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Tribuzy
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Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer
semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência e não
foi pretendida pelo autor.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um
sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer
meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão
expressa por escrito do autor.
Design de capa:
Érika Santos
Revisão:
Cláudia Rocha
Ravenna Longanezi
Este é para todas as minhas leitoras que acreditam que eu não tenho
coração e não consigo escrever clichê.
Boa leitura.
“E até hoje, eu acredito que, na maior parte do tempo, o amor
é uma questão de escolhas. É uma questão de tirar os venenos e as
adagas da frente e criar o seu próprio final feliz.”
Grey's Anatomy
Sumário
Copyright
Dedicatória
Epígrafe
Nota
Capítulo 01
Bruna
Anthony
Capítulo 02
Bruna
Capítulo 03
Bruna
Anthony
Bruna
Capítulo 04
Bruna
Capítulo 05
Anthony
Bruna
Capítulo 06
Beatriz
Bruna
Capítulo 07
Anthony
Capítulo 08
Bruna
Capítulo 09
Anthony
Capítulo 10
Bruna
Capítulo 11
Bruna
Anthony
Capítulo 12
Anthony
Capítulo 13
Anthony
Capítulo 14
Bruna
Capítulo 15
Anthony
Capítulo 16
Bruna
Capítulo 17
Anthony
Capítulo 18
Anthony
Bruna
Capítulo 19
Anthony
Capítulo 20
Bruna
Capítulo 21
Bruna
Capítulo 22
Anthony
Bruna
Capítulo 23
Bruna
Anthony
Capítulo 24
Bruna
Anthony
Capítulo 25
Anthony
Amanda
Capítulo 26
Lucca
Capítulo 27
Anthony
Bruna
Capítulo 28
Anthony
Bruna
Epílogo
Anthony
Agradecimentos
Da mesma autora
Redes sociais
Nota
Neste livro, vocês encontrarão muitas palavras em italiano, pois os
Mancini's são descendentes de italianos com educação bilingue, morando
por muito tempo na Itália.
Entretanto, coloquei a tradução de todas as expressões usadas. No
geral, eles evitam frases inteiras em italiano, exceto quando estão com raiva
ou com a família toda reunida.
Boa leitura.
Capitulo 01
Bruna
Meus saltos ressoavam ao longo do corredor que levava à sala do
meu chefe, as batidas afiadas ecoavam as batidas do meu coração. Inspirei
profundamente enquanto tentava equilibrar o café na mão que segurava a
agenda para alisar minha saia, e amaldiçoei os sapatos de salto e a roupa que
minha melhor amiga, Amanda, me obrigou a usar. Tudo bem, hoje seria uma
das reuniões mais importantes do senhor Mancini, ele há meses estava
negociando a compra de uma empresa e finalmente o dono cedeu, afinal, ela
estava falida.
E eu, como sua assistente, deveria participar da reunião, mesmo
assim não entendia por que meus jeans e sapatilhas não eram adequados.
Amanda insistiu em dizer que eu devia pelo menos uma vez parecer
“profissionalmente quente”. O que no inferno isso significava? E talvez,
apenas talvez, eu estivesse com uma boa aparência, o cabelo perfeitamente
arrumado com ondas, uma maquiagem leve para não atrair muita atenção, e
mesmo achando a saia um pouco curta, não deixava de ser elegante. De
acordo com ela, preto e branco nunca falharam, revirei os olhos ao lembrar
de suas palavras.
Bati delicadamente na porta e ouvi a voz grave do outro lado
autorizando minha entrada. Apenas com sua voz senti minhas pernas
ficarem trêmulas, mas me recusava a ser igual a todas as outras mulheres do
prédio, que suspiravam descaradamente por onde ele passava, praticamente
implorando por um minuto de atenção. Então arrumei minha postura e entrei
na sala de uma vez. Ele estava de costas para mim, falando ao telefone,
furioso por alguma razão, o que não era uma surpresa. Era seu modo
operacional estar sempre irritado com alguma coisa.
— Não me importa quais sejam as suas desculpas. Essa é a terceira
vez que você atrasa a entrega dos documentos. Quero até às 15 horas no
meu e-mail ou nem perca seu tempo, pode ir direto para o RH — ele
continuou enfurecido, virando a cadeira em minha direção, onde seus olhos
encontraram os meus. Seu olhar desceu por todo o meu corpo, demorando
mais tempo do que a ética permitia em minhas pernas expostas, voltando
para o meu rosto. — Às 15 horas — rosnou uma última vez e desligou o
telefone com uma batida seca.
Ele certamente era a definição do próprio pecado, com sua barba por
fazer, dono de cabelos negros desordenados de tanto que passava as mãos
pelos fios, os dedos longos tamborilando calculada e ritmadamente em seu
queixo. Por meio segundo de descuido, minha mente vagou pela fantasia do
que aquelas mãos eram capazes de fazer, se eram tão habilidosas quanto
pareciam.
— Preciso de uma cópia do contrato a ser discutido e assinado por
cada pessoa que estará presente na reunião — ele disse firme, como de
costume.
— Pasta marrom, lado esquerdo — falei e ele levantou uma
sobrancelha, alcançando a pasta sem hesitação. Conferiu toda a
documentação perfeitamente organizada, voltando sua atenção para mim.
— Compre meu café do Coffe Lad. — Jogou sem cerimônia o cartão
de crédito sobre a mesa, abrindo o notebook em seguida. Estendi o copo de
isopor em minha mão em sua direção, o vapor ainda visível do líquido
quente.
— Preto e sem açúcar. — Mordi internamente minha bochecha,
sorrindo satisfeita quando ele estreitou os olhos em minha direção, como se
procurasse qualquer falha que eu pudesse ter.
— Libere minha agenda agora pela manhã e esteja pronta às 09h00
para a reunião — ordenou, sua voz soando como sexo líquido e eu
praticamente desmaiei com as suas palavras. Maldição, eu tinha que
recuperar o controle sobre mim novamente.
— Sua agenda já foi reorganizada, e está liberada até às 15h00, para
o caso de algum imprevisto. Deseja algo mais, senhor? — perguntei
atenciosa. Precisava sair o mais rápido dali.
Estava ficando quente ou era impressão minha?
— A quanto pare sei perfetto e hai fatto tutto[1]. Está liberada,
senhorita Ferraz. — Inclinou a cabeça levemente para o lado, com um
pequeno elevar de canto de lábio em um sorriso que poderia levar qualquer
mortal diretamente para sua cama.
E ali estava seu belo sotaque italiano, definitivamente aquela voz
pronunciando palavras daquela forma era meu ponto fraco, entretanto,
apenas me virei e forcei meus pés a se equilibrarem naquelas armadilhas
mortais e os obriguei a me saírem de seu escritório e levarem de volta para a
minha mesa, longe de sua vista.
Sentei-me em meu lugar de costume e comecei a organizar a
bagunça de papéis ali, checando meu e-mail abarrotado com suas exigências
e sua agenda ainda lotada. Revirei os olhos. Anthony obviamente achava
que havia três secretárias e não apenas uma assistente pessoal, para enviar
tanto trabalho em um curto período de tempo. Com um menear de cabeça,
meus dedos começaram a trabalhar. Eu amava o que fazia, o que acabava
por facilitar em noventa por cento as coisas para mim.
Estava trabalhando há um ano como sua assistente pessoal e podia
afirmar com orgulho: era a que estava há mais tempo naquele cargo. Todas
as anteriores não passavam do primeiro mês e saíam chorando. Mas meu
orgulho me impedia de falhar ou deixar que ele me menosprezasse, então
sempre estava um passo à frente de seus pedidos e, com o tempo, aprendi
exatamente como ele gostava das coisas, facilmente seguindo o fluxo de sua
rotina extremamente caótica.
Anthony vinha de uma família italiana e apesar de evitar falar
naquele idioma, algumas palavras nunca eram pronunciadas em português, e
era inevitável que em alguns momentos ele falasse frases completas. O que
tornava mais difícil resistir ao seu charme.
— Bruna, la mia principessa. — A voz familiar soou alta quando o
elevador abriu as portas.
Lucca.
— Caramba, tudo isso é para a reunião de hoje? Se soubesse que
ficava tão gostosa nessas roupas já teria pedido para el mio fratellino marcar
mais reuniões importantes — ele falou ao me puxar da minha cadeira para
me apertar em um abraço esmagador.
— Lucca! — o repreendi e me afastei com um sorriso genuíno em
meus lábios. Lucca era o completo oposto de seu irmão: sempre sorridente e
brincalhão, uma alma dourada que muito lembrava um golden retriever
peludo e gigante. Mas antes que pudesse falar qualquer outra coisa, ele
agarrou minha mão e me girou para que pudesse dar uma olhada por todo o
meu corpo. Senti minhas bochechas esquentarem e me preparei para socar
seu braço. — Seu sotaque e as palavras em italiano costumam ajudar a
conquistar as mulheres?
— Mais do que imagina, mia principessa.
— Lucca, você tem algo importante para me falar ou veio aqui
apenas para paquerar minha assistente? — Anthony perguntou com a voz
séria, desviando brevemente o olhar na minha direção antes de voltar ao
irmão, aguardando por uma resposta.
— Ela é toda sua, relaxe — o mais novo falou ainda rindo, afastando
suas mãos de mim. — Depois da reunião preciso tratar de um assunto
importante com você — ele disse, e aquela foi uma das poucas vezes em
que vi o caçula dos Mancini falar de maneira séria. Anthony apenas acenou
com a cabeça e se dirigiu ao elevador. Olhei para o relógio em meu pulso e
sabia que tinha que acompanhá-lo, era hora da reunião.
Lancei um pequeno sorriso para Lucca, e entrei no cubículo logo
atrás do meu chefe, pronta para mais uma manhã exaustiva de trabalho.
Anthony
— Mas che cazzo[2]! Espero que você esteja brincando comigo,
Lucca — falei pressionando com força minhas têmporas para tentar evitar a
dor de cabeça que certamente apareceria. O dia correu bem demais para ser
verdade.
Finalmente comprei aquela maldita construtora falida, e agora Lucca
me vem com essa ideia estapafúrdia. Bebi mais um gole do meu uísque e
esperei ele rir descontroladamente e dizer que non passava de mais uma de
suas brincadeiras idiotas, mas o infeliz continuou comendo seu bife como se
non tivesse acabado de foder minha vida.
— O que você queria que eu dissesse? Estamos falando do
casamento da Alice e do Felipe. Só para o caso de você ter esquecido, ela
chutou sua bunda para ficar com nostro cugino[3]. É claro que io non ia
deixar que eles pensassem que você ainda estava na lama por esse seu
pequeno desvio de caráter — justificou com um erguer de ombros e eu o
fuzilei com o olhar.
— Caso você non se lembre, io non dei a mínima importância
quando ela terminou. Ao contrário, agradeci por aquilo — resmunguei mal-
humorado.
— No è o que os outros pensam. Ela deu entrevistas sobre o término
de vocês, deixando muito claro quem pôs fim ao relacionamento e que você
ficou devastado com isso — rebateu, apontando com o garfo em minha
direção para enfatizar seu ponto.
— E então você teve a brilhante ideia de dizer para todos que estou
namorando. Quando eu não tenho uma namorada — relembrei
pausadamente, para ver se o imbecil de mio fratello entendia a merda que
havia feito.
— Pague qualche dona[4] de programa por quatro dias. Qual é o
grande problema? Pague uma ragazza, apresente como sua namorada e
depois voltamos às nossas vidas de solteiros regadas a muita bebida e
mulheres maravilhosas. O que pode dar errado? — O idiota ainda tem a
audácia de perguntar.
— Una ragazza[5] de programa? Inferno, Lucca. Mamma notaria na
hora. Ela sente o cheiro de ragazze[6] assim a quilômetros de distância —
resmunguei com uma carranca. Estava começando a pensar seriamente em
não ir a esse casamento, e dane-se o que pensariam.
— Bruna! — Mio fratello praticamente gritou e o olhei mortificado.
Do que ele estava falando? — Sua assistente pessoal. Ela é perfeita para
isso. Tão bonita quanto Alice, talvez ainda mais. Você viu aquelas pernas?
— perguntou, novamente imerso em suas divagações.
Pensei na minha assistente e em como ela estava vestida hoje. Tinha
que reconhecer: ela era educada, eficiente, com todas as curvas perfeitas,
distribuídas exatamente onde deveriam estar, com lábios carnudos, tudo isso
sem contar aquele maldito sorriso convencido de todos os dias quando
antecipava meus pedidos antes mesmo que eu os falasse, como se pudesse
ler minha mente.
Ela jamais aceitaria isso.
— Ela non vai aceitar, você a conhece melhor do que eu, Lucca —
descartei a possibilidade entredentes, virando o restante do uísque em minha
garganta, sentindo-o praticamente rasgá-la.
— Ela é perfeita e você sabe disso. Dê um aumento a ela. É só um
fim de semana. Bruna já te atura há um ano, ela sabe todos os seus gostos.
Quem seria melhor que ela para esse papel?
Me mantive em silêncio por alguns momentos, considerando a
proposta. Eu realmente não dispunha de muitas opções nesse momento. Ou
deixava de ir a esse casamento e todos os meus amigos e familiares
pensavam que eu ainda rastejava por Alice ou pediria para que Bruna fosse
como minha acompanhante, convencendo–a agir como minha namorada por
torturantes quatro dias, calando a boca de alguns babacas intrometidos.
Maldita a boca grande e cérebro de ervilha de mio fratello.
Capitulo 02
Bruna
Resmunguei incompreensivelmente ao ouvir um zumbido irritante
ao longe, afundando a cabeça no travesseiro macio, que nada fez para abafar
o som que parecia martelar pregos dolorosamente contra meu crânio. Gemi
em desgosto e rolei cegamente, sentindo a ausência da minha cama abaixo
de mim, minha bunda batendo contra o chão do meu quarto em um baque
surdo, abafado por meu cobertor.
Mas que porra estava acontecendo? Onde estou? Eu não queria abrir
meus olhos para descobrir a resposta para aquelas perguntas, mas o barulho
infernal insistia e não tinha outra escolha. Precisava silenciar o que quer que
fosse a porcaria que provocava aquele som irritante. Preferencialmente, de
uma maneira permanente.
— Merda — resmunguei quando reuni força o suficiente para abrir
os olhos e percebi que era o meu despertador, que marcava 06h01. Minha
cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento e imagens da noite
passada vieram como flashes em minha mente, fazendo-me gemer
desgostosamente.
Olhei para a mesa de cabeceira e vi um copo com água e dois
comprimidos brancos ao lado.
Aspirina.
Amanda era a maldição e salvação da minha vida em um mesmo
pacote. Engoli os comprimidos e a contragosto me dirigi ao banheiro,
molhando bem a cabeça e escovando os dentes duas vezes para tentar afastar
qualquer resquício visível de uma ressaca.
Quarenta minutos mais tarde, saí do quarto devidamente vestida,
sentindo o cheiro de café fresco inundando a cozinha.
— Amanda, você é a melhor — falei ao me sentar, onde ela colocou
uma xícara ainda fumegante na minha frente. — Mas por que inferno eu
deixei você me levar a um pub em plena quinta-feira, se nós duas
trabalhamos hoje? — perguntei antes de bebericar um gole do café, me
sentindo imediatamente melhor quando senti o líquido amargo descer pela
minha garganta.
— Porque você trabalha demais. Eu sei que seu chefe é um dos
homens mais gostosos do Brasil, mas você precisa de um pouco de diversão,
baby — cantarolou em resposta. Estava além da minha compreensão como
ela estava tão desperta se havia bebido ainda mais que eu noite passada.
— Você deveria estar um lixo. Isso é injusto, sabia? Parece pronta
para participar de um desfile — resmunguei, carregando minha preciosa
xícara até onde meu notebook estava, ligando-o. Enviei logo cedo o novo
contrato redigido, já que eu sabia que Anthony iria precisar para hoje.
Simplesmente adiantei meu trabalho antes de ter minha bunda arrastada para
fora de casa. Com um sorriso prepotente em meus lábios, apertei o botão de
enviar e me preparei para ir para a empresa.
exatamente como uma vadia diante do meu chefe. Ele estreitou seus olhos
para mim, abrindo seu e-mail para encontrar o dito contrato na caixa de
entrada.
— Seu horário de expediente começa às 08h00.
— Eu sou bem paga para fazer meu trabalho, independente do
horário, senhor Mancini. Na verdade, depois desses quatros dias, o meu
pagamento será excepcionalmente melhor — vi seus olhos brilharem, bem-
humorados após minhas palavras. Anthony fechou o notebook, voltando
cem por cento de sua atenção para mim.
— Tenho certeza de que você non veio até aqui apenas para me falar
isso, Bruna.
— Se vamos namorar, temos que entrar em acordo sobre algumas
coisas — comecei e o vi arquear perfeitamente uma sobrancelha. Será que
tinha algo nesse homem que não fosse perfeito ou que não soubesse fazer?
Meus olhos escorregaram para sua cintura, e talvez eu tenha encarado
aquela região por um ou dois segundos a mais que o necessário. Bem, eu era
sua namorada agora, não é?
Anthony
Quando tirei o notebook do meu colo e o coloquei de lado, Bruna se
remexeu em seu lugar e pareceu focar sua atenção em minha cintura. Senti
meu pau se remexer devido à sua proximidade, assim como o fato de que ela
pareceu estar olhando para ele por aproximadamente um minuto, fazendo
minha garganta secar.
— Bruna — a chamei novamente antes que as coisas se
complicassem ainda mais. Percebi quando ela arrumou a postura e entrou no
modo assistente.
— Quando começamos a namorar? Onde foi feito o pedido? Qual
meu nome completo? Data de nascimento? Minha comida preferida? —
enumerou as perguntas e sorri para ela. Eu já havia me preparado para cada
uma delas e, pelo menos uma vez, ela teria que engolir seu sorriso
irritantemente presunçoso.
— Começamos a namorar há dez meses, logo depois que você
começou a trabalhar para mim. Eu pedi você em namoro em um jantar no
Marius Degustare, um restaurante especializado em frutos do mar. Seu nome
é Bruna de Araújo Ferraz, tem vinte e três anos, nasceu em 15 de abril de
1996. Você ama sushi, mas também ama Nutella — falei encarando-a
profundamente, confiança pingando em cada palavra e meu sorriso se
alargou quando, pela primeira vez, a deixei completamente sem palavras. A
sensação de satisfação se enrolou em meu estômago.
— Como você sabe tudo isso sobre mim? — perguntou, ressabiada.
— Eu sou bom no que faço por um motivo, Bruna. Io non cometo
erros. Você trabalha para mim há um ano, nunca come carne vermelha ou
frango no almoço. Quando está com muito trabalho, sempre mantém um
pote de Nutella ao seu lado, e quando tem que ficar até mais tarde, sempre
pede a mesma coisa: Sushi — falei e percebi quando seus olhos se
arregalaram, provavelmente surpresa por eu prestar atenção a esses detalhes,
então continuei:
— E se vamos fingir estarmos namorando, temos que saber a quanto
tempo estamos juntos e onde foi feito o pedido. Eu sei também que é
solteira e que mora com uma amiga — falei ao me aproximar ainda mais,
notando com prazer quando sua respiração engatou audivelmente. Seu corpo
reagia ao meu, non que eu esperasse por sua admissão em um futuro
próximo, mas eu precisava perguntar o que martelava incessantemente em
minha cabeça. — Mas com certeza non estava nos meus arquivos o fato de
você ser virgem. — A última palavra saiu mais como um rosnado rouco.
Como uma ragazza como ela poderia ser virgem? Como um corpo
perfeitamente moldado non foi tocado por ninguém? Diabos, aquele simples
pensamento mexia comigo mais do que gostaria de admitir.
— Chega de informações por enquanto. Acho que conhecemos
muito bem um ao outro para não nos atrapalharmos com perguntas
inusitadas. Temos tudo sob controle, chefe. — Non perdi sua tentativa óbvia
de mudar o foco do assunto.
— Anthony — a corrigi com firmeza. Eu sabia que ela podia ver o
desejo brilhando em meus olhos. Seus lábios estavam entreabertos, sua
respiração falhando em alguns momentos e meu olhar disparou para seus
lábios carnudos. — Tem certeza de que você non quer mais nada?
— Tenho.
Analisei descaradamente seu corpo, ela definitivamente era una
bellisima donna[9] e intrigante, para non dizer insuportável. O rosto inocente
era um contraste direto com seu corpo curvilíneo, o que certamente atraía
inúmeros homens que se jogavam aos seus pés sem muito esforço.
Virgem.
Ela era pura, pronta para ser explorada cuidadosamente por mãos
experientes, preferencialmente as minhas. O rubor nas bochechas de Bruna
aumentou e ela se levantou, voltando para sua poltrona, então aproveitei a
visão privilegiada de sua bunda perfeitamente redonda em evidência pelo
vestido que usava e que piorava a minha situação. Nem tínhamos chegado
ao nosso destino e as coisas já estavam assim? Como seria quando fôssemos
realmente agir como um casal?
Até então estava tentando levar tudo com o máximo de
profissionalismo possível, mesmo que non pudesse negar a tensão que se
formava entre nós sempre que estávamos no mesmo ambiente. Havia
conseguido me controlar perto dela por um ano inteiro, mesmo que sua
presença fosse capaz de desviar o foco de todos os meus pensamentos
lógicos.
Mas ao ouvir sua amiga dizendo que ela era virgem, e pior, que non
deveria permanecer daquela maneira, descarrilou completamente minha
imaginação. Agora non conseguia tirar a imagem de como seria ter seu
corpo totalmente rendido ao meu, os cabelos escuros e longos espalhados
desordenadamente sobre a cama e sua respiração ofegante, o rosto de
porcelana rubro de prazer enquanto eu a fodia forte e duro.
Ela é sua assistente, a melhor que você já encontrou. Non estrague
isso pensando com a cabeça de baixo.
A pequena parte racional da minha consciência gritou no fundo da
minha mente. Porém, a imagem de seu corpo curvado sobre minha mesa,
com sua bunda totalmente exposta para mim, enquanto usava somente
aqueles saltos vermelhos...
Merda. Lucca mi paga per questo[10].
Bruna tinha uma linda ruga em sua testa, enquanto colocava uma
bolsa de gelo em minha mão machucada. Ela se manteve em silêncio
durante a maior parte do tempo e eu estava praticamente enlouquecendo
com seu silêncio.
Toda a gritaria no quintal acabou acordando praticamente todos na
casa. Mia zia ao descobrir o motivo de toda a confusão, acertou um forte
tapa em Alice, mandando Wisley nunca mais aparecer na sua frente e se
trancou em seu quarto. Felipe só non bateu em seu padre, porque eu já tinha
feito isso por ele, no entanto, pegou todas as coisas de sua agora ex-noiva e
jogou para fora da casa, proibindo-a de voltar a entrar na mansão. Seu padre
e sua mamma tentaram interceder a seu favor, mas a confusão já estava
armada e todos partiram no início da manhã.
Mia mamma gritou no meu ouvido por dez intermináveis minutos
por minha atitude, até que eu contei a ela o motivo da minha ira, seus olhos
presos nos braços de Bruna, que a essa altura estavam com um leve tom
arroxeado. Sua postura mudou totalmente e se possível ela mesma iria ao
hospital onde o desgraçado estava para mostrar o que acontece quando se
bate em uma ragazza. Mio babbo apenas deu uns tapinhas em minhas costas
dizendo que eu fiz um excelente trabalho.
Felipe estava tentando se manter firme, mas sabíamos que estava
completamente devastado, então enquanto as ragazze se organizavam em
cancelar o casamento, Lucca e Matheus estavam com mio cugino enchendo
a cara. L'occasione è perfetta per questo, Matheus afirmou com veemência.
Ainda teríamos problemas com a imprensa, mas até então ninguém sabia o
motivo para o cancelamento do casamento em cima da hora.
Eram onze da manhã e finalmente o silêncio reinava na casa,
contudo, a quietude no quarto me matava aos poucos.
— Você vai ficar com rugas se continuar fazendo essa careta —
tentei falar em um tom ameno, mas Bruna suspirou frustrada sem encarar
meus olhos. — Você pode me dizer o que está passando na sua cabeça? —
perguntei com raiva, me afastando ao levantar.
Bruna me encarou, e seus olhos brilharam em fúria. — Como você
pôde ser tão estúpido e imprudente? — gritou, e percebi que ela esteve na
borda o tempo todo.
— Estúpido?
Me arrependi imediatamente pela pergunta, pois ela pegou uma
escova de cabelo e jogou na direção da minha cabeça. — Você poderia ter se
machucado! — Agarrou um desodorante, arremessando-o com força em
minha direção e ele teria acertado em cheio meu rosto se meus reflexos
fossem meio segundo mais lentos. — Eu nunca me perdoaria se você se
machucasse por minha causa!
Disse ela tentando fazer exatamente isso.
Bruna continuou a jogar coisas em mim, enquanto eu me desviava
ou as segurava, tentando me aproximar.
— Estúpido... Idiota… Impulsivo. — A cada palavra, um novo
objeto era arremessado, até que sua munição acabou e eu percebi seu rosto
molhado pelas lágrimas. — Você tem noção do medo que eu senti?
Encurtei a distância que nos separava e a abracei apertado, enquanto
ela tentava me afastar, cedendo quando percebeu que eu non a soltaria e
correspondeu ao abraço.
— Eu estava apavorada — falou entre o choro, e dei um sorriso
enquanto beijava sua cabeça. Tudo isso era porque estava preocupada
comigo? — Você está sorrindo? — ela perguntou incrédula, tentando se
afastar para ver meu rosto.
— Amore mio, eu pratico boxe desde os dez anos. Eu sabia o que
estava fazendo. Non ia matá-lo, e nem ia deixá-lo me machucar — tentei
explicar. Percebi que essa informação fez com que seu corpo relaxasse em
meus braços e acariciei seus cabelos até que parasse de chorar.
— Nunca mais faça isso. Me prometa!
Levantei delicadamente seu rosto, o nariz e os olhos estavam
avermelhados graças ao choro, contudo, ela continuava linda. Como
consegue isso? Grudei meus lábios aos dela em um beijo apaixonado.
Quando nos separamos, Bruna se afastou e verificou pelo que parecia a
décima vez meus dedos. Abri e fechei a mão, para mostrar que estava
completamente bem.
— Está vendo? Sem danos.
— Eu mataria você se algo acontecesse com seus dedos. Acho que
vou mandar fazer uma luva de ferro, assim vou preservá-los somente para
mim — falou, e por sua expressão, sabia que ela estava seriamente
considerando aquela opção. Uma risada escapou de meus lábios quando a
ergui, fazendo-a enlaçar suas pernas em minha cintura. — Estou falando
sério, Anthony Mancini. Seus dedos são mágicos demais para que algo
aconteça a eles.
Capitulo 16
Bruna
— Lucca, eu juro por Deus que se você apertar meu braço mais uma
vez eu vou te bater. Por que não escolhemos um filme de comédia? —
resmunguei, me afastando dele. Olhei para frente e vi o sorriso de Anthony
em minha direção e automaticamente o respondi com o mesmo sorriso.
Desviei o olhar e voltei a encarar a tela do computador à minha frente.
Continuamos a assistir ao filme e foi a minha vez de apertar o braço de
Lucca.
— Hai visto?
— É claro que eu vi, seu imbecil!
A cena continuou, e quando o rádio começou a tocar sozinho senti
meu coração bater descontroladamente.
Que merda de filme.
— É a merda de uma freira, Bruna. Uma freira demoníaca.
— Eu estou vendo.
Ficamos em silêncio quando a sombra se moveu pela parede e, pela
primeira vez, estava arrependida de estar assistindo um filme de terror. E lá
se vão três noites sem dormir. A sombra chegou até um dos quadros e mãos
esqueléticas surgiram por detrás, agarrando a moldura em que o rosto da
freira estava gravado na pintura. E quando menos esperávamos…
— Puta merda!
— Diavolo![42]
Lucca e eu gritamos juntos.
— Ferrou, sabe alguma música de igreja? Non consigo pensar em
nenhuma — Lucca perguntou baixinho, mas meu coração estava acelerado
demais para que eu pudesse responder. Mesmo assim continuamos
assistindo, o que claramente foi uma péssima ideia. Considerando que no
momento éramos dois covardes. Quando o filme acabou, o braço de Lucca
estava todo marcado por minhas unhas.
— Quem é o covarde agora? — meu cunhado perguntou, se
levantando de seu lugar, possivelmente indo atrás de alguma bíblia para
carregar até o fim da viagem. Revirei os olhos para ele e fui me sentar ao
lado de Anthony, que estava concentrado em seu trabalho, como sempre.
Deitei minha cabeça em seu ombro e ele delicadamente beijou minha mão
antes de voltar a digitar.
— Eu sabia que podia dar certo, mas ver que realmente funcionou e
agora vocês são um casal de verdade é minha maior conquista pessoal.
Sério, eu estou tão feliz por vocês! — Beatriz falou próxima de nós e
levantei minha cabeça, encarando seus olhos. Os dedos de Anthony
interromperam a digitação e ele automaticamente encarou sua prima com
uma sobrancelha arqueada.
— Do que você está falando? — Anthony foi mais rápido e
verbalizou minha pergunta não feita.
— Toda essa história de vocês fingirem ser um casal, foi ideia do
Lucca e minha. Vocês estavam muito lentos para enxergar o que estava
escancarado para todo mundo ver.
Felipe fechou os olhos ao seu lado por um momento, com um
pequeno sorriso nos lábios e encarou o céu pela janela do jato. Lucca se
engasgou com o refrigerante que tomava e deu seu sorriso de merda em
nossa direção, o pentelho.
— Então vocês estavam bancando o cupido todo esse tempo? — Eu
não estava com raiva, eu acho. Me senti usada e enganada, mas não com
raiva. Afinal, foi graças a isso que eu finalmente conheci a magia dos dedos
de Anthony.
Não só seus dedos. Aquele V delicioso e seu pau que me levava aos
céus…Tudo bem, acho que preciso agradecer e não reclamar.
— Obrigada?
— Lucca! — Anthony grunhiu ao meu lado e vi quando seu irmão
lançou um olhar raivoso para Beatriz, que deu de ombros.
— Io non tenho nada a ver com isso. Essa ideia foi toda dela. — Eu
já disse que Lucca é um covarde?
— Anthony, você no mínimo, me deve um jantar por isso. Ou vai
dizer que se arrepende? — Beatriz perguntou com um sorriso conhecedor.
Meu coração bateu forte com a implicação e involuntariamente
fiquei tensa. Quando eu aceitaria que tudo isso era real e que ele realmente
me queria? Apesar de todas as suas afirmações e garantias, ainda era surreal
demais para mim.
Anthony segurou minha mão e olhou em meus olhos, oferecendo a
confiança que ele sabia que eu ainda precisava.
— No, eu não me arrependo.
Um arrepio passou pelo meu corpo, seus olhos brilhavam com o que
parecia ser o desejo de me devorar viva. Ah, e como eu quero isso.
Inconscientemente esfreguei minhas pernas em busca de algum atrito, o que
não passou despercebido por ele.
— Estão vendo? É disso que eu estou falando. Essa tensão sexual
entre vocês é mais do que o suficiente para enlouquecer qualquer pessoa.
Foi assim desde o primeiro dia. Sério, vocês têm grandes vibrações aí. Eu
realmente acho que... — Beatriz jogou um travesseiro em Lucca para que
ele calasse a boca, enquanto meu rosto certamente estava mais vermelho que
um tomate maduro.
— Acho que eles entenderam o seu ponto, Lucca. Nós só resolvemos
apressar o inevitável — Beatriz afirmou com finalidade. — Irei cobrar meu
jantar.
Me encolhi na poltrona. Sempre achei que escondia bem meus
sentimentos em relação à Anthony, mas claramente eu falhei nisso. Porra.
— Você non quer descansar um pouco? Ainda temos cerca de 14
horas de viagem — Anthony murmurou em meu ouvido e agradeci
mentalmente sua proposta, dando um rápido beijo em seus lábios e me
levantei para ir em direção a um quarto privado. Sim, eles tinham a porra de
uma suíte dentro do jato.
Em poucos minutos caí no sono, anotando mentalmente a compra de
travesseiros iguais a esses quando chegasse em casa.
— Anthony, o que você pode me falar sobre Felipe? Tudo o que sei é
que ele é incrivelmente gostoso e que se livrou da ruiva vadia do mal —
Amanda questionou, fazendo com que eu olhasse para ela sobre o encosto
de cabeça da Mercedes de Anthony.
Ele sorriu para ela através do retrovisor e se acomodou melhor no
assento do motorista. — Isso é tudo que tu precisa saber.
Ela suspirou frustrada e voltou a olhar pela janela do carro. Enviei
um olhar suplicante para Anthony enquanto seguíamos viagem em silêncio,
até o momento em que Amanda foi incapaz de se conter e sua cabeça
apareceu por entre os bancos.
— Ok, então fale-me sobre Matheus e a Sofia?
— Ela costuma bater nele — ele forneceu prestativamente. Ela e eu
olhamos boquiabertas em sua direção, enquanto os ombros de Anthony
tremiam com uma risada abafada. — Tudo bem, no é tecnicamente verdade,
já que nem io posso dar um soco naquele bastardo e causar algum dano.
Mas ela gosta de bater na cabeça dele quando ele precisa disso, o que
acontece com frequência.
Anthony riu ainda mais, porém, continuou.
— Amanda, não é com Felipe ou Sofia que tu precisa se preocupar.
É com aquele ali.
Ele apontou e eu vi Matheus de pé, próximo de um carro esportivo
com os braços cruzados na frente de seu peito, um par de covinhas
profundas aparecia em seu rosto graças ao seu enorme sorriso. Anthony
estacionou na entrada da casa e, antes que eu pudesse abrir a porta, Matheus
estava lá, puxando-me para fora e me envolvendo em um dos abraços mais
apertados que eu já experimentei em toda minha vida.
— Estava passando da hora de voi arrivaste! Io estive esperando
uma eternidade para que pudesse vê-la novamente, Lois Lane*. — Lois… o
quê?
*Lois Lane: esposa do Superman.
— Solta a minha ragazza, idiota. — Anthony veio por trás de mim e
me puxou de seu aperto de aço. Consegui inalar uma grande quantidade de
ar quando estava firme sobre meus pés novamente.
— Ok, GQ*, non precisa ser tão ciumento. Tenho outros convidados
para cumprimentar também. — Ele se virou para Amanda com um sorriso
no rosto, avaliando-a com atenção.
*GQ: revista direcionada para o público masculino.
Antes que eu conseguisse proteger Amanda de seu domínio,
Matheus a tinha em seus braços e a estava girando com as pernas no ar.
— Io non posso acreditar que finalmente conheci tu! — Ele deu nela
um beijo estalado em sua bochecha enquanto ela gritava e se contorcia.
Ele a colocou de volta para baixo e ela o socou na barriga, ineficaz.
— No tente machucar sua mão acertando mio abdômen sarado, que
aquela principessa ali sonha em ter — falou apontando para Anthony. — E
talvez, apenas um chute bem dado no Hércules poderia mi derrubar...
— Você nomeou o seu pau de Hércules? — eu perguntei, incrédula.
Ele soltou uma gargalhada alta.
— Certo![54] Tu non deu um nome ao de Anthony? Embora io
suponha que lui non é realmente digno de um bom nome. Que tal Mediano?
Amanda caiu em uma gargalhada enquanto eu dava um tapa em sua
nuca.
— Se eu der um nome a ele, será muito mais adequado. Embora
Amanda seja aquela que está precisando de um para dar um nome —
respondi afiada por ela ter rido da piada de Matheus.
Amanda apertou os olhos para mim e então um sorriso surgiu em seu
rosto. Ela se virou para Matheus e colocou a mão no braço dele.
— Por favor, me diz que você tem calabresa para assar na grelha.
Bruna está na esperança de ter uma grande salsicha durante todo o fim de
semana para aliviar sua fome.
Anthony se engasgou, tossindo alto e eu fiquei vermelha enquanto
sentia meu rosto esquentar. Matheus, porque minha vida é uma droga,
percebeu de imediato a insinuação e começou a rir escandalosamente.
Ele jogou um grande e tonificado braço ao redor de meus ombros e
nos dela e nos arrastou para a entrada de uma grandiosa e suntuosa mansão
de piso único, mesclando perfeitamente entre o branco, bege e grafite. As
luminárias modernas em ferro preto contrastavam calorosamente com os
tons frios da pintura e uma parede de pedra falsa concedia um ar tradicional
que se encaixava em toda a constituição do ambiente.
O espaço era completamente em conceito aberto, a área de lazer
sendo uma extensão da cozinha profissional montada, abrindo caminho para
uma piscina de ladrilhos lisos em um tom de azul quente, com visão ampla
para espreguiçadeiras visivelmente confortáveis dispostas próximas à uma
lareira, a madeira de mármore cinza e também para uma sala de estar
externa com um conjunto de sofás e poltronas do mesmo tom amarronzado
dos demais móveis, de frente para uma outra lareira, a gás. O restante do
terreno era coberto por grama bem aparada, que fazia o complemento de um
jardim organizado de modo que cada espaço pudesse ser aproveitado.
Puta merda!
— Verei o que posso fazer per te, Furacão Katrina*, mas receio que
Hércules non esteja no cardápio. Sofia ficaria realmente irritada e io non
preciso de un’altra cosa[55] sendo jogada na mia cabeça — respondeu
direcionado a mim.
*Furacão Katrina: Um dos maiores furacões que passou pelos EUA.
— Ela faz isso frequentemente? Eu deveria estar usando uma
armadura para jantar aqui? — Amanda perguntou, realmente preocupada.
— Só quando io a irrito enquanto lei está trabalhando em seus
projetos. Então, cerca de uma vez por settimana — Matheus comentou
alegremente, sem realmente se importar com o fato de que apanha da
própria mulher. — Sofia, Felipe, hanno[56] chegaram! — ele gritou.
— Jesus, cabeça oca! Você não precisa gritar e colocar a casa abaixo.
Io riesco a sentirti.[57] — Sofia apareceu com um sorriso no rosto, os cabelos
loiros estavam presos em um coque bagunçado, que a deixava ainda mais
bonita. Os olhos azuis safira brilharam satisfeitos assim que nos viram.
Felipe andava ao lado dela, falando sobre algo. Seus olhos passaram
por nós, um sorriso tímido em seus lábios até que parou em Amanda.
Prendemos a respiração observando a maneira nada discreta como ambos se
encaravam, parecendo não existir nada mais ao redor de ambos. Amanda
corou levemente e baixou a cabeça, desviando o olhar.
— Bingo — Matheus sussurrou em meu ouvido, e me deixou livre
para receber o abraço caloroso de sua esposa.
— Eu senti tanto a sua falta. Como esses dois puderam manter nós
duas separadas por tanto tempo? — ela indagou quando envolveu seus
braços ao meu redor. Eu tinha que admitir, Sofia era aquele tipo de pessoa
que você aprendia rapidamente a amar.
Ela se afastou de mim e foi até Amanda, também a envolvendo em
um abraço.
— Eu sou Sofia.
— Amanda.
Percebi que Felipe ainda encarava Amanda, mais discreto, mas seus
olhos cor de chocolate acompanhavam com atenção todos os seus
movimentos.
Após as apresentações, ocupamos nossos lugares da área de lazer
externa da casa. O clima estava leve até Sofia tocar no nome de Alice.
Observei Felipe enrijecer e Anthony suspirar, balançando a cabeça
negativamente.
— Se n'è andata[58]. Nós realmente temos que continuar falando sobre
ela? — Felipe questionou, soando levemente irritado, o lábio fazendo um
beicinho realmente engraçado. Percebi que Amanda soltou um suspiro alto
ao meu lado, todos ao redor da mesa optando por ignorar sua reação.
— Hey, tu é aquele que teve o mau gosto de sair com ela, em
primeiro lugar. Vocês dois, na verdade. Então não venha com essa. Nós
somos aqueles que tiveram de suportar a presença degradante dela em nosso
meio — Sofia respondeu irritada, franzindo a testa para ele.
— Bem, agora non più[59]. Graças a Nancy Drew* e seu assistente
aqui, a ruiva sonsa se foi — Matheus anunciou orgulhosamente. Fiquei feliz
por Anthony ter me advertido sobre a coisa de apelido, porque eu não teria a
menor ideia do que diabos ele estava falando se não fosse por isso.
*Nancy Drew: detetive fictícia do filme homônimo Nancy Drew.
Matheus se levantou da cadeira e deu para Amanda e eu um sorriso
encantador, seus olhos brilhando como de uma criança prestes a aprontar.
— Signore, voi gostariam de fazer um tour pela casa enquanto suoi
uomini [60]
colocam as suas habilidades em teste e vão acender a
churrasqueira?
Percebi que Felipe se engasgou e Amanda arregalou os olhos com a
implicação de suas palavras, porém, não tiveram a chance de responder, pois
ele já estava estendendo as mãos para cada uma de nós, nos rebocando para
fora das cadeiras. Amanda soltou um pequeno guincho e eu pensei, por um
segundo, que ele iria nos carregar pela casa. Graças a qualquer santo que ele
não o fez, optando por apenas segurar nossas mãos.
Era estranho, mas de alguma forma adequado e eu tive que admitir
que senti uma afinidade imediata com o grande urso barulhento. Ele era
como um irmão mais divertido... ou talvez um filhote de Labrador Retriever
que cresceu em excesso. Eu não tinha certeza, realmente.
— Questa é a sala de estar formal. — Ele apontou para dentro de um
adorável cômodo que fez meu coração acelerar.
O ambiente interno era amplo, o campo de visão completamente
limpo de modo que todos os cômodos eram visíveis. No centro, rebaixado
em três níveis, estava um sofá confortável em formato de meia-lua em um
tom de marfim, decorado por inúmeras almofadas forradas por capas com
um verde chamativo, sendo o ponto de destaque do lugar. O pé direito era
alto, no teto, jazia pendurado um lustre com formas circulares que se
cruzavam no centro, a maior agindo como uma auréola ao seu redor, em um
tom parecido com o do tecido do sofá.
Ele nos puxou para o corredor e nos mostrou um banheiro social
amplo, quase todo em marfim com detalhes dourados do mármore sendo o
destaque do pequeno cômodo, um escritório amplo e bem equipado e os
quartos rica e confortavelmente decorados de hóspedes antes de parar diante
de uma porta no final do corredor.
— Qui — ele disse com um olhar conspiratório — é onde a magia
acontece.
Ele abriu a porta de madeira de carvalho e nós estávamos dentro da
suíte principal. Amanda e eu rimos enquanto olhávamos para a cama king
size no centro, a cabeceira também de carvalho de cor escura, com um
grosso tapete grafite cobrindo uma parcela significativa do chão do quarto.
Também havia uma parede de vidro, concedendo ao cômodo uma
quantidade absurda de luz solar.
— Obrigado por compartilhar isso, Imamura*. Mas acredito que
nenhum de nós quer experimentar a sua magia — eu disse a ele secamente.
*Issao Imamura: um dos mais famosos escapistas e ilusionistas.
Matheus explodiu em uma gargalhada com meu comentário e nos
rebocou para a sua cama.
— Mas voi têm que ver uma cosa — insistiu, sem nos dar a opção de
negar.
— Ah, não, grandão. Definitivamente não estamos indo para sua
cama — Amanda disse a ele, esforçando-se inutilmente para se libertar do
aperto de ferro de sua mão.
Matheus rolou os olhos castanhos brilhantes que lembravam
chocolate derretido, e deu um sorriso doce para nós duas, as covinhas
novamente visíveis.
— No se preocupe, Hércules pertence somente a Sofia. O que io
voglio que voi vejam é mia arte, e está ali em cima.
[61]
Foi tudo o que consegui escrever como resposta. Todo o nosso plano
tinha acabado de ir pelo ralo. Eles pareciam ter uma conexão muito boa, e
eu não sabia sobre nenhum cara em que ela estivesse interessada.
Claro que era. Eles sempre eram o cara, até três semanas depois
quando um novo 'cara' aparecia. Amanda era uma romântica de coração, ela
acreditava no amor à primeira vista; e justamente por isso eu pensei que ela
e Felipe pudessem ter algum futuro.
— O que aconteceu? — Anthony perguntou ao se aproximar.
— É Amanda, o nosso plano não deu certo. — Suspirei
completamente frustrada.
Na mesma hora peguei meu celular e liguei para ela, como assim ela
passou a noite com ele? No primeiro toque, a chamada foi atendida.
— Eu sabia que você ia ligar. — Eu podia ouvir o sorriso em sua
voz, mas estava surpresa demais para reagir de acordo.
— Como? Vocês se conheceram na sexta. Você ficou na casa dele
todo o sábado? Quero dizer, você dormiu com ele na sexta e ontem? —
balbuciei debilmente.
— Bruna, ele é o cara. Estou te dizendo, e depois do churrasco? Nós
apenas ficamos conversando durante horas depois que vocês subiram para o
apartamento na sexta, e uma coisa levou a outra. Você sabia que ele tem um
apartamento no mesmo prédio que o Anthony? Não costuma morar aqui,
mas quando precisa, passa a noite. Então estamos no mesmo prédio —
comentou como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Bruna, você ainda está aí? — perguntou após eu me manter
alguns segundos em silêncio.
— Eu... não sei o que dizer.
— Vamos ser da mesma família. Isso não é maravilhoso? Você irá se
casar com Anthony e eu com o primo dele e…
— Amanda, você não acha que é muito cedo para falar sobre
casamento? Vocês passaram apenas duas noites juntos. — Eu sabia que
nosso plano era unir os dois, mas Amanda sempre era um pouco demais.
— Bruna, pergunta para Amanda se ela quer uma carona, assim
vocês já levam o carro. — Como assim levar o carro? Ele deve ter
percebido minha confusão, me mostrando o celular. — Felipe quer
conversar comigo. Está preocupado e ansioso. Então ele vai no carro
comigo, e você vai com ela — explicou baixo, evitando que minha melhor
amiga o ouvisse.
— Amanda, você quer carona até a cafeteria? Anthony está quase
pronto para sair e ele vai ver se Felipe...
— SIM! — Afastei o telefone para longe do meu ouvido e ri de sua
explosão animada. Eu sabia que ela provavelmente estava morrendo para
descobrir o que aconteceu durante o fim de semana e contar sobre Felipe. O
fato de ela ter se contido para não me ligar revelava um incrível
autocontrole de sua parte que eu não conhecia.
— Descemos em alguns minutos. — Desliguei com o seu grito
estridente para Felipe se apressar e guardei o celular de volta na bolsa.
— Suponho que ela quer a carona — Anthony murmurou atrás de
mim quando deslizou os braços em volta da minha cintura e me puxou
contra ele, beijando meu pescoço. Deus, era possível eu querê-lo mais uma
vez? Seus polegares moveram-se sobre meu estômago e eu sabia que a
resposta era definitivamente sim, era possível. Muito possível.
— Você ouviu? — Por que minha voz estava tão ofegante? Ele
mordeu meu maxilar em retaliação. Oh, sim, é por isso. Ele cheirava
maravilhosamente, limpo, sabonete e viril. Eu queria mordê-lo.
— Acho que as pessoas de toda a cidade ouviram isso — ele
respondeu com uma risada, beijando minha bochecha antes de se afastar e
pegar minha bolsa.
— Ela está um pouco animada.
Anthony riu e agarrou minha mão com a sua. — Ela alguma vez é
pouco em alguma coisa?
Hã, é uma boa pergunta, na verdade.
— Ela é simplesmente é assim. Isso é tudo — murmurei com um
elevar de ombros.
— Você sabe que vamos enfrentar um pelotão de fuzilamento
novamente.
— Você acha que será tão ruim assim? Não é como se fosse a
primeira vez que dormimos juntos. Passamos quatro dias juntos na Austrália
— resmunguei, imaginando os novos apelidos que Matheus criaria após
nossa comemoração.
— Mas é a primeira vez que você passa um fim de semana inteiro
aqui em casa. Tenho certeza de que enfrentaremos o pelotão completo.
Amanda não me torturaria pelos detalhes. Por algum milagre, eu
consegui fugir dessa conversa há dois meses.
— Temos algo a nosso favor — relembrei subitamente.
— Felipe e Amanda — Anthony falou como se lesse meus
pensamentos e me beijou, puxando-me porta afora. — Acredito que isso
amenize, mas você tem apenas ela. Eu tenho Matheus, Felipe e Lucca para
enfrentar.
Mordi o lábio inferior e ele o puxou para libertá-lo do aperto entre
meus dentes. — Estou brincando, Bruna. Eles não são tão pervertidos. Bem,
Felipe e Lucca não são. Matheus gosta de você o suficiente para que eu
possa ser poupado da inquisição.
— Apenas não vamos fazer nenhum comentário sobre os dois agora
— pedi para ele, que entendeu meu receio.
Felipe parecia ansioso para conversar a sós com Anthony; sabíamos
que o que havia acontecido entre ele e Alice ainda era recente. Amanda
subitamente surgiu como um fenômeno da natureza em sua vida, tudo ainda
era frágil demais.
Fizemos nosso caminho até o elevador e Anthony apertou o seis no
painel para o andar de Felipe. Ele usava uma regata cinza e uma bermuda de
treino, estando quase tão quente agora quanto esteve nu.
— Deveríamos malhar juntos em algum momento.
De onde diabos veio essa sugestão? Eu raramente faço mais do que
usar a esteira na academia do meu condomínio e agora eu queria malhar
com ele? Eu faria papel de idiota.
Ele me lançou um sorriso sexy. — Eu gostaria disso. Muito. Você
usará aqueles macacões de lycra? — Eu bati em sua barriga definida e ele
pegou minha mão e a beijou em seguida. — Só estou brincando. Eu odiaria
ter qualquer um vendo você usando lycra. Use moletom. Aqueles enormes.
Eu balancei a cabeça. — Você é louco. Como se alguém fosse me
notar com você por perto.
Anthony pressionou-me para o lado do elevador e seu corpo rígido
me fazia pensar em um tipo diferente de exercício. De novo. Eu estava me
transformando em uma viciada em sexo. Graças a Deus ele não parecia se
importar.
— Você esquece que eu vi cada centímetro deste corpo.
Oh, inferno, essa voz. Essa era a voz de sexo. E seus olhos estavam
semicerrados, escuros e famintos e, porra, por que o elevador não poderia
quebrar agora? Suas mãos trilharam pela lateral do meu corpo, cobrindo
minha bunda de modo que ele facilmente conseguisse me puxar em sua
direção.
— Eu não quero que ninguém veja o que você está escondendo sob
essas roupas, além de mim.
Sim, o que você disser. Sua, toda sua.
— Certo — eu guinchei fazendo-o rir, me beijando logo em seguida.
O elevador soou e ele se afastou, mas não antes das portas abrirem e
revelarem Felipe e uma Amanda saltitante nos esperando.
— Eu não sabia que o passeio de elevador viria com direito a um
mini show — Felipe comentou lentamente, entrando no elevador
acompanhado por Amanda, que sorria de orelha a orelha.
— Um dos luxos de um prédio tão caro — Anthony disse enquanto
apertava o botão do térreo, fazendo Felipe e Amanda caírem na gargalhada.
Quando finalmente se acalmaram, Amanda me deu um sorriso
malicioso.
— Bom dia, Bruna. Você parece relaxada.
Mais relaxada e eu seria uma poça de lama no chão.
— Obrigada, eu tive uma boa sequência de exercícios.
Felipe estava tomando um gole de água da sua garrafa, o que o fez
engasgar e tossir descontroladamente.
— É assim que você está chamando isso? — ele gaguejou, ofegante.
— Do que mais você chamaria? — eu perguntei, tentando não rir. —
Anthony estava me pedindo para usar calças de moletom da próxima vez
porque lycra é muito revelador.
Os olhos verdes de Felipe se estreitaram e ele balançou a cabeça.
— Só porque eu estava um pouco distraído na noite de sexta não
significa que eu sou um idiota esta manhã. Não houve nada de lycra
envolvido nessa comemoração de um ano de namoro — resmungou
sarcasticamente. — A menos que vocês dois estejam em alguma coisa
pervertida sobre a qual eu prefiro não saber.
— Você ainda desejaria saber — Anthony murmurou e Felipe abriu a
boca para argumentar, mas nem mesmo se deu ao trabalho de continuar.
Negando com a cabeça com um sorriso em seus lábios.
— Verdade. Isso provavelmente seria ainda mais divertido de ouvir.
— Você é uma menina, Felipe — Amanda o provocou
carinhosamente, dando um tapinha em sua bunda. Ele não parecia
remotamente incomodado pelo gesto. Então, novamente, eles pareciam ter
sido feitos um para o outro. Duas ervilhas numa vagem. A maneira que se
olhavam e os olhos brilhantes deixava bem claro.
O que me surpreendia era que tinham acabado de se conhecer, mas
quem pode medir o amor ou a paixão pelo tempo? Casais que se conhecem e
estão juntos há anos podem não ter o mesmo amor ou a mesma
cumplicidade do que um casal que se conhece há uma semana.
O elevador abriu e fizemos nosso caminho para o meu carro.
Anthony puxou-me para um beijo curto, porém cheio de fome e promessas.
— Dirija com cuidado, nós nos encontramos na cafeteria. Depois
você e eu a noite? Por volta das oito? Eu comprarei o jantar, se estiver tudo
bem.
— Claro. Espero que sua conversa com ele ajude.
Ele me beijou novamente e observamos quando Felipe deu um beijo
demorado na testa de Amanda, enquanto um sorriso bobo brincava em seus
lábios. Eles parecem felizes.
Os meninos assistiram enquanto eu saía da vaga na garagem.
Mantive o olhar no espelho retrovisor até que eu não conseguia mais ver
Anthony no reflexo. Amanda se mantinha suspeitosamente quieta ao meu
lado.
— O quê?
— Eu não disse nada — respondeu alegremente. Olhei para ela, que
me observava de perto.
Que porra?
— Por que você está olhando para mim assim?
— Apenas tendo a certeza de que você não irá escapar dessa vez.
Você tem fugido de mim durante dois malditos meses, Bruna Ferraz. Porém,
passou o fim de semana na casa dele.
— O quê? Não é como se eu tivesse perdido a minha virgindade na
sexta, ou algo assim. — Não que eu achasse que eu pareceria diferente após
isso também.
— Na verdade, foram vinte e três anos sem sexo. Então você ainda
deve estar se acostumando ao tamanho dele, e eu nem sei se o hímen
rompeu totalmente; depois de todo esse tempo, o seu deve ter se
transformado em um muro.
— Acredite em mim, não existe mais nenhum hímen para ser
rompido. Ele o rasgou antes mesmo de entrar um quarto do caminho quando
estávamos... — Oh, merda, eu falei demais.
Amanda bateu palmas e saltou em seu assento. — Eu sabia! Eu sabia
que ele era empacotado! O quão grande é? Você mediu?
— Jesus Cristo, Amanda! É claro que eu não medi. Quão grosseiro
seria isso? Com licença, eu preciso conseguir uma vara de bambu para que...
— VARA DE BAMBU? — ela gritou, me interrompendo. Fiquei
surpresa que as janelas do meu carro não quebraram com o som agudo. —
Você está me dizendo que uma régua não seria suficiente? Maldição,
mulher, como você não falou sobre isso antes?
— Eu estava exagerando. Ele não é maior que uma régua. Eu quero
fazer sexo e não achar petróleo, Amanda! E esse não é o ponto.
Minha afirmação fez minha melhor amiga ter uma crise de risos e
lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
— Eu diria que é muito bem o ponto. Ponto com um P maiúsculo
para pênis!
— Você é pior que um homem, eu juro.
— Só porque eles não podem realmente medir o tamanho dos peitos
ou da boceta de alguém. Se eles pudessem, fariam. E se você acha que eles
não usam aquelas mãos para descrever o peito de uma mulher, então você
não sabe nada sobre os homens.
— Anthony não faria isso.
— Ele não precisa. Os meninos conhecem você. Se você fosse
apenas alguma transa aleatória, ele certamente estaria mostrando a eles o
tamanho dos seus seios.
— Você passou algumas horas com Matheus e duas noites com
Felipe e já está assim.
Ela me deu um sorriso sonhador.
— Ele não é ótimo? E, deixe-me dizer a você, ele é o cara mais
bonito, atencioso, divertido e carinhoso do mundo. Nós não fizemos nada
além de conversar e assistir filmes.
— Então vocês não dormiram juntos?
— Claro que não. Ainda é muito recente o que aconteceu entre ele e
Alice. Mas Felipe não a amava, amava o fato de estar com ela. Nunca foi
amor de verdade, sabe?
— E você gosta dele?
— O suficiente para esperar até que ele esteja pronto. Sei que ele
deve se sentir culpado por pensar em entrar em um relacionamento tão cedo,
mas quando seu coração diz que sim, quem pode julgar isso?
Dei um sorriso genuinamente feliz em sua direção, recebendo um
idêntico como resposta.
— Pronta para enfrentar Matheus? — perguntei ao dobramos a rua
da cafeteria.
— Consegui aprender algumas palavras em italiano com Felipe,
então sim. Eu sempre estou pronta, Bruna.
Capitulo 22
Anthony
Quatro meses depois.
@dandaraautora
@dandaraautora
[1]
Aparentemente você é perfeita e já fez tudo.
[2]
que porra
[3]
Nosso primo
[4]
qualquer mulher
[5]
Uma garota
[6]
mulheres
[7]
cunhada
[8]
querido
[9]
uma mulher linda
[10]
Lucca me paga por isso
[11]
família
[12]
minha filha
[13] a maldita mulher
[14]
porra
[15]
garota
[16]
meu primo
[17]
homens
[18]
Olhe para eles
[19]
Meu primo
[20]
garotas
[21]
Ela parece ser uma boa garota.
[22]
Rapazes
[23]
Minha irmãzinha
[24]
cara
[25]
Bruna era sim minha garota.
[26]
querido chefe
[27]
Eu gostei
[28]
Estou sempre preparado
[29]
seu idiota
[30]
Viado
[31]
Seus outros filhos.
[32]
é a minha garota
[33]
Caralho
[34]
Eu tinha que prová-la
[35]
toda minha
[36]
E eu vou garantir que você nunca mais consiga falar a porra de
uma palavra.
[37]
Que porra está acontecendo?
[38]
Cadê toda sua coragem?
[39]
Filho da puta!
[40]
o pai do seu noivo?
[41]
minha tia
[42]
Caralho!
[43]
Você pode ir?
[44]
a porra
[45]
maldição
[46]
Foda-se
[47]
Caralho
[48]
Linda
[49]
Foi aqui?
[50]
Matheus, qual é a porra do seu problema?
[51]
idiotas!
[52]
cara.
[53]
Muita sorte
[54]
É claro
[55]
uma outra coisa
[56]
Eles
[57]
Eu posso ouvir você
[58]
Ela se foi
[59]
Não mais
[60]
seus homens
[61]
quero
[62]
fodida
[63]
você faz sexo
[64]
Malditamente
[65]
Sentem-se
[66]
Porra, querida
[67]
semanalmente
[68]
semanal
[69]
O que foi agora?
[70]
namorada
[71]
certo?
[72]
idiota.
[73]
um homem morto
[74]
Deus, isso seria quente.
[75]
melhor amigo
[76]
Sim, porque é verdade.
[77]
Eu preciso de você, Bruna.
[78]
Bom Deus
[79]
Maldição.
[80]
Eu sinto muito, querida.
[81]
Caralho
[82]
Idiota
[83]
lindo
[84]
Não ouse fazer isso.
[85]
Tarde demais
[86]
Malditamente
[87]
Cara
[88]
Querida
[89]
Que se foda esse leilão.
[90]
Tem que haver.
[91]
Eu sinto muito
[92]
Desgraçado
[93]
Ela está viva e bem.
[94]
Elas estão bem
[95]
A dona do meu coração
[96]
Maldição
[97]
Viva, ela está viva!
[98]
Eu insisti, pai.
[99]
Está me ouvindo?
[100]
Eu não posso perdê-la, irmão.
[101]
Você não vai
[102]
Está me ouvindo
[103]
Eu estou apavorado
[104]
Estou aqui com você
[105]
caralho
[106]
maldito fodido
[107]
Por meu querido irmão
[108]
Eu também sou um Mancini e dono da porra desta empresa.
[109]
Comeu merda nos últimos dias?
[110]
Vai se fuder
[111]
Você não é o chefe dele, eu que sou, porra!
[112]
Eu sou o dono dessa empresa, então claramente também sou o
chefe dos seus funcionários.
[113]
sete anos
[114]
idiota
[115]
Hoje não é o meu dia, porra.
[116]
Isso não vai mudar nada
[117]
Caralho nenhum
[118]
Não posso fazer isso.
[119]
Não ouse me julgar por isso.
[120]
Covarde?!
[121]
Eu estou passando pelo inferno, Sofia.
[122]
Semanas
[123]
Amanda não está bem.
[124]
Isso é o que você chama de viver?
[125]
Não volte
[126]
Foda-se as suas desculpas.
[127]
Por tudo o que é mais sagrado.
[128]
Ela está bem. Precisa estar bem.
[129]
malditos
[130]
Ela está acordada
[131]
Porra! Você voltou para mim.
[132]
Meu amor, está na hora dos seus remédios.
[133]
irmãzinha
[134]
Eu estava realmente muito
[135]
querida
[136]
prima
[137]
Irmãzinha, estava com saudades
[138]
Você não consegue mais viver sem mim.
[139]
Não é minha culpa se sou melhor que você.
[140]
mulher da minha vida.
[141]
Você é tudo em minha vida
[142]
Eu sou sua
Table of Contents
Nota
Capítulo 01
Bruna
Anthony
Capítulo 02
Bruna
Capítulo 03
Bruna
Anthony
Bruna
Capítulo 04
Bruna
Capítulo 05
Anthony
Bruna
Capítulo 06
Beatriz
Bruna
Capítulo 07
Anthony
Capítulo 08
Bruna
Capítulo 09
Anthony
Capítulo 10
Bruna
Capítulo 11
Bruna
Anthony
Capítulo 12
Anthony
Capítulo 13
Anthony
Capítulo 14
Bruna
Capítulo 15
Anthony
Capítulo 16
Bruna
Capítulo 17
Anthony
Capítulo 18
Anthony
Bruna
Capítulo 19
Anthony
Capítulo 20
Bruna
Capítulo 21
Bruna
Capítulo 22
Anthony
Bruna
Capítulo 23
Bruna
Anthony
Capítulo 24
Bruna
Anthony
Capítulo 25
Anthony
Amanda
Capítulo 26
Lucca
Capítulo 27
Anthony
Bruna
Capítulo 28
Anthony
Bruna
Epílogo
Anthony
Agradecimentos