Você está na página 1de 239

Trigonometria Pura e Aplicações e um pouco

além: problemas de Olimpíadas


Israel Meireles Chrisostomo
israelmchrisostomo@gmail.com
3 de Julho, 2015

“ Nas questões matemáticas não se compreende a incerteza nem a dúvida, assim como
tampouco se podem estabelecer distinções entre verdades médias e verdades de grau superior. ”
(David Hilbert)
“ Sir, an equation has no meaning for me unless it expresses a thought of GOD. ”
(Srinivasa Ramanaujan)

1
1 Considerações iniciais
Neste artigo se encontram minhas soluções de alguns problemas que julguei
serem interessantes, seja por admitirem abordagens criativas em suas soluções,
seja pela generalidade na forma em que se apresentam, características que julgo
serem apropriadas para se avaliar a relevância de qualquer ideia em matemática.
O texto foi escrito, em sua maior parte, para alunos do ensino médio e
acredito que o aluno curioso não terá dificuldades em acompanhar o que está
escrito, pois certamente tentará demonstrar as desigualdades que aqui estão ou
terá a oportunidade de pesquisar, embora algumas partes exijam conhecimento
de graduação.
Os problemas que estão aqui foram retirados de diversos livros, e sempre
que possível, vou deixar a indicação, entre parênteses, de onde esses problemas
foram retirados.Quando não houver uma indicação clara entre parênteses de
onde o problema foi retirado, há um único motivo: isto se deve ao fato de eu ter
visto o problema alguma vez em um site, blog, PDF na internet, embora não
tenha me recordado de sua origem.
Minha sugestão é que o aluno resolva os problemas antes de olhar a solução,
tendo em vista que as desigualdades e relações do início do artigo foram propo-
sitalmente deixadas com o intuito de dar ao aluno a oportunidade de conhecer
relações que podem vir a ser necessárias, mas não indispensáveis, para resolver
os problemas.Em muitos casos, o leitor poderá encontrar soluções muito mais
simples para os problemas, ao leitor fica esse encargo.Por fim, espero que o leitor
possa aprender algo com o conteúdo desse PDF .

2
2 Desigualdades e Identidades importantes
Sejam alpha, beta e gamma ângulos de um triângulo, então, valem as desi-
gualdades:

α β γ 3
1.cosα + cosβ + cosγ ≤ sen + sen + sen ≤
2 2 2 2

α β γ 3 3
2.senα + senβ + senγ ≤ cos + cos + cos ≤
2 2 2 2
α β γ 1
3.cosαcosβcosγ ≤ sen sen sen ≤
2 2 2 8

α β γ 3 3
4.senαsenβsenγ ≤ cos cos cos ≤
2 2 2 8
α β γ 3
5.cos2 α + cos2 β + cos2 γ ≥ sen2 + sen2 + sen2 ≥
2 2 2 4
α β γ 9
6.sen2 α + sen2 β + sen2 γ ≤ cos2 + cos2 + cos2 ≤
2 2 2 4
α β γ √
7.cotα + cotβ + cotγ ≥ tan + tan + tan ≥ 3
2 2 2

Sejam alpha, beta e gamma ângulos de um triângulo, então, valem as iden-


tidades:
α β γ
1.cosα + cosβ + cosγ = 1 + 4sen sen sen
2 2 2
α β γ
2.senα + senβ + senγ = 4cos cos cos
2 2 2
3.sen2α + sen2β + sen2γ = 4senαsenβsenγ

4.sen2 α + sen2 β + sen2 γ = 2 + 2cosαcosβcosγ


α β γ α β γ
5.sen2 + sen2 + sen2 + 2sen sen sen = 1
2 2 2 2 2 2
α β α γ β γ
6.tan tan + tan tan + tan tan = 1
2 2 2 2 2 2
7.tanα + tanβ + tanγ = tanαtanβtanγ
Lei dos senos:
a b c
= = = 2R
senα senβ senγ

3
Lei dos cossenos:

a2 = b2 + c2 − 2bccosα

Identidades trigonométricas válidas para alpha, beta, gamma,


α, β, γ ∈ R

1.cos2 α + sen2 α = 1

(2k + 1)π
2.1 + tan2 α = sec2 α ⇔ α 6= , ∀k ∈ Z
2
3.1 + cot2 α = csc2 α ⇔ α 6= kπ, ∀k ∈ Z

4.cos(2α) = cos2 α − sen2 α

5.cos(α + β) = cosαcosβ − senαsenβ


   
α+β α−β
6.sen(α) + sen(β) = 2sen cos
2 2
   
α−β α+β
7.sen(α) − sen(β) = 2sen cos
2 2
   
α+β α−β
8.cos(α) + cos(β) = 2cos cos
2 2
   
α+β α−β
9.cos(α) − cos(β) = −2sen sen
2 2
tanα + tanβ (2k + 1)π
10.tan(α + β) = ⇔ α + β 6= , ∀k ∈ Z
1 − tan(α)tan(β) 2
2tan α2

11.senα =
1 + tan2 α2


1 − tan2 α2

12.cosα =
1 + tan2 α2


13.cos2α = 2cos2 α − 1

14.cos2α = 1 − 2sen2 α

3tanα − tan3 α (2k + 1)π


15.tan(3α) = 2
⇔ α 6= , ∀k ∈ Z
1 − 3tan α 6
16.sen2α = 2senαcosα
tanα + tanβ + tanγ − tanαtanβtanγ
17.tan(α + β + γ) = ⇔ α + β + γ 6=
1 − tanαtanβ − tanβtanγ − tanβtanγ
(2k + 1)π
, ∀k ∈ Z
2

4
Sejam a1 , a2 , a3 , ..., an e b1 , b2 , b3 , ..., bn reais positivos, então valem as desi-
gualdades:

Desigualdade entre as Médias Aritmética, Geométrica e Harmônica:


a1 + a2 + a3 + ... + an √ n
≥ n a1 a2 a3 ...an ≥ 1 1 1 1
n a1 + a2 + a3 + ... + an

Desigualdade de Cauchy-Schwarz:
(a21 + a22 + a23 + ... + a2n )(b21 + b22 + b23 + ... + b2n ) ≥ (a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + ... + an bn )2
Desigualdade de Jensen:
Sejam I um intervalo da reta e f : I → R uma função.Sejam x1 , x2 , x3 , ..., xn ∈
I e λ1 , λ2 , λ3 , ..., λn ∈ [0, 1], e tal que λ1 + λ2 + λ3 + ... + λn = 1, valem as desi-
gualdades:

Se f é côncova:

f (λ1 x1 + λ2 x2 + λ3 x3 + ... + λn xn ) ≥ λ1 f (x1 ) + λ2 f (x2 ) + λ3 f (x3 ) + ... + λn f (xn )

Se f é convexa:

f (λ1 x1 + λ2 x2 + λ3 x3 + ... + λn xn ) ≤ λ1 f (x1 ) + λ2 f (x2 ) + λ3 f (x3 ) + ... + λn f (xn )

Dizemos que uma função f : I → R é convexa se ∀(x1 , x2 ) ∈ I e ∀α ∈ [0, 1]


então :

f ((1 − α)x1 + αx2 ) ≤ (1 − α)f (x1 ) + αf (x2 )

Dizemos que uma função f : I → R é côncava se ∀(x1 , x2 ) ∈ I e ∀α ∈ [0, 1]


então :

f ((1 − α)x1 + αx2 ) ≥ (1 − α)f (x1 ) + αf (x2 )


Desigualdade de Chebychev:
Sejam a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ ... ≤ an e b1 ≤ b2 ≤ b3 ≤ ... ≤ bn , então, vale que:
   
a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + ... + an bn a1 + a2 + a3 + ... + an b1 + b2 + b3 + ... + bn
≥ ×
n n n

5
Desigualdade do rearranjo:

Sejam a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ ... ≤ an e b1 ≤ b2 ≤ b3 ≤ ... ≤ bn , seja (c1 , c2 , c3 , ...cn )


uma permutação da sequência (b1 , b2 , b3 , ...bn ), vale que:

a1 bn + ... + an b1 ≤ a1 c1 + ... + an cn ≤ a1 b1 + ... + an bn

Desigualdade entre as Médias Quadrática e Aritmética:


r
a21 + a22 + a23 + ... + a2n a1 + a2 + a3 + ... + an

n n
Desigualdade de Minkowsky:
q q
ap1 + ap2 + ap3 + ... + apn + p bp1 + bp2 + bp3 + ... + bpn ≥ p (a1 + b1 )p + (a2 + b2 )p + ... + (an + bn )p
p
p

Desigualdade de Holder:

Sejam λa , λb , λc , ...., λz tais que λa +λb +λc +....+λz = 1,e a1 , a2 , a3 , ..., an , b1 , b2 , b3 , ..., bn , ..., z1 , z2 , z3 , ..., zn ,
reais positivos, vale que:

(a1 + a2 + a3 + ... + an )λa (b1 + b2 + b3 + ... + bn )λb ....(z1 + z2 + z3 + ... + zn )λz ≥


aλ1 a bλ1 b ...z1λz + aλ2 a bλ2 b ...z2λz + aλ3 a bλ3 b ...z3λz + ... + aλna bλnb ...znλz

Desigualdade de Giroux:

Sejam I1 , I2 , I3 , ..., In intervalos fechados da reta e seja a função


f : I1 × I2 × I3 × ... × In → R de n variáveis, convexa separadamente em relação
a cada variável.Então, se Ij = [aj , bj ], f atinge seu valor máximo em um dos 2n
pontos da forma (c1 , c2 , c3 , ..., cn ) com ci = ai ou ci = bi para cada i.

Desigualdade entre as Médias de Potências:

Sejam v > u, então vale:


 v 1 1
a1 + av2 + av3 + ... + avn v
 u
a1 + au2 + au3 + ... + aun u

n n

Desigualdade de Bernoulli:

Seja n um natural, e x ∈ R, x ≥ −1, então, vale que:

(1 + x)n ≥ 1 + nx

6
Desigualdade de Newton:
σk X
Seja dk = n , tal que σk = a1 a2 ..ak e k ∈ N|k ≤ n, então vale:
k sym

d2k ≥ dk−1 dk+1

Desigualdade de Maclaurin:
σk X
Seja dk = n , tal que σk = a1 a2 ..ak , e k ∈ N|k ≤ n, então vale:
k sym

p p
3
p
n
d1 ≥ d2 ≥ d3 ≥ ... ≥ dn

Desigualdade de Schur:

Sejam x, y, z ≥ 0, t > 0, vale que:

xt (x − y)(x − z) + y t (y − x)(y − z) + z t (z − x)(z − y) ≥ 0

Desigualdade de Muirhead:

Dizemos que uma sequência (a1 , a2 , a3 , ...an ) majora a sequência (b1 , b2 , b3 , ...bk )
quando a1 + a2 + a3 + ... + ak ≥ b1 + b2 + b3 + ... + bk , ∀k|1 ≤ k ≤ n − 1 e
a1 + a2 + a3 + ... + an = b1 + b2 + b3 + ... + bn , e denotamos isso por a1 + a2 + a3 +
... + an  b1 + b2 + b3 + ... + bn .Se a1 + a2 + a3 + ... + an  b1 + b2 + b3 + ... + bn ,
então, vale a desigualdade:
X X
xa1 1 x2a2 xa3 3 ...xann ≥ xb11 xb22 xb33 ...xbnn
sym sym

Desigualdade de Young:
1 1
Se + = 1 , então vale:
p q
ap bq
+ ≥ ab
p q
Desigualdade de Erdös-Mordell:

Considere um triângulo ABC e um ponto P do mesmo plano. Sejam PA , PB , PC


as projeções ortogonais de P nos lados BC, CA, AB respectivamente. Vale então
a desigualdade:
AP + BP + CP ≥ 2(P PA + P PB + P PC )

7
3 Os axiomas de Peano, o princípio da indução,
e algumas relações lógicas úteis em provas por
indução
Contraposição ou Modus Tollens

P → Q ⇔ ¬Q → ¬P

Equivalência entre o condicional

¬(P → Q) = P ∧ ¬Q

Veracidade

i Se uma sentença é verdadeira, então sua contra-positiva é verdadeira (e


vice-versa).
ii Se uma sentença é falsa, então sua contra-positiva é falsa (e vice-versa).
iii Se a inversa de uma sentença é verdadeira, então sua recíproca é verda-
deira (e vice-versa).
iv Se a inversa de uma sentença é falsa, então sua recíproca é falsa (e vice-
versa).
v Se a negação de uma sentença é falsa, então a sentença é verdadeira (e
vice-versa).
vi Se uma sentença (ou sua contra-positiva) e a inversa (ou sua recíproca) são
ambas verdadeiras ou ambas falsas, a mesma pode ser chamada de bicondicional.

Axiomas de Peano:

i Existe uma função s : N → N que associa a cada n ∈ N um elemento


s(n) ∈ N, que denominamos sucessor de N
ii A função s : N → N é injetiva.
iii Existe um único elemento 1 no conjunto N tal que 1 6= s(n), ∀n ∈ N
iv Se um subconjunto X ⊂ N é tal que 1 ∈ N e s(X) ⊂ X então X = N

Princípio da Indução:

Seja P uma propriedade referente a números naturais. Se P vale para 1 e


se, além disso, o fato de o número natural n possuir a propriedade P implicar
que seu sucessor s(n) também possua essa propriedade, então todos os números
naturais possuem a propriedade P.

8
4 Problemas Interessantes

1. Deduza a fórmula de Heron, dada por:


p
A = S(S − a)(S − b)(S − c)

Em que S é o semiperímetro, a,b e c os lados do triângulo e A sua área.


Solução:
Vamos transformar em produto a expressão abaixo:

senx + seny + senz − sen(x + y + z)

Veja como podemos fazer isso:

senx + seny + senz − sen(x + y + z) =


       
x+y x−y x+y x + y + 2z
2sen cos − 2sen cos =
2 2 2 2
     
x+y x−y x + y + 2z
2sen cos − cos =
2 2 2
     
x+y x+z y+z
4sen sen sen
2 2 2
De onde concluímos que sempre vale:
     
x+y x+z y+z
senx + seny + senz − sen(x + y + z) = 4sen sen sen
2 2 2

Sejam a,b e c lados de um triângulo e alpha,beta e gamma os ângulos opostos


aos lados a,b e c, respectivamente.Fazendo x=alpha,y=beta e z=gamma na
fórmula acima, teremos:

     
β+γ α+β α+γ
senα+senβ+senγ−sen(α+β+γ) = 4sen sen sen
2 2 2
     
α+β π α+β α+β+γ α+β
Observando que sen = cos − = cos − =
2 2 2 2 2
γ
cos .A expressão acima é equivalente a:
2
α β γ
senα + senβ + senγ = 4cos cos cos
2 2 2
Colocando em evidência senγ no lado esquerdo, teremos:

9
 
senα senβ α β γ
senγ + +1 = 4cos cos cos (1)
senγ senγ 2 2 2
Pela Lei dos senos, teremos:
a b c senα a senβ b
= = ⇒ = , =
senα senβ senγ senγ c senγ c

Substituindo no lado esquerdo de (1), teremos:


 
a b α β γ
senγ + + 1 = 4cos cos cos
c c 2 2 2
 
a+b+c α β γ
senγ = 4cos cos cos (2)
c 2 2 2
a+b+c
Seja S = , o semiperímetro, então, pela lei dos cossenos e usando que
2
2
cos2x = 2cos x − 1 para todo x ∈ R, temos que:

 α   α  b2 + 2bc + c2 − a2
a2 = b2 + c2 − 2bccosα ⇔ a2 = b2 + c2 − 2bc 2cos2 − 1 ⇔ cos2 = =
2 2  4bc
(b + c)2 − a2
 
(a + b + c)(b + c − a) 1 a+b+c a + b + c − 2a
= = =
4bc 4bc bc 2 2
   s    r
1 a+b+c a+b+c α 1 a+b+c a+b+c α S(S − a)
− a ⇔ cos = − a ⇔ cos =
bc 2 2 2 bc 2 2 2 bc

Por simetria, concluímos para os outros ângulos:


r
α S(S − a)
cos = ;
2 bc
r
β S(S − b)
cos = ;
2 ac
r
γ S(S − c)
cos = ;
2 ab
Substituindo as relações acima em (2), teremos:
 
a+b+c S p
senγ =4 S(S − a)(S − b)(S − c)
c abc

a+b+c
Usando que S = , obtemos:
2
absenγ p
= S(S − a)(S − b)(S − c)
2

10
Observe o triângulo abaixo:

c
h b

γ
β

Note que desenhamos os lados a,b e c opostos a alpha, beta e gamma res-
pectivamente, isto é muito importante pois deduzimos as fórmulas anteriores
partindo desse princípio.A área desse triângulo é dada por (base)x(altura)/2,
basta observar que no triângulo dado temos:
h
senγ = ⇒ h = bsenγ
b
Além disso, sabemos que sua base é a, daí segue o resultado desejado.

11
2. (“Números Complexos e Binomiais”-Ulysses Sodré )Se n, p ∈ Z, sendo
n, p ≥ 0, demonstrar que:

          Xn    
0 1 2 3 n k n+1
+ + + + ... + = =
p p p p p p p+1
k=0

Solução 1:
Se n, p ∈ Z, sendo n, p ≥ 0, vamos provar que:

          Xn    
0 1 2 3 n k n+1
+ + + + ... + = =
p p p p p p p+1
k=0
 
k
Convenciona-se que = 0 para p > k. Nosso objetivo é provar que
p
n    
X k n+1
= , vamos quebrar em dois casos, vamos provar para o caso
p p+1
k=0
em que p é ímpar e para o caso em que p é par, vamos começar com o caso
em que p é ímpar, para isto, vamos definir uma função especial, e estudar suas
propriedades.Seja fn (φ) uma função tal que fn : R → R, dada pela relação
abaixo:
2n−1
X sen(kφ)
fn (φ) = −cot(φ) + (3)
cosk (φ)
k=1

Veja o que podemos dizer dessa soma, para isto, considere que:

cos((k + 1)φ) cos(kφ) cos((k + 1)φ) − cos(kφ)cos(φ)


k
− k−1
= =
cos (φ) cos (φ) cosk (φ)
(cos(kφ)cos(φ) − sen(kφ)sen(φ)) − cos(kφ)cos(φ) sen(φ)sen(kφ)
=− ⇒
cosk (φ) cosk (φ)
2n−1
X  cos((k + 1)φ) 
cos((k + 1)φ) cos(kφ) sen(φ)sen(kφ) cos(kφ)
⇒ − = − ⇒ − =
cosk (φ) cosk−1 (φ) cosk (φ) cosk (φ) cosk−1 (φ)
k=1
2n−1 2n−1
Xsen(φ)sen(kφ) cos(2nφ) Xsen(φ)sen(kφ)
− ⇒ − cos(φ) = − ⇒
cosk (φ) cos2n−1 (φ) cosk (φ)
k=1 k=1
  2n−1
1 cos(2nφ) X sen(kφ)
2n−1
− cos(φ) = − ⇒
sen(φ) cos (φ) cosk (φ)
k=1
2n−1 2n−1
X sen(kφ) cos(2nφ) X sen(kφ)
− k
= 2n−1
− cot(φ) ⇒ cot(φ) − =
cos (φ) sen(φ)cos (φ) cosk (φ)
k=1 k=1
cos(2nφ)
sen(φ)cos2n−1 (φ)

12
De onde concluímos a primeira propriedade de fn (φ):
cos(2nφ)
fn (φ) = − (4)
sen(φ)cos2n−1 (φ)
Partindo de (3) veja o que podemos fazer:
2n−1 2n−1
X sen(kφ) 1 X cis(kφ) − cis(−kφ)
fn (φ) = −cot(φ) + = −cot(φ) + =
cosk (φ) 2i cosk (φ)
k=1 k=1
2n−1
1 X (cos(φ) + isen(φ))k − (cos(φ) − isen(φ))k
− cot(φ) + =
2i cosk (φ)
k=1
2n−1
1 X
− cot(φ) + ((1 + itan(φ))k − (1 − itan(φ))k ) =
2i
k=1  
2n−1 k   k  
1 X X k X k
− cot(φ) + (itan(φ))j − (−itan(φ))j  = −cot(φ) +
2i j=0
j j=0
j
k=1
2n−1 k   2n−1 k  
1 X X k 1 X X k
(itan(φ))j − (−itan(φ))j =
2i j=0
j 2i j=0
j
k=1 k=1
           
1 1 2 2n − 1 1 3 4 2n − 1
−cot(φ) + + + ... + i.tan(φ) + + + ... + i3 tan3 (φ)
i 1 1 1 i 3 3 3
     
1 2j − 1 2j 2n − 1
+ − ... + + + ... + (i)2j−1 (tan(φ))2j−1 + −... =
i 2j − 1 2j − 1 2j − 1
           
1 2 2n − 1 3 4 2n − 1
−cot(φ) + + + ... + tan(φ) + + + ... + i2 tan3 (φ)
1 1 1 3 3 3
     
2j − 1 2j 2n − 1
+... + + + ... + (i)2(j−1) (tan(φ))2j−1 + ... =
2j − 1 2j − 1 2j − 1
           
1 2 2n − 1 3 4 2n − 1
−cot(φ) + + + ... + tan(φ) − + + ... + tan3 (φ)
1 1 1 3 3 3
     
2j − 1 2j 2n − 1
+ − ... + + + ... + (−1)j+1 (tan(φ))2j−1 + −... =
2j − 1 2j − 1 2j − 1
            
1 2 2n − 1 3 4 2n − 1
cot(φ) −1 + + + ... + tan2 (φ) − + + ... + tan4 (φ)
1 1 1 3 3 3
      
2j − 1 2j 2n − 1
+ − ... + + + ... + (−1)j+1 (tan(φ))2j + −... =
2j − 1 2j − 1 2j − 1
              
0 1 2 2n − 1 2 3 4 2n − 1
cot(φ) − + + + ... + tan (φ) − + + ... + tan4 (φ)
0 1 1 1 3 3 3
      
2j − 1 2j 2n − 1 j+1 2j
+ − ... + + + ... + (−1) (tan(φ)) + −...
2j − 1 2j − 1 2j − 1

13
De onde concluímos que:

fn (φ) =
              
0 1 2 2n − 1 3 4 2n − 1
cot(φ) − + + + ... + tan2 (φ) − + + ... + tan4 (φ)
0 1 1 1 3 3 3
      
2j − 1 2j 2n − 1 j+1 2j
+ − ... + + + ... + (−1) (tan(φ)) + −...
2j − 1 2j − 1 2j − 1
(5)

Comparando (4) e (5), concluímos que:


cos(2nφ)
− =
sen(φ)cos2n−1 (φ)
              
0 1 2 2n − 1 3 4 2n − 1
cot(φ) − + + + ... + tan2 (φ) − + + ... + tan4 (φ)
0 1 1 1 3 3 3
      
2j − 1 2j 2n − 1
+ − ... + + + ... + (−1)j+1 (tan(φ))2j + −...
2j − 1 2j − 1 2j − 1
Multiplicando os dois lados da igualdade por −tan(φ), teremos:

cos(2nφ)
=
cos2n (φ)
             
0 1 2 2n − 1 3 4 2n − 1
− + + ... + tan2 (φ) + + + ... + tan4 (φ)
0 1 1 1 3 3 3
     
2j − 1 2j 2n − 1
+ − ... + + + ... + (−1)j (tan(φ))2j + −...
2j − 1 2j − 1 2j − 1
(6)

Vamos guardar a igualdade acima, e encontrar novas relações, veja:

cis(2nφ) + cis(−2nφ) (cos(φ) + isen(φ))2n + (cos(φ) − isen(φ))2n


cos(2nφ) = = =
2 2 !
2n   2n  
1 X 2n X 2n
cos2n−k (φ)ik senk (φ) + (−1)k cos2n−k (φ)ik senk (φ) =
2 k k
k=0 k=0
n   n  
X 2n 2n−2k 2k 2k
X 2n
cos (φ)i sen (φ) ⇒ cos(2nφ) = cos2n−2k (φ)i2k sen2k (φ) =
2k 2k
k=0 k=0
n  
X 2n
cos(2nφ) = (−1)k cos2n−2k (φ)sen2k (φ)
2k
k=0
Dividindo ambos os lados da igualdade acima por cos2n (φ), chegamos a:
n  
cos(2nφ) X k 2n
= (−1) tan2k (φ) (7)
cos2n (φ) 2k
k=0

14
Comparando (6) e (7), teremos:

n  
X 2n
(−1)k
tan2k (φ) =
2k
k=0
             
0 1 2 2n − 1 2 3 4 2n − 1
− + + ... + tan (φ) + + + ... + tan4 (φ)
0 1 1 1 3 3 3
     
2j − 1 2j 2n − 1
+ − ... + + + ... + (−1)j (tan(φ))2j + −...
2j − 1 2j − 1 2j − 1

Observe que como a tangente percorre todos os reais, podemos substituir a tan-
gente por uma variável que representa um número real.Substituindo a tangente
por x, veja:
n  
X 2n 2kk
(−1) x =
2k
k=0
             
0 1 2 2n − 1 2 3 4 2n − 1
− + + ... + x + + + ... + x4
0 1 1 1 3 3 3
     
2j − 1 2j 2n − 1
+ − ... + + + ... + (−1)j x2j + −...
2j − 1 2j − 1 2j − 1
(8)

Observe que obtivemos dois polinômios que devem satisfazer uma igualdade,
mas pelo teorema da identidade polinomial, dois polinômios são iguais se os co-
eficientes dos termos de graus correspondentes são iguais, portanto, igualando
os termos de mesmo grau se obtém o resultado para p ímpar.Observe que o
2n−1
X  k   
2n
que provamos acima é que: = .Isto é, a soma em k, com
2j − 1 2j
k=0
k variando de zero até um número ímpar, para provar a soma até um número
2n−1  
X 2n − 1 2k
par, devemos subtrair em (8) o polinômio (−1)k x , de onde ob-
2k − 1
k=1
teremos:
n    
X 2n 2n − 1
1+ (−1)k − x2k =
2k 2k − 1
k=1
             
0 1 2 2n − 2 3 4 2n − 2
− + + ... + x2 + + + ... + x4
0 1 1 1 3 3 3
     
2j − 1 2j 2n − 2
+ − ... + + + ... + (−1)j x2j + −...
2j − 1 2j − 1 2j − 1
(9)

15
   
n+1 n+1
Usando a relação de Stifel em (9), que nos diz que: + =
        p+1 p
n+2 n+1 n+2 n+1
⇒ = −
p+1 p+1 p+1 p
Substituindo o resultado acima em (9), novamente, por congruência polinomial,
teremos o resultado requerido até um número par.
Agora vamos provar o caso par. Vamos definir uma função gn (φ) tal que
gn : R → R e:
2n
X cos(kφ)
gn (φ) = 1 + (10)
cosk (φ)
k=1
Veja o que podemos dizer dessa função, para tanto, tome a diferença:

sen((k + 1)φ) sen(kφ) sen((k + 1)φ) − sen(kφ)cos(φ)


− = =
cosk (φ) cosk−1 (φ) cosk (φ)
sen(kφ)cos(φ) + cos(kφ)sen(φ) − sen(kφ)cos(φ) cos(kφ)sen(φ) sen((k + 1)φ)
= ⇒ −
cosk (φ) cosk (φ) cosk (φ)
2n   2n
sen(kφ) cos(kφ)sen(φ) X sen((k + 1)φ) sen(kφ) X cos(kφ)sen(φ)
= ⇒ − = ⇒
cosk−1 (φ) cosk (φ) cosk (φ) cosk−1 (φ) cosk (φ)
k=1 k=1
2n
sen((2n + 1)φ) X cos(kφ)sen(φ) sen((2n + 1)φ)
− sen(φ) = ⇒ = sen(φ) +
cos2n (φ) cosk (φ) cos2n (φ)
k=1
2n 2n
X cos(kφ)sen(φ) sen((2n + 1)φ) X cos(kφ)
⇒ = 1 +
cosk (φ) sen(φ)cos2n (φ) cosk (φ)
k=1 k=1

Comparando a igualdade acima com (10), concluímos a igualdade:


sen((2n + 1)φ)
gn (φ) = (11)
sen(φ)cos2n (φ)
Vamos memorizar a igualdade acima e encontrar novas relações para a função
gn (φ), veja o que podemos fazer:
cis((2n + 1)φ) − cis(−(2n + 1)φ) (cos(φ) + isen(φ))2n+1 − (cos(φ) − isen(φ))2n+1
sen((2n+1)φ) = = =
2i 2i
2n+1   2n+1
!
1 X 2n + 1 X 2n + 1
2n+1−k k k
cos (φ)i sen (φ) − (−1)k cos2n+1−k (φ)ik senk (φ) =
2i k k
k=1 k=1
n   n  
1 X 2n + 1 2n+1−(2k+1) 2k+1 2k+1
X 2n + 1
cos (φ)i sen (φ) = cos2n−2k (φ)i2k sen2k+1 (φ) =
i 2k + 1 2k + 1
k=0 k=0
n   n  
X 2n + 1 X 2n + 1
(−1)k cos2n−2k (φ)sen2k+1 (φ) ⇒ sen((2n+1)φ) = (−1)k cos2n−2k (φ)sen2k+1 (φ)
2k + 1 2k + 1
k=0 k=0
n  
sen((2n + 1)φ) X 2n + 1
⇒ = (−1)k tan2k (φ)
sen(φ)cos2n (φ) 2k + 1
k=0

16
Comparando a igualdade acima com (11), teremos que:
n  
X 2n + 1
gn (φ) = (−1)k tan2k (φ) (12)
2k + 1
k=0

Vamos memorizar a igualdade acima, e desenvolver (6) de modo apropriado,


veja como podemos fazer isso:
2n
X cos(kφ)
gn (φ) = 1 + =
cosk (φ)
k=1
2n 2n
1 X cis(kφ) + cis(−kφ) 1 X (cos(φ) + isen(φ))k + (cos(φ) − isen(φ))k
= 1+ k
= 1+
2 cos (φ) 2 cosk (φ)
k=1 k=1  
2n 2n k   k  
1X 1 X X k X k
= 1+ ((1+itan(φ))k +(1−itan(φ))k ) = 1+  (itan(φ))j + (−1)j (itan(φ))j  =
2 2 j=0
j j=0
j
k=1 k=1
2n X k   2n Xk  
1 X k 1 X k
1+ (itan(φ))j + (−1)j (itan(φ))j =
2 j=0
j 2 j=0
j
k=1 k=1
           
2 3 2n 4 5 2n
2n + 1 + + + ... + i2 .tan(φ) + + + ... + i4 tan4 (φ)
2 2 2 4 4 4
     
2j 2j + 1 2n
+ − ... + + + ... + (i)2j (tan(φ))2j + −... =
2j 2j 2j
           
2 3 2n 4 5 2n
2n + 1 − + + ... + tan(φ) + + + ... + i4 tan4 (φ)
2 2 2 4 4 4
     
2j 2j + 1 2n
+ − ... + + + ... + (−1)j (tan(φ))2j + −... =
2j 2j 2j
De onde concluímos que sempre vale:

gn (φ) =
           
2 3 2n 4 5 2n
2n + 1 − + + ... + tan(φ) + + + ... + i4 tan4 (φ)
2 2 2 4 4 4
     
2j 2j + 1 2n
+ − ... + + + ... + (−1)j (tan(φ))2j + −...
2j 2j 2j

17
Comparando a igualdade acima com (12), teremos que:
n  
X 2n + 1
(−1)k tan2k (φ) =
2k + 1
k=0
           
2 3 2n 4 5 2n
2n + 1 − + + ... + tan(φ) + + + ... + i4 tan4 (φ)
2 2 2 4 4 4
     
2j 2j + 1 2n
+ − ... + + + ... + (−1)j (tan(φ))2j + −...
2j 2j 2j
(13)

Como a tangente percorre todos os reais, a igualdade acima deve ser válida para
todos os reais, fazendo x = tan(φ), teremos uma igualdade de polinômios em x,
e como dois polinômios são iguais se os coeficientes dos termos de mesmo grau
são iguais, daí chega-se a conclusão que se deseja.Observe que o que provamos
2n    
X k 2n + 1
acima é que: = .Isto é, a soma em k, com k variando de
2j 2j + 1
k=0
zero até um número par, para provar a soma até um número ímpar, devemos
subtrair em (13) um polinômio conveniente, usar a relação de Stifel, como foi
usada anteriormente e concluir a solução do problema pedido .

18
Solução 2:Use somente a relação de Stifel, a soma é telescópica.

19
3. (“103 Trigonometry Problems from the training of the USA IMO Team”-
Titu Andreescu) Let ABC be a triangle. Prove that

A B C A B C
sen2 + sen2 + sen2 + 2sen sen sen = 1
2 2 2 2 2 2
Conversely, prove that if x, y, z are positive real numbers such that:

x2 + y 2 + z 2 + 2xyz = 1
A B C
then there is a triangle ABC such that x = sen , y = sen , z = sen
2 2 2
Solução:
Vamos provar primeiro a primeira parte do enunciado, para isto considere que
se alpha, beta e gamma são ângulos de um triângulo, então vale :
 
α β γ α+β+γ
sec sec sec cos =0⇔
2 2 2 2
     
α β γ α+β γ α+β γ
sec sec sec cos cos − sen sen =0⇔
2 2 2 2 2 2 2
    
α β γ α β α β γ α β α β γ
sec sec sec cos cos − sen sen cos − sen cos + cos sen sen =0⇔
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
 
α β γ α β γ α β γ α γ β β γ α
sec sec sec cos cos cos − sen sen cos − sen sen cos − sen sen cos =0⇔
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
 
α β α γ β γ
1 − tan tan + tan tan + tan tan =0⇔
2 2 2 2 2 2
α    
β α γ  β γ 
tan tan + tan tan + tan tan =1 (14)
2 2 2 2 2 2
Sendo assim, se alpha,beta e gamma são ângulos de um triângulo então,
a identidade para tangentes vale.Nós vamos usar este fato para provar que se
alpha e beta e gamma são ângulos de um triângulo, então a identidade de senos
acima vale.A forma que faremos isso é provando que a identidade para tangentes
implica na identidade para senos.
Podemos usar o fato de alpha, beta, gamma serem ângulos de um triângulo
a nosso favor, veja:
cos α2 cos γ2
 
1
 −1=  −1=
1 − tan α2 tan γ2 cos α2 cos γ2 − sen α2 sen γ2
   

sen α2 sen γ2 sen α2 sen γ2 sen α2 sen γ2 sen α2 sen γ2


  
=  = =
cos α+γ sen π2 − α+γ
    
2 2 sen α+β+γ2 − α+γ
2 sen β2
Por simetria, podemos ver:

20
α γ
 
1 sen 2 sen 2
α γ −1= (15)
   
1 − tan 2 tan 2 sen β2
 
α β

1 sen 2 sen 2
  −1= γ
 (16)
α β sen

1 − tan 2 tan 2 2

 
β γ

1 sen 2 sen 2
   −1= α
 (17)
1 − tan β
tan γ sen 2
2 2

É possível ver, pelas relações acima que:


v
u ! 
α u 1 1
sen =t  −1    − 1 (18)
u
1 − tan α2 tan γ2

2 1 − tan α2 tan β2


v  
  u
β u 1 1
sen = t  − 1    − 1 (19)
u
 
2 1 − tan β tan γ
1 − tan α

tan β
2 2 2 2

v 
u !
γ  u 1 1
sen = t  − 1  −1 (20)
u
α γ
  
2 1 − tan β
tan γ 1 − tan 2 tan 2
2 2

Partindo de (14), veja o que podemos fazer.Vamos usar u,v e w para repre-

α β
sentar as tangentes de alpha, beta e gamma, isto é, tan = u, tan =
γ  2 2
v, tan =w:
2
uv + vw + uw = 1
Multiplicando a igualdade acima por -1 e somando 3 nos dois lados da igual-
dade resultante, teremos:

(1 − uv) + (1 − vw) + (1 − uw) = 2


Dividindo ambos os lados da igualdade por (1-uv)(1-uw)(1-vw), teremos:

21
            
1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ + =2
1 − uw 1 − uv 1 − vw 1 − uv 1 − uw 1 − vw 1 − uw 1 − uv 1 − vw
1 1 1
Fazendo a substituição x = ,y = ,z = , nossa expressão
1 − vw 1 − uw 1 − uv
fica na forma:

xy + xz + yz = 2xyz (21)
Ao multiplicar a igualdade acima por -1, depois somar 1 + 2xyz nos dois
lados da igualdade, e depois somar e subtrair xy + xz + yz + 2x + 2y + 2z no
lado esquerdo da igualdade resultante, e arranjar os termos convenientemente,
não é difícil ver que a igualdade (21) é equivalente a expressão abaixo:

(xy − x − y + 1) + (yz − z − y + 1) + (xz − z − x + 1) + 2xyz − 2xy − 2xz − 2yz +


2x + 2y + 2z − 2 = 1 ⇔

(−x(−y + 1) − y + 1) + (−y(−z + 1) − z + 1) + (−z(−x + 1) − x + 1) +


2y(xz − x) − 2(xz − x) − 2z(y − 1) + 2(y − 1) = 1 ⇔

(1−x)(1−y)+(1−y)(1−z)+(1−x)(1−z)+2(xz−x)(y−1)−2z(y−1)+2(y−1) =
1⇔

(1 − x)(1 − y) + (1 − y)(1 − z) + (1 − x)(1 − z) + 2(y − 1)((xz − x) − z + 1) = 1 ⇔

(1 − x)(1 − y) + (1 − y)(1 − z) + (1 − x)(1 − z) + 2(y − 1)(−x(1 − z) − z + 1) = 1 ⇔

(1 − x)(1 − y) + (1 − y)(1 − z) + (1 − x)(1 − z) + 2(y − 1)(1 − z)(1 − x) = 1 ⇔

(x − 1)(y − 1) + (y − 1)(z − 1) + (x − 1)(z − 1) + 2(y − 1)(z − 1)(x − 1) = 1

Desfazendo a substituição, teremos:

        
1 1 1 1 1 1
−1 −1 + −1 −1 + −1 −1 +
1 − vw
  1 − uw   1 − vw  1 − uv 1 − uw 1 − uv
1 1 1
2 −1 −1 −1 =1
1 − uv 1 − uw 1 − vw

Como u,v e w nada mais são do que as tangentes de alpha, beta e gamma,
se efetuarmos as substituições (15),(16) e (17), finalmente teremos:
α β γ α β γ
sen2 + sen2 + sen2 + 2sen sen sen = 1
2 2 2 2 2 2

22
O que a segunda parte nos diz é que se x2 +y 2 +z 2 +2xyz = 1 então podemos
substituir x,y e z por senos de alpha/2, beta/2 e gamma/2, sendo alpha, beta
e gamma ângulos de um triângulo.Para a segunda parte o leitor pode ver a
demonstração no artigo de Daniel Campos Salas e Vardan Verdiyan “Simple
trigonometric substitutions with broad results”, está logo no início do artigo.Em
todo caso, vou deixar aqui uma segunda demonstração.Faça a substituição:

r r r
x + yz y + xz z + xy
u=x ;v = y ;w = z
(y + xz)(z + xy) (x + yz)(z + xy) (x + yz)(y + xz)
De fato, podemos fazer essa substituição, pois u,v e w são variáveis que não
existem no enunciado, e portanto não há restrição de valores que podem assu-
mir, em outras palavras, u,v,w podem assumir qualquer valor que desejarmos.E
ainda, x,y e z são reais positivos e uma composição de números reais positivos
também é um número real.Multiplicando essas igualdades duas a duas, teremos:
yz xy xz
vw = ; uv = ; uw = ;
x + yz z + xy y + xz
Tome a primeira das igualdades acima e observe que:

yz yz
1 + yz

yz x x x −1
vw = ⇒ vw = x+yz ⇒ vw = ⇒ vw =
x + yz x
1 + yz
x 1 + yz
x
1 1 1 yz
⇒ vw = 1 − ⇒ = 1 − vw ⇒ = 1 + ⇒
1 + yz
x 1 + yzx 1 − vw x
yz 1
⇒ = − 1;
x 1 − vw

Por simetria, chegamos as igualdades:


yz 1 xz 1 xy 1
= − 1; = − 1; = − 1;
x 1 − vw y 1 − uw z 1 − uv
Multiplicando essas igualdades duas a duas, teremos:

23
s  
1 1
x= −1 −1 (A)
1 − uv 1 − uw
s  
1 1
y= −1 −1 ; (B)
1 − uv 1 − vw
s  
1 1
z= −1 −1 ; (C)
1 − uw 1 − vw
Observe que uma implicação lógica dessa substituição é:

    
2 2 2 1 1 1 1
x +y +z +2xyz = 1 ⇒ −1 −1 + −1 −1 +
  − vw
1 1 −uw 1 −vw
 1 −uv
1 1 1 1 1
−1 − 1 +2 −1 −1 −1 =
1 − uw 1 − uv 1 − uv 1 − uw 1 − vw
1

Já sabemos que essa expressão é equivalente a:

uv + vw + uw = 1
α  
β
Fazendo a substituição por tangentes1 , ou seja, fazendo tan = u, tan =
γ  2 2
v, w = , chegamos a:
2
α    
β α γ  β γ 
tan tan + tan tan + tan tan =1
2 2 2 2 2 2

Sabemos que essa expressão implica que:


 
α β γ α+β+γ
sec sec sec cos =0
2 2 2 2

Pelo resultado acima alpha, beta e gamma devem ser ângulos(ao supor que
α, β e γ estão no intervalo (0, π)2 ) de um triângulo.Como alpha, beta e gamma
são ângulos de um triângulo, o resultado segue naturalmente substituindo (18),
(19) e (20) em (A),(B) e (C) .

 π π
1 Observeque a tangente é bijetora no intervalo − , , e portanto, podemos fazer essa
2 2
substituição.
2 De fato, a tangente percorre todos os reais positivos no intervalo 0, π , isso implica que
 
2
existe um ângulo neste intervalo correspondente a qualquer valor numérico positivo.

24
4. (“103 Problems From the Training USA IMO Team”-Titu Andreescu)Let
a,b , c nonnegative real numbers such that:

a2 + b2 + c2 + abc = 4

Prove that :

0 ≤ ab + bc + ac − abc ≤ 2
Solução 1:
Vamos provar primeiro o lado esquerdo, que é mais fácil:

0 ≤ ab + bc + ac − abc (22)

O enunciado nos diz que a,b e c não são negativos, mas não diz nada sobre o
fato de serem iguais a zero.Suponha então que apenas uma das variáveis seja
igual a zero, por exemplo a=0. Então teremos

ab + bc + ac − abc = bc > 0

O que é verdadeiro pois b e c não podem ser negativos e supomos que somente a
é igual a zero. Suponha, agora que tenhamos duas variáveis iguais a zero, então
teremos
ab + bc + ac − abc = 0
É o caso em que ocorre a igualdade.Agora, não podemos supor que a,b e c sejam
todos iguais a zero, pois temos uma igualdade a cumprir, a saber a2 + b2 + c2 +
abc = 4, portanto a,b e c não podem ser todos iguais a zero.Vamos analisar
agora o caso a, b, c > 0 .Suponha, por absurdo que

ab + bc + ac − abc < 0

Isto implica que


ab + bc + ac < abc
Dividindo ambos os lados da desigualdade por abc, teremos:
1 1 1
+ + <1
c b a
Mas para que a desigualdade acima seja verdadeira, deve ocorrer, no mínimo,
que a, b, c > 1. Mas se a, b, c > 1 então a2 + b2 + c2 + abc > 4, o que contradiz
a condição para que a desigualdade seja verdadeira.Agora, vamos provar o lado
direito, isto é:
ab + bc + ac − abc ≤ 2 (23)
A ideia por trás da solução é efetuar uma substituição trigonométrica e fazer a
condição , que torna a desigualdade verdadeira, recair em uma identidade tri-
gonométrica válida para ângulos de um triângulo.Veja que podemos fazer isso
usando a propriedade que as funções seno, cosseno, tangente ou cotangente pos-
suem, de serem bijetoras em intervalos previamente definidos.Vamos reescrever

25
a condição de modo a tornar isto óbvio.Veja:

a2 b2 c2 abc a2 b2 c2 2abc
a2 +b2 +c2 +abc = 4 =⇒ + + + = 1 =⇒ + + + = 1 =⇒
4 4 4 4 4 4 4 8
 a 2  b 2  c 2 a b c
+ + +2 =1
2 2 2 2 2 2

α β γ
Fazendo a = 2sen ,b = 2sen ,c = 2sen , recaímos na identidade trigono-
2 2 2
métrica:
α β γ α β γ
sen2 + sen2 + sen2 + 2sen sen sen = 1
2 2 2 2 2 2
Esta identidade trigonométrica é válida quando α, β, γ são ângulos de um
triângulo, já provamos isso na questão 3.Por outro lado, efetuando essa substi-
tuição em (23), nossa desigualdade fica reescrita da seguinte forma:
α β β γ α γ α β γ
4sen sen + 4sen sen + 4sen sen − 8sen sen sen ≤ 2
2 2 2 2 2 2 2 2 2
α β β γ α γ α β γ
2sen sen + 2sen sen + 2sen sen − 4sen sen sen ≤ 1
2 2 2 2 2 2 2 2 2
α β β γ α γ α β γ
2sen sen + 2sen sen + 2sen sen ≤ 1 + 4sen sen sen
2 2 2 2 2 2 2 2 2
α β β γ α γ
2sen sen + 2sen sen + 2sen sen ≤ cosα + cosβ + cosγ
2 2 2 2 2 2
α β β γ α γ
2sen sen + 2sen sen + 2sen sen ≤
2 2 2 2 2 2
α α β β γ γ
cos2 − sen2 + cos2 − sen2 + cos2 − sen2
2 2 2 2 2 2
α β β γ α γ α β γ
2sen sen + 2sen sen + 2sen sen + sen2 + sen2 + sen2 ≤
2 2 2 2 2 2 2 2 2
α β γ
cos2 + cos2 + cos2
2 2 2
 2
α β γ α β γ
sen + sen + sen ≤ cos2 + cos2 + cos2
2 2 2 2 2 2
 2
α β γ α β γ
cos2 + cos2 + cos2 ≥ sen + sen + sen
2 2 2 2 2 2

A desigualdade (23) é equivalente a desigualdade acima.Agora, nos resta


provar a desigualdade acima.Primeiramente, seja S o semiperímetro e a,b e c
lados de um triângulo 3 , então vale que:

3 Não confunda as variáveis a,b,c do enunciado com essas variáveis a,b,c, que representam

os lados de um triângulo qualquer.

26
r r r
α (S − b)(S − c) β (S − a)(S − c) γ (S − a)(S − b)
sen = ; sen = ; sen =
2 bc 2 ac 2 ab
(24)
r r r
α S(S − a) β S(S − b) γ S(S − c)
cos = ; cos = ; cos = (25)
2 bc 2 ac 2 ab
Na página 10 desse PDF, provamos as relações (25).Provemos (24).Pela lei
dos cossenos e usando que cos(2x) = 1 − 2sen2 x:
  α   α  a2 − (b2 − 2bc + c2 )
a2 = b2 + c2 − 2bccosα ⇔ a2 = b2 + c2 − 2bc 1 − 2sen2 ⇔ sen2 = =
2 2 4bc
a2 − (b − c)2
   
(a + b − c)(a − b + c) 1 a + b + c − 2c a + b + c − 2b
= = =
4bc 4bc bc 2 2
   s   
1 a+b+c a+b+c α 1 a+b+c a+b+c
−c − b ⇔ sen = −b −c ⇔
bc 2 2 2 bc 2 2
r
α (S − b)(S − c)
sen =
2 bc
Por simetria, conclui-se os outros casos.
Considere um triângulo ABC arbitrário e uma circunferência inscrita nesse
triângulo, então, os pontos de tangência da circunferência delimitam retas iguais
duas a duas.Observe que esta afirmação está geometricamente fundamentada,
uma vez que se duas retas tangenciam uma circunferência e se estas retas se
interceptam em um ponto exterior a mesma, então, a distância do ponto de in-
terseção das retas aos pontos de tangência são iguais.Portanto, podemos dividir
os lados de um triângulo conforme a figura abaixo:
B

x x

c z
y

A C
y z

Logo, nos é lícita a seguinte substituição a = y + z, b = x + z, c = x +


y.Esta transformação é conhecida como transformação de Ravi e pode ser útil

27
em diversas outras aplicações.Fazendo esta substituição, teremos que:

a+b+c (x + y) + (y + z) + (x + z)
S= = =x+y+z
2 2
De onde obteremos:
S − a = x + y + z − (x + y) = z
S − b = x + y + z − (y + z) = x
S − c = x + y + z − (x + z) = y

Substituindo em (24) e (25), teremos:

r r r
α yz β xz γ xy
sen = ; sen = sen = ;
2 (x + y)(x + z) 2 (x + y)(y + z) 2 (y + z)(x + z)
(26)

s s s
α x(x + y + z) β y(x + y + z) γ z(x + y + z)
cos = ; cos = cos = ;
2 (x + y)(x + z) 2 (x + y)(y + z) 2 (y + z)(x + z)
(27)
Considere a desigualdade de Cauchy-Schwarz s em 3 variáveis, fazendo
s a subs-
√ √ √ 1 1
tituição a1 = xy, a2 = xz, a3 = yz e b1 = , b2 = , b3 =
(x + z)(y + z) (x + y)(y + z)
s
1
é possível ver que vale a desigualdade abaixo:
(x + z)(x + y)

Desigualdade A:
 
1 1 1
(xy + xz + yz) + + ≥
(x + z)(y + z) (x + y)(y + z) (x + z)(x + y)
r r r 2
xy xz yz
+ +
(x + z)(y + z) (x + y)(y + z) (x + z)(x + y)
texto a ser colorido

Vamos memorizar a desigualdade acima nesta forma.Considere agora que:

2(xy + yz + xz)(x + y + z) = 2(xy + yz + xz)(x + y + z) ⇔

(2xy + 2yz + 2xz)(x + y + z) = (xy + yz + xz)(2x + 2y + 2z) ⇔


((xz+yz)+(xy+xz)+(xy+yz))(x+y+z) = (xy+yz+xz)((x+y)+(x+z)+(y+z)) ⇔
(z(x+y)+x(y+z)+y(x+z))(x+y+z) = (xy+yz +xz)((x+y)+(x+z)+(y+z))
Dividindo ambos os lados dessa igualdade por (x + y)(x + z)(y + z), vem:

28
 
z x y
+ + (x + y + z) =
(x + z)(y + z) (x + z)(x + y) (x + y)(y + z) 
1 1 1
(xy + xz + yz) + +
(x + z)(y + z) (x + z)(x + y) (x + y)(y + z)
De onde se conclui a igualdade abaixo:

Igualdade A:

z(x + y + z) x(x + y + z) y(x + y + z)


+ + =
(x + z)(y
 + z) (x + z)(x + y) (x + y)(y + z) 
1 1 1
(xy + xz + yz) + +
(x + z)(y + z) (x + z)(x + y) (x + y)(y + z)

Substituindo a “Igualdade A” no lado esquerdo da “Desigualdade A”, obte-


mos:

z(x + y + z) x(x + y + z) y(x + y + z)


+ + ≥
(x + z)(y + z) (x + z)(x + y) (x + y)(y + z)
r r r 2
xy xz yz
+ +
(x + z)(y + z) (x + y)(y + z) (x + z)(x + y)

Efetuando a substituição (26) e (27) na desigualdade acima, finalmente chega-se


ao resultado:
 2
α β γ α β γ
cos2 + cos2 + cos2 ≥ sen + sen + sen
2 2 2 2 2 2

29
Solução 2:

Vou dar uma segunda solução para o lado direito, sem que seja necessário
fazer uma substituição trigonométrica.Às vezes o que precisamos em uma ques-
tão desse tipo não é nada mais do que criatividade.Faça a substituição:
s s s
2a + bc 2b + ac 2c + ab
u=a ;v = b ;w = c
(2b + ac)(2c + ab) (2a + bc)(2c + ab) (2a + bc)(2b + ac)
De fato, podemos fazer essa substituição, pois u,v e w são variáveis que não exis-
tem no enunciado, e portanto não há restrição de valores que podem assumir, em
outras palavras, u,v,w podem assumir qualquer valor que desejarmos.E ainda,
a,b e c são positivos e uma composição de números reais positivos também é
um número real.Multiplicando essas igualdades duas a duas, teremos:
bc ab ac
vw = ; uv = ; uw = ;
2a + bc 2c + ab 2b + ac
Tome a primeira das igualdades acima e observe que:
bc bc bc

bc 2a 2a
1 + 2a −1
vw = ⇒ vw = 2a+bc ⇒ vw = bc
⇒ vw = bc
2a + bc 2a 1 + 2a 1 + 2a
1 1 1 bc
⇒ vw = 1 − bc
⇒ bc
= 1 − vw ⇒ =1+ ⇒
1 + 2a 1 + 1 − vw 2a
  2a
bc 1
⇒ =2 −1 ;
a 1 − vw
Aplicando o mesmo raciocínio para os outros lados, chegamos as igualdades:
     
bc 1 ac 1 ab 1
=2 −1 ; =2 −1 ; =2 −1 ;
a 1 − vw b 1 − uw c 1 − uv

Multiplicando essas igualdades duas a duas, teremos:


s  
1 1
a=2 −1 −1
1 − uv 1 − uw
s  
1 1
b=2 −1 −1 ;
1 − uv 1 − vw
s  
1 1
c=2 −1 −1 ;
1 − uw 1 − vw
Observe que uma implicação lógica dessa substituição é:

a2+ b2 + c2 + =4⇒
abc       
1 1 1 1 1 1
4 −1 − 1 +4 −1 − 1 +4 −1 −1 +
1 − uv 1 − uw 1 − uv 1 − vw 1 − uw 1 − vw

30
   
1 1 1
8 −1 −1 −1 =4
1 − uv 1 − uw 1 − vw
Dividindo tudo por 4, teremos que a condição ficará reescrita como:
        
1 1 1 1 1 1
−1 −1 + −1 −1 + −1 −1 +
1 − vw
  1 − uw   1 − vw  1 − uv 1 − uw 1 − uv
1 1 1
2 −1 −1 −1 =1
1 − uv 1 − uw 1 − vw
Já sabemos que essa expressão é equivalente a:

uv + vw + uw = 1

Por outro lado, nossa desigualdade fica reescrita como:


  s     s  
1 1 1 1 1 1
2 −1 −1 − 1 +2 −1 −1 −1 +
1 − uv 1 − vw 1 − uw 1 − uw 1 − vw 1 − uv
  s      
1 1 1 1 1 1
2 −1 −1 − 1 −4 −1 −1 −1 ≤
1 − vw 1 − uw 1 − uv 1 − uv 1 − uw 1 − vw
1

  s    s  
uv vw uw uw vw uv
2 +2 +
1 − uv1 − vw 1 − uw 1 − uw 1 − vw 1 − uv
 s
       
vw uw uv uv uw vw
2 −4 ≤1
1 − vw 1 − uw 1 − uv 1 − uv 1 − uw 1 − vw
Usando que uv + vw + uw = 1, teremos:
  s     s  
uv vw uw uw vw uv
2 +2 +
vw + uw uv + uw vw + uv vw + uv uv + uw uw + vw
  s      
vw uw uv uv uw vw
2 −4 ≤
uv + uw uv + vw uw + vw uw + vw uv + vw uv + uw
1

s s s
2uv 1 2uw 1 2vw 1
+ + −
v+u (u + w)(v + w) w + u (v + w)(u + v) v + w (u + v)(u + w)
4uvw
≤1
(u + v)(v + w)(u + w)

31
p p p
2uv (u + w)(v + w) 2uw (v + w)(u + v) 2vw (u + v)(u + w) 4uvw
+ + − ≤
(u + w)(v + w)(v + u) (u + w)(v + w)(v + u) (u + v)(v + w)(u + w) (u + v)(v + w)(u + w)
1

Nossa desigualdade ficará reescrita como:

Desigualdade A:
p p p
2uv (u + w)(v + w) 2uw (v + w)(u + v) 2vw (u + v)(u + w)
+ + −
(u + w)(v + w)(v + u) (u + w)(v + w)(v + u) (u + v)(v + w)(u + w)
4uvw
≤1
(u + v)(v + w)(u + w)

A desigualdade que temos que provar agora é a Desigualdade A.Vamos prová-


la, para tanto, considere que o quadrado de todo número real é positivo, sendo
assim teremos:

p p p
0 ≤p ( (v + w) − (u + w))2 ⇒ 2 (v + w)(u + w) ≤ (v + w) + (u + w) ⇒
2uv (v + w)(u + w) ((v + w) + (u + w))uv

(v + w)(u + w)(u + v) (v + w)(u + w)(u + v)
p p p
0 ≤ p( (v + w) − (u + v))2 ⇒ 2 (v + w)(u + v) ≤ (v + w) + (u + v) ⇒
2uw (v + w)(u + v) ((v + w) + (u + v))uw

(v + w)(u + w)(u + v) (v + w)(u + w)(u + v)
p p p
0 ≤p ( (u + w) − (u + v))2 ⇒ 2 (u + w)(u + v) ≤ (u + w) + (u + v) ⇒
2vw (u + w)(u + v) ((u + w) + (u + v))vw

(v + w)(u + w)(u + v) (v + w)(u + w)(u + v)
4uvw
Somando todas as desigualdades acima e subtraindo em
(v + w)(u + w)(u + v)
ambos os lados, teremos a desigualdade abaixo (que vamos chamar de desigual-
dade B):

32
Desigualdade B:
p p p
2uv (v + w)(u + w) 2uw (v + w)(u + v) 2vw (u + w)(u + v)
+ + −
(v + w)(u + w)(u + v) (v + w)(u + w)(u + v) (v + w)(u + w)(u + v)
4uvw

(v + w)(u + w)(u + v)
((v + w) + (u + w))uv + ((u + w) + (u + v))vw + ((v + w) + (u + v))uw

(v + w)(u + w)(u + v)
4uvw
(v + w)(u + w)(u + v)

É possível ver que

((v + w) + (u + w))uv + ((u + w) + (u + v))vw + ((v + w) + (u + v))uw − 4uvw =


(u + v)uv + (v + w)vw + (u + w)uw + 2uvw =
uv(u + v + w) + (u + v + w)uw + (v + w)vw =
u(u + v + w)(v + w) + (v + w)vw =
(v + w)(u(u + v) + uw + vw) =
(v + w)(u(u + v) + w(u + v)) =
(v + w)(u + w)(u + v)

Substituindo esse resultado na Desigualdade B, provamos a Desigualdade


A.Quod erat demonstrandum .

33
5. (“103 Problems From the Training USA IMO Team”-Titu Andreescu)In
3
triangle ABC, show that cosA + cosB + cosC ≤
2
Solução 1:
Pela desigualdade das médias, teremos:

x + y ≥ 2 xy (28)

x + z ≥ 2 xz (29)

y + z ≥ 2 yz (30)
Multiplicando (28), (29) e (30), teremos:

(x + y)(x + z)(y + z) ≥ 8xyz


1 xyz

8 (x + y)(x + z)(y + z)
r r r
1 xy xz yz

8 (x + z)(y + z) (x + y)(y + z) (x + y)(x + z)
Mas pela substituição (26), temos que:

1 α β γ
≥ sen sen sen
8 2 2 2
1 α β γ
≥ 4sen sen sen
2 2 2 2
1 α β γ
+ 1 ≥ 1 + 4sen sen sen
2 2 2 2
3
≥ cosα + cosβ + cosγ
2
3
cosα + cosβ + cosγ ≤
2

34
Solução 2: Vamos quebrar um pouco a monotonia das soluções e aplicar
ideias diferentes.Pela desigualdade das médias, sabemos que:
a b
+ ≥2
b a
a c
+ ≥2
c a
c b
+ ≥2
b c
Somando essas três desigualdades, temos que:
a c  b c
 
a b

+ + + + + ≥6
b b a a c c
Somando 3 nos dois lados da desigualdade acima, teremos:
 
1 1 1
(a + b + c) + + ≥9⇔
b a c
(a + b + c) (ab + bc + ac) ≥ 9abc ⇔
ab(a + b) + bc(b + c) + ac(a + c) ≥ 6abc ⇔
ab(a + b) + abc + bc(b + c) + abc + ac(a + c) ≥ 8abc ⇔
ab(a + b + c) + bc(a + b + c) + ac(a + c) ≥ 8abc ⇔
(a + b + c)(ab + bc) + ac(a + c) ≥ 8abc ⇔
(ab + b2 + bc)(a + c) + ac(a + c) ≥ 8abc ⇔
(ab + b2 + bc + ac)(a + c) ≥ 8abc ⇔
(b(a + b) + (a + b)c)(a + c) ≥ 8abc ⇔
(b + c)(a + c)(a + b) ≥ 8abc
α β γ
Fazendo4 a = tan , b = tan , c = tan :
2 2 2
   
α β α γ β γ α β γ
tan + tan tan + tan tan + tan ≥ 8tan tan tan
2 2 2 2 2 2 2 2 2
! !
sen α2 cos β2 + cos α2 sen β2 sen α+β
 
α β 2
Desde que cyc tan + tan = cyc = cyc =
2 2 cos α2 cos β2 cos α2 cos β2
       
cos π2 − α+β cos α+β+γ − α+β
!
2 2 2 cos γ2
cyc   = cyc   = cyc , a
cos α2 cos β2 cos α2 cos β2 cos α2 cos β2
desigualdade acima é equivalente a:
4 Eubem poderia ter provado essa desigualdade como explicitado na primeira solução do
problema 5, faça suas escolhas, a matemática tem vários caminhos

35
1 α β γ
≥ sen sen sen
8 2 2 2
Que, como vimos anteriormente, é equivalente a desigualdade do enunciado.

36
Solução 3: Na questão 21, provaremos que:

sen2α + sen2β + sen2γ ≤ senα + senβ + senγ

Pelas identidades 2 e 3, sabemos que:


α β γ
senα + senβ + senγ = 4cos cos cos
2 2 2

sen2α + sen2β + sen2γ = 4senαsenβsenγ


Então a desigualdade acima é equivalente a:
α β γ
senαsenβsenγ ≤ cos cos cos
2 2 2
Usando o seno do arco duplo, chegamos à desigualdade abaixo:
α β γ 1
sen sen sen ≤
2 2 2 8
Que já sabemos ser equivalente à desigualdade do problema.

37
6. (“103 Problems From the Training USA IMO Team”-Titu Andreescu)Let
ABC be a triangle. Prove that:
A B C 3
sen2 + sen2 + sen2 ≥
2 2 2 4
Solução 1:

Pela desigualdade que relaciona a média aritmética e geométrica em seis


variáveis, sabemos que vale:
a+b+c+d+e+f p
≥ 6 abcdef
6
Fazendo a = x2 y, b = xy 2 , c = xz 2 , d = x2 z, e = y 2 z, f = yz 2 , teremos:

x2 y + xy 2 + xz 2 + x2 z + y 2 z + yz 2 ≥ 6xyz

xy(x + y) + xz(x + z) + yz(y + z) ≥ 6xyz


xy xz yz 6xyz
+ + ≥
(x + z)(y + z) (x + y)(y + z) (x + y)(x + z) (x + y)(x + z)(y + z)
Pela substituição (26), teremos:
A B C A B C
sen2 + sen2 + sen2 ≥ 6sen sen sen
2 2 2 2 2 2
A B C A B C A B C
Usando que sen2 +sen2 +sen2 +2sen sen sen = 1 ⇒ 2sen sen sen =
 2 2 2 2 2 2 2 2 2
2A 2B 2C
1 − sen + sen + sen , substituindo na desigualdade, teremos:
2 2 2
  
A B C A B C
sen2 + sen2 + sen2 ≥ 3 1 − sen2 + sen2 + sen2
2 2 2 2 2 2

Daqui segue o resultado...

38
Solução 2: Multiplicando a desigualdade por -2 e somando 3 em ambos os
lados da desigualdade resultante, e usando o cosseno do arco duplo, recaímos
na desigualdade do problema anterior.

39
7. (“103 Problems From the Training USA IMO Team”-Titu Andreescu)Let
ABC be a triangle. Prove that:

cotAcotB + cotBcotC + cotAcotC = 1

Conversely, prove that if x, y,z are real numbers with xy + yz + xz = 1, then


there exists a triangle ABC such that cotA = x, cotB = y and cotC = z.
Solução 1:
Sejam x,y e z números complexos tais que x + y + z = xyz, veja o que podemos
fazer com a igualdade abaixo:

4(x + y + z)
=1
4(x + y + z)

x + y + z + 3(x + y + z)
=1
4(x + y + z)
x + y + z + 3xyz
=1
4(x + y + z)
x + y + z + 3xyz + (x2 y + xy 2 + x2 z + xz 2 + yz 2 + y 2 z) − (x2 y + xy 2 + x2 z + xz 2 + yz 2 + y 2 z)
=1
4(x + y + z)
(x − xy 2 − xz 2 + (x + y + z)yz) + (y − yx2 − yz 2 + (x + y + z)xz) + (z − zx2 − zy 2 + (x + y + z)xy)
=1
4(x + y + z)
(x − xy 2 − xz 2 + xy 2 z 2 ) + (y − yx2 − yz 2 + x2 yz 2 ) + (z − zx2 − zy 2 + x2 y 2 z)
=1
4(x + y + z)
(1 − y 2 − z 2 + y 2 z 2 )x (1 − x2 − z 2 + x2 z 2 )y (1 − x2 − y 2 + x2 y 2 )z
+ + =1
4(x + y + z) 4(x + y + z) 4(x + y + z)
(1 − y 2 )(1 − z 2 )x (1 − x2 )(1 − z 2 )y (1 − x2 )(1 − y 2 )z
+ + =1
4(x + y + z) 4(x + y + z) 4(x + y + z)
(1 − y 2 )(1 − z 2 )x (1 − x2 )(1 − z 2 )y (1 − x2 )(1 − y 2 )z
+ + =1
4xyz 4xyz 4xyz
(1 − y 2 )(1 − z 2 ) (1 − x2 )(1 − z 2 ) (1 − x2 )(1 − y 2 )
+ + =1
4yz 4xz 4xy

Fazendo x=1/a,y=1/b e z=1/c, podemos ver facilmente que se


ab + ac + bc = 1, então vale:

(1 − b2 )(1 − c2 ) (1 − a2 )(1 − c2 ) (1 − b2 )(1 − c2 )


+ + =1
4bc 4ac 4bc

40
α β γ
Fazendo tan = a, tan = b, tan = c, nossa condição fica reescrita como
2 2 2
α β β γ α γ
tan tan +tan tan +tan tan = 1, bem como essa condição deve implicar
2 2 2 2 2 2
que:
   
1 − tan2 α2 1 − tan2 β2 1 − tan2 β2 1 − tan2 γ2

1 − tan2 α2 1 − tan2 γ2
 
+ + =1
4tan α2 tan β2 4tan α2 tan γ2 4tan β2 tan γ2

Usando que para qualquer u real temos que


2tanu 1 − tan2 u
tan2u = ⇒ cot2u = , teremos que:
1 − tan2 u 2tanu
cotαcotβ + cotβcotγ + cotαcotγ = 1

Mas nossa condição para que a igualdade acima seja verdadeira é que
α β β γ α γ
tan tan + tan tan + tan tan = 1, mas veja que isso só pode acontecer
2 2 2 2 2 2
se alpha, beta e gamma são ângulos de um triângulo, provando assim o que
queríamos.
O que a segunda parte nos diz é que se xy + xz + yz = 1 então podemos
substituir x, y e z por cotangentes de alpha, beta e gamma, sendo alpha, beta
e gamma p ângulos de um triângulo.Para
p a segunda
p parte, faça a substituição
m = x + 1 + x2 , n = y + 1 + y 2 , o = z + 1 + z 2 , desde que 2x = x +
p p p 1 1
1 + x2 + x − 1 + x2 = x + 1 + x2 − √ = m − , por simetria
x + 1 + x2 m
concluímos as igualdades:
 
1 1
x= m−
2 m
 
1 1
y= n−
2 n
 
1 1
z= o−
2 o
Observe que:
        
1 1 1 1 1 1 1 1 1
m− n− + m− o− + n− o− =1⇔
4 m n 4 m o 4 n o
     
n m 1 o m 1 n o 1
mn − − + + mo − − + + no − − + =4⇔
m n mn m o mo o n no
(m2 n2 o−n2 o−m2 o+o)+(m2 o2 n−m2 n−o2 n+n)+(n2 o2 m−n2 m−o2 m+m) = 4mno ⇔
m2 n2 o+m2 o2 n+n2 o2 m−(m+n+o)(mn+no+mo)+3mno+m+n+o = 4mno ⇔
mno(mn + no + mo) − (m + n + o)(mn + no + mo) − mno + m + n + o = 0 ⇔
(mno − (m + n + o))(mn + no + mo) − mno + m + n + o = 0 ⇔

41
(mno − (m + n + o))(mn + no + mo − 1) = 0
Temos duas possibilidades ou mno−(m+n+o) = 0 ou mn+no+mo−1 = 0
α
, se mn + no + mo − 1 = 0, então, fazendo a substituição m = a = tan , n =
2
β γ α β β γ α γ
b = tan , o = c = tan obtemos tan tan + tan tan + tan tan =
2 2 2 2 2 2 2 2
1 , já provamos que essa igualdade implicaque α +  β + γ = π.Daí e pela
1 1 1 α α
substituição que fizemos, teremos que x = −m = cot − tan =
2 m 2 2 2
2α 2α
cos 2 − sen 2 cosα
α α = = cotα e provamos assim o que queríamos.Mas se
2sen 2 cos 2 senα
mno − (m + n + o) = 0 pela mesma substituição, teremos:
α β α γ β γ
cot cot + cot cot + cot cot = 1 ⇔
2 2 2 2 2 2
α β α γ β γ
cot cot + cot cot + cot cot − 1 = 0 ⇔
2 2 2 2 2 2

 
α β γ α β γ α γ β β γ α α β γ
csc csc csc cos cos sen + cos cos sen + cos cos sen − sen sen sen =0⇔
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

    
α β γ α β γ γ β α β γ β γ
csc csc csc cos cos sen + cos sen + sen cos cos − sen sen =0⇔
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

 
  
α β γ α β+γ α β+γ
csc csc csc cos sen + sen cos =0⇔
2 2 2 2 2 2 2
 
α β γ α+β+γ
csc csc csc sen =0
2 2 2 2
π
O que implica que α + β + γ = 2π, essa solução serve apenas se α, β, γ >
2
e nesse caso não poderia haver um triângulo.

42
Solução 2:
Sabemos que alpha, beta e gammma são ângulos de um triângulo se e so-
mente se:
α β β γ α γ
tan tan + tan tan + tan tan = 1
2 2 2 2 2 2
Substituindo as tangentes por x,y e z, essa condição é equivalente a:

xy + xz + yz = 1
Observe o que podemos fazer com isso:

xy + xz + yz = 1

(xy + xz + yz)xyz = xyz


(xy+xz+yz)xyz+(x2 y+xy 2 +x2 z+xz 2 +yz 2 +y 2 z)−(x2 y+xy 2 +x2 z+xz 2 +yz 2 +y 2 z) = xyz
z(xz+yz−x2 −y 2 +x2 y 2 )+y(xy+yz−x2 −z 2 +x2 z 2 )+x(xy+xz−y 2 −z 2 +y 2 z 2 ) = xyz
z(xz+yz+xy−xy−x2 −y 2 +x2 y 2 )+y(xy+yz+xz−xz−x2 −z 2 +x2 z 2 )+x(xy+xz+yz−yz−y 2 −z 2 +y 2 z 2 ) = xyz
z(1−xy−x2 −y 2 +x2 y 2 )+y(1−xz−x2 −z 2 +x2 z 2 )+x(1−yz−y 2 −z 2 +y 2 z 2 ) = xyz
z(1 − x2 − y 2 + x2 y 2 ) + y(1 − x2 − z 2 + x2 z 2 ) + x(1 − y 2 − z 2 + y 2 z 2 ) = 4xyz
(1 − y 2 )(1 − z 2 ) (1 − x2 )(1 − z 2 ) (1 − x2 )(1 − y 2 )
+ + =1
4yz 4xz 4xy
Desfazendo a substituição, teremos:
   
1 − tan2 α2 1 − tan2 β2 1 − tan2 β2 1 − tan2 γ2

1 − tan2 α2 1 − tan2 γ2
 
+ + =1
4tan α2 tan β2 4tan α2 tan γ2 4tan β2 tan γ2

Usando que para qualquer u real temos que


2tanu 1 − tan2 u
tan2u = ⇒ cot2u = , teremos que:
1 − tan2 u 2tanu
cotαcotβ + cotβcotγ + cotαcotγ = 1

Mas nossa condição para que a igualdade acima seja verdadeira é que
α β β γ α γ
tan tan + tan tan + tan tan = 1, mas veja que isso só pode acontecer
2 2 2 2 2 2
se alpha, beta e gamma são ângulos de um triângulo, provando assim o que
queríamos.Para a segunda parte faça a substituição x = cotα, y = cotβ, z = cotγ
e teremos:

cotαcotβ + cotαcotγ + cotβcotγ = 1 ⇔

cotαcotβ + cotαcotγ + cotβcotγ − 1 = 0 ⇔

43
cscαcscβcscγ (cosαcosβsenγ + cosαcosγsenβ + cosβcosγsenα − senαsenβsenγ) = 0 ⇔

cscαcscβcscγ (cosα(cosβsenγ + cosγsenβ) + senα(cosβcosγ − senβsenγ)) = 0 ⇔

cscαcscβcscγ (cosαsen(β + γ) + senαcos(β + γ)) = 0 ⇔


cscαcscβcscγsen(α + β + γ) = 0
π
Desde que α < π e β, γ < 2 isto implica finalmente que α + β + γ = π.

44
8.(“Solving Problems in Algebra and Trigonometry”-V.Litvinenko e A.Mordkovich)Prove
that:
cos2 α + cos2 β + cos2 γ ≥ 1
if α, β, γ are sizes of the angles of a non-acute triangle.

Solução 1:
Nessa primeira solução, vou provar que se o triângulo é obtuso então vale que

cos2 α + cos2 β + cos2 γ > 1


a
Depois provo que sempre que o triângulo é retângulo ocorre a igualdade. Seja γ
π
o maior ângulo deste triângulo, como γ está entre e π sua secante é negativa,
2
como podemos ver no gráfico abaixo :

0 π π 3π 2π
2 2

-1

Logo, teremos que:

secγ < 0
Multiplicando ambos os lados por secαsecβ a desigualdade não se altera,pois
α, β estão no primeiro quadrante, veja:

secαsecβsecγ < 0

45
Observe que cos(α + β + γ) = −1, portanto, se multiplicarmos a desigualdade
por cos(α + β + γ) o sinal da desigualdade inverte, veja:

secαsecβsecγcos(α + β + γ) > 0

secαsecβsecγ(cos(α + β)cos(γ) − sen(α + β)sen(γ)) > 0


secαsecβsecγ((cos(α)cos(β)−sen(α)sen(β))cos(γ)−(sen(α)cos(β)+cos(α)sen(β))sen(γ)) > 0
secαsecβsecγ(cos(α)cos(β)cos(γ)−(sen(α)sen(β)cos(γ)+sen(α)sen(γ)cos(β)+sen(β)sen(γ)cos(α))) > 0
1 − (tan(α)tan(β) + tan(α)tan(γ) + tan(β)tan(γ)) > 0
Multiplicando os dois lados por cotαcotβcotγ(a desigualdade inverte pois uma
das cotangentes é negativa devido ao fato de pelo menos um ângulo ser obtuso),
vem:
cotαcotβcotγ − (cotα + cotβ + cotγ) < 0
cotαcotβcotγ < cotα + cotβ + cotγ
Fazendo x = cot(α), y = cot(β), z = cot(γ), vem

xyz < x + y + z
x + y + z > xyz
2x + 2y + 2z > 2xyz
(x + y) + (x + z) + (y + z) > 2xyz
xyz(x + y) + xyz(x + z) + xyz(y + z) < 2x2 y 2 z 2
xy(xz + yz) + xz(xy + yz) + yz(xy + xz) < 2x2 y 2 z 2
xy(xy + xz + yz − xy) + xz(xy + xz + yz − xz) + yz(xy + xz + yz − yz) < 2x2 y 2 z 2
xy(1 − xy) + xz(1 − xz) + yz(1 − yz) < 2x2 y 2 z 2
xy + xz + yz − x2 y 2 + y 2 z 2 + x2 z 2 < 2x2 y 2 z 2


xy + xz + yz < 2x2 y 2 z 2 + x2 y 2 + y 2 z 2 + x2 z 2
1 < 2x2 y 2 z 2 + x2 y 2 + y 2 z 2 + x2 z 2


3 < 6x2 y 2 z 2 + 3x2 y 2 + 3y 2 z 2 + 3x2 z 2




3 + x2 y 2 + y 2 z 2 + x2 z 2 < 6x2 y 2 z 2 + 4x2 y 2 + 4y 2 z 2 + 4x2 z 2


 

3 + 2x2 + 2y 2 + 2z 2 + x2 y 2 + y 2 z 2 + x2 z 2 <
 

6x2 y 2 z 2 + 2x2 + 2y 2 + 2z 2 + 4x2 y 2 + 4y 2 z 2 + 4x2 z 2


 

1 + y 2 + z 2 + y 2 z 2 + 1 + x2 + z 2 + x2 z 2 + 1 + x2 + y 2 + x2 y 2 <
  

2x2 1 + y 2 + z 2 + y 2 z 2 + 2y 2 1 + x2 + z 2 + x2 z 2 + 2z 2 1 + x2 + y 2 + x2 y 2
  

46
1 + y 2 1 + z 2 + 1 + x2 1 + z 2 + 1 + x2 1 + y 2 <
     

2x2 1 + y 2 1 + z 2 + 2y 2 1 + x2  1 + z 2 + 2z 2 1+ x2 1 + y 2
     

Dividindo os dois lados por 1 + x2 1 + y 2 1 + z 2 , teremos:

1 1 1 2x2 2y 2 2z 2
+ + < + +
1 + x2 1 + y2 1 + z2 1 + x2 1 + y2 1 + z2
Desfazendo a substituição feita no início, obtemos:

1 1 1 2cot2 α 2cot2 β 2cot2 γ


+ + < + +
1 + cot2 α 1 + cot2 β 1 + cot2 γ 1 + cot2 α 1 + cot2 β 1 + cot2 γ

sen2 α + sen2 β + sen2 γ < 2cos2 α + 2cos2 β + 2cos2 γ


0 < 2cos2 α + 2cos2 β + 2cos2 γ − (sen2 α + sen2 β + sen2 γ)
3 < 2cos2 α + 2cos2 β + 2cos2 γ + (1 − sen2 α + 1 − sen2 β + 1 − sen2 γ)
3 < 3cos2 α + 3cos2 β + 3cos2 γ
Dividindo tudo por 3, podemos ver facilmente:

1 < cos2 α + cos2 β + cos2 γ


cos2 α + cos2 β + cos2 γ > 1
Agora nos resta provar que em um triângulo retângulo vale que:

cos2 α + cos2 β + cos2 γ = 1

Para isso, suponha por absurdo, que se α, β, γ são ângulos de um triângulo


retângulo, vale que:
cos2 α + cos2 β + cos2 γ 6= 1
π
Suponha sem perda de generalidade que α = , então teremos que cos(α) =
2
0, o que implica que
cos2 β + cos2 γ 6= 1
π π π
Mas como α + β + γ = π ⇒ + β + γ = π ⇒ β + γ = ⇒ β = − γ,de onde
2 2 2
segue que: π 
cos2 − γ + cos2 (γ) 6= 1
2
sen2 (γ) + cos2 (γ) 6= 1
O que é um absurdo...Logo, está provado.

47
Solução 2:
Vamos transformar em produto a expressão abaixo, veja:

cosx + cosy + cosz + cos(x + y + z) =


       
x+y x−y x + y + 2z x+y
2cos cos + 2cos cos =
2 2 2 2
     
x+y x−y x + y + 2z
2cos cos + cos =
2 2 2
     
x+y x+z y+z
2cos 2cos cos =
2 2 2
     
x+y x+z y+z
4cos cos cos
2 2 2
De onde concluímos que sempre vale:
     
x+y x+z y+z
cosx + cosy + cosz + cos(x + y + z) = 4cos cos cos
2 2 2

Fazendo = 2α, y = 2β, z = 2γ, com alpha, beta e gamma sendo ângulos de um
triângulo teremos:

cos2α + cos2β + cos2γ + 1 = 4cos(α + β)cos(β + γ)cos(α + γ)

cos2 α + cos2 β + cos2 γ = 1 + 2cos(α + β)cos(β + γ)cos(α + γ)


cos2 α + cos2 β + cos2 γ = 1 − 2cos(π − (α + β))cos(π − (β + γ))cos(π − (α + γ))
cos2 α + cos2 β + cos2 γ = 1 − 2cos(α)cos(β)cos(γ)
Suponha que gamma seja o maior ângulo do triângulo, como o triângulo é obtuso
ou retângulo, segue que

cos(γ) ≤ 0 ⇒ −cos(γ) ≥ 0 ⇒ −2cos(α)cos(β)cos(γ) ≥ 0 ⇒


⇒ 1 − 2cos(α)cos(β)cos(γ) ≥ 1 ⇒ cos2 α + cos2 β + cos2 γ ≥ 1

48
a

Solução 3:

c π π 3π
0 2

2

f
-1
Sem perda de generalidade, seja gamma o maior ângulo deste triângulo,
π
como o triângulo é obtuso ou retângulo, segue que cosγ ≤ 0(o cosseno entre
2
e π é negativo, como podemos ver pelo gráfico acima), partindo disso veja o que
podemos fazer:
cosγ ≤ 0
−cos(π − γ) ≤ 0
cos(π − γ) ≥ 0
cos(α + β + γ − γ) ≥ 0
cos(α + β) ≥ 0
cosαcosβ − senαsenβ ≥ 0
cosαcosβ ≥ senαsenβ
cotαcotβ ≥ 1
2cot αcot2 β ≥ 2cotαcotβ
2

cot2 αcot2 β + cot2 αcot2 β ≥ 2cotαcotβ


cot2 α(csc2 β − 1) + (csc2 α − 1)cot2 β ≥ 2cotαcotβ
cot2 αcsc2 β + csc2 αcot2 β ≥ cot2 α + 2cotαcotβ + cot2 β
(cot2 αcsc2 β+csc2 αcot2 β)sen2 αsen2 β ≥ (cot2 α+2cotαcotβ+cot2 β)sen2 αsen2 β
cos2 α + cos2 β ≥ cos2 αsen2 β + 2cosαcosβsenαsenβ + sen2 αcos2 β
cos2 α + cos2 β ≥ (cosαsenβ + cosβsenα)2
cos2 α + cos2 β ≥ sen2 (α + β)
cos2 α + cos2 β − sen2 (α + β) ≥ 0
cos2 α + cos2 β + 1 − sen2 (α + β) ≥ 1
cos2 α + cos2 β + cos2 (α + β) ≥ 1
cos2 α + cos2 β + cos2 (π − (α + β)) ≥ 1
cos2 α + cos2 β + cos2 (α + β + γ − (α + β)) ≥ 1
cos2 α + cos2 β + cos2 γ ≥ 1

49
10. (Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo)Considere as pro-
posições:
1.Dados 3 pontos não alinhados num plano, que estejam a uma distância
a, b, c um do outro, encontre um ponto P, cuja distância aos três pontos é a
mesma, chame essa distância de r.
2.Escolha esses pontos de modo que P ou esteja sobre o segmento de reta
que une dois desses pontos, ou de modo que P esteja sobre a área do triângulo
compreendido por esses três pontos.
3. Imagine um ponto Q no espaço tridimensional e 3 retas perpendicula-
res entre si, se cruzando em um outro ponto S no espaço, nenhuma das quais
passando por Q. Tomando uma dessas 3 retas, delimita-se a distância do ponto
onde se cruzam até o ponto na reta em que a distância ao ponto Q é mínima,
isto é feito com as 3 retas.
Prove que se as distâncias encontradas
√ são iguais a a, b, c, então a distância
de S até Q é maior ou igual a 2r 2.

Demonstração
Primeiramente observe que a,b e c formam lados de um triângulo, e no caso
em que o triângulo é retângulo, então, um dos lados desse triângulo intercepta o
ponto P, já que o ponto P corresponde ao centro da circunferência circunscrita
ao triângulo. Abaixo uma representação da figura formada pelas descrições 1 e
2.

2β C

50
Considere agora que pela lei dos cossenos, podemos deduzir:

a2 = 2r2 − 2r2 cos(2α) (31)

b2 = 2r2 − 2r2 cos(2β) (32)

c2 = 2r2 − 2r2 cos(2γ) (33)


Somando as expressões acima, teremos:

a2 + b2 + c2 = 6r2 − 2r2 (cos(2α) + cos(2β) + cos(2γ))

Usando transformações trigonométricas básicas, teremos:

a2 + b2 + c2 = 4r2 (3 − (cos2 (α) + cos2 (β) + cos2 (γ))) (34)

Vamos guardar essa equação e interpretar o passo 3.Nesse ponto, tudo depende
da forma como mapearemos o ponto Q no espaço.Vamos criar um sistema tri-
dimensional de eixos ortogonais e centrar esses eixos no ponto Q, em outras
palavras Q está na origem do sistema de coordenadas cartesianas, diremos
que a origem é dada pelo ponto (x0 , y0 , z0 ), bem como o ponto S é dado por
(x1 , y1 , z1 ).Vamos escolher também, traçar os eixos coordenados de forma que
cada eixo coordenado seja paralelo a cada uma das retas, por exemplo, se cha-
marmos as retas que se interceptam no problema de u,v e w, devemos escolher
o eixo x paralelo a reta u, o eixo y paralelo a reta v, e o eixo z paralelo a reta
w.Note que, ao fazermos essa escolha, a distância entre o ponto de interseção
das três retas até o ponto mais próximo que essa reta está de Q nada mais é
do que a diferença x1 − x0 , bem como a da outra reta será y1 − y0 , e da outra
reta será z1 − z0 .Veja a figura na próxima página, veja que as retas paralelas
aparecem com a mesma cor:

51
h g

i y

S (x1 , y1 , z1 )

Q (x0 , y0 , z0 )

Isto posto,
√ suponha, por absurdo, que a distância de Q até S seja menor
do que 2r 2, usando a equação que retorna a distância entre 2 pontos em 3
dimensões, teremos:

(x1 − x0 )2 + (y1 − y0 )2 + (z1 − z0 )2 < 8r2 (35)


Mas por hipótese a = x1 − x0 , b = y1 − y0 ,e c = z1 − z0 , de onde teremos:

a2 + b2 + c2 < 8r2 (36)


(x 0 , y0comparando
Mas , z0 ) (36) com (34), é possível ver que isso só ocorre se cos2 (α) +
2 2
cos (β) + cos (γ) > 1, mas note que alpha, beta e gamma são ângulos de um
triângulo não obtusângulo , mas se alpha, beta e gamma são ângulos de um tri-
ângulo não obtusângulo, então essa desigualdade é impossível de ocorrer...Para
provar isso podemos usar os cálculos anteriores. A igualdade ocorre quando o
triângulo é retângulo...Ou seja, quando P está sobre o segmento de reta que une
dois dos 3 pontos não alinhados do enunciado.

52
11 (“Inequalities theorems techniques and selected problems”, Zdravko Cvet-
kovski)Let a,b,c ∈ (−1, 1) be real numbers such that ab + ac + bc = 1.Prove the
inequality: p
6 3 (1 − a2 )(1 − b2 )(1 − c2 ) ≤ 1 + (a + b + c)2
Solução 1: Primeiramente, suponha, sem perda de generalidade que a,b e c
são positivos, e ainda, observe que se alpha, beta e gamma são ângulos de um
triângulo vale:
1
cosαcosβcosγ ≤
8
1 − tan2 x
Lembre-se que, para todo x real, temos cos2x = , substituindo na
1 + tan2 x
desigualdade acima, teremos:

1 − tan2 α2 1 − tan2 β2 1 − tan2 γ2 1


2 α β 2 γ ≤
1 + tan 2 1 + tan 2 1 + tan 2
2 8
   
 α β  γ  α β  γ
8 1 − tan2 1 − tan2 1 − tan2 ≤ 1 + tan2 1 + tan2 1 + tan2
2 2 2 2 2 2
   
 α  β γ   α  β γ
1 + tan2 1 + tan2 1 + tan2 ≥ 8 1 − tan2 1 − tan2 1 − tan2
2 2 2 2 2 2
s   s  
3
 α β  γ  α β  γ
1 + tan2 1 + tan2 1 + tan2 ≥ 2 3 1 − tan2 1 − tan2 1 − tan2
2 2 2 2 2 2
Substituindo as tangentes de alpha, beta e gamma por a,b e c, teremos
p3
p
(1 + a2 )(1 + b2 )(1 + c2 ) ≥ 2 3 (1 − a2 )(1 − b2 )(1 − c2 ) (37)

Note que nossa condição para que a desigualdade acima seja verdadeira é
que ab+ac+bc=1,pois alpha,beta e gamma são ângulos de um triângulo.Agora
considere que :

1 + (a + b + c)2 = 1 + a2 + b2 + c2 + 2 (ab + bc + ac) = a2 + b2 + c2 + 3


| {z }
=1

De onde podemos ver que, aplicando a desigualdade das médias:

1 + (a + b + c)2 (a2 + 1) + (b2 + 1) + (c2 + 1) p


= ≥ 3 (1 + a2 )(1 + b2 )(1 + c2 )
3 3
Concluindo assim:
1 + (a + b + c)2 p
ab + ac + bc = 1 ⇒ ≥ 3 (1 + a2 )(1 + b2 )(1 + c2 )
3
Aplicando a desigualdade acima à desigualdade (37), teremos:

1 + (a + b + c)2 p p
≥ 3 (1 + a2 )(1 + b2 )(1 + c2 ) ≥ 2 3 (1 − a2 )(1 − b2 )(1 − c2 )
3

53
Usando a propriedade transitiva das desigualdades, a demonstração se conclui.

Observação Note que a princípio quando fizemos a substituição por tangentes,


essas mesmas são tangentes de ângulos de um triângulo divididos por 2, o que
implica que a tangente está no primeiroa quadrante,onde a tangente é positiva,
veja o gráfico:

F
c π
0 2
π 3π 2π
2

O fato de que as tangentes são positivas parecem limitar a demonstração,


pois essa substituição trigonométrica, nesse caso específico, só é válida para
valores positivos.O que vou observar aqui é que se a, b, c ∈ (−1, 1), então todas
as variáveis são positivas ou todas as variáveis são negativas.Vamos provar isso,
suponha que apenas uma das variáveis seja negativa, isto é a=-x,b=y,c=z com
1 > x, y, z > 0, nossa condição fica reescrita como:
ab + ac + bc = −xy − xz + yz = 1
Agora como a,b e c estão entre 0 e 1, veja:
−(xy + xz) + yz =1
| {z } |{z}
x>0,y>0,z>0⇒−(xy+xz)<0 y<1,z<1⇒yz<1

Em outras palavras temos um número menor do que 1 somado com um


número negativo, o que com certeza é menor do que 1, contradizendo assim a
condição.
Suponha que apenas duas variáveis sejam negativas, isto é a=-x,b=-y,c=z
com 1 > x, y, z > 0, nossa condição fica reescrita como:
ab + ac + bc = xy − xz − yz = 1

54
Como a,b e c estão entre 0 e 1, veja:
−(xz + yz) + xy =1
| {z } |{z}
x>0,y>0,z>0⇒−(xy+xz)<0 x<1,y<1⇒xy<1

Em outras palavras temos um número menor do que 1 somado com um


número negativo, o que com certeza é menor do que 1, contradizendo assim a
condição.
Bom, mas temos a última possibilidade, todos os números são negativos,
mas se todos os números são negativos e temos um produto de 2 em 2 termos
isto dá um número positivo,pois (−m).(−n) = +mn, portanto podemos supor
sem perda de generalidade que a,b e c são positivos.

55
Solução 2: Use a desigualdade da média aritmética.

56
12. (“103 Trigonometry Problems from the training of the USA IMO Team”-
Titu Andreescu) Let ABC be a triangle. Prove that

3 3
senA + senB + senC ≤
2

Solução 1:A demonstração que vou apresentar neste PDF é geométrica, e acre-
dito ser muito elegante e simples.
Nossa estratégia de demonstração é provar que dentre todos os triângulos
inscritos, o que tem maior perímetro é o triângulo equilátero.Para isto, vamos E
inscrever um triângulo equilátero em uma circunferência qualquer.

B C

Vamos observar o que ocorre quando movimentamos o vértice A ao longo da


circunferência(obtendo o vértice A’).Veja a figura abaixo:

57
E

A0

B C

Ao final dessa demonstração o que ficará claro, é que quando movimentamos


qualquer de seus vértices, como fizemos ao vértice A, o triângulo resultante (no
exemplo o triângulo A’BC) possui perímetro menor.Vamos traçar na figura 2,
uma reta S passando por A e A’, e S’, sua ortogonal no ponto O, interceptando
o ponto C.

58
S’

A0

B C

Vamos traçar um ponto C’ acima de O, de modo que OC e OC’ sejam


congruentes:

59
S’

A
C0

A0

B C

Vamos traçar A’C’ e AC’.

60
S’

A
C0

A0

B C

Temos que o triângulo é equilátero, logo cada ângulo vale 60◦ .

61
S’

A C0

60◦
A0

S
60◦ 60◦
B C

Veja que os ângulos ABC


\ e BA\ 0 C enxergam o mesmo arco, portanto são
0 ◦
iguais, logo BA C = 60 . Podemos redesenhar a figura:
\

62
S’

A
C0

60◦ A0

60◦
O

60◦ 60◦
B C

Note que o ângulo g enxerga o mesmo arco que o ângulo ACB,


\ portanto,
teremos:
g = 60◦

63
S’

A C0

60◦
A0

60◦
h
60◦

S
60 ◦ 60◦
B

Vamos determinar o valor de h.Não é difícil ver que:

60◦ + 60◦ + h = 180◦


h = 60◦

64
S’

A
C0

60◦
A0
i
60◦

60◦ 60◦

60◦ 60◦
B

Agora considere os triângulos A’OC e A’OC’ .Como OC = OC’ ,A’O é um


lado comum a estes triângulos e , temos um ângulo de 90 entre estes lados ,
temos um caso de congruência LAL(lado ângulo lado), logo os triângulos A’OC
e A’OC’ são congruentes.O que implica que seus ângulos também são iguais,
logo i = 60◦ , então:

65
S’

A C0

60◦
A0

60 ◦ 60◦

60◦ 60◦

60◦ 60◦
B C

Note que a consequência imediata é que os dois ângulos de 60 (destacados


em vermelho) são opostos pelo vértice, uma vez que a reta os unem partindo de
um mesmo ponto.Logo os pontos B, A’ e C’ são colineares, ou seja, esses três
pontos estão alinhados , ou ainda estão sobre uma mesma reta.O que implica
que a distância BA+AC’ é maior que BA’+A’C’, uma vez que os segmentos
BA’+A’C’ formam uma única reta(a menor distância entre dois pontos é uma
reta).Em linguagem algébrica BA + AC 0 > BA0 + A0 C 0 .
Sabemos que os triângulos A’CO e A’C’O são congruentes.Agora considere
os triângulos AOC e AOC’: como OC = OC’ ,AO é um lado comum e , temos um
ângulo de 90 entre estes lados , temos um caso de congruência LAL(lado ângulo
lado), logo os triângulos AOC e AOC’ também são congruentes . Como os
triângulos AOC e AOC’ são congruentes, então AC’= AC e como os triângulos
A’CO e A’C’O são congruentes então A’C=A’C’.Logo, como BA+AC 0 > BA0 +
A0 C 0 , e usando que A’C’= A’C e AC=AC’, então BA + AC > BA0 + A0 C, ou

66
seja a soma dos dois lados do triângulo equilátero é maior do que a soma dos dois
lados (não comuns ao triângulo equilátero) do triângulo gerado pelo torção do
vértice A. E podemos aplicar o mesmo raciocínio aos outros lados em direções
diferentes, e chegar a este mesmo resultado. Portanto o triângulo de maior
perímetro é o equilátero.
Talvez uma dúvida natural seja pensar que movimentamos apenas um dos
vértices, enquanto existe a possibilidade de formar outro triângulo movimento
dois vértices do triângulo equilátero, mas nós vamos provar que os triângulos
obtidos por essa forma são menores do que o triângulo equilátero.Veja como
E
podemos formar outros triângulos a partir do triângulo equilátero:

60◦
A0

60◦ 60◦
B C

B0

Figura 1
60◦
Na figura acima, movimentamos os vértices A e B e obtemos os vértices A’
e B’, gerando o triângulo A’B’C.Este é um exemplo de como podemos obter
novos triângulos.Mas observe que ao movimentarmos os dois vértices temos uma
composição de movimentos de um vértice, isto é, movimentar dois vértices é o
mesmo que fazer dois movimentos de cada um de dois vértices.Note que na
demonstração acima, já provamos:

AB + AC > A0 B + A0 C (38)

AB + BC > AB 0 + B 0 C (39)

67
Somando as desigualdades (38) e (39), teremos:

(AB + AC) + (AB + BC) > (A0 B + A0 C) + (AB 0 + B 0 C) (40)

Seja um quadrilátero convexo inscritível, vamos provar que a soma de suas


diagonais é maior do que a soma de quaisquer dois lados opostos.Seja o quadri-
látero A’B’C’D’, sejam a,b,c,d seus lados,d’,d” suas diagonais, veja a figura:
E

A0 a B0

y
d00
b
d
d0

C0
0 c
D

a
Pela desigualdade triangular, temos:

(d00 − y) + x > b (41)

(d0 − x) + y > d (42)

x+y >a (43)

(d0 − x) + (d00 − y) > c (44)


Somando (41) com (42), e somando (43) com (44), tem-se o resultado de-
sejado. Fixe agora a atenção na Figura 1, e considere o quadrilátero AA’B’B,

68
como a soma de suas diagonais é maior do que a soma de quaisquer dois lados
opostos teremos:
AB 0 + A0 B > AB + A0 B 0 (45)
Somando A’C+B’C em ambos os lados da desigualdade acima, teremos:

A0 B + A0 C + AB 0 + B 0 C > A0 C + B 0 C + AB + A0 B 0 (46)

Observe que o lado direito de (40) é o lado esquerdo de (46), sendo assim, usando
transitividade, teremos:

(AB + AC) + (AB + BC) > A0 C + B 0 C + AB + A0 B 0 (47)

Subtraindo AB nos dois lados da desigualdade acima, teremos:

AC + AB + BC > A0 C + B 0 C + A0 B 0 (48)

Provando assim que o perímetro do triângulo equilátero é maior do que o triân-


gulo formado pela torção de dois vértices em sentidos opostos...Agora nos resta
analisar o caso em que movimentamos dois vértices no mesmo sentido(horário
ou anti-horário, os dois casos são análogos).Para este caso, vamos abrir em duas
possibilidades, veja a figura abaixo:

A0

C0

C B

Figura 2

69
O primeiro caso é o caso em que o arco CC’ é maior do que AA’, o segundo
caso, é o caso contrário, isto é, o caso em que o arco AA’ é maior do que CC’.
Analisemos o primeiro caso.Quando CC’ é maior do que AA’, se rotacionar-
mos o triângulo A’BC’(rotação em torno do centro da circunferência) no sentido
anti-horário, de modo que o vértice A’ se sobreponha ao vértice A, teremos o
mesmo caso anterior, veja a figura:

A A0

C0

C B

Note que o triângulo A’C’B da figura está na mesma posição que o triângulo
A’C’B da figura 1(o que muda é que está rotacionado, mas é o mesmo caso, isto
é, o caso em que o arco C’B é maior do que o arco CB, isto acontece devido ao
fato de ao rotacionarmos o triângulo A’C’B a distância percorrida pelo vértice
A’ até chegar ao vértice A é menor que a distância percorrida pelo vértice C’
até se sobrepor ao vértice C).
Considere agora o segundo caso, isto é, o caso em que CC’ é menor do que
AA’.Se rotacionarmos o triângulo A’C’B da figura 2, em torno do centro da
circunferência, de modo que o ponto C’ se sobreponha ao ponto C, como a
distância percorrida por C’ até chegar a C é menor do que a distância por A’
até chegar A, teremos uma figura do tipo abaixo:

70
A
A0

C0
C B

Isto é, a consequência imediata desse caso é que o arco A’B será menor e estará
“dentro” do arco AB. Vamos provar que nesse caso o triângulo formado será
menor.Para isso, considere a figura abaixo:

71
A

A0

C0

C B

Vamos ocultar o triângulo verde, e destacar algumas retas, veja:

72
A

A0

C0

B
C

Mas já provamos que:

AC + AB > A0 C + A0 B (49)

AC + BC > AC 0 + BC 0 (50)
Somando essas duas equações obtemos:

AC + AB + AC + BC > AC 0 + BC 0 + A0 C + A0 B (51)
Mas já provamos que a soma das diagonais de um quadrilátero convexo é maior
que a soma de quaisquer dois lados opostos desse quadrilátero, observando o
quadrilátero A’ACC’, teremos a seguinte relação:

A0 C + AC 0 > A0 C 0 + AC (52)

Somando BC’+A’B na desigualdade acima, teremos:

AC 0 + BC 0 + A0 C + A0 B > A0 C 0 + AC + BC 0 + A0 B (53)

73
Observe que o lado direito de (51) é o lado esquerdo de (53), sendo assim, por
transitividade, teremos:

AC + AB + AC + BC > A0 C 0 + AC + BC 0 + A0 B (54)

Subtraindo AC nos dois lados da desigualdade acima, finalmente teremos:

AB + AC + BC > A0 C 0 + BC 0 + A0 B (55)

Finalizando assim, todos os casos possíveis...


Sendo isso verdade,considere que pela lei dos senos, sabemos que:
a b c a b c
= = = 2R ⇒ senA = ; senB = ; senC = ;
senA senB senC 2R 2R 2R
Somando os senos, concluímos:
a+b+c
senA + senB + senC =
2R
Mas a+b+c nada mais é do que o perímetro do triângulo inscrito na circunfe-
rência, e sabemos que o maior triângulo passível de ser escrito na circunferência
é o equilátero, chamando de l o lado do triângulo equilátero teremos a=b=c=l,
e como o raio da circunferência é constante, teremos:
3l
senA + senB + senC ≤
2R

l 3
Como no triângulo equilátero é válido a relação R = , finalmente chega-se
3
ao resultado.

74
Solução 2:Use a concavidade da função seno e aplique a desigualdade de
Jensen.

75
Solução 3:

Considere que:
α+β α−β α+β
senα + senβ + senγ = 2sen cos + senγ ≤ 2sen + senγ =
2
r 2 2
γ γ γ γ p
2cos + senγ = 2cos + 2cos 1 − cos2 = 2x + 2x 1 − x2
2 2 2 2

Basta maximizar a função ao lado direito usando derivadas.

76
Solução 4:Veja página 215.

77
13. (“103 Trigonometry Problems from the training of the USA IMO Team”-
Titu Andreescu) Let x, y,z be positive real numbers.Prove that:

x y z 3 3
√ +p +√ ≤
1 + x2 1 + y2 1 + z2 2

if x+y+z=xyz.

Solução 1: Substitua x=tanA,y=tanB e z=tanC, vê-se que A,B e C são


ângulos de um triângulo, ao fazer essa substituição recaímos na desigualdade
anterior, que sabemos ser verdadeira para ângulos de um triângulo.

78
14. (Euler’s Inequality-Desigualdade de Euler)Seja r o raio da circunferência
inscrita ao triângulo, seja R o raio da circunferência circunscrita ao triângulo,
prove que:

2r ≤ R
Solução:
Considere a circunferência inscrita ao triângulo abaixo:

c
r
C

r
r
a

Observe que a soma das áreas dos triângulos formados pela união do centro da
circunferência inscrita com os vértices do triângulo é igual a área do triângulo
total,sendo assim teremos:
ar br cr
A= + +
2 2 2
De onde conluímos a primeira relação:

(a + b + c)r
A= (56)
2
Considere agora o triângulo ABC inscrito em uma circunferência de raio R.
Seja AH = h uma altura e seja AD um diâmetro dessa circunferência.

79
A

c
h b

2R C
B
H a

Os triângulos AHB e ACD são semelhantes uma vez que os ângulos AHB e ACD
são retos e os ângulos ABC e ADC são iguais pois subtendem o mesmo arco.De
onde conluímos a razão de semelhança:
AB AH
=
AD AC
c h
=
2R b
ou seja, bc = 2Rh. Multiplicando pelo comprimento do lado BC os dois lados,
temos abc = 2Rah. Mas ah é o dobro da área do triângulo ABC e assim
encontramos a nossa segunda relação :

abc = 4RA (57)

As equações (56) e (57) são duas relações importantes que envolvem um triân-
gulo e as circunferências inscritas e circunscritas.
Substituindo (56) em (57), teremos:

4Rr(a + b + c)
abc =
2
abc
= 2rR (58)
a+b+c
Considere que pela desigualdade das médias, temos:
a+b+c √
3
≥ abc
3

80
Elevando ao cubo, teremos:

(a + b + c)3
≥ abc
27
De onde podemos concluir que:

abc (a + b + c)2
≤ (59)
(a + b + c) 27

Mas sabemos que a+b+c é o perímetro do triângulo, e também sabemos que


o perímetro do triângulo inscrito é máximo quando o triângulo é equilátero,
√ se
denotarmos o lado do triângulo equilátero por√ l, sabemos l = R 3, de onde
podemos ver facilmente que a + b + c ≤ 3R 3 ⇒ (a + b + c)2 ≤ 27R2 ⇒
(a + b + c)2
≤ R2 , aplicando em (59), teremos:
27
abc (a + b + c)2
≤ ≤ R2 (60)
(a + b + c) 27

Finalmente concluímos que:


abc
≤ R2 (61)
(a + b + c)

Usando (58) em (61):


abc
2rR = ≤ R2
(a + b + c)
2r ≤ R

81
15. Prove que o triângulo de maior área que se pode inscrever na circunfe-
rência é o equilátero.
Solução:
Seja A a área de um triângulo inscrito
√ na circunferência.Pela equação (56),
usando que 2r ≤ R, e que a + b + c ≤ 3 3R , multiplicando as duas desigual-
dades anteriores teremos:

2
√ 2
√ 3R2 3
4A = 2r(a + b + c) ≤ 3R 3 ⇒ 4A ≤ 3R 3 ⇒ A ≤
4
Como o majorante encontrado para a área é a própria área do triângulo equi-
látero, fica provado assim o resultado.Mas nesse caso podemos afirmar que a
desigualdade é estrita se o triângulo não é equilátero, pois a igualdade ocorre
apenas se o triângulo for equilátero, já que nas duas desigualdades aplicadas, a
igualdade só ocorre nesse caso ...

82
16. (“Simple trigonometric substitutions with broad results”-Vardan Ver-
diyan e Daniel Campos Salas)Let a, b, c be a positive real numbers such that
a + b + c = 1.Prove that:

r r r r r r
1 1 1 1 1 1
−1 −1+ −1 −1+ −1 −1≥6
a b a c b c
Solução Faça a substituição:
r r r
bc ac ab
x= ;y = ;z = ;
a b c
Observe que essa substituição nos leva a yz = a, xz = b, xy = c, concluindo
assim que:
a + b + c = 1 ⇒ xy + xz + yz = 1
De onde podemos ver que x,y e z são tangentes com argumentos cujo valor
são metade dos ângulos de um triângulo.Substituindo na desigualdade teremos:
r r r r r r
1 1 1 1 1 1
−1 −1+ −1 −1+ −1 −1≥6
r yz xz
r
yz xy
r xz r xy
β γ α γ β γ α β
cot cot − 1 cot cot − 1 + cot cot − 1 cot cot − 1 +
2 2 2 2 r 2 2 2 2
r
α γ α β
cot cot − 1 cot cot − 1 ≥ 6
2 2 2 2
Por transformações trigonométricas triviais, é possível ver que a desigualdade
acima é equivalente a:

α β γ
csc + csc + csc ≥ 6
2 2 2
Agora nos resta provar a desigualdade acima.Considere que pela desigualdade
que relaciona as médias harmônica e aritmética, segue que:

csc α2 + csc β2 + csc γ2 3


≥ (62)
3 sen α2 + sen β2 + sen γ2

Sabemos pela desigualdade 1 que:


α β γ 3 3
sen + sen + sen ≤ ⇒ ≥2
2 2 2 2 sen α2 + sen β2 + sen γ2

Aplicando a desigualdade acima a desigualdade (62), por transitividade


chega-se ao resultado.A desigualdade acima também pode ser provada pela de-
1
sigualdade de Jensen em 3 variáveis, basta fazer λ1 = λ2 = λ3 = .
3

83
17. (Desafio/Somatórios-Filipe Moreira/Instituto Tecnológico de Aeronáutica-
Xn
ITA-SP)Calcule por pertubação de somatórios sen(kx).
k=1
Solução: Vou calcular algo muito mais forte usando pertubação de soma-
tórios, vou calcular a soma abaixo:
n
X
sen(φ + θ) + sen(φ + 2θ) + sen(φ + 3θ) + ... + sen(φ + nθ) = sen(φ + kθ)
k=1

Ora, a soma do problema é uma caso particular da soma acima, basta fazer
φ = 0 na soma acima e teremos a soma do problema.Veja o que podemos fazer:
n
X n
X
sen(φ + kθ) + sen(φ + (n + 1)θ) = sen(φ + (k + 1)θ) =
k=1 k=0
Xn n
X
sen(φ+(k +1)θ)+sen(φ+θ) = (sen(φ+kθ)cos(θ)+cos(φ+kθ)sen(θ))+
k=1 k=1
n
X n
X
sen(φ + θ) = cos(θ) sen(φ + kθ) + sen(θ) cos(φ + kθ) + sen(φ + θ) ⇒
k=1 k=1
n
X n
X n
X
sen(φ + kθ) + sen(φ + (n + 1)θ) = cos(θ) sen(φ + kθ) + sen(θ) cos(φ +
k=1 k=1 k=1
n
X
kθ) + sen(φ + θ) ⇒ (1 − cos(θ)) sen(φ + kθ) + sen(φ + (n + 1)θ) − sen(φ +
k=1
n n n
X X (1 − cos(θ)) X
θ) = sen(θ) cos(φ + kθ) ⇒ cos(φ + kθ) = sen(φ + kθ) +
sen(θ)
k=1 k=1 k=1
sen(φ + (n + 1)θ) − sen(φ + θ)
sen(θ)
Concluímos assim a primeira e importante igualdade:
n n
X (1 − cos(θ)) X sen(φ + (n + 1)θ) − sen(φ + θ)
cos(φ+kθ) = sen(φ+kθ)+
sen(θ) sen(θ)
k=1 k=1
(63)
Considere agora o desenvolvimento:
n
X n
X
cos(φ + kθ) + cos(φ + (n + 1)θ) = cos(φ + (k + 1)θ) =
k=1 k=0
Xn n
X
cos(φ + (k + 1)θ) + cos(φ + θ) = (cos(φ + kθ)cos(θ) − sen(φ + kθ)sen(θ)) +
k=1 k=1
n
X n
X
cos(φ + θ) = cos(θ) cos(φ + kθ) − sen(θ) sen(φ + kθ) + cos(φ + θ) ⇒
k=1 k=1
n
X n
X n
X
cos(φ + kθ) + cos(φ + (n + 1)θ) = cos(θ) cos(φ + kθ) − sen(θ) sen(φ +
k=1 k=1 k=1

84
n
X n
X
kθ) + cos(φ + θ) ⇒ cos(φ + kθ) + cos(φ + (n + 1)θ) − cos(θ) cos(φ + kθ) =
k=1 k=1
n
X n
X
−sen(θ) sen(φ + kθ) + cos(φ + θ) ⇒ (1 − cos(θ)) cos(φ + kθ) + cos(φ +
k=1 k=1
n
X
(n + 1)θ) = −sen(θ) sen(φ + kθ) + cos(φ + θ)
k=1

Concluímos assim a segunda e importante igualdade:


n
X n
X
(1−cos(θ)) cos(φ+kθ)+cos(φ+(n+1)θ) = −sen(θ) sen(φ+kθ)+cos(φ+θ)
k=1 k=1
(64)
Substituindo (63) em (64), teremos:
n
!
(1 − cos(θ)) X sen(φ + (n + 1)θ) − sen(φ + θ)
(1−cos(θ)) sen(φ + kθ) + +
sen(θ) sen(θ)
k=1
X n
cos(φ + (n + 1)θ) = −sen(θ) sen(φ + kθ) + cos(φ + θ)
k=1
n
(1 − cos(θ))2 X sen(φ + (n + 1)θ) − sen(φ + θ)
⇒ sen(φ + kθ) + (1 − cos(θ)) +
sen(θ) sen(θ)
k=1
Xn
cos(φ + (n + 1)θ) = −sen(θ) sen(φ + kθ) + cos(φ + θ)
k=1

Multiplicando os dois lados por sen(θ), vem:


n
X
⇒ (1 − cos(θ))2 sen(φ + kθ) + (1 − cos(θ))(sen(φ + (n + 1)θ) − sen(φ + θ)) +
k=1
n
X
sen(θ)cos(φ + (n + 1)θ) = −sen2 (θ) sen(φ + kθ) + sen(θ)cos(φ + θ) ⇒
k=1
n
X
⇒ ((1 − cos(θ))2 + sen2 (θ)) sen(φ + kθ) + (1 − cos(θ))(sen(φ + (n + 1)θ) −
k=1
sen(φ + θ)) + sen(θ)cos(φ + (n + 1)θ) = sen(θ)cos(φ + θ) ⇒

n
X
⇒ (1 − 2cos(θ) + cos2 (θ) + sen2 (θ)) sen(φ + kθ) +
k=1
+ (1 − cos(θ))(sen(φ + (n + 1)θ) − sen(φ + θ)) + sen(θ)cos(φ + (n + 1)θ) =
sen(θ)cos(φ + θ) ⇒
n
X
⇒ (2 − 2cos(θ)) sen(φ + kθ) = sen(θ)cos(φ + θ)
k=1
− ((1 − cos(θ))(sen(φ + (n + 1)θ) − sen(φ + θ)) − sen(θ)cos(φ + (n + 1)θ) ⇒

85
n
X
⇒ (2 − 2cos(θ)) sen(φ + kθ) =
k=1
sen(θ)cos(φ + θ) − sen(φ + (n + 1)θ) + sen(φ + θ) + cos(θ)sen(φ + (n + 1)θ) −
cos(θ)sen(φ + θ) − sen(θ)cos(φ + (n + 1)θ)

Observe que
sen(θ)cos(φ + θ) − cos(θ)sen(φ + θ) = −(cos(θ)sen(φ + θ) − sen(θ)cos(φ + θ)) =
−sen(φ + θ − θ) = −sen(φ), veja também que:
cos(θ)sen(φ + (n + 1)θ) − sen(θ)cos(φ + (n + 1)θ) = sen(φ + (n + 1)θ − θ) =
sen(φ + nθ)

Substituindo teremos:
n
X
(2−2cos(θ)) sen(φ+kθ) = −sen(φ+(n+1)θ)+sen(φ+θ)+sen(φ+nθ)−sen(φ)
k=1
(65)

Considere
 que sen(φ+θ)−sen(φ+(n+1)θ)
  = −(sen(φ+(n+1)θ)−sen(φ+θ)) =
nθ 2φ + (n + 2)θ
−2sen cos e também
2 2    
nθ 2φ + nθ
sen(φ + nθ) − sen(φ) = 2sen cos
2 2
Substituindo as igualdades anteriores em (65) teremos:

n       
X nθ2φ + (n + 2)θ nθ 2φ + nθ
(2−2cos(θ)) sen(φ+kθ) = −2sen cos +2sen cos
2 2 2 2
k=1
  (66) 
2φ + nθ 2φ + (n + 2)θ
Colocando os senos em evidência em (66) e usando que cos −cos =
       2  2
θ (n + 1)θ θ (n + 1)θ
−2sen − sen φ + = 2sen sen φ + (lembre-se
2 2 2 2
o seno é uma função ímpar), substituindo em (66) teremos:
n      
X nθ θ (n + 1)θ
(2 − 2cos(θ)) sen(φ + kθ) = 4sen sen sen φ + (67)
2 2 2
k=1

Agora, observe 
que:   
θ θ
2−2cos(θ) = 2−2 1 − 2sen2 = 4sen2 , substituindo em (67), teremos:
2 2
 Xn      
2 θ nθ θ (n + 1)θ
4sen sen(φ + kθ) = 4sen sen sen φ +
2 2 2 2
k=1
Passando o seno ao quadrado dividindo teremos o resultado desejado5
5É fácil generalizar esse resultado para o cosseno, ou para o seno ao quadrado ou cosseno

86
18.Prove a desigualdade 7 desse artigo.

Solução: Pela desigualdade das médias temos:


(yz)2 + (xz)2 ≥ 2xyz 2 (68)

(yz)2 + (xy)2 ≥ 2xy 2 z (69)

(xz)2 + (xy)2 ≥ 2x2 yz (70)


Somando (68) (69) e (70), teremos:
(xz)2 + (xy)2 + (yz)2 ≥ x2 yz + xy 2 z + xyz 2 (71)
Observe que (xz)2 +(xy)2 +(yz)2 = (xy+xz+yz)2 −(2x2 yz+2xy 2 z+2xyz 2 ),
substituindo em (71) teremos:

(xy + xz + yz)2 ≥ 3x2 yz + 3xy 2 z + 3xyz 2 (72)


Tome xy + xz + yz = 1, note que por essa substituição x,y e z são tangen-
tes com argumentos que são metade de ângulos de um triângulo.Sendo assim,
teremos:
1 ≥ 3x2 yz + 3xy 2 z + 3xyz 2 (73)
Veja o que podemos fazer com isso:

1 ≥ 3x2 yz + 3xy 2 z + 3xyz 2 ⇒


⇒ 1 − (x2 yz + xy 2 z + xyz 2 ) ≥ 2x2 yz + 2xy 2 z + 2xyz 2 ⇒
⇒ xy + xz + yz − (x2 yz + xy 2 z + xyz 2 ) ≥ 2x2 yz + 2xy 2 z + 2xyz 2 ⇒
⇒ xy(1 − z 2 ) + xz(1 − y 2 ) + yz(1 − x2 ) ≥ 2xyz(x + y + z)

Dividindo os dois lados por 2xyz, teremos:


1 − z2 1 − y2 1 − x2
+ + ≥x+y+z (74)
2z 2y 2x
α β γ 2tanx
Fazendo x = tan , y = tan , z = tan e usando que tan2x = ⇒
2 2 2 1 − tan2 x
2
1 − tan x
cot2x = , substituindo em (74) teremos:
2tanx
α β γ
cotα + cotβ + cotγ ≥ tan + tan + tan
2 2 2
O lado direito pode ser usado a Desigualdade de Jensen ou mesmo a desigualdade
das médias, por ser muito óbvia, vou omitir a demonstração.
ao quadrado, bastando apenas aplicar algumas transformações trigonométricas triviais, nos
dois últimos casos.

87
19.(IMO)Sejam a,b,c os lados do triângulo e A sua área, prove que:

a2 + b2 + c2 ≥ 4 3A

Solução 1 Defina uma função:


 
1 1 1
f (a, b, c) = (a + b + c) + +
a b c

Onde a,b,c são lados de um triângulo. Suponha por absurdo, que:


1 1 1 3
+ + < √ (75)
a b c R 3
Usando que: √
a + b + c ≤ 3R 3 (76)
Multiplicando (75) e (76):
 
1 1 1
(a + b + c) + + <9
a b c

O que é absurdo, isto pode ser visto usando a desigualdade que relaciona a média
aritmética com a média harmônica, ou pela desigualdade de Cauchy-Schwarz.De
onde concluímos:
1 1 1 3
+ + ≥ √ (77)
a b c R 3
Pela desigualdade (77) e por (57), temos:

3abc
ab + ac + bc ≥
R

ab + ac + bc ≥ 4A 3
Usando que a2 + b2 + c2 ≥ ab + bc + ac segue o resultado.

88
Solução 2:
Essa solução é um pouco mais longa.Nessa solução vou provar que essa desi-
gualdade é equivalente a desigualdade 7, usando outros argumentos.Substituindo
a fórmula de Heron, teremos:
√ p
a2 + b2 + c2 ≥ 4 3 S(S − a)(S − b)(S − c)
s 2
a+b+c
Multiplicando ambos os lados da desigualdade acima por =
2abc
s 2
S
, obtemos:
abc
r

 
2 2 2
 a+b+c S(S − a) S(S − b) S(S − c)
a +b +c ≥4 3
2abc bc ac ab
Usando a relação (24) e (25), temos:

 
 a+b+c α β γ
a2 + b2 + c2 ≥ 4 3cos cos cos
2abc 2 2 2

a2 b2 c2 √
     
a a b b c c α β γ
+ + + + + + + + ≥ 8 3cos cos cos
bc b c ac a c ab a b 2 2 2

sen2 α sen2 β sen2 γ


     
senα senα senβ senβ senγ senγ
+ + + + + + + +
senβsenγ senβ senγ senαsenγ senα senγ senαsenβ senα senβ
√ α β γ
≥ 8 3cos cos cos
2 2 2
 
senα senβ senγ
(senα + senβ + senγ) + +
senβsenγ senαsenγ senαsenβ
√ α β γ
≥ 8 3cos cos cos
2 2 2


 
α β γ senα senβ senγ α β γ
4cos cos cos + + ≥ 8 3cos cos cos
2 2 2 senβsenγ senαsenγ senαsenβ 2 2 2
senα senβ senγ √
+ + ≥2 3
senβsenγ senαsenγ senαsenβ
sen(β + γ) sen(α + γ) sen(β + α) √
+ + ≥2 3
senβsenγ senαsenγ senαsenβ

2cotα + 2cotβ + 2cotγ ≥ 2 3

cotα + cotβ + cotγ ≥ 3

89
Solução 3:
Aqui vai uma demonstração elementar dessa desigualdade(sem usar uma
desigualdade auxiliar).Seja R o raio da circunferência circunscrita ao triângulo,
abc
α, β, γ os ângulos agudos opostos aos lados a, b, c, então sabemos que A =
4R
c 2R 1
, = senγ ⇒ = e também pela lei dos cossenos que c = a + b2 −
2 2
2R c senγ
a2 + b2 − c2
2abcosγ ⇒ cosγ = , daí segue que:
2ab

4Rabc(a2 + b2 − c2 ) 4AR(a2 + b2 − c2 ) 2R a2 + b2 − c2
a2 +b2 −c2 = = = 4A× × =
4Rabc abc
r rc 2ab
p p 4R2 4a2 b2 R2
4Acotγ = 4A cot2 γ = 4A csc2 γ − 1 = 4A 2
− 1 = 4A −1 =
s r s c a2 b2 c2
a2 b2 a2 b2 a 2 b2
  p
4A − 1 = 4A − 1 = 2 4A 2 − 1 = 2 a2 b2 − 4A2 ⇒
2 4A2 4A2
4 abc

4R p
a2 + b2 − c2 = 2 a2 b2 − 4A2

Por simetria concluímos as igualdades abaixo:


p
2 a2 b2 − 4A2 = a2 + b2 − c2

p
2 a2 c2 − 4A2 = a2 + c2 − b2

p
2 b2 c2 − 4A2 = b2 + c2 − a2
Multiplicando essas igualdades duas a duas teremos:
p p
4 a2 b2 − 4A2 b2 c2 − 4A2 = (a2 + b2 − c2 )(b2 + c2 − a2 )

p p
4 a2 c2 − 4A2 b2 c2 − 4A2 = (a2 + c2 − b2 )(b2 + c2 − a2 )

p p
4 a2 b2 − 4A2 a2 c2 − 4A2 = (a2 + c2 − b2 )(a2 + b2 − c2 )

√ Usando que o quadrado de todo número real é positivo segue que m + n ≥


2 mn, temos:

2(a2 b2 − 4A2 + b2 c2 − 4A2 ) ≥ (a2 + b2 − c2 )(b2 + c2 − a2 )

2(a2 c2 − 4A2 + b2 c2 − 4A2 ) ≥ (a2 + c2 − b2 )(b2 + c2 − a2 )

2(a2 b2 − 4A2 + a2 c2 − 4A2 ) ≥ (a2 + c2 − b2 )(a2 + b2 − c2 )

90
Somando todas as desigualdades acima teremos:

4a2 b2 +4b2 c2 +4a2 c2 −16×3A2 ≥ (a2 +b2 −c2 )(b2 +c2 −a2 )+(a2 +c2 −b2 )(b2 +c2 −a2 )+(a2 +c2 −b2 )(b2 +c2 −a2 )

Seja b2 + c2 − a2 = x, y = a2 + c2 − b2 , z = a2 + b2 − c2 .Observe que


2a = (a2 +c2 −b2 )+(a2 +b2 −c2 ) = y+z, 2b2 = (a2 +b2 −c2 )+(b2 +c2 −a2 ) = x+z,
2

2c2 = (a2 + c2 − b2 ) + (b2 + c2 − a2 ) = x + y, sendo assim temos 4a2 b2 =


(y + z)(x + z), 4a2 c2 = (y + z)(x + y), 4b2 c2 = (x + z)(x + y), substituindo na
desigualdade acima, temos:

(x + z)(x + y) + (x + y)(y + z) + (y + z)(x + z) − 16 × 3A2 ≥ xy + xz + yz

x2 + y 2 + z 2 + 2xy + 2xz + 2yz − 16 × 3A2 ≥ 0

(x + y + z)2 − 16 × 3A2 ≥ 0


x + y + z ≥ 4 3A
De onde finalmente segue o resultado.

91
20.(Vardan Verdiyan e Daniel Campos Salas-“Simple trigonometric
√ substitu-
tions with broad results”)Let a,b,c real numbers such that a+b+c = abc.Prove
that:
ab + bc + ac ≥ 9(a + b + c)

Solução 1: Dividindo a desigualdade por a + b + c = abc, a desigualdade
é equivalente a: r r
r
bc ac ab
+ + ≥9
a b c

Dividindo a condição por abc, a condição é equivalente a:
r r r
a b c
+ + =1
bc ac ab
O que temos que provar agora é a seguinte implicação:
r r r r r r
a b c bc ac ab
+ + =1⇒ + + ≥9 (78)
bc ac ab a b c
Sejam x,y e z números reais quaisquer, faça a substituição:
r r r
4 bc 4
ac 4 ab
x= ,y = ,z =
a3 b3 c3
Multiplicando as igualdades acima duas a duas, vem:
r r r
c b a
xy = , xz = , yz =
ab ac bc
Substituindo em (78), segue que:
1 1 1
xy + xz + yz = 1 ⇒ + + ≥9 (79)
xy xz yz
α β γ
Fazendo x = tan , y = tan , z = tan , alpha, beta e gamma são ângulos de
2 2 2
um triângulo.De onde vemos que a desigualdade é equivalente a:
α β α γ β γ α β α γ β γ
tan tan +tan tan +tan tan = 1 ⇒ cot cot +cot cot +cot cot ≥ 9
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
(80)
Veja que o que temos que provar é que a desigualdade acima é uma desigualdade
do triângulo, mas isso é possível ver, se alpha, beta e gamma são ângulos de um
triângulo, pela desigualdade 3 vale que:
α β γ 1
sen sen sen ≤
2 2 2 8
α β γ
csc csc csc ≥ 8
2 2 2

92
α+β+γ
Multiplicando ambos os lados por sen = 1, teremos:
2
α β γ α+β+γ
csc csc csc sen ≥8
2 2 2 2 
α β γ α+β γ α+β γ
csc csc csc sen cos + cos sen ≥8
2 2 2 2 2 2 2
    
α β γ α β α β γ α β α β γ
csc csc csc sen cos + cos sen cos + cos cos − sen sen sen ≥
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
8
α β α γ β γ
cot cot + cot cot + cot cot ≥ 9
2 2 2 2 2 2

93
Solução 2:Aplicando a desigualdade de Cauchy-Schwarz ao lado esquerdo da
desigualdade da relação (78) e pela igualdade da relação (78), segue o
resultado diretamente.

94
21.(OBM)Se xy+xz+yz=1, prove que:

2x(1 − x2 ) 2y(1 − y 2 ) 2z(1 − z 2 ) x y z


+ + ≤ + +
(1 + x2 )2 (1 + y 2 )2 (1 + z 2 )2 1 + x2 1 + y2 1 + z2

Solução. Substituindo por tangentes de apha/2, beta/2 e gamma/2, note que


alpha, beta e gamma serão ângulos de um triângulo.Teremos no lado esquerdo,
pelas identidades 11 e 12 e no lado direito pela identidade 2, vê-se facilmente
que a desigualdade é equivalente a:
α α β β γ γ
senαcosα + senβcosβ + senγcosγ ≤ sen cos + sen cos + sen cos
2 2 2 2 2 2
sen2α + sen2β + sen2γ ≤ senα + senβ + senγ (81)
Nos resta provar (81), é simples veja:

cos(α − β) ≤ 1 ⇒ 2sen(α + β)cos(α − β) ≤ 2sen(α + β) ⇒ 2sen(α + β)cos(α −


β) ≤ 2sen(π − (α + β)) ⇒ sen2α + sen2β ≤ 2sen(α + β + γ − (α + β)) = 2senγ

Fazendo o mesmo para os outros ângulos, teremos:

sen2α + sen2β ≤ 2senγ (82)

sen2α + sen2γ ≤ 2senβ (83)


sen2β + sen2γ ≤ 2senα (84)
Somando (82), (83) e (84) segue o resultado6 .

6 Em verdade a desigualdade de Jensen é uma “generalização” da definição de concavidade

e convexidade, já que podemos perfeitamente definir concavidade ou convexidade em função


da desigualdade elementar.É muito importante notar que o fato de uma função de n variáveis
obedecer a um CASO PARTICULAR da desigualdade de Jensen, não implica que essa função
seja côncava ou convexa, isso pode ser mera coincidência.Dizemos nesses casos que vale a
ida mas não vale a volta, isto é, se uma função é convexa vale a desigualdade de Jensen,
mas se vale um caso particular da desigualdade de Jensen nem sempre vale convexidade ou
concavidade.Um exemplo disso é função cosx, cuja derivada segunda é -cosx, se tomarmos
3
a,b,c ângulos de um triângulo é verdade que cosa + cosb + cosc ≤ , mas note que essa
2
função não é côncava em todo intervalo (0, π), apesar disso pode ser facilmente provado que
essa desigualdade é verdadeira em todo intervalo (0, π), note que esse é um caso particular
1
da desigualdade de Jensen, isto é, o caso em que λ1 = λ2 = λ3 = .Por outro lado, se
3
vale a desigualdade de Jensen em seu caso geral, então a função ou é côncava ou é convexa,
pois a desigualdade de Jensen implica a definição de concavidade ou convexidade, já que se
demonstra a desigualdade de Jensen, por indução, partindo da definição de concavidade ou
convexidade, que é a própria desigualdade de Jensen em duas variáveis.

95
22.(“103 Problems From the Training USA IMO Team”-Titu Andreescu)Let
A,B,C be a triangle.Prove that :
A B A C B C
tan tan + tan tan + tan tan = 1
2 2 2 2 2 2
Solução
  1: Já sabemos que se x, y e z são ângulos de um triângulo vale
x+y z
cos = sen (veja o motivo na página 16 desse pdf).Agora, observe que:
2 2
senα+senβ+senγ
 = (senα
 +senβ− senγ)+(senα
  + senγ − senβ)+(senβ  +senγ− senα)=
α α β−γ β+γ γ γ α−β α+β
2sen cos + 2sen cos + 2sen cos + 2sen cos +
 2 2  2   2   2 2  2  2
 
β β γ−α α+γ α β+γ β−γ α
2sen cos + 2sen cos = 2sen sen + 2sen sen +
 2 2  2  2   2  2   2  2
γ α+β α−β γ β γ+α γ−α β
2sen sen + 2sen sen + 2sen sen + 2sen sen =
2 2 2 2 2 2 2 2
         
α β+γ β−γ γ α+β α−β
2sen sen + sen +2sen sen + sen +
2  2   2  2 2 2
β γ+α γ−α α β γ γ α β
2sen sen + sen = 4sen sen cos +4sen sen cos +
2 2 2 2 2 2 2 2 2
β γ α
4sen sen cos
2 2 2
α β γ
Usando que senα + senβ + senγ = 4cos cos cos , concluímos a igualdade:
2 2 2
α β γ α β γ γ α β β γ α
cos cos cos = sen sen cos + sen sen cos + sen sen cos (85)
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
α β γ
Dividindo a equação (85) por cos cos cos segue o resultado.
2 2 2

96
A B A C B C
Solução 2: Observe a expressão tan tan + tan tan + tan tan
2 2 2 2 2 2
,pela substituição (26) e (27) segue o resultado diretamente.

97
Solução 3: Veja página 21.

98
23.(Cálculo-Geraldo Ávila) Encontre uma expressão fechada para a soma:
n  
X 1
arctan
2k 2
k=1

ω+φ
Solução:Pela relação 10, teremos: tan(arctan ω + arctan φ) = ⇒
 1 − ωφ
ω+φ
arctan(tan(arctan ω + arctan φ)) = arctan ω + arctan φ = arctan
1 − ωφ
De onde conluímos:
 
ω+φ
arctan ω + arctan φ = arctan
1 − ωφ

k k−1
Substituindo ω = eφ=− na igualdade acima, teremos:
k+1 k
k
k k−1 − k−1 1
arctan − arctan = arctan k+1 k k−1
k
= arctan 2
k+1 k 1 + k+1 k 2k

Conluindo assim que vale:


k k−1 1
arctan − arctan = arctan 2
k+1 k 2k
Aplicando somatório variando em k dos dois lados acima, chega-se a:
n  
X 1 n
arctan = arctan
2k 2 n+1
k=1

99
24.(Cálculo-Stewart) Os polinômios de Chebychev Tn são definidos por Tn =
cos(n arccos x), ∀n ∈ N, mostre que para n maior ou igual a 1

Tn+1 (x) = 2xTn (x) − Tn−1 (x)

Solução:Usando a relação (5), e pela definição do polinômio de Chebychev:

Tn+1 (x) = cos((n+1) arccos x) = cos((n arccos x+arccos x) = cos(n arccos x)cos(arccos x)−
sen(n arccos x)sen(arccos x) = xcos(n arccos x)−sen(n arccos x)sen(arccos x) ⇒
cos((n + 1) arccos x) = xcos(n arccos x) − sen(n arccos x)sen(arccos x)
De onde concluímos:

cos((n+1) arccos x) = xcos(n arccos x)−sen(n arccos x)sen(arccos x) Igualdade A


Agora veja que

cos(a + b) − cos(a − b)
= −senasenb ⇒ −sen(n arccos x)sen(arccos x) =
2
cos((n + 1) arccos x) − cos((n − 1) arccos x)
2

De onde concluímos a Igualdade:

cos((n + 1) arccos x) − cos((n − 1) arccos x)


−sen(n arccos x)sen(arccos x) = Igualdade B
2

Substituindo Igualdade B na Igualdade A, teremos:

cos((n + 1) arccos x) − cos((n − 1) arccos x)


cos((n+1) arccos x) = xcos(n arccos x)+ =
2
2xcos(n arccos x) + cos((n + 1) arccos x) − cos((n − 1) arccos x)

2
⇒ cos((n + 1) arccos x) = 2xcos(n arccos x) − cos((n − 1) arccos x)

Que pela definição segue diretamente.

100
5 Um pouco além da trigonometria: Indução,
Redução ao absurdo ou Contraposição, Senten-
ças Condicionais, Normalização de desigualda-
des Homogêneas, Cálculo

101
25.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo) Dados dois números
quaisquer, prove que sempre existe entre estes dois números uma sequência
infinitamente decrescente e outra infinitamente crescente, ambas formadas por
estes dois números, em outras palavras, prove que qualquer intervalo aberto de
R pode conter uma sequência infinitamente crescente e infinitamente decrescente
composta pelos extremos desse intervalo.

Solução :
Seja um intervalo aberto (a1 , b1 ), então, podemos supor sem perda de gene-
ralidade que b1 > a1 , veja o que podemos fazer com isso:
b1 + a1
b1 > a1 ⇒ 2b1 > b1 + a1 → b1 >
2
De onde concluímos que vale:
b1 + a1
b1 > (86)
2
b1 + a1
Por outro lado b1 > a1 ⇒ b1 + a1 > 2a1 ⇒ a1 <
2
De onde concluímos que vale:
b1 + a 1
a1 < (87)
2
De (86) e (87), chega-se a:

b1 + a1
b1 > > a1 (88)
2
Concluímos de (88) que há pelo menos um elemento entre a1 e b1 .Vamos provar
por indução que sempre podemos encontrar um número maior entre a1 e b1 .
Defina:
b1 (2n − 1) + a1
an+1 = ,n ∈ N (89)
2n
Por hipótese de indução, considere:

b1 (2n+1 − 1) + a1
b1 > > an+1 (90)
2n+1
O lado esquerdo da desigualdade acima não há necessidade de indução, basta
observar que isto segue diretamente do fato de que b1 > a1 .Veja:

b1 > a1 ⇒ 0 > −b1 + a1 ⇒ 2n+1 b1 > 2n+1 b1 − b1 + a1 ⇒


b1 (2n+1 − 1) + a1
⇒ 2n+1 b1 > b1 (2n+1 − 1) + a1 ⇒ b1 >
2n+1
Nos resta provar o lado direito, como base de indução, considere para o caso
n = 0 já está provado, pois nada mais é do que a desigualdade (88).Observe que

102
o que temos que provar por indução, é que a sequência an+1 é crescente, entre-
tanto não ultrapassa o termo b1 (como já provamos), e como o primeiro termo é
a1 , isto é, o próprio extremo do intervalo, o resultado segue diretamente. Vamos
desenvolver (90) apropriadamente, vamos substituir(89) em (90) e depois somar
b1 nos dois lados de (90), veja:

b1 (2n+1 − 1) + a1 b1 (2n − 1) + a1 b1 (2n+1 − 1) + a1 b1 (2n − 1) + a1


n+1
> n
⇒ n+1
+b1 > +
2 2 2 2n
n+2 n+1 n+2 n+1
b1 (2 − 1) + a1 b1 (2 − 1) + a1 b1 (2 − 1) + a1 b1 (2 − 1) + a1
b1 ⇒ > ⇒ > ⇒
2n+1 2n 2n+2 2n+1
n+2
b1 (2 − 1) + a1
> an+2
2n+2
De onde segue o resultado por indução.A prova para a sequência decrescente
é análoga. Defina:
a1 (2n − 1) + b1
bn+1 = ,n ∈ N (91)
2n
Como hipótese de indução considere:

a1 (2n+1 − 1) + b1
bn+1 > > a1 (92)
2n+1
O lado direito da desigualdade acima não há necessidade de indução, basta
observar que isto segue diretamente do fato de que b1 > a1 .Veja:

a1 < b1 ⇒ 0 < −a1 + b1 ⇒ 2n+1 a1 < 2n+1 a1 − a1 + b1 ⇒


a1 (2n+1 − 1) + b1 a1 (2n+1 − 1) + b1
⇒ 2n+1 a1 < a1 (2n+1 −1)+b1 ⇒ a1 < n+1
⇒ >
2 2n+1
a1

Nos resta provar o lado esquerdo, como base de indução, considere, para
o caso n = 0, que já está provado, pois nada mais é do que a desigualdade
(88). Observe que o que temos que provar por indução, é que a sequência bn+1 é
decrescente, entretanto seus termos nunca são menores que o termo a1 (acabamos
de provar isto), e como o primeiro termo dessa sequência é b1 , isto é, o próprio
extremo do intervalo, o resultado segue diretamente.Substituindo (91) no lado
esquerdo de (92) e depois somando a1 nos dois lados da desigualdade resultante
teremos:

a1 (2n − 1) + b1 a1 (2n+1 − 1) + b1 a1 (2n − 1) + b1 a1 (2n+1 − 1) + b1


> ⇒ +a1 > +
2n 2n+1 2n 2n+1
n+1 n+2 n+1 n+2
a1 (2 − 1) + b1 a1 (2 − 1) + b1 a1 (2 − 1) + b1 a1 (2 − 1) + b1
a1 ⇒ > ⇒ > ⇒
2n 2n+1 2n+1 2n+2
n+2
a1 (2 − 1) + b1
bn+2 >
2n+2
De onde segue o resultado por indução7 .
7 Observe que a desigualdade não é simétrica e por isso b1 > a1 determina sua direção.

103
26. (Teoria dos números:um passeio com primos e números familiares pelo
mundo inteiro-Eduardo Tengan,Carlos Gustavo T. de A. Moreira, Nicolau Cor-
ção Saldanha)Demonstre a fórmula do binômio de Newton para n natural.
       
n n n n−1 n n n
(x + y)n = x + x y + ... + xy n−1 + y
0 1 0 n

Solução: Como base de indução, considere o caso em que n=1, n=2 ou


n=3. Como hipótese de indução, suponha válido para um n que:
n  
X n n−k k
(a + b)n = a b
k
k=0
Dividindo ambos os lados da igualdade por an , nossa hipótese de indução é
equivalente a:
 n X n    k
b n b
1+ =
a k a
k=0
b
Vamos usar de início nossa hipótese de indução.Fazendo x = , vem:
a
n  
n
X n k
(1 + x) = x
k
k=0  
b
Integrando ambos os lados em relação a x no intervalo 0, , obtemos:
a
Z ab Z ab Xn n+1 n  
1 bk+1
   
n n k 1 b 1 X n
(1 + x) dx = x dx ⇒ 1+ − = ⇒
0 0 k=0 k n+1 a n+1 k k + 1 ak+1
k=0
n  
1 n+1 an+1 X n 1 bk+1
⇒ (a + b) − = an+1 ⇒
n+1 n+1 k k + 1 ak+1
k=0
n  
1 n+1 an+1 X n 1
⇒ (a + b) − = an+1−(k+1) bk+1
n+1 n+1 k k+1
k=0
De onde concluímos que vale a igualdade:
n  
1 n+1 an+1 X n 1
(a + b) − = an+1−(k+1) bk+1 (93)
n+1 n+1 k k+1
k=0

 Agora, observe que:


n n! n! n! n! k+1
= = = = =
k k!(n − k)! k!(n + 1 − k − 1)! k!(n + 1 − (k + 1))! k!(n + 1 −(k + 1))!
 k +1
n! n+1 (n + 1)! k+1 n+1 k+1
(k+1) = = ⇒
(k + 1)!(n + 1 − (k + 1))! n+1 (k + 1)!(n + 1 − (k + 1))! n + 1 k+1 n+1
   
n n+1 k+1
⇒ =
k k+1 n+1
Usando a igualdade acima em (93), concluímos:
n 
an+1

1 n+1
X n+1 1
(a + b) − = an+1−(k+1) bk+1
n+1 n+1 k+1 n+1
k=0

104
Multiplicando os dois lados por n+1, e somando an+1 nos dois lados da igual-
dade, teremos:
n  
n+1
X n + 1 n+1−(k+1) k+1
(a + b) = an+1 + a b ⇒
k+1
k=0
  n   n+1  
n+1 n + 1 n+1 X n + 1 n+1−(k+1) k+1 X n + 1 n+1−k k
⇒ (a + b) = a + a b = a b
0 k+1 k
k=0 k=0
De onde, finalmente, segue o resultado por indução.

105
27. (Mathematics Stack Exchange Question)But I also know that pi is not
algebraic, so I’m not sure if I should be looking for an algebraic expression the
limit of which w.r.t. a variable approaches a transcendental number.8

Solução 2:O que essa pessoa tem dúvida é se há uma expressão algé-
brica(querendo dizer, na verdade, sequência de números algébricos) cujo li-
mite é um número transcendente, em outras palavras poderíamos construir uma
sequência de algébricos cujo limite é transcendental?
1 π 1
Considere cot = que é claramente raiz de qualquer polinômio na
4 4 4
1
forma P (x) = xn − n ,considere que
4
1 π
cot ,n ≥ 2 (94)
2n 2n
Como hipótese de indução, considere que (94) é algébrico.Agora note que:
π π
1 π 1 cos2 2n+1 − sen2 2n+1 1 π 1 π
cot = π π = n+1 cot n+1 − n+1 tan n+1
2n 2n 2n 2sen 2n+1 cos 2n+1 2 2 2 2
De onde concluímos que vale:
1 π 1 π 1 π
n
cot n
= n+1 cot n+1 − n+1 tan n+1 (95)
2 2 2 2 2 2
Como por hipótese, o lado esquerdo (95) é algébrico o lado direito também
deve ser, suponha que a tangente seja transcendente, como o inverso de um
número transcendente também é transcendente, a cotangente também deve ser
transcendente, mas a soma de um transcendente com seu inverso também é
claramente transcendente, logo concluiríamos que a soma é transcendente e
portanto o lado esquerdo é transcendente, o que é absurdo, provando assim por
1
indução que essa sequência é algébrica9 .Por outro lado seu limite tende a .
π

8 Este problema foi colocado apenas a título de curiosidade.


9 Aqui vamos usar indução, mas note que, na indução devemos provar que P (n) → P (n+1),
mas lembre-se que em lógica as proposições P (n) → P (n + 1) e ¬P (n + 1) → ¬P (n) são
equivalentes, em outras palavras, provar que A implica B é o mesmo que provar que a negação
de B implica a negação de A, dizemos nesses casos que estamos provando a contra positiva.As
vezes provar a contra positiva está mais ao alcance de nossas mãos do que uma prova direta,
principalmente quando se trata de irracionalidade e transcendência, isto pode ser explicado
pelo fato de definirmos a irracionalidade e transcendência por exclusão:irracionais são aqueles
números que não são racionais, transcendentes são aqueles números que não são algébricos

106
28.(Advanced Calculus-Lynn H. Loomis and Shlomo Stenrberg-Department
of Mathematics)For x in Rn let |x| be the Euclidean Length
" n # 12
X
|x| = x2i
1

and let (x, y) be a scalar product


n
X
(x, y) = xi yi
1

The Schwarz inequality says that


|(x, y)| ≤ |x||y|
and that the inequality is strict if x and y are independent.
a)Prove the Schwarz inequality for the case n = 2 by squaring and canceling.
b) Now prove it for the general n in the same way.

Solução:De fato este é um problema que pode envolver um pouco de trigo-


nometria.Nós vamos fazer a prova por indução.Como base de indução considere
n=2.Isto é, o que temos que provar é a seguinte desigualdade:

(a21 + a22 )(b21 + b22 ) ≥ (a1 b1 + a2 b2 )2 (96)


Vamos construir um triângulo retângulo de catetos b1 , b2 , veja:

107
b1
b2

α b3 β

Da figura, observe que:


b1 b1
sen(β) = =p 2 (97)
b3 b1 + b22

b2 b2
cos(β) = =p 2 (98)
b3 b1 + b22
Vamos construir um triângulo retângulo de catetos a1 , a2 , veja:

108
a2 a1

a3 φ
ω

Da figura, observe que:


a2 a2
sen(φ) = =p 2 (99)
a3 a1 + a22
a1 a1
cos(φ) = =p 2 (100)
a3 a1 + a22
De (97),(98),(99) e (100) segue que:
a1 b1 a2 b2
p p +p 2 p = cosφsenβ + senφcosβ =
a21 + a22 b21 + b22 a1 + a22 b21q+ b22 q
= sen(β + φ) ≤ 1 ⇒ a1 b1 + a2 b2 ≤ a21 + a22 b21 + b22

Que ao se elevar ao quadrado é o resultado desejado.Como hipótese de indução,


considere:

(a21 + a22 + ... + a2n )(b21 + b22 + ... + b2n ) ≥ (a1 b1 + a2 b2 + ... + an bn )2 (101)

Observe, pela desigualdade das médias em duas variáveis, as n desigualdades


que se seguem:

109
a21 b2n+1 + b21 a2n+1 ≥ 2a1 b1 an+1 bn+1
a22 b2n+1 + b22 a2n+1 ≥ 2a2 b2 an+1 bn+1
a23 b2n+1 + b23 a2n+1 ≥ 2a3 b3 an+1 bn+1
...
...
...
a2n b2n+1 + b2n a2n+1 ≥ 2an bn an+1 bn+1
Somando essas n desigualdades, segue:

(a21 +a22 +...+a2n )b2n+1 +(b21 +b22 +...+b2n )a2n+1 ≥ 2an+1 bn+1 (a1 b1 +a2 b2 +a3 b3 +...+an bn )
(102)
Somando (101) com (102), segue que:

(a21 +a22 +...+a2n )b2n+1 +(b21 +b22 +...+b2n )a2n+1 +(a21 +a22 +...+a2n )(b21 +b22 +...+b2n ) ≥
2an+1 bn+1 (a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + ... + an bn ) + (a1 b1 + a2 b2 + ... + an bn )2

Somando a2n+1 b2n+1 nos dois lados da desigualdade acima, vem:

(a21 +a22 +...+a2n )b2n+1 +(b21 +b22 +...+b2n )a2n+1 +(a21 +a22 +...+a2n )(b21 +b22 +...+b2n )+
+ a2n+1 b2n+1 ≥ a2n+1 b2n+1 + 2an+1 bn+1 (a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + ... + an bn ) + (a1 b1 +
a2 b2 + ... + an bn )2

Observe que o lado direito é um produto notável10 , bem como rearranjando o


lado esquerdo e fatorando teremos:

[(a21 + a22 + ... + a2n )b2n+1 + a2n+1 b2n+1 ] + [(b21 + b22 + ... + b2n )a2n+1 + (a21 + a22 + ... +
a2n )(b21 + b22 + ... + b2n )] ≥ (a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + ... + an bn + an+1 bn+1 )2

(a21 + a22 + ... + a2n + a2n+1 )b2n+1 + (b21 + b22 + ... + b2n )(a21 + a22 + ... + a2n + a2n+1 ) ≥
(a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + ... + an bn + an+1 bn+1 )2

(a21 + a22 + ... + a2n + a2n+1 )(b21 + b22 + ... + b2n + b2n+1 ) ≥ (a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + ... +
an bn + an+1 bn+1 )2

Provando assim por indução a desigualdade de Cauchy-Schwarz.


10 O quadrado da soma de dois termos, a saber (a + b)2 = a2 + 2ab + b2

110
29.(Cálculo-Serge Lang)Se a1 , ..., an são números maiores ou iguais a zero,
mostre que11 :

a1 + a2 + a3 + ... + an−3 + an−2 + an−1 + an √


≥ n a1 a2 a3 ...an−3 an−2 an−1 an
n

Solução 1: Como base de indução considere que todo quadrado de número


real é positivo, sendo assim:
√ √ a1 + a2 √
( a1 − a2 )2 ≥ 0 ⇒ ≥ a1 a2
2
Suponha válido para um n que:
x1 + ... + xn √
≥ n x1 ...xn (103)
n
Da desigualdade acima, teremos 12 :
a1 + a2 + a3 + a4 + ...an−4 + an−3 + an−2 + an−1 + an + an+1 =
a2 + ... + an+1 a1 + a3 + ... + an+1 a1 + ... + an
+ +... + ≥
| n
{z } | n
{z } | n
{z }
f alta o termo a1 f alta o termo a2 f alta o termo an+1
| {z }
Aqui temos n+1 parcelas somando, cada parcela com n termos
 
√ √ √ √ 1 1
n
a2 ...an+1 + n a1 a3 ...an+1 +...+ n a1 ...an = n a1 ...an+1 √
n a
+ ... + √
n a
1 n+1

De onde concluímos a desigualdade:

 
√ 1 1
a1 +a2 +a3 +a4 +...an−4 +an−3 +an−2 +an−1 +an +an+1 ≥ n
a1 ...an+1 √
n a
+ ... + √
n a
1 n+1
(104)
1
Aplicando a desigualdade de Jensen para a função f (x) = √ , que é convexa
n
x
1
para x positivo, com λ1 = λ2 = .... = λn+1 = teremos:
n+1
s
1 1 n+1

n a
+ ... + √
n a
≥ (n + 1) n
1 n+1 a1 + ... + an+1

Multiplicando ambos os lados da desigualdade acima por n a1 ...an+1 , chegamos
a:
11 Esta
é a Desigualdade entre as Médias Aritmética e Geométrica, para provar a desigual-
1
dade entre a média geométrica e harmônica, basta fazer ak = .O autor do livro, sugere dois
bk
raciocínios em diferentes partes do texto para que o leitor prove a desigualdade das médias,
aqui eu não segui nenhuma de suas sugestões, para mais informações veja seu livro Cálculo.
12 Cada k-ésima parcela falta o termo a .
k

111
  s
√ 1 1 (n + 1)a1 ...an+1
n
a1 ...an+1 √
n a
+ ... + √
n a
≥ (n + 1) n (105)
1 n+1 a1 + ... + an+1

Observe que o lado direito de (104) é o lado esquerdo de (105), assim por
transitividade, teremos:
s
(n + 1)a1 ...an+1
a1 + ... + an+1 ≥ (n + 1) n (106)
a1 + ... + an+1
Elevando ambos os lados da desigualdade acima a n-ésima potência, chegamos
a:
a1 ...an+1
(a1 + ... + an+1 )n ≥ (n + 1)n+1 (107)
a1 + ... + an+1

(a1 + ... + an+1 )n+1


≥ a1 ...an+1 (108)
(n + 1)n+1
 n+1
a1 + ... + an+1
≥ a1 ...an+1 (109)
n+1
Extraindo a raiz n+1-ésima, teremos:
a1 + ... + an+1 √
≥ n+1
a1 ...an+1 (110)
n+1

112
30.(Questão postada em uma comunidade do Facebook)Resolva a equação:
3
1 + sen3 x + cos3 x = sen(2x)
2
Solução:

Podemos ver diretamente duas soluções particulares x = e x = π.Mas
2
não sabemos se há outra solução, se não aquelas que são côngruas a estas so-
luções.Vamos provar que não existem outras soluções além das soluções côn-
gruas.Para tanto, basta observar que sen2 x = 1 − cos2 x e cos2 x = 1 − sen2 x,
daí segue que:

1 + sen3 x + cos3 x = 1 + sen2 xsenx + cos2 xcosx = 1 + (1 − cos2 x)senx


+ (1 − sen2 x)cosx = 1 + senx + cosx − senxcos2 x − cosxsen2 x

De onde concluímos que nossa equação é equivalente a:


3
1 + senx + cosx − senxcos2 x − cosxsen2 x = sen(2x)
2
Usando que sen(2x) = 2senxcosx, nossa equação é equivalente a:

1 + senx + cosx − senxcos2 x − cosxsen2 x = 3senxcosx (111)


De (111), veja o que podemos fazer:

1 + senx + cosx − senxcos2 x − cosxsen2 x = 3senxcosx


1 + senx + cosx − senxcosx(senx + cosx) = 3senxcosx
1 + (1 − senxcosx)(senx + cosx) = 3senxcosx
1 − senxcosx + (1 − senxcosx)(senx + cosx) = 2senxcosx
(1 − senxcosx)(1 + senx + cosx) = 2senxcosx
De onde concluímos que nossa equação é equivalente a:
(1 − senxcosx)(1 + senx + cosx) = 2senxcosx (112)
Somando e subtraindo 1 no lado direito da igualdade acima, teremos:

(1 − senxcosx)(1 + senx + cosx) = 1 + 2senxcosx − 1 = sen2 x + cos2 x +


2senxcosx − 1 = (senx + cosx)2 − 1 = (1 + senx + cosx)(−1 + senx + cosx)

De onde concluímos:
(1 − senxcosx)(1 + senx + cosx) = (1 + senx + cosx)(−1 + senx + cosx) (113)

Supondo que haja soluções diferentes das triviais, devemos tomar x 6= e
2
x 6= π , daí podemos efetuar o cancelamento do termo (1 + senx + cosx), sendo
assim teremos:
1 − senxcosx = −1 + senx + cosx (114)

113
De (114) segue que:

1 − senxcosx = −1 + senx + cosx ⇒ 4 = 2senxcosx + 2(senx + cosx) ⇒ 5 =


1 + 2senxcosx + 2(senx + cosx) ⇒ 5 = sen2 x + cos2 x + 2senxcosx + 2(senx +
cosx) ⇒ 5 = (senx + cosx)2 + 2(senx + cosx)

Fazendo senx + cosx = y, teremos a equação:

y 2 + 2y − 5 = 0 (115)
√ √
Cujas soluções são −1 − 6 e 6 − 1 , valores estes
 queπestão fora do intervalo
√  √
que y pode assumir, já que senx + cosx = 2sen x + , cujo máximo é 2
√ 4
e cujo mínimo é − 2 .

114
31.(IMO 1984-International Mathematical Olympiad13 /Putnam and Beyond-
Titu Andreescu)Let a > 0, b > 0, c > 0, a + b + c = 1.Prove that:
7
0 ≤ ab + bc + ac − 2abc ≤
27
Solução: O lado esquerdo é trivial.Por isso, vamos nos preocupar com o lado
direito.O lado esquerdopbasta observar que pela desigualdadepdas médias segue
que ab + bc + ac ≥ 3 3 (abc)2 ⇒ ab + bc + ac − 2abc ≥ 3 3 (abc)2 − 2abc =
p3
p p (abc)2 − (abc)3
(abc)2 + 2( 3 (abc)2 − abc) = 3 (abc)2 + 2 p p =
3
(abc)4 + 3 (abc)2 abc + (abc)2
p 1 − abc
3
(abc)2 + 2(abc)2 p p > 0, a última desigualdade
3
(abc) + (abc)2 abc + (abc)2
4 3

segue do fato de a,b,c serem menores do que 1 e maiores do que zero.Seja P (x)
um polinômio de raízes a, b, c, seja esse polinômio o que está abaixo:
P (x) = a3 x3 + a2 x2 + a1 x + a0 (116)
Pelas relações de Girard para um polinômio do terceiro grau, sabemos que vale:

Relações de Girard
a2
a+b+c=− ⇒ a2 = −a3 (a + b + c) Igualdade A
a3
a1
ab + bc + ac = ⇒ a1 = a3 (ab + bc + ac) Igualdade B
a3
a0
abc = − ⇒ a0 = −a3 abc Igualdade C
a3

Substituindo as Igualdades A, B e C em (116), teremos:


P (x) = a3 x3 − a3 (a + b + c)x2 + a3 (ab + bc + ac)x − a3 abc (117)
Seja σk uma soma de Newton do polinômio, então, sabemos que vale para
um polinômio arbitrário Q(x) = b3 x3 + b2 x2 + b1 x + b0 :

b3 σk + b2 σk−1 + b1 σk−2 + b0 σk−3 = 0 (118)


Aplicando o resultado (118) a (117), teremos:

a3 σk − a3 (a + b + c)σk−1 + a3 (ab + bc + ac)σk−2 − a3 abcσk−3 = 0


Dividindo ambos os lados da igualdade acima por a3 , teremos:

σk − (a + b + c)σk−1 + (ab + bc + ac)σk−2 − abcσk−3 = 0 (119)


Fazendo k = 3 em (119) e usando que a + b + c = 1, teremos:
13 Veja uma solução diferente da que eu apresentei neste pdf no site da Universidade de

Cornell: Corrnell University.

115
σ3 − (a + b + c)σ2 + (ab + bc + ac)σ1 − abcσ0 = 0

(a3 + b3 + c3 ) − (a + b + c)(a2 + b2 + c2 ) + (ab + bc + ac)(a + b + c) − 3abc = 0

(a2 + b2 + c2 ) = (a3 + b3 + c3 ) + (ab + bc + ac) − 3abc

2(ab + bc + ac)
(a2 + b2 + c2 ) = (a3 + b3 + c3 ) + − 3abc
2
(a + b + c)2 − (a2 + b2 + c2 )
(a2 + b2 + c2 ) = (a3 + b3 + c3 ) + − 3abc
2
1 − (a2 + b2 + c2 )
(a2 + b2 + c2 ) = (a3 + b3 + c3 ) + − 3abc
2
3(a2 + b2 + c2 ) 1
= (a3 + b3 + c3 ) + − 3abc
2 2
3 3 3
2(a + b + c ) 1
a2 + b2 + c2 = + − 2abc
3 3
De onde concluímos a igualdade abaixo:
2(a3 + b3 + c3 ) 1
a2 + b2 + c2 = + − 2abc (120)
3 3
Vamos usar novamente a identidade que acabamos de provar, a saber:

a3 + b3 + c3 − 3abc = (a + b + c)(a2 + b2 + c2 − (ab + bc + ac))

Veja como podemos desenvolver essa identidade(lembre-se, estamos usando que


a + b + c = 1):

a3 + b3 + c3 − 3abc = (a + b + c)(a2 + b2 + c2 − (ab + bc + ac)) =


a2 + b2 + c2 − (ab + bc + ac) ⇒ ab + bc + ac − 3abc = a2 + b2 + c2 − (a3 + b3 + c3 ) ⇒
ab + bc + ac − abc = a2 + b2 + c2 − (a3 + b3 + c3 ) + 2abc

De onde concluímos a igualdade abaixo:

ab + bc + ac − abc = a2 + b2 + c2 − (a3 + b3 + c3 ) + 2abc (121)

Substituindo (120) em (121), teremos:

2(a3 + b3 + c3 ) 1
ab + bc + ac − abc = + − 2abc − (a3 + b3 + c3 ) + 2abc =
3 3
(a3 + b3 + c3 ) 1
− +
3 3
De onde concluímos a igualdade abaixo:
(a3 + b3 + c3 ) 1
ab + bc + ac − abc = − + (122)
3 3

116
Considere agora que a função f (x) = x3 é convexa, pois sua derivada segunda
é positiva para x positivo, sendo assim, aplicando a desigualdade de Jensen a
esta função em três variáveis, e usando que a + b + c = 1, teremos:
3
(a3 + b3 + c3 )

a+b+c 1
≥ =
3 3 27
Multiplicando por -1, teremos a desigualdade:

(a3 + b3 + c3 ) 1
− ≤−
3 27
Somando 1/3 na desigualdade acima, teremos:

(a3 + b3 + c3 ) 1 8
− + ≤ (123)
3 3 27
De (123) e (122) concluímos a desigualdade:
8
ab + bc + ac − abc ≤ (124)
27
Faça a substituição:
r r r
bc ac ab
x= ;y = ;z = ;
a b c
Observe que essa substituição nos leva a yz = a, xz = b, xy = c, concluindo
assim que:
a + b + c = 1 ⇒ xy + xz + yz = 1
Note que por essa substituição x, y e z são tangentes com argumentos que
α
valem metade dos ângulos de um triângulo, portanto, fazendo x = tan , y =
2
β γ
tan , z = tan , alpha, beta e gamma são ângulos de um triângulo.Sendo assim,
2 2
a desigualdade (124) fica reescrita como:
8
xyz(x + y + z) − x2 y 2 z 2 ≤ (125)
27
 π
Observe ainda que, como a cotangente é convexa no intervalo 0, e como
2
alpha, beta e gamma são ângulos de um triângulo, segue, pela desigualdade de
Jensen a desigualdade abaixo:
α β γ √
cot + cot + cot ≥ 3 3 (126)
2 2 2
α β α γ
Pela identidade 6 do início desse artigo sabemos que vale tan tan +tan tan +
2 2 2 2
β γ α β γ
tan tan = 1 multiplicando os dois lados dessa igualdade por cot cot cot ,
2 2 2 2 2

117
α β γ α β γ
teremos cot + cot + cot = cot cot cot , substituindo esse resultado em
2 2 2 2 2 2
(126), teremos:

√ √
α β γ √ α β γ 3 3
cot cot cot ≥ 3 3 ⇒ tan tan tan ≤ ⇒ xyz ≤
2 2 2 2 2 2 9 9

De onde concluímos que vale:



3
xyz ≤ (127)
9
Além disso considere,pela desigualdade de Jensen que a tangente também é
π
convexa no intervalo 0, e como alpha, beta e gamma são ângulos de um
2
triângulo, concluímos a desigualdade:
α β γ √
tan + tan + tan ≥ 3 (128)
2 2 2
Que nada mais é do que a desigualdade 7 do início desse artigo. Substituindo
por x,y e z, teremos: √
x+y+z ≥ 3 (129)
Ou melhor ainda: √
− (x + y + z) ≤ − 3 (130)
Vamos memorizar a desigualdade acima, e voltar nossa atenção para a desigual-
dade (125), multiplicando (125) por 3 e somando −2(x + y + z)xyz + x2 y 2 z 2 nos
dois lados de (125), teremos:

8
xyz(x + y + z) − 2x2 y 2 z 2 ≤ − 2(x + y + z)xyz + x2 y 2 z 2 (131)
9
8
Multiplicando (130) por 2xyz e somando + x2 y 2 z 2 nos dois lados da desigual-
9
dade resultante teremos:
8 √ 8
− 2xyz(x + y + z) + + x2 y 2 z 2 ≤ −2 3xyz + + x2 y 2 z 2 (132)
9 9
Observe que o lado esquerdo de (132) é o lado direito de (131), sendo assim, por
transitividade, teremos:
√ 8
xyz(x + y + z) − 2x2 y 2 z 2 ≤ −2 3xyz + + x2 y 2 z 2 (133)
9
Agora, observe que fazendo xyz = m teremos uma função do segundo grau
√ 8
do lado direito, a saber −2 3m + + m2 note que como o termo de maior
9

118
grau é positivo essa função é crescente no intervalo em que nossa desigualdade√
14 3
está definida e como sabemos pela desigualdade (127) que m = xyz ≤
√ 9
3
em outras palavras m ≤ , juntando isto ao fato da função ser crescente no
9
intervalo em que nossa desigualdade está definida, todos os outros valores que
nossa função √do segundo grau assume serão menores do que o valor assumido
3
quando m = (pois a função é crescente e m é menor ou igual a esse valor),
9 √
3 √ 8 7
e como para m = temos que −2 3m + + m2 = , concluímos por esse
9 9 27
raciocínio, que vale a desigualdade:
√ 8 7
− 2 3xyz + + x2 y 2 z 2 ≤ (134)
9 27
Observe que o lado direito de (133) é o lado esquerdo de (134), sendo assim, por
transitividade, teremos:
7
xyz(x + y + z) − 2x2 y 2 z 2 ≤ (135)
27
Desfazendo a substituição feita no início, finalmente teremos:
7
ab + bc + ac − 2abc ≤
27

14 Para provar que a função é crescente no intervalo em que a desigualdade do problema


−19
está definida, basta acharmos o y do vértice, veja que yv = , isto significa que o mínimo
9
−19
global dessa função é igual a , logo como a função tem a concavidade voltada para cima,
9
−19
a função é crescente para valores de y maiores que , e portanto é crescente também
9
√ 8
para valores da função maiores do que zero, e devemos observar que −2 3m + + m2 é
9
sempre estritamente maior do que zero, para isto basta notar que 0 < xyz(x + y + z) −
√ 8
2x2 y 2 z 2 ≤ −2 3xyz + + x2 y 2 z 2 , e para provar que 0 < xyz(x + y + z) − 2x2 y 2 z 2 é fácil,
9
basta ver que como xy + xz + yz = 1 e x,y,z são positivos teremos xy < 1 ⇒ x2 y 2 z 2 <
xyz 2 ⇒ −xyz 2 < −x2 y 2 z 2 ...Desiualdade A da mesma forma que xz < 1 ⇒ x2 y 2 z 2 <
xy 2 z ⇒ −xy 2 z < −x2 y 2 z 2 ...Desigualdade B, somando as Desigualdades A e B teremos
−xyz 2 −xy 2 z < −2x2 y 2 z 2 ⇒ (x+y+z)xyz−xyz 2 −xy 2 z < (x+y+z)xyz−2x2 y 2 z 2 ⇒ x2 yz <
(x+y+z)xyz−2x2 y 2 z 2 ⇒ 0 < x2 yz < (x+y+z)xyz−2x2 y 2 z 2 ⇒ 0 < (x+y+z)xyz−2x2 y 2 z 2
esta última desigualdade segue do fato de x,y e z serem maiores do que zero.

119
32. (Página Sciences Mathématiques/“Curso de Análise”-Elon Lages Lima,
página 125, capítulo 4, exercício 33)Calculate:
r
n (2n)!
lim
n→∞ n!nn
Solução: Vamos usar uma desigualdade importante.Seja f uma função con-
tínua crescente, definida para todo x ≥ 1, tal que f (x) ≥ 0, Então, vale a
desigualdade abaixo:

Z n
f (1) + f (2) + f (3) + ... + f (n − 1) ≤ f (x)dx ≤ f (2) + f (3) + f (4) + ... + f (n)
1

Fazendo f (x) = lnx, é possível ver que:

Z n
ln(1)+ln(2)+ln(3)+...+ln(n−1) ≤ ln(x)dx ≤ ln(2)+ln(3)+ln(4)+...+ln(n)
1

n
ln(2.3.4.5.6.7.8...(n − 1)) ≤ (x(ln(x) − 1))|1 ≤ ln(2.3.4.5.6.7.8...(n − 1)n)
ln((n − 1)!) ≤ (n(ln(n) − 1)) + 1 ≤ ln(n!)
Tomando a exponencial em todas as partes da desigualdade, teremos:

eln((n−1)!) ≤ e(n(ln(n)−1))+1 ≤ eln(n!)


(n − 1)! ≤ enln(n)−n+1 ≤ n!
n
(n − 1)! ≤ eln(n )−n+1
≤ n!
n
(n − 1)! ≤ eln(n ) e−n e ≤ n!
(n − 1)! ≤ nn e−n e ≤ n!
Vamos chamar a desigualdade acima de (136), sendo assim teremos:

(n − 1)! ≤ nn e−n e ≤ n! (136)


Vamos pegar o lado direito da desigualdade (136), veja:

nn e−n e(2n)! nn e−n e(2n)!


nn e−n e ≤ n! ⇒ nn e−n e(2n)! ≤ (2n)!n! ⇒ ≤ (2n)! ⇒ ≤
r n!
r n!n!
(2n)! e−n e(2n)! (2n)! n e
−n e(2n)!
n (2n)!
⇒ ≤ n
⇒ ≤
n! n!n! n!n n!n! n!nn

De onde concluímos que vale a desigualdade:


r r
−n e(2n)!
n e n (2n)!
≤ (137)
n!n! n!nn

120
Agora tome o lado esquerdo da desigualdade (136):

(n − 1)! (2n)! (2n)!e−n e (2n)!


(n − 1)! ≤ nn e−n e ⇒ n
≤ e−n e ⇒ n
≤ ⇒ n ≤
sn n (n − 1)! n n!
r r r
(2n)!e−n e n (2n)! (2n)!e−n e n (2n)! √ n (2n)!e−n e
⇒ n
≤ n ⇒ n
≤ nn
(n − 1)!n! n n! (n − 1)!n! n n! n!n!

De onde concluímos que vale a desigualdade:


r r
n (2n)! √ n (2n)!e
−n e
≤ n
n (138)
nn n! n!n!
Das desigualdades (137) e (138) e tomando o limite de n tendendo ao infinito,
concluímos que:

r r r
n e−n e(2n)! n (2n)! √ n (2n)!e
−n e
lim ≤ lim n
≤ lim n
n (139)
n→∞ n!n! n→∞ n n! n→∞ n!n!
Vamos calcular o limite dos extremos, substituindo n por 2n na desigualdade
(136), teremos:

(2n − 1)! ≤ (2n)2n e−2n e ≤ (2n)! (140)


Tomando o lado direito de (140), teremos:

(2n)2n (2n)!e−2n e
(2n)2n e−2n e ≤ (2n)! ⇒ (2n)2n (2n)!e−2n e ≤ ((2n)!)2 ⇒ ≤
(n!)2
((2n)!)2 (2n)!e−2n e ((2n)!)2 (2n)!e−2n e ((2n)!) 2n! (2n)!e−n e
2
⇒ 2
≤ 2n 2
⇒ 2
≤ 2n 2
⇒ ≤
(n!) (n!)
s (2n) (n!)
s s(n!) (2n) n! (n!)2
((2n)!) 2n! (2n)!e−n e (2n)! n (2n)!
en 2n 2
⇒ n ≤en
(2n) n! (n!)2 (2n)2n (n!)2
De onde concluímos que:
s s s
n (2n)!e−n e n (2n)! n (2n)!
≤e (141)
(n!)2 (2n)2n (n!)2
Tomando o lado esquerdo de (140), teremos:

(2n − 1)!(2n!) (2n)2n e−2n e(2n!)


(2n − 1)! ≤ (2n)2n e−2n e ⇒ ≤ ⇒
(n!)2 s s(n!)
2
s
(2n − 1)!(2n!) e−n e(2n!) (2n − 1)! n (2n)! e−n e(2n!)
en 2n 2
≤ 2
⇒ en 2n 2
≤ n ⇒
(2n) (n!) (n!) (2n) (n!) (n!)2

121
s s s
e (2n)! (2n)! e−n e(2n!)
√ n n
≤ n
n
2n (2n)2n (n!)2 (n!)2

De onde concluímos que:


s s s
e n (2n)! n (2n)! e−n e(2n!)
√ 2n 2
≤ n (142)
n
2n (2n) (n!) (n!)2
Juntando (141) e (142) e tomando o limite n tendendo ao infinito, teremos:

s s r s s
e (2n)! (2n)! (2n)!e−n e n (2n)! n (2n)!
lim √ n n
≤ lim ≤ lim e n

n→∞ n
2n (2n)2n (n!)2 n!n!
n→∞ n→∞ (2n)2n (n!)2
(143)
Agora vamos aplicar novamente a desigualdade (136), pegando o lado direito,
é possível ver que:

1
1 1 (n!) n
nn e−n e ≤ n! ⇒ en ≤
e n

De onde concluímos que:


1
1 1 (n!) n
en ≤ (144)
e n
Pegando o lado esquerdo da desigualdade (136), é possível ver que:

1 1 1
(n!) n en nn
(n − 1)! ≤ nn e−n e ⇒ ≤
n e

De onde concluímos que:


1 1 1
(n!) n en nn
≤ (145)
n e
Tomando o limite de n tendendo ao infinito em (144) e (145), chega-se facil-
mente a:
r
n n! 1
lim = (146)
n→∞ nn e
Substituindo n por 2n e depois de aplicar propriedades do produto de limites
em (146) é possível ver que:

122
s
n (2n)! 1
lim 2n
= 2 (147)
n→∞ (2n) e
Considere novamente a desigualdade
s (140), vamos
s pegar o lado direito,
s veja:
e−2n e(2n)2n (2n)! 1 (2n)2n
e−2n e(2n)2n ≤ (2n)! ⇒ n ≤ n
⇒ e−2 e n n

(n!)2 (n!)2 (n!)2
s s s
n (2n)!
1
−2 n n2n (2n)!
2
⇒ 4e e n
2
≤ n
(n!) (n!) (n!)2

De onde concluímos que sempre vale:


s s
1 n 2n (2n)!
4e−2 e n n 2
≤ n (148)
(n!) (n!)2
Considere novamente a desigualdade (140), vamos pegar o lado esquerdo,
veja:
s s
−2n 2n −2n 2n 2n! 2ne−2n e(2n)2n
(2n−1)! ≤ e e(2n) ⇒ 2n! ≤ 2ne e(2n) ⇒ n
2
≤ n ⇒
(n!) (n!)2
s s s s
2n! 2n n2n
n (2n) 2n!
1 1
−2 −2
n
2
≤ e (2ne) n 2
⇒ n
2
≤ 4e (2ne) n n
(n!) (n!) (n!) (n!)2

De onde concluímos que sempre vale:


s s
2n! −2 1 n2n
n
2
≤ 4e (2ne) n n (149)
(n!) (n!)2
De (148) e (149) e tomando o limite:

s s s
−2 1 n2n 2n! 1 n2n
lim 4e e n
n
≤ lim n
≤ lim 4e−2 (2ne) n n
(150)
n→∞ (n!)2 n→∞ (n!)2 n→∞ (n!)2

Des(146) ou das desigualdades que resultaram em (146), podemos ver que


n2n
lim n = e2 Aplicando o resultado ao lado em (150), vem que:
n→∞ (n!)2
s
2n!
lim n =4 (151)
n→∞ (n!)2
1
Aplicando (147) e (151) em (143) e usando que lim √ = 1no lado es-
n→∞ n 2n
querdo, podemos ver que:

123
r
n (2n)!e−n e 4
lim = (152)
n→∞ n!n! e

n
Aplicando o resultado acima em (139) e usando que lim n = 1no lado
n→∞
direito de (139), se pode ver que:
r
n (2n)! 4
lim = (153)
n→∞ nn n! e

124
33.(Desafio Final/Somatórios-Filipe Moreira/Instituto Tecnológico de Aeronáutica-
ITA-SP)Prove que:

X 1 π2
= (154)
k2 6
k=1

Solução:
Observe que:
!
sen2 πz + cos2 πz
 
2 1 1 2 2 1 1 1
csc (πz) = = =  = +  =
4sen2 πz 2 πz 4sen2 πz 2 πz 4 cos2 πz sen2 πz
 
sen2 (πz) 2 cos 2 2 cos 2  2  2
  
1  2  πz  2 πz
  1 
2 π
 πz  2 πz
  1
2 (z − 1)π 2 πz
sec + csc = csc − + csc = csc + csc
4 2 2 4 2 2 2 4 2 2

De onde concluímos:
    πz 
2 1 2 (z − 1)π 2
csc (πz) = csc + csc (155)
4 2 2
Fazendo z=1/4, teremos:
    π 
1 3π
2= csc2 + csc2 (156)
4 8 8
Seja (156) nossa base de indução, como hipótese de indução suponha válido
para um n que

2n−1
X−1
2 (2k + 1)π
1= csc2 (157)
4n 2n+1
k=0

Aplicando (155) em (157), teremos:


   (2k+1)   !
2n−1
X−1 2n−1
X−1 −1 π (2k+1)π
2 (2k + 1)π 2 1  2 2n+1 2n+1
1= n csc2 = n csc  + csc2 
4 2n+1 4 4 2 2
k=0 k=0
(158)

2n−1
X−1  (2k + 1 − 2n+1 )π
   
2 (2k + 1)π
= csc2 + csc2 = (159)
4n+1 2n+2 2n+2
k=0

2n−1
X−1 2n−1
X−1
(2n+1 − (2k + 1))π
   
2 2 2 (2k + 1)π
= csc + csc2
4n+1 2n+2 4n+1 2n+2
k=0 k=0
(160)

125
n
2X −1  
2 (2k + 1)π
= csc2 (161)
4n+1 2n+2
k=0
Provando assim, por indução que vale:

2n−1
X−1
2 (2k + 1)π
1= n csc2 (162)
4 2n+1
k=0

Por outro lado, usando que csc2 x = cot2 x + 1, vem:

2n−1
X−1
2 (2k + 1)π 2 × 2n−1
1= n cot2 + (163)
4 2n+1 4n
k=0

2n−1
X−1
2 (2k + 1)π 1
cot2 =1− n (164)
4n 2n+1 2
k=0
1 1
Usando que senx ≤ x ≤ tanx ⇒ cotx ≤ ≤ cscx ⇒ cot2 x ≤ 2 ≤ csc2 x,
x x
teremos:

2n−1
X−1 2n−1
X−1 2n−1
X−1
2 2 (2k + 1)π 2 22n+2 2 (2k + 1)π
cot ≤ n ≤ n csc2
4n 2n+1 4 ((2k + 1)π)2 4 2n+1
k=0 k=0 k=0
(165)
E a desigualdade acima é equivalente a desigualdade abaixo:

2n−1
X−1 2n−1
X−1 2n−1
X−1
2 2 (2k + 1)π 8 2 (2k + 1)π
cot ≤ ≤ n csc2
4n 2n+1 ((2k + 1)π)2 4 2n+1
k=0 k=0 k=0
(166)
Substituindo (162) e (164) em (166), teremos:
n−1
2 X−1
1 8
1− n ≤ ≤1 (167)
2 ((2k + 1)π)2
k=0
Tomando o limite de n tendendo ao infinito em todas as partes da desigualdade
(167), teremos:
  2n−1
X−1
1 8
lim 1− n ≤ lim ≤ lim 1 (168)
n→∞ 2 n→∞ ((2k + 1)π)2 n→∞
k=0
Pelo teorema do confronto, isto implica que:

X 1 π2
= (169)
(2k + 1)2 8
k=1

126
Para calcular a soma pedida basta observar que:

∞  ∞
1 π2
  
X 1 1 1 1 1 X 1 1 1 1
= lim + + + ... + = lim + + + ... +
4k 2 n→∞ 4 42 43 4n (2k + 1)2 n→∞ 4 42 43 4n 8
k=1 k=1


1 π2 X 1 π2
= ⇒ 2
= (170)
3 8 4k 24
k=1

De onde finalmente segue que:



X 1 π2
2
= (171)
k 6
k=1

127
34.(Mathematics Stack Exchange)The “sum and difference” formulas often
come in handy, but it’s not immediately obvious that they would be true.

cos(α ± β) = cosαcosβ ∓ senαsenβ

sen(α ± β) = cosαsenβ ± senαcosβ


So what I want to know is,
1.How can I prove that these formulas are correct? More importantly, how
can I understand these formulas intuitively?
2.Ideally, I’m looking for answers that make no reference to Calculus, or to
Euler’s formula, although such answers are still encouraged, for completeness.

Solução: Vamos primeiro usar um resultado intermediário:

sen2 α + cos2 α = 1

Este resultado é muito importante, e será usado algumas vezes na demons-


tração que se segue.
Vamos inscrever um triângulo em uma circunferência, sejam ω, γ, γ 0 seus
ângulos.Pela lei dos cossenos sabemos que:

a2 = b + c − 2bccos(ω) (172)
Aplicando a lei dos senos em cada lado a,b,c em (172), teremos:

4R2 sen2 (ω) = 4R2 sen2 γ + 4R2 sen2 γ 0 − 8R2 senγsenγ 0 cos(ω) (173)

Dividindo tudo por 4R2 teremos:

sen2 γ + sen2 γ 0 − 2senγsenγ 0 cos(ω) + cos2 (ω) − 1 = 0 (174)

Fazendo cos(ω) = x, obtemos uma equação do segundo grau, veja:

sen2 γ + sen2 γ 0 − 2senγsenγ 0 x + x2 − 1 = 0 (175)

Lembrando da solução geral da equação do segundo grau, teremos:



−b ± ∆
x= (176)
2a
Calculemos seu discriminante, veja:

∆ = (−2senγsenγ 0 )2 − 4(1).(sen2 γ + sen2 γ 0 − 1) = 4(sen2 γsen2 γ 0 − sen2 γ −


sen2 γ 0 + 1) = 4(−sen2 γ 0 (1 − sen2 γ) + (1 − sen2 γ)) = (1 − sen2 γ)(1 − sen2 γ 0 ) =
4cos2 γcos2 γ 0

128
De onde concluímos a igualdade:

∆ = 4cos2 γcos2 γ 0 (177)

Além disso de (174), podemos ver que:

b = −2senγsenγ 0 (178)

Então de (176),(177) e (178) concluímos que:

x = cos(ω) = senγsenγ 0 ± cosγcosγ 0 (179)


Observe que cos(π − x) = −cosx e note também que ω + γ + γ 0 = π, daí
concluímos que cos(ω) = −cos(γ + γ 0 ), substituindo em (179), teremos:

x = −cos(γ + γ 0 ) = senγsenγ 0 ± cosγcosγ 0 (180)

Em outras palavras:

cos(γ + γ 0 ) = −senγsenγ 0 ∓ cosγcosγ 0 (181)

Note que temos dois resultados para o delta, e isto nos coloca em dúvida sobre
qual usar, mas este é um problema simples.Suponha, por absurdo, que a fórmula
correta seja a expressão abaixo:

cos(γ + γ 0 ) = −senγsenγ 0 − cosγcosγ 0 (182)


π  π 
Mas isto é absurdo, pois cos(π−x) = −cosx,cos − x = senx e sen −x =
2 2
cosx, daí segue, dessas fórmulas e de (179)
 π , que
 π  π  π 
−cos(γ+γ 0 ) = cos(π−(γ+γ 0 )) = −cos − γ cos − γ 0 −sen − γ sen − γ0 =
2 2 2 2
−senγsenγ 0 − cosγcosγ 0 ⇒ −cos(γ + γ 0 ) = −senγsenγ 0 − cosγcosγ 0 ⇒
cos(γ + γ 0 ) = senγsenγ 0 + cosγcosγ 0 , este ultimo resultado é absurdo, e isto
pode ser visto comparando-o com (182).Sendo assim, concluímos a demonstra-
ção.Como faríamos para achar uma fórmula para o cosseno da diferença?Como já
sabemos somar, seria interessante que transformemos a diferença em soma...Para
isto considere o seguinte desenvolvimento:

= cos π2 − x + π2 + y = cos π2 − x cos π2 + y −


   
−cos(x−y)= cos(π−(x−y))
sen π2 − x sen π2 + y = −cosxcosy − senxseny ⇒ cos(x − y) = cosxcosy +


senxseny

Concluindo assim o resultado, acima usamos apenas as fórmulas de redução de


quadrante combinada com o cosseno da soma.As fórmulas para o seno são sim-
ples de se encontrar também , veja:
 
3π  π   π 
−sen(x+y) = cos − (x + y) = cos − x + (π − y) = cos − x cos (π − y)−
2 2 2

129
π 
sen − x sen (π − y) = −senxcosy − cosxseny ⇒ sen(x + y) = cosxseny +
2
senxcosy

Ainda:
 π  π  π  π 
sen(x−y) = sen (π − (x − y)) = sen −x + +y = cos − x sen +y +
π  π  2 2 2 2
sen − x cos + y = senxcosy − cosxseny ⇒ sen(x − y) = senxcosy −
2 2
cosxseny

130
35.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo)Dados seis números
desconhecidos, encontre uma relação algébrica entre esses números, que envolva
apenas os números em questão e somente as quatro operações, necessária e su-
ficiente para que pelo menos um dentre esses seis números seja irracional.

Solução:
Sejam x1 , x2 , x3 , y1 , y2 , y3 esses números, seja o determinante:

x1 y1 1

x2 y2 1 6= 0 (183)

x3 y3 1

Vamos interpretar esses números como pontos no plano cartesiano.Observe que


pela condição acima, os pares de variáveis com mesmo índice representam a
coordenada de um ponto no plano cartesiano bidimensional.Pelo determinante
acima, não há alinhamento entre estes pontos e, portanto, esses pontos formam
um triângulo. Vamos provar que um triângulo equilátero, não pode possuir
todas as coordenadas racionais, se provarmos isso, o problema simplesmente
acaba, pois daí teremos uma outra condição incidente sobre as seis variáveis que
satisfaça o enunciado.Supondo que esses pontos formam um triângulo equilátero,
teremos:

p p p
(x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 = (x1 − x3 )2 + (y1 − y3 )2 =
(x2 − x3 )2 + (y2 − y3 )2 = l
(184)
Em que cada termo na igualdade acima e a variável l, representam o lado do
triângulo equilátero.Sabemos que a área do triângulo equilátero é dado por:

l2 3
AT = (185)
4
Substituindo quaisquer das equações de (184) em (185):

((x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 ) 3
AT = (186)
4
Observe que pela geometria analítica sabemos que a área é dada pelo determi-
nante:

x1 y1 1
1
AT = x2 y2 1 (187)
2
x3 y3 1
De (187) e (186):


x1 y1 1 ((x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 ) 3


x2 y2 1 = (188)

x3
2
y3 1

131
Observe que se todas as variáveis são racionais, então teremos um absurdo,
pois um racional seria igual a um irracional.Disso concluímos que (183) e (184)
são condições necessárias e suficientes para que haja entre seis números um
irracional.

132
36. (Titu Andreescu-“103 Trigonometry Problems from the training of the
USA IMO Team”)Let ABC be a triangle. Prove that:

1
cosAcosBcosC ≤
8
Solução 1: Há várias outras maneiras de se provar essa desigualdade, e o
leitor pode encontrar uma demonstração mais simples aplicando alguns desi-
gualdades provadas no meu primeiro PDF.Usando que sen2 x + cos2 x = 1, segue
que:
1
tanx + cotx =
senxcosx
Daí seguem as identidades:

sen β2 sen γ2  α α β γ
α α = tan + cot sen sen (189)
sen 2 cos 2 2 2 2 2

cos β2 cos γ2  α α β γ
α α = tan + cot cos cos (190)
sen 2 cos 2 2 2 2 2
Somando (189) e (190):
 
β γ
 α α β γ  α α  β γ cos 2 − 2 1
tan + cot sen sen + tan + cot cos cos = ≤
2 2 2 2 2 2 2 2 sen α2 cos α2 sen α2 cos α2
De onde concluímos:
 
 α α β γ β γ 1
tan + cot cos cos + sen sen ≤ (191)
2 2 2 2 2 2 sen 2 cos α2
α

Pelas transformações (26) e (27), teremos:


r s !
xy z(x + y + z)
+ ×
z(x + y + z) xy

s s r r !
x(x + y + z) y(x + y + z) yz xz
+
(x + z)(x + y) (x + y)(y + z) (x + z)(x + y) (x + y)(y + z)

(x + y)(y + z)
≤p (192)
xyz(x + y + z)
De (192) é possível ver que vale:
√ √ p
(xy + z(x + y + z)) ((x + y + z) xy + z xy) ≤ (x + y)2 (y + z) (x + z)(y + z)
(193)

133
A desigualdade acima é equivalente a:
√ p
(x + z)(y + z) xy (x + y + 2z) ≤ (x + y)2 (y + z) (x + z)(y + z) (194)

Que com o devido cancelamento se reduz à desigualdade abaixo:


√ p
(x + z) xy (x + y + 2z) ≤ (x + y)2 (x + z)(y + z) (195)
Aplicando o mesmo raciocínio acima para os outros ângulos concluímos as
desigualdades:
√ p
(x + y) yz (2x + y + z) ≤ (y + z)2 (x + z)(x + y) (196)

√ p
(y + z) xz (x + 2y + z) ≤ (x + z)2 (y + z)(x + y) (197)
Multiplicando (195),(196) e (197), teremos:

xyz(2x+y+z)(x+2y+z)(x+y+2z) ≤ [(x+z)(x+y)][(y+z)(x+y)][(x+z)(y+z)]
(198)
Suponha xy + xz + yz = 1, note que x,y e z serão cotangentes de ângulos de
um triângulo agudo, daí segue

[(x + z)(x + y)][(y + z)(x + y)][(x + z)(y + z)] =

[x2 + xy + xz + yz][y 2 + xy + xz + yz][z 2 + xy + xz + yz] =

[x2 + 1][y 2 + 1][z 2 + 1] = [cot2 α0 + 1][cot2 β 0 + 1][cot2 γ 0 + 1] = csc2 α0 csc2 β 0 csc2 γ 0

De onde podemos ver que (198) é equivalente a:

cotα0 cotβ 0 cotγ 0 (2cotα0 + cotβ 0 + cotγ 0 ) (cotα0 + 2cotβ 0 + cotγ 0 ) (cotα0 + cotβ 0 + 2cotγ 0 ) ≤

csc2 α0 csc2 β 0 csc2 γ 0 (199)


Extraindo a raiz cúbica em ambos os lados da desigualdade, teremos:

1 1 1 1
(cotα0 cotβ 0 cotγ 0 ) 3 (2cotα0 + cotβ 0 + cotγ 0 ) 3 (cotα0 + 2cotβ 0 + cotγ 0 ) 3 (cotα0 + cotβ 0 + 2cotγ 0 ) 3 ≤

2 2 2
csc 3 α0 csc 3 β 0 csc 3 γ 0 (200)
 
1
Pela Desigualdade de Holder em três variáveis λa = λb = λc = segue
3
que:

134
1 1 1 1
4(cotα0 cotβ 0 cotγ 0 ) 3 ≤ (2cotα0 + cotβ 0 + cotγ 0 ) 3 (cotα0 + 2cotβ 0 + cotγ 0 ) 3 (cotα0 + cotβ 0 + 2cotγ 0 ) 3
(201)
1
Multiplicando (201) por (cotα0 cotβ 0 cotγ 0 ) 3 , chegamos em:
2
4(cotα0 cotβ 0 cotγ 0 ) 3 ≤
1 1 1 1
(cotα0 cotβ 0 cotγ 0 ) 3 (2cotα0 + cotβ 0 + cotγ 0 ) 3 (cotα0 + 2cotβ 0 + cotγ 0 ) 3 (cotα0 + cotβ 0 + 2cotγ 0 ) 3
(202)
De (202) e (200), chega-se por transitividade à desigualdade abaixo:
2 2 2 2
4(cotα0 cotβ 0 cotγ 0 ) 3 ≤ csc 3 α0 csc 3 β 0 csc 3 (203)
Podemos supor sem perda de generalidade que os ângulos estão no primeiro
quadrante, sendo assim podemos extrair a raiz e preservar o sinal da desigual-
dade, pois por essa hipótese todos os termos são positivos...Portanto, extraindo
a raiz quadrada e elevando ao cubo, nossa desigualdade é equivalente a desi-
gualdade requerida no problema.

135
Solução 2: Nós vamos proceder aqui, semelhantemente ao problema 5.Veja:

x + y ≥ 2 xy (204)


x + z ≥ 2 xz (205)


y + z ≥ 2 yz (206)
Multiplicando (204), (205) e (206):

(x + y)(x + z)(y + z) ≥ 8xyz


1 xyz

8 (x + y)(x + z)(y + z)
r r r
1 xy xz yz

8 (x + z)(y + z) (x + y)(y + z) (x + y)(x + z)
Pela transformação 26, segue :
1 α β γ
≥ sen sen sen
8 2 2 2
 
1  π α  π β π γ 
≥ cos − cos − cos −
8 2 2 2 2 2 2
π β π β π γ
Considere a substituição − = A, − = B, − = C, então, nós teremos
2 2 2 2 2 2
A + B + C = π e:
1
≥ cosAcosBcosC
8

136
Solução 3:
Pela desigualdade das médias e pela lei dos cossenos, sabemos que:

4a4 = ((a2 +b2 −c2 )+(a2 +c2 −b2 ))2 ≥ 4(a2 +b2 −c2 )(a2 +c2 −b2 ) = 16a2 bccosβcosγ ⇒ a2 ≥ 4bccosβcosγ
(A)

4b4 = ((a2 +b2 −c2 )+(b2 +c2 −a2 ))2 ≥ 4(a2 +b2 −c2 )(b2 +c2 −a2 ) = 16ab2 ccosαcosγ ⇒ b2 ≥ 4accosαcosγ
(B)

4c4 = ((a2 +c2 −b2 )+(b2 +c2 −a2 ))2 ≥ 4(a2 +c2 −b2 )(b2 +c2 −a2 ) = 16abc2 cosαcosβ ⇒ c2 ≥ 4abcosαcosβ
(C)
Multiplicando A,B e C e extraindo a raiz(supondo, sem perda de generali-
dade, que alpha, beta e gamma estão no primeiro quadrante) teremos a desi-
gualdade requerida.

137
m2 q2 A1 I Z lC
21

p2
E1
B1
IV = 1.18 D1
n2 V

F1

37.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo) Com palitos como o


que está acima e de tamanhos iguais, se constroem hexágonos regulares cada
vez maiores, formados por pequenos triângulos equiláteros, como os que estão
abaixo:

1o 2o

3o

138
4o

Responda:

a)Com quantos palitos se pode construir um hexágono com 6 milhões de


pequenos triângulos equiláteros?

b)Se chamarmos esse hexágono de k-ésimo hexágono da sequência, qual seria


o valor de k?

c)Mostre uma fórmula que relacione o número de palitos com o número de


triângulos equiláteros da figura.

d)Se fizermos 6 milhões e uma cópias do milionésimo hexágono, deveríamos


construir uma sequência com quantos hexágonos, para que o número de triân-
gulos contidos em toda essa sequência de hexágonos seja igual ao número de
palitos contados em todas essas cópias?

e)É possível que uma sequência de hexágonos contenha uma quantidade


total de palitos que seja quadrado perfeito?Em caso afirmativo, mostre onde
isto sempre ocorre.

139
Solução:

Primeiramente observe que um hexágono regular é composto por 6 triângulos


equiláteros. Nossa estratégia é olhar para o número de pequenos triângulos
equiláteros que há em cada triângulo equilátero grande.Vamos olhar apenas
para o triângulo equilátero grande de um desses hexágonos, é como se tivéssemos
uma pizza hexagonal e a repartíssemos em seis pedaços iguais, veja (no exemplo
abaixo seria uma parte do quinto hexágono da sequencia formada pelos palitos,
ou o o pedaço correspondente a 1/6 da quinta pizza):

1o linha

2o linha

3o linha

4o linha

5o linha

Observe a lei de formação do triângulo equilátero e note que em cada k-ésima


linha temos k triângulos para cima e k-1 triângulos para baixo (por exemplo na
linha 1, temos 1 triângulo para cima e 1-1=0 para baixo,na linha 2 temos 2
triângulos para cima e 2-1=1 para baixo).Podemos construir uma relação com o
número de triângulos para cima e para baixo com o valor que representa aquela
linha, veja:

1o linha: 1 triângulo para cima, 0 triângulos para baixo.Total:1 triângulo.

2o linha: 2 triângulos para cima, 1 triângulo para baixo.Total:3 triângulos.

3o linha: 3 triângulos para cima, 2 triângulos para baixo.Total:5 triângulos.

4o linha: 4 triângulos para cima, 3 triângulos para baixo.Total:7 triângulos.

140
5o linha: 5 triângulos para cima, 4 triângulos para baixo.Total:9 triângulos.

...

...

k-ésima linha: k triângulos para cima, k-1 triângulos para baixo.Total:2k-1 tri-
ângulos.

Como o total de triângulos em uma linha é sempre ímpar, o total de triân-


gulos em uma fatia da pizza corresponde a soma desses k primeiros ímpares,
isto é:

t = k2 (1)

Como temos seis triângulos grandes no hexágono, devemos multiplicar por


6, para obter a quantidade th de triângulos pequenos no hexágono, sendo assim:

th = 6k 2 (2)

Agora observe que a quantidade pt de palitos para formar um triângulo


grande é 3(n + 1)n/2 (basta contar os palitos dos triângulos com o vértice
voltado para cima , que são os únicos que fazem diferença na contagem, e
perceber que isso é a soma do k naturais multiplicado por 3-cada triângulo tem
3 palitos).Sendo assim:

pt = 3(k + 1)k/2 (3)

Como a quantidade de triângulos equiláteros em um hexágono é 6, devemos


multiplicar a fórmula acima por 6 e descontar os palitos que foram contados
a mais, e assim obter a quantidade total de palitos para formar o hexágono.
Quando multiplicamos por seis, os lados que se interceptam foram contados
duas vezes, enfim temos seis lados contados a mais, como cada lado do triângulo
equilátero contém k linhas, devemos multiplicar pt por 6e subtrair 6k para obter
o número np de palitos do hexágono, sendo assim:

np = 6pt − 6k = 9(k + 1)k − 6k = 3k(3k + 1)

np = 3k(3k + 1) (4)

Pronto!Agora ficou fácil, basta substituirmos os valores que quisermos!As


equações que nos interessam são (2) e (4)!Se tivermos 6 milhões de triângulos
devemos ter:

141

6000000 = 6k 2 ⇒ 1000000 = k 2 ⇒ k = 1000000 ⇒ k = 1000

Substituindo em (4), devemos ter np = 3×1000(3×1000+1) = 3000×3001 =


9003000 = 9 milhões e 3 mil palitos.
Para encontrarmos uma fórmula que relaciona o número de palitos com o
número de triângulos equiláteros, podemos isolar th em (2), de onde obteremos:
√ √
6 th
k= (5)
6
Substituindo (5) em (4), finalmente teremos:

√ √ √ √ !
6 th 6 th
np (th ) = +1 (4)
2 2

Onde np (th ) é o número de palitos dado em função de th , que é o número de


triângulos no hexágono!Como sabemos que th é um múltiplo de 6 e também
múltiplo de um quadrado perfeito, o número de palitos sempre é inteiro.Legal
né?

142
d)Essa questão exige um conhecimento prévio de somatório, e parece apontar
uma relação muito interessante.Antes, considere que 6 milhões e 1 é um número
na forma 6k + 1.
Considere também que:
n
X n(n + 1)(2n + 1)
k2 = (207)
6
k=1

Sabemos que cada hexágono contém uma quantidade de triângulos equiláte-


ros, que é um quadrado perfeito multiplicado por 6.Sendo assim, ao passarmos
o 6 multiplicando na relação acima, obteremos a quantidade ts de triângulos
equiláteros em uma sequência do primeiro até o n-ésimo hexágono, ou seja:
n
X
ts = 6 k 2 = n(n + 1)(2n + 1) (208)
k=1

Por outro lado, sabemos que a quantidade de palitos em um hexágono é


3n(3n + 1), se fizermos 6n+1 cópias do hexágono regular teremos
3n(3n + 1)(6n + 1) palitos, para que a quantidade ts seja igual a essa quanti-
dade de palitos, basta substituirmos n por 3n em (208), e teremos o resultado
desejado.

143
e)Considere que a quantidade total de palitos do k-ésimo hexágono vale
3k(3k + 1) = 9k 2 + 3k.Então se tivermos uma sequência do primeiro até o n-
ésimo palito, a quantidade ps de palitos dessa sequência é dada pelo somatório:
n
X n
X n
X
2 2
ps = (9k + 3k) = 9 k +3 k (209)
k=1 k=1 k=1

n n
X
2 n(n + 1)(2n + 1) X n(n + 1)
Como k = e k= .Teremos:
6 2
k=1 k=1

3n(n + 1)(2n + 1) 3n(n + 1) 3n(n + 1)(2n + 2)


ps = + = = 3n(n + 1)2 (210)
2 2 2
Sendo assim, teremos:
ps = 3n(n + 1)2 (211)
é possível ver por essa fórmula, que para todo n na forma 3j 2 , j ∈ N, o total
de palitos de um sequência começando pelo primeiro hexágono e terminando no
n-ésimo hexágono (com n = 3k 2 ) será quadrado perfeito.

144
38.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo)Use um argumento
geométrico para demonstrar que a soma dos n primeiros números ímpares é
igual a n2 .

Solução:
Essa questão foi baseada na anterior.Construa uma sequência de triângulos
equiláteros desenhados sobre outros triângulos equiláteros, como a que está
abaixo:

Veja o padrão:

145
1o linha

2o linha

3o linha

4o linha

5o linha

Observe a lei de formação do triângulo equilátero e note que em cada k-ésima


linha temos k triângulos para cima e k-1 triângulos para baixo (por exemplo na
linha 1, temos 1 triângulo para cima e 1-1=0 para baixo,na linha 2 temos 2 triân-
gulos para cima e 2-1=1 para baixo), além disso cada k-ésima linha contém um
número ímpar de triângulos equiláteros.Podemos construir “uma tabela” com o
número de triângulos para cima e para baixo com o valor que representa aquela
linha, veja a tabela abaixo:

1o linha: 1 triângulo para cima, 0 triângulos para baixo.Total:1 triângulo.

2o linha: 2 triângulos para cima, 1 triângulo para baixo.Total:3 triângulos.

3o linha: 3 triângulos para cima, 2 triângulos para baixo.Total:5 triângulos.

4o linha: 4 triângulos para cima, 3 triângulos para baixo.Total:7 triângulos.

5o linha: 5 triângulos para cima, 4 triângulos para baixo.Total:9 triângulos.

...

...

k-ésima linha: k triângulos para cima, k-1 triângulos para baixo.Total:2k-1 tri-
ângulos.

146
Como a quantidade t de triângulos que há em um triângulo grande é a soma
da quantidade de triângulos pequenos, e sabemos que a soma dos k primeiros
naturais k(k+1)/2 e que a soma dos k-1 primeiros naturais (k-1)k/2, teremos
que t = k(k + 1)/2 + (k − 1)k/2 = k 2 , em que k é a k-ésima linha.Sendo assim
teremos:

t = k2 (1)

Como é possível demonstrar geometricamente que a soma dos n primeiros na-


turais é n(n+1)/2, a demonstração geométrica segue diretamente.

147
39.(“Putnam and Beyond”-Titu Andreescu) Prove for all positive integers n
the identity
1 1 1 1 1 1 1 1
+ + ... + = 1 − + − + ... + −
n+1 n+2 2n 2 3 4 2n − 1 2n

Solução: Vamos fazer a prova por indução.Para o caso base considere n=1.Como
hipótese de indução, considere:

1 1 1 1 1 1 1 1
+ + ... + = 1 − + − + ... + −
n+1 n+2 2n 2 3 4 2n − 1 2n
Como tese de indução tome:
1 1 1 1 1 1 1 1
+ + ... + = 1 − + − + ... + −
n+2 n+3 2n + 2 2 3 4 2n + 1 2n + 2
1 1 1
Some + − nos dois lados da hipótese de indução e o
2n + 1 2n + 2 n+1
resultado segue provado.

148
40.Encontre uma expressão fechada para a soma:
n
X
sen(φ + θ) + 2sen(φ + 2θ) + 3sen(φ + 3θ) + ... + nsen(φ + nθ) = ksen(kθ + φ)
k=1

Solução 1: Defina uma função fn : R → R, ∀n ∈ N tal que:

fn (θ) = sen(φ + θ) + sen(φ + 2θ) + sen(φ + 3θ) + ... + sen(φ + nθ) (212)

Considere as operações algébricas abaixo, que podemos fazer com essa função:

n(fn (θ) − fn−1 (θ)) = nsen(φ + nθ) (n-ésima igualdade)


(n − 1)(fn−1 (θ) − fn−2 (θ)) = (n − 1)sen(φ + (n − 1)θ) ((n-1)-ésima igualdade)
(n − 2)(fn−2 (θ) − fn−3 (θ)) = (n − 2)sen(φ + (n − 2)θ) ((n-2)-ésima igualdade)

...
...
...
2(f2 (θ) − f1 (θ)) = 2sen(φ + 2θ) (segunda igualdade)
f1 (θ) = sen(φ + θ) (primeira igualdade)
Somando da primeira igualdade até a n-ésima igualdade, teremos:
n
X
nfn (θ) − fn−1 (θ) − fn−2 (θ) − .... − f1 (θ) = ksen(kθ + φ) (213)
k=1

Da igualdade acima e pela solução da questão 17, concluímos:

   
n nθ
 θ(n+1) (n−1)θ nθ

nsen sen φ + sen sen φ + θ

X 2 2 2 2 sen 2 sen (θ + φ)
ksen(kθ+φ) = − −....− =
sen θ2 sen θ2 sen θ2

k=1

   
nθ θ(n+1) (2n−1)θ
+ φ − cos φ + θ2
 
nsen sen φ + cos 3θ
+ φ − cos φ + θ2
 
2 2 2 cos 2
+ +...+ =
2sen θ2 2sen θ2 2sen θ2

   

 θ(n+1) (2n−1)θ
nsen sen φ + cos +φ 3θ θ
 
2 2 2 cos 2 +φ (n − 1)cos φ + 2
+ +...+ −
sen θ2 2sen θ2 2sen θ2 2sen θ2

149
θ

cos 2 +φ
Somando e subtraindo logo acima, teremos:
2sen θ2
   
n nθ
 θ(n+1) (2n−1)θ
nsen sen φ + cos +φ θ θ
 
X 2 2 2 cos 2 +φ ncos φ + 2
ksen(kθ+φ) = + +...+ −
k=1
sen θ2 2sen θ22sen θ2 2sen θ2
(214)
Observe que temos uma soma de valores ímpares de cossenos no lado direito,
ora, mas uma soma de valores ímpares é o mesmo que uma soma geral menos
os termos pares, com um leve ajuste no denominador, que é 2, basta alterar o
valor de theta.Veja como podemos chegar a esse resultado.Primeiramente con-
sidere provado o somatório (o leitor pode prová-lo facilmente com o raciocínio
semelhante ao usado na questão 17):
 
(n+1)θ
sen nθ

n
X 2 cos 2 +φ
cos(kθ + φ) = (215)
k=1
sen θ2

Substituindo n por 2n em (215), teremos:


 
2n (2n+1)θ
X sen (nθ) cos 2 +φ
cos(kθ + φ) = (216)
k=1
sen θ2

Substituindo theta por 2theta em (215), teremos:


n
X sen (nθ) cos ((n + 1)θ + φ)
cos(2kθ + φ) = (217)
senθ
k=1

Subtraindo (216) com (217), teremos:

n    
X sen (nθ) (2n + 1)θ θ
cos((2k−1)θ+φ) = senθcos + φ − sen cos ((n + 1)θ + φ) =
k=1
senθsen θ2 2 2

   
sen (nθ) θ θ (2n + 1)θ θ
2sen cos cos + φ − sen cos ((n + 1)θ + φ) =
senθsen θ2 2 2 2 2
   
sen (nθ) θ (2n + 1)θ
2cos cos + φ − cos ((n + 1)θ + φ) =
senθ 2 2

sen (nθ)
(cos ((n + 1)θ + φ) + cos (nθ + φ) − cos ((n + 1)θ + φ)) =
senθ

sen (nθ) cos (nθ + φ)


senθ

150
De onde concluímos:
n
X sen (nθ) cos (nθ + φ)
cos((2k − 1)θ + φ) =
senθ
k=1

Finalmente, subsituindo theta por theta/2 na expressão acima, teremos:


n
sen nθ nθ
   
(2k − 1)θ 2 cos 2 + φ
X
cos +φ = (218)
k=1
2 sen θ2

Substituindo (218) em (214), vem:

 
n nθ
 θ(n+1)
nsen sen φ + nθ nθ θ
  
X 2 2 sen 2 cos 2 +φ ncos φ + 2
ksen(kθ+φ) = + − =
k=1
sen θ2 θ
2sen2 2 2sen θ2

 
θ
 (2n+1)θ
n ncos φ + − ncos φ + nθ nθ θ
  
X 2 2 sen 2 cos
2 +φ ncos φ + 2
ksen(kθ+φ) = + − =
k=1
2sen θ2 2sen2 θ2 2sen θ2

 
n (2n+1)θ
ncos φ + nθ nθ
 
X 2 sen 2 cos 2 +φ
ksen(kθ + φ) = − + =
k=1
2sen θ2 2sen2 θ2

 

 nθ
 θ
 (2n+1)θ
n
X sen 2 sen 2 + φ − nsen 2 cos φ + 2
ksen(kθ + φ) = =
k=1
2sen2 θ2

n
X sen(nθ + φ) − sen(φ) − n(sen(φ + (n + 1)θ) − sen(nθ + φ))
ksen(kθ+φ) =
k=1
4sen2 θ2

n
X −nsen(φ + (n + 1)θ) + (n + 1)sen(nθ + φ) − senφ
ksen(kθ + φ) =
2(1 − cosθ)
k=1

151
Solução 2:Derive a soma de cossenos com argumentos em P.A..

152
41.(“Putnam and Beyond”-Titu Andreescu e Razvan Gelca)Prove that the
sequence (an )n≥1 defined by
1 1
an = 1 + + ... + − ln(n + 1), n ≥ 1
2 n
is convergent.

Solução:Seja f uma função contínua decrescente, então vale:


Z n
f (2) + ... + f (n) ≤ f (x)dx ≤ f (1) + ... + f (n − 1) (219)
1
1
Fazendo f (x) = em (219), teremos:
x
Z n
1 1 1 1 1
+ ... + ≤ dx ≤ 1 + + ... + (220)
2 n 1 x 2 n − 1
Mas observe que:
Z n
1
dx = ln(n) − ln1 = ln(n), substituindo este resultado em (220), teremos:
1 x
1 1 1 1
+ ... + ≤ ln(n) ≤ 1 + + ... + (221)
2 n 2 n−1
1 1
Multiplicando (221) por -1 e somando 1 + + ... + , temos:
2 n−1
1 1 1
0 ≤ 1 + + ... + − ln(n) ≤ 1 − (222)
2 n−1 n
Tomando o limite em todas as partes da desigualdade acima, teremos:
 
1 1
0 ≤ lim 1 + + ... + − ln(n) ≤ 1 (223)
n→∞ 2 n−1
O resultado segue pelo teorema de Weierstrass, que diz que toda sequência
monótona limitada é convergente.

153
42.Prove que π é irracional.

Solução:
É fácil provar, usando complexos, que vale a igualdade abaixo:
n  
X 2n
sen(2nz) = (−1)k (cosz)2n−(2k+1) (senz)2k+1 (224)
2k + 1
k=0
cosz
Multiplicando (1) por , podemos deduzir a igualdade abaixo:
sen2n+1 z
n  
coszsen(2nz) X 2n
= (−1)k cot2(n−k) (z) (225)
sen2n+1 z 2k + 1
k=0

Fazendo cot2 z = ζ, obtemos um polinômio na variável ζ, a saber:


n  
coszsen(2nz) X 2n
= (−1)k ζ n−k (226)
sen2n+1 z 2k + 1
k=0

Que é um polinômio de grau n em ζ.Como ζ está em função de z, podemos


encontrar as raízes deste polinômio pelo seno ao lado esquerdo, pois como se
trata de uma igualdade o mesmo ângulo que anula o esquerdo anula também o
direito.Sendo assim as raízes saem do seno ao lado esquerdo, então, vem:

sen(2nz) = 0 ⇒ 2nz = kπ ⇒ z = , k ∈ N∗ |k ≤ n
2n
Sendo assim suas raízes são:
 

ζk = cot 2
, k ∈ N∗ |k ≤ n (227)
2n
p
Suponha que π seja um racional na forma π = , com p e q inteiros, então
q
teremos:

qπ = p (228)
Teorema.O número π é irracional.

Demonstração: Substituindo 2n por n!p na igualdade (225), teremos:

n!p
2  
cos(z)sen(n!pz) cos(z)sen(n!qπz) X n!p
= = (−1)k cot(n!p−2k) (z)
senn!p+1 (z) senn!p+1 (z) 2k + 1
k=0
(229)
Note que 1 é um argumento que anula o polinômio acima, por outro lado,
cot1 é transcendente, o que é um absurdo.

154
43.Prove novamente a desigualdade de Cauchy-Schwarz.

Solução:
Vamos provar por indução que vale a igualdade:

n−1
X n
X
(ak bj − aj bk )2 + (a1 b1 + ... + an bn )2 = (a21 + ... + a2n )(b21 + ... + b2n )
k=1 j=k+1

Vamos primeiro verificar a base de indução para n=3. Observe que se definirmos
~u = (a1 , a2 , a3 ) e ~v = (b1 , b2 , b3 ), teremos:

k~u × ~v k =
~k

~i ~j
p
a1 a2 a3 = (a2 b1 − a1 b2 )2 + (a2 b3 − a3 b2 )2 + (b3 a1 − b1 a3 )2

b1 b2 b3
Daí segue que:

2
k~u × ~v k = (a2 b1 − a1 b2 )2 + (a2 b3 − a3 b2 )2 + (b3 a1 − b1 a3 )2 (230)

Por outro lado, temos:

~u.~v = a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 (231)
Somando (230) com o quadrado de (231) teremos:

2
(a2 b1 −a1 b2 )2 +(a2 b3 −a3 b2 )2 +(b3 a1 −b1 a3 )2 +(a1 b1 +a2 b2 +a3 b3 )2 = ||~u × ~v || +(~u.~v )2

Multiplicando e dividindo a expressão acima por (||~u||||~v ||)2 , teremos:

!
2
2 2 2 2 2 k~u × ~v k (~u.~v )2
(a2 b1 −a1 b2 ) +(a2 b3 −a3 b2 ) +(b3 a1 −b1 a3 ) +(a1 b1 +a2 b2 +a3 b3 ) = (||~u||||~v ||) 2
+
(||~u||||~v ||) (||~u||||~v ||)2
(232)
Seja θ o ângulo formado entre os vetores ~u e ~v . Observe agora que sen(θ) =
k~u × ~v k ~u.~v
e cos(θ) = , substituindo em (232) teremos:
||~u||||~v || ||~u||||~v ||

(a2 b1 −a1 b2 )2 +(a2 b3 −a3 b2 )2 +(b3 a1 −b1 a3 )2 +(a1 b1 +a2 b2 +a3 b3 )2 = (||~u||||~v ||)2 sen2 θ + cos2 θ


(233)
Usando que sen2 θ + cos2 θ = 1 para todo theta real, teremos:

155
(a2 b1 −a1 b2 )2 +(a2 b3 −a3 b2 )2 +(b3 a1 −b1 a3 )2 +(a1 b1 +a2 b2 +a3 b3 )2 = (||~u||||~v ||)2
q q (234)
Usando que ||~u|| = a21 + a22 + a23 e ||~v || = b21 + b22 + b23 , finalmente segue:

(a2 b1 −a1 b2 )2 +(a2 b3 −a3 b2 )2 +(b3 a1 −b1 a3 )2 +(a1 b1 +a2 b2 +a3 b3 )2 = (a21 +a22 +a23 )(b21 +b22 +b23 )
(235)
Como hipótese de indução, suponha válido para um n a igualdade abaixo:

n−1
X n
X
(ak bj −aj bk )2 +(a1 b1 +...+an bn )2 = (a21 +...+a2n )(b21 +...+b2n ) (236)
k=1 j=k+1

Observe que
n
X
(a1 b1 +...+an bn )an+1 bn+1 +(a1 b1 +...+an bn +an+1 bn+1 )an+1 bn+1 + (an+1 bk −ak bn+1 )2 =
k=1

(a2n+1 b21 + ... + a2n+1 b2n ) + (a21 b2n+1 + ... + a2n b2n+1 ) + a2n+1 b2n+1 (237)
Somando a igualdade (236) com (237), teremos:
n−1
X n
X n
X
(ak bj − aj bk )2 + (a1 b1 + ... + an+1 bn+1 )2 + (an+1 bk − ak bn+1 )2 =
k=1 j=k+1 k=1

(a21 +...+a2n )(b21 +...+b2n )+(a2n+1 b21 +...+a2n+1 b2n )+(a21 b2n+1 +...+a2n b2n+1 )+a2n+1 b2n+1 =

(a21 + ... + a2n )(b21 + ... + b2n ) + a2n+1 (b21 + ... + b2n ) + b2n+1 (a21 + ... + a2n + a2n+1 ) =

(a21 + ... + a2n + a2n+1 )(b21 + ... + b2n ) + b2n+1 (a21 + ... + a2n + a2n+1 ) =

(a21 + ... + a2n + a2n+1 )(b21 + ... + b2n + b2n+1 ) ⇒

n−1
X n
X n
X
(ak bj − aj bk )2 + (a1 b1 + ... + an+1 bn+1 )2 + (an+1 bk − ak bn+1 )2 =
k=1 j=k+1 k=1

(a21 + ... + a2n + a2n+1 )(b21 + ... + b2n + b2n+1 ) ⇒

156
n
X n+1
X
(ak bj − aj bk )2 + (a1 b1 + ... + an+1 bn+1 )2 =
k=1 j=k+1

(a21 + ... + a2n + a2n+1 )(b21 + ... + b2n + b2n+1 )


Provando assim por indução que (236) vale15 .Usando que o quadrado de todo
número real é maior ou igual a zero em (236), a desigualdade de Cauchy-Schwarz
segue demonstrada.

15 (236) é conhecido como Identidade de Lagrange, curioso o fato que antes de provar a

desigualdade de Cauchy Schwarz dessa forma eu não conhecia essa identidade.Só fui conhecer
essa identidade após uma pesquisa na internet para verificar a correção das ideias envolvidas
na demonstração dessa Desigualdade, depois de já ter obtido o resultado por indução.

157
44.(Vardan Verdiyan-“Simple trigonometric substitution with broads results”)Let
1 1 1
x,y,z real numbers greater than 1 such that + + = 2. Prove that:
x y z
√ p √ √
x−1+ y−1+ z−1≤ x+y+z

Solução: X
Vamos usar a notação senαsenβ = senαsenβ+senαsenγ+senβsenγ.Observe
cyc
que nossa condição para que a desigualdade seja verdadeira é equivalente a:
x−1 y−1 z−1
+ + =1
x x z
Faça a seguinte substituição:
s
x(y − 1)(z − 1)
a=
(x − 1)yz
s
y(x − 1)(z − 1)
b=
(y − 1)xz
s
z(x − 1)(y − 1)
c=
(z − 1)xy
Observe que dessa forma teremos:
z−1
ab =
z
y−1
ac =
x
x−1
bc =
x
De onde podemos ver que podemos reescrever nossa condição como ab+bc+ac =
1, observe que a,b,c são tangentes cujos argumentos são metade de uma ângulo
de triângulo.Essa substituição implica nas igualdades abaixo:
1
x=
1 − bc
1
y=
1 − ac
1
z=
1 − ab
E nossa desigualdade pode ser reescrita como:

158
r r r r
1 1 1 1 1 1
−1+ −1+ −1≤ + +
1 − bc 1 − ac 1 − ab 1 − bc 1 − ac 1 − ab
Efetuando, portanto a substituição por tangentes, teremos:
s s
X 1 X 1
β γ
−1≤ β γ
cyc 1 − tan 2 tan 2 cyc 1 − tan 2 tan 2

v v
cos β2 cos γ2 cos β2 cos γ2
u uX
Xu u
t −1≤t
cyc cos β2 cos γ2 − sen β2 sen γ2 β γ
cyc cos 2 cos 2 − sen β2 sen γ2

s v
sen β2 sen γ2 cos β2 cos γ2
X uX
u
α ≤t
cyc
sen 2 cyc
sen α2
r
α β γ
Multiplicando ambos os lados da desigualdade por sen sen sen , tere-
2 2 2
mos:
s
X β γ X β γ β γ
sen sen ≤ sen sen cos cos
cyc
2 2 cyc
2 2 2 2

Elevando ambos os lados da desigualdade ao quadrado, teremos que:

X  X
2β 2γ 2α β γ β γ β γ
sen sen + 2sen sen sen ≤ sen sen cos cos
cyc
2 2 2 2 2 cyc
2 2 2 2

X β γ β γ β γ α β γ

sen2 sen2 − sen sen cos cos + 2sen2 sen sen ≤0
cyc
2 2 2 2 2 2 2 2 2

X α β γ

2α β γ
−sen sen sen + 2sen sen sen ≤0
cyc
2 2 2 2 2 2
Xh αi
−1 + 2sen ≤0
cyc
2

α β γ 3
+ sen + sen ≤
sen
2 2 2 2
Que nada mais é do que a primeira desigualdade desse artigo.

159
45.(Titu Andreescu-“103 Trigonometry Problems from the training of the
USA IMO Team”/Problem E 1724. American Mathematical Monthly 72 (1965),
792.Suggested by Alexander Oppenheim)Let x,y,z real positive numbers. Prove
that: √
a2 x + b2 y + c2 z ≥ 4[ABC] xy + xz + yz
Solução:
Note que: √
a2 x + b2 y + c2 z ≥ 4[ABC] xy + xz + yz
abc √
a2 x + b2 y + c2 z ≥
xy + xz + yz
R
aRx bRy cRz √
+ + ≥ xy + xz + yz
bc ac ab
1 4aR2 x 4bR2 y 4cR2 z √
 
+ + ≥ xy + xz + yz
2 2Rbc 2Rac 2Rab
senαx senβy senγz √
+ + ≥ 2 xy + xz + yz
senβsenγ senαsenγ senαsenβ
sen(π − α)x sen(π − β)y sen(π − γ)z √
+ + ≥ 2 xy + xz + yz
senβsenγ senαsenγ senαsenβ

sen(α + β + γ − α)x sen(α + β + γ − β)y sen(α + β + γ − γ)z √


+ + ≥ 2 xy + xz + yz
senβsenγ senαsenγ senαsenβ

sen(β + γ)x sen(α + γ)y sen(α + β)z √


+ + ≥ 2 xy + xz + yz
senβsenγ senαsenγ senαsenβ

(senβcosγ + senγcosβ)x (senαcosγ + senγcosα)y (senαcosβ + senβcosα)z √


+ + ≥ 2 xy + xz + yz
senβsenγ senαsenγ senαsenβ


(cotβ + cotγ)x + (cotα + cotγ)y + (cotα + cotβ)z ≥ 2 xy + xz + yz (238)

Fazendo xy + xz + yz = 1 e fazendo a substituição x = cotα0 , y = cotβ 0 , z =


cotγ 0 , teremos16 que α0 , β 0 , γ 0 serão ângulos de um triângulo, e a nossa desigual-
dade será equivalente a desigualdade abaixo :

(cotβ + cotγ)cotα0 + (cotα + cotγ)cotβ 0 + (cotα + cotβ)cotγ 0 ≥ 2 (239)

Suponha sem perda de generalidade (o caso contrário é análogo) que:


16 Note que como a desigualdade é homogênea, podemos supor que xy + xz + yz = 1, isto

é, estamos apenas normalizando a desigualdade

160
cotα ≥ cotα0 (240)

cotβ ≥ cotβ 0 (241)

cotγ 0 ≥ cotγ (242)


Pois como essas variáveis são ângulos de um triângulo, não podemos ter cotα ≥
cotα0 , cotβ ≥ cotβ 0 , cotγ ≥ cotγ 0 .De fato, isso não pode ocorrer, pois suponha
sem perda de generalidade que α0 ≥ α e β 0 ≥ β(como a cotangente é decrescente,
isto implica que cotα ≥ cotα0 e também cotβ ≥ cotβ 0 ), somando essas duas
primeiras desigualdades temos α0 + β 0 ≥ α + β ⇒ cot(α + β) ≥ cot(α0 + β 0 ) ⇒
−cot(π −(α +β)) ≥ −cot(π −(α0 +β 0 )) ⇒ −cot(α +β +γ −(α +β)) ≥ −cot(α0 +
β 0 + γ 0 − (α0 + β 0 )) ⇒ −cot(γ) ≥ −cot(γ 0 ) ⇒ cot(γ 0 ) ≥ cot(γ).Agora, defina
como funções f1 (α, β, γ, α0 , β 0 , γ 0 ) : R6 → R e f2 (α, β, γ, α0 , β 0 , γ 0 ) : R6 → R tais
que:

f1 (α, β, γ, α0 , β 0 , γ 0 ) = (cotβ+cotγ)(cotα0 −cotα)+(cotα+cotγ)(cotβ 0 −cotβ)+(cotα+cotβ)(cotγ 0 −cotγ)


(243)

f2 (α, β, γ, α0 , β 0 , γ 0 ) = (cotβ 0 +cotγ 0 )(cotα−cotα0 )+(cotα0 +cotγ 0 )(cotβ−cotβ 0 )+(cotα0 +cotβ 0 )(cotγ−cotγ 0 )
(244)
Observe agora, que pelas desigualdades (240), (241) e (242) segue que:

0 ≥ cotα0 − cotα (245)

0 ≥ cotβ 0 − cotβ (246)

cotγ 0 − cotγ ≥ 0 (247)


Sabemos que α0 , β 0 , γ 0 são ângulos de um triângulo, então existe a0 , b0 , c0 tal
que a02 = b02 + c02 − 2b0 c0 cosα0 , b02 = a02 + c02 − 2a0 c0 cosβ 0 , c02 = a02 + b02 −
2a0 b0 cosγ 0 .SejaR’ o raio da circunferência inscrita ao triângulo de lados a’,b’ e
a0 b0 c0

c’.Defina k := + 0 0 + 0 0 , então:
b0 c0 ac ab
a0 b0 c0
+ + = k(α0 , β 0 , γ 0 ) (248)
b0 c0 a0 c0 a0 b0
Sendo k(α0 , β 0 , γ 0 ) uma função de a,b e c.E como nossa desigualdade original
é homogênea nas variáveis a,b,c, suponha sem perda de generalidade que a
igualdade abaixo ocorra17 :
17 Novamente aqui, estamos normalizando a desigualdade.

161
a b c
+ + = k(α0 , β 0 , γ 0 ) (249)
bc ac ab
Como x, y, z não dependem do circunraio R0 , suponha sem perda de gene-
ralidade que R0 ≥ R.Tome agora a desigualdade (240) e considere o desenvolvi-
mento(aplicando a lei dos cossenos e lei dos senos):
(b2 + c2 − a2 )R (b02 + c02 − a02 )R0
 
0 a b c a
cotα ≥ cotα ⇒ ≥ ⇒ + + −2 R≥
 0 abc  a0 b0 c0 bc ac ab bc
a b0 c0 a0 aR a0 R0
0 0
+ 0 0 + 0 0 − 2 0 0 R0 ⇒ Rk(α0 , β 0 , γ 0 )−2 ≥ Rk(α0 , β 0 , γ 0 )−2 0 0 ⇒
bc ac ab bc bc bc
a0 R0 aR
≥ ⇒
b0 c0 bc
a0 R0 aR
0 0
≥ (250)
bc bc
Aplicando o mesmo raciocínio para a desigualdade (242), concluímos:

b0 R 0 bR
≥ (251)
a0 c0 ac
Suponha agora, por absurdo que:

cotα + cotγ > cotα0 + cotγ 0 (252)


Ora, veja que:

(b2 + c2 − a2 )R (a2 + b2 − c2 )R (b02 + c02 − a02 )R0


cotα+cotγ > cotα0 +cotβ 0 ⇒ + > +
abc abc a0 b0 c0
02 02 02 0 0 0
(a + b − c )R bR bR
⇒ > 0 0
a0 b0 c0 ac ac
O que é um absurdo.Por outro lado, suponha por absurdo que:

cotβ + cotγ > cotβ 0 + cotγ 0 (253)


Ora, veja que:

(a2 + c2 − b2 )R (a2 + b2 − c2 )R (a02 + c02 − b02 )R0


cotβ+cotγ > cotβ 0 +cotβ 0 ⇒ + > +
abc abc a0 b0 c0
02 02 02 0 0 0
(a + b − c )R aR aR
⇒ > 0 0
a0 b0 c0 bc bc
O que é um absurdo.Disso conluímos as desigualdades:

cotα + cotγ ≤ cotα0 + cotγ 0 (254)

cotβ + cotγ ≤ cotβ 0 + cotγ 0 (255)

162
Multiplicando (254) por cotβ 0 − cotβ e (255) por cotα0 − cotα, note que
essas desigualdades vão inverter, pois estamos multiplicando por quantidades
não positivas, teremos respectivamente:

(cotα + cotγ)(cotβ 0 − cotβ) ≥ (cotα0 + cotγ 0 )(cotβ 0 − cotβ) (256)

(cotβ + cotγ)(cotα0 − cotα) ≥ (cotβ 0 + cotγ 0 )(cotα0 − cotα) (257)

Por outro lado das desigualdades (240) e (241) sabemos que:

cotα + cotβ ≥ cotα0 + cotβ 0 (258)

Multiplicando a desigualdade acima por cotγ 0 − cotγ, que pela desigualdade


(248) sabemos ser maior ou igual a zero, teremos:

(cotα + cotβ)(cotγ 0 − cotγ) ≥ (cotα0 + cotβ 0 )(cotγ 0 − cotγ) (259)

Somando (256), (257) e (259), teremos:

f1 (α, β, γ, α0 , β 0 , γ 0 ) ≥ (cotα0 +cotγ 0 )(cotβ 0 −cotβ)+(cotβ 0 +cotγ 0 )(cotα0 −cotα)+(cotα0 +cotβ 0 )(cotγ 0 −cotγ)
(260)
Somando o lado esquerdo de (244) com o lado esquerdo de (260) e o lado
direito de (244) com o lado direito de (260), os termos vão se cancelar e teremos:

f1 (α, β, γ, α0 , β 0 , γ 0 ) + f2 (α, β, γ, α0 , β 0 , γ 0 ) ≥ 0 (261)


E isto implica, finalmente que:

(cotβ + cotγ)cotα0 + (cotα + cotγ)cotβ 0 + (cotα + cotβ)cotγ 0 ≥ 2 (262)

Que nada mais é do que a desigualdade (239), que é equivalente a desigualdade


do enunciado.

163
46.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo)Seja j, n ∈ N tais
que 1 < j < n, e tal que n é número ímpar, encontre valores para xn que
satisfaçam as desigualdades abaixo(explicitando o caso onde ocorre a igualdade):
n−1
1 + ... + b c ≤ xn (1 + ... + n)
j
n
1 + ... + b c ≤ xn (1 + ... + n)
j
Obs:Note que xn depende de n.

Solução:
Seja j e n números naturais, tal que j é estritamente maior do que 1 e
estritamente menor do que n.Qual é a quantidade máxima de múltiplos inteiros
de j que existem no intervalo fechado [j,n]?A resposta para essa pergunta é que
se n-j é ímpar, então existem no máximo (n-j+1)/2 inteiros, por outro lado, se
n-j é par existem no máximo (n-j+2)/2.Como o total de múltiplos inteiros de j
n
no intervalo [1, n] é b c, fica demonstrado assim o resultado.
j
Vamos provar que o máximo é realmente esse por etapas:
(1)Seja b um número irracional, então bk e bk+1 não podem ser ambos ra-
cionais. Prova:Suponha que bk e bk+1 sejam ambos racionais, então existem
p, q, p0 , q 0 inteiros tais que bk = p/q e bk+1 = p0 /q 0 , multiplicando as duas igual-
dades teremos b = pq 0 /qp0 , o que é um absurdo, pois isto implicaria que b é
racional.
(2)Seja a expressão a1/j , com j > 1, então existe a ∈ N e j ∈ N, tais que
1
a j 6∈ Q. Prova:Tome a como sendo um número primo qualquer, como a não
tem fatores primos, então não pode ser potência k-ésima perfeita.
(3)Seja j um número, a quantidade máxima de múltiplos inteiros de j que
existem no intervalo fechado [1, n] é (n−j +1)/2, se n−j é ímpar, e (n−j +2)/2
1
se n − jé par. Prova: Seja b um número,  j tal que b = a j e tal que (2) seja
satisfeito, então, seja o conjunto X = b , bj+1 , ...., bn por (1), sabemos que

não existem duas potências consecutivas nesse conjunto que sejam racionais.Daí
concluímos que o número máximo de potências racionais de b no conjunto ocorre
intercaladamente, isto é, quando uma potência é irracional a próxima tem que
ser racional.Sabemos que a primeira potência é racional, então a segunda tem
que ser necessariamente irracional, a próxima racional e assim por diante.Veja:

racional, irracional, racional, irracional, racional, ...

Se a quantidade de elementos acima for par, então sabemos que a última po-
tência é irracional, se for ímpar sabemos que a última potência é racional.Ora,
mas se a quantidade de elementos acima for par, então a quantidade de po-
tências racionais é quantidade de elementos dividida por 2, se for ímpar é a
quantidade de elementos somado a 1 dividida por 2.Mas observe que a quanti-
dade de potências racionais é justamente a mesma quantidade de múltiplos de

164
j, pois a é inteiro, então
a elevado a outro inteiro é racional....Mas no conjunto
X = bj , bj+1 , ...., bn temos bj até bn , de j até n temos n − j + 1 elementos,
então o conjunto X, tem n − j + 1 elementos, como a quantidade de inteiros
é máxima quando a quantidade de elementos do conjunto está dividida por
dois(quando n − jé ímpar), e quando a quantidade de elementos do conjunto
somado a 1 e divido por dois(quando n − j é par), teremos o seguinte resultado
provado:
n n+1−j
b c≤ (Se n − j é ímpar)
j 2
n n+2−j
b c≤ (Se n − j é par)
j 2
Suponha n − j ímpar então, fazendo m = n − j:
m+j m+1
b c≤
j 2
m m+1
b
c+1≤
j 2
 
m m m m+1
b c b c+1 ≤b c
j j j 2
m m m+1
1 + ... + bc≤b c
j j 4
 
m m m(m + 1)
m 1 + ... + b c ≤ b c
j j 4
m 1 m
1 + ... + b c≤ b c (1 + ... + m)
j 2m j
Suponha n − j par então, fazendo m = n − j + 1:
m+j−1 m+1
b c≤
j 2
m−1 m+1
b c+1≤
j 2
 
m−1 m−1 m−1 m+1
b c b c+1 ≤b c
j j j 2
m−1 m−1 m+1
1 + ... + b c≤b c
j j 4
 
m−1 m − 1 m(m + 1)
m 1 + ... + b c ≤b c
j j 4

165
 
m−1 m−1
2m 1 + ... + b c ≤b c (1 + ... + m)
j j
m−1 1 m−1
1 + ... + b c≤ b c (1 + ... + m)
j 2m j
A igualdade ocorre quando j = 2.

166
47.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo)Seja T o conjunto
dos números transcendentes e Q o conjunto dos números algébricos.Uma sequên-
cia (a)n é dita sequência de Weierstrass, se ak ∈ Q, ∀k ∈ N e lim an = L, L ∈
n→∞
T.Por exemplo, a sequência an = (1 + x/n)yn , x, y ∈ Q é de Weierstrass, pois
seu limite é transencendente e os termos dessa sequência são compostos apenas
por números algébricos.Uma sequência (a)n de Weierstrass, é dita Sequência de
n-Weierstrass se existe um polinômio Pn (x) de grau n com coeficientes inteiros,
tal que Pn (an ) = 0, ∀n ∈ Z+ , e ainda, todos os termos dessa sequência são
distintos.Encontre o termo geral de uma Sequência de n-Weierstrass.

Solução
v Sejam ki números naturais, e ci números racionais, ∀i ∈ N.Então
u s r

u
kt
q
n kn−1 k3
cn + cn−1 + ... c3 + k2 c2 + k1 c1 é algébrico.
Prova: Basta observar que esse número é raíz do polinômio
Pn (x) = (((( xkn − cn )kn−1 − cn−1 )kn−2 − ...)k3 − c2 )k1 − c1
De fato, por indução , o caso base é óbvio.Considere como hipótese de indu-
ção v
u s r

u
kt
q
n kn−1 k3
rn = cn + cn−1 + ... c3 + k2 c2 + k1 c1 é raiz de

Pn (x) = (((( xkn − cn )kn−1 − cn−1 )kn−2 − ...)k3 − c2 )k1 − c1


Como tese v de indução considere que
u v s
u u r
kn+1

u u
kt
q
n kn−1 k3
rn+1 = cn+1 + cn + cn−1 + ... c3 + k2 c2 + k1 c1 é raiz de
t

Pn+1 (x) = (((( (xkn+1 − cn+1 )kn − cn )kn−1 − cn−1 )kn−2 − ...)k3 − c2 )k1 − c1
Substituindo rn+1 em Pn+1 (x) teremos
Pn+1 (rn+1 ) = (((( rnkn − cn )kn−1 − cn−1 )kn−2 − ...)k3 − c2 )k1 − c1 = Pn (rn ) pela
hipótese de indução segue que Pn+1 (rn+1 ) = 0.

Encontremos agora uma sequência de algébricos.Primeiramente, provemos


por indução que vale a fórmula:

v v
u u v
u u u v v
u u u u u s
u u u r
1 + cos(2n φ)
u
u1 u 1 1 1 1
u u u
senφ = t −
t
+ + + ... + +
u t t t
2 23 27 215 n−1
22 −1 22n −1

(263)
Como base de indução, considere válido:

167
q
1−cos2x
senx = 2
r q r s r
2x
1− 1+cos2
q q
1 1+cos22 x 1 1 1+cos 23 x
senx = 2
2
= 2 − 22 ×2 = 2 − 22 ×2 + 22(2+1) ×2

Como hipótese de indução, suponha que (263) seja válido para um n, então,
usando (263),
v teremos:
u v v
u u u v
u u u u v s
u u u u u r
u1 u u1 1 1 1 1 + cos(2n φ)
u u u
senφ = t −
t
+ + + ... + + =
u t t t
2 23 27 215 n−1
22 −1 22n −1
v v
u u v
u u u v v
u u u u u v
u u u u u u s
u u r
1 + cos(2n+1 φ)
u1 u 1 u
u − t + t 1 + t 1 + t... + 1 1 1
u u u u
u t
t2 3 7 15 2n−1 −1 + 2n −1 + 2 n −1 =
2 2 2 2 2 2 2
v v
u u v
u u u v v
u u u u u v
u u u u u u s
u u r
u1 u 1
u − t + t 1 + t 1 + t... + t 1 1 1 + cos(2n+1 φ)
u u u u u
u
n−1 −1 + n −1 + =
t2 23 2 7 215 2 2 2 2 22(2n −1)+1
v v
u u v
u u u v v
u u u u u v
u u u u u u s
u u r
u1 u 1
u − t + t 1 + t 1 + t... + t 1 1 1 + cos(2n+1 φ)
u u u u u
u
n−1 −1 + n −1 +
t2 23 2 7 215 2 2 2 2 22n+1 −1
π
Finalizando assim a prova por indução.Fazendo φ = em (263), tere-
3 × 2n
mos: v
u v v
u u u v
u u u u v s
  u u u u u r
π 1 1 1 1 1 1 1
u u u u u
=t −t 3 +
u
sen + + ... + n−1 −1 + n −1 +
u t t t
3×2 n 2 2 2 7 215 2 2 22 22n

v v
u u v
u u u v v
u u u u u s
  u u u r
π 1 1 1 1 1 1 1
u u u u u
n n u
= (3×2 )t − t 3 +
u
(3×2 )sen + + ... + n−1 −1 + n −1 +
t t t
3×2n 2 2 27 215 22 22 22n

(264)
Observe que (264) é algébrico, pois já provamos isso nas primeiras linhas dessa
questão (de fato os algébricos formam um corpo, o produto de dois algébricos é

168
ainda algébrico).Resta mostrar que todos os termos da sequência são distintos,
πsenx
para isto, observe que nossa sequência é uma expressão do tipo f (x) = ,
  x
senx − xcosx
por outro lado, note que f 0 (x) = π e ainda tanx > x ⇒ senx−
x2
xcosx > 0, mostrando assim que a função é crescente, e portanto, bijetora, não
podendo admitir que termos da sequência sejam iguais.

169
Z
48.Calcule a integral ln(x)dx.

Solução 1:
Pela fórmula de integração por partes, sabemos que
Z Z
v(x)du = u(x)v(x) − u(x)dv
1
Faça a substituição ln(x) = v(x) ⇒ dv = dx, e ainda du = dx ⇒ u(x) = x,
x
subsituindo
Z na fórmula deZintegração por partes, teremos:
ln(x)dx = x ln(x) − dx = x ln(x) − x

Solução 2:
1
Faça a substituição ln(x) = −w ⇒ dw = − dx ⇒ dx = −xdw ⇒ dx =
x
−e−w dw. Substituindo na integral, teremos:
Z Z
ln(x)dx = we−w dw
Pela fórmula de integração por partes, sabemos que
Z Z
v(w)du = u(w)v(w) − u(w)dv
Fazendo
Z u(w) = −e−w ⇒ du =Z e−w dw, dv = dw ⇒ v(w) = w, teremos:
w e|−w
|{z} {zdw} = −e
−w
w − (−e−w ) |{z}
dw
| {z } |{z} | {z }
Z v(w) du u(w) v(w)
Z u(w) dv

we dw = −e w + e dw = −e w − e−w
−w −w −w −w

Desfazendo a substituição, e observando que ln(x) = −w ⇒ eln(x) = e−w ⇒


x =Ze−w teremos:
ln(x)dx = x ln(x) − x

170
49.Calcule a integral
Z p
k + x2 dx

Solução: √ √
Faça x = ktanα ⇒ dx = ksec2 αdα, a integral fica reescrita como:
Z p Z
k + x2 dx = ksec3 αdα (1)

Calculemos a integral acima.Pela


Z Z formula da integral por partes sabemos que:
u(α)v (α)dα = u(α)v(α) − u0 (α)v(α)dα (2)
0

Fazendo u(α) = secα ⇒ u0 (α) = secαtanα e também v 0 (α) = sec2 α ⇒


v(α) = tanα, substituindo em (1), teremos:
Z Z
sec3 αdα = secαtanα − secαtan2 αdα

Z Z
3
sec αdα = secαtanα − secα(sec2 α − 1)dα

Z Z
1 1
sec3 αdα = secαtanα + secαdα
2 2
Multiplicando e dividindo a integral ao lado direito por tanα+secα, teremos:

Z Z
1 1 secα(tanα + secα)
sec3 αdα = secαtanα + dα (3)
2 2 tanα + secα
0
Observe que (tanα + secα) = secα(tanα + secα), fazendo f (α) = tanα + secα,
teremos que
Z Z 0
secα(tanα + secα) f (α)
dα = dα = ln|f (x)| = ln |tanα + secα|
tanα + secα f (α)
Substituindo em (3), teremos:

Z
1 1
sec3 αdα = secαtanα + ln |tanα + secα| (4)
2 2
Substituindo (4) em (1):
Z p
k k
k + x2 dx = secαtanα + ln |tanα + secα| (5)
2 2
√ 2 2 2 2
r Mas x = ktanα ⇒ x = ktan α ⇒ x = k(sec α − 1) ⇒ secα =
x2 + k
, substituindo esse resultado em (5), teremos:
k

171
√ r
2+k 2 + k
Z p
x x k x x
k + x2 dx = + ln √ + +C (5)

2 2 k k

172
50.Calcule a integral

x2
Z
√ dx
k − x2
√ dx √
Solução: Fazendo x = ksen(α), teremos = kcos(α) ⇒ dx =
√ dα
kcos(α)dα,substituindo na √
integral teremos:
x2 ksen2 (α) kcos(α)
Z Z Z
√ dx = p dα = ksen2 (α)dα
k − x2 k − ksen2 (α)
Calculemos a integral acima.Pela
Z Z formula da integral por partes sabemos que:
u(α)v 0 (α)dα = u(α)v(α) − u0 (α)v(α)dα (1)
Fazendo u(α) = senα ⇒ u (α) = cos(α)dα. Fazendo v 0 (α) = senα ⇒ v(α) =
0

−cosα Z
Substituindo em (1) e multiplicando tudo por k: ksen2 (α)dα = −ksenαcosα+
Z
kcos2 αdα ⇒
Z Z
ksen (α)dα = −ksenαcosα + k(1 − sen2 α)dα ⇒
2
Z
k
ksen2 (α)dα = (α − senαcosα) + C ⇒
2
x2
Z
k
√ dx = (α − senαcosα) + C (2)
k − x2 2
√ √ 1 k
Mas x = ksen(α) ⇒ x = k p ⇒ cot2 α + 1 = 2 ⇒
2
1 + cot (α) x
2 k 2 1 x x
cot α = 2 − 1 ⇒ tan α = k ⇒ tanα = √ ⇒ α = arctan √
x x2 √−1 k−x 2 k − x2
2 2 2
r sabemos que x = ksen(α) ⇒ x = ksen (α) = k(1 − cos α) ⇒
Alem disso
k − x2
cosα =
k
Substituindo em (2), teremos:
√ !
x2 x k − x2
Z
k x
√ dx = arctan √ − +C
k − x2 2 k − x2 k

173
51.O Teorema Fundamental do Cálculo, diz que se f é uma função contínua
de valores reais, definida em um intervalo fechado [a, b], e se F for a função
definida para x em [a, b] por:
Z x
F (x) = f (x)dx
a
Então
F 0 (x) = f (x)
Além disso, se f uma função contínua de valores reais, definida em um intervalo
fechado [a, b], e se F é uma função tal que

F 0 (x) = f (x)

então Z b
f (x)dx = F (b) − F (a)
a
Prove o Teorema Fundamental do Cálculo.

Solução:

Se m e M são os máximos e mínimos de f (x), então:

m ≤ f (x) ≤ M (1)

Do lado esquerdo de (1), segue:

Z b Z b Z b
0 ≤ f (x) − m ⇒ 0 ≤ (f (x) − m)dx ⇒ mdx ≤ f (x)dx (2)
a a a

A segunda desigualdade acima segue do fato que a primitiva de H1 (x) = f (x)−m


é não decrescente pois f (x) − m ≥ 0 e b ≥ a. Por outro lado, do lado direito de
(1), segue:
Z b Z b Z b
f (x) − M ≤ 0 ⇒ (f (x) − M )dx ≤ 0 ⇒ f (x)dx ≤ M dx (3)
a a a

A segunda desigualdade acima segue do fato que a primitiva de H2 (x) = f (x) −


M é não crescente pois f (x) − M ≤ 0 e b ≥ a.De (2) e de (3), vem:
Z b Z b Z b
mdx ≤ f (x)dx ≤ M dx (4)
a a a
Z b Z b
Observe que mdx = (b − a)m e M dx = (b − a)M , subsituindo em
a a
(4), temos:
Z b
m(b − a) ≤ f (x)dx ≤ M (b − a)
a

174
Dividindo ambos os lados da desigualdade acima por b − a, teremos:
Z b
1
m≤ f (x)dx ≤ M (5)
b−a a

Como f (x) é contínua,f (x) passa por todos os pontos entre m e M e portanto
existe c tal que:
Z b
1
f (c) = f (x)dx (6)
b−a a
Fazendo b = x + h e a = x em (6),e usando que toda função f definida em
um intervalo fechado tem máximo e mínimo, teremos:
Z x+h Z x+h
1 1
f (ch ) = f (t)dt = f (t)dt (6)
x+h−x x h x
Onde x ≤ ch ≤ x + hPor outro lado, observe que:
Z x+h Z x+h Z x
f (t)dt = f (t)dt − f (t)dt = g(x + h) − g(x)
x a a

Substituindo o resultado acima em (6), obtemos:


x+h
g(x + h) − g(x)
Z
1
f (ch ) = f (t)dt = (7)
h x h
18
Temos duas possibilidades , dependendo se f é não decrescente ou não cres-
cente, pois como x ≤ ch ≤ x + h, ou ocorre:

f (x) ≤ f (ch ) ≤ f (x + h) (f é não decrescente (A))


Ou ocorre:

f (x + h) ≤ f (ch ) ≤ f (x) (f é não crescente (B))

Se A é verdade, então tomando o limite de h tendendo a zero, e usando que


f é contínua, teremos:

lim f (x) ≤ lim f (ch ) ≤ lim f (x + h) ⇒ f (x) ≤ lim f (ch ) ≤ f (x)


h→0 h→0 h→0 h→0

Pelo teorema do confronto o resultado segue.Por outro lado, se B é verdade,


então tomando o limite e usando que f é contínua:

lim f (x + h) ≤ lim f (ch ) ≤ lim f (x) ⇒ f (x) ≤ lim f (ch ) ≤ f (x)


h→0 h→0 h→0 h→0

Pelo teorema do confronto o resultado segue.


18 Os outros casos podem ser cobertos também pela continuidade...

175
Se h < 0, então faça a = x + h e b = x em 6, no intervalo fechado [x + h, x]
f admite máximo e mínimo, segue que:

Z x Z x Z x
1 1 1
f (ch ) = f (t)dt = − f (t)dt ⇒ f (ch ) = − f (t)dt (7)
x − (x + h) x+h h x+h h x+h

Por comodidade seja h = −h0 , h0 > 0, então:

1 x
Z
f (ch ) = − f (t)dt
h x−h0
Fazendo x0 = x − h0 e substituindo nos limites de integração:
Z x0 +h0
1
f (ch ) = − f (t)dt
h x0
Observe que:
Z x0 +h0 Z x0 +h0 Z x0 Z x Z x+h
f (t)dt = f (t)dt − f (t)dt = f (t)dt − f (t)dt
x0 a a a a

Substituindo esse resultado em (7), teremos:


Z x Z x+h ! !
x+h x
g(x + h) − g(x)
Z Z
1 1
f (ch ) = − f (t)dt − f (t)dt = f (t)dt − f (t)dt =
h a a h a a h

Tomando o limite de h tendendo a zero, teremos:

g(x + h) − g(x)
lim f (ch ) = lim
n→0 n→0 h
Temos duas possibilidades, dependendo se f é não decrescente ou não cres-
cente, pois como x + h ≤ ch ≤ x, ou ocorre:

f (x) ≤ f (ch ) ≤ f (x + h) (A0 )

Ou ocorre:

f (x + h) ≤ f (ch ) ≤ f (x) (B 0 )
Nos dois casos, como a função é contínua, o resultado segue pelo teorema do
confronto. Concluindo assim, que:

g 0 (x) = f (x)
Sabemos que F 0 (x) = f (x) e g 0 (x) = f (x), pelo teorema do valor médio a
diferença entre as funções é uma constante, então, existe uma constante C, tal
que:
F (x) = g(x) + C

176
Fazendo x = b e x = a, teremos:

F (b) = g(b) + C
Z a
F (a) = g(a) + C = f (t)dt + C = 0 + C = C ⇒ F (a) = C
a
Pegando a diferença entre as igualdades acima, teremos:
Z b
F (b) − F (a) = g(b) = f (t)dt
a

177
Z
52.Calcule a integral sen2 θdθ.

1 − cos(2θ)
Solução:Observe que cos(2θ) = 1 − 2sen2 θ ⇒ sen2 (θ) = , subs-
2
tituindo na integral,
Z teremos:
1 − cos(2θ)
Z Z Z Z
2 1 cos(2θ) θ cos(2θ)
sen θdθ = dθ = dθ− dθ = − dθ ⇒
Z Z 2 2 2 2 2
θ cos(2θ)
sen2 θdθ = − dθ
2 2
du
Fazendo 2θ = u ⇒ du = 2dθ ⇒ dθ = , substituindo na integral:
Z Z 2
θ cos(u) θ sen(u) θ sen(2θ)
sen2 θdθ = − du = − = −
2 4 2 4 2 4

178
Z
53.Calcule a integral sen3 θdθ.

Z Z Z
3 2
Solução: Observe sen θdθ = senθsen θdθ = senθ(1 − cos2 θ)dθ =
Z Z Z
senθdθ − senθcos2 θdθ = −cosθ − senθcos2 θdθ
du
Fazendo cos2 θ = u ⇒ du = −2senθcosθdθ ⇒ = −senθcosθdθ, substi-
2
tuindo na integral:
Z √ 3 3
(cos2 (θ)) 2
Z
3 u 2u 2
sen θdθ = cosθ + du = −cosθ + +C = −cosθ + +C =
2 3×2 3
3
cos (θ)
−cos(θ) + +C
3

179
Z
54.Calcule a integral θ arctan2 (θ)dθ.

Solução:
1 1
Faça y = arctan(θ) ⇒ dy = 2
dθ ⇒ dy = dθ ⇒ dθ =
1+θ 1 + tan2 (y)
sec2 (y)dy, substituindo na integral teremos:
Z Z
θ arctan2 (θ)dθ = y 2 tan(y)sec2 (y)dy

Fazendo u = y 2 sec(y) ⇒ du = (2ysec(y) + y 2 sec(y)tan(y))dy e dv =


tan(y)sec(y)dy ⇒ v = sec(y)
Z Z
y 2 tan(y)sec2 (y)dy = y 2 sec2 (y) − sec(y)(2ysec(y) + y 2 sec(y)tan(y))dy =
Z Z Z
2 2 2 2 2
y sec (y) − 2ysec (y)dy − y sec (y)tan(y)dy ⇒ y 2 tan(y)sec2 (y)dy =
 Z  Z
1 1
y 2 sec2 (y) − 2 ysec2 (y)dy = y 2 sec2 (y) − ysec2 (y)dy
2 2
Z Z
1 2 2
y 2 tan(y)sec2 (y)dy = y sec (y) − ysec2 (y)dy (265)
2
Calculemos a segunda integral acima por integração por partes.Faça y =
u ⇒ dy = du e dv = sec2 (y)dy ⇒ v = tan(y)

Z  Z 
1 2 2 1
2 2
y tan(y)sec (y)dy = y sec (y) − ytan(y) − tan(y)dy = y 2 sec2 (y) −
Z 2 2
1 2 2
ytan(y) + tan(y)dy = y sec (y) − ytan(y) − ln |cos(y)| + K
2
Observe que sec2 (y) = tan2 (y) + 1 = tan2 (arctan(θ)) + 1 = θ2 + 1, cos(y) =
1 1 1
p =p =√ , substituindo teremos:
2
1 + tan (y) 2
1 + tan (arctan(θ)) 1 + θ2

(θ2 + 1)
Z
1
y 2 tan(y)sec2 (y)dy = y 2 sec2 (y)−ytan(y)−ln (cos(y))+K = arctan2 θ−
2 2
2
1 +K = (θ + 1) arctan2 θ−θ arctan θ− ln1 − ln 1 + θ2 +
 p 
θ arctan θ−ln √
1 + θ2 2
2
(θ + 1) 2
p (θ2 + 1)
K= arctan θ − θ arctan θ + ln 1 + θ2 + K = arctan2 θ −

2 2
1 (θ2 + 1) 1
θ arctan θ + ln 1 + θ2 2 + K = arctan2 θ − θ arctan θ + ln 1 + θ2 + K

2 2

180
55.(Mathematics Stack Exchange)They are asking me to prove

x3
sen(x) > x − , for x ∈ R∗+ .
3!
I didn’t understand how to approach this kind of problem so here is how I tried:
x3
sen(x) − x + >0
6
then I computed the derivative of that function to determine the critical points.
0
x3 x2

So: sen(x) − x + = cos(x) − 1 +
6 2
The critical points:
x2
cos(x) − 1 + =0
2
0
x2

It seems that ‘x = 0‘ is a critical point. Since cos(x) − 1 + = −sen(x)+x
2
and −sen(0) + 0 = 0
The function has no local minima and maxima. Since the derivative of the
function is positive, the function is strictly increasing so the lowest value is
x3
‘f(0)‘. Since ‘f(0) = 0‘ and ‘0 > 0‘ I proved that sen(x) + x − > 0. I’m not
6
sure if this solution is right. And, in general, how do you tackle this kind of
problems?

Solução:
A solução segue diretamente da observação que:

sen(3γ) = sen(2γ)cos(γ)+sen(γ)cos(2γ) = 2sen(γ)cos2 (γ)+sen(γ)(1−2sen2 (γ)) =


2sen(γ)(1 − sen2 γ) + sen(γ)(1 − 2sen2 (γ)) = 3sen(γ) − 4sen3 (γ) ⇒ sen3 (γ) =
1
(3sen(γ) − sen(3γ))
4
1
sen3 (γ) = (3sen(γ) − sen(3γ)) (266)
4
φ
Fazendo γ = , a igualdade fica reduzida a:
3k
      
φ 1 φ φ
sen3 = 3sen − sen (267)
3k 4 3k 3k−1
Multiplicando por 3k−1 :
      
φ 1 φ φ
3k−1 sen3 = 3k
sen − 3k−1
sen (268)
3k 4 3k 3k−1
Aplicando somatório nos dois lados da igualdade, teremos:

181
n   X n     
X
k−1 3 φ 1 k φ k−1 φ
3 sen = 3 sen −3 sen =
3k 4 3k 3k−1
k=1
   k=1          
1 φ 2 φ φ n φ n−1 φ
3sen − sen (φ) + 3 sen − 3sen + ... + 3 sen −3 sen
4 3 32 3 3n 3n−1
    n      
1 φ X φ 1 φ
= 3n sen − sen(φ) ⇒ 3k−1 sen3 = 3n sen − sen(φ)
4 3n 3k 4 3n
k=1

φ
Tomando o limite e fazendo x = , teremos:
3n


3n
         
X φ 1 φ 1 φ
3k−1 sen3 = lim 3n sen − sen(φ) = lim φ× sen − sen(φ) =
3k n→∞ 4 3n n→∞ 4 φ 3n
k=1
 
1 φsen (x) 1
lim − sen(φ) = (φ − sen(φ)) ⇒
x→0 4 x 4
∞  
X φ 1
3k−1 sen3 k
= (φ − sen(φ))
3 4
k=1

Observe por outro lado, pela desigualdade senx ≤ x, segue

φ3 φ3
     
φ φ 3 φ k−1 3 φ
sen ≤ ⇒ sen ≤ ⇒ 3 sen ≤ ⇒
3k 3k 3k 33k 3k 32k+1
∞ ∞
X φ3 ∞ ∞
φ3 X 1 φ3
   
X φ X φ
⇒ 3k−1 sen3 ≤ = = ⇒ 3 k−1
sen 3

3k 32k+1 3 32k 3×8 3k
k=1 k=1 k=1 k=1
φ3 1 φ3 φ3
⇒ (φ − sen(φ)) ≤ ⇒φ− ≤ sen(φ)
3×8 4 3×8 6

182
56.(Rumo ao ITA,Substituições trigonométricas)Sejam a, b, c números posi-
tivos tais que c2 = a2 − ab + b2 .Prove que (a − c)(b − c) ≤ 0

Solução 1:
Observe que:
3(a − b)2 ≥ 0 ⇒ 3a2 − 6ab + 3b2 ≥ 0 ⇒ 4a2 − 4ab + 4b2 ≥ a2 + 2ab + b2 ⇒ a2 −
 2  2
a+b a+b a+b
ab+b2 ≥ ⇒ c2 ≥ ⇒c≥ ⇒ 2c ≥ a+b ⇒ c−b ≥ a−c
2 2 2
De onde concluímos:

c−b≥a−c (269)
2 2 2 2 2
Observe que 3ab > 0 ⇒ (a + b) > a − ab + b ⇒ (a + b) > c ⇒ a + b >
c ⇒ a + b − c > 0, e portanto podemos multiplicar ambos os lados de (269) por
a + b − c sem alterarmos o sinal da desigualdade:

(a + b − c)(c − b) ≥ (a + b − c)(a − c) (270)


Somando (b − c)(a + b − c) nos dois lados da desigualdade acima, teremos:
0 ≥ (a + b − c)(a − c) + (b − c)(a + b − c) (271)
Defina agora a função f : R+ → R tal que:
f (a, b, c) = (a − c)(b − c) (272)
Note que:

f (a, b, c) = ab − ac − bc + c2 (273)
Além disso, vem:

c2 = a2 − ab + b2 ⇒ ab = a2 + b2 − c2

De onde segue:

ab = a2 + b2 − c2 (274)
Substituindo (274) em (273) segue
f (a, b, c) = a2 + b2 − c2 − ac − bc + c2 = a2 + b2 − ac − bc = a(a − c) + b(b − c)

f (a, b, c) = a(a − c) + b(b − c) (275)


Multiplicando (272) por 2 e somando com (275):
3f (a, b, c) = (a − c)(a + b − c) + (b − c)(a + b − c) (276)
Pela igualdade acima e por (271) segue que:

3f (a, b, c) ≤ 0 ⇔ f (a, b, c) ≤ 0 ⇔ (a − c)(b − c) ≤ 0

183
Solução 2:Suponha sem perda de generalidade que a ≤ b, então:

− b ≤ −a ⇒ −b2 ≤ −ab ⇒ a2 + b2 − b2 ≤ −ab + a2 + b2 ⇒ a2 ≤ c2 ⇒ a ≤ c ⇒


a−c≤0
a−c≤0 (277)
Por outro lado:
− b ≤ −a ⇒ −ab ≤ −a2 ⇒ a2 + b2 − ab ≤ −a2 + a2 + b2 ⇒ c2 ≤ b2 ⇒ c ≤ b ⇒
b−c≥0
b−c≥0 (278)
O produto de (277) com (278) é negativo, portanto:

(a − c)(b − c) ≤ 0

184
m−n
57.(ITA-SP)Sabendo-se que senx = ,m > 0, n > 0, podemos afirmar
π x m+n
que tan − é igual a:
4 2
√ r
n m n n
a) b) c)1 − d) e)n.r.a.
m n m m

Solução 1:
Observe que:
x

π x  1 − tan 2
tan − = x (279)
4 2 1 + tan 2
x

π x  1 − tan 2
cot + = x (280)
4 2 1 + tan 2

Somando (279) com (280) teremos:


!
1 − tan x2  π x  sen π + x  sen π − x  + cos π − x  cos π x

π x
4 2 4 2  4 +
2×  = tan − +cot + = 2 4 2
=
1 + tan x2 4 2 4 2 cos π4 − x2 sen π4 + x2
cos (x) cos(x)
x =
π x π
=
π
cos 4 − x2 sen π4 + x2
  
cos 4 − 2 sen 4 + 2
cos(x)
 =
cos π4 cos x2 + sen π4 sen x2 sen π4 cos x2 + cos π4 sen x2
      

2cos(x)
 =
cos 2 + 2sen x2 cos x2 + sen2 x2
x
  
2

2cos(x) 1 − tan x2 cos(x)


⇒ x
=
1 + sen(x) 1 + tan 2 1 + sen(x)

x

1 − tan 2cos(x)
x = (281)
1 + tan 1 + sen(x)
2
 2
m−n 2 m−n
Observe que senx = ⇒ sen x = ⇒ 1 − sen2 x = 1 −
m+n m+n
 2  2 √
m−n m−n 2 mn
⇒ cos2 x = 1 − ⇒ cosx = , substituindo em
m+n m+n m+n
(281):

1 − tan x2
r 
n
= (282)
1 + tan x2

m
Usando (279):
r
n π x
= tan − (283)
m 4 2

185
57.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo)Seja:

sen(u) + sen(v) + sen(w) = −sen(u + v + w)


Prove que:

sen(v + w) + sen(u + v) + sen(u + w) = −sen(v + w)sen(u + v)sen(u + w) (284)

Solução:
Observe que se x + y + z = −xyz, então teremos:

(1 + y 2 )(1 + z 2 ) (1 + x2 )(1 + z 2 ) (1 + x2 )(1 + y 2 )


+ + = −1 (285)
4yz 4xz 4xy
Agora, o que devemos provar é a igualdade acima.Para isto, considere o
desenvolvimento:
1 + y2 + z2 + y2 z2 1 + x2 + z 2 + x2 z 2 1 + x2 + y 2 + x2 y 2
+ +
4yz 4xz 4xy
Observe que:
1 z 1 x 1 y
x + y + z = −xyz ⇒ =− , =− , =−
xy x + y + z yz x + y + z xz x+y+z

De onde se conclui que:


(1 + y 2 + z 2 + y 2 z 2 )x (1 + x2 + z 2 + x2 z 2 )y (1 + x2 + y 2 + x2 y 2 )z
− − − ⇒
4(x + y + z) 4(x + y + z) 4(x + y + z)

−x − xy 2 − xz 2 − xy 2 z 2 −y − yx2 − yz 2 − yx2 z 2 −z − zx2 − zy 2 − zx2 y 2


+ + ⇒
4(x + y + z) 4(x + y + z) 4(x + y + z)

−x − xy 2 − xz 2 − xyz(yz) −y − yx2 − yz 2 − xyz(xz) −z − zx2 − zy 2 − xyz(xy)


+ + ⇒
4(x + y + z) 4(x + y + z) 4(x + y + z)

−x − xy 2 − xz 2 + (x + y + z)yz −y − yx2 − yz 2 + (x + y + z)xz −z − zx2 − zy 2 + (x + y + z)xy


+ + ⇒
4(x + y + z) 4(x + y + z) 4(x + y + z)

−(x + y + z) + 3xyz −(x + y + z) − 3(x + y + z)


= = −1
4(x + y + z) 4(x + y + z)
Em outras palavras, o que provamos é que (286) implica (287):

x + y + z = −xyz (286)

186
x y z 4xyz
+ + =− (287)
1 + x2 1 + y2 1 + z2 (1 + x2 )(1 + y 2 )(1 + z 2 )
Fazendo x = tan(α), y = tan(β), z = tan(γ), nossa relação fica reescrita
como: tan(α) + tan(β) + tan(γ) = −tan(α)tan(β)tan(γ),por outro lado tam-
bém teremos:

sen(α)cos(α)+sen(β)cos(β)+sen(γ)cos(γ) = −4sen(α)cos(α)sen(β)cos(β)sen(γ)cos(γ)
Multiplicando os dois lados por 2 e usando o seno do arco duplo, finalmente,
teremos:

sen(2α) + sen(2β) + sen(2γ) = −sen(2α)sen(2β)sen(2γ)

Substituindo as tangentes em (285):

tan(α) + tan(β) + tan(γ) = −tan(α)tan(β)tan(γ) ⇒


tan(α) + tan(β) + tan(γ) + tan(α)tan(β)tan(γ) = 0 ⇒
sec(α)sec(β)sec(γ)(sen(α)cos(β)cos(γ)+sen(β)cos(α)cos(γ)+sen(γ)cos(α)cos(β)+
sen(α)sen(β)sen(γ)) = 0 ⇒
sec(α)sec(β)sec(γ)(2sen(α)cos(β)cos(γ)+2sen(β)cos(α)cos(γ)+2sen(γ)cos(α)cos(β)+
2sen(α)sen(β)sen(γ)) = 0 ⇒
sec(α)sec(β)sec(γ){{[cos(α)sin(β)−sin(α)cos(β)]cos(γ)+[sin(α)sin(β)+cos(α)cos(β)]sen(γ)}+
{[sin(α)cos(β) − cos(α)sin(β)]cos(γ) + [sin(α)sin(β) + cos(α)cos(β)]sen(γ)} +
{[sin(α)cos(β) + cos(α)sin(β)]cos(γ) − [cos(α)cos(β) − sin(α)sin(β)]sen(γ)} +
{[sin(α)cos(β)+cos(α)sin(β)]cos(γ)+[cos(α)cos(β)−sin(α)sin(β)]sen(γ)}} =
0⇒
sec(α)sec(β)sec(γ){[sen(−α+β)cos(γ)+cos(−α+β)sen(γ)]+[sen(α−β)cos(γ)+
cos(α − β)sen(γ)] + [sen(α + β)cos(γ) − cos(α + β)sen(γ)] + [sen(α + β)cos(γ) +
cos(α + β)sen(γ)]} = 0 ⇒
sec(α)sec(β)sec(γ){sen(−α + β + γ) + sen(α − β + γ) + sen(α + β − γ) + sen(α +
β + γ)} = 0

A única forma dessa igualdade ser igual a zero é se a igualdade abaixo ocorrer:

sen(α + β − γ) + sen(α − β + γ) + sen(−α + β + γ) + sen(α + β + γ) = 0 (288)

E isto implica finalmente que:

sen(α + β − γ) + sen(α − β + γ) + sen(−α + β + γ) = −sen(α + β + γ) (289)

Em outras palavras o que provamos foi que se a igualdade abaixo é verdadeira:

sen(α + β − γ) + sen(α − β + γ) + sen(−α + β + γ) = −sen(α + β + γ) (290)

187
Então vale:

sen(2α) + sen(2β) + sen(2γ) = −sen(2α)sen(2β)sen(2γ) (291)


v+w u+w u+v
Fazendo α = ,β = ,γ = , teremos que se:
2 2 2
sen(u) + sen(v) + sen(w) = −sen(u + v + w) (292)

Então vale:

sen(v + w) + sen(u + v) + sen(u + w) = −sen(v + w)sen(u + v)sen(u + w) (293)

188

dn+1
Z
58.Seja Γ(x) = tx−1 e−t dt, defina ψ n (x) = n+1 ln (Γ(x)).Prove que:
0 dx
2
 
1 π
0 ≤ ψ (1) m + ≤
2 4m
Onde m é um inteiro maior do que 0.

Solução:
Seja X o conjunto dos transcendentes tais que o produto de um elemento de
X com π seja inteiro. Seja q ∈ X, então existe n ∈ N e p ∈ N tal que qπ = p e :

cos (2qnπz) = cos (2pnz) =


cis2pn (z) + cis2pn (− (z))
=
2
2pn 2pn 
   !
1 X 2pn 2pn−k k k
X 2pn 2pn−k k k k
cos (z) i sen (z) − cos (z) (−1) i sen (z) =
2 k k
k=0 k=0
2pn   !
1 X 2pn
(1 − (−1)k ) cos2pn−k (z) ik senk (z) =
2 k
k=0
pn  
2 X 2pn
cos2pn−(2k) (z) i2k sen2k (z) =
2 2k
k=0
pn  
X 2pn
cos2pn−(2k) (z) i2k sen2k (z) =
2k
k=0
pn  
X 2pn
(−1)k cos2pn−(2k) (z) sen2k (z) ⇒
2k
k=0
pn  
X 2pn
cos (2qnπz) = (−1)k cos2pn−2k (z) sen2k (z)
2k
k=0

1
Multiplicando os dois lados da igualdade pnor , obtemos:
sen2pn (z)
pn  
cos (2qnπz) X 2pn
= (−1)k cot2pn−2k (z)
sen2pn (z) 2k
k=0

Fazendo cot2 (z) = ζ, obtemos um polinômio em ζ de grau pn.Sabe-se que


as raízes desse polinômio saem do cosseno ao lado esquerdo, veja:
(2k − 1)π 2k − 1
cos (2qnπz) = 0 ⇒ 2qnπz = ⇒z=
2 4qn
portanto, suas raízes
 são:
2k − 1
ζk = cot2 , k = 1, ..., pn
4qn

189
Sabemos pela
 relação de Girard, que a soma das raízes do polinômio acima
2pn
2
é dado por 2pn ,
 sendo assim, teremos:
0
pn 2pn
 2pn! pn  
X
2 2!(2pn−2)!
X
2 2k − 1
ζk = 2pn
 = 2pn!
= pn(2pn−1) ⇒ cot = pn(2pn−
0 0!(2pn−0)!
4qn
k=1 k=1
1)

De onde segue que:


pn  
X
2 2k − 1
cot = pn(2pn − 1) (294)
4qn
k=1
pn  
X 1 2 2k − 1 p
2
cot = 2p2 − (295)
n 4qn n
k=1

Usando que cot2 x + 1 = csc2 x segue:


pn  
X 1 2 2k − 1
csc = 2p2 (296)
n2 4qn
k=1

Agora, veja que cscx > 1/x e cotx < 1/x, sendo assim teremos:
pn
p X 1
2p2 − ≤ (4q)2 ≤ 2p2 (297)
n (2k − 1)2
k=1
m
π 2 1 (1)
 
X 1 1
Observe que = − ψ m + , substituindo essa relação
(2k − 1)2 8 4 2
k=1
em (4), temos:

π2
  
p 1 1
2p2 − ≤ (4q)2 − ψ (1) pn + ≤ 2p2
n 8 4 2
 
2 p 2 2 (1) 1
2p − ≤ 2p − 4q ψ pn + ≤ 2p2
n 2
 
p 1
− ≤ −4q 2 ψ (1) pn + ≤0
n 2
 
1 p
0 ≤ 4q 2 ψ (1) pn + ≤
2 n
p2
Observe que qπ = p ⇒ q 2 = , substituindo logo acima, temos:
π2
p2
 
1 p
0 ≤ 4 2 ψ (1) pn + ≤
π 2 n

190
π2
 
1
0 ≤ ψ (1) pn + ≤
2 4pn
Fazendo m = pn, tem-se o resultado desejado.

191
59.Prove que:
n π
lim sen = 1
n→∞ π n
Solução:
Vamos decompor um círculo em um polígono de n partes.

Sabe-se que o lado de um polígono inscrito de n lados é igual a 2R ×


π
sen .Sabe-se que o perímetro da circunferência é igual a 2πR, sendo assim:
n
n
X π
lim 2Rsen = 2πR
n→∞ n
k=1

De onde segue o resultado.

192
60.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo)Defina:

(ax + bx ) 
(by − ay ) + by ay + (c2y − 1) , ∀x, y ∈ X | X = {x, y ∈ N | x−y = 1}, ∀a1 , b1 , c1 ∈ R+ | c1 ≥ 1

σx,y = 2
cy

Um grupo de quatro sequências recorrentes (a)n , (b)n , (c)n e (σ)n,m , com leis
de formação distintas, é chamado de “ Quarteto de Liouville ”, se para todo
a1 , b1 , c1 ∈ R+ | c1 ≥ 1, ocorre:

1 
σ(n+2k+1 −1),(n−1) = a k+1 × σ(n+2k −1),(n−1) + an−1 × σ(n+2k+1 −1),(n+2k −1) ,
an+2k −1 n+2 −1

∀k ∈ Z+ ∪ {0} ∧ n ∈ Z+ \ {1}
Encontre as quatro sequências de um Quarteto de Liouville qualquer.

Solução: √
a
Observe que(fazendo a substituição √ = tan(θ)):
b
a

a + b = b b + 1 = b(tan (θ) + 1) = bsec (θ) = bsec2 (θ)(sen2 (φ
2 2 2
 − θ) + cos (φ −
2 2
θ)) = b (tan(θ)sen(φ) + cos(φ)) + (sen(φ) − tan(θ)cos(φ)) =

 √ √ √
2  2 
b √a sen(φ) + cos(φ) + sen(φ) − √a cos(φ) = ( asen(φ)+ bcos(φ))2 +
b b
√ √
( bsen(φ) − acos(φ))2

De onde concluímos:

√ √ √ √
a + b = ( asen(φ) + bcos(φ))2 + ( bsen(φ) − acos(φ))2 (298)

Dividindo ambos lados da expressão por cos2 (φ), temos:


√ √ √ √
(a + b)sec2 (φ) = ( atan(φ) + b)2 + ( btan(φ) − a)2
p
Fazendo c = sec(φ) ⇒ tan(φ) = c2 − 1, substituindo na expressão logo
acima, temos:
√ √ 2 √ !2 √ √ √ !2
a c −1+ b b c2 − 1 − a
(a + b) = + (299)
c c
Substituindo a, b, c por a1 , b1 , c1 , teremos:

193
√ p 2 √ !2 √ p 2 √ !2
a1 c1 − 1 + b1 b1 c1 − 1 − a1
a1 + b1 = + = a2 + b2 (300)
c1 c1

Onde a2 , b2 estão bem definidos pelas sequências abaixo:


√ q p 2
an−1 c2n−1 − 1 + bn−1
an =   (301)
cn−1

p q
√ 2
bn−1 c2n−1 − 1 − an−1
bn =   (302)
cn−1

Vamos provar que a1 + b1 = an + bn , ∀n ∈ N, como base de indução considere


(300).Como hipótese de indução considere:

a1 + b1 = an−1 + bn−1 (303)


Substituindo a por an−1 , b por bn−1 e c por cn−1 na expressão (299),
teremos:

√ q p 2  p q
√ 2
an−1 c2n−1 − 1 + bn−1 bn−1 c2n−1 − 1 − an−1
an−1 +bn−1 =   +  = an +bn
cn−1 cn−1
(304)
Comparando (304) com (303), finalmente por indução, segue que:

a1 + b1 = an + bn , ∀n ∈ N (305)
Agora nos resta provar que existe outra sequência que satisfaz a igual-
dade.Multiplicando (301) por bn−1 e (302) por an−1 e subtraindo esses resulta-
dos, temos:
p q 2  p q 2
an−1 bn−1 c2n−1 − 1 + bn−1 bn−1 an−1 c2n−1 − 1 − an−1
an bn−1 −an−1 bn =   −  =
cn−1 cn−1
p q
b2n−1 + 2(an−1 + bn−1 ) bn−1 an−1 c2n−1 − 1 − a2n−1
2 ⇒ c2n−1 (an bn−1 −an−1 bn ) =
 cn−1 
p q
2
(bn−1 + an−1 ) (bn−1 − an−1 ) + 2 bn−1 an−1 cn−1 − 1 ≤
(bn−1 + an−1 ) (bn−1 − an−1 ) + bn−1 an−1 + (c2n−1 − 1)
 

194
Observando que usamos a desigualdade
p das médias, a igualdade ocorre ape-
nas se c2n−1 − 1 = bn−1 an−1 ⇒ cn−1 = bn−1 an−1 + 1, isto é, a sequência (c)n
é dada pela relação:

v
u √ q p  p q
√ 2
u
u an−1 c2n−1 − 1 + bn−1 bn−1 c2n−1 − 1 − an−1
cn = t ×  + 1
cn−1 cn−1
(306)
Então podemos dizer que se (306) é verdade então é verdadeira também a igual-
dade abaixo:

(bn−1 + an−1 ) 
(bn−1 − an−1 ) + bn−1 an−1 + (c2n−1 − 1)

an bn−1 − an−1 bn = 2
cn−1
(307)
Por (305) segue que bn−1 + an−1 = bn + an , sendo assim, teremos:

(bn + an ) 
(bn−1 − an−1 ) + bn−1 an−1 + (c2n−1 − 1) (308)

an bn−1 − an−1 bn =
c2n−1

Defina:

ax by − ay bx = σx,y (309)
Vamos fazer a prova por indução, primeiro vamos fazer a base de indução,
para tanto considere, que da igualdade acima seguem as igualdades:
an bn−1 1
− bn = σn,n−1 (310)
an−1 an−1
an−1 bn 1
bn−1 − = σn,n−1 (311)
an an
Substituindo n por n + 1 em (311), obtemos:
an bn+1 1
bn − = σn+1,n (312)
an+1 an+1
an+1 an−1
Somando (312) com (310) e multiplicando o resultado por , obte-
an
mos:
1
an+1 bn−1 − an−1 bn+1 = (an+1 σn,n−1 + an−1 σn+1,n ) (313)
an
Mas por definição, sabemos que an+1 bn−1 − an−1 bn+1 = σn+1,n−1 , de onde
se conclui a base de indução(que é o caso em que k = 0), ou seja:
1
σn+1,n−1 = (an+1 σn,n−1 + an−1 σn+1,n ) (314)
an

195
Como hipótese de indução, suponha que a igualdade abaixo é válida para
um k:

1 
σ(n+2k+1 −1),(n−1) = an+2k+1 −1 σ(n+2k −1),(n−1) + an−1 σ(n+2k+1 −1),(n+2k −1)
an+2k −1
(315)
Nosso objetivo torna-se mostrar que:

1 
σ(n+2k+2 −1),(n−1) = a k+2 σ k+1 + an−1 σ(n+2k+2 −1),(n+2k+1 −1)
an+2k+1 −1 n+2 −1 (n+2 −1),(n−1)
(316)
an+2k+2 −1
Multiplique a hipótese de indução por , de onde obteremos:
an+2k+1 −1
 
an+2k+2 −1 1 an−1 an+2k+2 −1
σ k+1 = an+2k+2 −1 σ(n+2k −1),(n−1) + σ(n+2k+1 −1),(n+2k −1)
an+2k+1 −1 (n+2 −1),(n−1) an+2k −1 an+2k+1 −1
an−1 σ(n+2k+2 −1),(n+2k+1 −1)
Somando em ambos os lados da igualdade acima,
an+2k+1 −1
teremos:
an+2k+2 −1 an−1 σ(n+2k+2 −1),(n+2k+1 −1)
σ k+1 + =
an+2k+1 −1 (n+2 −1),(n−1) an+2k+1 −1
an−1 σ(n+2k+2 −1),(n+2k+1 −1)
 
1 an−1 an+2k+2 −1
an+2k+2 −1 σ(n+2k −1),(n−1) + σ(n+2k+1 −1),(n+2k −1) + =
an+2k −1 an+2k+1 −1 an+2k+1 −1
1
[an+2k+2 −1 (an+2k −1 bn−1 − an−1 bn+2k −1 )
an+2k −1

an−1 an+2k+2 −1
+ (an+2k+1 −1 bn+2k −1 − an+2k −1 bn+2k+1 −1 ) +
an+2k+1 −1
an−1 (an+2k+2 −1 bn+2k+1 −1 − an+2k+1 −1 bn+2k+2 −1 )
an+2k+1 −1

= an+2k+2 −1 bn−1 − an−1 bn+2k+2 −1 = σn+2k+2 −1,n−1


Conluindo assim a prova por indução.Há porém, uma maneira mais fácil de
se provar isso.Veja:

σ(m+2k+1 −1),(m−1) = am+2k+1 −1 bm−1 − am−1 bm+2k+1 −1 (317)


Fazendo m = n em (317) e dividindo o resultado por an−1 , teremos:
σ(n+2k+1 −1),(n−1) a k+1 bn−1
= n+2 −1 − bn+2k+1 −1 (318)
an−1 an−1
Fazendo a substituição m = n + 2k+1 em (317), teremos:

196
σ(n+2k+2 −1),(n+2k+1 −1) = an+2k+2 −1 bn+2k+1 −1 − an+2k+1 −1 bn+2k+2 −1 (319)

Dividindo (319) por an+2k+2 −1 , teremos:

σ(n+2k+2 −1),(n+2k+1 −1) a k+1 b k+2


= bn+2k+1 −1 − n+2 −1 n+2 −1 (320)
an+2k+2 −1 an+2k+2 −1
an+2k+2 −1 an−1
Somando (320) com (318) e multiplicando o resultado por ,
an+2k+1 −1
temos que:

1 
an+2k+2 −1 bn−1 −an−1 bn+2k+2 −1 = an+2k+2 −1 σ(n+2k+1 −1),(n−1) + an−1 σ(n+2k+2 −1),(n+2k+1 −1)
an+2k+1 −1
(321)
Mas por definição σ(n+2k+2 −1),(n−1) = an+2k+2 −1 bn−1 − an−1 bn+2k+2 −1 , de
onde segue o resultado.

197
61.(The American Mathematical Monthly)Considere um triângulo ABC e
um ponto P do mesmo plano. Sejam PA , PB , PC as projeções ortogonais de P
nos lados BC, CA, AB respectivamente. Prove a desigualdade19 :

AP + BP + CP ≥ 2(P PA + P PB + P PC )
Solução:
Sejam a, b, c lados de um triângulo, então defina a função:

f (a, b, c, x, y, z) = a2 x2 + b2 y 2 + c2 z 2 (322)

Observe que:

f (a, b, c, x, y, z) =
(a + c − b ) + (a + b − c ) 2 (b2 + c2 − a2 ) + (a2 + b2 − c2 ) 2 (b2 + c2 − a2 ) + (a2 + c2 − b2 ) 2
2 2 2 2 2 2
x + y + z
2 2 2
(323)
Observe que pela desigualdade das médias temos que:

(a2 + c2 − b2 ) 2 (a2 + c2 − b2 ) 2
x + z ≥ xz(a2 + c2 − b2 ) (324)
2 2

(a2 + b2 − c2 ) 2 (a2 + b2 − c2 ) 2
x + y ≥ xy(a2 + b2 − c2 ) (325)
2 2

(b2 + c2 − a2 ) 2 (b2 + c2 − a2 ) 2
y + z ≥ yz(b2 + c2 − a2 ) (326)
2 2
Somando (324), (325) e (326) temos que:

f (a, b, c, x, y, z) ≥ xz(a2 + c2 − b2 ) + xy(a2 + b2 − c2 ) + yz(b2 + c2 − a2 ) (327)

Pela lei dos cossenos segue que b2 + c2 − a2 = 2bccosα, a2 + c2 − b2 =


2accosβ, a2 + b2 − c2 = 2abcosγ, substituindo em (327), temos:

f (a, b, c, x, y, z) ≥ 2xzac × cosβ + 2xyab × cosγ + 2yzbc × cosα (328)

Substituindo (322) em (328), temos que:

a2 x2 + b2 y 2 + c2 z 2 ≥ 2xzac × cosβ + 2xyab × cosγ + 2yzbc × cosα (329)

Fazendo ax = x0 , by = y 0 , cz = z 0 e substituindo logo acima teremos:

x02 + y 02 + z 02 ≥ 2x0 z 0 cosβ + 2x0 y 0 cosγ + 2y 0 z 0 cosα (330)


19 Essa desigualdade é conhecida como desigualdade de Erdös-Mordell.

198
Em outras palavras, o que provamos foi que se x, y, z são reais positivos e
α + β + γ = π, então vale:

x2 + y 2 + z 2 ≥ 2yz × cosα + 2xz × cosβ + 2xy × cosγ (331)


√ √ √
Fazendo x = AP , y = BP , z = CP , teremos:

√ √ √ √ √ √
AP +BP +CP ≥ 2 BP CP cosα+2 AP CP cosβ+2 AP BP cosγ (332)

Tracemos um triângulo ∆ABC e um ponto P interior ao triângulo.Tracemos


a bissetriz do ângulo BP
\ C:

c
O1 a

P
ψ1
O1 P
ψ1

A C
b

ψ
Observe que a área ABP C do triângulo ∆BP C é igual a soma das áreas ABP O1 e
ACP O1 dos triângulos ∆BP O1 e ∆CP O1 , respectivamente.Tracemos as alturas
desses dois últimos triângulos:

c
O1 a

P ψ1
O1 P
ψ1

A C
b

199
Observe que:
BP × O1 P × senψ1
ABP O1 = (333)
2
CP × O1 P × senψ1
ACP O1 = (334)
2
BP × CP × sen(2ψ1 )
ABP C = (335)
2
Comparando as igualdades acima teremos:

BP × CP × sen(2ψ1 ) = CP × O1 P × senψ1 + BP × O1 P × senψ1 (336)

Usando que sen(2x) = 2senxcosx, teremos:

2BP × CP × cos(ψ1 )
O1 P =
BP + CP
Por simetria, concluímos:

2BP × CP × cos(ψ1 )
O1 P = (337)
BP + CP

2AP × CP × cos(ψ2 )
O2 P = (338)
AP + CP
2AP × BP × cos(ψ3 )
O3 P = (339)
AP + BP
De (332), note que ψ1 + ψ2 + ψ3 = π, e usando que a média geométrica é
maior ou igual a média harmônica, temos que:

AP + BP + CP ≥ 2(O1 P + O2 P + O3 P ) (340)

A desigualdade segue diretamente do fato de que O1 P, O2 P, O3 P são res-


pectivamente maiores ou iguais às respectivas distâncias de P aos lados(por
definição a distância é o menor caminho que une o ponto à reta).

200
62.(Complex Analysis Homework/Caltech-California Institute of Techno-
logy)Prove a Fórmula da Reflexão de Euler:
π
Γ(a)Γ(1 − a) =
sen(aπ)
Solução: Observe que:
Γ(x)Γ(y)
B(x, y) = = B(y, x) (341)
Γ(x + y)

Fazendo a substituição t = tan2 θ ⇒ dt = 2tanθsec2 θdθ, teremos:


π

ta−1
Z Z 2
dt = 2 tan2a−1 θdθ
0 1+t 0
Observe que, pela forma trigonométrica da função beta:

Z π Z π
2 2
2a−1
2 tan θdθ = 2 sen2a−1 θcos1−2a θdθ = B(1 − a, a) = B(a, 1 − a) =
0 0
Γ(a)Γ(1 − a) Γ(a)Γ(1 − a)
= = Γ(a)Γ(1 − a)
Γ(a + 1 − a) Γ(1)

∞ 1 ∞
ta−1 ta−1 ta−1
Z Z Z
Γ(a)Γ(1 − a) = dt = dt + dt (342)
0 1+t 0 1+t 1 1+t
Considere a integral:

ta−1
Z
dt (343)
1 1+t
1 1
Fazendo a substituição t = ⇒ dt = − 2 dx, substituindo logo acima
x x
teremos:
∞ Z 0 −a Z 1 −a
ta−1
Z
x x
dt = − dx = dx (344)
1 1+t 1 1+x 0 1+x
Z 1 −a Z 1 −a
x t
Usando que dx = dt Aplicando esses dois últimos resulta-
0 1+x 0 1+t
dos em (342) teremos:
Z 1 a−1 Z 1 −a
t t
Γ(a)Γ(1 − a) = dt + dt (345)
0 1 + t 0 1 +t

1 X
Usando a série geométrica, sabemos que = (−1)k tk , e substituindo
1+t
k=0
em (345) teremos:

201
Z ∞
1X Z ∞
1X
Γ(a)Γ(1 − a) = (−1)k tk+a−1 dt + (−1)k tk−a dt (346)
0 k=0 0 k=0

Integrando termo a termo, teremos:


∞ ∞
X 1 X 1
Γ(a)Γ(1 − a) = (−1)k + (−1)k =
k+a k−a+1
k=0 k=0
∞ ∞
1 X 1 X 1
+ (−1)k + (−1)k =
a k+a k−a+1
k=1 k=0
∞ ∞
1 X 1 X 1
+ (−1)k + (−1)k−1 =
a k+a k−a
k=1 k=1
∞  
1 X 1 1
+ (−1)k+1 − + =
a k+a k−a
k=1

1 X 2a
+ (−1)k+1 2
a k − a2
k=1

De onde segue finalmente que:



1 X 2a
Γ(a)Γ(1 − a) = + (−1)k+1 2
a k − a2
k=1
π
Usando que a série infinita ao lado direito converge para , teremos:
sen(aπ)
π
Γ(a)Γ(1 − a) =
sen(aπ)

202
63.Mostre que a sequência converge:
n
X 1
an = (347)
k2
k=1

Solução:
Toda sequência monótona limitada é convergente.Basta provarmos que a
sequência é limitada.
n n n n
1 1 X 1 X 1 X 1 X 1
2
< ⇒ 2
< ⇒ 2
< 1+ = 1+
k k(k − 1) k k(k − 1) k k(k − 1)
k=2 k=2 k=1 k=2
n   n n  
X 1 1 1 X 1 1 X 1 1
− = 2− ⇒ < 2− ⇒ lim < lim 2 − ⇒
k−1 k n k2 n n→∞ k2 n→∞ n
k=2 k=1 k=1

X 1
0< <2
k2
k=1

203
64.Sejam λ1 , λ2 , λ3 , ...., λm tais que λ1 + λ2 + λ3 + .... + λm = 1,e

ax,y ∈ R+ , ∀x, y ∈ N, prove que:

(a1,1 + a1,2 + a1,3 + ... + a1,n )λ1 (a2,1 + a2,2 + a2,3 + ... + a2,n )λ2 ....(am,1 + am,2 +
am,3 + ... + am,n )λm ≥ aλ1,11
aλ2,1
2
...aλm,1
m
+ aλ1,2
1
aλ2,2
2
...aλm,2
m
+ ... + aλ1,n
1
aλ2,n
2
...aλm,n
m

Essa desigualdade é conhecida como desigualdade de Holder.

Solução:
Demonstração. Vamos proceder por indução sobre m.Como base de indução
tome λ1 +λ2 = 1, isto é, como base de indução tome que a seguinte desigualdade
é verdadeira:

(a1,1 + a1,2 + a1,3 + ... + a1,n )λ1 (a2,1 + a2,2 + a2,3 + ... + a2,n )λ2 ≥ aλ1,1
1
aλ2,1
2
+
λ1 λ2 λ1 λ2
a1,2 a2,2 + ... + a1,n a2,n

Como a desigualdade é homogênea, suponha sem perda de generalidade que


a1,1 + ... + a1,n = 1 = a2,1 + ... + a2,n .Pela desigualdade de Jensen, aplicada a
função f (x) = ax , que é convexa, sabemos que vale:

λ1 ax1 + λ2 ax2 ≥ ax1 λ1 +x2 λ2 (348)


a2,i
Fazendo a = e x1 = 0, x2 = 1 teremos:
a1,i
 λ
a2,i a2,i 2
λ1 + λ2 ≥ (349)
a1,i a1,i
Multiplicando (349) por a1,i teremos:
 λ2
a2,i
λ1 a1,i + λ2 a2,i ≥ a1,i = a1−λ 2 λ2 λ1 λ2
1,i a2,i = a1,i a2,i (350)
a1,i
De onde concluímos:

λ1 a1,i + λ2 a2,i ≥ aλ1,i1 aλ2,i2


Aplicando somatório variando em i em ambos os lados da desigualdade,
teremos:

n n n n n
!λ1 n
!λ2
X X X X X X
aλ1,i1 aλ2,i2 ≤ (λ1 a1,i + λ2 a2,i ) = λ1 a1,i +λ2 a2,i = λ1 +λ2 = 1 = a1,i × a2,i
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1

204
Vamos agora provar o caso geral.Como hipótese de indução, tome:

(a1,1 + a1,2 + a1,3 + ... + a1,n )σ1 (a2,1 + a2,2 + a2,3 + ... + a2,n )σ2 ....(am,1 + am,2 +
am,3 + ... + am,n )σm ≥ aσ1,11
aσ2,1
2
...aσm,1
m
+ aσ1,2
1
aσ2,2
2
...aσm,2
m
+ ... + aσ1,n
1
aσ2,n
2
...aσm,n
m

Tal que σ1 + σ2 + σ3 + .... + σm = 1.Mostremos que ela vale para m + 1,


tome λ1 + λ2 + λ3 + .... + λm+1 = 1 e seja λ1 + λ2 + λ3 + ... + λm = λ, usando a
hipótese de indução e a base de indução (observe que λ + λm+1 = 1 e também
λ1 + ... + λm
= 1), teremos :
λ
(a1,1 + a1,2 + a1,3 + ... + a1,n )λ1 (a2,1 + a2,2 + a2,3 + ... + a2,n )λ2 ....(am,1 + am,2 +
am,3 + ... + am,n )λm (am+1,1 + am+1,2 + am+1,3 + ... + am+1,n )λm+1 =
λm λ
h λ1 λ2
i
(a1,1 + a1,2 + a1,3 + ... + a1,n ) λ (a2,1 + a2,2 + a2,3 + ... + a2,n ) λ ....(am,1 + am,2 + am,3 + ... + am,n ) λ
× (am+1,1 + am+1,2 + am+1,3 + ... + am+1,n )λm+1 ≥
 λ λ λm λ1 λ2 λm λ1 λ2 λm

1 2
a1,1
λ
a2,1
λ
...am,1
λ
+ a1,2
λ
a2,2
λ
...am,2
λ
+ ... + a1,n
λ
a2,n
λ
...am,n
λ
× (am+1,1 + am+1,2 +
λ λ
am+1,3 + ... + am+1,n )λm+1 ≥ aλ1,1
1
aλ2,1
2
...aλm,1
m m+1
am+1,1 + aλ1,2
1
aλ2,2
2
...aλm,2
m m+1
am+1,2 + ... +
λ
aλ1,n
1
aλ2,n
2
...aλm,n
m m+1
am+1,n —

205
65.(Mathematics Stack Exchange Question)Can you help me to prove that

(x + y)n ≤ 2n−1 (xn + y n )

for n ≥ 1 and x, y ≥ 0.
I tried by induction, but I didn’t get a result.

Solução 1:É uma aplicação direta da desigualdade de Jensen, para ver isso
basta dividir os dois lados 2n .

206
Solução 2:Suponha sem perda de generalidade que x ≥ y e tome p ≥
k.Então isto implica que:

xp−k ≥ y p−k ⇒ xp−k − y p−k ≥ 0

Veja também que xk ≥ y k então podemos multiplicar os dois lados dessa


desigualdade por xp−k − y p−k sem alterarmos a expressão, daí segue que:

(xp−k − y p−k )xk ≥ y k (xp−k − y p−k )


De onde concluímos:

xp + y p ≥ xp−k y k + xk y p−k (351)


 
p
Multiplique a desigualdade (351) por e teremos:
k
     
p p p p p−k k p k p−k
(x + y ) ≥ x y + x y (352)
k k k

Aplicando o somatório variando em k em ambos os lados da desigualdade


acima teremos:
p   p   p  
X p X p X p
(xp + y p ) ≥ xp−k y k + xk y p−k (353)
k k k
k=0 k=0 k=0

De onde concluímos:

(xp + y p )2p ≥ 2(x + y)p (354)


De onde finalmente segue o resultado, basta dividir os dois lados por 2.

207
66.(Cálculo, Volume 2-Serge Lang)Sejam B1 , ..., Bn vetores de comprimento
1 no espaço n-dimensional e mutuamente perpendiculares, isto é, Bi .Bj = 0 para
i 6= j.Seja A um vetor no espaço n-dimensional, seja ci a componente de A ao
longo de Bi .Sejam x1 , ..., xn números.Mostre que:
n n
X X
xk Bk − A ≥ ck Bk − A



k=1 k=1

Solução 1:
Demonstração. Sejam Bj = (bj,1 , ..., bj,n ) e A = (a1 , ..., an ) então pelo enunci-
A.Bj a1 bj,1 + ... + an bj,n
ado cj = 2 = . Além disso sabemos, pelo enunciado,
Bj b2j,1 + ... + b2j,n
que bj,1 bk,1 + ... + bk,n bj,n = 0 para k 6= j.Vamos provar algo mais forte do que
o problema pede, vamos trocar a condição de bj,1 bk,1 + ... + bk,n bj,n = 0 para a
que está logo abaixo(a desigualdade (355)), que é bem mais geral.Além disso,
não há necessidade de que as normas dos Bj’s sejam iguais a 1(a norma pode
assumir qualquer valor que a desigualdade é verdadeira):

X n
n X n X
X n
xj xk (bj,1 bk,1 +...+bj,n bk,n ) ≥ cj ck (bj,1 bk,1 +...+bj,n bk,n ) (355)
j=1 k=1 j=1 k=1
j<k j<k

Essa última desigualdade é equivalente a desigualdade abaixo, o que nos mostra


uma relação simétrica entre as desigualdades que é particularmente bela(justamente
pelos padrões envolvidos):
n 2 n
n 2 n
X X X X
2 2
x B − kx B k ≥ c B − kck Bk k

k k k k k k

k=1 k=1 k=1 k=1

Observe que a desigualdade abaixo é verdadeira, pois o quadrado de todo número


real é positivo:
n  q
X q 2
cj b2j,1 + ... + b2j,n − xj b2j,1 + ... + b2j,n ≥ 0 ⇔
j=1

n
X n
X n
X
c2j (b2j,1 + ... + b2j,n ) − 2 xj cj (b2j,1 + ... + b2j,n ) + (b2j,1 + ... + b2j,n )x2j ≥ 0 ⇔
j=1 j=1 j=1

n
X n
X Xn n
X n
X
a2j −2 xj cj (b2j,1 +...+b2j,n )+ x2j (b2j,1 +...+b2j,n ) ≥ a2j − c2j (b2j,1 +...+b2j,n ) ⇔
j=1 j=1 j=1 j=1 j=1

208
n
X n
X Xn n
X n
X
a2j −2 xj (a1 bj,1 +...+an bj,n )+ x2j (b2j,1 +...+b2j,n ) ≥ a2j − c2j (b2j,1 +...+b2j,n )
j=1 j=1 j=1 j=1 j=1

Multiplicando a desigualdade (355) por 2 e somando com a desigualdade


acima, teremos:

n
X n
X n
X n
X n
X n X
X n
a2j − 2 xj a1 bj,1 − ... − 2 xj an bj,n + x2j b2j,1 + ... + x2j b2j,n + 2 xj xk bj,1 bk,1 + ...+
j=1 j=1 j=1 j=1 j=1 j=1 k=1
j<k
X n
n X n
X n
X n X
X n
+2 xj xk bj,n bk,n ≥ a2j − c2j (b2j,1 + ... + b2j,n ) + 2 cj ck (bj,1 bk,1 + ... + bj,n bk,n ) ⇔
j=1 k=1 j=1 j=1 j=1 k=1
j<k j<k

 

n
X X n
n X n
X n
X
 2 2 2 
 2
a1 − 2 xj a1 bj,1 + 2 xj xk bj,1 bk,1 + xj bj,1  + ... + an − 2
 xj an bj,n

j=1 j=1 k=1 j=1 j=1
j<k

X n
n X n
X n n
 X X
+2 xj xk bj,n bk,n + x2j b2j,n 
 ≥ a 2
j − c2j (b2j,1 + ... + b2j,n )
j=1 k=1 j=1 j=1 j=1
j<k
n X
X n
+2 cj ck (bj,1 bk,1 + ... + bj,n bk,n ) ⇔
j=1 k=1
j<k

  2    2 
n
X Xn n
X n
X
 2
a1 − 2a1 xj bj,1 +  xj bj,1   + ... + a2n − 2an xj bj,n +  xj bj,n   ≥
  
j=1 j=1 j=1 j=1

n
X n
X n X
X n
a2j − c2j (b2j,1 + ... + b2j,n ) + 2 cj ck (bj,1 bk,1 + ... + bj,n bk,n ) ⇔
j=1 j=1 j=1 k=1
j<k

 2  2
n
X n
X n
X n
X
a1 − xj bj,1  + ... + an − xj bj,n  ≥ a2j − c2j (b2j,1 + ... + b2j,n )
j=1 j=1 j=1 j=1
n X
X n
+2 cj ck (bj,1 bk,1 + ... + bj,n bk,n ) ⇔
j=1 k=1
j<k

209
n
X n
X n X
X n
2
kA − (x1 B1 + ... + xn Bn )k ≥ a2j − c2j (b2j,1 + ... + b2j,n ) + 2 cj ck (bj,1 bk,1 + ... + bj,n bk,n )
j=1 j=1 j=1 k=1
j<k

Veja que:

n
X n
X n X
X n
a2j − c2j (b2j,1 + ... + b2j,n ) + 2 cj ck (bj,1 bk,1 + ... + bj,n bk,n ) =
j=1 j=1 j=1 k=1
j<k
n
X n
X n
X Xn X n
a2j − 2 c2j (b2j,1 + ... + b2j,n ) + c2j (b2j,1 + ... + b2j,n ) + 2 cj ck (bj,1 bk,1 + ... + bj,n bk,n ) =
j=1 j=1 j=1 j=1 k=1
j<k

n
X n
X Xn n X
X n
a2j −2 cj (a1 bj,1 +...+an bj,n )+ 2 2 2
cj (bj,1 +...+bj,n )+2 cj ck (bj,1 bk,1 +...+bj,n bk,n ) =
j=1 j=1 j=1 j=1 k=1
j<k

n
X n
X n
X n
X n
X n X
X n
a2j − 2 cj a1 bj,1 − ... − 2 cj an bj,n + c2j b2j,1 + ... + c2j b2j,n + 2 cj ck bj,1 bk,1 + ...+
j=1 j=1 j=1 j=1 j=1 j=1 k=1
j<k
Xn X n
+2 cj ck bj,n bk,n =
j=1 k=1
j<k

 

n
X X n
n X n
X n
X
 2 2 2  a2n − 2

a1 − 2 cj a1 b j,1 + 2 cj ck b j,1 bk,1 + cj bj,1 + ... + cj an bj,n
 
j=1 j=1 k=1 j=1 j=1
j<k

n X
X n n
X
c2j b2j,n 

+2 cj ck bj,n bk,n + =
j=1 k=1 j=1
j<k

  2    2 
n
X Xn n
X Xn
 2
a1 − 2a1 cj bj,1 +  cj bj,1   + ... + a2n − 2an cj bj,n +  cj bj,n   =
  
j=1 j=1 j=1 j=1

 2  2
n
X n
X
a1 − 2
cj bj,1  + ... + an − cj bj,n  = kA − (c1 B1 + ... + cn Bn )k
j=1 j=1

210
Solução 2:

− →−
Demonstração. Primeiramente vamos provar que se U , V são vetores não nulos
e mutuamente perpendiculares no espaço n-dimensional, então, para todo x real
vale que:

− →
− →

U + xV ≥ U (356)

Observe que

− →− → − 2→
−2 →
−2 →− → − 2→
−2 →−2 →
− →−
2
x2 V 2 ≥ 0 ⇒ 2x U .
| {z } V +x V ≥ 0 ⇒ U +2x U . V +x V ≥ U ⇒ U + x V ≥
0

− 2

− →
− →

U ⇒ U + xV ≥ U

Agora, veja que, para todo i natural, vale que:



−2 →
− →
− → − −
→− → → − −→ −
→− → → − −→
B i = 1 ⇒ ci B 2i = ci = A . B i ⇒ ci Bi .Bi − A .Bi = 0 ⇒ ci Bi .!
Bi − A .Bi +
n n
X −
→− → X − →− → → − −→ − X −
→ → − →
ck Bi .Bk = 0 ⇒ ck Bk .Bi − A .Bi = 0 ⇒ A − ck Bk .Bi = 0
1≤k≤n k=1 k=1
k6=i
| {z }
0

Disso concluímos que para qualquer real xi , ∀i ∈ N, vale que:


n
! n
!

− X − → − → →
− X −→
x1 A − ck Bk .B1 + ... + xn A − ck Bk .Bn = 0 ⇔
k=1 k=1

n
! n
!
X −
→ →
− X − →
xk Bk . A − ck Bk = 0
k=1 k=1

Do resultado acima e de (356), segue que:


n n
n

X − → → − X − → →
− X −

x xk Bk + A − ck Bk ≥ A − ck B k (357)


k=1 k=1 k=1

Substituindo xk por −xk /x + ck /x em (357), chega-se ao resultado desejado.


—

211
67.(Cálculo, Volume 1-Serge Lang)Provar por indução que para todo inteiro
positivo n,sen(nx), pode ser expresso como uma soma de termos
X
aij (senx)i (cosx)j
Onde aij são inteiros.

Solução: Como base de indução tome n=1 e n=2, isto é senx = sen1 xcos0 x e
sen(2x) = 2sen1 xcos1 x, como hipótese X
X de indução, suponha válido que sen(nx) =
aij (senx)i (cosx)j e sen((n−1)x) = akl (senx)k (cosx)l .Usando que sen((n+
1)x) + sen((n − 1)x) = 2sen(nx)cosx teremos:

X X
sen((n+1)x) = 2sen(nx)cosx−sen((n−1)x) = 2 aij (senx)i (cosx)j+1 − akl (senx)k (cosx)l

E isto resolve o problema.

212
68.(OBM-U/2004)Calcule:

X 1
(3k + 1)(3k + 2)(3k + 3)
k=0

Solução:
Observe que, pela fórmula da P.G. infinita temos que
∞ Z ε Z z Z y
X 1 1
= lim dxdydz
(3k + 1)(3k + 2)(3k + 3) ε→1 0 0 0 1 − x3
k=0

Calculando essa integral, teremos:

∞ ε z y

3π − 3ln3
Z Z Z
X 1 1
= lim dxdydz =
(3k + 1)(3k + 2)(3k + 3) ε→1 0 0 0 1 − x3 12
k=0

213
69.Prove a desigualdade 1 desse artigo, isto é, se alpha beta e gamma são
ângulos de um triângulo, então vale a desigualdade:
α β γ 3
cosα + cosβ + cosγ ≤ sen + sen + sen ≤
2 2 2 2
Solução:
3 π
Já provamos na questão 5, que cosA + cosB + cosC ≤ .Seja A = −
2 2
α π β π γ
, A = − , A = − , observe que A + B + C = π e dessa forma teremos
2 2 2 2 2
α β γ 3 α
sen + sen + sen ≤ .Provemos agora que cosα + cosβ + cosγ ≤ sen +
2 2 2 2 2
β γ
sen + sen .Observe que:
2 2
       
α−β α+β α−β α+β γ 
cos ≤ 1 ⇒ 2cos cos ≤ 2cos = 2sen ⇒
2 2 2 2 2
γ 
cosα + cosβ ≤ 2sen
2
Por simetria, concluímos as desigualdades:
γ 
cosα + cosβ ≤ 2sen
2
 
β
cosα + cosγ ≤ 2sen
2
α
cosβ + cosγ ≤ 2sen
2
Somando as três desigualdades, conclui-se a prova.

214
70.Prove a desigualdade 2 desse artigo, isto é, se alpha beta e gamma são
ângulos de um triângulo, então vale a desigualdade:

α β γ 3 3
senα + senβ + senγ ≤ cos + cos + cos ≤
2 2 2 2
Solução:
Observe que:

a2 + b2 + c2 ≥ ab + bc + ac (358)
Multiplicando a desigualdade acima por 2 e somando a2 + b2 + c2 , tem-se:

3a2 + 3b2 + 3c2 ≥ (a + b + c)2 (359)

α β γ
Fazendo a = cos , b = cos , c = cos , temos:
2 2 2
 2
2α 2β 2γ α β γ
3cos + 3cos + 3cos ≥ cos + cos + cos (360)
2 2 2 2 2 2
3 α β γ
Observe que cosα + cosβ + cosγ ≤ ⇔ 2cos2 + 2cos2 + 2cos2 − 3 ≤
2 2 2 2
3 α β γ 27
⇔ 3cos2 + 3cos2 + 3cos2 ≤ , assim:
2 2 2 2 4
α β γ 27
3cos2 + 3cos2 + 3cos2 ≤ (361)
2 2 2 4
De (360) e (361), por transitividade se prova o lado direito.Para provar o
lado esquerdo, veja que:

       
α−β α+β α−β α+β γ 
cos ≤ 1 ⇒ 2sen cos ≤ 2sen = 2cos ⇒
2 2 2 2 2
γ 
senα + senβ ≤ 2cos
2
Por simetria, concluímos as desigualdades:
γ 
senα + senβ ≤ 2cos
2
 
β
senα + senγ ≤ 2cos
2
α
senβ + senγ ≤ 2cos
2
Somando essas três últimas desigualdades, chega-se ao resultado.

215
71.Prove a desigualdade 3 desse artigo, isto é, se alpha beta e gamma são
ângulos de um triângulo, então vale a desigualdade:
α β γ 1
cosαcosβcosγ ≤ sen sen sen ≤
2 2 2 8
Solução:
Como já provamos o lado direito de três formas diferentes, resta provar o
lado esquerdo.Observe que:

a2 + b2 + c2 ≥ ab + bc + ac
Somando 2ab + 2bc + 2ac, teremos:

(a + b + c)2 ≥ 3ab + 3bc + 3ac


Suponha sem perda de generalidade que α, β, γ sejam ângulos agudos.Substituindo
por tangentes, teremos:

2
(tanα + tanβ + tanγ) ≥ 3tanαtanβ + 3tanβtanγ + 3tanαtanγ

Usando a identidade 7, essa desiguadade pode ser reescrita como:


2
(tanαtanβtanγ) ≥ 3tanαtanβ + 3tanβtanγ + 3tanαtanγ ⇔

tanαtanβtanγ ≥ 3cotα + 3cotβ + 3cotγ (362)


Pela desigualdade de Jensen, sabemos que vale:

3cotα + 3cotβ + 3cotγ ≥ 3 3 (363)
De (363) e (362), concluímos por transitividade que:

tanαtanβtanγ ≥ 3 3 (364)

Usando a desigualdade provada no problema anterior, temos que:



2(senα + senβ + senγ) ≤ 3 3 (365)
De (365) e (364), concluímos por transitividade que:

tanαtanβtanγ ≥ 2(senα + senβ + senγ) (366)


α β γ
Note que senα + senβ + senγ = 4cos cos cos , de onde podemos ver que
2 2 2
a desigualdade acima é equivalente a desigualdade abaixo:
α β γ
tanαtanβtanγ ≥ 8cos cos cos (367)
2 2 2
Usando o seno do arco duplo em (367), o problema se resolve.

216
72.(Problema sugerido por Israel Meireles Chrisostomo)Demonstre que:

(cotα + cotβ + cotγ)(cosαsen(β + γ) + cosβsen(α + γ) + cosγsen(α + β)) =


(cotαcotβ + cotαcotγ + cotβcotγ) × (senαsen(β + γ) + senβsen(α + γ) + senγsen(α + β))

(2k + 1)π
Para todo α, β, γ real, tal que α+β, α+γ, β +γ 6= kπ , 6= α, β, γ 6=
2
kπ, ∀k ∈ Z .

Solução: Usando a identidade provada na primeira solução do problema 4,


isto é, a “Igualdade A” da página 29.Faça a substituição x = cotα, y = cotβ, z =
cotγ.

217
73.(“Putnam and Beyond”-Titu Andreescu)Let a, b, c be the side lengths of
a triangle with semiperimeter 1. Prove that:
28
ab + bc + ac − abc ≤
27
1
Solução: Multiplicando a desigualdade por , teremos:
4
ab bc ac abc 7
+ + −2 ≤
22 22 22 222 27
a b c
Fazendo x = , y = , z = essa desigualdade é equivalente a:
2 2 2
7
xy + xz + yz − 2xyz ≤
27
Bem como a condição para que essa desigualdade seja verdadeira é que x +
y + z = 1.Já provamos isto na questão 31, página 115.

218
74.Prove a lei dos cossenos:

a2 = b2 + c2 − 2bc × cos(α)
Onde alpha é um ângulo de um triângulo qualquer, e a, b, c são lados do triân-
gulo, tal que alpha é oposto ao lado a.

Solução:Sejam x, y, z reais positivos.Observe que:

(x + y)(x + z)(y + z) = (x + y)(xy + xz + yz + z 2 ) = (x + y)xy + z(x + y)(x + y + z) =


(x + y)xy + xz(x + z) + yz(y + z) + 2xyz
Sendo assim temos que:

(x + y)(x + z)(y + z) = (x + y)xy + xz(x + z) + yz(y + z) + 2xyz (368)

Dividindo ambos os lados da igualdade acima por (x + y)(x + z)(y + z), teremos:
xy xz yz 2xyz
1= + + +
(x + z)(y + z) (x + y)(y + z) (x + y)(x + z) (x + y)(x + z)(y + z)
r (369)
yz
Podemos fazer a substituição m0 = , e por simetria definir:
(x + z)(x + y)
r
yz
m0 = (370)
(x + z)(x + y)
r
0 xz
n = (371)
(x + y)(y + z)
r
0 xy
o = (372)
(x + z)(y + z)
Se efetuarmos essa substituição em (369), teremos que:

m02 + n02 + o02 + 2m0 n0 o0 = 1

Já provamos, no problema 3 (página 20), que isto implica que podemos


α β γ
fazer a substituição m0 = sen , n0 = sen , o0 = sen sendo α + β + γ = π.Pela
2 2 2
transformação de Ravi, ou seja a = y + z, b = x + z, c = x + y, a, b, c serão lados
de um triângulo e valerá:
r
α (S − b)(S − c)
sen =
2 bc
Onde S é o semiperímetro desse triângulo.Mas já provamos na página 27,
que: r
2 2 2
α (S − b)(S − c)
a = b + c − 2bc × cos(α) ⇔ sen =
2 bc

219
  r
2 2 2 β (S − a)(S − c)
b = a + c − 2ac × cos(β) ⇔ sen =
2 ac
r
γ  (S − a)(S − b)
c2 = a2 + b2 − 2ab × cos(γ) ⇔ sen =
2 ab
Onde as duas últimas igualdades foram verificadas pela simetria.Não sabe-
mos se a,b,c são opostos aos lados α, β, γ.Na verdade, não sabemos sequer se
a,b,c pertencem ao mesmo triângulo de ângulos α, β, γ.Para provar isso, observe
que b é uma solução da equação:

x2 + c2 − 2xc × cosα − a2 = 0 ⇔

Por Bháskara temos que:


p p
x = b = ccosα ± c2 cos2 α − (c2 − a2 ) = ccosα ± −c2 sen2 α + a2

Pegue a solução que é positivap ou a negativa20 .Por comodidade, vamos pegar


a positiva, a saber b = ccosα + −c 2 2 2
p sen α + a , multiplique ambos os lados
2 2 2 2 2 2 2 2 2
p e teremos 2b = 2bccosα + −4b c sen
por 2b p α + 4a b ⇔ 2b = b + c −
2
a + −4b c sen α + 4a b ⇔ a + b − c = −4b c sen α + 4a b ⇔ (a2 +
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

b2 − c2 )2 = 4a2 b2 − 4b2 c2 sen2 α.De onde concluímos que:

(a2 + b2 − c2 )2 = 4a2 b2 − 4b2 c2 sen2 α (373)


2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Por outro lado, veja que (a + b − c ) = 4a b cos γ = 4a b − 4a b sen γ. De
onde concluímos que:

(a2 + b2 − c2 )2 = 4a2 b2 − 4a2 b2 sen2 γ (374)


De (373) e (374), teremos:

b2 c2 sen2 α = a2 b2 sen2 γ (375)


21
Por simetria, teremos :

bcsenα = absenγ = acsenβ (376)


E veja que isto implica, olhando para área do triângulo, ou mesmo, pela lei dos
senos, que os lados a, b, c pertencem ao mesmo triângulo de ângulos α, β, γ
e são opostos a α, β, γ.Vou dar detalhes aqui de como provar esta implica-
ção.Primeiramente separemos (376) nas seguintes igualdades:

csenα = asenγ (377)

bsenα = asenβ (378)


20 Se pegássemos a solução com somente um delta negativo, obteríamos o mesmo resul-

tado(mas nesse caso, o triângulo seria obtuso).


21 Observe que o seno é positivo de 0 até π, e portanto podemos extrair a raíz.

220
bsenγ = csenβ (379)
a b
Sabemos pela lei dos senos que existe α0 , β 0 , γ 0 tal que 0
= =
senα senβ 0
c
= 2R .Essas igualdades implicam:
senγ 0
csenα0 = asenγ 0 (380)
0 0
bsenα = asenβ (381)
bsenγ 0 = csenβ 0 (382)
Multiplicando (380) por (377),(381) por (378),(382) por (379), obtemos:

senγ 0 senα = senα0 senγ (383)

senγ 0 senβ = senβ 0 senγ (384)


0 0
senα senβ = senβ senα (385)
0 0
Temos então um sistema para resolvermos.Faça x = senα, x = senα , y =
senβ, y 0 = senβ 0 , z = senγ, z 0 = senγ 0 e teremos o sistema:

x0 y = xy 0 (386)
x0 z = xz 0 (387)
0 0
y z = yz (388)
0 0 0 0
x z x z x x z z
Observe que = , 0 = 0 ⇒ + 0 = 0 + e por simetria concluímos:
x z x z x x z z
x0 x z z0
+ 0 = 0+ (389)
x x z z
x0 x y y0
+ 0 = 0+ (390)
x x y y
z0 z y y0
+ 0 = 0+ (391)
z z y y
x y z
Fazendo = m, 0 = n, 0 = o, teremos:
x0 y z
1 1
m+ = +o (392)
m o
1 1
m+ = +n (393)
m n
1 1
o+ = +n (394)
o n
1 1 1 1 o−n 1 y z0
Veja que o+ = +n ⇔ o−n = − ⇔ o−n = ⇔n= ⇔ 0 = ⇔
o n n o no o y z
yz = y 0 z 0 , multiplicando essa última igualdade por (388), temos que z 2 = z 02 ⇔
z = z 0 e daí teremos por simetria que x = x0 , y = y 0 , z = z 0 . E isto implica não

221
apenas que a, b, c pertencem ao mesmo triângulo que os ângulos α, β, γ, como
implica que os lados a, b, c são opostos à α, β, γ.De fato, isso pode não parecer
claro a primeira vista, dado que o seno não é uma função bijetora em todo
intervalo (0, π).Mas perceba que particionando o intervalo (0, π) em dois sub-
π
intervalos de tamanho , pelo princípio da casa dos pombos, dos três ângulos
2
α0 , β 0 , γ 0 , pelo menos dois pertencerão ao mesmo intervalo.Então, temos duas
possibilidades: ou dois desses ângulos pertencem ao primeiro quadrante ou ao
segundo quadrante.Se dois ângulos pertencerem ao segundo quadrante teremos
um absurdo, pois a soma  dos três ângulos é igual π.Portanto, dois ângulos
π
pertencem ao intervalo 0, , intervalo onde a função seno é bijetora, isso
2
também vale para os ângulos α, β, γ.Portanto, podemos concluir pela igualdade
que obtivemos do sistema acima, que pelo menos dois pares de ângulos são iguais,
digamos, α = α0 , β = β 0 .Então α0 + β 0 + γ 0 = π = α + β + γ = α0 + β 0 + γ ⇔
γ = γ 0 .O que implica que todos os ângulos são iguais.
Talvez o leitor esteja pensando que haja a possibilidade de que α pertença
ao primeiro quadrante e α0 não, veja que isso não pode ocorrer.Se isso acon-
tecer, como sen(α) = senα0 = sen(π − α0 ), então π − α0 também pertence ao
primeiro quadrante, e daí então α = π − α0 = β 0 + γ 0 , suponha, sem perda
de generalidade que β = β 0 , pois a igualdade entre dois ângulos deve ocor-
rer pelo menos uma vez.Para ver isso, construamos dois conjuntos A e B, tais
que A = {agudo, agudo, obtuso} e B = {agudo, agudo, obtuso}.Queremos definir
uma bijeção entre esses conjuntos e provar que pelo menos um ângulo agudo
do conjunto A leva um outro ângulo agudo no conjunto B.Veja, que na pior
das hipóteses, teremos um ângulo agudo do conjunto A com um obtuso do con-
junto B e outro ângulo agudo do conjunto B com um obtuso do conjunto A,
e daí sobram dois agudos nos dois conjuntos, que devem ser necessariamente
levados um no outro, prova-se assim que podemos supor que β = β 0 .Daí então
temos duas possibilidades, ou γ = γ 0 (o que é um absurdo, pois isto implica
π
que γ + β = α ⇒ π = α + γ + β = 2α ⇒ α = , o que não pode ocor-
2
rer, pois α pertence ao primeiro quadrante) ou π − γ = γ 0 (o que implica que
α + α0 + γ + γ 0 = 2π outro absurdo).Essa última igualdade, vem da possibilidade
de que haja um ângulo obtuso entre os ângulos α, β, γ, e daí então a igualdade
sen(γ 0 ) = sen(γ) = sen(π − γ) implica que π − γ = γ 0 , pois π − γ pertencerá
ao primeiro quadrante22 .

22 A = {agudo, agudo, agudo} e B = {agudo, agudo, obtuso}, é fácil perceber o absurdo.

222
75.(Cálculo, Volume 2-Serge Lang)Se A, B são dois vetores no espaço n-
dimensional, denotemos por d(A, B) a distância entre A e B, isto é d(A, B) =
kA − Bk .Mostre que para três vetores quaisquer A, B, C temos

d(A, B) ≤ d(A, C) + d(B, C)

Solução: Seja A = (a1 , ..., an ),B = (b1 , ..., bn ) e C = (c1 , ..., cn ), então, pela
desigualdade de Cauchy-Schwarz e pela definição de módulo, temos:

n
! n
! n
!2 n
!2
X X X X
2 2
(ak − ck ) (bk − ck ) ≥ |(ak − ck )||(bk − ck )| = |(ak − ck )(bk − ck )| ⇒
k=1 k=1 k=1 k=1
v v
u n u n n n
uX uX X X
t (ak − ck )2 t (bk − ck )2 ≥ |(ak − ck )(bk − ck )| ≥ (ak − ck )(ck − bk ) =
k=1 k=1 k=1 k=1
v v
n
X n
X
u n u n n n
uX uX X X
ak (ck − bk ) − ck (ck − bk ) ⇔ t (ak − ck ) t (bk − ck )2 +
2 ck (ck − bk ) ≥ ak (ck − bk ) ⇔
k=1 k=1 k=1 k=1 k=1 k=1
v v
u n u n n n n n
uX uX X X X X
t (ak − ck )2 t (bk − ck )2 + c2k − ck bk − ck a k ≥ − bk ak ⇔
k=1 k=1 k=1 k=1 k=1 k=1
v v
u n u n n n n n
uX uX X X X X
2t (ak − ck ) t (bk − ck )2 + 2
2 c2k − 2 ck bk − 2 ck ak ≥ −2 bk ak ⇔
k=1 k=1 k=1 k=1 k=1 k=1
v v ! !
u n u n n n n n n n
uX uX X X X X X X
2t (ak − ck ) t (bk − ck )2 +
2 c2k −2 c k bk + b2k + c2k −2 ck ak a2k ≥
k=1 k=1 k=1 k=1 k=1 k=1 k=1 k=1
n
X n
X n
X
a2k − 2 bk a k + b2k ⇔
k=1 k=1 k=1
v v
u n u n n n n
uX uX X
2
X
2
X
2t (ak − ck )2 t 2
(bk − ck ) + (ck − bk ) + (ck − ak ) ≥ (ak − bk )2 ⇔
k=1 k=1 k=1 k=1 k=1
v 2 v v v 2
u n u n u n u n n
uX uX uX uX X
t (ck − bk )2  + 2t (ak − ck )2 t (bk − ck )2 + t (ck − ak )2  ≥ (ak − bk )2 ⇔
k=1 k=1 k=1 k=1 k=1
v v 2
u n u n n
uX uX X
t (ck − bk )2 + t (ck − ak )2  ≥ (ak − bk )2 ⇔
k=1 k=1 k=1
v v v
u n u n u n
uX uX uX
t (ck − bk )2 + t (ck − ak )2 ≥ t (ak − bk )2 ⇔ d(A, C) + d(B, C) ≥ d(A, B)
k=1 k=1 k=1

223
76.Calcule a integral: Z
1
dx
1 + x + x2
 2
4x2 + 4x + 1
  
2 3 4x + 4x + 4 3
Solução: Observe que x +x+1 = × = 1+ =
4 ! 3 4 3
2
(2x + 1)2
   
3 3 2x + 1
1+ = 1+ √ , disso concluímos que:
4 3 4 3
Z Z
1 4 1
2
dx = 2 dx
1+x+x 3

2x+1
1+ √
3

2x + 1 2 3
Fazendo √ = u ⇒ du = √ dx ⇒ dx = du e então nossa integral pode
3 3 2
ser reescrita como:
Z √ Z √  
1 2 3 1 2 3 2x + 1
dx = du = arctan √ +K
1 + x + x2 3 1 + u2 3 3

224
77.Calcule a integral: Z
arctan(x)dx

Solução: Faça x = tana ⇒ dx = sec2 ada, tem-se que a integral é equivalente


a: Z Z
arctan(x)dx = asec2 ada

Fazendo a = u ⇒ da = du e dv = sec2 a ⇒ v = tana, tem-se por integração


por partes:
Z Z Z p
2
arctan(x)dx = asec ada = atana− tanada = atana−ln |seca| = x arctan x−ln x2 + 1

225
78.Calcule a integral: Z
ln(x2 + x + 1)dx

2x + 1
Solução: Fazendo dx = du ⇒ u = ln(x2 +x+1) e dv = dx ⇒ v = x,
x2 + x + 1
obtemos, por integração por partes:

2x2 + x
Z Z
ln(x2 + x + 1)dx = x ln(x2 + x + 1) − 2
dx =
x +x+1
2x2 + 2 + 2x + 2 − 2 − x
Z
x ln(x2 + x + 1) − dx =
x2 + x + 1
Z Z
x+2 1 2x + 4
x ln(x2 + x + 1) − 2x + dx = x ln(x2 + x + 1) − 2x + dx =
x2 + x + 1 2 x2 + x + 1
Z Z
1 2x + 1 3 1
x ln(x2 + x + 1) − 2x + dx + dx
2 x2 + x + 1 2 x2 + x + 1

Para Zcalcular a primeiraZintegral, faça u = x2 + x + 1 ⇒ du = (2x + 1)dx e


2x + 1 1
teremos dx = du = ln u = ln(x2 + x + 1), e daí teremos:
x2 + x + 1 u


Z  
1 2x + 1
ln(x + x + 1)dx = x ln(x + x + 1) − 2x + ln(x2 + x + 1) + 3 arctan
2 2
√ +K
2 3

226
79.Mostre que toda dízima periódica é um número racional, encontre a fra-
ção geratriz.

Solução:
Demonstração. Seja a sequência finita de números naturais a1 , a2 , a3 , ..., ak ; a1 6=
0; 0 ≤ aj ≤ 9, ∀j ∈ N, isto é, uma sequência de algarismos.Então o produto de
a1 a2 a3 ...ak (onde a1 a2 a3 ...ak = a1 × 10k−1 + a2 × 10k−2 + a3 × 10k−3 ... + ak )
por z é igual a a1 a2 a3 ...ak ....a1 a2 a3 ...ak .Onde z é um número com a seguinte lei
| {z }
m+1 vezes
de formação: z começa com 1, seguido de k-1 zeros, seguido de um número 1,
seguido de k-1 zeros, seguido de um número 1, e assim por diante(num total de
m vezes), isto é, um número que começa e termina com 1, e sempre há, entre
dois números 1’s, k-1 zeros. Ou seja z = 1 0...0
|{z} 1 |{z}
0...0 1....Façamos a
k−1 zeros k−1 zeros
| {z }
m(k−1) zeros
prova por indução sobre m, como base de indução tome m = 1, como hipótese
de indução, suponha que a igualdade abaixo seja verdadeira para algum m:

1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1... ×a1 a2 a3 ...ak = a1 a2 a3 ...ak ....a1 a2 a3 ...ak
| {z }
k−1 zeros k−1 zeros m+1 vezes
| {z }
m(k−1) zeros

O que queremos provar é que:

1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1... ×a1 a2 a3 ...ak = a1 a2 a3 ...ak ....a1 a2 a3 ...ak
| {z }
k−1 zeros k−1 zeros m+2 vezes
| {z }
(m+1)(k−1) zeros

Como 1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1... = 10(m+1)k + 1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1... ⇒
k−1 zeros k−1 zeros k−1 zeros k−1 zeros
| {z } | {z }
(m+1)(k−1) zeros m(k−1) zeros
1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1... ×a1 a2 a3 ...ak = (10(m+1)k +1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1...)×
k−1 zeros k−1 zeros k−1 zeros k−1 zeros
| {z } | {z }
(m+1)(k−1) zeros m(k−1)) zeros
a1 a2 a3 ...ak = a1 a2 a3 ...ak × 10(m+1)k + 1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1... ×a1 a2 a3 ...ak =
k−1 zeros k−1 zeros
| {z }
m(k−1) zeros
a1 a2 a3 ...ak × 10(m+1)k + a1 a2 a3 ...ak ....a1 a2 a3 ...ak = a1 a2 a3 ...ak ....a1 a2 a3 ...ak
| {z } | {z }
m+1 vezes m+2 vezes

227
Daí então, teremos:

1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1... ×a1 a2 a3 ...ak = a1 a2 a3 ...ak ....a1 a2 a3 ...ak (395)
| {z }
k−1 zeros k−1 zeros m+1 vezes
| {z }
m(k−1) zeros

Multipliquemos a igualdade acima por 10−(m+1)k+1 teremos:

0, 0..0
|{z} 1 0...0
|{z} 1 0...0
|{z} 1... ×a1 a2 a3 ...ak = a1 , a2 a3 ...ak ....a1 a2 a3 ...ak
| {z }
k−2 zeros k−1 zeros k−1 zeros m+1 vezes
| {z }
m(k−1) zeros
(396)
Por outro lado, observe que no lado esquerdo temos uma P.G. cujo primeiro
10−(2k−1)
termo é 10−(k−1) e cuja razão é igual a = 10−k , e cujo último termo
10−(k−1)
depende de m, como estamos interessados em valores de m arbitrariamente
grande, pegue o limite de m tendendo ao infinito, e teremos que:

1 1
a , a a ...a ....a a a ...a =  ×a1 a2 a3 ...ak = ×a1 a2 a3 ...ak
| 1 2 3 k{z 1 2 3 k} 10k−1 1 − 1
10k
10k−1 − 0, 1

(397)
Como k é finito, o resultado segue.Não só fomos capazes de demonstrar que
o número é racional como encontramos uma fórmula geral para encontrarmos
frações de dízimas periódicas.
—

228
80.(Problema Sugerido por Israel Meireles Chrisotomo)Partindo do princí-
pio que o leitor conheça a demonstração tradicional para a fórmula que dá a
soma dos termos de uma Progressão Geométrica.Mostre, com um argumento
totalmente diferente ao usado tradicionalmente, a fórmula que retorna a soma
dos termos de uma Progressão Geométrica.
Solução:
Demonstração. Primeiramente observe as identidades:

      
1 1 1 1
r− rn−k−1 + = rn−k − + −rn−k−2 +
r rn−k−1 rn−k rn−k−2
(398)

      
1 n−k−1 1 n−k 1 n−k−2 1
r− r − n−k−1 = r + n−k − r + n−k−2
r r r r
(399)
Aplicando o somatório variando em k, nas duas igualdades acima, teremos:

n−2
X   n−2
X  n−2
X 
1 1 1 1
r− rn−k−1 + = r n−k
− + −r n−k−2
+ =
r rn−k−1 rn−k rn−k−2
k=0 k=0 k=0
1 1 1
rn − + rn−1 − n−1 + − r
rn r r
(400)
n−2
X   n−2
X  n−2
X 
1 1 1 1
r− rn−k−1 − = rn−k + − rn−k−2 + =
r rn−k−1 rn−k rn−k−2
k=0 k=0 k=0
1 1 1
rn + n
+ rn−1 + n−1 − 2 − r −
r r r
(401)
Somando os extremos de (400) e (401), lado esquerdo com lado esquerdo e
lado direito com lado direito, e dividindo o resultado por 2, teremos:

n−2
X 
1
r− rn−k−1 = rn + rn−1 − 1 − r = r(rn−1 − 1) + rn−1 − 1 = (r + 1)(rn−1 − 1) ⇔
r
k=0
n−2
X 2  n−2
X 
r −1 n−k−1 n−1 r−1
r = (r + 1)(r − 1) ⇔ (r + 1)rn−k−1 = (r + 1)(rn−1 − 1) ⇔
r r
k=0 k=0
n−2
X r(rn−1 − 1)
rn−k−1 =
r−1
k=0

229
81.(Problema Sugerido por Israel Meireles Chrisotomo)Demonstre a série
de Taylor do seno de forma elementar, ou seja, não use derivadas ou qualquer
definição em que o conceito de derivadas esteja implícito, e ainda, sem usar a
série de Taylor da exponencial ou o limite exponencial fundamental.Isto é, use
somente a definição trigonométrica do seno e nada mais.Dica: Use teoremas da
Análise Real.

Solução:
Demonstração. Basicamente, precisaremos de um teorema da Análise muito im-
portante, cuja demonstração raramente aparece nos livros de Análise, conhecido
como Tannery’s Theorem.O teorema de Tannery é uma versão discreta do Teo-
rema da Convergência Dominada de Lebesgue.Para começar, vamos enunciar o
teorema de Tannery:


X
Proposição 1 For each natural number n, let ak (n) be a convergent
k=1
series .If for each k, lim ak (n) = ak , and |ak (n)| ≤ Mk for all n where the
n→∞

X ∞
X ∞
X
series Mk converges, then lim ak (n) = ak
n→∞
k=1 k=1 k=1

Isto significa dizer, que sob certas condições é possível afirmar que dada uma
série arbitrária, o limite da soma é a soma dos limites, desde que se verifique as
condições do Tannery’s Theorem.Este resultado é um resultado simples de ser
provado, contudo, muito importante, devido a mobilidade que ganhamos ao se
passar o limite para dentro da soma infinita. Outro resultado importante que
vamos usar consiste na desigualdade abaixo:

Proposição 2 Seja n um número natural, n! o produto


  de todos os números
n n!
naturais menores ou iguais a n, e seja o binômio = , então,
k k!n − k!
vale que:

nk
 
n
<
k k!

Por definição, temos que:

230
 
n n! n(n − 1)(n − 2)...(n − (k − 1))(n − k)! n(n − 1)(n − 2)...(n − (k − 1))
= = =
k k!n − k! k!n − k! k!
Como

n−1<n
n−2<n
n−3<n
....
n − (k − 1) < n

Multiplicando todas as desigualdades acima, obtemos:

(n − 1)(n − 2)...(n − (k − 1)) < nk−1


n
Multiplicando ambos os lados da desigualdade acima por , obtemos:
k!
n(n − 1)(n − 2)...(n − (k − 1)) nk
<
k! k!
 
n n(n − 1)(n − 2)...(n − (k − 1))
Como = , segue que:
k k!
nk
 
n
<
k k!
Vamos a solução do problema.Primeiramente, vamos definir uma função
fn (z) tal que
  2n+1   2n+1 !
1 z z
fn (z) = 1 + itan − 1 − itan
2i 2n + 1 2n + 1
Vamos estudar algumas propriedades dessa função.Para isto, vamos expandir
a função pelo binômio de Newton, veja como podemos fazer isto:

  2n+1   2n+1 !
1 z z
1 + itan − 1 − itan =
2i 2n + 1 2n + 1
2n+1
X 2n + 1   k 2n+1X 2n + 1   k !
1 z z
itan − −itan =
2i k 2n + 1 k 2n + 1
k=0 k=0
2n+1
X 2n + 1   k 2n+1    k !
1 z X 2n + 1 z
itan − (−1)k itan =
2i k 2n + 1 k 2n + 1
k=0 k=0
n    2k+1
1 X 2n + 1 z
itan =
i 2k + 1 2n + 1
k=0
n    2k+1
1 X 2k+1 2n + 1 z
i tan =
i 2k + 1 2n + 1
k=0

231
n    2k+1
1 X 2k 2n + 1 z
i .i tan =
i 2k + 1 2n + 1
k=0
n    2k+1
i X 2k 2n + 1 z
i tan =
i 2k + 1 2n + 1
k=0
n    2k+1
X 2n + 1 z
(i2 )k tan =
2k + 1 2n + 1
k=0
n    2k+1
k 2n + 1 z
X
(−1) tan
2k + 1 2n + 1
k=0

De onde concluímos que:


n    2k+1
X 2n + 1 z
fn (z) = (−1)k tan ......Igualdade i
2k + 1 2n + 1
k=0
Vamos memorizar a igualdade acima, e partir novamente da função fn (z) e
chegar a algumas conclusões importantes, veja:
  2n+1   2n+1 !
1 z z
fn (z) = 1 + itan − 1 − itan =
2i 2n + 1 2n + 1
   2n+1    2n+1 
z z
1  isen 2n+1 isen 2n+1
=  1+ − 1 −
    
2i

z z
cos 2n+1 cos 2n+1
     2n+1=      2n+1 
z z z z
1  cos 2n+1 + isen 2n+1 cos 2n+1 − isen 2n+1
−
      
2i
 
z z
cos 2n+1 cos 2n+1
    2n+1=     2n+1 
z z z z
1  cos 2n+1 + isen 2n+1 cos 2n+1 − isen 2n+1


2n+1 2n+1
2i
     
z z
cos 2n+1 cos 2n+1
 
1  cosz + isenz cosz − isenz 
= 2n+1 −  2n+1  =
2i
  
z z
cos 2n+1 cos 2n+1
 
1  2isenz senz
= 2n+1  = 

2n+1
2i
  
z z
cos 2n+1 cos 2n+1

De onde concluímos que:


senz
fn (z) =   2n+1 ........Igualdade ii
z
cos 2n+1

Das igualdades i e ii, concluímos que:

232
n    2k+1
senz X
k 2n + 1 z
2n+1 = (−1) tan
2k + 1 2n + 1
 
z
cos 2n+1
k=0

Tomando o limite de n tendendo ao infinito em ambos os lados da igualdade,


vem:
n    2k+1
senz X
k 2n + 1 z
lim  2n+1 = n→∞
lim (−1) tan
2k + 1 2n + 1
n→∞

z
cos 2n+1 k=0

Defina uma sequência xn , tal que:


 
z
xn := (2n + 1)tan
2n + 1
 
z xn
Daí então temos que = arctan , vem
2n + 1 2n + 1
senz
lim    2n+1
n→∞ xn
cos arctan 2n+1
n     2k+1
k 2n + 1 xn
X
= lim (−1) tan arctan
n→∞ 2k + 1 2n + 1
k=0

1
Usando a identidade trigonométrica cosx = √ , vem que:
1 + tan2 x
senz
lim !2n+1 =
n→∞
q 1
xn
1+tan2 (arctan( 2n+1 ))
n     2k+1
X 2n + 1 xn
= lim (−1)k tan arctan
n→∞ 2k + 1 2n + 1
k=0
n   2k+1
senz X
k 2n + 1 xn
lim !2n+1 = lim (−1) .
n→∞ n→∞ 2k + 1 2n + 1
1 k=0
q
xn 2
1+( 2n+1 )
Aqui podemos ver que estamos próximos de encontrar a série de Taylor do
seno, mas alguns problemas permanecem, por exemplo, temos um limite a ser
calculado no denominador do seno ao lado esquerdo, por outro lado, temos
que a série está na variável x e não na variável z, e portanto, o argumento do
seno ao lado esquerdo não corresponde com a variável x no lado direito.Mas
esses problemas podem ser facilmente resolvidos se percebermos que o limite no
denominador tende para 1, bem como a substituição que efetuamos foi proposi-
talmente efetuada por nos permitir voltar facilmente da variável x para variável
z, pois temos a seguinte implicação

233
 
z xn z xn
= arctan ⇒ tan = ⇒
2n + 1  2n+ 1 2n + 1 2n + 1  
z z
⇒ xn = (2n + 1)tan ⇒ lim xn = lim (2n + 1)tan ⇒
2n + 1 n→∞ n→∞ 2n + 1
⇒ lim xn = z
n→∞

E como nosso limite tende ao infinito, podemos ver, por essa substituição,
que podemos voltar a variável z a qualquer momento, para isto precismos apenas
passar o limite para dentro do somatório.Para tanto, o primeiro passo para pas-
n   2k+1
k 2n + 1 xn
X
sar o limite para dentro do somatório da série lim (−1) ,
n→∞ 2k + 1 2n + 1
 k=0
2n + 1  x 2k+1
n
precisamos encontrar um majorante para que é o co-

2k + 1 2n + 1
eficiente da série.Mas isto não é difícil, basta observar que:
nk
 
n
<
k k!
Substituindo n por 2n+1 e k por 2k+1, vem:
(2n + 1)2k+1
 
2n + 1
<
2k + 1 2k + 1!
 2k+1
xn
Multiplicando os dois lados por , vem
2n + 1
2k+1 2k+1
(2n + 1)2k+1 x2k+1
  
2n + 1 xn xn
< = n ⇒
2k + 1 2n + 1 2k + 1! 2n + 1 2k + 1!
2k+1
x2k+1
 
2n + 1 xn
⇒ < n
2k + 1 2n + 1 2k + 1!
Dado que toda sequência convergente é limitada, existe l ∈ R+ tal que |xn | ≤
l.Provamos, então, que |ak (n)| ≤ Mk , a outra condição que devemos satisfazer é
∞ n
X X l2k+1
que Mk deve convergir, isto é a série deve convergir, mas isto é
2k + 1!
k=1 k=0
fácil de provar, basta usar o teste da razão e verificar que o raio de convergência
dessa série é infinita.Com estas condições satisfeitas, podemos passar o limite
para dentro da série infinita e agora, basta calcularmos o limite, pois acabamos
de provar que vale a igualdade:
n   2k+1
X 2n + 1 xn
lim (−1)k =
n→∞ 2k + 1 2n + 1
k=0
n   2k+1
k 2n + 1 xn
X
lim (−1)
n→∞ 2k + 1 2n + 1
k=0

Para calcular o limite acima, considere que

234
  2k+1
2n + 1
k xn
lim (−1) =
n→∞ 2k + 1 2n + 1
 2k+1
(2n + 1)(2n)(2n − 1)...(2n + 1 − 2k) xn
lim (−1)k =
n→∞ 2k + 1!   2n +1
2k+1
     
k xn 2n + 1 2n 2n − 1 2n + 1 − 2k
lim (−1) ... =
n→∞ 2k + 1! 2n + 1 2n + 1 2n + 1 2n + 1 !
1 1
x2k+1 1 + 2n 1 − 2n 1 + 1−2k
     
1
lim (−1)k n 1 1 1 ... 2n
1
n→∞ 2k + 1! 1 + 2n 1 + 2n 1 + 2n 1 + 2n
Considerando que lim xn = z, vem que
n→∞
n 2k+1 X∞
(−1)k z 2k+1
 
X 2n + 1 xn
lim (−1)k =
n→∞ 2k + 1 2n + 1 2k + 1!
k=0 k=0

Substituindo na Relação i, obtemos



senz X (−1)k z 2k+1
lim !2n+1 =
n→∞ 2k + 1!
1 k=0
q
xn 2
1+( 2n+1 )
s 2n+1
2 ∞
(−1)k z 2k+1

xn X
lim  1+  senz =
n→∞ 2n + 1 2k + 1!
k=0

Agora, nos resta provar que o limite ao lado esquerdo é igual a 1.Para isto,
provemos uma desigualdade auxiliar.Para todo φ real positivo, vale a desigual-
dade:

log5 (φ + 1) ≤ φ, ∀φ; φ ∈ R+ (402)


Para provarmos isso, primeiramente, seja x, um número entre zero e um, e
m um inteiro positivo, então é fácil ver que vale a desigualdade abaixo:
 m+x  m+1
1 1
1+ ≤ 1+ (403)
m+x m
m+1 m−k
Daí então, teremos, usando que ≤ 2, ∀m; m ∈ Z+ , e que <
m m
1 1
1, ∀k; k ∈ Z+ , e também que 2n ≤ (n + 1)! ⇔ ≤ n:
(n + 1)! 2

235
 m+1
1 m+1 (m + 1)m (m + 1)m(m − 1) (m + 1)!
1+ =1+ + 2
+ 3
+ ... + m+1 =
m m × 1! m × 2! m × 3! m × (m + 1)!
 
m+1 1 m−1 (m − 1)(m − 2) (m − 1)!
1+ 1+ + + 2
+ ... + m−1 <
m 2! m × 3! m × 4! m (m + 1)!
 
1 1 1
1 + 2 1 + + + ... + <
2! 3! (m + 1)!
 
1 1 1
1 + 2 1 + + 2 + ... + m = 1 + 2(2 − 2−m ) = 5 − 2−(m−1) ⇔
2 2 2
 m+1
1
1+ < 5 − 2−(m−1)
m
(404)

Da igualdade (403) e de (404), temos que:


 m+x
1
1+ ≤ 5 − 2−(m−1) < 5 (405)
m+x
Como temos que todo número real positivo pode ser escrito com uma parte
inteira positiva somado a uma parte fracionária, então teremos que, para todo
y real e maior do que 1, vale a desigualdade:
 y
1
1+ ≤ 5, ∀y > 1 (406)
y
Aplicando o logaritmo em ambos os lados da desigualdade, teremos:
 y
1
log5 1 + ≤ 1, ∀y > 1 (407)
y
log5 (1 + φ)
Multiplicando os dois lados por  y , teremos:
log5 1 + y1
log5 (1 + φ)
log5 (1 + x) ≤  y = log(1+ 1 )y (1 + φ), ∀y > 1 (408)
log5 1 + y1
y

De onde concluímos que:

log5 (1 + φ) ≤ log(1+ 1 )y (1 + φ), ∀y > 1 (409)


y

Agora observe que, pela desigualdade de Bernoulli(que pode ser provada


facilmente usando indução), temos que, para todo φ real e n natural, vale a
desigualdade:
 n
φ
1+φ≤ 1+ (410)
n

236
1 φ
Fazendo = , observe que para todo φ ∈ R+ existe um valor de n natural
y n
n
e y real tal que a igualdade acima seja satisfeita(basta tomar n > φ e y = )
φ
teremos:
 φy
1
1+φ≤ 1+ (411)
y
 y
1
Tomando o logaritmo na base 1 + na desigualdade acima, teremos:
y
log(1+ 1 )y (1 + φ) ≤ φ (412)
y

Pela última desigualdade e pela desigualdade (409), finalmente temos, por


transitividade, que:

0 < log5 (φ + 1) ≤ φ, ∀φ; φ ∈ R+ (413)


s 2n+1
 2
xn
Queremos calcular o limite lim  1+  , note que
n→∞ 2n + 1
   2 !
2n+1 2n + 1 xn
lim log5 +1
s
 2
xn n→∞ 2 2n + 1
lim  1+  =5 , ob-
n→∞ 2n + 1
 2
xn
serve que substituindo por φ na desigualdade acima, temos que:
2n + 1
 2 !  2
xn xn
0 < log5 +1 ≤ (414)
2n + 1 2n + 1
2n + 1
Multiplicando ambos os lados por , teremos:
2
2 !
x2n l2

2n + 1 xn
0< log5 +1 ≤ < (415)
2 2n + 1 4n + 2 4n + 2
   2 !
2n + 1 xn
Tomando o limite, temos que lim log5 +1 = 0,
n→∞ 2 2n + 1
pois l é fixo, e isso implica o resultado desejado. —

Essa prova também pode ser estendida para provar a série de Taylor do
cosseno.

237
Referências
[1] Titu Andreescu and Zuming Feng. 103 Trigonometry Problems: From the
Training of the USA IMO Team. Springer Science & Business Media, 2006.

[2] Zdravko Cvetkovski. Inequalities: Theorems, Techniques and Selected Pro-


blems. Springer Science & Business Media, 2012.
[3] Vardan Verdiyan e Daniel Campos Salas. Simple trigonometric substituti-
ons with broad results. http://www.gimnazija-izdijankoveckoga-kc.
skole.hr/upload/gimnazija-izdijankoveckoga-kc/multistatic/
663/Trigonometric_substitutions.pdf.
[4] Razvan Gelca and Titu Andreescu. Putnam and beyond. Springer Science
& Business Media, 2007.
[5] Serge Lang. Cálculo, vol. i. Livro Técnico, Rio de Janeiro, 1977.

[6] Serge Lang. Cálculo, vol. ii. Livro Técnico, Rio de Janeiro, 1977.
[7] Elon Lages Lima. Análise real volume 1. Projeto Euclides, 2008.
[8] Viktor N Litvinenko, Aleksandr Grigorevich Mordkovich, and Leonid Le-
vant. Solving problems in algebra and trigonometry. Mir, 1987.

[9] Lynn Harold Loomis and Shlomo Sternberg. Advanced calculus. World
Scientific Publishing Co Inc, 2014.
[10] Ulysses Sodré. Elementos de matemática. http://www.uel.br/projetos/
matessencial/superior/elementos/exercicios06.pdf.

238
Meu Site

Meu Blog

IMO Oficial Site

Cornell University/Putnan Competition/site com vários links legais para bons


livros- a maioria eu não li :)

Blog do Terence Tao

Mathematics Stack Exchange

239

Você também pode gostar