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Entendendo as Antífonas

29º Semana Tempo Comum Exceto Festas, Solenidades e Antífonas do Próprio


/ Sobre a Liturgia
Em resumo, a liturgia deste 29º domingo do tempo comum mostra-nos como
seremos salvos. O cântico em Isaias (na primeira leitura) corresponde a conclusão
do Evangelho: “O Filho do homem... veio ... para servir e dar sua vida em
resgate de muitos”. Essa frase é muito importante, pois Jesus enuncia o motivo
de sua morte violenta. Também expressa a redenção, esclarece o mistério da
eficácia redentora da paixão e o morte do Senhor.

Jesus veio reestabelecer a ordem tirada desde o pecado de Adão e Eva, que,
basicamente, pela soberba, por acharem saber o que era melhor para eles,
escolheram a desobediência. E desde então a ordenação ao Sumo Bem ficou
confusa. Jesus vem trazer o perdão dos pecados e por meio da Cruz, por meio
da dor, por meio da violência ao seu corpo, como os cordeiros outrora,
inocentes, foram sacrificados, Ele, o Cordeiro de Deus, agora anuncia que com
sua própria carne sofrerá por nós, carregará o peso de nossos pecados e assim
estaremos livres, salvos.

Porém, parece que os discípulos ainda não entenderam a missão de Jesus e


pedem para que sentem-se ao lado dEle na glória do céu. (Evangelho) E quem
não quer? Né? Fugir da dor é algo humano. Mas Jesus nos lembra que seremos
perseguidos se o seguirmos. Sendo Ele, igual a nós em tudo menos no pecado
(2ª leitura) lembra-nos que com ele passaremos pela cruz para chegar na glória
do céu. Estamos nós em conformidade com a vontade do Pai? Ou estamos
querendo apenas saborear os prazeres da glória sem a cruz?
Entendendo as Antífonas

29º Semana Tempo Comum Exceto Festas, Solenidades e Antífonas do Próprio

/ Antífona de Entrada
Salmo 16, 6.8 “Clamo por vós, meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso
ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas
asas abrigai-me.”

O salmo 16 é uma súplica individual. Esta oração surgiu no Templo, que


funcionava como tribunal superior. Alguém que está sendo injustiçado refugia-se
no Templo para ser julgado. No texto, a pessoa (o “justo”) está sofrendo com os
“homens” que transgridem as normas de Deus. O justo é para Deus como a
pupila dos olhos. Ele o protege como uma águia que abriga à sombra de suas
asa o filhote. É Deus de “corpo e alma” comprometido com a justiça, como
guerreiro vencedor. (o salmo mostras referências de diversas partes do corpo de
Deus, mostrando que Deus está comprometido vitalmente com a justiça e com o
justo que por ela luta).

Ao cantarmos este salmo na entrada, adentramos no “Templo” com a procissão


de entrada rumo à Jerusalém Celeste. Passaremos (ou passamos) por tribulações
e injustiças do mundo “fora do Templo”, mas ali estamos abrigados à sombra de
Suas asas. É participando da morte de ressurreição de Cristo que nos saciamos,
pela graça, das injustiças deste mundo; e assim, provados, seguimos firmes nas
leis de Deus em busca do céu. É no Senhor que se encontra a redenção, a
verdadeira justiça.
Entendendo as Antífonas

29º Semana Tempo Comum Exceto Festas, Solenidades e Antífonas do Próprio

/ Salmo Responsorial
Salmo 32 “Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós
esperamos!”

Este salmo é um louvor a Deus e exalta vários aspectos de sua presença e ação
no mundo. Acredita-se ter surgido no Templo de Jerusalém por ocasião de uma
festa importante. O refrão escolhido é o final do salmo, a conclusão.

O louvor reflete uma boa nova! Por que louvar a Deus? Qual é a novidade?
A característica principal da obra criadora de Deus é a verdade, ou seja, tudo na
criação é reflexo da “felicidade” de Deus: “ele ama a justiça e o direito”,
transborda em toda a terra a vossa graça. Ou seja, a retidão traz a felicidade de
Deus.

O salmo também reflete um profundo conhecimento de Deus sobre o coração


humano. E Ele sabe as motivações que levam o “homem” agir, nada se esconde
dos olhos de Deus. Nos que temem, ele protege, livra-os da morte e os
alimenta.

Louvamos a Deus com este salmo em resposta à primeira leitura para que Sobre
nós venha a graça, firmes nos mandamentos de Deus, em meio às tribulações,
louvamos o Senhor, nele confiamos.
Entendendo as Antífonas

29º Semana Tempo Comum Exceto Festas, Solenidades e Antífonas do Próprio

/ Antífona de Ofertório
Salmo 118 47.48 “Meditarei em vossos mandamentos, que tanto eu amo; E
levantarei as minhas mãos para os vossos mandamentos, Que eu amo.”

O salmo 118 não se fala de Templo, sacrifícios, sacerdócio. A atenção do salmo é


posta na Lei, como único critério de sabedoria e de vida numa sociedade
conflituosa. O cumprimento da Lei é a vontade de Deus. Cumprir os teus
mandamentos é dar passos na sabedoria.

O salmo 118 entre os versos 41 e 48 expressa um pedido e uma promessa. O


justo promete cumprir uma série de coisas se Deus enviar a ele seu amor e sua
salvação, conforme prometeu. O salmista promete três coisas: cumprir sempre a
vontade de Deus, andar no caminho dos preceitos e testemunhar corajosamente
diante dos reis. E, assim, medita nos mandamentos de Deus.

Como antífona de ofertório nesta liturgia, diante da apresentação dos dons,


cantamos o salmo proposto meditando nas leis de Deus, que são a Sua Divina
vontade para as nossas vidas desde toda a eternidade. Jesus veio a nós
reforçando todos os mandamentos sem opor-se a nenhum deles, mas mostrou
que o sacrifício é a própria vida que entregamos sobre o altar em toda a Santa
Missa confiando firmemente em sua Misericórdia.

É um momento propício para meditarmos na Palavra do Senhor, fazer as nossas


promessas. Entregamos neste momento nossas fraquezas, nossas misérias e
fazemos propósitos de santidade. Apresentamos as nossas preces para que Ele
nos ajude a tornar concretas as nossas promessas, os nossos propósito de vida
espiritual e de santidade.
Entendendo as Antífonas

29º Semana Tempo Comum Exceto Festas, Solenidades e Antífonas do Próprio

/ Antífona de Comunhão
Salmo 8 2ab “Ó Senhor, Senhor nosso, Quão admirável é o vosso nome em toda
a terra.”

O salmo 8 também é um salmo de louvor. É um louvor à grandeza de Deus, que


fez o ser o humano o centro e o senhor da criação. A maior obra de Deus é o ser
humano, feito à sua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27).

O coração do salmo é a pergunta “o que é o homem...?”. O autor do salmo


pergunta sobre sua identidade. Se é tão grande a diferença entre Criador e
criatura, qual a posição e o lugar do homem na criação? Aqui encontramos uma
ligação silenciosa do foco do Evangelho. Assim como Tiago e João quiseram
reservar os seus lugares na glória, o salmista quer entender a posição do
“homem” em relação ao seu Criador.

O salmo também mostra um conflito ao meditar sobre a criação. A arrogância


impede ao ser humano reconhecer que a criação é espelho de Deus e que ele
próprio não é Deus, mas alguém criado à sua imagem e semelhança. Opostos
aos arrogantes estão os pobres e simples (crianças e bebês) que descobrem e
aceitam seu lugar de criaturas e, ao mesmo tempo, louvam o Criador além
daquilo que as palavras humanas possam exprimir. E por isso são capazes de
perceber a mão de Deus em tudo o que existe na criação, pois ela é obra de
seus “dedos de artista”.

Nosso louvor com este salmo, após O recebermos na Sagrada Eucaristia, deve
ser “o mais perfeito louvor” como o que de “crianças que a mãe amamenta”. O
louvor do silêncio de um bebê sendo alimentado. Pois ali recebe todo carinho,
amor, sustento, para seu crescimento. E obedientes, como crianças a seus pais,
crescemos na fé, confiantes em Deus que nos orienta.

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