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Análise tributária para implementação de SVAs

Sumário
Operacionalização Contábil de SVAs ........................................................................................................................................ 2
Separação de SCM e SVA ..................................................................................................................................................... 2
Das definições SCM, SVA e SCI: ....................................................................................................................................... 2
Benefícios da Separação ................................................................................................................................................... 2
Da entrega e venda de produtos digitais: .............................................................................................................................. 3
Livros digitais – Tocalivros Ilimitado ou Curadoria ................................................................................................................. 3
CNAE – Livros digitais ........................................................................................................................................................ 3
CNAE – Amplo para portal de conteúdos e programas e aplicativos na internet: .............................................................. 3
Da emissão documento fiscal ............................................................................................................................................. 4
Estrutura Societária ................................................................................................................................................................... 8
Embasamento legal sobre imunidade do livro ........................................................................................................................... 9
Da Imunidade do livro ............................................................................................................................................................ 9
Da contribuição de PIS/COFINS .......................................................................................................................................... 10
Da elaboração de KIT / Combos: ......................................................................................................................................... 11
Da Conclusão ....................................................................................................................................................................... 12
MODELO de Regulamento – Oferta de livros digitais ............................................................................................................. 13
A - Objetivos ......................................................................................................................................................................... 13
B - Elegibilidade ................................................................................................................................................................... 13
C – Abrangência .................................................................................................................................................................. 13
D – Duração da Oferta ......................................................................................................................................................... 13
E – Oferta de livros digitais .................................................................................................................................................. 13
F – Condições gerais da oferta ............................................................................................................................................ 13

Instrução de uso
Este manual contém informações contábeis, tributárias e jurídicas que são utilizadas no mercado por diversas empresas. É
uma forma de conhecimento agregado com o intuito de facilitar e acelerar o processo de tomada de decisão, discussão e
implementação de Produtos e Serviços de Valor Agregado (SVAs) em sua empresa. São levantadas sugestões, opções e
práticas de mercado utilizadas para implementação de SVAs. Sempre recomendamos seja realizada uma consulta com sua
área de contabilidade e/ou assessoria jurídica para eventuais dúvidas específicas de sua empresa.

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23 de Outubro de 2021
OPERACIONALIZAÇÃO CONTÁBIL DE SVAS

Separação de SCM e SVA


Das definições SCM, SVA e SCI:
Definições SVA:
“É um serviço fixo de telecomunicações de interesse coletivo, prestado em âmbito nacional e internacional, no regime privado,
que possibilita a oferta de capacidade de transmissão, emissão e recepção de informações multimídia, utilizando quaisquer
meios, a assinantes dentro de uma área de prestação de serviço”.

SVA (Serviço de Valor Adicionado): Tem regime privado e independente de qualquer tipo de autorização conforme o artigo
61 da LGT. A Espécie é a conexão e acesso a rede de internet conforme Norma 004/1995 – Ministério das Comunicações,
com Jurisprudência consolidada: Portaria 148/95 – MC; Resolução 73/98 – ANATEL; Ofícios e informes da Anatel;

Definições SCM:
“Atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas
utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações.”
Serviços de Telecomunicações: Tem regime privado e requer autorização para o tipo de serviço conforme art. 60 da LGT.
Sua espécie é de SCM (Serviços de Comunicação Multimídia), de acordo com a resolução ANATEL nº 614/2013, 272/2001,
632/2014.

Definição SCI:
“Nome genérico que designa Serviço de Valor Adicionado, que possibilita o acesso à internet a Usuários e Provedores de
Serviços de Informações”.

Da análise SVA e SCM:


De acordo com oficio 10/2006 da ANATEL demonstramos as definições e a efetiva separação do SVA e SCM conforme
abaixo:

“5. O serviço de Valor Adicionado – SVA é a atividade que acrescenta, a um serviço


de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades
relacionadas ao acesso, autenticação, armazenamento, apresentação, movimentação ou
recuperação de informações, segundo a definição legal contida no art;. 61 da Lei Geral de
Telecomunicações.

6. O Serviço de valor Adicionado não constitui serviço de telecomunicações,


classificando-se seu provedor (de conteúdo, de autenticação, de e-mail, etc.) como usuário
do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os direitos e deveres inerentes a
essa condição.

7. Tendo esclarecidos tais conceitos e diferenciações entre o Serviço de


Telecomunicação e o Serviço de Valor Adicionado, quando verificamos as disposições
legais que definem do que constitui-se o Serviço de Conexão à Internet – SCI, verificamos
claramente que este é um Serviço de Valor Adicionado. A Norma nº. 004/95, que
regulamenta o uso de meios de rede de telecomunicações para acesso à internet, dispõe:”,
Ofício 10/2006 ANATEL.

Benefícios da Separação
No processo de separação dos serviços oferecidos não há a incidência de ICMS nos serviços de conexão a internet conforme
a Súmula 334.

“Súmula 334. O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à internet”.

Não há incidência do ISSQN nos serviços de conexão a internet, conforme STJ. Resp. 674.188/PR):

“(...) 7. Mesmo após a edição da Lei Complementar 116/2006, não se cogita a incidência
de ISS sobre o serviço prestado pelos provedores de acesso à internet, porquanto não se
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equipara aos serviços de informática e congêneres previstos no item 1 anexo à referida lei
– os quais referem a desenvolvimento, análise e processamento de dados.”, STJ RESP.
647.188/PR

Não há incidência do FUST e FUNNTEL nos serviços de conexão a internet:

“Não constituem serviços de telecomunicações, nos termos do art. 3º do Regulamento dos


Serviços de Telecomunicações, aprovado pela Resolução nº 73
(...)
III – os serviços de valor adicionado, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.472 de 1997

Da entrega e venda de produtos digitais:


A operacionalização e venda de produtos digitais deve ser realizada com cuidado, uma vez que os produtos são intangíveis
e o fisco pode vir a questionar e verificar a efetiva venda do produto digital. Para tanto é importante lembrar que ao caracterizar
a venda de um produto digital é necessário respeitar três aspectos:

(i) Entrega do produto: O produto deve ser entregue ao cliente final. Ou seja, ele tem que ter acesso a todos os produtos
vendidos através de seu acesso único, recomendamos que seja vinculado ao CPF do cliente. Uma vez realizado o
acesso e indicado o CPF o mesmo terá toda sua lista de livros adquiridos.
(ii) Valor de Mercado: O preço de venda do produto deve ter um preço de venda equiparável aos produtos vendidos no
varejo. Dessa forma recomenda-se que os produtos sejam vendidos a um preço inferior aqueles ofertados em
serviços similiares, livrarias, eCommerces e Marketplaces.
(iii) Cessão definitiva: O licenciamento do produto digital é dividido em cessão definitiva e cessão temporária. A cessão
temporária é destinada a serviços de streaming ou acessos limitados de uso. No caso da venda é necessário que
haja a cessão definitiva daquele produto digital, portanto é vital que o cliente possa acessar o produto digital a
qualquer tempo.

Também se recomenda um quarto aspecto referente ao relacionamento com o cliente, apesar de não ser obrigatório:
(iv) Comunicação: A comunicação no processo de venda do produto ou transferência de plano com o produto junto ao
cliente é recomendada, uma vez que o cliente entenda que está recebendo um produto adicional, “sem custo
adicional”, isso faz com que o relacionamento entre empresa e cliente aumente, reduzindo qualquer tipo de
desentendimento no momento que o cliente vier a conferir sua fatura ou nota fiscal.

Respeitando as recomendações de operacionalização da entrega, torna-se mais difícil qualquer questionamento ou glosa de
venda por parte do fisco pois estão contempladas as características básicas de uma venda digital: (i) Entrega do produto; (ii)
Valor de mercado competitivo e (iii) posse definitiva, facilitando portanto a defesa quanto a veracidade da venda digital.

Livros digitais – Tocalivros Ilimitado ou Curadoria


Para disponibilizar os SVAs de livros digitais recomendamos os CNAEs especificados abaixo de acordo com o tipo de
atividade de livro. Além deste CNAE recomendado, trazemos uma segunda opção mais ampla referente à portal de
conteúdos, programas e aplicativos na internet.

CNAE – Livros digitais


47.61-0-01 - Comércio Varejista De Livros
Esta subclasse compreende:
- o comércio varejista de livros, inclusive didáticos

CNAE – Amplo para portal de conteúdos e programas e aplicativos na internet:


6319-4/00 Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na internet
Esta subclasse compreende:
- a operação de páginas de internet (websites) ou de ferramentas de busca (search engine) para gerar e
manter grandes bases de dados de endereços e conteúdos de internet
- a operação de portais da internet que atualizam periodicamente seu conteúdo, como, por exemplo, os dos
meios de comunicação
- as atividades para certificação digital
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Esta subclasse compreende também:
- as páginas de entretenimento (jogos) na internet, exceto jogos de azar
- as páginas de publicidade na internet
- o acesso a programas na internet
- os serviços de disponibilização de música através da internet
- os serviços de e-mail

Da emissão documento fiscal


Na operação de comercialização de livros utiliza-se três documentos fiscais para realização da nota de forma contábil e ao
fisco, sendo eles:

(i) NOTA FISCAL DE SERVIÇOS (NFSe): Esta NFSe é utilizada para o plano Tocalivros Ilimitado. O item de
serviço mais adequado a utilizar é o 1.09 conforme o descritivo abaixo, note que alguns municípios podem ainda
não ter atualizado a legislação, nesse caso recomendamos conversar com o fiscal da prefeitura onde eles podem
indicar algum outro item para o seu município, por exemplo, alguns casos já solicitaram para utilizar o 1.03.
Abaixo segue também um modelo de emissão de NFSe.

1.03 – Processamento, armazenamento ou hospedagem de dados, textos, imagens, vídeos,


páginas eletrônicas, aplicativos e sistemas de informação, entre outros formatos, e congêneres.

***

1.09 – Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de imagem e texto por meio da internet,
respeitada a imunidade de livros, jornais e periódicos (exceto a distribuição de conteúdos pelas
prestadoras de Serviço de Acesso Condicionado, de que trata a Lei Federal nº 12.485, de 12 de
setembro de 2011, sujeita ao ICMS)

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(ii) NOTA FISCAL DE PRODUTOS (NFe): Este modelo é utilizado unicamente para o plano Tocalivros Curadoria,
onde o cliente detém a propriedade do livro entregue. Nesse caso pode utilizar-se do modelo 55, com NCM
4901.99.00 e cadastro completo do cliente discriminando a transferência de posse do livro àquele cliente final
que terá acesso ao conteúdo.

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(iii) RECIBO ou NOTA DE DÉBITO: Esta modalidade não é a mais recomendada mas acaba sendo utilizada por
algumas empresas do setor diversos SVAs inclusive para o Tocalivros Ilimitado. Para o plano Tocalivros
Curadoria esta opção não é recomendada pois é necessário caracterizar o processo de venda e transferência
da posse do livro digital. Abaixo segue um exemplo de Nota de Débito:

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Nota Importante: Para todas as emissões fiscais recomendamos que seja incluído o seguinte texto na área de observações
a fim de indicar o embasamento legal da imunidade e isenção tributária em caso de eventual fiscalização.

Serviços Digitais de SVA de Livros e Audiolivros.


Respeitada a imunidade concedida na Constituição federal em que Livros em formato digital estará
abrangido pela imunidade de Imposto do artigo 150, inciso VI, alínea d. E, também respeitada a
isenção tributaria como nos termos do inciso VI, do artigo 28, ambos da Lei n 10.865, de 2004 que
ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas das contribuições de PIS/COFINS para Livros.

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ESTRUTURA SOCIETÁRIA
Para implementar e operacionalizar os serviços de SVA em seu provedor existem duas principais estruturas societárias que
são aplicadas no mercado. Cada uma com suas vantagens, desvantagens e riscos.

1. Modelo Simples: Neste modelo a comercialização de SCM e SVA são realizados no mesmo CNPJ, com o ajuste do
CNAE e separação das Notas.
a. Vantagens: Menor custo e operacionalização mais simples.
b. Desvantagens: Maior risco com o fisco.
2. Modelo dois CNPJs: Neste modelo separa-se a empresa em dois CNPJs, onde o primeiro realiza os serviços de
SCM enquanto o novo CNPJ é responsável pelos serviços de SVA.
a. Vantagens: Menor risco com o fisco e melhor definição da separação dos serviços.
b. Desvantagens: Maior custo operacional.

Legislação aplicável ao aplicar o modelo de duas empresas, trazemos o entendimento do CARF abaixo:

“Não é simulação a instalação de duas empresas na mesma área geográfica com o


desmembramento das atividades antes exercidas por uma delas objetivando racionalizar
as operações e diminuir a carga tributária;” CARF – Conselho Adminbistrativo de Recursos
Fiscais. Acórdão n.º 103-23.357 de 23/01/2008.

Dessa forma é importante definir e separar as operações das duas empresas tomando em conta:
a. Distinção de finalidades para as empresas em (i) serviços e produtos; ou (ii) região e mercado.
b. Separação das empresas no quesito de sócios, endereços, funcionários, infraestrutura, marca e finalidade.
c. Cada empresa tem de ser capaz de custear suas próprias despesas, com seus próprios recursos.
d. Cada empresa deve possuir empregados suficientes a cumprir, de forma autônoma e independente, seu objeto
social.

[ à ser ampliado ]

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EMBASAMENTO LEGAL SOBRE IMUNIDADE DO LIVRO

Para facilitar o entendimento sobre a imunidade do livro, é apresentado a seguir as principais legislações no código brasileiro
que sustentam e embasam a Imunidade e Isenção do Livro.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988;


SEÇÃO II
"DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR";
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
- VI - instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

Conforme o artigo indicado acima, entende-se que os impostos não tributáveis pela venda ou disponibilização eletrônica são:
 IRPJ – Imposto de renda pessoa jurídica;
 ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação;
 ISSQN - Imposto sobre serviços de qualquer natureza;

Da Imunidade do livro

De acordo com o julgamento dos Recursos Extraordinários nº 330.817 e nº 595.6761, a Suprema Corte, em uma interpretação
evolutiva e finalística, decidiu estender a referida imunidade para abranger o moderno conceito dos livros eletrônicos ou
digitais.

Conforme a referida decisão, ficou decidido que a imunidade abrange:


a) o e-book;
b) o audio-book (livros gravados em áudio);
c) o e-reader confeccionado exclusivamente para o fim de leitura, ainda que equipado de funcionalidades acessórias
ou rudimentares; e
d) o CD-Rom se aquilo que nele estiver fixado (seu conteúdo textual) for um livro.

Em seguida em 2020 o STF julgou a Súmula Vinculante 57 que amplia e garante a imunidade tributária para os formatos
digitais:

Súmula Vinculante 572


A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e
comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes
exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers),
ainda que possuam funcionalidades acessórias.

Portanto, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, o que seria, antes, considerado livro, mas apenas o suporte é
alterado, continua sendo livro para fins da imunidade tributária. A regulamentação do serviço, em âmbito nacional, encontra-
se na Lei Complementar nº 116, de 2003, e no âmbito do Município de São Paulo, no Decreto nº 58.420, de 2018. Ambos os
documentos legislativos listam quais serviços o imposto pode incidir, destacando-se, para o caso em análise, o item 1.09,
situado na seção destinada aos serviços de informática, computação e congêneres, que caracteriza o serviço de:

Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por
meio da internet, respeitada a imunidade de livros, jornais e periódicos (exceto a distribuição
de conteúdos pelas prestadoras de Serviço de Acesso Condicionado, de que trata a Lei nº
12.485, de 12 de setembro de 2011, sujeita ao ICMS).

1STF decide que livros digitais têm


imunidade tributária (http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=337857&caixaBusca=N)
2STF Sumula Vinculante 57 (http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=5966)
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Vale ressaltar que o item 1.09 foi inserido pela Lei Complementar nº 157, de 2016, cuja origem é o Projeto de Lei
Complementar nº 366, de 2013, que, ao desenhar as linhas desse item, consignou que:

O novo subitem 1.09 trata da prestação de serviço de disponibilização de aplicativos em


página eletrônica. Tal serviço abrange a “computação em nuvem” disponibiliza um conjunto
de recursos para a prestação remota de serviços. Possui um formato de computação no
qual aplicativos, dados e recursos e Tecnologia da Informação (TI) são compartilhados aos
tomadores por meio da internet. É uma prestação de serviço com valoração econômica
própria. O prestador obriga-se a manter uma infraestrutura própria composta por mão de
obra, equipamentos e programas.

No decorrer do processo, a redação do dispositivo foi modificada para atender aos interesses de estados e municípios, sem
que se descuidasse da imunidade constitucional do material educacional e se ignorasse a mudança das formas pelas quais
serviços são prestados.

Em outras palavras, a modificação implementada pela Lei Complementar nº 157, de 2016, buscou não só inserir novos
serviços no âmbito da tributação do ISS, mas começar a modificar o entendimento histórico do que se pode compreender por
serviço, pois estes, como reflexo do meio socioeconômico, são mutáveis e, consequentemente, apresentam-se por novas
faces.

Dessa forma pode-se entender que a operação de livros digitais tanto em modelo restrito de venda como irrestrito em formato
ilimitado de conteúdos é alcançado pela imunidade do livro.

Da contribuição de PIS/COFINS

Apesar de imunidade de imposto indicado na Constituição Federal, esta imunidade não abrange outros tributos como por
exemplo as contribuições sociais. Contudo, buscando-se cumprir as diretrizes político-constitucionais para valorização da
educação e da divulgação cultural, o legislador desonerou os livros das contribuições ao PIS-Importação e da COFINS-
Importação, reduzindo a 0 (zero) as alíquotas incidentes sobre a importação de livros e sobre a receita bruta decorrente da
venda livros, no mercado interno, nos termos do inciso XII, § 12, do artigo 8º e inciso VI, do artigo 28, ambos da Lei nº 10.865,
de 2004:

Art. 8º As contribuições serão calculadas mediante aplicação, sobre a base de cálculo de


que trata o art. 7º desta Lei, das alíquotas:
(...)
§ 12. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas das contribuições, nas hipóteses de
importação de:
(...)
XII - livros, conforme definido no art. 2º da Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003.

***

Art. 28. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da


COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, de:
(...)
VI - livros, conforme definido no art. 2º da Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003. (g.n.)

No entanto, a Secretaria da Receita Federal do Brasil restringe essa redução à 0 (zero) por entender que por se tratar de
direito excepcional (exoneração fiscal), o benefício deve ser interpretado restritivamente e literalmente com base no artigo
111 do Código Tributário Nacional – CTN. Dessa forma por intermédio da Solução de Consulta COSIT nº 393, de 2017, a
SRF mantém o entendimento que somente estarão sujeitos à alíquota zero de que tratam os dispositivos legais acima, os
produtos que atendam às condições descritas no caput do art. 2º da Lei nº 10.753, de 2003, que institui a Política Nacional
do Livro.

Portanto, para a RFB somente os exemplares equiparados a livro pela Política Nacional do Livro é que gozam da redução a
0 (zero) das alíquotas das contribuições do PIS e COFINS, conforme a seguir:

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Art. 2º Considera-se livro, para efeitos desta Lei, a publicação de textos escritos em fichas
ou folhas, não periódica, grampeada, colada ou costurada, em volume cartonado,
encadernado ou em brochura, em capas avulsas, em qualquer formato e acabamento.
Parágrafo único. São equiparados a livro:
I - fascículos, publicações de qualquer natureza que representem parte de livro;
II - materiais avulsos relacionados com o livro, impressos em papel ou em material similar;
III - roteiros de leitura para controle e estudo de literatura ou de obras didáticas;
IV - álbuns para colorir, pintar, recortar ou armar;
V - atlas geográficos, históricos, anatômicos, mapas e cartogramas;
VI - textos derivados de livro ou originais, produzidos por editores, mediante contrato de
edição celebrado com o autor, com a utilização de qualquer suporte;
VII - livros em meio digital, magnético e ótico, para uso exclusivo de pessoas com
deficiência visual; VIII - livros impressos no Sistema Braille. (...)

Dessa forma, pode-se notar que a Secretaria da Receita Federal do Brasil entende que a alíquota zero sobre a importação e
venda no mercado interno das contribuições ao PIS e da COFINS devendo estes serem textos derivados de livro ou originais
mediante contrato de edição celebrado com o autor, em qualquer suporte, ou seja, físico, ebook ou audiolivro digital.

Sob ótica atual do Supremo Tribunal Federal de Livro, como indicado na Súmula vinculante 57 enunciada em 2020, há um
entendimento mais amplo e abrangente da definição de Livro, contemplando outros formatos como o digital, garantindo a
imunidade e por consequência a isenção de PIS/COFINS. Essa nova decisão consolida ainda mais o entendimento do livro
digital como livro pacificando ainda mais a definição de livro na legislação brasileira com os direitos de Imunidade de Imposto
e Isenção de PIS/COFINS na venda de livro.

Da elaboração de KIT / Combos:

A fim de dirimir o questionamento referente à legalidade de elaboração de KITs de produtos abaixo apresenta-se uma consulta
à Secretaria de Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo evidenciando que há a possibilidade de elaborar os KITS,
inclusive conta que os produtos constantes no KIT devem ser tributados de forma independente com seu respectivo NCM,
carga tributária, e eventuais substituições tributárias.

5. Prosseguindo, tendo em vista o objeto da presente consulta e a indagação apresentada


pela Consulente, cumpre elucidar o conceito de “kit”. Dessa feita, para as regras do ICMS,
“kit” é um mero conjunto de mercadorias comercializadas de forma agregada, sem que,
contudo, esse agrupamento constitua uma mercadoria autônoma para fins de tributação.
Sendo assim, o fato de serem comercializadas em conjunto não leva à alteração do
tratamento tributário aplicável a cada uma dessas mercadorias.

5.1. Dessa forma, ao emitir a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) correspondente à saída do “kit”,
além dos demais requisitos exigidos pela legislação, a Consulente deve indicar, nos
campos destinados ao detalhamento de produtos e serviços da NF-e, todos os dados das
mercadorias que compõem o referido “kit”, para a perfeita identificação de cada uma delas
(conforme ordena o artigo 127, IV, "b", do RICMS/2000), discriminando, individualmente,
cada uma delas com seus respectivos CFOPs.

5.2. Ademais, na hipótese de a Consulente ser substituta tributária em relação a pelo menos
uma das mercadorias que compõem o “kit”, a Nota Fiscal deverá indicar, em relação aos
produtos submetidos à sistemática da sujeição passiva por substituição, no quadro “Cálculo
do Imposto”, a base de cálculo aplicada para a determinação do valor do ICMS retido por
substituição tributária e o próprio valor do ICMS retido por substituição tributária (artigo 127,
inciso V, “c” e “d”, do RICMS/2000) e, no campo “Informações Complementares”, deverá
discriminar, relativamente a cada mercadoria, o valor da base de cálculo da retenção, bem
como o valor do imposto retido (artigo 273, §§ 3º e 5º, do RICMS/2000).
[...]
8. Por todo o exposto, para responder a dúvida da Consulente, é necessário verificar se é
vendido um único produto completo ou se estão sendo vendidos dois ou mais itens
separados, ainda que, em ambos os casos, os itens estejam acondicionados em uma

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mesma embalagem. Assim, se os itens agregados forem componentes de um único produto
vendido, enquadrado em um único código da NCM, e vendido como produto completo,
então, a NF-e de venda deve conter a perfeita descrição do produto vendido, destaque do
valor do imposto devido e a correta identificação do valor da operação. De modo diverso,
se forem vendidos itens separados, então a Consulente deverá indicar, nos campos
destinados ao detalhamento de produtos e serviços da NF-e, todos os dados das
mercadorias que compõem o referido “kit”, para a perfeita identificação e tributação de cada
uma delas. “, Secretaria de Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo – RC
19383/2019, https://legislacao.fazenda.sp.gov.br/Paginas/RC19383_2019.aspx

Apesar desta consulta ser realizada para um mercado diferente de Livros, entende-se que a regra geral também é aplicável
à outros mercados seguindo a mesma indicação da Secretaria.

Da Conclusão
Conforme a legislação exposta acima, pode-se entender de que a referida imunidade do livro está pacificada com a decisão
do Supremo Tribunal Federal, também se apresenta a legalidade de criar “Kits” ou “Combos” de produtos onde cada item
deve ser devidamente identificado na emissão da NF com sua respectiva tributação. Dessa forma pode-se validar que existe
viabilidade para execução de um “Kit” ou “Combo” que tenha a inclusão de livros de forma legal.

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MODELO DE REGULAMENTO – OFERTA DE LIVROS DIGITAIS

A - Objetivos
1. O objetivo do presente regulamento é estabelecer as condições da oferta de livros digitais, que serão oferecidos no serviço
[NomeFantasia] (“Oferta”) pela [RazãoSocial], estabelecida na [EndereçoCompleto], inscrita no CNPJ [CNPJ].

B - Elegibilidade
2. Os livros digitais (ou “Audiobooks”, ou “ebooks”, conforme definição abaixo) serão disponibilizados a todos os clientes
pessoas físicas que contrataram ou contratarem os planos descritos na tabela abaixo durante o período de vigência da Oferta.

 [Nome dos Planos]

C – Abrangência
3. A Oferta é válida para todos os estados do Brasil.

D – Duração da Oferta
4. A Oferta é válida de 01 de Dezembro de 2021 até 31 de dezembro 2022, podendo ser renovada a critério da empresa.

E – Oferta de livros digitais


5. Durante o período de vigência da Oferta, o cliente terá à sua disposição o acesso ao Livro Digital da Tocalivros, que é um
aplicativo de livros digitais, tanto ebooks como audiolivros, por meio do qual o cliente tem acesso a um Livro Digital por mês,
mediante cessão definitiva do respectivo conteúdo para ouvir dentro da plataforma. Um novo exemplar é entregue em formato
digital todo mês. Ao cancelar o serviço da [NomeFantasia] com a Oferta incluída, o cliente continuará com acesso aos Livros
Digitais já disponibilizados, mas não receberá novos exemplares. Para acessar a plataforma, o cliente deverá baixar o
aplicativo Tocalivros nas lojas Play Store e App Store e seguir as orientações de cadastro. Cada cliente terá direito a apenas
1 (um) cadastro.

6. A eventual não utilização dos Livros Digitais não resultará na concessão de qualquer desconto ou redução de valores
cobrados pelo plano do cliente, uma vez que permanecem disponíveis desde o início da Oferta.

7. O cliente visualizará em sua nota fiscal, dentro do valor mensal fixo em Reais (R$) cobrado pelo seu plano, o custo de
disponibilização dos Livros Digitais, conforme tabela abaixo. O valor final do plano após a disponibilização dos Livros Digitais
será o mesmo valor originalmente contratado no plano escolhido:

[ TABELA COM PLANOS e PREÇOS]


Planos [NomeFantasia] Tocalivros Curadoria
Plano A R$ 9,90
Plano B R$ 9,90

F – Condições gerais da oferta


6. A Oferta é disponibilizada aos clientes atuais dos planos descritos no item 2.1. ou aos clientes que vierem a contratá-los,
respeitado o prazo de duração da Oferta, exceto se o cliente optar por outra oferta ou plano eventualmente disponível.

7. Durante a vigência da Oferta, o Livro Digital integrará o plano do cliente e não poderá ser cancelado de forma parcial ou
integral. O pedido de cancelamento implicará a necessidade de troca do plano do cliente.

8. Caso o cliente queira cancelar o Livro Digital e manter o serviço da [NomeFantasia], deverá optar por outra oferta de serviço
que não possua o Livro digital incluído promocionalmente. Essa alteração de oferta pode ser realizada em lojas, revendas e
atendimento do serviço da [NomeFantasia].

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23 de Outubro de 2021
9. Por tratar-se de Oferta de caráter promocional, o presente Regulamento poderá ser alterado e/ou a Oferta ampliada,
reduzida, suspensa ou cancelada, sendo garantida, em qualquer caso, a concessão do benefício ao usuário que já tenha
sido cadastrado na Oferta, até a data da sua alteração, suspensão ou cancelamento.

10. As dúvidas, divergências, reclamações e esclarecimentos que não puderem ser solucionados por meio da aplicação do
presente Regulamento e do Termo de Adesão para serviço da [NomeFantasia], deverão ser direcionadas pelo usuário a
Central de Relacionamento ou site da [NomeFantasia].

11. Aplicam-se ao presente Regulamento todas as disposições previstas no Termo de Adesão para Serviços da
[NomeFantasia].

São Paulo, 01 de julho de 2021.

[CNPJ do Cliente]

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