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Instituto Superior de Gestão e Administração de Santarém

Curso Tesp em Marketing Digital e Comércio Eletrónico

Lei das Comunicações Eletrónicas

Renata Paulucio

Docente:

Susana Pitta Soares

Unidade Curricular: Legislação Informática e do Comércio Eletrónico

Santarém

Ano letivo 2023-2024

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Resumo

A mais recente atualização da Lei das Comunicações Eletrónicas foi publicada em 16 de agosto de 2022
e entrou em vigor em 01 de outubro do mesmo ano. Este instrumento legal aborda diversos aspetos
vinculados aos serviços de comunicações eletrónicas, incluindo o acesso às redes e serviços
disponibilizados, a salvaguarda dos utilizadores finais, a distribuição dos custos das obrigações de
serviço universal e a promoção da concorrência nos mercados de redes e serviços. Adicionalmente, a
legislação incorpora diretrizes essenciais destinadas a assegurar a proteção jurídica dos serviços de
acesso condicional e a fomentar a concorrência nos referidos mercados além de garantir que as empresas
que oferecem serviços sujeitos às obrigações estabelecidas devem completar um modelo de resumo
contratual, contendo as informações necessárias, e disponibilizá-lo gratuitamente aos consumidores
antes da celebração do contrato. Importante ressaltar que as informações abordadas na lei se tornam
parte integrante do contrato e estão sujeitas a não serem alteradas unilateralmente pelas empresas. Este
contexto normativo reforça a importância da transparência e proteção dos direitos dos consumidores no
âmbito das comunicações eletrónicas.

Palavras-chave: Lei das Comunicações Eletrónicas; Legislação portuguesa; ANACOM; Lei n.º
16/2022; Comunicação Eletrónica.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5
2. O QUE É A LEI DAS COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS ......................................... 6
2.1 QUAIS AS APLICAÇÕES DESSA LEI: ..................................................................................... 6
2.2 QUANDO A LEI ENTROU EM VIGOR:.................................................................................... 7
2.3 QUAIS AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NESTA NOVA VERSÃO DA LEI: ..................................... 7
3. UTILIZADOR FINAL ........................................................................................................ 9
4. REGULAÇÃO.................................................................................................................... 11
4.1 COMPETE À ANACOM: .................................................................................................. 11
4.2 NÃO COMPETE À ANACOM: .......................................................................................... 12
5. ACESSO E INTERLIGAÇÃO ......................................................................................... 13
6. PROTEÇÃO DA CONCORRÊNCIA, DA CONECTIVIDADE E DA COBERTURA
TERRITORIAL ..................................................................................................................... 14
7. MEIOS DE COMUNICAÇÃO ENVOLVIDOS ............................................................. 15
7.1 SERVIÇOS TELEFÓNICOS ACESSÍVEIS AO PÚBLICO: .......................................................... 15
7.2 SERVIÇOS DE ACESSO À INTERNET: ................................................................................. 15
7.3 SERVIÇOS DE MENSAGENS ELETRÓNICAS: ....................................................................... 15
7.4 SERVIÇOS DE COMUNICAÇÕES INTERATIVAS: .................................................................. 16
7.5 SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO SONORA: ........................................................................... 16
7.6 SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO TELEVISIVA: ...................................................................... 16
7.7 SERVIÇOS DE COMUNICAÇÕES DE EMERGÊNCIA: ............................................................. 16
8. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 17
9. BIBLIOGRAFIA................................................................................................................ 18

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como propósito explorar os termos fundamentais relacionados à


Lei das Comunicações Eletrónicas, delineando de maneira abrangente sua esfera de aplicação.
De acordo com a definição da Autoridade Nacional de Comunicações portuguesa, ANACOM,
as Comunicações Eletrónicas englobam "os serviços oferecidos em geral mediante
remuneração, que consiste total ou principalmente no envio de sinais através de redes de
comunicações eletrónicas, incluindo os serviços de telecomunicações (serviços de telefone
fixo, telefone móvel, internet fixa, internet móvel e televisão por subscrição) e os serviços de
transmissão em redes utilizadas para a radiodifusão" (Anacom, Glossário Anacom).

A Lei das Comunicações Eletrónicas assume um papel regulatório abrangente, abordando


diversos aspetos relacionados aos serviços de comunicações eletrónicas. Esses aspetos
incluem, mas não se limitam, ao acesso às redes e serviços oferecidos, a proteção dos
utilizadores finais, a distribuição dos custos das obrigações de serviço universal, a promoção
da concorrência nos mercados de redes e serviços, entre outros pontos de relevância. A
legislação desempenha ainda um papel crucial na transposição de diretrizes essenciais, visando
garantir a proteção jurídica dos serviços de acesso condicional e fomentar a concorrência nos
mercados pertinentes.

Este estudo se propõe a aprofundar a compreensão dessas disposições legais, destacando


sua importância para a regulação eficaz do setor de comunicações eletrónicas.

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2. O QUE É A LEI DAS COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS

A Lei das Comunicações Eletrónicas, foi pela 1ª vez promulgada em 10 de fevereiro de


2004, denominada por Lei n.º 5/2004. Hoje revogada pela Lei n.º 16/2022, de 16 de agosto,
transpondo para a ordem jurídica interna o Código Europeu das Comunicações Eletrónicas e
entrou em vigor no dia 01 de outubro de 2022, que conforme Art 1º, n.º 02, transpôs ainda as
Diretivas 98/84/CE, 2002/77/CE e (UE) 2018/1972, alterando as Leis n.º 41/2004, de 18 de
agosto, e 99/2009, de 4 de setembro, e os Decretos-Leis n.º 151-A/2000, de 20 de julho, e
24/2014, de 14 de fevereiro e a Portaria n.º 791/98, de 22 de setembro. (Lisboa, 2022)

Este diploma normativo estabelece o quadro jurídico que Regula o setor das redes e serviços
de comunicações eletrónicas em Portugal, transpondo as diretivas europeias e estabelecendo as
normas de não discriminação, proteção dos consumidores e gestão do espectro radioelétrico.
Além de, delinear as competências da ANACOM. (Advogados, 2023)

2.1 Quais as aplicações dessa lei:

A Lei das Comunicações Eletrónicas tem como finalidade estabelecer um quadro jurídico
aplicável às redes e serviços de comunicações eletrónicas, bem como aos recursos e serviços
correlatos, conforme visto abaixo:

• Estabelece os princípios e objetivos da regulação, bem como as competências e funções


da ANACOM;
• Define os direitos e obrigações dos utilizadores finais, dos consumidores e dos
prestadores de serviços de comunicações eletrónicas;
• Regula os aspetos relativos ao acesso e à interligação de redes e serviços, à gestão do
espectro radioelétrico, à numeração, à portabilidade e à interoperabilidade;
• Estipula as medidas de proteção da concorrência, de promoção da conectividade e da
cobertura territorial, de garantia da segurança e da integridade das redes e serviços, e
de salvaguarda da privacidade e dos dados pessoais;
• Prevê os mecanismos de resolução de litígios, de fiscalização e de sancionamento das
infrações. (Anacom, O que há de novo sobre… a Lei das Comunicações Eletrónicas,
2022)

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2.2 Quando a lei entrou em vigor:

Como dito anteriormente, a Lei das Comunicações Eletrónicas em sua nova versão entrou
em vigor a 01 de outubro de 2022, no entanto, de acordo com o artigo 4.º da mesma lei, algumas
regras em particular tiveram seu início em uma data diferente, são elas:

● 17/08/2022 - Regras em matéria de segurança das redes e serviços;


● 13/01/2023 - Regras relativas ao cálculo de encargos exigidos em caso de denúncia
antecipada de contratos com fidelização;
● 21/06/2022 - Regras relativas a comunicações de emergência e número único europeu
de emergência.

2.3 Quais as principais alterações nesta nova versão da lei:

Este quadro normativo introduziu diversas modificações, das quais se destacam


notavelmente:

1. Ampliação do âmbito de aplicação: A definição de "serviço de comunicações


eletrónicas" foi expandida, incorporando agora serviços como o acesso à Internet, os serviços
de comunicações interpessoais baseados em números (tais como os serviços telefónicos) e os
serviços de comunicações interpessoais independentes de números, conhecidos como serviços
over-the-top ou OTT.
Os serviços "over-the-top" (OTT) referem-se a aplicativos e plataformas de comunicação
que oferecem serviços diretamente aos usuários pela Internet, contornando as redes tradicionais
de telecomunicações. Estes serviços utilizam a infraestrutura de Internet para fornecer uma
variedade de serviços, como chamadas de voz, mensagens de texto, vídeo, e outros conteúdos
multimídia.
Ao contrário dos serviços tradicionais de telecomunicações, que costumam operar sobre
redes específicas, os serviços OTT são independentes dessas redes e geralmente são acessados
por meio de aplicativos instalados em dispositivos conectados à Internet, como smartphones,
tablets, computadores e smart TVs.
Exemplos de serviços OTT incluem aplicativos de mensagens instantâneas como
WhatsApp, Telegram e Facebook Messenger, serviços de chamadas de voz pela Internet como
Skype, além de plataformas de streaming de vídeo como Netflix, Disney+ e YouTube. Esses
serviços ganharam popularidade devido à flexibilidade e conveniência que oferecem aos
usuários, muitas vezes proporcionando uma alternativa mais acessível e global em comparação
com os serviços tradicionais de comunicação. (Arcoverde, 2022)

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2. Normas de não discriminação: Foi estabelecido que os provedores de serviços de
comunicações eletrónicas acessíveis ao público têm a obrigação de tratar de maneira equitativa
os utilizadores finais em situações equivalentes, evitando qualquer forma de discriminação
direta ou indireta. Tais discriminações podem ser baseadas em características como sexo, raça,
cor, origem étnica ou social, características genéticas, língua, religião, convicções, opiniões
políticas, pertença a uma minoria nacional, riqueza, nascimento, deficiência, idade ou
orientação sexual, bem como em critérios que não sejam objetivos, transparentes e
proporcionais.
Os operadores de redes públicas de comunicações eletrónicas devem conceder aos
prestadores de serviços de comunicações eletrónicas acessíveis ao público as mesmas
condições técnicas e comerciais que aplicam a si próprios ou às suas empresas associadas ou
parceiras, para a prestação de serviços equivalentes. Nesse contexto, é essencial evitar qualquer
discriminação, direta ou indireta, com base na identidade do prestador ou na natureza dos
serviços prestados.
Ambos os prestadores de serviços de comunicações eletrónicas acessíveis ao público e os
operadores de redes públicas de comunicações eletrónicas devem aderir estritamente às normas
de não discriminação estabelecidas pela Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM),
em conformidade com a presente lei e o Código Europeu das Comunicações Eletrónicas. Além
disso, devem cumprir todas as demais disposições legais e regulamentares aplicáveis. Este
compromisso com a não discriminação é crucial para promover a igualdade e a equidade no
setor das comunicações eletrónicas. No entanto, em situações excecionais, os operadores
podem justificar diferenciações objetivas, como, por exemplo, fundamentadas em
discrepâncias de custos e riscos, decorrentes, por exemplo, de investimentos em infraestruturas
num local específico.
3. Reforço dos direitos dos consumidores e outros utilizadores finais: Este novo
regime normativo fortaleceu os direitos dos consumidores e de outros utilizadores finais, como
microempresas, pequenas empresas ou organizações sem fins lucrativos, abordando áreas
previamente identificadas como problemáticas. Destacam-se questões relacionadas a pacotes
de serviços, transparência das condições contratuais, custos associados ao incumprimento do
período de fidelização, qualidade do serviço e alterações contratuais que possam resultar na
cessação dos contratos sem encargos. Essas melhorias visam responder a preocupações
destacadas tanto pela ANACOM quanto por organizações de defesa do consumidor.

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3. UTILIZADOR FINAL

Este termo aborda todas as pessoas individuais ou jurídicas que recorrem ou solicitam
serviços de comunicações eletrónicas acessíveis ao público, sem distinção quanto à sua
condição de consumidores. Isso significa que engloba tanto aqueles que agem no âmbito de
sua atividade profissional quanto aqueles que não o fazem (conforme definido no artigo 2.º,
alínea aa)). Os utilizadores finais possuem os seguintes direitos:

• Celebrar contratos com os prestadores de serviços de comunicações eletrónicas, com


cláusulas claras e transparentes, e a receber informações pré-contratuais e contratuais
completas e precisas (artigos 3.º a 10.º);

• Escolher livremente o prestador de serviços e o tipo de contrato, podendo optar por


contratos sem período de fidelização ou com períodos de fidelização de 6, 12 ou 24
meses, beneficiando de ofertas proporcionais ao período de fidelização escolhido
(artigos 11.º e 12.º);

• Rescindir o contrato a qualquer momento, sem custos adicionais, salvo o pagamento


dos encargos de instalação e dos equipamentos subsidiados, se aplicável, e a suportar
eventuais encargos de denúncia antecipada, calculados de acordo com uma fórmula
definida na lei, que não pode exceder 80 % do valor das mensalidades vincendas
(artigos 13.º e 14.º);

• Beneficiar de uma qualidade de serviço adequada, medir a velocidade da sua ligação à


Internet, e receber compensações em caso de avaria ou de incumprimento dos níveis
de qualidade contratados (artigos 15.º a 18.º);

• Mudar de prestador de serviços, mantendo o mesmo número de telefone ou de acesso


à Internet, num prazo máximo de um dia útil, sem custos adicionais, e beneficiar de
medidas de proteção em caso de portabilidade fraudulenta (artigos 19.º a 23.º);

• Utilizar os serviços de comunicações eletrónicas em roaming, ou seja, quando viajam


para outros países da União Europeia, sem custos adicionais, salvo em situações
excecionais previstas na lei (artigos 24.º a 28.º);

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• Aceder a serviços de emergência através do número único europeu de emergência
112, bem como de outros números de emergência nacionais, e beneficiar de serviços
avançados de emergência, como a localização precisa do chamador, o envio de
mensagens de texto, fotografias ou vídeos, e o acesso a serviços específicos para
pessoas com deficiência (artigos 29.º a 34.º);

• Ver protegidos os seus dados pessoais e a sua privacidade, podendo opor-se ao


tratamento dos seus dados para fins de marketing, à apresentação da sua identidade
nas chamadas recebidas, e à inclusão dos seus dados em listas públicas de assinantes
(artigos 35.º a 46.º);

• Recorrer a mecanismos de resolução de litígios, como a mediação, a arbitragem ou o


livro de reclamações, em caso de conflito com os prestadores de serviços de
comunicações eletrónicas (artigos 47.º a 50.º).

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4. REGULAÇÃO

A regulação estabelece os princípios e objetivos orientadores do setor das comunicações


eletrónicas, delineando igualmente as competências e responsabilidades da ANACOM
enquanto autoridade reguladora nacional.

A ANACOM não só regula como também supervisiona todo o setor das comunicações em
Portugal, destacam-se, dentro deste âmbito, as seguintes disposições, conforme estipulado
nos artigos 93.º a 128.º:

4.1 Compete à ANACOM:

• A regulação do setor das comunicações eletrónicas tem como meta fomentar a


concorrência, impulsionar o desenvolvimento do mercado interno e salvaguardar os
interesses dos utilizadores finais. Além disso, visa promover a conectividade, facilitar
o acesso a redes de elevada capacidade, otimizar a utilização do espectro radioelétrico
e dos recursos de numeração, zelar pela segurança e integridade das redes e serviços,
proteger o ambiente e a saúde pública, bem como defender a soberania e segurança
nacionais.

• Assumir o papel de entidade administrativa independente, incumbida da regulação,


supervisão e representação do setor das comunicações eletrónicas. De acordo com os
princípios da legalidade, imparcialidade, proporcionalidade, transparência,
responsabilidade e cooperação, a ANACOM deve exercer as competências e funções
estipuladas por lei.

• Definir os mercados relevantes de comunicações eletrónicas, a análise da


concorrência nesses mercados e a identificação de prestadores detentores de poder de
mercado significativo. A ANACOM pode, nesse contexto, impor obrigações
específicas, tais como a oferta de acesso, não discriminação, transparência, controlo
de preços ou separação funcional.

• A gestão do espectro radioelétrico e dos recursos de numeração. Isso inclui a


atribuição e renovação dos direitos de utilização desses recursos mediante o
pagamento de taxas, além da fiscalização do cumprimento das condições de
utilização, com a possibilidade de aplicação de sanções em caso de não conformidade.

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• A promoção da defesa dos direitos e interesses dos utilizadores finais é outra
responsabilidade da ANACOM, que se encarrega de garantir a qualidade e
acessibilidade dos serviços de comunicações eletrónicas. Isso implica assegurar a
proteção dos dados pessoais e da privacidade, além de disponibilizar mecanismos
eficazes para a resolução de litígios.

4.2 Não compete à ANACOM:

A legislação não confere à ANACOM atribuições para mediar ou resolver disputas entre
operadores de comunicações e utilizadores desses serviços. Além disso, as seguintes questões
não se enquadram nas competências de fiscalização e aplicação de sanções pela ANACOM:

• Avarias e garantias de equipamentos, como telemóveis e pens;


• Conteúdos de serviços baseados em comunicações eletrónicas;
• Conteúdos televisivos;
• Publicidade;
• Utilização de dados pessoais, como o envio de mensagens de SPAM.

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5. ACESSO E INTERLIGAÇÃO

Este segmento normativo estabelece as diretrizes para as condições de acesso e


interligação entre as redes e os serviços de comunicações eletrónicas, com o propósito de
assegurar a interoperabilidade, promover a concorrência e incentivar a inovação no setor. No
contexto desta regulamentação, merecem destaque as disposições delineadas nos artigos 51.º
a 92.º:

• Prestadores de redes e serviços de comunicações eletrónicas possuem o direito e,


quando solicitados por outros prestadores, a obrigação de negociar o acesso e a
interligação entre si. Essas negociações devem ocorrer em condições transparentes,
razoáveis e não discriminatórias.

• A ANACOM tem a autoridade para impor obrigações específicas de acesso e


interligação aos prestadores que detenham poder de mercado significativo. Estas
obrigações podem abranger a disponibilização de determinados tipos de acesso, não
discriminação, transparência, separação contabilística, controlo de preços ou partilha
de infraestruturas.

• Prestadores de redes públicas de comunicações eletrónicas têm a responsabilidade de


garantir a interoperabilidade dos seus serviços com os serviços de outros prestadores.
Isso deve ser realizado através da utilização de normas técnicas abertas e
harmonizadas, sempre que necessário para assegurar a conectividade dos utilizadores
finais.

• Prestadores de serviços de comunicações eletrónicas devem assegurar a portabilidade


dos números de telefone e de acesso à Internet. Isso permite aos utilizadores finais
mudar de prestador sem alterar o seu número, num prazo máximo de um dia útil.

• Prestadores de serviços de comunicações eletrónicas devem garantir a


interoperabilidade dos serviços de mensagens eletrónicas. Isso possibilita aos
utilizadores finais comunicar entre si independentemente do prestador ou da aplicação
utilizada, desde que estejam em conformidade com as normas técnicas aplicáveis.

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6. PROTEÇÃO DA CONCORRÊNCIA, DA CONECTIVIDADE E DA COBERTURA
TERRITORIAL

A legislação estabelece medidas voltadas para a preservação da concorrência, promoção


da conectividade e asseguramento da cobertura territorial nos serviços de comunicações
eletrónicas, com o propósito de garantir um mercado interno competitivo, inclusivo e
sustentável. No escopo destas diretrizes, destacam-se as disposições delineadas nos artigos
129.º a 152.º:

• A ANACOM é incumbida de colaborar com a Autoridade da Concorrência na


prevenção e repressão de práticas restritivas à concorrência no setor das comunicações
eletrónicas. Para tanto, a ANACOM pode adotar medidas cautelares, aplicar coimas e
sanções acessórias, bem como ordenar a cessação das infrações.

• A ANACOM deve promover a conectividade dos utilizadores finais, incentivando o


investimento nas redes de muito alta capacidade, facilitando o acesso às redes de
muito alta capacidade, através da disponibilização de informação sobre a localização e
a disponibilidade das infraestruturas físicas, da coordenação dos trabalhos de
construção civil, da promoção do acesso e da partilha de infraestruturas, e da adoção
de medidas para reduzir os custos de implantação dessas redes (artigos 129.º a 136.º);

• A garantia da cobertura territorial dos serviços de comunicações eletrónicas, através


da definição de obrigações de serviço universal, que assegurem a todos os utilizadores
finais o acesso a uma ligação à rede pública de comunicações e a serviços telefónicos
acessíveis ao público, a preços acessíveis, bem como a prestação de serviços
específicos para pessoas com deficiência, de listas telefónicas e de serviços de
informação sobre assinantes, e de postos públicos (artigos 137.º a 152.º).

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7. MEIOS DE COMUNICAÇÃO ENVOLVIDOS

A Lei 16/2022 aborda os meios de comunicação que se baseiam ou consistem em redes e


serviços de comunicações eletrónicas. Conforme explicitado no artigo 2.º, alínea b), desta
legislação, as redes de comunicações eletrónicas abrangem sistemas de transmissão e, quando
aplicável, dispositivos de comutação ou encaminhamento e outros recursos que viabilizam a
transmissão de sinais por via eletrónica entre pontos de término de rede, independentemente
do tipo de informação transmitida. Já os serviços de comunicações eletrónicas, conforme
definidos no artigo 2.º, alínea c), compreendem serviços cuja essência é total ou principalmente
a transmissão de sinais por via eletrónica. Isso engloba serviços de telecomunicações e serviços
de transmissão nas redes usadas para radiodifusão, excluindo, entretanto, os serviços de
transmissão de conteúdos audiovisuais ou sonoros por via eletrónica, desde que o prestador
exerça controlo editorial sobre o conteúdo e determine sua organização.

Dessa forma, os meios de comunicação abordados pela Lei 16/2022 englobam diversos
serviços, tais como:

7.1 Serviços telefónicos acessíveis ao público:

Possibilitam que os utilizadores finais efetuem e recebam chamadas nacionais e internacionais


através de um número ou conjunto de números do plano nacional de numeração (artigo 2.º,
alínea d));

7.2 Serviços de acesso à Internet:

Permitem que os utilizadores finais acedam à Internet, independentemente da tecnologia ou


dispositivos utilizados para este propósito (artigo 2.º, alínea e));

7.3 Serviços de mensagens eletrónicas:

Possibilitam aos utilizadores finais enviar e receber mensagens de texto, voz, som ou imagem
por meio de redes e serviços de comunicações eletrónicas, incluindo serviços como SMS, MMS
e mensagens instantâneas como no caso do Whatsapp e Telegram (artigo 2.º, alínea f);

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7.4 Serviços de comunicações interativas:

Possibilitam que os utilizadores finais comuniquem em tempo real através de redes e serviços
de comunicações eletrónicas, utilizando voz, som ou imagem, incluindo serviços como voz
sobre IP (VoIP) e videochamadas, como o Skype (artigo 2.º, alínea g));

7.5 Serviços de radiodifusão sonora:

Envolvem a transmissão de sons destinados ao público em geral, incluindo serviços de rádio


digital terrestre (DAB) e serviços de rádio por satélite (artigo 2.º, alínea h));

7.6 Serviços de radiodifusão televisiva:

Consistem na transmissão de imagens móveis, com ou sem som, destinadas a serem recebidas
pelo público em geral, incluindo serviços como televisão digital terrestre (TDT), televisão por
cabo, televisão por satélite e televisão por protocolo de Internet (IPTV) (artigo 2.º, alínea i)).

7.7 Serviços de comunicações de emergência:

Permitem que os utilizadores finais contactem serviços de emergência por meio do número
europeu de emergência 112 ou outros números de emergência nacionais, beneficiando de
serviços avançados como localização precisa, envio de mensagens de texto, fotografias ou
vídeos, e acesso a serviços específicos para pessoas com deficiência (artigos 29.º a 34.º);

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8. CONCLUSÃO

Em conclusão, a análise aprofundada da legislação que rege os serviços de comunicações


eletrónicas revela a complexidade e a amplitude das questões abordadas nesse setor essencial.
Ao estabelecer princípios e objetivos claros, definir as competências da ANACOM e delinear
os direitos e obrigações dos utilizadores, consumidores e prestadores de serviços, a legislação
fornece um enquadramento robusto para o funcionamento desse ecossistema dinâmico. A
regulação abrange uma ampla gama de áreas, desde aspetos técnicos, como acesso e
interligação de redes, gestão do espectro radioelétrico, numeração, portabilidade e
interoperabilidade, até questões fundamentais como proteção da concorrência, promoção da
conectividade, garantia da cobertura territorial, segurança e integridade das redes, e
salvaguarda da privacidade e dos dados pessoais.

A existência de mecanismos claros de resolução de litígios, fiscalização e sancionamento


de infrações evidencia o compromisso em manter a conformidade e a integridade do setor. Esta
abordagem regulatória abrangente visa assegurar um equilíbrio entre o incentivo à inovação, a
promoção da concorrência saudável e a proteção dos interesses dos utilizadores finais.

Num contexto em constante evolução tecnológica, a legislação desempenha um papel


fundamental na adaptação do ambiente regulatório para enfrentar os desafios emergentes. Em
última análise, a eficácia dessa regulação reflete-se na capacidade de proporcionar um ambiente
propício ao desenvolvimento sustentável, à qualidade dos serviços prestados e à proteção dos
direitos e interesses de todas as partes envolvidas no âmbito das comunicações eletrónicas.

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9. BIBLIOGRAFIA

• Advogados, C. R. (31 de março de 2023). [Vídeo] Nova Lei das Comunicações


Eletrónicas (Lei n.º 16/2022, de 16 de agosto). Obtido de Conselho Regional de Lisboa da
Ordem dos Advogados: https://crlisboa.org/wp/video/video-nova-lei-das-comunicacoes-
eletronicas-lei-n-o-16-2022-de-16-de-agosto/

• Anacom. (13 de dezembro de 2022). O que há de novo sobre… a Lei das


Comunicações Eletrónicas. Obtido de Portal do Consumidor Anacom: https://www.anacom-
consumidor.pt/-/o-que-ha-de-novo-sobre-a-lei-das-comunicacoes-eletronicas

• Anacom. (13 de janeiro de 2023). Sabia que há novas regras sobre fidelizações nos
contratos? Obtido de Portal do Consumidor Anacom: https://www.anacom-consumidor.pt/-
/sabia-que-ha-novas-regras-sobre-fidelizacoes-nos-contrato-1

• Anacom. (s.d.). Glossário Anacom. Obtido de Portal do Consumidor Anacom:


https://www.anacom-consumidor.pt/-/servico-de-comunicacoes-eletronicas

• Lisboa, P.-G. D. (16 de agosto de 2022). Lei n.º 16/2022, de 16 de Agosto -


Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa. Obtido de Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa:
https://pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=3560&tabela=leis.

• República, D. d. (16 de agosto de 2022). Aprova a Lei das Comunicações Eletrónicas,


transpondo as Diretivas 98/84/CE, 2002/77/CE e (UE) 2018/1972, alterando as Leis n.os
41/2004, de 18 de agosto, e 99/2009, de 4 de setembro, e os Decretos-Leis n.os 151-A/2000,
de 20 de julho, e 24/2014, de 14 de. Obtido de Diário da República:
https://diariodarepublica.pt/dr/legislacao-consolidada/lei/2022-187527517

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