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Este é o chão sagrado da Academia de Letras de Crateús na internet. Como um templo ecumênico, nele há
espaço para todos que adoram cultuar a beleza da virtude, a simplicidade da inteligência, a singeleza do
verbo, o fascínio da cultura, a liberdade da palavra, a profundidade do amor.

QUARTA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2011 ADQUIRA O SEU

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O primeiro assunto que nos surge para impulsionar uma conversa afável, em
rodas de amigos, é quase sempre sobre o preponderante tempo. Normalmente
principiamos pelas aparentes condições meteorológicas: ” —Oh! tempo quente!”, “—O
tempo está bom”, “—Acho que o tempo logo vai desabar!”. Quando não, é sobre uma
sucessão que nos envolve, irreversivelmente, formando noções de passado, presente e
futuro e que servem, às vezes, de argumentos para velhas desculpas ou para novas
men ras: “—Es ve muito ocupado, não sobrou um tempinho sequer, para lhe visitar”,
“—Ainda é tempo de reconsiderar!”, “—Como o tempo caminha a seu favor, só o renova
e o enriquece!”
É irredimível, o tempo, por ser eternamente atual, convergindo tudo para um só
fim, que é o instante presente, como anuncia em tempo e hora o atemporal Poeta T. S.
Eliot: ”Vai, vai, vai, disse o pássaro: o gênero humano não pode suportar tanta realidade,
Na banca de revistas "O Martins" ou com o
o tempo passado e o tempo futuro, o que poderia ter sido e o que foi convergem para autor: rcandidofilho@ig.com.br
um só fim, que é o sempre presente”.
É esse fluxo perpétuo e ininterrupto que, aproximadamente, há quatorze bilhões
de anos matura o mundo com espirais de poeiras, gases e luzes numa fenomenal força
gravitacional compondo uma engrenagem de incalculáveis peças e que funcionam
harmonicamente com um infinito relógio. Se há um relógio universal, há o Divino
Relojoeiro! O Grande Relojoeiro responsável pela criação e manutenção desta imensa
máquina cósmica.
Há, também, uma filosofia do tempo, a matéria-prima de todo quetaqueante
relógio. Só podemos medir o tempo enquanto ele passa. Não medimos o futuro que não
é ainda, nem o passado que não é mais, nem o presente que não tem duração, mas
comensuramos uma ilusão que é circundada pelo nada, como a voz humana que começa
e acaba em meio ao silêncio.
PERFIL
De segundo em segundo, vamos construindo uma estrada com nossos atos,
Academia de Letras de Crateús - ALC
nossas alegrias, nossos medos, nossas ânsias sem nos tornarmos donos do tempo e nem
Crateús, Ceará, Brazil
seus escravos, mas com a certeza de sermos manufaturados pelas horas que os
relojoeiros tão bem dimensionam, em fina arte e precisão, nos instantes da longa No dia treze de junho de dois mil e nove,
caminhada humana. nas dependências do Teatro Rosa Moraes,
na cidade de Crateús – Ceará, em
É uma profissão que exigi paciência, nervos de equilibrista e é para bem poucos
solenidade que reuniu amantes das letras
que se propõem a exercê-la, por pura vocação. Alguns começam por um curioso vinculados ao Município de Crateús, foi
diletan smo, mas logo estão conectados, num efeito de magia, àquela estupenda formalmente instalada a Academia de
engrenagem de transmissão que gira em sen do horário, dando a impressão que Letras de Crateús. O quadro de primeiros
trabalham contra as outras peças, que se movem no an -horário, mas estão bem ocupantes ficou assim constituído: Norberto
Ferreira Filho, Antonio Elias de França,
conectadas e em harmonia, a mover os determinantes ponteiros.
José Bonfim de Almeida Júnior, Flávio
O homem sem paciência é como uma lamparina sem óleo, e a serenidade, a
Machado e Silva, Carlos Leite de Araújo,
perseverança tranquila que pressen mos no luzidio rosto de Seu Carlos Leite que já o Pe. Geraldo Oliveira Lima, Sebastião César
iluminava deste aquele dia em que leu na Revista O Cruzeiro uma propaganda sobre um Aguiar Vale, João Lucas Evangelista,
Curso de Relojoeiro por correspondência. Lá no Distrito de Monte Nebo, seu torrão Éricson Fabrício Vieira, Lourival Mourão
natal chamado Caldeirão, na Serra da Ibiapaba, consertou o primeiro aparelho, um Veras, Maria da Conceição Rodrigues, Vera
Lúcia Teixeira, Maria Ellias Soares, Ísis
an go relógio de parede que pertencia ao Senhor João Mascarenhas. Os relógios de
Celiane Rodrigues, Raimundo Cândido ,
Crateús logo lhe acenaram os ponteiros, convidando-o para vir montar uma oficina. Luís Carlos, Antonio Carlos Bonfim, José
Aliou-se a uma barbearia com uma banca de conserto, a mesma que ainda usa no Arteiro Goiano, Adriana Calaça de Paiva
seu ponto comercial Grão Duque, na Praça João de Melo Cavalcante, a que tem um França, Francisco Aldo dos Santos, Antonio
nome popular que lembra a idade avançada dos velhinhos. De lá saiu o pão, a poesia e a Edmilson Lopes, Dideus Pereira Sales,
João Silas Falcão Soares, Cheyla Pereira
educação dos filhos e do irmão Raimundo, todos executando, antes de outras a vidades,
Mota , Paulo Nazareno Rosa, Ana Cristina
a fina arte de relojoaria. — Os relógios, naquele tempo, eram como jóias, que passavam do Vale, José Maria Bonfim de Morais, José
como herança de pai para filho. Hoje, de cada dez relógios que nos trazem para conserto, Rodrigues, Juarez Fernandes Leitão,
a metade volta porque não adianta nem um simples reparo. Antonia Karla Bezerra. Gilberto Pereira.
Seu Carlos Leite completa 50 anos exercendo a arte da paciência, e o tempo que Humberto Rodrigues Paz. Lindalva Ferreira
lhe sobrou gastou agradavelmente interpretando peças teatrais ou confabulado com Machado. Zacharias Oliveira. Edvanio
Barbosa.
musas( A Dona Verônica, sua esposa) para a produção de belíssimos poemas, quase
sempre de cunho polí co e social: “Tem gente falando grosso/ que é um pré-candidato/ Visualizar meu perfil completo

mas a lei da ficha limpa/ vai cortar o seu barato/ sua ficha, dita cuja/ se encontra muito
mais suja/ do que poleiro de pato.” PATRONOS DAS ATUAIS CADEIRAS

O des no de Seu Carlos já estava traçado, era mesmo consertar os relógios, 01: José Blanchard Girão
impulsionar o teatro e dar asas a belos versos, em Crateús. 02: Dom Antonio Batista Fragoso
03: Monsenhor Moraes
Um an go relojoeiro é como um médico afastado da mesa de cirurgia, a qualquer
04: Dom José Tupinambá da Frota
instante por ser solicitado a prestar um socorro, como seu Zé Pires que aos 88 anos 05: Patativa do Assaré
ainda conserta as Vigorelles e as Singers que embirram nas mãos das costureiras 06: Euclides da Cunha
impossibilitando seus cosidos zigue-zagues. Como relojoeiro está parado há algum 07: Jáder Moreira de Carvalho
tempo e lá alguma vez é que o convocam para consertar um cansado relógio de parede, 08: Leandro Gomes de Barros
09: Clarice Lispector
que lentamente volta a respirar no ritmo de um ofegante tempo. Seu Zé descobriu a arte
10: Padre Alfredinho
dos relógios como as crianças descobrem as engrenagens dos carrinhos de pilha, por 11: Mario de Miranda Quintana
pura curiosidade de uma afiadíssima inteligência. Relembra de quando trabalhava num 12: Maria Gláucia T. Albuquerque
salão de barbearia com Seu Deusinho, na Rua Santos Dumont quase na esquina da 13: Rachel de Queiroz
Coluna da Hora. O freguês chegava pedindo para que o seu Roskopf ficasse a prova 14: Machado de Assis
d’água e ele logo respondia: — Meu amigo, relógio é para marcar as horas, não foi feito 15: Professor Luiz Bezerra
16: João Capistrano Honório de Abreu
para nadar no Po , não!
17: Sebastião Ferreira do Bonfim
Quem conserta um relógio em dois tempos é Seu Wilson, num Box do Shopping 18: João Crisóstomo de Azevedo
Popular (Shopping Souza Neto), troca o pino de um bracelete, muda a bateria de um 19: Nísia Floresta
automá co e os trocados vão caindo na gaveta. Avisa-nos: — A vida de relojoeiro é dura, 20: Raul dos Santos Seixas
precisa de muita paciência e concentração, mas dar para garan r o ganha pão e 21: Emanuel Cadoso
22: Gerardo Mello Mourão
sustentar a família. Começou a trabalhar com Seu Carlos Leite e depois que criou asas
23: José Milton de Vasconcelos Dias
levantou um longo vôo solo e, mesmo enxergando com um só olho, domina o 24: Manuel Eduardo Pinheiro Campos
dinamismo das máquinas como se fosse com o olhar de uma águia que perscruta o 25: Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes
rús co solo do sertão. 26: Paulo Leminski Filho
Um especialista é um homem que conhece cada vez mais sobre cada vez menos, 27: José Coriolano de Sousa Lima
não deixando de saber sobre o restante das coisas da vida, como o relojoeiro Andre que 28: Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim
29: Abelardo Fernando Montenegro
possui uma coleção de Cer ficados de Cursos Técnicos de Relojoeiro com respaldo na
30: José Alcides Pinto
Terra da Garoa e até na Suíça, o país dos relógios. Mas Andre aprendeu o verdadeiro 31: Antonio Frederico de Castro Alves
segredo foi na prá ca, quando trabalhou com um mestre-professor, judeu e austríaco, 32: José Quintino da Cunha
que veio escapar das garras de Hitler na selva paulista e lhe passou todas as dicas e 33: José Maria Moreira do Bonfim
manhas dos relojoeiros. Uma vez Andre consertou o relógio que a vaca comeu. O 34: Audifax Rios
35: Juvenal Galeno da Costa e Silva
bovídeo esfomeado mas gou a camisa de um leiteiro com um relógio no bolso e Andre
teve o privilégio de consertar o estrago que o ruminante fez, mas trabalho especial SEGUIDORES

mesmo foi conserta um magnífico relógio de parede pertencente à Condessa de Seguidores (78) Próxima

Matarazzo que ainda deve está dependurado numa parede de uma an guíssima casa na
badalada Avenida Paulista.
Voltando para a nossa bucólica Crateús e caminhando pela Moreira da Rocha, no
prédio de Nº 933 e um acabamento por terminar, encontramos a trabalhar em sua
oficina do Sr. Zé Maria Camelo, mecânico, pedreiro, carpinteiro e até poderia ser um
grande orador, pelas palavras fáceis que saem de sua boca, chega a me parecer um
profeta, quando diz: Eu sei ver as coisas! Zé Maria foi o relojoeiro da an ga nobreza
crateuense: o Sr. Deusteth Albuquerque, o Sr. João Melo Cavalcante, o Sr. José Bezerra, Seguir
O Sr. Raimundo Machado, O Sr. José Cardoso Rosa, o Sr. Chico Lopes, todos eram
fregueses habituais . Foi quem consertou o relógio da Coluna da Hora a pedido da
prefeita Leonete Camerino e de lá para cá, pelo abandono no tempo, os ponteiros foram PÁGINAS ARQUIVO DO
BLOG
ficando birutas e foi soando 3 horas da tarde bem antes do meio dia, tocando 5 horas da Início
► 2018 (8)
madrugada muito antes da meia noite. Há muito parou!Está a espera da boa vontade de Estatuto
um zeloso prefeito, que peça ao Seu Zé Maria para consertá-lo novamente, e possamos ► 2017 (15)

ouvir o sino da matriz em harmonia com os badalos da Coluna da Hora nos desejando ► 2016 (10)
um Feliz Natal! ► 2015 (39)
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► 2013 (143)
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► 2012 (171)
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ŕ ╜ūśʼnếź◘╜ĵ ▓Ă ╙śʼnĂ■ŇĂ ŕ ś ▓śĵ Ăō☻ Ẳ! ♫☺ℓ ĊĂ■ĊĂℓ ʼnśō◘▄ĵ Ň☼śℓ Ċśľ ■◘▄☺┼╜ľĂℓ ◘ℓ ʼnś▄☺ ┼╜◘ℓ ► 12/25 - 01/01
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► 12/11 - 12/18
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{ ╜▓ẽ◘ ▓ĵ ■ŕ ◘ ▓ĵ ŕ ◘ĵ ỀỀỀ 9 śĵ ẽś▓Ľ╜ʼnʼnś■Ċ◘ẽĊś╜▓◘ ś▓ ■Ď◘ ▓ĵ ŕ ĂʼnẲPor isso vou
▼ 12/04 - 12/11
ficando por aqui, no meu esquecido tempo, com um olhar esmaecido a contemplar a (4)
areia que escoa de minha ampulheta de onde também escorrem minhas lágrimas de LANÇAMENT
saudade, que nunca param! E vêm-me, mais uma vez, os doces versos de meu querido O DO
poeta Quintana, que me acalma e me diz, mesmo acabando os relojoeiros do mundo, LIVRO
"CRATEÚS
que só a saudade é que fazer as coisas no tempo pararem... : 100
ANOS"
Raimundo Candido <!-- /* Font
D...
Postado por Academia de Letras de Crateús - ALC às quarta-feira, dezembro 07, 2011
LANÇAMENT
O DO
LIVRO
Um comentário: "CRATEÚS
: CEM
ANOS"
José Alberto de Souza quarta-feira, 07 dezembro, 2011
É bem um croni-conto temperado por um gostinho de quero-mais... Você continua
Poesia na
abusando da sua esplêndida arte de grande escriba! Esc...
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► 11/27 - 12/04
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