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CÓDIGO ISCED1-RH14
Fax: 23323501
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Website: www.unisced.ac.mz
Agradecimentos
Pela Revisão:
Visão geral 3
1
.1 Processo de socialização e formação da cultura ........................................................ 76
2
.2 Personalidade, socialização e cultura…………………………………………….84
3.2.1 Elementos da cultura.....................................................................................86
i
2.2 Globalização e Reestruturação Produtiva.................................................................. 60
2.2.1 Crise Capitalista dos Anos 70 e a Reestruturação Produtiva ........................ 61
2.2.2 Aspectos da Globalização.............................................................................. 64
2.2.3 Reestruturação Económica e Desemprego................................................... 66
2.2.4 Globalização e Reestruturação Produtiva nos Países periféricos ................. 68
2.2.5 Qualidade e Exclusão Social .......................................................................... 70
2.2.6 Reestruturação Produtiva, Trabalhador Polivalente e Educação.................. 71
Bibliografia 206
3
Visão geral
Introdução
Esta disciplina tem por objectivo analisar as condições sociais que estão
na génese das organizações de trabalho, as alterações que estas
trouxeram à vida quotidiana e familiar dos seus trabalhadores, bem
como o impacto das próprias organizações de trabalho na sociedade
Objectivos do Módulo
índice completo.
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
5
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Outros recursos
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
Habilidades de estudo
7
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no
início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta
sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo
em cada 30 minutos, em cada hora, etc.
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que
já domina bem o anterior.
8
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de
alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está
a se formar.
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou
invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms,
Email, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a
preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico
e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com
qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a
Distância (EAD), onde o recurso as TIC’s se tornam incontornáveis:
entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante,
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para
9
acompanhar as suas sessões presenciais. Neste período pode
apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou
administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do
tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que
permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação
aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou
precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos
relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos
diferentes temas e unidade temática, no módulo.
Avaliação
3 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedadeintelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
10
máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante
consta detalhada do regulamentada de avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência
para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo
75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a
nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e
1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como
ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a
identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos
direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação da UnISCED.
11
Introdução
Hoje, cada vez mais, a organização pública deve prestar satisfação aos
cidadãos que a procuram, uma vez que estes têm consciência de que a
Administração Pública existe para satisfazer uma série de necessidades
que a vida moderna lhe impõe e que ela subsiste em razão dos impostos
pagos por esses cidadãos. Assim, os trabalhos realizados nas
organizações públicas devem ser posicionados sempre em uma via de
12
mão dupla: de um lado, a competência para o alcance das metas
propostas e, de outro, a relação directa com os cidadãos que nelas
buscam respostas para suas dificuldades de convivência.
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Na Unidade 4, apresentaremos as principais características de uma
organização, seus tipos e suas estruturas de funcionamento. Como
complemento, faremos algumas considerações sobre o comportamento
social do homem nas organizações e sobre como, em maior ou menor
grau, esse comportamento se manifesta também ao longo de sua vida
pessoal.
Salientar que há necessidade premente de conhecer melhor as
organizações, de buscar sua melhoria, é cada vez mais sentida em
nossos dias, sobretudo pelo facto de que as relações que o homem
estabelece no mundo actual não são mais relações de indivíduo para
indivíduo, mas sim de indivíduo para organizações e de organizações
para indivíduo.
14
mudança que deverão ocorrer mais tarde, ao longo do curso. Por isso,
proporemos alguns instrumentos de análise das organizações, como o
estudo de rotinas e/ou a substituição de modelos de relação, que
podem ajudar na tarefa de melhorias contínuas.
Por fim, as actividades de aprendizagem não buscam apenas exercitar
o seu conhecimento adquirido, mas também estendê-lo à sua
realidade. Para tanto, apresentaremos dois casos reais para discussão
em grupos.
Karl Marx, ainda que seja mais citado como teórico da economia e da
política, foi um dos grandes sociólogos do século XIX a estudar a fundo
16
a Filosofia Dialéctica de Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Partindo dos
4
Relativo ao estudo da origem e evolução das palavras.
18
amizade, em relações comerciais, em relações de produção sempre se
atribui ao termo uma via de duplo sentido.
Relação é toda e qualquer troca que o indivíduo realiza com o meio que
o cerca, no sentido de suprir suas necessidades. Assim, realizada a
relação ou encontrado o suprimento para uma necessidade, o homem
desenvolve um sentimento de satisfação/saciedade ou de
insatisfação/carência. A Figura 1, construída sob a forma de uma
equação relativamente simples, ilustra essa relação “necessidade
suprimento-sentimento”. Se a necessidade for maior do que o
suprimento (N>S), o homem buscará comportamentos alternativos até
que a necessidade seja menor ou igual ao suprimento (N = S).
Quando isso ocorre, isto é, se uma acção realizada para suprir uma
necessidade provoca o sentimento de satisfação (N = S), o homem tende
19
a formar um comportamento padrão para aquela necessidade. Assim,
sempre que se apresentar aquela necessidade, a acção tenderá a
repetir-se, uma vez que anteriormente já propiciou resultados positivos:
qualquer experiência, agradável ou desagradável, será procurada ou
evitada, à medida que produzir sentimento de satisfação ou de
insatisfação.
20
Podemos dizer que paradigma é um modelo de relação que deu
certo ou que não deu certo. Como exemplos, temos:
5
Termo que provém do latim schola, significa descanso ou que se fazia na hora do
descanso, que era estudar. Na Antiguidade, estudos, investigações, eram actividades
desenvolvidas por aqueles que não tinham obrigação de trabalhar. A seguir, a expressão
passou a representar os estabelecimentos públicos ou privados em que o ensino é
ministrado de forma sistemática
21
há um paradigma de higiene e limpeza – tomar banho todos os dias –,
que não necessariamente está presente na cultura de todos os povos,
mesmo os povos considerados mais desenvolvidos.
7
Envolve conhecimento técnico e científico, e as ferramentas, os processos e os materiais
criados e/ou utilizados em função de tal conhecimentos.
25
As diferenças na criação e na utilização de tecnologia e nos resultados
obtidos constituirão, como veremos mais adiante, uma fonte de
diferenciação entre organizações que trabalham em uma mesma área
ou sector de mercado. Ninguém duvida de que o homem vive hoje uma
época de crise em virtude das próprias mudanças registadas em todos
os aspectos de vida.
8
Disciplina que tem como objecto o estudo da previsão de eventos futuros, ensaiando
predizer suas consequências na humanidade.
27
▪ as instituições incorporam, isto é, constroem e apresentam à
sociedade valores que sejam comuns a todos os seus membros;
uma instituição, em razão de sua
permanência no tempo, representa sempre um grande valor
para os membros de uma sociedade, e as uniformidades que ela
encerra se constituem em códigos de conduta aplicáveis a todos;
muitos desses valores institucionais são escritos sob a forma de
regras ou de leis e muitos outros, não expressos positivamente,
exercem influência quase que
inconscientemente sobre o comportamento das pessoas;
▪ as instituições são relativamente permanentes em seus
conteúdos; os esquemas de relacionamento, os
comportamentos e as funções desenvolvidas em uma dada
instituição tornam-se duráveis, o que não quer dizer que não
estejam sujeitas à evolução e/ou a mudanças; e
29
desagregação familiar e assim por diante. Se as tecnologias utilizadas
não são adequadas às satisfações desejadas, podemos deduzir que
haverá pessoas que, participando do todo, estarão em uma posição de
descontentamento e insatisfação.
30
Bibliografia
Aron, R. (2007). As Etapas do Pensamento Sociológico. (8ª ed.). Lisboa:
Publicações Dom Quixote.
Dias, R. (2010). Introdução à Sociologia. (2ª ed.). São Paulo: Pearson
Prentice Hall.
Giddens, A. (2005). Sociologia. (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed.
Quintaneiro, T; Barbosa, M.L. de O.; Oliveira, M. G. de (2003). Um Toque
de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. (2ª ed.). Belo Horizonte: Editora
da UFMG.
Silva, G. (2010). Sociologia Organizacional. Florianópolis: Departamento
de Ciências da Administração, UFSC.
Resumindo
Ao longo desta Unidade, você verificou que, por causa de suas
constantes necessidades, o homem busca, em seu semelhante e no
próprio mundo que o rodeia, os suprimentos necessários para manterse
vivo e conviver com o outro. A esse processo permanente de buscas e
de trocas desenvolvido pelas pessoas que formam um agrupamento
humano, damos o nome de relação social. A Sociologia é a ciência que
estuda as diversas formas pelas quais se manifestam essas relações
sociais e suas consequências no dia-a-dia da convivência humana.
Actividades de aprendizagem
32
c) Nas festas de casamento.
d) Nas relações de trânsito.
e) Na escola.
4. Por que é tão difícil mudar as coisas que acontecem no dia-a-dia,
seja
no trabalho, seja na família, seja,
mesmo, na sociedade? Justifique sua resposta a partir do conceito de
paradigma.
5. Pesquise uma sequência histórica de avanços na criação, no
desenvolvimento e no uso de tecnologias com vistas à criação de
facilidades dentro de um mesmo sector e/ou actividade e descreva as
consequências que a adopção de tais novas tecnologias
proporcionou/produziu no meio social no qual foram adoptados. Faça
uma descrição simples de tais avanços. Por exemplo: a evolução e as
consequências da introdução e da adopção de instrumentos agrícolas,
ou de instrumentos electromecânicos, ou de medicamentos, ou da
construção civil, ou de administração.
6. O que é o positivismo?
7. Qual é a ideia de ciência social preconizada por Comte?
8. Por que Durkheim é importante para a sociologia, superando de
algum modo o papel desempenhado por Comte?
9. Qual foi a principal contribuição de Marx para a sociologia?
10. O que são acções sociais para Weber?
33
Unidade 2 - O Sentido Ontológico do Trabalho
34
as estações espaciais, representa a interacção homem-natureza e a
criação da paisagem humanizada.
35
em última instância, materializações da construção da sua própria
subjectividade.
36
desvinculando do trabalho prático (manual e material), embora esta
desvinculação raramente fosse completa.
39
militar para fazer frente a uma dupla ameaça. De um lado, a burguesia
em ascensão económica e moral, mas pressionada pelos impostos e
impedida de compor as funções burocráticas civis e militares do Estado,
salvo funções ministeriais delegadas pelo rei. De outro lado, os
camponeses em rebelião contra o monopólio da terra, as obrigações
aristocráticas e clericais (em produção, trabalho ou dinheiro) e os
impostos, totalmente impedidos de qualquer participação e decisão
política. O Estado constitui-se, enfim, em um instrumento para recolher
parte da riqueza burguesa (e das camadas populares) e redistribui-la em
favor da aristocracia e para preservar a extracção da renda da terra
gerada pelos camponeses, também em favor da aristocracia.
40
Antigo Sistema Colonial, do tráfico de escravos, da pirataria etc. A
acumulação primitiva de capital também tem um grande impulso graças
ao desenvolvimento científico que se concretiza na constituição da
ciência moderna para a qual concorre Galileu, Newton, Descartes, entre
outros.
42
Fields) são reunidos pelos proprietários em unidades compactas
cercadas e redistribuídas para arrendatários. A servidão pessoal
simbolizada na corveia é substituída por pagamento em dinheiro, de
forma que o servo, na prática, termina convertido em arrendatário.
2.1.1.2 O Renascimento
Ao ingressarmos na modernidade, chama imediatamente a
nossa atenção o surgimento de uma nova cultura, em especial por meio
da estética do Renascimento. O Renascimento é um movimento cultural
que valoriza o humano, a razão, o espírito de investigação.
45
a partir de experiência vivenciada pela burguesia, de um universo
cultural em cujo centro encontra o homem de iniciativa e racional.
Homem que busca no mundo laico a compreensão da natureza e da
sociedade.
46
pretendem ligar os homens a Deus, bem como a realização de obras, a
48
militares etc.) - garante às cidades, no contexto de relativa autonomia e
liberdade, uma expansão económica segura.
49
homens cuja fidalguia, além de garantir rendas e funções públicas, lhes
desincumbe do pagamento de impostos. O fundo público transforma-
se, portanto, numa nova fronteira de extracção da renda da terra a
benefício da aristocracia feudal.
50
futuro conflito pela direcção da sociedade (Anderson, 1985, citado em
Barbosa, s/d).
51
dirigidos por meio de monarquias nacionais absolutistas, mas
economicamente unificados pelo mercado; e os monarcas
transformam-se em figuras poderosas de direito civil e religioso.
53
O Iluminismo procura uma explicação racional de forma que
rompa com todas as formas de pensar até então consagradas pela
tradição, em especial a submissão cega à autoridade e a concepção
teocêntrica medieval. Para os iluministas somente por meio da razão o
homem pode alcançar o conhecimento, a convivência harmoniosa em
sociedade, a liberdade individual e a felicidade. A razão é, portanto, o
único guia da sabedoria que pode permitir esclarecer qualquer
problema, possibilitando ao homem a compreensão e o domínio da
natureza.
55
concepção, de teoria e ideologia valorizadora da iniciativa individual, do
livre mercado e da sociedade contratual como elementos propulsores
das transformações sociais. A crise do liberalismo e a competição
imperialista dá lugar a ascensão do fascismo, da corrida armamentista
e das guerras regionais e mundiais.
56
Posteriormente, tem lugar o Cartismo, que consiste no envio de
cartas e petições para que o parlamento se consciencialize da situação
da classe operária e adopte leis de protecção do trabalhador. Embora
igualmente economicista e corporativo este movimento possui a virtude
de incorporar a intervenção institucional como forma de luta, sob uma
unidade de acção de classe. A expansão da indústria moderna, o triunfo
ideológico-político da concepção liberal de sociedade e o pequeno
resultado prático do movimento cartista o esvazia ao final dos anos 40
do século XIX.
57
2.1.3.2 As Novas Morais
A consolidação da burguesia como classe e a efectivação do seu
domínio, em especial a partir do século XIX, determina uma
transformação da moral burguesa. Esta moral, que como qualquer outra
moral convive com uma distância entre os seus fundamentos e as
práticas sociais concretas por ela orientadas e com uma influência
directa da moral dominante com a qual conflitua, perde seus elementos
de progressismo moral. A “nova” moral burguesa incorpora elementos
da velha moral aristocrática como a busca do conforto material, a
valorização do ócio e do parasitismo social etc., e desenvolve outros
elementos como a dissimulação, o formalismo, o cinismo, o
chauvinismo, a institucionalização do comportamento humano etc.
58
reúnem elementos de conduta moral alternativos como a solidariedade,
a progressiva igualdade de género e étnica, a identidade de classe etc.
A homogeneização/unificação destes elementos de conduta moral
alternativos, vivem fluxos e refluxos na directa relação com as
transformações produtivas, a intensidade e qualidade da interferência
da mídia na sociedade, as formas e qualidades da organização das lutas
sociais, e assim por diante.
59
positiva. De fato, converteu-se em um discurso político e ideológico dos
países de capitalismo cêntrico e em uma verdadeira “evangelização” da
periferia capitalista. Discurso anunciador do desenvolvimento
socializador de riqueza no plano mundial em um futuro indeterminado,
mas que opera no presente justamente acentuando desigualdades
locais, regionais, nacionais e mundiais (Carvalho, 2000, citado em
Barbosa, s/d).
60
A globalização expressa a universalização cada vez maior do
capital financeiro internacional. Isto determina processos como a
hierarquização dos poderes políticos e económicos regionalizados; as
novas formas de produção reinventadas continuamente a partir da
reestruturação produtiva; a nova base ideológica de estruturação
empresarial implementada com a substituição de antigos métodos por
novos nas áreas de produtos, processos, organização estratégica; a
expansão dos fluxos financeiros internacionais com a tendência à
desregulamentação financeira, o avanço de novos serviços financeiros
e a liberdade cambial (Carvalho, 2000, citado em Barbosa, s/d).
61
Neste mesmo período ocorreu nos países de capitalismo
periférico e dependentes um aumento significativo de sua participação
relativa no montante global de recursos, o que também concorreu para
a crise dos países capitalistas cêntricos. Do ponto de vista produtivo, foi
se formando um ambiente económico no qual os países capitalistas
periféricos tornaram-se mais competitivos no mercado internacional
por meio de produtos manufacturados da Segunda Revolução Industrial
e com mão-de-obra pouco qualificada. Isto devido a políticas de
estabilização económica em um cenário de ampla liquidez
internacional; à políticas de actuação de capitais transnacionais nestes
países; e a políticas de crescimento económico, de forma a atrair
investidores internacionais e diversificar as posições empresariais.
62
americano, sueco, alemão e italiano para a crise que atingiu o
capitalismo no início dos anos 70. Esta resposta consistiu na
transformação das máquinas e equipamentos industriais por meio da
automação programada de base electrónica; nos produtos de maior
valor agregado e competitivo; na criação de formas de organização dos
processos produtivos mais flexíveis, optimizando a capacidade e
agilidade de produzir com mais qualidade; no aumento dos índices de
exportação desses países; na aplicação intensiva das formas de
cooperação entre empresas para a viabilização de pesquisas para o
desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços; na
capacidade de articulação entre as condições macroeconómicas de
organização industrial e as políticas do Estado etc. Agregou-se a tudo
isto o aprofundamento das relações inter-industriais; a conversão das
empresas monopolistas nacionais em transnacionais; e o acirramento
da competição mesmo nas empresas pequeno porte.
63
Sinteticamente, podemos dizer que o novo paradigma de
produção tem como motor da acumulação a inovação sistémica
promovida pelas transnacionais e não o lançamento de novos blocos de
investimentos. O novo estilo de desenvolvimento está baseado na
difusão acelerada, profunda e simultânea de inovações técnicas,
organizacionais e financeiras sob forte influência do novo paradigma
tecnológico. Paradigma tecnológico este que encontra-se capitaneado
pela micro-eletrónica, de forma que a sua disseminação nos diversos
sectores da economia tem levado a uma reestruturação da produção e
da divisão internacional do trabalho com reflexos directos no nível de
emprego (Carvalho, 2000, citado em Barbosa, s/d).
65
assimétricos, mas que integra subalternamente mesmo elos distantes
como a África Central.
67
Processo mais intenso no sector industrial, visto que é o sector
que mais intensamente incorpora a reestruturação produtiva e sofre os
demais processos (abertura de mercados, recessão etc.). O aumento de
empregos no sector de serviços não foi suficiente para atenuar o
desemprego.
68
de mercados de trabalho e mão-de-obra para os diferentes países. Isto
afecta o índice de concentração de empresas nos países.
69
representadas pelo custo da mão-de-obra barata e abundantes recursos
naturais tende a ser um factor positivo de decrescente importância.
71
O capital tem que redescobrir a humanidade obliterada do
trabalhador por parte do taylorismo/fordismo. O capital passou a se
interessar mais pela apropriação de qualidades sócio psicológicas do
trabalhador colectivo por meio dos chamados sistemas sócio-técnicos
de trabalho em equipas, dos círculos de qualidade etc. Trata-se de novas
formas de gestão da força de trabalho que visam a garantir a integração
do trabalhador aos objectivos da empresa (Moraes, 2000, citado em
Barbosa, s/d).
72
conhecimentos envolvem o domínio dos fundamentos científico
intelectuais subjacentes às diferentes técnicas que caracterizam o
processo produtivo moderno, associado ao desempenho de um
especialista em um ramo profissional específico; a compreensão de um
fenómeno em processo no que se refere tanto à lógica funcional das
máquinas inteligentes como à organização produtiva como um todo; a
responsabilidade, lealdade, criatividade e sensualismo; e a disposição
do trabalhador para colocar seu potencial cognitivo e comportamental
a serviço da produtividade da empresa.
Bibliografia
Barbosa, W. (s/d). Sociologia e Trabalho: uma leitura introdutória. S/l:
s/e.
Bauman, Z. (1997?). Globalização – as consequências humanas. São
Paulo: Zahar.
Beck, U. (1999). O que é Globalização? Equívocos do globalismo:
respostas à globalização. São Paulo: Paz e Terra.
Giddens, A. (2005). Sociologia. (4ª ed). Porto Alegre: Artmed.
Resumindo
73
para satisfazer as necessidades humanas. Desde as mais simples
necessidades, como as de alimento e de abrigo, até as mais complexas,
como as de lazer e de crença. O trabalho se volta, enfim, para satisfazer
as necessidades humanas, materiais e culturais. Ao se analisar as
diversas formas de sociedade, encontram-se os mais variados modos de
organização do trabalho, como também maneiras muito diferentes de
se valorizar essa actividade. Encontram-se, ainda, diferentes formas de
relação do trabalho com as demais esferas da vida social.
Actividades de aprendizagem
Confira se você teve bom entendimento do que tratamos nesta Unidade
realizando as actividades propostas, a seguir. Se precisar de auxílio, não
hesite em contactar seu tutor.
1. O que é a Revolução Industrial?
2. Quais são as principais mudanças que foram provocadas,
inicialmente, pela Revolução Industrial?
74
3. O que a Revolução Industrial provocou na economia inglesa?
4. Quais foram as mais importantes mudanças provocadas pela
Revolução Industrial em relação ao período anterior?
5. Quais foram as principais mudanças culturais que a Revolução
Industrial provocou no âmbito do trabalho?
6. Quais os principais problemas que caracterizam a questão social no
período da Revolução Industrial inglesa?
7. O que é a globalização?
8. O que entende por reestruturação produtiva?
9. Quais são os principais efeitos da reestruturação produtiva nos
chamados países periféricos?
10. O que entende por trabalhador polivalente?
11. As sociedades modernas conseguiram funcionar sem a divisão do
trabalho? Justifique.
75
Unidade 3 - Socialização e Formação da cultura
76
Consideremos a manhã de um estudante universitário norte-
americano. Desperta sobre um grande e macio acolchoado mantido
acima do chão por uma armação de madeira e coberto com diversas
camadas de tecido suave, entre os quais dorme. É despertado em um
momento cuidadosamente predeterminado pelo retinir do som de uma
diminuta caixa numa plataforma próxima de seu acolchoado para
dormir. Estende o braço, silencia a caixa e depois de coçar-se várias
vezes e grunhir, levanta-se e entra num pequeno compartimento junto
ao quarto e olha fixamente para uma grande superfície brilhante que
reflecte sua imagem. Passa a mão pelo rosto e com a mão apanha um
pequeno objecto cortante, depois coloca-o no lugar de novo e sacode a
cabeça. Torce alguns botões e a água jorra de pequenos pedúnculos e
enche uma bacia, dentro da qual ele mergulha e se debate. Espreme
uma coisa branca em um pequeno bastão com um tufo e esfrega na boca
enquanto faz espuma e saliva.
Enxuga-se com um grande tecido macio, volta e faz escolha de
uma grande quantidade de tecidos de várias cores que estão moldados
para se ajustarem a diferentes partes de seu corpo. Depois deixa o
quarto e se encaminha para uma sala muito maior onde ele e muitos
outros estudantes formam uma fila indiana. Cada um é servido de
alimento que critica em voz alta e consome com avidez.
Depois de comer, deixa o prédio e aproxima-se de uma larga
passagem que está cheia de vagões... A sua frente observa uma jovem
e pensa em pedir-lhe um encontro e ficarem frente ao outro e pularem
para cima e para baixo.
Cada vez ruídos fortes são feitos por
uma equipe de fazedores profissionais de barulho. Deixando
tudo isso de lado, dirige-se a um grande prédio, procura uma
determinada sala, despeja-se numa cadeira e murmura para outro
estudante a seu lado: “O que é esse troço chamado “cultura” de que
esse professor está sempre falando?”. Um jovem Purari da Nova Guiné
desperta de seu sono quando o sol se ergue. Estava
77
dormindo em uma esteira de junco no chão da casa dos
homens.
Com outro jovem solteiro, dorme aqui porque seria chocante e
indecente que dormisse na mesma casa com parentes do sexo
feminino. Boceja, espicha-se e ergue-se para executar a primeira tarefa
do dia que lhe foi atribuída: verificar a fileira de crânios humanos nas
prateleiras em exibição para ver se estão em ordem. Contempla-os e
lembra-se dos poderosos inimigos que representam. Desejava ter idade
suficiente para participar da próxima festa canibal. Assim, os poderes
do inimigo surgiriam através de seus próprios músculos e sua astúcia, a
do inimigo, se alojaria em seu próprio cérebro. Na verdade, deve ser
formidável ser um guerreiro Purari. Mas, entrementes, há trabalho a
ser feito. Dá um mergulho rápido na corrente barrenta e depois vai à
casa do pai para um desjejum de sagui. Encontra a mãe e as irmãs na
casa e, por isso, volta à casa dos homens para ingerir seus desjejuns,
como deve proceder qualquer jovem de boas maneiras. Já que o
trabalho de hoje deve ser caçada aos porcos, ele apanha o arco e as
flechas e junta-se a outros jovens, principalmente parentes pelo lado
paterno da família. Enquanto estão esperando, uma donzela Purari
passa casualmente com sua saia de palha balançando alegremente e
ele conversa com ela por um momento. Desconfia que ela pode estar
gostando dele, mas seus dedos nem ao menos se tocam, porque ambos
estão acima de qualquer exibição vulgar. Quando o bando parte para a
selva, o irmão mais moço da jovem aparece e quietamente caminha
junto dele. Quieto e sem dizer nada, este menino coloca um pequeno
presente – um rolo de folhas de fumo – na mão do moço e desaparece.
78
Com base nessa citação, você pode perceber claramente que o
comportamento habitual do homem, além dos factores biológicos
trazidos desde seu nascimento, é uma construção feita ao longo de sua
vida e que resulta das diversas experiências que a convivência lhe
desafia. Esse é o caminho pelo qual se constrói a personalidade de cada
um em meio à convivência com todos os membros do conjunto social.
Assim, todo bebé ingressa nesse mundo buscando seu máximo conforto
físico: à medida que cresce, vai internalizando (inserindo em suas
estruturas mentais) sua personalidade, sua linguagem, suas atitudes e
seus sentimentos, seus valores, seus gostos e suas recusas, suas metas
e seus propósitos, tudo isso traduzido por padrões de interacção com as
outras pessoas que fazem parte de seu meio. Cada pessoa constrói
todos esses traços e características mediante um processo chamado de
socialização9.
9
Processo mediante o qual, ao longo da vida, o indivíduo aprende e interioriza os padrões
sócio-culturais dos meios de convivência dos quais ele faz parte.
79
▪ indicar possíveis consequências de seu uso/adopção ou rejeição
por parte do todo social.
80
▪ antever os resultados produzidos, seja do ponto de vista interno
da organização, seja do ponto de vista externo, isto é,
resultantes dessas relações, sugerindo a definição de acções que
serão consideradas importantes para a consecução dos
objectivos propostos e o uso dos instrumentos necessários para
subsidiar, apoiar e facilitar essas acções (Silva, 2010).
10
Sistema de relações sociais, papéis, processos, estruturas, paradigmas, etc.
11
Pode ser entendida como forma comum e aprendida de vida partilhada pelos
membros de uma sociedade. 10Porte físico.
81
expressões criadas, vividas e mediadas, transmitidas pelos membros de
um conjunto social.
82
▪ a modelagem de uma forma comum devida a ser levada
naturalmente pelos membros de um conjunto social;
83
3.2 Personalidade, socialização e cultura
84
Podemos dizer que cada conjunto social, em função do contexto
social, constrói ou forma ao longo do tempo, uma cultura própria. As
atitudes e os comportamentos dos membros dessa sociedade tenderão
a diferenciar-se das atitudes e dos comportamentos dos membros de
outra sociedade, um exemplo interessante sobre o que estamos
dizendo é o caso dos japoneses: de maneira geral, os japoneses são
trabalhadores disciplinados e empenhados, o que faz com que, ao
serem demitidos, sintam-se humilhados a ponto de cometerem
suicídios.
12
Parte da cultura total de uma sociedade que caracteriza segmentos ou grupos da mesma
sociedade.
85
o posto de trabalho que ocupa, encontrará dificuldade em mostrar o
desempenho e a eficiência que lhe é exigida, porque tais padrões não
fazem parte de sua personalidade (Silva, 2010).
86
Os elementos materiais de uma cultura são produzidos pela
formação e pela construção não material de símbolos e de significados
que os acompanham quase que simultaneamente: para quem não
conhece o que seja um jogo de futebol, um gramado com traves e as
demarcações próprias do campo de jogo, esses elementos perdem o
sentido produzido e passam a ser exclusivamente um gramado riscado
daquele jeito. Para quem nunca ouviu falar de xadrez ou dama, aquele
tabuleiro quadriculado não é mais do que um tabuleiro quadriculado.
13
Convicção profunda e sem fundamento racional a respeito de uma pessoa, coisa ou
fenómeno.
88
maior clareza essas pessoas ou intervir nessa cultura, caso seja
necessário, para melhorar sua performance(caso de organizações) ou
para melhorar sua qualidade de vida (caso de políticas públicas).
89
Fonte: Silva (2010, p. 52)
Podemos então entender que toda sociedade tem sua cultura, mas que
esta, dentro de uma mesma sociedade, não é inteiramente homogénea?
91
distâncias da cidade; bairros de uma mesma grande cidade. Outras
vezes, no entanto, precisamos observar com mais cuidado o nosso
entorno para ver essas subtis diferenças que fazem com que a
sociedade não seja um bloco uniforme, mas sim um bloco com
diferenças não essenciais que lhe subtraiam a homogeneidade e a
tornem mais interessante e rica de detalhes (Silva, 2010).
92
chamada Dobu. A citação a seguir foi extraída da edição francesa dessa
obra, Padrões de Civilização:
93
que a criança fique desmamada para voltar a ter relações
sexuais com a mãe. Muitas vezes a criança também é
rejeitada pela mãe, sendo o aborto muito frequente. Em
Dobu, as crianças recebem pouco calor humano ou afeição.
A criança dobuana logo aprende que vive em um mundo
governado pela magia. Nada acontece por causas naturais:
todos os fenómenos são controlados por bruxaria e
feitiçaria. Doenças, acidentes e mortes são evidência de
que a bruxaria foi usada contra a pessoa, o que vai exigir
vingança por parte dos parentes. A má vontade e a traição
são virtudes em Dobu e o medo domina seus habitantes.
Cada dobuano vive no temor de ser envenenado: o
alimento é cuidadosamente vigiado enquanto é preparado
e há, efectivamente, poucas pessoas com as quais um
dobuano consentiria em partilhar uma refeição. O casal
dobuano passa anos alternados nas vilas da mulher e do
marido, de modo que um deles é sempre um forasteiro
humilhado e crivado de suspeitas, que vive na expectativa
diária de ser envenenado ou de que lhe sobrevenha alguma
outra desgraça. Em consequência dos muitos divórcios e
novos casamentos, cada vilarejo abriga homens de outros
vilarejos: assim, nenhum deles confia nos anfitriões e todos
desconfiam uns dos outros. De fato, não se pode confiar
totalmente em quem quer que seja: os homens estão
sempre angustiados com as possíveis bruxarias da mulher
além de temerem as sogras. [...] Os dobuanos são hostis,
desconfiados, ciumentos, desacreditados, sinuosos e
enganosos. Essas são reacções racionais pois vivem em um
mundo repleto de males, cercados de inimigos, de bruxas e
feiticeiros: de repente, poderão ser aniquilados. Segundo
critérios e conceitos ocidentais de higiene mental, todos os
dobuanos são paranóicos a ponto de terem de apelar para
a psicoterapia. Mas chamá-los de paranóicos seria
incorrecto, pois seus medos são justificados e não
irracionais: os perigos que enfrentam são genuínos e não
imaginários. Uma personalidade paranóica imagina que os
outros a estão ameaçando, mas em Dobu os outros estão
mesmo querendo dar cabo de seus
94
semelhantes. Assim, a cultura molda um padrão de
personalidade que é normal e útil para essa cultura.
Bibliografia
Dias, R. (2010). Introdução à Sociologia. (2ª ed.). São Paulo: Pearson
Prentice Hall.
Giddens, A. (2005). Sociologia. (4ª ed.). Porto Alegre: Artmed. Silva, G.
(2010). Sociologia Organizacional. Florianópolis: Departamento de
Ciências da Administração, UFSC.
Resumindo
95
objectos materiais e imateriais da cultura de uma maneira mais própria
e diferenciada, um grupo de pessoas tende a construir uma subcultura.
Alterar acultura ou parte dela é um processo delicado que exige
cuidados especiais, sobretudo, no que diz respeito às pequenas
manifestações chamadas de traços culturais.
Actividades de aprendizagem
96
Hunt (1983, p. 39), constante da página 40 deste livro-texto, que
descreve a manhã de um estudante norte-americano e de um jovem
Purari.
7. Faça uma lista de elementos culturais materiais e imateriais da
organização em que você trabalha, acrescentando o sentido/significado
que eles têm nesse ambiente (o sentido/significado pode ser diferente
de uma organização para outra).
8. Identifique uma região de Moçambique e liste pelo menos dez
traços culturais próprios dessa região.
9. Com base no conceito de socialização e cultura, identifique
características distintas entre a cultura moçambicana e a cultura de um
país vizinho (Tanzânia, Malawi, Zimbabwe, África do Sul, etc.).
10. Tendo compilado o exercício 9, tente justificar por que aparecem
tantas diferenças.
11. Porque é que a cultura não é propriedade de um indivíduo, mas um
atributo de um grupo ou uma organização?
Unidade 4 - As Organizações
14
Demarca o período em que o homem deixou de ser um caçador itinerante e isolado, e
passou a fixar-se em determinados lugares, desenvolvendo actividades com vista a sua
sobrevivência junto de seus semelhantes.
98
▪ uma incipiente divisão de penosas tarefas de busca dos meios
de sobrevivência;
15
Do grego orgánon significa ferramento ou objecto com funcionalidade específica.
100
problemas que a vida lhe apresenta, individual ou isoladamente, como
uma tarefa estrondosa, para não dizer quase impossível.
101
Para melhor compreensão, observe a caracterização das
organizações que elaboramos para você por intermédio da Figura 4.
Figura 4: Características das organizações
102
Giddens (citado em Dias, 2008, p. 22) destaca a organização
como sendo o aspecto de “[...] grande agrupamento de pessoas,
estruturadas em linhas impessoais e estabelecido para atingir
objectivos específicos”.
103
Na organização judiciária, por exemplo, o não cumprimento de
uma regra, ainda que pequena ou considerada sem importância, poderá
constituir-se em motivo suficiente para a anulação de todo um
processo. Na escola do bairro, ainda que os prazos e os horários estejam
estabelecidos por edital da direcção, muitas vezes é possível buscar uma
satisfação fora dos horários ou das datas pré-estabelecidas em virtude
do facto de que a formalidade do tempo seja apenas um instrumento
que melhor administre a finalidade da organização que é educar e
ensinar estudantes.
104
entra em processo de entropia16, dissolvendo aos poucos sua estrutura,
abrindo espaço a relações não previstas e criando, desse modo,
membros insatisfeitos.
16
Desordem ou instabilidade de certa informação.
105
desportivos, viagens, etc., sem desestabilizar a própria organização, são
os principais desafios da moderna Gestão de Recursos Humanos (GRH).
106
uma definição de regras de dedicação, de esforço e de trabalho
produtivo (dito em português coloquial: “vestir a camisa!”) e, de outro
lado, estabelecer um sistema de compensações que contrabalance
essas exigências integrantes do contrato de trabalho sob a forma de
incentivos, entre os quais estão incluídas, além da retribuição financeira
propriamente dita, outras formas de apoio, de incentivo e de sanções
positivas aos membros. A organização real se compõe dessas duas
metades que se complementam ao longo da sua existência.
107
4.1.1.3 Tipos de organizações
108
finalidade primordial é, portanto, a prestação de um serviço; por
exemplo, uma organização escolar que alfabetize o cidadão ou uma
organização hospitalar que atenda às necessidades de saúde do cidadão
ou uma actividade estratégica que atenda a interesses dobem comum
como é o caso dos serviços de vigilância sanitária, de segurança pública
etc. Em qualquer uma delas, o objectivo principal não é o
interesse/finalidade económica, mas a prestação de serviços de
natureza comum a todos os membros de uma sociedade ou a algum
sector/aspecto específico. Para isso, a organização pública dispõe de
um orçamento que, teoricamente, permite-lhe realizar os objectivos a
que se propôs (Silva, 2010).
109
que quiseram organizar-se em torno de seus interesses particulares
(Barbosa, s/d; Silva, 2010).
110
estão inseridas. Essa rapidez e essa flexibilidade são qualidades
essenciais para a boa performance da organização e representa um
grande diferencial em relação às organizações de carácter público ou do
terceiro sector, como vimos anteriormente.
Você conseguiu perceber, por meio do que conversamos até agora, que
as organizações existem desde que o homem deixou de ser um
caçadorpredador itinerante e estabeleceu-se em agrupamentos
sedentarizados?
112
um modo ou de outro, ora mais ora menos, se expandem e interferem
nos outros grupos formais e informais existentes e na própria
sociedade. Para bem cumprir sua tarefa, você precisará conhecer as
pessoas que fazem parte da organização e sua “rede social” para então
examinar as causas que originam os seus comportamentos e os diversos
processos pelos quais tais comportamentos se manifestam.
113
em conta a rede de papéis desse indivíduo e sua grade de desempenho
nos outros papéis vividos fora do âmbito exclusivo da organização, em
outros segmentos sociais independentes da organização à qual está
vinculado. Esses outros papéis do indivíduo também determinam
respostas específicas e exigências próprias distintas das exigências da
organização.
114
Fonte: Silva (2010, p. 79)
115
realizam juntas seus papéis sociais. Essa relação implica a expectativa
de comportamentos já desenvolvidos.
Você já parou para pensar sobre quais são os papéis que você está
desenvolvendo na sociedade onde vive e por que está desenvolvendo
esses papéis?
116
Todas as sociedades têm seus papéis relativamente demarcados
no que diz respeito aos comportamentos esperados e, de acordo coma
importância que se atribui à satisfação das necessidades sentidas, o
comportamento esperado será mais ou menos considerado e,
consequentemente, o indivíduo que desempenha tais papéis, em uma
medida maior ou menor, suprindo tais necessidades, ocupará uma
posição social mais ou menos considerada.
17
Posição favorável de um indivíduo nos diferentes âmbitos de relação e interacção social.
118
expectativas do comportamento atribuído àquele papel e reprovada ou
negativa, que se externalizam por repulsa, castigos, multa, boicote,
salários mais baixos etc., quando tais comportamentos não
correspondem às expectativas ou a profissão não representa uma
necessidade premente para o todo.
119
em qualquer outra área dentro das organizações e entre elas é um
aspecto importante a levar em consideração no estudo das
organizações e dos processos laborais.
Neste sentido, para ter poder numa situação, o poder precisa ter
uma base de valor para o destinatário. Uma das bases de poder de um
professor é a habilidade de recompensar (e, algumas vezes, punir) os
alunos por meio de notas. Um professor também pode ter bases de
legitimidade, especialização e acesso ao conhecimento (Hall, 2004).
4.3.2 A liderança
124
4.3.2.1 Conceito de Liderança
125
Em síntese podemos falar em processos distintos mas que se
complementam e inter-influenciam. Por uma questão de maior
sistematização e compreensão optamos por colocar no seguinte quadro
alguns aspectos que distinguem os dois conceitos:
126
lado a curiosidade de procurar respostas e soluções “aguça o engenho”,
o que permitiu estabelecer na sociedade as ideias de que o
progresso/evolução se pode fazer de formas contínuas ou descontínuas,
que a aprendizagem é um processo voluntário que permite ao individuo
conhecer as diferentes maneiras de conjugar os diferentes recursos. Por
último, os processos de mudança são muito frequentemente a mola de
desenvolvimento e evolução.
127
capacidade de trabalhar e de resistência em situações de stress,
persistência, capacidade de persuasão, vontade e apetência por funções
e lugares de poder.
128
organizações para atingir os objectivos – ênfase explícita no número e
nas funções (Cabral-Cardoso, 1999, citado em Ribeiro, 2008).
129
hierarquia, a dimensão da organização, o tipo, grau e distância da
autoridade exercida, a estrutura organizacional, os recursos disponíveis,
as relações intergrupais existentes, factores sócio-políticoculturais, tipo
de cultura, etc. Assim e a título de exemplo:
130
▪ gestores que lidem com situações de diversidade cultural ao
nível da sua organização necessitarão de competências ao nível
comportamental que lhes permitam gerir as diferenças
culturais, comportamentais, etc.
131
4.2.3.2 Abordagem Comportamental
132
define a estrutura do seu próprio trabalho e o dos subordinados, tendo
em vista o alcance dos objectivos”. Para os mesmos autores o
comportamento de orientação para as pessoas é o “grau em que o líder
age de modo amistoso e apoiante e se preocupa com os subordinados
e com o respectivo bem-estar”.
133
A proliferação de pesquisas em torno deste modelo conduziu há
existência de duas versões do mesmo:
134
Com as abordagens contingenciais é fundamental perceber a
organização interna e externamente nas suas múltiplas variáveis como
sejam por exemplo: o contexto, a situação em concreto, as questões a
resolver, o tipo de organização, estrutura organizacional, cultura
organizacional, gestores e lideres existentes, etc. É no jogo sistémico
destas e outras variáveis entre si que se pode colocar a questão acerca
de que estilo, sistema ou processo de liderança se poderá revelar como
o mais adequado. Abordar-se-á de seguida e sumariamente algumas
destas abordagens ou modelos contingenciais.
135
satisfação dos subordinados e desempenho da unidade organizacional.
136
4.3.2.4 Comportamentos de Liderança
Influenciar as pessoas:
5. Motivar, inspirar, apoiar
6. Reconhecer (elogiar, apreciar esforços…)
7. Recompensar
Construir relações:
8. Apoiar (ajudar, ouvir…)
9. Desenvolver as capacidades e carreira das pessoas
10. Gerir conflitos e conseguir espírito de grupo
11. Desenvolver rede de contactos, visando obter informações e
apoios
4.3.3 Comunicação
137
A comunicação não se limita meramente à fala e pode assumir
diversas formas, como, por exemplo, memorandos, e-mails, boletins,
apresentações visuais ou símbolos e mensagens não verbais.
138
4.3.3.1.1 Tipos de comunicação
139
Fonte: Rego (1999, citado em Ribeiro, 2008, p. 33)
140
Este tipo de comunicação pode ser feito verticalmente, através
de uma comunicação ascendente onde os subordinados tentam fazer
chegar a informação aos seus superiores, informação que permite às
chefias conhecer as necessidades, as reacções, os desejos, e
sentimentos dos níveis hierárquicos inferiores ou através de uma
comunicação descendente na qual a chefia faz chegar a informação aos
seus subordinados, de modo a fazê-los sentir orientados e desta forma
incentivando-os a contribuírem para o desenvolvimento e consolidação
da empresa.
141
Por fim a comunicação externa, que é a comunicação realizada
entre a empresa e o exterior (que podem ser outras organizações ou
empresas ou o próprio meio social). Este tipo de comunicação é mais
cuidada de forma a proteger e melhorar a imagem que o “exterior” tem
da organização, aumentando a sua legitimidade institucional. O
contacto com a envolvente externa pode influenciar o formato
organizacional actuando sobre o comportamento das pessoas e dos
sistemas organizacionais.
142
Relativamente às barreiras pessoais compreendem a
(in)capacidade de comunicar efectivamente, o modo como as pessoas
processam e interpretam a informação, o nível de confiança
interpessoal, estereótipos e preconceitos, fraca capacidade de escuta,
julgamentos e a incapacidade de ouvir empaticamente. A personalidade
de cada um, o estado de espírito, as emoções, os valores são factores
influenciadores. Uma vez ultrapassadas estas barreiras a mensagem é
transmitida da melhor forma e entendida de forma mais correcta e com
o verdadeiro sentido.
143
interpretação. Portanto, perante estas barreiras da comunicação, o
resultado da mesma pode tornar-se ineficaz e muito perigoso para as
organizações (Ribeiro, 2008).
145
o crescimento da empresa significa o seu próprio crescimento (Ribeiro,
2008).
Bibliografia
Hall, R.H. (2004). Organizações: estruturas, processos e resultados. (8ª
ed.) São Paulo: Pearson Prentice Hall.
Ribeiro, J. (2008). Manual do Formando: “comportamento
organizacional”. Portugal: ANJE.
Santos, R.M.M. (2012). Psicologia e Comportamento Organizacional.
Brasil: Unisa Digital.
Silva, G. (2010). Sociologia Organizacional. Florianópolis: Departamento
de Ciências da Administração, UFSC.
146
Resumindo
147
Teve a possibilidade de entender que as unidades
organizacionais e as pessoas nas organizações obtêm seu poder por
meio de controlo das bases e fontes de poder. E que os relacionamentos
de poder podem ser especificados rigidamente de modo antecipado ou
desenvolver-se à medida que ocorre o próprio relacionamento. Esse
aspecto reenfatiza a íntima conexão entre a estrutura e os processos
organizacionais, pois é a estrutura que determina os limites originais do
relacionamento.
148
Actividades de aprendizagem
149
8. Examinando as relações existentes dentro da organização em que
você trabalha, liste ao menos quatro tipos de relações frequentes que
são favoráveis ao melhor desempenho e ao sucesso e outros quatro que
se constituem em entraves. Faça um balanço, comparando-os e
atribuindo-lhes valores (notas) e depois manifeste e justifique sua
posição, expressando positiva ou negativamente sobre a qualidade do
seu ambiente de trabalho.
9. Indique para cada uma das afirmações que se seguem se são verdadeiras (V) ou
falsas (F)
a) Basta a um indivíduo permanecer em silêncio para não estar a comunicar.
b) Os ruídos comunicacionais podem existir em todos os elementos do processo
comunicacional.
c) Ter um objectivo claro e conciso aplica-se mais à mensagem do que ao canal de
comunicação.
d) Diferenças individuais, devido ao background sócio-cultural não constituem forma
de ruído.
e) A comunicação cinésica tem a ver com o tom, timbre e ritmo da voz.
f) O estilo passivo caracteriza-se por um comportamento tímido e retraído.
g) A Cadeia é uma das formas de comunicação formal onde os níveis hierárquicos
inferiores dependem dos superiores.
h) A comunicação é sempre prejudicada quando a interacção entre duas ou mais
pessoas é afectada por certos bloqueios psicológicos.
10. Assinale com V (verdadeiro) e F (Falso) as questões que se indicam:
a) A liderança é um conceito polissémico?
b) A existência de liderança é condicionada pela existência de grupos humanos?
c) Uma das características do estilo de liderança “laissez-faire” é a sua capacidade para
levar o grupo a tomar decisões e a executar as tarefas em tempo oportuno?
d) Numa liderança autocrática o grupo controla os seus próprios resultados?
e) Na liderança democrática o grupo possui uma certa margem de autonomia de
decisão?
f) Sob uma liderança autocrática os membros do grupo tendem a desresponsabilizarse
e a descurar a qualidade.
g) Na liderança democrática a motivação não se baseia apenas na necessidade de
segurança
h) Um dos pressupostos da liderança situacional é basear-se na aceitação da ideia de
que “ os líderes nascem líderes”.
i) A teoria dos traços procurou encontrar, entre outros, atributos de personalidade
que diferenciam líderes de não líderes.
11. Preencha os espaços vazios com a palavra que considera mais adequada.
150
a) Os estudos sobre liderança da Universidade de Michigan identificaram duas
grandes dimensões de comportamentos. Respectivamente comportamentos
centrados nas
e centradas nas
b) A teoria situacional de Hersey e Blanchard baseia-se nos estilos de liderança que
o líder deve imprimir considerando a sua orientação para as tarefas ou para os
comportamentos de .
151
Unidade 5 - Contexto social, Administração e cultura da organização
152
Muito cedo, os consultores e pesquisadores das organizações se
deram conta que a eficácia organizacional é produto daquilo que a
Sociologia e a Antropologia já tinham discutido no início do século XX: o
homem se socializa de acordo com os padrões e os modelos que o
ambiente, no qual está inserido, ensina-lhe. Assim, se o ambiente lhe
ensina que competitividade ou excelência são os principais valores de
um produto ou de um serviço, os resultados (os próprios produtos e/ou
serviços) vão ser competitivos ou excelentes, de acordo com uma escala
de importância da variável. E nesse caso, a própria organização tende a
apresentar melhores resultados.
18
Premissas consideradas necessariamente evidentes e verdadeiras.
153
na produtividade e na excelência das organizações. Iniciava-se, assim,
em cada organização, a busca de pequenos sinais que evidenciassem e
permitissem aos seus dirigentes e a todos os participantes da
organização detectarem a existência de relações sociais e de traços
culturais presentes no dia-a-dia. A partir dessa constatação e análise, a
organização parte para uma intervenção que seja eficiente sobre seu
presente e seu futuro.
19
Contrato de colaboração empresarial; constitui uma forma ou método de cooperação
entre organizações independentes.
154
▪ trabalham nos mesmos espaços ao longo do tempo; e ▪ dispõem
de mesmos recursos (Silva, 2010).
20
Sistema de ideias, valores, instrumentos tecnológicos, bem como de formas de
relacionamento interpessoal que dão fundamento a uma política organizacional.
20
Manifestação do comportamento de um indivíduo.
156
ele, ora com mais intensidade, ora com menos, actua sobre toda a
organização como se fosse a sua própria “alma” e se expressa como uma
bússola a orientar e a conduzir toda a organização para uma
determinada direcção, em busca da satisfação de seus membros por
meio de bons resultados na sociedade em que está inserida ou para a
qual destina seus produtos.
▪ as tecnologias disponíveis; e
▪ as estruturas de relacionamento entre os
membros.
Objectivo
Como vimos na Unidade 3, uma organização praticamente se
define pelo que pretende realizar com as pessoas que nela trabalham
ou dela participam. Quando falamos assim, estamos nos referindo aos
objectivos da organização. Eles devem estar tão inscritos na constituição
da organização e na mente das pessoas que dela fazem parte, que se
21
Quer dizer tecido, trama, entrelaçamento.
158
constituem praticamente em sua pedra fundamental e são a base de
seu desenvolvimento. Por isso, definimos objectivo como algo que a
organização (ou o indivíduo) se esforça por conseguir quando lhe falta,
por manter quando já o possui ou afastar-se quando lhe é aversivo
(Bernardes & Marcondes, citados em Silva, 2010).
Valores
Quando buscamos os objectivos, sejam eles definidos clara e
expressamente, como muitas organizações o fazem, sejam eles
construídos quase que inconscientemente, como muitos grupos não
totalmente organizados demonstram, imediatamente vem à baila a
sequência de um elenco de proposições ideais que são considerados
importantes para os objectivos pretendidos. A esse elenco de
proposições damos o nome de valor.
159
No segundo caso – expressão simbólica de valor –, temos os bens
concretos, como dinheiro, casa, automóvel, roupa etc. Logo, perceba
que os valores, ainda que sejam tratados em um plano ideal, têm a
mesma objectividade que as coisas concretas.
Tecnologia
Ao propormos objectivos, construímos ideal e/ou concretamente
aquilo que nos permite alcançá-los. Da mesma forma, também os
valores nos empurram para a construção de meios que nos possibilitem
trazer aquelas construções ideais para a concretude do aqui e agora.
Como vimos na Unidade 1, a esses meios damos o nome de tecnologia.
Para você entender melhor, vamos fazer uma análise dos primórdios
da história, quando o homem passou a dominar o fogo. Ele teve sua vida
relativamente alterada: descobriu que esse elemento natural facilitava
a sua vida (alimentação) e ainda espantava animais (o que lhe permitia
a melhoria de sobrevivência). Da mesma forma,
quando um satélite fotografa um
fenómeno meteorológico – massas polares, chuvas, furacões etc. –, há
alterações nas relações
estabelecidas em um dado contexto social, normalmente para melhorar
a convivência. Essa melhor convivência pode ser traduzida de muitas
formas: prevenção de acidentes, aumento de produção e/ou
produtividade, correcção de direcção etc.
160
Quando uma tecnologia realmente produz os resultados
esperados, pode causar uma alteração dos modos e das formas pelas
quais os membros de um contexto social passarão a buscar suprimentos
para suas necessidades.
162
aço, química, vidro, metal, têxtil, automobilística, electrodoméstica,
construção civil e alimentação. O subsector B inclui hardware de
informática, electrónica, telecomunicações, química farmacêutica,
serviços em geral (turismo, finanças, marketing), aviação comercial e
armamentos. O subsector C compreende os sectores industriais de
informática avançada (aplicações gráficas e engenharia computacional),
de armamentos sofisticados, de robótica e de indústrias baseadas em
tecnologia avançada.
Ao desenvolver uma extensa rede das mais diversas relações para poder
conviver e sobreviver, o homem está realizando uma construção social
que passaremos a chamar de estrutura social ou estrutura de relações.
Assim, quando falamos de estrutura de relações fazemos referência ao
163
conjunto de formas e de modos que envolvem a relação social que
estudamos na Unidade 1.
22
Disposição ordenada das partes de um todo, disposição essa tida como invariável, sendo,
pelo contrário, variáveis suas partes.
164
disponíveis (tecnologias de comunicação), foram modificados
completamente a forma e o modo de como se aprende e o ensino a
distância no qual você está inscrito é um bom exemplo dessas
alterações ocorridas nas estruturas de relacionamento.
165
uma resposta maior ou melhor. Entretanto, a tecnologia não é o único
factor de mudanças estruturais. No caso de organizações, há aspectos
políticos e culturais que devem ser levados em conta quando
consideradas as mudanças estruturais. Para verificarmos isso, no
aspecto político, relembremos os casos citados anteriormente de Cuba
e do Irão: mesmo não havendo introdução de novas tecnologias, as
mudanças estruturais aconteceram e alteraram significativamente todo
o sistema de relações daquelas sociedades.
166
Fonte: Hersey e Blanchard (1986, citados em Silva, 2010, p. 107)
23
É a predisposição de um indivíduo para responder ou agir de modo próprio ou
característico sobre determinada relação e/ou situação.
24
Busca de eficiência, implementação de novas tecnologias, etc.
167
qualquer contexto social, instituição, organização, família etc., a ordem
de intervenção é de fundamental importância.
168
Além dos aspectos enumerados anteriormente e que são intrínsecos
à organização, a análise do contexto social deverá ainda levar em conta
alguns outros aspectos que, extrínsecos a ele, interferem de modo
directo em sua dinâmica. São eles:
▪ Tempo: aqui entendido como a época em que a formulação dos
componentes do contexto social ocorre. Assim, uma organização poderá
ser vista e considerada em um tempo actual ou em seu passado ou
projectada para o futuro. De qualquer maneira, a variável “tempo” está
sempre presente na análise do que chamamos de contexto social.
169
é um sinónimo de desenvolvimento de informação e de
conhecimento. Muitas vezes, quando as organizações existentes
em um dado contexto desenvolvem suas capacidades críticas,
toda a sociedade pode aproveitar-se dessa capacidade. Nesse
sentido, serve de ilustração o caso japonês: sem dispor de
recursos naturais, o japonês desenvolveu uma afinada
capacidade crítica capaz de criar tecnologias que lhe
permitissem absorver de outros países os recursos financeiros
necessários à sua sobrevivência, constituindo uma economia de
primeira grandeza (Silva, 2010).
E não para por aí. Esses elementos sofrem ainda a acção do:
▪ tempo: quanto mais tempo qualquer um dos componentes
anteriores permanece actuando, mais difícil se torna a
intervenção de alteração;
▪ espaço: quanto mais o ambiente favorece um determinado tipo
de relação, mais essa relação se enraíza nas formas e nos
modelos de trocas que as pessoas utilizam;
171
Para completar, podemos dizer que o contexto social, seja ele de
uma organização ou família, será sempre visto como um quadro cuja
composição e trama está limitada e emoldurada por seus componentes.
Esse conjunto de componentes indica que não há um modelo padrão de
organização, isto é, que não há um meio único, uma receita padrão, de
organizar tais componentes. Pelo contrário, tais factores vão desenhar
uma organização com personalidade própria e única e todo modelo
deve criar uma estrutura adequada e ajustada aos meios contingenciais
disponíveis, no momento de sua formação ou ao longo do caminho, de
interacções que percorrem sua existência.
172
constitui em uma das maneiras, talvez a principal, de a organização
alcançar e concretizar seus objectivos. Os objectivos derivam de
estratégias da organização, por isso é necessário que estratégia e
estrutura se interliguem.
25
Definição de meios para o alcance dos objectivos e/ou metas correspondentes.
173
Assim, não fazia sentido – como não faz até hoje – iniciarmos o
desenho de uma organização pela sua estrutura, e sim pelos objectivos
que queremos atingir para somente depois de claramente expressos e
tecnologicamente definidos tais objectivos construirmos a própria
estrutura.
Bibliografia
Silva, G. (2010). Sociologia Organizacional. Florianópolis: Departamento
de Ciências da Administração, UFSC.
175
Resumindo
seus membros com o meio ambiente na qual ela e eles estão inseridos,
ao mesmo tempo em que desempenham seu trabalho sem perder de
vista um conjunto de elementos que lhe dá sustentação e vida e que
faz parte da sociedade; e que toda essa trama de relações existe em
um sistema de equilíbrio relativamente estável.
Actividades de aprendizagem
Caso tenha ficado alguma dúvida, faça uma releitura cuidadosa dos
conceitos ainda não bem entendidos ou, se achar necessário, entre em
176
contacto com seu tutor.
177
Unidade 6 – Cultura das organizações: características, classificação e intervenção
6.1 Cultura das organizações: um pouco de história
179
A globalização da economia e a multi-nacionalização de
organizações possibilitaram os estudos e a construção de
conhecimentos sobre aspectos e impactos culturais de uma nova
organização que se instalava em outro país e de uma antiga organização
que passava a ser regida por nova orientação, muitas vezes, não
condizente com os componentes internalizados pelos trabalhadores sob
a administração anterior (Silva, 2010).
180
elementos simbólicos presentes nas conversas, nos discursos, nas
práticas operacionais e na própria forma de vida da organização. Logo,
se levarmos em conta a cultura organizacional, é fundamental
buscarmos a compreensão dos elementos, materiais e imateriais,
presentes nas organizações.
181
Tais elementos são basicamente de três origens distintas; eles
nascem e se desenvolvem entre todos os membros da organização,
como se estivessem em um processo permanente de retro alimentação:
182
Nessa obra, ainda que Berne (2006, citado em Silva, 2010) não
fosse um teórico da ciência da Administração, buscou a aplicação de sua
teoria da Análise Transaccional nas relações que se estabeleciam nos
grupos e, a partir dos grupos, nas organizações. Sua preocupação
principal era a saúde das pessoas e, em razão disso, em que e como as
organizações podiam ajudar as pessoas.
183
imprimiu ao seu tema de estudos e pesquisa o nome de Análise
Transaccional.
Uma opinião para o Adulto é sempre uma opinião; para o Pai, uma
opinião já é uma crítica (se a opinião expressa diferença) ou um apoio
(se expressa concordância). Já o estado de Criança mostra-se em
atitudes e em comportamentos que, como o próprio nome diz, são
típicos de atitudes livres, ainda não plenamente socializadas e sem os
modelos sociais de transacções já socializadas e plenamente
estruturadas (paradigmas), expressando quase directamente os
184
sentimentos (raiva, ódio, alegria, amor, carinho, afeição, etc.) sem
maiores pudores e indirectas, buscando satisfazer o eu em primeiro
lugar (o meu..., não me importa..., eu quero..., eu vou fazer assim...),
demonstrando liberdade, criando e inventando coisas, buscando
bemestar, satisfação e prazer.
185
mais de seu estado de Adultas e menos de seu estado de Crianças ou
menos de seu estado de Pai. Há, ainda, quem, apesar de ser
cronologicamente adulto, se expresse com mais frequência pelo estado
de Criança. É o que Berne (2006, citado em Silva, 2010) chamou de
personalidade predominante.
186
transaccionais para as organizações, comprovando-as na prática. A
partir desse axioma, a teoria da Análise Transaccional foi trabalhada no
sentido de transferir tais ensinamentos para as organizações. Assim, a
teoria visualizou e identificou na cultura das organizações essas três
variáveis básicas. À semelhança das pessoas – que se expressam, isto é,
que transaccionam em um estado ou em outro, mas por força de sua
personalidade manifestam-se predominantemente por um deles – Pai,
Adulto ou Criança –, as organizações, do ponto de vista de sua cultura,
apresentam as mesmas características.
187
Diante do perigo iminente de uma guerra, ainda que as pernas
tremam ou que o coração dispare, ninguém pode manifestar qualquer
sentimento de medo, pois isso não é valorizado dentro da instituição.
Ao contrário, quem manifesta tal sentimento é menos considerado e
passa a ser observado com reservas.
188
Isso não quer dizer que uma organização de carácter
predominantemente institucional (Pai) não manifeste também
situações tecnológicas (Adulto) ou expressivas (Criança).
189
No entanto, além de conhecermos qual é a sua principal
característica (institucional, tecnológica, expressiva), precisamos saber
qual é o ponto de equilíbrio entre elas, sob pena de criarmos pequenos
desvios que podem comprometer a busca dos objectivos.
190
estudos da psicologia das organizações, uma vez que atinge ou abarca
também os sistemas de crenças das organizações.
Figura 12: Equivalência das terminologias de Harrison (1985) e de Berne (2006) Fonte:
Silva (2010, 134)
193
então, a primeira divisão: actividades-fim versus actividades-meio.
194
Dessa maneira, um questionário, via tais procedimentos,
buscará concordância ou discordância, em maior ou menor grau, do
membro da organização em relação a esses diversos traços e faces que
constituem sua cultura. Mesmo que tais aspectos (faces, traços) não
tenham sido ainda notados, isso não significa que não sejam vigentes
ou praticados na organização.
196
que uma acção determinada, ainda que aparentemente correcta, seja
completamente anulada, permanecendo os resultados indesejáveis que
se queria combater. Isso acontece porque quando falamos de cultura,
nenhuma intervenção pode ser considerada isoladamente, sob pena de
a intervenção revelar-se imprópria, inadequada, parcial ou mesmo de
resultado zero (Silva, 2010).
197
▪ os objectivos da organização forem claros para todos aqueles
que estão directamente envolvidos no processo de trabalho;
199
6. De um chefe cuja secretária chegou atrasada:
P – “Coitada! Pela cara dela parece que passou a noite em claro.” A –
“Se ela chegar atrasada novamente, os outros empregados ficarão
insatisfeitos.”
C – “Quisera eu poder chegar mais tarde!”
Resumo
200
Exercício de consolidação
203
Exercicios Modular
205
Bibliografia
Bibliografia Recomendada
206