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O contentamento cristão
novembro 23, 2020
O contentamento cristão
Quando fui convidado para trazer essa palavra, a ideia era falar sobre “começando
a vida financeira”. Então, pensando sobre, me veio à memória as palavras de Paulo
em Fp 4.11-13:
“Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a
toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter
fartura. Aprendi o segredo/mistério de viver contente em toda e qualquer situação,
seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo
posso naquele que me fortalece.”
Também em Hb 13.1-5, quando nas últimas instruções, o autor diz:
Adão e Eva acreditaram que o que Deus lhes havia preparado, não era o
suficiente. William Barcley diz: “O espírito descontente não descansa no controle
soberano de Deus”
No mundo, para você estar contente, você precisa sair de uma situação ruim; já na
Bíblia, lemos que podemos encontrar contentamento até mesmo em meio às
circunstâncias mais difíceis. Para o mundo, somos felizes se conseguirmos o que
desejamos; já a Bíblia, ensina a estar satisfeito com Deus.
Desenvolver o contentamento significa dizer que ele não nasce sozinho! Spurgeon
pregando sobre o tema, nos lembra que as ervas daninhas e toda sorte de “mato”
não precisa ser semeado no jardim – eles nascem sozinhos! Não precisamos
ensinar uma criança a reclamar, pois ela já nasce reclamando!
J. C. Ryle (1816-1900) escreveu: “Dizem que há duas coisas muito raras de ser no
mundo: um jovem humilde e um velho contente. Receio que essa afirmação seja
verdadeira, infelizmente”.
“Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e
seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após
ter-se consumado, gera a morte.”
A sedução do pecado é algo incrível. No capítulo 13 de Gênesis, lemos sobre a
desavença entre os pastores de Abraão e Ló, por causa da grande quantidade de
animais e de terra que precisavam. Então Abraão propôs que Ló escolhesse um
lado da terra e ele iria para o outro. A Bíblia diz, então:
“Olhou então Ló e viu todo o vale do Jordão, todo ele bem irrigado, até Zoar; era
como o jardim do Senhor, como a terra do Egito. Isto se deu antes do Senhor
destruir Sodoma e Gomorra. Ló escolheu todo o vale do Jordão e partiu em direção
ao Leste. Assim os dois se separaram: Abrão ficou na terra de Canaã, mas Ló
mudou seu acampamento para um lugar próximo a Sodoma, entre as cidades do
vale”. Gênesis 13:10-12
Tudo indica que aos poucos, Ló foi se mudando para Sodoma. Possivelmente
começou a ver as coisas boas daquela cidade e quando a história retorna com Ló,
ele está morando dentro da cidade.
Ainda mais: o texto nos diz que Ló, apesar de ter sido avisado da destruição, ele
não saiu rapidamente de lá.
“Ao raiar do dia, os anjos insistiam com Ló, dizendo: "Depressa! Leve daqui sua
mulher e suas duas filhas, ou vocês também serão mortos quando a cidade for
castigada". Tendo ele hesitado, os homens o agarraram pela mão, como também a
mulher e as duas filhas, e os tiraram dali à força e os deixaram fora da cidade,
porque o Senhor teve misericórdia deles.” Gênesis 19:15,16
Só podemos nos fazer a pergunta: por que Ló demorou?
A Bíblia diz que apesar de Ló viver em Sodoma, não compactuava com o que via:
Mas então, por que Ló demorou? Talvez apesar de se afligir e não concordar com
o que via, tinha um certo prazer em morar lá. Quem sabe fosse o famoso “não
concordo com tudo, por isso vou tentar aproveitar o que é bom” – e é aí que muitos
problemas começam a surgir.
Burroughs descreve que adoração não é apenas “fazer o que agrada a Deus”, mas,
também, “agradar-se do que Deus faz”.
Por que tantas vezes temos dificuldade de adorar e reconhecer o senhorio de Deus
em nossas vidas?
Porque as vezes temos tudo e estamos bem supridos – então estamos contentes
com as coisas terrenas e nos esquecemos de que foi Deus quem nos deu. Ou
porque estamos com dificuldades na vida (dinheiro, família, estudos...) e não
conseguimos enxergar Deus nisso tudo.
“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e
com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que
excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em
Cristo Jesus”.
A passagem de Paulo em Fp 4.11-13 (início) indica algo importante: parece ter
havido um tempo em que ele ainda não sabia como viver contente – ou não da
maneira como estava vivendo. Talvez ele mesmo, ao longo da vida, foi aprendendo
a experimentar e a saber o que de fato era essa paz com Deus.
Isso também significa que por mais apóstolo que fosse em outras aspectos, era um
cristão comum nas coisas normais da vida. Sentia fome, dor, medo, angústia... mas
com tudo isso, foi aprendendo a viver contente.
Falar em vida simples, vida completa, vida desprendida das coisas materiais...
nada disso faz sentido para o cristão, se tudo não estiver conectado a Deus.
Ajudar na igreja, tocar na banda, pregar, orar antes das refeições... toda essa
aparência de piedade, uma hora vai nos cansar, se o alicerce não for Deus.
Ninguém aguenta se doar durante muito tempo, se não houver a graça divina
operando.
Por isso que o contentamento é uma joia rara. Quase que dá “super poderes” e
quem tem, tem tudo.
“Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e
irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e
depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo, retendo firmemente a
palavra da vida”. Filipenses 2:14-16
Como falar de Jesus para as outras pessoas, quando nós não estamos contentes
com ele? É praticamente impossível.
Como agradecer e dar um beijo no pai e na mãe, quando estamos brabos com
eles? Impossível. Não conseguimos dar o braço a torcer. O mesmo ocorre em
nosso relacionamento com Deus.