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PAIXÃO POR SUA PRESENÇA

Uma vida de intimidade com Deus


John Bevere.

CAPÍTULO 1 – O Melhor convite de todos os tempos


“Aproximem-se de Deus, e Ele Se aproximará de vocês” – Tiago 4:8

Existe um chamado – não, um clamor – vindo do coração de Deus e a cada dia ele se
torna mais intenso: “Por que você está satisfeito sem Minha presença; por que continua
distante quando poderia ter intimidade comigo? ”.
Todos nós temos amigos ou pessoas que admiramos e dos quais queremos estar
perto. Eles têm um lugar especial em nossos corações e passar tempo com essas pessoas
é um prazer, especialmente quando é a convite delas. Ser convidado para estar em sua
companhia nos enche de expectativa, alegria e empolgação. Alegremente, fazemos de
tudo para arrumar um tempo em nossa agenda para aceitar esse convite.
No livro de Tiago encontramos o melhor convite já feito: “Aproximem-se de
Deus, e Ele Se aproximará de vocês! ” (Tg 4:8). Pare um momento e medite sobre isso: o
Criador do Universo, da Terra e de todos habitantes deseja a nossa presença. Não somente
a nossa presença, mas intimidade conosco e exclusividade, pois nos foi dito: “Eu, o
Senhor, Me chamo Deus Exigente e exijo de vocês adorem somente a Mim.” (Êx 34:14
NTLH). Ele é um Deus apaixonado por Seu relacionamento com você.
Esse é o inabalável desejo do Senhor. Ele é Aquele que fez o convite, porque
anseia ser conhecido pelos Seus filhos. Desde a queda do homem há milhares de anos,
preparativos complexos estão sendo feitos e um gigantesco preço foi pago para abrir o
caminho para esse tipo de relacionamento íntimo. João, um dos amigos mais próximos
de Jesus, escreveu:

“Ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho Unigênito, que está junto do Pai, O tornou
conhecido. ” – João 1:18
Adão conhecia o Senhor abertamente, mas por causa do pecado, ou desobediência,
foi separado da Sua gloriosa presença e esse destino se estendeu a toda humanidade.
Homens e mulheres não podiam mais ver ou conhecer Deus como Adão um dia O
conheceu. No entanto, o Pai ansiava com grande paixão e compaixão redimir nossa
comunhão dessa terrível separação. Em resposta, Ele enviou Jesus, que estava com o Pai
desde o início – Deus manifesto em carne – para pagar o preço e nos libertar das trevas,
nos reconciliando com Deus, se nós O recebermos como nosso Senhor.
Contudo, essa reunião de Deus com o homem não tem sido pregada nem
experimentada em toda sua plenitude. Temos enfatizados a libertação do pecado e da
morte, mas negligenciamos declarar a intima comunhão que está à disposição de todos
que foram libertos. Essa negligência é custosa e até desastrosa, pois muitos desconhecem
a beleza de conhecer a Deus intimamente. Um paralelo dessa tragédia aconteceu no
Antigo Testamento com os descendentes de Abraão.

Dois Motivos Totalmente Diferentes


Sempre fico maravilhado com o contraste de atitudes e comportamento entre
Moisés e seus compatriotas, os filhos de Israel. O livro de Êxodo começa com os
descendentes de Abraão sofrendo sob uma dura escravidão. Eles já estão no Egito há
quase quatrocentos anos. No começo, desfrutaram de bênçãos, mas não demorou muito
até que fossem escravizados e cruelmente maltratados. Em sua agonia, eles começam a
clamar a Deus por libertação.
O Senhor se compadeceu deles por causa de suas orações e enviou um libertador
cujo nome era Moisés. Mesmo tendo nascido hebreu, ele havia escapado da escravidão e
foi criado como neto de faraó em sua casa. Como um príncipe do Egito, ele ficou
comovido com a situação difícil de seus irmãos, mas teve de fugir para o deserto, para
retornar somente anos depois e libertar Israel pela Palavra e pelo Poder de Deus.
A libertação de Israel da escravidão egípcia faz um paralelo com a nossa libertação
da escravidão do pecado. O Egito representa o sistema do mundo, tal como Israel
representa uma tipologia da igreja. Quando nascemos de novo, somos libertos do sistema
do mundo de tirania e opressão.
Não é difícil imaginar como filhos de Israel eram cruelmente usados e abusados
pelos cidadãos do Egito. Suas costas carregavam as cicatrizes dos açoites dos capatazes
do faraó; as suas casas eram barracos e sua comida as sobras. Eles não tinham esperança
de herança enquanto trabalhavam como escravos para garantir a prosperidade de seus
senhores egípcios. E choravam enquanto milhares de seus filhos eram mortos por ordem
de faraó.
Apesar de sofrerem todo tipo de crueldade, eles se esqueciam facilmente de tudo
isso. Mesmo depois da sua libertação do Egito, toda vez que as coisas não davam certo,
eles lamentavam terem fugido do Egito e zombavam das suas orações clamando por
libertação com comentários como: “Quem dera tivéssemos morrido no Egito!”. A
insolência deles ainda ia além, a ponto de sugerirem: “Escolheremos um chefe e
voltaremos para o Egito!” (Nm 14:4).
Mas Moisés não; ele era o único que tinha uma vida melhor no Egito; aliás,
ninguém no mundo tinha condição mais privilegiada. Ele foi criado pelo homem mais
rico da Terra, tinha tudo do melhor, comia do melhor, vestia do melhor, foi educado pelo
melhor. Servos tomavam conta de todas as suas necessidades e desejos, já que sua herança
era grande e promissora. Ele deixou tudo isso de lado por vontade própria e,
diferentemente dos filhos de Israel, nunca olhou para trás nem sentiu saudades do que
deixara.

O que fez a diferença? A resposta é que Moisés tinha encontrado Deus. Ele viu o
fogo e se aproximou. Ele conheceu o Deus vivo na sarça ardente no Sinai. Israel não!
Quando o Senhor chamou, ele se aproximou. Mais tarde, quando os filhos de Israel
receberam um convite ainda mais maravilhoso, eles se distanciaram (ver Êx 20:18-21).

Muito frequentemente pergunto às congregações: “Para onde Moisés estava


levando os filhos de Israel quando eles saíram do Egito? ” A resposta mais comum é “a
terra prometida”. Porém isso não é verdade. Ele estava indo ao Monte Horebe, ou Sinai.
Lembre-se das palavras de Deus para faraó, por meio de Moisés: “Deixe ir o Meu povo,
para prestar-Me culto no deserto” (Êx 7:16). Ele não falou: “Deixe ir o Meu povo, para
herdar a terra”. Por que Moisés os levaria à terra prometida antes de primeiramente os
apresentar Àquele que prometeu - o Desejado de todas as nações? Se ele os tivesse
primeiramente levado à terra prometida, eles terminariam amando mais as promessas do
que Aquele que havia prometido, o próprio Deus. Moisés estava ansioso para leva-los ao
exato lugar onde ele havia se encontrado com Deus.
Até certo ponto, temos feito o mesmo em nossas igrejas; temos pregado mais sobre
o que Jesus fará por nós do que quem Ele realmente é! Como resultado, temos cultivado
muitos que servem ao Senhor em benefício próprio, em vez de O servirem alegremente
por quem Ele é. Isso pode ser comparado a uma mulher que se casa com um homem por
dinheiro; a motivação dela não é conhecer seu marido em função de quem ele é, mas do
que ele pode oferecer a ela. Sim, ela pode amá-lo em algum nível, mas pelos motivos
errados.
As pessoas que enfatizam as bênçãos do Senhor e negligenciam um
relacionamento com Ele criam discípulos que se achegam a Deus com o intuito de
conseguir algo, diferentemente daqueles que atendem o Seu chamado pelo que Ele é.
Ninguém é igual a Ele, e ninguém pode se comparar à maravilha Dele. E quando se
encontra uma nova perspectiva. Ele é mais maravilhoso do que qualquer outra coisa –
inclusive Suas bênçãos.
O principal propósito de Deus em tirar Israel do Egito era que eles O conhecessem
e O amassem. Ele desejava tornar-Se conhecido por eles. Ele disse: “[Eu] os transportei
sobre asas de águias e os trouxe para junto de Mim” (Êx 19:4). Porém eles perderam de
vista o propósito para qual foram destinados.
O desejo de Deus para a intimidade com o Seu povo nunca diminuiu ou mudou,
pois é esse desejo constantemente revelado em Sua Palavra e refletido na apaixonada
oração de Paulo:

Peço [sempre] que Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes dê espírito
de sabedoria e de revelação [de discernimento de mistérios e segredos], no pleno
[profundo e íntimo] conhecimento Dele.
Efésios 1:17-18, AMP, tradução nossa
Ele fez a Sua paixão conhecida. Deus deseja que cada filho nascido de novo O
conheça profunda e intimamente! Uau, isso não o empolga? Se não, reflita por um
momento e deixe que essa realidade maravilhosa contagie.

Nós servimos ao Deus vivo, ao Pai original, cujo coração anseia pelos Seus filhos.
Ele é um Comunicador que deseja interação. Paulo enfatizou isso para os cristãos de
Corinto: “Vocês estarão lembrados de que, antes de se tornarem cristãos, andavam para
lá e para cá, de um ídolo ao outro, nenhum dos quais podia falar uma única palavra" (I
Co 12:2-3, ABV). Na exortação de Paulo, vemos uma das principais características que
diferenciam Deus, nosso Pai, de todos esses falsos deuses e ídolos – Ele fala!

“ENCOSTE O CARRO”
Recentemente, enquanto eu estava dirigindo, o Espírito Santo falou ao meu
coração: “Tenho algo para falar, encoste o carro”.
Aprendi que quando Deus me diz para fazer algo, eu devo obedecer
instantaneamente, não importa o quão insignificante ou inconveniente pareça ser na hora.
Não estava Moisés no deserto cuidando dos rebanhos de seu sogro quando o Senhor
chamou sua atenção (Deus busca a nossa atenção de diversas maneiras)? Deus se revelou
por meio de uma sarça que começou a queimar sem ser consumida.

Lemos como Moisés disse para si mesmo: “Agora me virarei para lá, e verei” (Êx
3:3, AA). As palavras “virarei para lá” vêm da palavra hebraica cuwr. James Strong, um
especialista em línguas originais da Bíblia, define essa palavra como “desligar”. Moisés
deliberadamente, saiu do seu caminho planejado para responder ao Santíssimo que o
chamava.

Assim que ele respondeu, lemos “E vendo o Senhor que ele se virava para ver,
chamou-o do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés! ”.
Foi somente quando Deus viu Moisés se virar que Ele o chamou pelo nome.
Acredito que o Senhor não continuaria a insistir se Moisés não tivesse respondido. Deus
não o chamou quando os rebanhos estavam no curral de Jetro – não era o momento mais
conveniente. E se Moisés tivesse pensado: Se eu me distrair e tirar os olhos dos rebanhos,
eles vão se espalhar e vou levar horas, possivelmente o dia inteiro, para juntá-los
novamente. Vou ver isso depois, quando as coisas estiverem sob controle e não for
interromper o que tenho para fazer. O desfecho seria o mesmo?

Alguns podem argumentar que Deus teria feito algo mais dramático, mas isso
condiz com a sua natureza? Reflita sobre Samuel, quando ele era um jovem servindo ao
sumo sacerdote Eli e seus filhos (ver 1Sm 3). Uma noite, ele se deita e escuta uma voz
chamando: “Samuel, Samuel! ”.
Samuel corre para Eli e diz: “Eis-me aqui, pois tu me chamaste”. Eli responde:
“Não te chamei meu filho, torna a deitar-te”. Samuel escuta seu nome ser chamado pela
segunda vez e corre para o sacerdote recendendo a mesma reposta isso aconteceu três
vezes até finalmente o sacerdote entendeu o que estava acontecendo e orientou o menino
como responder. Na quarta vez, quando escuta, “Samuel, Samuel! ”, então ele sabe como
responder: “Fala Senhor, porque o Teu servo ouve”. Então o Senhor fala e mostra o Seu
desejo e os mistérios ainda a serem revelados.

Deus poderia ter feito diferente. Talvez na segunda vez quando Samuel não estava
entendendo, Ele poderia ter dito: “Samuel, não corra para Eli, Sou EU, o Senhor seu Deus
que está te chamando e quero falar com você”. Mas, é assim que Deus faz as coisas? Ele
deseja ser querido e reconhecido, bem como conhecido. Ele procura aqueles que são
diligentes de espírito, que irão busca-lo e dedicar-se, mesmo se isso demandar uma
persistência tenaz.

Olhando para os evangelhos vemos um padrão similar. Jesus acaba de alimentar


cinco mil homens com cinco pães e dois peixes, então diz aos seus discípulos para
entrarem em um barco e irem antes Dele para outro lado do mar. Ele vai para a montanha
passar um tempo com o seu Pai. Mais tarde, naquela coite, os discípulos estavam tendo
dificuldade em atravessar o mar por causa do vento contrário quando lemos: “Ele viu os
discípulos remando com dificuldade, porque o vento soprava contra eles. Alta madrugada,
Jesus dirigiu-Se a eles, andando sobre o mar; e estava já a ponto de passar por eles” (Mc
6:48, ênfase do autor).
Preste atenção nas palavras: “e esteja a ponto de passar por eles”. Na versão
Almeida Revista e Atualizada lê-se: “e queria tomar-lhes a dianteira”. De qualquer
maneira, quando eles O viram, gritaram e Ele respondeu: “Coragem! Sou Eu! Não tenham
medo!”. Ele entrou no barco e o vento cessou. Se eles não tivessem gritado, Ele
continuaria a caminhar. Teria passado perto deles, mas eles não tivessem gritado, Jesus
não os obrigaria a aceitar a companhia Dele.
Parece que o padrão de Deus é dar um passo em nossa direção e, se respondemos,
Ele dá outro passo e se aproxima. Se não respondemos, Ele não nos obriga a aceitar a
vontade Dele. Quem sabe, se Moisés não tivesse se voltado para olhar o que estava
acontecendo, Deus iria somente esperar como fez com Samuel, e como Jesus fez com os
Seus discípulos? Ele frequentemente espera até estarmos famintos o suficiente para
responder.
Retornando à minha experiência de ter parado na estrada, o que teria acontecido
se eu não tivesse estacionado o carro quando Deus falou? Eu teria perdido aquele encontro
com Ele? Estou certo de que houve situações em que isso aconteceu, mas naquele caso,
havia um acostamento a meio quilômetro de distância onde eu podia parar. No momento
em que saí da estrada, ouvi o Espírito de Deus sussurrar ao meu coração:
– Não te disse Eu, “orai sem cessar”? (ver Ts 5:17).

– Sim Senhor, o Senhor disse – respondi. Ele sondou além:


– A oração é um monólogo ou um diálogo?

– É um diálogo, uma via de mão dupla. – Eu respondi.


Ele falou comigo imediatamente:
– Bem, se Eu disse “orai sem cessar”, então, significa que desejo cominicar-Me
com você sem cessar!

Nem preciso dizer que eu estava muito animado! Entendi a maravilhosa


oportunidade que tinha sido dada e isso não se estendia só a mim, mas a cada um de Seus
filhos.
Agora, talvez você me pergunte: “Você está dizendo que Deus irá falar sem
parar?”. Não é isso que Ele falou ao meu coração. Ele disse que deseja comunicar-se
continuamente. Palavras são uma das muitas variadas formas de comunicação. Minha
esposa pode simplesmente me olhar e sei o que ela está dizendo, apesar de nenhuma
palavra ter sido dita. Posso algumas vezes encher até três páginas com aquilo que ela me
disse por meio daquele olhar. Por quê? Convivo com ela a mais de 20 anos e aprendi os
jeitos e maneiras com os quais ela se comunica. Você poderia estar no mesmo cômodo e
o olhar dela não significaria nada para você. Por quê? Porque não a conhece como eu. De
fato, durante os primeiros anos em que estávamos casados eu provavelmente também não
entenderia a mensagem. Agora, depois de vinte e um anos, aprendi um pouco mais a
respeito do jeito que ela se comunica.

O Chamado Para Se Aproximar Da Sua Presença


É importante você entender que este livro não é um manual de como fazer as
coisas, mas pode ser comparado a um guia ou mapa que nos dá direções rumo ao nosso
destino final – o coração de Deus. Se eu tivesse acesso a um mapa do tesouro enterrado
em uma ilha deserta, ele não teria utilidade para mim até que eu viajasse para a ilha em
questões e me familiarizasse com o terreno para me orientar. Depois disso, iria precisar
me esforçar para chegar ao tesouro escondido. Isso teria um preço, exigiria energia e
esforço da minha parte. O mapa iria me dizer somente o caminho e ajudaria a não perder
meu tempo com esforços fúteis e explorações, bem como me protegeria de algumas
armadilhas escondidas. Este livro é como se fosse esse mapa; um convite para você se
juntar a mim em um maravilhoso e excitante trajeto – o trajeto até o coração de Deus. A
Palavra do Senhor contida netas páginas irá guarda-lo de abismos, armadilhas e perigos
que tentarão tira-lo do caminho. Ela deverá mantê-lo longe de problemas desnecessários
e gastos vãos de energia.

Então, se você está pronto, vamos começar.

Questões Para Estudo


1. Que evento ou experiência da sua vida despertou em você o desejo de ler este
livro?
2. Considere estes exemplos de convites de Deus para nos achegarmos a Ele:
 Moisés viu a sarça ardente e voltou para ver e investigar. Quando ele fez
isso, Deus o chamou.
 O jovem Samuel escutou uma voz quatro vezes antes de responder: “Fala
Senhor, porque o Teu servo ouve”.
 Quando os discípulos viram Jesus andando sobre o mar – caminhando
como se fosse passar adiante deles, eles gritaram.
Qual desses exemplos melhor descreve o convite de Deus para você? Você já o
respondeu? Se já o fez, como foi sua resposta?

3. Enquanto você contempla a oração como um diálogo, uma via de mão dupla, o
que Deus tem comunicado a você, tanto de forma verbal como não verbal?

CAPÍTULO 2 – A busca por Deus

O Senhor me disse: “Eu considerei você mais que a Mim mesmo”.


A Bíblia fala sobre temas essenciais; verdades que a percorrem desde Gênesis até
Apocalipse. O apaixonado desejo de Deus e a busca do homem é um deles. É fato: Deus
quer Se aproximar de nós mais do que queremos nos achegar a Ele!

Ele verdadeiramente anseia por nós (ver Tg 4:5). A palavra “anseia” significa “ter
um desejo intenso”. Esse tem sido o clamor mais profundo do Seu coração desde o
começo dos tempos. Depois que Adão pecou, as primeiras palavras de Deus não foram
uma proclamação de julgamento, mas sim: “Adão, onde você está?”. Você consegue ouvir
o intenso clamor do Seu coração: “Por que você está se escondendo de Mim?”. Vamos
traçar Seu anseio por nós ao longo do curso da História.

O Tatatataraneto de Adão
O tatatataraneto de Adão chamava-se Enoque. Acredito que um dia Enoque foi
até Adão e pediu que lhe falasse sobre o seu tempo no jardim. Ele queria saber como era
verdadeiramente andar com o Deus vivo. Você talvez esteja se perguntando: Como
poderia Enoque falar com o seu tatatataravô? Respondendo a sua pergunta: quando você
viver até os 930 anos, verá seus tatata... Tataranetos. Adão só tinha 622 anos quando
Enoque nasceu.
Matematicamente, a bíblia nos diz que Adão tinha 687 anos quando Enoque, aos
65, aproximou-se dele. Isso é deduzido pelo relato de Gênesis de que Enoque caminhou
com Deus por trezentos anos, sendo que ele viveu até 325 anos.

Depois que gerou Matusalém, Enoque andou com Deus trezentos anos e gerou
outros filhos e filhas. Viveu ao todo 365 anos. – Gênesis 5:22-23
É provável, portanto, que aos 65 anos tudo tenha mudado para Enoque, quando
ele se achegou para ouvir as bênçãos e angústia dos lábios do patriarca Adão.
Estou usando a minha imaginação, não tenho passagens bíblicas como respaldo,
mas acredito que se passaram anos até Enoque criar coragem e ir a seu renomado ancestral
para perguntar a respeito do jardim, porque Adão não podia falar livremente sobre o
assunto e, provavelmente, avisaram o jovem Enoque para outro por causa da vergonha
que sentiam pelo que tinha acontecido.
Escritos históricos judaicos falam a respeito da depressão que Adão sofreu após
ter sido expulso do jardim. O peso disso era quase insuportável. Alguns escritos relatam
como Adão e Eva se sentaram em cavernas escuras não podendo olhar um para o outro
por causa da vergonha que sentiam pelo que tinha acontecido.

Adão tinha perdido seu esplendor. Uma coisa é ouvir a promessa de caminhar com
Deus e outra totalmente diferente é perder a realidade tangível de morar em Sua glória.
Adão sofreu uma indescritível perda, mas Enoque insistiu e trouxe à tona as ansiedades e
angústias de Adão e as misturou com fé e expectativa. Durante gerações, murmurava-se
entre eles sobre o quanto estava desapontado com a perda de Adão, mas Enoque enxergou
a promessa: “Eu vou caminhar com Deus”.

Imagino como tenha sido encontro entre os dois. Enoque tremeu, mas sua paixão
finalmente superou meu medo. Através das trêmulas sombras da derrota, ele insistiu e
acreditou que havia algo mais. Para ele, história de Adão era mais do que um conto de
fracasso; foi uma revelação do desejo supremo de Deus de caminhar com o homem. Eu
tenho que me perguntar: Se Adão viu um vislumbre do fogo de Enoque, como transferiu
a bênção distante encontrada na memória de sua vida no jardim do paraíso?

Adão chorava enquanto transmitida seu desolador relato: “Enoque, eu andava com
Ele... em Sua glória. O Criador do Universo, Aquele que fez tudo o que você vê,
caminhava ao meu lado! Ele me revelou a íntima sabedoria do Seu plano perfeito; como
Ele colocou e organizou as estrelas no céu com a ponta dos Seus dedos. Esses mesmos
dedos não só me criaram, mas seguraram a minha mão. Ele chamava cada estrela pelo
seu nome e as designou para orientar a navegação e as estações. Mostrou-me como
equilibrava a Terra com seus campos gravitacionais e eletromagnéticos, e criou um clima
perfeito. Ele compartilhou o segredo da semente e como dela nasce vida de acordo com
a sua espécie; como é regada pelas nascentes nas profundezas estrategicamente colocadas
por toda a Terra. Enoque Ele me confiou o privilégio de dar nome a todos animais – mais
de quinhentas mil espécies! Discutimos o assunto juntos, mas Ele deixou a escolha final
para mim!”
Quanto mais Adão falava, mais Enoque ficava faminto por ouvir, até que a paixão
tomou conta dele. Ele precisava caminhar com Deus como Adão caminhou; e não
aceitaria “não” como resposta.

Enoque até mesmo herdou algo que Adão não tinha herdado; o pó de Adão
retornou a terra, mas Gênesis nos diz “Enoque andou com Deus; e já não foi encontrado,
pois Deus o havia arrebatado” (Gn 5:24). Ele saiu deste mundo sem conhecer a morte.

Em sua vida, Enoque foi um grande profeta. Ele falou em seus dias, bem como
profetizou para os nossos. Ele profetizou a respeito de impostores que iriam se levantar
na igreja nos últimos dias, atuando e até acreditando serem salvos pela graça, e profetizou
sobre o julgamento que viria (ver Jd 1-15). Ele teve visões do julgamento de Deus,
declarando a segunda vinda do Senhor, milhares de anos antes de Seu nascimento
virginal.

Por que Deus o tomou para si quando ele tinha somente 365 anos? Foi por causa
do seu grande ministério profético? Não, foi porque ele “caminhou com Deus” e o livro
de Hebreus nos diz: “agradou a Deus” (Hb 11:5).
Não me entenda mal, a caminhada de Enoque com Deus produziu um poderoso e
eficaz ministério, mas era seu maior desejo conhecer intimamente a Deus, o que era
agradável ao Senhor. Ele alcançou o anseio que há no coração de Deus: ter um
relacionamento íntimo com Ele, do jeito que Ele anseia por nós.

A Angústia de Deus ao Longo das Eras


Essa tem sido a angústia de Deus ao longo das eras: um povo que deseja conhecer a Ele
em reposta ao seu desejo por nós! Depois de Enoque houve Noé, outro tataraneto que
tocou o coração de Deus. Gênesis nos diz: “Noé andava com Deus” (Gn 6:9). Noé foi ao
encontro do desejo de Deus por comunhão e se achegou a Ele. À medida que ele se
achegava a Deus, Deus se achegava a ele, avisando-o das coisas que iriam acontecer. O
julgamento que pegou o mundo desprevenido foi o primeiro compartilhado entre Noé e
Deus. O relacionamento íntimo de Deus com Noé nasceu da confiança que Deus
responderia àqueles que O buscam, que tivessem coragem de acreditar e de se aproximar
para experimentar intimidade com Ele.

Vemos isso novamente na vida de Abraão quando Deus o convida a “andar na


Minha presença” (Gn 17:1). Esse convite é estendido novamente a Isaque e Jacó. Antes
mesmo do nascimento de Jacó, Deus disse: “Amei Jacó” (Rm 9:13). Deus Se dedicou a
ele como se dedica a todos nós, mesmo quando Jacó não se dedicava a Deus. Enquanto
fugia de seu irmão, ele encontrou Deus esperando para capturá-lo. Quando Jacó dormiu
em um travesseiro de pedra, Deus o acordou em um sonho, mostrando-lhe uma escada
com anjos subindo e descendo. Era uma conexão divina revelada entre Deus e o homem.
Depois de quatrocentos anos de escravidão, os filhos de Israel, descendentes de
Jacó, se enganaram em relação ao principal propósito de Deus de libertá-los da
escravidão. Eles achavam que tudo se resumia em herdar a terra prometida, mas era muito
mais que isso. O profundo desejo de Deus era intimidade, e Ele claramente relata Suas
intenções quando fala a toda a nação com palavras apaixonadas e poéticas.

Vocês viram o que eu fiz no Egito e como transportei sobre as asas de águias e trouxe
para junto de Mim. - Êxodo 19:4, ênfase do autor.
No entanto, os desejos Dele não se refletiam nas palavras dos filhos de Israel; e o
diálogo entre eles demonstra uma motivação bem diferente: “Você não nos levou a uma
terra onde manam leite e mel, nem nos deu uma herança de campos e vinhas” (Nm 16:14).
Seus corações estavam interessados NO QUE, mas do que EM QUEM eles iriam herdar.

Moisés repetidamente esclarecia o desejo de Deus aos descendentes de Abraão:


“Nunca adore nenhum outro deus, porque o Senhor, cujo nome é Zeloso, é de fato Deus
zeloso” (Êx 34:14).
Deus declarou a todo Israel: “Eu sempre os amei.” (Ml 1:2). Mesmo assim, em
ignorância e dureza de coração, eles responderam: “De que maneira nos amaste?” (Ml
1:2). Incapazes de enxergar o fato de que o coração de Deus ansiava por eles, interpretam
Suas tentativas de aproximação com atos de julgamento.
Mesmo com repetidas desobediências do povo, o desejo de Deus permanecia
firme. Nos dias de Jeremias, Ele clamou: “Mas agora, visto que vocês fizeram todas essas
coisas, diz o Senhor, apesar de Eu lhes ter falado repetidas vezes, e vocês não Me terem
dado atenção, e Eu lhes ter chamado, e vocês não Me terem respondido” (Jr 7:13). Ele os
fez saber que os buscou dessa maneira do dia em que os trouxe do Egito até aquele exato
momento (ver Jr 7:25).
Mesmo passando por tudo isso, o amor de Deus nunca vacilou, mas a maior
evidência de Seu profundo anseio por nós é encontrada em Jesus. O propósito Jesus
explica: “Pois o filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10,
ênfase do autor). Ele não veio somente para salvar, veio também para nos buscar, mesmo
quando éramos Seus inimigos!

Deus Pensa em Nós Individualmente


Quando ansiamos por alguém, pensamos frequentemente nessa pessoa. Pegamo-
nos pensando nela durante o dia todo até, às vezes, em nossos sonhos. Tornamo-nos tão
vulneráveis que queremos compartilhar com os outros o quanto desejamos a sua
companhia e o quanto pensamos nela. Com Deus não é diferente. Ele falou com Davi
acerca dos Seus pensamentos a nosso respeito. Davi relata essa incrível reflexão que Deus
tem sobre cada um de nós:
Como são preciosos para mim
os Teus pensamentos por, ó Deus!

Como é grande a soma deles! – Salmos 139:17-18


É quase impossível para nós compreender, mas os pensamentos de Deus a respeito
de cada um de nós são mais do que todos os grãos de areia da Terra! Pense nisso por um
momento: imagine cada grão de areia em todo o planeta, cada praia, deserto, lago, mar,
fundo do oceano e, claro, cada campo de golfe. Quando olho para um único banco de
areia no campo de golfe, não consigo imaginar o número de grãos de areia existentes
naquele pequeno buraco. Mesmo assim Deus fala de todos os grãos de areia da Terra. O
número é incontável! Ao longo dos últimos vinte e um anos, tive pequenos pensamentos
amorosos sobre a minha esposa, mas mesmo em todos os meus devaneios, duvido que no
meu melhor dia eu tenha enchido uma pequena jarra, quem dirá a toda Terra!

Você Busca Aquilo que Valoriza


Você tem esse tipo de pensamento em relação àqueles que você ama, quer ter por
perto e deseja ter intimidade! Você está começando a ter uma ideia quanto Deus o ama?
Você já tinha parado para pensar no quanto significa para Ele? Quando fazemos compras,
passeamos por lojas cheias de itens com etiquetas de preços. Alguns estão de promoção,
outros são caros, cada um com um preço, de acordo com o seu valor. Mas se formos
comparadores sábios, levaremos aqueles que valem para nós tanto ou mais do que
pagamos por eles.

Tudo na vida tem um valor designado. Esse valor é determinado pela percepção
do comprador. Alguns anos atrás, uma bola de beisebol estava à venda. Mas não se tratava
de uma bola comum; tratava-se de uma bola com a qual Mark Mcguire conseguiu bater
seu septuagésimo home run – a pontuação mais importante do jogo de beisebol. Naquela
época, ele quebrou o recorde de maior número de home runs feitos em uma única
temporada. A bola foi vendida por 2,7 milhões de dólares! Mesmo assim, li que havia
pessoas que pagariam mais, se tivessem a oportunidade. Mas hoje, quando esse recorde
de home runs já foi quebrado, duvido que alguém pague uma fração do valor dessa bola
extremamente cobiçada. Seu valor caiu.
Então, a questão não é qual o nosso valor para a sociedade, pois isso varia. Até o
valor da vida humana difere entre os homens, porque há milhões de pais que matam seus
filhos antes de eles nascerem. A vida do bebê não vale para eles o transtorno gerado. Há
maridos que deixam suas esposas e filhos porque acham que o relacionamento não vale
o esforço e o tempo. Seu próprio conforto e prazer valem muito mais que as vidas de suas
mulheres e filhos. Há aqueles que se vendem na prostituição. A lista se estende
infinitamente, e resulta em milhões de pessoas feridas em nossa sociedade. Há aqueles
que não se sentem amados ou queridos pelo fato de verem seu valor por meio dos olhos
das outras pessoas.
Nosso Valor para Deus Pai
Qual é o nosso valor para Deus? É Nele que nós achamos nosso verdadeiro valor.
Deus é Aquele que determina quanto as coisas valem neste Universo, não o homem. Pois
“aquilo que tem muito valor entre os homens é descartável aos olhos de Deus” (Lc 16:15).
Jesus disse: “Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma? ” (Mt 16:26). Considere por um momento toda a riqueza deste mundo. Pense em
todas as mansões multimilionárias, todas as pedras e metais preciosos, carros luxuosos,
iates e aviões, todas as maravilhas eletrônicas – e essas são só algumas coisas “boas”.
Existem tantos outros tesouros no mundo que chega a ser algo quase inimaginável.
Estudos recentes estimaram o produto mundial bruto em 35,8 bilhões de dólares. São US$
35.800.000.000,00. É muita riqueza, e isso sem incluir os bens imobiliários. Mesmo
assim, Jesus nos diz que um homem que troca a vida por toda a riqueza faz uma má
escolha!

Se o nosso verdadeiro valor, aquele que Deus nos dá, é maior que toda a riqueza
do mundo, qual é o nosso valor para Ele? Nós aprendemos: “Porque Deus tanto amou o
mundo que deu Seu Filho Unigênito” (Jo 3:16). Estávamos sob o reino de um príncipe
perverso, lúcifer, depois que caímos com a queda de Adão (ver Lc 4:6). A desobediência
de Adão se espalhou entre todos, éramos escravos do pecado, domínio em que lúcifer
reina como senhor. Ele se assenhorou de nós e não estava disposto a nos libertar. Nosso
destino seriam trevas eternas, sem esperança de Salvação. O único preço justo pela nossa
liberdade seria sermos comprados de volta, mas custaria alto demais para qualquer
homem pagar.
Mas Deus entregou Jesus como resgate por nós. Ninguém e nada poderia ter nos
comprado, Deus diz: “Pois o resgate de uma vida não tem preço. Não há pagamento que
o livre” (Sl 49:8). Deus valoriza nossas almas tão grandemente que nos comprou com o
próprio Jesus. Paulo diz: “Vocês foram comprados por alto preço” (1 Co 6:20).
Novamente ele diz acerca do Pai que nos deu Jesus: “Nele temos a redenção por meio de
Seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus” (Ef 1:7).
Para Deus Pai, não há nada mais valioso nesse Universo que Seu Filho, Jesus.
Mesmo assim, com essa compra, Deus declarou que nosso valor é comparável ao Seu
maior tesouro. Que coisa maravilhosa! Se valêssemos um centavo a menos para Deus que
o próprio Jesus, o Pai nunca teria O dado, porque Deus não faz negócios que não são
lucrativos! Uma má compra ou troca acontece quando você dá algo de maior valor para
outro de menor. Uau! Está vendo o quão importante você é para o Pai? Jesus confirma
isso dizendo: “Eu lhes tenho transmitido a glória que Me tens dado, para que sejam um
como nós o somos – Eu neles, e Tu em Mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade,
para que o mundo conheça que Tu me enviaste e os amaste, como também [o tanto
quanto] amaste a Mim” (Jo 17:22-23, ênfase do autor). Jesus declara simplesmente que o
Pai nos ama tanto quanto Ele ama Jesus! Você ouviu isso? Você consegue ver seu
verdadeiro valor? Você entende porque Ele busca por você?
“Sim, Mas Eu Só Sou um Entre Tantos”
Alguns talvez se perguntem: “Sim, Deus fez isso por toda a humanidade
cumulativamente, quem sou eu entre tantos? ”. A resposta para a pergunta é: se você fosse
o único, ainda assim Ele teria pagado o preço e resgatado você por esse grande preço.
Isso pode ser visto claramente no ministério de Jesus. Ele tinha passado o dia inteiro
ensinando as multidões sobre o Reino de Deus. Estava cansado, mas havia algo que não
podia esperar. Guiado pelo Espírito Santo, Ele diz aos Seus discípulos para entrarem em
um barco e atravessarem o mar da Galileia. No meio do mar, uma tempestade se formava
e ameaçava a vida deles, mas Jesus estava tão exausto que dormia. Amedrontados, os
discípulos O acordaram e falaram sobre o perigo que lhes sobrevinha. Jesus respondeu
ordenando às ondas e ao vento que se acalmassem.
Eles passaram boa parte da noite atravessando esse mar tumultuoso. Agora, que
chegaram ao outro lado, talvez pudessem finalmente descansar. Mas, ao desembarcar,
logo veio dos sepulcros ao seu encontro um homem possesso por espirito imundo, o qual
vivia entre os sepulcros e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo. Andava
sempre de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelo os montes, ferindo-se
com pedras (ver Mc 5:3-5).
Se estivesse vivo hoje, ele seria internado em uma instituição de doente mentais,
mais provavelmente em um confinamento solitário. Teria sido medicado e deixado
sozinho. Muitos considerariam um excluído, somente mantido vivo porque as leis não
permitiriam que fosse morto. Ele seria visto como a escória da sociedade. Seu valor seria
quase nenhum. Poucos buscariam a sua amizade.
Mesmo assim, esse homem possesso tinha grande valor para o Pai, jesus e o
Espírito de Deus. Jesus ministrou a ele um modo poderoso. Tao poderosa foi a sua
ministração, que, ao final do dia, ele estava sentado ao lado de Jesus, vestido em plena
posse das suas faculdades mentais. Agora, vem a parte mais maravilhosa. Depois que
Jesus ministrou, ele entrou de novo no barco e “atravessou novamente para o outro lado”
(ver Mc 5:21). Eu nunca me esquecerei de quando Deus me mostrou essa passagem. Isso
abriu os meus olhos. Estava tão maravilhado com o fato de que Jesus, exausto depois de
ter tido um dia difícil, atravessado o mar e ter lutado contra uma tempestade, somente
para ministrar a um homem possesso a quem a sociedade não dava nenhum valor, tenha
entrado no barco e voltado pelo mesmo caminho. Ele fez isso tudo por um único homem!

Quando vi isso, tive o pleno entendimento que se eu fosse o único, ainda assim,
Ele iria buscar-me e pagar o meu resgate, para que eu pudesse ter comunhão com Ele.
Sem dúvida os anjos do céu cantaram na noite em que Ele nasceu – celebrando a paz na
Terra e boa vontade aos homens! A busca de Deus por nós estava sendo revelada diante
do mundo.

Como Jesus Vê Cada um de Nós


Uma das maiores revelações que o Senhor já me deu veio pouco tempo depois de
eu ter recebido a salvação. Estava tendo comunhão com Ele enquanto dirigia meu carro
e, aparentemente do nada, Ele começou a falar de algo que revolucionou o meu modo de
pensar. Escutei-O sussurrar no meu coração:
– John, você sabe que o considero mais importante do que Eu mesmo?
Lembro-me de que quando ouvi essa declaração brevemente, eu considerei uma
blasfêmia ou algo inspirado pelo inferno. Raciocinei que isso completamente presunçoso
e irreverente. Quase falei sem pensar: “Para trás, Satanás! ” Mesmo assim, no fundo do
meu coração, senti a voz do Senhor. Então fiz o que sabia ser seguro. Respondi:
– Senhor, é muito difícil para mim acreditar nisso. Parece blasfêmia que o Senhor
Jesus, Criador dos céus e da terra, iria me considerar, fraco como sou, mais importante
que o Senhor. O único de jeito de eu ser capaz de aceitar essa declaração é o Senhor
mostrar-me três passagens do novo testamento que me provem isso.
Depois de dizer isso, senti que Ele havia se agradado e imediatamente ouvi em
meu coração:

– O que diz Filipenses 2:3?


Estava familiarizado com o versículo, então citei-o em voz alta:

– “Não façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem
os outros superiores a si mesmos”.
O Senhor disse:

– Aqui está a primeira passagem bíblica.


Retruquei:

– Senhor, nessa passagem é Paulo falando aos cristãos de Filipos, dizendo a cada
um deles para considerar mais aos outros do que a eles mesmos. Não está falando a
respeito do Seu relacionamento comigo.
Imediatamente ouvi:

– Filho, Eu nunca disse aos Meus filhos para fazer algo que Eu mesmo não faria!
Então, Ele mostrou-me que esse era o problema em muitos lares. Pais esperam
que seus filhos tenham um comportamento que eles mesmo não têm. O Senhor nunca
espera de nós algo que Ele mesmo não seja o exemplo a seguir.

Entendi o Seu ponto de vista, mas não estava convencido de que Ele me
considerava mais importante do que Ele mesmo. Então, eu disse:
– Senhor, só tenho uma passagem bíblica, preciso de mais duas.

Não fui irreverente, mas sim bastante cauteloso.


Então, Ele me fez uma pergunta que ficou gravada em meu coração:
– John, quem foi pendurado na cruz, você ou Eu?

Surpreendido pelo o que eu já sabia, mas que havia agora se tornado muito mais
real, respondi seriamente:
– Foi o Senhor, Jesus.

Ele continuou:
– Deveria ter sido você naquela cruz, mas Eu carreguei seus pecados, juízo,
indisposições, doenças, dores e pobreza. Fiz isso porque para Mim você era mais
importante do que Eu mesmo.

Tremi enquanto ouvia Suas palavras. Toda dúvida foi erradicada por aquilo que
Ele falou. Pensei com seriedade em como Ele não merecia nada do que recebeu. Ele era
justo e inocente. O versículo de 1 Pedro 2:24 me veio à mente: “Ele mesmo levou em Seu
corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e
vivêssemos para a justiça; por Suas feridas vocês foram curados”.
Soube, então, que Jesus verdadeiramente me considerava mais importante que Ele
próprio. Comecei a chorar e a adorá-Lo. Eu já saberia que haveria um terceiro versículo,
e como esperado, ele falou ao meu coração:
– O que Romanos 12:10 diz?

Era outra passagem da Bíblia que eu conhecia e novamente a citei:


– “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros
mais do que a si próprios”.

Eu O ouvi dizer:
– Não sou Eu o primogênito entre muitos irmãos? (Rm 8:29)? Prefiro meus irmãos
e irmãs e os considero mais que a Mim mesmo.
Frequentemente ouvia falar sobre como Jesus nos amava. Mas quando Ele falou
essas palavras ao meu coração, tornou-se muito real o quanto somos individualmente
especiais para Ele. De fato, Ele chama aqueles que são parte de Sua família de Seus
tesouros. Ele nos diz que somos especiais e Se regozija em nós. Oh sim, ouça essas
palavras lindas e verdadeiras. “O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para
salvar. Ele regozijará em você, com o Seu amor a renovará, Ele Se regozijará em você
com brados de alegria” (Sf 3:17)

O Que é o Homem?
Os anjos assistem curiosamente enquanto veem o majestoso e santo Deus dar
tamanha atenção a meros homens. Lemos: “Quando contemplo os Teus céus, obras dos
Teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, pergunto: Que é o homem, para que com
ele Te importes? E o filho do homem, para que com ele Te preocupastes?” ( Sl 8:3-4).
Mesmo tendo sido essas palavras escritas por Davi, sinto que certamente Deus o permitiu
ouvir os pensamentos dos poderosos seres angelicais que estavam ao derredor do Trono
de Deus. Os anjos olhavam esse poderoso Deus formar o Universo. Eles estavam
maravilhados que continuamente exclamavam: “Santo, Santo, Santo” e cada momento
que passava revelava um aspecto da Sua glória, e tudo que eles poderiam dizer era:
“Santo, Santo, Santo! ” Por toda a eternidade. Eles exclamavam tão alto que sacudiam o
batente das portas da sala do trono (um auditório com capacidade para no mínimo 10
milhões de pessoas!). Mesmo assim, eles se perguntam por que o mais magnificente Deus
tinha Sua atenção voltada para nós. Eles perceberam que Seus pensamentos de amor e
bondade a nosso respeito são inumeráveis, pelo que são mais numerosos que os grãos de
areia encontrados na Terra. Eles ficam maravilhados por isso!
Nós somos Suas possessões valiosas, Suas joias raras – as pedras vivas – que
constroem o tabernáculo em que Ele deseja que habitemos. Por que Deus sentiria isso a
nosso respeito? O que fizemos para merecer tão grande amor? Esta é a maior verdade de
todas: não fizemos nada para merecer Seu amor e Seu desejo por nós. Ele viu em nós
somente aquilo que Seu amor pode ver. Ele viu tesouros em meio a corrupção, ao pecado
e à depravação. Ele pagou por aquilo que muitos considerariam de pouco ou nenhum
valor. Ele viu além da nossa aparência, viu que somente Sua graça poderia produzir.

Agora, podemos compreender sem dificuldade as palavras da Bíblia: “Vocês


foram comprados por alto preço. Portanto glorifiquem a Deus com o corpo de vocês” (1
Co 6:20). Por que alguém que foi tão amado e valorizado iria querer voltar a ser parte de
um sistema que escravizou no passado, e no qual era visto como insignificante em
comparação ao seu verdadeiro valor?
Quando de fato entendemos que Deus é o ser mais importante de todo o Universo,
e ainda assim o mais pessoal, e que busca ardentemente por nós, como podemos ignorar
tal convite maravilhoso para nos aproximarmos Dele? Não podemos mais rejeita-lo,
porque somente a ignorância iria permitir tamanha passividade.

(Nota importante: A Bíblia declara que mesmo que Deus nos busque, precisamos
responder para que venhamos a ter um relacionamento com Ele. Se você nunca recebeu
Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor pessoal, vá até o Apêndice A no final deste
livro).

Questões para Estudo


1. Quando os filhos de Israel foram libertos dos seus quatrocentos anos de escravidão
no Egito, estavam confusos a respeito do principal propósito de Deus ao libertá-
los. O Senhor declarou: “Eu... os trouxe para Mim”, no entanto, eles se queixam
e murmuram, pensando somente em herdar a terra prometida. De acordo com o
autor, os corações deles estavam NO QUE e não EM QUEM eles herdariam.
Deus libertou você da escravidão do pecado, desejando trazê-lo para junto Dele.
Você já se lamentou ou murmurou?
De que maneira você confundiu O QUE com EM QUEM?
2. Neste capítulo uma pergunta foi feita: “Por que alguém que foi tão amado e
valorizado iria querer voltar a ser parte de um sistema que o escravizou no
passado?”. Como você responderia a essa pergunta?
3. O autor compartilhou um diálogo que teve com Deus, pouco depois de ter
recebido a salvação, se referindo a grande estima em que Deus tem por Ele. Como
o conhecimento de que você é uma joia rara e de grande valor modifica ou
modificaria sua vida e seus relacionamentos?

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