Você está na página 1de 32

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/344786712

Manual básico de simulações computacionais com o EnergyPlus 9.3

Technical Report · October 2020


DOI: 10.13140/RG.2.2.26188.33924

CITATIONS READS

0 1,309

2 authors:

Gustavo Henrique Nunes Thalita Giglio


Universidade Estadual de Londrina Universidade Estadual de Londrina
15 PUBLICATIONS   37 CITATIONS    28 PUBLICATIONS   100 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Análise do Desempenho Termoenergético de Sistemas Construtivos Leves para Habitações de Interesse Social View project

Eficiência Energética e Energias Renováveis em Edificações View project

All content following this page was uploaded by Gustavo Henrique Nunes on 21 October 2020.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E
SUSTENTABILIDADE EM EDIFICAÇÕES
E3SLab

GUSTAVO HENRIQUE NUNES


THALITA GORBAN FERREIRA GIGLIO

MANUAL BÁSICO DE SIMULAÇÕES


COMPUTACIONAIS COM O ENERGYPLUS 9.3

edição 1

LONDRINA
20 DE OUTUBRO DE 2020
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

APRESENTAÇÃO

O presente manual foi desenvolvido para facilitar a aprendizagem da operação


básica do programa EnergyPlus (versão 9.3). O desenvolvimento baseou-se em
documentos técnicos de desenvolvedores, em produções científicas, e na experiência dos
autores.
Para melhor aprendizagem, compreensão e uso do EnergyPlus é fundamental que
se verifique e estude as referências bibliográficas – especialmente o documento Input
Output Reference do programa – indicadas no decorrer do texto e detalhadas ao final deste
manual, bem como outras que, eventualmente, não tenham sido listadas no item
Referências.
As informações, características e procedimentos explanados a seguir, tomam
como exemplo simulações térmicas e energéticas básicas para uma edificação residencial
unifamiliar específica. Dessa maneira, para simulações de edificações com diferentes
características e/ou para análises mais avançadas, deve-se atentar para adequações de uso
e configuração do programa.
O Laboratório de Eficiência Energética e Sustentabilidade em Edificações
(E3SLab), bem como os autores deste documento, não se responsabilizam, atestam ou
assumem responsabilidade pela exatidão de eventuais componentes ou propriedades
térmicas de exemplos descritos neste documento.
Esta versão do manual, inicialmente planejada para um treinamento ministrado
aos membros do E3SLab, tem objetivos meramente informativos e educacionais.
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3
2 EDIFICAÇÃO DE REFERÊNCIA DO MANUAL ........................................... 4
3 OPERANDO O ENERGYPLUS ........................................................................... 5
3.1 APRESENTAÇÃO DO EP-LAUNCH ......................................................................... 5
3.2 APRESENTAÇÃO DO IDF EDITOR ......................................................................... 6
3.3 DEFINIÇÕES DE ELEMENTOS CONSTRUTIVOS ........................................................ 6
3.3.1 Materiais para construção de elementos opacos .......................................... 7
3.3.2 Câmaras de ar não ventiladas ...................................................................... 8
3.3.3 Vidros .......................................................................................................... 10
3.3.4 Composições de elementos da edificação.................................................... 11
3.3.5 Detalhamento de superfícies de paredes, coberturas e pisos ....................... 12
3.3.6 Detalhamento de superfícies de vãos ........................................................... 13
3.4 DEFINIÇÕES DE AGENDA (SCHEDULES) DE FUNCIONAMENTO/OPERAÇÃO ............. 14
3.5 DEFINIÇÕES DE CARGAS INTERNAS (FONTES INTERNAS DE CALOR) ...................... 16
3.6 DEFINIÇÕES DE VENTILAÇÃO ............................................................................... 20
3.7 DEFINIÇÕES DE TEMPERATURA DO SOLO .............................................................. 20
3.8 DEFINIÇÕES DE LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA EDIFICAÇÃO .............................. 21
3.9 DEFINIÇÕES GERAIS DE SIMULAÇÃO .................................................................... 23
3.10 DEFINIÇÕES DE VARIÁVEIS DE SAÍDA DA SIMULAÇÃO .......................................... 26
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 28
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 29
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

1 INTRODUÇÃO

O software EnergyPlus é um programa de simulações térmicas e energéticas


completo, usado para modelar o consumo de energia – para aquecimento, refrigeração,
ventilação, iluminação e equipamentos e processar cargas – e uso de água em edifícios
(DOE, 2020a). A ferramenta, que é gratuita e possui código aberto, foi desenvolvida pelo
Departamento de Tecnologias de Construção (BTO) do Departamento de Energia dos
Estados Unidos (DOE) e é gerenciada pelo Laboratório Americano de Energias
Renováveis (NREL).
Com o emprego do EnergyPlus é possível desenvolver análises globais do
desempenho do ambiente construído, a partir da predição de variáveis e características
construtivas. Nesse sentido, vale relatar que os programas de simulação de desempenho
térmico e energético que consideram cálculos em regime transiente, como o EnergyPlus,
são testados continuamente e têm um alto nível de confiança, quando operados
corretamente.
Nos capítulos a seguir são descritos procedimentos básicos para a realização de
simulações computacionais com o EnergyPlus, que é caracterizado como a ferramenta de
simulação termoenergética mais utilizada pela indústria da construção civil mundial.

3
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

2 EDIFICAÇÃO DE REFERÊNCIA DO MANUAL

A edificação de referência para este manual compreende uma habitação


unifamiliar isolada térrea. A edificação referida, construída com o sistema wood frame,
no campus da Universidade Estadual de Londrina, possui aproximadamente 40 m², sendo
dividida em uma sala integrada com cozinha, dois dormitórios e um banheiro.
A modelagem do objeto de estudo foi desenvolvida com auxílio do plug-in Open
Studio (versão 2.9.1) inserido no SketchUp (versão 2017), conforme se apresenta na
Figura 1. Cada ambiente da habitação objeto de estudo foi modelado como uma zona
térmica, respeitando-se as características geométricas e os componentes construtivos.

Figura 1 – Modelo da habitação considerada neste manual

Salienta-se que este manual não contempla um passo a passo para a simulação da
edificação apresentada na Figura 1, mas faz uso dela para a ilustração e explicação de
algumas etapas de uso do EnergyPlus.

4
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

3 OPERANDO O ENERGYPLUS

Neste capítulo, admite-se que a modelagem geométrica da edificação já tenha sido


completada, com auxílio, por exemplo, de ferramentas de desenho como o SketchUp e/ou
extensões como o OpenStudio. A edificação pode, também, ser modelada por meio do
próprio EnergyPlus, com o sistema de coordenadas de zonas térmicas, aberturas,
sombreamento etc.; processo que pode ser relativamente mais difícil e moroso.

3.1 APRESENTAÇÃO DO EP-LAUNCH

Com o arquivo do modelo geométrico salvo no formato EnergyPlus Input Data


File (.idf), pode-se iniciar as configurações do modelo no EnergyPlus. Para tanto, deve-
se abrir o arquivo ‘.idf’ com dois cliques ou buscando-o diretamente a partir do EP-
Launch (interface de operação do EnergyPlus), ilustrado na Figura 2, clicando em
‘Browse’, destacado na imagem. Na Figura 2 também estão destacados o botão ‘Browse’
referente à busca do arquivo climático – EnergyPlus Weather Format (.epw) – que será
utilizado, e o botão ‘Edit - IDF Editor’, que abre uma janela onde é realizada a
configuração do modelo da edificação que será simulada.

Figura 2 – Janela do EP-Lauch

5
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

3.2 APRESENTAÇÃO DO IDF EDITOR

Após abrir o arquivo ‘.idf’ no IDF Editor, conforme descrito no item anterior,
serão iniciadas as definições de materiais, componentes, ocupação e uso, bem como
outras especificações da edificação.
A janela do IDF Editor, com a descrição dos campos, é apresentada na Figura 3.

Figura 3 – Janela do IDF Editor

3.3 DEFINIÇÕES DE ELEMENTOS CONSTRUTIVOS

As propriedades dos materiais e composições dos elementos são inseridas nos


parâmetros da classe ‘Surface Construction Elements’. Nesta classe são preenchidos os
campos dos parâmetros pertinentes à criação dos materiais e elementos que compõem a
edificação, sendo que os principais parâmetros são: ‘Material’ (para criação dos
materiais); ‘Material:AirGap’ (para criação das câmaras de ar não ventiladas);
‘WindowMaterial:Glazing’ (criação de vidros); e ‘Construction’ (criação dos elementos
construtivos). Os procedimentos para a configuração de elementos construtivos no
EnergyPlus são descritos a seguir.

6
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

3.3.1 Materiais para construção de elementos opacos

Primeiramente, é importante entender que os algoritmos de cálculo utilizados pelo


programa EnergyPlus consideram os elementos construtivos, tais como paredes e
cobertura, compostos por materiais dispostos em camadas em série. Sendo assim, no
processo de configuração dos elementos, quando necessário, as composições
heterogêneas deverão ser transformadas em composições homogêneas, com espessuras
equivalentes, conforme ilustrado na Figura 4. Esse processo de transformação de
elementos heterogêneos em homogêneos é detalhado por Weber et al. (2017), que
elaboraram uma biblioteca com diversos componentes construtivos brasileiros para o
uso no programa EnergyPlus.

Figura 4 – Transformação de parede heterogênea em parede homogênea

Fonte: adaptado de Weber et al. (2017)

Nas Figuras 5 e 6 exemplificam-se a criação de materiais, no parâmetro ‘Material’


do EnergyPlus.

7
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 5 – Definições de propriedades termofísicas dos materiais

Figura 6 – Definições de propriedades termofísicas dos materiais (ampliação da Figura 5)

As propriedades termofísicas, tais como absortância solar, emissividade de


ondas longas, condutividade térmica, calor específico e massa específica, de vários
materiais, podem ser encontradas em normas – principalmente na NBR 15220
(ABNT, 2005) –, catálogos técnicos e produções científicas.

3.3.2 Câmaras de ar não ventiladas

A configuração de câmaras de ar não ventiladas é baseada nos valores de


resistência térmica indicados pela NBR 15220 (ABNT, 2005), segundo a espessura e
natureza da superfície da câmara de ar, e direção do fluxo de calor.

8
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Nas Figuras 7 e 8 exemplificam-se a configuração de uma câmara de ar não


ventilada, com espessura maior do que 5 cm e superfície de alta emissividade, conforme
a NBR 15220 (ABNT, 2005) (Figura 9).

Figura 7 – Definições da resistência térmica de câmaras de ar

Figura 8 – Definições da resistência térmica de câmaras de ar (ampliação da Figura 7)

9
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 9 – Tabela de resistência térmica de câmaras de ar não ventiladas

Fonte: adaptado de ABNT (2005)

3.3.3 Vidros

O sistema mais simples de criação de vidros é por meio do parâmetro


‘WindowMaterial:SimpleGlazingSystem’, conforme ilustrado nas Figuras 10 e 11.
Entretanto, também é possível criar elementos translúcidos com propriedades mais
detalhadas, por meio de outros parâmetros relacionados disponíveis na lista de classes.

Figura 10 – Definições de propriedades termofísicas de vidros

10
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 11 – Definições de propriedades termofísicas de vidros (ampliação da Figura 10)

As propriedades termofísicas de elementos translúcidos podem ser


encontradas em normas, catálogos técnicos e produções científicas.

3.3.4 Composições de elementos da edificação

Depois de criados e configurados os materiais, as câmaras de ar e os vidros da


edificação, pode-se “construir” elementos como paredes, pisos e cobertura, a partir de
combinações no parâmetro ‘Construction’ do EnergyPlus, conforme exemplifica-se nas
Figuras 12 e 13. Cada elemento deve ser composto pelos materiais na sequência que estão
dispostos, do exterior para o interior.

11
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 12 – Definições de “construção” de elementos da edificação

Figura 13 – Definições de “construção” de elementos da edificação (ampliação da Figura 12)

3.3.5 Detalhamento de superfícies de paredes, coberturas e pisos

Nesta etapa, no parâmetro ‘BuildingSurface:Detailed’ da classe ‘Thermal Zones


and Surfaces’, são detalhadas as informações relacionadas à transferência de calor pelas
superfícies (exceto aberturas) das zonas térmicas. Define-se informações como o nome
do objeto (identificação da parede, por exemplo); tipo de superfície; nome do objeto de
construção ao qual está relacionado no parâmetro ‘Construction’; nome da zona ao qual
está relacionado; e condições de contorno da face externa. Geralmente, essas informações
podem acompanhar a modelagem, conforme a exportação para o formato ‘.idf’, realizada
no SketchUp/OpenStudio.
Nas Figuras 14 e 15 podem-se observar alguns objetos configurados, conforme a
edificação de referência deste manual.

12
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 14 – Definições de superfícies de paredes, coberturas e pisos

Figura 15 – Definições de superfícies de paredes, coberturas e pisos (ampliação da Figura 14)

3.3.6 Detalhamento de superfícies de vãos

No parâmetro ‘FenestrationSurface:Detailed’ da classe ‘Thermal Zones and


Surfaces’ são detalhadas as informações relacionadas à transferência de calor pelas
superfícies de aberturas (portas e janelas) das zonas térmicas. Define-se informações
como o nome do objeto (identificação da janela, por exemplo); tipo de superfície; nome
do objeto de construção ao qual está relacionado (no parâmetro ‘Construction’); nome do
objeto de superfície de construção ao qual está relacionado; e condições de contorno da
face externa. Geralmente, essas informações podem acompanhar a modelagem, conforme
a exportação para o formato ‘.idf’, realizada no SketchUp/OpenStudio.
Nas Figuras 16 e 17 podem-se observar alguns objetos configurados, conforme a
edificação de referência deste manual.

13
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 16 – Definições de superfícies de vãos

Figura 17 – Definições de superfícies de vãos (ampliação da Figura 16)

3.4 DEFINIÇÕES DE AGENDA (SCHEDULES) DE FUNCIONAMENTO/OPERAÇÃO

As agendas de funcionamento definem os períodos nos quais determinada


configuração deverá operar. Definem, por exemplo, os horários e dias da semana nos
quais: haverá ocupação de pessoas nos ambientes; a iluminação estará acionada;
equipamentos estarão ligados etc.
A programação das agendas de funcionamento segue alguns padrões, como é
exemplificado nas Figuras 18 e 19, configurados no parâmetro ‘Schedule:Compact’ do
EnergyPlus.

14
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 18 – Definições de agenda

Figura 19 – Definições de agenda (ampliação da Figura 18)

As agendas podem ser configuradas para programações fracionárias, de


temperatura, ligado/desligado, umidade ou qualquer outro parâmetro, de acordo com o
tipo de dado, a partir de uma utilização adequada da “linguagem de programação” desse
item, conforme demonstra-se nas Figuras 20 e 21.

15
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 20 – Tipos de dados e limites para os valores contidos nas agendas

Figura 21 – Tipos de dados e limites para os valores contidos nas agendas (ampliação da Figura
20)

3.5 DEFINIÇÕES DE CARGAS INTERNAS (FONTES INTERNAS DE CALOR)

As cargas internas (fontes de calor) aqui abordadas compreendem as pessoas


(usuários da edificação), iluminação e equipamentos. Essas especificações de densidade
de carga interna (DCI) e de densidade de potência interna (DPI), que operam de acordo
com as configurações de agenda (item 3.4), são inseridas nos parâmetros ‘People’, ‘Light’
e ‘EletricEquipment’ da classe ‘Internal Gains’, conforme mostram-se nas Figuras 22 a
27.

16
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 22 – Definições de ganhos internos de calor com pessoas

Figura 23 – Definições de ganhos internos de calor com pessoas (ampliação da Figura 22)

17
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 24 – Definições de ganhos internos de calor com iluminação

Figura 25 – Definições de ganhos internos de calor com iluminação (ampliação da Figura 24)

18
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 26 – Definições de ganhos internos de calor com equipamentos elétricos

Figura 27 – Definições de ganhos internos de calor com equipamentos elétricos (ampliação da


Figura 26)

Os valores de referência e especificações, tais como números de ocupantes,


taxa de metabolismo, calor radiante e sensível dos usuários, densidade de potência
de iluminação e equipamentos e calor sensível e radiante de iluminação e
equipamentos, por exemplo, podem ser encontradas em normas e regulamentos,
como: NBR 9077 (ABNT, 2001), NBR 16401-1 (ABNT, 2008), Standard 55 (ASHRAE,
2017a), Fundamentals ASHRAE (ASHRAE, 2017b), RTQ-R (BRASIL, 2012),

19
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

proposta INI-R (CB3E, 2018), documento Input Output Reference do EnergyPlus


(DOE, 2020b), catálogos técnicos e produções científicas, de acordo com a análise
pretendida.

3.6 DEFINIÇÕES DE VENTILAÇÃO

O EnergyPlus possui sistemas de ventilação bastante abrangente, possibilitando


diversas configurações para um condicionamento natural, artificial ou híbrido. As
definições dos sistemas de ventilação podem ser realizadas a partir de parâmetros
disponíveis nas classes ‘Natural Ventilation and Duct Leakage’ e ‘HVAC Templates’.
Adicionalmente, configurações avançadas de ventilação, como a programação do
condicionamento híbrido, podem ser feitas por meio da classe ‘Energy Management
System (EMS)’ do EnergyPlus.
O procedimento detalhado para a configuração de sistemas de ventilação do
EnergyPlus pode ser encontrado, por exemplo, nos manuais de simulação de edifícios
naturalmente ventilados (VEIGA et al., 2019a) e de uso do EMS (VEIGA et al.,
2019b), além dos documentos técnicos dos desenvolvedores.
Para esta etapa de configuração do arquivo ‘.idf’ são recomendadas as leituras dos
manuais citados no parágrafo anterior – Veiga et al. (2019a) e Veiga et al. (2019b) –
sobretudo a leitura do exemplo disponível no manual de simulação com ventilação
natural.

3.7 DEFINIÇÕES DE TEMPERATURA DO SOLO

A transferência de calor com o solo configura um parâmetro muito importante em


simulações computacionais. As definições de temperatura do solo no EnergyPlus podem
ser configuradas por meio de diferentes métodos: a partir da inserção das temperaturas
médias mensais do solo (não é indicado o uso direto das temperaturas disponíveis nos
arquivos climáticos) no parâmetro ‘Site:GroundTemperature:BuildingSurface’; a partir
do parâmetro ‘Detailed Ground Heat Transfer’, com os pré-processadores ‘Slab’ e
‘Basement’; ou a partir do parâmetro ‘Ground Domain’.

20
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Para aprendizagem do processo sobre as definições de transferência de calor entre


solo e as edificações, em simulações com o EnergyPlus, recomendam-se os manuais do
Ground Domain (ELI et al., 2019) e do Slab (COSTA; CHVATAL, 2017). Além do
mais, são recomendados artigos como Eli et al. (2019), Nunes et al. (2019), Costa, Roriz
e Chvatal (2017), dentre outros, que discutem a relevância dessas definições e trazem
resultados importantes para simulações mais eficientes.

3.8 DEFINIÇÕES DE LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA EDIFICAÇÃO

Nesta etapa, de modo geral, são inseridas informações como as coordenadas e


altitude do local onde a edificação simulada está localizada (disponíveis nos arquivos
climáticos). Esta definição é feita no parâmetro ‘Site:Location’, como apontado nas
Figuras 28 e 29.

Figura 28 – Definições geográficas

Figura 29 – Definições geográficas (ampliação da Figura 28)

21
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Mais informações relacionadas, também, à localização do modelo simulado, como


a orientação solar, tipo de terreno e propriedades atmosféricas, por exemplo, são inseridas
nos parâmetros ‘Site:HeightVariation’ e ‘Building’, conforme demonstrado nas Figuras
30 a 33. Valores de referência para alguns campos podem ser encontrados no
documento Input Output Reference do EnergyPlus.

Figura 30 – Outras definições geográficas, no parâmetro ‘Building’

Figura 31 – Outras definições geográficas, no parâmetro ‘Building’ (ampliação da Figura 30)

22
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 32 – Outras definições geográficas, no parâmetro ‘Site:HeightVariation’

Figura 33 – Outras definições geográficas, no parâmetro ‘Site:HeightVariation’ (ampliação da


Figura 32)

3.9 DEFINIÇÕES GERAIS DE SIMULAÇÃO

As definições gerais aqui relatadas se referem, basicamente, às configurações de


cálculos para dimensionamentos e períodos de simulação. Nas Figuras 34 a 39 são
ilustrados os seguintes parâmetros: ‘SimulationControl’, onde se configuram cálculos de
dimensionamento que se pretende que o programa processe ou não; ‘Timestep’, onde se
define o número de “passos de tempo por hora” da simulação – compreende as
subdivisões de tempo (hora) no período para o qual as simulações são conduzidas –; e
‘RunPeriod’, onde se configuram informações acerca do período de processamento da
simulação.

23
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 34 – Definições gerais de simulação, no parâmetro ‘SimulationControl’

Figura 35 – Definições gerais de simulação, no parâmetro ‘SimulationControl’ (ampliação da


Figura 34)

Figura 36 – Definições gerais de simulação, no parâmetro ‘Timestep’

24
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 37 – Definições gerais de simulação, no parâmetro ‘Timestep’ (ampliação da Figura 36)

Figura 38 – Definições gerais de simulação, no parâmetro ‘RunPeriod’

Figura 39 – Definições gerais de simulação, no parâmetro ‘RunPeriod’ (ampliação da Figura


38)

Adicionalmente, no parâmetro ‘Building’ (ver Figuras 30 e 31), apresentado no


item 3.8, também há um campo que possui importância significativa para os cálculos de

25
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

dimensionamento do EnergyPlus, que são os ‘parâmetros de convergência de warmup’.


Eles estão relacionados às imprecisões que podem ocorrer devido ao fato de a simulação
não atingir a convergência nas análises que precedem os cálculos efetivos do programa.
Os campos de convergência de carga e de convergência de temperatura estão associados
nesse processo.

3.10 DEFINIÇÕES DE VARIÁVEIS DE SAÍDA DA SIMULAÇÃO

Essas definições caracterizam os dados (resultados) que serão extraídos das


simulações, conforme a análise pretendida. O EnergyPlus possibilita uma grande
variedade de dados de saída, que são configurados por meio do parâmetro
‘Output:Variable’ da classe ‘Output Reporting’.
No exemplo das Figuras 40 e 41 ilustram-se as configurações para que o programa
forneça os dados de temperatura de bulbo seco da localidade (dados do arquivo
climático), temperatura operativa e temperatura média do ar das zonas térmicas
(ambientes da edificação), e consumo de energia para aquecimento e resfriamento dos
ambientes com ventilação mecânica.

Figura 40 – Definições de variáveis de saída (resultados) da simulação

26
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

Figura 41 – Definições de variáveis de saída (resultados) da simulação (ampliação da Figura 40)

Importante: para que se possa visualizar a lista de todos os dados de saída que o
EnergyPlus oferece, primeiramente é necessário processar a simulação. Dessa maneira,
um arquivo EnergyPlus Report Data Dictionary (.rdd) será criado e, em seguida, por meio
do IDF Editor, os dados pretendidos poderão ser escolhidos em uma lista suspensa, no
campo ‘Value Name’.

27
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos procedimentos básicos explanados e, sobretudo, a partir dos


documentos referenciados neste manual, é possível aprofundar e aprimorar os
conhecimentos acerca do programa EnergyPlus, de forma que se possa realizar
simulações mais complexas, para diversas finalidades. Os documentos técnicos, como o
Engineering Reference, o Getting Started, o Input Output Reference, e os demais (ver
pasta ‘Documentation’ no local de instalação do programa no computador), são as
melhores fontes de aprendizagem de operação e de compreensão do funcionamento do
EnergyPlus.

28
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

REFERÊNCIAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15220: Desempenho


Térmico de Edificações. Rio de Janeiro, 2005.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16401-1: Instalações de ar-


condicionado - Sistemas centrais e unitários Parte 1: Projetos das instalações. Rio
de Janeiro, 2008.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9077: Saídas de emergência


em edifícios. Rio de Janeiro, 2001.

ASHRAE. American Society of Heating, Refrigerating and Air-conditioning Engineers.


Standard 55 - Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy. Atlanta,
GA, 2017a.

ASHRAE. American Society of Heating, Refrigerating and Air-conditioning Engineers.


Fundamentals (SI Edition). Atlanta, GA, 2017b.

BRASIL. Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética


de Edificações Residenciais – RTQ-R. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia – INMETRO. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior: Rio de Janeiro, 2012.

CB3E. Centro Brasileiro de Eficiência Energética em Edificações. Proposta de


Instrução Normativa Inmetro para a Classe de Eficiência Energética de
Edificações Residenciais (versão 02, 25 de Setembro de 2018). Florianópolis, 2018.
Disponível em: <http://cb3e.ufsc.br/etiquetagem/desenvolvimento/atividades-2012-
2016/trabalho-1/pesquisas>. Acesso em: 18 março 2020.

COSTA, V. A. C.; CHVATAL, K. M. S. Manual do pré-processador Slab. São


Carlos, 2017.

COSTA, V. A. C.; RORIZ, V. F.; CHVATAL, K. M. S. Modeling of slab-on-grade heat


transfer in EnergyPlus simulation program. Ambiente construído, v.17, n.3, p.117-135,
2017.

DOE. U.S. Department of Energy. EnergyPlus version 9.3.0. 2020a. Disponível em:
<https://energyplus.net/downloads>. Acesso em: 29 fevereiro 2020.

DOE. U.S. Department of Energy. Input Output Reference. 2020b.

ELI, L. G.; KRELLING, A.; MACHADO, R. M. E. S.; MAZZAFERRO, L.; MENDES,


L. S.; MELO, A. P.; LAMBERTS, R. Análise de Sensibilidade e Incertezas dos
Parâmetros Relacionados à Modelagem do Contato do Piso com o Solo no Programa
EnergyPlus. In: XV ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE
CONSTRUÍDO; XI ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE CONFORTO NO
AMBIENTE CONSTRUIDO, p. 1551-1560. Anais… João Pessoa, 2019.

29
E3SLab
Gustavo Henrique Nunes
Thalita Gorban Ferreira Giglio

ELI, L. G.; KRELLING, A.; MENDES, L. S.; MACHADO, R. M. E. S.;


MAZZAFERRO, L.; MELO, A. P.; LAMBERTS, R. Manual de Simulação
Computacional de Edifícios com o Uso do Objeto Ground Domain no Programa
EnergyPlus - Versão 9.0.1. Florianópolis, 2019.

NUNES, G. H.; SANCHES, G. V.; ZARA, R. B.; GIGLIO, T. G. F. Análise de métodos


de cálculo para determinação da temperatura do solo em simulações computacionais. In:
XV ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO; XI
ENCONTRO LATINO-AMERICANO DE CONFORTO NO AMBIENTE
CONSTRUIDO, p. 2169-2178. Anais... João Pessoa, 2019.

VEIGA, R. K.; ELI, L. G.; OLINGER, M. S.; MACHADO, R. M. E. S.;


MAZZAFERRO, L.; MELO, A. P.; LAMBERTS, R. Manual de Uso do Energy
Management System (EMS) no Programa EnergyPlus - Versão 9.1. Florianópolis,
2019.

VEIGA, R. K.; ELI, L. G.; OLINGER, M. S.; MAZZAFERRO, L.; PEREIRA, H. A.


C.; MELO, A. P.; VERSAGE, R.; SORGATO, M.; LAMBERTS, R. Manual de
Simulação Computacional de Edifícios Naturalmente Ventilados no Programa
EnergyPlus - Versão 9.0.1. Florianópolis, 2019.

WEBER, F. S.; MELO, A. P.; MARINOSKI, D. L.; GÜTHS, S.; LAMBERTS, R.


Desenvolvimento de um modelo equivalente de avaliação de propriedades térmicas
para a elaboração de uma biblioteca de componentes construtivos brasileiros para
o uso no EnergyPlus. Florianópolis, 2017.

30

View publication stats

Você também pode gostar