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Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia

E.M. Francisco Costa


Estrada Manoel Guilherme da Silva, s/n – Bairro São José das Rolinhas – Miguel Pereira

Disciplina: Educação Física Professor: Augusto

Turmas: 8º e 9º ano

HISTÓRIA DO BASQUETEBOL:
origem, desenvolvimento, técnica e tática.
3º TRIMESTRE

De forma semelhante aos conhecimentos da cultura corporal, o basquetebol pode ser entendido como
uma criação feita a partir do interesse humano de resolver certo problema, uma necessidade... A criação
do basquete, assim, está relacionada, dentre outras coisas, com a necessidade humana de praticar
atividades de lazer no seu tempo de não trabalho (ócio).

ORIGEM

O basquetebol atualmente é um esporte que, em si, podemos considerá-lo uma resposta a uma pergunta
(um problema). De acordo com registros históricos, foi no ano de 1891, durante o rigoroso inverno
do Estado Norte-americano de Massachussets, no condado de Springfield, que as adversidades
climáticas não permitiram as aulas de Educação Física. Luther H. Gullick, diretor do Springfield
College, colégio internacional da Associação Cristã de Moços (ACM), incumbiu o médico e professor
canadense James Naismith, de pensar numa solução para esse problema criando algum jogo que
pudesse ser praticado em ambiente fechado, atrativo aos jovens, e sem a violência característica do
Futebol Americano.

Temos aí o contexto que apresentou a seguinte problema a Naismith: “é possível praticar um esporte
em ambiente fechado, atrativo aos jovens, e sem a violência característica do Futebol
Americano?”

Após algumas reuniões com seus assistentes e poucas evoluções, já exausto, o professor deparou-se
com algo que serviu como inspiração. Após as tentativas de esboçar no papel algo que fosse novo, os
rascunhos eram amassados na forma de bolinhas e atirados no cesto de lixo. Algo simples, mas que
poderia ser adaptado a um jogo formal, coletivo e competitivo. Disto, surgiu a solução desejada: um
jogo com um alvo fixo, um cesto, uma bola.

Não obstante, Naismith se viu diante de outra pergunta ou problema: como oferecer algum grau de
dificuldade para deixar o “jogo do cesto/alvo” mais interessante?

A solução surgiu a partir da realidade vivida: colocar o alvo bem no alto (uma cesta de pêssegos –
fruta comum naquela região fria dos EUA, e típica nas residências, por se tratar de uma região de
cultivo desta fruta pelos moradores de Springfield e onde este apetrecho era comum nas residências
dos munícipes).

Assim, Naismith pendurou duas cestas de pêssegos fixadas por dois postes de madeira, a 3,00m de
altura do solo. Naismith estipulou tal altura pensando que nenhum jogador da defesa seria capaz de
interceptar (tal qual um goleiro) a bola que fosse arremessada para o alvo. Com o alvo fixado a esta
altura do solo, o professor canadense conseguia dar certa dificuldade ao jogo que o deixaria mais
interessante!

Nascia, portanto, a primeira cesta de basquetebol da história!

O nome Basquetebol - que em inglês é Basketball - significa "bola no cesto". No entanto, somente
alguns jogos após a criação do desporto por Naismith, um de seus alunos, Frank Mahan, incomodado
com a ausência de um nome que pudesse representar aquele novo jogo que se popularizava, propôs ao
professor o nome de “Basketball”. Tal nome foi proposto pelo fato do jogo ser praticado com cestos e
bola. De início, ninguém se opôs e rapidamente, a partir daquele momento, todos o passaram a se
referir dessa forma ao desporto, naturalizando o nome. Ou seja, criando a impressão de que este jogo
com este nome sempre existiu.

DESENVOLVIMENTO

Naismith sempre alegou que o basquete fora concebido para que fosse praticado sem a necessidade
de um treinador, pois a ideia inicial era que o basquetebol fosse apenas um jogo, uma opção de
lazer, e não um esporte propriamente dito, competitivo, tal como se tornou nos dias de hoje.

Todavia, o basquete deixa de ser praticado como uma opção de lazer apenas e em 1904, participa dos
jogos Olímpicos como Esporte Demonstração. 1936: basquetebol se torna um esporte olímpico nos
Jogos de Berlim. Atualmente, o basquetebol enquanto modalidade olímpica e profissional é organizado
pela FIBA (Federação Internacional de Basquetebol), que possui mais de cento e setenta países
filiados, onde suas determinações valem para todos os países onde o Basquetebol é jogado.

As decisões da FIBA apenas não são obrigatórias para a liga profissional dos EUA e do Canadá:
a NBA – National Basketball Association, e sua forma feminina, a WNBA – Woman National
Basketball Association, que mantém regras próprias, um pouco diferentes das regras internacionais.

Entretanto, parece haver expectativa de que as duas entidades se aproximem cada vez mais seus
regulamentos, estando a FIBA, num verdadeiro processo de “NBAzação” de suas regras (aproximação
das regras da FIBA, em relação às regras da NBA).

FUNDAMENTOS TÉCNICOS DO ESPORTE


O basquete, enquanto modalidade esportiva, também apresenta, basicamente, dois problemas para seus
praticantes resolverem ao jogarem:
a) fazer a bola passar por dentro da cesta da equipe adversária;
b) não deixar a bola passar pela cesta da própria equipe.

A partir do interesse na resolução desses dois problemas básicos do basquetebol (observando as regras
do jogo, claramente) a humanidade produziu formas de jogar conhecidas como fundamentos técnicos
do basquetebol:

Significado dos seus fundamentos:


1) ATACAR:
• Passar = jogar a bola para o companheiro.
• Driblar = progredir com a bola quicando-a.
• Arremessar = jogar a bola em direção à cesta.

2) DEFENDER:

• Dificultar os passes, os dribles e os arremessos do adversário.

Podemos entender que os fundamentos técnicos acima apresentam um problema/um


desafio aos jogadores. São eles:

a) Passar = como jogar a jogada para um companheiro que pode estar perto, longe,
com/sem marcação etc)?

b) Driblar = como progredir com a bola quicando-a?

c) Arremessar = como jogar a bola e fazê-la adentrar a cesta?

OBS: Vejamos que quando temos um problema, geralmente temos uma pergunta. Portanto,
solucionar um problema, são é responder certa pergunta?

TÉCNICAS OU GESTOS TÉCNICOS

Como a ciência e o conhecimento científico avançam com o tempo, a forma que a humanidade
encontrou de responder os problemas relacionados aos fundamentos do basquetebol, também avançou!

Dessa forma, a partir dos desafios que os fundamentos de uma partida de basquete apresenta a seus
jogadores, foram criadas técnicas, ou gestos técnicos como respostas a estas situações de jogo. Os
principais são:
a) Drible alto e baixo;
b) Arremesso;
c) Passe de peito, picado por cima da cabeça;
d) Posição defensiva
DRIBLE ALTO:
• Característica – jogador mais ereto; durante o ato de quicar, a bola retorna do contato com o
chão, até a altura do quadril; mão encaixa na bola ao invés de tapeá-la durante drible;
• Razão do uso – é útil, pois permite um deslocamento mais relaxado, em casos de não marcação.

DRIBLE BAIXO:
• Característica - jogador com coluna e joelhos mais flexionados (isto é, “dobrados); mão encaixa
na bola ao invés de tapeá-la durante drible;
• Razão do uso – permite um deslocamento mais seguro quando se está com a marcação
adversária bem próxima. A segurança ocorre por causa da posição mais defensiva que o corpo
assume para proteger a bola.

ARREMESSO SIMPLES:
• Característica – dedos polegares (“dedões”) ficam posicionados de jeito que nos lembrem a
letra “T”; a projeção da bola é realizada com uma mão efetuando o movimento principal;
movimento em sequência – primeiro estendo (estico) joelhos, depois os braços, depois flexiono
(dobro) o punho e por fim, flexiono o dedo anelar.
• Razão do uso – é útil pois permite um deslocamento da bola em forma de parábola (bola sobe,
atinge um ponto mais alto e depois desce na direção do nosso alvo); pode permitir mais
precisão.

PASSE DE PEITO:
• Característica – a bola sai do passador na altura do seu peito e chega no receptor da bola na
altura do peito dele, ou seja, a bola se desloca em linha reta; mãos do receptor posicionadas de
forma que a bola encaixe nelas e não bata na ponta dos seus dedos.
• Razão do uso – facilita a passagem e o recebimento da bola; útil quando não se está sob intensa
marcação; serve para passes curtos.

PASSE PICADO:
• Característica – o passador lança a bola no solo para que ela bata no chão e vá na direção do
colega que deve receber o passe – a bola geralmente é jogada no chão de modo a bater num
ponto que marca a metade da distância entre passador e o receptor do passe.
• Razão do uso – é útil pois permite a realização do ato de passar a bola com mais sucesso em
situações de intensa marcação.

PASSE POR CIMA DA CABEÇA:


• Característica – a bola é lançada com as duas mãos posicionadas acima da cabeça; a bola pode
realizar uma trajetória em linha reta ou em forma de parábola;
• Razão do uso – é útil pois o passe cobre distâncias maiores (passes longos).

REGRAS (Infrações de tempo):


Tendo em vista as discussões feitas em sala de aula sobre a importância de todos terem seu direito de
participar e se sentir bem praticando esportes é interessante destacar entre as diversas regras do
basquetebol as que estimulam os jogadores a passarem a bola e não serem “fominha”:
a) regra dos 24 segundos - para realizar um arremesso (cronômetro continua correr se arremesso não
encostar ao menos no aro; se encostar o cronometro retorna para os 14s);
b) regra dos 8 segundos - para avançar com a bola na quadra ofensiva, após a recuperação.
c) regra 5 segundos - para passar a bola numa saída de jogo; c/ a posse de bola o jogador tem 5s para
passar a bola, arremessar ou driblar.
OBS: não é infração se o jogador estiver saindo da área, ou se houver um arremesso no 3° segundo.

SENTIDOS E SIGNIFICADOS DO DEFENDER, PASSAR, DRIBLAR E ARREMESSAR...


INDIVIDUALISMO, GÊNERO, MACHISMO E RESPEITO AOS DIFERENTES CORPOS

Como foi dialogado em sala de aula, entendemos que o driblar, passar, arremessar... ao jogarmos
basquetebol podem ter sentidos e significados para bons e ruins para quem joga. Ou seja: driblar
pode significar para o jogador que dribla bem-estar, adrenalina, animação... pode significar uma forma
de atingir este bem-estar (de se sentir importante, capaz assertivo etc). Todavia também vimos que se
para um jogador que está driblando o drible pode ter significados bons, para outro jogador que joga
com ele, o mesmo driblar pode significar coisas ruins:

a) exclusão (caso seja-se “fominha” e não se passe a bola);


b) discriminação (se evita-se tocar a bola para outro jogador por ele não ser habilidoso – ou seja,
dou um tratamento diferente que dou a jogadores mais habilidosos).
c) violência (quando se está driblando sem preocupação com a segurança bem-estar de um
adversário e comete-se contatos corporais violentos);

Esses três significados negativos que os meus atos podem ter para os colegas no jogo, podem
acontecer quando estes atos (driblar, passar, defender, deslocar...) tem um sentido individualista,
egoísta. Ou seja: quando eu realizo esses atos e os faço só pensando no meu próprio bem-estar e não
penso no bem-estar do meu colega.

A violência no basquetebol, no entanto, não tem só a ver com individualismo. Quando


identificamos que tal violência também se faz muito presente na interação entre meninos e meninas
nos jogos, foi possível relacionar esse problema com a discussão sobre machismo e gênero.

VIOLÊNCIA E DESRESPEITO COM OS CORPOS NO JOGO DE BASQUETEBOL: UM


BREVE PASSEIO NA HISTÓRIA
Podemos discutir sobre como no contexto da Revolução Industrial, o estado/classes dominantes
(industriais, comerciantes...) tinham interesse na formação de homens fortes para trabalharem na
indústria e servirem as forças armadas de seus países. Para atingir essa finalidade, a classe dominante
criou formas para estimular as mulheres a fazerem exercícios físicos mais focados em facilitar o parto
de filhos. Também foi estimulada a ideia de “dona de casa”, “mulher do lar”, para que estas mulheres
pudessem criar seus filhos (da classe trabalhadora) fortes e saudáveis – pois filhos fortes significavam
mais trabalhadores para as indústrias e soldados para as forças armadas no futuro.

Assim, foram reforçados papeis sociais diferentes para homens/mulheres, meninos/meninas. Ou seja,
reforça-se uma noção de homem/masculino e uma noção de mulher/feminino. A essas noções podemos
dar o nome de gênero (ideias criadas com o passar do tempo sobre o que significa ser homem e
mulher).
Desse modo, por razões econômicas e outras mais, nossa sociedade entendeu ser mais aceitável e
desejável o uso da força por homens/meninos do que por mulheres/meninas. Assim, podemos
entender que o fato de meninos serem brutos e usarem mais força, serem agressivos e desrespeitarem
os corpos femininos também está relacionado com o fato de meninos serem mais estimulados a
serem mais fortes e usarem dessa força, mesmo que isso signifique ser machista e desrespeitar e
não ter cuidado com o corpo de jogadoras e jogadores.
REFLEXÃO:
Só por que somos estimulados a ser mais fortes, tivemos mais condições de desenvolver força física e
habilidades, isso significa que podemos ser machistas e desrespeitar, ser bruto, violento com meninas
e meninos nos jogos de basquetebol etc?
Por fim, não podemos pensar que assim como soluções para problemas relacionados aos esportes
foram criadas ao longo da História, também não podemos criar novas formas de nos relacionarmos
dentro e fora das quadras de jogo para solucionar problemas como individualismo, machismo?

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