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Pensamento, corpo e devir Uma perspectiva ético/estético/política no trabalho

acadêmico1
Suely Rolnik
É exigido neste tipo de concurso que se dê uma aula ou se faça uma conferência, que será
argüida pela banca, junto com o currículo e o memorial que lhe foi entregue com
antecedência. Em consideração aos amigos que vieram me acompanhar neste ritual que, de
certa forma, referenda minha pertinência à comunidade acadêmica, o que vou fazer nesta
pequena fala é tentar recriar, em poucas palavras, a atmosfera essencial de meu memorial,
texto que será discutido aqui hoje, de modo que possamos compartilhar este momento mais
confortavelmente.
Um memorial é, em princípio, um comentário acerca de nossa trajetória acadêmica. É isto o
que se exige que se escreva para este tipo de concurso. No entanto, à medida em que fui
mergulhando na memória para buscar os fatos e reconstituir sua cronologia, me vi
adentrando numa outra espécie de memória, uma memória do invisível feita não de fatos
mas de algo que acabei chamando de "marcas". É disto que falarei brevemente aqui, e não
de minha história que foi se fazendo através de minhas marcas. E falarei disto sobretudo em
relação ao trabalho do pensamento, que é o trabalho que se faz numa carreira acadêmica, já
que estamos reunidos aqui em torno de um concurso que diz respeito a esta carreira. Então,
antes de mais nada, vou tentar expor o que é isto que chamo de marcas.

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