriso de lado brota de mim.
— Tortura! Eu sou ótimo em extrair informações — falo e Luna assenti.
— Tu… tudo bem! Eu falo que você quiser saber — ele fala vencido e
eu assenti.
— Eu só quero saber por que estava tentando me matar e quem foi que
você contratou? — pergunto em uma só respiração e ele olha de mim para
Luna.
— Tudo começou quando procurei a empresa da sua família, que estava
ao comando de Daniel Campbell, para fazer umas obras que estavam sobre a
minha responsabilidade. No início foi tudo como eu queria que estivesse e eu
estava recebendo um bom lucro por cada construção. Daí você apareceu para
tomar o lugar de Daniel e as coisas começaram a desandar tanto para mim
quando para Daniel — diz o senador e isso eu já suspeitava.
— Foi Daniel que mandou você contratar a pessoa para me matar? —
pergunto seriamente e ele nega com sua cara de descrença.
— Você acha que alguém iria me mandar fazer alguma coisa, garoto?
Daniel não sabia que eu queria te tirar da jogada, não gosto de outras pessoas
envolvidas nos meus negócios — ele fala e eu sei que uma parte disso é
mentira, mas não vamos tocar nisso agora. — —Fui até a pessoa que eu sabia
que poderia fazer o serviço, mas ele me decepcionou. Aquele inseto tinha que
me decepcionar! — o senador diz com raiva.
— Quem foi essa pessoa? Fala logo porra! — mando e ele me olha por
um momento e dá uma risadinha.
— Você o conhece muito bem, até dormiu com ele. Na verdade, você
fez parte da minha família, já que estava dormindo com o meu sobrinho
Dylan — o senador diz com um olhar conhecedor e meus olhos se arregalam
de surpresa.
— Dylan? Então você contratou Dylan para me matar? Você mandou a
porra do seu sobrinho vir me matar? — pergunto em um tom louco de raiva
me aproximando do senador.
— Luc! Se acalme! Você sabe que não podemos… — Luna não termina
de falar e eu olho para ela assentindo. — Esse tal Dylan não é aquele que diz
ser apaixonado por você? — Luna pergunta e eu assenti.
— Explique-se! — mando com o tom sombrio e louco.
— Dylan sempre foi um garoto problemático e cheio de ideias lunáticas
na cabeça. Meu irmão achou que servindo ao exército ele iria melhorar em
alguma coisa. Mas as forças armadas só o deixaram mais pirado ainda — diz
o senador balançando a cabeça negativamente. — A única coisa boa é que ele
se tornou uma máquina de matar muito eficaz. O que eu nunca consegui
entender é porque ele não conseguiu terminar o serviço com você — fala
enojado.
— Para mim pouco importa! Saiba que se ele vier, ele vai ter o dele —
ameaço com raiva. Porque se eu pego aquele filho da puta eu o mato com
minhas próprias mãos.
— Já que você sabe tudo, então acho melhor vocês me deixarem ir —
diz o senador irritado e eu nego.
— Só falta mais umas coisinhas, senador — falo e vou até a mesinha e
pego todas as pastas que eu tinha pego na minha maleta antes de subir para o
quarto. — Minha vontade é de dar um tiro certeiro na sua testa, ou até mesmo
causar um ferimento e esperar você sangrar até a morte.
— O quê? Você não pode fazer isso! Eu lhe disse tudo o que queira
saber! — o senador grita assustado.
— É isso mesmo! Eu não posso fazer nada disso, o que torna as coisas
mais chatas — falo com indiferença, mas minha cara indiferente é logo
substituída por desprezo. — E é por isso que ao invés de te matar eu vou
fazer aquilo que mais dói em uma pessoa como você. Eu vou te destruir!
— Impossível! Você não tem essa capacidade! — O senador me olha
sorrindo.
— Tem certeza? Não é isso que essas pastas dizem. Aqui, olhe por si
mesmo! — falo jogando pasta por pasta no seu colo. — Lavagem de
dinheiro, tráfico de drogas e armas, desfalques, subornos, chantagens,
assassinatos. E entre muitas coisas que mostra sua sujeira que foi muito bem
escondida por debaixo do tapete — falo e vejo o senador ficar branco como
papel.
— O que você pensa em fazer com tudo isso? — pergunta analisando as
pastas com medo na voz.
— Eu já fiz senador Antony White. Ou será que a partir de amanhã eu o
chamarei de ex-senador? — falo rindo para minha irmã que me olha com os
olhos brilhando.
— O QUE VOCÊ FEZ? — ele grita nervoso e eu rio.
— Vou dizer só porque eu quero ver sua cara de desespero. Os
documentos foram enviados para o FBI e espera aí — peço levantando a mão
e pegando o meu celular.
— Sim, senhor Aandreozzi? — pergunta Jordan assim que atende.
— Faça agora! — mando com a voz séria e ouço o som das teclas do
teclado.
— Está feito! — responde Jordan e eu agradeço desligando logo em
seguida.
— Bem, nesse exato momento todos os principais canais de televisão
receberam os arquivos com todas as suas falcatruas — digo dando um sorriso
pequeno e pela cara de descrença do senador ele não está acreditando em
nada.
— Não! Isso não é possível! — diz nervoso me fazendo rir.
— Claro que é possível! Isso é para você e muitos outros filhos da puta
verem que não se deve mexer comigo e minha família — falo encarando o
rosto pálido do senador. — A vida é uma selva, senador. E nessa porra de
selva eu sou um fodido rei — digo com ódio.
— Estou com o celular dele, as chaves e cortei a comunicação do quarto.
Acho que podemos ir — diz Luna chamando minha atenção e eu assenti.
— Vocês vão me deixar aqui? — pergunta Antony e eu afirmo.
— Sim, descanse um pouco, acho que seu dia de amanhã vai ser bem
agitado — falo com graça indo para a porta com Luna.
— Ah, senador! — chama Luna antes de fechar a porta. — Você tem
mau hálito! — Luna diz com cara de nojo me fazendo cair na gargalhada.
Deixamos um senador muito gritador trancado no quarto de hotel e
saímos andando pelo corredor para ir até o elevador. Assim que descemos
Christian e Alejandro estão à nossa espera, eles dizem que os carros estão
prontos. Ao entrar no carro a primeira pessoa que eu vejo é Enzo com uma
expressão preocupada no rosto, ao nos ver ele relaxa instantaneamente.
— Foda! Vocês demoram! — diz nos abraçando.
— Desde quando está a nossa espera? — pergunta Luna tirando os
sapatos de salto alto matador.
— No momento que Lucca jogou as pastas no senador eu sabia que era a
minha deixa e que eu poderia sair porque ele conversou o que queria — Enzo
diz e eu assenti.
— Nunca poderia imaginar que Dylan fosse sobrinho do senador — falo
lembrando de Dylan e me sentindo ridiculamente irritado. — Como essas
coisas não passaram pela minha investigação?
— Pare de se martirizar, essas coisas acontecem — resmunga Enzo.
— O que vamos fazer agora? — Luna pergunta se aconchegando a
Enzo.
— Vamos pegar o nosso jatinho e ir para casa — falo sorrindo e meus
irmãos assentem.
— A melhor coisa que você diz, meus pés estão me matando — diz
Luna colocando o pé no meu colo.
— Molto sciolta questa ragazza (Muito folgada essa garota) — reclamo
e ela sorri.
O que eu não sabia era que ao finalizar uma luta eu estaria iniciando
mais algumas que poderiam ferir pessoas a quem eu realmente viria a amar.
Uma semana se passou e podemos dizer que o senador Antony White
caiu, e ele caiu de um jeito bem feio. No dia depois da nossa vinda para casa
os noticiários explodiram com notícias relacionadas às falcatruas do senador.
Tudo que eu tinha planejado para a derrota daquele filho de uma puta, saiu
além das minhas expectativas. White se elegeu sendo aclamado pelos seus
eleitores, chamado de homem do povo, homem que se interessa pelo bem da
população. O que é uma grande mentira, esse maldito político é mais sujo que
qualquer bueiro. E saber que ele não poderá mais usar o meio político para
seus negócios é um alívio imenso.
Foi uma grande vitória para mim, isso sem dúvida foi. Ver todos os
melhores canais de televisão, revistas, jornais, blogs e entre os meios de
comunicação expondo as falcatruas daquele bandido sem caráter. Ele que
sempre apareceu defendendo os direitos humanos, mostrou a grande farsa que
é para toda população americana. Não posso deixar de me sentir bem por
saber que logo ele estará na cadeia. Só sinto muito pelos eleitores que
confiaram nele para fazer algo de bom, mas infelizmente ele os enganou
direitinho.
Depois de toda essa situação com o senador minha família inteira foi
para suas respectivas casas, não sei como eu poderei agradecer a eles por
tudo que fizeram por mim. Nossa, eles foram de suma importância nesse meu
acerto de conta. Até mesmo Giovanna foi para Milão com nonna, minha avó
disse que iria levar Gio para relaxar um pouco porque ela está com uma cara
de abatida muito grande. Achei incrível essa iniciativa de nonna, na verdade
tudo o que vovó faz é incrível. E o melhor de tudo é que Luigi e eu estamos
sozinhos, acho que já experimentamos cada superfície plana da nossa casa.
— Lucca, eu não acredito que você ligou para Rita para pedir a receita
do feijão — diz Luigi entrando na cozinha usando sua bengala e mancando
um pouco.
— Você não estava me cobrando o tempo inteiro? — falo mexendo na
panela.
— Isso é para você aprender a cumprir com as coisas que promete —
diz ele me fazendo rir.
— Como é que foi a fisioterapia? — pergunto ao ver que ele está com os
cabelos úmidos do banho após a sessão.
— Foi bem dolorido, mas nada que eu não faça para largar essa porcaria
— diz olhando enojado para a bengala.
— Tenha um pouco de paciência que os resultados podem ser um pouco
lentos, mas são precisos — falo piscando para ele.
— Paciência é tudo que Carlos me manda ter — resmunga e eu me
lembro do seu fisioterapeuta.
— Se o lindo do Carlos diz isso, então faça — provoco e tenho certeza
que se olhar matasse eu estaria morto agora mesmo.
— Se eu não soubesse que Carlos é muito bem casado e apaixonado pela
sua esposa eu teria chutado seu traseiro — Luigi diz irritado e eu começo a
rir.
— Como ciúmes, Lui? — pergunto ele cerra os olhos para mim. — Não
precisa! Eu sou seu assim como você é meu e se alguém tentar tirar você de
mim, não ficará vivo para contar história — falo e meu namorado sorri de
lado.
— Você é muito mais ciumento que eu — diz e eu me aproximo
grudando nossas bocas.
— Você não faz ideia — falo lhe beijando, e me afastando logo em
seguida.
— Por que você está só de cueca? — pergunta me olhando de cima a
baixo.
— Porque estamos sozinhos em casa e eu acho que queria mostrar meu
corpo gostoso para meu namorado — falo passando a mão pelo meu
abdômen.
— Nunca vi um sujeito mais convencido que você, mas tenho que dizer
que olhar para você assim é muito excitante — Luigi diz mordendo os lábios.
— Eu sei… — Iria começar a falar, mas vejo uma bola branca e preta
passar por mim arrastando uma coisa que acho ser um rolo de papel. — Loki!
— grito, mas o maldito filhote nem me dá bola.
— Meu Deus! Esse cachorro não para! — diz Luigi caindo na risada.
— Porra, eu vou ter que ir atrás desse pequeno bastardo — digo
enxugando minhas mãos.
— Eu acho que dessa vez eu vou gravar para enviar para o grupo da
família — Luigi diz segurando a barriga de tanto rir.
— Não ouse fazer uma coisa dessas! Eu fiquei zoando Enzo quando ele
estava atrás daquele vilãozinho para pegar sua meia — digo e começo a rir
junto com Luigi.
— Ele apronta demais, definitivamente é seu cão — Luigi diz e eu o
lanço um olhar sujo.
— Não seja um bastardo você também, ele é seu também — falo e ele
nega.
— Não quando ele faz umas loucuras dessas — diz Lui apontando para
Loki que está se divertindo em espalhar papel por toda a cobertura.
— Porra! Volta aqui seu pequeno vilão! — grito correndo atrás de Loki.
Corro atrás de Loki para fazer com que ele pare de sujar tudo, mas é
impossível, o pequeno bastardo consegue desviar de mim com muita
facilidade. Imagine só, eu Lucca Aandreozzi correndo pela cobertura atrás de
um filhote de cachorro que tem tiras e mais tiras de papel higiênico grudados
no seu corpo peludo e o meu namorado sem noção se curvando de tanto rir
dessa minha saga. Até que finalmente consigo capturar esse vilãozinho sem
noção, podendo respirar aliviado. Porque se senhora Adams chega na
segunda-feira e se ver a casa nessa baderna ela vai querer me matar.
— Até que você conseguiu pegá-lo rápido — Luigi diz controlando o
riso e eu tenho vontade de lhe socar.
— Vá para o inferno! — digo com raiva fingida e ele coloca a mão no
coração com o mais puro fingimento.
— O que é isso amor? Você está muito irritado — diz ele me fazendo
rir.
— Essa sua dramatização até que é sexy. Agora deixe de ser um
bastardo e segure esse safado para ele não aprontar — falo lhe entregando
Loki.
— Esse grande menino me deu um ótimo show. Não é menino? — diz
Luigi fazendo carinho em Loki e eu deixo os dois lá eu vou lavar minha mão
para terminar de cozinhar.
Termino de fazer a comida favorita de Luigi e vamos almoçar. Apesar
de ser a primeira vez que resolvi me aventurar nesse tipo de culinária, até que
a comida saiu muito gostosa. Luigi não poupou elogios e diz que eu vou ter
que cozinhar mais vezes, eu simplesmente digo que eu não sou seu
cozinheiro particular. Agora é que eu estou feito! Após o almoço ficamos o
dia inteiro na maior preguiça, assistimos filmes, fizemos amor bem gostoso e
lento e continuamos a passar o resto do final de semana curtindo um pouco
de paz.
— Lucca, você conseguiu entrar em contato com a família daquele
segurança seu que morreu? — pergunta Luigi em um determinado momento
enquanto estávamos assistindo.
— Não, fui lá na casa da senhora O’Brien, mas ela não quis me atender
— falo sentindo uma sensação ruim.
— Será que ela ainda te culpa pela morte de seu filho? — pergunta e eu
afirmo.
— Naturalmente, e saber disso me deixa um pouco mal. Porque é a mais
pura verdade — falo em um tom baixo e Luigi nega.
— Você não pode ficar sentindo essas coisas — fala Luigi e eu viro o
rosto para encará-lo.
— Como não? Scott antes de morrer pediu para eu cuidar de sua filhinha
e eu ainda não tive como fazer o prometido. Sinto que devo cuidar de
Samantha — falo com determinação. — Todas as vezes que fui lá percebi
uma pequena figura me olhando pela janela da frente, e tenho certeza que era
ela.
— Então faça! O que você resolver fazer eu vou te apoiar — fala e eu
me aconchego mais perto dele. — Como ela é? — pergunta e eu sorrio.
— Ela é linda, linda de verdade. Tão pequena e com uma cara de
esperta. Seus cabelos são longos, cheios e cacheados — falo lembrando da
pequena garotinha de Scott.
— Você gosta dela, não é? — pergunta Luigi e eu afirmo.
— Sim, e não é só porque me sinto culpado com a morte de Scott, ela
tem uma coisa naqueles olhos pretos que não sei explicar — falo lembrando
do dia em que a vi pela primeira vez.
— E a avó dela? — Essa pergunta me faz respirar fundo.
— A avó dela é doente, soube que Scott trabalhava duro para poder
comprar seus remédios e cuidar da sua menina. E agora não faço ideia de
como elas possa estar de saúde, mas ela também estará sobre a minha
proteção — falo determinado e ele assenti.
— Estou com você no que você quiser fazer, mas dessa vez espero estar
lá com você. Somos uma equipe, querido — diz derretendo meu coração.
— Sim, somos uma equipe — falo sorrindo para ele que me beija forte.
E com isso o nosso final de semana é repleto de carícias e conversas sobre o
nosso futuro.
Na segunda-feira cheguei à empresa cedo e começo a trabalhar com toda
a vontade. Luigi ainda está em casa e eu tenho que fazer um trabalho muito
mais pesado, já que algumas obras que ficaram sobre suas avaliações, agora
eu terei que tomar a frente até o momento de sua volta. Mas se você acha de
aquele cabeça dura fica em casa sem fazer nada, você está muito enganado.
Ele está lá no meu escritório se afundando em papeladas. Quando eu falei
com ele para fazer isso depois, o homem me lançou um olhar matador que me
fez rir.
Então para evitar discussões desnecessárias, eu deixei Luigi trabalhar,
para não se sentir inútil como ele mesmo fala. Meus pensamentos e atenção
do trabalho são interrompidos pela batida na porta, Laila entra ajeitando os
óculos e olhando para seu tablet.
— Com licença, senhor Aandreozzi — diz Laila ainda de cabeça baixa.
— Já disse que é para me chamar de Lucca. Eu estou tão jovem e bonito
para ser chamado de senhor — falo em um tom de brincadeira fazendo Laila
tirar os olhos do tablet e me olhar com ar de riso.
— O senhor é muito humilde, sabe — fala ela dando ênfase no senhor e
eu lhe lanço um olhar azedo.
— Além de linda é uma sem jeito. Laila você às vezes quebra meu
coração — falo deixando minha pobre secretária morrendo de vergonha.
— Não, eu não me engano achando que sou bonita — diz Laila de
cabeça baixa apertando as mãos no tablet fazendo os nós dos dedos ficarem
brancos.
— Você é linda sim, linda e muito competente. Eu tenho muita sorte de
ter você trabalhando para mim — falo e ela me olha por um momento com o
rosto vermelho de vergonha e desvia o olhar. — Você poderia me
acompanhar por um momento, Laila? — digo levantando e ela assenti.
— Aonde vamos? Será que terei que levar as coisas para alguma
reunião? — pergunta nervosa e eu nego sorrindo.
Saio com Laila da minha sala e a levo para outra sala um pouco menor
que a minha, mas que é muito arejada e espaçosa. Já está na hora de dar a
Laila uma nova oportunidade, ela faz tão bem seu trabalho que merece sim
uma bela de uma promoção.
— Aqui! Você fala o você quer por aqui e nós vamos cuidar disso —
falo abrindo a sala e ela me olha sem entender.
— O que é essa sala? — pergunta olhando por todo o lugar.
— Você achou mesmo que minha assistente sênior estaria em uma
mesinha do lado de fora da minha sala? Não, ela deve ter seu próprio lugar —
falo cruzando os braços e ela suspira alto.
— E quando ela vai aparecer senhor? — pergunta e eu a pego pelos
ombros.
— Essa é você, Laila! Não existe pessoa mais capacitada para este cargo
que você — falo e vejo seus olhos se encherem de lágrimas.
— Eu… eu nem sei o que dizer — fala deixando as lágrimas caírem
livremente.
— Então não diga nada e aceite seu novo cargo. — A puxei para um
abraço forte. — Não esqueça que você é linda e que você é muito, muito mais
do que pensa — sussurro no seu ouvido e me afasto do seu abraço.
— Obrigada, Lucca — diz me fazendo sorrir.
Deixo Laila na sua nova sala e volto para a minha, é difícil voltar a me
concentrar no trabalho já que tudo que eu penso é em voltar para casa e ficar
com Luigi, mesmo que eu tenha que arrastá-lo do escritório de casa. Abro um
sorriso quando meu celular toca, mas fechi o sorriso rapidamente ao notar
que o número é desconhecido.
— Aandreozzi, falando — digo caminhando até minha sala.
— Oi meu amor, eu adoraria te encontrar hoje — a voz calma de Dylan
faz o meu sangue gelar.
— Que diabos você quer me ligando? Acho bom você não aparecer na
minha frente… — falo com raiva sentindo meu coração bater muito rápido de
tão irritado que eu estou.
— Você vai fazer o que? Vai fazer a mesma coisa que fez com o meu
tio? Você achou mesmo que eu iria deixar você sair impune por colocar meu
tio da cadeia. Eu te amo, mas você não deu valor ao meu amor — diz em um
tom louco e eu tenho que respirar fundo para me acalmar.
— Seu tio teve o que mereceu, e eu ainda achei pouco — falo e o ouço
fazer um som descontente.
— Você não deveria falar essas coisas para mim. É difícil ouvir essas
coisas já que eu tenho em minhas mãos pessoas que acho que você se importa
— diz e eu penso em Luigi automaticamente. Vejo Christian me encarando e
faço sinal para ele vir até mim.
— O que você está falando Dylan? — pergunto alarmado. — Que
pessoas? — falo e Chris começa a fazer uma ligação. Ele me fez sinal que
Luigi está em casa e eu posso respirar.
— Qual é a graça? Você tem que ver por si mesmo, meu amor — diz
rindo e de longe eu ouço um choro. E com isso minha preocupação aumenta.
— Não estou pronto para brincadeiras Dylan, diga logo o que você quer
e quem está com você? — digo em um tom duro.
— Sabe, eu adoro saber de todos os seus passos. Quem quiser me
chamar de louco, eu não me importo. Você é o meu amor! — diz ele
docemente e um frio toma minha barriga. — Vi que você estava protegendo
uma criança e uma senhora. Daí vir aqui bater um papo com elas.
— Samantha! — digo sentindo minhas mãos começarem a tremer. —
Onde elas estão seu filho da puta. Uma criança? Como você pôde? —
pergunto sentindo uma raiva de outro mundo. Esse doente tem que morrer.
— Oh, o nome dessa belezinha de cabelos longos é Samantha?
Interessante, ela só sabe chorar e mandar largar sua vovó. Pobre criança! —
diz e eu ouço um grito alto de dor de Samantha.
— Dylan! Espero que você pare imediatamente com que está fazendo,
porque eu vou te acabar com sua existência — falo em um tom perigoso e o
desgraçado ri.
— Eu estava planejando meu reencontro romântico com você, mas eu
resolvi adiantar e me encontrar com você logo — diz como se não estivesse
fazendo nada demais. Filho da puta louco!
— Você é louco, mas um tipo de louco que deveria estar morto. Não se
usa criança em um plano tão sujo — falo com ódio esquecendo todas as
minhas coisas enquanto caminhando para o elevador a passos rápidos.
— Sou louco por você, meu amor. Temos tanto o que conversar. Sinto
sua falta, sabe — diz e eu me vejo rangendo os dentes.
— Deixe Samantha e sua avó em paz e eu estarei disponível para você.
A hora e o lugar que você quiser — mando rudemente e ele faz som de
desgosto.
— Você não manda em nada aqui Lucca! Eu estou no comando dessa
merda, e eu digo que se você não aparecer em poucos minutos eu vou dar um
tiro da testa da vovó e outro na garotinha — diz e eu ouço o som de uma
arma sendo destravada.
— NÃO! NÃO, PORRA NÃO! EU VOU SEU FILHO DA PUTA! —
grito de ódio e ele soltou uma gargalhada.
— Esse é o espírito da coisa. Por isso que eu gosto tanto de você. Espero
você aqui nesse subúrbio que elas moram. Não se atrase meu amor e venha
lindo para mim — ele diz em um tom enojado e meu estômago revira.
Entro no carro me sentindo muito mal. Como ele pôde usar uma criança
para chegar até mim? Deus! Eu não estou conseguindo respirar direito. Dylan
perdeu totalmente o juízo, não consigo entender porque usar uma criança e
uma idosa que não tem nenhuma ligação com ele para toda essa loucura. Eu
deveria ter forçado mais uma aproximação com a mãe de Scott, não deveria
ter esperado por tanto tempo. Se eu tivesse feito isso antes elas não estariam
passando por isso. Mas agora eu vou mudar isso, vou tirar elas das garras
desse louco do caralho e assim poder cuidar delas como eu deveria ter feito
antes.
— Onde primeiro Lucca? — pergunta Christian com uma expressão
sombria.
— Eu preciso das minhas armas e elas estão em casa — falo olhando
para a janela.
— Sim, senhor — diz ele e eu olho para ele.
— Chame seus homens e os deixe por todo o perímetro. Nada vai
acontecer a elas. Você está ouvindo? — pergunto e ele assentiu.
— Ele não sairá de lá vivo, não é? — pergunta Christian e eu continuo
olhando-o e ele assenti sem precisar que eu fale mais alguma coisa.
Chego em casa e a primeira coisa que eu faço ir correndo para meu
quarto trocar de roupa. Tiro todo meu terno, vou até meu closet e coloco uma
calça jeans e uma camiseta simples. Assim que estou terminando de colocar
minha bota Luigi aparece me olhando sem entender.
— Por que está cedo em casa? Aconteceu alguma coisa? — pergunta
sem entender.
— Surgiu uma coisa e eu vou ter que resolver — falo ficando de pé e
Lui para na minha frente.
— Me diga o que há agora? — pergunta me fazendo respirar fundo.
— Dylan está me ameaçando e está usando Samantha e sua avó — falo
entre dentes e ele me segura pelos ombros.
— Estou com você nessa. Você sabe disso, não é? — pergunta e eu
assenti.
— Eu sei — revelo em um tom abafado.
— Nunca esqueça que somos uma equipe. Vamos tirar elas das mãos
daquele maluco e no caminho você me conta direito essa história — diz ele e
eu só posso amá-lo mais ainda.
— Amo você! — falo e ele sorri para mim.
— Não mais que eu a você — responde tranquilamente.
Pego minhas armas, dando uma extra que eu tenho guardado para Luigi
e vamos para o carro. No caminho conto a Luigi a ligação que o maluco fez e
posso ver que Luigi fica tão irritado quanto eu. É inadmissível, uma pessoa
usar outras duas totalmente indefesas para suas vinganças pessoais. Não
tenho ideia de como ele descobriu a existência delas assim tão fácil, e da
importância delas para mim. Demora um pouco até que podermos chegar ao
subúrbio, meu coração está a mil e não consigo controlar as minhas emoções,
não quando qualquer erro meu possa acabar ferindo duas pessoas inocentes.
— Estou com você, lembre-se disso e vá ser o herói que você nasceu
para ser — fala Luigi apertando nossas mãos juntas.
— Vamos pegar um maluco! — falo com determinação e Luigi assenti.
Ao sair do carro faço sinal para Christian e Daren se prepararem que eu
vou entrar. Olho para trás e minha vontade é pedir para que Luigi fique
dentro do carro em segurança, mas somos uma equipe, como ele mesmo
falou. E vou precisar de ajuda para tirá-las de lá e ninguém melhor que Lui
para me auxiliar nisso. Só não quero que ele se machuque, já que sua perna
ainda está em processo de recuperação.
Vejo uma figura loira olhar pela fresta da janela e poucos segundos
depois Dylan abre a porta com um grande sorriso doentio no rosto, mas não é
a sua figura mais magra que dá última vez que pus meus olhos que me chama
a atenção, e sim a atrocidade que ele está fazendo. O maldito está segurando
uma Samantha muito pequena e chorosa no colo enquanto uma arma está
firme em sua mão direita.
— Baby, que bom que você chegou. Eu estava ficando cansado de
esperar — diz ele, mas meus olhos estão na pequena menina.
— Eu estou aqui agora Dylan, mas nós só vamos falar quando você
soltar a criança. Ela não tem nada com toda essa sua besteira — falo com
raiva e ele nega.
— Como você pode pensar uma coisa dessas, já que fui eu o cara de
capacete que matou o seu segurança. E olha a minha surpresa quando eu
descobri que ele era o pai dessa pequena criatura — diz ele olhando para
Samantha que está apertando os olhos com muita força.
— Era você? Era você aquela pessoa desgraçada? — pergunto
desorientado e ele assenti sorrindo.
— Sim, eu achei que seria legal fechar um ciclo. Não gosto de trabalhos
mal acabados — ele diz com sua expressão séria.
— É eu realmente acho que isso será o ciclo se fechando — digo entre
dentes com muito ódio no meu tom de voz e posso sentir Luigi atrás de mim
me dando força.
O ciclo que irei fechar é o dele na minha vida. Vou acabar com sua vida,
me vingando por Scott, pela sua família que ficou sem ele e por eu ter me
envolvido com essa pessoa doente.
Não consigo tirar meus olhos de cima de Samantha, que aparenta estar
tão assustada. Passo meus olhos pelo seu corpo pequeno para me certificar
que ela não está com nenhum ferimento. A primeira coisa que eu devo fazer é
livrar ela e sua avó, que ainda não vi qual é seu estado, das garras desse
desgraçado. Dylan não tem o direito de envolver essas pessoas nisso, ele não
tem que colocá-las em perigo, pelo simples fato de querer me atingir. Olho
para Luigi e pelo seu rosto dá para ver que ele está com muito ódio, assim
como eu.
— Tsc... Tsc… Tsc. — Dylan faz isso chamando minha atenção. —
Você deveria ter vindo sozinho, meu amor. Esse sujeito não deveria ser
incluído nessa história.
— Luigi é o meu parceiro, ele vai sempre estar incluído na minha vida
— falo e ele solta um som debochado.
— Você não sabe o quanto eu estive perto de você durante esse tempo
— Dylan fala me irritando.
— Dylan, solte a Samantha. Ela é só uma criança — falo cerrando os
punhos.
— Sim, percebi que ela é uma criança. Uma linda criança que você se
preocupa, não é? Você se preocupa tanto que eu sempre via você por aqui.
Você sempre foi tão prestativo, Lucca — fala passando o cano da arma nos
cabelos de Samantha.
— Não! Me solte! — grita a pequena menina fazendo meu coração se
apertar pela cara de medo e sofrimento que ela faz.
— A solte seu filho da mãe doente! — Luigi diz entre dentes fazendo
Dylan rir.
— Então quer dizer que você fala, que lindo a sua preocupação —
Dylan fala em um tom de riso.
— Dylan! Eu faço o que você quiser, mas solte a Samantha e sua avó —
falo e ele pensa por um momento.
— Se eu fizer isso, que graça vai ter? — pergunta pensativo.
— A graça é que eu vou estar a sua mercê, totalmente desamarrado e
sem ninguém por perto — falo tirando minhas armas e levantando-as para
ficar na sua linha de visão.
— Por que eu faria isso? Você me usou! Eu deveria ajudar o meu tio a te
tirar de seu caminho, mas eu fui um tolo por me apaixonar — diz de modo
louco sacudindo Samantha e minha preocupação com a menina fica muito
mais forte.
— Eu nunca te usei, nós nos envolvemos e eu sempre deixei claro que
não queria nada sério — falo e ele nega com a cabeça.
— NÃO! EU PERDI TUDO POR SUA CAUSA! — grita apontando a
arma para Luigi e eu tomo a sua frente.
— Vamos conversar, com calma. Eu estou aqui com você — falo e ele
me olha com nojo.
— O que ele tem que eu não tenho? O que ele te deu que eu nunca pude
te dar? — pergunta Dylan em um tom sofrido.
— Dylan, por favor, solte a senhora O’Brien e Samantha e nós vamos
poder conversar melhor — peço calmamente ele fica pensando.
— Você jura que vai entrar no carro e sair comigo? — pergunta e vejo
Luigi segurar meus ombros com força.
— Lucca, não! — Luigi diz negando com a cabeça e eu respiro fundo.
— Lui, eu não posso deixá-lo machucar essas pessoas mais do que já
machucou — falo vendo os olhos preocupados de Luigi.
— Ele vai te machucar e eu com essa perna inútil não vou poder te
ajudar — Luigi diz frustrado e eu nego.
— Eu vou tirar elas do controle dele e elas vão precisar de alguém. E
esse meu alguém é você. Por favor, querido, Samantha só tem a nós — falo
em um tom baixo e ele respira fundo.
— Tudo bem, mas se você se machucar eu vou… Argh! Eu nem sei que
eu vou fazer — Luigi diz e eu afirmo.
Entendo perfeitamente a posição de Luigi, sei que ele está muito
preocupado comigo. Mas eu tenho que fazer tudo que estiver ao meu alcance
para poder tirar essas pessoas inocente das garras desse homem doente. Eu
não conseguiria viver bem se algo de grave acontecesse com elas. Esse filho
da puta já tirou delas alguém de suma importância. Scott era o filho único da
senhora O’Brien que teve sua vida interrompida por ser um empregado tão
dedicado. Eu devo isso a ele, eu tenho que proteger sua família, tenho que
cuidar da sua menina. E não vai ser Dylan que irá me impedir.
— Vamos lá Dylan! Acho que já temos um acerto — falo chamando sua
atenção.
— Eu não prometo nada a você, baby — diz ele em um tom sínico.
— Eu vou com você, mas antes você tem que soltar a senhora O’Brien e
Samantha — falo com firmeza e ele olha para dentro da casa.
— Acho que a velha não tem condições de sair sozinha, mas eu sempre
posso a chutar para fora — diz rindo e meu sangue esquenta do modo que ele
fala.
— Tudo bem, será que um dos meus homens pode entrar na casa e tirá-
la daí? — pergunto usando todo meu autocontrole.
— Porque você não vem aqui, meu amor, você sabe que é muito bem-
vindo — ele diz eu nego com a cabeça.
— Só irei me aproximar de você quando elas estiverem aqui — falo em
um tom decisivo.
— Tudo bem, você pode ser um autoritário às vezes — Dylan diz em
um tom de desgosto.
— —Sou um homem de palavra e se você soltá-las eu vou com você. —
—Falei tentando parecer tranquilo.
— Só não mande esse seu namorado, acho que ele está deficiente e eu
poderia muito bem tentar matá-lo por tirar você de mim — Dylan fala
sarcástico e Luigi tenta passar por mim, mas eu impeço.
— Não, não podemos — falo com Luigi que faz uma careta descontente
e afirma.
— Pode mandar alguém, de preferência esse seu segurança Christian.
Sempre fui com a cara dele — diz piscando um olho e eu viro para encarar
Christian.
Pela mandíbula trincada e o rosto mascarado com um ódio muito
grande, Christian vira seu rosto em minha direção. Peço para ir e ele assenti,
não posso imaginar o que deve estar passando pela cabeça de Christian.
Sempre soube que os homens que trabalham para minha segurança têm uma
boa convivência e Scott era amigo de todos ali. Vejo Christian andar com
determinação para a casa simples e pequena da senhora O'Brien. Pouco
tempo depois o vejo saindo da casa carregando uma muito fragilizada
senhora.
— Sam, ele vai machucar a Sam — senhora O'Brien fala fracamente nos
braços de Christian.
— Eu não vou permitir que isso aconteça, senhora O’Brien — falo
determinado chamando sua atenção.
— O senhor veio! Veio pela Sam, não foi? — pergunta francamente e eu
nego.
— Não, vim pela senhora também. Vou acabar com isso em um instante
e vou cuidar da senhora e da pequena — falo e ela respira com um pouco de
dificuldade.
— Não, eu não. Tire Samantha das mãos do maluco que matou o meu
Scott — diz ela me fazendo prender a respiração. Então quer dizer que ele
falou isso com elas. Deus esse homem perdeu a porra do juízo.
— Eu vou fazer isso, senhora O’Brien — falo e ela me encara com
firmeza.
— Cumpra a promessa que fez ao meu Scott e cuide da nossa pequena
Panqueca — ela diz com dificuldade e desmaia logo em seguida. Vou até
Christian que a segurava ainda no colo.
— O que foi? Ela está bem? — pergunto preocupado e Luigi verifica a
pulsação.
— Ela desmaiou Lucca — diz ele com um olhar preocupado.
— A leve ao hospital Christian. Quando eu terminar aqui eu os encontro
lá — falo e Christian me olha com dúvida.
— Tem certeza senhor? Eu posso mandar outros dos nossos homens —
diz e eu olho para trás capturando o olhar assustado e suplicante de
Samantha.
— Sim, eu vou cuidar disso. Faça o que eu pedi, a senhora O’Brien
precisa de um hospital — falo e ele assenti.
Observo meu segurança entrar em um dos carros e colocar a senhora
O’Brien ainda desacordada no banco de trás. Assim que ele sai volto meu
olhar para Dylan que me encara atentamente. Falo com Luigi para não se
preocupar, que ele deve ficar atento e ele confirma com a cabeça. Sinto que
Luigi está tão preocupado com Samantha quanto eu, e isso me dar um infame
alívio de saber que ele pode não surtar quando eu o chamar para conversar
quando do isso acabar.
— Dylan, agora, por favor, solte a minha garotinha — falo meio
espantado com o que saí da minha boca.
— Esteja totalmente desarmado e venha mais perto — diz e eu começo a
andar e Luigi vem junto e Dylan dá um grito.
— Esse deficiente de merda fica para trás! Ele não pode estragar o nosso
momento — grita Dylan colocando a arma na cabeça de Samantha e meu
coração vem para a boca.
— Pare de ser um doente seu filho da puta. Solte a menina! — Luigi diz
com muita raiva.
— O mocinho se acha valente? Estou emocionado! — o filho da puta
diz rindo.
— Lui eu vou, você fica com Sam e a acalma, por favor. Precisamos de
sua calma no momento — falo e Luigi assenti nervoso.
— Estou indo, mas você solta Samantha e ela vem até mim — falo
andando até a sua direção e paro no meio do caminho. — Agora solte a
Samantha e eu vou até você logo em seguida.
— Tudo bem querido, estou tão emocionado por poder ver você
novamente para que possamos acertar as nossas diferenças — Dylan diz com
um tom sarcástico e eu me sinto enojado.
Ele solta Samantha no chão que continua muito assustada. Fico olhando-
a tentando passar um pouco de segurança através do meu olhar e a incentivo
vir até mim. Assim que Dylan a solta completamente ela vem em direção a
mim, correndo em desespero. Agacho-me e abro meus braços para poder
recebê-la, quando seu corpo pequeno se choca com o meu ela me agarra bem
forte, com suas pequenas unhas cravando na minha pele. Ela treme de medo,
seus soluços são fortes e medrosos, me sinto muito mal por ela estar desse
jeito. Eu vou matá-lo pelo simples fato dele a deixar tão amedrontada. Você
cometeu um grande erro Dylan!
— Estou com você agora pequena, nada mais vai te acontecer. Eu
prometo — falo sentindo um nó se formar da minha garganta. — Eu preciso
que você faça uma coisa por mim. Você pode fazer Sam? — pergunta
fazendo-a olhar para mim, seus olhos vermelhos cortam meu coração.

— Po… posso — diz afirmando rapidamente.


— Está vendo aquele sujeito ali? — pergunto apontando para Luigi e a
afirma. — Ele é um cara bem legal e eu quero que você corra para ele — falo
e ela me olhou assustada.
— Ele vai machucar você, ele me disse — ela fala com medo e eu sinto
meu peito esquentar.
— Não se preocupe comigo querida, vou te contar uma coisa sobre mim.
Eu sou muito esperto — digo tentando a deixar mais relaxada, mas ela
continua me olhando.
— Vá correndo para Lui, ele vai te proteger. E depois que eu bater um
papo com aquele ali eu vou te ver — falo calmamente com ela.
— Jura que não vai se machucar como o meu papai? — pergunta me
encarando por entre os cílios grossos.
— Lucca, meu amor, eu estou com o seu aleijado na minha mira. Se
você não vir logo eu vou atirar — grita Dylan fazendo eu desviar meus olhos
de Samantha.
— Vai pequena, eu prometo que estarei logo com vocês — falo e ela
assenti e começa a correr em direção a Luigi.
Vejo Luigi olhar atentamente cada passo que a pequena menina dá na
sua direção e quando ela já está próxima ele a carrega no colo e fala algo no
seu ouvido, daqui dá para ver Samantha afirmar com a cabeça e esconder seu
rosto na curva do pescoço de Luigi. Ele fala mais alguma coisa com
Samantha e olha para mim e assenti, entendi muito bem o que ele fez. Luigi
não quer que Samantha veja nada do que pode acontecer por aqui. E eu
agradeço a ele mentalmente por isso, só Deus sabe como deve estar à
cabecinha dessa menina por ter passado por tal coisa.
Após saber que Samantha e sua avó estão bem e que Luigi está à uma
distância considerável vou em direção a Dylan que me encara
atenciosamente, posso ver pelos seus olhos uma mistura de emoções, mas a
que me surpreendeu é a saudade. Foda-se a sua maldita saudade! Eu vou
acabar com ele e não estou nem aí para seus sentimentos baratos e doentios,
antes de qualquer coisa preciso saber que ele tentou me matar, várias vezes.
Só de imaginar que esse filho da puta dormiu comigo, e o quanto eu estava
vulnerável ao seu redor me deixa com mais raiva ainda.
— Você continua ainda mais lindo a cada dia — diz Dylan com a arma
apontada na minha direção, eu não deixo de olhar para ele enquanto subo os
degraus da casa pequena dos O’Brien.
— Por que está fazendo isso? — pergunto o mais sério possível e ao o
ver rir faz com que eu me sinta enojado.
— Já disse a você que esse é o nosso acerto de contas — diz ele com
indiferença.
— Por que elas? Por que envolver pessoa inocentes? — pergunto com a
expressão mais fria e calculista.
— Porque eu quis. Na verdade, eu achei que precisava fazer algo muito
dramático para chamar sua atenção. Eu acho que funcionou — Dylan fala de
um jeito como se ele fosse a pessoa mais esperta do mundo, mas ele não sabe
o que acabou de fazer.
— Sim, tenho que admitir que funcionou. Mas… — Estava tentando
falar, mas sua proximidade me faz calar.
— Viu só meu amor, fiz você vir até mim — diz ele docemente e eu lhe
dou um sorriso frio.
— Esse foi o seu maior erro, essa foi a sua pior desgraça. Se você me
conhecesse saberia que eu nunca, nunca me importei com o meu bem estar.
Nunca me importei se eu poderia vir a me machucar, mas uma coisa que eu
sempre prezei é a saúde física e mental dos meus. Minha família é de suma
importância para minha vida. Eles são a minha base, e você. Você mexeu
com a minha família — falo pausadamente e em um momento de distração eu
consigo desarmá-lo, deixando-o com os olhos arregalados.
— Como? — pergunta espantado quando vê sua arma na minha mão.
— Não queira saber, você pode ter um dor de cabeça — falo com
desdém e ele me encara sério por um momento, mas sorri logo em seguida.
— Você acha de verdade que eu viria para cá sozinho? — diz Dylan
achando que pode me causar qualquer desconforto, mas isso não acontece.
— Chame quem você quiser, tenho certeza que para dez homens seus
haverá mais vinte meus. Eu também não vim sozinho — falo e vejo nos seus
olhos ele ficar balançado. — Tenho certeza que os meus homens já tiraram
do meu caminho o lixo que você deixou por aí. Eu sou um homem
inteligente, Dylan.
— O que vai ser então, meu amor — diz sorrindo de forma doentia.
— Eu nunca fui e nunca serei o seu amor. Eu só tenho um amor e ele
está ali segurando a garotinha que você deixou amedrontada — falo entre
dentes e ele sorriu de um jeito maníaco.
— Você vai se arrepender por falar assim comigo. Você deveria ser
meu, mas você acabou estragando tudo Lucca, tudo — Dylan diz entre
dentes. — Eu deveria ter matado aquela velha doente e aquela criança
irritante, assim como eu coloquei uma bala no seu segurança.
— Acho melhor você parar — aviso tentando fazê-lo parar.
— Por que você não atira? Já tem minha arma meu amor, atira! — grita
e eu jogo a arma no chão.
— Não, eu não preciso disso para acabar com você. Desejo fazer isso
um pouco mais brutal.
Assim que eu fecho minha boca vou com tudo para cima de Dylan.
Junto toda a raiva que eu estava guardado desde o momento que eu soube que
ele era um assassino, assassino esse que dormiu comigo na minha cama, que
tentou de todas as formas me fazer aceitá-lo na minha vida. Embarcamos em
uma luta, não poderia imaginar que ele fosse tão rápido, porque a cada soco
que eu tento lhe acertar, o filho da mãe consegue desviar. Mas isso para mim
não é nada! Dylan consegue me acertar uns socos e chutes que me deixa bem
puto. Respiro fundo limpando o sangue que escorre do meu supercílio e vou
com tudo para cima dele.
Observo ele olhar para sua arma que está no chão, e é nesse momento
que consigo acertá-lo com vontade. A minha sequência de socos e pontapés
são rápidos e precisos, acertando em pontos estratégicos para deixá-lo
cambaleando. Aproveito isso mais ainda e o jogo no chão, o barulho forte de
suas costas encontrando o chão me deixa ainda mais energizado. Desfiro soco
e mais soco no seu rosto, ele tenta se livrar de mim, mas eu estou
ensandecido pela fúria quente que está corroendo em mim. Seguro seu cabelo
loiro fazendo-o me encarar.
— Você me seduziu, entrou na minha vida, tentou me matar por
capricho de seu tio, assassinou um filho e pai de família e agora vem mexer
com a família de um homem. — A cada coisa que eu falo eu lhe dou mais
socos no rosto. Dylan consegue sair de baixo de mim e me acerta um chute
no queixo, esse chute faz com que eu caia com tudo no chão, mas não antes
de me trombar em alguns móveis da casa.
— Eu queria você! Eu recusei o trabalho quando te conheci! — diz com
dificuldade, e a dor que eu estou sentindo no meu corpo faz com que eu solte
um gemido.
— Para mim não faz diferença, você ameaçou uma criança — falo com
raiva e ele ri.
— E assim que eu te matar, vou matar a todos eles. Principalmente
aquela criança bocuda e aquele cara que acha que te ama — ele diz de um
modo doentio e aponta a arma que eu tinha jogado no chão na minha direção.
— Seu… — Tento falar, mas ele chutou meu rosto com força e eu acabo
caindo para trás.
— Você poderia ter me amando e nada disso estaria acontecendo. E
agora você vai… — Dois barulhos alto de tiros ecoam pela casa e Dylan olha
para mim sem entender, eu estou me sentindo muito zonzo e posso estar
imaginando coisas. Mas quando vejo filetes de sangue escorrendo pelo canto
da boca de Dylan soube que tinha sido ele o atingido. Ele começa a cuspir
sangue em uma grande quantidade e cai no chão, na direção de meus pés.
— Ele nunca poderia ter te amado, porque o amor dele pertence a mim.
Ele é meu, você e nem ninguém dirá o contrário — Luigi diz de um modo
sério segurando minhas duas armas em suas mãos. — Dio santo! Eu matei
um homem! — Luigi diz de olhos arregalados e sua mão começa a tremer.
— Luigi! — Chamo sua atenção fazendo-o parar de olhar para o corpo
morto de Dylan.
— Miele! Lucca! Você está bem? Eu… eu não pensei. Eu só… eu só
não queria que ele te matasse — Luigi diz tentando se abaixar na minha
frente, mas sinto a sua dificuldade por causa da perna.
— Obrigado, querido! — falo me levantando com um pouco de
dificuldade e o abraço bem forte. Sinto que o corpo de Luigi está tenso. —
Você salvou minha vida. Te amo — falo sentindo a garganta começar a arder.
— Eu não queria ter feito isso, mas eu nunca poderia permitir que ele,
ou qualquer outro o tirasse de mim — diz com o tom de voz abafado.
— E Samantha? — pergunto puxando Luigi para fora desse lugar.
— A deixei no carro com Daren, ela estava assustada dizendo que você
iria se machucar — Luigi diz com uma expressão séria.
— —Vamos sair daqui, meus homens vão cuidar do resto — falo e
encontro com um dos meus homens, ele me fala rapidamente que o reforço
de Dylan, composto por cinco homens bem armados foram pegos de surpresa
e todos estão sendo contidos. Falo que deve chamar a limpeza e pegar as
coisas da senhora O'Brien e de Samantha da casa.
— Viu, eu disse que ele iria te machucar — diz Samantha chorosa assim
que eu abro a porta do carro e a encontro bem encolhida do banco.
— Não se preocupe com isso pequena, ele não vai mais nos fazer mal —
falo entrando no carro e a puxando para mim.
— Ele foi embora? — pergunta olhando para Luigi e para mim
atentamente.
— Sim, ele foi embora e nunca mais nada de ruim vai te acontecer —
Luigi diz e Samantha assenti e começou a mordiscar os lábios.
— Você quer perguntar alguma coisa querida. Vá em frente, pergunte.
— Incentivo e ela me olha por um momento.
— Vovó Tetê disse que você viria para cuidar de mim, mas ela estava
muito chateada e triste para me deixar antes. Você vai cuidar de mim de
verdade? — Essa pergunta me assusta de verdade. Eu olho para Luigi e ele
continua a olhar para Samantha. Ela por mais que seja pequena, dá para se
ver que ela é muito, muito esperta.
— Sim querida, eu vou cuidar de você — falo e olho de lado para Luigi
que assenti.
— Tudo bem, fora minha vovó Tetê eu não tenho mais ninguém — diz
dando de ombros como se não tivesse a idade que tem. Mas do nada ela olha
para baixo e começa a puxar os fios do seu shortinho jeans. — Obrigada por
salvar a mim e a vovó — murmura envergonha e eu sorrio achando-a
incrivelmente fofa por estar envergonha, algo me diz que ela não é de se
sentir assim muitas vezes.
— Não tem o que agradecer, sempre iremos cuidar de você — Luigi diz
com a voz rouca e tenho a plena certeza que ele está tão emocionado quanto
eu.
— Vamos ver como está a sua vovó Tetê — digo fazendo Sam e Luigi
assentir e falo com Daren para seguir para o hospital.
O caminho até o hospital é bem silêncio, Luigi fica bastante pensativo,
mas não larga a mão de Samantha por nada nesse mundo. Acho que esse
momento com Dylan foi aterrorizante não só para a criança, mas para nós
dois também. Sei que mais tarde Luigi e eu teremos uma conversa sobre tudo
isso está acontecendo e tenho certeza que vou ter que deixá-lo saber que
estou muito agradecido por ele ter feito o que fez. Tirar uma vida nunca é
uma coisa fácil, essa foi à primeira morte de meu Luigi e isso não é uma
coisa banal, por isso entendo o que deve estar passando por sua cabeça.
Chegamos ao hospital e posso encontrar logo com Christian. Ele me diz
que a senhora O’Brien está sendo atendida e que logo algum médico virá
conversar comigo. Helena está andando pela recepção e quando nos vê
arregala os olhos e vem na nossa direção.
— Lucca? O que faz aqui? Você está machucado! — pergunta com a
maior cara espantada.
— Não acho que devo estar tão mal assim para você fazer essa cara —
falo sorrindo e ela olha de Luigi para mim.
— Ele está brincando, certo? — pergunta ela a Luigi.
— Ele precisa de cuidados médicos, Helena e se você puder levar esse
cabeça dura eu vou agradecer — Luigi diz e eu o olho de cara feia.
— Eu estou muito bem, não há necessidade disso — resmungo, e é à vez
de uma pequena ousada falar alguma coisa.
— Tem que ir sim! Você está bem machucado — diz Samantha me
olhando de um jeito atrevido e eu mordo os lábios para não rir. Deus, ela é
muito fofa e marrenta!
— Ele é muito teimoso pequena, me ajude aí — Luigi diz de modo
sofrido.
— O que é isso? Complô? — pergunto fazendo a melhor cara de
ofendido.
— Vovó Tetê não gostava quando eu lhe trazia os remédios, mesmo
assim eu batia o pé até ela tomar. Se você me descer do seu colo eu posso
fazer isso também — Samantha fala de cara feia e eu não consigo segurar o
riso, mas ao rir eu começo a urrar de dor.
— Vem cá Sam, deixa Helena levar ele para a emergência — Luigi diz
tirando Samantha do meu colo, e eu me curvo.
— Eu não quero deixar vocês aqui — falo nervoso. Luigi se aproxima
de mim e me dá um beijo na boca de leve e logo após lembramos da presença
de Samantha, mas ela não faz nenhuma reação com o que acabou de ver.
— Pode deixar senhor que eu e Christian cuidaremos deles — Daren diz
com sua voz muito grossa e nesse momento Helena o encara por um tempo e
abaixa a cabeça envergonhada. Olha, parece que a minha amiguinha gostou
do segurança de Lui.
— Você é casado, Daren? — pergunto do nada deixando Helena mais
vermelha e Daren me olha sem entender.
— Não senhor — diz direito me deixando feliz. Começo a cutucar
Helena a deixando muito nervosa. Eu adoro isso.
— Vamos Helena, me leve para esse martírio e depois vamos conversar
sobre o que acha do meu… — Iria falar, mas Helena saí me arrastando.
— Cale a boca Lucca e vamos logo — ela diz se atropelando com as
palavras.
Começo a rir de leve e me deixo ser levado por Helena. O bom de ser ter
um amigo em algum hospital é que eles sempre podem agilizar nosso lado.
Porque com Helena ao meu lado eu logo sou atendido pelo médico que
examina meus ferimentos, ele pergunta o que foi que aconteceu e eu digo que
acabei entrando em uma briga um com ladrão. Não faço ideia se ele
acreditou, mas também isso não me interessa, tudo o que quero é que ele faça
o que tem que fazer e me deixe livre assim que possível.
Estou uma concussão leve, algumas luxações nas minhas costelas e uns
cortes superficiais, nada de grave. Assim que sou medicado e levo alguns
potinhos eu sou liberado. Vou acompanhado por Helena até o lugar que Luigi
e Samantha estão e a cena que vejo me fez parar. Luigi está sentado no sofá
com a cabeça encostada na parede e Samantha deitada sob ele, os dois estão
de olhos fechados. Faço de tudo para não chamar a atenção deles, e quando o
médico aparece para falar sobre a senhora O’Brien eu o levo para outro lugar.
— Como ela está doutor? — pergunto logo e ele respira fundo.
— Não sei se você sabe, mas a senhora O’Brien não está em um quadro
de saúde muito bom. Ela está com uma infecção muito grave, essa infecção já
está tomando boa parte dos seus órgãos — diz ele me deixando bem confuso.
— E o que pode ser feito? Qual o tratamento? — pergunto e ele nega
com a cabeça.
— Não poderá ser feito mais nada, senhor. Seu corpo já está bem fraco e
a infecção está generalizada. Sinto muito, mas ela não tem muito tempo de
vida — o médico diz e eu automaticamente viro meus olhos para onde
Samantha e Luigi estão. Luigi abre os olhos e acho que eu estou fazendo uma
cara de derrotado porque ele me dá força com o olhar.
— Tem certeza? Tem certeza que não poderá fazer mais nada —
pergunto novamente e ele somente nega.
— Ela deseja te ver. Mas o senhor só poderá ficar por pouco tempo, ela
está medicada e logo dormirá — fala ele e eu assenti.
Caminhamos até o quarto em que a senhora O’Brien está. Assim que eu
entro vejo a sua figura fragilizada deitada na cama e ao seu lado está um
enfermeiro, o médico fala alguma coisa, que eu não ouço direito e logo em
seguida sai. Me aproximo da cama e assim que ela sente minha presença abre
os olhos.
— Eu preciso que você me perdoe por culpá-lo da morte de meu Scott
— fala senhora O'Brien e eu nego com a cabeça.
— Não tenho nada com que perdoar a senhora, entendo perfeitamente
— falo em um tom baixo e ela levanta a mão para que eu possa pegar.
— Não, eu sabia que era esse o trabalho de meu filho, ele sempre teve a
tendência de proteger os outros. E para ele se pôr na sua frente tenho certeza
que foi porque você é um bom homem — diz e eu me sinto estupidamente
envergonhado.
— Eu sinto muito por isso, ele não deveria ter feito o que fez — falo
sentindo minha garganta formar um nó.
— Não diga isso, eu também deveria me desculpar por não ter deixado
você se aproximar de nós. Samantha precisa de alguém para cuidar dela, a
pobrezinha cuidou muito de mim — diz com os olhos cheios de lágrimas não
derramadas.
— Eu cuidarei dela, eu prometo — falo com dificuldade.
— Dê uma família a ela, seja um pai para minha garotinha. O pai dela se
foi, a mãe nunca quis saber de sua existência e logo eu partirei também — diz
ela com firmeza e eu assenti. — Ela é doce, mas tem um gênio forte — fala
sorrindo um pouco.
— Eu cuidarei dela, a darei um lar cheio de pessoas que irão amá-la
demais — falo em um tom mais firme e ela sorri.
— Então agora eu posso morrer feliz, sabendo que Samantha não irá
ficar desamparada. Quero que você chame um advogado para que eu possa
passar a guarda dela para você e seu parceiro — senhora O'Brien diz me
espantando.
— Senhora… — Ela me interrompe imediatamente.
— Me chame de Teresa, não perca mais tempo meu jovem. Eu sei que
não vou durar por muito tempo — diz um pouco mais sonolenta.
— Samantha será minha para proteger e amar. Essa foi à promessa que
fiz a Scott e a que estou fazendo para você agora — falo e sinto uma lágrima
escorrer do meu olho.
— Eu já conversei com ela e pode ter certeza que ela irá aceitar você —
diz meio adormecida e solta minha mão.
— Durma, senhora O'Brien — sussurro e ela adormece logo em seguida.
Saio do quarto dela sentindo meu coração apertado. Sinto-me mal por
não poder fazer nada pela sua saúde, ela me parece ser uma pessoa honrada.
Entendo que naquele momento em que ela não me deixava aproximar era
pela dolorosa lembrança da morte de seu filho. Chego até onde Luigi está
sentado ainda com uma adormecida Samantha no colo e me sento ao seu
lado.
— Como ela está? — pergunta e eu nego com a cabeça.
— Ela pediu para que eu seja um pai para essa garotinha — falo
pegando um cacho do cabelo macio de Sam com os dedos.
— Então será isso que iremos fazer. Vamos cuidar e amar essa pequena
— Luigi diz me surpreendendo.
— Tem certeza? Olha, eu não quero que você se sinta obrigado a nada
— falo rapidamente e ele me olha com carinho.
— Faço porque eu quero e porque eu nunca deixaria você fazer nada
sozinho. Você acolheu o meu bebê, que agora é nosso bebê, e agora estou
acolhendo a nossa garotinha — diz Luigi me enchendo de amor.
— Obrigado, eu te amo demais — falo me sentindo bem.
— Não mais que eu, pode apostar — ele diz sorrindo de lado.
Deus, como eu amo esse homem, ainda mais agora que nossa família
está crescendo.
Acordo mais uma vez sozinho, durante esses dias acordar sozinho para
mim já virou uma coisa normal. Claro que eu adoraria acordar sentindo o
corpo quente de Lucca ao meu lado, mas tem uma pequena garotinha que
precisa da nossa atenção. Sim, Samantha está morando conosco há alguns
dias, e durante a noite ela sempre acorda gritando de medo pelos pesadelos
que vem tendo. Quando isso acontece nós sempre acordamos e vamos
acalmá-la, mas Lucca tem um coração tão grande que depois ele sempre
acaba ficando por mais tempo com ela.
Não está sendo fácil lidar com o que aconteceu com aquele desgraçado
ou com a doença da avó de Sam. Fico sempre pensando em como eu peguei
aquelas duas armas e atirei naquele homem, a cena fica se repetindo na minha
cabeça por várias e várias vezes, mas eu não posso dizer que me arrependo,
por que se eu não tivesse feito aquilo poderia ter sido o homem que eu amo.
Não quero nem imaginar que eu poderia estar enterrando Lucca por não
conseguir ter a coragem de matar um homem sem escrúpulos como Dylan.
Não, mataria novamente qualquer pessoa sem pestanejar se estiver colocando
Lucca e a minha família em perigo.
Hoje eu consigo compreender muito bem a família Aandreozzi. Eles
protegem os seus e isso é louvável, antes eu não tinha a total percepção das
coisas que eles enfrentam, tendo que lidar com pessoas que os odeiam e
permanecer unidos e amando uns aos outros. Quero ser digno para poder
continuar fazendo parte dessa família e eu vou ser. Protegerei a minha família
a qualquer porra de custo. Falando em família, me levanto da cama, escovo
os dentes, toco de roupa e vou até o quarto provisório que arranjamos para
Samantha.
Ando pelo corredor já arrumado para mais uma sessão da fisioterapia,
ainda continuo a usar essa bengala maldita e espero que logo, logo eu possa
deixar de usar essa porcaria. Sinto muita dor na perna, muita das vezes e sei
que se eu continuar com as sessões de Carlos eu vou poder melhorar
consideravelmente.
Chego até o quarto onde sei que eles estão, fico na porta dando uma
averiguada. Lucca está deitado dormindo pacificamente com Samantha ao
seu lado praticamente com os pés em cima da barriga dele, descobrir de
modo muito doloroso que essa pequena criatura tem um mal dormir
miserável e é por esse motivo que eu não posso dormir com ela. A danadinha
me chutou dolorosamente na perna quando me aventurei na outra noite. Não
podemos esquecer de Loki, que não larga Samantha de jeito nenhum. Me
pego rindo ao lembrar dos três correndo por todo o apartamento enquanto
brincavam. Eu realmente estou adorando a vinda dessa garotinha para cá.
Saio da porta do quarto e vou até a área da academia me encontrar com
Carlos para mais uma sessão da morte. É incrível a capacidade de Carlos tem
de sempre, sempre estar com um sorriso de merda no rosto. Caspita! Isso me
irrita em algumas manhãs.
— Bom dia, Luigi. Pronto para mais uma? — pergunta com sua calça e
blusa branca.
— Para quê essa felicidade? — resmungo fazendo-o rir.
— Anime-se Luigi, hoje os exercícios serão mais leves — Carlos fala e
eu reviro os olhos.
— A última vez que você falou isso eu quase morri de uma puta dor —
falo com uma carranca e ele nega com cabeça.
— Você que é um grande reclamão — Carlos diz de graça.
— Tenho que concordar com você. — Ouço a voz rouca e sonolenta de
Lucca e isso me faz rir. — Bom dia Carlos!
— Bom dia Lucca — responde Carlos prontamente com um sorriso
fácil. Deus, esse homem nunca para de sorri?
— O que faz aqui, querido? — pergunto virando para te encarar.
— Acordei e vim te ver. Desculpe-me por não estar lá na cama de novo
— Lucca fala sem jeito e eu rio.
— Não se preocupe com isso, se eu pudesse estaria dormindo com vocês
também. Como está a marrentinha? — pergunto e seus olhos começaram a
brilhar.
— Ela ainda está dormindo com Loki — diz e vem me abraçar.
— Temos que sair hoje e comprar as coisas para o quarto dela e do bebê.
E ir visitar a vovó Tetê — Lucca diz se aninhando a mim.
— Você tem certeza que quer pintar o quarto das meninas? Podemos
chamar alguém para fazer esse trabalho — falo e ele nega rapidamente.
— Não, eu quero fazer isso, nós vamos fazer isso, que tipo de pais
seremos nós se não montarmos o quarto das meninas? — Lucca pergunta
com indignação.
— Seremos pais que não sabem fazer isso e pronto — falo e ele respira
fundo.
— Você às vezes não ajuda Pierri — ele diz e me beija logo em seguida.
Carlos começa a me indicar quais exercícios vamos começar a fazer e eu
observo atenciosamente. Comecei os meus exercícios sob os olhos atentos de
Lucca e para não me sentir envergonhado começo a puxar assunto.
— Já contou para os seus pais e irmãos a grande novidade? — pergunto
e ele mordeu os lábios negando. — Lucca! Sério? Eu não falei ainda porque
você diz que queria contar.
— Eu sei! Porra eu sei, Lui! Eu só queria ter um tempinho a sós para
nós dois a conhecermos. Você vai ver, assim que eu contar que vamos adotar
Samantha o batalhão inteiro vai estar aqui em casa. Eu mesmo, quando
Filippo e Luti adotaram os ursinhos não queria mais largar eles. Só queria
poder conhecer ela mais um pouco — diz Lucca e eu entendo perfeitamente.
— Eu sei, ela é tão esperta. Como é que ela consegue ter uma resposta
para tudo. E fora que é linda — digo lembrando de Samantha e quando ela
está querendo falar alguma coisa sempre coloca a mão na cintura de um
modo tão sério que me deixa totalmente caído de amor. Ela está conseguindo
me deixar um bobão.
— Sim, ela é incrível — Lucca diz de modo sonhador e Carlos dá uma
risadinha.
— Vocês dois estão falando como qualquer pai que tem admiração pelos
seus filhos — meu fisioterapeuta fala chamando minha atenção e até de
Lucca.
— Você tem filho Carlos? — Lucca pergunta e ele assenti.
— Sim, minha Karen e eu temos três pestinhas, mas são os três
pestinhas que eu não trocava por nada nesse mundo — Carlos diz com um
sorriso doce desenhando seus lábios.
— Não vejo minha vida sem Sam e o bebê que vai nascer — Lucca
confessa e eu assenti
— Posso imaginar, todo esse amor é tão surreal e nós só a conhecemos
há poucos dias — falo espantado e Carlos balança a cabeça.
— O amor entre um pai e um filho é algo que não podemos explicar. É
tão puro e verdadeiro, queremos sempre proteger e cuidar para que nada o
aconteça. É simplesmente inexplicável — Carlos diz e eu olho para Lucca
que sorri para mim. Só por ver esse sorriso terno de meu Lucca me faz ter a
certeza que é com ele que eu pretendo ter tudo.
— Você diz a mais pura verdade — —Lucca diz e eu assenti.
— Sim, mas agora nada de conversas. Vamos nos concentrar aqui Luigi
— Carlos diz me incentivando mais nos exercícios.
— Eu preciso de um cigarro! — praguejo e Lucca me olha com a
sobrancelha arqueada.
— Você sabe que agora tem criança e mais uma que vai nascer, certo?
— pergunta Lucca e eu reviro os olhos.
— Eu sei! Desde que eu saí do hospital eu não fumo, é só modo de dizer
— falo contra vontade e Lucca ri.
— Sou mais você, Lui. Nada de fumar! — ele diz em torcida e eu não
posso deixar de rir.
— Você sabe que está sendo ridículo? — pergunto e ele dá de ombros.
— Estou aqui na torcida isso é que importa, você é muito reclamão —
resmunga Lucca virando para sair.
— Aonde vai? — pergunto e ele vira com um sorriso de lado.
— Vou tentar expulsar Maguinha da cozinha para eu poder fazer
panquecas para o mais novo membro da família — ele diz me fazer sorrir.
— E a empresa? — pergunto e faço cara feia para Carlos que me faz
sentir dor nesse momento.
— Eu tenho uma assistente muito competente lá e ainda vamos fazer
comprar para os quartos novos das meninas. Caspita! Às vezes eu acho que
saio demais com mamma e nonna. — Lucca estremece me fazendo gargalhar.
— Como você diz quando não quer ir trabalhar? — pergunto ele ficou
pensativo por um momento e depois abre um sorriso conhecedor. — Foda-se
ternos! — dissemos ao mesmo tempo e depois de rirmos, ele sai logo em
seguida.
— Você o ama não é verdade? — Carlos pergunta e eu afirmo.
— Você não faz ideia do quanto, se não fosse por ele e sua família eu
não saberia nunca o que seria ter uma família de verdade — falo de modo
sério e meu fisioterapeuta assenti com seu sorriso estúpido na cara.
Continuamos com a nossa sessão e eu já estou soando muito por todo
esforço que eu estou fazendo, mas para que a minha perna melhore eu faço
qualquer coisa. Não importa o quão doloroso seja, eu ainda tenho muita
intenção de jogar uma partida de basquete com meus amigos. Sim, eu amo
jogar basquete e me sentiria muito chateado se por causa da minha perna eu
não conseguisse mais fazer isso, mas pelo que Carlos sempre fala, se eu
continuar a me empenhar logo, logo minha perna vai ficar melhor.
Terminamos com todos os exercícios, sendo assim eu me despeço do
meu fisioterapeuta e sigo para tomar um banho. Ao passar pela sala eu posso
ouvir risadas vindo da cozinha e isso me faz sorrir também, pois eu sei muito
bem quem está fazendo toda a festa. É tão bom ficar nesse clima leve, sem
nos preocupar com nada além de nós é a adaptação de Samantha conosco.
Quero muito ir à cozinha ver como anda as coisas por lá, mas decido que é
melhor tomar um banho, quando eu estou andando em direção ao quarto vejo
uma bola de pelo vindo em minha direção com o focinho sujo de branco, me
abaixo e pego Loki no colo.
— O que vocês estão aprontando lá na cozinha? — pergunto curioso
coçando a orelha do filhote e recebendo uma lambida no rosto. Percebo que
ele está todo sujo de farinha de trigo. Que bagunça!
— Vou tomar um banho e já vou lá, rapaz. — Brinco soltando o filhote
no chão que correu como se fosse um fugitivo da polícia.
Balanço a cabeça negativamente e vou para o meu quarto e de Lucca.
Encho a banheira e vou tirando minha roupa, enquanto a banheira enche pego
meu celular é vejo algumas mensagens, a primeira é de Iago me dizendo que
ele e César ainda estão esperando o meu convite para alguma festa aqui em
Chicago, ao ler a mensagem não posso deixar de rir. A segunda mensagem é
de Giovanna dizendo que logo está voltando e que ela e a bebê estão bem. A
terceira é no grupo da família Aandreozzi, onde Lucca diz que tem uma
surpresa para todos e está convocando todos para virem aqui sem falta. Já
posso até imaginar a agitação dessa família ao conhecer Samantha.
Tomo meu banho rápido, coloco uma calça jeans simples, camiseta
qualquer e sem colocar sapato algum saio do quarto na intenção de ir até a
cozinha. Chego lá e sou logo recepcionado pelo sorriso pequeno de Sam que
está sentada no balcão vendo Lucca atentamente virando as panquecas. Vou
até ela e dou um beijo na testa de bom dia.
— Bom dia Sam, dormiu bem? — pergunto e ela afirma.
— Eu é que levei um chute no estômago, essa criatura não para quieta
— resmunga Lucca e Sam cruza os braços.
— Ninguém te convidou, ele fica dizendo que gosta de dormir comigo
— diz ela colocando a mão na cintura.
— Alguém já diz que a senhorita é a dona da verdade? — Lucca
pergunta se aproximando para encher Sam de beijos.
— Soube por fontes seguras que uma menina aí gosta muito de comer
panquecas. Quem será? — pergunto de modo fingido arrancando um sorriso
grande de Samantha que levanta a mão.
— Eu! Minha comida de café da manhã favorita de todos os tempos,
meu papai… — A empolgação dela morreu e uma máscara de tristeza toma
conta de seu rostinho.
— Seu pai fazia suas panquecas? Nossa eu realmente espero que a
minha possa ser tão boa quanto às dele — Lucca diz balançando a cabeça e
Sam afirma.
— Não fale nada para ele, querida, mas Lucca é um ótimo cozinheiro —
falo em forma de segredo e ela assenti.
— Quem te ensinou a cozinhar? — Sam pergunta a Lucca que abre um
sorriso.
— Minha nonna e mamma! — diz ele e ela o olhou sem entender. —
Isso significa mamãe e vovó, elas me ensinaram a cozinhar. Tenho certeza
que quando eu falar com elas sobre você, vão aparecer aqui em dois tempos.
— Será que… — Samantha ia falar mais nega com a cabeça.
— Pode falar, querida. — A incentivo a falar.
— Será que elas vão gostar de mim? — Sam pergunta e eu sinto meu
coração apertar. Lucca automaticamente desliga o fogão e vem até nós.
— Toda a nossa família vai amar você, Sam. Eu sei que nunca vamos
poder tomar o lugar que Scott tinha na sua vida, mas adoraríamos que você se
sentisse parte da família, porque você já pertence a ela. Eu, Luigi e todo o
resto da família vamos te amar e te proteger sempre — Lucca fala em um tom
baixo sem desviar a olhos de Sam.
— Vovó Tetê, também? — pergunta e Lucca me olhou de um modo
triste, sei bem o que ele deve estar sentindo. A senhora O’Brien não vai poder
resistir por muito tempo e a pequena Samantha nem sabe disso. É de cortar o
coração.
— Claro, a vovó Tetê também! Você ainda vai ganhar outra vovó, ela é
muito, muito boa. E vai te amar muito — falo e ela volta seu olhar para
minha direção.
— Sim, e ainda tem dois primos para fazer várias aventuras. Nossa isso
aqui vai ser uma loucura — Lucca diz gostando da ideia, ele adora ter a
família por perto e tenho que confessar que eu também.
— Se é assim, eu acho que vou ser muito feliz — responde de um jeito
atrevido e fofo.
— Luigi, você sabia que essa marrentinha tem aula de dança? — Lucca
fala após dar um beijo na bochecha de Sam.
— Sério? Você faz o quê? Balé? — pergunto e Sam faz uma grande
careta quando eu falo o nome balé.
— Não, eu faço hip hop! Não gosto de usar aquelas roupas coladas —
ela diz com uma careta engraçada.
— Não vejo a hora de vê-la dançando — Lucca fala e Sam olha para
mim espantada.
— Não! Por favor, não! — súplica me fazendo rir.
— Sim! — Lucca e eu respondemos juntos, fazendo a pequena menina
nos olhar de cara feia.
Vamos comer as panquecas quentinhas e muito deliciosas que Lucca
fez. Passamos o tempo todo do nosso café conversando animadamente, eu
realmente já estou imaginando como as mulheres Aandreozzi vão ficar
enlouquecidas com Samantha, ela é muito esperta e inteligente. Depois do
café da manhã vamos nos arrumar para sair, Sam continua com vergonha de
nós, então pedimos a senhora Adams para lhe ajudar. Pouco tempo depois
Sam aparece vestida de short jeans, blusa branca com uns desenhos na frente,
tênis branco e boné. Lucca está praticamente do mesmo jeito, mas ele está de
calça jeans e uma camisa do Batman e um boné preto. Deus, eu estou tão
fodido com esses dois, eles se vestem muito parecidos. Eu somente coloque
uma jaqueta e meus sapatos.
Após alguns resmungos meus saímos de casa e vamos direto para o
shopping. Lucca diz que o enxoval do bebê ficou por conta da sua mãe, e ele
não é louco de se meter, pois ele poderia tomar umas porradas. Mesmo assim
compramos algumas coisas tanto para Sam quanto para o bebê. Lucca está
feliz e vê-lo feliz me deixa muito feliz, ele está adorando ter Samantha ao
nosso lado. É engraçado como ele consegue provocá-la para que ela fique
reclamando dele para mim, o bico zangado que ela faz é a melhor parte.
Esse clima gostoso de estar ao lado de uma família minha é fora de
sério, eu não sou muito de ficar pensando no bebê que Gio está carregando,
mas agora estou ansioso para que ela nasça logo para compartilhar esses
momentos conosco. Eu nunca tive isso, eu nunca vivi isso, e irei fazer com
que minhas filhas queiram estar sempre comigo. Merda! Eu agora tenho duas
filhas? Filhas, no plural? Estou fodido!
Finalmente Lucca desiste da ridícula ideia de querer arrumar o quarto
das meninas, tudo isso porque uma atendente lhe diz que conhece a melhor
designer de interiores para quartos infantis aqui de Chicago. E para minha
felicidade ele gostou do que a mulher lhe disse, óbvio que ele está tão
interessado no assunto que não percebe os avanços da mulher para ele, mas
eu percebi e deixei bem claro a quem ele pertence e não foi só eu que não
gostou, Sam também não gostou nada disso. Saímos do shopping após o
almoço e agora estamos na escola de dança onde Sam toma aulas
conversando com o seu professor.
— Desculpe senhor, mas Sam não poderá participar dessa apresentação
porque ela ficou um tempo sem vir. As mensalidades estão bem atrasadas —
diz Dom, professor de Sam a deixando cabisbaixa. Nós sabemos que ela não
estava vindo porque estava com sua avó doente, mas mesmo Lucca
explicando parece que ele não aceita.
— Já dizmos o que estava acontecendo e você pode muito bem ver se
ela pode ou não depois de averiguá-la — Lucca diz em um tom sério e o
professor morde os lábios ainda negando. — Dinheiro para nós não é o
problema.
— Vai desestruturar a minha coreografia, não posso aceitar. Ela pode
voltar após o recesso — ele diz e eu posso ouvir os dentes de Lucca ranger.
Opa, isso não vai ser legal.
— Sam, vai lá conversar com seus amiguinhos — falo e ela assenti
rapidamente e vai correndo até um grupo de meninos e meninas. Um menino
vem todo em abraços e eu não gosto nada disso, mas antes que eu fale
alguma coisa Lucca se pronuncia.
— Ei moleque! Tira suas mãos de cima de minha garotinha. Ela não é
para ser tocada — Lucca diz fazendo o menino se afastar de Sam como se ela
estivesse pegando fogo e eu gostei disso. Nada de aproximação!
— Senhor, são só crianças! — o professor diz de modo assustado.
— Não me importo! Só me importo com uma coisa que você deixe a
nossa menina provar que ele está adepta a essa porcaria de apresentação. Ela
quer isso, ela diz o que quer e eu consigo — Lucca fala entre dentes.
— Vocês não são nada de Samantha para chegar aqui e dizer o que eu
tenho que fazer — o professor otário resmunga.
— É aí que você se engana, vamos começar o nosso processo de adoção.
Por tanto ela já é nossa filha e foda-se se você acha que é de modo diferente
— Lucca diz irritado. — Estava pensando em fazer uma reforma nesse lugar,
fazer umas doações, sabe, mas não sei. Acho que vou levar Sam para outra
escola de dança. O que acha Luigi? — Lucca fala passando o olho por todo o
lugar com olhar crítico.
— Sim, a nossa empresa pode muito bem fazer isso — falo com
indiferença e posso ver o semblante do professor mudar radicalmente.
— Não se preocupe senhores, não há porque tirar a Samantha da escola.
Tudo será resolvido, ela pode vir para aula normalmente — o professor diz
mais alegre.
— É isso que eu queria ouvir de você. Até mais professor — falo e vejo
Lucca chamar Sam para irmos. Essa escola realmente está precisando de uma
bela reforma e Lucca para não deixar Sam sem fazer o que ela tanto gosta
será realmente capaz de ajudar o lugar, mesmo o professor sendo um
interesseiro.
— Sugiro que você corra Sam! — Lucca diz enquanto andamos.
— Por quê? — Sam pergunta e Lucca a olha com suspense.
— Porque se eu te pegar vou fazer um monte de cócegas em você —
Lucca diz fazendo-a arregalar os olhos.
— Você não faria isso — Samantha diz em desafio.
— Sim, ele faria, acho melhor você correr — falo sorrindo e observo
Samantha sair correndo com Lucca logo atrás. Vendo essa cena me sinto
relaxado.
Finalmente eu posso voltar para a empresa. Não aguentava mais ficar
enfurnado dentro de casa, desde que saí do hospital eu tenho essa necessidade
de voltar a trabalhar. Por isso hoje eu acordei cedo, fiz minha sessão de
fisioterapia com Carlos, me arrumei e vim para a empresa. Lucca vai vir mais
tarde porque ele está esperando seus pais chegarem, ele disse que prefere
conversar um pouco com eles antes de vir ao trabalho. Temos uma reunião
importante mais tarde.
Lucca queria me fazer ficar mais um pouco em casa, mas assim que eu
lhe encarei cansado sobre essa proteção absurda dele e ele não me fala mais
nada. Gosto de estar trabalhando, gosto de me sentir útil, ficar em casa
olhando para o nada não é comigo. Passo a manhã inteira no escritório,
chamo minha secretária algumas vezes para pregar alguns documentos e me
perco no tempo. Olho no relógio e vejo que daqui há uma hora Lucca deve
me ligar para saber se vou almoçar em casa. Acho melhor, já que Sam está
agora conosco e ainda estamos em fase de adaptação. Uma batida na porta
chama minha atenção.
— Entre! — falo sem tirar os olhos dos papéis na minha mesa.
— Desculpe incomodar senhor, mas tem dois homens aqui querendo
falar com o senhor — minha secretária diz e eu a olho sem entender.
— Eles têm hora marcada? Será que esquecemos alguma reunião? —
pergunto a ela que me olha sem jeito.
— Não, não há nenhuma reunião marcada. Eles disseram que são da
família — fala e eu penso por um momento e digo para ela deixá-los entrar,
sejam lá quem for.
Minha secretária assenti e sai por um momento, fico imaginando quem
será está querendo falar comigo. Só espero que não seja minha mãe ou
Matteo, porque eu não estou com a mínima vontade de ouvir as sandices que
saem das suas bocas. Eu já deixei bem claro que não quero mais nenhum tipo
de aproximação com ela. Mas as pessoas que entram no meu escritório estão
longe de ser minha mãe ou Matteo. Bem de frente para mim, me olhando
com sua expressão sempre séria e silenciosa está meu pai. Sim, eu não estou
alucinando, meu pai está aqui e acompanhado de meu tio Sávio.
— Luigi! Que bom te ver meu sobrinho, estive sentindo saudades — diz
meu tio com simpatia na voz e seu sotaque romano inconfundível.
— Tio? O que faz por aqui? — falo depois de desviar meu olhar do meu
pai.
— Bem, sabe como é né… — meu tio diz coçando a nuca.
— Ele veio para me fazer companhia, Luigi — meu pai fala com sua
voz imponente chamando minha atenção.
— Está aqui a negócios pai? Não sabia que tinha negócios em Chicago
— falo formalmente porque nunca soube como me comportar na frente de
meu pai. Ele sempre foi muito indiferente a mim, nunca foi um pai de
verdade, sempre distante e intocável.
— Meus assuntos aqui são particulares, gostaria de conversar com você
— diz meu pai e eu olho para meu tio que assenti.
— Nunca tivemos assunto para conversar — falo sério tentando passar
uma imagem desinteressada.
— Vou ser direto, quero conversar com você sobre nós e sobre
Giovanna — meu pai diz me fazendo cerrar os olhos na sua direção.
— Giovanna? Se for para falar sobre o casamento isso não vai acontecer
— falo e ele nega sem esboçar nenhuma reação.
— Nunca quis esse casamento, primeiro porque eu sou apaixonado por
Giovanna e nós tínhamos um caso a um tempo atrás antes de sua mãe
descobrir e fazer um inferno — meu pai diz irritado e meus olhos se
arregalam de pura surpresa. Como assim? Que diabos é isso?
— Você está dizendo que tinha um caso com Giovanna? — pergunto e
assim que fecho à boca a porta da minha sala é aberta.
— Olha só amor quem chegou de viagem com meus pais, viemos te
buscar para o almoço — —Lucca diz todo sorridente entrando com Samantha
e Giovanna. — Sinto muito, não sabia que estava em reunião.
Lucca se situa que estou acompanhando e pede desculpas. Mas o que me
chama a atenção é a cara espantada de Giovanna olhando para meu pai, e
meu pai também não consegue desviar o olhar sobre ela. Giovanna segura à
mão de Lucca com força e ela olha para ele em sofrimento. Não sei como,
mas Lucca entendi o que ela está tentando dizer e faz a maior cara de
surpreso. Que porra é essa aqui? Lucca sabe? Oh meu Deus, Lucca sabe!
— Pelo visto só eu é que acabei de saber que a mãe da minha filha teve
um caso com o meu pai — falo com ódio, olhando para todos os presentes na
minha sala. Esse dia está ficando muito, muito fodido.
Olho de meu pai para Giovanna e não posso acreditar em tudo o que eu
acabei de ouvir. Como eu não fiquei sabendo que eles tinham um caso? Deus,
meu pai tem idade para ser pai dela! Não que eu tenha preconceito ou algo do
tipo, mas infelizmente é a primeira coisa que me vem na cabeça nesse
momento. Meu pai continua sendo um homem bonito, nós temos a mesma
altura, seu corpo é forte e magro de um jeito que não tem nenhuma
barriguinha que os homens têm quando chega a certa idade, seu rosto sempre
sério de mandíbulas fortes, somos um pouco parecidos, à única diferença é
que seus olhos são verdes escuros e os meus são castanhos claros.
Ele é um homem que tem grandes atributos assim como meu tio Sávio, a
diferença entre meu tio Sávio e meu pai é que os olhos são mais claros e sua
expressão facial é mais leve e descontraída. Mas agora não é hora de
questionamentos, tem uma pessoinha aqui que veio especificamente para ter
minha atenção e é com ela que eu devo falar nesse momento.
— Ei, vem aqui querida. — Desvio meu olhar para essas pessoas que
estão aqui e foco em Samantha. Ela vem até mim meio receosa e me dá um
abraço.
— Você vai almoçar com a gente? Vovó Arianna e bisa estão aqui nos
esperando. Elas são muito legais e vovó Don também — Sam sussurra no
meu ouvido e eu tenho que forçar um sorriso para não mostrar o quanto estou
puto para ela.
— Você conheceu seus avós? Nossa que legal! — falo tentando o
máximo parecer descontraído.
— Sim, a vovó Arianna chegou a chorar quando me conheceu. Eu achei
que tinha a deixado triste — Sam fala e eu nego.
— Não querida, tenho certeza que ela ficou feliz e emocionada quando
viu a menina linda e especial que você é — respondo a deixando feliz e
percebo que os olhares de todos estão pesados em cima de mim, mas eu não
me importo.
— Agora vou precisar que você fique com a minha secretária, ela vai
levar você para almoçar com os pais de Lucca. Tudo bem? — digo e ela
franze o cenho.
— Você não vem? — pergunta curiosa e eu nego.
— Não agora, mas logo nós vamos. Agora vá! — falo e ela assenti. Ela
sai dos meus braços e vai na direção de Lucca, eles falaram alguma coisa que
eu não ouço e logo ela está saindo do meu escritório com minha secretária.
— Quem é essa garotinha? — tio Sávio perguntou curioso.
— Nossa filha — falo sério apontando entre mim e Lucca.
— Você não apresentou seu pai a sua filha — diz meu pai e eu solto
uma risada incrédula.
— Que pai? Que porra de pai? Você nunca foi um pai para mim. Não
venha me dizer para apresentar a minha garotinha a você, sendo que eu
mesmo não o conheço. — Explodo com raiva e ele continuou a me olhar sem
esboçar nenhuma reação.
— Eu vim aqui para conversarmos e nos acertar. E não vou aceitar você
falar desse... — Meu pai começou a falar, mas eu interrompi.
— Você não tem que aceitar ou deixar de aceitar nada — falo com
arrogância e ouço um suspiro alto.
— Amor, acho que você deveria se acalmar um pouco — Lucca diz e eu
cerro meus olhos na sua direção.
— Você sabia, não é? Você sabia deles dois e não me disse nada —
afirmo e ele vem se aproximar, mas eu levanto a mão impedindo que ele
viesse até a mim.
— Luigi? — Lucca pergunta e eu nego.
— Eu ainda estou esperando saber o porquê de somente eu não estar
sabendo sobre esse envolvimento entre vocês — falo apontando entre
Giovanna e meu pai tentando parecer indiferente, mas está impossível.
— Luigi eu posso explicar tudo a você — Giovanna diz nervosa e eu
assenti seriamente.
— Você tem que saber que eu amo Giovanna e que eu queria muito me
acertar com ela — meu pai fala e Giovanna arregala os olhos.
— Você não me ama, isso que nós tínhamos não era amor. Você queria
me controlar, eu perdi uma parte de minha vida sendo enganada por você —
Giovanna fala irritada e Lucca segura seu ombro pedindo para que ela se
acalme.
— Gio, não se exalte tanto pense no bebê, sim? — Lucca murmurou e
Giovanna assenti.
— O bebê é… — iria perguntar, mas Lucca me olhou irritado.
— Não faça essa pergunta idiota, Luigi. Você sabe muito bem que ela
não mentiria a você sobre isso — Lucca diz com firmeza e eu respiro
aliviado.
— Posso perguntar sim! Claro que posso, quero saber o que mais vocês
esconderam de mim — respondo indignado.
— Não fale assim, por favor. Eu posso te garantir que a bebê é sua filha
— Giovanna diz chorando e eu respiro fundo.
— Por que não nos sentamos? Será melhor ter uma conversa calma e
franca — tio Sávio diz e todos concordaram. Meu tio se vira com simpatia
para Lucca. — Você deve ser o homem que arrebatou o coração de meu
sobrinho, é um prazer te conhecer — meu tio diz apertando a mão de Lucca.
— O prazer é todo meu, Luigi sempre fala muito bem de você. — Lucca
dá um breve sorriso e vira para me encarar.
— Eu preciso falar com você tudo o que eu não tinha contado e peço
para que me deixem falar sem interrupções — pede Giovanna cabisbaixa.
Quando todos nós sentamos Giovanna é a primeira a falar. Ela conta
quando e como conheceu meu pai, como ela não sabia que ele era um homem
casado e ainda por cima amigo dos pais dela. O que mais me impressionou
foi o modo que ela retratou do jeito que era o relacionamento deles dois, a
cada coisa que ela dizia eu olhava para o meu pai, que permanece calado o
tempo todo, sem acreditar. O homem que Giovanna retrata não é o mesmo
homem que eu sempre conheci. Nunca vi meu pai demonstrar que gostava de
alguma coisa na vida que não seja a empresa.
Consigo entender perfeitamente tudo o que ela passou, Giovanna foi
ingênua e muito submissa às vontades e desejos do meu pai, não posso
imaginar o que ela deve ter passado com Gianella, quando ela descobriu o
caso dos dois. Nunca vi que no relacionamento deles dois poderia ser outra
coisa a não ser interesse. Tudo o que minha mãe gosta é de exibir o poder que
ela pode ter, e outra mulher na jogada poderia acabar com a vida luxuosa de
socialite que ela tem, então eu tenho certeza que minha mãe nunca iria deixar
esse caso do meu pai com a mulher mais jovem passar.
Lembro quando eu era mais novo e que a minha mãe tinha me deixando
sem comer, para poder aprender alguma lição de merda que ela sempre
inventava, e eu cheguei chorando no escritório de meu pai, pedindo para que
ele intercedesse por mim. E sabe o que ele fez? Meu pai se levantou da porra
de sua cadeira, pegou minha mão e ele levou porta a fora, se trancando logo
em seguida. Esse dia e muitos outros dias de merda que eu vivi com meus
pais nunca saíram de minha memória.
— Eu juro que não sabia que ele era casado, que você era filho dele. Na
verdade eu só te conheci no dia da festa e eu estava tão bêbada e triste com
tudo o que estava acontecendo na minha vida que passei a noite com você.
Sinto muito Luigi, eu tentei várias vezes sentar com você e conversar, mas
não tive coragem de falar e não falar com você estava me deixando muito
mal. Você é um bom homem e um ótimo amigo — Giovanna diz olhando nos
meus olhos e a tristeza e vergonha no seu olhar é nítida.
— E você? — Olho para Lucca. — Por que você não me contou? Pensei
que fôssemos uma equipe — falo e ele me olha irritado.
— Sim, somos uma equipe, porra! Mas essa história não era minha para
contar, além do mais você esteve internado, foram todas merdas do caralho
que aconteceram que não tinha chegado o momento para Gio conversa com
você — ele fala vindo à minha direção e vira minha cadeira de modo que ele
fica entre minhas pernas. — Entenda que eu queria te contar, mas não tinha
surgido o momento oportuno — Lucca diz tentando ficar mais calmo e eu me
irrito. Levantei-me da cadeira e me afasto dele.
— Nunca há um momento certo para esse tipo de conversa. Meu pai
além de ser um péssimo pai é um canalha — resmungo e vou até a minha
grande janela, olho a cidade de Chicago e sem pensar duas vezes pego a
minha carteira de cigarros, coloco um entre os lábios e acendo.
— Eu admito que fiz muitas coisas erradas nessa vida, mas eu vim
preparado para poder me redimir com você e com Giovanna — meu pai diz e
após eu jogar a fumaça fora não posso deixar de rir.
— Se redimir? Sério? — pergunto dando uma risada sem graça. — Não
posso falar por Giovanna, porque só ela sabe o que sente com relação a você.
Mas comigo é diferente, porque eu não sinto nada, absolutamente nada com
relação a você. Tio Sávio foi muito mais pai para mim que você.
— Não diga isso Luigi, seu pai teve seus motivos — tio Sávio diz e eu
nego.
— Que motivos tio? Quais são os motivos que levam um pai a não amar
e proteger um filho? — pergunto sentindo meus olhos arderem, mas eu me
recuso a chorar por alguém que não vale a pena.
— Sua mãe! Esse foi o motivo, a sua mãe não queria que eu me
aproximasse você — grita meu pai com os punhos cerrados e eu olho para ele
sem acreditar.
— Como? O que você está falando? Por que ela te impediria de se
aproximar do seu próprio filho? Isso é besteira! — falo batendo a maldita
bengala no chão com força.
— Lui, acalme-se acho que você deve ouvir o que ele tem a dizer. Você
não está nenhum pouco curioso? — Lucca pergunta cautelosamente.
— Você não sabe o que é ser uma criança querendo atenção de seus
fodidos pais. Eu tinha inveja de Matteo, eu pedia a Deus todo para que tio
Sávio fosse meu pai. Eu só queria um pouco de amor, mas só recebia surras,
injúrias, indiferença, lugares pequenos e escuros, eu não era feliz. E eu tinha
um pai, um pai que poderia impedir que a minha mãe me quebrasse, mas ele
nunca quis saber — falo encostado na janela de olhos fechados.
— Sinto muito meu filho, sinto muito — meu pai diz em um tom baixo
eu nego.
— Eu não quero e nem preciso disso vindo de você — falo sem olhar
para ninguém.
— Luigi! — tio Sávio repreende eu reviro os olhos.
— Por você tio, eu vou ficar quieto e ouvir tudo.
— Quando eu conheci sua mãe eu era um jovem que tinha acabado de
fundar sua própria empresa e estava muito feliz e empenhado para ver os
negócios irem bem. Sua mãe era uma mulher sedutora e muito ambiciosa,
essa sua ambição me fez bem e ajudou bastante no crescimento dos negócios.
Eu tinha um sócio antes de seu tio entrar no negócio, e foi a sua mãe que me
ajudou a conseguir que ele entrasse como sócio, mas no final eu e ela
acabamos o roubando fazendo-o sair sem nada — meu pai fala me espantado
e eu não posso acreditar no que ele está dizendo.
— E esse seu ex-sócio, por onde anda agora? — Lucca pergunta.
— Não sei, ele sumiu tempos depois que a sociedade entre nós foi
desfeita — responde meu pai e eu acho isso bem estranho, mas não irei me
pronunciar. — Os negócios estavam indo muito bem e eu estava cada vez
mais ludibriado pelo talento que sua mãe tinha para me ajudar a me tornar o
homem rico e poderoso que eu sempre quis ser. Assim que ela me disse que
estava grávida, nos casamos logo em seguida e quando você nasceu. Nossa,
quando você nasceu foi o dia mais feliz da minha vida — meu pai diz com
um pequeno sorriso e eu não me contive em fazer um som de descrença.
— Sim, até parece! — resmungo acendendo outro cigarro. Meu pai
ignora e continua a falar.
— Sua mãe vendo que eu queria passar mais tempo com você começou
a me incentivar a não o tratá-lo com tanto carinho, porque você deveria ser
um homem forte para saber lidar com as coisas da vida. Ela dizia que você
iria ser o melhor sucessor que já existiu. Eu achei aquilo um absurdo e
mesmo assim ficava com você. Quando você fez 4 anos foi aí que começou
às ameaças, Gianella dizia que eu estava mais empenhado em você do que na
empresa e que se eu não o deixasse para que só ela tivesse o controle da sua
formação eu iria preso por roubo e muitas outras coisas. Nesse momento
Sávio já estava na empresa junto comigo e ela afirmou que o prejudicaria
também — ele fala e eu olho para o meu tio que afirma triste com a cabeça.
— Mas por que você se deixou ser ameaçado desse jeito? — pergunto e
ele suspira em frustração.
— Eu era um idiota egoísta e fraco! Eu me deixei levar pelas ameaças e
fui me afastando gradativamente de você e me dediquei ainda mais aos
negócios. Tornei-me distante, achei que com a distância as coisas ficaram
bem, mas foi tudo ao contrário. É muito ruim admitir que eu fui uma péssima
pessoa por ter medo de perder tudo, mas foi isso que aconteceu. Você é meu
filho Luigi, e será o único da minha vida — ele fala com firmeza e eu
estranhei.
— Por que diz isso? — pergunto curioso.
— Porque quando essas coisas vinham acontecendo com sua mãe e eu
tinha perdido totalmente o controle da minha família eu fiz vasectomia para
não ter mais filhos. Sua mãe queria ter mais filhos, mas engravidar de mim é
que não seria — ele responde e eu assenti.
— Não irei julgar pelas escolhas que você fez na sua vida, mas a minha
curiosidade é muito grande e eu quero saber o porquê tratou Giovanna de
modo tão primitivo — Lucca pergunta ao meu pai e ele assenti brevemente.
— Conhecer Giovanna foi como voltar de novo a vida. Ela era tão
jovem e cheia de vida e eu me apaixonei, há muito tempo eu não sabia o que
era gostar de alguém, estava tudo tão adormecido. E quando me vi assim eu
cometi a loucura de querê-la só para mim — meu pai fala e Giovanna fica
nervosa.
— Você mentiu para mim, você deixou sua mulher me usar quando
soube que eu estava grávida de Luigi. Eu via você parado sem fazer nada!
Você acabou comigo — Giovanna fala e eu me aproximo dela para acalmá-
la. — Luigi eu juro que não sabia que ele era seu pai, eu o amei tanto, mas
ele… ele… — Abraço ela que começa a chorar copiosamente.
— Tudo bem, Gio. Você tem que se acalmar para não fazer mal ao bebê
e nem a você — falo abraçando-a forte.
— Desculpa por não ter falado antes, eu fui uma burra. Você e Lucca
são tão bons para mim e eu não mereço — diz e eu nego. Ela virou para meu
tio Sávio. — Obrigada pela força que o senhor me deu para sair daquela casa.
— Não tem o que agradecer minha jovem, mas a pessoa que me pediu
para te tirar de lá foi meu irmão — tio Sávio diz espantando a mim e a
Giovanna. — Não olhem para mim com essa cara, meu irmão foi um
desgraçado manipulado, mas ele tem um bom coração.
— Sério isso pai? — pergunto e ele dá de ombros. Ele não fala nada
então eu volto minha atenção a Gio.
— Não se preocupe com isso, Gio. — Observo Lucca ir até a porta e
chamar Norah. Assim que ela entra com todo o seu jeito de mulher da porra
eu viro para Gio.
— Norah vai te levar para casa — Lucca diz e ela assenti.
— Tudo bem, eu vou, mas ainda temos que conversar melhor — ela diz
para mim e eu confirmo, depois volta seus olhos para meu pai. — —Orázio,
quem sou eu para não te perdoar, mas eu quero que você fique sabendo que
você e eu não existe mais. Eu preciso viver a minha vida, eu preciso
descobrir quem sou eu de verdade. Estou tranquila que a bebê terá dois pais
maravilhosos e você somente será o avô da minha filha e nada mais —
Giovanna diz deixando meu pai cabisbaixo e saí após se despedir de meu tio
e de Lucca.
— Eu não posso culpá-la por não querer mais nada comigo. Será bom
ela viver a vida dela, só espero que ela fique bem — ele diz me
surpreendendo porque eu nunca vi meu pai falar tanto e tão à vontade, apesar
da conversa ser muito pesada e reveladora.
— Agora quero saber. Por que escolheu vir falar isso tudo comigo
agora? — pergunto.
— Estou deixando sua mãe! — fala e eu arregalo os olhos. — Não só
estou deixando sua mãe, como estou vendendo a empresa também. Estou
cansado de tudo, cansado de minha vida. Já conversei com seu tio e ele me
apoiou nas minhas decisões. Decidi que quero ter um relacionamento com
meu único filho e poder aproveitar o resto da vida que ainda tenho — meu
pai fala e um pequeno sorriso sai no canto de sua boca. Dio, eu nunca vi meu
pai sorrir perto de mim.
— Gianella não vai aceitar isso muito bem — falo desnorteado.
— Não me importo mais com o que sua mãe quer. Meus interesses
agora são em conhecer você. Por favor, Luigi, me dê uma chance, nos dê uma
chance — meu pai pede e eu não sei o que falar.
— Eu sou gay e apaixonado por Lucca Aandreozzi. O que você acha
disso? — pergunto de supetão e ele sorri novamente. Isso está me assustando.
— Acho que você foi muito mais corajoso na vida do que eu. Se você
está feliz eu não tenho o que dizer, Luigi — fala me surpreendendo ainda
mais.
— Eu estou acostumado em não ter você por perto, não sei se eu vou
saber fazer isso. — Deixo sair e vejo meu pai me olhar triste.
— Só quero que você saiba que eu estou sendo sincero com você, meu
filho. Dê-me uma chance de consertar meus erros com você, quero ser sua
família também — ele diz firmemente e eu assenti.
— Eu… eu preciso… — gaguejo e vou em direção a porta.
— Aonde você vai Luigi? — pergunta Lucca e eu olho para ele.
— Preciso pensar um pouco e sozinho. — Saio porta a fora deixando
eles lá na minha sala. Daren começa a me seguir, mas eu impeço falando que
preciso de espaço.
Saio da empresa e pego um táxi, peço ao motorista para parar em um
bom bar tranquilo. O taxista me olha de um jeito estranho e depois assente
sem falar nada. Não faço ideia para onde estou indo, na verdade não estou
interessado em saber, tudo o que eu quero nesse momento é poder ficar
quieto e pensar em tudo o que foi dito na minha sala. Eu jamais poderia
imaginar que meu pai e a mãe da minha filha foram amantes. Isso jamais
passaria pela minha cabeça. Para mim o senhor Orázio Pierre era o ser
intocável, que nunca poderia vir até algum tipo de sentimento, e agora acabei
de descobrir que além de ter um caso com Giovanna ele ainda se diz
apaixonado.
Não tinha percebido que o táxi tinha parado, mas assim que acordo dos
pensamentos pago ao taxista e agradeço. Estou de frente a um bar, sem
pensar demais entro no lugar e percebo um ambiente tranquilo, muito bem
organizado e meio clássico. Vou até o balcão e peço ao barman uma gin
tônica. Quando minha bebida chega eu tomo tudo em um gole só, o barman
olha para mim espantado e eu dou de ombros pedindo outra.
Fico pensando na minha infância e adolescência. Será que se meu pai
fosse mais próximo a mim e eu iria acabar me envolvendo com amigos
errados e acabar usando todos os tipos de drogas? Tenho certeza que não,
tudo que eu queria era poder ter uma conversa com ele e não ser tão
maltratado por minha mãe. Eu tinha raiva, nossa como eu tinha raiva. Tinha
raiva dele, de Gianella, de Matteo por ter um pai bom, raiva por não ser filho
de Sávio, raiva por estar passando por tanta coisa sem ter noção do que eu
tinha feito de errado.
Tento não ficar mais pensando em tudo isso por enquanto e nem sei
quanto tempo estou aqui ou quantas bebidas eu já tomei. Eu só preciso de um
tempo para poder chegar em casa e pedir desculpas a Lucca pelo meu
comportamento, espero que ele me perdoe.
— Nunca vi você por aqui e olha que eu sempre venho aqui. — Olho
para o lado e tem um homem de terno e gravata sentado ao meu lado. Eu nem
tinha reparado que ele estava aqui.
— Não, eu nunca vim aqui, é a minha primeira vez — falo e ele assenti
bebericando seu drink.
— Oh, um estrangeiro. Pelo seu sotaque, acho que é italiano. Estou
enganado? — pergunta o homem e eu afirmo.
— Não, mas antes de vir para cá eu morava no Brasil — falo e depois
peço mais uma gin tônica para o barman.
— Problemas com a mulher? — ele perguntou depois que eu peço
minha bebida.
— Não, eu não tenho mulher e sim homem. Mas com ele está tudo bem,
eu acho. — Ainda mais depois do jeito que falei com ele mais cedo. Deus, eu
sou um idiota!
— Oh, entendo — diz sem graça. — Olha eu não tenho preconceito não
tá, muito pelo contrário eu só fiquei surpreso.
— Tudo bem, cara — falo sem interesse e vejo ele pegar um cigarro e
passar a mão pelo bolso a procura de um isqueiro. — Droga esqueci!
— Aqui, deixe comigo — falo pegando meu isqueiro e o ajudando com
o cigarro.
— Obrigado! — diz e eu faço um gesto de desdém. — Então, vejo que
você não tá bem. Quer falar sobre isso? A propósito meu nome é Jonas. —
Ele estendeu a mão e eu o cumprimento.
— Prazer em te conhecer, eu sou Luigi. E não cara, eu acho que já vou
indo para casa. Nem sei que horas são e eu preciso voltar para casa — falo e
Jonas assenti.
— Acho que é o melhor, porque já passam das dez da noite — ele diz
olhando o celular e eu arregalo os olhos.
— Puta merda! — falo exasperando e chamo o barman para fechar
minha conta. Depois de acertar tudo percebo que não estou com meu celular
e eu preciso chamar um táxi, mas para minha sorte Jonas se prontificou a
fazer isso. — Obrigado, foi bom te conhecer.
— Boa sorte lá com o seu homem e sempre que quiser conversar é só
aparecer — diz sorrindo e eu afirmo.
Saio do bar e o táxi já está a minha espera. O caminho para casa foi bem
tranquilo, pois a movimentação de carro na rua está bem menor que mais
cedo. Eu não tinha noção que eu passei todo aquele tempo no bar, não faço
ideia de como Lucca deve estar. Chego ao meu prédio e tive que vir pela
entrada principal, entro no elevador e já começo uma pequena oração. Assim
que as portas se abrem vejo meus sogros, nonna e Lucca andando de um lado
para outro com o celular no ouvido.
— Eu não quero saber, ache ele porra! Você é pago para isso! — grita
Lucca e minha sogra vira a cabeça nesse momento e me vê.
— Luigi? Oh Dio! Você está bem? — pergunta e eu assenti.
Assim que Arianna fecha a boca Lucca me vê. Ele vem até mim em uma
grande determinação sem esconder a raiva que está sentindo, quando ele está
bem próximo me dar um soco bem forte que me faz cambalear para trás.
— Lucca! — todos gritaram surpresos e eu o olho segurando meu rosto.
— Isso é para você aprender a não me deixar com medo por pensar em
sair sem porra de segurança nenhuma, seu cretino! — diz com uma
respiração acelerada. — Eu... eu pensei que você tinha sido sequestrado ou
até mesmo morto.
— Lucca… — Ia falar, mas ele impede irritado.
— Não fala comigo Pierri! Na verdade, eu quero saber — diz e puxou
seus cabelos com força. — Onde diabos você estava?
— Vamos Pierre! Diga onde inferno você estava? — pergunto com os
punhos cerrados e Luigi fica me olhando com ar de riso.
— Amor, você quando fica irritado é um perigo, sem falar que fica lindo
feito o inferno. — Luigi diz e eu olho sem entender.
— Sério isso? — pergunto incrédulo e ouço risadinhas atrás de mim.
— Oh sim, você fica uma graça. Eu estou aqui me segurando para não te
arrastar para o quarto e… — ele fala em um tom profundo, mas é
interrompido por mamma.
— Luigi meu querido, fico muito feliz que você esteja bem. Ficamos
todos aqui preocupados — minha mãe diz indo abraçá-lo.
— E um louco desesperado andando e gritando com todo mundo. Você
está fedendo a cachaça, um banho lhe faria bem — diz nonna e Luigi começa
a rir.
— É o que eu pretendo fazer agora nonna — Luigi diz com um sorriso.
O bastardo do caralho passou o dia inteiro sumido, me tratou com
indiferença no escritório, chega em casa meio bêbado e agora fica aí
ostentando esse sorriso lindo feito o inferno. Ele está querendo me deixar
louco, só pode. Mas eu não vou dar esse gostinho a ele, estou muito irritado
para poder ser dobrado com facilidade.
— Vocês conheceram Sam? — ele pergunta fazendo meus pais e nonna
sorrir ao lembrarem da pequena.
— Sim, ela é uma muito inteligente e vai ser uma honra tê-la na família.
Vocês fizeram bem, filhos — meu pai diz e afirmo sem falar nada.
— Sim, ela é linda e um gênio do cão — Luigi fala e eu sei que ele está
olhando para mim, mas eu estou ignorando-o.
— Vou dormi, já que o senhor bêbedo indiferente está em casa — falo
com raiva e começo a andar para ir para o quarto.
— Buona notte, figlio — diz mamãe e eu solto um breve aceno para ela
e volto a andar novamente.
Passei o dia inteiro com raiva! Uma raiva do caralho que me consome e
me tira da merda. De manhã eu estava feliz com a chegada dos meus para
conhecer o jovem membro da família, eles ficaram tão felizes que não
desgrudaram da pobre garota um momento sequer, mas tudo mudou quando
fui buscar Luigi no escritório. Ver a cara irritada e magoada dele foi como
enfiar uma faca no meu coração. Se eu pudesse voltar no tempo para contar
tudo para ele, eu com certeza faria com que Gio contasse logo. Mas eu não
posso mudar o passado.
No caminho do meu quarto a ficha vai caindo rapidamente. Dio, eu dei
um soco no meu Luigi! Meu coração está tão pesado na culpa que chega me
dá falta de ar. Eu fiz a mesma coisa que fiz com Filippo quando ele chegou
em casa após ficar um ano longe e depois me senti perturbado com o que fiz.
Eu não sei lidar bem com essas coisas, eu sou muito fodido. Quando fiquei
sem notícias de Luigi por mais de 12 horas malditas eu pensei que tinha
acontecido as piores coisas que poderiam do meu mundo inteiro. Ainda falta
uma pessoa e essa pessoa pode fazer qualquer coisa com ele só pelo simples
fato de me atingir. E perder Luigi não é uma opção para mim.
Chego no meu quarto, tiro toda minha roupa, caminho com o corpo
pesado para o banheiro e ligo o chuveiro sem me importar em equilibrar a
temperatura da água. Oh merda eu lhe dei um soco! Olho para minhas mãos
que já estão feridas por eu ter batido no saco o dia inteiro e caio de joelhos no
chão. Eu não estou sabendo lidar com o que eu fiz e nem com toda a minha
preocupação durante o dia. E mesmo irritado ter que forçar sorrisos para
Samantha que ficava me perguntando onde Luigi estava, foi aterrorizante. Eu
não consigo controlar as minhas lágrimas, choro, choro por tudo que está
sufocado em mim.
Eu amo Luigi, amo de um jeito único e sua indiferença no escritório foi
horrível. Seu desaparecimento foi pior ainda, pois tudo que eu pensava era
onde e como eu o encontraria. Será que em coma de novo ou morto? Só de
pensar nisso meu corpo estremece e eu volto a chorar. Sinto dois braços
quentes e fortes me puxar para cima e me abraçando com força. O cheiro de
Luigi é como o cheiro das gotas de chuva batendo em terra quente.
— Mi scusi, Lui! Eu… eu não deveria ter agido daquele jeito. Eu sou
um merda! — falo com a cara enterrada no seu pescoço.
— Lucca, olha para mim! — ele pede e eu nego apertando-o com força.
— Não, eu não quero que você me veja como um fodido homem que sou
— falo e sinto um beijo na minha cabeça.
— Não amor, não fale uma coisa dessas. Eu agi errado com você o dia
inteiro, não soube lidar com o que estava acontecendo. Ver meu pai e saber
de todas aquelas coisas foi… foi… — Luigi tenta achar a palavra.
— Foi fodido! — Completo e ele dá uma risada fraca.
— Essa é a palavra que define tudo isso. Eu sei que você ficou
preocupado comigo, tenho noção do que poderia ter acontecido e eu sinto
muito por ter te deixado nessa situação — Luigi diz e eu levanto o rosto para
encará-lo.
— Por mais que eu tenha ficado puto, eu entendo que você precisava de
espaço — falo e ele nega.
— Tudo aquilo que meu pai falou me fez pensar em tudo — Luigi diz e
eu o entendo perfeitamente.
— O que você descobriu hoje com relação a sua família foi muito ruim.
Eu sei que foi, mas eu queria que você soubesse que eu posso ser o seu
refúgio. Eu queria ser o seu refúgio! Entenda uma coisa, você é amado, você
é querido, minha família, nossa família te ama pelo que você é, pelo homem
de caráter que você é. Eu te amo incondicionalmente pelo o que você é! Não
sei o que você pretende fazer com relação ao seu pai, mas eu espero que você
saiba que pode sempre contar comigo… — Paro e olho para dele
mordiscando os lábios. — Se você ainda me quiser.
— O quê?! O que foi isso que você acabou de falar? — pergunta e eu
me solto do seu aperto virando de costas.
— É isso mesmo que você ouviu. Eu dei um soco em você, isso é
imperdoável — falo com os punhos cerrados por estar com raiva de mim
mesmo.
— Cala a boca Lucca! — Enfatiza Luigi e me vira para encará-lo. — O
que faz você pensar que eu deixaria a única pessoa que já me fez feliz na
vida? Você está louco porra? — pergunta com raiva me fazendo arregalar os
olhos.
— Mas eu… — Ia falar, mas ele me impede avançando sua boca na
minha. Seu beijo é forte, preciso e punitivo. Sua língua varre cada canto de
minha boca e o seu gosto me faz gemer alto.
— Claro que o soco que você me deu não vai ficar impune, vamos
aprender a liberar sua raiva de outra maneira — Luigi diz com seus lábios
gostosos colados aos meus.
— E como seria? — pergunto sentindo minhas pernas fraquejarem
quando sua mão começa a apalpar meu pau.
— Eu vou te foder! Vou te foder com força para você aprender a não
falar e fazer besteira — diz e me vira de frente para a parede. — Segure-se
querido, porque eu não sei se vou poder me segurar — sussurra Luigi no meu
ouvido e minha pele se arrepia.
— Luigi, temos que conversar. — Tento falar, mas sinto uma mordida
forte no meu ombro que me faz gritar.
— E vamos conversar, mas agora eu vou comer esse cuzinho gostoso e
apertado. Do meu homem agressivo — Luigi sussurra apertando meu quadril
com força. Ele desliga o chuveiro e pressionou seu corpo no meu. — Abra os
braços e empina essa bunda perfeita para mim — Luigi manda e eu engulo
em seco fazendo o que ele mandou. Luigi vai passando a mão nas minhas
costas e quando percebo ele já está de joelhos.
— O que você… — Queria perguntar mais a língua macia de Luigi
passeando no meu buraco me faz soltar um gemido alto. — Ahhhhh… Porra!
Oh, merda!
— Isso, geme para mim. Eu quero ouvir você! Será que você gozaria
assim? Pesquisei outro dia e vi que era possível fazer o parceiro gozar desse
jeito, então amor você vai ser minha cobaia — Luigi diz brevemente e volta
ao seu trabalho com a língua.
Tão bom, tão foda de bom! Eu continuo me apoiando na parede, porque
eu tenho certeza que se estivesse fazendo isso eu já estaria caído no chão.
Isso está tão gostoso que minhas pernas estão fracas, não estou sabendo lidar
com a intensidade do prazer que estou recebendo. Ainda tem os sons de
prazer e grunhidos que Luigi que está me deixando mais louco ainda. Sinto
minhas bolas começarem a formigar, não consigo acreditar que vou gozar.
— Sei que você quer gozar amor, deixe vir, deixa vir por mim, por nós.
Faça isso! — Luigi diz em um tom sexy que é impossível me controlar e
quando estou gozando recebo uma mordida forte na bunda que intensifica
minha gozada.
— Oh merda! Oh merda! Oh merda, Lui! — grito ao ver meu esperma
bater na parede.
— Você fica tão lindo quando goza, meu Lucca — Luigi diz
sustentando minha cabeça no seu ombro. — Mas ainda não acabou, eu ainda
não acabei com você — Luigi diz pegando o lubrificante no suporte que
sempre deixamos.
— Eu quero você, quero você duro e rápido. Eu preciso disso! — falo de
olhos fechados e ele solta uma risada baixa.
— E é isso que você vai ter querido, isso e muito mais — Luigi diz e
sinto seus dedos úmidos e escorregadios me invadir. — Abra os olhos, veja
que sou eu que estou lhe dando prazer.
Assim que eu abro meus olhos, ele me faz segurar na parede novamente.
Seus dedos trabalhavam em mim de um jeito tão gostoso que me faz explodir
de puro desejo. Estar com Luigi é incrível, ele me faz com que eu me sinta
incrivelmente especial. Viro minha cabeça e nossos olhos se encontraram,
vejo nos seus olhos o desejo ardente que ele sente por mim, que obviamente é
recíproco. Eu sou louco por ele, ele é meu assim como eu sou dele. Seus
olhos lindos e castanhos são de uma intensidade que me faz querer mergulhar
sem nem pensar duas vezes. Eu preciso disso, eu preciso dele!
— Agora Luigi! Por favor, faça isso agora, me dê isso! — peço e ele me
dá um sorriso de lado.
— Você não sabe o quanto eu gosto de ouvir você pedir por mim — fala
tirando seus dedos de mim.
— Por favor, amor — murmuro e ele assenti.
— Se segure e segure firme — diz e logo em seguida enfia seu pau de
vez sem que eu perceba.
— Porra! — grito pelo ardor.
— Vou fazer você sentir, amanhã você ainda vai sentir o nosso amor
dessa noite de hoje — Luigi diz e começou a se movimentar com força. —
Quem é o seu amor? Quem é o seu homem?
— Você! Você, porra você! Oh Deus! Ahhhhh… — falo entorpecido
pelo prazer intenso.
— Vamos liberar essa raiva meu amor! Vou te mostrar que com a gente
não tem merda, eu sou eu e você é meu. E se você falar mais uma vez em se
afastar de eu vou te abrir no meio. Entendeu? — pergunta, mas eu não tenho
condições de responder. — Entendeu? — pergunta novamente me acertando
um tapa na coxa com força.
— Caralho! Eu entendi! — grito e ele me puxa para perto aumentando a
velocidade.
— Bom garoto, meu garoto! — Luigi diz com a voz rouca mordiscando
minha orelha.
— Eu estou perto de gozar, como é possível? — pergunto e logo em
seguida reviro os olhos pela lambida que recebo na orelha.
— Não tente descobrir, só goze novamente para mim. Pode ter certeza
que eu irei logo em seguida — ele diz e eu não suporto ouvir sua voz rouca
sussurrando no meu ouvido e sua mão forte punhetando meu pau.
— Eu vou… Argh! — falo e gozei logo em seguida. Luigi quando me
vê chegar ao orgasmo mais uma vez intensificou seus movimentos me
segurando com força e goza logo em seguida.
— Isso foi muito bom! — diz após explodir em mim, sinto seu esperma
quente e grosso escorrer pelas minhas pernas.
— Eu amo você! — solto em forma de sussurro e ele me vira para
encará-lo. Ele me beija de modo doce e eu sinto meu coração bater muito
forte contra o peito.
— Não mais que eu! — Luigi diz com um sorriso de lado e logo em
seguida faz cara dor segurando sua perna.
— Sua perna! — falo arregalando os olhos e ele solta um sorriso
dolorido. — Como podemos esquecer de sua perna? — pergunto ligando o
chuveiro novamente.
— Não esqueça que estou sob o efeito de álcool e do tesão — Luigi diz
em um tom de brincadeira e o puxo com cuidado para lhe dar um banho.
— Vamos terminar aqui para você poder tomar seu remédio para dor —
falo e ele assenti, pela sua cara dar para ver que ele sente dor.
— Vamos esquecer tudo isso, está bem? Sem pensar no meu pai, nas
coisas que ele falou, pelo menos não por agora. E principalmente nesse soco,
se eu tivesse no seu lugar acho que faria o mesmo — ele diz e eu olho de
forma engraçada fazendo-o rir. — Não, talvez não, mesmo assim vamos
esquecer — diz Luigi e eu assenti mesmo a contragosto.

Tomamos banho juntos, quando terminamos abro o armário do banheiro


e pego o remédio de dor de Luigi fazendo-o tomar. Logo em seguida, vou ao
closet para colocar uma calça de moletom e levar uma para Luigi que já está
indo para cama. Assim que estamos vestidos nos deitamos na cama, ficamos
olhando um para outro. Tento falar alguma coisa, mas nada quer sair da
minha boca no momento, só olhar nos olhos do meu Luigi que está bem e em
casa é a melhor coisa a se fazer no momento. Ele também não fala nada e me
faz deitar no seu peito. Estamos quietos enquanto esperamos o sono nos levar
até que vemos à porta do quarto ser aberta e uma pequena figura nos olhar
pela fresta da porta.
— Vem aqui querida? — Luigi chama abrindo espaço para Samantha
que vem correndo na nossa direção.
— Teve outro sonho ruim? — pergunto e ela nega deitando na cama.
— Eu queria saber se vocês dois estavam bem. Fiquei preocupada com o
papai Luigi que sumiu? — Não sei muito bem mais eu acho que ela o
chamou de papai e o rosto emocionado de Luigi ao ouvir Sam o chamado
desse jeito é impagável.
— Papai Luigi? — ele pergunta e ela revira os olhos.
— Claro que sim, vocês falam para todo mundo que eu sou filha de
vocês, então isso me faz filha de vocês — ela diz com seu modo marrento e
fofo fazendo eu e Luigi rir.
— Sim, vamos ser seus pais se você nos aceitar é claro. Nunca vamos
tomar o lugar de Scott na sua vida, mas queremos um espacinho aí. Você
deixa? — pergunto no meu melhor tom sincero e ela pensa um pouco e
afirma me fazendo respirar aliviado.
— Eu deixo sim, mas vocês não podem me deixar. Vai ser bom ter 3
papais, um virou uma estrela e os outros estão aqui. Isso é maneiro! — ela diz
balançando a cabeça, Luigi e eu a abraçamos.
— Vamos dormir, pois amanhã o restante dos Aandreozzi vai estar aqui
para conhecer você — Luigi diz e eu afirmo. — E vê se não me chuta!
— Então chegue para lá — diz Samantha e Luigi a puxa de volta.
— Nem pensar mocinha — Luigi diz a enchendo de beijos.
E nesse clima leve podemos finalmente cair no sono. Acordo no dia
seguinte sentido um pé na minha cara, esse pé eu já conheço muito bem.
Samantha está atravessada na cama, com a cabeça nas costas de Luigi que
está de bruços, seus cabelos longos e cacheados cobrindo toda a cabeça de
Luigi, seu pé esquerdo no meu rosto e o direito no meu peito. Caspita, como
ela consegue isso? Levanto com todo o cuidado para não acordá-los e saio da
cama, ao levantar me encolho ao sentir uma fisgada na minha bunda. Droga!
Vou ao banheiro faço minha higiene e antes de sair do quarto dou mais uma
olhada em Luigi e Sam que dormem pacificamente.
— Finalmente você acordou e pelo andar engraçado tenho certeza que
Luigi te lascou no meio — monna diz rindo e eu solto um grunhido. Observo
ao chegar na cozinha que Luna está com eles. Mas cadê os outros?
— Mamma, eu não quero saber sobre isso — babo diz irritado e nonna
revira os olhos.
— Ele foi bem fodido para aprender a não sair socando o homem assim
— nonna ressaltou e Luna solta uma risada gostosa.
— Bom saber que isso diverte você, sorellina — resmungo e ela levanta
para me abraçar.
— Estou por dentro de todo o babado e por mais que você esteja
preocupado, você sabe que não deveria agir por impulso — Luna me
repreende e eu afirmo com a cabeça.
— Eu sei disso e me sinto mal por isso. Aí porra! — grito quando
minha calça é abaixada do nada. Viro e vejo Enzo se curvar de tanto rir.
— Coloque uma cueca pelo menos meu irmãozinho — Enzo diz eu vou
levantando a calça com raiva.
— Olha só para isso, a moquequinha dele tem uma mordida de amor e
olha esse ombro. O negócio foi selvagem ontem — nonna diz fazendo todo
mundo rir, menos babo que tem a decência de ficar constrangido.
— Vocês são muito barulhentos — Filippo diz com seu modo sério,
entrando com Luti na cozinha.
— Falando de sexo, tenho certeza disso! — diz Luti de modo leve.
— Ele está parecendo daquela vez que Filippo te deixou todo na miséria
depois de um sexo selvagem — nonna diz e Luti fica vermelho de vergonha.
— Nonna! — repreende Filippo e nonna mostra o dedo do meio.
— Cadê as crianças? — pergunto puxando Luti para um abraço. — Olá
cunhado lindo, vamos ali nos envolver? — pergunto e Filippo bufa irritado.
— As crianças estão muito empolgadas com a novidade da prima nova e
eu os deixei dormir mais um pouco. Chegamos de madrugada — explica Luti
com seu modo doce e eu afirmo.
— Sim, agora pode soltar meu marido — Filippo resmunga e eu reviro
os olhos.
— Compartilhe o pão irmão! — falo e ele me olha com as sobrancelhas
franzida.
— Você compartilha Luigi? — pergunta cruzando os braços.
— Nem fodendo! — falo entre dentes e vejo um pequeno sorriso sair
nos lábios de Lippo.
— Lucca e Enzo me ajudem a pôr a mesa para o café da manhã —
mamma manda e eu faço cara de desgosto.
— Por que eu? — Enzo e eu perguntamos ao mesmo tempo.
— Você porque fez besteira ontem. — Mamma aponta para mim e
depois para Enzo. — E você porque abaixou as calças de seu irmão — ela
reclama e Enzo vira para mim.
— Às vezes essa mulher me dá medo — murmura Enzo e eu afirmo.
— Eu ouvi isso! Andem logo que daqui a pouco meus netos acordam e
quero que a mesa esteja pronta — grita mamma e vamos correndo fazer o que
ela mandou.
— Puta merda essa minha mulher é incrível — papai fala de modo
apaixonado e levantou para ir dar uns beijos em mamãe.
— Quem diria que meu filho ainda teria esse vigor no pinto após os
cinquenta anos — nonna diz rindo com orgulho e babo a olhou com
sofrimento.
— Mãe, por favor! — ele pediu e nonna faz um gesto de desdém.
— Ainda acho que eu estou orgulhosa de sua virilidade — nonna diz
com desdém.
Enzo e eu ficamos arrumando a mesa e após terminarmos todos nós
ficamos conversando sobre as crianças até que ouvimos passamos arrastados
entrando na cozinha. Ao olhar para trás vejo Eduarda segurando a mão de um
sonolento Pietro que vai em direção a Luti pedindo colo, Eduarda faz o
mesmo com Filippo que dá um beijo na filha e sussurra algo no ouvido dela.
Sinto um toque na minha perna e volto meu olhar para Sam que estende os
braços para mim. Não perco tempo e pego a marrentinha no colo, ela soltou
um longo bocejo e coloca a cabeça na curva do meu pescoço.
— Bom dia querida, dormiu bem? — pergunto e ela assenti. — —Cadê
Luigi?
— Eu o procurei, ele também me deixou lá na cama e estava
conversando com Gio — Sam diz e eu assenti. É bom mesmo que eles
tenham um tempo para conversar.
— Vamos conhecer seus tios e tia? Eu prometo que eles são feios, mas
não irão te assustar — falo descontraído fazendo meus irmãos revirarem os
olhos.
— Eles são legais, vovó Arianna diz que eles são — Sam diz levantando
a cabeça do meu pescoço e eu tiro o cabelo que está grudado do seu rosto e
lhe dou um beijinho no nariz.
— Minha morena linda dos cabelos cacheados — falo fazendo cócegas
nela.
— Para com isso, papai! — diz manhosa aquecendo meu coração. Olho
para minha família e todos estão nos encarando com um sorriso nos lábios.
Mamma é claro, está chorando e limpando os olhos no pano de prato.
— Bem família, gostaria de apresentar a vocês a mais nova integrante na
família — falo e sinto um braço na minha cintura.
— E que irá nos dá muita dor de cabeça e alegria no coração, não é
Samantha? — Luigi diz beijando minha testa e de Sam. — Bom dia família!
— diz e todos dão bom dia e sorriem para nós.
— Eu não vou dar dor de cabeça, tenho certeza que papai Lucca e a
bebê vai dar muito mais que eu — resmunga Sam fazendo Luigi e Giovanna
rir.
— Bom dia a todos. Ei Luc, é bom ver você menos estressado — Gio
diz dando um beijo em Sam e uma piscadela para mim. Hoje ela acordou
muito mais feliz e disposta, dá para ver no seu rosto que contar tudo para
Luigi a fez bem. Todos inclusive eu lhe damos bom dia e ela vai sentar perto
de nonna.
— Oi Sam, eu sou sua tia Luna. Nossa eu adorei seu cabelo, vamos sair
eu, você e Duda para comprarmos muitas coisas de meninas — Luna diz
empolgada e Eduarda olha com os olhos brilhando, mas a minha marrentinha
franze o cenho.
— Titia, não é por nada não, mas eu odeio rosa, roupas coladas ou
coisas de meninas — Sam diz espantando minha irmã, mas sua cara de
espanto é substituída por orgulho.
— Então vamos comprar o que você quiser
— Eu quero um skate! — diz fazendo eu e Luigi gritar ao mesmo
tempo.
— Nem pensar! — falamos e ela cruza os braços.
— Vem aqui pequena criatura, acho que você e eu vamos nos dar bem
— Enzo diz tirando Sam do meu colo. — Eu sou seu tio Enzo. E estou aqui
para te salvar de Lucca quando ele inventar suas loucuras.
— Loucuras como fazer Loki correr atrás de mim e dele? Ou me dar um
monte de cócegas do nada? Ou… — Samantha está falando no modo
pensativo, mas a gargalhada de Enzo faz ela parar.
— Eu te salvarei desse sujeito, pequena — Enzo diz abraçando minha
garotinha e eu a tiro de seus braços.
— Você quer proteger alguém, case e tenha filhos. Eu hein, tira o olho.
Ela é minha, a bebê que está ali com Giovanna é minha. Todas são minhas!
— reclamo fazendo todo mundo rir.
— Possessivo! Eu não penso em casar muito menos em ter filhos. Isso
não é para mim — Enzo diz com desdém.
— Oh sim, eu tenho certeza que você vai casar e há de você que não me
dê um neto — mamma ameaça e ele fez o sinal da cruz.
— Você vai ser o mais apaixonado e besta de todos — Luna diz
sonhadora.
— Quem você está chamando de besta aqui? — pergunto a encarando e
Filippo faz o mesmo.
— Eu também quero saber! — fala Lippo irritado.
— Aquele ali todo grande, peludo e resmungão é seu tio Filippo, e o que
está ao seu lado e seu tio Luiz Otávio. Filippo tem essa cara de mau, mas é
tão adorável quanto um Urso de pelúcia. E Luti iria casar comigo, porque eu
sou o mais lindo de todos, mas eu me apaixonei pelo seu papai Luigi — falo
para Samantha que nega com a cabeça.
— Você é linda princesa, mais uma linda gatinha para essa família.
Esses aqui são seus primos Pietro e Eduarda, espero que vocês sejam amigos
— Luti diz e as crianças assentiram.
— Sim, você é uma preciosidade Sam. Bem-vinda piccolina — Filippo
diz e eu sorrio para meu irmão mais velho.
— Nos conhecemos quando estávamos no caminho para cá. Eu disse a
ela como o seu cabelo era lindo e ela disse que meus olhos são lindos. Nós já
somos amigas — Duda diz em inglês me surpreendendo e desce do colo de
Filippo. — Vamos nos arrumar Sam, bisa disse que depois do café vamos
para piscina.
— Oh, eu vou! Me solte papai! — ela fala é eu nego apontando para
minha bochecha, ela dá uma risadinha e me dá um beijo e em Luigi também
antes de descer.
— Me espelem vocês duas! Puxa, está faltando mais homi nessa casa!
— resmunga Pietro em português se soltando de Luti e saí atrás das garotas.
Após beijar o rosto de cada tio junto com seus primos eles saem
correndo pela casa, com um Loki e uma Amora muito contentes com a
agitação deles. Nonna e Luna também vão atrás das crianças para ajudar a
ajeitar todos.
— Parabéns pela família linda, meu irmão — Filippo diz e eu me sinto
estupidamente emocionado. Olho para Luigi que continua ao meu lado e ele
sorri me dando um beijo nos lábios.
— Não somos perfeitos, mas são as nossas imperfeições que nos fazem
perfeitos um para o outro. E além de tudo essa família é única — Luigi diz e
todos nós assentimos com um sorriso no rosto.
Após o café da manhã todo mundo vai para a área da piscina. Babo
resolveu que vamos fazer um churrasco em família para podermos relaxar um
pouco. Claro que todo mundo adorou a ideia, e eu é claro fugi para não ficar
no meio da fumaça. Meus olhos ardem muito e são sensíveis. O quê? Eu não
sou fresco, sou sensível! Luigi foi com meu pai ficar responsável pelas carnes
e eles estão entretidos em uma conversa bastante agradável.
Quando as crianças aparecem vestidas com suas roupas de banho meu
coração se derrete de amor. Pietro está de sunga do super homem que eu dei
de presente, Duda está de biquíni para a tristeza de Filippo que sendo cabeça
dura do jeito que é insiste em dizer que filha dele não usa roupa de banho,
mas depois que nonna começou a falar sobre a sua bunda grande, ele se
esquece de Duda. Minha Sam está de maiô, short jeans e boné.
Quando vejo as crianças todas rindo e se divertindo com Enzo na
piscina, não posso deixar de lembrar do pequeno e inteligente Justin. Sendo
assim não me contenho e ligo para Laila a chamando para passar esse dia
conosco. De início ela tenta se esquivar, mas como eu sou uma pessoa muito
persuasiva consegui com que ela aceitasse, e antes que ela desista mando
Christian ir buscá-los. Comunico a todos da minha família que eles estão
vindo e percebo, pelos menos um pouquinho, a felicidade de minha sorellina
quando eu falei. Vejo a porta do elevador se abrir e vou direto recebê-los.
Assim que vejo Laila e Justin de mãos dadas saindo do elevador não
posso deixar de sorrir. A pobre Laila está com os olhos assustados e com o
corpo tenso de nervoso, mas está tão fofa com seu vestido leve de estampa
floral, seu companheiro de sempre óculos de grau, e sandálias rasteiras.
Nunca vi Laila de modo tão casual. Justin está de bermuda clara, camiseta
verde, de óculos escuros e segurando sua bengala.
— Que bom que vocês puderam vir — falo caminhando até Laila.
— Você não me deu muita escolha para não aceitar — Laila diz em um
tom baixo e eu não posso deixar de rir de sua vergonha.
— Relaxe Lai, hoje eu não sou seu chefe, sou seu amigo. Então vamos
nos divertir — falo e ela assenti meio sem jeito.
— Senhor Lucca, obrigado pelo convite — Justin diz e eu me abaixo
para ficar na sua direção.
— Olá, pequeno ragazzo! Estou muito feliz em poder vê-lo novamente
— falo pegando sua mão e colocando na minha.
— Eu também — responde e sorri.
— Vou te apresentar os meus sobrinhos e agora eu também tenho uma
filha. Você vai adorar eles — falo e vejo no seu rosto a dúvida. Percebo que
Justin tem umas expressões faciais bem equilibradas, principalmente para
quem nunca enxergou. Tenho quase certeza que Laila deve o ajudar nisso.
— Eu não quero atrapalhar, Lucca. Você está com sua família e eu não
sei… — —Laila diz nervosa e automaticamente sua mão vai ajeitar os
óculos.
— Deixe disso Laila, é muito bom ter vocês dois aqui. Esse garoto lindo
é seu filho? — Luna diz se aproximando e deixando Laila mais vermelha
ainda.
— Sim, esse é Justin. Fala oi para a senhorita Luna, filho — Laila diz
olhando em direção a Justin.
— Olá, senhorita Luna. A senhorita tem uma voz muito linda — Justin
diz derretendo o coração de minha irmã que se abaixa e puxa o pobre menino
nos braços.
— Você é lindo e muito educado querido. Obrigada pelo elogio — Luna
diz beijando o rosto de Justin, olho para Laila e pego seu sorriso de
admiração pelo filho.
— Oh, vocês chegaram. Sejam bem-vindos. Laila quanto tempo que não
te vejo minha cara — mamma diz com toda a simpatia beijando Laila nas
bochechas.
— Obrigada, senhora Aandreozzi — Laila responde com um sorriso
pequeno.
— Nada de senhora, deixo isso para minha sogra — mamma diz e não
pudemos deixar de rir ao ouvir a voz de irritada de nonna.
— Me respeite que de senhora eu não tenho nada. Estou ainda na flor da
gostosura — reclama nonna dando um tapa na bunda de mamma que pula
com o susto.
— Oh sim, ninguém no mundo é mais gostosa que você nonna — falo
piscando para minha avó.
— Ainda bem que você sabe disso — nonna diz rindo. — Vamos todos
para a área da piscina. Garota eu quero ver essa sua bunda grande e linda em
um biquíni — nonna fala com Laila, que pela sua expressão assustada me dá
medo de que ela possa ter um treco.
— Oh, não... Eu não uso essas coisas. Obrigada, mas não — Laila diz
vermelha de vergonha e atropelando as palavras.
— É uma pena, se eu fosse tão linda e gostosa como você eu adoraria
ficar me exibindo — nonna diz dando de ombro e Laila nega desacreditada.
— A senhora já vive se exibindo mamma, eu tenho pena de Lorenzo —
babo grita e nonna tirou o sapato e joga nele. Nonna tem uma portaria tão
boa que o sapato bate na cabeça de papai.
— Oh Dio, Dom! — mamma diz e começa a rir.
— Você ainda rir Anna? Sério? — papai resmunga e mamãe tenta
engolir a risada, mas é impossível.
— Querida, precisava disso? Coitado de Donatello — Lorenzo diz vindo
na direção de nonna que faz um som de desdém.
— Fica aí protegendo ele, ele mereceu e acabou — nonna diz e Lorenzo
fala algo no seu ouvido e ela ri divertida. — Claro, eu sou uma selvagem.
— Eu não quero nem saber o que levou ela a falar essa coisa — falo
rindo e todos concordam.
— Eu vou levar Justin para conhecer as outras crianças e você fica aí a
vontade com Luna e ainda tem Giovanna ali. — Aponto para Gio que está
descansando em uma das poltronas.
— Tem certeza? Filho você quer que eu vá com você? — pergunta Laila
a Justin que está de mãos dadas com Luna.
— Não mom, eu confio no Lucca. Quero fazer isso — Justin diz me
espantando pela sua confiança e Laila assenti após olhar para mim.
— Não se preocupe querida. Aqui ele sempre está em segurança, nunca
iríamos permitir que nada acontecesse com ele — mamma diz com uma
expressão carinhosa e Laila confirma.
Observo de longe Filippo na piscina carregando Eduarda nas costas
enquanto Enzo carrega Samantha e elas ficaram brincando e rindo para ver
quem derruba quem primeiro. Pietro está fazendo cara feia para Luti e
reclamando de alguma coisa, naturalmente querendo entrar na brincadeira,
mas ele é muito pequeno para isso. Vou caminhando com Justin e assim que
as crianças percebem minha aproximação, elas correm para sair da piscina.
— Quem é esse com óculos maneiro, papai Lucca? — Samantha vem
correndo toda molhada.
— Olha para não cair, marrentinha — grita Enzo e Sam para revirando
os olhos.
— Obligado senhor, um homi para brincar comigo — dDiz Pietro em
português juntando as mãos fazendo todos nós rir.
— O que ele falou? — Sam perguntou a Duda que responde
prontamente e Sam também ri.
— Bem crianças, esse aqui é Justin. Ele é filho daquela moça bonita que
é minha secretária — falo apontando para Laila que nos olha atentamente. As
crianças acenam para ela e ela acena de volta.
— Oi Justin, eu sou Pi… Pietlo. Puxa! Eu ainda erro — Pietro diz me
fazendo rir.
— Você que tem que ter paciência Ursinho — falo e ele assentiu.
— O que ele disse? — Justin pergunta e eu tenho a noção que Pietro está
falando em português.
— Pietro e Eduarda são brasileiros, filhos de meu irmão mais velho.
Duda fala um pouco de inglês e italiano, mas Pietro ainda não aprendeu
direito — explico e Justin balança a cabeça. — E Samantha é minha filha —
falo e ela sorri para mim.

— Você que ver os filhotes de cachorro. Tem Loki e Amora — Sam diz
puxando papo e Justin respira fundo.
— Eu não posso ver, sou cego. Às vezes tem crianças que não brincam
comigo porque eu não posso ver. Será que vocês se importam com isso? —
Justin pergunta receoso e eu paro de respirar no momento.
— Não, não nos importamos. Você vai ter que nós dizer do que mais
gosta de brincar. Daí vamos poder fazer junto. Não é verdade, Sam? —
pergunta Duda como uma mocinha.
— Sim, sempre podemos ter o que fazer — Sam diz cruzando os braços
com uma expressão pensativa.
— Então eu acho melhor vocês se secarem e ir para a sala — falo e eles
assentiram.
— Duda como fala, eu gostei do seu óculos em inglês? — sussurra
Pietro para a irmã que começa a rir.
— Ensinem a Justin o caminho da sala. Isso vai ser bom para você,
Justin? — pergunto já sabendo que é importante os deficientes visuais terem
noção do lugar que eles estão andando.
— Vai sim, na escola é assim que eles nos ensinam — Justin diz abrindo
um sorriso e ajeitando sua bengala.
— Vamos ficar bem Papai Lucca! — Sam garanti e eu assenti.
Duda e Sam cada uma vai para um lado de Justin e assim seguem o
caminho para sala de estar, e Pietro na frente falando pelos cotovelos. Vejo
que quando chega perto do batente Sam fala com Justin e ele procura a
profundidade com sua bengala, depois de averiguar consegue descer
tranquilamente. Não sei como eles vão fazer isso, mas confio que eles podem
se adaptar.
— Como você sabia que eles iram se dar bem? — Filippo pergunta e eu
nem vi que ele estava próximo.
— Não sabia, só tinha essa intuição — falo ainda observando as
crianças.
— Você fez bem Luc, não sei como Pietro vai falar em inglês, mas
vamos ver — Luti diz sorrindo.
— Falando nele, primeira vez que o vejo ficar irritado quando fala uma
palavra errada — falo e Luti respira fundo.
— Estamos levando-o para a fonoaudióloga e sempre fazemos os
exercícios em casa. Muitas das vezes quando ele não consegue, fica frustrado
— Filippo diz com uma expressão fechada, prestando atenção nas crianças.
— Vou procurar alguma coisa para comer. Puta que pariu eu estou
caindo de fome — Enzo resmunga passando pela gente com a mão na
barriga.
Passamos o restante da manhã onde todo mundo está em uma conversa
agradável. Na hora do almoço sentamos todos juntos e Sam faz questão de
sentar no colo de Luigi e ainda reclamar que ele está fedendo a fumaça. Fico
atento como Laila deixa Justin a vontade na hora de comer, explicando onde
está cada coisa, cortando sua carne e se ele se suja ela limpa. Giovanna está
em uma conversa entretida com nonna e Lorenzo, e isso evitou que nonna
jogasse farpas em alguém durante o almoço. Em determinado momento do
almoço meu celular toca, quando vejo que é Chávez sinto meu corpo ficar
rígido. Peço licença e vou atender a ligação.
— Aandreozzi! — Atendo com firmeza e ouço uma risada ouça do outro
lado.
— ¡Hola mi amigo! — diz Chávez e eu reviro os olhos.
— Diga logo o que você quer me ligando a essa hora, Chávez — falo e
ouço um resmungar em espanhol de Chávez.
— Seja mais gentil com a pessoa que só quer lhe fazer um favor —
Chávez diz em tom mais leve.
— Vamos lá, para você resolver me ligar então a coisa é séria — falo
tentando não me irritar.
— Você ainda pretende pegar aquela outra pessoa? — pergunta ele em
código e meu corpo fica rígido.
— Claro que sim, eu estava já planejando nosso encontro — falo me
sentindo muito irritado.
— Se for fazer, faça isso agora. Ele descobriu que você sabe sobre ele e
está saindo do país para não voltar mais. E se ele for embora, você não
conseguirá pegá-lo. Ele lá fora é mais forte do que pensa — Ricco diz e eu
começo a andar um lado para o outro com o punho cerrado e maxilar em um
aperto forte.
— Como diabos ele descobriu isso? Pelo que eu sabia só você sabia
disso — pergunto e ele solta um som de desgosto.
— Isso é culpa minha, na verdade um dia meus homens que relatou.
Mas não se preocupe ele já não é mais problema, a morte o levou bonito —
Ricco diz rindo e eu nego com a cabeça.
— Você sabe quando e onde o avião dele vai sair? — pergunto nervoso.
— Sim, te mandarei todas as coordenadas. E farei questão de te dar um
presente. Vamos nos encontrar no local — Chávez diz me deixando
desconfiado.
— Eu não preciso de nenhum presente seu, vou fazer isso do meu jeito
— falo e ele faz um som de desgosto do outro lado da linha.
— Não seja tão irritante, farei isso porque foi um dos meus homens que
fez essa bagunça. Odeio traidores, mas odeio ainda mais deixar que os erros
dos outros me afetem — Ricco diz e sem nem pensar direito me vejo
afirmando.
— Tudo bem então, vamos ver como isso vai ser — falo com raiva e ele
ri novamente.
— Vá armado, Aandreozzi. O negócio não vai ser bonito — Ricco diz
com ar de riso.
— Aprenda uma coisa sobre mim, Ricco. Eu nunca, nunca ando
despreparado — falo e encerro a ligação.
— O que está acontecendo agora Lucca? — Luigi pergunta atrás de mim
e eu pulo com o susto.
— Caspita, Lui! Quer me matar do coração? — pergunto com a mão no
peito.
— Não, quero saber o que tá rolando — ele fala me olhando com os
olhos cerrados.
— Vamos terminar de almoçar e vamos fazer uma reunião no meu
escritório. Pode ser? — peço e ele me olha por um momento até assenti.
— Tudo bem então — Luigi diz e eu lhe dou um beijo nos seus lábios
macios.
Voltamos para a mesa e eu falo com meu pai e meus irmãos que teremos
que conversar no escritório depois. Todos eles assentem e não fazem mais
perguntas. Voltamos a comer, mas tenho que confessar que a comida já não
me cai muito bem, eu estou sentindo um gosto amargo na boca e meus
pensamentos vão para longe. Sinto a mão de Luigi aperta a minha e eu olho
para ele, depois de um tempo afirmo com a cabeça e volto a comer.
Agora estamos todos reunidos no meu escritório, menos mamma, nonna,
Gio e Lorenzo. Depois do almoço as crianças capotaram em um sono
tranquilo e Laila aproveitou a deixa para ir para casa com Justin. Conto para
todos sobre a ligação de Chávez, todo mundo fica irritado e totalmente
desconfiado. Mas eu disse que se eu quiser me acertar com o maldito eu
tenho que confiar na palavra de Chávez. Isso também não me agrada muito,
mas pela primeira vez na minha vida eu terei que confiar em alguém que não
seja da minha família. Mas como meus planos foram arruinados por causa
dos homens dele, nada melhor que ele mesmo me ajudar a arrumar a
bagunça.
— Não importa o que esse mexicano quer, vamos estar lá de qualquer
jeito. E vamos acabar com esse maledetto — Enzo diz fazendo todos
concordar.
— E sempre podemos acabar com a raça Chávez se ele fizer alguma
coisa — Filippo diz com o seu tom sombrio.
— Não vamos nos meter com o cartel de drogas. Eles são o que são, mas
são homens de palavra — babo diz acalmando os ânimos.
— Já tem um tempo que eu não uso minhas armas com vontade — Luti
diz com um sorriso de lado.
— Eu também cunhado — Luna confirma e eles dão um sorriso
cúmplice.
— Falando em armas, acho que está na hora de batizar Luigi em nossa
família — babo diz colocando uma maleta preta, muito parecida com a dele
em cima da mesa.
— O quê? — pergunta Luigi olhando para todos com os olhos
arregalados e isso faz todo mundo rir.
— Ele deveria era casar com meu irmão, ele é um menino de honra —
Enzo diz e eu lhe dou um soco no braço. — Ai cazzo infelice!
— Deixe de ser um bastardo, va bene? — pergunto entre dentes e ele ri.
— Parem vocês dois! Luigi todo mundo que entra para essa família
recebe um presente, esse presente nunca fica parado — resmunga babo e
todos riem. — Mas o que importa é que nós te aceitamos e te acolhemos para
essa família. Você faz parte de nós, você faz meu filho feliz, o ama de
verdade e todos esses requisitos fazem você parte de nós. Nós cuidamos e
protegemos os nossos. Grazie per aver fatto felice il mio ragazzo. (Obrigado
por fazer meu menino feliz.) — Papai termina de falar e abre a maleta
contendo duas armas automáticas, pretas com o brasão de nossa família no
fundo do cano.
— Eu não sei nem o que dizer — Luigi diz boquiaberto olhando para as
armas.
— A sensação é esmagadora, não é? — Luti diz sorrindo e Luigi afirma.
— Eu me sinto honrado por vocês me aceitarem. Molte grazie! — Luigi
diz emocionado.
— Só continue sendo você e está tudo bem — babo diz e todos
felicitaram Luigi. E eu não poderia me sentir mais radiante por meu Lui.

Perto do horário que Chávez fala, chegamos no local e de cara dá para


ver um jatinho posicionado em uma pista clandestina. Estamos muito bem
armados e com alguns de nossos homens. Eu estou muito ansioso para pôr
minhas mãos no filho da puta que achou que poderia sair assim do país sem
que a gente pudesse pelo menos bater um papo. Ao ver os nossos carros se
aproximando, os homens que estão no local para fazer a segurança começam
a abrir fogo.
— Luigi, você que não pode correr sem um pouco de dificuldade, fica
aqui que eu vou impedir que aquele puto entre no avião — falo carregando
minhas armas.
— Lucca isso é perigoso você pode levar um tiro — Luigi fala tentando
me impedir de sair do carro.
— Eu sempre tenho você para me dar cobertura. Meus irmãos devem ir
comigo também. Eu prefiro fazer isso — falo e ele afirma.
— Tudo bem, eu vou estar aqui. Se eu vê qualquer coisa errada eu vou
atrás de você — Luigi diz pegando suas armas e apertado o botão da janela
do carro.
— Eu não esperaria menos de você, agora me deixe ir — peço.
Saio do carro com a adrenalina comendo todo meu interior, quando eu
acerto o primeiro tiro na cabeça de um dos capangas um sorriso involuntário
surge na minha boca. Inferno, eu gosto disso! Olho para o lado e vejo que
meus irmãos também saíram dos seus respectivos carros. Observo de longe
Filippo desarmar uma cara e lhe dando uma cabeçada com gosto, Luti após
atirar em alguém volta seus olhos para o marido que está acabando de atirar
no cara que ele derrubou. Enzo vem se aproximando e ao olhar para trás seus
olhos arregalam.
— Lucca, atrás de você! — grita e eu desvio virando meu corpo com as
armas apontadas para frente e sem pensar duas vezes saio atirando. Vejo dois
corpos caírem no chão.
— Obrigado irmão! — agradeço e ele após derrubar um cara sorri para
mim.
— Sempre temos às costas um dos outros — diz e volta ao que está
fazendo.
Continuo tentando avançar mais em direção ao avião, mas os homens da
segurança do filho da puta brotam como ervas daninha inconveniente e
desnecessária. Dois caras se aproximaram de mim e foram logo me derrubam
no chão com toda a força. Putos de merda! Um cara está tentando segurar
minhas pernas enquanto o outro meus braços. Que porra é essa? Eu tento me
soltar, mas está ficando difícil para mim.
Antes que eu pisque duas vezes, Luti aparece tirando o cara que está
segurando minha perna, agradeço e quando estou levantando para ir até o
outro, ele já está caído no chão com dois buracos nas costas. Olho para trás e
Luigi está com uma expressão muito sexy, apontando a arma para o homem
caído. Faço um sinal em agradecimento e viro para o avião. É ali que eu o
vejo, o vejo não, os vejo e eu não posso acreditar quem está fazendo
companhia ao filho da puta do Lian Sakomoto, ele mesmo Daniel Campbell.
Não está entendendo? Vou te explicar! O segundo nome da lista que
Chávez me deu é o de Lian Sakomoto. Pense na minha surpresa quando eu vi
esse nome lá, pois é, mas investigando um pouco mais a fundo no submundo
do crime, descobrir que era esse filho da puta que disponibilizava os
assassinos para fazer o trabalho sujo de bandidos como senador White e
Daniel Campbell. Tudo que eu sinto nesse momento é ódio e um ódio
obscuro que pode consumir qualquer alma. Eu não posso deixá-los escapar,
eu não vou deixá-los escapar. Pego minhas armas e coloco no cós da minha
calça jeans.
Corro o máximo que minhas pernas aguentam sem me importar com os
gritos dos meus irmãos me mandando parar, ou com os tiros que estão vindo
na minha direção. Tudo que eu quero agora é destruir aqueles dois insetos do
caralho, insetos que tentaram acabar comigo. Só que eles não sabem que eu
sou muito mais que eles. Ao me ver próximo de Lian tento dar um pontapé
nas suas costas, mas o desgraçado desvia me fazendo cair rolando no chão.
— Você é um sujeito muito esperto e irritante, Lucca — Lian diz
sorrindo para mim e seu sorriso me faz querer matá-lo mais ainda.
— Você é um grande mentiroso do caralho. Todo aquele papo de vamos
ser amigos, era tudo merda para você — falo levantando do chão e limpando
minhas mãos.
— Poderíamos ser amigos se o dinheiro que me ofereceram não fosse
mais satisfatório — Lian diz e olho para Daniel que me olha com um olhar
presunçoso e superior.
— Você é um verdadeiro moleque, é tão bom ver sua cara e saber que
eu sou mais que você — Daniel diz de modo altivo e eu começo a rir.
— Quem é você com relação a mim Campbell? Você sempre foi e
sempre será um fodido — falo soltando uma gargalhada.
— Seu filho da puta! — grita Daniel e eu puxo a arma na sua direção.
— Ninguém xinga mamma. Mamma é sagrada — falo com raiva e vejo
Lian balançando a cabeça negativamente.
— Se eu fosse você eu abaixava a arma Lucca. Daniel está me pagando
uma quantia bem gratificante e eu tenho que garantir meus serviços — Lian
fala e vários clicks de armas destravando são feitos atrás de mim.
— Tão inocente, pobre criança — Daniel diz com um tom de deboche.
Eu mesmo a contragosto abaixo minha arma
— Entre logo no avião Campbell, logo eu irei também. Vou só me
despedir de nosso amigo aqui — Lian diz e Daniel olha para ele sem
entender.
— Podemos matar esse moleque aqui e agora. Por que não faz? Ele me
deu muito trabalho, mas agora eu posso vê-lo morto — Daniel diz com um
sorriso de escárnio e eu engulo seco.
— Faça o que eu digo e vá para o avião, mas se você quiser usar posso
muito bem deixá-lo aqui — Lian diz com um tom desinteressado.
— Eu paguei uma quantia exorbitante para você me tirar do país —
Daniel fala e Lian o encara.
— Então honre com seu dinheiro e entre no avião — ele fala em um tom
firme e Daniel me encara com raiva, para depois seguir para dentro do avião.
— Não sabia que você fazia negócios desse tipo — digo tentando
parecer relaxado mesmo com várias armas na direção da minha cabeça.
— Você não sabe muitas coisas sobre mim Lucca — responde sorrindo
e eu estou com muita vontade de dar um soco nessa sua cara.
— Verdade, não sei e estou pouco me fodendo com sua vida — falo
entre dentes e ele me olha com um olhar aquecido.
— Poderíamos ter tido alguma coisa, ainda dá tempo. Você pode vir
comigo e quem sabe nós dois não nos divertir juntos — Sakomoto diz com ar
sedutor e eu sinto meu estômago embrulhar.
— Se isso nunca aconteceu antes, com certeza não irá acontecer agora
— falo com asco e ele se irritou.
— Não aconteceu nada demais, você está vivo e eu vou deixar que
permaneça vivo. Eu só sou um cara que tem os contatos de trabalho certos e
vivo uma vida obscura em segredo — ele diz me deixando com raiva.
— E você acha que eu vou permitir que você entre nesse avião? —
pergunto e ele solta uma gargalhada divertida.
— Claro que vai Lucca. Eu vou entrar no avião, irei embora para China
onde é o meu lugar — Sakomoto diz tranquilamente. — Foi muito bom revê-
lo Lucca, pena que foi em uma situação lastimável.
E como isso o filho da puta sai andando com toda confiança do mundo
em direção ao avião. Assim que ele chega aos últimos degraus, ele faz
questão de virar seu rosto para mim e dar tchau. Filho da puta! Quando eu
vejo as portas do jatinho fechando eu soltei um grito de ódio. Um dos homens
que estava apontando a arma para mim atende o celular e depois que ouve o
que tinha que ouvir manda os homens recuarem. Eu olho para eles sem
entender e foi ali que eu os vi afastando do avião e indo em direção aos
carros que estão fora da pista de decolagem. Quando o avião liga os motores
eu ouço o grito de Enzo mandando-me me afastar. Sentindo-me derrotado eu
vou até eles.
— Lucca que porra foi essa que aconteceu? — Enzo perguntou
exasperado. — Uma hora eles estavam aqui a todo vapor e do nada eles saem
assim.
— Eu não sei! Tudo que eu mais quero agora é derrubar essa merda de
avião — grito puxando meus cabelos com raiva.
— Lucca! Você está bem? — Luigi vem na minha direção olhando meu
corpo de cima a baixo.
— Estou bem sim, só estou com raiva — falo entre dentes e ele me
abraça. — —Eu tenho que parar eles, Luigi. Quem sabe quando nós vamos
ter paz se eles se safarem assim.
— E é por isso que eu estou aqui. — Ouço a voz de Chávez e viro para
encará-lo.
— Você não acha que chegou um pouco tarde não, caralho? Olha lá,
aqueles filhos da puta estão fugindo — grito com raiva apontando para o
avião que está levantando voo.
— Se acalme meu filho, se ele está aqui é porque tem algum plano —
babo diz em um tom sério olhando para Chávez.
— Prazer em conhecer o patriarca dessa família — Ricco diz sorrindo
para babo que permaneceu sério.
— Diga logo o que veio fazer aqui, Chávez — Filippo exige, mas Ricco
o ignora.
— Como eu disse a você mais cedo, eu tenho um presente para você —
diz me dando um controle pequeno com um botão.
— O que é isso? — pergunto olhando para o controle.
— Isso é o jeito que você vai descer esse avião. Um aperto aqui e BUM!
— Chávez diz fazendo meus olhos brilharem.
— Como você… — Ele me impede levantando a mão.
— Não vou te contar meus segredos. Vamos dizer que eu conheço
pessoas legais que fazem coisas mais legais ainda — diz e eu me sinto
empolgado.
— Você vai mesmo fazer isso irmão? — pergunta Luna e eu olho para
todos e depois paro meus olhos em Luigi.
— Tenho que fazer isso, eles têm que saber que não podem mexer
comigo e sair sem nenhuma punição — falo sentindo meu coração bater mais
forte.
— Então faça aquilo que você achar melhor — Luigi diz me apoiando e
eu assenti.
Puxo meu celular e ligo para Sakomoto. Ele atende com um sorriso na
voz.
— Você pensou melhor e decidiu vir comigo? — pergunta e eu respiro
fundo.
— Nunca iria com você, tenho tudo que mais quero bem aqui. Eu só
queria te dizer que você deveria ter me matado quando teve a chance — falo
com um tom de desdém e ele solta um som de descrença.
— Agora é tarde Aandreozzi, mas se você quiser pode me encontrar na
China — diz em um tom perigoso.
— Eu só queria mesmo te dizer adeus. E falar que no inferno o seu lugar
está garantido e com certeza quando eu morrer vamos nos encontrar lá. Diga
adeus a Campbell por mim também — falo e antes de desligar ouço meu
nome sendo chamado e coloco o celular no ouvido de novo.
— O que você fez? — pergunta Lian em um tom medroso.
— Nada, eu só tenho contatos com pessoas certas. Addio, Sakamoto! —
falo apertando o botão com força.
Levanto minha cabeça a tempo de ver o pequeno avião de Sakomoto
explodir no ar. Ao ver a explosão todo o peso que eu estava sentindo nos
meus ombros finalmente é descarregado. Porque eu sei que finalmente
acabou. Sim, acabou! E eu vou poder viver minha vida com meu parceiro e
minhas crianças sem Lian Sakomoto, Daniel Campbell e muitos outros
rondando nossas vidas.
Sinto um braço passar pela minha cintura e desvio meu olhar para Luigi
que está olhando para cima também. Aconchego-me ao seu corpo e sorrio
para meu pai e irmãos. Agora sim tenho certeza que acabou.
Alguns meses se passaram após a exploração do avião, posso dizer que
minha vida e de Lucca está se encaminhando muito bem. Muitas coisas
aconteceram e a primeira é que nos mudamos, descobri que além de me
presentear com duas armas incríveis, que por sinal eu me sinto estupidamente
honrado, meu sogro resolveu que também nos daria uma casa. Na verdade,
essa é uma das muitas tradições dos Aandreozzi. Donatello e Arianna
compram uma casa para cada filho que está formando uma família e os
presenteia, e nossa casa, como Lucca adora ressaltar, fica em um condomínio
um pouco afastado de toda a movimentação da cidade de Chicago.
Uma casa grande, muita bem construída, com diversos quartos para
acomodar a enorme família Aandreozzi que só faz aumentar com o passar do
tempo, cozinha grande e bem equipada para a felicidade da senhora Adams,
salas de jantar e estar ampla, a área de lazer da casa e o que mais me deixa
com os olhos brilhando, porque além de ter uma piscina incrível, tem uma
pequena quadra de basquete. Isso é o melhor! Mas não é só eu que tenho o
meu espaço, Sam tem um salão de dança só para ela e Lucca sua academia
incrível. Resumindo, a casa é um sonho feito especialmente para nossa
família.
Outro fato triste que aconteceu há uns meses atrás foi a morte da senhora
O'Brien. Esse foi um baque para nossa pequena família, contar para
Samantha que a sua vovó Tetê não estava mais entre nós foi difícil, mas
felizmente a pequena entendeu que sua avó precisava descansar. Mesmo
assim foi triste ter que acalentar a nossa marrentinha para acalmar sua
tristeza. Antes de morrer a senhora O’Brien passou a guarda da pequena para
Lucca, sendo assim passamos por visitas do serviço social. A nossa assistente
social é uma pessoa bem agradável e está nos ajudando muito com a adoção
de Sam, mesmo assim nos preocupamos em perder a nossa menina. O que
não vai acontecer de forma nenhum!
Falando em nossa garotinha ela está neste momento no quarto do bebê
olhando para Lucca como se ele fosse louco e eu não paro de rir.
— Papai Lucca, desiste de tentar montar o berço do bebê. Entenda que
você está fazendo tudo errado — Sam diz segurando os ombros de Lucca que
está sentado no chão coçando a nuca olhando para o manual.
— Mas aqui está explicado tudo certo, eu sei que posso fazer isso —
Lucca diz com teimosia.
— A bebê vai nascer e você ainda não desistiu de tentar montar o berço.
A decoração está tão linda, mas você não quer desistir — Giovanna diz
sentada na poltrona branca no canto perto da janela, com um pote de sorvete
em cima da barriga e seus pés inchados descansando no pufe da mesma cor
que a poltrona.
O quarto é decorado em tons cinza, branco e rosa clarinho, de um jeito
bem feminino como Lucca disse que queria para o designer. Para mim é um
quarto muito luxuoso, mas como o Lucca mesmo disse que para suas filhas
só o melhor. Muito diferente do quarto de Samantha que não quis um quarto
rosa de jeito nenhum. O quarto dela é lindo também com uns tons leves e
agradáveis de cinza e outras cores bem distribuídas, no quarto dela têm
quatro portas retratos. Um com a foto dela com Scott e vovó Tetê, outro ela
comigo e Lucca, uma foto com os primos e outro com a família inteira.
— Eu queria fazer isso pelo menos, mas estou vendo que não vai dar —
Lucca diz derrotado.
— Finalmente entendeu Papai Lucca! — Sam diz levantando as mãos
para cima e Lucca a puxa para seu colo a prendendo nos braços.
— Tente sair do meu apertando, mulher maravilha! — diz em um tom
de vilão fazendo Sam e Gio rir.
— Acho melhor vocês irem atrás de Loki, ele acabou de passar com
uma peça do berço na boca — falo vendo nosso cão sair correndo.
— Esse cachorro nunca para. Volte aqui Loki! — Sam grita saindo
correndo dos braços de Lucca.
— Ainda bem que você desistiu disso amor, não estava dando mais para
ver você se matando aí — falo me aproximando de Gio lhe dando um beijo
na testa.
— Você deveria estar me ajudando, acho que nós dois conseguiríamos
— Lucca reclama levantando do chão com seu corpo suado, só com o meu
short de jogar basquete. Desvio meu olhar do corpo de meu namorado e olho
para Gio.
— Como vai essa garotinha? — pergunto a Gio que solta um suspiro
alto
— Está aqui agitada como sempre. Não vejo a hora dela nascer logo,
Deus me perdoe, mas isso não é para mim — reclama Gio me fazendo rir.
— Falta pouco, o médico diz que a qualquer momento você pode ter o
bebê — Lucca diz e Gio afirma.
— Por favor, algum de vocês dois pode me levantar nessa poltrona. Está
difícil aqui! — ela pede quase chorando e Lucca começa a rir.
— Vem Gio, vem cá que eu te ajudo — falo tentando esconder o riso.
— Vocês dois são uns idiotas. Ai! — diz Giovanna fazendo eu e Lucca
arregalar os olhos.
— O que foi? É agora! Oh Dio, vamos pegar o carro! — Lucca grita
desesperado e Giovanna segura o braço dele como se não acreditasse no seu
desespero.
— Não Luc, ela somente chutou minha costela — Giovanna diz e
podemos respirar aliviados. Vejo a cara aliviada de Lucca e o olhar doloroso
de Gio, então faço aquilo que sei que acalma a bebê, converso com ela.
— Olha só pequena traquina, não fique chutando sua mãe com tanta
força. Sabe o quanto sua mãe é reclamona. Fica quietinha aí meu amor —
falo abaixando na direção da barriga e sinto um chute fraco na minha mão.
— Estamos todos ansiosos com a sua vinda, meu amor. Você sabe que
quem está falando é o seu papai mais lindo de todos — Lucca diz beijando a
barriga de Gio.
— Vocês dois são uns bobões que adoram me fazer chorar. Agora não
sei quando vou parar — Giovanna diz secando os olhos e saí do quarto
lambendo a colher do sorvete.
Vemos Giovanna sair do quarto de um jeito engraçado, por sua barriga
estar bem grande. Após ela sair abraço o meu Lucca, sentindo o seu cheiro
delicioso e fecho os olhos. Estamos tão bem, claro que às vezes brigamos
como todo casal de personalidade diferentes e cheios de imperfeições, mas
sempre conseguimos nos acertar. E a melhor parte é o sexo de reconciliação,
muitas das vezes tento o provocar para termos esse sexo selvagem e
perturbador.
— Está preparado para esse encontro com seu pai? — Lucca me lembra
do que eu tento correr a meses.
— Não é uma coisa na qual eu queira ir — falo me sentindo derrotado e
Lucca se afastou para me encarar.
— Luigi já tem um tempo que seu pai quer se aproximar de você. Por
que você não tenta? Ele já demonstrou que realmente se sente culpado e quer
ter um contato maior com você — ele fala me olhando nos olhos e eu me
vejo acenando com a cabeça.
— Eu sei, mas para mim ainda é difícil. Eu aprendi a não ter mais
contato com ele a minha vida toda — falo e Lucca me olha com
compreensão.
— Eu entendo você querido, juro que te entendo, mas a vida é tão curta,
Lui, a momentos que não podemos deixar passar — ele fala e começamos a
sair do quarto do bebê.
— E se não tivermos nada em comum, não conheço aquele homem. Para
mim ele sempre foi um desconhecido. — Lembro sobre o modo que me sinto.
— Então foi por isso que você não quis o encontrar aqui, preferiu que
fosse em algum lugar qualquer? — pergunta ele inclinando a cabeça para me
olhar.
— Sim, não quero que ele se aproxime de Samantha e do bebê para
depois de afastar como fez comigo — falo entre dentes.
— Acredito que ele não fará uma coisa dessas. O homem se desfez da
empresa, se separou da megera da sua mãe, que até agora não ouvimos falar
da criatura. E agora está se mudando para Chicago. Tudo isso para ficar mais
perto de você, ele quer conhecer a sua família — Lucca fala e eu penso por
um momento.
— Posso conversar com ele, amor. Vou tentar ver como vamos nos sair
— falo e ele sorri para mim.
— Faça isso e não se esqueça que essa tarde tem apresentação de Sam
— diz Lucca com empolgação.
— Não me esqueceria disso por nada — falo e nos despedimos em
seguida.
Saio de casa para ir em direção à garagem com os nossos carros. Daren
já está em prontidão me esperando, já me acostumei com essa vida com uma
sombra atrás de mim. Falando em segurança Christian está de férias e seu
destino foi o Brasil, Lucca me contou que ele está tendo um romance com o
meu amigo de basquete Francisco, que por sinal é irmão de Brian e eu nem
sabia. Confesso que fiquei surpreso, mas espero de coração que eles fiquem
bem e juntos, quem sabe Christian não traga meu amigo com ele. Chego ao
café que eu marquei de encontrar com meu pai, saio do carro e respiro fundo
antes de entrar.
— Desculpe a demora — falo me sentando na cadeira na sua frente.
— Tudo bem filho, fico feliz que você pode vir — responde meu pai
sem aquela expressão séria e distante que sempre estive acostumado a ver.
— Sim, não sabia se realmente deveria vir — digo com sinceridade.
— Eu sei, você esteve me evitando esse tempo todo, mas eu não poderia
desistir de você. Pelo menos não mais — ele fala levantando a cabeça para
me encarar.
— É estranho para mim, que não me lembro de nenhum contato seu e
depois de tantos anos… — Não consigo terminar de falar, pois um nó se
forma na minha garganta.
— Não tenho mais como me desculpar com você, eu só quero ter a
oportunidade de me aproximar novamente — ele diz e olhando melhor
consigo ver como ele está realmente diferente do Orázio que vi minha vida
toda. Acho que ele está mais leve.
— Sabe, eu tenho uma garotinha muito esperta e briguenta e um bebê a
caminho. Quero dar exemplo para eles, quero ser um bom pai. — Deixo
escapar e ele me olha soltando um suspiro.
— E você vai conseguir, você será o pai que eu nunca fui na sua vida.
Você não é um covarde manipulado como eu — meu pai diz com firmeza e
eu permaneço quieto.
— Tenho medo, como posso deixar você se aproximar de minhas filhas
se eu não sei se você vai estar sempre perto. Eu passei por isso pai e não
quero que minhas meninas se apeguem a você para que depois você perceba
que não é isso o que quer — revelo fazendo seus olhos se arregalaram.
— Não, eu não vou mais ser aquele homem meu filho. Quero conhecer
minhas netas, quero conhecer meu filho e seu companheiro. Quero que
sejamos uma família de verdade — meu pai diz com uma expressão
determinada e eu continuo a encará-lo.
— Você realmente está pensando em vir morar aqui? — pergunto e ele
assenti com um pequeno sorriso.
— Sim, na verdade eu já estou praticamente morando aqui — meu pai
diz e eu não contenho um pequeno sorriso.
— E pretende fazer o que? Realmente você vendeu a empresa? —
pergunto e ele assenti. O garçom chega e fazemos nossos pedidos.
— Não quero mais aquilo, aquela empresa me transformou em uma
casca de homem. Quem não gostou muito da venda foi Matteo, mas seu tio
disse que ele iria resolver com seu filho. Não quis me meter, seu tio nunca foi
um homem que gostasse tanto de viver uma vida enfurnada na empresa —
meu pai diz calmamente e eu afirmo porque é bem assim que meu tio é.
— Tio Sávio sempre foi mais relaxado com a vida, diferente de você —
falo e meu pai franze o cenho.
— Verdade, muitas das vezes eu já briguei com ele por causa de seu
relaxamento, mas eu era um otário — meu pai diz e eu rip. Do nada sua
expressão ficou obscura. — Luigi, sua mãe é outra que não está aceitando
isso muito bem, tenho medo que ela faça alguma coisa. Então por favor, fique
de olhos e ouvidos bem abertos. Eu acho até que ela está ficando louca, esse
foi um dos motivos que me fizeram deixar a Roma.
— Pode deixar, até agora ela não deu as caras. Tentou me ligar algumas
vezes, mas eu recusei as chamadas — falo em um tom sério, pois eu não
gosto de falar sobre Gianella.
— Acho que é o melhor que você possa fazer — diz meu pai e eu
assenti.
— Então, o que pretende fazer? — pergunto e ele me olha por um tempo
me analisando.
— Pode parecer idiotice, mas eu sempre quis ter uma livraria. Acho que
vou me aventurar e quem sabe no futuro não encontre alguém para
compartilhar o resto da minha vida — diz me surpreendendo completamente.
— Sério pai? Uma livraria? Eu nunca imaginei — falo surpreso e nesse
momento nossos pedidos chegam.
— Sim, preciso de tranquilidade — responde e eu assenti ainda
surpreso.
— E Giovanna? Vocês dois não tem mais nada mesmo? — pergunto
bebericando meu café.
— Não, ela é nova e precisa ter uma vida. Nós conversamos por telefone
recentemente e ela me disse que precisa viver a vida. E que não há mais nada,
aceitei porque ela está certa — responde me deixando mais surpreso que
tudo. Deus, esse é meu pai mesmo?
Sinto meu celular vibrar com o alarme, olho para o celular e quando
vejo o horário arregalo os olhos. Nossa está na hora da apresentação de
Samantha, ela vai fazer greve de silêncio se eu não aparecer. Descobri do
modo pior possível que eu odeio o silêncio da minha marrentinha, e não é só
eu, Lucca também não suporta e ela faz isso mais com ele do que comigo.
Olho para o meu pai e pensei por um tempo, não vou perder tempo. Eu
preciso de um pai e minhas filhas de outro nonno.
— Vamos, pai! — falo levantando e ele me olha sem entender.
— Vamos para onde? — pergunta se levantando também.
— Sua neta tem uma apresentação de dança e se eu não aparecer… não
quero nem imaginar — falo negando com a cabeça.
— Tem certeza? — pergunta e eu assenti o puxando para um abraço. O
primeiro abraço de verdade que dou no meu pai. Ficamos um tempo assim e
eu não sabia que iria me sentir tão bem.
— Sim, vamos sim. Vamos viver o agora, não quero mais o passado
pairando sobre mim. A vida é curta e temos que saber como viver — falo me
soltando o abraço. Percebi os olhos de meu pai úmidos.
— Obrigado — é tudo o que ele diz e depois eu deixo o dinheiro na
mesa e saímos do café.
Chego ao local da apresentação com o meu pai a tiracolo. Assim que
avisto Lucca sentando com Giovanna, vou à direção dos dois. Sentindo
minha presença eles levantam a cabeça e não escondem a surpresa nas suas
feições quando percebem quem está me acompanhando, sento ao lado de
Lucca e meu pai senta também após cumprimentar eles. Lucca me olha com
orgulho nos olhos e eu somente dou de ombros me sentindo constrangido.
Não demora muito e apresentação começa, indico onde Samantha está
para meu pai que ao ver a pequena de cabelos longos cacheados, com uma
roupa estilo hip hop, seus olhos começam a brilhar. E tenho certeza que os
meus também devem estar. Sam dança muito bem, uma música que eu
particularmente não gosto ou conheço, mas por ela estar lá é tudo lindo.
Lucca começa a assoviar e dizer que sua filha está lá em cima e era a melhor.
Alguns pais não gostaram muito de ouvir isso, mas não nos importamos.
Quando a dança acaba gritamos, batendo palmas para a dançarina da família.
— Ela é incrível meu filho, tão linda — diz meu pai sorrindo e eu não
posso deixar de sorrir também.
— Sim, essa é a nossa marrentinha não é mesmo Lucca? — pergunto
com orgulho ao meu amor que sorri largamente.
— Com certeza, fico feliz que o senhor veio — Lucca diz e meu pai
assenti me olhando.
— Estou feliz em poder estar aqui também — meu pai responde. — —
Obrigada por dar uma família linda ao meu filho — diz e Lucca pisca um
olho.
— Sabe como é né sogrão, ele me ama muito e não vive sem mim. Bem,
na verdade é que eu sou muito lindo e ele não pode não querer uma família
comigo — Lucca diz fazendo meu pai soltar uma gargalhada. E eu reviro os
olhos, Lucca quando está contente com alguma coisa, ele realmente está
contente e não faz questão de esconder.
— Como você é um sujeito humilde — resmunga Gio e Lucca a puxa
para um abraço.
— Sou mesmo, grávida resmungona — Lucca diz recebendo um tapa
fraco de Gio.
— Olha quem está vindo ali toda risonha e suada — falo apontando para
Sam que vem correndo na nossa direção.
— Eu pensei que não iria vir papai Luigi. Que bom que veio! — diz
assim que eu a carrego tirando o cabelo suado de sua testa.
— Eu nunca iria faltar, meu amor. Você estava incrível lá! — falo
beijando seu pescoço suado e suas bochechas.
— Você estava linda, marrentinha. A melhor de todas — Lucca diz
beijando Sam também.
— Obrigada papai Lucca — responde Sam indo para os braços de
Lucca, que também a encheu de beijos.
— Com certeza a melhor de todas — Gio diz arrancando um sorriso de
Sam, que agradece prontamente.
— Sam eu gostaria que você conhecesse meu pai. Esse aqui eu seu outro
nonno, Orázio — falo atraindo a atenção de Samantha para meu pai.
— Fico muito feliz em finalmente te conhecer Mia nipote (minha neta)
— meu pai diz sorrindo meio nervoso para Sam.
— Eu também estou feliz vovó Orázio. Nome difícil esse, não é? —
pergunta ela após dizer o nome dele e isso arranca um sorriso de meu pai.
— Então você gosta de ter outro vovô, mesmo que seja um com um
nome feio? — pergunta meu pai mais relaxado e Sam desceu do colo de
Lucca e vai em direção ao meu pai.
— Sim, antes era vovó Tetê, eu e papai Scott. Mas os dois são estrelas
agora, é tristeza saber que não vou poder mais ver eles, mas agora eu tenho
família bem grande. E o senhor está nela agora também. Isso é bom — Sam
diz nos deixando emocionados e orgulhosos, percebo que meu pai também
está emocionado.
— Posso te abraçar? — ele pergunta se abaixando e após Sam assenti
ele a puxou para os seus braços. — Obrigada pela oportunidade, meu filho —
meu pai diz olhando para mim e eu assenti.
— Oh merda! — grita Giovanna e todos nós viramos para vê-la encarar
o chão com uma grande poça de água se formando.
— Fez xixi nas calças Gio? — Lucca pergunta e Giovanna o encara com
raiva.
— Claro que não Lucca, minha bolsa estourou! — diz ela fazendo
nossos olhos arregalarem ao mesmo tempo.
— Oh Dio! A bol… a bolsa estourou! Ela estourou! Você ouviu isso
Luigi? — grita Lucca e eu o olho assustado.
— É agora? Caspita, é agora! Vamos logo para o hospital Lucca! —
Começo a me agitar e Lucca também.
— Para! Para vocês dois, respirem caralho! Eu preciso de vocês dois
calmos — Giovanna grita irritada e nós dois paramos imediatamente
assustados. — Lucca, a bolsa do bebê já está no carro?
— Sim, desde que eu li no livro que deveria colocar — diz ele
prontamente.
— Ótimo! Agora você vem me ajudar a andar e você Luigi. Você vai
dirigir o inferno do carro com calma, para nós não morrermos. Entendeu? —
pergunta e nós dois assentimos. — Agora vamos!
Saímos do local levando uma Giovanna muito irritada e agora urrando
de dor para o carro. Após todos estarmos acomodados, coloco o carro para
andar, enquanto os seguranças iam no outro carro na nossa frente. É hoje que
finalmente vamos conhecer a nova integrante dessa família. Estou me
sentindo muito, muito feliz e assustado. Olho para Lucca pelo retrovisor e sei
que ele está do mesmo jeito que eu.
A ida até a maternidade com Giovanna chorando de dor é mais difícil do
que imaginamos, fui no banco de trás segurando sua mão para te passar um
pouco de segurança. Mas ela ao mesmo tempo em que chora, xinga os piores
nomes do mundo, ainda bem que ela fala tudo em italiano e Sam que está nos
olhando, com os seus olhinhos arregalados, não está entendendo nada. Foi
bom o pai de Luigi estar aqui, pós ele foi o caminho interior conversando
com Samantha, distraindo-a do sofrimento de Giovanna.
A chegada à maternidade é um dos maiores alívio que eu já senti na
vida. Ainda bem que Giovanna me lembrou para ligar para o seu médico. O
Dr. Philip é um ótimo obstetra, já vim em algumas consultas com Gio e ele se
mostrou ser um médico muito atencioso e competente. E a melhor coisa foi
que ele já havia preparado uma equipe para se assegurar de Giovanna
enquanto ele está a caminho. Quando os enfermeiros a levam para fazer as
preparações necessárias eu olho para Luigi que está com o rosto mascarado
de pura aflição.
Para distrair sua mente mando que ele fosse dar entrada nos papéis de
internação de Gio. O mais engraçado é que ele nem questiona, somente olha
para mim e assentiu. Aproveito esse momento para ligar para meus pais,
mamma quando me ouve falar que Giovanna está em trabalho de parto, dá
um grito na linha que me deixa surdo. Entendo perfeitamente a empolgação
da família, todos nós estamos muito ansiosos para a chegada dessa pequena.
— Papai Lucca, será que a Gio e o bebê vão ficar bem? — Samantha
pergunta assim que desligo a ligação.
— Claro que sim, meu amor — falo me aproximando dela e a pegando
no colo.
— Eu fiquei tão assustada ao ver Gio chorar de dor — ela diz e eu beijo
sua testa.
— Infelizmente essas coisas acontecem, o bebê avisa que está pronto
para vir ao mundo assim — falo e ela me olha intensamente.
— Se é assim eu nunca vou querer ter um bebê. Não, isso é um horror
— fala me fazendo rir.
— Se você não arranjar um namorado para mim já é de bom tamanho —
falo e ela me olha sem entender.
— Meninos são chatos e fedidos! — resmunga minha marrentinha de
cara feia.
— Espero que você continue a pensar assim daqui a 30 anos — falo e
vejo meu sogro dar uma risada alta.
— Então quer dizer que você vai ser daqueles pais ciumentos — diz e eu
afirmo com convicção.
— Tenho certeza que seu filho vai ser pior que eu — falo e ele nega
com a cabeça.
— O que tem eu? — Luigi pergunta assim que chega até nós.
— Sam diz que meninos são chatos e fedidos — falo e Luigi abre um
largo sorriso.
— Que você continue a pensar assim para sempre, filha — Luigi diz
beijando a cabeça de Sam e seu pai olha para ele espantado.
— Vocês dois são dois loucos ciumentos — afirma Orázio e nós damos
de ombro o fazendo rir.
— E aí, ligou para sua mãe? — Luigi pergunta e eu assenti.
— Sim, daqui a algumas horas esse hospital vai estar lotado com a
família mais barulhenta que existe — falo fazendo cócegas em Sam.
— Não conheço muito bem a família Aandreozzi. Acho que vi seu pai
algumas vezes nesses jantares beneficentes da vida — meu sogro diz e Luigi
coloca a mão no seu ombro.
— Eles são uma família muito unida e quando aceitam uma pessoa no
seu meio é para sempre. — Ele olha para mim com amor e eu pisco de volta.
— Então fico feliz que você tenha sido acolhido por uma grande família
assim — Orázio diz e Luigi assentiu.
Eu estou achando incrível essa reaproximação de Luigi com seu pai.
Todo mundo merece uma segunda chance e se meu sogro está arrependido
por ser tão displicente com seu filho por anos. Então por que não o perdoar?
A vida é curta demais, cansativa demais, repleta de tristeza e catástrofes
naturais, então a melhor coisa a se fazer é aproveitar ao máximo as
oportunidades boas que a vida nos dá. E ver meu Luigi tão leve e natural na
frente do seu pai e saber que ele teve muito que lutar consigo mesmo para
estar assim é uma grande vitória que só me traz felicidade.
— Senhores? — um jovem enfermeiro chama e nós viramos para
encará-lo.
— Sim, pode falar — digo e ele olha de mim para Luigi.
— Qual dos dois é o pai da criança? — pergunta o enfermeiro e eu olho
para ele franzindo o cenho.
— Nós dois somos o pai do bebê — Luigi respondeu sério deixando o
menino desconfortável.
— É porque só o pai pode entrar para fazer companhia a mãe — diz e eu
olho para Luigi.
— E não podem ir os dois? — pergunto e meus olhos vão para Sam.
— Eu não… é que... bem... — diz o enfermeiro e eu nego com a cabeça.
— Vai Luigi, fica lá com Giovanna que eu fico aqui — digo derrotado e
Luigi me olha com irritação.
— Está maluco? Nós dois vamos entrar, a própria Giovanna já tinha
falado com o médico. Nós dois somos o pai do bebê — enfatiza Luigi e eu
respiro fundo.
— Bem, se o doutor sabe acho que não há problemas, certo — o
enfermeiro diz constrangido.
— Mas tem Samantha, não posso deixá-la assim — falo e Luigi olha
para seu pai.
— O senhor ficaria com ela? Logo vamos para uma área só nossa aqui
no hospital para acolher a família — pergunta Luigi e seu pai assentiu.
— Sim, vai ser muito bom poder conhecer mais essa linda garotinha —
meu sogro responde e eu chamo Daren.
— Olha lá viu pai, essa menina é o nosso bem mais precioso. Estou
confiando-a ao senhor — Luigi diz com uma expressão séria e seu pai respira
fundo.
— Gosto de ver você tão responsável com sua família — ele diz
deixando Lui sem graça. Direciono meus olhos para a Daren.
— Daren, você vai ficar responsável pela segurança de meu sogro e de
Sam — falo e ele afirma. — Chame mais homens para que eles fiquem no
hospital, não quero que nada aconteça.
— Será feito, senhor Aandreozzi — diz sério e profissional.
— Então se é assim vamos — falo e coloco Sam no chão me abaixando
para ficar na sua altura.
— Olha só amorzinho, você vai ficar aqui com seu avô e nós vamos lá
ver Gio. Se você se sentir cansada de ficar aqui é só pedir a Daren que ele te
leva para casa. Está bom?
— Eu quero ficar aqui e conhecer minha irmãzinha — diz ela em um
tom baixo e eu a abraço.
— E logo, logo você vai meu amor. Assim que ela nascer eu vou vir te
buscar — falo ela confirma com a cabeça balançando seus cachinhos.
— Você vai ficar bem aqui viu marrentinha — Luigi fala para Sam lhe
dando um beijo na testa.
Deixamos Sam com Orázio e vamos em direção ao quarto que Giovanna
está. Chegando perto do quarto já dá para ouvir os choros e resmungos de
Gio, olho para Luigi que está com uma expressão mais medrosa que a minha.
É incrível como eu sei lidar muito bem com a morte, mas o ato do
nascimento é completamente aterrorizante para mim. Dio, eu espero não
desmaiar na sala de parto, pois não vai ficar bonito para mim. Ao passarmos
pela porta a expressão de alívio de Gio ao nos ver, é coisa de outro mundo.
— Vocês demoraram! Por que vocês demoraram tanto? Eu achei que
tinha me deixando aqui sozinha — diz Giovanna entre dentes e nós nos
aproximamos cada um de seu lado.
— Nós jamais faríamos isso com a mãe de nossa filha. Vocês duas são
muito importantes para ficar sem nossa companhia — Luigi diz passando a
mão na testa suada de Gio.
— Estamos deixando Sam em segurança, sabe que não podemos deixá-
la sem segurança — falo e ela me olha aflita.
— E onde ela está? Ela está bem? — pergunta e começou a se encolher
com dor, apertando minha mão com força. — Puta merda, isso dói pra
caralho!
— Oh, eu sei disso — murmuro sentindo meus dedos serem esmagados.
Como pode uma criatura tão magrinha ter essa força.
— Não se preocupe com Sam, ela está com meu pai — diz Lui em um
tom sofrido e percebo que não é só minha mão que Gio apertou.
— Eu seria uma pessoa tão sozinha se não fosse por vocês — Giovanna
diz chorosa. — Meus pais não querem mais saber de mim, eles me
renegaram. Como pode?
— Gio, saiba que são eles que estão perdendo de ter a companhia é o
seu afeto. Você nos tem — Luigi diz e eu afirmo.
— Fora que nós ainda viemos com um pacote de uma família muito
maluca. E pode ter certeza que você está incluída no pacote — falo e ela se
encolheu novamente com dor.
— Eu nunca mais quero isso, meu Deus do céu como dói — grita e fala
com seus olhos irritados para Luigi. — Tudo por culpa sua, seu merda! Veja
que você fez comigo, isso dói! — grita Giovanna dando tapas em Luigi e eu
me prendo para não rir.
— Desculpa Gio, eu não sei o que dizer — fala Luigi aflito.
— Não diga nada, olhar para você me irrita — diz e começa a chorar. —
Mentira, não irrita coisa nenhuma. Isso só dói, faz parar, por favor — ela
pede chorando.
— Vejo que minha paciente está bem acompanhada — diz o médico
entrando no quarto. Ele nos cumprimentou e vira para Gio. — Como está a
mamãe?
— Eu estou na merda, na porra da merda! — Giovanna diz e dessa vez
eu não seguro o riso.
— Você está rindo de quê mesmo? — Ela olha para mim de um jeito
que eu tenho certeza que se ela tivesse uma arma atirava.
— Nada, nada mesmo. Doutor não tem como dar a ela uma anestesia?
— pergunto e ele olha para Gio.
— Eu não quero nenhum tipo de droga! — grita Giovanna no meio de
outra contração.
— Foi isso que eu disse nas consultas, mas se ela quiser mudar de ideia
temos um anestesista em prontidão — o médico diz e nós assentimos. —
Agora vamos ver como está a sua dilatação.
— Esse exame dolorido do inferno? Oh porra! — diz e o médico
colocou a luvas.
— Vou ser rápido, eu prometo — ele fala e começa a fazer o exame que
eu tenho que fechar o olhar. Dio, ele enfia a mão na pobre Gio.
— Você ainda está com 3 centímetros de dilatação. O parto pode
demorar algumas horas — diz ele e nós arregalamos os olhos.
— Tudo isso? — Luigi faz a pergunta que eu queria fazer.
— Sim, podem durar umas 12 horas ainda ou o trabalho de parto
simplesmente pode evoluir rapidamente. Como ela quer um parto normal,
então vamos ter que esperar — diz o médico e olhamos para Gio que está de
olhos fechados.
— Estamos contigo — falo lhe dando um beijo na testa.
— Obrigada meus amigos — responde ela e outra contração vem.
Ficamos por mais de 8 horas com Giovanna sentido dor e quando ela
decide pedir a anestesia é justamente no momento que ela está totalmente
dilatada. Daí não tem mais como tomar a medicação e o parto é iniciado.
Tentamos auxiliá-la de todas as maneiras, conversando, pedindo para que
empurrasse com força para que a bebê viesse ao mundo. E quando vemos à
cabeça coroando, o que não é uma visão bonita, mas ver aquela cabecinha
cheia de cabelos saindo, foi aí que cai na real que tudo isso está acontecendo
de verdade. Eu estou vendo o parto de mais uma criança que terá todo meu
amor. Olho para Luigi que está com uma expressão de pura expectativa. E
quando ela saiu por completo e o médico a colocou no peito de Giovanna…
Nossa é surreal, tudo isso é surreal.
— Oh meu Deus, como você é linda meu amor — diz Gio chorando
muito. — Venham ver a nossa filha, olha como ela é perfeita.
— Uma… uma preciosidade. Olha isso Lucca — Luigi diz e assim
como eu suas lágrimas estão saindo livremente.
— Uma verdadeira dádiva, você é perfeita — falo e a enfermeira se
aproximou sorrindo.
— Eu... Eu não sei se vou poder deixá-la! — Giovanna diz e um largo
sorriso surge nos meus lábios.
— É tudo o que sempre quis ouvir, você é nossa amiga e mãe da nossa
filha. Você faz parte da família, Gio — falo e Luigi concorda.
— Qual é o nome da bebê? — a enfermeira pergunta chamando nossa
atenção e nós olhamos para Giovanna.
— Eu gostaria de fazer um pedido — diz ela e nós assentimos. — Eu
gostaria que ela tivesse o nome da minha avó, ela foi à única pessoa descente
que me amava na minha família — ela diz chorando e com os olhos grudados
na bebê acolhida no seu peito.
— Ficaremos muito felizes Gio, pode dizer — falo em um tom baixo
também com os olhos no bebê.
— Minha nonna se chamava Isabel, e era a mulher mais doce e gentil
que conheci. Quero que essa pequena seja assim, doce e gentil como a minha
nonna — ela fala beijando a cabecinha suja do bebê.
— Então que assim seja — Luigi diz emocionado.
— Bem-vinda à família, Isabel — falo muito emocionado.
A enfermeira pega Isabel dos braços de Gio e a leva para fazer os
exames e limpeza, Luigi vai acompanhando a enfermeira. Saio do quarto
após dar um beijo na testa de Gio, para que o médico termine o que seja lá
que tenha que fazer. No corredor eu encosto a cabeça na parede e respiro
fundo, estou feliz que as duas estão bem. Aproveito e vou à sala de espera
avisar sobre o nascimento e meu coração fica feliz quando vejo meus pais,
nonna e Lorenzo junto com meu sogro e Sam. Ao olhar para eles eu não
contenho as lágrimas de felicidade, mamma é a primeira a me alcançar.
— Como elas estão? Cadê Luigi? Foi tudo bem? — pergunta nervosa.
— Calma querida, o deixe falar — babo fala e eu sorrio para ele.
— Isabel nasceu sim, e é uma coisinha pequena e rosada. Luigi foi junto
com ela para os exames e Giovanna também está sendo examinada para ir ao
quarto — falo e mamma me abraça de novo.
— Isabel? — pergunta nonna e eu assenti.
— Sim, esse foi o nome que Giovanna escolheu para ela. Uma
homenagem a sua nonna — falo e nonna sorri emocionada.
— Esse é o nome de uma princesa — fala mamma e eu assenti.
— Parabéns meu filho, ver o nascimento de um filho é incrível — babo
diz sorrindo para mim com carinho.
— Parabéns Lucca, quero parabenizar meu filho também — Orázio diz
e eu digo que daqui a pouco ele está aqui.
— Vem cá, meu amor! — chamo Sam que vem logo para meus braços.
— Como ela é papai Lucca? — pergunta Sam e eu sorrio para ela.
— Ela é linda e pequena, vai precisar muito que nós cuidemos dela com
muito amor — falo e ela sorriu.
— Eu vou ser mais eficiente com bebê que você e Papai Luigi — diz ela
fazendo todos nós rir.
— Acho muito bom saber disso — Luigi diz abraçando a mim e Sam.
— Parabéns meu filho! — diz meu sogro a Luigi que sorri.
— Estou muito feliz em ver vocês aqui — Luigi diz e é abraçado por
todos.
— Quando descobrimos que Giovanna entrou em trabalho de parto,
viemos correndo para cá — nonna diz e é abraçada por Lorenzo.
— Ligamos para seus irmãos e já avisamos — babo fala e eu assenti.
— Enzo está na Grécia, foi em uma viagem de negócios. E deve vir de
lá para cá — mamma fala me fazendo lembrar o quanto nossa vida é ocupada.
— E Giovanna está bem mesmo? — pergunta Lorenzo.
— Sim, ela foi ótima lá, aguentou tanta dor por tantas horas que eu não
sei se eu aguentaria — Luigi diz e eu lembro como foi lindo e aterrorizante
esse momento.
— Nós quase perdemos as mãos ou a vida, mas estamos bem — falo
rindo e fazendo todos rirem junto.
— Eu sofri no parto desse aí. Ele tinha uma cabeça do tamanho do
mundo que saiu me lascando toda — nonna diz e babo olha para ela
indignado.
— Eu não tenho a cabeça grande! — reclama papai e nonna revira os
olhos.
— Se você está querendo se enganar quem sou eu para falar alguma
coisa — ela diz dando de ombros e é impossível não rir.
— Será que vamos poder ver Giovanna e Isabel? Estou louca para
conhecer minha netinha — diz mamma contente. Como não sabemos o que
responder, decidimos esperar alguma enfermeira vir nos informar se Gio já
foi para o quarto.
Após uma hora vemos o obstetra de Giovanna aparecer e ele nos
informa que a mãe é o bebê já estão no quarto. Não perdemos tempo e vamos
todos para lá, inclusive Sam que está mais empolgada que todos para
conhecer a irmã. Ela me confidenciou que sempre quis ter uma irmãzinha,
coisa que fiquei muito feliz em saber e espero do fundo do coração que ela
não sinta ciúmes, pois o nosso amor por ela é tão grande quanto o da bebê.
Ao abrir a porta do quarto onde Gio foi transferida, eu não estou preparado
para o que está bem diante dos meus olhos e o susto é tão grande que faz meu
coração parar. Bem ao lado do bercinho está Gianella, com o bebê no colo e
uma faca na mão.
— Me dê a minha filha, por favor, não faça isso — Giovanna diz com
um ar de sonolenta, mas o sofrimento na sua voz é nítido.
— O que está acontecendo aqui? O que você está fazendo aqui? —
Luigi pergunta, mas a sua mãe nem virou na nossa direção. — Solte a minha
filha!
— Ela é linda, não é? Ela é tão inocente, nem sabe que coisas ruins
podem acontecer na sua vida — diz Gianella ninando o bebê.
— Como você conseguiu entrar aqui? — pergunta Luigi com raiva e ela
ri.
— Nada que uma vovó muito feliz com o nascimento da neta não faça.
E antes que me pergunte como eu descobri, saiba que eu sei todos os passos
do meu marido — diz ela sorrindo para Orázio.
— Você está louca? Não estamos mais juntos, eu não sou mais seu
marido! — diz Orázio entre dentes.
— Você não decidi isso, eu decido tudo — ela diz exaltada.
— Gianella, por favor, me dê a Isabel — peço com a voz calma e
controlada.
— Isabel? Esse é o nome do bebê que destruiu a minha família? Acabou
com o meu casamento? — diz ela levantando o rosto que está vermelho de
puro ódio.
— Nosso casamento acabou, mas o bebê ou nosso filho não tem nada a
ver com isso, Gianella. Dê o bebê à mãe e vamos conversar só nós dois o que
acha? — p pai de Luigi diz em um tom também calmo e a voz trêmula. Mas
isso só serve para a maluca dar uma risada estrondosa fazendo Isabel chorar.
— Por favor, ela está chorando. Lucca, Luigi peguem a nossa menina —
Giovanna diz chorando e meu coração fica partido.
— Cala a boca criatura odiosa! Tão irritante e insignificante como o pai
— diz Gianella apertando a bebê nos seus braços.
— Mãe, me dê ela. Olha como ela chora, vamos resolver tudo — Luigi
diz em um tom sofrido tentando se aproximar.
— Gianella caia em sim e veja a loucura que você está fazendo — fala
Orázio.
— Eu fiz de tudo para te transformar em um homem forte, homem esse
que iria tomar a frente das empresas. Empresas que eu ajudei a tornar o que
eram, mas seu pai destruiu tudo, ele sempre teve a probabilidade de ser um
fracassado e se não fosse por mim ele seria. Então eu decidi te moldar para
ser mais forte que ele, mas você não passa de uma decepção — diz ela
apontando para Luigi.
— Então você realmente fez tudo isso comigo? — pergunta Luigi se
aproximando.
— Você é minha maior desgraça, você é o seu pai me deixaram na pior.
E eu vou tirar tudo de vocês, começando pelo bebê. Tão fofinha, acho que os
olhos dela são verdes — diz ela em um tom descontrolado.
— Papai, não deixa essa bruxa levar minha irmã — Samantha começa a
chorar assustada. Os olhos de Gianella vão direto para Sam. Tenho que tirá-la
daqui!
— Lorenzo, você pode, por favor, levar Sam para fora daqui? — peço e
sinto ela apertar mais ao redor do meu pescoço. — Vai amor, será bem
rapidinho — falo e Lorenzo se aproxima.
— Venha querida, venha com o biso — diz ele e ela finalmente vai.
— Porque não deixou que a garotinha conhecesse a sua nonna — diz
Gianella com uma risada maléfica, mas o que ela não percebeu é que minha
mãe está atrás dela pronta para qualquer coisa. Ela olhou para mim e Luigi
esperando uma confirmação, quando fazemos vejo um sorriso frio surgir nos
seus lábios.
— Você é uma vagabunda e nunca poderá ser chamada de nonna —
mamma fala destravando a arma que eu sei que é de babo, colocando a arma
na nuca de Gianella.
— Mas o quê? — diz Gianella e nonna dá um passo para frente tirando
rapidamente a faca de sua mão, jogando no canto do quarto.
— Me dê a minha bisneta! — pede nonna com seu rosto sério e braço
estendidos.
— Eu não vou fazer isso — diz Gianella entre dentes.
— Olha Arianna, ela é corajosa, ela — nonna diz em um tom de
deboche.
— Vamos lá, saiba que somos rápidas e eu posso muito bem estourar
seus miolos a tempo de minha sogra tira minha neta de seus braços. Você
decide! — mamma diz de um jeito tão foda que só me fez sentir orgulho.
— Vocês não fariam uma coisa dessas! — diz Gianella e nonna faz um
som de desdém.
— Se eu fosse você eu não duvidava. Agora passe minha filha para
nonna — Luigi diz com raiva.
— Você se importa? — nonna pergunta ao pai de Luigi que nega
cruzando os braços.
E assim Gianella faz o que foi mandado, minha mãe agarra seus cabelos
puxando para trás e sussurra algo no seu ouvido que não dá para ouvir.
Nonna caminha com Isabel no colo cuidadosamente e a colocou nos braços
de Giovanna, Luigi e eu nos aproximamos das duas e eu respiro aliviado
quando percebo que Isabel está bem. Ouço um barulho de pancadas e viro
meu rosto para ver mamma e nonna revezando para saber quem bate mais em
Gianella.
— Nunca mais na sua vida você encoste seus dedos sujos na minha neta,
sua vagabunda. — Mamma lhe dá um soco no rosto de Gianella partindo seus
lábios.
— Pessoas ruins como você apanham na cara para aprender a ser gente.
Toma isso cachorra! — Nonna lhe dá um tapa com as costas da mão.
— Eu nem pude carregar ainda a minha neta e você vem com essa mão
suja passando na minha frente — mamãe diz com raiva.
— Jogue essa vadia no chão e pisa nela, só não vou porque minha
lombar está doendo. Acho que quebrei minha unha! — nonna diz e eu não
posso deixar de rir.
— Luigi é minha família, ele é meu filho agora e quando mexem com a
minha família é o mesmo que despertar o demônio em mim — mamma diz
acertando mais uns socos em Gianella.
— Está bem, querida. Não quero ver você se machucar — babo diz para
minha mãe pegando uma Gianella toda ensanguentada, banguela e
descabelada pelo braço.
— Ora… Orázio, me ajude — pede a vadia e meu sogro lhe dá as costas.
— Para onde mando? — pergunta babo e ninguém respondeu. — Tudo
bem, podemos sempre mandar para o inferno. Não sei quando eles vão
aprender que não se deve mexer com a gente — fala dando de ombros.
Babo sai porta a fora com Gianella e eu ligo para Daren informando
onde é o quarto de Gio, ordenando que esse quarto seja vigiado 24 horas por
dia até que elas recebam alta. Desligo a ligação e volto minha atenção para
Giovanna que está dando o bebê para Luigi carregar.
— Eu pensei que ela fosse… — Gio diz e mamãe a impede.
— Chega de pensar nisso, agora é momento de celebração. Festejar e
ficar feliz com o presente que você nos deu — mamma diz e Gio concorda
enxugando o rosto.
— Obrigada mamma — falo ela sorri.
— Não agradeça já faz um tempo que eu queria dar uma surra naquela
vadia — ela diz sorrindo para nonna.
— Era meu sonho, mulher ruim tem que apanhar — nonna fala nos
fazendo rir.
— Me deixe ver! — diz Sam entrando no quarto novamente. — Ainda
bem que a bruxa foi embora.
— Sim ela foi e nunca mais vai voltar — falo pegando minha garotinha
no colo.
— Ela parece uma bonequinha — Sam diz admirando Isabel que está
dormindo.
— Eu me sinto tão leve, me sinto em paz finalmente — Luigi diz
olhando para mim e Sam.
— Nós somos uma linda e completa família. Amo vocês! — falo
olhando para todos e paro em Luigi, Sam e Isabel.
— Não mais que a gente! — Luigi e Sam respondem me fazendo muito
feliz.
Beijo os meus amores com carinho, com a certeza que agora não há
ninguém para nos incomodar. E que agora as nossas vidas estão entrelaçadas
em laços únicos, o laço do amor e da união.
TRÊS MESES DEPOIS

Acordo ouvindo o choro mais alto que qualquer agudo de um cantor de


rock, Isabel é definitivamente uma bebezinha linda, mas sem uma gota de
paciência no seu corpinho pequeno. E porra, eu a amo pra caralho! Saio dos
braços de Luigi e vou até o quarto da pequena berrante e chegando lá já vejo
Giovanna andando de um lado para outro cantarolando uma canção de ninar,
mas a pequena não quer saber da sua mamma.
— Cólicas de novo? — pergunto bocejando e Gio olha para mim com
cara de choro.
— Não sei, às vezes eu me sinto uma péssima mãe. Acho que estou
fazendo tudo errado — Giovanna diz abraçando Isabel que mexe seus
bracinhos de modo agitado.
— Deixa comigo agora, vá dormir. Você já levanta de tempos em
tempos para dar de mamar a ela — falo e Gio olha para Isabel.
— Lembre-se Bel, somos novos nisso. Tudo bem? Te amo garotinha —
Gio diz com uma expressão sonolenta e isso me faz rir.
— Deixe-me cuidar dela agora — falo pegando a pequena nos braços.
— Eu estava indo trocar sua fralda, agora é contigo — é à última coisa
que Giovanna diz antes de sair do quarto de Isabel.
— Acho que se eu te colocar no trocador agora é bem capaz de você cair
do jeito que está agitada — falo olhando para minha bebê vermelha de tanto
chorar.
Começo a cantar uma música aleatória que ouvi na sala de dança de
Sam, não faço ideia se estou cantando certo o importante é fazer essa pequena
aquietar seu choro para que eu possa trocar sua fralda. Finalmente consigo
fazê-la me encarar, seus lindos olhos verdes como se eu fosse um louco e não
seu lindo pai. A coloco no trocador, abro seu pijama rosa com bolinhas
brancas e faço todo o processo. Cara, acho que estou ficando mais experiente
nisso, antes era um horror, eu e Luigi já colocamos a fralda ao contrário ou
simplesmente não grudamos direito as fitinhas, essas fitinhas são um terror.
— Pronto amore mio, vamos fazer um tour pela casa. Acho que você
adora fazer isso, mas não vamos demorar muito, temos que ir dormir para ir
amanhã para casa de seus nonnos — falo e ela fez uns sons com a boca.
— Sim, acho que você está começando a me entender. Então ajude seu
pai aqui e vamos lá dormir um pouquinho — falo pegando seu lençol grosso
do berço.
Começo a caminhar com Isabel e passo por toda a casa até parar do lado
de fora, percebo que aqui fora está ventando muito então vamos para o sofá
da sala. Assim que me sento vejo um pequeno corpo se aproximar com um
lençol arrastando no chão. Tem dias que Samantha acorda e fica esperando
Isabel dormi também, sem falar em Loki que está ficando cada dia maior e
não larga as meninas de forma nenhuma. Ele faz um revezamento do seu
modo, um tempo fica com Sam e outro tempo com Isa.
— Não consegue dormir, marrentinha? — pergunto e quando Isa vê
Sam se aproximar com seus cabelos bagunçados abre um sorriso desdentado.
— Loki me acordou. Ele sabe quando você ou papai Luigi ficam como
doidos se arrastando pela casa — diz ela e sorri para a irmã.
— Loki mau! — Brinco apontando para Loki e Sam revira os olhos.
— Papai isso não foi legal! — diz ela com uma expressão entediada e
volta sua atenção a Isa. — Quem é o bebê chorão? É você? É você mesmo!
— ela brincou com Isa a fazendo rir.
— Filha, seu cabelo está parecendo um ninho de rato — brinco vendo a
confusão na sua cabeça e ela cerra os olhos na minha direção.
— Não papai, não vou falar nada. Tio Enzo diz que às vezes ignorar é o
melhor — responde ela e eu finjo estar ofendido.
— Você anda muito ligando para seu tio Enzo. Acho que meus irmãos
querem roubar minhas filhas de mim — digo de cara feia e Sam cai na risada.
— Papai vamos separar as coisas, tio Enzo só é meu tio que precisa de
conselhos bons e tio Filippo não fez nada para que Isa adore ser carregada
por ele — Sam diz e meu coração se encheu de amor por essa garotinha tão
esperta.
— Então você não vai me trocar? — pergunto e ela nega.
— —Jamais papai! Eu amo você, meu pai Luigi, Gio e minha
irmãzinha. Diga a ele Isa! — Sam diz pegando no pé de Isa.
— Eu amo você também marrentinha. Amo vocês duas — falo rindo do
rastro de baba que Isabel deixou na bochecha da irmã e ela fez um: “Eca,
Isa!” Sam senta ao meu lado no sofá enquanto Loki senta nos meus pés
olhando tudo com atenção.
— Então vocês estão aí? — Luigi pergunta chamando minha atenção
com sua voz rouca de sono. Não consigo não olhar para seu peitoral
bronzeado. Oh homem gostoso!
— Sim, estamos tentando fazer essa pequena dormir — falo tentando
não me distrair e percebo que Isa está meio sonolenta.
— Ela deu muito trabalho? — pergunta com um sorriso pequeno e dá
um beijo em nós três.
— Não, Gio que estava morta nos seus pés e eu a mandei ir para cama.
— —A risada baixa de Luigi é muito fofa, mas espero que ele não saiba que
eu penso nele como fofo, acho que ele me mataria.
— Por que não vamos nós quatro para o nosso quarto? Isabel dormi
melhor entre nós dois e aquela cama é enorme — diz e eu rio.
— Giovanna não vai gostar se ficarmos acostumando às meninas mal —
falo mordendo os lábios e olhei para minhas meninas adormecidas.
— Com Giovanna nós cuidamos depois — Luigi diz carregando Sam.
— Vamos lá!
Assenti e subimos para o nosso quarto e acomodamos Samantha na
frente de Luigi e Isabel ficou no meio de nós dois. Luigi sorri para mim antes
de desligar as luzes, qualquer pessoa percebe o quanto Luigi está mais leve,
até a bengala ele não usa mais, foram muitas sessões de fisioterapia para que
ele pudesse pelo menos parar de mancar. Às vezes ele sente um pouco de dor,
mas nada que alguns exercícios não ajudem a melhorar. Falando em
exercícios, quando não estamos muito cansados de perder noite com Isa,
estamos sempre aprimorando o seu treinamento tanto em tiros quantos lutas
corpo a corpo. E com esses pensamentos que eu acabo adormecendo.
No outro dia pela manhã, nós tomamos nosso café da manhã e vamos
todos para a pista de voo. Vamos passar o final de semana na casa dos meus
pais, lá vamos fazer uma festa entre família e amigos para comemorar as
coisas boas das nossas vidas, faz tempo que nós não festejamos e estamos
definitivamente precisando disso. No jatinho Giovanna está sentada
amamentando Isabel, enquanto Sam fica com ela conversando animadamente
sobre ir para casa dos avós. Aqui também está meu sogro que eu fiz questão
de convidar é impressionante como esse homem está mais presente do que
nunca é faz questão de sempre está indo jantar com a gente. E fico mais feliz
ainda que ele esteja perto de abrir a sua livraria.
Percebo que o lance entre ele e Giovanna não vai mais acontecer
mesmo. Antes eu via que eles ficavam desconfortáveis um com o outro, mas
hoje principalmente depois que Isabel nasceu eles estão tranquilos. Giovanna
depois que decidiu ser bem presente na vida de Isa, está mais radiante do que
nunca, aquela menina com os olhos tristes se foi e agora seus olhos só estão
bem cansados assim como os meus e os de Lui, mas mesmo muito cansados
adoramos aquela pequena. Quem também está aqui é Francisco, namorado de
Christian, quando Cris voltou das férias trazendo Francisco com ele não foi
nenhuma surpresa para mim e agora eles vivem bem e felizes como qualquer
casal que se gostam bastante.
— Filha, não esqueça de colocar o seu casaco. Está fazendo muito frio
— falo alto para Sam ouvir e ela me olha atrás do encosto da poltrona.
— Papai Luigi diga para Papai Lucca que eu farei isso — Sam diz e eu
arregalo os olhos.
— Você ainda está brigada comigo por causa de hoje de manhã? —
pergunto fingido muita tristeza.
— Papai Luigi? — diz e Luigi começa a rir.
— Sam, você não pode ficar brigada com Lucca — Luigi diz tentando
não rir, mas Giovanna não tem sucesso porque ela começou a gargalhar.
— Claro que eu posso! Ele desligou a ligação de Max, que ligou falar
sobre o ensaio, e papai Lucca ainda chamou Max de pervertido. Eu nem sei o
que é pervertido — diz ela com mau humor e todo mundo ri, até a aeromoça.
— Você chamou um garoto de pervertido Lucca? — meu sogro
pergunta rindo.
— Claro que sim, ele tem 15 anos. Que diabos um adolescente quer
ligando para minha garotinha? — falo cruzando os braços.
— Você às vezes é meio louco, já vi que quando essas meninas
crescerem eu vou ter que ficar de olho em você e Luigi — Giovanna diz
levantando com Isabel no colo. — Ela mamou e arrotou agora quem troca a
fralda? Isso é com um de vocês — fala colocando Isa no meu colo.
— Essa é com Luigi, eu a troquei antes de vir — falo e levanto Isa na
direção do meu rosto e minha pequena sorri largamente. — Eu amo você,
mas me recuso a limpar sua fralda carregada — falo beijando e cheirando o
pescocinho de Isabel que ri de um modo gostoso.
— Poderia ser nós dois aqui também, não é Samantha? — Provoco e ela
me olha descontente.
— Não vai acontecer papai, não vai acontecer! — ela diz e senta na
poltrona novamente. Criatura difícil!
— Você está pegando as falas de seu tio Enzo. — Luigi lembra e eu
afirmo descontente.
— Não seja igual a sua irmã, Isabel. Meu pobre coração não vai
aguentar, vocês são muito lindas e eu sei que a adolescência de vocês duas
vai ser complicado — falo fazendo Luigi concordar e daqui dá para ouvir o
som ofendido de Sam fez.
— Vocês dois são ridículos — Giovanna diz e vai ficar com Sam.
— Pode ir Luigi, essa fralda é sua — falo colocando Isabel no seu colo.
— Você é muito esperto, sei que troca mais as fraldas de xixi. Você não
me engana Lucca — Luigi diz e eu nego.
— Não escute seu pai Isabel, ele é um mentiroso — brinco e antes de ir
Luigi me dá um beijo molhado.
— Giovanna peça para Samantha O'Brien Aandreozzi vir aqui ver seu
papai que precisa de amor — falo e ouço uns risinhos no fundo e sei que são
dos seguranças. — Vocês estão vendo como eu sofro?
— Lucca, deixe de ser um cínico — Christian diz e eu olho para ele, que
está sentado ao lado de Francisco.
— Francisco você sempre pode ficar solteiro — falo sério e vejo Chris
com uma carranca.
— Obrigado por me lembrar, mas acho que eu fui verdadeiramente
tomado — brinca Francisco me fazendo sorrir.
— Fico feliz por vocês dois. Agora só falta Daren tirar a cabeça para
fora da bunda e chamar Helena para sair — falo e todos olharam para Daren.
— Ele já fez isso, senhor. Finalmente fez isso — Norah diz me deixando
surpreso.
— Vou ligar para Helena, quero saber de tudo. — Provoco Daren e ele
só nega com a cabeça.
— Papai! — chama Sam e eu olho para ela contente.
— Já vai me perdoar? — pergunto e ela nega. — Então o que a
senhorita quer perguntar?
— Por que Laila e Justin não vieram com a gente? — Sam pergunta e
minha preocupação voltou à tona.
— Eu não sei filha, eu realmente não sei — falo em um tom sério.
— É uma pena, sinto falta de Justin — diz ela e eu a chamo com a mão,
ela nem reclama vindo à minha direção e sentando no meu colo. Ela não
consegue ficar muito tempo afastada e eu amo isso.
Ando percebendo que Laila está um pouco estranha, e eu tentei
conversar com ela, mas não deu muito resultado. Ela continua dizendo que
está tudo bem e que não é para eu me preocupar à toa, mas eu sinto que há
algo que não está indo bem. E se ela se recusa a conversar comigo ou com
qualquer outra pessoa, não vou forçar. Mas o que ela precisar, pode contar
com a gente. Esqueço um pouco de Laila assim que vejo que vamos
aterrissar. Saindo do avião vejo Enzo no esperando encostado no SUV, Sam
quando o vê vai correndo na sua direção. Vou me aproximando ouvindo o
absurdo que eles estão falando.
— Vamos pedir ao seu pai problemático para você ficar comigo uma
semana nas suas férias — diz Enzo e eu cerro os olhos na sua direção.
— Duvido que ele deixe, mas podemos tentar — Sam diz e eu olho para
Luigi e Gio que só dão de ombros. Estou sozinho nisso!
— Isso não vai acontecer — falo entre dentes e o idiota do meu irmão ri
de mim.
— Vamos lá, eu sou o padrinho dela e tenho meus direitos — Enzo diz
me provocando.
— Zuco, namore, case e tenha seus próprios filhos. Não queira roubar a
minha morena! — falo e ele me olha com desgosto.
— Nem vou falar mais nada sobre isso — Enzo resmunga indo em
direção ao carro.
— Continue a pensar assim cunhado! — grita Luigi me fazendo rir.
Chegamos à casa dos meus pais e a felicidade em nos ver é contagiante.
Mamma vem logo perguntar a Gio como está indo à maternidade, e tenho que
contar que quando Gio e Isa vieram para casa nonna e mamma foram de uma
gigantesca ajuda, eu nem sei como agradecer. Babo após nos cumprimentar
se bandeou para o lado de meu sogro e foram conversar. Um gritinho de
Isabel me tira dos pensamentos e vejo Filippo se aproximar com Luti e as
crianças. Duda corre para ver Samantha e após dar um beijinho em Isa as
duas saem correndo. Pietro também me enche de beijos e saí correndo atrás
da irmã e prima.
— Venha pegar sua sobrinha que já te conhece, meu amigo — Luigi diz
sorrindo para meu irmão carrancudo.
— Não sei de onde vocês tiram isso, ela é só um bebê — diz ele e pela
sua demora Isabel começa a fazer bico de choro.
— Por Deus homem, vai pegar a menina. Olha só aquele biquinho —
Luti diz empurrando Filippo.
— Você é muito chantagista igualzinha aos seus pais — Filippo diz
olhando sério para minha filha que sorri largamente para ele.
— Nunca entendi essa coisa ela tem com você. Coisa chata e ainda faz
pouco caso de minha filha, não quer me dê! — falo é Filippo me dá as costas
levando Isabel com ele.
— Você sabe que ele adora que Isabel queira ficar com ele, não sabe? —
pergunta Luti e eu começo a rir.
— Claro que sei, aquela pose de macho alfa não se sustenta quando ele
fica com Isabel — brinco e Luti ri. — Agora já podemos ficar juntos!
— Eu ouvi isso Lucca! — Filippo diz com raiva e todo mundo cai na
risada.
— Cadê Luna? Eu não a vi quando chegamos. — Luigi lembra e eu
assenti.
— Ela saiu para comprar algumas coisas com nonna e Beto — Luti diz e
depois olha para a entrada da casa. — Olha eles aí!
Olho para trás e vejo nonna agarrada a um Beto muito sorridente. E
Luna reclamando de alguma coisa que ele fala para ela. Luna briga com Beto
o tempo todo, mas todos nós sabemos que eles viraram grandes amigos, Luti
já até deixou escapar que eles sempre marcam de se ver em Madri.
— Vocês finalmente chegaram, eu roubei umas bebidas lá no meu clube
e trouxe para ficamos bêbados — nonna diz e eu já gostei da ideia.
— Mamma, a senhora não pode mais ficar fazendo essas coisas — babo
diz e minha avó olha para ele irritada.
— Don eu te amo muito, mas às vezes você é uma dor na minha bunda
— nonna diz e vai até Lorenzo lhe dá um selinho.
— Mamma! — diz babo e nonna revirou os olhos.
— Cadê as crianças? — Luna pergunta após nos cumprimentar.
— Os mais velhos estão correndo por aí e a Isabel… — Luigi é
interrompido por Luna.
— Está com Filippo! Eu não me canso de ver isso, aquele homem todo
grandão e mal humorado carregando um bebê — Luna diz rindo.
— É o estranho mais adorável que eu já vi — Enzo diz e Beto se anima
pegando o celular.
— Vou tirar uma foto, porque não é todo dia que eu posso zoar o marido
do meu melhor amigo — Beto diz com seu jeito moleque se ser e vai atrás de
Filippo.
— Ursão vai matar você, Beto — Luti diz preocupado.
— O que é a vida sem um pouco de aventura — diz contente e segue seu
caminho.
O dia é muito divertido, rimos muito, contamos casos engraçados e faz
um bom tempo que não ficamos tão relaxados. Na nossa vida vivemos
sempre muito preocupados com o que pode nos acontecer e ficamos sempre
em alerta. Mas é sempre bom ser uma grande e típica família italiana, nonna
ainda brincou dizendo que a nossa próxima festa tem que ser na fazenda da
família, lugar onde faz tempo que não vamos. Seria muito legal levar as
crianças para andar a cavalo, o lugar é lindo e tem um incrível vinhedo que
foi da família de nonna, onde eu e meus irmãos brincávamos bastante.
Alguns amigos não puderam vir, o que foi o caso de César e Iago, que
por sinal é o pediatra de Isabel, mas isso não impede de tudo está muito bom
e em um clima leve. Outro que não veio foi o tio Sávio, ele continua em
Roma vivendo a vida dele e ajudando o filho, que continua sendo uma pessoa
insuportável, a montar um negócio para ele.
— Você é meio estranho, mas eu acho que fui com sua cara — Diz Beto
para Nardelli amigo de Enzo, que resolveu aparecer.
— Diferente de mim que não fui nem um pouco com a sua cara —
Nardelli diz entre dentes e isso desencadeia uma gargalhada de Beto.
— Vamos ser amigos? Você pode ser um velhote, mas eu fui com sua
cara — Beto brincou novamente e até Filippo dá uma risada discreta. Filippo
não suporta Nardelli e nunca escondeu isso.
— Se eu fosse você se afastaria de mim — Nardelli diz com raiva e saí
de perto de Beto.
— Eu realmente gostei dele. Volta aqui homem que eu quero saber
como é ser um agente especial — grita Beto indo atrás de Nardelli.
— Às vezes tenho a sensação que meu amigo é suicida — Luti reclama
sentado no colo de Filippo.
— Eu tenho quase certeza disso — Luna diz rindo bastante.
— Pode até ser, mas pena que Beto é hetero eles fariam um casal
incrível. Nardelli é muito gostoso e aqueles cabelos grisalhos são um charme
— nonna diz e mamma confirma, nesse momento Lorenzo e babo cruzaram
os braços para encarar as duas com cara feia. — Relaxe homem! — nonna
diz a Lorenzo com um gesto de desdém. Pobre Lorenzo!
— Ninguém é mais lindo e sexy como você Don — mamma diz
piscando para babo que sorri largamente. E nós os filhos fazemos som de
asfixia.
— Alguém viu Luigi? — pergunto procurando passando o olho por todo
lugar.
— Ele disse que ia dar uma caminhada no lago — Enzo diz me
deixando confuso.
— Acho que vou ver se está tudo bem — falo e todos eles assentiram
com um sorriso cúmplice. Estranho!
Ando na direção do lugar que é muito conhecido por mim e onde eu
passava boa parte da minha infância. Chegando lá vejo o meu Luigi de costas
olhando para o lago distraidamente, vou andando devagar até seu encontro e
o abraço sua cintura encostando minha cabeça na curva de seu pescoço
cheiroso.
— O que faz aqui, meu amor? — sussurro minha pergunta e o vejo
respirar fundo.
— Estou aqui imaginando se é a hora certa — diz ele me deixando
bastante confuso.
— Hora certa para o quê? — pergunto e ele vira me abraçando forte e
depois se afasta, imediatamente eu entro em alerta. — O que está
acontecendo? Você não está me deixando, não é? — pergunto sem esconder
minha aflição e ele sorri.
— Por Dio! É claro que não Lucca, você é meu! — diz e eu solto uma
respiração forte.
— Inferno doce Jesus, ainda bem! — falo e ele ri de madeira rouca e
gostosa.
— Sua mãe disse que esse é o seu lugar favorito desde que tinha idade
suficiente para sair andando sozinho. E tenho que concordar que esse lugar é
lindo e perfeito para o que eu quero te pedir — Luigi diz e sinto suas mãos
ficarem trêmulas.
— Amor o que… — Ia perguntar, mas ele me cala com um beijo.
— Deixe-me falar, por favor — pede e eu assenti ficando quieto. —
Você me deu tudo, tudo que um dia eu nunca imaginei que teria. A nossa
família é tão linda e única, nossas filhas são as garotinhas mais lindas e
amadas de todo mundo. Nunca imaginei que eu poderia ser tão dedicado a
uma família e a um amor do modo que eu sou e gosto de ser por vocês. Eu
nunca vivi isso, pensei que nunca poderia dar a você o amor que você
merece, mas é impossível o tendo ao meu lado. — Respirou fundo e segura
minhas duas mãos. — Eu amo você, amo você com esse seu jeito explosivo,
amo o amor que fazemos juntos, amo o pai fora de sério que você é. Você é o
meu par perfeito e é por isso que eu quero te pedir para ser o meu marido.
Casa comigo Lucca Aandreozzi? — pergunta abrindo a caixinha com duas
enormes e lindas alianças de ouro.
— Puta merda! Não se pede a pessoa em casamento assim do nada, eu
poderia ter o coração fraco e cair duro no chão aqui. Eu sou um homem que
tem problemas com emoções muito fortes — falo nervoso e ele me olha em
sofrimento.
— Amor, me dê sua resposta. Eu estou sofrendo aqui! — pede Luigi,
olho para ele por um tempo e me jogo nos seus braços abraçando-o forte.
— É a foda do caralho de claro que eu me caso com você, Pierri. Você é
meu e não tem mais volta! — falo e iniciamos um beijo gostoso, beijo que só
o meu Luigi é capaz de dar. Nos afastamos do beijo e ele sorrindo coloca a
aliança do meu dedo e eu faço o mesmo com ele sem perder tempo. — Eu
porra amo muito você! — falo grudando nossas testas.
— Não mais que eu, pode ter certeza disso! — fala Luigi e eu me vi
rindo.
— Está preparado para ter mamma, nonna, Luna e Giovanna como umas
malucas organizando esse casamento? — pergunto e ele assenti prontamente.
— Ao seu lado eu estou preparado para tudo — fala ele e eu olho
assentindo.
— Gostei do que ouvi, eu gostei muito. Só faltou dizer que eu sou o
mais lindo de todos — peço e ele nega com a cabeça.
— Não vou inflar seu ego mais do que ele já é inflado — diz Luigi e eu
caio na gargalhada.
— Diga logo, homem! — peço e ele nega novamente me puxando para
mais um beijo delicioso.
— Eu sou louco por você — sussurra Luigi com seus lábios nos meus.
— Não mais que eu! — brinco e ele começa a dizer que eu estou
roubando sua frase.
Voltamos para casa e contamos que agora estávamos noivos. E como era
de se esperar a felicidade dos nossos familiares por nós me deixa
emocionado, somos abraçados por todos, principalmente por minhas
garotinhas. Eu sou a porra do homem mais feliz do mundo!
FIM!
15 ANOS DEPOIS

Hoje é um dia muito importante para a nossa família, hoje é o dia que
finalmente irá acontecer a reinauguração da galeria de Giovanna. Ela está
lutando a um tempo para fazer daquele lugar o mais fantástico possível. Eu
tenho um fodido orgulho dela, porque além dela ser uma mãe incrível para
minhas as meninas, ela também é uma profissional extremamente séria.
Confesso que muita coisa mudou durante esses 15 anos, mas a única coisa na
qual nunca mudou é o amor, respeito e admiração que sinto por essa família.
E Giovanna era o complemento que faltava para que tudo se tornasse mais
incrível. Por isso que eu e Luigi fizemos questão de que essa noite seja
memorável para ela, onde toda a família Aandreozzi vai estar reunida para
festejar o seu esforço.
Parando de falar um pouco sobre a noite de hoje eu solto um sorriso na
frente do espelho, admirando a minha incrível beleza. Fala sério eu estou
muito gostoso nesse smoking! Eu não… Espera aí, que diabos eu estava
falando? Ah sim, a noite de Giovanna! Mas não era só isso, eu ia falar outra
coisa, não ia? Que seja, vamos reformular isso aqui, beleza? O tempo passa
tão rápido, mais tão rápido que eu estou pronto para ter um treco um dia
desses. E se isso acontecer vai ser por causa das minhas filhas. Deixo logo
isso aqui em aberto, porque se algo realmente me acontecer vocês saberão
que foi a senhorita Samantha e senhorita Isabel. Sim, agora que elas estão tão
crescidas que a minha vida pacata e livre de qualquer tempestade foi
subitamente substituída por um fodido caos.
Luigi, o grande amor da minha vida, o homem que fode como um Deus
do sexo, fala que elas puxaram a mim. Como ele pôde usar dessa afronta?
Logo eu que sou tão sério quando Filippo. Reviro os olhos pelo o que acabei
de pensar e me assusto ao pensar que seria realmente muito sem graça ser tão
sisudo como meu Ursão lindão. Mas seja como for, eu garanto que essas
meninas estão realmente me deixando de cabelos brancos. Sam está fazendo
faculdade de negócios, para a felicidade de Luigi que sonha um dia em que a
nossa marrentinha trabalhará ao nosso lado. Eu não quero quebrar o encanto
do meu marido, e dizer que Sam irá lutar com ele sobre isso, mas eu decido
ficar quietinho e observar minha filha encrenqueira, de 22 anos, seguir sua
vida como ela bem entender.
Ainda lembro de como Samantha era uma criança tão cheia de vida,
linda e que tinha uma resposta para tudo. E hoje em dia? Ah cara, claro que
ela continua com a língua afiada, mas hoje em dia a minha filha mais velha é
a mulher mais foda que existe nessa vida. Mesmo que ela se envolva em
algumas confusões, que não são nada muito grave, eu estou junto a ela para
tudo. Quem nunca foi preso por desacato que atire a primeira pedra, não é
verdade? Não vou julgar minha menina, até porque nós fomos presos juntos
algumas poucas vezes, bem poucas vezes mesmo. Bem, agora o que falar de
Isabel? Isabel está com 14 anos, beirando os 15, e está me deixando maluco a
cada dia.
Mas eu me importo por ela está me deixando louco? Não, eu não me
importo mesmo! Até porque ela é minha garotinha, a bebê do papa aqui,
mesmo que ela tenha um gênio do cão como Luigi. Sim, Isabel está naquela
fase da adolescência onde eles pensam que ninguém os entende, que ser
adulto é uma das melhores coisas do mundo, mas que todos nós sabemos que
não é bem assim. A vida adulta é um verdadeiro inferno, mas eu vou dizer
isso a minha filha adolescente? Não mesmo! Vou deixar a pobrezinha
descobrir isso sozinha.
— Luc, por que diabos você está rindo sozinho? — Luigi aparece todo
lindo vestindo o seu smoking.
— Porque eu lembrei como nossa filha adolescente acha que é adulta —
falo rindo e ele dá um sorriso de lado.
— Coitadinha da minha princesinha, alguém tem que dizer a ela que ser
adulto não é legal — Luigi brincou negando com a cabeça.
— Sim, e esse alguém não sou eu — falo de modo sério e Luigi ri.
— Você está muito gostoso — ele diz me olhando de cima a baixo e eu
arregalo os olhos.
— Você acha mesmo? — pergunto descaradamente e ele concorda.
— Sim amor, você sempre está muito bom para o meu gosto. Você é
simplesmente o homem mais deslumbrante que já vi na vida — Luigi diz de
forma tão intensa que me deixa engasgado.
— Luigi, pare com isso. Ou eu vou livrar você dessas roupas e vou te
foder aqui mesmo de frente para esse espelho — minha voz sai rouca e eu
posso sentir o meu pau começar a engrossar.
— Sabe o que eu acho mais excitante, senhor meu marido? — Luigi
pergunta dando um passo na minha direção.
— O que? — pergunto mordendo meus lábios com força.
— É que você ainda me faz ficar tão fodidamente duro por todos esses
anos, somente por te olhar. — Solto um gemido e isso o faz dar uma risada
rouca.
— Luigi, não me provoque — aviso de forma firme.
— Não amor, não vou te provocar. — Seus olhos castanhos estão em
mim tão sério que eu me sinto despido.
— Luigi, quando esse evento terminar eu vou te foder tão duro e tão
forte que você não vai conseguir andar. — Faço a promessa e ele me olha por
um tempo.
— Será que eu devo lutar pela dominância ou deixo você chegar ao seu
caminho? — ele perguntou cruzando os braços.
— Acho melhor você lutar, eu gosto quando você luta, amor. Isso
porque eu sou tão foda com o meu pau que você não resiste — brinco
tentando controlar minha louca vontade de ir até Luigi e foder seus miolos. E
isso faz Luigi rir.
— A grandeza desse seu ego não mudou nesses anos de casados —
Luigi diz pairando seu corpo no meu.
— E é isso que faz você me amar — falo olhando fixamente para seus
lábios.
— Não, eu te amo porque você é você, mas eu sou louco pelo seu ego
também. Porque ele é tão gigantesco que me impede que não amar. — Ele
beijou o canto da minha boca e eu fecho os olhos saboreando seu toque.
— Você é a porra de uma provocação, Lui — falo baixinho e ele beija a
ponta do meu nariz.
— Sim, e eu sou sua provocação assim como você é a minha maior
provocação. — Luigi beijou minha testa.
— Me beija, seu bastardo — mando e ele gargalha.
— Você pedindo com um carinho especial assim, fica impossível negar
— meu marido lindo diz e eu não posso mais aguentar.
Sem perder tempo eu avanço meus lábios contra os lábios macios e
saborosos do meu Luigi. Oh cara, que delícia! Mesmo depois de todos esses
quase 15 anos de casamento, tocar Luigi é como se acendessem o inferno de
uma fogueira dentro de mim. Nosso amor é explosivo, sempre foi e sempre
vai ser, e eu fodidamente amo isso em nós. Eu o amo com loucura e foda-se
quem acha que pode ser errado. Ele é a porra do meu homem, meu e de mais
ninguém por isso eu tenho todo o direito de ser o mais quente o possível com
o meu amor. Luigi faz com que eu me sinta o homem mais especial do
mundo, e eu faço tudo que estiver ao meu alcance para dar a ele o mesmo
sentimento. O meu amor por ele é avassalador e é assim que tem que ser.
— Eu te amo Luigi! — murmuro beijando-o com aos força.
— Não mais que eu, amore, pode apostar! — Luigi responde
intensificando seu aperto.
Eu amo a maneira quente, divertida, cúmplice e intensa que o nosso
casamento se desenvolve. É obvio que nós dois brigados, alguns momentos
mais que outros, mas o que é mais especial em nosso casamento é que
sabemos lidar com nossas diferenças da melhor maneira possível. Não somos
perfeitos pelo amor da foda! Ninguém nessa fodida vida consegue alcançar o
nível de perfeição, mas juntos podemos ser o melhor que conseguimos ser.
Fora a minha família, Luigi é a pessoa que mais me entende em todo o
mundo, ele conhece cada ponto de fraqueza, ruptura e principalmente a
loucura. Então sim, eu me considero um bastardo muito sortudo por tudo o
que a vida me proporcionou, meu marido, minhas filhas, minha Giovanna e
tudo mais.
— Miele, temos que parar, vamos chegar atrasados! — Luigi diz, mas eu
já estou pronto para tirar sua roupa bonita e foder sua vida fora de seu corpo
gostoso.
— Acho que podemos nos atrasar um pouquinho, Lui — falo entre
beijos e isso o faz rir.
— Daqui a pouco vão vir nos chamar — ele diz e eu dou de ombros.
Minha atenção está na bunda apertada do meu marido.
— Eu não gostaria que Sam aparecesse e… — Nesse momento a porta
do quarto é aberta abruptamente.
— Pai, pelo amor de Deus não me diga que vocês está de pegando
justamente quando temos que estar lá por Mamãe — Samantha grita do
quarto e eu olho para Luigi derrotado.
— Que boquinha viu, amor — sussurro e isso o faz rir.
— Eu conheço nossa filha muito bem. — Ele dá de ombros e começa a
ajeitar sua roupa. — Estamos indo marretinha! — Luigi responde e deixa um
beijo no meu rosto antes de sair do closet.
— Meu Deus pai, o senhor e papai não se controlam — Sam reclama e
eu reviro os olhos.
— Filha, você está incrivelmente bela — Luigi elogia nossa menina
tentando mudar de assunto.
— Mude de assunto, pai! — O tom desdenhoso de Sam me faz rir. —
Papai saia do closet com as mãos para cima, agora mesmo! — ela grita e eu
solto um bufo.
— Então agora eu sou o meliante do amor por atacar seu pai? —
pergunto saindo do closet como fui ordenado. — Marrentinha, eu não tenho
culpa se seu outro pai é gostoso. — Ainda com as mãos para cima eu pisco
agora para meu marido e solto um beijo.
— Oh não foda! Isso é muita informação! — ela diz em um tom enojado
e eu dou uma risada divertida abaixando os braços.
— Olha a boca, Samantha! — repreendeu Luigi e ela assenti
desgostosa.
— Você está fodidamente linda, marrentinha — falo olhando a beleza
incrível que minha filha tem, sendo destacada por um vestido cor de ameixa
desenhando suas curvas. Ela arregala os olhos com o que falei e aponta para
mim.
— Olha só pai o exemplo que temos aqui — Sam diz e eu franzo o
cenho. — E obrigada pelo elogio meu lindo papai, o senhor está incrível
também — ela diz e foi impossível, mesmo que por um momento, não me
sentir alto com o seu elogio.
— Eu sou o pai aqui e eu posso falar palavrão! — falo na minha defesa
e Luigi arqueia a sobrancelha para mim, mas eu o ignoro.
— Samantha! Você não diz que ia chamar nossos pais? Vamos nos
atrasar e mamãe vai ficar irritada. — Dessa vez é Isabel que entra exasperada
no quarto, tão linda quanto a irmã.
— Você está encantadora, Bel! — falo e ela se desmanchou. Isabel está
usando um vestido da cor clara, colado na parte de cima, mas solto na
cintura.
— Obrigada papai. — Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha,
mas depois volta a me olhar com firmeza. — Não podemos nos atrasar, todos
já foram só falta a gente. — Seu tom sofrido de adolescente quase me fez rir.
— Se estamos todos prontos acho que não tem por que não irmos. Então
vamos! — Luigi diz e confirmamos. Eu estou começando a andar, mas paro
quando uma onda de ciúmes tomou conta de mim por lembrar de algo.
— Bel, filha, fique longe do filho dos Andrews, aquele menino olha para
você de maneira sorrateira e cafajeste — falo com Isabel que me olha como
se eu estivesse louco.
— Papai, não! — ela geme voltando seus olhos para Luigi que está com
uma expressão que concorda comigo.
— Bem lembrado, amor, eu não vou com a cara daquele menino —
Luigi confirmou e eu sorrio de modo triunfante.
— Viu só, seu pai concorda comigo. — Aponto e posso ouvir um som
sofrido sair de Sam.
— Não comecem com seus ciúmes, ou eu vou acabar enlouquecendo de
verdade — Sam diz indo até a irmã e a puxando para si. — Vamos lá Bel! —
Ela vira de costas para mim e é aí que eu quase caio para trás.
— Samantha, esse vestido… — eu não consigo falar porque estou quase
tendo uma síncope.
— Lindo, não é? Presente de nonna Arianna! — ela diz com uma
inocência fingida e eu começo a pensar em gatinhos vestindo tutus rosa.
Acho que pode ajudar a minha vontade de trancar minhas duas filhas
terrivelmente belas em casa. — Não se estresse papai, essa noite é de festa!
— seu tom espirituoso faz Isabel soltar uma risada.
— Sinto saudades quando Samantha lutava para não usar vestidos e
Isabel nos fantasiava com os personagens favoritos — Luigi diz saudoso
assim que nossas filhas saem e eu não posso deixar de concordar.
— Eu também, Lui, eu também — falo em um tom sofrido e saímos
logo depois.
Finalmente chegamos na reinauguração da galeria de Giovanna e a
primeira coisa que eu posso observar é a beleza que está esse lugar. Claro que
toda a estrutura foi feita pela Aandreozzi SPA, eu estava firme em deixar
tudo do jeito que Giovanna planejava para a reforma. Mas a decoração foi
obra totalmente dela e confesso que está tudo esplendoroso. E não deveria
estar diferente, porque Gio merece nada menos que o melhor. Sinto a mão de
Luigi segurar a minha e olho para o lado lhe dando um sorriso. Ele aponta
para um determinado lugar e franzo o cenho sem entender, mas quando olho
atentamente eu posso ver Giovanna, linda demais para parecer real, ao lado
do seu marido Aaron Le Roux.
Aaron e Giovanna estão juntos a quase sete anos e confesso que Aaron
foi uma adição maravilhosa para nossa família nada convencional. Aaron é
um artista plástico muito famoso, que tem suas obras pelo mundo e foi de
grande importância para a galeria de Gio no início. Mas não é por Aaron ser
um artista famoso que me faz gostar dele e sim pelo fato que ele aceitou a
minha Gio e nossas filhas com todo o seu coração. Foi somente isso que fez
com que a família Aandreozzi abraçasse esse francês bonito como nosso. O
que? Eu não posso chamar meu cunhado de bonito? Óbvio que posso! Porque
o infeliz é realmente muito bonito com esse cabelo comprido e tatuagens
espalhadas pelo corpo. Nonna quando viu esse homem… Fodido Deus! Eu
ainda dou risada depois de todos esses anos.
— Complimenti bella mia! — falo assim que me aproximo de Gio. —
Está tudo tão lindo! — Quando ela vira para mim já vem logo me dando um
tapa forte no peito.
— Vocês demoraram demais, porra! — ela diz entre dentes olhando
acusadoramente para mim e Luigi.
— Sinto muito pelo atraso, Gio — Luigi diz sorrindo enquanto beijava
os dois lados do rosto de Gio e apertava a mão de Aaron.
— Tenho certeza que Lucca estava agarrando Luigi em algum lugar da
casa. Pas mon ami? (Não é meu amigo?) — Aaron diz e eu dou um sorriso
malicioso.
— Você me conhece tão bem, A. — Pisco um olho para Aaron que dá
um largo sorriso.
— Estou irritada com vocês dois, que além de se atrasarem, atrasaram as
minhas meninas também — Giovanna diz cerrando os olhos para mim. — E
não me dê esse sorriso porque eu não vou cair nessa — diz e eu assenti. Me
aproximo de Giovanna e rodeei os meus braços na sua cintura.
— Te amo tesoro, te desejo muito sucesso! — falo seriamente deixando
um beijo carinhoso na sua testa.
— Eu te amo mais, Luc! — ela respondeu e eu me afasto.
— Vamos deixar vocês receberem os convidados, estarem ali com a
família. — Luigi apontou e Aaron confirma.
— Logo estaremos lá — ele responde fazendo eu e Luigi confirmamos.
Seguimos até a família e a primeira coisa eu faço é cumprimentar os
meus pais, Lolo e nonna. Nonna mesmo em uma certa idade, seu espírito
continua firme, saudável e safada como nunca. Viro para os meus irmãos e
cunhados sorrindo feliz por estamos mais uma vez juntos. Porque a palavra
"separados" nunca irá combinar com a gente.
— Nós não aguentamos e tivemos que vir sem vocês — Filippo diz e
Luti confirma.
— Sério que vocês dois estavam se agarrando? — Luna perguntou e eu
dou de ombros focando minha atenção em Ella.
— Olha como você está crescendo rápido, meu amor. — Peguei minha
sobrinha recém-nascida de minha irmã e Lai.
— Não ignore o obvio, Lucca — Enzo diz e eu não dou atenção.
— Ah, então agora ele vai nos ignorar? — Luti pergunta e eu pisco para
ele.
— Vocês estão muito quentes essa noite, cunhados e cunhada — falo e
todos eles reviram os olhos.
— Lucca! — Filippo, Enzo e Luna falam em um tom de aviso.
— Luc, não provoque seus irmãos — Laila pede rindo.
— Ele gosta disso Lai, sempre gostou — Luigi diz beijando minha
cabeça e dando o dedo para Ella pegar. — Você está linda, querida! — Luigi
diz saudoso. — Onde estão o restante das crianças? — pergunta chamando
minha atenção.
— Estão todo ali, inclusive a Hope! — Andrea aponta para uma direção
e nego com a cabeça.
— Por que eu tenho essa sensação de frio na barriga? — pergunto como
quem não quer nada e observo meus irmãos e cunhados de canto de olho.
— Isso porque vocês sabem que seus filhos são piores que vocês quando
o assunto é entrarem em confusão — babo diz fazendo todos nós olharmos na
sua direção.
— Que absurdo, deixem as crianças serem felizes. Olha aquelas carinhas
cheia de hormônios em explosão — nonna diz em um tom orgulho e Luigi
empalidece na hora.
— São esses hormônios que me dão medo — meus irmãos e eu falamos
ao mesmo tempo.
Posso ouvir mamma e nonna rirem de nós, mas eu estava mais focado
em saber o que minha filha mais velha e sobrinhos podem aprontar hoje. E é
impossível não sentir uma pontinha de medo.
Está tudo tão ridiculamente chato! Oh Deus, eu sei que estou em um
evento organizado pela minha mãe, mas cara isso está muito chato. Tirando
os meus tios, tias, meus avós e bisavós todo mundo que está na reinauguração
da galeria de mamãe são ricos que não tem nada melhor para comprar do que
quadros, esculturas e muitas outras coisas que podem ser consideradas como
artes plásticas. Eu não entendo porra nenhuma! Não, não, não e não mesmo!
Por mais que minha mãe seja uma foda de uma profissional no ramo das
artes, e meu padrasto seja um artista renomado, eu não entendo nada. Tenho
até vontade de rir, porque além de não entender o tal do sentimento, seja lá
que sentimento for, que os artistas querem passar em suas obras. Ou até
mesmo porque essas pessoas gastam tanto dinheiro para comprar.
Oh fodido senhor! Lá vem eu acabar com o ganha pão de minha mamãe
e do Aaron. Retiro o que eu diz sobre as pessoas gastarem dinheiro com artes.
Podem comprar! Principalmente se forem comprar na galeria de mamãe, isso
mesmo podem gastar suas gramas aqui, somente aqui. Prendo o riso e sinto
os olhos de Duda em cima de mim, olho na sua direção e ela arqueia a
sobrancelha em questionamento, mas eu nego com a cabeça. Algumas
pessoas que são conhecidos de mamãe param para cumprimentar a mim e a
Isabel. Dou um sorriso forçado para cada um deles, diferente da minha
irmãzinha que é toda fofa e simpática. Tenho que admitir que esses eventos
me deixam um pouco irritada, mas a Bel consegue lidar melhor que eu.
Ao citar minha irmã caçula é impossível não sentir o meu coração se
aquecer de amor. Isabel está no auge dos seus quase 15 anos, pensando
melhor acho que faltam um mês para seu aniversário. E posso dizer com toda
a sinceridade que por mais que ela seja uma adolescente cheia de verdades
absolutas e irritante algumas vezes, minha irmã é tão inteligente e esperta que
me mata de orgulho. Somos muito diferentes tanto fisicamente quando na
personalidade, mas o meu amor por essa menina é imenso. Imenso ao ponto
de matar qualquer pessoa que queira fazer algum mal a minha princesa. Ela e
nossos pais são as minhas maiores riquezas e sem eles… oh porra, sem eles
eu não sou nada.
— Sam, você está tão calada. O que há? — Ouço Justin me perguntar e
olho na sua direção.
— O que? Nada! Nada mesmo, Jus! — falo rapidamente e ele vira a
cabeça para o lado.
— Tem certeza? Você não é de ficar mais de dois minutos em silêncio
— Justin provoca arrumando seus óculos escuros.
— Há há! Muito engraçadinho, mocinho azul! — falo dando uma risada
sem graça e meu primo ri.
— Você é encantadora quando inventa apelidos estranhos — ele diz
sorrindo. Me aproximo perto o suficiente para falar no seu ouvido.
— Foda-se! — murmuro e isso o faz rir mais ainda.
— Vocês podem, por favor, parar de chamar a atenção? — Otto diz e eu
olhei para ele. — Estão todos olhando para a gente — ele diz sem graça.
— Eu não estou chamando atenção! Tem alguém chamando atenção
aqui Justin? — pergunto gesticulando com os braços para fazer Otto rir. E
confesso que fazer Otto rir não é um trabalho muito árduo.
— Agora quem está chamando a atenção, Otto? — Justin diz e Otto
morde os lábios.
— Isso é culpa da Sam, ela sabe fazer Ottozinho dar risada com suas
besteiras. — Duda vem em defesa de Otto.
— Chegou à defensora dos homens com risos frouxos — provoco e ela
me dá dedo.
— Ursinha eu vou chamar babo para mostrar os seus gestos obscenos.
Que vergonha irmã! — Pietro provoca fazendo Duda cerrar os olhos para
ele.
— —Fica na sua aí ursinho! — ela diz entre dentes e eu rio.
— Onde está a Hope, eu não sinto o seu perfume perto — Justin
pergunta preocupado.
— Não se preocupe, ela está com Gian e Enrico olhando a exposição.
Daqui eu consigo vê-los — Pietro diz e posso ver Jus relaxar.
— Tudo bem, só fiquei preocupado. Prometi a mommy e mamma que
ficaria de olho em Hope — Justin se justifica e eu coloco a mão no seu
ombro.
— Estamos todos aqui, não se preocupe — falo em tom calmo e ele
assenti.
— Fora que Hope é muito calma e doce — Duda diz olhando para
nossos primos caçulas com um sorriso amoroso.
— Sim, Hope realmente é, mas Gian e Enrico de calmos e dóceis não
tem nada. — A voz de Viktor se fez presente e todos nós viramos para
encará-lo. Aqui está meu primo mais velho, tão sério, responsável e bonito
como sempre.
— Irmão, pensei que você não viria. Aconteceu algo? — O tom
preocupado de Otto chamou nossa atenção.
— Não, tive somente que atender uma ligação importante — Viktor diz
com seu tom sério.
— Problemas, Vik? — Justin perguntou e eu aperto seu ombro sentindo
seu tom muito curioso. Viktor olhou para Jus por um tempo antes de desviar
os olhos para qualquer outro lugar.
— Problema algum, não se preocupem — ele diz e eu posso sentir seu
sotaque russo um pouco mais acentuado.
— Viktor? — Otto perguntou e Viktor o encara negando com a cabeça.
— Otto, não! — ele diz simplesmente e Otto respira fundo.
Observo a interação estranha de Viktor e Otto, mas prefero não falar
nada. Mas eu posso sentir que algo está muito estranho, eu não sei o que é,
mas algo está definitivamente muito errado. Essa estranheza tem algo
relacionado a Vik, é como se ele estivesse escondendo algo de nós, e só de
pensar nessa possibilidade eu me sinto uma tola. Porque nós cinco, que
somos os mais velhos, nunca escondemos nada um dos outros. Nós sempre
estamos lá um para o outro e sabemos que segredos não combinam com a
nossa família. Tentamos de tudo para ficar os mais unidos possíveis, porque é
dessa união que vem a nossa maior força. Porra, somos os Aandreozzi! E
juntos somos mais fortes que separados, papai Lucca sempre fala isso e eu
trouxe para a minha vida. Eu amo minha família, meu amor é imenso, mas
com Viktor, Eduarda, Otto, Justin e Pietro é coisa de alma.
Eu não sei explicar, somos um o complemento do outro, é uma coisa
louca de se admitir, mas é o que é. Viktor sempre tão misterioso e sério,
carregando o mundo nas costas com apenas 28 anos, cuida de nós como um
grande irmão mais velho, Eduarda a nossa ursinha feroz, que de ursinha não
tem nada, que está se preparando para assumir as empresas junto com o meu
tio Filippo. Otto é o meu menino sorriso, sua risada é tão bonita e o modo
como ele parece fisicamente com o meu tio Dea é assustador. Pietro é o
futuro médico da família, esse menino pegou todo mundo desprevenido ao
passar na faculdade de Medicina. Mas além de ser raivoso e convencido, o
menino é foda de inteligente. E Justin? O que falar dele? Justin é o meu
melhor amigo, ele é realmente muito amável e o melhor ouvinte que alguém
poderia querer, mas não se engane com seu rosto bonito e deficiência visual,
Jus é um exímio lutador de artes marciais.
— Por que não vamos para outro lugar? — falo de supetão e todos meus
primos viraram para me encarar.
— Sam, estamos no evento da sua mãe. — Justin me lembra e eu faço
de tudo para não revirar os olhos.
— Eu sei, eu sei não me diga o óbvio, abóbora — chamo ele pelo
apelido de tia Laila para o irritá-lo, mas não funciona porque Jus é muito
calmo e controlado.
— Samantha, nós não vamos! — Viktor diz de um jeito onde não tem
conversa.
— Mas Vik, por favorzinho, prometo me comportar. — Juntei minhas
mãos e faço minha melhor cara de inocente.
— Você sabe que fazer essa carinha não vai funcionar com Vik, não é?
— Duda pergunta e eu faço cara feia para ela parar de falar, e assim ela fez,
levantando as mãos em sinal de rendição.
— Você nunca se comporta, Sam — Otto diz fazendo Pietro rir.
— Pura verdade, O! — Pietro levantou a mão para Otto bater e assim ele
faz.
— Vem cá, eu estou sentindo um complô contra a minha pessoa aqui?
— pergunto sem entender e eles negam.
— Não mesmo, Marretinha! — Pietro diz com cinismo e eu cerro os
olhos para ele.
— Ursinho cínico! — Aponto um dedo acusatório para ele.
— O caso Sam é que meu pai diz que eles vão embora depois do evento
— Viktor explica e eu arregalo os olhos.
— Mas já? — Olho para todos sem entender.
— Infelizmente sim, eu tenho aula e não posso faltar e Duda vai para
uma viagem de negócios com o babo — Pietro diz e eu solto um suspiro.
— Já está de vez na empresa com o tio, Duda? — pergunto e ela
concorda com a cabeça.
— Sim, e estou aprendendo muito com o meu velho. — Ela dá de
ombros e eu fico feliz porque é isso que ela sempre quis.
— E você, Otto? — pergunto e Otto sorri brevemente.
— Vou aproveitar a folga na faculdade e ir em Riomaggiore visitar
meus pais — ele diz e eu compreendo totalmente.
— Mande um beijo para senhor Vicenzo — falo e ele assenti. Ainda
bem que ele não perguntou pela mãe dele, porque eu não vou muito com a
cara dela e não iria mandar beijo para ela. Não sou falsa!
— Jus? — pergunto com a voz um pouco mais aguda e ele faz cara feia.
— Não gosto quando você usa essa voz, muita chata — ele resmunga
tirando os olhos e tateando o bolso para guardá-los no bolso do smoking.
— Você prometeu que ficaria uns dias comigo — acuso e ele solta um
suspiro.
— Isso foi antes de saber que mamma tinha desmarcando uma viajem
importante, porque não está pronta para deixar Ella — Justin diz e eu faço um
som em confirmação.
— Para onde era essa viagem? — Viktor perguntou sem esconder sua
curiosidade.
— Turquia! — responde Justin prontamente com um sorriso.
— Então você vai para a Turquia? — pergunta Duda e todos estão
curiosos para saber, principalmente o nosso primo.
— Sim, eu vou no lugar de mamma — Justin diz e tateia a mão na
minha direção para passar os braços ao meu redor.
— Bem, tome cuidado lá sozinho — Viktor diz com expressão fechada.
— Pode deixar, eu não irei sozinho — Justin diz e eu o empurro de
modo brincalhão.
— Mas olha isso, quem vai roubar o meu lugar como sua melhor
acompanhante? — indago cutucando sua barriga rígida e cheia de músculos
duros.
— Pare com isso, isso dói! — Eu estou pronta para cutucá-lo
novamente, mas Jus é muito rápido e segura meu dedo antes de alcançar sua
barriga. Fodidamente rápido e assustador!
— Essa rapidez de Justin me assusta às vezes — Pietro fala e Justin dá
uma risada divertida.
— Respondendo sua pergunta eu vou com a mommy. Ela vai comigo! —
Justin fala e todos relaxam. E se meus olhos não estão enganados, Viktor foi
o que mais ficou aliviado, também não é para menos. Todos nós temos uma
certa segurança com Justin e Vik é o mais protetor de todos nós.
— Vik! — Uma voz feminina e infantil chama nossa atenção. Viramos a
tempo de ver Hope se jogar nos braços de Viktor, que a recebeu sem nem ao
menos pestanejar.
— Privet, lyubov' moya, ty vyglyadish' prekrasno! (Oi meu amor, você
está linda!) — Vik diz em tom carinhoso em Russo se abaixando para ficar
no mesmo nível que nossa prima.
— Spasibo! (Obrigada!) — ela responde em russo e isso me enche de
orgulho.
— Esse é o único momento que vemos Viktor de modo doce. Somente
Hope para amaciar esse homem — Duda fala e todos concordamos e Vik dá
uma breve olhada para ela, voltando sua atenção a nossa loirinha novamente.
— Nonno está chamando todo mundo, ele disse que vamos jantar em um
restaurante muito legal antes de ir todos pegar o jatinho — Enrico diz e Gian
concorda ao seu lado. Tão idênticos e tão lindos!
— Melhor que sair para festejar é um jantar com toda a família reunida
— Pietro diz rindo e eu o acompanho.
— Sim, com isso eu não posso discordar — concordo e posso sentir um
beijo de Jus na minha têmpora.
— Não faltaram oportunidades para a gente entrar em encrenca — ele
diz no meu ouvido e eu dou um largo sorriso.
— É por isso que te amo, Abóbora! — falo feliz.
— Eu sei, Marretinha — concorda abrindo sua bengala para irmos até o
restante da família.
É dia seguinte ao evento da galeria de minha mãe e sinto a casa tão vazia
sem ter a família aqui fazendo o maior barulho. E é por sentir a falta de todos
que eu decido sair de casa cedo. Eu tenho que ir para a faculdade porque
tenho um trabalho atrasado e vou aproveitar a minha solidão para prepará-lo.
O jantar ontem após o evento de mamãe foi muito divertido, tenho certeza
que foi muito mais divertido que qualquer saída que eu poderia fazer com
meus primos. Tudo isso porque nonna Francesa é sempre a protagonista das
situações mais constrangedoras. Ainda dou risada das coisas que ela fez e fala
durante o jantar, e seu principal alvo é o nonno Donatello, como sempre.
Mesmo admitindo que estar em eventos de artes é chato feito o inferno,
mas estar em família supera qualquer coisa. É por esses momentos especiais
em família que faz falta quando eles vão para suas casas, por isso bate logo
aquele momento de nostalgia. Eu não posso mudar isso, é sempre assim. Por
isso estou na faculdade agora, mesmo que eu só tenha aula mais tarde, eu
preciso de algo para me distrair. Estou bastante concentrada no que estou
fazendo, mas sou tirada das minhas atividades quando ouço uma voz bem
conhecida por mim.
— Sam, onde anda seu celular? Eu estava tentando te ligar. — Levanto
os olhos para encontrar com minha amiga Keisha.
— Meu celular? — Bato a mão no bolso e pego minha bolsa. — Deixa
eu ver… ah aqui está! — Levanto o celular sorrindo e Keisha nega com a
cabeça.
— Ele está no silencioso, não é? — pergunta e eu destravo a tela para
ver o monte de chamada perdidas e mensagens.
— Opa, desculpe Isha! Eu esqueci de tirar do silencioso — falo e ela faz
um gesto de desdém.
— Tudo bem, foi bom que eu pude te encontrar. — Ela dá um sorriso e
sua beleza afro-americana me fez paralisar. — Tem dias que não nos vemos,
não é? — ela diz sem jeito e eu cerro os punhos.
— Claro, aquele bastardo do seu namorado não quer mais que você se
aproxime de mim — falo entre dentes sem esconder o meu ódio por aquele
idiota abusivo.
— Não é bem assim, Sam — Keisha diz sem jeito e eu tenho que
controlar minha irritação.
Keisha é uma das poucas pessoas que eu posso chamar de amiga aqui
em Chicago. Claro que como eu nasci e fui criada aqui eu conheço algumas
pessoas, pessoas que estavam até mesmo na minha infância. Mas acho que
com o andar da vida agitada as pessoas vão se afastando e fica impossível
manter contato. E com Keisha é diferente, nos conhecemos em um grupo de
dança no qual fazia parte e entramos na mesma faculdade, o que foi
maravilhoso. Mas de uns tempos para cá estamos mais afastadas e tudo isso
porque o namorado da Isha me detesta. O idiota abusivo fala de modo
específico e direto que sou má influência para ela e que não a queria perto de
mim.
Morro de tanto ódio dessa situação que minha vontade é de pegar minha
arma e descarregar todinha nele, mas como sei que minha amiga o ama eu
não farei isso. Keisha é tão fodidamente linda, sua pele negra, cabelos crespos
iluminados com mechas loiras, sorriso matador e tem um corpo curvilíneo
que me mata de inveja. É triste ver minha amiga tão linda e gentil se
submeter ao um homem como aquele. É como Justin sempre me fala, que não
adianta eu ficar tentando livrá-la desse cara, sendo que ela mesma está cega e
não consegue enxergar o quanto destrutivo o seu namorado é para sua vida.
Me dói saber que não posso fazer nada, que a libertação tem que vir dela. E
quando finalmente ela conseguir sair dessa relação abusiva eu estarei de
braços abertos a esperando para dar todo o meu carinho e compreensão.
— Olha Keisha… — começo a falar, mas sou interrompida com o toque
do celular dela.
— Oh não, é o Baron! — Ela me olhou com um pedido de desculpas
estampado no rosto. — Eu tenho que ir, Sam — ela diz mordendo os lábios e
eu respiro fundo.
— Tudo bem Isha! — falo observando-a levantar da cadeira. Ela me
lançou um outro olhar e vira para sair. — Keisha! — chamo e ela olha para
trás.
— O que foi San? — pergunta e eu dou um sorriso.
— Foi bom te ver e se cuida! — falo e ela alarga um sorriso acenando
com a mão logo em seguida.
Aproveitando a saída de Keisha eu começo a arrumar minhas coisas para
sair também. Acho que vou passar na empresa para almoçar com meus pais.
Isabel não sai da escola até mais tarde, mamãe deve estar muito ocupada na
galeria e Aaron deve estar trancando no seu ateliê trabalhando em alguma
nossa exposição. Então nada melhor do que eu ir almoçar com os dois
homens mais lindos e gostosos da minha vida. E é com esse pensamento em
mente que eu solto os meus cachos, que estavam presos de forma desleixada
com uma caneta, e vou em direção a saída da faculdade. Mando uma
mensagem para Jasper, meu segurança, avisando que estou saindo. Assim que
chego na saída ele está a minha espera.
— E aí grandão! — cumprimento Jasper batendo nossas mãos juntas.
— Pensei que ficaria até mais tarde — ele fala e eu nego com a cabeça.
— Encontrei com Keisha e isso fodeu meu humor — falo e ele assenti.
— Entendo — ele diz simplesmente. — Onde vamos? — pergunta
abrindo a porta do carro para mim.
— Já disse que não preciso que abra a porta para mim — falo e ele
revira os olhos.
— Pare de problematizar e entre no carro — Jasper diz me fazendo rir.
— Então eu sou problemática, grandão? — pergunto entrando no carro.
— Eu não responderei a isso, senhorita Aandreozzi — ele diz fechando
a porta do carro e eu dou uma gargalhada.
— Você é um incrível protetor, Jas! — brinco olhando seu reflexo pelo
retrovisor.
— —Se você diz! — Ele dá um curto sorriso, ligando o som do carro
para mim como de costume.
Sem mais uma palavra Jasper e eu seguimos para a empresa do seus
pais. Só de lembrar que daqui a uns dias eu vou estar lá estagiando com papai
Luigi eu sinto uma pontinha de receio tomar conta de mim. Posso amar muito
meus pais, mas não me vejo trabalhando com eles no futuro. Deus sabe que
vou tentar e muito que esse estágio dê certo, mas se não acontecer eu vou sair
sem pensar duas vezes.
A viagem até a empresa é tão rápida que quando dou por mim já estou
atravessando as portas de vidro. Cumprimento alguns funcionários que eu
conheço e recebo alguns olhares estranhos de outros que eu não conheço.
Sinto que eles estão julgando a minha calça jeans rasgada de cintura alta,
minha camiseta folgada e minhas botas de motoqueiro. E será que eu ligo
para isso? Não mesmo!
— Meu pai está aqui? — pergunto a secretária de papai Lucca assim,
que subo para a presidência, já que eu não vi Christian em lugar nenhum.
— Sim, senhorita, ele está, mas temo que… — Eu não a deixo terminar
e já vou adiando meus passos até a porta.
— Obrigada! — Agradeço girando a maçaneta.
— Senhorita, é que… — ela tenta falar e para.
— É meu pai Luigi que está aqui com ele? — pergunto e ela nega
rapidamente. — Então não é importante! — Termino e já vou logo entrando.
— Papai, você não sabe quem eu encontrei na… — falo enquanto estou
fechando a porta, mas paro quando percebo quem está no escritório com meu
pai.
— Samantha, que surpresa! — Ricco Chávez diz sorrindo largamente
para mim.
— Olá, senhor Chávez! — cumprimento observando que tem outro
homem ao seu lado, mas acho que nunca o vi.
— Filha, você veio para almoçar comigo e seu pai? — Papai Lucca diz
fazendo gesto para que eu me aproxime e assim faço.
— Sim, eu estava passando e resolvi parar. — Meus olhos estão no
homem ao lado de Chávez, e eu não consigo desviar os olhos.
— Isso é ótimo! — Ele apertou seu braço ao meu redor e beija minha
cabeça.
— Lucca, meu amigo, não vai apresentar a sua filha ao meu filho? —
Ricco pergunta e posso ouvir os dentes de meu pai trincarem juntos.
— Acho que não há necessidade, já que vocês já estão de saída, certo?
— meu pai diz em um tom que eu conheço muito bem e não é nada menos
que ciúmes.
— Não seja assim, Lucca! — Ricco diz e aponta para o seu filho. —
Samantha esse é o meu filho Radamés Chavéz, filho essa é Samantha
Aandreozzi.
Pela primeira vez na minha vida eu me vejo totalmente sem palavras,
presa nos olhos castanhos e intensos do filho de Chavéz. Engulo em seco e eu
posso sentir os olhos de meu pai Lucca em mim, como se tentasse descobrir o
que está acontecendo comigo. Mas o mais engraçado é que nem eu mesmo
sei que inferno está acontecendo, porque eu não sou mulher de ficar calada
como uma idiota. Esse homem, ele está me deixando assim e eu não sei por
que, esse jeito dele me olhar… oh merda não! Nego com a cabeça me
livrando do seu olhar fodidamente sexy em mim.
— O que está olhando? — pergunto grosseiramente assim que recupero
minha besteira. Posso ouvir a respiração aliviada de papai Lucca ao meu lado,
mas não olho na sua direção. Radamés arregala os olhos por um tempo,
assustado com a minha reação, mas logo um sorriso pretensioso e quente
surge no canto dos seus lábios.
— Prazer em te conhecer, Samantha Aandreozzi! — Radamés fala com
um forte sotaque latino e eu cerro os punhos.
Fodido sagrado Jesus! Que diabos de homem quente é esse?
Table of Contents
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 33.2
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Epílogo
Bônus
Herdeiros Aandreozzi

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