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ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES DO EXÉRCITO

PORTUGUÊS I / PROJETO MÁRIO TRAVASSOS - 2022

RESENHA

Aluno nº: 6663 Nome de Guerra: Fabiano Turma: C2

GOULART, Fernando Rodrigues. Ação sob fogo: fundamentos da motivação para


o combate. 1 ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2012.

O livro “Ação sob Fogo! Fundamentos da motivação para o combate”, escrito pelo
autor Fernando Rodrigues Goulart, declarado Aspirante a Oficial pela Academia Militar das
Agulhas Negras em 1980 e atingindo o generalato em 2011, disserta sobre o combate e suas
características psicológicas, buscando compreender o que motiva o soldado a lutar e se manter
em um confronto uma vez que enfrentar a morte é algo contra a natureza humana. O autor é
extremamente capacitado a explicar o tema que se propôs devido à sua formação, pois além
de oficial do Exército Brasileiro, integrou as Forças Especiais, foi instrutor em escolas de
formação e de altos estudos da Força Terrestre, participou de missões no exterior pela ONU,
fez o Curso de Comando e Estado-Maior das Forças Armadas na Alemanha, entre outras
ações que exemplificam a qualidade de seu currículo.
A ideia principal da obra está na motivação de um combatente para a guerra e ao longo
do livro, o autor vai aos poucos aprofundando esse raciocínio, no qual a cada capítulo é
adicionada uma nova camada de percepção acerca do que move um soldado em batalha, como
nos capítulos destacados nesta resenha.
No primeiro capítulo da obra, o autor começa fazendo uma comparação do ser
humano com o reino animal, explicando que neste, apesar de possuir enfrentamentos fatais,
nenhum animal se mantém na luta até a morte se existir uma rota de fuga, sendo o homem a
única exceção a essa regra. Essa diferença teve início com a civilização grega, que colocou na
guerra uma condição enobrecedora, tornado-se honroso morrer em combate.
No capítulo 3 o autor discursa mais especificamente sobre os aspectos físicos e
psicológicos do combate, ressaltando que um soldado em batalha enfrenta fadiga extrema,
falta de sono, má alimentação, fome, sede, condições climáticas adversas, entre outras
circunstâncias que tornam a guerra algo extremamente perturbador para o combatente, junta-
se a isso a noção da missão a cumprir e a necessidade de portar-se com honra em meio a esse
ambiente caótico, essa combinação faz com que o militar consiga atingir o ápice de sua
capacidade psicológica e física.
No quinto capítulo, o escritor aprofunda a ideia de que a motivação para um combate é
por vezes mais importante que o potencial bélico ou estratégico de determinada tropa,
mostrando que além da hierarquia e disciplina, que pautam as doutrinas de guerra, as vontades
e interesses individuais dos combatentes são extremamente importantes para o resultado de
uma batalha, baseado nisto, o autor dá diversos exemplos históricos nos quais isto ocorreu.
Próximo ao final do livro, no capítulo 13, o autor novamente ressalta a importância do
fator motivacional no combate, trazendo o exemplo histórico de Napoleão Bonaparte que
acreditava em manter a motivação e controlar o pânico para alcançar a vitória e isso foi posto
em prática nas batalhas de sua “Grand Armée”, que lutou contra coligações belicamente
superiores e mesmo assim saiu vitoriosa. Assim, o autor quer provar que à capacidade de
perseverar na ação e à vontade de lutar são essenciais para o sucesso nas guerras e por vezes
mais importantes que o potencial bélico de determinado inimigo.
No último capítulo do livro, o autor reflete sobre como motivar um combatente em
uma época de paz e para isto é necessário conhecer a atividade a ser exercida, entretanto,
nenhum exercício é capaz de replicar a quantidade de estresse e dificuldade de um combate,
dessa forma, é preciso “incutir na mente dos soldados a noção mais fidedigna possível das
dificuldades e desafios que eles enfrentarão no campo de batalha” e a “integração da classe
militar na sociedade nacional e a satisfação dos profissionais militares com sua carreira”,
assim, o militar sentiria o peso de sua responsabilidade para com a sociedade, tendo
sentimento de dever em servir à população.

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