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INTERVENGAO oBjErivos INTRODUGAO 1, Definir 0 termo famitia, 2, Identificar 08 estagios de desenvolvimento de familias. 3, Descrever as variagdes principais do ciclo de vida da familia de classe média norte-americana. 4. Deserever as caracteristicas do funcionamento familiar adaptativo, 5. Deserever comportamentos que interferem no comportamento familiar adaprativo. 9 CaPituLo EM FAMiLIAS TOPICOS DO CAPITULO MODALIDADES TERAPEUTICAS COM FAMILIA. © PROCESSO DE ENFERMAGEM — UM ESTUDO. ESTAGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA FaMitiA DE CASO VARIACOES PRINCIPAIS aooMe : FUNCIONAMENTO FAMILIAR PERGUNTAS DE REVISAO TERMOS-CHAVE comunicagao de duplo vinculo limites divisdo conjugal sistoma familiar desligamento desequilfbrio conjugal teiangulos entrelagamonto intorvongao paradoxal escolha de bode expiatério estrutura familiar recolocagao ‘genograma pseudomutualidade ‘subsistemas pseudo-hostilidade OBJETIVOS Ao término da leitura deste capitulo, o leitor seré capaz de: 6. Discutir os componentes essenciais dos sistemas familiares, terapias estruturas ¢ estratégicas, 7. Blaborar um genograma familiar, 8, Aplicar as etapas do processo de enfermagem nas intervengées terapéuticas em familias 126 INTERVENCAOEM FAMILIAS aa ESTAGIOS DO DESENVOLVIMENTO DA FAMILIA Carter ¢ McGoldrick (1989) identificaram seis estagios que descrevem o ciclo de vide da familia norte-americana de clas- se média, Reconhece-se que essas tarefas devem variar muito entre os grupos culturais, assim como nas diversas formas de famfia anteriormentedeseritas, Entretano, esses esgios pro- porcionam uma perspectiva til paraaenfermeira empregar no estudo das famfias,enfatizando a expansao (aadigio de mem- bros), contrago (a perda de membros) e realinhamento das relagSes quando os membros apresentam mudangas do desen- volvimento. Esses estigios do desenvolvimento familiar estio resumidos na Tabela 9.1 Estagio I. O Adulto Jovem Solteiro Este modelo comega na sada do adulto jovem de sua familia de origem. Este € um estigio dificil, pois o adulto jovem tem de decidir quais os padres sociais da familia de origem que vio ser preservados e quais os que eles vio alterar para serem les proprios incorporados a uma nova familia, As tarcfas des- se estigio incluem a formagio de uma identidade separada dos pais, 0 estabelecimento de relagdes sntimas com 0s pares © © avango em diregdo a independéneia financeia, Poem ocorrer problemas quando 0 adulto jovem ou os pais tém dificuldades para terminar a selaco de interdependéneia que existia ma fae mnflia de origem, Estégio Il. O Casal Recém-Casado © casamento 6 una transico dificil, porque a renegociagso tem de incluir a integragio dos aspectos contrastantes que cada pareeio traz i relagdo, assim como dos aspectos que eles po- dem te definido parasi proprios comocasal, Além disso, onovo casal tem de renegociar relagdes com pais, irmaos e outros fa- niliares devido ao casamento recente (L’Abate, Ganahl & Hansen, 1986). As tarefas desse estigio incluem o estabele mento de uma nova identidade como um casa, 0 realinhamen- to das relagSes com membros da familia ampliada e a tomalia de decisdes a respeito deter ilhos. Podem ocorrer problemas se qualquer dos parceiros permanecer demasiado preso a sua familia de origem ou se casa resolver desligar-se totalmente da familia ampliada (L? Abate, Ganabi & Hansen, 1986), Estagio III. A Familia com Criangas Pequenas ‘Coma chegada dos filhos, devem haver ajustes narelaglo, Todo, ‘© sistema familiar € afetado e so necessérios realinhamentos, dos papéis, tanto para os novos pais como para os avés. AS tax refas nesse estigio incluem a realizagio de ajustes no sistema, conjugal, para fazer face as responsabilidades associadas & paternidade e manter ao mesmo tempo a integridade da rela- 0 do casal, paticipacio igual nas tarefas de criaglo dos {hos e integragao dos papéis dos membros da familia ampliada ‘na organizago familiar reeém-aumentada, Podem ocorrer pro- ‘blemas quando 0s pais nao conhecem o desenvolvimento nor- mal das criangas e nio t8m a pacineia necessria para deixar que elas se expressem através do comportamento, Estagio IV. A Famflia com Adolescentes Esse estigio do desenvolvimento da familia se caraeteriza por _grande tumulto e transigio. Tanto os pais, que estio se aproxi- mando do estigio da meia-idade, como 0s adolescentes esto ppassando por mudaneas biolégicas, emocionais ¢ sociocultu- mais, que cobram seu tributo de cada individuo, assim como da uunidade familiar. Os avés também podem necessitar de assis- téncia com as tarefas da idade avangada. Esses eventos podem ‘casionaraos pais um “efeito sanduiche™, que t&m de lidar com problemas com que se defrontam trés geragées. As tarefas des- se estigio incluem a redefinigdo do nivel de dependéncia, para, INTERVENCAOEMFAMILIAS 127 TABELA 9.1 ESTAGIOS DO CICLO DE VIDA DE FAMILIAS NORTE-AMERICANAS DE CLASSE MEDIA. ESIAGI08 po CicLo be Vina FaMitian PROcESso EMociONAL DE Tuansicn 1 OAAdulto Jovem Soltero Accitarseparagio dos pais responsabilidade por si mesmo, 1M, OCasal Recém-Casado TIL A Famiia Com Fithos Pequenos no sistema IV. A Famstia Com Adolescentes dos avés V. A Famflia Liberando Flhos Crescidos VIL A Familia na Idade ‘Avangada seragées ): PRINCIPIOS-CHAVE (Compromisso com novos sistemas Aceitagio de nova gerago de membros ‘Aumtento da flexibilidade dos limites familiares para incluira independencia dos fithos ea erescente dependénc Aceitagio de muitassafdas do sistema, familiar e entradas para 0 mesmo Aceitago da mudanca de paptis das “MobrIFICAGOES NECESSARIAS Na SITUAGLO FAMILIAR PaRa 4 ConTINUACKO DO. DESENVOLVIMENTO Diferenciagfo do cu em relagto 3 familia de origem Desenvolvimento de relagses fntimas com pares Estabelecimento do eu no trabalho Formagao do sistema conjugal Realinhamento das relagbes com a familia ampliada © amigos para inclu 6 c@njuge Ajustar o sistema conjugal pra fazer lugar para os filhos ‘Assume papéis paternos, Realinhamento das relagdes com a familia ampliada para incluir paps de pais e av6s Mudangas nas relagbes pais-filhos para permitir aos aadolescentes entrar e sar do sistema Refocalizago em problemas conjugais eprofisionais ‘da meia-idade ‘Comego da mudanga no sentido da preocupago com as eragOes mais idosas Renegociagio do sistema conjugal como uma dade Desenvolvimento de elagdes de adulto para adulto entre ‘9s ilhos crescidose seus pais Realinhamento das relagbes para incuirfamitiares do cOnjuge de filhos e's netos Lidar com a incapacidade e morte dos pais (avés) Mantero funcionamento e interesses pessoaise/ou do casa face a deelinio Msilégico: exploraeio de novas ‘opgdes de papeis familiares e socais ‘Apoio a um papel mais central para a geragdo méiia Dar espago no sistema para a sabedaria e experiéncia dos idosos: apoiar a geracdo idosa sera os Expor a ut funcionamento excessivo Lidar com a morte do ednjuge,irmios ¢ outros pares © preparar-se para a pripria mote; revisdo ¢ integragdo da vida Femina we BA Mik a Te gi fy ec: A evo ly gy 2d). Cig © WB) W Anew ROOT «que os adolescentes tenham mais autonomia e os pais continu- fem sensiveis ds necessidades de dependéncia dos jovens. Os aspectos da meia-idade relacionados ao casamento, catreira ¢ énvelhecimento dos pais também t€m de ser resolviddos duran. te este periodo, Podem ocorter problemas quando os pais nao conseguem afrouxar o controle ¢ dat aos adolescentes maior autonomia ¢ liberdade para tomar decisdes independentes out quando os pais ndo conseguem entrar em acordo e dar apoio um a0 outro nessa tarefa, Estagio V. A Familia Liberando os Filhos Crescidos Durante esse estigio ha um grande realinhamento dos papeis familiares. Esse estigio se caraceriza pela entrada c saa i “ermitentes de diversos membros da familia. Os filhos saem de asa para continuar sua educagio e carrera, acontecem casi ‘mentos © novos cénjuges, familiares dos cOnjuges e eriangas ‘niram para o sistema: e novos papeis de avds sio estabeleci- dos. Relagdes de adult para adulto slo renegociadas entre os Ailhos crescidos e seus pais. As tarefas associadas a esse este io incluem o restabelecimento dos lagos da relagdo conjugal diédica; o realinhamento das relagées para incluir os filhos eres- cidos, a familia de seus e@njuges e noves netos; ea aceitagto «las responsabilidades adicionais de cuidado e a marte eventu Al de pais idosos. Podem ocorrer problemas ao se avolumarem 08 sentimentos de perda e depressfio em resposta & saida dos fills de casa, quando os pais ndo conseguem aceitar seus fi. {hos como adultos ou tidarcom a incapacidade ou morte de seus Prprios pais e quando os lagos conjugais se deterioram, Estagio VI. A Familia na Idade Avangada Esse estgio comeca com a aposentadoria e dura até a morte de ‘ambos os cOnjuges (Wright & Leahey, 1994). Muitos adultos em sua idade mais avancada ainda sio uma parte proeminente {do sistema familiar e muitos conseguem dar apoio a seus filhos za geragdo média. As tarefas associadas a esse estdgio incluem a explorazio de novos papéis sociais relacionados & aposenta. doria e & possivel mudanga na situagdo sécio-econdmica, Aaccitagio de algum declinio no funcionamento fisiol6gico, li. dar com a morte do cOnjuge, inmios e amigos e defrontar-se com a prépria morte, prepararando-se para iss0. Podem ocor. ser problemas quando os adultos idosos nfo conseguiram exe. 128 INTERVENCAO EM FaMiLias cular as tarefas associadas a niveis anteriores do desenvalvi mento e esto insatisfeitos com o rumo tomado por sua vida, les nfo conseguem ficar alegres com a aposentadoria ou emo- cionalmente satisfeitos com os filhos e netos, eno conseguem aceitar a morte dos entes querides, nem se prepara para suit prépria morte iminente, VARIACOES PRINCIPAIS Divércio Carter © McGoldrick (1989) também discutem os estigios tarefas de familias apresentando divércio e um novo casamen- to, Em 1982, praticamente metade de todos os casamentos nos EUA acabavam em divércio (Messinger, 1982). Aleumas es- {atisticas indicam que a freqiiéncia de divércios pode estar di- minuindo desde a década de 1970, Entretanto, em 1988, 11% de todas as familias nos EUA eram encabegadas por apenas um «dos pais (Glick, 1989). Os estgios no ciclo de vida familiar de div6rcio incluem decidir pelo divéreio, planejar a decompos ‘do do sistema, separacdo e divorcio. As tarefas ineluem acei- {ara prépria parte no fracasso do casamento, atuar cooperati- vyamente nos problemas relacionados & custédia e visitas aos filhos ¢ as finangas, realinhar as relagdes com a familia ampli- ‘ada e chorar a perda da rela¢o conjugal e da familia intacta, Depois do divércio, o pai responstivel pela custédia dos fi- thos tem de ajustar-se a funcionar como nico Ifder de uma familia ativae ao mesmo tempo atuar no sentido de reconstruir uma rede social. O pai no ligado 2 cust6dia tem de encontrar ‘meios para continuara ser um pai efetivo enquanto permanece fora do papel paterno normal (L’ Abate, Ganahl & Hansen, 1986). Novo Casamento Os estudos sugerem que entre dois tergos etrés quartos daque- Jes que se divorciam acabaam por casar-se novamente (Glick, 1989), Em 1987, estimou-se que viviam nos EUA 11 milhdes de familias recasadas € 4,3 milhdes de familias adotivas (Glick, 1989). Os desafios a serem enfrentados para a unido de duas {amilis estabelecidas sio enormes, eas estatisticas revelam que a freqléncia de divéreio dos casais no segundo casamento & ainda maior que aquela apés um primeiro casamento (Pill, 1990). Os estégios no cielo de vida da famifia no novo casa- ‘mento incluem a entrada na nova relagio, planejamento donovo ‘casamento ¢ da nova familia ¢ o nove casamentoe restabeleci- ‘mento da familia, As tarefas incluem firmar um compromisso s6lido de enfrentar as complexidades de combinar duas famili- ‘as, mantera comunicagdo aberta,enfrentar os temores,realinhar as relagGes com a familia ampliada de modo a ineluir 0 novo ‘Onjuge e os filhos gerados nesta relagao e encorajarrelagdes, saudaveis com os pais e avds biol6gicos (no responséveis pela ‘eustédia dos filhos). Podem ocorrer problemas quando hi um obscurecimento dos limites entre as familias custodial e néo custodial. As criancas podem pensar: "Quem é que manda agora? Quem & mais im- portante, a crianga ou o novo cénjuge? Mamae ama seu novo, ‘marido mais do que a mim, Papai me deixa fazer mais coisas que meu padrasto, Eu ndo tenho de ligar para ele; ele nto &re- almente meu pai.” Pode-se evitar a confusto e softimento ta to para as eriangas como para os pais pelo estabelecimento de limites claros (Abrons & Perlmutter, 1982), L’Abate, Ganabil e Hansen (1986) afirmam: 0 problema mais comum numa familia de um novo casamento 6 ‘aocorréncia de uma relagao de confronto entre © padraso ¢ 0 pai biolégico. Ambos os individuos podem sentir algum confitoeten- ‘fo no papel se os filhos fcarem presos no meio, isto vai ser urn ator negative no desenvolvimento das eiangas ena reestruturacio anova fama” Variagdes Culturais E ciel generlizar-e em relago is variagdes no desenvolv ‘mento do cielo de vida fair de acordo com a eultura Mu tas familias 6s aculturaram sociedad norte-americana ese astra aos estigios do ciclo de vida deseritosanterionmen- te, Tov, a dversidadecutoral existe eetivamente ea en fermeiras tm de estar cientes das possveis dferengas nas ex- peclativas familiares relacionadas 2s crenga socioculturis Eas devem saber também que hi muita variagao demo dos grupos étnicos, assim como entre eles, Algumas das variagdes: que podem ser consideradas sio mostradas a seguir. Casamento Algumas subculturas nore-americanas mantém valores radi) Clonal em termos do easamento. As opinites tadctonals em telagio vida falar ea rligidocatlca romana exercem” infoGacies impentates xs aloes reaps do cases ext ills fama taloramericanase lainosamercanas Erber {rag de easamentosaranjiosesten desaparecendo fants asldticg-emericanas, ainda a com eqlencia uma inmutnca muito mats fot da fafa na scale do parcel que em outaseultura nos EUA (Shon & Ja, 1982), Nessas Subcaltras opal éconsiderado a figura de autrdade eo che- fe da familia, e a mae assume o papel de dona-de-casa respon- Sel por cuidrda fafa Alealade familiar intense ina ‘Tuptura nesta lealdade traz uma vergonha considerdvel para a fan Herz e Rosen (1962) fazem as seguintsafirmagées a es- fais jus Jimportincia da fama 6 expressa comumente nas imagens do bhomem judeu como um bom pai, maridoe provedor e da mulher {udia como esposa dedicada e mie de filhosintligentes. Eexerci- da pressio sobre homens e mulheres para se casarem. O casamen- to interracial sempre foi percebida como a ruptura mais Magrante de unio da familia edesligamentos emocionals totals ni 880 ra- Filhos Em culturas latino-americanas e ftalo-americanas tradicionais 6 flhos so fundamentais para o sistema familiar. Muitos des- ses individuos tém fortes ligagies com a Igreja Cat6lica Ro- ‘mana, que historicamente tem promovido relagSes conjugais apenas para fins de procriagio ¢ encorajado as familias a terem muitos filhos. Em relagio a0 controle da natalidade, 0 catecis- ‘mo da Izreja Catética (1995) afirma: “A continéncia perisdi- ‘ca, ou seja, 0 método de regulagto da natalidade com base na ‘auto-observagao e no uso de perfodos de infertilidade, est de ‘acordo com os critérios objetivos de moralidade.” Na comuni- dade judia tradicional, ter flhos ¢ visto como uma obrigactio biblica e social. “Sede férteis e multiplicai-vos” & 9 primeira ‘mandamento na Tora (Herz & Rosen, 1982). Em culturas asidtico-americanas tradicionais, flhos homens ‘io claramente mais valorizados que filhas mulheres, ¢ filho ‘maisimportante é fitho homem mais velho (Shon & Ja, 1982), Espera-se que os irmios mais novos sigam a orientagao do fi- tho mais velho durante toda sua vida e que este assuma a lide ranga da familia quando pai morrer. Em todas essas culturas espera-se que 0s filhos tenham res- peito para com os pais e no tagam vergonha para a familia. Especialmente em culturas asstias, os filtos aprendem a sen- tiruma obrigae2o em relagio aos pais por trazé-los a este mun 0 ¢ cuidar deles quando estavam indefesos. Isto é visto como uma divida que nunca pode ser efetivamente page e, indepen- dentemente do que os pais possam fazer, o filho ainda é obri- gado a mostrar respeito e obedigncia (Shon & Ja, 1982). Familia Ampliada A familia ampliada tem um papel central em todos os aspectos da vida familiar dos italianos, incluindo a tomada de devises (Rotunno & MeGoldrick, 1982). O respeito em relagdo aos ‘membros mais idosos da familia e a responsabilidade em rela- «20 a eles é uma normna importante, e as familias resistem for- temente a colocar os familiares idosos em insttuigoes asilares. Em algumas subculturas norte-americanas, como as ait as, latinas, italianas eiranianas, no 6 raro encontrar-se varias _geragBes vivendo juntas. Os membros mais idosos da familia ‘Mo prezados por sua experiéncia e sabedoria. Como as famili- as ampliadas freqlientemente compartilham a moradia, ou pelo ens Moram perio, as tarefas de criagdo dos filhos podem ser executadas em comum por virias geragies. Divércio Na comunidade judia o divércio é frequlentemente visto como uma violagio da unio familiar (Herz & Rosen, 1982), Alguns pais judeus levam para 0 campo pessoal o divércio INTERVENCAOEM FAMILIAS 129 de seus filhos, através da resposta: “Como vocé pode fazer isso comigo?” Como a religiio catélica tem se oposto tradicionalmente ao divéreio, aquelas culturas que sto basicamente catélicas tém seguido esses ditames. Historicamente tem havido uma baixa freqiténcia de divércios entre étalo-americanos, ameri- ccanos de ascendénciairlandesa e latino-americanos. Todavia, ontimero de div6rcios entre essas subculturas esté aumentan- do, especialmente em geragGes sucessivas que se tomaram ‘mais aculturadas a uma sociedade em que 0 divéreio é mais aceitavel, FUNCIONAMENTO FAMILIAR Boyer ¢ Jeffrey (1984) descrevem seis elementos em que as famflias so avaliadas como se mostrando funcionais ou disfuncionais. Cada um deles pode ser visto como um conti rnuurt, embora as famflias raramente fiquem nos extremos do continuum. Em vez disso, elas tendem a ser dindmicas e a flu- tuar de um ponto para outro nas diferentes dreas. Esses seis elementos da avaliagao sio descritos a seguir ¢ esto resumi- dos na Tabela 9,2. Comunicagao Padres funcionais de comunicago constituem aqueles em que ‘4s mensagens verbais © ndo verbais sto claras, diretas ¢ con- sruentes entre o transmissor e o receptor visado. Os membros da familia sio encorajados 2 expressar semtimentos ¢ opinides ‘com franqueza e todos os membros participam das decisGes que afetam o sistema familiar. Cada membro ouve ativamente os outros membros da familia. (Os comportamentos que interferem na comunicagao funcio- nal ineluem os que se seguem, Fazer Suposicoes Poreste comportamento se supde que ou outros vao saber o que se quer dizer com uma ago ou expressdo (ou por vezes até ‘mesmo 0 que se esti pensando) ou, por outro lado, supde-se TABELA 9.2 FUNCIONAMENTO FAMILIAR: ELEMENTOS DA AVALIACAO ELEMENTOS DA AVALIAGIO Comunicagao Reforso do concito desi mesmo Expecttivas dos membros da faa Manejo das diferengas Padres de interagio familiar ‘os membres Clima familiar FUNCIONAL (Clara, direta,aberta e franca; com ‘ongrugncia entre a verbal ea alo verbal ‘De apoio, amor, elogio, arovagao, com. ‘comportamentos que insilam contfianga Flexiveis, realists, individvalizadas Tolerant, dintmico, negociador (Operacionais, construtivos, lexiveis © Promovendo as necessidades de todos De confanga, promotor do exescimento, Commun DISFUNCIONAL Indireta, vaga, controlada, com muitas mensagens de duplo vineulo io dé apoio, culps,“foras”,recusa em Dermitir a responsabilidade pessoal Criticas,rgidas, controladores, ignorando ‘individuatidade Agressivo, evitando confitos, de enteg Contraditios, rigidos, aurodestrutivos fe destruidores De descontianga, emocionalmente de catinho, sentimento geral de bem-estar ddoloroso, sem esperanga de melhoras FONTE: Adept de Boyer & ey (980, 130 INTERVENCAO EM FAMILIAS saber 0 que um outro membro esté pensando ou sentindo sem se verificar para ter certeza, Exemplo. Uma mae diz a sua filha adolescente: “Vocé ti- tha de saber que eu esperava que voce limpasse a covinha en- {quanto eu estava fora! Fazer Pouco dos Sentimentos Esta agio envolve ignora ou minimizar os sentimentos de uma ‘utra pessoa quando cles so expressos. Isto encorajaoindivi- ‘duo aesconder sentimentos verdadeiros, para evitar se magoar com a resposta negativa Exemplo. Quando a mulher jovem diz me que est furio- sa porque seu avo tocou seus scios, a mie responde: “Ora, no fique com rava. Ele nfo queria fazer nada de mais.” Nao Ouvir Por este comportamento ndo se ouve 0 que 0 outro individuo cst dizendo. Isto pode significar ndo ouvir as palavras por “no sintonizar” o que esté sendo dito ou ser uma escuta “seletiva’ ‘em que se ouve apenas uma parte selecionada da mensagem ou ‘a interpreta de maneira seletiva, Exemplo. O pai explica a Johnny: “Se o contrato for ass ‘nado e eu pegar este novo emprego nés vamos ter algum di nnheiro extra e vamos considerar mandar voeé para a univers dade estadual.” Johnny relata a mensagem a um amigo: “Papai disse que eu posso ir para a universidade estadual, Comunicando-se Indiretamente Isto gerlmente quer dizer que o individu no apresenta. ou nfo ¢ capazde apresentar uma mensagem a um receptor diretamen- te, € por isso procura comunicar-se através de uma tereeira pessoa. Exemplo. Um pai nio quer que sua filha adolescente se en- contre com um namorado, mas quer evitar arespostafuriosa que acha que ela vai lhe dar se disser isso. Ee expressa entao seus sentimentos a suaesposa,esperando que ela os transmit filha Apresentando Mensagens de Duplo Vinculo A comunicagdo de duplo vinculo transmite uma mensagem {ipo “se corer o bicho pega, se ficar 0 bicho come". Um mem: bro da famitia pode responder a uma solicitagao direta de on- tro membro apenas para ganhar uma reprimenda por atender & solicitagao. Exemplo. 0 pai diz ao filho que ele esté passando tempo ddemais jogando futebol e suas notas estio caindo. Ele tem de fazer as notas melhorarem nas 9 semanas subseqilentes ou seu carro the vai ser tirado. Quando o filho diz ao pai gue saiu do time de futebol para poder estudar mais, o pai responde furio- s0: "Nao vou deixar nenhum de meus fithos desistir facilmen- te de alguma coisa!” Reforgo do Conceito de Si Mesmo AAs familias funcionais tentam reforgare fortalecer conceito de si mesmo de cada membro, sendo o resultado positive que cles se sentem amados e valorizados. Boyer e Jeffrey (1984) afirmam: "A maneira pola qual os filhos se vém e se valorizam & muito sig- nificatvamente influenciacapelas mensagens que eles recebern em, relagio a seu valor para com outros membros da familia, Menss- _gens que comunicam elogio, aprovacio, apreciagio, confianga e Seguranga nas devises e que possibilitam aos membros da fami- linatendera necessidades individuals etomarem-se finalmente in- ‘dependentes si os tjolos dos sentimentos de auto-estima das cri- angas. Os adultos também neeessitam muito desse tipo de reforgo «e dependem muito dele para seu priprio bem-estar emocional.”(p. 2) ‘Comportamentos que interferem no reforgo do conceito de ‘i mesmo sao apresentados a seguir Expressar Observacdes de Menosprezo Essas observagdes sto comumente designadas como “cortadas” s individuos recebem mensagens de que sio insteis ou nao samados. Exemplo. Uma crianga derrama um copo delete na mesa. ‘A mie diz: "Voce € impossivel! Como pode alguém ser tio sem jit?!” Suprimir Mensagens de Apoio Alguns membros da familia consideram muito diffeil dar a ‘oulros mensagens de reforgo e apoio. Isto pode ser porque cles pprprios no receberam reforgo de seus entes quetidos e no “aprenderam como dar apoio a outras pessoas. Exemplo. Um garoio de 10 anos jogando beisebol na Liga, Juvenil recupera a bola ¢ jogava para a segunda base para ma- taro ponto, Depois do jogo ele diz seu pai: “Vocé viu minha Jjogada na segunda base?” pai respondcu: “E, eu vi, flo, mas se tivesse prestado mais atencio voc® poderia ter mandado a bola para matar o ponto diretamente.” Assumir 0 Controle Isto ocorre quando um membro da familia nao permite que outro no wjoosew wied esr9 ap es BS oputn fo “PAPsoorUH [ant uN w ex] apyparsue w eaja anbere-e 09 232 opurnh epnfeseinoatd 2pod wygusny “sed so opurund ‘opste}» 294 wns sod s81399 91 W|MUIND® B9 apEPI_ASOY © 905qe 2 oulpisdxe apoq ap jaded 0 ayususeiua vzyfouiot BSURLD ¥., euuaye (Z861) Kody, “eH -surey vp e104 zeuorouny ap apeprzedeo wns wavd otoo wSurLD ¥p euo!sowe apepmigeiso vexed owe jrogpnfoud 9 o1s9TeIdxo 9909 op wyjoos9 van ureuTe sor “onsOyeIMxa apoq tn 2p EU 0989 9p otuoureuoduio> asa urEUIeYD (8961) 280A 9 104 “Zapwavsd y opseyor wis eaneFou spay ewn way wed og “> ‘SpEPILUIOFOP PUN WO 2oseU OUI O 9g “E HL -yuuy eu watyyoads2 opStsod no oxas wn ap 9 OULy 2189 2g “7. ‘oprayosay ogu brouRsUr up mt 919010 wn sted sop win v eaquiay ooyssodso oupy wn ag “| ‘Sagzer sesiaaip tod _prujoose 10s opod ovSofoud wp oaye wuoy 2s anb wSueus Wy ‘seSuet9 woo selyeares sein wo “apoprsuotut ap saoSepeid sesiasip m9 “urajsixa 2 stmui09 OPS SomBupin sass -oypy-oeu-red ofn@ugyy win 20d esafTuvU aS IOU2I000 &)S3 “SOULS SOU OssIp 2qUDLIO99p apepotstY & rea oud sted 2s-urozewoy ov ‘utopod ajuoueuusod ossriosdiuoo un la ausoao anb osny no ogSejouaiojp opu v wx0qnIo ap sazedeo ‘ops opu anb sonfugo s¢ “zeytuTeg OBSaforg ap ossa003q ‘onSe}auarayp ap ompes nex tum a8-199uru ap EARENL ‘bu saxjsarnd sop um upeo 1od epeyreqes 408 2xap 9 apopaysut raumoe ogsny tis “s]uouEUIad ossquoAdoD Wn tHoD “OBST, ude yp “oummny ou seura|goud ap apepyigissod v 2s rea sone “oySetouatap 2p [aAsu JouOW eIuENg “opSetALO,IP ap $1 -uyouos sTonsu woo soured wouooso sonpyatpur sous op -uenb ‘zefouoo 0 aquemp oqouess8 auiozo wuoqe sie oBSejat |v esto wun seuLo} rzed seossod senp ariuo opefau wun LOD HD “Tu 98 ajonu eyuney y “opSe108 vorun BUI feuO!ZOU TUDE -euorouny ap saouped so aaavosap sv3janu wip Ep TEAOTSOD ossaooud “zea EIPUIL Ep [PUOPOUTy ossa00rq euoraour9 euiarsis aIsap sagdepmstieE ‘ep wo} s2oaueued ree) ap wo) seqUNR] woo opuEpERest SVITINVA WI OYSNEAMAINT pET tes, leas eintolerantes a conflitos ¢ os filhos menores tendem asser encantadores, precoces e gregarios (Leman, 1985), Bo- ‘wen usa isto para ajudar a determinar 0 nivel de diferencia- fo numa familia e a possfvel diregio do processo de proje- ¢o da familia. Se um primogénito apresenta caracteristicas ‘ais representativas de um filho menor, por exemplo, hé evi. éncias de que este filho pode ser © produto de uma triangulagio. Os perfs de posigdo dos filhos também slo usa- dos a0 se estudar os processos de transmissdo por miiltiplas seragbes e quando faltam dados comproviveis para cettos membros da fami, Desligamento Emocional. 0 termo desligamento emo- ional desereve a diferenciagdo do eu pela perspeciva da cri- aanga. Todos os individuos tem algum grau de fikagao emocio- nal ndo resolvida a seus pas, eo grau de fixagdo emocional nao resolvida vai ser maior quanto menor foro nivel de diferenci- aio ones, 1980) © desligamento emocional tem muito pouco a vercom quo distante da familia de origem se vive. Individuos que vivem ‘muito longe de seus pais ainda podem ser indiferenciados, en- ‘quanto hé alguns individuos emocionalmentedesligados de seus pais que moram na mesma cidade ou até nas vizinhangas. ‘Bowen (1976) sugere que odesligamento emocional decorre «de uma disfungao na familia de origem e que o desligamento emocional promove o mesmo tipo de disfungao na nova fami Jianuelear. Ele afirma que manteralgum conta emocional com familia de origem promove a dferenciagio sadia. Regressio a Sociedade. A teoria de Bowen vé a so- ciedade como um sistema emocional. O conceito de regres- io social compara a resposta da sociedade ao estresse a0 ‘smo tipo de resposta vista em individuos e familias em -esposta a crises emocionais: 0 estesse produ niveis de an siedade desconfortaveis, que levam a solugdes apressadas, {uais aumentam os problemas, ¢ 0 cielo continua, Jones (0980) atime “Este conctito estende a nogdo de Bowen de um sistema emocio- nal constituido de tridngulosinterligados em etapas lgicas doi

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