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Handebol

1) Histórico do Handebol:

A bola é sem dúvida um dos instrumentos desportivos mais antigos do mundo e vem cativando o homem há milênios. O
jogo de Urânia, praticado na antiga Grécia com uma bola do tamanho de uma maçã, usando as mãos, mas sem balizas, é
citado por Homero na Odisséia. Também os Romanos, segundo Cláudio Galeno (130-200 DC), conheciam um jogo
praticado com as mãos, o Harpastum. Mesmo durante a idade média, eram os jogos com bola praticados como lazer por
rapazes e moças. Na França, Rabelais (1494-1533) citava uma espécie de handebol (esprés jouaiant â la balle, à la paume).
Em meados do século passado (1848), o professor dinamarquês Holger Nielsen criou, no Instituto de Ortrup, um jogo
denominado Haandbold, determinando suas regras. Na mesma época, os Tchecos conheciam jogo semelhante Hazena.
Fala-se também de um jogo similar na Irlanda e no El Balon do Uruguaio Gualberto Valleta, como precursores do
handebol.
Todavia o handebol, como se joga hoje foi introduzido na última década do século passado na Alemanha, como
Raftball. Em 1919, o professor alemão Karl Schelenz reformulou o Torball, alterando seu nome para Handebol com as
regras publicadas pela Federação Alemã de Ginástica para o jogo com 11 jogadores. Schelenz levou o jogo competitivo para
a Áustria, Suíça, além da Alemanha. Em 1920, o Diretor da Escola de Educação Física da Alemanha tornou o jogo desporto
oficial. A divulgação na Europa deste novo desporto não foi difícil, visto que Karl Schelenz era professor na então famosa
universidade de Berlim onde seus alunos, principalmente os estrangeiros, difundiram as regras então propostas para vários
países. Por sua vez existia na Checoslováquia desde 1892 um jogo praticado num campo de 45x30m e com 7 jogadores que
também era jogado com as mãos e o gol era feito em balizas de 3x2m. Este jogo, o Hazena, segundo os livros, foi
regulamentado pelo professor Kristof Antonin, porém, somente em 1921 suas regras foram publicadas e divulgadas por
toda a Europa. Mas foi o Handebol jogado no campo de futebol chamado de Handebol de campo que teve uma
popularização muito grande, tanto que foi incluído nos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936. Com o grande crescimento do
futebol com quem dividia o espaço de jogo, com as dificuldades do rigoroso inverno, muitos meses de frio e neve, o
Handebol de campo foi gradativamente sendo substituído pelo Hazena que passou a ser o Handebol a 7, chamado de
Handebol de Salão, que mostrou-se mais veloz e atrativo. Em 1972, nos Jogos Olímpicos de Munique – Alemanha, o
Handebol foi incluído na categoria masculina e reafirmou-se em Montreal – Canadá em 1976 (masculino e feminino) e não
mais parou de crescer.

2) Handebol no Brasil:

O handebol no Brasil após a I Grande Guerra Mundial, um grande número de imigrantes alemães vieram para o Brasil
estabelecendo-se na região sul por conta das semelhanças climáticas. Dessa forma os brasileiros passaram a ter uma maior
contato com a cultura, tradição folclórica e por extensão as atividades recreativas e desportivas por eles praticadas, dentre os
quais o então Handebol de Campo. Foi em São Paulo que ele teve seu maior desenvolvimento, principalmente quando em
26 de fevereiro de 1940 foi fundada a Federação Paulista de Handebol, tendo como seu I° presidente Otto Schemelling. O
handebol de salão somente foi oficializado em 1954 quando a Federação Paulista de Handebol instituiu o I° Torneio Aberto
de Handebol que foi jogado em campo improvisado ao lado do campo de futebol do Esporte Clube Pinheiros, campo esse
demarcado com cal (40x20m e balizas com caibros de madeira 3x2m). Este handebol praticado com 7 jogadores e em um
espaço menos agradou de tal maneira que a Confederação Brasileira de Desportos – CBD, órgão que congregava os
Desportos amadores a nível nacional, criou um departamento de handebol possibilitando assim a organização de torneios e
campeonatos brasileiros nas várias categorias masculinas e femininas.
Contudo, a grande difusão do handebol em todos os estados adveio com sua inclusão nos III Jogos Estudantis Brasileiros,
realizado em Belo Horizonte –MG em julho de 1971 como também nos Jogos Universitários Brasileiros realizados em
Fortaleza – CE em julho de 1972.
A atual Confederação Brasileira de Handebol – CBHb foi fundada em 1° de junho de 1979, tendo como primeira sede São
Paulo e o primeiro presidente foi o professor Jamil André. As seleções brasileiras de Handebol masculina e feminina já
participaram de Jogos Olímpicos e evoluem a cada ano nas suas participações em mundiais e conseguindo medalhas de ouro
nos pan-americanos.
3) Características do jogo:

As equipes são compostas por 7 jogadores em quadra e 7 no banco totalizando 14. A partida é dividida em dois tempos de
30 minutos com 10 minutos de intervalo. O jogador conduz a bola podendo dar 3 passos antes de bater a bola no solo com
apenas uma das mãos. É permitido segurar a bola por no máximo 3 segundos, mesmo estando no chão. Se parar com a bola
dominada não se pode voltar a lançar a bola ao chão. Não se pode pisar na área do goleiro. O objetivo principal do jogo e
fazer o gol na meta adversária e evita-lo quando em situação adversa. É um jogo rápido que requer força, habilidade,
concentração e espírito de grupo. O número de substituições é ilimitado. Elas são feitas também sem a interrupção do jogo
e é preciso que um jogador saia completamente da quadra antes que o outro entre em seu lugar. Caso ocorra uma
substituição incorreta, ela deve ser avisada ao árbitro da partida pela mesa do jogo sendo o jogador que cometeu a infração
recebe uma punição de 2 minutos.
A bola é de couro ou material sintético, pesando de 425g a 475g para os homens e de 325g a 400g para mulheres. Tem de
58cm a 60cm de circunferência (M) e de 54cm a 56(F).
4) A quadra de jogo:

Figura 1
O handebol pode ser considerado um dos desportos coletivos mais fáceis de ser aprendido. Conheça, agora,
algumas características deste desporto:
* o handebol é considerado fácil porque oferece poucas dificuldades para a execução de seus movimentos
básicos;

* não exige equipamentos/materiais complicados. Para a realização de um jogo de handebol é necessário uma
área livre, duas balizas e uma bola;

* é considerado um dos desportos mais completos, apresentando condições para a formação do indivíduo,
tanto do ponto de vista desportivo, quanto educacional;

* o handebol desenvolve ao mesmo tempo: resistência, habilidade, coordenação, velocidade, força e coragem.
Ainda, como é um desporto coletivo, onde todos os participantes se esforçam para atingir o mesmo objetivo,
favorece o desenvolvimento do espírito de cooperação e de grupo;

* saltar, correr e arremessar são as três bases atléticas do handebol. Isto equivale a dizer que o salto, a corrida
e o arremesso são as principais ações do jogador de handebol:

CORRER

SALTAR

ARREMESSAR

FIGURA 2: Principais bases atléticas do handebol: correr, saltar e arremessar. Adaptado de Nagy-Kunsagi
(1978).
Os fundamentos do handebol
  São movimentos fundamentais do handebol que são executados segundo um determinado gesto técnico que é
a forma "correta" de execução de um movimento específico, descrito biomecanicamente. Por exemplo: O gesto técnico
do passe de ombro no handebol - é a execução desse tipo de passe com o menor desperdício de energia, com a maior
rapidez e velocidade, portanto com maior eficácia. A seguir descreveremos os diversos fundamentos do handebol.

5-Fundamentos: O treinamento constante dos fundamentos faz com que o gesto desportivo possa ser automatizado,
havendo portanto uma melhora no nível técnico do jogo. São eles:

a) Empunhadura: é muito importante, pois da segurança ao jogador para manusear a bola nas diversas situações do
jogo. Deve-se agarrar bem a bola na mão, colocandoos dedos bem abertos na sua superfície, o indicador e o polegar
seguram-na de lado sendo que os outros dedos rodeiam-na. O punho deve estar relaxado

b) Passe: passe é o ato no qual o jogador transfere a posse de bola para outro jogador. No handebol podemos efetuar
passes parados ou em movimento. Saber executar um passe é fundamental no handebol, pois podemos deixar um
parceiro em situação de marcar um gol, progredir facilmente além de não perder a posse de bola. Não podemos
esquecer que o passe é mais rápido que o drible. Os tipos de passes mais utilizados no handebol são o passe frontal,
frontal picado, passe por baixo, passe lateral (empurrado) e passe em parábola.

c) Recepção: Chama-se recepção o ato de o jogador colocar a bola sob seu domínio, depois de recebê-la de um
companheiro ou adversário. Deve ser feita com as duas mãos, tomando sempre o cuidado de segura-la com firmeza
para não perdê-la. Para receber um passe deve-se também se desmarcar, se está marcado por um adversário,
colocando-se em posição favorável, encontrando um espaço livre para receber. As mãos devem estar sempre
preparadas e braços levemente flexionados, para segurar a bola. Não se deve esperar a bola, devemos ir de encontro a
ela observando-a e observando a situação ao redor usando a visão periférica.

c) O drible: o drible é permitido, mas torna a jogada mais lenta, é melhor realizar um passe. Pode-se dar 3 passos, 1
pique, 3 passos e 1 pique, assim sucessivamente. Não se pode pegar a bola, parar com ela dominada e picar
novamente. Não se pode ficar mais de 3 segundos em posse de bola.

d) Arremate: É a maneira pela qual o jogador joga a bola com as mãos, em direção a baliza, com o objetivo de marcar
um gol. Os arremessos mais utilizados no handebol são: Arremesso simples, em suspensão, o chapéu, rasteiro, picado,
arremesso do pivô e em rosca. O arremate simples é um arremate que se efetua com os pés no solo, em apoio e
afastados. Recebe-se a bola em corrida, carregando a bola alta e afastada, atrás da cabeça. Interrompe-se a corrida com
uma perna a frente e acelera o braço, para arrematar rapidamente e com precisão. No arremate em suspensão nos
elevamos no ar para explorar o espaço acima da defesa, ou para nos aproximarmos da baliza, por cima da área.
Ocorrem duas situações iniciais quando recebemos a bola em corrida ou quando estamos em posse de bola e tomamos
o balanço devendo depois saltar alto, fazendo a impulsão com o pé esquerdo ou com o direito.
O arremesso do pivô aos 6 metros tem que ser hábil, esperto, astucioso e sem medo. Recebe-se a bola, finta-se o
adversário e salta para cima arrematando sobre a área.
6-Os jogadores e sua disposição:

a) O goleiro: É vital na defesa e o último defensor. Um bom goleiro pode representar 50% da performance de um
time. Precisa ter um reflexo rápido, boa antecipação de onde o atacante pretende arremessar e habilidade de ajustar
força, reflexo e total concentração forçando seu objetivo final, a defesa. Deve orientar seus companheiros. Se defender
um arremesso, torna-se também o primeiro atacante devendo ter habilidade e raciocínio rápido para observar se algum
companheiro se encontra em posição de contra ataque. É o único jogador que pode ficar na área e que é permitido que
toque na bola com os pés, ,mas só para salvar um gol e não para domina-la. Antes do arremate deve se manter
equilibrado e o seu olhar não deve desviar da bola nas mãos do atacante. Durante o arremate deve aguardar o último
momento para efetuar a defesa com braços, com braços e pernas, com as pernas ou em explosão.

b) O armador ou central: Este jogador esta no centro do ataque e comanda o curso e o tempo do mesmo.
Geralmente é o mais experiente do time, deve arrematar com força e ter um grande repertório de passes. Deve possuir
grande visão de jogo para se adaptar as mudanças da defesa adversária.

c) Os meias ou laterais: Geralmente possuem os mais fortes arremates e são, geralmente os mais altos jogadores do
time. São na maioria das vezes os jogadores mais perigosos no ataque, pois os arremates costumam partir deles ou de
outro jogador o qual tenha recebido um passe dele.

d) Os pontas ou extremas: São os que começam as jogadas de ataque. São velozes e ágeis e devem possuir grande
capacidade de arremessar em ângulos fechados. O destaque do arremate não é a força, mas a habilidade e mira,
podendo mudar o destino da bola apenas momentos antes de solta-la em direção ao gol. São muito importantes nos
contra ataques.

e) O pivô: Se posicionam entre as linhas de 6m e a 9m. seu objetivo é abrir espaço na defesa adversária para que seus
companheiros possam arremessar de uma distância menor, ou arrumar uma posição melhor para o arremate a baliza. O
pivô possui o maior repertório de arremessos do time, pois ele deve passar pelo goleiro e marcar o gol geralmente sem
muita força e com impulsão ou velocidade e em jogadas geralmente rápidas e certeiras.
7) A Defesa e suas características:

Deve ter combatividade, perturbar o ataque e criar vantagens para o contra-ataque. Na defesa devemos controlar
visualmente o adversário e a bola para avaliar o perigo para que esteja preparado para proteger sua baliza. Se esta
diante do portador da bola deve colocar-se no eixo de enquadramento do atacante portador da bola. Desloca-se e se
orienta-se permanecendo equilibrado, com as pernas e os braços flexionados. Avalia o perigo em função da distância,
dos movimentos dos jogadores e da sua colocação. Deve intervir impedindo o arremate, o passe ou a progressão da
bola. Também deve ajudar com rapidez o teu companheiro batido, diminuir a comunicação com teu adversário direto e
intervir sobre o seu adversário direto se este receber a bola. Deve-se estar atento para o desenrolar do duelo do teu
parceiro com o adversário estando atento para poder ajuda-lo não esquecendo também do adversário que você marca.
Se estiver longe do portador da bola deve se colocar de forma que possa interceptar na trajetória da bola ou nos
eventuais trajetos do adversário travando-o. Resumindo, então, para recuperar a bola mais depressa possível e nas
melhores condições: Envolver o adversário portador da bola limitando ao máximo suas ações, dissuadir os passes
curtos e interceptar a bola ou o adversário nos passes longos.

8) Características do ataque:

Assim que recupera-se a bola deve-se imediatamente arranjar problemas para o adversário ultrapassando-o,
contornando-o, atravessando a frente dele, correndo sempre em espaços livres, mantendo sempre espaço para uma
trajetória da bola. Deve criar buracos no bloqueio adversário para conseguir uma melhor condição de arremate. Se não
puder arrematar de forma segura, cria uma situação para teu companheiro marcar o gol. Deve ter coragem para
arrematar aceitando a possibilidade do contato e eventual queda posterior. Deve fintar o adversário com determinação
e confiança. No ataque devemos ocupar bem o maior espaço passível, para facilitar os passes em torno da defesa sendo
a circulação da bola aérea. As principais qualidades do atacante são saber desmarcar-se, quando não tem a bola , saber
ganhar um duelo contra um adversário, arrematar com força e precisão ou habilidade de vencer o goleiro e a barreira,
criar situações para si ou para o companheiro.
RECEPÇÃO

A recepção é uma técnica individual (geral) e pode ser definida como sendo a “ação específica de receber,
amortecer e reter a bola de forma adequada nas diferentes posições e situações em que o jogador estiver envolvido”
(Zamberlan, 1997, p.23). É o fundamento inicial do ensino do handebol, pois o aluno necessitará saber segurar e
dominar a bola de qualquer direção que ela venha, enquadrando o corpo em condições de executar perfeitamente os
movimentos, protegendo-a dos adversários. A recepção vem sempre acompanhada de um passe, e, por isso, ela
depende do tipo de passe que é dado, da distância e da situação.

Cinco princípios devem sempre ser seguidos durante a ação de recepção:


● posicione as duas mãos a frente do corpo como referência para a pessoa que esta lançando a bola;

● posicione o corpo sempre atrás da bola, formando uma linha entre: passador-bola-recebedor;

● faça contato com a bola o mais longe do corpo possível e, após este contato, traga-a próxima ao corpo;

● mantenha contato visual com a bola durante todo o momento de aproximação da mesma;

● após a recepção, rapidamente prepare para arremessar, passar, driblar ou progredir.

A ação de recepção pode variar de acordo com a altura com que a bola chega ao recebedor. Dentre as muitas
variações técnicas de execução da recepção, pode-se destacar quatro tipos:
1. Recepção Normal: recepção da bola na altura do peito. É a mais fácil, pois quem recebe a bola estará de
frente para quem passou e com a bola dentro do campo visual. Sua execução dá-se da seguinte maneira:
● Pernas: semi-flexionadas e com uma perna ligeiramente à frente da outra (Fig. 2A);

● Braços/antebraços: estendidos na frente do corpo em direção à trajetória da bola (Fig. 2A);

● Mãos: em formato de concha com palma da mão voltada para a trajetória da bola. Dedos entreabertos e orientados
ligeiramente para cima, polegares voltados para dentro, formando um 'W' (Fig. 2B);

Figura 3: Recepção NORMAL (A) e posição das mãos (B).

● Execução: o contato com a bola deve ser feito com os dedos e, assim que ocorrer o contato, os braços devem
iniciar uma semi-flexão, procurando amortecer o impacto e protegendo a bola de um possível ataque dos
adversários.

2. Recepção Alta: recepção da bola acima da altura da cabeça. Execução dá-se da seguinte maneira (Fig. 4A):
● Pernas: estendidas;

● Braços/antebraços: estendidos acima da cabeça;

● Mãos: em formato de concha com palma da mão voltada para a trajetória da bola. Dedos entreabertos e orientados
para cima, polegares voltados para dentro, formando um 'W'.
● Execução: o contato com a bola deve ser feito com os dedos e, assim que ocorrer o contato, os braços devem
iniciar uma semi-flexão, procurando amortecer o impacto e trazendo a bola a frente do tronco.

3. Recepção Baixa: recepção da bola abaixo da altura do quadril. Execução dá-se da seguinte maneira (Fig. 4B):
● Pernas: semi-flexionadas e com uma perna ligeiramente à frente da outra;

● Braços/antebraços: estendidos na frente do corpo em direção à trajetória da bola


● Mãos: em formato de concha com palma da mão voltada para a trajetória da bola. Dedos entreabertos e orientados
para baixo. Polegares orientados para fora.
● Execução: o contato com a bola deve ser feito com os dedos e, assim que ocorrer o contato, os braços devem
iniciar uma semi-flexão, procurando amortecer o impacto e trazer a bola a frente do tronco

4. Recepção no Solo: idem a recepção BAIXA, apenas com maior flexão das pernas e tronco e ponta dos dedos
voltados (Fig. 4C).

Figura 4: Recepção ALTA (A), BAIXA (B) e no para baixo SOLO (C).

PASSES
O passe também é uma técnica individual (geral) e pode ser definido como a ação específica de dirigir e enviar a
bola a um companheiro (Zamberlan, 1997). Juntamente com a recepção, o passe também pode ser considerado como o
fundamento inicial do ensino do handebol.
A execução de qualquer passe no handebol deve sempre ser precisa indo na direção e posição em que o
companheiro se encontre e, principalmente, sem que o adversário consiga interceptá-lo. A utilização de passes no
handebol tem dois objetivos:

● condução rápida da bola;

● preparação de jogadas.

Existe uma variedade enorme quanto a execução de passes no handebol. Os passes podem ser realizados:
● com 1 mão: maior velocidade de execução, mais rápido, não revela a intenção do jogador, maior possibilidade
de finta, porém é menos seguro.
● com 2 mãos: maior proteção da bola e mais seguro, porém perde-se em velocidade, em variação (finta) e na
possibilidade de arremesso.

Os passes podem, ainda, ser analisados:

Quanto a trajetória:
● direto

● parabólico

● picado

Quanto a distância:
● curto

● médio

● longo

Quanto a situação de execução:


● parado
● em deslocamento

● suspensão

Quanto a mecânica de execução:


● por cima da cabeça

● de peito

● reversão

● pronação (*)

● ombro/fundamental (*)

(*)utilizados mais frequentemente (descritos a seguir)

4. Passe de Ombro/Fundamental :

● Pernas: perna contrária ao braço de arremesso a frente e os pés apontando para onde se intenciona passar a
bola;

● Tronco: com pequena rotação lateral para o lado do braço de arremesso;

● Braços/Antebraços: o cotovelo flexionado, braço na horizontal na altura do ombro, o antebraço na vertical


orientado para cima (braço e antebraço formando um ângulo de 90 graus). O outro braço ligeiramente flexionado e a
frente do corpo;
● Mão: posicionada atrás da bola com os dedos orientados para cima (a bola deve estar “presa” pela ação dos
dedos);

● Execução: a propulsão da bola é iniciada pela ação de rotação do tronco e ombro, seguida de rotação do braço,
extensão do antebraço e terminando com um movimento do pulso para melhor direcionamento da trajetória da bola. A
perna do mesmo lado do braço de arremesso pode acompanhar o movimento de rotação do tronco e ombro, saindo da
posição atrás e finalizando com um passo para frente, o qual deve coincidir com a soltura da bola.

Figura 5: Passe de OMBRO/FUNDAMENTAL

5. Passe de Pronação:

● Pernas: perna contrária ao braço de lançamento ligeiramente a frente;

● Tronco: ligeiramente inclinado e voltado para frente;


● Braço/Antebraço: braço e antebraço estendidos a frente do corpo com a mão na altura do quadril e na linha
média do corpo;
● Mão (do lado do passe): voltada para baixo e segurando a bola através da pressão dos dedos na bola. Caso seja
difícil segura a bola nesta posição, a outra mão pode ser posicionada em baixo da bola, palma da mão para cima.
● Execução: o braço e antebraço são movimentados na direção do passe e terminando com o movimento de
pronação para melhor direcionar a trajetória da bola.
Figura 6: Passe de Pronação.

DRIBLE

Apesar de ser relativamente pouco utilizado durante o jogo, o drible é um fundamento muito importante para a
movimentação do jogador quando de posse da bola. O drible no handebol pode ser definido como sendo o movimento
de lançar a bola no chão sucessivamente ou uma única vez.
O drible é utilizado basicamente em três situações:
● quando o jogador quiser deslocar rapidamente uma distância relativamente longa com posse de bola. Esta
situação ocorre frequentemente em situações de contra-ataque;
● após o jogador ter executado três passos e, ainda, ter intenção de deslocar pelo espaço com posse de bola;

● quando não for possível realizar o passe para um companheiro, esperar um melhor posicionamento dos
companheiros ou, então, necessitar “fugir” de alguma situação difícil, imposta pela marcação de algum adversário.
IMPORTANTE: apesar da importância do drible, como ilustrado nas situações acima, o mesmo deve ser EVITADO
quando a situação não o fizer necessário.
Lançamento/recebimento da bola ao chão:
● Lançando a bola ao chão: a bola deve ser controlada por apenas uma mão, sendo o contato realizado pelos dedos e
com a palma da mão voltada para baixo. Desta forma, a “mão” deverá sempre estar posicionada SOBRE e não na
lateral da bola. A bola deve ser “lançada” ao chão por uma extensão do cotovelo e por uma ligeira flexão do
punho, no final da ação de extensão do cotovelo.
● Recebendo a bola de volta: a bola deve ser controlada, após o contato da mesma com o solo, a partir de um contato
com os dedos. Ao mesmo tempo, o cotovelo deve ser levemente flexionado e o punho estendido para amortecer e
mudar a trajetória da bola. Inicie novamente a ação de lançá-la ao solo, se assim for intencionado.
Duas variações de execução, de acordo com a situação, podem ocorrer utilizando a técnica descrita acima:
1. Drible Alto: utilizado quando o objetivo for deslocar rapidamente (p. ex., contra-ataque e/ou finta) (Fig. 7):
● corpo ereto (sem flexionar o quadril e joelhos);

● braço contatando a bola estendido à frente do corpo;

● bola conduzida e lançada à frente do corpo


Vantagens: maior velocidade; maior visão do jogo. FIGURA 7: Drible ALTO

2. Drible Baixo: utilizado quando o jogador de posse da bola tiver que defender a bola de um possível ataque do adversário
(Fig. 8):
● semi-flexionar o tronco e as pernas (quadril e joelhos);

● manter a bola mais próxima ao corpo, flexionando o cotovelo;

● utilizar o outro braço para proteger a bola do adversário;

● colocar o corpo entre a bola e o adversário.


Vantagem: maior proteção da bola Figura 8: Drible BAIXO.
PROGRESSÃO

A progressão é um fundamento de grande valia para a movimentação individual quando de posse de bola,
principalmente no ataque. Sua utilização ocorre principalmente:
● na preparação de arremesso, facilitando a infiltração;

● com a intenção de deslocar com maior liberdade durante a execução da movimentação;

● com a intenção de ganhar velocidade na execução da movimentação.


Definição: progressão é a movimentação onde o jogador realiza ATÉ 3 passos com a posse de bola, sem a
necessidade de realizar o drible. Deve ser finalizada com a realização de um arremesso, passe ou drible.
A execução da progressão pode ocorrer a partir de diversas combinações das passadas. As principais combinações
são:
● três passos normais: realização de três passadas alternadas, iniciando com a passada do lado contrário ao braço
de arremesso (Esq., Dir., Esq. ou Dir., Esq., Dir.):

● sobre passo: realização de duas passadas sucessivas do mesmo lado (Dir., Dir., Esq. ou Esq., Esq., Dir.).
Normalmente utilizada quando a primeira passada é realizada do mesmo lado do braço de arremesso:

● cruzada alemã: dá-se um passo com o esquerdo, cruza o direito por trás do esquerdo e dá-se mais um passo
com o esquerdo lançando-o para a frente:

● cruzada romana: dá-se um passo com o pé esquerdo, cruza o direito pela frente do pé esquerdo e a seguir joga
o pé esquerdo à frente do direito
A realização da progressão também pode ser associada com um drible. Novamente, várias combinações podem ser
formadas. As três mais importantes são:
● cinco passos com um drible: inicia-se com o pé esquerdo, direito, esquerdo, salta e quica a bola ao mesmo
tempo, ou antes de pisar com o pé direito, dá-se mais um passo com o pé esquerdo e arremessa:

● cinco passos com um drible: passada com o esquerdo, salta, cai no pé direito, quicando a bola e realiza mais
três passos: esquerdo, direito e esquerdo:

● duplo ritmo trifásico: é muito utilizado para a realização de fintas por arremessadores na área central de
arremesso com a finalidade de iludir a ação defensiva. Inicia-se com o pé esquerdo, direito, esquerdo, salta com a
intenção de ganhar altura, realiza o drible ao mesmo tempo ou antes de aterrizar do salto com o pé e direito, realize
mais uma sequência de passada: esquerdo, direito e esquerdo:

IMPORTANTE:[

1. Embora, de acordo com a definição apresentada acima, uma ou duas passadas também podem ser consideradas
progressão, a aprendizagem deste fundamento deve sempre ser voltada para a aprendizagem das três passadas.
2. No handebol, uma passada é considerada toda vez que a pessoa levantar e tocar o pé no solo. Ainda, o simples
deslize do pé no chão também é considerado como passada.
ARREMESSOS

No handebol, o arremesso é a ação final do ataque e visa a consignação de um gol, objetivo primordial do jogo.
Toda movimentação tática (preparação da jogada), realizada na preparação do arremesso, tem o intuito de levar a
execução do arremesso em condições favoráveis para conseguir o gol.
A movimentação rápida, característica do handebol, propicia o surgimento de muitas oportunidades de arremesso e o
executante deve ser capaz de escolher e executar o arremesso mais apropriado de acordo com as oportunidades
surgidas. A eficiência e eficácia do arremessado depende do conhecimento e entendimento, por parte do executante,
dos seguintes princípios:
● Arremessar em movimento: quando possível, realizar o arremesso juntamente com uma movimentação em
direção ao gol. Isto faz com que a velocidade e força do arremesso sejam aumentadas (momentum do corpo);
● Levar em consideração a posição/movimento do goleiro: arremessar em uma área do gol que o goleiro não
esteja cobrindo. Desta forma, o arremessador deve não apenas vencer o defensor (bloqueio) mas também o goleiro;
● Precisão no arremesso: muitas vezes, apenas arremessar com força não é suficiente para vencer o goleiro; o
local onde a bola é arremessada é essencial. Desta forma, a precisão do arremesso é fator primordial para o sucesso do

mesmo. Os pontos mais vulneráveis são os cantos inferiores e superiores da área delimitada pelas traves (Fig. 9);
Figura 9: Pontos mais vulneráveis do gol.

● Levar em consideração a distância e ângulo de arremesso: arremessos realizados na área central da quadra têm
maior possibilidade de ser convertidos em gols (maior ângulo de arremesso) (Fig. 9);
Figura 10: Área central (achurada) da quadra que possibilita maior conversão dos arremessos.
● Arremessar “fora” do alcance do defensor: executar os arremessos quando os defensores propiciarem espaço;
por sobre os defensores, ao redor dos defensores ou entre os defensores (Fig. 10). Entretanto, o arremessador NÃO
deve FORCAR o arremesso. Apenas arremessar quando uma clara oportunidade for criada
Figura 11: Ação do atacante entre os defensores, criando uma condição para um bom arremesso.

Os arremessos podem ser executados em diversas formas:


● Parado (forma menos indicada, pois não aproveita o momentum criado pelo deslocamento do corpo);

● Em deslocamento

● Em suspensão

● Em queda.
Os arremessos, segundo sua modalidade de execução, podem ser classificados em:
1. Arremessos Simples: são aqueles realizados a partir da região central da quadra (Fig. 9) e das extremidades que
não envolvem quedas, giros ou rolamentos após a soltura da bola. Em outras palavras, após a execução do
arremesso o executante permanece na posição em pé.
A mecânica de execução do arremesso simples basicamente envolve a execução de um passe de ombro
(fundamental), apenas de forma mais acentuada quanto a força e velocidade de execução, que na maioria das
vezes, é combinado com um salto. Desta forma, todos os princípios, relacionados com a execução do passe de
ombro, devem também ser aplicados na execução do arremesso simples. Os principais arremessos simples são:
● de frente parado (Fig. 12)

Figura 12: Arremesso de frente parado; a) preparação, b) execução e c) finalização.


● de frente em suspensão, que pode ser suspensão horizontal ou vertical (Fig. 13);
Figura 13: Arremesso de frente em suspensão; a) preparação, b) execução e c) finalização.

● De frente com passada cruzada (Fig. 14)

Figura 14: Arremesso de frente com passada cruzada .

● com inclinação lateral que pode ser do mesmo lado do braço de arremesso ou do lado contrário ao braço de
arremesso (Fig. 15); Figura 15: Arremesso com inclinação lateral do lado contrário ao braço de

arremesso.

● da extremidade (Fig. 16).


Figura 16: Arremesso a partir da extrema esquerda.
2. Arremessos Especiais: São aqueles realizados nos limites da área de gol (curta distância). Os arremessos
especiais são caracterizados pela combinação de saltos, giros, quedas, rolamentos, fintas e movimentos
acrobáticos. O principal objetivo de realização de arremessos especiais é de superar a marcação e/ou bloqueio
adversário, muito forte próximo da linha da área de gol. Os principais arremessos especiais são:
● Com queda para frente. Pode ser combinado com giro e/ou salto (Fig. 17);

Figura 17: Arremesso com queda para frente, a) preparação, b) execução e c) finalização.
● Com queda lateral (do lado do braço de arremesso ou do lado contrário do braço de arremesso) (Fig. 18).

Figura 18: Arremesso com queda lateral do lado do braço de arremesso.


FINTAS

As fintas são ações que jogadores, normalmente com posse de bola, realizam para dirigir os movimentos dos
defensores numa direção falsa, desviando a atenção deles da própria (real) intenção. Estas movimentações devem
causar o desequilíbrio do adversário e, consequentemente, constituir uma desvantagem para o mesmo.
As fintas podem ser didaticamente divididas em duas partes:
1. A ação inicial do atacante com o objetivo de desencadear uma resposta do defensor;
2. Mudança rápida para a REAL ação que o atacante havia planejado executar.
Frente ao exposto acima, quanto maior a movimentação do defensor frente a movimentação enganosa do atacante,
maior a possibilidade de sucesso da finta. Desta forma, a movimentação enganosa do atacante deve ser realizada de
forma que realmente leve o defensor a acreditar nesta movimentação.
Vários cuidados devem ser considerados na realização de fintas:
1. não “telegrafar” a finta que será realizada;
2. variar os tipos de fintas utilizadas;
3. proteger a bola durante a realização da finta;
4. não exagerar no uso das fintas;
ATENÇÃO: as fintas podem ser executadas através de movimentos dos braços, pernas e corpo em geral, durante a
realização de passe, arremesso e deslocamento (sem ou com a bola).
Dois tipos de fintas durante deslocamento com bola:
● finta com SAÍDA PARA O LADO DIREITO (normalmente o lado do braço de arremesso):
- o jogador deve receber a bola em deslocamento;
- executar a parada brusca a frente do adversário com apoio na perna esquerda, insinuando que irá sair deste lado;
- trocar de direção, saindo pelo lado direito realizando passadas com o direito e esquerdo antes de finalizar ao gol.

Figura 19: Representação esquemática da finta de deslocamento com saída para o lado direito.

Finta com SAÍDA PARA O LADO ESQUERDO (normalmente o lado contrário do braço de arremesso):
- o jogador deve receber a bola em deslocamento;
- executar a parada brusca a frente do adversário com apoio na perna direita, insinuando que irá sair deste lado;
- trocar de direção, saindo pelo lado esquerdo realizando passadas com o esquerdo, direito e esquerdo (passadas
normalmente curtas) antes de finalizar ao gol.

Figura 20: Representação esquemática da finta de deslocamento com saída para o lado esquerdo.

IMPORTANTE: durante a realização de fintas próximas do adversário, com deslocamentos, o “fintador” não deve
ABAIXAR a cabeça e/ou o ombro. Abaixar a cabeça e/ou o ombro são considerados como ações faltosas pois
colocam o adversário em perigo (colisão).

Fintas também podem e devem ser executadas sem a posse de bola. Neste caso, a ação do jogador é mais livre
pois ele não terá que se preocupar com o domínio e manuseio da bola. Normalmente, fintas sem a bola são realizadas
para criar uma condição mais adequada para uma possível recepção, tendo como objetivo sair da marcação do
adversário. Estas fintas devem também ser realizadas utilizando as duas etapas da finta, discutidas acima
(movimentação enganosa e movimentação real).
BLOQUEIO DEFENSIVO

O bloqueio defensivo constitui a última chance para que o(s) defensor(es) evite(m) um arremesso ao gol e pode ser
definido como sendo a ação de cortar a trajetória da bola, após ser lançada pelo adversário na direção à baliza, além de
evitar, em alguns casos, o próprio lançamento da mesma.
A ação de bloqueio pode ocorrer individual ou coletivamente. No caso individual, o bloqueio é usado em uma
situação defensor-atacante e o defensor tem que “parar” o atacante utilizando apenas as suas habilidades. Quando o
defensor não conseguir identificar as reais intenções do atacante, ele deve assumir a posição de bloqueio, colocando
suas mãos para cima, e preparar para bloquear eventuais arremessos do atacante. Mesmo que o defensor não boqueie o
arremesso, a ação do bloqueio diminui a área do gol disponível para o arremesso, facilitando assim as ações do
goleiro. Desta forma, o objetivo do bloqueio defensivo não se resume a apenas a interceptação da bola, mas também
objetiva dificultar a ação do atacante “cobrindo” parte do gol.
O bloqueio defensivo pode ser realizado utilizando os braços, mãos, corpo e eventualmente as pernas. A realização
desta movimentação deve ser norteada por alguns princípios:
● mantenha contato visual com a bola para ter certeza de sua trajetória;

● mantenha uma postura equilibrada durante a realização do bloqueio;

● bloqueie com as duas mãos e com os braços totalmente estendidos;

● manter as mãos abertas e os dedos ligeiramente separados com os polegares quase se tocando;

● ataque a bola agressivamente, movendo os braços para frente (na direção do arremesso). Esta ação agressiva
previne a possibilidade de hiperextensão do cotovelo.
As ações envolvendo o bloqueio defensivo podem variar de acordo com as posições que os arremessos são
realizados ou quanto a posição do atacante. A principais variações são:
● bloqueio de bolas baixas;

● bloqueio de bolas altas;

● bloqueio de bolas nas laterais.


Bloqueio de bolas baixas: normalmente este é o caso quando o atacante realiza o arremesso sem a realização de
um salto. Neste caso, o defensor deve aproximar-se do atacante e, então, assumir uma posição equilibrada mantendo
os pés em contato com o solo e elevar os braços, posicionando-os na trajetória em que a bola estiver sendo
arremessada (Fig. 21).
Bloqueio de bolas altas: a melhor possibilidade para o bloqueio é posicionar-se próximo da linha dos 6 m. O
defensor terá que realizar um salto, sendo que a realização deste deve ocorrer ligeiramente após o salto do atacante. Se
o defensor saltar antes, no momento do arremesso o defensor estará descendo e, portanto, tendo a ação de bloqueio
prejudicada. Os braços deverão estar totalmente estendidos com o defensor procurando colocar os braços e mãos na
trajetória da bola. Caso o atacante realize ajustes na trajetória do arremesso, o defensor terá também que realizar
ajustes para que a trajetória da bola seja interceptada .

Figura 21. Posição inicial para realização do bloqueio (A), aproximação do defensor para diminuir o espaço
de arremesso (B) e contato do defensor com a bola na ação do bloqueio
Bloqueio de bolas nas laterais: os mesmos procedimentos definidos no bloqueio de bolas baixas são também
aplicados neste caso. As diferenças são com respeito à inclinação lateral do tronco e movimentação dos braços na
mesma direção para a interceptação da bola. Embora os braços são movimentados na lateral do corpo, os mesmos
devem permanecer totalmente estendidos com as mãos indo em direção à trajetória da bola .

Técnica - Tática Defensiva e Ofensiva


TÁTICA DEFENSIVA E OFENSIVA I
A defesa tem como finalidade impedir, dificultar e, principalmente, desfazer as ações ofensivas que devem ter
como objetivo buscar a consignação de gols, através de arremessos.
No processo de aprendizagem do jogo de handebol, normalmente, o aprendiz se dedica e se interessa mais pelo
ataque do que pela defesa (no ataque marca-se gols!!!!). Entretanto, ambos são importantes.
Defesa e ataque são caracterizados por constantes movimentações. Enquanto a movimentação dos atacantes deve
objetivar a superioridade numérica temporária em uma determinada região da quadra, a movimentação dos defensores
deve objetivar que esta superioridade do ataque não seja alcançada e, preferencialmente, conseguir uma superioridade
numérica dos defensores em relação aos atacantes.
Nesta disputa entre defesa e ataque, nós temos a seguinte distribuição de jogadores na quadra:
A) B)

Figura 22: Distribuição dos jogadores na defesa (A) e ataque (B) 6:0.
Analisando a distribuição dos defensores, percebe-se que cada defensor tem um atacante correspondente que deve
ser marcado, evidenciando o equilíbrio numérico entre ataque e defesa. Nesta marcação, o defensor deve sempre ser
guiado pelo princípio básico defensivo: O DEFENSOR DEVE SEMPRE SE POSICIONAR ENTRE O GOL QUE
DEFENDE E SEU RESPECTIVO ATACANTE. Por outro lado, o atacante deve SEMPRE BUSCAR VENCER SEU
DEFENSOR, POSICIONANDO-SE ENTRE ELE E O GOL QUE ESTÁ ATACANDO. Para que estes objetivos (do
defensor e do atacante) sejam alcançados, tanto o defensor quanto o atacante devem realizar algumas movimentações
específicas.

Movimentação básica defensiva


Posição básica: é a posição que possibilita deslocamentos rápidos em qualquer direção e estabilidade. (Fig. 22A):
● pés com ligeiro afastamento ântero-posterior e afastados com a mesma largura dos ombros;
● peso do corpo na parte da frente da planta do pés;
● joelhos levemente flexionados;
● tronco ligeiramente à frente;
● braços em elevação lateral semiflexionados;
● mãos voltadas para frente e na altura dos ombros.
Movimentação do defensor: dentro da posição da defesa encontramos três movimentos básicos:
1. Deslocamento lateral: todos os jogadores deverão executar, a partir da posição básica, deslocamentos laterais
de maneira uniforme, tanto para direita quanto para esquerda, dependendo da direção em que a bola esteja
sendo movimentada;
2. Deslocamento para frente: o jogador deverá, a partir da posição básica, executar um deslocamento para frente
até por volta da linha dos 9 metros, através de passadas curtas e rápidas, aproximando-se do adversário que
estiver com a bola. No momento de aproximação do adversário, o defensor deverá bloquear a bola, através da
elevação de um braço colocando a mão na frente da bola, e colocar a outra mão no quadril do atacante
(Fig. 22 B e C);
3. Deslocamento para trás: após ter aproximado do atacante e após este ter passado a bola para um companheiro,
o atacante deve voltar para próximo da linha dos 6 metros. Esta volta deve ser executada na diagonal, do lado
que a bola foi passada, cobrindo o deslocamento do companheiro na linha dos 6 metros.

Figura 23: Aproximação de marcação do defensor, partir da posição básica (A) até o contato (C).

TÁTICA DEFENSIVA

Fases da Defesa (divisão didática):

1. Retorno Imediato: após perda de posse de bola, todos os jogadores de uma equipe devem retornar o mais
rápido possível à linha de gol da sua defesa;
2. Zona temporária: durante este retorno, os jogadores devem procurar marcar os jogadores adversários mais
avançados. Desta forma, alguns defensores podem chegar próximo a linha dos 6 metros fora de sua posição
determinada e devem realizar, temporariamente, a ação defensiva nestas posições;
3. Organização da defesa: quando surgir uma oportunidade (interrupção de jogo, falta de agressividade do
ataque, etc.), os jogadores deverão assumir suas posições definidas;
4. Atuação no sistema: após a organização e todos os jogadores terem assumido suas posições, a defesa é
realizada dentro do sistema definido.
SISTEMAS DE DEFESA
Defesa Homem a homem:
Neste sistema de defesa, cada jogador tem a incumbência de marcar um determinado adversário. Este sistema
pode ser classificado em relação à quadra, com por exemplo:
⇨ Marcação quadra toda

⇨ Marcação meia quadra

⇨ Marcação 1/3 da quadra


Aplicações:
● Adversário em inferioridade numérica
● Contra uma equipe mal preparada fisicamente e/ou tecnicamente
● Final do jogo e inferioridade no placar
● Como fator surpresa
A defesa homem a homem apresenta como vantagens a maior possibilidade de recuperar a posse de bola e
dificultar a movimentação de bola pelo adversário. Por outro lado, as principais desvantagens são o alto desgaste físico
e pouca possibilidade de ação coletiva.
Defesa por Zona:
Neste sistema de defesa, cada jogador tem a incumbência de marcar qualquer jogador que estiver em uma
determinada região da quadra sob sua responsabilidade. A defesa por zona tem como principal característica a
constante ajuda entre os companheiros, dando maior responsabilidade coletiva.
A organização dos jogadores, na defesa por zona, propicia variações com diferentes características. Os tipos de
defesa por zona mais utilizados são:
● Sistema defensivo por zona 6:0:
Neste sistema, todos os jogadores são posicionados próximos da linha dos 6 metros, com os mais altos sendo
concentrados na região central. Deste seis jogadores, apenas os quatro centrais é que fazem a movimentação para
frente para marcação de um jogador de posse de bola. Os extremas não realizam estes movimentos para frente.

Figura 24: Distribuição dos jogadores no sistema 6:0


A principal vantagem do sistema 6:0 é a ampla cobertura da linha dos 6 metros. Por outro lado, tem como
principais desvantagens a possibilidade de movimentação e a possibilidade de arremessos a partir da linha dos 9
metros.

● Sistema defensivo por zona 5:1:


Neste sistema, cinco jogadores são posicionados próximos da linha dos 6 metros e um jogador é posicionado na
região central, próximo da linha dos nove metros, denominado de “avançado”. A função do avançado é dificultar as
ações da equipe adversária (passes e arremessos) na proximidade da linha dos nove metros.
As principais vantagens do sistema 5:1 são: a) dificulta a ação da equipe adversária, realização de passes e
arremessos, na linha dos 9 metros e b) maior possibilidade de contra-ataque. Por outro lado, tem como principal
desvantagem a maior vulnerabilidade na linha dos 6 metros.

Figura 25: Distribuição da defesa por zona 5:1 (a) e esquema da movimentação defensiva (b)

Comparando o sistema 6:0 como sistema 5:1, pode-se verificar a relação inversa entre amplitude e profundidade
defensiva: quanto maior a profundidade da defesa, menor sua amplitude e vice-versa.

Defesa Mista ou Combinada:


Neste sistema de defesa, aplica-se a combinação da defesa homem a homem e defesa por zona. Esta defesa é mais
utilizada com a formação 5 e 1, quer dizer, cinco jogadores atuando por zona (próximos a linha dos 6 metros) e um
jogador marcando individualmente.
Este jogador que marca individualmente, normalmente, exerce esta marcação no melhor jogador adversário (por
exemplo, um ótimo arremessador e/ou fintador). Tem como principal vantagem a possibilidade de neutralizar um
jogador adversário e, ainda, oferecer uma ótima proteção defensiva na linha dos 6 metros.
TÁTICA OFENSIVA

O handebol tem como característica a constante disputa entre ataque e defesa. Nesta constante disputa, o ataque
deve sempre objetivar a marcação de gols, através de passes e movimentações individuais e coletivas. Uma equipe é
considerada no ataque quando esta equipe está de posse da bola ou, ainda, quando a situação indica que a equipe
TERÁ posse de bola.
Da mesma forma que a defesa, o ataque pode ser didaticamente em quatro fases:
1. Contra-ataque simples: envolve a participação rápida de um jogador que, partindo adiantado, recebe a bola de seu
goleiro ou defesa e ataca o gol;
2. Contra-ataque sustentado (combinado): envolve a participação rápida de dois ou mais jogadores que, partindo
adiantado e tendo recebido marcação de adversário(s), realizam troca(s) de passe(s) rápida(s) para conseguir uma
melhor situação de ataque ao gol;
3. Organização e Repouso: na impossibilidade de realizar os contra-ataques, sendo superado numericamente pela
equipe adversária, a equipe deve realizar a fase de organização e repouso. Nesta fase, a equipe deve organizar-se,
com cada jogador assumindo sua posição previamente definida no ataque, e recuperar-se do esforço despendido
durante a realização do contra-ataque. Desta forma,. A equipe estará em condições de atacar com todas suas
potencialidades. Na fase de organização deve-se evitar arremessos a gol, a menos que uma falha da defesa propicie
clara condição para marcar um gol;
4. Ataque em Sistema: Esta é a parte em que uma equipe, após organizar-se, inicia a movimentação de ataque à
defesa adversária utilizando um sistema de ataque previamente definido.
Ataque Posicional
No ataque posicional cada jogador ocupa uma determinada posição no esquema ofensivo, de acordo com sua
constituição física e capacidades motoras. Os jogadores no ataque são distribuídos em três posições distintas:
- Extremas
- Armadores
- Pivôs

Figura 26: Ataque posicional com 1 pivô. As setas indicam possíveis trocas de passes entre as posições.

Tática individual do jogo no ataque


Um dos pontos centrais da movimentação dos atacantes é a constante busca de superação da defesa, criando
situações onde um jogador fique “desmarcado”. Desta forma, desmarcação é um recurso técnico individual de cada
jogador, procurando ficar em melhor situação para o arremesso ao gol. A demarcação pode ser:
⇨ Direta: participação de um único jogador que através de sua movimentação consegue “vencer” o seu marcador
imediato. Exemplo: FINTAS.
⇨ Indireta: é o recurso tático de uma equipe que através da movimentação de dois ou mais jogadores consegue obter
uma melhor posição de finalização ao gol. As principais movimentações em grupo são:
Bloqueio Ofensivo: movimentação de um atacantes para impedir o deslocamento lateral do defensor, para criar
e/ou facilitar a penetração de um companheiro na linha dos 6 metros. Figura 27: Exemplo de bloqueio
ofensivo.

● Cruzamento: movimentação na qual dois ou mais jogadores trocam de posição com o objetivo de confundir a
marcação dos defensores.

Figura 28: Exemplo de cruzamento envolvendo dois jogadores.


● Cortina: movimentação realizada para evitar a saída rápida dos jogadores de defesa e colaborar, assim, na ação de
um atacante. Normalmente utilizada na realização de um “tiro livre”.

Figura 29: Exemplo de cortina utilizada na realização de um “tiro livre”.

GOLEIRO
O goleiro de handebol ocupa um dos postos de maior responsabilidade dentro da equipe de handebol:
● se comete erros, nenhum outro jogador pode corrigir;

● tem papel fundamental no comportamento dos demais jogadores, estimulando através de informação,
orientação e/ou jogadas (defesas).
Dentre as funções do goleiro, podemos enumerar:
1. impedir a marcação de gols pela equipe adversária, impedindo a penetração da bola na baliza (velocidade da bola
pode chegar a 140 km/h);
2. orientar constantemente os jogadores;
3. repor a bola em jogo rapidamente (contra-ataque).
Posição básica do goleiro:
- colocação no centro do gol, mantendo um certo afastamento da linha de gol de acordo com a situação de jogo;
- planta dos pés em contato com o chão e pés separados por uma distância igual a largura do quadril;
- pernas ligeiramente flexionadas;
- braços flexionados e elevados à lateral do corpo (altura dos ombros), com as palmas da mãos voltadas para frente .
Figura 30: Posição básica do goleiro

Movimentação do goleiro:
- posicionar na bissetriz de um ângulo imaginário formado pela posição do arremessador e as traves verticais
(Figura 31);
- deslocamentos em semicírculo, de um lado para outro da trave, mantendo a orientação com a posição da bola
(Figura 31);
Figura 31: Posição do goleiro na bissetriz do ângulo formado pela bola e as traves (A) e movimentação em
semicírculo

- movimentos rápidos das pernas, variando o mínimo possível a posição do centro de massa verticalmente.
Movimentação específica
1 - Defesa de bolas altas:

Figura 32: Preparação para defesa de bola alta (A) e execução rebatendo (B) ou segurando (C) a bola .

Defesa de Bolas Baixas:


Figura 33: Preparação para defesa de bola baixa (A) e execução (B).
Defesa de Bolas a Meia Altura

Figura 34: Defesa de bolas arremessadas a meia altura


Defesa de Bolas Arremessadas das Extremas:
Figura 35: Posicionamento para defesa de bolas das extrema.

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