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I

Teoria lfumanista: A Terceira Revolução


em Fsicologia
algures= em
Floyd W. Matson algum lugar;
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I- on certo ocorrerá ao leitor atento, algures no decorrer deste
livro, que o tão freqüenremente usado termo "Psicologia ÉIuma-
nista" lhe páreça ser aquilo a qrre os semânticos chamam uma
tautologia redundante. Áfinal de c.rntas, a Psicologia é a ciência
da mente, não é? E a mente não é a propriedade por excelência
dos seres huma.ros? E a Psicologia, portanto, não é toda ela
humanista?
i
As respostas a essas interrogações resumem-se a uma só
palavta: não. Â Psicologia é o estudo de mais que a mente e
,l Ce nrenos que a mente. É a ciência do cc:nportatreruto, muito
do qual não implica a txistência da mente: é "irracional". Tam-
pouco o comportamento estudado pelos psicólogos é unicamente
í
o de seres humanos; boa parte dele, talvez a maior patte, é o
de animais. E quando o objeto de estudo I o comportamento
humano, tecai, com Íreqüência, sobre o Íisiológico, mais do que
sobre o psíquico. Não seria urna excessiva violação da verdade
observar que grande parte do que ocorre ern Psicologla nada
tem de "psicológico". E isso nos leva à razáo que gerou a Ter-
ceira B-evolução o renascimento do humarrismo em Psic<.,logia.
-
Á Psicologia Ifumanista tenta explicá-la náo como é, mas
I como devia set. Procura levar a Psicologia de volta à sua
) fonte, a psique, onde tudo começou e onde tudo, finalmente,
culmina. Mas há mais do que isso. A Psicologia Humanista
não é apcnas o estudo do "ser humano"; é um compromisso
com o deuir humerno.

tI Foi um Íilósofo humanista do nosso tempo, Kurt Riezler


(1950), quem disse que a "ciêrrcia começa com o respeito pelo
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70 Froyo §í. Mersor.r t A Trncrrne RnvoluçÃo rpr Psrcorocre 7l
I
seu objeto de estudo". Lamentavelmente, isso não é verdadeiro
a respeito de todos os cientistas, quer nas ciências mais rígidas I l;tS
Prothro, no conto de Natal de Dylan Thomas, que "dizia sem-
pre a coisa certa", também as criaturas do romance de Skinner
t
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da natateza como nas ciências mais flexíveis do homem ã da estâvam condicionadas parâ efetuar as escolbas certas aatomati-
mente. Em meu entender, é quase uma característica defini- t,, camente. Era a cefieza instantânea, pelo preço de toda a voli-
dora da Psicologia Behaviorista que ela começa com o desrespeito a ção; à semelhança dos cães de Pavlov, as pessoas de Skinner só
pelo objeto de estudo e, por conseguinte, ieva diretam.rrà
que Norbert Wiener (1950), ele próprio um cientista inflexível, "o
a tinham reações e respostâs condicionadas ao estímulo da voz
do seu dono.
chamou o "uso desumano de seres hurnanos,,. De qualq,.rer o lilr'l Reconhecan.ios quc ta1 paraíso homeostático, collo a socie-
mod.-, não conheço l:raior desrespeito pelo sujeito hu*âro ,!'

tratálo com_o objeto


!.r. clade sem classes e a cidade celestial, tem grande eÍeito sedutor
a menos que ieja paia degradar ainda rf , I
para muitos, especialmente numa época de angústia e <ie dífi-
-
mais esse-objeto, fragmentândo-o em irnpulios, trafos, reflexos a \ r)s
culdades. Seduz, sobretudo, as pessoas com baixa tolerância da
e outros dispositivos mecânicos. Mas essã é o procádimento do
t ll ambigiiidade e alto apreço pela ordem. Creio ter sido Thomrs
behaviorismo, se não de toda a Psicologia expLrimental; é um
procedimento abertamente admitido, rrl rr.idud., triunfante- t ill
rrl('
Huxlev, o avô de Aldous, quem se confessou tão temeroso do
âcâso e da escolha, com todos os riscos que isso comporta, que
mente proclamado, em nome da Clêrcia e Verdade, da Objeti
I ir se ihe fosse oferecido um mundo de absoluta segurança e cer

t
I
vi{ade e Rigor, e de tudo o mais que é sacrossanto nessa: áreas. I teza, ao preçc de at,dicat de sua liberCade Íressoal, fecharia ime-
E leva em linha reta da torre de marfim ao admirável mundo r rt lt, diatarnente negócio. Ao invés de seu neto, cujc romance futu-
de §Talden Two,
Estou certo de que todos se lembram desse curioso romance
t tltíÍ
rista defende justamente a tese oposta, o velho Huxley teria
certâmente gostado da vida estagnada no Pântano §[alden de
ytgnicg, lald.en Tuto, escnto há mais de 20 anos p.lo emirrent" Skinner.
behavronsta de nossa geração, B. F. Skinner (1943). Seu livre Permitam-me recordar agot2- uma diferente disposição, tanto
apresentou um cenâio tão desolado de engrenage:n do compor_ existencial como humanista. Trata-se do homem do subterrâneo,
tamento da mente, uma hm;úa-abdicação ,,ion_
9-lanipulação
l':",1'' de Dostoievsky, esforçando-se por ser ouvido peias Instituições
dicionada" de autonolxia e üherdade por pate de seos dóú,
personagens, que muitos leitores supusefam
I r,i' acima de sua cabeça. Diz ele:
erroneamente, nessa No fim de contas, não insisto realmente em sofrer ou em
époçr, tratar-se de uma inteligente- e engeúosa metáforá, uma prosperar. Insisto no meu capticbo e isso está-me sendo gêtan-
profecia satírica da forma de pejadelo qí" u, *iru, ,Joir.ir* tido, sempre que necessário. O sofrimento seria deslocado em
se a sociedade üvre relaxasse -algo*u uã, sua defesa ztaudeoilles, por exemplo; sei disso. No palácio de cristal é até
dos valores de liberdade e responsabilidade, sobrerudo"igit*t.
, tiu.r- r;:I' impensável; o soÍrimento sigaiÍica dúvida, significa negação e que
dacie e r-esponsabilidade de ,tcolho. pois isso foi o que o ,o-*_
ce de Skinner óertamente desaÍiou e amesquiúou; a c^m,:ni_
l'' '
vantâgem haveria num palácio de cristal se puJesse existir alguma
dúvida a seu rospeito?. .. Vocês acreditam num ediÍício de cris-
tal que nunca pode ser destruído; isto é, um edifício onde nin.
dade qae o livro projeta é uma espécie.de palácio de
I

r:':;: ' guém poderia botar a língua de fora nem zombar de outro à socapa.
-paradisiaca
cristal (ou de útero com uma janela), dentrã do qual a paz e
segurança per{eitas habitam para sempre tanqüilidadá sem
a '''r ,,
I
TL talvez eu tenha medo desse ediÍício apenas porque é de cristal,
nunca poderá ser destruído e ninguém é capaz de hotar a Língoa
de Íora, mesmo às escondidas (Dostoievsky, 1945, pág. 752).
trauma, ptazet se- dor, reafização sem luta - e tudo isso ao rlr I

preço módico e trivial da liberdade de escolha, - do direito Oru, é inegável que existe aí um existencialismo que é um
por assim dizer de cometer enganos. Á chave do reino -d- ,t humanismo, como diria Sartre.
-
§flal<ien Two era o Condicionamenro Operante: graças a essâ L] '..t Em minha opinião, existiram três revoluções conceptuais
,,'l
técnica mágica, apücada a todos os residentes desde o nasci-
mento, a "síndrome de Hamlet" (a angústia de escolha) era
a 'l
distintas na Psicologia, no decurso do século atual. A prirneiia
delas, a do Behaviorismo, eclodiu cum a força de uma revelação
eÍicientemente eliminada. Tal como ,quelu maravilhosa Senhora
(l,,,,., por volta de 1,913 e abalou os alicelces da Psicologia acadêmica
I
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12 Froyo §7. Marsor.l t II ,* ,,..
 TBncrrne Rrvor-uçÃo rr,t psrcorocra 7)
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por toda uma geração. O behaviorismo surgiu em reação à f, i, engatinhar e camiúar; Í.á-\o-ei trepar e usar as mãos para cons-
cxcessiva preocupação da Psicologia do século XiX com a cons- e Itr'.
,,
truir casas cie pedra ou madeira; fãrei dele um ladrão,^um pist"_
I i, rr, il
ciência e com a introspecção como método de chegar aos dados e leiro ou um toúcômano_. Á possibilidade de moldá_lâ ; q;;i
quer direção é quase iníinita,t (§7atson, i926, pág. 35).
da atividade mental consciente. Os behavioristas reagiram vio-
lentamente. Jogaram fora não só a consciência, mas também t 1,,,,.r
rrl Isso deve ser bastante para sugerir o carátàr leral (e a per_
todos os recursos da mente. Para eles, a mente era o fantasma t !Ir rl'l -
tl
sonalidade au,toritária) da Psicologiã Behaviorista'- a'prirn'eira
na máquina e nenhum behaviorista acreditava em fantasmas.
C frrndador do movimento, John B. §(/atson, explicou-se desta t 1,,. ,
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I i, ,r
das três revoluções psicológicas qr" ocorre.ro, .rn no.ro sécu1o.

- A segunda revoiução íoi, é claro, a de Freud. Cumpre assi


nraneira numa proclamação que representou uma espécie de
ManiÍesto Behaviorista: "O behaviorista começa por varter todas
a ll,
t
nalar quc a Psicanálise e o Behaviorismo surgiram Àais ou
ti menos ao mesmo tempo, uma década a mais ou a menos, e q,re
as corcepções medievais. Retira do seu vocabulário científico a t" 1

cada um desses movímentos eclodiu em reação conra a ênfàse


todos os termos subjetivos, como sensação, percepção, imagem,
desejo, intenção e até pensamento e emoção, tal como foram
I I ,\ \
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sobre a consciência n, Psicologia tradicional. À
coincidências, entreranto, havia pouco em comum entre os dois
paree essas
subjetivamente definidos" (§íatson, 1958, pí,gs. 5-6). a movimentos e muita coisa que os colocava em pólos opostos.
O comportamento manifesto, aquele que podia ser visto e
medido, cra tudo o que contava. E tudo o que se precisava
I ',t"1
li
Enquanto o Behaviorismo dava todo o destaqrre uo u.ibi.nt.
externo (aos estímulos recebidos de fora) comc fator contro-
para explicá-lo era a simples e clássica fórmula de estímulo- a ^
ladcr do compcrtâmentc, a Psicanálise er,Íatizava o ambiente
-resposta, à qual se acrescentava agota um refinamento: o reflexo
condicionado. Foi esse conceito de condicionamento, recebido
I ,1,'
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interno, ou os estímulos recebidos de dentro sob a Íorma de
impulsos e instintos. Para Freud, o homem era sobretudo uma
dos laboratórios russos de Pavlov e Bechterev, que proporcionou a r,tr
cÍiatura de instintos e, em_particular, de dois instintos primários,
o verdadeiro impulso revclucionário ao moviméntJ bJhaviorista
de §7atson. Condicionamento era poder: era conirole. Não se
a rl ,

o de vida e o de morte ( dê Eros e Tânatos ). Esses dãis rnstin-


ttatava meramente de Psicologia objetiva, apesar de todas as I tos estavam em conflito, não só entre si, mas também com o
mundo, com a cultura. Â sociedade baseava-se (disse Freud)
suas pÍetensões científicas; era uma Psicologia aphcada . . . e
aquilc a que se aplicava ou, melhor, contra queÍn se aplicava
t :r' na renúncia dos instintos, âffavés do mecanismo de repressão;

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I
_ í* Ínas os instintos não se rerrdiam sem luta. De fato, nunca se
era o homem. Disse §Tatson: "0 interesse .lo behavioiista é ,
renderam; não p_odiam ser vencidos, apenas temporariamente blo-
mais do que o interesse de um espectador; ele quer controlar as
reações do homem, tal como os cientistas físicoJ querem contro-
a l(,
rtt i '1. queados. Á vida, portanto, era uma constaod alternação entre

lar e manipular outros fenômenos naturais" ('§7atson, 1958, I ,.\ frustração_e agressão. Tanto para a pessoa individual como
pata a cultura não sxistia solução p.rmrrrente nem desfecho
pág. U). Assim como o homem consistia, 5implesmente, em rlt l
"sp4 n.ieuina ^rd,ânica montada e pronta para funcionaf,, tam- e t,,
Íeliz; apenas havia compromissos,-expãdientes, ajustamenros ope-
bém o behaviorista não era um ciéntista p.rro, mu, um mecâ- t il
.t
,\
racionais. Com efeito, o preço da iiv,üzação eia a n.rrror. ã*
nrassa o resultado da necessária supressão dos instintos natu_
rais do- homem. L{as, se isso parecia- ruim, a ,lter"uti* ài"Ju
nico incapaz de resiutir à tentação de mexãr com a maq,rinaria.
Áo sublinhar que ciências tais como a Química e a Biologia a ,t.t
,1,

.\ era pior; sempre que as forças repressivas são por um momerrto


estavam adquirindo controle sobre seus objetos de ert,ráo, a relaxadas, declarou Freud, "vemôs o homem iomo r.rm animal
§Tatson perguntou: "Poderá a Psicologia obter alguma vez essc
controle? Poderei fazer que al.uém que aão reciia as serpen- i lt
selvagem, a quem é estrxn§; o pensamento de poupar os de sua
própria espécie" (Freud, 1930, pág. Bé).
tes, fique cem medo delas e como?" A respostâ era clara: E T l' 'Íalvez o mais interessante, pata não ,7izet o mais assus-
como!
"Em resumo", '§Tatsor-,
disse "o brado do behaviorista é:
a I tador conceito proposto por Freudlcsse o de Tânatos, o instinto
de morte ou de agressãó, que ele considerou um impulso inato
'Dêem-me o bebê e o meu mundo paru criá-lo e eu Íá-lo-ei a e irresistível paÍa a autodestruição ou a çle*truiçãc de outros.
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e
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t 11

74 Fr,ovo lW. MersoN


t t
ü A TrncBrne Revor,uçÃo rr'r Psrcorocra 75
a
Especialmente significativo nesse sombrio conceito da natuteza t lhe opõem, a Psicologia Humanista não constitui um corpo
único Ce teoria, mas uma coleção ou convergência de numerosas
agiessi',ra do homem é o seu "retorÍ,o" em anos recentes, após
ú lorgo período de quase total eclipse. A corrente ressurreição t diretrizes e escolas de pensamento. Se nada deve ao Behavio-
rismo, deve muito à Psicanálise, embora menos, talvez, ao pró-
do lado sãmbrio de Freud, de suas meditacões e devaneios pes- a! prio Freud do gue a considerável número de heréticos e desvia-
simistas dos últimos anos de vida, dlz-nos menos sobre Freud
do que sobre as disposição de espírito predominante em nosso I It ,,
cionistas freudianos, a começar pelos seus próprios parceiros do
Círculo ,le Viena e culminando nos chamados neofreudianos ( na
próprio temDo. Voltarei a [alar disso un"r pouco mais adiante' e ll
realidade, antiireudianos) da segunda geração.
O principal ponto que quero frisar itlediatar'ente sobre o ríl
nrovimento piicaÀaiíLi.o, em sua forma íreudiana, é que e1e a :{r
Com efeito, âpesar de muitas divergências enre eles, os que
apresentâ uma imagem do homem como "vítima-espectador", na I se afastaram, um a um, do lado de Freud compartilhavam nume-
rosos ccmpromissos e conceitos comuns a todo o movimento
t
t,
e^*pressão de Gordón A[port, <ie forças cegas que operam-nele
ir,lil psicanalítico Jissidente. Adler, Jung, Rank, Stekel, Ferenczi
e atrar,és dele. Apesar de toJas âs süâs diferenças com o Beha- -
viorismo, a teoria Íreudiana concorda com a imagem fundamental
do homem coilo máquina de estímulo-resposta, embora os estí-
t ,f.'1,1
.lt
todos estes associados da primeira hora viram-se impossibiiitados
de aceitar a tecria do determinismo instintivo de Freud ( especi-
mulos que impõem sua vontade ao ser humano provenharn de e ,li
rr.l
'l ficamente, a sua teoria da libido ) e a sua tendência para atribuir
a origem cie toda a dificuldade e motivação no passado temoto.
dertro ã não de fora. O <ieterminismo de Freud não era ambien-
psicogenérics; não obstante' era um
I ,
illrl Esses desviacionistas comcçaram por atribuir -igual ou..-maior -
. tal. como o de §fatson, mas
t
,']
'determinismo ' ,ii ênfase ao presente (ao aqui-e-agora, à "presença" do paciente)
e deixava pouca mârgem para a espontaneidade, a
l,l Í! e também ao luturo (a atraçáo da aspiração e do propósito, a
criatividade, a racionaüdade ou a responsabilidade. A fé decla- a rllil i meta-ou plano de vida do indivíduo). O que isso implicou foi
ruda na razão consciente, subentendida na terapia freudiana I

(mais do que na teoria freuáiana), não o impediu de minir,rizat I um maior e mais confiante apoio na conscientização da pessoa
em análise ou terapia, distinguindo-a de seu inconsciente; um
insistenternelte o papel da razão como determinante real ou a
potencial da personalidade e conduta, nem, por outro lado, de novo respeito pela sua força de vontade e poder éa ruzão, pcla
valaraat ao máximo o ímpeto de Íorças irracionais que se empe-
I

I I )
I sua capacidade de escolha e compreensão.
nham em impor suas reivindicações tanto de "baixo" ( o í<i )
comc de "cima" (o superego). No mapa topográfico da mente,
t I
Em Adier, essa abordagem assumiu a forma de conversão
vittual da sessão de terapia psicanalítica num diálogo ou con-
elabomdo por Freud, o ego (ele mesmo só parcialmente coís-
I
t I versão em nível consciente (o que, é claro, enfureceu Freud,
que pensou ter Ádler atiaiçoado o postulado básico da moti-
ciente) jamais obtém autonomia plena, mas funcioaa como uma
espécie de estaáo-tampão entre duas potências rivais, a do instin-
I I I
vação inconsciente). Em Jung, a nova abordagem tomou e
to e da cultu;a intojetada da natuteza ani:rai e da criação e forma de enÍatização do que ele chamou o "fatot prospectivo",
social. - I I o ímpeto deliberado em oposição ao ímpeto instintivo (e, em
Fui deübeiadamente severo com Freud, nestes comentários,
; particular, do instinto erótico ). Também assumiu a forma, nos
i
a últimos anos de Jung, de cÍescente ênfase sobre a compreensão
a fim ríe enÍatizat aoueles asPectos de sua teoria e tetapia que, do outro (quer o paciente neurótico, quer o indivíduo norrnal)
em virtude de seu pessimismo e determinismo, suscitaram no
decorrer dos anos u r"tpott" crítica e criativa a que (à falta de
t ,lr' em sua i<Íentidade singular
-
uma espécie de compreensão intui-
tiva a que deu o nome de con-sentinento (einfüblen); Jung üs-
melhor termo) poderem,.rs ch:mci "Psicologia Humanista". Esta T tinguia o con-sentimento do coúecimento científico, o que o
nova Psicologia, a terceira revolução, tepresenta uma reação con-
tra o Behaviorismo e a Psicanálise ortodoxa; por esse motivo é
t levou, finalmente, a advogar o abandono total de compêndios
em qualquet atividade de assistência ou cura psicoterapêutica.
que a Psicologia Humanista foi d.caominada a "Terceira Forçr.". a
Mas talvez a primeira coisa a dizet a seu respeito é -que, atr
invés dos dois-movimentcs de Pensarnerrto que a precedem e se
t .l I '
No caso de Otto Rank, outro dos hereges do círçulo freu-
diano original, o desvio adotou a Íorma de ênfase na voiltade
a
I
76 Fr-ovo §7. MersoN Á TEncrrne RrvoluçÃo Ervr Psrcor.ocrl 77

existencial da pessoa: a sua capacidade de autodireção e auto- I origem à "Psicologia da Reunião, a qual encontra seu modelo
conüole. no encontro terapêutico.) O significado do conceito geral de
I
Buber foi bem descrito por §7i11 Herberg:
O denominador comum nessas várias linhas de teoria e tera-
pia foi, creio eu, o respeito pela pessoa o reconhecimento O termo Eu-Tu assinala uma relação de pessoa a pessoa, de
do outro não como um caso, ou um objeto, - ou um campo de sujeito a sujeito, uma relação de reciprocidade que envôlve "reu-
forças, ou um Íeixe de instintos, mâs como ela mestna. Em nião" e "encontro", ao passo que o termo Eu-Objeto assinala uma
relação de pessoa a coisa, de suieito a objeto, que envolve alguma
termos teÁricos, isso significou respeito pelos poderes de criati. forma de utilização, de dominação ou controle, lnesmo que se trâte
vidlcle e responsabilidacle do ser l-rumano; em termos terapêu- apenas do chamado conhecimento "objetivo". A relação Eu-Tu, que
ticos, significou respeito pelos seus valores, intenções e, sobre- Buber designa usualmente por "relação" par excellence, é aquela
em que a pessoa só pode entrar com todo o seu ser, como pessoâ
tudo, sua iderrtidade peculiar. genúna (Herberg, 1956, pág. L4).
Esse reconhecimento do hotnetz etn pessod, em contraste
com o ltonzett enz geral, vai ao àmago da diferença entre a Psico- Segue-se que a relação terapêutica, em seu desenvolvimento
iogia Humanista (em qualquer de suas formas ou escolas) e tais ideal, representa um autêntico encontro "à beira abrupta da
Psicologias cie;itíficas ccmo o Behavicrismo. Não só na Psica- existência" entre dois seres humanos, um procuranrlo ajuda e
nálise, mas também em outros campos, uma quântidade cres- o outro ajudando. Esse reconheciment<.r mútuo, que nunca é
cente de estudantes está sendo levada à inquietante conclusão imediato, mas âpenas uma possibilidadc a ser realizada, abre
de que as' características definitivas de um ser humano não caminho âtrav᧠<ia§ deliàsas e iio-iiuras convencionaís dos dois
podem ser delineadas desde uma "distância psicológica", por parceiros, a fim de permitir que um deles, como pessoa, chegue
assim dizer, n as só têm possibilidade de ser Íocalizadas mediante até âo outro, como pessoa. O que se exige do médico em parti-
*
a compreensão da perspectiva única do próprio indivíduo. cular, rliz Buber, é que "ele próprio saia de sua protegida supe-
rioridade profissional c aceite a situaçãc elementar entre um ser
Essa ênfase sobre a pessoa humana, sobre o indivíduo em humano solicitado e um que solicita" (Friedman, 1,960, pág.
sua totaüdade e unicidade, é uma característica central da "Fsi- I I 190).
cologia do Humanismo". Contudo, existe um importante coro- I
i I
Iário, sem o qual a ênfase personalista seria inadequacia e destor-
:
lndependentemente de seus usos por psicólogos e psicana-
i l
I listas existenciais, como Ludwig Binswanger, Viktor Frankl e
cida. Esse corolário é o recoúecimento, para usarmos uma Írase
de Rank, de que "o eu plecisa do outro". Esse reconhecimento é Rollo May, o conceito imensamente Íértil de "reunião" Eu-Tu,
expresso de vrírias maneiras: para os neofreudianos, assinala a de Buber, encontra paralelos e reverberações na obra de outros
importância do relacionanento no crescimento da petsonalidade; I I ÍilósoÍos existencia.is, sobrerudo aqueles que são comumente cita-
para os existencialistas, leva a enÍatizar a importância dos têmas dos como existencialistas religiosos ou teólogos existenciais.
de díálogo, encontro, reunião, intersubjetividade etc. Embom I
Para Gabriel Marcel, que chegou independentemcnte à Íórmula
essc reconhecimento seja ampiamsngs compaftilhado pcr psico- Eu-e-Tu, o sentido de erconrro genuíno é veiculado pelo termo
terapeutas humanistas, analistas, teóricos da personalidade, psicó- "intersubjetividade", o qual subentende uma comunicação autên-
logos da percepção e outros, talvez o mais impressionante e siste- tica na ordeni de comuúão. Escreveu Marcel: "O fato é que
mático desenvolvimento da idéia teúa sido proporcionado pelos podemos entender-nos a nós
mesmos a partir do outro, ou de
pensadores existencialistas, tanto na ârea da Psicologia como da outros, e s6 partindo deles; . . . somente nessa perspectiva é
Filosofia. Existe uma semelhança flagrante na formulação desse que poderá ser concebido um legítimo amoÍ do eu" (Marcel,
relacionamento eu-outro por vádos existencialistas. A Filosofia 1960, pág. 9). Esse discernimento, muito semelhante ao con-
do Diálogo, de Martin Buber, gravitando em torno da relação ceito de Fromm de aqor produtivo e auto-realização, implica
Eu-Tu, é provavelmente a mais influente e possivelmente a mais uma reciprocidade de coúecimento em que o que "Eu sou",
prcfunda (Buber, t937). (Entre outros efeitos fecundos, deu assim como o que "Ttr és", só se tomam coúecidos através da
.q

I
18 Fr,oYP 1ü(/. MersoN
I I
A Trncrrna RrvoluçÃo rrra psrcorocre 79
a I mals d9 que qualquer outro ser recoúecido como ,,pai espiri-
experiência mútua do que "nós somos"' Cada
,rÉaa o outio em si mesmo e reconhece-se a si
comunicante reco-
mesmo no outro'
I I fl
tual" do movimento humanista em Psicologia; Gordon Allport,
o grande teórico americano da personaüdadce herdeiro do rnanto
Na "teologia terapêutica" de Paul Tillich (1952), e§sa-apre-
e l, de §Tilliam James; Rollo May, que introduziu a abordagem
ciação geral dJpapel ãschrecedot do encontro é aplicada direta- a "i
ex:stencial na Psicologia americana e a desenvolveu em t"Ào,
À.nr" í psicoteiapia
-
sncal.fla como a "comunidade de cura"'
Tillich, á* .o,,* com outÍos existencialistas, actedita que- as
I I
de originalidade criadora; Carl Rogers, cujo mandato terapêutico
de "respeiro incondicional" pelo cliente se assemelha à filosofia
áiii."rára.t pessoais representadas pela neurose promanam, fun- t l''
I
da, preocupação fur^Camental de Tiliich; Erich Frornm, o mais
àr.rl.n,"t-"*e, de falhas no relaciãnamento com outros, rcsul- a influerte dos neofreudranos, que há muito se trasladou da psica-
tando em auto-alienação de qualquer contato genuíno com o nálise para os domínios mais altos da Filosofia Social e da Crí-
mundo. Ássim, o problema terapêutico centtal passa - a ser o a tica- Cultural; IIenry A. Murray, inspirado mestre e exemplar
de "aceitação", mais precisamente, de sucessivas fases de aceita-
ção que c,rl,ninam na aceitação do eu e do
mundo dos outros' I de humanismo; Charlotte Bühler, que nos tornou a todos cÀns-
cios da importância, pata a compreensão psicológica, dos valores-
Nessa nova espécie de encontro terapêutico e eis-nos a -metas pessoais e Cc curso total de uma vida humana.
-
diante de outro princípio humanista
-
não existem "sócios o Ao terminar, desejo strgerir algo do potenciâl ativista da
comanditários". O terapeuta existencial (isto é,,o terapeuta
I

À"Ànnirtr ) deixou d. sei a tela branca ou o "catalisador silen- o Psicologia Humanista, citaudo alguns ltatágtafos da conferência
quc prtríeri en 1969, como presidente recém-eleito <ia Ássociação
cioso" que era no tempo <ie Freud; pelo contrário, é um parti'
cipante itivo con a totalidade do seu ser' Parlicipa não só
I I

de Psicologia Humanista, perante a sua assembléia anual (Mat-


pára ajudar, mas, ainda mais basicamente, Para coúecer e com- a son, 1969):
pr..nd.r. Segundo Tílliú, "é pteciso participar nlm 99 -Pala
,"b., o qrr. Z irro. Pela-participação, o eu muda" (Tillich'
t ,l

l. . . . Goatada de propor uma linha de compromisso, e de pro


testo, que poderíamos adotar perfeitameÍrte como psicólogos huma-
1952, pág. 724). A inferência é que a espécie de coúecimento I nistas. Essa lhha consiste, como diria Jefferson, em jurar perrna-
nente oposição a todas as formas de tirania sobre a mente do
;;r*Ui; Psicologia e Psicoterapiã não pãde ttr adquiridopartt-
pela
a ,' I
homem. Proponho que nos comprometamos a defender a liber-
observação indiferinte, mas' ouüossim,
-pela
cbsetoação
ciDante (paru rrrrr*o, a expressão de Harry Stack Sullivan)- t ) dade psicológica; pois acredito que, muito possivelneote, a maior
ameaçâ que paira sobte a liberdade no mundo de hoje (e de ama-

a nhã) é a ameaça à liberdade mental, que consiste, em riltima instân-


I

Através d^o desprendimento ou indiÍerença, talvez seia possív_el I cia, Í,o poder de escolha.
adquirit conhecimentos "úteis"; mas só através da participação
é possível obtet o coúecimento prooeitoso' T Essa liberdade é hoje ameaçada pot todos os lados. É amea-
çada pelo que Herbert Marcuse chamou a "sociedade lnidimen-
Em qualquer descrição adequada das fontes e forças que a t
sional", a qud procura reduzir as categorias ,le peosamento e üs-
alimentaraã o movimento da Psicologia Humaaista (o quc este 'í curso a uma es1Écie de endosso consensual das direüizes impostas

brcve esboço não pretende ser), muiio mais precisaria ser. dito
;, por uma cultura agtessiva e aquisitiva. É ameaçada pela tecno-

em recoúÃcimentã das contribúções dadas por cada teó-tico e t logia da sociedade de massa, cultura de massa e comunicação de
massa, â qua! Íabrica (com todo o respeito devido a Marshall
terapeuta. Felizmente, dispomos de-um certo número de tra- a. t Mcluhan) um mr.,rdo amoúo de pràzeres plásticos, em que os
mansos conduzem interminavelmente os mansos para o mar da
À;ú;r abrangentes, .ntr. ã.r, os üvros de James Bugental' tran-

Challenges oi Hurnanistic Psycbology (1967 ), Anúony Sutich a qiiúlidade.


A liberdade mental também é pela revolução biolê
e Miles-Vich, Readings in Humanistic Psychology (1969)^e o
*." jiOptio TÍte Broien Image (1964)., especialmente,os Capí-
t gica e seus corolários psicológicos
-
ameaçada
não só pelo familiar ninho
de cuco das lobotomias e tratamentos de choque, sobre o qual nin-
tulos^6 ã 7. Mas até o presente ensaio não poderá deixar de
I
I
(I, guém pode voâr, mas p:los iminentes avanços da "cirurgia estética"

-""l"nrt, pelo menos, "lguot dos


terceira revãlução, notadamente,
pt-omotores e agiadores da
Abraham Maslow, que merece t e intervenções aÍins, os quais prometem tornar viável a reciclagem
e reprograÍração do mecanismo cerebral.
I ;
a
a

I C
t lhà

80 Fr.ovo §fl. MersoN t rtl


A Trncerna RrvoruçÃo EM psrcor.ocrÁ g1
Talvez do modo mais crítico de todos, a nossa überdade psi-
a l'.r Relerêxcias
cológica é ameaçada pela lalta de coragem e de tibra; pela nossa
incapacidade para viver de acordo com (e viver além de) o dogma
a
dc'mocrático, o qual assenta na fé na capacidade do ser humano
comum para conduzir sua própria vida, abrir o seu próprio cami-
t Ánonrv,
Ánonsv,
R. Alrican Genesis. Nova york: Átheneum, 1961,
R. Tbe Te*itorial Imperatiue. N-ova york: Atheneum, 1966.
úo, ser ele mesmo, conhecer-se e tornar-se mais ele mesmo. Essa
falta de coragem predomina no campo da educação; é uma
a Burrn, M. I anil Tboa. Nova york: Scribner, 1937.
BucrNrer, J. F. T. (or.g.),-Cballenges ol Hamanisric psycbology.
cie de doença ocupacional do trabaiho social, em que a
assistida pâssa a
espé-
pessoa
é tratado como paciente e diag-
ser om cliente que
I t,r

York: McGraw-Hitt,' tSOi.


Nova

nosticalr como incurável. E isso é uma característica generalizada


na paisagem da Psicologia acadêmica e ciência do comportamento,
I 1,,
Dosrorrvsxv,
Press, 1945.
F. The Short Nouels of Dostoieoskl. Nova york:
Dial

em tântos âspectos deprimentes que seria neces"ário um livro (que


já escrevi) para enumerá-los todos.
I Fnrun, S. Ciuilization axd Ir: Discontents. londres: Hogarth, 1930.
Frueouau, M. Martin,Buber: The Lile
Mas citarei âpenâs um dos aspectos em que essa falta de
I ,t..
per Torchbooks, 1960.
§1.
ol Dialogue. Nova york: Har_
corâgrm se manifesta no estudo do homem. Â velha doutrina
reacionária do Pecado Original, da depravação inata, está desfru-
I rl
Hrnspnc,
Books, 1956.
Tbe vritings
ol Martin Buber. Nova york: Meridiau
t
1r

tando nos últimos tempos uma ressurreição muito popular e em LonrNz, K. On Aggressiox. Nova york: Harcourt,
Brace & §7orld, 1966.
larga escala. Assume a Íorma da hipótese de agressão como dota- l,r Mancrr,, G. Tbe Mysterl of Being. Chicago:
Gateway, 1960.
ção instintiva Íixa do homem
-
coÍno se fossc uma mancha gené-
tica no sar€rue, uma sombria mácula
e MarsoN, F. W. The Broku Image: Man,'sctence
and Society. Nova
na dupla hélice de cada um
de nós. Á alegada descoberta ou redescoberta desse instinto
assassino está sendo saudada nos clubes do livro e em revistas
I lt York: Braziüer, 196a.
Mersorv, F. W. .,§lhatever B-ecaqre oÍ the
proferida na Ássociação da- psicoiogia Third Force?,, Gnferência
r'l
populares como se fosse a bênção Íinal, a boa nova derradeira no a H.rã"ir", Sifr". S;;;;,"ii;:
-fi;;i';;;,
camiúo da redenção do homem. C,omo explicar a populaddade
I l.r y"'fitx.? i;áÊ:ti,oi,.l1' À;p*&id;'' AAH|
1

dessa tese sombriamente pessimista? Como orpücat o statas de


D. Tbe Naked Ape. Nova york: McGtaw-Hi[, 1967.
best-seller conquistado por livros como On Agression (1966), de
Lorenz; Tbe Territorial Imperatiue (7966) e Africm Genesis
(1961), de Árdrey; eTbe Naked Ape (t967), de Desmond Morris?
I Monnrs,
Rtrzrrn, K. Man Mutable axd Immutablr.- Ctt."ro, Regnery,
- Tuo. Nova york: 1950.
SxrrvNrn, B. F. 'Valden
Creio que a teslrcstâ é claral uma falta .le coragem em massa.
a SurrcH, Â.i., e Vrcs. M. Á.
úacmillan, 194g.
Nada poderia ser melhor calcuiado pâra nos livrat do incômodo
anml ü responsabüdade pessoal, <io autodomínio e da autode-
I I
Nova York: Free press, Íglgj.),
Tu*rcrr, P.
lr{9."
Readings in Humazistic psycbology.

I
.,,1,
Tbe Coarage To Be_ New lIaven: yale
terminação, do que essa doutrina de aossas propensões inatas para I r,l,
I
. University press,
a agressividade. É por isso que guerrelunosi é por isso que odia-
mos; é por isso que não podemos âmar-nos uns aos ouüos nem I ,,t,
IíersoN, J. B. Tbe'Vays of Bebaaiorism.
Nova york: flaryer, t926.
IletsoN, J. B. Bebaaiorisy, C}ir:aeo: UniversiÇ
a nós mesmos. As pessoas rão prestam
-
s 2s3!su-5s.
Bem, nâo aoedito que os psicóIogos hrmalristas aceitem crsa
t '§[rr*sn,
flin,
N.
1950.
Tbe Hanan LIse ol
of Chicago press, 195g.
Híaan nuirlr.' Boston: Houghton Mif_
armaCilha. Propoúo, por conseguinte, que lancemos tcdo o pc:3 C
do nosso movimento, a totalidade da Terceira Força, contra essa e ,t "
todas as outras aureaças à iiberdaCe mental e à auton.mia da a
pessoâ. Tomemonos a consciência ativa da frateroidade psicoló
gica, buscando, expondo e condenândo toda e cada força desuma-
nizante, dcspersonalizante e desmorzlizante que nos empurrâtia
t .,1

cada va mais pata o ca-iúo do Ádmirável Mundo Novo e da a t'


sociedade tecoocrática esse laboratório dos sonhos do behavi<>
- humanista.
rista e dos pesadelos do t
Pois nesse caminho está não apenâs o fim da
lógica, mas também â morte d3 hrmanid2ds.
liberdade psico- I
I
a
a G

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