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Referências sobre Macaé

Quem gosta de conhecer um pouco mais sobre a história de Macaé acaba buscando
os trabalhos de algumas pessoas que já escreveram registros sobre esse tema, são
muitas as opções. Sem pretender citar todos que contribuíram para isso, até porque
não os conheço, faço aqui o reconhecimento a três deles que me ajudaram a gostar
deste assunto. O primeiro que eu descobri foi o professor Tonito, desde os anos 80,
quando passava férias em Macaé na casa da minha tia Lúcia e tinha acesso a alguns
dos seus livros. O segundo veio mais recentemente através das fontes de referência
dos livros de Tonito, que muitas vezes citou o vasto material deste campista tão culto
e apaixonado pela nossa terra, que foi Lamego. E o terceiro, já nos tempos modernos
da internet, foi Milbs com seus textos no jornal O Rebate e referências interessantes
sobre a nossa família, estimulando mais uma vez a vontade de dar uma olhada no
passado.

Tonito

Acho que seria repetitivo trazer aqui informações bastante conhecidas e já


divulgadas por diversos canais sobre o professor Antonio Alvarez Parada, o
macaense que ensinou química para muita gente no Luiz Reid, provavelmente até
para alguns que leem esse texto. A mim basta fazer o reconhecimento da minha
admiração pelo seu trabalho de historiador apaixonado por sua terra, de alguém que
vê valor em conhecer, respeitar e divulgar o passado, o que foi o suficiente para me
incentivar a ler seus livros ainda quando era garoto e agora a me inspirar na ousadia
de tentar escrever um pouquinho sobre Macaé. Quando soube pela primeira vez que
ele é o autor do Hino de Macaé ficou fácil perceber a paixão colocada ali dentro e
entender por que essa música, cantada pela minha tia-avó Tininha quase todas as
vezes que ela deixava Niterói para reencontrar sua terra natal, consegue mexer com
a emoção de tanta gente, inclusive eu, que nem sou macaense.

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Depois de ler por empréstimo alguns livros de Tonito, resolvi ter um deles aqui em
casa. Fiz uma busca na internet a uns 8 a 10 anos atrás e consegui comprar um
exemplar de Histórias da Velha Macaé em um sebo do interior de São Paulo.

O anúncio do sebo já dizia que o livro era autografado e foi o único que encontrei
na internet desse que era esse livro de Tonito que mais me interessava.

Mas, quando chegou em casa, eu percebi que ele tinha mais do que a assinatura
do autor, tinha também uma dedicatória para quem Tonito presenteou o livro.

PÚBLICA
E quando já estava lendo o livro descobri, em meio às suas páginas, uma outra
curiosidade através de uma folhinha solta, escrita pela esposa Detinha para a prima
Silvinha.

Como seria bom se a obra de Tonito recebesse novas edições e fosse acessível a mais
pessoas que quisessem conhecer, direto da melhor fonte possível, uma parte
importante da história de Macaé.

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Lamego

Faço aqui também referência a um pouco da rica obra de Lamego, que contém
uma parte relevante que aborda a história de Macaé. Seu nome completo era Alberto
Ribeiro Lamego, às vezes chamado de Lamego Filho para não causar confusão com
o seu pai Alberto Frederico de Moraes Lamego, que foi advogado, empresário e
historiador, autor de outra referência fundamental sobre a região, os 8 volumes do
livro A Terra Goitacá - À luz de documentos inéditos (primeiro volume publicado em
1913, em Paris), montados a partir de pesquisas sobre Campos feitas ao longo dos 14
anos em que morou com a família na Europa, frequentando arquivo públicos,
bibliotecas e leilões e comprando obras raras. O Alberto pai também foi diretor do
Liceu de Humanidades de Campos e viveu seus últimos anos de vida no Rio, por
questões de saúde, mas foi enterrado em Campos.
Alberto Ribeiro Lamego nasceu em Campos em 9 de abril de 1896, estudou o
primário em Lisboa no Colégio Campolide, dos jesuítas, até que em 1910, com o fim
da monarquia em Portugal e fechamento dos colégios religiosos, a família se muda
para Bruxelas. Em 1914, com a invasão da Bélgica pela Alemanha, a família se muda
para a Inglaterra, onde permanece durante toda a Primeira Guerra Mundial, ao final
da qual, em 1918, o Alberto filho já havia se formado em Engenharia de Minas.

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Em 1920 ele regressa com a família ao Brasil e é admitido no Serviço Geológico e
Mineralógico do Brasil. Inicia uma carreira muito reconhecida na geologia
brasileira, com farta publicação de trabalhos. Um dos seus legados mais relevantes
e famosos é a série de quatro livros publicada pelo IBGE em que ele retrata a relação
do homem com quatro ambientes do Estado do Rio de Janeiro, intitulados O
Homem e o Brejo, O Homem e a Restinga, O Homem e a Guanabara e O Homem e
a Serra. Cada livro é dividido em três partes, A Terra, uma abordagem geológica com
linguagem bem técnica, mas muito interessante, O Homem, a parte mais atraente,
que aborda a história da ocupação humana naquele ambiente e A Cultura, onde ele
aborda mais os aspectos econômicos e de potencial de desenvolvimento da região. O
que é mais interessante dessas obras é mostrar como a característica do meio
ambiente, suas adversidades e suas vantagens, moldam significativamente as
sociedades que se formaram nestes locais, seus hábitos, sua economia, todo o seu
caminho percorrido.
Tendo um interesse mais voltado para a história de Macaé, eu procurei nos sebos
do Rio o livro O Homem e a Restinga e tive a sorte de encontrar um exemplar em
boas condições desta obra de 1946, ao preço irrisório cobrado pelos velhos livros
esquecidos nestas lojas.

Para sorte de todos, a biblioteca virtual do IBGE disponibiliza em seus acervos


essa e outros obras do autor, cujos links vou colocar aqui, junto com algumas
observações e apresentando também parte do interessantíssimo material fotográfico
que as acompanha.

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O Homem e o Brejo

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv13016_v1.pdf

Ele começa a série com o livro que retrata o ambiente da sua terra natal,
naturalmente tratada com mais propriedade e carinho. O livro retrata muito as
condições naturais que favoreceram a existência das férteis aluviões da baixada
campista e da riqueza do ciclo do açúcar, mas fala da Capitania de São Tomé, dos
Sete Capitães, dos vários Viscondes de Asseca, de Benta Pereira, tem muita coisa
interessante nesta parte histórica, já que ele bebeu na fonte do próprio pai, que foi o
maior especialista sobre a história de Campos. Quem não quiser ler, ainda pode
achar interessante conhecer as fotos, já que todos os quatro trabalhos de Lamego
nesta série parecem ter sido feitos em momentos do lazer dele, revendo lugares
históricos, observando as atividades humanas, sobrevoando de avião e recheando os
livros com fotos muito legais do final da década de 30. Coloco aqui as fotos do livro
de que mais gostei, de lugares que ainda existem, quase todas as construções ainda
em pé, fica uma ótima dica de roteiro para visitar após a pandemia. Na legenda das
fotos, quando o lugar retratado é uma construção histórica que ainda existe, coloquei
um hiperlink para a posição deste lugar no mapa do Google Maps, que abre
automaticamente em nova página.

Trem no vale do rio Macabu, perto de Paciência

PÚBLICA
Matriz de São Fidélis, iniciada em 1799, ostenta a mais notável cúpula do Brasil
colonial

Vista do morro do Itaoca do alto do Liceu de Campos

Pranchas no rio Paraíba

Canal Macaé Campos e morro do Itaoca

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Delta do Furado barrado do Atlântico por uma língua de areia

Matriz de São João da Barra, antes de reforma

Casa de Câmara e Cadeia em São João da Barra

O Mosteiro de São Bento em Mussurepe, construído 330 anos atrás

PÚBLICA
Colégio jesuíta (Arquivo Público Municipal) em Goytacazes, de 1652

Capela de Nossa Senhora do Rosário em Donana


Relíquia do século XVII que fazia parte do engenho do Visconde de Asseca

Solar dos Airises - da família da mãe de Lamego, hoje em ruínas

PÚBLICA
Solar dos Carapebus (ou de Santo Antônio) - Asilo de Nossa Senhora do Carmo, em
Campos
Hospedou D. Pedro II em sua primeira visita a Campos

Igreja de São Francisco de Assis, em Campos, de 1771

Farol de São Tomé

PÚBLICA
Casa Mato de Pipa em Quissamã, casa mais antiga de senhor de engenho da região

Solar da Fazenda Machadinha, com varanda ladrilhada em mármore, atualmente


em ruínas. Hoje é possível ver a antiga capela e almoçar onde foi a senzala.

Outro ângulo do Solar da Machadinha

PÚBLICA
Praia da Imbetiba com Hotel Balneário que pertenceu aos Lamego

O Homem e a Restinga

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv27287_v2.pdf

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Este segundo livro é o já mencionado anteriormente, no qual Lamego mostra um
ambiente totalmente oposto ao do livro anterior, sem a atratividade das terras férteis
do brejo, aqui o homem da restinga teve que sobreviver com muito mais dificuldade
nestes terrenos arenosos e cujas atividades econômicas também foram adaptadas
para este ambiente mais hostil. Embora algumas fotos do primeiro livro se repitam
aqui (ele já tinha algumas fotos de região de restinga), destaco abaixo algumas que
não apareceram:

Farol de São Tomé

Macaé

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Praia da Imbetiba com ruínas da antiga Alfândega

Farol velho e ilha do Papagaio

Hotel Imbetiba visto do morro

Hotel Imbetiba

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Morro do Engenheiro, na Imbetiba

Oficinas da Leopoldina com antiga ponte da Macahé e Campos

Imbetiba

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Pesca por arrastão na Imbetiba

Mercado de peixes de Macaé

Solar Monte-Elísio - Castelo, Macaé

PÚBLICA
Igreja de Santana em Macaé, fundada pelos jesuítas

Lateral da Igreja de Santana

Rio Macaé

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Promontório da Saudade, Barra de São João

Outra vista da capela de São João Batista, em Barra de São João

Casa em Barra de São João onde nasceu Casimiro de Abreu

Fazenda jesuíta de Campos Novos, Cabo Frio, 1648

PÚBLICA
Outro ângulo de Campos Novos

Colégio jesuíta de São Pedro da Aldeia

São Pedro da Aldeia

PÚBLICA
Cidade de Cabo Frio

Matriz de N.S. da Assunção de Cabo Frio, de 1663

Convento Nossa Senhora dos Anjos e Capelinha da Guia, em Cabo


Frio, de 1696

Outro ângulo do Convento

PÚBLICA
Cruzeiro em frente ao convento

Embarque de sal em Araruama

Carregamento de sal no trem, Araruama

PÚBLICA
Ruínas do Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Itaipu,
Niterói

Igreja de São Sebastião, construída pelos jesuítas, Itaipu

O Homem e a Guanabara

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv13101_v3.pdf

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Terceiro livro, aqui ele ousa um pouco mais na parte da Cultura e escreve até um
capítulo chamado "Formação do Espírito Carioca", com um subitem muito
interessante chamado Síntese geo-sentimental. A quantidade de material disponível
para escrever sobre o Rio de Janeiro é bem maior e isso o alimenta com muitos
depoimentos. As fotos fogem um pouco do tema Macaé, mas ainda assim são um
registro muito interessante de locais e construções que atravessaram séculos e
algumas ainda estão em pé. Infelizmente, ao contrário dos lugares das fotos dos
livros anteriores, não dá para visitar todas essas construções que ainda estão em pé
por motivos de segurança pública da nossa bela e perigosa região metropolitana do
Rio de Janeiro.

Igreja de São Lourenço dos Índios, Niterói

Capela de São Pedro de Maruí, Niterói, 1751

PÚBLICA
Relógio de sol com emblema jesuíta na Igreja de São Francisco,
Niterói

Igreja da Boa Viagem em Niterói ocupa lugar do velho forte e da


ermida que foi construída em 1663

Sede da Fazenda Colubandê e capela, em São Gonçalo

PÚBLICA
Matriz de São Nicolau, porto de Suruí, Magé

Ruínas em Porto das Caixas, Itaboraí, antigo centro de comércio para


Friburgo e Cantagalo

Ruínas do Convento São Boaventura de Macacu (1649), único vestígio


da vila de Santo Antônio de Sá, de 1697. As ruínas hoje são mantidas
pela Petrobras, no COMPERJ

PÚBLICA
Ruínas do Solar da Fazenda São Bernardino, em Nova Iguaçu

Capela da Fazenda da Posse, em Nova Iguaçu, de 1760

Colégio jesuítico de Itaguaí - Igreja de São Francisco Xavier

PÚBLICA
Ponte dos Jesuítas, de 1752, em Santa Cruz, foi um dos 5 primeiros
bens tombados no Brasil

Pintura da Tijuca no início do século XIX, com a igreja de São


Francisco Xavier, da antiga fazenda dos jesuítas (Chamberlain)

Praia do Flamengo antes do aterro

PÚBLICA
Abertura da Av Presidente Vargas

Demolição Igreja de São Pedro na Av Presidente Vargas

Obra no quebra-mar da Barra, ponte feita para transportar pedras de


um lado ao outro

O Homem e a Serra

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv27286_v4.pdf

PÚBLICA
O livro inicia com a descrição geológica detalhada da formação das cadeias
montanhosas fluminenses e depois aborda a visão da ocupação humana, com uma
preferência nítida nas proximidades da região natal de Lamego, Santa Maria
Madalena, Trajano de Morais, São Fidélis (que nem é serra), Cambuci, Itaocara,
Pádua, Miracema, Itaperuna, Bom Jesus do Itabapoana, Natividade e Porciúncula,
além de fotos e relatos dos rios Mocotó e Imbé. Mas os relatos históricos das demais
regiões serranas também são espetaculares, certamente é material farto para quem
pesquisa sobre esses municípios.

Resende, Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Barra Mansa, Matriz de São Sebastião

PÚBLICA
Caminho Novo (1700) de Garcia Pais e Caminho dos Proença (1722),
quatro dias mais rápido.

Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de Vassouras

PÚBLICA
Chafariz D. Pedro II em Vassouras

Palacete do Barão do Amparo em Vassouras, hoje em ruínas

Casa da Hera, residência dos Teixeira Leite, hoje é um ótimo museu


em Vassouras

PÚBLICA
Valença

Rio das Flores, Igreja de Santa Teresa

Barra do Piraí

PÚBLICA
Fazenda Aliança, Barra do Piraí

Fazenda Bemposta, Areal

Solar da Fazenda do Secretário, Vassouras

PÚBLICA
Engenho da Fazenda do Pau Grande, Paty do Alferes

São Joaquim da Grama, Passa Três

São João Marcos, pouco antes de ser inundada pela represa de


Ribeirão das Lajes

PÚBLICA
Fazenda Bela Vista (não existe mais) e Ponte Bela, São João Marcos

Ponte Bela - na atual Serra do Piloto

PÚBLICA
Solar do Paraíso, Rio das Flores - uma das mais preservadas do Vale
do Café

Solar do Barão de Santa Justa, Rio das Flores

Fazenda Santa Mônica, onde morreu o Duque de Caxias - Barão de


Juparanã

Nova Friburgo

PÚBLICA
Catedral de São João Batista, Nova Friburgo

Fonte do Suspiro, Nova Friburgo

Colégio Anchieta, Nova Friburgo

PÚBLICA
Cantagalo

Câmara Municipal, Cantagalo

Matriz do Santíssimo Sacramento de Cantagalo

PÚBLICA
Solar da Fazenda Gavião, (abandonada), Cantagalo

Fazenda São Clemente, Cantagalo

Matriz de Santa Maria Madalena

PÚBLICA
Matriz de São Fidélis

Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Cambuci

Santo Antônio de Pádua

Miracema

PÚBLICA
Matriz de Santo Antônio em Miracema

Itaperuna

Outro ângulo de Itaperuna

PÚBLICA
Fazenda Santo Antônio, de Itaipava

Macaé à luz de Documentos Inéditos


https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/22/age
rj_1958_n11.pdf

Esse é outro trabalho de Lamego muito referenciado por quem fala de Macaé,
publicado no Anuário Geográfico do Estado do Rio de Janeiro de 1958. É um
descritivo bem detalhado dos fatos históricos da região desde a chegada do
europeu na região.

PÚBLICA
Milbs

Acidentalmente, pela internet, tomei conhecimento dos artigos do jornalista José


Milbs Lacerda Gama no jornal O Rebate, que abordam temas muito interessantes
sobre Macaé e me interessaram muito por conter algumas referências à família
Lobo. Sua avó Alice "Nhasinha" Quintino de Lacerda era prima da nossa bisavó
Adelina "Santa" Tavares Lobo, ele escreveu ótimas linhas sobre ela e sobre vários
membros da família, vale a pena ler estes relatos e também os outros que ele
escreveu, em especial A Saga de Nhasinha, onde ele conta a história de sua avó. E o
seu avô, marido de Nhasinha, foi casado em primeiras núpcias com Leonor Lobo,
irmã do nosso bisavô Chico Lobo. Separei aqui abaixo alguns dos links dos textos de
que mais gosto:

http://orebate-josemilbs.blogspot.com/2010/04/joca-mirnes-e-dacio-
tavares-lobodos.html

http://orebate-josemilbs.blogspot.com/2011/09/blog-post.html

http://orebate-josemilbs.blogspot.com/2010/08/

https://jornalorebate.com.br/livros/nhasinha/13.htm

https://jornalorebate.com.br/livros/nhasinha/

PÚBLICA

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