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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 SOLDAGEM
Para realizar as análises da qualidade das soldas, foram obtidas micrografias das
seções transversais dos cordões de solda. Nas Figuras 27 e 28 pode ser observada a raiz
do cordão de solda, os parâmetros escolhidos (velocidade e potência) não foram os
ideais para a espessura das chapas estudadas (dados provenientes de trabalho anterior)
(CARVALHO, 2009), apresentando cordão sem penetração total para os dois aços,
sendo necessária a retífica do material para reduzir a espessura dos cdps para 3 mm.
A presença de defeitos, tais como porosidades nos cordões de solda, eram
esperados, pois os parâmetros escolhidos não foram os ideais. As porosidades grosseiras
nos centros dos cordões como aquelas observadas na Figura 29, podem ser originárias
do processo de desgaseificação ou do desabamento do keyhole. Por outro lado, as
porosidades mais finas e dispersas no cordão de solda, advêm da desgaseificação do
material de base fundido além de contaminações superficiais (CARVALHO, 2009).
Outro fator a ser considerado é que as chapas foram soldadas por penetração em regime
contínuo, contudo algumas chapas apresentavam leve curvatura, levando a obtenção de
cordões com características mistas de soldagem por condução e penetração em algumas
amostras. A ZTA apresentou valores de largura próximas, para ambos os aços,
conforme visto nas Figuras 23 e 24. Os cordões de solda (CS) apresentaram
profundidade próximas para ambos os materiais. Lembrando que as chapas de aço 4340
eram mais espessas e foram soldadas com maior potência, quando comparadas às
chapas de aço 300M.
Figura 27: Seções transversais das soldas do aço 4340 com V= 50 mm/s e P= 1600 W.
70
Figura 28 - Micrografias das seções transversais das soldas referentes ao aço 300M com V= 50 mm/s e
P= 1400 W, cordão sem penetração total.
A B
C D
Figura 29 - As amostras retiradas do cordão de solda com presença de porosidades e vazios nos aços 4340
(A e B) e 300M (C e D) respectivamente.
800
700
ZF
600
400
300
MB
300M
200 4340
0 5 10 15 20 25 30
Pontos
700
600
Microdureza HV
500
ZF
400
ZTA ZTA
300
MB 300M
MB
4340
200
0 5 10 15 20 25
Pontos
Figura 31 - Microdureza vickers no cordão, na direção transversal e longitudinal, dos aços 300M e 4340.
600
550
500
450
Mocrodureza HV
400
350
300
MB ZTA ZF
250
200
300M
150
4340
100
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Pontos
550
500
450
Microdureza HV
400
350
ZF
300
MB ZTA MB
250 ZTA
300M
4340
200
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Pontos
Figura 32 - Microdureza vickers no cordão após revenimento, na direção transversal e longitudinal, dos
aços 300M e 4340.
Para os materiais na condição SR, os resultados de dureza nas bordas foram de 296
± 12 HV para os aços 300M e 231 ± 8 HV para os aços 4340. No MB encontramos 331
± 15 HV para o aço 300M e 241 ± 47 HV para o aço 4340. No cordão foi possível
observar maior profundidade e espessura da ZF e ZTA para os aços 300M, com dureza
de 471 ± 14 HV na ZTA e 544 ± 67 HV na ZF do aço 300M e 472 ± 27 HV na ZTA e
452 ± 87 HV na ZF do aço 4340. Na transição MB/ZTA foram obtidas 407 ± 43 HV e
389 ± 49 HV e na transição ZTA/ZF foram encontradas durezas de 506 ± 13 HV e 483
± 23 HV para os aços 300M e 4340 respectivamente.
74
600
550
500
Microdureza (HV)
450 ZTA
ZF
400
350
ZTA
MB
300
250
300M
200 4340
0 5 10 15 20 25 30 35
Pontos
550
300M
4340
500
450
Microdureza HV
400
350
300
ZF
250 ZTA ZTA
200 MB MB
0 5 10 15 20 25
Pontos
Figura 33 - Microdureza vickers no cordão, após tratamento superficial de nitretação a plasma, nas
direções transversal e longitudinal dos aços 300M e 4340.
650
600
550
Microdureza (HV)
500
450
ZTA
400
350
ZTA
300 ZF
250 MB
300M
200 4340
150
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Pontos
500 300M
4340
450
400
Microdureza HV
350
300
ZTA ZF ZTA
250 MB MB
200
150
0 5 10 15 20 25
Pontos
Figura 34 - Microdureza vickers após revenimento e nitretação a plasma, nas direções transversal e
longitudinal, dos aços 300M e 4340.
A dureza nas bordas das amostras SRN foi de 582 ± 41 HV para o aço 300M e 336
± 42H V para o aço 4340. A camada nitretada apresentou dureza 553 HV para o 300M e
577 HV para o 4340. No MB foram obtidas as durezas de 286 ± 20 HV para o aço
300M e 218 ± 17 para o aço 4340. No cordão foi possível observar dureza de 457 ± 20
na ZTA e 442 ± 25 na ZF do aço 300M e 350 ± 25 na ZTA e 386 ± 23 na ZF do aço
4340.
76
Por meio do ensaio de tração, foram avaliados: o limite de resistência (σt), limite de
escoamento (σe), tensão de ruptura (σr) e alongamento percentual (∆L/L) de cdps dos aços
estudados nas seguintes condições: conforme recebido (CR), material contendo cordão de
solda (S), material soldado e revenido (SR), material soldado nitretado (SN) e material com
cordão de solda submetido a tratamento térmico posterior de revenimento e nitretado a
plasma (SRN). As Figuras 38 a 40 mostram as curvas obtidas nos ensaios de tração para as
condições CR, S e SR, respectivamente. As curvas tensão-deformação tiveram
comportamentos distintos para os aços estudados. Observa-se que o aço 300M possui
maiores resistência à tração e limite de escoamento, e menor alongamento, quando
comparado com o aço SAE 4340. Enquanto que o aço 4340 (CR) mostrou nítido patamar
de escoamento, o aço 300M (CR) apresentou um encruamento contínuo, sem um limite
elástico bem definido.
Esses comportamentos se mantiveram para os cdps na condição S (ver Figura 35).
Deve ser salientado que, devido à largura reduzida dos cordões de solda e ZTA, os
resultados referentes à condição S reproduzem basicamente o comportamento do metal de
base (condição CR), visto que a estricção e ruptura dos cdps (com exceção de um ensaio)
deu-se em pontos afastados do cordão de solda. Na Figura 36, observa-se que em uma das
curvas tensão-deformação do aço 300M (condição S) a fratura ocorreu durante a fase de
encruamento (antes da estricção). Esta curva refere-se ao cdp que rompeu no cordão de
solda.
Para a condição SR (ver Figura 37), verificou-se um aumento na deformação
plástica localizada, no qual foi possível observar a formação de serrilhado na transição da
deformação elástica para a deformação plástica do aço 4340 e uma distinção clara entre a
região elástica e de encruamento para o aço 300M. As dimensões reduzidas do cordão de
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solda também foram responsáveis pelo fato de a ductilidade medida pelo alongamento não
ter sido afetada significativamente para as condições S e SR, em relação à condição CR.
1200
1000
800
Tensao(MPa)
600
400
200
300M Conf. Recebido
4340 Conf. Recebido
0
0,00 0,04 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24
Deformaçao (mm/mm)
1200
1000
800
Tensao(MPa)
600
400
200
4340 Soldado
300M Soldado
0
0,00 0,04 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24
Deformaçao (mm/mm)
1200
1000
800
Tensao (MPa)
600
400
200
300M Revenido
4340 Revenido
0
0,00 0,04 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24
Deformaçao (mm/mm)
1200
1000
800
Tensao (MPa)
600
400
200
4340 Nitretado
300M Nitretado
0
0,00 0,04 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24
Deformaçao (mm/mm)
1200
1000
800
Tensao (MPa)
600
400
200
300M Revenido Nitretado
4340 Revenido Nitretado
0
0,00 0,04 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24
Deformaçao (mm/mm)
Aço 4340
Condições CR S SR SN SRN
σt 687 ± 11 718 ± 9 736 ± 14 745 ± 20 714 ± 28
σe 405 ± 3 418 ± 2 419 ± 3 472 ± 10 454 ± 15
σr 562 ± 11 593 ± 21 621 ± 14 652 ± 39 609 ± 8
∆L/L(%) 21 ± 2 21 ± 0,8 22 ± 0,5 17 ± 1 17 ± 1
Aço 300M
Condições CR S SR SN SRN
σt 940 ± 26 974 ± 53 974 ± 10 815 ± 29 839 ± 18
σe 752 ± 30 788 ± 40 765 ± 33 723 ± 23 705 ± 20
σr 840 ± 28 945 ± 41 870 ± 3 815 ± 29 839 ± 18
∆L/L(%) 11 ± 1,1 8,4 ± 0 12 ± 1 2 ± 0,1 3 ± 0,4
Figura 40 - Imagem da superfície de fratura (a) e região central (b) do aço 4340, na condição S.
camada difusa (CD). Microscopicamente (Figuras 42b e 43b) tem-se fratura mista para
ambas as condições, combinando micromecanismos de fratura frágil (clivagem) e dúctil
(alvéolos). Nota-se também a presença de trincas.
(a) (b)
Figura 42 - Imagem da superfície de fratura (a) e região central (b) do aço 4340, na condição SN.
(a) (b)
Figura 43 - Imagem da superfície de fratura (a) e região central (b) do aço 4340, na condição SRN
A análise macroscópica, a Figura 44a mostra para o aço 300M na condição SR uma
superfície de fratura sem redução de área, e a análise microscópica (Figura 44b), essa
superfície apresenta características de fratura frágil com predominância de facetas de
clivagem e trincas secundárias intergranulares.
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(a) (b)
Figura 44 - Imagem da superfície de fratura (a) e região central (b) do aço 300M na condição SR.
tensão, esses defeitos colaboram para aumentar a fragilidade do aço. Na região central
de ambas as superfícies (Figuras 46b e 47b) tem-se fratura mista com maior intensidade
de micromecanismo frágil (clivagem e trincas transgranulares) e com pouca presença de
alvéolos (dimples). Observa-se também na Figura 50b uma trinca, onde foi verificado
que esta percorreu grande parte da superfície de fratura.
(a) (b)
Figura 46 - Imagem da superfície de fratura na solda (a) e região central (b) do aço 300M, na condição S,
no qual encontramos defeitos de soldagem (seta verde).
(a) (b)
Figura 47 - O aço 300M nitretado, rompeu na solda, no qual foram encontrados defeitos de soldagem (a)
e trincamento (b) no meio da superfície analisada.