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A Endoenças e o Rito Moderno ou Francês

Autor: Gustavo Vernaschi Patuto


Curitiba, 06 de abril de 2023.

Muito se diz sobre o Rito Moderno ou Francês sendo um Rito de Ateus


devido a cisão da Maçonaria universal em 1877.
O que pouco sabem é que este rito, que nasceu junto com as práticas dos
Modernos da Grande Loja de Londres e Westminster em 17171 onde fundaram
a Maçonaria que nós conhecemos, independentemente se foi em 1717 ou 21
para os pesquisadores. Mas é a Maçonaria que se expandiu para todo o mundo.
Em seu tempo, eles buscaram descristianizar as práticas ritualísticas com
preces e orações pois a Maçonaria Operativa se consistia apenas em dogmas,
preces e orações para doutrinar os pedreiros que construíam as catedrais. Do
contrário, o assassinato por um olhar atravessado na obra poderia ocorrer.
Pois bem, essa Maçonaria descristianizada atravessou o canal da
Mancha em uma França Católica e lá se desenvolveu com hermetismo e outras
influências construindo mais de 81 Graus2 durante uma parte do século XVIII.
O que o Felipão (não o Felipe Scolari), mas o Duque de Chartres (Luís
Felipe de Orleans) então Grão Mestre do Grande Oriente da França (GODF) fez?
Solicitou para que Alexandre Roettiers de Montaleau organizasse toda a
estrutura de graus desenvolvida naquele século codificando as práticas no
Regulador do Maçom 3 que seria o ritual dos 3 graus simbólicos para aquela
potência e as 5 Ordens de Sabedoria4 praticadas pelo Rito Moderno ou Francês.
Neste ritual dos graus simbólicos, foram retiradas todas as menções
cristãs, religiosas e herméticas que já existiam em seu tempo, porém se
mantendo na consagração maçônica a “G∴ do G∴A∴D∴U∴. Sendo um ritual
universal a ser praticado por todas as lojas dentro da jurisdição do GODF.
Essa mesma evolução ocorreu na reforma ritualística ocorrida em 18875,
após a cisão devido a mudança constitucional de 1877 e não o contrário! Não foi
a reforma ou os praticantes do Rito Moderno ou Francês do GODF que foram os

1
Patuto, Gustavo Vernaschi. Introdução ao Rito Moderno ou o Rito de Fundação da Maçonaria
Especulativa. Curitiba, publicação independente. 2ª edição, junho de 2022.
2
Projeto de tradução em andamento;
3
Patuto, Gustavo Vernaschi, Laport, Dalmir Dias. Regulater du Maçon traduzido para o português.
Curitiba, publicação independente. 2018.
4
Patuto, Gustavo Vernaschi. Amiable, Travaux du Souverain Chapitre en ses Quatre Ordres traduzido
para o português. Curitiba, publicação independente. 2019.
5
Patuto, Gustavo Vernaschi. Amiable, Cahiers des Grades Symboliques traduzido para o português.
Curitiba, publicação independente. 2ª edição, abril de 2023.
culpados por essa mudança, existe um erro conceitual grave entre se mudar a
constituição e a prática universal ritualística.
Na reforma de 1887 foi onde se desenvolveu a LIBERDADE ABSOLUTA
DE CONSCIÊNCIA E PENSAMENTO.6
Da mesma forma, o ritual de referência (Groussier) e outras reformas do
GODF e de outras potências no mundo bem como no Brasil7 buscaram difundir
as ideias de seu tempo e de acordo com o grau de maturidade de seus obreiros.
Tendo como objetivo maior a emancipação do homem para que ele seja um
agente de mudanças na sociedade e construindo templos às virtudes e
masmorras aos vícios.
Mas por que de tudo isso? Ainda é um rito de ateu por retirar as práticas
cristãs???
Não meu irmão, essa evolução buscando ser um CENTRO DE UNIÃO é
em respeito a todas as crenças e religiões. Na Maçonaria Regular e Reconhecida
não se aceita ateus e os modernistas seguem esse ditame, porém respeitamos
todas as crenças e religiões e essa é a grande dificuldade de entendimento
e compreensão.
Deste modo, quando não nos manifestamos nos rituais com conteúdo
cristão, judaicos ou de qualquer outra religião é devido ao respeito para com
todas as religiões pois acreditamos que não formaremos sacerdotes para a
sociedade. Formamos homens que serão exemplos e agirão na sociedade,
construindo templos às virtudes e cavando masmorras aos vícios se
desenvolvendo através de qualquer religião, com conteúdo maçônicos,
filosóficos8 e toda bagagem cultural de sua jornada nesta efêmera vida. Atitude
e ação é o que esperamos dos irmãos em loja desde a sua jornada como
aprendiz!
O grande problema é que para criticar precisa conhecer e como é da
natureza humana apontar o dedo ou julgar sem conhecer, ainda se persiste a
lenda dos ateus sendo modernistas devido a falta de conhecimento.
Para o desenvolvimento maçônico podemos usar fontes religiosas? Sim,
os modernos utilizam fontes religiosas desde que elas não sejam a única e
exclusiva fonte de pesquisa! A grande dificuldade no entendimento é que
usamos das diferentes áreas do saber humano para o nosso desenvolvimento
sendo as religiões uma entre as muitas áreas.

6
Mais detalhes sobre essa questão estará no livro em desenvolvimento sobre todas as reformas do Rito
Moderno ou Francês;
7
Para um bom entendimento do desenvolvimento no Brasil recomendo: Vianna, Cleber Tomás. Rito
Francês ou Moderno. Fundação, usos e costumes no Brasil. Salvador, edição por demanda. 2018;
8
Patuto, Gustavo Vernaschi – Coordenador. Vários articulistas. Série “Os Grandes Pensadores da
Humanidade e o Rito Moderno”. Curitiba, publicação independente. 6 tomos/livros lançados. O objetivo
desta série é o de mudar o patamar de estudos das lojas bem como de buscar um maior entendimento
sobre os “Grandes Pensadores” e como podemos praticar as suas principais ideias em nossa vida.
É fácil praticar e pesquisar em diferentes fontes? Infelizmente não e este
é o grande problema para o entendimento diante da comunidade maçônica e até
entre os praticantes do Rito Moderno ou Francês. Pois pensar e pesquisar chega
a dar dor de cabeça nos irmãos.
E sobre o tema deste trabalho? A Endoenças e o Rito Moderno ou
Francês?
Com essa breve introdução, explico que no Rito Moderno ou Francês
respeitamos a Endoenças, existem rituais dos modernos que praticam a
endoenças em sua IV Ordem e rituais que não a praticam preservando o conceito
quanto a abertura a todas crenças iniciada pelos Modernos/Ingleses de 1717
bem como pelos Franceses durante todo o seu desenvolvimento do Rito e solo
Francês.
Reforço que para o Rito Moderno ou Francês e seus praticantes, a religião
e a política são de foro íntimo de cada um de seus adeptos. Não promovemos
discussões buscando identificar se A é melhor que B em loja, preservando o
CENTRO DE UNIÂO que é um dos objetivos finais da Maçonaria desde a
Maçonaria Operativa.
Concluo transcrevendo na íntegra o significado da Páscoa para as
religiões 9 retirado do portal www.eusemfronteiras.com.br o que exemplifica o
nosso respeito por todas as religiões sem impor que uma religião é melhor do
que a outra na perspectiva do Rito Moderno ou Francês que também não é
melhor nem pior do que qualquer outro rito. Porém, temos as nossas
peculiaridades e pedimos apenas respeito com os nossos pontos de vista sobre
a maçonaria onde o fim é o mesmo de qualquer outro rito. Cientes dos vários
defeitos que temos, respeitando a liberdade absoluta de consciência de cada
maçom bem como a diversidade de pensamento e opinião.

A Páscoa. Considerando as principais religiões praticadas no mundo, que


são:
Judaísmo
Cristianismo
Catolicismo romano
Igreja Ortodoxa
Protestantes
Islamismo
Budismo
Sikhismo

9
Páscoa: saiba o que ela significa para diferentes religiões (eusemfronteiras.com.br)
Espiritismo
Hinduísmo
Religião tradicional chinesa
Religiões de matriz africana

As principais religiões do mundo


Entre as muitas religiões, há várias formas para se relacionar com a
espiritualidade e se ligar ao divino. Imagine pensar em todas essas maneiras,
considerando a quantidade de povos, por exemplo, da Ásia e da África. Por isso
vamos nos ater às religiões com as quais convivemos e com as quais de alguma
forma interagimos. Considerando que o Brasil é uma terra acolhedora, que
congrega povos do mundo todo e abraça a liberdade de suas crenças, entenda
a seguir como a Páscoa é vista por elas:

Judaísmo
A palavra “Páscoa” deriva do hebraico (pessach) e significa passagem. A
celebração relembra a libertação do povo hebreu da escravidão imposta pelo
Egito há cerca de 3.500 anos. É a primeira das grandes festas, muito
comemorada pelos judeus, pois as tradições são mantidas como uma orientação
divina aos seus seguidores.
A Páscoa passou a ser celebrada pelo povo judeu como memória da
passagem da décima e mais devastadora praga pelo Egito, informada a Moisés
por Deus. A praga da morte dos primogênitos resultou na saída dos
antepassados hebreus dessa região em direção à Terra Prometida, trajetória
descrita no Antigo Testamento da Bíblia, no livro de Êxodo e que teria ocorrido
no ano 1445 antes de Cristo.
Moisés orientou cada família do seu povo a sacrificar a ovelha ou o
carneiro mais jovem do rebanho, tirar o sangue e usá-lo para passar no umbral
da porta de casa, permanecendo em vigília, sem sair dela, durante a noite e a
madrugada. Assados inteiros, todos deveriam comê-los e as sobras deveriam
ser incineradas. Nessa data, passou sobre as casas o Anjo Exterminador
enviado por Deus e todas aquelas que não estavam marcadas tiveram o seu
primogênito morto, assim como os filhotes mais jovens dos rebanhos, inclusive
o primeiro filho do faraó morreu nessa noite. Foi assim que o faraó chamou
Moisés e ordenou que ele deixasse o Egito com todo o povo hebreu.
Dessa forma, para o judaísmo, um dos significados da Páscoa é a
passagem do anjo da morte sobre as casas de todos no Egito, com a vida
poupada para quem precisava de justiça e libertação. Ela é comemorada no
décimo quarto dia do Nissan, primeiro mês do calendário judaico, que é
lunissolar (seguimos o gregoriano). Corresponde a março/abril e, como todos os
meses judaicos, começa sempre na Lua Nova. Esse mês marca a primavera do
Hemisfério Norte.
A Páscoa, para os judeus, tem um dia fixo a ser considerado para a
celebração. A partir da Lua Nova do mês, conta-se 14 dias. O primeiro domingo,
já com Lua Cheia, marca as comemorações, sempre com muito respeito às
tradições, que incluem uma ceia em família, na qual todos relembram e celebram
a libertação do povo hebreu. Ela é conhecida por Sêder e há a leitura do Hagadá,
o livro que conta a história da saída dos antepassados do Egito rumo à Terra
Prometida.
Depois, considerando que nenhum alimento consumido deva passar pelo
processo de fermentação e seguindo à risca a ordem dos alimentos, são
servidos:
Matzá — pão sem fermento, de massa fina, para lembrar que quando os
hebreus saíram do Egito não houve tempo para esperar o pão fermentar.
Vinho — na Páscoa, ele não é fermentado e dele são servidas quatro
taças individuais durante todo o jantar.
Zeroá — pedaço de osso bem tostado, com carne, para simbolizar
sacrifício dos animais.
Maror — raiz amarga para lembrar da amargura do tempo de escravidão
do povo hebreu no Egito. Também é utilizada a escarola, com a mesma
simbologia.
Charósset — pasta de maçã, uva e nozes ou tâmara, canela e vinho não
fermentado, que simboliza a argamassa feita pelos hebreus nas construções
faraônicas.
Água salgada — simboliza o suor e as lágrimas do tempo da escravidão
dos hebreus no Egito. Nela são molhadas as verduras amargas.
Beitzá — é ovo cozido para simbolizar a resistência do povo hebreu
durante a escravidão. Ao contrário de outros alimentos, quanto mais se cozinha
o ovo, mais rígido ele fica.
Após os alimentos ritualísticos, os judeus consomem outros pratos
próprios da culinária Kasher, por exemplo o Gefilte Fish (bolinho de peixe). É
importante ressaltar que o Sêder era tão importante para os hebreus que Cristo,
sendo judeu, na Última Ceia, estava celebrando um deles.
Entre os costumes, atualmente, as crianças judias participam da busca
por pedaços embrulhados de matzá, aleatoriamente guardados pela casa, após
o jantar. Há jejum e orações são recitadas durante o Sêder e na sinagoga. As
comemorações duram sete dias e os judeus mais abastados costumam celebrar
a Páscoa em Jerusalém. No ano de 2021, por exemplo, a celebração dessa
tradição religiosa deverá ocorrer entre 27 e 28 de março.
Cristianismo
A palavra “cristianismo” remete a Cristo e representa a religião com o
maior número de seguidores no mundo. Tem raízes semelhantes ao judaísmo e
entende Jesus Cristo como o Messias ou o próprio Deus. Ao longo da história da
Humanidade, o cristianismo sofreu cisões e o surgimento de divisões. Assim
sendo, temos o catolicismo romano, a igreja oriental (ou ortodoxa) e o
protestantismo.
Embora com atuações diferentes, todas as divisões do cristianismo
ideologicamente entendem Jesus Cristo como o Eleito, o Filho de Deus. E a
celebração da Páscoa é sobre a ressurreição de Jesus e a salvação da
Humanidade, um ponto central da fé cristã. Desse modo, veja como cada uma
das três divisões celebra o período:

Catolicismo romano
Foi no Concílio de Niceia que o Imperador Constantino e o Papa Silvestre
I consolidaram a doutrina da Igreja Católica e o catolicismo como a religião oficial
do Império Romano, que já havia admitido a livre escolha da crença religiosa
pelo povo, sem as perseguições e mortes que muitos haviam anteriormente
sofrido. Foi neste Concílio que se instituiu a Semana Santa entre o Sábado de
Aleluia e o Domingo da Ressurreição, que é o Domingo de Páscoa. O termo
Páscoa significa passagem, mas, nesse caso, para a vida eterna, passagem esta
que Jesus Cristo teria feito quando ascendeu aos céus e se juntou ao Pai.
A Páscoa, para os católicos, é a celebração da ressurreição de Jesus
Cristo, depois de ter percorrido a Via Crúcis, ter sido humilhado, torturado,
crucificado e morto. Ela traz esperança na vida eterna e a crença de que o Filho
de Deus aqui esteve para que o ser humano fosse salvo de seus pecados,
principalmente porque, à época de sua vida terrena, a conduta humana era
dissonante dos preceitos religiosos deixados pelos profetas. A morte de Cristo
foi um sacrifício voluntário dele para salvar a Humanidade de seus pecados e,
devido a Ele, o ser humano recebeu uma segunda oportunidade.
A data de celebração da Páscoa é móvel e corresponde ao primeiro
domingo da primeira Lua Cheia após o equinócio de primavera no Hemisfério
Norte e do equinócio de outono no Hemisfério Sul, entre 22 de março e 25 de
abril, de acordo com o calendário gregoriano.
Para a comemoração da Páscoa, os católicos vão à missa, assistem à
encenação da crucificação e da ressurreição de Cristo, participam de procissões
e almoçam com os familiares. Nesse dia, a carne vermelha pode ser consumida
nas refeições, pois durante toda a Quaresma, incluindo a Semana Santa e a
Sexta-Feira Santa, ela foi um item de jejum, tal qual outras penitências do
período para se redimir dos pecados. No domingo de Páscoa, durante as missas,
os párocos utilizam vestuário branco ou dourado, simbolizando o renascimento.
Igreja Ortodoxa
Embora a Páscoa, para os ortodoxos, tenha o mesmo significado daquele
atribuído pelos católicos romanos quanto à ressurreição de Jesus Cristo, eles
festejam a data de forma bem rigorosa, com idas às missas, uso de muito
vermelho (considerada por eles a cor da vida) e jejuns seguidos à risca, nos
quais não são consumidos defumados, carnes, manteigas e linguiças.
Contudo ele é encerrado na primeira Lua Cheia após o equinócio de
primavera no Oriente, uma data móvel, quando é servido um pão de frutas secas,
além de ovos cozidos e todos pintados de vermelho, lembrando o sangue
derramado por Cristo para salvar a vida dos Homens.
Quanto à data da Páscoa em si, pelo fato de os ortodoxos adotarem o
calendário juliano (referência ao imperador romano Júlio César, que o instituiu
no ano 46 antes de Cristo), ela sempre vai ocorrer após a celebração da Páscoa
judaica. Para se ter uma ideia da diferença, em 2021, os ortodoxos vão celebrar
a Páscoa em 2 de maio. Aliás, diferentemente dos católicos romanos, a
celebração é feita durante toda a semana que segue o domingo de Páscoa. No
período da Quaresma, os representantes religiosos ortodoxos celebram missas
abertas a todos (ortodoxos ou não), com cantos em latim.

Protestantes
Os protestantes se dividem em luteranos, anglicanos, pentecostais e
outros. Contudo a Páscoa tem o mesmo significado para todos os cristãos,
variando apenas a forma de celebrar. De um modo geral, as celebrações são
feitas com reflexão e orações. Na sexta-feira da Paixão, acontece um culto
especial com apresentações de teatro, música e dança. No domingo de Páscoa
há um louvor à ressurreição. Quanto à data a ser comemorada, ela segue
basicamente o mesmo calendário da Igreja Católica.

Islamismo
Os muçulmanos acreditam num único Deus, Criador de todas as coisas,
a quem atribuem o nome de Alá e recebem os Seus ensinamentos por meio dos
profetas, como é o caso de Maomé. Eles enxergam Jesus Cristo como um
profeta. Para os muçulmanos, Jesus Cristo não morreu após a Última Ceia, mas
foi arrebatado, indo para perto de Alá sem ter passado pelo sacrifício da
crucificação e lá permanece até o momento de voltar à Terra. Desse ponto de
vista, a Páscoa e a semana que a antecede não têm significado especial para
eles.
Mesmo tendo as mesmas origens e profetas como Abraão, Noé e Moisés,
o judaísmo, o cristianismo e o islamismo seguiram destinos históricos diferentes.
Lembrando que esta última religião surgiu no ano 570 depois de Cristo. Para a
crença islâmica, o profeta é um ser sagrado com a missão de trazer a palavra de
Deus e, por tal motivo, nunca poderia ser crucificado. Para eles, a Páscoa
significa a renovação da fé, mas eles não a celebram, sendo o Ramadã o mês
de jejum.
No Brasil, há cerca de 35.167 muçulmanos, conforme o censo
demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em
2010. Entretanto instituições islâmicas no país apontam que o número de
seguidores da religião é superior a 1,5 milhão, sendo a maior comunidade no
estado do Rio Grande do Sul.

Budismo
O budismo é uma religião que surgiu com Buda (Siddhartha Gautama) no
norte da Índia, por volta do século V antes de Cristo. Atualmente, ela abrange
países como China, Japão, Paquistão, Nepal, Sri Lanka, Afeganistão, Tailândia
e outros. No Brasil, há 243.966 praticantes, conforme dados do IBGE no censo
de 2010. Os adeptos dessa religião não celebram a Páscoa, que não faz parte
de suas doutrinas.

Sikhismo
Embora com cerca de mil adeptos no Brasil, essa é a quinta maior religião
do mundo, com aproximadamente 20 milhões de seguidores. Entendida como
sincrética entre o hinduísmo, o islamismo e o sufismo (uma das linhas do
islamismo), ela concebe Deus como eterno e sem forma e que todos os seres
humanos estão separados dEle devido ao egocentrismo, por isso todos
permanecem num ciclo de renascimento.
Entre suas doutrinas está a crença no karma, para o qual ações positivas
geram resultados positivos e permitem atingir elevação espiritual. Contudo não
entende Jesus Cristo como um ser especial e rejeita o sacrifício dEle como meio
de salvação do ser humano. Para os sikhs, Deus, sendo justo, não pode perdoar
um pecado sem que cada um pague individualmente pela justa dívida. Assim, no
sikhismo não existe significado para a Páscoa.

Espiritismo
No Brasil, há 123.4 milhões de fiéis ao espiritismo, conforme o censo de
2010 do IBGE. Segundo a doutrina da religião, os espíritas reconhecem em
Jesus Cristo um grande Mestre Ascensionado que veio ensinar aos homens os
meios para a evolução espiritual. Eles respeitam todas as manifestações
religiosas, contudo entendem que esse período de Páscoa deve ser destinado à
reflexão e à renovação de pensamentos e atitudes, para fazer surgir uma nova
pessoa.
Essa doutrina religiosa percebe a reforma íntima pela qual os discípulos
de Jesus passaram, quando sentiram o amor do Mestre e entenderam a
possibilidade da vida além do túmulo. Logo, a celebração da Páscoa deve se
destinar à conexão com Jesus Cristo e Sua presença no coração de cada um. A
Semana Santa, a exemplo da conduta do Mestre, deve ser de ajuda ao próximo,
similar ao que Ele ensinou, como forma de homenageá-lo.
Na doutrina espírita, Jesus Cristo é a materialização do corpo espiritual
no corpo físico, que cumpriu a sua missão na Terra, ensinando aos seres
humanos o amor divino. Ele passou pela desencarnação e retornou ao plano
espiritual do qual já fazia parte sem ressurreição do corpo.

Hinduísmo
Embora tenha poucos adeptos da religião no Brasil, ela é a maior entre as
politeístas e uma das oito que mais têm seguidores no mundo. As divindades
mais importantes são Brahma (que representa a força criadora do universo),
Krishna, Ganesha, Vishnu e Shiva.
jesus Cristo, para os hindus, é compreendido como Deus que se
manifesta em forma humana e protege o povo das forças malignas, como um
avatar. Ele é visto como aquele que vem à História humana para conduzi-la à
sua plenitude, estando inserido nela. Desse ponto de vista, não há morte nem
tampouco ressurreição, por isso os hindus, principalmente na Índia, celebram a
Páscoa como o surgimento do deus Krishna e a chegada da primavera, quando
acontece o Festival Holi, com música, dança, cor e comidas especiais.

Religião tradicional chinesa


A China é uma nação que tem em suas raízes três grandes bases
filosóficas e religiosas: o confucionismo, o taoísmo e o budismo. Outras menores
ou vertentes dessas três maiores constituem a chamada religião tradicional
chinesa, um conjunto de valores, crenças e práticas espirituais com várias
divindades desenvolvido ao longo dos séculos e que valoriza o culto e o respeito
aos antepassados. É uma das principais do mundo, com cerca de 454 milhões
de seguidores. Nela, a Páscoa não é celebrada.
No Brasil, essa religião não é significativa, embora haja em São Paulo e
no Rio de Janeiro dois templos taoístas. Estima-se que a população de chineses
e descendentes no país seja de cerca de 200 mil, embora os dados da imigração
na Polícia Federal, publicados em 2014, apontem apenas 37.417 chineses,
concentrados 80% na região sudeste.
Religiões de matriz africana
Os seguidores do candomblé e da umbanda, religiões de matriz africana,
não celebram a Páscoa, embora respeitem as tradições relacionadas à Igreja
Católica. O período da Quaresma, por exemplo, tem como significado o combate
dos orixás ao mal, por isso as atividades nos terreiros são interrompidas. No
Brasil, segundo dados do IBGE, publicados no censo demográfico de 2010, as
duas religiões, juntas, representam 500.219 praticantes, porém abrangem ainda
outras religiões menos expressivas.
Para finalizar, vimos que a Páscoa tem significados religiosos profundos,
de épocas milenares, que permanecem vivos nas tradições de celebração da
data. Diferentemente das religiões politeístas e com divindades muito
específicas, Jesus Cristo é respeitado como um grande líder influenciador no
aperfeiçoamento do espírito humano e na conexão do humano com o divino.
Renovação, renascimento, amor ao próximo, caridade, união familiar e fé são
alguns temas centrais com os quais devemos ter contato rotineiramente,
especialmente nesse período. Assim, mantenha a ligação com o que te faz
evoluir espiritualmente nesse mosaico que se chama Humanidade!

Publicado em 06/04/2023 no portal:


http://ritomodernobrasil.org/a-endoencas-e-o-rito-moderno-ou-frances/

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