Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Estudo biográfico, incluídos dados genealógicos sobre o Padre Francisco Tavares
Arcoverde, resgatando seu papel histórico na formação da atual cidade de Princesa
Isabel, no alto sertão paraibano. A partir de fontes primárias e outras, são apresentados
os dados e análises que permitem revelar a dimensão do personagem central,
permitindo a conclusão de que é ele o legítimo fundador daquela cidade, e merecedor
do devido reconhecimento pelos seus conterrâneos princesenses. Acrescenta-se
discussão de idêntico papel na fundação da cidade de Tavares, Paraiba.
1
Engenheiro e pesquisador da história do Município de Princesa Isabel – Sócio honorário do IHGP –
Sócio correspondente do IPGH)
Baixa Verde, no atual vizinho município de Triunfo, Pernambuco, agricultor e fazendeiro,
LOURENÇO DE BRITO CORREIA, requereu e obteve do governo da Capitania de
Pernambuco (que incluía a da Paraiba), a doação de grande extensão de terras (as
denominadas sesmarias), que iam do local “Alagoa da Perdição”, - situada no centro da
atual cidade de Princesa Isabel,- em direção ao nordeste e noroeste até 18 quilômetros
além, (hoje sítios Escorregada e Jatobá), formando um retângulo aproximado de seis por
dezoito quilômetros. Outras “sesmarias” se seguiram a esta primeira, completando-se
a ocupação da região até 1840 – 1850. Esta primeira sesmaria e mais outra a ela vizinha
( de José de Araujo Cavalcanti, filho de Lourenço de Brito), deu origem à Fazenda
Perdição, onde se plantava lavouras e se criava gados. Em 1836, essa fazenda, por
herança, passou à propriedade de Dona Natária Maria do Espirito Santo.
De 1836 até 1856, a fazenda se desenvolve, fazendo parte do já 4º Distrito da Perdição
(1834), ligado à Vila de Santo Antonio do Piancó. Os registros paroquiais já indicam a
presença de muitas famílias na região, atendidas por padres e religiosos, a maioria
vindos da vizinha Vila de Flores do Pajeú. É a partir de 1856 que entra em cena o
personagem central deste estudo, como veremos adiante.
AVÓS PATERNOS
4. Cap. NICOLAU PAES TAVARES
cc:
5. JULIANA Mª DE OLIVEIRA (+12.04.1798).
Ele, nat. Ilha Itamaracá – Pe. Ela, da região de Icó-Ce.
AVÓS MATERNOS
6. ANTONIO DE SANTANA ALBUQUERQUE CAVALCANTI
cc:
7. MARIANA DE ALMEIDA PEDROSA
BISAVÓS PATERNOS
Pais de Nicolau Tavares
8. Cap. FRANCISCO PAES TAVARES (+19.07.1712) Nat. da Ilha de Itamaracá -Pe.
cc:
9. LUIZA DE VASCONCELOS
TRISAVÓS PATERNOS
Pais de Luiza Vasconcelos
16. LUIZ DE MELO
cc:
17. ISABEL DE VASCONCELOS (+ 09.05.1700)
COLATERAIS (IRMÃOS)
Filhos de 2.- IDELFONSO cc: 3.- JULIANA
2.1-NICOLAU TAVARES ARCOVERDE (*02.08.1808 em Pau dos Ferros – RGN)
cc: Belmira Inácia de Siqueira (nat de São José de Princesa)
2.2- MARIANA JULIANA DE ALBUQUERQUE CAVALCANTI (*01.05.1810)
cc Benigno Benevides de Albuquerque Maranhão
2.3- ADRIANO CAVALCANTI ALBUQUERQUE (*07.10.1818 + 08.09.1877)
cc: MARIANA DE ALMEIDA FEITOSA (*1826 +1893)
2.4- CASEMIRO JÁCOME CAVALCANTI (*1824)
cc: MERANDOLINA FEITOSA CAVALCANTI (sobrinha)
2.5-JOSÉ TAVARES ALBUQUERQUE
cc: ANTONIA JULIANA DE LIMA
2.6 – JOAQUIM TAVARES ARCOVERDE
SOBRINHOS
Por serem expressamente citados no testamento do Padre Tavares, em 1898, e, de
alguns deles derivarem numerosas famílias princesenses - como será visto
posteriormente -, apresentamos os descendentes diretos do seu irmão ADRIANO (2.3)
cc: Mariana.
2.3.1 LIBERALINO FEITOSA CAVALCANTI (*1842 nat. Pau dos Ferros – RGN)
cc: Candida Almiranda de Almeida
2.3.2 -PORCINA
cc Manoel Cardoso de Almeida (*1843 +23-10-1888)
2.3.3 -BELARMINO (*01.02. 1851 nat. do sítio Patos de Irerê, (atual distrito
de São José de Princesa – Paraiba)
2.3.4 -Mª DA GLÓRIA (*1852 + 12.01.1887
cc: Ten Leandro Justo de Souza Barros)
2.3.5 LEOPOLDINA (*02.09.1864 + 11.02.1921)
cc: Antonio Lopes Machado (ramo que dá origem a numerosa família
princesense, moradores no sitio Casa Nova, no Municipio de Tavares,
ex-distrito de Princesa Isabel. .
“Ilmº. Rmº. Senhor Dr Luiz Francisco de Araújo Muito Digno Vigário Geral e Provisor da
Diocese de Olinda
O Vigário Francisco Tavares Arcoverde Bom Conselho (Vila da Princesa 9 de Sbrº 1887)
“Nesta vai acostada a cópia da escritura do terreno doado para servir de patrimônio à
capela de Nossa Senhora do Rosário que se está erigindo nesta Vila da Princesa do Norte
e que já está em bom pé: Capela-mor com sacristia tudo em branco com altar de pedra
e cal sino etc
Vai com o valor correspondente ao merecimento por ser terreno apto para edificação e
já tem em seu quadro tem bem de 15 a 20 casas sitas.
Custei muito a conseguir esta doação porque o indiferentismo para as coisas santas
permeiam e dominam o coração de todos em todos os cantos porem venci e estou
satisfeito.
Esse negócio é tangido por uma corporação de pretos livres e outros infelizmente
escravos e também de brancos menos abastados e que se preparam todos para ver na
noite do Natal vindouro próximo já seus devotos ouvidos poderem saborear em cujo
teto a voz do Evangelho no ato da missa do galo.
Eu os acompanho em tal direito que domina uma inúmera corporação que a si se
denomina Irmandade embora sem nenhum rigor de legislação disciplinar.
Eu nunca quereria golpear a Disciplina Canônica e nem tão pouco a Diocesana mas que
embora se abrisse uma exceção fosse dada a celebração de uma missa do Natal muito
embora ainda careça de bênção a esse tempo por que sem dúvida os trabalhos da
Canonização do Patrimônio não se tenham findos o espaço de tempo do intervalo está
muito estreito.
Se nos remontarmos a nascencia da Igreja não encontramos coisa alguma a nosso ver
repugnante a essa concepção e tudo do proveito para o andamento do trabalho da
mesma capela pois tenho sondado os ânimos dos contribuintes.
Reitero o meu pedido para acelerar o andamento na criação do tal Patrimônio Canônico
porque civil já está criado sem controvérsia.”
Três meses depois, o P. Tavares novamente reitera seus pedidos, em nova carta:
“Ilmº. Rmº. Senhor Dr Luiz Francisco de Araújo Muito Digno Vigário Geral e Provisor da
Diocese de Olinda
O Vigário Francisco Tavares Arcoverde
Bom Conselho (15 Dezbrº 1887)
“Não tive de VSª. Rmª conhecimento de receber ou não a Escritura do Patrimônio doado
a N. S. do Rosário nesta Freguesia e Vila cuja Capela eu construí e está em bom (estado).
Procurei agasalhar esse terreno unido ao patrimônio desta Matriz e lhe dei a estima
(minorada) de seiscentos mil réis já porquê o terreno é muito próprio para edificação e
já porquê compreende um grande número de casas bem edificados; é terreno não
pequeno e ocupado pelos doadores ou seus mandados que passarão a ser rendeiros.
E porquê se estraviaram alguns papéis que marcharam daqui para ahí, ignorando ainda
os os quais ou tais, me apresso em me entender com VSª. Rmª a respeito para saber se
ela (Escritura) teve igual destino.
No caso afirmativo desejaria que se acelerasse a marcha da criação ou confirmação do
tal negócio até sua consumação.
Que Deus guarde a V.Sª Rmª “
Saibam quantos este público instrumento de testamento aberto virem, que no anno do
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos noventa e oito, aos onze
dias do mês de Julho do dito anno, neste sitio “Caza Nova”, do Termo de Princeza da
Comarca do Pianco, Estado da Parahyba do Norte, em caza de morada do cidadão
Antonio Lopes Machado, onde eu Tabelião Publico vim, a chamado do Reverendo
Francisco Tavares Arco Verde, ao qual reconheço pelo próprio de que se trata e dou
minha fé e teor e por elle foi dicto na presença das testemunhas abaixo assignadas,
todas reconhecidas de mim e delle testador pelas próprias de que se trata, e dou minha
fé, que estando de camma, sofrendo emcommodos de saúde, e em seo perfeito juízo,
temendo deixar duvidas para o futuro, ou depois de sua morte, faz o seo testamento pela
forma seguinte: -
Em primeiro lugar disse que como Sacerdote Secular, Catholico quer que seo corpo logo
que falecer, seja emvolto conforme a ordem e Lei do Bispado, e sepultado na Matriz
desta Freguesia de Nossa Senhora do Bom Concelho sem a menor solennidade – Em
segundo lugar disse que é natural deste Estado e Bispado da Parahyba do Norte, filho
legitimo de pais Catholicos, Idelfonço Ribeiro Campos e Dona Antonia Juliana de Lima
ambos falecidos.- Item disse que não tinha herdeiros necessários, e sim muitos colaterais
de alguns irmãos e procedência de outros, que falleceram, e a todos estes, tem
contentado com donativos de sua pouca fortuna – Item disse que a geração de seo bom
irmão e amigo, Capitão Adriano Cavalcante de Albuquerque tinha mais obrigação, em
razão dos serviços impagaveis que lhe prestou, até leva-lo ao pé do Altar, e athendendo
estes relevantes serviços despunha de seos poucos bens com a mesma geração do
mesmo seo irmão, da forma seguinte:- Item deixo para sobrinha e comadre, Dona
Merandolina de Almeida Cavalcante o cavallo ruço pedrez de minha montaria. –Item
deixo para minha sobrinha e comadre Dona Cândida de Almeida Cavalcante um cavalo
malhado. –Item deixo para minha sobrinha Dona Rita de Almeida Cavalcante uma
jumenta .-Item deixo a minha sobrinha e comadre, Dona Leopoldina de Almeida
Cavalcante um cavalo ruço e um jumento.- Item deixo a minha sobrinha e comadre, Dona
Porcina de Almeida Cavalcante, umma egoa castanha e uma jumenta.-Item deixo para
meo sobrinho, Adriano Feitoza Cavalcante um jumento cargueiro, uma parte de terras
havida por compra a José de Souza Gato e uma outra com uma meia água de telhas
havida por compra a Marcolino Barboza.- Item deixo ainda para meos sobrinhos já
declarados, Adriano Feitosa Cavalcante, Merandolina de Almeida Cavalcante e Porcina
de Almeida Cavalcante, residentes na Vila de Princesa as seguintes partes de terras –
dois mil reis na dacta Perdição, havidas por compra a Manoel José de Medeiros Filho,-
quatro mil reis no sitio Capueiras, havido por compra a João Emydio de Medeiros,
quatro mil reis com posse no sitio “Mundo Novo”, havidas por compra a um filho de
Jose de Paiva Mattos e sete mil reis no sitio “Cedro”, havidas por compra a João
Rodrigues Mariz as quais ficarão pertencendo aqueles herdeiros.- Item deixo aos
possuidores do sitio “Casa Nova”, Antonio Lopes Machado e Melchiades de Almeida
Cavalcante, cinco mil reis de terras havidas por compra a Filipe Freire Mariz e seo irmão
Braz Freire Mariz.- Item disse finalmente que tendo uma banda da dacta no Riacho que
vem da “Santa Clara”, deste termo, terras de criar que lhe serve de Patrimônio, esta
deixará como herdeiros dela a geração de seo fallecido pai de quem veio.-Item, declaro
que os serviços feitos por mim nas casas da Lage da Vila de Princesa ,fica pertencendo
as proprietárias da casa conjuncta,Merandolina Cavalcante e Porcina Cavalcante, por
serem feitas com o dinheiro das mesmas. – Item disse finalmente que nomiara seos
testamenteiros, em primeiro lugar , ao Tenente Coronel Marcolino Pereira Lima, em
segundo ao Capitão Antonio Alves Campos e em terceiro, a João Baptista da Silva, aos
quais rogara como disposição derradeira lhe quizerem fazer a obra pia em aceitar na
ordem em que são mencionados. E por esta forma declarou elle testador, haver feito sua
ultima disposição testamentária de sua livre e espontania vontade , e que deseja e quer,
que seja fielmente cumprida em integridade, revogando por esta forma qualquer
disposição que por ventura exista em contrario deste instrumento que terá pleno e inteiro
vigor. E, depois deste ser lido por mim Tabelião Publico em presença das testemunhas e
por elle outorgado assignou de seo próprio punho com as testemunhas presentes
Manoel Pinto da Silva, Delfino Jose Gomes, Manoel Francisco do Nascimento Barros,
André Andrelino d´Oliveira Barros, e Francisco Ignácio da Cunha. Eu, João Rodrigues
da Silva Lima Tabelião Publico de notas o escrevi
Assinaturas O Pe Francisco Tavares Arco Verde e as demais testemunhas.”
(* transcrição elaborada pelo autor, a partir do documento original, conforme contido no Livro de Notas
de 1898, arquivado no 1º Tabelionato de Notas e Registro Imóveis da Cidade de Princesa Isabel –Pb.
(Cartório Barros Lima) A transcrição está conforme a grafia original.)
8. - ICONOGRAFIA
FIG 1 – Padre Tavares ladeado por duas sobrinhas, 1890 – 1898. Conforme indicação
de D. Terezinha Morais, da cidade de Tavares PB, onde o padre é considerado
fundador além de proprietário do sítio Casa Nova, zona rural do município. (Acervo
família Terto Morais, em Tavares) (Fotografia deteriorada, e recuperada parcialmente
por tratamento digital – data provável 1893 )
Fig 6 – Curral Velho – PB - Capela de S. José, vendo-se a casa a ela conjugada, onde o
Padre Tavares viveu seus últimos dias (foto 2004 – acervo do autor)
Fig 7 – Altar da Capela de S. José, onde sob o solo estão os restos mortais do Padre
Tavares. (foto 2004 – acervo do autor)
9. - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTENCOURT, L. (1914). Homens do Brasil (Vol. II). Rio de Janeiro: Gomes Pereira.
CHAVES, A. A. (1985). Conceição do Piancó - PB de Ontem e de Hoje. (autor, Ed.) Belo Horizonte
MG.
MEDEIROS, C. (1950). Dicionario Corografico do Estado da Paraiba (2ª ed.). joão Pessoa:
Departameno de Imprensa Nacional.
NÓBREGA, A. F. (2013). Feliciano Rodrigues Florencio: O moço, o major, o velho. J Pessoa: Ideia.
ARQUIVOS CONSULTADOS
Cartórios Registros Naturais : PB – Princesa Isabel, Piancó, Conceição; PE- Flores, Triunfo