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BIBLIOLOGIA – ESTUDO SOBRE A BIBLIA

© ITESP RABONI, 2014 – Araras (SP)


Trabalho realizado pelo Instituto Teológico de Ensino Superior e Pesquisas
de Santa Gertrudes (SP)
Curso: MÉDIO EM TEOLOGIA
Disciplina: Bibliologia
Versão: Novembro/2015
Diretor: Prof. Dr. Pr. Anaildo João da Silva
Diretor Administrativo: Prof. Th. Bel. Pr. Jose Flávio das Neves Januário
Diretor Superintendente: Prof. Th. Bel. Dc. Sinvaldo Teixeira Nunes
Jornalista: Pr. Anaildo João da Silva Mtb: nº 0075731/SP
Coordenador Geral de EaD: Prof. Th. Bel. Ev. Ronaldo Lopes dos Reis
Coordenador de Material Didático Mediacional: Prof. Pb. Th. Bel. Cicero Moreira da Costa
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional:

Preparação Revisão
Aline Moreira da Silva Dep. Jurídico Prof. Pr. Cicero Moreira da Costa

Ana Cláudia M. da C. Silva Serviço Prof. Pr. Nedson Bento de Santana


Social
Revisão Projeto Gráfico, Diagramação
e Capa
Pr. Pedro Geraldo Gaspar
Prof. Ev. Ronaldo Lopes dos Reis Téc. em Informática Alanna Moreira da
Silva
Prof. Pb. Manoel Pereira da Silva
Prof.ª Joseilde Andradde Tavares da Prof. Pr. Anaildo João da Silva
Silva

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ITESP - INSTITUTO TEOLÓGICO DE ENSINO SUPERIOR E PESQUISAS


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CURSO: MÉDIO EM TEOLOGIA
Bibliologia – Pr. Prof. Anaildo João da Silva

Meu nome é Anaildo João da Silva, Sou Bacharel e Mestre em


Teologia pela Faculdade Teológica de Campinas-SP; Sou Juiz de
Paz, Juiz Arbitral (Conciliador) e Capelão; Recebi as Honrarias de
Dr. Honoris Causa em Ciência e Filosofia da Religião pelo Grupo
FATECAMP de Ensino, Campinas-SP e Dr. Honoris Causa em
Psicologia Pastoral pela FATEB, Rio Claro-SP; Sou Convalidado
em Teologia pela Faculdade Claretianos, Rio Claro-SP; Sou
Jornalista Profissional, Registro nº 0075731/SP ; Atuo como
Pastor na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Santa
Gertrudes-SP; Psicanalista Clínico e, como Professor e Diretor do
Instituto Teológico de Ensino Superior e Pesquisas (ITESP); Na
área secular atuo no Departamento Técnico do Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho (SEESMT), em Santa Gertrudes-SP. E-mail:
anaildo36@gmail.com.br / itep-raboni@hotmail.com
VISÃO

O ITESP RABONI – Instituto Teológico de Ensino Superior


e Pesquisas, pretende ser uma instituição de ensino
superior associada à visão afetiva e comprometida da
nossa igreja que se esforça para proclamar uma
mensagem centrada em Deus, que busca glorificar a
Cristo, e ao Espírito Santo. Que se utiliza das Santas
Escrituras para auxiliar na formação espiritual de homens
e mulheres equipando-os para cumprir os propósitos do
Reino de Jesus Cristo no século XXI e forjar discípulos fiéis
para Ele, de toda raça, tribo, língua, povo e nação.
Propomos espalhar o conhecimento de Deus, que desperta
não apenas o intelecto, ou o conhecimento intelectual, mas
principalmente o amor e o desejo de viver numa intensa e
apaixonante busca por Cristo. Esta é a razão da existência
do ITESP, e é esta a visão que desejamos compartilhar
com todos.
APLICAÇÃO NO ESTUDO DESTE LIVRO

Você deve estar perguntando qual a melhor maneira de estudar este livro e extrair o
máximo possível de proveito. Ao pensar nisso, elaboramos alguns métodos que poderão lhe ser
úteis.
Seja Motivado!
Motivação é um princípio peculiar na vida de todos os que anseiam alcançar um
objetivo. É impossível alguém atingir o ápice de um grande sonho sem ter em sua bagagem o item
motivação. Muitos já iniciaram alguma coisa, mas só obtiveram o êxito aqueles que se mantiveram
motivados até o final.
Seja motivado para orar, para ler, para meditar, para pesquisar, para elaborar
trabalhos e estudos bíblicos. Se sentir-se sem motivação busque-a através do Espírito Santo. Faça
petições a Deus e leia sua Palavra, pois são fontes inesgotáveis para sua renovação, e por final
procure mantê-la acesa até findar o curso.

“Se não existe esforço, não existe progresso. ”Fredrick Douglas

Seja Organizado e Disciplinado:


a) Ore a Deus ao iniciar seus estudos e peça que lhe ajude a ter um maior proveito do
assunto em pauta;
b) Estude em lugares reservados;
c) Evite ambientes com sons, ruídos e falatórios. Pois você pode perder sua concentração
no estudo;
d) Procure adicionar outros importantes materiais à cada lição a ser estudada, como por
exemplo:
• Bíblias de Estudos: se possível, com traduções que sejam diferentes;
• Dicionários;
• Concordância Bíblica;
• Livros: cujos assuntos sejam relacionados ao tema de cada lição;
• Lápis e bloco para anotações.
e) Leia e estude cada matéria durante a semana, reserve pelo menos 1 hora por dia para
fazer isso;
f) Faça anotações, especialmente àquelas que lhe causarem dúvidas;
g) Responda aos questionários assim que terminar de estudar cada lição. Eles irão fortalecer
o assunto em sua mente;
h) Reserve períodos da semana para você elaborar trabalhos voltados à matéria estudada
em cada mês;
i) Formule perguntas ao professor, assim tanto você como ele ficarão cada vez mais
abalizados no aprendizado.

Em suma, todos esses itens elaborados cuidadosamente pelo departamento de


pedagogia do ITESP, são de um valor inestimável para você, desde que procure segui-los
conforme se seguem.
CREMOS

1. Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: O Pai, Filho e o Espírito


Santo. (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29).
2. Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida
e o caráter cristão (II Tm 3.14-17).
3. Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição
corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9).
4. Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o
arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode
restaurá-lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19).
5. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do
Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo
3.3-8).
6. No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma
recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em
nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).
7. No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo
(Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12).
8. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra
expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e
santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder
de Cristo (Hb 9.14 e l Pe 1.15).
9. No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão
de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At
1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
10. Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua
edificação, conforme a sua soberana vontade (I Co 12.1-12).
11. Na Segunda Vinda pré-milenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao
mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda -
visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos
(l Ts 4.16. 17; I Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14).
12. Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber recompensa
dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (II Co 5.10).
13. No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15).
14. E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis
(Mt 25.46).
"Cremos na inspiração divina e plena da Bíblia,
bem como na sua infalibilidade e inerrância1,
como única regra de fé normativa para a vida e o caráter cristão".

Leia (2Tm 3.14-17)

Nos primórdios da civil ização o homem para viver em grupo


necessitou de normas que regulasse os seus direitos e deveres. Surge assim,
após diversas experiências, a constituição que, transgredida, priva o cidadão dos
bens maiores: a vida, a liberdade, etc.
Semelhantemente no mundo espiritual, Deus estabeleceu a Bíblia
Sagrada como fonte de vida. A Palavra de Deus liberta da escravidão do pecado
os que vivem na mentira.
Horace Greeley assim define a importância da Bíblia: "É impossível
escravizar mental ou socialmente um povo que lê a Bíblia” . Os princípios bíblicos
são os fundamentos da liberdade humana: "E conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará" (Jo 8.32).
O conhecimento da Bíblia Sagrada posto em pratica, liberta o ser
humano da escravidão do pecado, pois quem comete pecado é escravo do
pecado. Necessitamos da Bíblia, pois é alimento espiritual para nós:
Quando a tua palavra foi encontrada, eu comi cada frase e as digeri no
meu íntimo; elas me nutrem dia após dia, são minha satisfação e júbilo
maior; porquanto teu Nome foi invocado sobre mim, isto é, pertenço a
ti. (Jr 15.16).

A Escritura é a segurança para caminharmos no mundo de trevas:


Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho"
(SI 119.105).

Muitos andam em trevas por não conhecerem a luz gloriosa de Deus.


A Bíblia é a maravilhosa biblioteca de Deus com sessenta e seis livros. É acima
de tudo a verdade para o fatigado peregrino; é hábil, eficaz e vigoroso cajado.
Para os sobrecarregados e oprimidos pelos fardos da vida, ela é
suave descanso; para os que foram feridos pelos delitos e pecados, é um
bálsamo consolador. Aos aflitos e desesperados, sussurra uma alegre
mensagem de esperança.

1
Que não pode errar; infalível. Não errante; fixo.
Para os desamparados e arrastados pelas tormentas da vida é uma
âncora segura; para a solidão, é uma mão repousante [sic]2 que acalma e
tranquiliza suas mentes.
O termo Bíblia não existe no texto das Sagradas Escrituras. O
vocábulo "Bíblia" significa coleção de livros pequenos e deriva da palavra
"biblos", nome dado pelos gregos à folha de papiro preparada para a escrita.
A palavra portuguesa Bíblia vem do grego, bíblia, que é o plural de
"bíblion", livros. A expressão "Bíblia" foi aplicada às Sagradas Escrituras por
João Crisóstomo, patriarca de Alexandria. Trata-se de uma coleção de livros
perfeitamente harmônicos entre si.
Tais livros foram reunidos num só volume através de um longo
processo histórico divinamente dirigido: a sua canonização; isto é, o reverente,
criterioso e formal reconhecimento pela Igreja dos escritos divinamente
inspirados do Antigo e do Novo Testamento.
Esse conjunto de escritos sagrados passou a denominar-se cânon ou
escrituras canônicas.

A BÍBLIA É UMA DÁDIVA DE DEUS

Deus que antigamente falou "muitas vezes e de muitas maneiras aos


pais" (Hb 1.1), queria que a sua Palavra não somente ficasse guardada pelos
homens por meio da sua própria experiência com Deus e pela tradição falada,
isto é, os pais contando aos seus filhos, etc.
Deus ordenou a Moisés: "Escreva isto para a memória em um livro"
(Êx 17.14). Ordem esta que foi depois repetida durante 1.600 anos por um valor
aproximado de 40 homens inspirados por Deus, e assim surgiu: "O livro de Deus"
(Is 34.16), a "Palavra de Deus" (Ef 6.17; Mc 7.13), "As Santas Escrituras" (Rm
1.2), que nós chamamos de Bíblia.
Os que escreveram os livros da Bíblia receberam as mensagens de
diferentes maneiras. Às vezes Deus disse: "Escreve num livro todas as palavras
que eu tenho dito" (Jr 30.2; 36.2; Hc 2.1,2). Muitas vezes os autores escreveram:
"Veio a mim a palavra de Deus" (Jr 1.4), "palavras da vida para no-las dar" (At
7.38).
Isaías menciona 120 vezes o que o Senhor lhe fala; Jeremias 430; e
Ezequiel 329 vezes. Outros registram acontecimentos como se escreve história
(Ex 17.14 etc.).
Uns examinaram minuciosamente sobre o que deveriam escrever (Lc
1.3); outros receberam a mensagem por revelação (At 22.14-17; Gl 1.11,12,
2
[Lat "assim".] . Adv. Palavra que se pospõe a uma citação, ou que nesta se intercala, entre parênteses
ou entre colchetes, para indicar que o texto original é bem assim, por errado ou estranho que pareça.
15,16; Ef 3.1-8; Dn 10.1), sonhos e visões (Dn 7.1; Ez 1.1, 2Co 12.1-3). Mas,
escreveram o que receberam pela inspiração do Espírito Santo e podiam dizer:
"O que recebi do Senhor também vos entreguei" (I Co 11.23; 15.3).
As Escrituras produzem resultados práticos indiscutíveis; têm
influenciado civilizações, transformado vidas e trazido luz, inspiração, conforto a
milhões de pessoas. Nelas podemos confiar a orientação integral de nossa vida
e extrair os fundamentos do bem-estar e liberdade humana. O Senhor as
estabeleceu como: regra, bússola, alimento e fonte de bênçãos para a vida do
crente.

AUTENTICIDADE BIBLICA

A autenticidade da Bíblia é fundamentada na infalibilidade e


inerrância. Os atributos da divindade são por ela revelados. Ela é autêntica em
tudo, pois o próprio Deus é o seu autor, o Espírito Santo, o seu inspirador. Nela
são autênticos e inerrantes as revelações e os fatos narrados.
O racionalismo se opõe vorazmente contra a autenticidade,
infalibilidade e a autoridade da Bíblia. O ateísmo, assim como o racionalismo,
jamais poderá ofuscar a autenticidade das Escrituras. O problema do ateu em
não querer aceitar a Bíblia como Palavra de Deus está na forma como ele se
comporta ao ler as Escrituras, pelo fato de não querer observar o que ela
realmente está dizendo.
Uma das principais afirmações da autenticidade da Bíblia é
sustentada por Jesus, quando diz aos judeus que as Escrituras dão testemunho
dEle (Jo 5.39).
As Escrituras revelam sua autenticidade à menção de Jesus ao
profeta Jonas, cujo livro foi escrito aproximadamente 790 anos antes de Cristo.
Jesus afirma que Jonas esteve no ventre do grande peixe por três dias e três
noites e que o profeta pregou aos ninivitas. Portanto, tentar obscurecer a
inerrância das Escrituras é no mínimo um ato grotesco! O Senhor Jesus Cristo
confirmou a sua veracidade: "Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade"
(Jo 17.17).

VERIFICAÇÃO

O Antigo Testamento declara-se escrito sob inspiração especial de


Deus. A expressão "Deus disse” ou " disse Deus" - como forte indicador da
chancela3 divina nos escritos sagrados é usada mais de 2.600 vezes na Bíblia.

3
Marca ou sinal que merece confiança e, portanto, faz aceita r como boa uma afirmação, referência, etc.
A Lei, os Salmos, os Profetas, os Evangelhos, as Epístolas, o Apocalipse - Antigo
e Novo Testamento receberam de Deus sua inspiração.
O Novo Testamento cita as leis antigas e as menciona com harmonia.
Por isso há uma diferença insondável entre a Bíblia e qualquer outro livro. Essa
diferença deve-se à origem, à forma e à organização da Bíblia. Escrita por um
valor aproximado de quarenta autores, num período de mais ou menos 1.600
anos, abrangendo uma variedade de tópicos, a Bíblia demonstra uma unidade
de tema e propósito que só é possível explicar, considerando que há uma mente
diretriz, uma única fonte inspiradora.
Quantos livros suportam sucessivas leituras? A Bíblia pode ser lida
todos os dias e todas as horas da vida. Tem o seu lugar reservado em muitas
bibliotecas do mundo, em centenas de milhares de casas e no coração do
homem.
A Bíblia está traduzida em milhares de idiomas e dialetos e é lida em
todos os países do mundo. O tempo não à afeta. É um dos livros mais antigo do
mundo e ao mesmo tempo moderno. As defesas intelectuais da Bíblia têm o seu
lugar, mas, o melhor argumento é o prático.

COMO AS ESCRITURAS CHEGARAM ATÉ NÓS

A história de como a Bíblia chegou até nós, na forma em que a


conhecemos, é longa e fascinante. Começa com os manuscritos originais ou
"autógrafos", como são às vezes chamados. Textos originais foram escritos por
homens movidos pelo Espírito Santo (2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21).
Céticos4 declaram que Moisés não poderia ter escrito a primeira parte
da Bíblia porque a escrita era desconhecida na época (1500 a.C.). A ciência da
arqueologia5 provou desde então que a escrita já era conhecida milhares de anos
antes dos dias de Moisés.
Os sumérios já escreviam cerca de 4000 a.C., e os egípcios e
babilônios quase nessa mesma época.

DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO

As Escrituras formam uma unidade perfeita. A palavra Bíblia significa:


conjunto de livros e neste aspecto, forma o Livro dos livros, por se tratar da
revelação de Deus aos homens.

4
Que duvida de tudo; descrente.
5
O estudo científico do passado da humanidade, mediante os testemunhos materiais que dele subsistem.
Por causa de sua perfeita unidade, a Bíblia é uma biblioteca e um livro
ao mesmo tempo. Possui vários nomes em seu próprio conteúdo, a saber:
Escritura (Mt 21.42); Sagradas Escrituras (Rm 1.2); Livro do Senhor (Is 34.16);
A Palavra de Deus (Mc 7.13); A Lei e os Profetas (Js 1.7,8; Ne 8.3,4,18);
Oráculos de Deus (ARA Rm 3.2; Hb 5.12), etc.
A Bíblia é dividida em Antigo e Novo Testamento, com um total de 66
livros. Uma divisão detalhada pode ser visualizada no quadro logo abaixo:
AT NT BIBLIA TODA
Nº de Livros 39 27 66
Nº de Capítulos 929 260 1.189
Nº de Versículos 23.214 7.959 31.173
Livro Central Pv 2Ts Mq e Na
Livro Mínimo Ob 3Jo 3Jo
Versículo Mínimo Êx 20.13; Dt 5.17 Jo 11.35 Êx 20.13; Dt 5.17

Os livros das Escrituras estão classificados por assunto, sem ordem


cronológica. O Antigo e o Novo Testamento se dividem em 4 partes.

ANTIGO TESTAMENTO:
1) Lei. Os cincos primeiros livros da Bíblia, chamados de O Pentateuco, traz
a revelação da criação e mostram todo o cuidado de Deus "em manifestar
a lei, código de disciplina espiritual, civil e moral para seu povo.
2) História. Do livro de Josué ao de Ester, é formado um conjunto de doze
livros, que nos traz a história do Povo de Deus (Israel) em suas diversas
fases ou períodos, após o estabelecimento em Canaã.
3) Poesia. De Jó a Cantares de Salomão, encontramos a poesia bíblica, em
forma de revelação, adoração e conhecimento de Deus.
4) Profecia: De Isaías até Malaquias, temos a revelação profética, que
dividida em:
a) Profetas Maiores - Isaías à Daniel;
b) Profetas Menores - Oséias à Malaquias.

NOVO TESTAMENTO:
1) Biografia. O NT se inicia com os quatros Evangelhos trazendo-nos a vida
maravilhosa de Jesus Cristo. Três deles formam um paralelismo no
Ministério de Cristo e são chamados Sinópticos6.
2) História. A história do Novo Testamento é a história da Igreja, revelada
em Atos dos Apóstolos.

6
Os Evangelhos de S. Mateus, S. Marcos e S. Lucas, assim chamados porque permite uma vista de
conjunto, dada a semelhança de suas versões.
3) Doutrina. As Epístolas ou Cartas, de Romanos a Judas, mostra de
maneira esclarecedora todos os mandamentos do Senhor Jesus Cristo à
sua Igreja.
4) Profecia. No Apocalipse, Deus revela o encerrar de todas as coisas sobre
a égide7 de um Senhor Soberano Eterno, Glorioso e revela manifestação
pessoal de Jesus Cristo e sua vitória final.

VALOR ESPIRITUAL DAS ESCRITURAS


"O Valor da Palavra de Deus é inestimável! Seu valor excede a todas as
coisas. O valor, espiritual está naquilo que é".

Os seres humanos têm experimentado o valor da Palavra de Deus em


suas vidas. Pessoas dantes materialistas, céticas, indiferentes, alienadas e
párias8 da Sociedade, encontraram com a Palavra de Deus foram transformadas,
abençoadas, vivificadas (Ef 2.1) e valorizadas.

Seu valor como Livro:


Qual o valor de um livro, capa, volume, acabamento? Ou conteúdo?
A Bíblia não é um mero livro, e sim "O Livro de Valor", seu conteúdo ultrapassa
todos os limites do homem, suas palavras vieram do céu (SI 119.89). São
palavras que produzem vida (Jo 6.63).
Desde o princípio Deus estabeleceu que suas Palavras fossem
escritas em um livro (Êx 17.14). Havia em Israel outros livros, principalmente o
livro histórico dos Reis (2Cr 35.27). Entretanto o livro que trouxe avivamento em
Judá foi o Livro do Senhor (2Rs 23.2,3), no tempo do Rei Josias.
Ao retornarem do cativeiro, os poucos judeus que vieram a Jerusalém
fizeram um grande ajuntamento na praça (Ne 8.3), onde Esdras, o Sacerdote,
trouxe o livro de Deus e abriu diante do povo (Ne 8.5), o que trouxe um grande
despertamento para o povo de Deus (Ne 8.17).
Nos dias do profeta Jeremias, Deus ordenou que sua Palavra fosse
escrita num livro (Jr 36.2), e fossem lidas diante do povo (Jr 36.6). Daniel
descobriu o número de anos do cativeiro pelos livros (Dn 9.2), certamente o livro
dos profetas, e começou a orar para a libertação do povo do cativeiro (Dn 9.3).
O Senhor Jesus Cristo deu importância e valor ao livro divino, em
Nazaré, foi à sinagoga e leu o livro do profeta Isaias aos ouvidos do povo (Lc
4.17), ratificando1 o valor e o cumprimento da profecia (Lc 4.21).
Deus, na sua sabedoria, proporcionou uma coleção de livros para o
seu povo em todo o mundo: A Bíblia (Jo 21.25).

7
Escudo; defesa, proteção. Abrigo, amparo, arrimo.
8
Fig. Homem excluído da sociedade.
Seu valor como Alimento:
Como o corpo físico precisa do alimento, nosso espírito e alma
necessitam do alimento espiritual (Dt 8.3). Este é o princípio estabelecido por
Deus para o seu povo valorizar a Palavra como alimento.
O próprio Senhor Jesus confirmou a Palavra do Pai, diante de Satanás
(Mt 4.4). "Nem só de pão...". A Palavra de Deus, como alimento espiritual, é
comparada ao:

• Mel - O Salmo 19.10b nos apresenta a Palavra "mais doce do que o mel",
ele fala do sabor espiritual da Bíblia, o mel é um alimento completo.
• Leite - O primeiro alimento do recém-nascido é também indicado para
aqueles que iniciam na fé cristã (Hb 5.13).

O escritor aos Hebreus fala de crentes que com o tempo de vida cristã
já deveriam provar alimentos sólidos, entretanto ainda precisam de leite (Hb
5.12). Toda doutrina, e os primeiros rudimentos9 da Palavra de Deus, são como
leite espiritual para os que nasceram de novo (Jo 3.3). Alimento sólido é para
aqueles que superaram a infância espiritual.

Seu valor como Guia:


Segundo o dicionário, a palavra guia, dentre outras coisas significa,
caderno ou livro, que contém indicações úteis acerca de lugares, horários,
roteiros, etc.
Ao examinarmos as Escrituras, encontramos o fiel e perfeito roteiro
de Deus que ajuda-nos alcançar: uma vida plena em Sua presença e um
caminho certo para chegarmos às mansões celestiais (Jo 14.6).
Quando Deus retirou o povo de Israel do Egito, para orientá-los acerca
de sua vontade, deu-lhes a Lei, que consistia em um guia espiritual, moral e
pessoal para cada família de Israel (Dt 4.5,6).
A Bíblia é o livro por excelência que nos leva a salvação (At 4.12), nos
conduz a uma vida de vitória (Rm 8.37), nos ensina a cerca da vida, orienta-nos
diante das circunstâncias boas ou ruins (Lc 12.22-34).
Constitui-se num guia perfeito para as famílias, colocando a ordem de
Deus em nossas vidas (Ef 6.1-4); orienta empregados (Ef 6.5-8), patrões (Ef 6.9)
e muitos outros assuntos. A Bíblia orienta-nos quando não sabemos como fazer
(ICo 10.23) e ensina-nos acerca da vontade de Deus para com nossas vidas (Ef
5.17,18).

9
Elemento inicial; princípio, começo; esboço: Primeiras noções; princípios :
Seu valor Espiritual:
Os dias de hoje é marcado por uma verdadeira corrida ao mundo
espiritual. Cremos ser um dos sinais da vinda de Cristo. Cabe à Igreja do Senhor
aproveitar este momento e disseminar10 a Palavra de Deus, só ela tem valor
espiritual para estes dias de crise.
O Valor espiritual da Bíblia consiste em ser Alimento do espírito (Rm
7.22), pão que desceu do céu e que produz vida (Jo 6.58). Nestes dias de
indefinições para muitos a Bíblia viva e eficaz é como espada que penetra até a
divisão da alma e espírito discernindo todas as coisas (Hb 4.12).
Testifica com nosso espírito confirmando nossa posição em Cristo
(Rm 8.16). Ela produz fé nos corações (Rm 10.17), estimula a crer nas
promessas de Deus, e mostra um Senhor fiel e cumpridor de suas palavras (Hb
10.23).
O livro dos Salmos registra algo importante acerca do mundo
espiritual (SI 89.48). Este versículo fala do poder do mundo invisível, e pergunta:
"Quem livra a sua alma?".
Devemos estar sempre ligados no poder da oração, da fé, do nome
de Jesus (Mc 16.17), que nos dá vitória sobre este mundo maligno (Ef 6.12).
Para muitos a Bíblia não valor algum (ICo.14). Mas o homem espiritual, aquele
cujos olhos estão abertos, pode discernir o valor precioso das Escrituras (ICo
2.15,16).
Apenas o Espírito Santo pode nos levar a compreender o valor
espiritual da Palavra de Deus. Jesus declarou acerca disso em João 14.26,
Dizendo: "Ele vos ensinará todas as coisas".

UNIDADE SINGULAR

A Bíblia em sua perfeita unidade, só pode ser explicada como um


perfeito milagre de Deus. A maneira como foi escrita sob diversas circunstâncias
e tudo com perfeição uniforme em mensagem e conteúdo; só pode ser
considerada como, um livro divino!
Ninguém sabe como estes 66 livros divinos se encontram num só
volume, isto é obra de Deus. Qualquer outra obra literária nas circunstâncias da
Bíblia seria como uma verdadeira Babel (confusão).
Num período de quase 16 séculos, os escritores inspirados, vivendo
sob diversas circunstâncias e em lugares distintos e distantes (três continentes),
escrevendo em duas principais línguas, trouxeram-nos a revelação de Deus – A
Bíblia.

10
Semear ou espalhar por mui t a s partes: Difundir, divulgar , propagar ; espalhar:
A diversidade de escritores:

Deus usou para escrever sua Palavra, homens de atividades


variadas, razão que encontramos os mais diversos tipos de linguagem na Bíblia.
Abaixo segue alguns exemplos de escritores bíblicos com suas respectivas
ocupações:
NOME PROFISSÃO/OCUPAÇÃO REFERÊNCIA
Moisés Cientista At 7.22
Josué Soldado Soldado Ex 17.9
Davi Pastor de ovelha e Rei 2Sm 7.8; 8.15
Salomão Rei e Poeta Ec 1.12
Isaias Estadista e Profeta Is 6.8
Daniel Ministro do Rei Dn 2.49
Zacarias Profeta Zc 1.1
Jeremias Profeta Jr 1.5
Amós Boiadeiro e Cultivador Am 7.14,15
Pedro Pescador Mt 4.18
Tiago Pescador Mt 4.21
João Pescador Lc 5.10
Paulo Doutor da Lei At 22.3

Muitos outros homens foram usados por Deus para revelar-nos sua
Palavra. Apesar da diversidade de atividades, ao examinarmos os escritos
destes homens, observamos como eles se completam. Na verdade não foram
escritos muitos livros, mais sim um só livro, a maravilhosa Palavra de Deus (SI
119.152).

A diversidade de condições

O Deus Soberano permitiu que sua Palavra fosse escrita em diversas


condições, certamente para nos mostrar hoje, que Ele está no controle de tudo.
Por exemplo, a Bíblia foi escrita:
• Na cidade;
• Nos desertos como Elias ( lR s 19.4,5);
• Nas ilhas como João escreveu (Ap 1.9);
• Nas prisões como Paulo escreveu (Fm 1.1).
Entretanto a mensagem é uma só: "Como a luz da aurora, que vai
brilhando mais e mais, até ser dia perfeito" (Pv 4.18), esta perfeição é exclusiva
no livro divino - A Bíblia Sagrada.
A diversidade de circunstâncias:

Desencontradas foram às circunstâncias em que foram escritos os


livros da Bíblia. Davi, homem segundo o coração de Deus, escreveu, por
exemplo, o Salmo 24, quando trazia a arca de Deus à Jerusalém. Salomão
certamente escreveu na tranquilidade do palácio (lR s 4.32-34). Josué escreveu
após grandes conquistas (Js 24.26). Apesar da diversidade de situações, a
mensagem, a doutrina e o tema central são um só.

Autor da Bíblia:

Nenhum homem, ímpio, justo, piedoso ou mesmo judeu, seria o autor


da Bíblia. Certamente estes homens não fariam um livro que falasse dos seus
fracassos, derrotas, pecados, idolatrias e rebeliões contra Deus.
Deus, verdadeiramente é o autor deste livro maravilhoso e infalível
que revela a salvação, libertação e transformação do homem em uma nova
criatura (2Co 5.17).
As evidências confirmam o efeito e a influência da Bíblia em pessoas
e nações. A Palavra de Deus tem influenciado e melhorado o mundo, pelo
caráter que molda na vida das pessoas. Muitos dantes incrédulos, indiferentes,
viciados, idólatras, supersticiosos, que aceitaram este livro, foram por ele
transformados, salvos, libertos e santificados. Nenhum outro livro tem poder de
transformar pessoas, lares e nações (At 19.18-19), como a Palavra de Deus.

A MENSAGEM DAS ESCRITURAS

Deus na sua presciência estabeleceu sua Palavra, de modo que ela


abrange o passado, o presente e o futuro. As necessidades dos homens durante
todo o tempo, tem sido as mesmas durante sua existência na terra. Somente
uma palavra atual, poderia suprir as necessidades humanas.
Em Hebreus 4.12, diz que a Palavra de Deus "é viva e eficaz", sua
mensagem, seu poder, se cumpre a cada dia na vida daqueles que a buscam
como verdadeiro refúgio em dia de tempestade (cf. Is 32.2).

1. Apresenta Deus como criador e Senhor de tudo.

As Escrituras testificam da existência de Deus e tudo o que Ele fez,


faz e fará. Toda a criação está sujeita a Ele e depende dEle. O Eterno converge
todas as coisas para a sua glória e alegria do seu povo. Vários textos confirmam
estes fatos: Gênesis 1.1; Salmos 95.6; 104.30; Isaías 40.26; Efésios 3.9;
Apocalipse 10.6.
2. Apresenta sem reserva a verdade e a realidade do pecado.

Nenhum outro livro tem o poder de revelar o pecado e seu caráter


maligno como a Bíblia. Ela não filosofa sobre o pecado, mas trata-o com clareza
e o expõe sem qualquer reserva, como uma dívida do homem contraída com
Deus (Rm 1.18-32; 3.23; 5.12).

3. Apresenta o plano de salvação para o homem.

As religiões intentam salvar o homem pelos seus próprios méritos;


entretanto, a salvação só é possível através da solução única apresentada na
Bíblia. A redenção humana foi planejada no céu pelo Pai, consumada na terra
pelo Filho e é oferecida pelo Espírito Santo (Tt 3.5).
Só Deus através de sua poderosa Palavra, mediante o sangue
remidor de seu Filho pode resgatar o homem da perdição eterna (At 4.12; Lc
19.10).

4. Bíblia tem mensagem para os nossos dias.

A Bíblia define os dias de hoje como: dias maus (Ef 5.16), de aflições,
tempos trabalhosos. Temos visto o clamor do povo e até mesmo da Igreja, face
aos acontecimentos mundiais.
A primeira grande mensagem da Bíblia para nós é sobre a fé. A Bíblia
é um livro de fé e em suas páginas temos lições de fé. A fé bíblica dissipa todas
as coisas: incertezas, dúvidas, temores, angústias, depressões, num mundo
onde as pessoas andam tateando. A fé vê o invisível (Hb 11.27).
Quando muitos estão caindo e se prostrando diante das situações, os
que têm fé estão de pé (2Co 1.24). Onde encontrar fé num mundo de
incredulidade? Na Palavra de Deus! Outra grande mensagem bíblica para os
dias atuais é a mensagem de revestimento espiritual. Muitas pessoas têm fé,
entretanto não estão revestidas.
O apóstolo Paulo afirma em Efésios 6.13: "Portanto tomai toda a
armadura de Deus". Fé sem revestimento nos traz decepções. Todos os homens
de fé que a Bíblia registra, precisaram do revestimento de Deus para a peleja (At
7.55). O mundo atual é um mundo vazio. São corações vazios de Deus, e muitas
vezes, cheios do diabo. Diz em Romanos 13.14, "Mas revesti-vos do Senhor
Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências".
A fé e o revestimento do Espírito Santo, portanto, são duas grandes
necessidades. Jesus disse aos discípulos "Quando, porém, vier o Filho do
homem, porventura achará fé na terra?" (Lc 18.8). Não esqueça o revestimento
que Deus tem para dar (lT s 5.8).
5. A Bíblia tem esperança para nossos dias.

Uma outra grande mensagem da Bíblia para nossos dias é sobre a


esperança. Deus é Deus de esperança (Rm 15.13), e gostaria que seus filhos
fossem cheios de esperança.
Vemos, porém o contrário, vidas desesperadas, sem Deus, estranhos
a tudo que é espiritual (Ef 2.12). Esperança é uma dádiva de Deus, que nem
todos conhecem. Jeremias, o profeta das lágrimas disse: "Bom é ter esperança,
e aguardar em silêncio a salvação do Senhor" (Lm 3.26).
Esperança é motivo de alegria na vida daqueles que a têm. A
esperança produz uma série de bênçãos (Jr 17.7,8). O mundo necessita de
mensagens de esperança. Sem ela o mundo tem vivido em constantes
sofrimentos (lT s 4.13). Cabe, portanto à Igreja, portadora dessa mensagem,
divulgá-la com todos os recursos possíveis, pois esperança é uma das virtudes
que permanecem (ICo 13.13); é algo que incentiva a viver na presença de Deus,
esperança para os salvos é vida, é regeneração. Fomos regenerados para uma
viva esperança (IPe 1.3).
Esperança precisa ser explicada àqueles que procuram saber sua
razão de viver. A esperança dos salvos tem uma razão (IPe 3.15), que leva-nos
a viver uma vida de santificação na presença do Senhor, esperando-o a cada dia
(l Jo 3.3), pacientemente como o lavrador espera pelos frutos. Finalizando,
podemos entender que a vida eterna em Cristo Jesus, torna-se o maior resultado
de esperança na vida do cristão (Tt 1.2).

6. A Bíblia tem salvação para os nossos dias.

O que mais precisa o mundo moderno? Temos uma visão que em


quase todas as áreas da vida humana tem havido progresso tecnológico,
científico e humano. Entretanto, na área moral, pessoal, social, familiar e outras,
o homem necessita de salvação. E salvação é com a Palavra de Deus.
Não vamos encontrar outro livro que nos mostre de maneira tão
simples e clara tudo o que precisamos para nos tornar salvos. A Bíblia nos
mostra que a salvação é um ato de fé (Ef 2.8), da parte do homem, e um ato da
graça partido de Deus. Em suma, o homem por meio da fé, Deus o encontra com
a graça (At 16.31).
Precisamos testificar àqueles que estão próximo de nós que a
salvação é necessária nos dias de hoje. Salvação é uma palavra abrangente,
pois quando somos salvos, sentimo-nos seguros em Deus (SI 91.1) de todo o
poder do pecado contra nossas vidas (Rm 6.14), somos resgatados acima de
tudo das garras do diabo.
Em Atos 26.18, diz que o Senhor Jesus nos livrou do poder de
Satanás, e nos converteu a Deus. Tal experiência tem acontecido hoje, em
nossos dias com milhares de vidas, que, dantes presas, agora libertas em Cristo
Jesus, foram livres do presente século mal, segundo a vontade de Deus, nosso
Pai (Gl 1.4).

7. Salvação abrange também o futuro.

A Bíblia nos fala sobre a ira vindoura, quando Deus julgará os atos
dos homens dissolutos e maus que desprezam sua salvação em Cristo (Rm 2.5),
e salvando de maneira gloriosa e poderosa, todos aqueles que em Cristo fizeram
confissão de sua fé em Deus (Rm 10.10).
Esta salvação final é descrita na carta aos Romanos, capítulo 8
quando Paulo diz: Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente
com dores de parto até agora, e continuando afirma que não somente a criação,
mas todos nós que temos as primícias do Espírito, também gememos esperando
a redenção do nosso corpo.
Esta redenção final se dará no arrebatamento da Igreja, quando
seremos transformados à semelhança do corpo de Jesus (Fp 3.21), e estaremos
para sempre como o Senhor.

8. A Bíblia tem santificação para nossos dias.

A santificação bíblica é um dos aspectos de nossa salvação em Jesus


Cristo. É descrita na Bíblia não como um mandamento apenas, mas sim como a
vontade de Deus (lTs 4.3). Santificação tem estado nos propósitos eternos de
Deus.
Paulo afirma em Efésios 1.4, que antes da fundação do mundo, Deus
planejou nossa santificação. Santificação é coisa tão séria, que o escritor aos
Hebreus escreve numa linguagem clara e fácil: "Sem santificação, ninguém verá
o Senhor " (Hb 12.14).
Assim sendo, quando o povo de Deus se reúne, Deus nos vê como
uma congregação de santificados, que desejam cada dia mais e mais de seu Pai
Celestial (Mt 6.9). A vida do povo de Deus é uma vida de santificados, pois a
todo o momento esperam a volta do Senhor Jesus (Fp 4.5).
Infelizmente, hoje, muitos têm desprezado a santificação. Cremos ser
isto uma investida do inimigo na vida do povo de Deus. A falta de santificação
muito tem atrapalhado a operação de Deus no meio do seu povo (Js 3.5).
A santificação começa no interior do crente. É obra do Espírito Santo,
que deseja nos preparar a cada dia para o arrebatamento da Igreja (lT s 5.23).

A INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS

Inerrância não significa que os escritores eram infalíveis, mas que


seus escritos foram preservados de erros. Inerrância significa que a verdade é
transmitida em palavras entendidas no sentido que foram empregadas, não
expressava erro algum.
O conceito de inerrância das Escrituras contraria alguns críticos
modernos que não aceitam a infalibilidade das Escrituras. Tais críticos julgam
haver erros nas Escrituras em razão de encontrarem nelas palavras divinas e
humanas.
Para nós que cremos na inspiração plena das Escrituras estamos
convictos que as dificuldades nela encontradas não representam erros e,
geralmente, são explicadas pelos textos paralelos encontrados em toda a Bíblia.
A verdade divina revelada nas Escrituras é apresentada de modo explícito, certo
e transparente.
O ensino genuíno das Escrituras não tem discrepâncias11
doutrinárias; é único em todo o mundo e adaptável a qualquer cultura (Jo 17.17;
lRs 17.24; SI 119.142,151; Pv 22.21).

A Infalibilidade das Escrituras.

As Escrituras é a infalível Palavra de Deus. A sua infalibilidade tem


sido alvo de muita contestação, especialmente entre os chamados
"racionalistas" que idolatram a razão humana, sem perceberem que ela é falha,
afirmam que o racionalismo científico, com seus métodos de estudo e pesquisa,
será capaz de analisar e responder todas as indagações do homem. Porém, são
completamente limitados quando analisam coisas espirituais, além da matéria.
A ciência é incapaz de estudar elementos que não são pesados ou
medidos, como a alma humana. Portanto, o poder sobrenatural das Escrituras
não pode ser analisado em laboratório, porque se refere a algo espiritual.

A autoridade divina e humana das Escrituras

Indiscutivelmente a Bíblia tem dupla autoridade. A autoridade divina é


demonstrada pela infalibilidade das Escrituras, uma vez que elas têm origem em
Deus e é a expressão de sua mente.
A autoridade humana é reconhecida pelo fato de Deus ter escolhido
pelo menos 40 homens, os quais receberam a sua Palavra e a transmit iram na
forma escrita.

TEORIAS EVANGÉLICAS DE INERRÂNCIA

Posição: Inerrância Limitada


Proponente: Daniel Fuller, Stephen Davis e William Lasor.

11
Desacordos, divergências, discórdias.
Formulação do conceito: A Bíblia é inerrante somente em seus ensinos
doutrinários salvíficos. A Bíblia não foi criada para ensinar ciência ou história,
nem Deus revelou questões de histórias a compreensão da sua cultura e,
portanto, pode conter erros.

Posição: Inerrância Plena


Proponente: Harold Lindsell, Roger Nicole e Millard Erickson.
Formulação do conceito: A Bíblia é plenamente veraz em tudo o que ensina e
afirma. Isso se estende tanto à área da história quanto da ciência. Não significa
que a Bíblia tem o propósito primário de apresentar informações exatas acerca
de história e ciência. Portanto, o uso de expressões populares, aproximações e
linguagens fenomênicas são reconhecidos e entendidos no sentido de cumprir
com o requisito da veracidade. Assim sendo, as aparentes discrepâncias podem
e devem ser harmonizadas.

Posição: Irrelevância da Inerrância


Proponente: David Hubbard
Formulação do conceito: A inerrância é substancialmente irrelevante por várias
razões:
• A inerrância é um conceito negativo. A nossa concepção da Escritura
deve ser positiva;
• A inerrância não é um conceito bíblico;
• Na Escritura, erro é uma questão espiritual ou moral, e não intelectual;
• A inerrância concentra a nossa atenção nos detalhes, e não nas questões
essenciais da Escritura;
• A inerrância impede uma avaliação honesta das Escrituras;
• A inerrância produz desunião na Igreja.

Posição: Inerrância de Propósito


Proponente: Jack Rogers e James Orr
Formulação do conceito: A Bíblia é isenta de erros no sentido de concretizar o
seu propósito primário de levar as pessoas a uma comunhão pessoal com Cristo.
Portanto, a Escritura é verdadeira (inerrante) somente na medida em que realiza
o seu propósito fundamental, e não por ser factual ou precisa naquilo que
assevera. (Esta concepção é semelhante à Irrelevância da Inerrância, a próxima
abordagem).
LIÇÃO 2 O CÂNON DA BIBLIA

Quais são os escritos pertencentes à Bíblia? Que diremos dos


chamados: Livros ausentes? Como foi que a Bíblia veio a ser composta de 66
livros?
Essa é a questão do cânon das Escrituras, que pode ser definido da
seguinte maneira: Cânon ou Escrituras Canônicas é a coleção completa dos
livros divinamente inspirados, que constituem a Bíblia. Esse assunto intitula-se
canonicidade. Trata-se do segundo grande elo da corrente que vem de Deus até
nós.
A inspiração é o meio pelo qual a Bíblia recebeu sua autoridade; a
canonização é o processo pelo qual a Bíblia recebeu sua aceitação definitiva.
Uma coisa é o profeta receber uma mensagem da parte de Deus, bem diferente
é tal mensagem ser reconhecida pelo povo de Deus.
Canonicidade é o estudo que trata do reconhecimento e da
compilação dos que nos foram dados por inspiração de Deus. Não devemos
subestimar12 a importância dessa questão. As palavras das Escrituras são as
palavras pelas quais nutrimos nossa vida espiritual. Portanto, reafirmamos o
comentário de Moisés ao povo de Israel a respeito da lei de Deus:
"Porque esta palavra não é para vós outros, coisa vã; antes, é a vossa
vida; e, por esta mesma palavra, prolongareis os dias na terra à qual,
passando o Jordão, ides para possuí-la” (Dt 32.47).

Aumentar ou diminuir as palavras de Deus impediria o seu povo de


obedecer-lhe plenamente, pois as ordens retiradas não seriam conhecidas pelo
povo, e as palavras acrescentadas poderiam exigir das pessoas coisas que Deus
não ordenou. Por isso, Moisés advertiu o povo de Israel:
"Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela,
para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu
vos mando" (Dt 4.2).

A determinação precisa da extensão do cânon das Escrituras é,


portanto, de extrema importância. Para que possamos confiar em Deus e
obedecer a Ele, precisamos de uma coleção de palavras sobre as quais temos
certeza ser as palavras do próprio Deus para nós.
Se houver qualquer trecho das Escrituras sobre os quais tenhamos
dúvidas, não vamos aceitar que tenham autoridade divina absoluta nem confiar
nelas na mesma medida em que confiamos no próprio Deus

12
Não dar a devida estima, apreço, valor, a; não ter em grande conta; desdenhar
O TERMO "CÂNON"

O termo "cânon" é proveniente do grego, no qual kanon significa cana,


regra, lista – um padrão de medida, que por sua vez, se origina do hebraico
kaneh, palavra do Antigo Testamento que significa "vara ou cana de medir" (Ez
40.3).
Em época anterior ao cristianismo, essa palavra era usada de modo
mais amplo, com o sentido de padrão ou norma além de cana ou unidade de
medida. Com relação à Bíblia, diz respeito aos livros que estavam de acordo com
o padrão e foram dignos de inclusão.
Desde o século IV, o vocábulo kanon é usado pelos cristãos para
indicar uma lista autoritária de livros que pertencem ao Antigo ou ao Novo
Testamento. No sentido religioso, cânon não significa aquilo que mede, mas
aquilo que serve de norma, regra. Com este sentido, a palavra cânon aparece
no original em vários lugares do Novo Testamento (GI 6.16; 2Co 10.13,15; Fp
3.16). A Bíblia, como o cânon sagrado, é a nossa norma ou regra de fé e prática.
Diz-se dos livros da Bíblia que são canônicos para diferençá-los dos
apócrifos. O emprego do termo cânon foi primeiramente aplicado aos livros da
Bíblia por Orígenes (185-254 d.C.).

A CANONICIDADE É DETERMINADA PELA INSPIRAÇÃO

Os livros da Bíblia são considerados valiosos porque provieram de


Deus - fonte de todo bem. O processo mediante o qual Deus nos concede sua
revelação chama-se inspiração.
E a inspiração de Deus num livro que determina sua canonicidade.
Deus dá autoridade divina a um livro, e os homens de Deus o acatam; revela, e
seu povo reconhece o que o Ele revelou. A canonicidade é determinada por Deus
e descoberta pelos homens de Deus. A Bíblia constitui o "cânon", ou "medida"
pela qual tudo mais deve ser medido e avaliado pelo fato de ter autoridade
concedida por Deus.
Sejam quais forem as medidas (i.e., os cânones) usadas pela Igreja
para descobrir com exatidão que livros possuem essa autoridade canônica ou
normativa, não se deve dizer que "determinam" a canonicidade dos livros.
Dizer que o povo de Deus, mediante quaisquer regras de
reconhecimento, "determina" que livros são autorizados por inspiração de Deus
só confunde a questão. Só Deus pode conceder a um livro autoridade absoluta
e, por isso mesmo, canonicidade divina. Veja abaixo dois sentidos importantes:
• O sentido primário da palavra cânon aplicado às Escrituras é aplicado
na acepção ativa, i.e., a Bíblia é a norma que governa a fé.
• O sentido secundário, segundo o qual um livro é julgado por certos
cânones e é reconhecido como inspirado (o sentido passivo), não deve
ser confundido com a determinação divina da canonicidade. Só a
inspiração divina determina a autoridade de um livro, i.e., se ele é
canônico, de natureza normativa.

O SURGIMENTO DO CÂNON

A doutrina da inspiração bíblica foi completamente desenvolvida


apenas nas páginas do Novo Testamento. Mas, muito antes disso, já
encontramos na história de Israel certos escritos reconhecidos como autoridade
divina e como regra escrita de fé e conduta para o povo de Deus.
Identificamos isso na resposta do povo, quando Moisés leu para eles
o livro do concerto (Ex 34.7), ou quando o livro da Lei, achado por Hilquias, foi
lido primeiro para o rei e depois para a congregação (2Rs 22-23; 2Cr 34), ou
ainda quando Esdras leu o Livro da Lei para o povo (Ne 8.9,14-17; 10.28-39;
13.1-3).
Os escritos em questão são uma parte do Pentateuco ou ele todo - no
primeiro caso, provavelmente uma parte bem pequena do Êxodo, capítulos 20 a
23. O Pentateuco é tratado com a mesma reverência em Josué 1.7,8; 8.31 e
23.6-8; Ireis 2.3; 2Reis 14.6 e 17.37; Oséias 8.12; Daniel 9.11,13; Esdras 3.2,4;
lCrônicas 16.40, 2Crônicas 17.9; 23.18; 30.5,18; 31.3 e 35.26.

CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO

Onde surgiu a idéia do cânon - a idéia de que o povo de Deus deve


preservar uma coleção de palavras escritas de Deus? A própria Bíblia dá
testemunho do desenvolvimento histórico do cânon.
A coleção mais antiga das palavras de Deus é os Dez Mandamentos.
Portanto, constituem o início do cânon bíblico. O próprio Deus escreveu sobre
duas tábuas de pedra as palavras que Ele ordenou ao seu povo (Êx 32.16; cf. Dt
4.13; 10.4). As tábuas foram depositadas na Arca da Aliança (Dt 10.5) e
constituíam os termos do pacto entre Deus e seu povo.
Nem todos os escritores dos livros do AT eram profetas, no sentido
estrito da palavra. Alguns eram reis e sábios. Mas, as experiências da inspiração
que tiveram, fez com que seus escritos também encontrassem um lugar no
cânon. A inspiração dos salmistas é mencionada em 2Samuel 23.1-3 e lCrônicas
25.1, e a dos sábios, em Eciesiastes 12.11,12. Note também as revelações feitas
por Deus no livro de Jó (Jó 38.1; 40.6) e a inferência exarada13 em Provérbios
8.1-9.6, indicando que o livro de Provérbios é obra da Sabedoria divina.
Na época patriarcal, a revelação divina era transmitida escrita e
oralmente. A escrita já era conhecida na Palestina, séculos antes de Moisés; a
arqueologia tem provado isto, inclusive tem encontrado inúmeras inscrições,
placas, sinetes14 e documentos antediluvianos.
O cânon do Antigo Testamento como temos atualmente, ficou
completo desde o tempo de Esdras, após 445 a.C. Entre os judeus, tem ele três
divisões, as quais Jesus citou em Lucas 24.44: Lei, Profetas, Escritos. A divisão
dos livros no cânon hebraico é diferente da nossa. Consiste em 24 livros em vez
dos nossos 39, isto porque é considerado um só livro cada grupo dos seguintes:
Os dois de Samuel 1
Os dois de Reis 1
Os dois de Crônicas 1
Esdras e Neemias 1
Os doze Profetas Menores 1
Os demais livros do Antigo Testamento 19
Total 24

A disposição ou ordem dos livros no cânon hebraico é também


diferente da nossa. Damos a seguir essa disposição dentro da tríplice divisão do
cânon, já mencionada (Lei, Profetas, Escritos).

DIVISÃO QUANTIDADE LIVROS


• Gênesis
• Êxodo
Lei 5 • Levítico
• Números
• Deuteronômio
Primeiros Profetas:
• Josué
• Juízes
• Samuel
Profetas 8 • Reis
Últimos Profetas:
• Isaias
• Jeremias
• Ezequiel

13
Consignar ou registrar por escrito; lavrar .
14
Utensílio gravado em alto ou baixo-relevo.
• Os doze Profetas menores
Livros Poéticos:
• Salmos
• Provérbios
• Jó
Os cinco rolos:
• Catares
Escritos 11 • Rue
• Lamentações
• Eclesiastes
• Ester
Livros históricos:
• Daniel
• Esdras e Neemias
• Crônicas

Os Cinco Rolos eram assim chamados por serem separados, lidos


anualmente em festas distintas:

• Cantares, na Páscoa, em alusão ao êxodo.


• Rute, no Pentecostes, na Celebração da Colheita, em seu início.
• Ester, na Festa do Purim, comemorando o livramento de Israel da mão
do mau Hamã.
• Eclesiastes, na Festa dos Tabernáculos - festa de gratidão pela colheita.
• Lamentações, no mês de abibe, relembrando a destruição de Jerusalém
pelos babilónicos.
No cânon hebraico também os livros não estão em ordem cronológica.
Os judeus não se preocupavam com um sistema cronológico. Também pode
haver nisto um plano divino.
A nossa divisão em 39 livros vem da Septuaginta, através da Vulgata
Latina. A Septuaginta foi a primeira tradução das Escrituras, feita do hebraico
para o grego cerca de 285 a.C. Também a ordem dos livros por assuntos, do
formato da Bíblia atual, vem dessa famosa tradução.
Jesus em Lucas 24.44, Ele chamou "Salmos" à última divisão do
cânon hebraico, certamente porque esse livro era o primeiro dessa divisão.
Segundo a nossa divisão, o AT começa com Gênesis e termina em Malaquias,
porém, segundo a divisão do cânon hebraico, o primeiro livro é Gênesis e o
último é I e II Crônicas. Isto é visto claramente as palavras de Jesus em Mateus
23.35 - o caso de Abel está em Gênesis e o do filho de Baraquias está em
Crônicas.

• A formação canônica do Antigo Testamento


O cânon no Antigo Testamento foi formado num espaço aproximado
de 1046 anos - de Moisés a Esdras. Moisés escreveu as primeiras palavras do
Pentateuco por volta de 1491 a.C. Esdras entrou em cena em 445 a.C.
Esdras não foi o último escritor na formação canônica do AT; os
últimos foram Neemias e Malaquias, porém, de acordo com os escritos
históricos, ele como escriba e sacerdote reuniu os rolos canônicos, ficando o
cânon encerrado em seu tempo.
A chamada Alta Crítica tem feito uma devastação com seu
modernismo e suas contradições no que concerne à formação, fontes de
autenticidade do cânon, especialmente do Antigo Testamento, mutilando quase
todos os seus livros.
• Alta Crítica é a discussão das datas e da autoria dos livros. Ela estuda a
Bíblia do lado de fora, externamente, baseada apenas em fontes do
conhecimento humano.
• Por outro ângulo, a Crítica Textual, também conhecida por Baixa Crítica,
estuda somente o texto bíblico, e, ao lado da arqueologia, vem
alcançando um progresso valioso, posto à disposição do estudante das
Escrituras.

Por exemplo, a teoria de que a escrita era desconhecida nos dias de


Moisés já foi destruída. E de ano em ano, aumentam os achados nas terras
bíblicas, evidenciando e comprovando as narrativas e fatos do Antigo
Testamento.
Mediante tais provas ir refutáveis15, os homens estão respeitando
mais às Sagradas Escrituras! Toda a Bíblia vem sendo confirmada pela pá do
arqueólogo e pelos eruditos em antiguidades bíblicas. Coisas que pareciam as
mais incríveis são hoje aceitas por todos, sem objeções.

• A formação gradual do cânon.

Houve, originalmente, a transmissão oral, como se vê em Jó 15.18. O


livro de Jó é tido como o mais antigo da Bíblia. Mostraremos a seguir a sequência
da formação gradual do cânon do Antigo Testamento.
Convém ter em mente aqui que toda cronologia bíblica é apenas
aproximada. Já o Novo Testamento há precisão de muitos casos. Essa
cronologia vai sendo atualizada à medida que os estudos avançam e a
arqueologia fornece informe oficial.

1. Moisés (cerca de 1491 a.C.). Começou a escrever o Pentateuco,


concluindo-o por volta de 1451 a.C. (Nm 33.2). Mais textos relacionados
com Moisés e sua escrita do Pentateuco: Êxodo 17.14; 24.4,7; 34.27. As
partes do Pentateuco anteriores a Moisés, como o relato da Criação, todo

15
Que não se pode refutar; evidente , irrecusável, incontestável .
o livro de Gênesis e parte de Êxodo, ele escreveu, ou lançando mão de
fontes existentes (ver Gn 2.4; 5.1), ou por revelação divina. Gênesis 26.5
dá a entender que nesse tempo já havia "mandamentos, preceitos e
estatutos" escritos. Algumas passagens do Pentateuco foram
acrescentadas posteriormente, como: Êxodo 11.3; 16.35; Deuteronômio
34.1-12;
2. Josué. Sucessor de Moisés (1443 a.C.), escreveu uma obra que colocou
perante o Senhor (Js 24.26);
3. Samuel (1095 a.C.), o último juiz e também profeta do Senhor, escreveu,
pondo seus escritos perante o Senhor (ISm 10.25). Certamente "perante
o Senhor" significa que seus escritos foram depositados na Arca do
Concerto com os demais escritos sagrados (Êx 25.21);
4. Isaías (770 a.C.) fala do "Livro do Senhor " (Is 34.16), e "palavras do livro"
(Is 29.18). São referências às Escrituras na sua formação;
5. Em 726 a.C. os Salmos já eram cantados (2Cr 29.30). O fato aí registrado
teve lugar nesse tempo;
6. Jeremias, cuja chamada deu-se em 626 a.C., registrou a revelação divina
(Jr 30.1,2). Tal livro foi queimado pelo rei Joaquim, em 607 a.C., porém,
Deus ordenou que Jeremias preparasse um novo rolo, o que foi feito
mediante seu amanuense16 Baruque (Jr 36.1,2,28,32; 45.1);
7. No tempo do rei Josias (621 a.C.), Hilquias achou o "Livro da Lei" (2Rs
22.8-10);
8. Daniel (553 a.C.) refere-se aos " livros" (Dn 9.2). Eram os rolos sagrados
das Escrituras de então;
9. Zacarias (520 a.C.) declara que os profetas que o precederam falaram da
parte do Espírito Santo (Zc 7.12). Não há aqui referência direta a escritos,
mas há inferência. Zacarias foi o penúltimo profeta do Antigo Testamento.
10. Neemias, (445 a.C.), achou o livro das genealogias dos judeus que já
haviam regressado do exílio (Ne 7.5); certamente havia outros livros;
11. Nos dias de Ester, o Livro Sagrado estava sendo escrito (Et 9.32);
12. Esdras. Contemporâneo de Neemias e foi hábil escriba da lei de Moisés,
e leu o livro do Senhor para os judeus já estabelecidos na Palestina, de
regresso do cativeiro babilónico (Ne 8.1-5). Conforme 2Macabeus e
outros escritos judaicos, Esdras presidiu a chamada "Grande Sinagoga"
que selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando, dessa
maneira, o cânon das Escrituras do AT (cf. Ed 7.10-14).
o Uma Grande Sinagoga era um conselho composto de 120
membros que se diz ter sido organizado por Neemias, cerca de 410
a.C., sob a presidência de Esdras. Essa entidade reorganizou a
vida religiosa nacional dos repatriados e, mais tarde, deu origem
ao Sinédrio17, cerca de 275 a.C.

16
Escrevente, copista. Funcionário público de condição modesta que faz ia a correspondência e copiava
ou registrava documentos.
17
O supremo tribunal dos judeus.
13. Encontramos profeta citando outro profeta, do que se infere haver
mensagem escrita (Cf. Miquéias 4.1-3 com Isaías 2.2-4.);
14. Filo, escritor de Alexandria (30 a.C. - 50 d.C.) possuía todo o cânon do
Antigo Testamento. Em seus escritos ele cita quase todo o Antigo
Testamento;
15. Josefo, o historiador judeu (37-100 d.C.), contemporâneo de Paulo, diz,
escrevendo aos judeus, no livro " Contra Appion".
"Nós temos apenas 22 livros, contando a história de todo o tempo;
livros em que nós cremos, ou segundo se dizem, livros aceitos como
divinos".
Desde os dias de Artaxerxes ninguém seaventurou a acrescentar, tirar ou
alterar uma única sílaba. Faz "parte de cada judeu, desde que nasce
considerar estas Escrituras como ensinos de Deus".
Josefo era um homem culto, judeu ortodoxo de linhagem sacerdotal,
governou a Galiléia e foi comandante militar nas guerras contra Roma.
Presenciou a queda de Jerusalém. Foi levado a Roma, onde se dedicou
a escritos literários.
Ora, o Artaxerxes que ele menciona é o chamado Longímano, que reinou
de 465-424 a.C. Isso coincide com o tempo de Esdras e confirma as
declarações de outras peças da literatura judaica que ensinam ter Esdras
presidido a Grande Sinagoga que selecionou e preservou os rolos
sagrados para a posterioridade.
Josefo conta os livros do AT como 22 porque considera Juízes e Rute
como 1 (um) livro; Jeremias e Lamentações também. Isto, para coincidir
com o número de letras do alfabeto hebraico: "22";
16. Nos dias do Senhor, esse livro chamava-se Escrituras (Mt 26.54; Lc
24.27,45; Jo 5.39), com as suas três conhecidas divisões: Le Profetas,
Salmos (Lc 24.44). Era também chamada "A Palavra de Deus" (Mc 7.13;
Jo 10.34,35). Note bem este título aplicado pelo próprio Senhor Jesus!
Outro fato notável é a citação feita por Jesus em Mateus 23.35 que
autentica todo o Antigo Testamento!
17. Os escritores do Novo Testamento reconhecem como canônicos os livros
do Antigo Testamento, pois este é amiúde citado naquele, havendo cerca
de 300 referências diretas e indiretas. Os escritores do NT referem-se ao
cânon do AT como sendo oráculos divinos (cf. Rm 3.2; 2Tm 3.16 e Hb
5.12). Cremos que, começando por Moisés, à proporção que os livros iam
sendo escritos, eram postos no tabernáculo, junto ao grupo de livros
sagrados. Esdras como já disse, após a volta do cativeiro, reuniu os
diversos livros e os colocou em ordem, como coleção completa. Destes
originais eram feitas cópias para as sinagogas largamente disseminadas.

Data do reconhecimento e fixação do cânon do Antigo Testamento


Em 90 d.C. em Jâmnia, perto da moderna Jope, em Israel, os rabinos,
num concílio sob a presidência de Johanan Ben Zakai, reconheceram e fixaram
o cânon do Antigo Testamento. Houve muitos debates acerca da aprovação de
certos livros, especialmente dos "Escritos". Note-se, porém, que o trabalho desse
concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito por todos os judeus através
de séculos. Jâmnia, após a destruição de Jerusalém (70 d.C.) tornou-se a sede
do Sinédrio.

Livros desaparecidos, citados no texto do Antigo Testamento.

Notemos que a Bíblia faz referência a livros até agora desaparecidos


(cf. Nm 21.14; Js 10.13 com 2Sm 1.18; IRe 11.41; lC r 27.24; 29.29; 2Cr 9.29;
12.15; 13.22; 33.19). São casos cujo segredo só Deus conhece. Talvez um dia
eles venham à luz como o MSS de Qumran, Mar Morto, em 1947.

CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

Semelhante ao AT, homens inspirados por Deus escreveram aos


poucos os livros que compõem o cânon do Novo Testamento.
Sua formação levou apenas duas gerações: quase 100 anos. Em 100
d.C. todos os livros do NT estavam escritos. O que demorou foi o
reconhecimento canônico, isto motivado pelo cuidado e escrúpulo das igrejas de
então, que exigia provas concludentes da inspiração divina de cada um desses
livros.
Outra coisa que motivou a demora na canonização foi o surgimento
de escritos heréticos e espúrios com pretensão de autoridade apostólica. Trata-
se dos livros apócrifos do Novo Testamento, fato idêntico ao acontecido nos
tempos derradeiros do cânon do Antigo Testamento. Há também livros
mencionados no NT até agora desaparecidos (ICo 5.9; Cl 4.16).
A ordem dos 27 livros do NT, como é atualmente em nossas Bíblias,
vem da Vulgata, e não leva em conta a sequência cronológica.

As Epístolas Paulinas.

Foram os primeiros escritos no Novo Testamento. São 13: de


Romanos a Filemom. Foram escritas entre 52 e 67 d.C.
Pela ordem cronológica, o primeiro livro do Novo Testamento é
ITessalonicenses, escrito em 52 d.C. 2Timóteo foi escrita em 67 d.C pouco antes
do martírio do apóstolo Paulo em Roma.
Esses livros foram também os primeiros aceitos como canônicos.
Pedro chama os escritos de aulo de "Escrituras" - título aplicado somente à
palavra inspirada de Deus! (2Pe 3.15,16).
• Os Atos dos Apóstolos. Escrito em 63 d.C., no fim dos dois anos da
primeira prisão de Paulo em Roma (At 28.30).
• Os Evangelhos. Estes, a princípio, foram propagados oralmente. Não
havia perigos de enganos e esquecimento porque era o Espírito Santo
quem lembrava tudo e Ele é infalível (Jo 14.26). Os Sinópticos foram
escritos entre 60 a 65 d.C. João foi escrito em 85 d.C. Entre Lucas e João
foram escritas quase todas as epístolas. Note-se que Paulo chama
Mateus e Lucas de "Escrituras" ao citá-los em ITimóteo 5.18.
• As Epístolas, de Hebreus a Judas, foram escritas entre 68 e 90 d.C.
• O Apocalipse. Foi escrito em 96 d.C., durante o governo do imperador
Domiciano. Muitos livros antes de serem finalmente reconhecidos como
canônicos foram duramente debatidos. Houve muita relutância quanto às
epístolas de Pedro, João e Judas bem como quanto ao Apocalipse. Tudo
isto tão-somente revela o cuidado da Igreja e também a responsabilidade
que envolvia a canonização. Antes do ano 400 d.C., todos os livros
estavam aceitos. Em 367, Atanásio, patriarca de Alexandria, publicou uma
lista dos 27 livros canônicos, os mesmos que hoje possuímos; essa lista
foi aceita pelo Concílio de Hipona (África) em 393.

Data do reconhecimento e fixação do cânon do Novo Testamento.

Isso ocorreu no III Concílio de Cartago, em 397 d.C. Nessa ocasião,


foi definitivamente reconhecido e fixado o cânon do Novo Testamento. Como se
vê, houve um amadurecimento de 400 anos.

A necessidade da mensagem escrita do Novo Testamento

A mensagem da Nova Aliança precisava ter forma escrita como a da


Antiga. Após a ascensão do Senhor Jesus, os apóstolos pregaram por toda parte
sem haver nada escrito. Suas Bíblias era o Antigo Testamento.
Ao decorrer do tempo, o grupo de apóstolos diminuiu. O Evangelho
espalhou-se. Surge então a necessidade de reduzir a forma escrita, para ser
transmitido às gerações futuras. Era o plano de Deus em marcha. Muitas igrejas
e indivíduos pediam explicações acerca de casos difíceis surgidos por
perturbações, falsas doutrinas, problemas internos, etc. (cf. ICo 1.11; 5.1; 7.1).
Os judeus cumpriram sua missão de transmitir ao mundo os oráculos
divinos (Rm 3.2). A Igreja também cumpriu sua parte, transmitindo as palavras e
ensinos do Senhor Jesus, bem como as que Ele, pelo Espírito Santo inspirou
aos escritores sacros. Jesus disse: " Tenho muito que vos dizer... mas o Espírito
de verdade... dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir" (Jo
16.12,13).
Testemunhas importantes

Clemente de Roma Na sua carta aos Coríntios, em 95 d.C. cita


vários livros do NT;
Policarpo na sua carta aos Filipenses, cerca de 110
d.C., cita diversas epístolas de Paulo;
Inácio por volta de 110 d.C. cita grande número de
livros em seus escritos;
Justino Mártir nascido no ano da morte de João, escrevendo
em 140 d.C. cita diversos livros do Novo
Testamento;
Irineu (130-200 d.C.), cita a maioria dos livros do
Novo Testamento, chamando-os de
"Escrituras";
Origines (185-200 d.C.), homem erudito, piedoso e
viajado, dedicou sua vida ao estudo das
Escrituras, em seu tempo, os 27 livros já
estavam completos; ele os aceitou, embora
com dúvida sobre alguns: Hebreus, Tiago,
2Pedro, 2 e 3João.

DATAS E PERÍODOS SOBRE O CÂNON EM GERAL

O AT foi escrito no espaço de mais ou menos 1046 anos, de 1491 a


445 a.C. isto é de Moisés a Esdras. A data de 445 a.C. é apenas um ponto geral
de referência cronológica quanto ao encerramento do cânon do Antigo
Testamento.
Se entrarmos em detalhes sobre o último livro do Antigo Testamento
em ordem cronológica - Malaquias, teremos uma variação de espaço de tempo
como veremos a seguir.
O Pentateuco, como já vimos, foi iniciado cerca de 1.491 a.C..
Malaquias, o último livro do Antigo Testamento por ordem cronológica, foi escrito
entre 430 e 420 a.C., no final do governo de Neemias e do sacerdócio de Esdras.
Ora, isto foi quando Neemias regressou a Jerusalém, procedendo da Pérsia,
para onde tinha ido (430 - 425 a.C.) a fim de renovar sua licença (Ne 13.6).
É a partir desse ano que Malaquias escreveu e talvez Neemias, não
estivesse mais na Palestina, porque não o menciona em seu livro, como fazem
Ageu e Zacarias, seus antecessores, os quais mencionam Zorobabel e Josué,
respectivamente, governador e sacerdote dos reparos (cf. Zc 3; 4; Ag 1 .1 ).
Malaquias não menciona nominalmente Neemias, apenas menciona
o "Governador" (Ml 1.8). O próprio livro de Malaquias apresenta outras
evidências internas que o colocam de 432 a.C. em diante, como passamos a
mostrar:
• Em Malaquias 2.10-16, vê-se que os casamentos ilícitos que Esdras
corrigira antes de Neemias, 516 a.C. (Ed 9-10), estavam ocorrendo de
novo.
• Isto coincide com o estado descrito em Neemias 13, acontecido em 432
a C.
• Em Malaquias 3.6-12, havia pobreza no tesouro do templo. Situação
idêntica à de Neemias 13, reinante em 432 a.C.
• As referências de Malaquias 1.13; 2.17; 3.14, indicam que o culto Levítico
já havia sido restaurado há bastante tempo. Temos essa restauração
ampliada em Neemias 12.44 ss.

Portanto, Malaquias (O livro) deve ter sido escrito cerca de 432 a.C.
Repetimos: a data 445 a.C. é apenas um ponto de referência quanto ao
encerramento do cânon do Antigo Testamento. Foi nesse ano que Esdras iniciou
seu grande Ministério entre os repatriados de Israel.
Se descermos a detalhes quanto ao livro de Malaquias, partiremos de
432 a.C. Malaquias é o último livro do Antigo Testamento, quanto à ordem
cronológica. Quanto à disposição dos livros no corpo do cânon hebraico, o último
livro é 2Crônicas, como já mostramos.
O Novo Testamento foi completado em menos de 100 anos, pois seu
último livro, o Apocalipse, foi escrito cerca de 96 d.C. Isto dá um total de 1.142
anos para a formação de ambos os Testamentos (1.046 + 96).
Leva-se em conta que a cronologia bíblica é sempre aproximada, pois
os povos orientais não tinham um sistema fixo de anotar ou contar datas. Quando
se fala do espaço de tempo, que vai da escrita do Pentateuco ao Apocalipse, é
preciso intercalar os 400 anos do Período Interbíblico ocorrido entre os
Testamentos, o que dará um total de 1.542 anos (1.046 + 96 + 400).
Por isso se diz que a Bíblia foi escrita no espaço de dezesseis séculos.
Este é o período no qual o cânon foi completado. Noutras palavras: o cânon
abrange na história um total de 1.142 anos, aproximadamente.

OS LIVROS APÓCRIFOS

Nas Bíblias de edição católica-romana, o total de livros é 73, porque


essa igreja, desde o Concílio de Trento, em 1.546, incluiu no cânon do Antigo
Testamento 7 livros apócrifos, além de 4 acréscimos ou apêndices canônicos,
acrescentando ao todo, 11 escritos apócrifos.
A palavra "apócrifo" significa, literalmente, "escondido", "oculto", isto
em referência a livros que tratavam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. No
sentido religioso, o termo significa "não genuíno" ou "espúrio", desde sua
aplicação por Jerônimo.
Os apócrifos foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja, entre
o Antigo e o Novo Testamento, numa época em que cessara por completo a
revelação divina; isto basta para tirar-lhes qualquer pretensão a canonicidade.
Josefo rejeitou-os totalmente, nunca foram reconhecidos pelos judeus
como parte do cânon hebraico. Jamais foram citados por Jesus nem foram
reconhecidos pela Igreja Primitiva. Jerônimo, Agostinho, Atanásio, Júlio Africano
e outros homens de valor para os cristãos primitivos, opuseram-se a eles na
qualidade de livros inspirados.
Apareceu pela primeira vez na Septuaginta, a tradução do Antigo
Testamento feita do hebraico para o grego. Quando a Bíblia foi traduzida para o
latim, em 170 d.C. seu Antigo Testamento foi traduzido do grego da Septuaginta
e não do hebraico. Quando Jerônimo traduziu a Vulgata, no início do século V
(405 d.C.), incluiu os apócrifos oriundos da Septuaginta, através da Antiga
Versão Latina, de 170 d.C. porque isso lhe foi ordenado, mas recomendou que
esses livros não poderiam servir como base doutrinária.
São 14 os escritos apócrifos: 10 livros e 4 acréscimos a livros. Antes
do Concílio de Trento, a Igreja Romana aceitava todos, mas depois passou a
aceitar apenas 11: 7 livros e 4 acréscimos. A igreja Ortodoxa grega mantém os
14 até hoje.
Os livros apócrifos constantes das Bíblias de edição católico-romana
são:

Tobias (Após o livro canônico de Esdras);


Judite (Após o livro de Tobias);
Sabedoria de Salomão (Após o livro canônico de Cantares);
Eclesiástico (após o livro de Sabedoria);
Baruque (Após o livro canônico de Jeremias);
I Macabeu (após o livro canônico de Malaquias);
2 Macabeu (após o livro IMacabeu).

Os quatro acréscimos ou apêndices são:

Ester (Et 10.4-16.24);


Cântico dos três Santos Filhos (Dn 3.24-90);
A história de Suzana (Dn 13);
Bei e o Dragão (Dn 14).

Como já foi dito dos 14 apócrifos, a Igreja Romana aceita 11, rejeita
3, isto, após 1.546 d C.Os livros rejeitados são: 3 e 4 Esdras e "A Oração de
Manassés". Os livros apócrifos de 3 e 4Esdras são assim chamados porque nas
Bíblias de edição católico-romana o livro de Esdras, é chamado de 1 Esdras e o
de Neemias, de 2 Esdras.
A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 18 de abril de 1.546, para
combater o movimento da Reforma Protestante, então recente. Nessa época, os
protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas romanistas:
Purgatório, oração pelos mortos, salvação mediante obras, etc.
A Igreja Romana via nos apócrifos bases para essas doutrinas, e,
apelou para eles, aprovando-os como canônicos. Houve prós e contras dentro
da própria Igreja de Roma. Nesse tempo os jesuítas exerciam muita influência
no clero. Os debates sobre apócrifos motivaram os dominicanos contra os
franciscanos.
O Cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica", declara que em
pleno concílio, 40 bispos, dos 49 presentes, travaram luta corporal, agarrados às
barbas e batinas uns dos outros. Foi neste ambiente espiritual que os apócrifos
foram aprovados!
A primeira edição da Bíblia romana com os apócrifos deu-se em
1.592, com a autorização do Papa Clemente VIII. Os Reformadores protestantes
publicaram a Bíblia com os apócrifos colocando-se entre o AT e o NT; não como
livros inspirados, mas bons para leitura e de valor literários e históricos. Isto
continuou até 1.629. A famosa versão inglesa King Jaimes, de 1.611, ainda os
conservou.
Após 1.629, os evangélicos os omitiram de vez nas Bíblias editadas,
para evitar confusão entre o povo simples que nem sempre sabe discernir entre
um livro canônico e um apócrifo. A aprovação dos apócrifos pela Igreja Romana
foi uma intromissão1 dos católicos em assuntos judaicos, porque, quanto ao
cânon do Antigo Testamento, o direito é dos judeus e não de outros. Além disso,
o cânon do Antigo Testamento estava completo e fixado há muitos séculos.
Entre os católicos corre a versão de que as Bíblias de edição
protestante são falsas. Quem, contudo, comparar a Bíblia editada pelos
evangélicos com a editada pelos católicos há de concordar em que as duas são
iguais, exceto na linguagem e estilo, que são peculiares a cada tradução.

OUTROS LIVROS APÓCRIFOS

Há ainda outros escritos espúrios relacionados ao Antigo e Novo


Testamento. São chamados de pseudo-epigráficos.
Os do Antigo Testamento pertencem à última parte do período
interbíblico. Todos os livros dessa classe apresentam-se como tendo sido
escritos por santos de ambos os Testamentos, daí seu título: pseudo-epigráficos.
São na maioria, de natureza apocalíptica. Nunca foram reconhecidos
por nenhuma Igreja. Os principais do Antigo Testamento chegam a 26. Os
referentes ao período do NT também nunca foram reconhecidos por ninguém
como tendo canonicidade. São cheios de histórias grotescas e até indignas de
Cristo e seus apóstolos. Essas histórias são muito exploradas pela gente
simplória e crédula. Desse período há de tudo: evangelhos, epístolas,
apocalipse, etc. Os principais somam 24.
O estudante da Bíblia deve estar acautelado, concernente aos livros
canônicos e apócrifos em geral:
• Os 39 livros canônicos do AT são chamados de protocanônicos pelos
católicos;
• Os 7 livros que chamamos de apócrifos, são chamados de
deuterocanônicos pelos católicos;
• Os livros que chamamos de pseudo-epigráficos, são chamados de
apócrifos pelos católicos.

A respeito dos livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou


eclesiástico que tiverem, não são canônicos, comprova-se pelos seguintes
fatores:
• A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos;
• Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento;
• A maioria dos primeiros grande pais da Igreja rejeitou sua canonicidade;
• Nenhum concílio da Igreja os considerou canônicos senão no final do
século IV;
• Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou-os
fortemente;
• Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma,
também os rejeitaram;
• Nenhuma Igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente
data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido
integral dessas palavras.

A vista desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente


necessário que os cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se
fossem Palavra de Deus, nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina
cristã.
Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de
canonicidade, verificamos que aos livros apócrifos faltam os seguintes aspectos:
• Os apócrifos não reivindicam ser proféticos;
• Não detêm a autoridade de Deus;
• Contêm erros históricos (ver Tobias 1.3-5; 14.11) e graves heresias
teológicas, como a oração pelos mortos (2Macabeus 12.45,46; 4);
• Embora seu conteúdo tenha algum valor para a edificação nos momentos
devocionais, na maior parte se trata de texto repetitivo; são textos que já
se encontram nos livros canônicos;
• Há evidente ausência de profecia, o que não ocorre nos livros canônicos;
• Nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas;
• O povo de Deus, a quem os apócrifos teriam sido originariamente
apresentados, recusou-os terminantemente.

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