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Como Ler os Salmos

O livro dos Salmos é uma mina de ouro. Ele é um livro


profético (At 2:30); é um livro de canções e um livro de
oração. Ele é cru e emocional. Contém as mais profundas
expressões de dor, desesperança e desespero e as maiores
expressões de louvor. Não importa onde um salmo comece,
os Salmos terminam com um profundo sentimento de
esperança e confiança na fidelidade de Deus.

Por causa de sua profundidade, é importante saber como ler


os Salmos para que consigamos extrair mais deles. Para
apreciar plenamente os Salmos, devemos lê-los de acordo
com quatro perspectivas. Nem todos eles contém essas
quatro perspectivas, mas um número surpreendente tem e
praticamente todos podem ser lidos em mais de uma dessas
perspectivas. Se você usar estas diferentes perspectivas em
sua leitura dos Salmos, sua leitura alcançará um novo nível
de profundidade. Vamos à elas:

1 - Como o Salmo é Aplicado ao Autor


A primeira perspectiva é a do autor. Quando lemos um
salmo, devemos perguntar como ele é aplicado
pessoalmente ao autor. Muitos dos Salmos tiveram uma
aplicação imediata para o autor que os escreveu. A inscrição
que nomeia o autor dos Salmos bem como outros recursos
que nos dizem quando um salmo foi escrito podem nos
ajudar a compreender a perspectiva do autor e assim
entendermos melhor aquele salmo. Por exemplo, o Salmo 51
assume um significado mais profundo quando entendemos
que Davi escreveu as palavras "cria em mim um coração
limpo "após o seu pecado com Bate-Seba.

2 - Aplicação Pessoal
A segunda perspectiva é a aplicação pessoal. Praticamente
cada salmo tem uma aplicação pessoal e devocional ao
leitor. Os Salmos têm uma qualidade universal que fala para
todos os leitores. É por isso que, durante séculos, os Salmos
serviram de livro de oração para a igreja. Os Salmos sempre
foram destinados a ser usados pelas pessoas como
ferramentas para expressar seu coração a Deus.

3 - Aplicação a Jesus
A terceira perspectiva é a aplicação de um salmo a Jesus.
Muitas pessoas não
percebem que o livro dos Salmos é um livro de profecia e
como ele é um livro extremamente profético. Por exemplo, o
Salmo 22 é uma profecia chocante da crucificação de Jesus.
Ao longo dos Salmos, podemos ver um testemunho da
natureza e do caráter de Jesus. Uma série de Salmos, como o
Salmo 2 ou o Salmo 110, são dirigidos diretamente a Jesus.
Podemos desbloquear uma série de ideias sobre Jesus
quando lemos um Salmo perguntando se poderia ser
dirigido a Jesus.

4 - Aplicação a Israel
A quarta perspectiva é como se aplica um salmo a Israel.
Vários Salmos contém declarações proféticas que descrevem
a história de Israel, suas aflições e sua salvação. Quando
olhamos atentamente para os Salmos achamos que eles são
resumos das mesmas previsões que os profetas fizeram em
relação a Israel. Além disso, os Salmos frequentemente
usam as aflições e livramentos de Davi como uma imagem
profética das aflições e libertação de Israel

Lendo os Salmos
Parte da majestade dos Salmos é que um único salmo - e às
vezes um único verso - pode conter múltiplas perspectivas. É
por isso que é um erro ler um salmo com apenas uma
perspectiva em mente. Temos que aplicar múltiplas lentes
para cada salmo, então não sentiremos falta da beleza que
cada salmo tem para oferecer.

Outro erro que muitas vezes cometemos é tratar a


linguagem dos Salmos como inteiramente alegórica. De
acordo com Atos 2:30, Davi era um profeta, o que significa
que muitos de seus Salmos são declarações proféticas. Davi
não era apenas profético nos Salmos que escreveu, ele
também era profético nos Salmos que ele montou. Por
exemplo, o Salmo 22 pode parecer linguagem alegórica para
um homem que está sofrendo tremendamente, mas quando
é aplicado à crucificação de Jesus torna-se chocantemente
literal. Muito da linguagem profética dos Salmos é mais
literal do que imaginamos.

O Salmo 18 nos dá um exemplo de como uma pequena


passagem pode conter todas as 4 perspectivas:

6 Na minha aflição clamei ao Senhor;


gritei por socorro ao meu Deus.
Do seu templo ele ouviu a minha voz;
meu grito chegou à sua presença,
aos seus ouvidos.

7 A terra tremeu e agitou-se,


e os fundamentos dos montes se abalaram;
estremeceram porque ele se irou.
8 Das suas narinas subiu fumaça;
da sua boca saíram brasas vivas
e fogo consumidor.
9 Ele abriu os céus e desceu;
nuvens escuras estavam sob os seus pés.
10 Montou um querubim e voou,
deslizando sobre as asas do vento.
11 Fez das trevas o seu esconderijo,
das escuras nuvens, cheias de água,
o abrigo que o envolvia.
12 Com o fulgor da sua presença
as nuvens se desfizeram em granizo e raios,
13 quando dos céus trovejou o Senhor,
e ressoou a voz do Altíssimo.
14 Atirou suas flechas e dispersou meus inimigos,
com seus raios os derrotou.
15 O fundo do mar apareceu,
e os fundamentos da terra foram expostos
pela tua repreensão, ó Senhor,
com o forte sopro das tuas narinas.

Vamos aplicar cada perspectiva a esta breve passagem:

 Primeiro(aplicação ao autor), o Salmo 18 contém


o clamor de Davi para a liberta-lo do perigo e sua
confiança na resposta do Senhor à sua voz.
 Em segundo lugar (aplicação pessoal),o Salmo 18
nos dá confiança de que o Senhor ouve nossos
gritos de angústia e que nossos gritos movem-no
para nos responder.
 Em terceiro lugar (aplicação a Jesus), o Salmo 18
fornece duas imagens proféticas de Jesus. O
primeiro é o choro de Jesus ao Pai em Seu
sofrimento. O segundo é a previsão de Jesus vindo
para julgar. Porque Jesus é aquele que executará o
julgamento pelo Pai, e esta previsão dos
julgamentos do Senhor é uma previsão da
atividade de Jesus em Sua segunda vinda.
 Em quarto lugar (aplicação a Israel), o Salmo 18
fornece uma perspectiva da crise de Israel no fim
dos tempos quando ela estará em profunda
angústia, invocará o Senhor e Ele a responderá. Os
profetas nos dizem que a crise de Israel apressará
o retorno de Jesus e o julgamento de Deus às
nações.

Não somente esta passagem tem as quatro perspectivas mas


também no verso 6 isoladamente podemos aplicar cada
perspectiva. É especialmente importante incluirmos a
perspectiva profética quando lemos os Salmos pra que os
encaremos como uma linguagem literal e não sejamos
tentados a tratá-los alegoricamente. O Senhor respondeu ao
grito de Davi quando ele escreveu este salmo, mas os
detalhes que Davi registrou não são apenas linguagem
exagerada, são detalhes de uma libertação futura muito
maior do que a sua própria.

Tudo isso faz parte da glória dos Salmos. Esse livro talvez
seja o mais singular livro da Bíblia que nos oferece muito
mais em sua leitura do que aparenta à primeira vista.

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