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MATEMÁTICA

Unidade de Aprendizagem 1

Conjuntos (Parte 1)

Elaborar com o aluno, a partir de sua relação com o


mundo físico (cotidiano) as noções de elemento,
conjunto e propriedades comuns que geram conjuntos,
bem como a linguagem matemática necessária para
essa elaboração.

Observar a realidade ao seu redor e elaborar relações


dessa realidade com o mundo, por meio da percepção
de conjuntos e de seus elementos; entender
propriedades comuns dos elementos que pertencem
ao seu cotidiano.

Identificar fenômenos que podem ser modelados pela


teoria dos Conjuntos. Identificar e construir leis que
representem relações entre elementos e conjuntos.
Usar corretamente a linguagem dessa teoria, em
conexão com o contexto dos fenômenos em questão.
Conjuntos (Parte 1)

Apresentação
Vamos nesta aula, elaborar, a partir de sua relação com o mundo físico e
do cotidiano, as noções de elemento, conjunto, propriedades comuns e de como
estas geram os conceitos de classes, categorias, que a área científica utiliza.
Esperamos que você compreenda e perceba que, assim como temos a
linguagem corrente para conversarmos, as ciências usam a linguagem da
Matemática como meio de comunicação.
Mostraremos que os símbolos matemáticos são apenas uma linguagem
que você deve aprender para poder conversar no “matematiquês”. Mas não se
assuste: não iremos nos aprofundar tanto nessa linguagem, apenas
forneceremos uma base para que o seu trato com as ideias sobre conjuntos se
desenvolva de modo válido e sem ambiguidades.

Para começar

Ao observar as estruturas sociais, percebemos que as pessoas pertencem


a um número considerável de grupos: a um país, a uma área profissional, a um
setor de uma empresa, a uma família, a um grupo de amigos, a uma comunidade,
à torcida de um time de futebol etc. Neste contexto, cada grupo citado é
caracterizado por reunir pessoas com alguma propriedade comum.

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Refletindo um pouco mais sobre a existência de vários tipos de
agrupamento, é possível observar que não apenas nós, seres humanos, mas todo
ser vivo e tudo o que podemos imaginar pode ser associado a pelo menos um
grupo ou coleção, muitas vezes, caracterizado por uma propriedade. Veja alguns
exemplos:

Rosa pertence à coleção de flores.


Boneca pertence à coleção de brinquedos.
Vermelho pertence à coleção de cores.
Engenheiro pertence à categoria de profissionais.
Cachorro pertence ao grupo de quadrúpedes.
A letra W pertence ao alfabeto oficial da Língua Portuguesa.
“Vitória” pertence à coleção de resultados possíveis para um determinado
time em uma partida de futebol.
“Aprovado” pertence à coleção de resultados possíveis para um estudante
ao final de um curso.
A Figura 1 a seguir possui ilustrações de coleções: de animais, de frutas,
de pessoas e de objetos de informática.

Figura 1: coleções diversas

Entendendo que pessoas, animais, vegetais, coisas diversas, letras,

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números, conjuntos, resultados possíveis de um experimento, atributos etc,
podem ser caracterizados como objetos, em Matemática, toda coleção de
objetos é denominada de Conjunto. Cada objeto de um conjunto é denominado
elemento.
Em geral, todos os elementos de um conjunto têm uma propriedade
comum (além da propriedade de pertencerem ao mesmo conjunto). Qualquer
objeto que tem essa propriedade pertence ao conjunto e qualquer objeto que
não tem essa propriedade não pertence ao conjunto.
Estendendo o primeiro dos exemplos anteriores, sabemos que Rosa,
Cravo, Margarida e Crisântemo têm a propriedade comum de serem flores
(pertencem ao conjunto das flores). Martelo, caneta e xícara não pertencem ao
conjunto das flores por não possuir essa propriedade comum (ser uma flor).

Estamos filosofando, não? Bem, é verdade que muitos embasamentos


matemáticos foram construídos juntamente com alicerces filosóficos, mas estas
são ideias para você começar a ter noções da teoria dos Conjuntos. O
conhecimento de Conjuntos e das relações estabelecidas entre eles são
extremamente importantes no uso da Matemática e em processos que requerem
a construção de modelos matemáticos.
Modelos matemáticos são representações de problemas e situações da
realidade numa forma matemática. Por meio da solução e interpretação de uma
questão no formato e na linguagem matemática, obtém-se a solução na
linguagem do mundo real. Para uma empresa, por exemplo, os modelos
matemáticos subsidiam a tomada de decisão em determinado impasse de forma
mais fundamentada contribuindo para a definição de caminhos a serem seguidos
ou mesmo do futuro da empresa. Os modelos matemáticos aparecem nas
diferentes áreas do conhecimento humano e, em particular, nas atribuições e em
muitas áreas de atuação do Tecnólogo. A cada aula da disciplina de Matemática
você irá desenvolver conhecimentos matemáticos necessários para isso.

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CONCEITO

Muitos autores em Matemática destacam que “Conjunto”, assim


como “Ponto”, “Reta” e “Plano”, da Geometria, são chamados de
conceitos primitivos, uma vez que estão presentes na intuição
das pessoas, sem necessariamente possuir uma definição
matemática absoluta.

A Matemática utiliza símbolos e representações universais adotados


principalmente na área científica e técnica. Isso significa que, como você deve
aprender nova(s) língua(s) para se adaptar ao mundo globalizado, também deve
aprender a linguagem da Matemática. Para usar adequadamente a matemática,
você precisa aprender a “pensar, ler e escrever" na linguagem matemática.
Calma! Não se angustie e nem se aborreça! Você não vai estudar toda a
linguagem matemática (sabemos que você não está num curso de graduação em
Matemática), mas sim uma parte desse enorme conjunto de símbolos e conceitos.

Portanto, não se preocupe: da mesma maneira que aprendemos as demais


línguas, as letras das músicas e as gírias de nossas turmas, a prática do uso dos
símbolos e das representações matemáticas vai se tornando cada vez mais fácil
quanto mais os utilizarmos.

E vamos aos Conjuntos!

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Fundamentos

1. Conjuntos

Conjunto pode ser entendido como uma coleção de objetos. Em geral,


todos os objetos em um conjunto têm alguma propriedade em comum (além de
pertencerem ao mesmo conjunto). Cada objeto que pertence a um conjunto é
denominado elemento.

1.1 Representações de conjuntos

Frequentemente, os conjuntos são designados por letras maiúsculas do


alfabeto: A, B, C, D etc. Para descrever um conjunto, precisamos identificar todos
os seus elementos.

DICA
Perceba que você não lida com a noção de conjunto apenas de um
jeito matemático e formal. Você usa diariamente essa ideia de
conjuntos em quaisquer momentos em que se vê agrupando ou
participando de um agrupamento, e algumas figuras deste texto
já lhe forneceram essa ideia. Veja que no seu dia a dia você nota
pessoas de um mesmo grupo social ou profissional juntas em
alguma sala ou instituição, as frutas agrupadas na gaveta da
geladeira, os objetos de escrita (lápis, caneta, borracha etc)
agrupados em um estojo, os livros agrupados numa estante, as
roupas agrupadas em gavetas e cabides, os brinquedos das
crianças numa caixa e as figurinhas agrupadas em um álbum. São
alguns exemplos desses agrupamentos.

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Figuras 2 e 3: agrupamentos que tem a noção de conjunto.

As figuras anteriores (2 e 3) nos dão a ideia de conjunto, ou seja, uma


coleção de brinquedos e uma coleção de figurinhas. E como pode ser a
representação matemática de um conjunto? Ela pode ser feita através de
algumas formas:

Listagem (completa ou parcial) dos seus elementos: nessa representação


todos os elementos que formam o conjunto são apresentados numa lista, entre
chaves, separados por vírgula ou por ponto e vírgula. Os elementos podem ser
apresentados em qualquer ordem e cada elemento deve ser listado apenas uma
vez. Exemplos:
a) Conjunto dos alunos do grupo A:
A = {Pedro, Mateus, Joana, Isabel}.
Podemos ler assim: A é o conjunto formado por Pedro, Mateus, Joana,
Isabel.
b) Conjunto de frutas cultivadas pelo professor Chico:
B = {amora, nêspera, banana, limão}.
Podemos ler assim: B é o conjunto formado por amora, nêspera, banana,
limão.
c) Conjunto das vogais do alfabeto da Língua Portuguesa:
C={a,e,i,o,u}

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Podemos ler assim: C é o conjunto formado por a, e, i, o, u.
d) Conjunto dos números inteiros pares de 2 a 50: D={ 2, 4, 6, 8, ... , 50}
Podemos ler assim: D é o conjunto formado por 2, 4, 6, 8, reticências,
50.
Neste caso, poderíamos representar o conjunto D listando todos os seus
elementos. Mas, como D tem muitos elementos, em vez de listar todos eles,
utilizamos as reticências para indicar todos os números inteiros pares que estão
entre 8 e 50 (do 10 ao 48).
As reticências podem ser usadas nos casos em que o conjunto tem muitos
elementos e é possível compreender quais são os demais elementos a partir da
representação de uma listagem parcial deles no conjunto. No caso do conjunto
D, sabemos que cada número par, a partir do segundo elemento, pode ser obtido
somando-se 2 ao anterior. Embora não nos preocupemos com uma ordem
específica dos elementos na representação de um conjunto, quando utilizamos
as reticências, essa ordenação é necessária aos elementos listados, para permitir
a percepção da “regra” (ou “padrão”) que caracteriza os demais elementos.

e) Conjunto dos números inteiros pares positivos:


E={2,4,6,8,10,12, ...}
Podemos ler assim: E é o conjunto formado por 2, 4, 6, 8, 10, 12,
reticências.
No conjunto E foram listados somente os primeiros números pares e as
reticências indicam que há muitos números pares maiores que 12 que fazem
parte do conjunto E. Nesse caso, diferentemente do anterior, não é possível
representar todos os elementos por causa de sua “grande quantidade”.
Observe que o conjunto F={2,4,6,8,10,12} é formado somente pelos
elementos 2, 4, 6, 8, 10 e 12 (as reticências não aparecem!). Enquanto o
conjunto E={2,4,6,8,10,12, ...} tem muito mais elementos que F; voltaremos à
essa diferenciação mais adiante.

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f) Conjunto dos números inteiros: ℤ = {...,–2, –1, 0, 1, 2, 3,...}
Podemos ler assim: ℤ é o conjunto formado por: reticências, -2, -1, 0, 1,
2, 3, reticências.
Observe que os números estão ordenados (do menor para o maior). Neste
caso as reticências apareceram duas vezes no conjunto, indicando que há uma
grande quantidade de números inteiros menores que -2 e também de números
inteiros maiores que 3.

Descrição da propriedade dos seus elementos: nessa representação os


elementos do conjunto são descritos através da propriedade comum que os
caracteriza. As chaves também são utilizadas nessa forma. Nessa representação
temos um novo símbolo da lógica, a barra “|”, que significa “tal que”. Esse
símbolo, na representação de um conjunto, separa a indicação de todo elemento

𝑥 e a propriedade que caracteriza os elementos 𝑥 do conjunto:

{𝑥 | 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑟𝑖𝑒𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑥 }

Exemplos:
a) M = {x | x é um número inteiro positivo ímpar}
que se lê: M é o conjunto de todos os elementos x tal que x é um número
inteiro positivo ímpar.
b) N = {x | x é mês com exatamente 30 dias}
que se lê: N é o conjunto de todos os elementos x tal que x é um mês
com exatamente 30 dias.
c) P = {x | x é capital da Bahia}
que se lê: P é o conjunto de todos os elementos x tal que x é capital da
Bahia.

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Os conjuntos M, N e P também podem ser representados por meio da
listagem dos seus elementos. Tente fazer isso!

Diagrama de Venn: é uma forma muito utilizada para representar conjunto e


ter boa visualização de relações entre conjuntos. A representação do conjunto é
feita por uma região plana, limitada por uma curva fechada e simples. Os
elementos são identificados na região plana interna à curva. Essa curva fechada
pode ter qualquer formato sem auto intersecção. Indicamos a letra que
representa o conjunto próximo a ele, na região externa. Vamos aos exemplos:
a) A Figura 4 apresenta o conjunto M = {a,e,i,o,u} representado em
Diagrama de Venn:
Figura 4: Conjunto das vogais.

M
a e
i
o
u

b) Ao se lançar um dado normal de seis faces, e se observar a face de cima,


podemos obter como resultado um dos valores do conjunto D, ilustrado
na Figura 5:
Figura 5: Conjunto das faces de um dado normal.

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1
4
3

6 5

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c) O conjunto R das grandes regiões brasileiras:
Figura 6: Conjunto das regiões brasileiras.

R
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sul

Sudeste

Papo Técnico

Qual é a melhor forma de se representar um conjunto? Entendemos que


não há uma resposta definitiva para essa pergunta, ao se abordar um
conjunto qualquer. Este e o próximo capítulo vão mostrar isso a você. Há
momentos em que a listagem dos elementos entre chaves é suficiente
para ilustrar um conjunto (como os números naturais, por exemplo), mas
há conjuntos para os quais não é possível listar os seus elementos e a
descrição da propriedade dos elementos se faz necessária. Também há
situações em que o Diagrama de Venn nos ajudará a resolver algumas
operações entre conjuntos, conforme ainda praticaremos. Assim como em
outras linguagens e em diversos contextos, na teoria dos Conjuntos
também há mais de uma maneira de se expressar.

1.2 Relação de Pertinência

Ao lidarmos com um conjunto, consideramos a possibilidade de observar


se um determinado elemento pertence ou não a ele. Para estabelecer uma
relação entre elemento e conjunto utilizamos dois símbolos:

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∈: pertence a

∉: não pertence a

Para indicar que um elemento 𝑥 pertence ao conjunto A, escrevemos:

𝑥 ∈ A, que se lê: 𝑥 pertence a A.

Para indicar que um elemento 𝑦 não pertence ao conjunto A,


escrevemos:

𝑦 ∉ A, que se lê: 𝑦 não pertence a A.

Atenção
A relação de pertinência associa, necessariamente, um elemento
e um conjunto, nesta ordem:
“Elemento” ∈ “Conjunto”
ou
“Elemento” ∉ “Conjunto”

Veja os dois exemplos a seguir:

a) Se A = {x | x é um estado brasileiro} então Paraná ∈ A, porém, Fortaleza


∉ A.

b) Se B = {y | y é torcedor da Seleção Brasileira} e o prof. Chico, que adora


futebol, torce pela Seleção Brasileira, então prof. Chico ∈ B.

Há íntima ligação entre o símbolo ∈ (pertence a) da Matemática e o “é”


do verbo ser, da língua portuguesa. O verbo “ser”, segundo o dicionário Aurélio,
liga o atributo ao sujeito.
Logo, afirmar que:

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“Maria é bonita”, matematicamente, corresponde a dizer que Maria é
elemento do conjunto das pessoas bonitas, ou que Maria pertence ao conjunto
das pessoas bonitas. Agora, preste muita atenção na dica a seguir:

DICA
Caro(a) aluno(a), ao longo desta e das próximas Unidades de
Aprendizagem, você perceberá que lhe forneceremos, ao longo do
texto, sugestões para que você resolva, naquele momento, algum
exercício do Momento da Verdade. É uma forma de fazer o
exercício no momento em que você acaba de ler alguns itens
teóricos pertinentes a ele. É claro que é apenas uma sugestão,
afinal o aluno pode optar por fazer toda a lista de exercícios
quando terminar a leitura do capítulo. Você decide!

Neste momento, por exemplo, você pode aproveitar e resolver o exercício


n° 1 do Momento da Verdade, que se refere ao uso dos símbolos mencionados
nos parágrafos anteriores.

1.3 Igualdade de conjuntos

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem os mesmos


elementos. Se dois conjuntos A e B são iguais indicamos A = B. Se A e B são
diferentes, indicamos essa relação com a desigualdade A ≠ B. Estabelecemos
como padrão representar cada elemento uma única vez no conjunto.
Veja os exemplos:

a) O conjunto J = {verde, amarelo, azul, branco} é igual ao conjunto K =


{branco, amarelo, verde, azul}. Porém, o conjunto J é diferente do
conjunto L = {verde, amarelo, azul, branco, vermelho}.

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Logo: J = K e J ≠ L.

b) A = {x | x é letra da palavra SUSTENTABILIDADE}


Assim, A = {S,U,S,T,E,N,T,A,B,I,L,I,D,A,D,E} é igual a B =
{S,U,T,E,N,A,B,I,L,D}.

Logo: A = B.

c) R = {5,6,7,8} é igual a S = {5,6,7,8,8}. Temos, então, que R = S.

d) Os conjuntos D = {2,4,6,8,10,12, ...} e E = {2,4,6,8,10,12} são diferentes


pois não possuem os mesmos elementos.

Logo: D ≠ E.

PAPO TÉCNICO
Perceba uma definição que existe na literatura matemática, e que
você deve ter observado nos exemplos anteriores: quando
escrevemos explicitamente os elementos de um conjunto, a ordem
dos elementos é indiferente (veja o exemplo (a)) e não se
considera a repetição de um mesmo elemento (veja os exemplos
(b) e (c))

Será que você entendeu? Vá ao Momento da Verdade e resolva agora o


exercício n° 2, que irá testar seu entendimento sobre a igualdade de conjuntos.

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2. Conjuntos Finitos e Conjuntos Infinitos

2.1 Conjuntos Finitos e Conjuntos Infinitos

Você deve ter percebido nos exemplos anteriores que podemos ter
conjuntos com um número finito de elementos. Observe nos exemplos os
conjuntos que têm um número 𝑛 de elementos, 𝑛 inteiro não-negativo.

O conjunto A = {Pedro, Mateus, Joana, Isabel} tem 4 elementos (𝑛 = 4).


O conjunto B = {amora, nêspera, banana, limão} tem 4 elementos (𝑛 = 4).
O conjunto C = {a,e,i,o,u} tem 5 elementos (𝑛 = 5).
O conjunto F = {2,4,6,8,10,12} tem 6 elementos (𝑛 = 6).
O conjunto N = {x | x é um mês com exatamente 30 dias} tem 4 elementos (𝑛 =
4).
O conjunto P = {x | x é capital da Bahia} tem 1 elemento (𝑛 = 1).

Conjuntos com número finito de elementos são chamados de


Conjuntos Finitos. Dois conjuntos finitos especiais são:

Conjunto Unitário: todo conjunto que possui somente um elemento.

Exemplos:
a) P = { x | x é capital da Bahia}
b) Q = { x | x é número de CPF de uma determinada pessoa}

Conjunto Vazio: é um conjunto que não possui elementos. O conjunto vazio é


denotado pelo símbolo Ø ou por { }.

Exemplos:

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a) R = { x | x é número par e ímpar}
b) S = { x | x é número inteiro que satisfaz a equação x² = –9 }
c) T = { x | x é mês do ano que, na língua portuguesa, começa com C }
d) U = { x | x é televisão em quatro dimensões}
e) V = { x | x é palavra da língua portuguesa que inicia com Ç}

Em todos esses exemplos, não há elemento algum que satisfaça a


condição dada. Para todos eles temos 𝑛 = 0, ou seja, número de elementos
igual a zero.

ATENÇÃO
Se algum dia você prestar algum concurso público ou mesmo uma
prova (teste ou dissertativa) para alguma instituição, tome cuidado
na hora de escrever o conjunto vazio. As notações universais são
Ø e { }, mas é muito comum o aluno escrever {Ø}. Na lógica da
teoria que ora apresentamos, esse conjunto é um conjunto
unitário, cujo único elemento é o conjunto vazio. Doido, não?

E também, podemos ter conjuntos com tantos elementos, que não é


possível determinar finitamente seu número. São conjuntos que têm infinitos
elementos. Os conjuntos D = {2,4,6,8,10,12, ...} e M = {x | x é um número
inteiro positivo ímpar} têm infinitos elementos. Conjuntos com infinitos
elementos são chamados de Conjuntos Infinitos.
Entendeu? Então agora você pode testar seu entendimento através do
Momento da Verdade. Vá até lá e faça os exercícios 3 e 4. Que tal?

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2.2 Conjuntos Numéricos

Todos os números com os quais você lida no seu dia a dia para contagem,
cálculos, medidas e medições, pertencem a importantes conjuntos infinitos que
você já teve contato ao longo de sua vida escolar. São os seguintes Conjuntos
Numéricos:
Conjunto dos Números Naturais: ℕ
Conjunto dos Números Inteiros: ℤ
Conjunto dos Números Racionais: ℚ
Conjunto dos Números Irracionais: 𝕀
Conjunto dos Números Reais: ℝ

ATENÇÃO
A mesma explicação sobre a notação para o conjunto vazio vale
também para os conjuntos que acabamos de mencionar. Ou seja,
represente os números reais com o símbolo ℝ, e não com o
símbolo { ℝ }.

O estudo desses conjuntos será retomado com mais atenção,


detalhamento e cuidado na Unidade de Aprendizagem 4 (UA 4). Você trabalhará
bastante com alguns desses conjuntos também em outras disciplinas, uma vez
que aplicações da Matemática serão estudadas em cálculos e conferências da
Contabilidade, em processos e demonstrativos estatísticos, nas apreciações
mercadológicas, em programas financeiros, em planejamentos e estudos
econômicos e até mesmo na Informática, na qual a diferenciação entre números
inteiros e números reais é importante, por exemplo, para empreender uma
pesquisa de marketing ou pesquisa social. Nossa, parece que nos empolgamos...
Voltaremos aos detalhes destes conjuntos no momento oportuno, ok? Agora

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vamos apenas melhorar um pouco a notação para o número de elementos de um
conjunto.

2.3 Número de elementos de um conjunto

Um conjunto pode ser finito ou infinito. Um conjunto é dito finito se o


número (a quantidade) de elementos do conjunto é um número natural (isso
quer dizer que a quantidade de elementos do conjunto é qualquer um dos
números: 0, 1, 2, 3, 4...). Se um conjunto finito 𝐴 possui 𝑛 de elementos, sendo
𝑛 um número natural, indicamos o número de elementos de 𝐴 por 𝑛(𝐴).
Observe em cada conjunto finito a seguir o seu número de elementos:

a) Se W = {a, b} então n(W) = 2


b) Se C = {x, y, z} então n(C) = 3
c) Se J =  então n(J) = n() = 0
d) Se F = {x | x é satélite natural da Terra} então n(F) = 1, pois F = {Lua}.

DICA

Veja que o número de elementos de um conjunto finito é


sempre um número inteiro não-negativo. Esse conjunto pode
conter números reais não inteiros, como o conjunto
1
W = ቄ2,13; ; 𝜋; 0,666ቅ, mas seu número de elementos é 4, ou
3

seja, n(W) = 4. Perceba também que nesse conjunto separamos


os elementos usando “ponto e vírgula”, para que não ficasse a
possibilidade de se confundir a vírgula como separador dos
elementos com a vírgula que usamos para separar a parte inteira
da parte decimal de um número.

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Se um conjunto B não é finito, então B tem infinitos elementos. Num
conjunto infinito não é possível estabelecer um número natural que indique a
quantidade de elementos do conjunto ou explicitar todos os seus elementos
devido à sua “grande quantidade”.
Mas... é preciso observar que há conjuntos com grande quantidade de
elementos que são aparentemente infinitos, porém, são finitos!
Essa ideia é observada quando pensamos nas pessoas que habitam o
planeta Terra. Existe um número finito de pessoas habitantes do nosso planeta
que é determinado quando são realizados os censos demográficos. A Organização
das Nações Unidas (ONU) divulgou em 2013 uma população mundial de 7,2
bilhões de pessoas; a estimativa é de que em 2050 a população atinja 9,6 bilhões.
Portanto, continuará sendo finita. Recursos naturais do planeta, como água
potável, existem em quantidade finita. O dinheiro no mundo também existe em
uma quantia finita. Outros exemplos são: o conjunto dos sites disponíveis na
internet, o conjunto dos grãos de areia de uma praia, o conjunto dos fios de
cabelo numa cabeça, o conjunto de todas as árvores no estado de São Paulo,
dentre outros.
A questão dos conjuntos infinitos está relacionada ao fato de sempre
existir um elemento do conjunto além daqueles que se é capaz de determinar
finitamente, como nos casos dos Conjuntos Numéricos infinitos que citamos.
Bem, achamos que você, agora que leu sobre tantas coisas conceituais em
Matemática, esteja um pouco cansado (a). Como atividade de relaxamento,
propomos a você o último exercício do Momento da Verdade, o de número 5.

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ANTENA PARABÓLICA

Em determinado momento deste texto, chegamos a nos empolgar no


assunto que engloba a diferença entre números inteiros ℤ = {...,–2, –1, 0, 1, 2,
3,...} e os números reais (que além desses incluem, por exemplo, os decimais
0,673 e –2,3333..., e os famosos irracionais √2 = 1,4142... e 𝜋 = 3,14159 … Mas
por que dissemos que a clareza nessa diferenciação pode ser importante para
pesquisadores e informatas?
Observe as duas perguntas a seguir, que podem fazer parte de um
questionário maior, visando à identificação do perfil de consumo de determinados
produtos ou mesmo uma análise mais profunda de uma pesquisa social ou de
marketing, que procura analisar o nível socioeconômico de um bairro ou cidade,
por exemplo.

1. Quantos banheiros possui a casa em que você habita?


 1
 2
 3
 4
 5
 Mais que 5

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2. Dentre as opções a seguir, assinale a alternativa que melhor representa o
valor da renda familiar do seu domicílio:
 Até R$ 500,00;
 Acima de R$ 500,00 e no máximo R$ 1.000,00;
 Acima de R$ 1.000,00 e no máximo R$ 2.000,00;
 Acima de R$ 2.000,00 e no máximo R$ 3.000,00;
 Acima de R$ 3.000,00 e no máximo R$ 5.000,00;
 Acima de R$ 5.000,00 e no máximo R$ 8.000,00;
 Acima de R$ 8.000,00.

Perceba, nesses exemplos, que a questão 1 foi programada para oferecer


ao respondente somente alternativas que possuem números inteiros (podemos
fazer piadas e dizer que minha casa tem “um banheiro e meio”, mas na prática
isso não se sustenta: há um ou dois banheiros, funcionando ou não).
Já a questão 2 indica que o valor que o respondente pode estimar para a
renda é um número real: se sua renda for R$ 1.427,78 ele assinalará a 3ª
alternativa.
Porém, esses exemplos foram indicados com alternativas, e o respondente
pode, apenas com um clique do mouse, optar por uma delas. Mas a pesquisa
poderia ser apresentada de forma que esse respondente digitasse o número que
melhor se aproximasse de sua realidade. Veja como isso pode ser disponibilizado
num site:
1. Escreva quantos banheiros possui a casa em que você habita.

2. Escreva o valor da renda familiar do seu domicílio.

Nessas “caixas” de digitação, o informata deve programar, para a 1ª


pergunta, apenas a possibilidade do respondente digitar um número inteiro. Caso
esse respondente digite 1,6 para o número de banheiros, ele deve programar o

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software para não aceitar essa resposta (ou seja, “receber” apenas números
inteiros), ou ainda fazer um arredondamento: 1,6  2. Claro que a viabilidade
desse procedimento depende muito da pesquisa, e você também deve estar se
perguntando: por que o número de banheiros de uma residência poderia servir
para uma pesquisa social? Não daremos agora a resposta a essa pergunta, mas
você pode refletir sobre isso e exercitar sua observação. Voltaremos a essa
questão oportunamente, nas aulas de função.
Finalizando, perceba que na 2ª questão não há a necessidade de se digitar
um número inteiro; para receber esse número digitado pelo usuário em condições
de não haver mensagens de erro, o informata responsável deve programar o
software para receber um número real com duas casas decimais.

Glossário

Conjunto: coleção de objetos.


Conjunto finito: conjunto que possui número finito de elementos.
Conjunto infinito: conjunto que possui infinitos elementos.
Diagrama de Venn: forma de representar um conjunto, caracterizada por
uma região plana, limitada por uma curva fechada e simples.
Elemento: cada objeto pertencente a um conjunto.
Modelo matemático: representação de um problema ou situação da
realidade numa forma matemática. Por meio da solução e interpretação de uma
questão no formato e na linguagem matemática, obtém-se a solução na
linguagem do mundo real.
Relação de Pertinência: relação entre elemento e conjunto. Indica se um
determinado elemento pertence ou não a um determinado conjunto.

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E agora José?
Nesta aula você aprendeu os conceitos básicos de Conjuntos e as relações
de pertinência que irá aplicar praticamente em todas as áreas da Matemática
daqui para frente. Corresponde a você ter aprendido os conceitos intuitivos sobre
Conjuntos, bem como a linguagem mais formal que envolve esse assunto.
Não deixe de verificar as atividades pertinentes a esta aula; se você ainda
não trabalhou com o Momento da Verdade, faça agora mesmo!
Nas próximas aulas você aprenderá como aplicar os conhecimentos
adquiridos nas relações entre dois ou mais conjuntos e todas as suas implicações
no seu cotidiano.

Referências

GERSTING, Judith L. Fundamentos Matemáticos para a Ciência da


Computação – Um tratamento moderno de Matemática Discreta. 5 ed. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2004.

http://www.onu.org.br/populacao-mundial-deve-atingir-96-bilhoes-em-2050-
diz-novo-relatorio-da-onu/ Disponível em 02 de setembro de 2013.

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