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HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES

Dia das Mães


Giuseppe Artidoro Ghiaroni

*Paraíba do Sul, 22/02/1919

+ Rio de Janeiro, 21/02/2008

Foi jornalista e poeta brasileiro.

Declamação: Luiz Lotfallah Miziara (ouça a poesia clicando no link azul)


Mãe! eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
Porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... perder.

Perder o filho é como achar a morte.


Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a velha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la

Assim parti, e nos abençoaste.


Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira


e te encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,


de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar: “'Sou eu!”
Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.


Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.


Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tarde agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graças, diz:"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,


e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.


Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!
Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade


maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!

Ser Mãe
Declamação: Luiz Lotfallah Miziara

Henrique Maximiano Coelho Neto


* Caxias, MA, em 21/02/1864
+ Rio de Janeiro, RJ, em 28/11/1934.
Professor, político, romancista, contista, crítico, teatrólogo, memorialista e poeta.
É o fundador da Cadeira n. 2 da Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono
Álvares de Azevedo.
Cultivou praticamente todos os gêneros literários e foi, por muitos anos, o escritor
mais lido do Brasil.

Coelho Neto
Ser Mãe
Henrique Maximiano Coelho Neto
Declamação: Luiz Lotfallah Miziara (ouça declamação clicando no link)

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra

o coração! Ser mãe é ter no alheio

lábio que suga, o pedestal do seio,

onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.

Ser mãe é ser um anjo que se libra

sobre um berço dormindo! É ser anseio,

é ser temeridade, é ser receio,

é ser força que os males equilibra!

Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,

espelho em que se mira afortunada,

Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!

Ser mãe é andar chorando num sorriso!

Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!

Ser mãe é padecer num paraíso!


Poema às Mães
Luiz Antonio Batista da Rocha.
Poeta de compositor barretense
* 11/06/1948 – Barretos – SP

Declamação: Toninho Messias (clique no link para ouvir o poema)

Quem é que sempre é a razão do nosso ser?


Quem é que sempre satisfaz o nosso querer?

Quem é que no medo nos oferece uma oração?


Quem é que na alegria nos canta uma canção?
Quem é que é o motivo da nossa vida?
Quem é que é por todos tão querida?
Quem é que nos conduz?
Quem é que nos seduz?
Quem é que guia nossos caminhos?
Quem é que nos livra dos espinhos?
Quem é que nos cria com amor, sem apatia?
Quem é que possui e distribui simpatia?
Quem é que nos é mais importante?
Quem é que nos cuida a todo instante?
Quem é que nos liberta da dúvida e do egoísmo?
Quem é que nos embala com afagos e sem casuísmo?
Quem é que nos ensina o significado da maldade?
Quem é que nos livra da inveja na adversidade?
Quem é que na aflição nos reza uma prece?
Quem é que sempre ao lado está e por nós padece?
A estas várias indagações,

Outras tantas poderiam ser impostas.

No entanto, não há lugar para várias respostas,

Somente uma satisfaz as intenções.


Sem sombras de dúvidas, as Mães.

São a esses seres abençoados,

Que pretendemos nos referir,

E para quem ousamos pedir:

- Pai e Criador, livre-as de todo mal e da dor,

Ofereça a quem não tem, proteção também.

Pois, não conhecem práticas a não ser a do amor.

Que assim seja. Amém.

Poema dedicado para todas as Mães e em particular:


à minha mãe Maria Diva Borges da Rocha
e minha esposa Madelene Martins Rocha.

Interpretação da música: Mikéias (clique no link para ouvir a música)

Gravação e Mixagem das poesias: Luiz Antonio Batista da Rocha

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