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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

ADSSON ANDRÉ DA SILVA GOMES

INTERFERÊNCIAS DA APROPRIAÇÃO DO RELEVO NA DINÂMICA


GEOMORFOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA – AL

Cidade Universitária, Prof. José Aloísio de Campos – UFS


São Cristóvão/SE, abril de 2023.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

ADSSON ANDRÉ DA SILVA GOMES

INTERFERÊNCIAS DA APROPRIAÇÃO DO RELEVO NA DINÂMICA


GEOMORFOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA – AL

Exame de Qualificação de Doutorado submetido


ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Federal de Sergipe – PPGEO/UFS
como requisito parcial para obtenção do título de
doutor em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Hélio Mário de Araújo

Área de concentração: Produção e Organização


do espaço.

Linha de Pesquisa: Análise geoambiental e


Ordenamento do território.

Cidade Universitária, Prof. José Aloísio de Campos – UFS


São Cristóvão/SE, abril de 2023
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

ADSSON ANDRÉ DA SILVA GOMES

INTERFERÊNCIAS DA APROPRIAÇÃO DO RELEVO NA DINÂMICA


GEOMORFOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA – AL

Exame de Qualificação de Doutorado submetido à apreciação da Banca Examinadora no dia 26


de abril de 2023, constituída pelos professores doutores:

Prof. Dr. Hélio Mário de Araújo (Orientador)


Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO/UFS)

Profa. Dra. Renata Nunes Azambuja


Examinadora Titular Externa ao Programa (DGE/UFS)

Prof. Dr. Heleno dos Santos Macedo


Examinador Titular Externo a UFS do Programa de Pós-Doutorado em Geografia Física da
Universidade de São Paulo (USP)

São Cristóvão/SE, abril de 2023

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Crescimento da população urbana nos quatro municípios. ...................................... 10


Figura 2: Município de Arapiraca, Localização geográfica, 2023. ......................................... 14
Figura 3: Os subsistemas que compõem o sistema geomorfológico. ...................................... 18
Figura 4: Abordagem ambiental na geografia moderna. ......................................................... 25
Figura 5: Determinação do risco natural. ................................................................................ 28
Figura 6: Ciclo das fases da gestão de desastres. .................................................................... 29
Figura 7: Representação da inundação, enchente e situação normal....................................... 39
Figura 8: Aspectos dos leitos do rio. ....................................................................................... 40
Figura 9: Classificação taxonômica do relevo ........................................................................ 43
Figura 10: Posicionamento dos componentes do gráfico tipo radar. ....................................... 58

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estado de Alagoas, População urbana e rural dos quatro. ......................................... 9


Tabela 2: Valores de vulnerabilidade para amplitude altimétrica. ........................................... 50
Tabela 3: Valores de vulnerabilidade para a declividade das encostas. ................................... 50
Tabela 4: Valores de vulnerabilidade para a intensidade de dissecação. ................................. 51
Tabela 5: Escala de Vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns. .......................... 52
Tabela 6: Valores de vulnerabilidade dos solos. ...................................................................... 53
Tabela 7: Valores de vulnerabilidade do uso e ocupação do solo. ........................................... 54
Tabela 8: Escala de Erosividade da chuva e valores de vulnerabilidade. ................................ 55
Tabela 9: Classificação da Sustentabilidade. ........................................................................... 59
Tabela 10: Classificação da Sustentabilidade. ......................................................................... 60

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Subdivisão taxonômica dos geossistemas conforme Sotchava. ............................. 22


Quadro 2: Atributos primários e secundários. ......................................................................... 33
Quadro 3: Classificação dos tipos de intemperismo. .............................................................. 35
Quadro 4: Valores de estabilidade de unidades de paisagem. ................................................. 46
Quadro 5: Representação da vulnerabilidade ou estabilidade. ................................................ 48
Quadro 6: Critérios para avaliação do grau de estabilidade/vulnerabilidade. ......................... 48

3
RESUMO

Sabe-se que feições geomorfológicas podem ser modeladas por meio da construção de taludes,
aterros, cortes, e essas interferências podem agravar possíveis fragilidades, desestabilizando a
dinâmica dos processos naturais. Outro aspecto importante, é a vulnerabilidade social a riscos
ambientais devido a renda familiar e a infraestrutura existente, isso porque a ausência de
infraestrutura básica muitas vezes não é incorporada aos loteamentos destinados aos grupos
sociais de baixa renda, originando, assim, problemas de desabamento, deslizamento,
alagamento, erosões urbanas. Dessa forma, é possível destacar que impactos vinculados ao
ambiente urbano estão diretamente ou indiretamente ligados à forma de apropriação e ocupação
do relevo. É dentro deste contexto que está inserida esta pesquisa, propondo analisar como as
diferentes formas de ocupação e uso vem interferindo nos aspectos ambientais das unidades de
relevo do município de Arapiraca - AL e como essa relação tem formado ambientes de
vulnerabilidade/estabilidade socioambiental. O município de Arapiraca é o segundo mais
populoso no estado de Alagoas e nas últimas décadas vem se configurando como o segundo
centro urbano do Estado, atrás, apenas, da capital Maceió. Os interesses na produção do espaço
urbano em Arapiraca vêm demandando preocupações de cunho ambiental, visto que a ocupação
dos seus espaços vem crescendo de forma acelerada com finalidades industriais, imobiliárias e
agrícolas. Para alcançar o objetivo principal, será necessário identificar os principais aspectos
naturais (geologia, geomorfologia, cobertura vegetal e solos) e a suas influências na
configuração socioespacial, através de técnicas de geoprocessamento (mapeamento e banco de
dados), e os fatores antrópicos que provocam mudanças sensíveis nas unidades de relevo de
Arapiraca/AL; Estabelecer o índice de sustentabilidade, através de indicadores expressos pelo
censo demográfico do IBGE em 2010 e 2022; e, por fim, avaliar o contexto de avanço ou
retrocesso da sustentabilidade de acordo com a metodologia de Calório (1997). Assim, com a
continuidade e desenvolvimento da pesquisa, espera-se estabelecer a correlação entre os fatores
físico-naturais e o histórico de ocupação do relevo para a geração de
vulnerabilidades/estabilidades ambientais nas unidades de relevo de Arapiraca conforme
Crepani (2001, 2008), para quantificar o grau de interferência do relevo no município.

Palavras-chave: Vulnerabilidade do relevo, Geomorfologia urbana, Unidades de paisagem,


Arapiraca.

4
ABSTRACT

It is known that geomorphological features can be shaped by the construction of slopes,


embankments, cuts, and these features can aggravate possible weaknesses, destabilizing the
dynamics of natural processes. Another important aspect is the social vulnerability to
environmental risks due to family income and existing infrastructure, because the absence of
basic infrastructure is often not incorporated into the subdivisions intended for low-income
social groups, thus giving rise to problems of landslides, mudslides, flooding, and urban
erosion. Thus, it is possible to highlight that impacts linked to the urban environment are
directly or indirectly linked to the form of appropriation and occupation of the land. It is within
this context that this research is inserted, proposing to analyze how the different forms of
occupation and use have been interfering with the environmental aspects of the relief units of
the municipality of Arapiraca - AL and how this relationship has formed environments of
vulnerability / socio-environmental stability. The municipality of Arapiraca is the second most
populous in the state of Alagoas and in recent decades has been configuring itself as the second
urban center of the state, behind only the capital Maceió. The interests in the production of
urban space in Arapiraca have been demanding environmental concerns, since the occupation
of its spaces has been growing rapidly for industrial, real estate and agricultural purposes. To
achieve the main objective, it will be necessary to identify the main natural aspects (geology,
geomorphology, vegetation cover and soils) and their influence on the socio-spatial
configuration, through geoprocessing techniques (mapping and database), and the anthropic
factors that cause sensible changes in the relief units of Arapiraca/AL; Establish the
sustainability index, through indicators expressed by the IBGE demographic census in 2010
and 2022; and, finally, evaluate the context of advancement or retreat of sustainability according
to the methodology of Calório (1997). Thus, with the continuity and development of the
research, it is expected to establish the correlation between the physical-natural factors and the
history of occupation of the relief for the generation of environmental vulnerabilities/stabilities
in the relief units of Arapiraca according to Crepani (2001, 2008), to quantify the degree of
interference of the relief in the municipality.

Keywords: Relief vulnerability, urban geophology, landscape units, Arapiraca.

5
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7

JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA ........................................................................ 8

1. A ABORDAGEM SISTÊMICA COMO METODOLOGIA INTEGRADORA E AS


BASES TEÓRICO-CONCEITUAIS SOBRE AMBIENTE, RISCO E
VULNERABILIDADE........................................................................................................... 15

1.1. A ABORDAGEM SISTÊMICA NO ESTUDO DA MORFOGÊNESE E MORFODINÂMICA DAS


PAISAGENS GEOMORFOLÓGICAS ....................................................................................... 15

1.3 O AMBIENTE NA GEOGRAFIA ....................................................................................... 24


1.4 RISCO, VULNERABILIDADE E GESTÃO DE RISCO AMBIENTAL ....................................... 26
1.5 VULNERABILIDADE E RELAÇÕES COM A APROPRIAÇÃO DO RELEVO ............................ 32
1.6 OS PROCESSOS MODELADORES DO RELEVO ................................................................ 33

2. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS ................................................. 42

2.1 MÉTODOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DA PESQUISA ........................................ 42


2.2 ELABORAÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA E MAPAS TEMÁTICOS DE ARAPIRACA ............ 42
2.3 DEFINIÇÃO DOS CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DE VULNERABILIDADE DAS UNIDADES DE
PAISAGEM ......................................................................................................................... 46

2.4 CLASSIFICAÇÃO E CÁLCULO DE ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE ................................. 56

3 SUMÁRIO PRELIMINAR DA TESE ............................................................................... 61


4 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES ................................................ 63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 64

6
INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo, desde o início da civilização, a relação homem-natureza


desempenhava uma função existencial na qual o homem utilizava os recursos naturais para a
subsistência. Contudo, o modo de produção capitalista vem alterando a relação sociedade e
natureza fazendo com que os processos produtivos da sociedade tenham uma finalidade além
da subsistência, levando a encarar a natureza como um objeto passível de ser explorado a custo
do desenvolvimento econômico e acumulação de recursos.
Desse modo, a mudança de perspectiva das relações sociedade e natureza, aliado ao
desenvolvimento tecnológico, possibilitaram alterações do ambiente em grande escala e em
curto espaço de tempo, sendo materializado no processo de urbanização com desencadeamento
de problemas socioambientais.
Dados disponibilizados pelo UNDRR/EM-DAT (2020) em seu relatório intitulado “The
human cost of disasters: an overview of the last 20 years (2000-2019)”, indica que ao longo das
últimas décadas, o mundo enfrentou 7.348 eventos de desastres de cunho geofísico, hidrológico,
climatológico e meteorológico. Esses eventos acarretaram relevantes impactos
socioeconômicos ao redor do mundo, envolvendo mais de 4 bilhões de pessoas afetadas com
cerca de 1,23 milhão de mortes associadas, numa média de 60.000 por ano. Além disso, esses
números refletem cerca de 2,97 trilhões de dólares em perdas econômicas em todo o mundo.
(UNDRR/EM-DAT, 2020).
Esses dados fortalecem a discussão entre crescimento econômico e impactos ambientais,
observando o maior número de pessoas afetadas em países de menor nível de desenvolvimento
humano, a exemplo dos países subdesenvolvidos que são mais vulneráveis a ocorrências de
desastres naturais (Ministério da Integração Nacional, 2017; UNDRR/EM-DAT, 2020).
De modo geral, a ocorrência de desastres naturais deve-se a dois fatores principais: o
primeiro, é a relação com as características geográficas pela tendência de acordo com cenários
geomorfológicos. O segundo, corresponde ao desenvolvimento histórico, tais como, a relação
econômica, social, política e cultural devido às péssimas condições que atuam como fatores de
elevada vulnerabilidade socioambiental (ALCÂNTARA-AYALA, 2002).
Dentre os diversos prejuízos presentes em ambiente urbano, observa-se a perda de
propriedade e danos a residências, problemas de trânsito, deslocamento da população,
interrupção das atividades econômicas, suspensão dos serviços básicos de infraestrutura,
alteração da qualidade das águas e doenças transmitidas pela água, escorregamentos,
7
deslizamento de terras e perda de vidas humanas (PAES e BRANDÃO, 2013; TORGERSEN
et al, 2015).
Entende-se, portanto, que os impactos no ambiente urbano estão associados com a forma
de apropriação e ocupação do relevo, a partir de construções e edificações de diversos usos, que
permitem a alteração na paisagem através dos cortes em vertentes, terraplanagem em áreas de
topos, retificação de cursos d’água em fundos de vale, além da impermeabilização dessas
feições geomorfológicas. Geralmente esses impactos são mais suscetíveis na população de
baixa renda, uma vez que as áreas mais carentes dos centros urbanos apresentam ausência ou
ineficiência de infraestrutura básica e acesso à informação.
Diante disso, a sociedade no processo de apropriação e ocupação do relevo, interfere
diretamente na morfodinâmica pedológica, geomorfológica, hidrológica, entre outros, com
repercussões nas diferentes morfologias que sofrem modelações evidenciadas pela degradação
com a erosão, agradação através dos depósitos tecnogênicos e aterros antrópicos, e ações
intervencionistas a exemplo dos taludes e obras de terraplanagem (MIYAZAKI, 2014).
Segundo Cunha e Guerra (1996), a atuação desordenada e não fiscalizada de interesses
na produção do espaço urbano resulta na proliferação de áreas vulneráveis a riscos e
consequentes danos socioambientais. Com a intensificação desses problemas, cientistas das
diversas áreas do conhecimento passaram a dedicar-se aos estudos das inter-relações entre as
componentes naturais e sociais, definidoras das estruturas e do funcionamento do ambiente
(ALVES, 2010). No âmbito das geociências, estudos ambientais com base na perspectiva
sistêmica promoveram uma melhor compreensão das interações entre o conjunto de
subsistemas naturais e o sistema social.
É dentro desse contexto que esta pesquisa está inserida, ao entender o mundo como uma
conexão complexa entre diversos elementos naturais e sociais, analisando de forma integrada
os aspectos naturais e humanos, para compreender como essa relação provoca vulnerabilidades
na produção do espaço com consequentes gerações de riscos e entraves.

Justificativa e relevância da pesquisa

Na escolha do município de Arapiraca/Alagoas como objeto da investigação científica,


levou-se em consideração os aspectos socioeconômicos e ambientais, além da sua relevância
para o estado de Alagoas, principalmente para a Região Metropolitana do Agreste - RMA.

8
De acordo com a prefeitura de Arapiraca, a cidade é a segunda maior do estado de
Alagoas e representa o município de maior importância econômica para o interior do Estado.
Segundo Costa (2019) o município concentra a agricultura mais dinâmica com produção
agrícola diversificada e baseada no pequeno produtor rural de fumo, hortaliças e frutas, além
do evidente potencial industrial.
Arapiraca possui localização geográfica privilegiada e estratégica no escoamento de
seus produtos e no aproveitamento de produtos de outros municípios e regiões de Alagoas.
Segundo Vasconcelos (2017), os dezoito municípios do sertão que compõem a bacia leiteira de
Alagoas apresentam relações diretas com Arapiraca, tanto na comercialização em feiras livres
e pequenos mercados, quanto no aproveitamento dos produtos pela indústria alimentícia.
A relevância economia produtiva de Arapiraca tornou-se pauta alternativa da economia
colonial com a monocultura da cana-de-açúcar em Alagoas, visto que o estado é o maior
produtor da região Nordeste. Tal relevância é enfatizada por Cícero Péricles de Carvalho em
seus livros “Análise da Reestruturação Produtiva da Agroindústria Sucroalcooleira Alagoana”
(2009) e “Mudanças na agroindústria canavieira nordestina” (2021) quando mostra como a elite
agrícola da monocultura da cana-de-açúcar conseguiu, através do poder político, manter a
hegemonia econômica. Além disso, o referido autor também sinaliza em seus escritos a
necessidade de novas alternativas com o declínio da cana-de-açúcar considerado o principal
produto da economia do estado de Alagoas (cana-de-açúcar).
Com base nos dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE, o município de Arapiraca é o segundo mais populoso no estado de Alagoas, contando
em 2010 com 214.006 habitantes. As projeções populacionais mais recentes relativas ao ano de
2021 confirmam essa posição pelo crescimento demográfico no decênio, totalizando para o
município 234.309 mil pessoas, ficando atrás, apenas, da capital Maceió, cuja situação
evidencia o grande centro urbano e produtivo que a cidade vem se tornando, atraindo a atenção
de muitos habitantes do sertão, litoral e de outros municípios mais próximos.

Tabela 1: Estado de Alagoas, População urbana e rural dos quatro municípios mais populosos,
2010.

MUNICÍPIO URBANA RURAL TOTAL

Maceió 932.078 670 932.748

Arapiraca 181.481 32.525 214.006

9
Palmeira dos Índios 51.610 18.758 70368

Rio Largo 55.947 12.534 68481


Fonte: Adaptado de IBGE/SIDRA Censo demográfico, 2010.

As informações demográficas apresentadas por Mendes (2020), mostram que a


população urbana de Arapiraca teve um crescimento mais expressivo no período de 1970/1980
com aproximadamente 87%, bem acima da capital Maceió e dos demais municípios, com
decréscimos graduais nos decênios 1980/1991, 1991/2000 e 2000/2010 onde os incrementos
foram mais reduzidos. Observa-se, portanto, que nesses intervalos a população total do
município mostrou-se sempre crescente. Fato interessante, atribui-se ao crescimento na
produção industrial com o decréscimo no correr dos anos de sua população rural. Situações que
tais configuram o município como segundo maior centro urbano de Alagoas, atrás apenas de
Maceió.

Figura 1: Crescimento da população urbana nos quatro municípios mais populosos de Alagoas,
1970/2010.

Fonte: Adaptado de Mendes, 2010.

Frisa-se, portanto, que o potencial de exploração agrícola e industrial de Arapiraca


acarreta graves problemas socioambientais, devido as interferências antropogênicas não
planejadas refletidas na expansão urbana desordenada, manipulação incorreta dos solos na
agricultura, uso incorreto do terreno na construção civil, má gestão dos recursos hídricos e má
gestão dos resíduos produzidos pela cidade e pelo campo.

10
Alguns estudos realizados em Arapiraca como os de Nemésio (2022), Ferreira et al.
(2020), Damasceno et al. (2016), Zacarias (2022), Silva (2012) e Gomes et al. (2015), mostram
o avanço de forma desordenada da urbanização ao longo do território do município, sem
obedecer às determinações básicas estabelecidas no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
da cidade – PDDU, elaborado no ano de 2006, após a vigência do Estatuto da Cidade em 2001,
e já revisto em 2016, conforme prazo sugerido de 10 anos pelo referido diploma legal.
Damasceno et al. (2016) e Santos et al. (2016) ressaltam a evolução da ocupação a partir
da implantação de infraestrutura urbana, por parte do Estado, aliado aos empreendimentos
privados em Arapiraca, inicialmente nas porções mais centrais, fazendo a cidade experimentar
um certo nível de verticalização, e posteriormente em parcelas da periferia da cidade,
aumentando o perímetro urbano.
Com o aumento do perímetro urbano, o poder público torna-se responsável pela
ampliação dos sistemas de abastecimento e serviços, tornando a manutenção dos sistemas
básicos da cidade uma tarefa cada vez mais dispendiosa, prejudicando seu bom funcionamento
e ao mesmo tempo estressando e poluindo os sistemas ambientais, como constataram Feitosa
et al. (2020), na bacia do Riacho Piauí, ou Nemesio (2022) mais recentemente nos estudos sobre
os impactos dos condomínios em um trecho da bacia do Rio Perucaba.
Outras questões levantadas por Damasceno et al. (2016) e Santos et al. (2016) referem-
se às intervenções urbanísticas não programadas no plano diretor original, entre elas, a
construção de grandes equipamentos urbanísticos na porção noroeste da cidade, causando uma
supervalorização da área, porém gerando conflitos entre a comunidade de pescadores e o capital
imobiliário por uma porção de terra no Lago da Perucaba (VALÕES E GUERRA, 2019).
Os estudos de Melo et al. (2021), evidenciam uma expansão urbana em direção as áreas
mais periféricas do município de Arapiraca, provocando a diminuição de área vegetada e
aumentando a fragilidade do terreno aos processos morfodinâmicos, na medida que as áreas
mais centralizadas estão passando por um processo de verticalização e adensamento da
paisagem urbana, e valorização pelo mercado imobiliário provocando fenômenos de mudanças
microclimáticas como alertaram Santana et al. (2022), Barbosa et al. (2018), Leal & Barbosa
(2019) e Brandão (2020).
Neste contexto, para melhor compreender como a apropriação do relevo está
interferindo nos processos morfodinâmicos no território de Arapiraca, são necessárias pesquisas
que analisem de forma integrada a produção do espaço e dos mais diversos aspectos
socioambientais e econômicos da paisagem na escala do município.

11
Problematização e Objetivos

Nesta pesquisa, levanta-se a hipótese de que o rápido crescimento urbano de Arapiraca


contribuiu para as fragilidades socioambientais em diversas áreas do município, devido as
relações estabelecidas entre os diferentes níveis de suscetibilidade dos aspectos ambientais e
tipos de uso do terreno pelos agentes transformadores do espaço rural/urbano.

Na perspectiva de investigar o objeto proposto, surgem alguns questionamentos:

• Como se deu o processo de apropriação e ocupação do relevo no município de Arapiraca


ao longo do tempo histórico?

• Qual a distribuição espacial atual do uso e ocupação do relevo no município de


Arapiraca?

• Existe uma relação entre a suscetibilidade dos aspectos geomorfológicos com as áreas
de vulnerabilidade social em Arapiraca?

• A vulnerabilidade ambiental está relacionada com a forma de apropriação e ocupação


do relevo no município de Arapiraca?

• Como as ações antrópicas influenciam na vulnerabilidade das unidades de paisagem no


município de Arapiraca?

• Como os potenciais naturais do terreno podem ser compatibilizados com o processo de


ocupação e produção do espaço rural/urbano do município de Arapiraca?

Com base nas questões apresentadas, em termos gerais, a pesquisa visa compreender
como os diferentes usos e ocupação do solo influenciam no estabelecimento de áreas de
vulnerabilidade ambiental nas unidades de paisagem do município de Arapiraca – AL.

Em termos específicos pretende-se:

• Analisar o processo histórico de ocupação do município de Arapiraca no contexto do


estado de Alagoas;

12
• Caracterizar as condicionantes da natureza (geologia, geomorfologia, cobertura vegetal
e solos) verificando a suas influências na configuração socioespacial do município de
Arapiraca.

• Identificar o nível de suscetibilidade das unidades de paisagem e formas de relevo


associadas no município de Arapiraca;

• Estabelecer o índice de sustentabilidade, através de indicadores expressos pelo censo


demográfico do IBGE.

• Avaliar o avanço ou retrocesso da produção do espaço rural/urbano no intervalo de


tempo entre os anos de 2000 e 2022;

• Discutir as potencialidades e as vulnerabilidades das unidades de paisagem a partir da


utilização dos recursos naturais em Arapiraca.

Área de estudo

O município de Arapiraca está localizado na região Agreste de Alagoas, especificamente


na parte central do Estado entre as coordenadas geográficas 9° 44’ 4’’ de Latitude Sul e 36° 39’
26’’ de Longitude Oeste (Figura 2). Limita-se ao Norte com os municípios de Craíbas e Igaci.
Ao Sul com os municípios de Feira Grande e São Sebastião. A Leste com o município de
Limoeiro de Anadia e a Oeste com o município de Lagoa da Canoa.
Situa-se acerca de 130 km da capital Maceió, representando a segunda maior cidade em
termos populacionais do estado de Alagoas (SEPLAG, 2018). De acordo com o IBGE (2010),
o município de Arapiraca possui uma área territorial de 345,655 km². Desse total, 52,07 km²
corresponde a zona urbana e 293,585 km² a zona rural, com densidade demográfica de 600,83
hab/km² (SEPLAG, 2018). A zona urbana de Arapiraca, localizada na parte central do
município, com a ampliação do perímetro urbano pela prefeitura, vem apresentando
crescimento de forma acelerada nas últimas décadas, devido ao desenvolvimento econômico e
incremento populacional.
Sua posição geográfica privilegiada desempenha um papel fundamental na economia
local, servindo de passagem obrigatória para o escoamento de produtos da região, abrangendo
a rota de grandes setores econômicos industriais, agropecuários, comerciais e de serviços.
Afirma-se, portanto, que Arapiraca é uma das principais cidades do Nordeste, abastecendo
regiões geoeconômicas do estado de Alagoas e potencializando o desenvolvimento da região.
13
Figura 2: Município de Arapiraca, Localização geográfica, 2023.

Organização: Adsson André da S. Gomes, 2023.


14
1. A ABORDAGEM SISTÊMICA COMO METODOLOGIA INTEGRADORA E AS
BASES TEÓRICO-CONCEITUAIS SOBRE AMBIENTE, RISCO E
VULNERABILIDADE

1.1. A abordagem sistêmica no estudo da morfogênese e morfodinâmica das paisagens


geomorfológicas

De acordo com Troppmair (2006), a preocupação com a visão holística e sistêmica do


mundo vem desde a antiguidade com as obras de Alexander von Humboldt, destacando,
especialmente, sua obra “Cosmos”, onde Humboldt busca compreender as conexões entre cada
elemento e cada sistema que compunha a paisagem estudada.
Troppmair (2006) também afirma que com o passar dos anos essa visão integrada da
geografia deu lugar a uma alta disciplinarização entre cada área do conhecimento geográfico,
como a Climatologia, Geologia, Geomorfologia, Geografia Urbana etc, assim como também
houve a atribuição de um maior peso a característica ou uso do solo predominante de uma
paisagem para classificá-la, dessa forma utilizando conceitos como, por exemplo, região natural
ou antrópica, ou agrícola, região urbanizada.
Na década de 1930, o pensamento sistêmico ressurge, principalmente, entre os biólogos
como Alexander Bogotano a pelo menos 20 ou 30 anos antes de Bertalanffy (TROPPMAIR,
2006). Antes mesmo de qualquer esforço mais consciente acerca de qualquer sistematização
teórica é possível notar formulações empíricas e metodológicas, propriamente da formulação
do conceito apropriado, como mencionado pelo próprio Bertalanffy:

Embora o termo ‘sistema’ propriamente não tivesse sido empregado, a história


deste conceito inclui muitos nomes ilustres. Sob a designação de ‘filosofia
natural’, podemos fazê-lo remontar a Leibniz, a Nicolau de Cusa, com sua
consciência dos opostos, à medicina mística de Paracelso, à visão da história
de Vico e ibn-Kaldun, considerada como uma série de entidades ou ‘sistemas’
culturais, à dialética de Marx e Hegel, … (BERTALANFFY, 1968).

Porém, o primeiro esforço para formulações voltadas para a esquematização e


classificação da Teoria Geral dos Sistemas foi de Ludwig Von Bertalanffy (1968) em seu livro
“Teoria Geral dos Sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações”, definindo o conceito
de sistema como um complexo de elementos em interação, que é amplamente aceito por
geógrafos como Troppmair e Antônio Christofoletti, entre outros.
A obra de Bertalanffy é considerada um marco no pensamento sistêmico, quebrando o
paradigma de grande divisão entre as disciplinas, com uma visão monossêmica e positivista do
15
mundo e do objeto científico, construindo um novo paradigma na metodologia científica,
principalmente no âmbito das ciências ambientais, com a esquematização da Teoria Geral dos
Sistemas, apresentando uma visão de alta correlação e de contexto e dinâmica entre os
elementos dos modelos do mundo.
Havia a necessidade de uma nova abordagem sistêmica, devido à ineficiência da
abordagem mecanicista clássica perante a busca por respostas satisfatórias aos problemas das
ciências em desenvolvimento e da nova tecnologia emergente, dos sistemas computacionais e
novas lógicas de produção e comunicação, principalmente por se tratarem de problemas reais
com recorrente utilização de apenas duas variáveis de séries causais lineares isoláveis, muito
relacionada com a física teórica clássica que era estendida para as outras ciências.
Para conceituar o ambiente como um sistema aberto é necessário ter conhecimento de
alguns conceitos fundamentais que descrevem seu comportamento geral e as características
observáveis de seus elementos, subsistemas e fluxos de matéria e energia.
O conceito mais elementar dos sistemas é o de unidade, o composto único e simples,
que não possui parte e pode ser considerado individualmente para ser explicado dentro do
sistema, porém, como afirma Christofoletti (1999), não significa que ele não seja complexo,
visto que a relação de conjuntos e subconjuntos se estabelece a partir de diferentes
caracterizações. Portanto, um sistema é constituído de diversas unidades, ou elementos, que
adotando uma visão hierárquica tanto podem ser considerados simples elementos quanto
sistemas em si, com suas características e complexidade.
Para tratar de sistemas abertos também é necessário assumir uma certa disposição de
seus elementos, ou seja, uma determinada organização que permite seu funcionamento em um
estado de homeostase, constantemente recebendo/liberando energia e construindo/destruindo
matéria com o ambiente, e que permita uma explicação dos fatos empíricos no tempo e no
espaço. De acordo com as organizações assumidas pelos sistemas, para Christofoletti (1980)
eles podem ter tamanhos variados, que é determinado pela quantidade de elementos que o
compõe, dessa forma quanto maior o número de elementos maior é o nível de complexidade do
sistema.
Uma questão importante de ser observada nos sistemas é a correlação e causalidade, que
também podem determinar o nível de complexidade dos sistemas, onde segundo Christofoletti
(1980), é importante identificar como as variáveis se organizam e se relacionam no espaço e no
tempo e qual dos elementos do sistema pode controlar essas relações.

16
Tratando-se da organização de um sistema é importante considerar as noções de
crescimento associadas a forma como ele se desenvolve ao longo do tempo, como demostrado
matematicamente por Bertalanffy (1968), podendo crescer positivamente ou negativamente.
Os elementos de um sistema podem ser analisados de forma separada um dos outros,
sendo possível a explicação das características do sistema, pois o todo é simplesmente a
somatória dos atributos de seus elementos, como por exemplo, na petrologia onde as
características dos minerais são atribuídas a sua composição química e ao arranjo de suas
moléculas.
Os conceitos de mecanização progressiva, segundo Bertalanffy (1968) explicita a alta
especialização de funcionalidade de cada elemento do sistema com o passar do tempo, e o de
centralização progressiva, a subordinação de elementos menos dominantes para elementos mais
dominantes do sistema, onde os primeiros determinariam menos as características e
funcionalidades dos sistemas e o segundo teria maior peso nessa determinação.
O conceito de totalidade, seria talvez, um dos mais discutidos na ciência geográfica,
visto que na análise das unidades de paisagem busca-se compreender o contexto de um objeto
ao ambiente que ele pertence, ou seja, sua totalidade. Bertalanffy (1968) afirma que um sistema
se comporta como um todo, no qual as variações de qualquer elemento dependem de todos os
outros.
Christofoletti (1999) fez considerações acerca do conceito de totalidade dos sistemas,
afirmando que a totalidade se aplica às entidades constituídas por um conjunto de partes, cuja
interação resulta numa composição diferente e específica, independente da somatória dos
elementos componentes (CHRISTOFOLETTI, 1999).
Indo além de Bertalanffy, afirmando que o todo pode assumir uma nova estruturação e
funcionalidade diferente de seus componentes e em diferentes níveis hierárquicos cada
elemento possui suas características particulares, como também pode ser analisado com uma
totalidade a partir de seus componentes.

1.1.1 O sistema geomorfológico

Para evitar algumas subjetividades existem normas e classificações propostas como a


de Bertalanffy (1968) que exemplifica dois métodos de pesquisa geral dos sistemas. O primeiro,
é o método empírico intuitivo, utilizando um certo número de princípios conhecidos para
aplicação ao objeto estudado, devendo acrescentar novos princípios se observados, o segundo
método é o dedutivo, onde o autor parte de uma hipótese sobre o objeto respondendo essa

17
afirmação considerando suas variáveis como contínuas e o tempo como variável independente,
assumindo que o sistema tende a evoluir.
Para Christofoletti (1980) as formas e os processos representam a essência dos estudos
geomorfológicos podendo distinguir alguns subsistemas que compõem o sistema
geomorfológico e que são importantes para entendê-lo: O sistema climático, o biogeográfico,
o geológico e o antrópico, podendo cada um desses subsistemas interferir diretamente na
morfodinâmica e em sua vulnerabilidade (Figura 3).

Figura 3: Os subsistemas que compõem o sistema geomorfológico.

Fonte: Christofoletti (1980)

Para Christofoletti (1980, 1999), os sistemas podem ser classificados de acordo com o
seu número, espécie e relações de seus elementos. Como segue:

• Sistema Fechado: são os sistemas considerados isolados de seu ambiente, onde a


quantidade de entropia cresce no sistema até um estado de equilíbrio (geralmente
sistemas tratados pela física clássica, como a termodinâmica);

• Sistema Aberto: são aqueles que se mantém em um contínuo estado de fluxo de entrada
e de saída, conservando-se mediante a construção e a decomposição de componentes,
nunca estando em estado de equilíbrio, mas em um estado estacionário ou de
homeostasia.

Na Geomorfologia Christofoletti (1999), fez diversas considerações acerca da


abordagem sistêmica e em seu livro “Modelagem de sistemas ambientais” apresenta algumas
classificações de sistemas seguindo as premissas definidas por Campbell (1958) no texto
18
“Common Fate, Similarity, and other indices of the status of aggregates of persons as social
entities”, onde esse autor define quatro premissas para serem consideradas pelo pesquisador ao
conceituar fenômenos do ambiente como sistemas, evitando ao máximo subjetivismos. São
eles, conforme as palavras de Campbell:

• A proximidade espacial de suas unidades: “Elementos próximos são mais prováveis de


serem percebidos como partes da mesma unidade”;

• A similaridade de suas unidades: “Elementos similares são mais prováveis de serem


percebidos como partes da mesma unidade”

• O objetivo comum das unidades: “Elementos que se movem em direções semelhantes,


assim como em direções divergentes em sucessivas observações, compartilham um
objetivo e podem ser percebidos como parte da mesma unidade”;

• A padronagem distinta ou reconhecível de suas unidades: “Elementos que formam parte


de uma organização ou padrão espacial, de forma linear ou mais complexas podem ser
percebidas como parte da mesma unidade”.

Christofoletti (1999) apresenta outras classificações de sistemas, conforme o critério da


funcionalidade adotada por Forster, Rappaport e Trucco, como se constata:

i. Sistemas isolados: são aqueles que dadas as condições iniciais, não sofrem nenhuma
perda nem recebem energia ou matéria do ambiente que os circundam. Assemelhando-
se ao conceito de sistemas fechados de Bertalanffy, cujo sistema busca seu fluxo
máximo ou mínimo de energia ou informação, e seu estado final ou de equilíbrio
provável (Entropia);

ii. Sistemas não-isolados: mantêm relações com os demais sistemas do universo no qual
funcionam, ao contrário dos sistemas isolados esses não atingem um estado de
equilíbrio, mas um estado estacionário através da construção e destruição de matéria.
Eles podem ser subdivididos em:
ii.i. Fechados: quando há permuta de energia, mas não de matéria, exemplo, a terra e o
ciclo hidrológico;

ii.ii. Abertos: quando ocorre constantes trocas de energia e matéria, tanto recebendo como
perdendo, exemplo, bacia hidrográfica, vertente, cidade etc.

19
Outra proposta de classificação baseia-se na complexidade da composição integrativa
de Chorley e Kennedy (1971), com maior ênfase na Geografia Física em que identifica os
sistemas pelas suas estruturas, a saber:

i. Morfológicos: são compostos somente pela associação das propriedades físicas dos
sistemas e de seus elementos componentes, ligados com os aspectos geométricos e de
composição, constituindo os sistemas menos complexos das estruturas naturais;

ii. Encadeantes: são compostos por cadeia de subsistemas, possuindo tanto grandeza como
localização espacial, que são dinamicamente relacionados por uma cascata de matéria e
energia;

iii. Processos-respostas: são formados pela combinação de sistemas morfológicos e


sistemas em sequência;

iv. Controlados: são aqueles que apresentam a atuação do homem sobre sistemas de
processos respostas.

1.2 Outras abordagens metodológicas aplicadas aos estudos integrados das paisagens
geomorfológicas

Dentre os geógrafos brasileiros, Ab’Sáber, (1968); Christofoletti, (1980); Monteiro,


(1980) e diversos outros, utilizaram o modelo geossistêmico na aplicação dos estudos de áreas
naturais integradas.
Ab’ Saber (1968), por sua vez, elenca três diferentes níveis de investigação quaternária
para classificação e conhecimento das fragilidades das paisagens, partindo do conhecimento
dos fatores geomorfológicos de seus processos internos na formação do substrato geológico e
externos de modelação do relevo até a interferência humana. Na compartimentação da
topografia regional o pesquisador deverá descrever as formas compartimentadas de relevo. No
segundo nível, leva-se em consideração a estrutura superficial das paisagens, procurando obter
informações sistêmicas acerca da história evolutiva dos processos tectônicos criadores do
embasamento rochoso e dos processos morfogenéticos deposicionais e denudacionais, nas
sequências dos processos paleo e morfoclimáticos da área de estudo; e por último, analisar o
aspecto fisiológico da paisagem, destacando os elementos mais importantes para as formações
recentes do relevo, como o solo, hidrodinâmica, dinâmica climática e vegetação.

20
Conforme salientou Troppmair (2006) foi Viktor Borissevich Sotchava quem criou o
termo Geossistema na geografia, fazendo-o a partir do conceito de sistemas de Bertalanffy
(1968) e de sua vivência na pesquisa e na interpretação do espaço geográfico de seu país,
Rússia.
A concepção de geossistemas para Sotchava baseia-se na escala regional, abrangendo
áreas com centenas, até mesmo, milhares de quilômetros quadrados, podendo considerar-se em
sua classificação propostas em níveis globais, regionais e locais, de acordo com o interesse do
pesquisador. Sotchava ao definir seu conceito de Geossistemas, o fez de forma muito aberta e
generalista, permitindo diversas interpretações sobre sua definição e questões de escala.
Ao definir as bases lógicas para o estudo dos Geossistemas, Sotchava (1977) utilizou-
se do critério espacial, pois todo geossistema tem sua própria escala podendo ter abrangência
local, regional e planetária, da mesma forma os geossistemas também sofrem um processo de
transição no tempo, denominada por Sotchava de transição de geossistema, quando ele partir
de um estágio temporal para outro, seja por seus fatores internos ou por alterações de fatores
externos a ele, através de inputs de energia ou matéria.
Tendo em vista sua variação espacial e evolução temporal Sotchava dividiu os
geossistemas, primordialmente, como geossistemas primitivos, visto que todo geossistema é
considerado um sistema natural, e que a partir da experimentação das ações humanas passam a
ser sistemas geotécnicos, correspondendo aos geossistemas subjugados ao controle episódico
ou constante das ações humanas.
Antes de qualquer análise a ser realizado em um Geossistema, Sotchava (1977) orienta
que ele precisa passar por um desmembramento, para identificar seus principais elementos
ambientais da biogeocenose, pois antes de tudo isto é uma formação natural, e seus elementos
sociais, econômicos e tecnogênicos, que refletirão seus impactos no Geossistema.
Para Cavalcanti et al. (2010) o estudo dos geossistemas, seus elementos e suas
interações, divide-se em três linhas de pesquisa: a tipológica, que se preocupa com a
classificação dos geossistemas com base nos tipos de elementos que caracterizam seu padrão
espacial homogêneo, a corológica, se dedicando ao estudo das relações e organização entre os
geômeros, e a dinâmica, tratando da variação dos geossistemas no tempo. Tais como os três
exemplos de modelos apresentados por Sotchava (1977).
Da mesma forma que Sotchava em seu livro apresenta três diferentes modelos que
podem ser utilizados para o estudo dos geossistemas: 1 – Modelos de componentes funcionais,
que servem para estudar a recepção, transporte, transformação e êxodo de qualquer tipo de

21
matéria de um geossistema, dando a ideia de interação dentro do próprio sistema; 2 – Modelos
geômeros-funcionais, que são utilizados para refletir o papel funcional dos fácies nos
macrogeócoros e geômeros de outras categorias em geócoros aos quais pertencem; e 3 – Modelo
dinâmico estrutural, que tem por finalidade revelar as diferentes categorias dinâmicas e estados
variáveis dos geossistemas.
Sotchava em sua proposta também se preocupa em apresentar uma categorização das
unidades de paisagem mínimas, a partir de uma classificação bilateral dos geômeros (estruturas
homogêneas da paisagem) e dos geócoros (estruturas heterogêneas da paisagem) ambos
passando entre os níveis globais, regionais e locais.
Salientam Cavalcanti et al. (2010) e Neto et al. (2014) que os geômeros e os geócoros
podem ser divididos como estão apresentados no quadro 1, seguindo a classificação
bidimensional de Sotchava (1977), com definição de duas fileiras de unidades da paisagem:

Quadro 1: Subdivisão taxonômica dos geossistemas conforme Sotchava.


Linha de Geômeros Dimensão (escala) Linha dos geócoros
Geossistema planetário
Cinturão físico-geográfico
Conjunto de tipos de meios naturais
Grupos de Regiões físico-
(conjunto de tipos de paisagem)
Planetária geográficas
Tipos de meios naturais (tipos de Subcontinente e conjuntos de suas
paisagem) megaposições
Classes de geomas Regiões físico-geográficas
Com
Com zonalidade
Subsclasses de geomas diferenciação
latitudinal
vertical
Regional
Grupos de
Grupos de geomas Zonas naturais
províncias
Subzonas/Provín
Subgrupos de geomas Províncias
cias
Geomas Macrogeócoro (Distrito/Paisagem)
Classes de Fácies Topogeócoro (Raion)
Mesogeócoro (Terrenos e grupos de
Grupos de Fácies
Topológica tratos)
Fácies Microgeócoro (trato)
Área homogênea elementar, Área heterogênea elementar,
geômero elementar, biogeocenose geócoro elementar
Fonte: Cavalcante et al. (2010)

Observa-se no quadro 1 as três escalas das unidades de paisagem com a classificação


dos ambientes em escala planetária, entre os grupos de regiões físico-geográficas e os
subcontinentes, que evidenciam a influência dos fatores telúricos (gravidade, radiação solar,
22
peculiaridades da crosta terrestre); em escala regional, entre as regiões físico-geográficas e as
províncias, onde são evidenciados a distribuição zonal dos fenômenos naturais (domínios
climáticos, províncias geológicas, biomas etc); e marcando a passagem entre a escala regional
e a topológica ou local, está o macrogeócoro (“okrug”), representando o meio termo entre a
dimensão regional e topológica.
Tricart (1977), a partir da noção de sistemas ambientais como sistemas abertos e do
conceito de ecossistema desenvolvidos por ecólogos, discute os meios morfodinâmicos,
considerando um equilíbrio entre os processos geomorfológicos de pedogênese e morfogênese,
ao passo que mostra a importância da necessidade de se compreender tanto a biocenose, quanto
o ecótopo de um ecossistema para entendimento do comportamento e as fragilidades das
paisagens.
Para classificar a Ecodinâmica dos ambientes o autor admite quatro aspectos
importantes a serem descritos no meio natural. O primeiro corresponde ao nível atmosférico,
referentes a influência da heterogeneidade da absorção solar pelo geossistema terrestre.
O segundo são as áreas de vegetação, que ao ser influenciadas pela heterogeneidade da
radiação solar e da distribuição de chuvas no planeta se espalha de forma diferenciada de acordo
com a zona da terra.
O terceiro aspecto é a superfície do solo, concentrando-se nos fluxos hídricos, ou seja,
nos processos exógenos naturais que controlam as feições mais recentes do relevo (vertentes,
ravinas, voçorocas) e a formação pedogenética que por sua vez tem influência na distribuição
da vegetação a níveis regionais e locais.
Por fim a parte superior da litosfera, onde os fluxos de energia e matéria assumem a
formação dos diferentes solos (pedogênese), meteorização de rochas e de minerais do solo e os
processos morfogenéticos.
Através da investigação desses quatro fatores ecodinâmicos, Tricart fez uma análise
integrada do ambiente em quatro passos, cada um com sua complexidade, sendo eles:

• A definição do quadro regional adotando os aspectos das condições climáticas e do


quadro morfoestrutural, este último englobando a tectônica das deformações recentes e
a de tempos mais antigos; e das condições das formações litológicas;

• A análise morfodinâmica a partir do estudo do sistema morfogenético, sendo ele função


do clima em escala regional sobre a litologia, onde os diferentes domínios
morfoclimáticos são capazes de gerar diferenciações numa mesma unidade

23
morfoestrutural; a análise dos processos morfogenéticos recentes; grau de influência
antrópica e a estabilidade morfodinâmica;
• Recursos ecológicos cujo os dados devem mostrar a intervenção na ocupação e
reorganização do território, sejam eles os recursos de regimes hídricos, condições
climatológicas, os solos ou as limitações oferecidas pelo meio através de um diagnóstico
agrológico;

• Problemas da gestão do território, fazendo uma classificação de outros domínios da área


estudada para permitir o poder decisório no ambiente.

A partir da análise integrada, faz-se a classificação do ambiente em três classes também


definidas por Tricart (1977): os meios estáveis, os meios intergrades e os meios fortemente
instáveis, fazendo uma divisão do meio em subsistemas no território que torna mais fácil a
tomada de decisão na gestão do território.

1.3 O ambiente na geografia

O termo ambiente encontrava-se inicialmente associado a uma concepção naturalista,


porém a partir do final do século XX e início do XXI, o espaço passou a sofrer uma intensa
pressão da obra humana sobre a natureza e sobre os recursos naturais, sem precedentes na
história das sociedades, tornando-se possível verificar uma profunda mudança nas paisagens
naturais em todo o mundo, ampliando o debate com maior preocupação na utilização dos
recursos do ambiente (MENDONÇA, 2009; ALVES, 2010).
É neste contexto de busca de soluções para a problemática e conflituosa relação entre a
sociedade e a natureza junto as complexas transformações das paisagens no mundo, ocorridas
ao longo do início do século XXI, que impuseram aos geógrafos a necessidade de sair de uma
base descritiva do ambiente e adotar o termo a partir de uma visão mais integradora do conjunto
natureza-sociedade, pois o que interessa para a geografia física é um profundo conhecimento
da composição e dinâmica processual da natureza e as derivações oriundas de sua apropriação
e transformação pela sociedade, como se observa no esquema apresentado por Mendonça
(2009) (Figura 4).

24
Figura 4: Abordagem ambiental na geografia moderna.

Fonte: Adaptado de Mendonça (2009).

Na geografia o que se observa nos estudos de cunho ambiental é um conjunto de


proposições baseadas em unidades escalares para classificar, hierarquizar, dividir e subdividir
as paisagens da superfície terrestre, como pode ser visto em estudos de Tricart (1971), Bertrand
(1968, 2002), Sotchava (1969) e Ross (1992), buscando uma visão integradora das paisagens
da terra.
Em diversos estudos de geografia é possível observar a busca pela maior ou menor
influência e relação entre os elementos abióticos como o relevo e o clima, ou o clima e a
vegetação, com os solos, a hidrografia e outros componentes do ambiente. Além dos
componentes abióticos a ação humana vem ganhando cada vez mais importância na análise
geográfica, figurando no quadro das análises ambientais como um agente capaz de alterar não
apenas um aspecto visual da paisagem, mas sua dinâmica como um todo.
Com a maior aplicação das geotecnologias, onde derivou-se muitos estudos tanto
voltados para aplicações puramente científicas, quanto para estudos de planejamento territorial
e gestão dos recursos ambientais, os geógrafos passam por um desafio de não sucumbir ao
enfraquecimento da análise geográfica frente a visão da ciência apenas como feitos técnicos
sem teoria que embase a análise da paisagem, principalmente através do apelo do
“desenvolvimento sustentável” (SOUZA, 2009).
Na concepção de Christofoletti (1999), a palavra ambiente tem sido usada de forma
genérica e ampla, deixando seu significado muito aberto a interpretações, pois a mesma palavra
pode ter diversos significados de acordo com o contexto de sua aplicação.
25
Para a realização de trabalhos com a problemática ambiental é necessário utilizar
conceitos mais bem definidos e precisos, permitindo sua aplicação através de procedimentos
analíticos e critérios de avaliação. Então, na tentativa de definir o melhor significado para a
palavra ambiente, em um estudo de fundamentação ambiental Christofoletti (1999) afirma dois
usos comuns para o termo, o primeiro é o ambiente com foco no contexto e circunstâncias que
envolvem o ser vivo, comumente utilizado para se referir as condições em que vive o ser
humano. A segunda perspectiva considera a funcionalidade interativa da geosfera-biosfera,
evidenciando diferentes unidades de organização do ambiente que englobam diferentes
aspectos físicos (abióticos) e bióticos que compõem o ambiente do globo terrestre.

1.4 Risco, vulnerabilidade e gestão de risco ambiental

De acordo com a Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de


Desastres (UNISDR, 2009), a palavra risco possui duas conotações distintas, uma atribuída ao
uso popular que indica probabilidade, tal como risco de acidente, enquanto a outra definição
possui cenários técnicos em que a ênfase é normalmente colocada sobre consequências, em
termos de perdas potenciais por alguma causa, local e períodos específicos. Dessa forma,
observou-se que as pessoas não partilham necessariamente a mesma percepção do significado
e causas subjacentes de riscos diferentes (UNISDR, 2009).
Segundo Aven (2010) a definição de risco está ligada à perda esperada. A partir desse
conceito, existe uma deficiência para a distinção de situações que envolvem grandes
consequências e pequenas probabilidades e eventos que ocorrem frequentemente com
consequências bastante pequenas. Aven (2010), sugere que a abordagem do risco seja além da
probabilidade de ocorrência do evento e das devidas proporções e, portanto, apresenta três
definições de acordo com a literatura científica:

i. O risco é uma medida da probabilidade e gravidade dos adversos efeitos;

ii. O risco é a combinação da probabilidade de um evento e das suas consequências;


iii. O risco é igual aos três componentes (Si, Pi, Ci), em que Si representa o cenário i; Pi
representa a probabilidade desse cenário; e por fim Ci é a consequência do cenário i =
1, 2, …, N;

Nas definições apresentadas observa-se que o conceito de risco inclui eventos


(cenários), consequências (resultados) e probabilidades. As incertezas são expressas através de
26
probabilidades e a severidade é uma forma de caracterizar as consequências, conforme
apresentado por Aven (2010) na seguinte equação:

• Risco = f {Cenário, Consequência, Probabilidade};

Outros autores como Covello & Merkhofer (1993), definem risco como um conceito
bidimensional que envolve a possibilidade de um resultado adverso e a incerteza sobre a
ocorrência, momento ou magnitude desse resultado expresso na fórmula seguinte em que o
risco é uma função do perigo e da vulnerabilidade.

• Risco = Perigo x Vulnerabilidade;

Nesse contexto, vulnerabilidade corresponde a um conjunto de condições determinadas


por fatores ou processos físicos, sociais, econômicas, culturais, técnicos, educativos e
ambientais que aumentam a fragilidade de uma comunidade ao impacto de ameaças e deixam
as pessoas mais expostas ao perigo (OLIMPIO et al, 2017; CEMADEN, 2021). Com base no
IPCC (2012) - Intergovernamental Panel on Climate Change, a vulnerabilidade desempenha
um papel cada vez mais importante para explicar o nível dos impactos relacionados, sendo uma
das principais causas do aumento dos danos e prejuízos advindos de desastres recorrentes.
Como ilustra a figura 5, os riscos associados a desastres naturais dependem das ações
humanas, condições da população expostas aos fatores de vulnerabilidade e não apenas das
condições físicas e dos cenários. A noção de risco tem uma relação com as condições de
incerteza, insegurança e falta de proteção que se manifestam nas esferas econômicas,
ambientais, sociais e culturais.
Assim, o risco resulta da probabilidade do fenômeno ameaçador (natural ou antrópico)
que atua sobre um sistema socioeconômico com certo nível de vulnerabilidade, culminando
num desastre (CUTTER, 2001). A ameaça é a estimativa da ocorrência e magnitude de um
evento adverso, expressa em termos de probabilidade estatística de concretização do evento (ou
acidente) e da provável magnitude de sua manifestação (CASTRO, 2007). Ou seja, é uma
situação que tem a possibilidade de provocar danos e prejuízos ao ser humano, ao meio
ambiente e/ou aos bens materiais (CEMADEN, 2017).

27
Figura 5: Determinação do risco natural.

Fonte: OLIMPIO et al, 2017.

Estudos que discutem desastres, riscos e vulnerabilidades possibilitam associar


características naturais e sociais, contribuindo para elaboração de políticas públicas. Alguns
deles concluem que as consequências ocasionadas por desastres naturais afetam grupos sociais
de maneira distinta, significando que seus efeitos não são democráticos e nem compartilhados
de forma igualitária (BECK, 2006; FRAGOSO, 2013).
O IPCC (2012, p.5) define gestão de risco de desastre como “processos de concepção,
implementação e avaliação de estratégias, políticas e medidas para melhorar a compreensão e
redução do risco de desastres, fomentar a transferência de tal risco e promover a melhoria
contínua da preparação da resposta e práticas de recuperação frente a desastres, com o objetivo
explícito de aumentar a segurança, o bem-estar, a qualidade de vida da humanidade, a resiliência
e o desenvolvimento sustentável”.
Segundo Cardona (2008), a gestão do risco é o conjunto de elementos, medidas e
instrumentos que visam a intervenção da ameaça ou vulnerabilidade, a fim de reduzir ou mitigar
os riscos existentes. Ainda de acordo o autor, na concepção da política de gestão de desastres,
deve ser considerado:

a) Conhecimento da dinâmica, incidência, causalidade e natureza dos fenômenos que


podem se tornar ameaças e as vulnerabilidades a esses eventos; b) Incentivo e promoção
de vários mecanismos e ações adequadas para reduzir as condições de risco existentes,
incluindo mecanismos de reordenamento territorial, reassentamento humano,
recuperação e controle ambiental, reforço de estruturas, construção de infraestrutura de
28
proteção ambiental, diversificação de estruturas produtivas, fortalecimento de níveis
organizacionais, etc.; c) Capacidade de prever, medir e divulgar informações confiáveis
sobre mudanças contínuas no ambiente físico e social, e sobre a iminência de eventos
nocivos, destrutivos ou desastrosos; d) Preparação da população, instituições e
organizações para enfrentar os desastres iminentes e para responder de forma eficaz ao
impacto de um determinado evento físico, que potenciem e utilizem as competências da
população; e) Mecanismos que garantam a efetiva implementação, organização e
controle dos esquemas de reabilitação e reconstrução que considerem, entre outros
aspectos, a redução do risco nas áreas afetadas; f) Prospectiva redução do risco em
projetos futuros, através da análise de risco nos processos de tomada de decisão e de
investimento, e da utilização de mecanismos de ordenamento do território, controle das
construções, gestão ambiental, etc; g) Investimento em processos educativos a todos os
níveis que garantam uma compreensão adequada do problema do risco e das opções
para o seu controle, redução ou modificação (CARDONA, 2008, p.6;7)

De acordo com a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC, Lei Nº


12.608, de 10 de abril de 2012, que dispõe da criação de sistema de informações e
monitoramento, foi estabelecido para a gestão de desastres as seguintes ações: prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação (Figura 6).

Figura 6: Ciclo das fases da gestão de desastres.

Fonte: Adaptado de CEPED UFSC, 2013.

Os conceitos a seguir são baseados no PNPDEC (2012); IPCC (2012); Miguez et al


(2018); Cardona (2008); Margarida et al (2013) e Tominaga et al (2009).

Prevenção / Mitigação

A etapa da prevenção possui um papel delimitador em relação a outro conjunto de


elementos, medidas e instrumentos, cujo objetivo é intervir principalmente antes da ocorrência
29
de uma catástrofe propriamente dita, ou seja, constituem o campo da preparação, resposta e
reconstrução em caso de ocorrência de um evento (CARDONA, 2008).
De acordo com o Ministério da Integração Nacional (2017), o termo prevenção refere-
se a medidas e atividades prioritárias, anteriores à ocorrência do desastre, destinadas a evitar ou
reduzir a instalação de novos riscos de desastre.
Sendo assim, em síntese, a ação de prevenção compreende duas etapas: a primeira é
avaliação de risco, onde ocorre a fase de identificação, que corresponde ao planejamento com
características de estudo de situação, possui a finalidade de identificar os desastres potenciais
de maior prevalência e caracterizar a sua importância em função da probabilidade de ocorrência
e da estimativa dos danos previsíveis, caso o desastre se concretize; A outra etapa remete-se a
redução dos riscos propriamente dito, em que adota medidas para a redução da magnitude dos
processos advindos dos desastres e para reduzir as consequências socioeconômicos
(TOMINAGA et al, 2009; MARGARIDA et al, 2013).
No Brasil, os investimentos em prevenção são insignificantes, se comparados aqueles
destinados às respostas a desastres (ALHEIROS, 2011). Estudo da Confederação Nacional de
Municípios (CNM), realizado em 2010, sobre a emissão de portarias de reconhecimento de
Situação de Emergência e Estado de Calamidade Pública pela Secretaria Nacional de Defesa
Civil mostrou que entre 2006 e 2010, os recursos destinados à prevenção e à resposta foram de
respectivamente R$462.266.060 e R$ 3.167.442.780.
Como destacado, o objetivo final da prevenção é evitar que ocorra um desastre, isto é,
expressa o conceito e a intenção de evitar por completo os possíveis impactos adversos.
Segundo Margarida et al (2013), as ações de mitigação pretendem minimizar ou limitar os
impactos adversos das ameaças e dos desastres, não é possível prevenir todos os impactos
adversos dos desastres (prevenção), mas é possível diminuir consideravelmente sua escala e
severidade mediante diversas estratégias e ações (mitigação).

Preparação
A fase da preparação compreende atividades que promovem práticas antes de eventuais
desastres, ou quando uma sociedade é impactada por um evento físico específico, em síntese,
representa a base/estrutura para as ações de respostas (CARDONA, 2008).
Segundo Miguez et al (2018), a preparação para emergências e desastres tem por
objetivo otimizar o funcionamento do SINPDEC, especialmente das ações de resposta aos
desastres e de reconstrução, constituindo-se de: desenvolvimento institucional;

30
desenvolvimento de recursos humanos; desenvolvimento científico e tecnológico; mudança
cultural; motivacional e articulação empresarial; informações e estudos epidemiológicos sobre
desastres; monitorando; alerta e alarme, planejamento operacional e de contingência;
planejamento de proteção de populações contra riscos de desastres focais; mobilização;
aparelhamento e apoio logístico.

Resposta

A ação que estabelece medidas emergenciais corresponde a resposta, em que são


realizadas durante ou após o desastre, que visam prestar socorro e assistência a população
atingida e retorno dos serviços essenciais (Ministério da Integração Nacional, 2017).
Segundo Miguez et al (2018), a resposta tem por objetivo reagir a ocorrência dos
desastres, que compreende as seguintes atividades gerais:

Socorro às populações em risco, desenvolvimento em três fases: pré-impacto: intervalo


de tempo que ocorre entre o prenúncio e o desenvolvimento do desastre (ou seja, do
alarme até o desastre propriamente dito); impacto: momento em que o evento adverso
atua em sua plenitude; limitação de danos (também chamada fase de rescaldo):
corresponde à situação imediata ao impacto, quando os efeitos do evento adverso
iniciam o processo de atenuação; Assistência as populações afetadas, que depende de
atividades: logísticas; assistências; de promoção da saúde; Reabilitação dos cenários
dos desastres, compreendendo as atividades de: avaliação de danos; vistoria e
elaboração de laudos técnicos, desmontagem de estruturas danificadas, desobstrução e
remoção de escombros; sepultamento; limpeza, descontaminação, desinfecção e
desinfestação do ambiente; reabilitação dos serviços essenciais; recuperação de
unidades habitacionais de baixa renda. (MIGUEZ et al, 2018, p. 10)

A resposta de emergência ou ajuda humanitária visa garantir segurança e condições de


vida às populações afetadas durante o período pós-evento (CARDONA, 2008).

Recuperação

A última etapa corresponde a recuperação, que tem por finalidade restabelecer as


condições socioeconômicas, a infraestrutura e o bem-estar da população. Segundo Cardona
(2008), as atividades de reabilitação e reconstrução visam restaurar e proporcionar melhores
condições de segurança no futuro por meio de esquemas de intervenção que podem reduzir o
risco, ou seja, prevenir novos desastres, destacando a sequência cíclica da figura 9 das etapas
de gerenciamento dos desastres (TOMINAGA et al, 2009).

31
1.5 Vulnerabilidade e relações com a apropriação do relevo

Juntamente com o risco a vulnerabilidade está em função de uma série de fatores


ambientais e sociais, como o solo, a litologia, a cobertura vegetal, o uso do solo e um conjunto
de características envolvendo o relevo, que favoreçam a ocorrência de processos
morfodinâmicos com uma maior intensidade e frequência.
O homem depende diretamente dos recursos da natureza como qualquer outro ser do
sistema terrestre, mantendo com ela uma relação profunda, seja pela necessidade de conseguir
alimentos, para ter um lugar para morar e se proteger dos perigos, ou na obtenção de ferramentas
para o trabalho. É certo no caso do homem que essa relação foi elevada a um outro nível de
complexidade ao se considerar todas as estruturas da economia, política, engenharia, social e
científica que se desenvolveram ao longo da história humana, com múltiplas finalidades.
Todo esse desenvolvimento se deu através do trabalho, onde através de um esforço
consciente, o ser humano transforma os recursos naturais de acordo com as suas necessidades
através do trabalho, o trabalho é, num primeiro momento, um processo entre a natureza e o
homem, processo em que este realiza, regula e controla por meio da ação, um intercâmbio de
materiais com a natureza (Marx, 1967 apud Casseti, 1991).
Santos (1977) fazendo suas considerações acerca do espaço geográfico afirma que o
espaço seria um conjunto de objetos indissociáveis que antes era natureza selvagem, formada
por objetos naturais do meio biótico e abiótico, e vão sendo substituídos por objetos técnicos,
mecanizados e cibernéticos, chamando de natureza artificial. Santos não considera a sociedade
como parte alheia à natureza, ela é totalmente ligada a natureza podendo apenas ser explicada
a partir dessa relação com o ambiente, ao mesmo tempo que a sociedade a transforma.
Bertrand (1968), Tricart (1977), Troll (1950), Suertegaray (2003) consideram a
paisagem ou o espaço como uma associação entre os sistemas naturais e as ações humanas
através da sociedade.
A natureza e a sociedade são categorias fundamentais para a análise da paisagem, pois
a partir da natureza a humanidade obtém os recursos necessários e a partir do trabalho o ser
humano à transforma. Para Casseti (1991), no intercâmbio de materiais se logra a unidade do
homem com a natureza onde ela se transforma e se adapta as necessidades do homem, criando
uma “segunda natureza”, um habitat do homem, determinado pelas peculiaridades da cultura e
da organização social.

32
A apropriação do relevo pela sociedade, faz parte da evolução dessa interação homem-
natureza, que vem mudando sua forma, através do trabalho e da técnica através da história. De
acordo com Casseti (1991) o relevo é o componente da paisagem no qual o homem e toda sua
produção se assentam e é nele onde ocorre as interações homem-natureza, mostrando marcas e
alterações em superfície como consequências de tal interação. Pois o relevo do planeta e suas
especificidades condicionam a ocupação das sociedades, assim como os tipos e a distribuição
dos solos, a vegetação e algumas características climáticas locais (CASTRO, 2015)
Sendo assim, a exploração inadequada do relevo e da natureza como um todo pode levar
a consequências graves para a sociedade devido a reprodução rápida e muitas vezes
incontrolada das paisagens e/ou espaços antropizados levando a desequilíbrios naturais, por isso
é necessário estudar o relevo como um dos grandes aspectos ambientais capazes de oferecer
respostas a desequilíbrios ambientais.

1.6 Os processos modeladores do relevo

Os principais processos morfogenéticos que causam risco a ocupação humana, são


completamente naturais e responsáveis também pela alteração do relevo e de outros aspectos
na paisagem. Por isso é importante conhecer quais são e quais seus principais fatores de
controle. Os processos morfogenéticos podem variar sua forma de ocorrência e intensidade no
terreno conforme algumas características do ambiente. Huggett (2007) e Christofoletti (1980)
enumeram algumas características do relevo que são responsáveis pelo controle dos processos
morfogenéticos de intemperismo e erosão (Quadro 2).

Quadro 2: Atributos primários e secundários, segundo Huggett (2007) e Christofoletti (1980)


que controlam os processos no relevo e podem ser extraidos de DEMs para análise do relevo.
Atributos Definição Aplicações
Atributos primários
Variações das características
Elevação em relação ao nível climáticas, vegetação, solo,
Altitude
do mar material que o compõe e
potencial energético.
Inclinação do terreno,
Índice de alteração da escoamento superficial e
Declividade
elevação subsuperficial, capacidade de
infiltração
Direção azimutal da Irradiação da vertente,
Aspecto
superfície da vertente evapotranspiração
33
Aceleração do escoamento,
padrões de deposição e
Curvatura do perfil da Mudança da declividade no
erosão, evolução dos solos,
vertente sentido latitudinal da vertente
classificação das unidades de
relevo
Caracterização do
Mudança do ângulo azimutal
Curvatura do plano da direcionamento do
no sentido longitudinal da
vertente escoamento, classificação das
vertente
unidades de relevo
Atributos secundários

Índice de retenção de
Índice de Umidade
As = Captação específica umidade
b = declividade
Observações sobre a
Energia solar recebia em uma
Irradiação vegetação, a
determinada área
evapotranspiração e os solos
Fonte: Adaptado de Hugget (2007) e Christofoletti (1980).

De acordo com Huggett (2007), as paisagens do mundo que estão livre das camadas de
gelo, são compostas basicamente de noventa por cento de encostas e dez por cento pelos canais
fluviais e suas planícies de inundação. As encostas são uma parte integral das bacias
hidrográficas, responsáveis pelo transporte de matéria ao longo de todo o sistema da bacia
hidrográfica.
Divide-se os processos morfogenéticos em dois grandes grupos de acordo com a sua
finalidade, os que tem causando o desprendimento (processos intempéricos) das partículas de
diversos tamanhos e formas, do solo ou da rocha matriz, e aqueles que possuem a finalidade de
transportar (processos erosivos) os sedimentos para outras áreas adjacentes a encosta ou mais
distante. Todos os processos vão variar de acordo com sua energia potencial e cinética, que
como foi exposto no quadro 2, podem ser influenciados por múltiplos fatores da forma e
composição do terreno.
Então para realizar as ações de desprender partículas de sedimentos e transportá-las
pelas vertentes, topos de relevo, planícies e cursos de drenagem alguns processos ocorrem na
superfície e subsuperfície das vertentes. Esses processos são responsáveis pela esculturação do
relevo e agem associados uns aos outros (CHRISTOFOLETTI, 1980).
Segundo Christofoletti (1980), o Intemperismo é responsável pela produção de detritos
produzidos, constituindo etapa da formação do regolito, que serão transportados pela erosão. O
Intemperismo pode ser classificado entre intemperismo químico (decomposição das rochas) e

34
intemperismo físico (fragmentação das rochas) e podem tem causas variadas de acordo com a
disponibilidade de água, clima e suscetibilidade da rocha (BIGARELLA, 2003). Observa-se
uma breve classificação dos processos intempéricos no Quadro 3.

Quadro 3: Classificação dos tipos de intemperismo.

Classe Sub-classe Causa


Dissolução Nível de pH da água
Absorção de água pelos
Hidratação
minerais
Reação entre ións ou cátions
Hidrólise (H+ ou OH-) dos minerais
Intemperismo químico com os da água
Reação entre o ácido
Carbonatação carbônico presente na água
com os minerais
Reação do oxigênio presente
Oxidação
na água com os minerais
Efeito dissecante da água e
Desagregação mecânica alteração na absorção da
umidade pela rocha
Fricção ou impacto entre
Abrasão mecânica
rochas
Intemperismo físico
Mudanças térmicas sazonais
e ao longo dos dias, causadas
Mudanças térmicas pela quantidade e intensidade
de irradiação solar, e
congelamento da água
Fonte: Bigarella (2003). Adaptado pelo autor.

Além dos processos intempéricos, as formas das vertentes e do relevo também são
consequência dos processos erosivos. Esses processos erosivos são diretamente responsáveis
por transportar sedimentos de diferentes características, podendo ser causadas pela água
superficial (rios, fluxos laminares), água subterrânea (escoamento de subsuperfície e
subterrâneo), ondas, ventos, gravidade e geleiras.
A água da chuva é o principal condicionante para a ocorrência do transporte dos
sedimentos ao longo da encosta. Bigarella (2003) e Christofoletti (1980) afirmam que o
transporte mais presente é o escoamento superficial ou enxurrada, que ocorre livremente na
superfície terrestre, quando a pluviosidade é maior que a capacidade de infiltração da água no
solo da vertente.

35
Segundo Christofoletti (1980), o escoamento superficial pode ocorrer de forma difusa
ou laminar, quando a água escorre sem nenhum padrão de direção dos leitos, ou de forma
concentrada, quando o escoamento da água assume um padrão do leito, tornando-se mais
eficiente no transporte dos sedimentos.
Bigarella (2003) e Huggett (2007) afirma que a água da chuva ao cair na vertente
também pode infiltrar e escoar em subsuperfície e subterraneamente. Que consequentemente se
torna capaz de transportar partículas menores do que no escoamento superficial, como é
evidenciado por Huggett:

Suspended particles and colloids transported this way will be about ten
times smaller than the grains they pass through, and throughwash is
important only in washing silt and clay out of clean sands, and in
washing clays through cracks and roots holes (HUGGETT, 2007).

Além dos fatores apresentados no quadro 3, a infiltração e o escoamento são controlados


por outras características do substrato, tais como a frequência e intensidade da precipitação, a
porosidade, permeabilidade, agregação e fendas do solo e/ou rocha, além do uso do solo
presente (vegetação, cultura agrícola, urbano, solos desnudos) (BIGARELLA, 2003).
Outro tipo de processo morfogenético muito comum nas encostas de ambientes tropicais
são os movimentos de massa, que tem como sua principal causa a ação gravitacional, muitas
vezes como consequência de fragilidades nas encostas causadas por outros fatores, naturais ou
antrópicos (CHRISTOFOLETTI, 1980).
Huggett (2007) faz uma rápida e didática classificação dos movimentos de massa,
definindo-os como um processo de transporte rápido e intermitente de material desgastado ao
longo da encosta, podendo ser divididos em rastejamento “creep”, solifluxão “flow”, avalanche
“heave”, deslizamentos “slide”, desmoronamentos “fall” e subsidência “Subsidence”.
Já Zêzere (2005) afirma que os processos morfogenéticos podem ter características
específicas devido a variedades de movimentos que podem assumir durante sua ocorrência. O
autor também define critérios de classificação, conceitos sobre os tipos de movimentos de
massa e faz alguns detalhamentos acerca de alguns processos morfogenéticos.
De acordo com Zêzere (2005) e Cunha & Guerra (1996), os movimentos de massa
podem ser classificados da seguinte forma:

i. Desabamento: deslocamento de solo ou rocha a partir de um movimento abrupto, em


uma superfície onde os movimentos tangenciais são nulos ou reduzidos. O material
desloca-se predominantemente pelo ar, por queda, saltação ou rolamento;

36
ii. Balanceamento ou Rastejamento: rotação de uma massa de solo ou rocha, a partir de um
ponto ou eixo situado abaixo do centro de gravidade da massa afetada. Apresentando
movimentos frequentes em massas rochosas com descontinuidades inclinadas de modo
contrário ao declive. Desenvolvem-se lentamente e pode ou não evoluir para
desabamento ou deslizamento;

iii. Deslizamento: movimento de solo ou rocha que ocorre dominantemente ao longo de


planos de ruptura, onde a massa deslocada durante o movimento apresenta graus de
deformação bastante variáveis, podendo ser compostos por sedimentos, detritos ou
rochas;

• Deslizamento rotacional (slumps): Ocorrem ao longo de superfícies de ruptura


curvas, côncava para cima, em meios geralmente homogéneos.

• Deslizamento Translacional: possui superfícies de ruptura em formato planar,


acompanhadas de modo geral por descontinuidades mecânicas ou hidrológicas do
terreno;

iv. Expansão lateral: deslocação lateral de massas coesivas de solo ou rocha, combinada
com uma subsidência geral no material brando subjacente, alvo de liquefação ou
escoada.

v. Escoadas ou Solifluxão: Movimento espacialmente contínuo onde as superfícies de


tensão tangencial são efémeras e mal preservadas. A distribuição das velocidades na
massa afetada assemelha-se à de um fluido viscoso.

Para Guerra (2010), os deslizamentos são processos erosivos naturais contínuos que
modelam o relevo na dinâmica da paisagem. Porém podem ser acelerados pela interferência
humana na composição da paisagem, oferecendo risco aos sujeitos que estão presentes na área
de ocorrência desse fenômeno.
Existem alguns fatores importantes que são responsáveis pela ocorrência, em maior ou
menor frequência dos processos de movimentos de massa, como fraturas, falhas e foliação no
substrato rochoso, e descontinuidades no solo.
Um último fator considerado é a ação biológica e edáfica nas vertentes como agente de
intemperismo e erosão. Eles são capazes de criar fragilidades e alterar características
importantes dos solos, tais como a coesão e porosidade, e gerando fraturas e desagregação das
rochas, facilitando a percolação das águas oriundas das chuvas e consequentemente a atuação
dos processos erosivos de superfície e subsuperfície.
37
Outro processo muito recorrente nas paisagens das cidades e campo brasileiro são as
enchentes e inundações. São termos atribuídos a desastres naturais, em específico na categoria
de desastres hidrológicos e representam um dos principais problemas ambientais que afligem
constantemente diversas comunidades em diferentes partes do planeta (MIC/IPT, 2007). Entre
suas causas destaca-se a ação de processos naturais, relacionados ao excesso de água, devido
aos extremos de cheias e/ou problemas na drenagem urbana, além de mudanças provocadas por
ações antrópicas (MIGUEZ et al, 2018).
As inundações têm acarretado relevantes impactos socioeconômicos ao redor do mundo,
foram mais de 1.6 bilhão de pessoas afetadas com quase 104 mil mortes associadas a este
fenômeno durante o período de 2000 a 2019 (UNDRR/EM-DAT, 2020). Dentre os diversos
prejuízos à população, observa-se a perda de propriedade e danos a residências, problemas de
trânsito, deslocamento da população, interrupção das atividades econômicas, suspensão dos
serviços básicos de infraestrutura, alteração da qualidade das águas e doenças transmitidas pela
água. No caso de fortes tempestades, podem ocorrer impactos mais sérios, como deslizamento
de terras e perda de vidas humanas (PAES e BRANDÃO, 2013; TORGERSEN et al, 2015).
De acordo com o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais (CEPED/UFSC, 2013), através
da Codificação Brasileira de Desastres – COBRADE, o termo inundação é atribuído as áreas
submersas fora dos limites normais de um curso d’água em zonas que normalmente não se
encontram submersas.
A inundação é o processo de extravasamento das águas do canal de drenagem para as
áreas marginais (planície de inundação, várzea ou leito maior do rio), quando a enchente atinge
cota acima do nível máximo da calha principal do rio, como se observa na figura 7. O
transbordamento ocorre de modo gradual em áreas de planície, geralmente ocasionado por
chuvas distribuídas e alto volume acumulado na bacia de contribuição (CEMADEN, 2016;
MIC/IPT, 2007).
Desse modo, as enchentes representam a elevação do nível d’água no canal de drenagem
devido ao aumento da vazão, atingindo a cota máxima do canal, porém, sem extravasar
(FUNASA, 2016). Enquanto os alagamentos são caraterizados pela extrapolação da capacidade
de escoamento de sistemas de drenagem urbana e consequente acúmulo de água em ruas,
calçadas ou outras infraestruturas urbanas, em decorrência de precipitações intensas
(CEMADEN, 2016).

38
Figura 7: Representação da inundação, enchente e situação normal.

Fonte: CEMADEN, 2016.

Segundo o CEMADEN (2016) e MIC/IPT (2007) os assentamentos urbanos encontram-


se geralmente localizados em áreas de planícies de inundação e, com o crescimento
desordenado das cidades, observa-se um aumento progressivo da intensidade e alcance dos
eventos de inundação, assim como o impacto destes na população (Figura 7).
Na concepção de Tucci e Bertoni (2003), as inundações podem ocorrer devido as
condições naturais ou geradas por uso e ocupação do solo, como urbanização ou obras
hidráulicas, e essas condições podem ser explicadas de acordo com as características dos leitos
do rio (Figura 8). Conforme opinam, o escoamento pluvial pode produzir inundações e impactos
nas áreas urbanas, devido a dois processos que ocorrem isoladamente ou combinados:
Inundações de áreas ribeirinhas e inundações devido a urbanização, pois

(...) nas inundações de áreas ribeirinhas os rios geralmente possuem dois leitos, o leito
menor onde a água escoa na maioria do tempo e o leito maior, que é inundado com risco
geralmente entre 1,5 e 2 anos. O impacto devido à inundação ocorre quando a população
ocupa o leito maior do rio, ficando sujeita à inundação. Nas inundações devido à
urbanização as enchentes aumentam a sua frequência e magnitude devido à
impermeabilização, ocupação do solo e à construção da rede de condutos pluviais. O
desenvolvimento urbano pode também produzir obstruções ao escoamento, como
aterros e pontes, drenagens inadequadas e obstruções ao escoamento junto a condutos e
assoreamento (TUCCI, 2002, p. 8)

Diante disso, as inundações de áreas ribeirinhas ocorrem no leito maior dos rios por
causa da variabilidade temporal e espacial da precipitação e do escoamento na bacia
hidrográfica, enquanto as inundações em razão da urbanização ocorrem na drenagem urbana

39
por causa do efeito da impermeabilização do solo, canalização do escoamento ou obstruções ao
escoamento (TUCCI, 2008).

Figura 8: Aspectos dos leitos do rio.

Fonte: TUCCI (2008).

Quando a precipitação é intensa e a quantidade de água que chega simultaneamente ao


rio é superior à sua capacidade de drenagem, ou seja, a da sua calha normal, resultam inundação
nas áreas ribeirinhas. Os problemas resultantes da inundação dependem do grau de ocupação
da várzea pela população e da frequência com a qual ocorrem as inundações, sendo assim a
velocidade de propagação da onda de inundação pode chegar em regiões onde constituem um
risco de desastre natural para a população (TUCCI e BERTONI, 2003; CEMADEN, 2016).
A população de maior poder aquisitivo tende a habitar os locais seguros ao contrário da
população carente que ocupa as áreas de alto risco de inundação, provocando problemas sociais
que se repetem por ocasião de cada cheia na região. Quando a frequência das inundações é
baixa, a população ganha confiança e despreza o risco, aumentando significativamente
investimento e a densificação nas áreas inundáveis. Nesta situação, as enchentes assumem
características catastróficas (TUCCI e BERTONI, 2003).
Tucci em suas obras “Gerenciamento da Drenagem Urbana” (2002), “Águas Urbanas”
(2003) e “Inundações Urbanas na América do Sul” (2008), discute os principais problemas
relacionados com infraestrutura e a urbanização nos países em desenvolvimento como se
constata nessa última publicação:

Grande concentração populacional em pequena área, com deficiência no sistema de


transporte, falta de abastecimento e saneamento, ar, água poluída e inundações. Essas

40
condições ambientais inadequadas reduzem condições de saúde, qualidade de vida da
população, impactos ambientais, e são as principais limitações ao seu desenvolvimento;
O aumento da periferia das cidades de forma descontrolada pela migração rural em
busca de emprego. Esses bairros geralmente estão desprovidos de segurança, de
infraestrutura tradicional de água, esgoto, drenagem, transporte e coleta de resíduos
sólidos, e são dominados por grupos de delinquentes geralmente ligados ao tráfico de
drogas; A urbanização é espontânea e o planejamento urbano é realizado para a cidade
ocupada pela população de renda média e alta. Para áreas ilegais e públicas, existe
invasão e a ocupação ocorre sobre áreas de risco como de inundações e de
escorregamento, com frequentes mortes durante o período chuvoso. Parte importante
da população vive em algum tipo de favela. Portanto, existem a cidade formal e a
informal. A gestão urbana geralmente atinge somente a primeira (TUCCI, 2008, p.63).

Sabe-se que os impactos associados aos desastres hidrológicos se estruturaram ao longo


do tempo e foram intensificados a partir da industrialização e urbanização que expressam as
contradições entre o modelo de desenvolvimento econômico e a realidade socioambiental
(FRAGOSO, 2013). Essas contradições se manifestam na degradação ambiental que prejudica
a capacidade de recuperação da natureza, como, por exemplo, questões associadas ao
desmatamento e o uso inadequado do solo têm provocado alterações profundas no ambiente e
dificultando sua capacidade de regeneração.
Somam-se a essas questões, inúmeros problemas decorrentes do crescimento
populacional, a consequente expansão urbana, a pobreza e o acesso desigual aos recursos
naturais. Nessas circunstâncias, a exposição aos riscos ambientais e o grau de vulnerabilidade
socioambiental de determinadas populações tendem a ser ampliadas (FRAGOSO, 2013).

41
2. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS

2.1 Métodos Qualitativos e Quantitativos da pesquisa

Sabe-se que o método quantitativo compreende os fenômenos através da coleta de dados


numéricos, enquanto o método qualitativo não emprega um instrumental estatístico como base
na análise de um problema, não pretendendo medir ou numerar categorias. Desse modo, para
analisar os aspectos geoambientais e socioeconômicos no município de Arapiraca/AL serão
utilizados distintos procedimentos metodológicos associados a diferentes etapas da pesquisa
quali-quantitativa.
O contexto geoambiental será analisado a partir da combinação de fatores/indicadores,
calculados através da distribuição de classes, em que implica a atribuição de peso para cada
variável (aspectos físico-ambientais), conforme critérios a serem estabelecidos em campo e por
meio de referências bibliográficos. Será utilizado o software Qgis para aplicação de modelos
estatísticos e probabilísticos, assim como, na análise da distribuição e densidade das variáveis
no tempo e espaço.
Os aspectos socioeconômicos, serão baseados em avaliações do potencial social,
produtivo e institucional do município de Arapiraca. Levar-se-á em consideração a seleção de
indicadores sociais, ambientais e econômicos relevantes de modo comparativo e sistemático,
em consonância com informações obtidas com gestores do município que permitam caracterizar
a sustentabilidade e avaliar a potencialidade social da área.

2.2 Elaboração da base cartográfica e mapas temáticos de Arapiraca

A base cartográfica será elaborada através da confecção de mapas derivados de modelos


digitais de elevação do satélite ALOS-PALSAR (Advanced Land Observing Satellite and
Phased Array L-band Synthetic Aperture Radar) e de imagens coloridas de satélite Sentinel-2
na projeção UTM-SIRGAS 2000, em escala 1:50.000, disponibilizadas pela plataforma
Copernicus Open Access Hub da Agência Espacial Europeia (The European Space Agency –
esa).
Para complementar a análise integrada dos aspectos naturais no município de Arapiraca
será realizado o mapeamento das diferentes unidades de paisagem da área com posterior
acréscimos de outras fontes de informações para melhor alcance no nível de detalhamento dos

42
aspectos geoambientais e obtenção de dados e parâmetros necessários para o mapeamento das
áreas de vulnerabilidade ambiental.
Adotar-se-á a metodologia estabelecida por Crepani et al. (1996, 2001, 2008), e
utilizada por Nascimento et al. (2005), Alves (2010), Santos (2019). O mapeamento das áreas
de vulnerabilidade ambiental se dará a partir do cruzamento de dados obtidos pelos mapas
temáticos de geomorfologia, geologia, pedologia e uso e cobertura do solo, através de software
SIG Qgis 3.X.

2.2.1 Mapa geomorfológico

A elaboração do mapa geomorfológico permite a visualização dos domínios


morfoestruturais, unidades geomorfológicas e os aspectos comportamentais do relevo. Assim,
na elaboração deste produto, serão considerados os domínios ambientais locais associados as
unidades geomorfológicas e investigações de campo.
No processo de mapeamento levar-se-á em conta a classificação taxonômica do relevo
proposta por Ross (1992), representados no 3° e 4° táxons, identificadas respectivamente como
unidades morfológicas ou de padrões de formas semelhantes e tipos de forma de relevo (Figura
9).
Figura 9: Classificação taxonômica do relevo

Fonte: Ross (1992).

43
Para auxiliar na análise geomorfológica e quantificar a distribuição altimétrica,
inclinação da superfície do terreno e o nível de dissecação do relevo da área, serão
confeccionados mapas de hipsometria, declividade e rugosidade do relevo.
A representação das características morfológicas, será a partir do Modelo Digital de
Elevação do Satélite ALOS-PALSAR da Agência Espacial JAXA (Japan Aerospace
eXploration Agency). Trata-se de um produto que possui uma resolução espacial de 12,5 x 12,5,
proporcionando maior detalhe da superfície do município de Arapiraca e permitindo maior
precisão e confiabilidade nos resultados. Além de ser de domínio público, apresenta a melhor
resolução existente quando comparado com os demais satélites livres disponíveis para
download.

2.2.2 Mapa geológico

Entende-se que o conhecimento geológico proporciona o estudo da composição da


geologia de superfície, as características da litologia e suas interferências nos índices de
suscetibilidade à dinâmica da morfogênese. O mapa geológico do município de Arapiraca será
elaborado através do cruzamento de informações de diferentes fontes cartográficas fornecidas
por instituições governamentais como o banco de dados, informações e produtos da CPRM
(Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais).
Os dados serão extraídos do mapa geológico e de recursos minerais de Alagoas (2017),
na escala de 1:250.000; carta geológica e recursos minerais da folha Arapiraca (2017), escala
de 1:250.000; e mapa de geodiversidade do estado de Alagoas (2015), escala de 1:250.000.

2.2.3 Mapa pedológico

Os mapas de solos do Zoneamento Agroecológico do estado de Alagoas - Mapa de


Reconhecimento de Baixa e Média Intensidade de Solos – Folha Arapiraca SC. 24-X-D-V- MI
- 1598 (EMBRAPA, 2012), escala 1:100.000, disponível em meio digital, constituirão a base
para o estudo e elaboração do mapa de solos do município de Arapiraca/AL.
Será feito o recorte que abrange a área do município de Arapiraca, em seguida, as
unidades de mapeamento dos solos passarão por tratamento digital, através do software QGIS
3.X. Como as imagens de satélite estão numa escala de maior detalhe (1:25.000), se comparado
as cartas produzidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, em escala
de 1:100.000, será necessário fazer um ajuste cartográfico nos mapas de solos para que estejam
numa escala compatível com as imagens de satélite.

44
Para esta finalidade, serão acrescentados pontos de perfis de solo coletados durante os
trabalhos realizados pela EMBRAPA e de perfis coletados a partir de observações em campo,
estes perfis agregam informações complementares, permitindo conhecer as características
texturais das classes de solos, oferecendo elementos para a discussão sobre o comportamento
do solo em relação ao uso no local. É importante salientar, que os solos constituem papel
fundamental na avaliação da vulnerabilidade da unidade de paisagem, visto que destacam o
balanço pedogênese/morfogênese.

2.2.4 Mapa de uso e ocupação do solo

Para confecção deste produto cartográfico, será utilizado como base o Mapa de
Cobertura e Uso da Terra do Brasil (IBGE, 2008), na escala de 1:250.000 disponibilizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cartas topográficas matriciais em escala de
1:100.000 através do Banco de Dados Geográficos do Exército Brasileiro (BDGEX) e imagens
de satélite Sentinel - 2, identificando e categorizando o modo de uso da área de estudo e o
padrão de ocupação nos canais de drenagem e nas vertentes acentuadas editados no software
SIG Qgis 3.x.

2.2.5 Mapas complementares

Além dos mapas que serão utilizados para a composição do mapa de vulnerabilidade e
perda do solo, também serão confeccionados mapas de lineamentos estruturais e de densidade
de lineamentos estruturais do município de Arapiraca, seguindo a metodologia aplicada por
Chiessi (2004), para dar maior suporte nas análises de geologia e geomorfologia, visto que a
análise dos lineamentos de relevo ou da drenagem podem evidenciar descontinuidades e
processos que contam a história do embasamento geológico da paisagem.
Os lineamentos estruturais serão interpretados como qualquer feição linear de uma
superfície mapeável, simples ou composta, cujas partes são alinhadas de forma reta ou
levemente curva, que difere distintamente dos padrões de feições adjacentes e presumivelmente
reflete um fenômeno de subsuperfície (O’LEARY, 1976).
Os lineamentos estruturais serão observados a partir de imagens de relevo sombreado e
da obtenção dos cursos de drenagem na área do município de Arapiraca, derivadas de dados do
modelo digital de elevação do satélite ALOS/PALSAR. As imagens de relevo sombreado serão
feitas em quatro diferentes azimutes de iluminação sobre o terreno, 45°, 90°, 315° e 360°, e

45
com elevação de iluminação de 45°, após esse procedimento os mapas serão sobrepostos e os
lineamentos semelhantes serão eliminados.

2.3 Definição dos critérios para análise de vulnerabilidade das unidades de paisagem

Neste tópico, objetiva-se avaliar a vulnerabilidade ambiental da paisagem do município


de Arapiraca de acordo com a proposta de Crepani et al (1996; 2001 & 2008). Para isso, é
necessário o estudo integrado dos principais condicionantes geoambientais (Geologia,
Geomorfologia, Pedologia e Uso e Ocupação do Solo), elaborando os respectivos mapas
temáticos que representam suas principais características nas unidades básicas da paisagem.
Para Crepani (1996) as informações oferecidas pelos mapas precisam ser integradas para que
se tenha um retrato fiel do comportamento de cada unidade frente a sua ocupação.
Para o desenvolvimento da metodologia que será apresentada, Crepani et al. (1996; 2001
& 2008) adotaram os princípios da Ecodinâmica (Tricart, 1977), dividindo os ambientes
naturais em meios estáveis, meios intergrades e meios instáveis, como se observa no quadro 4.

Quadro 4: Valores de estabilidade de unidades de paisagem.

Fonte: Tricart (1977) apud Crepani (1996)

Nesta análise Crepani et al. (1996), atribuíram 21 classes de vulnerabilidade à erosão,


representadas por meio de cores obtidas pela combinação das três cores primárias (azul, verde
e vermelho), distribuídas entre as unidades que apresentam maior estabilidade, representadas
por valores mais próximos de 1,0 na cor azul, as unidades de estabilidade intermediária,
representadas por valores ao redor de 2,0 na cor verde, enquanto que as unidades territoriais
básicas mais vulneráveis apresentam valores mais próximos de 3,0 na cor vermelha dentro da
escala de vulnerabilidade (CREPANI et al., 1996; 2001).

46
Seguindo a metodologia de Crepani et al (1996; 2001; 2008) o modelo é aplicado
individualmente aos temas (Geologia, Geomorfologia, Solos, Vegetação e Clima) que
compõem as unidades territorial básica, recebendo posteriormente um valor final, resultante da
média aritmética dos valores individuais com base na equação empírica expressa a seguir, que
representa a posição desta unidade dentro da escala de vulnerabilidade natural à perda de solo.
Neste trabalho, ao contrário de utilizar o índice de vulnerabilidade da vegetação, será utilizado
índice referente ao uso do solo, conforme Alves (2010):

(G+R+S+U +C)
V=
5
Onde:
V: Vulnerabilidade;
G: Vulnerabilidade para o tema Geologia;
R: Vulnerabilidade para o tema Geomorfologia;
S: Vulnerabilidade para o tema Solos;
U: Vulnerabilidade para o tema Uso do solo;
C: Vulnerabilidade para o tema Clima.

A representação da vulnerabilidade ou estabilidade das unidades de paisagem serão


associadas por meio do total de 6 cores obtidas, também, a partir da combinação das três cores
primarias (azul, verde e vermelho) e da simplificação da escala de cores de Crepani (1996),
definindo intervalos de valores para especificar os ambientes em condições de vulnerabilidade
e/ou estabilidade, como pode ser visto no quadro 5.
Na classificação utilizada na metodologia, as unidades que apresentam maior
estabilidade são representadas por valores entre 1,0 e 1,3 na cor azul, as unidades de estabilidade
moderada são representadas por valores entre 1,4 e 1,7 na cor azul-claro, as unidades de
paisagem em equilíbrio ou um estado intermediário são representadas por valores entre 1,8 e
2,2 na cor verde, as com vulnerabilidade moderada apresentando valores entre 2,3 e 2,6 na cor
amarela e por fim as paisagens com maior vulnerabilidade apresentando valores entre 2,7 e 3,0
na cor vermelha (Quadro 5).
A avaliação da estabilidade/vulnerabilidade da geologia, geomorfologia, pedologia e
uso e cobertura do solo permitirão conhecer o estado ecodinâmico das Unidades de Paisagem
destes condicionantes ambientais. Para a confecção dos mapas de vulnerabilidade das
condicionantes ambientais de Arapiraca serão definidos critérios de avaliação para cada tema,
do mesmo modo os valores respectivos segundo as características dos domínios.
47
Quadro 5: Representação da vulnerabilidade ou estabilidade das unidades territoriais básicas.

Intervalo de Relação
Grau de Vulnerabilidade Cores
valores pedogênese/morfogênese

1 – 1,3 Estável Prevalece a pedogênese

Tendência para prevalecer a


1,4 – 1,7 Moderadamente Estável
pedogênese

Intermediária
Equilíbrio entre
1,8 – 2,2 Estabilidade/Vulnerabilida
pedogênese/morfogênese
de

Moderadamente Tendência para prevalecer a


2,3 – 2,6
Vulnerável morfogênese

2,7 – 3,0 Vulnerável Prevalece a morfogênese

Fonte: Adaptado de Crepani et al (1996, 2001).

Pretende-se considerar algumas características importantes para avaliar o grau de


estabilidade/vulnerabilidade através da simples operação de obtenção de média aritmética de
cada característica que posteriormente irá compor o valor de cada tema escolhido por meio de
consulta bibliográfica (Quadro 6).
Para cada característica serão atribuídos valores de peso tabelados por Crepani et al.
(2001 e 2008) para identificação das diferentes áreas de vulnerabilidade das unidades de
paisagem do município de Arapiraca.

Quadro 6: Critérios para avaliação do grau de estabilidade/vulnerabilidade.

Tema Critérios

48
Grau de coesão das rochas
Geologia
Evolução geológica

Amplitude altimétrica

Geomorfologia Declividade

Grau de dissecação

Pedologia Textura do solo

Uso e cobertura do solo Grau de proteção da cobertura vegetal e uso do terreno

Pluviosidade anual
Clima
Duração do período chuvoso

Fonte: Crepani et al., 2001.

2.3.1 Análise de vulnerabilidade da Geomorfologia

A análise dos aspectos geomorfológicos tem sua importância por mostrar como os
processos de alteração do relevo agem no terreno, evidenciando a fragilidade da rocha matriz,
mais ou menos coesa e a intensidade com que os processos de entrada a partir do clima e da
drenagem agem no substrato, assim como algumas características que tornam o solo mais ou
menos frágil, como sua porosidade e permeabilidade (CREPANI, 2008).
O aspecto geomorfológico é dotado de uma maior complexidade, visto que as formas
do relevo não são simplesmente a resposta de apenas uma variável ambiental, como a estrutura
das rochas ou da intensidade, tipo e duração de eventos climáticos no substrato geológico, são
combinação de múltiplas estruturas, formas e processos ambientais, de trocas de energia e
matéria em um complexo sistema aberto. Por isso, foram considerados três fatores chaves para
a análise geomorfológica pretendida: a amplitude altimétrica, a declividade e grau de
dissecação.
Na tabela 2 observa-se os valores adotados para o emprego da primeira variável
considerada, a amplitude altimétrica (CREPANI, 2001; 2008). Esta característica pode
evidenciar a diferença entre a intensidade ou predominância dos processos de aprofundamento
da dissecação do relevo.
49
Tabela 2: Valores de vulnerabilidade para amplitude altimétrica.

Amplitude Amplitude Amplitude


Altimétrica Vuln. Altimétrica Vuln. Altimétrica Vuln.
(m) (m) (m)
< 20 1,0 77,1 – 84,5 1,7 141,6 – 151 2,4
20 – 29,5 1,1 84,6 – 94 1,8 151,1 – 160,5 2,5
29,6 – 39 1,2 94,1 – 103,5 1,9 160,6 – 170 2,6
39,1 – 48,5 1,3 103,6 – 113 2,0 170,1 – 179,5 2,7
48,6 – 58 1,4 113,1 – 122,5 2,1 179,6 – 189 2,8
58,1 – 67,5 1,5 122,6 – 132 2,2 189,1 – 200 2,9
67,6 – 77 1,6 132,1 – 141,5 2,3 > 200 3,0
Fonte: Crepani (2001 e 2008)

Outra característica a ser utilizada para a análise geomorfológica é a declividade do


terreno, que tem uma relação direta com a intensidade do escoamento superficial e
subsuperficial nas encostas, com o transporte de sedimentos para os vales a partir da
transformação da energia potencial em energia cinética (CREPANI, 2008). Na tabela 3 são
apresentados os valores de vulnerabilidade seguindo algumas classes da declividade do terreno.

Tabela 3: Valores de vulnerabilidade para a declividade das encostas.

Declividade Declividade Declividade


Vuln. Vuln. Vuln.
Graus Porcent. Graus Porcent. Graus Porcent.

<2 < 3,5 1,0 10 – 11,2 17,5 – 19,8 1,7 19,2 – 20,4 34,7 – 37,2 2,4

2,1 – 3,3 3,6 – 5,8 1,1 11,3 – 12,5 19,9 – 22,2 1,8 20,5 – 21,7 37,3 – 39,8 2,5

3,4 – 4,6 5,9 – 8,2 1,2 12,6 – 13,8 22,3 – 24,5 1,9 21,8 – 23 39,9 – 42,4 2,6

4,7 – 5,9 8,3 – 10,3 1,3 13,9 – 15,2 24,6 – 27,2 2,0 23,1 – 24,4 42,5 – 45,3 2,7

6,0 – 7,3 10,4 – 12,9 1,4 15,3 – 16,5 27,3 – 29,6 2,1 24,5 – 25,7 45,4 – 48,1 2,8

7,4 – 8,6 13 – 15,1 1,5 16,6 – 17,8 29,7 – 32,1 2,2 25,8 – 27 48,2 – 50 2,9

8,7 – 9,9 15,2 – 17,4 1,6 17,9 – 19,1 32,2 – 34,6 2,3 > 27 > 50 3,0
Fonte: Crepani (2001 e 2008)

50
Por fim, a última característica a ser utilizada para a análise geomorfológica é a
amplitude dos interflúvios, que indica o nível de dissecação do relevo pela drenagem mostrando
a distribuição dos processos morfogenéticos, a segmentação do relevo e de outras
características. Neste caso, será utilizada a metodologia proposta por Guimarães et al. (2017).
Os valores de vulnerabilidade atribuídos por Crepani (2001; 2008) estão expostos na tabela 4.

Tabela 4: Valores de vulnerabilidade para a intensidade de dissecação do relevo (amplitude


interfluvial).

Amplitude do Amplitude do Amplitude do


Vuln. Vuln. Vuln.
Interflúvio (m) Interflúvio (m) Interflúvio (m)
> 5.000 1,0 3.251 – 3.500 1,7 1.501 – 1.750 2,4
4.751 – 5.000 1,1 3.001 – 3.250 1,8 1.251 – 1.500 2,5
4.501 – 4.750 1,2 2.751 – 3.000 1,9 1.001 – 1.250 2,6
4.251 – 4.500 1,3 2.501 – 2.750 2,0 751 – 1.000 2,7
4.001 – 4.250 1,4 2.251 – 2.500 2,1 501 – 750 2,8
3.751 – 4.000 1,5 2.001 – 2.250 2,2 251 – 500 2,9
3.501 – 3.750 1,6 1.751 – 2.000 2,3 < 250 3
Fonte: Crepani (2001 e 2008)

Após a aferição do índice de vulnerabilidade para cada característica do relevo


observada nas paisagens do município de Arapiraca será calculado o índice de vulnerabilidade
geomorfológica pelo simples processo de média aritmética, onde:

G+A+D
R=
3

R = Vulnerabilidade geomorfológica
G = Vulnerabilidade da amplitude dos interflúvios
A = Vulnerabilidade da amplitude altimétrica
D = Vulnerabilidade da declividade

As três variáveis utilizadas são interdependentes, mas podem evidenciar pistas


importantes dos outros aspectos ambientais que serão considerados na análise geoambiental,
tais como, a distribuição da composição do substrato geológico, dos diferentes tipos de solo, da
distribuição dos processos morfogenéticos, além das vulnerabilidades e potencialidades do uso
da terra.

51
2.3.2 Análise de Vulnerabilidade da Geologia

Os aspectos geológicos são de importante constatação para os estudos integrados dos


componentes geoambientais das paisagens, pois tem a capacidade de mostrar o comportamento
das diferentes composições das rochas, ou seja, das diferentes litologias do terreno, diante dos
processos morfodinâmicos (tipo, duração e intensidade dos eventos climáticos, formação dos
canais de drenagem) e/ou morfogenéticos (orogenia, epirogenia, etc) estabelecidos atualmente
ou no passado.
Diante disso, foi escolhido o grau de coesão das rochas como variável a determinar os
diferentes pesos a serem atribuídos para o tema da geologia, entendendo coesão das rochas
como a intensidade da ligação entre os minerais ou partículas que a constituem (CREPANI;
2008) (Tabela 5).

Tabela 5: Escala de Vulnerabilidade à denudação das rochas mais comuns.

Vuln
Litologia Litologia Vuln. Litologia Vuln.
.
Milonitos, Quartzo
Quartzitos ou Arenitos quartzosos
1,0 muscovita, Biotita, 1,7 2,4
metaquartzitos ou ortoquartzitos
Clorita xisto
Riólito, Granito, Piroxenito, Anfibolito Conglomerados,
1,1 1,8 2,5
Dacito Kimberlito, Dunito subgrauvacas
Hornblenda,
Granodiorito, Quartzo
1,2 Tremolita, Actinolita 1,9 Grauvacas, Arcózios 2,6
Diorito, Granulitos
xisto
Estaurolita xisto,
Migmatitos, Gnaisses 1,3 2,0 Siltitos, Argilitos 2,7
xistos granatíferos
Fonólito, Nefelina
Sienito, Traquito, 1,4 Filito, metassiltito 2,1 Folhelhos 2,8
Sienito
Andesito, Diorito, Calcários, Dolomitos,
1,5 Ardósia, Metargilito 2,2 2,9
Basalto Margas, Evaporitos
Sedimentos
Anortosito, Gabro,
1,6 Mármores 2,3 Inconsolidados: 3,0
Peridotito
Aluviões, Colúvios etc
Fonte: Crepani (2001 e 2008)

Pode-se observar que rochas com características mais coesas, são expressas no valor de
1,0 e tendem a predominar processos de pedogênese, enquanto rochas com menos coesão,

52
apresentam valores próximos a 3,0 e tendem a predominar processos morfogenéticos erosivos
(CREPANI, 2008).

2.3.3 Análise de vulnerabilidade do solo

Os índices de vulnerabilidade a erosão de acordo com cada classe de solo estão expostos
na tabela 6, mostrando a fragilidade de cada classe de solo aos processos morfogenéticos
recentes, tais como erosão laminar ou concentrada em sulcos, erosão eólica em caso de solos
mais lixiviados como os solos de ambientes costeiros e dunas.

Tabela 6: Valores de vulnerabilidade dos solos.

Classificação de solos (Embrapa, 1999) Vuln.

Latossolos amarelos
Latossolos vermelho-amarelos
Latossolos vermelhos
Latossolos vermelhos 1,0
Latossolos brunos
Latossolos húmicos
Latossolos brunos húmicos
Argissolos
Argissolos, Luvissolos, Alissolos, Nitossolos
Argissolos, Luvissolos, Alissolos, Nitossolos
Argissolos, Nitossolos
Luvissolos
Chernossolos 2,0
Chernossolos
Chernossolos
Planossolos
Planossolos
Espodossolo
Cambissolos 2,5
Neossolos litólicos
Neossolos flúviscos
Neossolos regolíticos
Neossolos quartizarênicos
Vertissolos 3,0
Organossolos
Gleissolos
Gleissolos, Plintossolos
Gleissolos, Plintossolos
Plintossolos
53
Plintossolos
Plintossolos
Afloramento rochoso
Fonte: Crepani (2001).

Na referida tabela os solos estão classificados de acordo com suas propriedades comuns
de sua classificação conforme a EMBRAPA (1999), onde as classes de solos agrupados no valor
1,0 são solos mais maduros, profundos a muito profundos, estáveis e de predomínio de
processos pedogenéticos avançados de intemperização dos minerais, as classes de solos
agrupados no valor 2,0 são solos relativamente maduros, profundos a pouco profundos, ainda
com alta presença de argilas expansivas e de estabilidade moderada, e os solos agrupados no
valor 3,0 são solos predominantemente arenosos, rasos, com baixo teor de argilas e baixa
coesão, sendo eles considerados com maior grau de vulnerabilidade.

2.3.4 Análise de vulnerabilidade do uso e ocupação da terra

Para o mapeamento do uso e ocupação do solo será usada a metodologia da USGS,


conforme Anderson (1976), cuja proposta apresenta uma classificação subdividida em três
níveis de classificação do uso da terra, são elas: Categoria de Uso: nomes das categorias
simplificadas de uso; Tipo de Uso: informações sobre as categorias; Subtipo de Uso:
informações mais particulares sobre a área;
Inicialmente serão adotadas classes de uso da terra utilizadas por Alves (2010), onde
também será atribuído seus respectivos valores de vulnerabilidade, como é mostrado na tabela
7.

Tabela 7: Valores de vulnerabilidade do uso e ocupação do solo.


Categoria de Uso do Solo Tipo de Uso
LEGENDA Vuln.
Nível I Nível II
Área urbana de uso misto
Área com serviço destinado ao turismo e lazer
Espaço urbano Área industrial 3,0
Serviços de uso recreativo
Serviços de uso públicos diversos
EAc1 1,4
EAc2 Agricultura tradicional com cultura permanente 2,2
Agricultura tradicional com cultura temporária
EAc3 Atividade de criação confinada 1,2
Espaço Agrícola
EAc4 Pastagem plantada 2,2
Pastagem nativa ou plantada
EAc5 Pastagem nativa 1,2
EAc6 3,0

54
EAp1 2,8
EAp2 2,5
EAp3 1,2
EVf1 1,2
Formação florestal em bom estado de conservação
EVf2 Formação florestal degradada 2,2
Formação arbórea, arbustiva e herbácea
EVr1 Formação florestal de ambiente úmido, sujeito às 1,7
Espaço de formação
Evr2 inundações periódicas pelas marés oceânicas 2,0
vegetal
Formação herbácea e arbustiva de ambiente úmido sujeita a
EVm inundações fluviais periódicas 3,0
EVcv Formação herbácea e arbustiva de ambiente salino 3,0
raramente sujeito a inundações
EVa 3,0
EHl Lago 2,5
Espaço Hidrográfico EHr Rio 2,5
EHl Lazer 1,5
EEc Unidade de Conservação 1,0
Usos Especiais
EEr Assentamento Rural 1,3
Fonte: Alves (2010).

2.3.5 Análise de vulnerabilidade do clima

A análise de vulnerabilidade do clima também se baseará na metodologia e as


atribuições de peso sugeridas por Crepani et al. (2001; 2008), conforme mostrado da tabela 8.
Nessa análise é possível acrescentar uma variável temporal nas análises de vulnerabilidade da
paisagem, verificando o possível comportamento das paisagens de Arapiraca ao longo do ano,
meses ou estações chuvosas e secas.

Tabela 8: Escala de Erosividade da chuva e valores de vulnerabilidade.

Intensidade Intensidade Intensidade


Pluviométrica Vuln. Pluviométrica Vuln. Pluviométrica Vuln.
(mm/mês) (mm/mês) (mm/mês)
< 50 1,0 201 – 225 1,7 376 – 400 2,4
51 – 75 1,1 226 – 250 1,8 401 – 425 2,5
76 – 100 1,2 251 – 275 1,9 426 – 450 2,6
101 – 125 1,3 276 – 300 2,0 451 – 475 2,7
126 – 150 1,4 301 – 325 2,1 476 – 500 2,8
151 – 175 1,5 326 – 350 2,2 501 – 525 2,9
176 – 200 1,6 356 – 375 2,3 > 525 3,0
Fonte: Crepani et al. (2008)

Aqui é importante analisar a quantidade e a intensidade da chuva, pois no sistema


ambiental as chuvas representam um fator de entrada importante de material e energia no
55
sistema que transforma e mobiliza e altera outros materiais do sistema que com ela interage
como o solo, rochas, cursos d’água, vegetação, tornando o território viável ou inviável para
múltiplos usos de acordo com sua distribuição, quantidade e intensidade.

2.4 Classificação e Cálculo de Índice de sustentabilidade

Os métodos a serem utilizados para o cálculo do índice de sustentabilidade no município


de Arapiraca baseiam-se em Calório (1997). A metodologia de Calório (1997) adaptada e
simplificada por Daniel (2001), baseia-se no uso de gráficos do tipo radar, que representam uma
possibilidade de simplificação da pesquisa, já que são capazes de gerar informações visuais que
permitem realizar a confrontação entre sistemas em diferentes momentos. Cada eixo do gráfico
tipo radar corresponde a um indicador e o somatório da área formada entre os indicadores
descreve o índice de sustentabilidade, ou seja, quanto maior a área do gráfico, maior a
sustentabilidade entre os indicadores analisados (DANIEL, 2001).
As etapas a seguir são recomendadas por Calório (1997) a fim de determinar o índice
de sustentabilidade. O primeiro passo (i) representa a padronização dos valores dos indicadores,
eliminando os efeitos de escala e de unidade de medida, ou seja, tornando cada indicador com
o mesmo peso relativo à determinação do índice (DANIEL, 2001). O segundo passo (ii) diz
respeito a obtenção do ângulo formado entre os indicadores, cálculo da área de cada triângulo
a partir do valor padronizado de dois indicadores adjacentes e do ângulo definido (DANIEL,
2001). E o último passo (iii) representa o cálculo do índice de sustentabilidade, obtido pelo
somatório da área de todos os triângulos formados no gráfico radar.

iii. Transformação dos valores dos indicadores:

Onde:

= valor do indicador padronizado (n);

= valor original do indicador;

= valor médio de todos os indicadores;


S = desvio padrão para todos os indicadores;
5 = constante acrescentada por CALORIO (1997).

56
iv. Obtenção do ângulo formado entre dois indicadores adjacentes:

a) Ângulo formado entre os indicadores

Onde:
α = ângulo formado entre os indicadores;
N = número total de indicadores;
π /180 = Fator de transformação de graus em radianos, se a rotina para cálculo do
cosseno no passo seguinte ao exigir.

v. Cálculo da área do triângulo:

Este passo representa o cálculo da área de cada triangulo identificado no gráfico (Sn), a
partir do valor padronizado de dois indicadores adjacentes e do ângulo definido no segundo
passo.

a) Lado desconhecido do triângulo;

Onde:
dn = lado desconhecido do triângulo;

e = valores padronizados dos indicadores;


α = ângulo formado entre dois indicadores

b) Semiperímetro do triângulo;

Onde:

= semiperímetro do triângulo;

, e dn = lados do triângulo.

c) Área do triângulo

57
vi. Cálculo do Índice de Sustentabilidade

A figura 10 ilustra todos os componentes destacados nos cálculos anteriores, formando


o gráfico tipo radar utilizado para gerar o índice de sustentabilidade de acordo com a
metodologia proposta por Calório (1997) adaptado de Daniel (2001).

Figura 10: Posicionamento dos componentes do gráfico tipo radar.

Fonte: Adaptado de Calório (1997)

No artigo desenvolvido por Sobral et al, (2012) intitulado “Indicadores de


sustentabilidade e ecologia da paisagem: planejamento e gestão ambiental em assentamentos
de reforma agrária” foram estabelecidos critérios para classificar os níveis de sustentabilidade
para uma determinada região. Neste sentido, utilizar-se-á do modelo elaborado pelos autores,
com a finalidade de classificar em qual estágio de sustentabilidade o município de Arapiraca

58
nos anos 2010 e 2022 se encontrava (Tabela 9). Embora o censo demográfico do IBGE iniciado
no ano de 2022 ainda esteja no processo de consolidação e divulgação dos dados oficiais,
pretende-se utilizar as informações mais recentes do município, ainda que sejam de resultados
preliminares.

Tabela 9: Classificação da Sustentabilidade.


ÍNDICE 0 - 1 NÍVEL DE SUSTENTABILIDADE
0,80 < índice ≤ 1,0 Ideal
0,60< índice ≤ 0,80 Bom
0,40< índice ≤ 0,60 Regular
0,20 < índice ≤ 0,40 Ruim
0 < índice ≤ 0,20 Péssimo
Fonte: Adaptado de Sobral (2012, p. 63)

2.5 Definição de indicadores para análise de sustentabilidade

Para alcançar o índice de sustentabilidade, será necessário avaliar de acordo com a


disponibilidade de dados, quais indicadores presentes nas dimensões ambientais, sociais e
econômicas exercem tal importância no contexto da região. Portanto, buscar-se-á indicadores
que possibilitarão compreender as relações de exploração/poder, desenvolvimento econômico
e os impactos nas comunidades residentes na área nos anos de 2010 e 2022. O propósito de
trabalhar com dois períodos distintos, propicia a discussão do contexto do avanço ou retrocesso
da sustentabilidade.
A composição dos indicadores serão obtidos a partir do Censo Demográfico realizado
nos anos 2010 e 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, além dos
dados do Atlas de Desenvolvimento Humano do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada -
IPEA/Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD do município de
Arapiraca/AL. Posteriormente, de posse desses dados serão estabelecidos 9 indicadores para
compor o cálculo do índice de sustentabilidade, dos quais 3 representarão a dimensão
ambiental, 3 indicadores representarão a dimensão econômica e, por fim, 3 representarão a
dimensão social (Tabela 10).

59
Tabela 10: Classificação da Sustentabilidade.

DIMENSÃO PADRONIZAÇÃO INDICADORES

IA1 Água encanada

Ambiental IA2 Esgotamento sanitário

IA3 Coleta de lixo

IS1 Analfabetismo

Social IS2 Vulnerável a pobreza

IS3 Taxa de desemprego

IE1 Renda Per capita

Econômico IE2 Renda familiar

IE3 Acesso a crédito


Fonte: Sobral (2012, p. 63).

No caso dos indicadores ambientais serão considerados a População em domicílios com


água encanada, População em domicílios com esgotamento sanitário e População em
domicílios com coleta de lixo. Quanto aos indicadores sociais levar-se-á em consideração a
Taxa de analfabetismo, vulnerável a pobreza e taxa de desemprego. E, por último, os
indicadores econômicos que serão a Taxa de desemprego com pessoas acima de 18 anos, Renda
familiar acima de um salário-mínimo e Renda per capita.

60
3 SUMÁRIO PRELIMINAR DA TESE

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................
1. A ABORDAGEM SISTÊMICA COMO METODOLOGIA INTEGRADORA E AS BASES TEÓRICO-
CONCEITUAIS SOBRE PAISAGEM, AMBIENTE, RISCO E VULNERABILIDADE .......................................

1.1. A ABORDAGEM SISTÊMICA NO ESTUDO DA MORFOGÊNESE E MORFODINÂMICA DAS


PAISAGENS GEOMORFOLÓGICAS ..........................................................................................................
1.1.1 O SISTEMA GEOMORFOLÓGICO ....................................................................................................
1.2. OUTRAS ABORDAGENS METODOLÓGICAS APLICADAS AOS ESTUDOS INTEGRADOS
DAS PAISAGENS GEOMORFOLÓGICAS .................................................................................................
1.3. PAISAGEM E AMBIENTE NA GEOGRAFIA ......................................................................................
1.4. RISCO, VULNERABILIDADE E GESTÃO DE RISCO AMBIENTAL................................................
1.5. VULNERABILIDADE E RELAÇÕES COM A APROPRIAÇÃO DO RELEVO
1.6. OS PROCESSOS MODELADORES DO RELEVO

2. PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS ....................................................................

2.1. MÉTODOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS DA PESQUISA ....................................................................


2.2. ELABORAÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA E MAPAS TEMÁTICOS DE ARAPIRACA ........................................
2.3. DEFINIÇÃO DOS CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DE VULNERABILIDADE DAS UNIDADES DE PAISAGEM ............
2.4. CLASSIFICAÇÃO E CÁLCULO DE ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE .............................................................
2.5. DEFINIÇÃO DE INDICADORES PARA ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE .............................

3. POTENCIAL E VULNERABILIDADE DOS CONDICIONANTES GEOAMBIENTAIS DO


MUNICÍPIO DE ARAPIRACA .............................................................................................................................

3.1. Análise dos condicionantes geoambientais em Arapiraca ...................................................


3.1.1. Geologia ..................................................................................................................................
3.1.2. Hidrografia ..............................................................................................................................
3.1.3. Pedologia .................................................................................................................................
3.1.4. Geomorfologia .........................................................................................................................
3.1.5. Uso e Ocupação .......................................................................................................................
3.2. Análise histórica do processo de ocupação e aspectos socioeconômicos de Arapiraca .........................
3.2.1. Histórico e distribuição dos eventos geomorfológicos extremos em Arapiraca ......................
3.2.2. Uso e ocupação do solo urbano e das terras rurais em Arapiraca ............................................
3.2.3. Análise do desenvolvimento econômico de Arapiraca ............................................................
3.2.4. Análise do Índice de Sustentabilidade .....................................................................................

4. DIAGNÓSTICO GEOAMBIENTAL E VULNERABILIDADE DAS UNIDADES DE PAISAGEM DE


ARAPIRACA ...........................................................................................................................................................

61
4.1. Avaliação da vulnerabilidade socio-ambiental nas unidades de paisagen de Arapiraca ........................
4.2. Perspectiva para gestão territorial de Arapiraca ....................................................................................

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................................

62
4 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES

ETAPAS Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4

Levantamento
X X X X X X X X
Bibliográfico
Créditos de disciplinas
X X
obrigatórios
Créditos de disciplina
X
optativas
Fundamentos teóricos e
procedimentos X X X
metodológicos
Exame de Qualificação X
Preparação da base de
X X
dados
Elaboração dos Mapas X
Visita a campo X
Validação dos dados X
Analise e discussão dos
X
resultados obtidos
Defesa da tese X

63
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