10/03/23 folha.

pechi EDIÇÃO 1

o avesso da pele

O poder das palavras

“Ninguém me pediu para vir aqui, mas
eu precisava. Abro o guarda-roupa e me
sinto como um invasor mexendo em
suas intimidades. Intimidades que
talvez eu não devesse conhecer. Me
sinto culpado, mas eu preciso
continuar.” (pág. 185)
"Há nos objetos memórias de você, mas
parece que tudo que restou deles me
agride ou me conforta, porque são
sobras de afeto. Em silêncio, esses
mesmos objetos me contam sobre você. De olho nas palavras
É com eles que te invento e te
Jeferson tenórrio
recupero." (pág 13)
46 anos
Em ambos os textos, Pedro expõe um
semblante triste se sentindo um pouco
Jeferson Tenório é um
culpado pela morte do pai, quando ele
escritor, professor e
diz “mas parece que tudo que restou
pesquisador brasileiro
deles me agride ou me conforta” é
nasceu no Rio de Janeiro,
utilizado o recurso de linguagem da
em 1977. Radicado em
sinestesia, pois são misturados
Porto Alegre, é
diferentes sensações e sentidos com os
doutorando em teoria
objetos do pai. E quando ele diz “abro o
literária pela PUCRS.
guarda-roupa e me sinto como um
Estreou na literatura com
invasor" ele utiliza o recurso de
o romance O beijo na
linguagem da comparação, que
parede (2013) que foi
consiste na aproximação de dois termos
premiado com o troféu
que têm semelhança entre si, por meio
"Livro do Ano" - 2014 -
de conectivos do tipo "como", "assim
AGES (Associação Gaúcha
como", "tal como", "tal qual".
de Escritores).
de olho no vestibular também escritor do livro
Ao longo do livro vemos que o Avesso Da Pele (2020),
protagonista tem vários pensamentos vencedor do Prêmio
sobre como a cor da pele influencia no Jabuti na categoria
jeito que as pessoas irão tratar ele "Romance Literário" em
2021
A) a região em que o protagonista vive
seu genero de literatura é
influência na discriminação racial? Por
de romance sobre
quê?
identidade e questões
B) o que podemos fazer em nosso dia
raciais profundas, sobre
que pode mudar a forma que a policia violência e negritude
trata as pessoas negras?

FERNANDO BOLSONI,GABRIEL CHIOCHIO E ENZOPERDON 1A


Juarez:
conheceu Henrique no ensino médio da
escola estadual Monsenhor Leopoldo
Hoffmann, na época, Juarez tinha 15
anos e Henrique 17, logo se tornaram
amigos. Juarez era branco, tinha vindo
do interior em um município de
Sertãozinho do Sul logo após terminar o
ensino fundamental, sua família era
branca, assim como a maioria das
pessoas daquele lugar, depois da morte
de sua mãe, poucos meses depois, o seu
pai resolveu casar com uma
descendente de indígenas, mas
ninguém entendia por que o pai de
Juarez havia se casado com uma
descendente indígena, pois os
indígenas e seus descendentes eram
malvistos. Juarez e seus irmãos vieram
embora porque achavam aquela cidade
mesquinha demais para eles. A pobreza
sempre os espreitava, ao chegarem à
capital de Porto Alegre, eles não
conseguiram logo um emprego. O
dinheiro que trouxeram do interior
terminou rápido e, para piorar, a
convivência entre os irmãos não era
boa, principalmente depois que Juarez
descobriu que Júlio, o irmão mais velho,
tinha começado a vender drogas. Em
algumas semanas, Juarez foi
convencido e começou a vender drogas
junto com o irmão. Juarez já havia
terminado o ensino médio e começara a
trabalhar numa rede de supermercados
como empacotador e ganhava muito
pouco. Felizmente conseguiu emprego
em um escritório, o mesmo de
Henrique. Eles iam juntos na danceteria
e na saída das danceterias, já ao
amanhecer, ainda tinham de escolher
entre comer um cachorro-quente e
pegar um ônibus para ir para casa,
sempre escolhendo o cachorro-quente,
então voltavam a pé para casa e
dividiam um cachorro-quente.
leia e comente
Martha :
conheceu Henrique em uma das pequenas
faculdades de Porto Alegre em que ambos
estudavam. Uma mulher negra foi adotada aos
doze anos porque seus pais faleceram cedo, sua
mãe morreu atropelada e seu pai morreu meses
depois, de um ataque fulminante no coração.
Então, aos dez anos, Marta estava órfã, tinha três
irmãos mais novos e todos estavam sós no
mundo. Uma de suas tias, Julieta, os acolheu, mas
ela era empregada doméstica e era sempre difícil
fazer o possível para ninguém passar fome. Nesse
tempo Madalena, uma amiga de infância da tia
Julieta, estava em Porto Alegre. E no aniversário
de um dos irmãos de minha mãe, Madalena olhou
para ela, e ela era uma criança naturalmente
triste e solitária. Madalena sentiu comovida e já
que tinha uma filha da mesma idade, decidiu que
ela deveria ter uma companhia da mesma idade.
Então, aos doze anos, Marta foi adotada por
Madalena. Não foi uma adoção oficial e Marta foi
praticamente obrigada pela tia Julieta a ir
embora com Madalena, e em poucos meses,
mudaram-se para Santa Catarina, no Morro das
Pedras, próximo ao mar. No início, ao contrário do
que se esperava, Marta e Flora, a filha de
Madalena, não se deram bem. Mas depois de
algumas desavenças, as duas compreenderam
que tinham de conviver, que não havia outro jeito.
Com isso, passaram a prestar mais atenção uma
na outra. Tempos depois, Marta conheceu Vitinho,
homem com quem acabara namorando e logo
morando junto dele também, eles moraram
juntos em uma pequena cabana que ficava atrás
da casa dos pais dele, o que dificultava as coisas
para ela. Tudo mudou então quando Vitinho
apareceu em casa drogada, ele discutiu e bateu
nela, e quando essa situação começou a se
repetir, Marta foi embora, voltou a morar com
Madalena. Meses depois, começou a frequentar
um cursinho pré-vestibular graças a uma bolsa de
estudos e em dois anos depois ela entrou numa
pequena faculdade de Porto Alegre, a mesma de
Henrique. Marta conheceu, namorou e se casou
com Henrique, mas as coisas estavam difíceis
nesse relacionamento, principalmente porque ela
era muito ciumenta e desconfiava de tudo, então
para tentar salvar o casamento mais uma vez, ela
engravidou dela, uma coisa que nunca queria
fazer na vida, ser mãe. Mesmo assim, após Pedro
fazer quase 1 ano, eles se divorciaram.
Juliana:
conheceu Henrique numa festa, como aquelas
que ele e Juarez costumavam ir, logo eles
começaram a namorar, e ela foi primeira
namorada branca dele. Uma moça ruiva, de
dezenove anos, moradora de Gravataí. Logo, o
preconceito chegou sobre eles, quando
caminhavam pelas ruas de mãos de mãos
dadas, muitos olhares, e até de piadas racistas,
os perseguiam. Mesmo assim, eles acreditavam
que raças não existiam e que a humanidade era
a única coisa que havia. Juliana quis apresentar
Henrique para a sua família, que ao contrario da
dele em que só a mãe havia gostado dela, a
família de Juliana não se incomodou. O tio dela
chamou ele de negão, e ele, na época, não se
importou porque aquilo significava algum tipo
de intimidade e talvez estivesse sendo aceito
pela família dela, e em pouco tempo, ele passou
a ser o negão da família e uma espécie de para-
raios de todas as imagens estereotipadas sobre
os negros. Não demorou muito para que até
Juliana começasse a chamar ele
carinhosamente de meu nego e ele começasse
a chamá-la carinhosamente de minha
branquinha, punham o braço um ao lado do
outro e contemplavam a diferença de cor,
Achavam bonita aquela mistura, imaginavam
como seria um filho de vocês. A intimidade com
o negão da família aumentou e as piadas sobre
negros agora eram contadas sem nenhum
pudor. E, às vezes, quando Henrique se sentia
mal com algum comentário, se afastava. Mas a
família de Juliana achava que aquilo era tudo
uma brincadeira, uma piada, estavam sendo
racistas e não percebiam, ou até mesmo, não
aceitavam. O que acabou incomodando
Henrique, que após ter mais noção sobre o
racismo, ir para os almoços de família
tornaram-se cada vez mais difíceis para ele.
Juliana não concordava com a opinião dele, e
após um grande episodio de discussão, não
demorou muito para que o namoro fosse por
água abaixo. Dias depois, ela ligou para ele e
disse que eles não deveriam mais se ver, e
desde então eles nunca mais se viram.
 extra/extra!

Quando Henrique tinha 14 anos, enquanto estava esperando o ônibus em Copacabana para ir encontrar seu padrasto, desceram do
ônibus alguns moleques que o acusaram de ter roubado um boné. Henrique não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo, e
num impulso decidiu correr, mesmo assim, os moleques continuaram o acusando enquanto corriam atrás dele. Henrique entrou no
primeiro lugar aberto que encontrou: uma igreja evangélica Assembleia de Deus, mesmo assim os garotos o encontraram, e de repente
a igreja encheu de moleques sedentos por vingança, e mesmo com Henrique afirmando que era inocente, não adiantou, ele foi
agredido e os moleques só pararam quando um dos pastores da igreja interviu. Henrique foi levado algemado para uma delegacia, o
chamaram de ladrão, e somente na delegacia as coisas foram esclarecidas: ele havia sido confundido com um bandido e ser
confundido com bandido infelizmente fez parte de toda a vida dele. (págs. 17 a 19)

sob a lua, a porta da escola e sua dor

Em um dia de manhã Henrique está saindo da Cesar MC com seu rap “Canção Infantil”
escola e seus alunos estavam indo embora até nos trouxe a
que ele leva um enquadro acaba não uma realidade diferente daquelas que
obedecendo as ordens pois não ouve e a polícia nos contam nos livros de historias, com
começa a atirar ele leva vários tiros e um deles foi situações revoltantes de pessoas
na cabeça e acaba morto ali mesmo as pessoas inocentes sofrendo por racismo e
que pasavam por ali começaram a gritar e preconceitos. E assim come ele, muitos
chaman a ambulância começam, e ficaram todos rappers usam o rap para expor uma
em volta de seu corpo seus aluno vem aquilo vivencia infelizmente muito comum
chocados e chega ambulância e percebe que ele nesses tipos de lugares.
está morto e ligam para o I.M.L para levar o corpo.
 em destaque
Pedro ao entrar no apartamento do pai, não se sentiu pertencente de lá, porque nos
últimos tempos, não havia falado com ele, estava distante. Mas ao adentrar nas
coisas do pai conseguiu aprender mais sobre a vida dela, sua vivencias e situações.
Henrique teve uma infância um pouco conturbada, no Rio De Janeiro, não
convivera muito com o pai, e com a ausência dele, sua mãe teve que voltar a morar
com a sua avó em Porto Alegre. Mas a relação dela não era muito boa, por isso
sempre havia muitos momentos de conflitos em casa, até mesmo com os outros
membros da família dele, o que Fez com que Henrique desenvolvesse uma
ansiedade severa. De depois de morar por algum tempo na casa de sua avó,
Henrique e sua família se mudaram.
Inspirado pelo seu professor Oliveira que aprofundou seu conhecimento sobre o
racismo, decide se tornar professor de língua portuguesa.
Henrique estava muito feliz e animado para continuar com as aulas, principalmente
agora que seus alunos estavam participando, e ainda gostando de suas aulas. Ele
estava caminhando alegremente para casa quando foi abordado por alguns
policiais que estavam procurando há dias o assassino de seu companheiro da
agência. Henrique, que já estava cansado dessas situações, Simplesmente os
oque é black
ignorou, fazendo com que os policiais sem muita paciência, atirassem nele.
Henrique só stáva lendo seus poemas quando levou 3 tiros em seu corpo, um no
ombro, um no peito e um na cabeça, além de muito mais tiros que vieram após
lives matter?
esses.. A)Black Lives Matter (BLM)
significa “Vidas Negras Importam”
Henrique e Pedro vivenciam algo muito em comum ao longo do livro,
ou “Vidas Negras Contam”. É um
principalmente o Henrique, que ao longo de sua vida tudo sofreu por causa de sua movimento ativista iniciado nos
cor de pele. Seja por uma família naturalmente preconceituosa, ou por ser barrado Estados Unidos e difundido pelo
na rua quase toda semana, Henrique vivenciou muitas situações tensas, o que mundo. É um movimento ativista
impactou em sua morte também. E se nada for feito em relação a isso, o Pedro internacional, com origem na
infelizmente vai acabar sofrendo o mesmo também! comunidade afro-americana, que
. faz campanha contra a violência
direcionada às pessoas negras

desfecho inesperado
No final da narrativa do livro, Henrique estava no auge de sua carreira como professor e
finalmente saindo de sua solidão vazia, mas é morto pela polícia. Com esse final trágico o autor
quis passar a reflexão de quantas pessoas pretas vão mortas pela polícia para ela perceber que o
problema não é a pessoa preta, a questão do racismo e preconceito implantados em nossa
sociedade e o poder do policial sobre as pessoas pretas ao ponto de elas serem mortas e os
autores do crime saírem impunes.

gabarito das questões

A) Sim influencia pois Henrique vivera na cidade mais racista do Brasil todo
B)a resposta poderia ser obtida através de uma reflexão para denunciar esses tipo de situação