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Christian Knox era muito bonito e confiante para seu próprio bem e
poderia ter qualquer mulher que quisesse. Só que ultimamente a única
mulher que ele parecia querer era eu.
Mas de jeito nenhum iria me envolver sendo agora sua chefe, mesmo
que ele fosse insanamente lindo e tivesse a boca mais suja que já vi.
Provavelmente. Mas você sabe o que eles dizem sobre coisas que estão
erradas... às vezes, elas parecem tão certas.
EPÍGRAFE
CAPÍTULO 1
— Posso ajudar?
— Bella Keating.
— Obrigada.
— Isto é um escritório?
— Certo, ótimo.
— Sala de massagem?
— Tudo bem.
— Por que não vou pegar café para nós dois e dar a você alguns
minutos para se acomodar?
É claro que Drizella não era seu nome verdadeiro, mas era
assim que Miller e eu nos referíamos às minhas novas meias-
irmãs, Drizella e Anastasia – as meias-irmãs malvadas de
Cinderela.
Ela zombou. — Isso é uma piada. Não acredito que você vai
tentar comandar o time. Você já assistiu a um jogo?
Eu a ignorei. — Estou feliz que você concordou em ficar. Sua
experiência é obviamente inestimável.
— Quem recebe pizza antes das oito da manhã? Que lugar está
aberto tão cedo?
Presumi que fosse uma pergunta retórica, mas ela esperou por
uma resposta real. Suspirei. — Claro, Tiffany.
— Desculpe...
O cara se virou.
— Pizzaria?
— Por favor, ligue para ela. Isso deve render uma conversa
interessante. — Ele abriu minha porta e olhou para trás por cima
do ombro. — E ei, já que estou incomodando as pessoas, posso
dizer que você é muito mais bonita do que suas fotos no jornal.
Você gostaria de jantar algum dia?
Josh estudou meu rosto. — Oh, droga. Você não tem ideia de
quem é, não é?
— O primeiro e único.
— Drizella aconteceu.
1
Treinador.
pensou que eu era o entregador de pizza e me deu um sermão
sobre assédio sexual.
— Sim, por que não? Andar com você é melhor do que andar
com um cachorrinho. Todas as senhoras querem parar e arrulhar,
e tenho uma boa visão de onde estou sentado – bem na altura do
peito, se é que você me entende.
Eu não tinha ideia. — Como você acha que ela vai lidar com a
equipe?
— Diga.
Seus olhos pularam para mim e de volta para Carl. Achei que
ela estava tentando descobrir o quanto dizer, então decidi me
divertir um pouco e responder primeiro.
Eu não estava realmente bravo. Assim que percebi que ela não
estava realmente me acusando de assediar alguém, achei meio
divertido. Então eu a deixei escapar com um encolher de ombros.
— Desculpas aceitas.
— Mesmo?
— Como?
— Fodam-se eles. Ignore todos e faça o que quiser. — Bati dois
dedos na minha têmpora. — Não deixe que eles entrem na sua
cabeça.
— E se perder?
— Proso – o quê?
— Prosopagnosia. É a incapacidade de reconhecer as pessoas
por seus rostos.
— Sem merda?
— Você me disse porque não queria que meu ego fosse ferido.
— Não queria que você pensasse que eu não era fã. Porque
sou. Estudei sua carreira.
Seu rosto caiu. — Não sei. Mas espero que isso não seja
relevante para provar meu ponto, que sei quem você é como
jogador, mesmo que não tenha reconhecido seu rosto.
Ela inclinou a cabeça. — Parece que você também fez sua lição
de casa. Você sabe o que eu fazia anteriormente para viver...
— Sim? E?
— Ok...
Suspirei. — Ok... bem, meu amigo Miller está aqui com alguns
amigos, então vou até lá. Mas voltarei daqui a pouco para lhe fazer
companhia.
— Ok. Mas se você vai listar homens, deve pelo menos saber
os detalhes sobre Travis. Ele é solteiro, um empreiteiro, tem uma
boa pontuação de crédito, dirige um Tesla e é dono de sua própria
casa. Ele também não compra garrafas plásticas descartáveis,
porque se preocupa com o meio ambiente.
— Eu não sei sobre isso. Você está indo muito bem agora.
— Germes.
Christian riu, mas não continuou.
— Eu também.
— Ei. — Ele enfiou as mãos nos bolsos. — Você acha que talvez
possa conseguir seu número de telefone? Convidar você para
jantar algum dia?
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Referência a Abraham Lincoln, presidente americano que abraçou com orgulho tal apelido.
Eu balancei a cabeça. — Fui a todos os jogos do time nos
últimos dois anos, mas me sentei em lugares regulares. Minhas
irmãs não iriam me receber a menos que precisassem.
— Você realmente não tinha ideia de que ele era seu pai, hein?
— Sim.
— Puta merda.
Christian olhou mais uma vez e sorriu. — Nah... você tem isso.
Um pouco depois, paramos no endereço que dei a ele. As
sobrancelhas de Christian caíram enquanto ele olhava para o velho
prédio de baixa qualidade. — Você precisa parar na loja ou algo
assim?
— Você disse que sua tia cuidou de você depois que sua mãe
morreu, certo?
— Pela loja. Há uma porta nos fundos que dá acesso aos dois
apartamentos no andar de cima.
— Quais?
— Quais o quê?
— Amanhã?
— O quê? — perguntei.
— Como eu disse a você, não acho que seja uma boa ideia eu
ter um perfil alto agora. Preciso fazer amizade com as pessoas que
trabalham aqui, não as alienar ainda mais exibindo meu rosto e
agindo como se achasse que sou uma estrela do rock.
— O que são?
— Eu falo?
Eu balancei a cabeça.
— Eu penso que sim.
— Sim.
— Sem pressa.
— Então você vai pegar os ônibus de novo? Isso vai levar cerca
de uma hora e meia com todas as paradas e transferências.
— Você sabe que eles têm essa coisa chamada Uber agora...
3
Um apelido, significa encrenca, problema.
— Meu amigo Andrew pode levar você para casa depois. Ele é
um motorista muito bom.
— Isso não é uma licença para dirigir. Espero que você não
esteja entrando no carro com ele.
— Faça isso...
— Jogo do Philly?
— Que escola?
— St. Francis.
Ele sorriu e seus olhos caíram para os meus lábios por uma
fração de segundo. — Talvez goste de você.
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Placekicker, ou simplesmente kicker, é uma posição do futebol americano que atua no time de
especialistas cuja responsabilidade é chutar os field goals, extra points e, na maioria dos casos, fazer os kickoffs
– ponta-pé inicial que coloca a bola em jogo.
Eu me mexi no meu assento para encará-lo. — Por quê?
Ele riu. — Pode ser. Mas gosto do jeito que você pensa.
— Com certeza.
— Ela tem que trabalhar até tarde de novo. Ela disse que
tentaria vir para o final do jogo. Mas falei para ela que não. Não
quero que ela pegue dois trens para chegar aqui apenas para ver
os últimos sessenta segundos. Há um jogo no próximo sábado ao
qual pode ir.
Mas pulei para cima e para baixo e gritei quando a bola passou
pelas traves. — Ótimo trabalho, Wyatt! Woo-hoo!
— Sim, ele está indo muito bem. Esse é o terceiro field goal
dele no jogo.
— Isso foi tão gentil da sua parte. Obrigada. Wyatt vai surtar
quando perceber que todos esses repórteres estão aqui para vê-lo.
— Parei. — Bem, eles estão aqui para ver você, mas entende o que
quero dizer.
— Sem problemas.
— Gracinha — eu disse.
— Mesmo?
— Ok!
— Arqueologia.
— Sim.
— Toda a equipe?
— Oh.
— Sério?
— Sem problemas.
Sorri. — Você tem minha atenção. Mas não acho que nada
além de amizade seja uma boa ideia, já que sou a dona da equipe
para a qual você trabalha. Quero dizer, seu contrato está para ser
renovado este ano.
Sorri.
— Julian?
Eu balancei a cabeça.
— Humildade, por exemplo.
— Com certeza.
— Como o quê?
— Não está.
Assim que chegou, deslizei o bolo para o meio e fiz sinal para
Bella comer enquanto eu pegava um pedaço do meu lado. — Então,
como você começou a desenvolver algoritmos? Você era uma nerd
de computador no ensino médio?
— É um dom.
— De qualquer forma, eu estava planejando deixar meu
emprego para chefiar meu próprio grupo de algoritmos em uma
empresa maior, onde poderia trabalhar em casa. Eu iria avisar um
dia depois que um advogado aleatório bateu na minha porta para
dizer que um homem que eu não conhecia havia me deixado algo.
Desnecessário dizer que isso atrapalhou meus planos. Se isso não
tivesse acontecido, provavelmente estaria morando em Vermont
agora.
— Vermont?
— Vou. Acho que vou pegar uma carona no avião do time, pelo
menos até lá. Tenho uma reunião com um anunciante um pouco
fora de Denver no dia seguinte ao jogo, então provavelmente vou
pegar um voo diferente para casa. Mas gostaria de deixar os
jogadores e a equipe saberem que sou acessível e estou tentando
o meu melhor para aprender as coisas.
— Ok, obrigada.
— Sim?
— Não me diga que é a primeira vez que ele fez contato desde
que vocês saíram semanas atrás.
— Não.
— Muito ruim. Acho que você realmente gosta de Christian e
é por isso que não sai com ele.
— Ah, sim, isso faz muito sentido. Porque prefiro que meus
relacionamentos sejam com pessoas de quem não gosto...
— Sim, sinto muito por isso. Percebi depois de falar com ele
que deveria ter consultado você primeiro. Espero que você não
tenha outros planos.
— Isso mesmo.
— E você e Christian?
Beau olhou entre mim e Christian. Ele não disse uma palavra,
mas seu rosto questionou tudo o que eu tinha dito a ele nos
últimos dez minutos.
Eu ri. — Vou ter que tentar isso algum dia. Embora ache que
a coisa mais próxima que tenho de grama no meu bairro é um
pouco de penugem na fruta que está pendurada há muito tempo
na casa do Sr. Zhang.
Respirei fundo. — Olá, Tiffany. É bom ver você. Como pode ver,
Christian e eu estamos comendo, mas em que posso ajudá-la?
— Sim?
— Outro teorema?
— O teorema de Noether, Emmy Noether. O matemático
alemão que provou a simetria diferençável.
Seu olhar caiu para os meus lábios, e ele tomou seu tempo
fazendo seu caminho de volta para encontrar meus olhos. — Não
tinha notado.
— Acho que vou ter que fazer hora extra com a chefe.
Sorri. — Valeria muito a pena. Você é rico em conhecimento,
Christian Knox. Estou animada para fazer as mudanças e ver
como minhas previsões de desempenho saem para o jogo desta
semana.
— Se você quer dizer Julian, não liguei de volta para ele ainda.
O dia voou com reuniões consecutivas.
— Que fatos?
Ele encolheu os ombros. — Não teve tempo para ligar para
Bozo. Passou as últimas cinco horas comigo.
— Acho que vou ficar por aqui por um tempo e dar uma olhada
nas pastas – ver se posso ter perdido o que Tiffany está
procurando. Se encontrar, pode funcionar como uma oferta de paz.
Ele estava certo, claro, mas ainda queria fazer o meu melhor
para ser útil. Apreciado ou não. — Está bem. Ainda vou procurar.
Fui até minha mesa e abri a gaveta de cima para enfiar meu
laptop. Eu tinha o hábito de guardar ali. Mas quando a fechei, a
gaveta emperrada embaixo me chamou a atenção.
— Ei, Christian?
— Sim?
— Ok.
— Por quê?
— O quê? — perguntei.
— O quê? Não.
— Eu não.
— Você é louco.
— Fazendo o quê?
— Inventando uma história maluca em sua cabeça, na qual
você se envolverá e só levará à decepção.
— Ele ligou outro dia, e liguei de volta esta manhã. Acho que
ele está indo devagar porque hesita em se envolver, a menos que
veja um futuro comigo, já que somos bons amigos.
— É lógico, no entanto.
Forcei meus olhos para longe do seu rosto. Foi quando notei
que Christian estava vestindo um terno completo de três peças,
colete, gravata e tudo.
Oh.
Meu.
Deus.
Ri. — Não quero dizer eu. Quero dizer uma namorada em geral.
Você deve ter uma infinidade de opções. Quando foi a última vez
que você teve uma?
Não sei o que esperava que ele dissesse, mas não era isso. —
Oh, desculpe-me.
— Eu não sabia que você não bebia álcool. É por causa do seu
treinamento?
Balancei a cabeça.
— De qualquer forma — disse Christian — para responder à
sua pergunta, tive relacionamentos. Aquele com Kerrie durou
cerca de um ano, e estive com Jessica por quase dois anos – ela e
eu nos conhecemos durante meu último ano na faculdade. Então
não tenho medo de compromisso. Mas não é fácil quando se passa
boa parte do ano na estrada. Sem mencionar que a mídia gosta de
fazer um grande alarde sobre mim, mesmo só falando com uma
mulher. No meu primeiro ano na NFL, conheci uma cantora pop
durante um jogo do playoff a que fui, como espectador. Toda a
interação durou cinco minutos, mas houve fotos espalhadas por
revistas e sites por meses. A mulher com quem eu namorava era
confiante e confiava em mim, mas depois disso começou a me
acusar se eu saísse com os caras depois de ganhar um jogo.
— Nenhum, na verdade.
— Aposto que Julian não faz o mesmo esforço. Bozo nem pediu
um segundo encontro. — Meu rosto deve ter me entregado, porque
Christian gemeu. — Você vai sair com ele de novo, não é?
— Vizinha?
Ela é a cara da mãe. Não sorri muito, exceto quando está com o
menino.
Que porra?
CAPÍTULO 9
— Pode repetir?
— Pelo quê?
— Boa ideia.
Ele era todo sorrisos. — Você sabe, só porque sou mais velho
não significa que você tem que levar uma eternidade para seguir
meus passos. Só ganhei de você por três minutos, não oito anos.
Quando você vai conseguir uma garota legal?
Meu irmão riu. — Verdadeiro. Então, por que essa mulher não
sabe que é linda?
— Talvez dizer que ela não sabe não seja exatamente o jeito
certo de colocar isso. É mais como se não fosse o foco dela.
— E qual é?
— Cale-se.
Olhei para fora, para cima e para baixo na rua. — Não vejo
nenhuma loja.
— Tive que tratar como se fosse um jogo para passar por isso,
maninho. Nunca deixe o time adversário ver você suar.
— Pago sua bebida. Tenho certeza de que você não pode pagar
depois do que acabou de deixar cair lá.
CAPÍTULO 10
Eu ri. — O quê?
— Eu vou.
— Vocês dois devem ser próximos se ele voou até aqui para
fazer compras com você e assistir ao jogo em um de seus únicos
fins de semana fora da temporada.
— Pode ser. Mas alguém deve lembrá-las de que isso não é sua
culpa. As pessoas que fizeram a você.
Ri. — Bem, você deve saber como trabalhar duro quando quer,
caso contrário, não estaria na NFL.
— Ok. Obrigada.
— Na verdade não, hoje não. Ele foi muito elogioso com você.
Jake sorriu. — Posso dizer que ele é louco por você, porque
não conseguiu calar a boca ontem à noite depois que você saiu.
Aquela determinação que mencionei antes? Não se aplica apenas
ao futebol. — Ele piscou, assim como seu irmão, e tocou dois dedos
na testa em uma saudação. — Vejo você em breve, Bella.
— É claro.
Assim que ele entrou, seus olhos foram para a agenda. Estava
aberta em uma página, virada para baixo no meio da cama. — Eu
estava... relendo. Tentando descobrir se perdi alguma coisa
importante.
— Cada página.
— O quê?
O homem era astuto, tinha que admitir isso. Fiz um gesto para
a garrafa de champanhe. — Posso ter mais disso, por favor?
— É claro.
Meu sorriso ficou tão torto quanto meus óculos. — Não amiga?
Ele piscou. — Você ainda não descobriu o que somos, mas
uma coisa que ambos sabemos é que definitivamente não somos
amigos.
CAPÍTULO 12
— De concessão?
— Aluguel de carro.
— Quanto menos?
— Entre! — gritei.
— Oh.
— É claro.
— Hum?
— Sobre o quê?
— Oh.
Oh.
Meu.
Deus.
Esse é o Christian!
Seu sorriso exultante era mais brilhante que o sol quando ele
se aproximou. — Bella? Pensei que fosse você.
Poderia ser uma coincidência? Achei que não tinha dito a ele
o nome do lugar para onde iria esta noite, embora tivesse
mencionado que ficava na Bleeker Street.
Revirei os olhos.
— Sim.
Antes que eu pudesse dizer que não era uma boa ideia, Julian
assentiu. — Nós adoraríamos isso. — Ele olhou para mim. —
Certo, Bella?
— É claro.
Aposto que ele não fala sujo, meu reflexo respondeu dentro da
minha cabeça.
Claro, é por isso que sua calcinha está molhada agora. É o seu
período de seca, não quão largos são os ombros do homem, ou quão
estreita é sua cintura, ou os pedaços esculpidos de músculos que
correm entre os dois. E definitivamente não é o sorriso arrogante
dele, ou o quão ousado ele é em querer você...
— Christian...
Ele colocou dois dedos sobre meus lábios. — Não venha para
casa comigo, então. Deixe-me levá-la para a sobremesa, ou café,
ou qualquer outra coisa. Deixo você depois e serei um perfeito
cavalheiro, juro.
Meu lábio inferior ia ficar inchado de tanto que estava
mordendo.
— Metrô.
— Você também.
— É Christian.
— A maioria.
— Já estão vindo.
— Fiz uma aula uma vez, mas não consegui acompanhar. Era
uma aula para iniciantes, mas todos pareciam já saber todos os
movimentos, então nunca voltei.
— Natação?
— Ciclismo?
— Geralmente.
— Caramba, valeu.
— Por quê?
Bella olhou para seus pés. — Estes não são realmente sapatos
de caminhada. Além disso, este não é o melhor bairro para
passear. São principalmente calçadas rachadas e criaturas
verificando o lixo no meio-fio.
— Bem, eu não gostaria que você sentisse dor. Então, por que
você pelo menos não me acompanha?
— Eu sei. Não quis dizer que estava tudo bem ele fazer isso o
tempo todo. Só quis dizer que devemos ignorá-lo.
— Mas pode...
Ela suspirou. — Isso seria muito mais fácil para nós dois. Você
está sempre na estrada e minha vida está caótica agora.
No fundo, sabia que a hesitação dela não tinha nada a ver com
relacionamentos difíceis ou mesmo com o fato de eu estar no time
que ela possuía. Bella estava nervosa. Talvez fosse porque tantas
pessoas em sua vida haviam desaparecido, ou porque ela estava
acostumada com sua independência. Eu não tinha certeza, mas
pensei ter visto medo em seus olhos. — Não estou mais procurando
pelo fácil, Bella. Estou procurando o de verdade.
Ela refletiu sobre isso por um longo tempo antes de finalmente
concordar e respirar fundo. — Ok.
— Ok.
— Por quê?
Bella,
Até amanhã...
X
Christian.
— Claro, espere.
Trinta segundos depois, meu telefone vibrou com uma nova
mensagem. Abri para encontrar exatamente o que Miller havia
descrito. Christian e eu estávamos caminhando em direção ao meu
prédio, seu braço confortavelmente em volta de mim. Parecíamos
um casal. Mas caso as pessoas não vissem a foto dessa forma, a
legenda abaixo selava o acordo.
— A última vez que falei com você, ia sair com Julian ontem à
noite. Em vez disso, você saiu com Christian?
Miller riu. — Eu sei que sim. Você gosta que as coisas sejam
ordenadas e sensatas. Mata você se algo acontecer que não
esperava. Mas às vezes as melhores coisas da vida são as
inesperadas.
— De quem é maior?
— Pode ser. Mas parece que a mulher que ele quer é você.
Uma coisa boa sobre esse trabalho era que eu não tinha tempo
para pensar demais. Depois que desliguei com Miller, tive que
correr para uma reunião, e depois para mais três. Quando voltei
ao meu escritório, eram quase quatro. Caminhei até a parede de
janelas e olhei para o campo. Os jogadores estavam espalhados
por todo o gramado, então parecia que o treino estava terminando.
Christian estava na endzone, jogando a bola para um de seus
receptores. Observei por alguns minutos, maravilhada com o quão
gracioso um homem tão grande poderia ser. Ele fazia parecer tão
fácil, como se eu fosse capaz de lançar uma bola a sessenta metros.
Depois de mais alguns minutos, ele e o jogador com quem vinha
jogando bateram as mãos, e Christian se dirigiu para o túnel,
conversando com o coordenador ofensivo.
— Por que você não assinou o acordo de patrocínio que
coloquei para assinatura na semana passada? — A voz da minha
irmã Tiffany me fez pular. Eu me virei para encontrá-la já em modo
de luta, com as pernas bem abertas e os braços cruzados sobre o
peito. — E onde está o aluguel do meu carro?
— Tenho certeza de que você está certa. Mas não faria mal
uma outra verificação. Tenho certeza de que o PR retornará para
mim com seu relatório em breve. Achei melhor prevenir do que
remediar. Não queremos que nada manche o nome do Bruins.
Um sorriso perverso se espalhou pelo rosto de Tiffany. — Sim,
não queremos que mais ninguém manche o nome da equipe, não
quando a adorável nova proprietária está fazendo um ótimo
trabalho sozinha.
— Eu vi o Post.
Suspirei. Claro que era disso que se tratava. — Você tem mais
alguma coisa que precisa discutir comigo?
Sua resposta foi se virar. Mas ela parou na porta. — Ele vai
acabar com você quando chegarmos aos playoffs, se durar tanto
tempo. Basta perguntar a Salma da contabilidade.
— Isso importa?
— Oh...
Suspirei. — Eu sei.
— Vou te buscar.
— Ok.
— É uma surpresa.
Ou assim pensei...
Ri. — Deixa-me ver o que posso fazer. — Fui até minha cômoda
e abri a gaveta onde guardava minhas roupas de ginástica
raramente usadas enquanto Christian olhava em volta.
— Sim.
— Você toca algum instrumento?
Ele sorriu. — Com certeza. Isso é sexy pra caralho. Mal posso
esperar para vê-la nisso.
Ele assentiu. — Você parece ser do tipo que não vai embora
até que arrume tudo, então pensei em fazer isso para que
possamos pegar a estrada. Temos uma longa viagem.
— Se posso usar qualquer coisa, por que tive que me virar para
que você pudesse ver a roupa?
— Bicicletas?
— Sério?
Sorri. — Adoraria.
Pela próxima hora e meia, Christian e eu andamos pelo
acampamento. Estava coberto de mato e descuidado, mas não
importava. O sol brilhava, o vento batia no meu rosto e tinha
aquele calor no peito que vir aqui com minha mãe sempre me deu.
Parecia que eu não tinha nenhuma preocupação no mundo. Não
conseguia me lembrar da última vez que fui capaz de dizer isso.
Quando chegamos a uma área com bancos de piquenique,
Christian apontou.
— Claro.
Ele estava certo, é claro. Mas não foi apenas o exercício que
me fez sentir assim. Era o homem sentado ao meu lado. E eu
queria mostrar a ele o que ele fez comigo. Então pisei no banco e
levantei uma perna para subir no colo de Christian. Olhando para
frente, montei nele e coloquei minhas mãos em volta de seu
pescoço. — É mais do que exercício que está me fazendo sentir
assim, Christian.
Ele sorriu. — Eu sei. Você foi tão fofa e séria. E seus óculos
estavam tortos. Mais ou menos como eles estão agora, de novo.
Sorri. — Sim.
— Amo esse lugar pra caramba. John Barrett realmente me
apresentou isso. Quando tínhamos uma boa semana, ele
convidava vários food trucks para vir depois do treino. Esse sempre
foi o meu favorito.
— Mesmo?
— Sim.
— Mantenho.
— Admirando a vista.
Ficou claro que ele não estava falando sobre o que eu estava
apreciando.
Deus, ele era ainda mais sexy quando tímido. Algo sobre a
maneira como ele se inclinou casualmente contra a porta, as
mangas da camisa arregaçadas e me seguiu com os olhos, era
excitante. Era como se ele tivesse que controlar a distância que
colocava entre nós porque não conseguia controlar seu desejo.
Ele balançou sua cabeça. — Não vou ser seu amigo de foda,
Bella, se é isso que você está tentando fazer. Quero a coisa toda,
passar a tarde fazendo merda juntos e depois levar você para
minha cama e deixar você nua.
Oh, Deus.
— Christian!
Muito.
Oh, Deus.
Queda livre.
— Christian?
— Tem certeza?
Christian olhou para o meu corpo seminu. — Positivo.
Obrigado. — Ele fez uma pausa. — Interfone desligado.
— Obrigada — falei.
— Eu sei. Mas prometo que não sou o cara com quem você
namorou no ensino médio, ou qualquer uma das pessoas que você
amou que não estavam lá para você, ou mesmo seu velho. Não
estou indo a lugar nenhum.
Assenti.
— Diz.
— Não!
— Diz!
Alimentá-la.
Foda-me.
Lento.
Bem lento.
Minha cabeça caiu para trás, meu pescoço não era mais capaz
de suportar o peso enquanto perdia meu último grama de controle.
Gemi o nome dela enquanto resistia uma última vez e parava,
enchendo sua garganta com o que parecia ser um fluxo sem fim.
Depois, mal tive forças para abrir os olhos e ofeguei como se
tivesse acabado de correr por todo o campo, embora Bella tivesse
feito todo o trabalho.
— Não, querida. Bom não chega perto do que foi. Isso foi
executar o touchdown da vitória faltando dois segundos para o
final do jogo – espetacular. Dane-se a grama e o sorvete. Essa sua
boquinha gostosa é meu novo lugar feliz.
— Claro.
— São novos?
— Que pena.
— Entre!
Sorri. — O tipo que tem uma garotinha fofa com rabo de cavalo
na capa.
— Certo. Mas não vamos discutir nenhuma foto dos dez aos
doze anos. Passei por uma fase de Hipatia.
— Uhm, o quê?
Uau. Bella contou que sua mãe morreu, mas não tinha
percebido que foi um atropelamento. Eu ainda morava em Indiana,
terminando meu último ano na Notre Dame naquela época. Acho
que não foi notícia nacional, ou eu estava muito envolvido em mim
mesmo para prestar atenção. Mas caramba... Bella nem sequer
tinha um rosto para responsabilizar por sua perda. Isso tinha que
piorar. O som do secador parou, então coloquei o artigo de jornal
de volta no álbum e o devolvi à estante antes de voltar para o sofá.
— Parece bom.
— Tirar?
— Eu... acho que não pensei sobre seus pais estarem aqui.
— Isso é um problema?
Sua mãe franziu a testa. — Você não pode pular isso apenas
uma vez?
— Claro, mãe.
Deixei escapar um suspiro de alívio enquanto eles se
afastavam.
— Sim.
— Um dólar.
Eu ri. — Um dólar vai fazer seu irmão chorar?
— É um dólar especial.
— Mingau — eu provoquei.
Ele olhou para frente e para trás entre os meus olhos. — Você
quer se casar e ter filhos um dia, patroa?
Ri. — Claro.
Ele colocou o braço em volta do meu ombro e apertou. — Ele
fez bem.
— Onde?
— Oh.
Ele pegou meu olhar. — Caso não esteja claro, é isso que eu
gostaria de ser... seu namorado.
— O quê?
— Não entendo...
— Você também.
Ele balançou sua cabeça. — Não sei. Foi estúpido. Mas acabou
tão abruptamente quando você era adolescente, e isso me deixou
triste. Achei que poderia fazer você se sentir mal se saísse e eu
estivesse olhando as páginas.
— Uh, não, não estou. Você deveria ver o jeito que ele olha
para ela. Ele esteve aqui mais cedo, algumas horas antes do jogo.
A princesa aqui não quer que as pessoas saibam, então ele não
pode tocar ela em público. Mas ele olha para ela como se quisesse
comê-la viva. Falando nisso... — Ele se virou para mim. — Você
vai me dizer se ele pelo menos faz isso bem?
— Fantástico!
— Não posso levar o crédito por isso. Era Christian que eles
seguiam.
— Irracional me dá urticária.
Ele usou o polegar para limpar sob meu lábio inferior. — Você
deveria ver como vou dizer que senti sua falta nos últimos dias.
— Mesmo?
— Acho que eles iriam adorar. Mas será que vai caber todos
eles?
Ela sorriu. — Você está corada e seus olhos estão com aquela
aparência vitrificada.
Quieto.
Silêncio novamente.
— Obrigada.
— Eu tenho.
Assim que ele saiu da sala, ela se virou para mim. — Você
deveria ir. Já são quase cinco. Você tem prática em algumas horas.
Talia estava grogue, mas ela sorriu, e Wyatt largou a capa legal
que todos os adolescentes pareciam usar e correu para a cabeceira
dela e a abraçou. Os três conversaram até que o médico se
aproximou e perguntou se não havia problema em discutir a
condição de Talia com todos nós presentes. Talia olhou para o
filho, que imediatamente balançou a cabeça.
O médico nos disse que a cirurgia foi tranquila, mas que Talia
tinha uma infecção no sangue, causada por seu apêndice doente,
a qual precisava ser tratada. Normalmente, um paciente fica no
hospital apenas um ou dois dias após uma apendicectomia, mas
ele achou que deveríamos planejar de dois a quatro dias, porque
eles queriam ter certeza de que se livrariam da infecção.
— Por que vocês não ficam na minha casa? Tenho três quartos
e vou embora amanhã para a Califórnia para o jogo de domingo.
— Sim?
— Não, mas você poderia ter ligado para me avisar que vocês
iam se atrasar.
Assenti. — Você está certa. Eu deveria. Perdi a noção do
tempo. Peço desculpas. Agora me dê um beijo.
— Por quê?
— Oh...
— Na verdade, não.
— Oh, certo.
Ela me deu uma olhada. — Uh, você sabe, sinto que você está
tentando me dizer algo. Mas usamos palavras para isso, então você
poderia dizer.
Ela deu um tapa no meu peito. — Não, a menos que você esteja
me fazendo falar alto, o que você não vai fazer.
— Braços longos?
— Sim, eu os tenho.
— Ok...
Beijei seus lábios antes de descer por seu corpo até meu rosto
pairar entre suas pernas. Então estendi a mão e a coloquei sobre
sua boca.
— E você?
Fechei os olhos.
— Como vai tudo? Você deve estar bem ocupada. Liguei para
você algumas semanas atrás e não tive resposta.
— Ok...
Ri. — Oh, meu Deus. Eu teria desmaiado, mas você deve estar
andando pelo escritório chateado o tempo todo.
— Oh...
— Entendo.
— Certo. É claro.
— Tudo bem, bem, sei que você está ocupada — disse Julian.
— Então vou deixar você ir.
— Ok.
— Vou ligar para você em breve.
— Tchau, Bella.
— Oi.
— O que aconteceu?
— Ambos.
Ele sorriu. — Sim? Então você está bem com isso sendo
público agora?
Ele riu, mas seu rosto ficou sério quando libertei seu pênis e
o alinhei na minha entrada. — Eu posso sentir o quão quente e
molhada você já está. Isso não vai ser bonito.
Christian me estudou.
— O quê?
Ri. — Por mais tentador que pareça, acho que vou passar. Mas
tenho algo melhor para você. Vou a um jogo na St. Francis, no
Queens. Bella também. Um garoto do time é filho de sua amiga.
Ele é muito bom. Você quer vir?
— Morda-me, velho.
— Os carros?
Acenei.
— Tudo bem.
— O quê?
— Espertinha...
— Oh, sim?
— Próximo sábado?
— Ele disse que você estava indo ver uma coleção de carros
que meu pai deixou para ele. Ele pensou que eu poderia estar
interessada.
— Ele fez isso! — Bella pulou para cima e para baixo, enquanto
eu enfiava dois dedos na boca para um assobio ensurdecedor. As
arquibancadas enlouqueceram e talvez eu tenha ficado um pouco
emocionado quando o time colocou Wyatt nos ombros e o desfilou
pelo campo.
— Droga — gritou o treinador. — Isso foi um bom jogo!
— Foi. Mas foi mais do que isso. Parecia que eu tinha passado
a noite com a família.
Ela assentiu. — Faz muito tempo desde que senti algo assim.
Desde que descobri meu pai e conheci meu avô, minhas visitas
têm sido principalmente aprender coisas sobre ele e a família que
eu nunca conheci. E embora isso seja ótimo e adore ouvir suas
histórias, foi muito bom sair esta noite. Percebi que passei meu
tempo com ele nos últimos dois anos tentando preencher as
lacunas, mas enquanto fazia isso, não estava seguindo em frente
e aproveitando quem ele é hoje.
— O que mudou?
Ela olhou para o copo de vinho por um tempo. Essa era uma
das coisas que eu amava em Bella; ela não apenas preenchia o
espaço. Ela pensava sobre suas palavras com cuidado, o que as
tornava muito mais significativas. — Acho que mudei. Passei os
últimos quatorze anos com medo de me apegar a alguém novo
porque dói muito quando eles me deixam. — Bella olhou nos meus
olhos. — Não é que eu não tenha mais medo, mas finalmente
encontrei pessoas que valem o risco.
E foi, muito bom. Pena que não segui a regra de não olhar para
trás no fim de semana seguinte...
CAPÍTULO 23
— Oh, sim?
— Aaron Winkleman.
Sorri. — Obrigado.
— Vou ter que entrar em contato com a equipe que vou levar,
pois não sei a disponibilidade deles fora do expediente. Mas me dê
cerca de meia hora, e retornarei para você.
— Obrigado.
Ele sorriu de volta, mas não alcançou seus olhos. — Que tal
eu aceitar isso depois do jantar? Vamos perder nossa reserva se
não formos embora.
— Onde fica?
— O rolo incrível.
— Eu quero o mesmo.
— O treinador vai falar com o Camp for Kids e ver o que eles
querem fazer quando a avaliação chegar. Eles podem querer
manter alguns, já que tendem a se valorizar com o passar dos
anos.
— Oh, sim?
Não foi muito difícil, não com as horas incríveis que passamos
na cama depois do jantar. Tinha prometido a Christian que iria
agradecê-lo adequadamente, mas no final estava certa de que eu
era quem tinha sido agraciada... duas vezes. De qualquer maneira,
a semana tinha sido longa, e a combinação de vinho no jantar e
um par de orgasmos incríveis tinha me esgotado. Adormeci nos
braços de Christian, mas acordei às três da manhã com sede,
apenas para encontrar Christian olhando para o teto.
— Não, obrigado.
— O quê?
— O quê?
— O quê?
— Se você correr porque pode ser demais, eu também vou
correr. Logo depois de você. E vou te pegar eventualmente.
— Claro que você pode. Mas você não liga. Então, qual é?
— Não, não sou eu. Juro. Mas gostaria de obter uma cópia de
um arquivo de caso antigo. Isso é possível? Tipo, o público tem
acesso a essas coisas?
— Um atropelamento e fuga.
— Minha delegacia?
— Então, por que não levar isso à polícia e deixar que eles
decidam? O que há com toda essa merda de capa e espada?
— Desculpe-me.
Passei a mão pelo meu cabelo. Isso foi um bom ponto. — Desde
que isso não cause problemas para você.
Ela riu. — Eu sei que não é grande e chique, mas não preciso
de muito mais do que isso.
— Sim.
— Falei com o detetive que pegou o caso anos atrás. Ele ainda
está no trabalho. Vou encontrá-lo antes do meu turno amanhã
para pegar uma cópia do que ele tem no arquivo.
— Sim.
Sorri sem entusiasmo. — Essa doeu. Estou feliz por não ter
nos tirado da disputa dos playoffs, já que o Dallas também perdeu.
Ele olhou para mim e assenti. — Vamos querer dois com duas
Cocas.
Tyler esperou até que ela saísse para levantar uma pasta
parda do assento ao lado dele. Ele deslizou para o meu lado da
mesa. — Dei uma olhada no arquivo esta tarde. Não muito para
continuar. Mas você dá uma olhada. Talvez algo salte para você.
5
Reuben é um sanduíche grelhado norte-americano composto de carne enlatada, queijo suíço, chucrute
e molho Thousand Island ou molho russo, grelhado entre fatias de pão de centeio.
quebrado na rua, parei. — Eles conseguiram obter um número de
componente do farol?
— Você não tem que me dizer isso. Vejo isso todos os dias.
Quando você pensa que já viu de tudo e nada mais pode
surpreender, algum criminoso aparece e mostra que você está
errado. Outro dia, peguei um caso em que um pai cortou quatro
dedos de sua filha de três anos. Ela deixou cair um copo e o
quebrou. Esse foi o castigo dela.
— Não me diga mais nada. Não tenho ideia de como você faz
seu trabalho.
Tranquei os olhos com meu irmão. — Isso tem que ficar entre
mim e você.
Porra.
— Tudo bem. Posso ser rápido. Falei com o cara que examinou
as impressões dos pneus.
— E...
— Sinto muito. Eu sei que não era isso que você queria ouvir.
Meu telefone tocou assim que entrei no Town Car que esperava
no aeroporto de Las Vegas no domingo.
— Olá?
— Bella?
— Seus nomes são Lara, Kara e Sara? Vocês têm algum irmão?
— Oh, não!
— Pobrezinha.
Balancei a cabeça.
— Ele quer ir ver Bella, mas está tentando ser educado já que
estamos todos aqui.
Lara disse que Bella tinha passado mal, então fui até o
banheiro.
— Posso entrar?
Ela assentiu.
— Por favor? — Fui até o sofá e estendi a mão para ela. — Você
está pálida, e eu me sentiria melhor se você se sentasse.
— Tudo bem, mas por quê? Se você quisesse saber mais sobre
isso, eu poderia ter lhe contado. Parece... — Ela balançou a cabeça.
— Não sei. Parece que você invadiu minha privacidade ou algo
assim.
— E?
Peguei a outra mão dela e apertei. — Não posso provar que ele
era o motorista, mas foi o carro dele que a atropelou, Bella. O
treinador herdou a coleção de carros de John quando ele morreu.
Ele ainda os tem, então pedi a alguém para comparar as marcas
dos pneus. É uma combinação.
— Um mês?
— Meu avô sabe? É por isso que ele de repente quer se livrar
dos carros?
— Sim, claro.
— Para onde?
— Estou bem.
— Aqui está — ele disse. — Do jeito que você gosta, com meia
colher de chá de açúcar.
— Obrigada.
Meu avô balançou a cabeça. — Não sei nem o que dizer. Como
ele poderia ter feito tal coisa e escondido?
— Sim...
Ele levantou a mão. — Não vamos nem aí, querida. Somos uma
família, não importa o que aconteça.
— Alô?
— Estou bem.
— Eu sei. E sinto muito. Lidei com tudo errado. — Ele fez uma
pausa. — Posso passar aí e ver você? Só preciso saber que você
está bem.
— Ok. Entendo.
Não era a primeira vez que fazia isso, e não seria a última no
ritmo que as coisas estavam indo.
— Não me lembre.
Miller suspirou. — Ela está bem. Bem, isso não é verdade. Ela
está mentalmente exausta de se preocupar. Mas ela vai ficar bem.
Minha garota sempre consegue.
Passei a mão pelo meu cabelo. — Não, foi uma pergunta idiota.
— Ela nem vai falar sobre você agora. Mas meu palpite é que
ela vai perdoar. A única coisa sobre Bella é que ela vê as coisas de
todos os ângulos. É a personalidade dela, mas também o que ela
passou anos fazendo no trabalho. Quando você constrói algoritmos
para ganhar a vida, precisa ser capaz de pensar em como as
pessoas respondem a diferentes cenários. No fundo ela sabe que
você só estava tentando protegê-la.
— Ela vai voltar a trabalhar?
— Ei, Phil.
— Uh... que tal o contrato que enviei há dez dias para ser
assinado? Há algum problema com isso?
— Ok.
— Sinto muito, Bella. Eu sei que essa não era a notícia que
você queria ouvir. Mas como discutimos quando você veio me pedir
esses testes, os resultados não mudam nada sobre sua herança.
Em retrospectiva, está claro que John Barrett escolheu
cuidadosamente suas palavras no testamento para que seu status
como beneficiária não pudesse ser contestado se essas coisas
viessem à tona. Seu nome foi escrito especificamente sem levar em
conta qualquer relacionamento em particular.
— Obrigada.
Dois dias depois, ainda não tinha saído do meu quarto. Eu não
tinha tomado banho, meu cabelo estava uma bagunça
emaranhada, e a única coisa que tinha comido era um pouco de
sorvete, que não me preocupei em colocar em um prato, e agora
tinha uma mancha na minha camisa onde tinha pingado um
pouco.
— Sobre o quê?
— Qual canal?
— Sports Network. Eu só descobri porque o episódio de Hell's
Kitchen que estou assistindo é uma reprise, então fiquei entediado
e li o rodapé idiota na parte inferior dando uma atualização de
notícias.
— Boa noite. — Ele sorriu, mas não era um sorriso feliz, mais
como um educado. — Obrigado por terem vindo. Vou ser breve e
doce, porque tenho certeza de que todos vocês têm notícias
melhores para cobrir do que minha bunda arrependida.
Puta merda.
As pessoas começaram a gritar perguntas, mas Christian fez
sinal com as mãos para que todos se acomodassem.
— Seu avô?
— Onde?
— Eu senti.
Peguei sua mão e deslizei entre minhas pernas. — Por que você
não sente isso, então?
— Sim?
— Você pode...
— Seu pau.
Com a cabeça dela para trás, tive acesso ao seu pescoço. Então
chupei ao longo de sua linha de pulso enquanto ela me cavalgava
com força, levantando quase todo o caminho e depois voltando
para baixo, apenas para girar seus quadris. Ela gemeu quando
pressionei meu polegar em seu clitóris e massageei pequenos
círculos.
— Você não vai dizer isso daqui a treze anos, quando elas
estiverem namorando.
Ok, talvez tenha feito isso na outra noite, mas não era fácil
deixar meus colegas de trabalho esperando. Especialmente desde
que eu criei o software de estatísticas e previsões que eles agora
usavam. Depois que Christian e eu nos mudamos para New
England para ficar com seu novo time, estava entediada de ficar
em casa o tempo todo. Eu queria encontrar um emprego com
horário flexível para poder viajar para os jogos dele e também
voltar para Nova York para ver alguns de Wyatt e visitar meu avô.
Esse trabalho caiu no meu colo quando o diretor de estatísticas da
equipe do Bruins conseguiu um emprego no New England. Ele
sempre adorou o módulo de previsão no qual eu estava
trabalhando e me convidou para ser consultora da nova equipe de
Christian sobre como melhorar seu sistema. Um ano depois, eu
estava trabalhando em período integral e construindo um
programa totalmente novo desde o início. Fiquei em meio período
depois que os gêmeos nasceram, mas não foi fácil, porque
Christian estava sempre na estrada. Ter outro par de gêmeos
tornaria as coisas mais caóticas, mas pelo menos meu marido
estava aposentado agora e poderia ajudar mais.
Ele moveu sua boca para o meu ouvido. — Além disso, foda-
se Chipwich e tudo isso. Vou comer você quando chegarmos em
casa.