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Assistência Farmacêutica na

Farmácia Comunitária

Professor a: Dra. Vanessa Indio

01/09/2018
• Prestação de serviços farmacêuticos
de interesse público e/ou privado,
articulado ao Sistema Único de Saúde
(SUS).

• Prestação de assistência farmacêutica

• Orientação sanitária individual ou


coletiva.

• Manipulação e a dispensação de
produtos e correlatos com finalidade
profilática, curativa, paliativa, estética
ou para fins de diagnóstico.

CFF, 2001
Lei nº 13.021/ 2014
Ampliação dos serviços clínicos realizados pelo
farmacêutico:
A farmácia é uma unidade de prestação de
assistência farmacêutica, assistência à saúde e
orientação sanitária individual e coletiva.
• Demanda por serviços;
• Incorporação de tecnologias;
• Desafios de sustentabilidade das
novas tecnologias e do seu
financiamento.

(CFF, 2013)
Ampliação da cobertura dos serviços de saúde e incrementação
a capacidade de resolução desses serviços.

Autorização para que distintos profissionais possam selecionar,


iniciar, adicionar, substituir, ajustar, repetir ou interromper a
terapia farmacológica (prática multiprofissional).

(CFF, 2013)
Prescrição
Exigência legal: limites de atuação de cada
profissão.
Favorece o acesso e aumenta o controle sobre
os gastos, reduzindo, assim, os custos com a
provisão de farmacoterapia racional, além de
propiciar a obtenção de melhores resultados
terapêuticos.

(CFF, 2013)
“Ato pelo qual o
farmacêutico seleciona
e documenta terapias
farmacológicas e não
farmacológicas, e outras
intervenções relativas ao
cuidado à saúde do
paciente, visando à
promoção, proteção e
recuperação da saúde,
e à prevenção de
doenças e de outros
problemas de saúde”
(CFF, 2013)
• O ato da prescrição farmacêutica constitui
prerrogativa do farmacêutico legalmente
habilitado e registrado no Conselho Regional
de Farmácia de sua jurisdição.
• Deve ser realizada com base nas necessidades
de saúde do paciente, nas melhores
evidências científicas, em princípios éticos e
em conformidade com as políticas de saúde
vigentes.
• Respeitar a confidencialidade e a privacidade
do paciente no atendimento.

CFF, 2013
• Conhecimentos e habilidades clínicas que
abranjam boas práticas de prescrição,
fisiopatologia, semiologia, comunicação
interpessoal, farmacologia clínica e
terapêutica.
• Titulação de especialista
• Especialista profissional farmacêutico na área
clínica
• Titulação de especialista em Homeopatia
(prescrição de medicamentos dinamizados)

CFF, 2013
• O farmacêutico poderá prescrever
medicamentos cuja dispensação exija
prescrição médica, desde que condicionado
à existência de diagnóstico prévio e apenas
quando estiver previsto em programas,
protocolos, diretrizes ou normas técnicas,
aprovados para uso no âmbito de instituições
de saúde ou quando da formalização de
acordos de colaboração com outros
prescritores ou instituições de saúde.

CFF, 2013
Acordo de colaboração: é a parceria
formal entre o farmacêutico e o prescritor
ou a instituição, com explícito acordo entre
quem está delegando (prescritor ou
instituição) e quem está recebendo a
autorização (farmacêutico) para
prescrever.

CFF, 2013
1) Identificação das
necessidades do paciente
relacionados à saúde
2) Definição do objetivo
Prescrição terapêutico
Farmacêutica 3) Seleção da terapia ou
intervenções relativas ao
cuidado à saúde
– Segurança
– Eficácia
– Custo e conveniência

(CFF, 2013)
4) Redação da prescrição
5) Orientação ao paciente
6) Avaliação dos resultados
Prescrição 7) Documentação do processo
Farmacêutica de prescrição

(CFF, 2013)
Prontuário
A documentação do processo
de cuidado deve ser feita no
prontuário do paciente,
organizado para possibilitar o
registro dos atendimentos e,
portanto, a história
farmacoterapêutica e clínica
do paciente.

CFF, 2016
Prontuário
Modelo SOAP (subjective, objective,
assessment, plan), que organiza as
informações:
Dados subjetivos (S)
Dados objetivos (O)
Avaliação (A)
Plano (P)

CFF, 2016
Modelo SOAP
Dados subjetivos (S):
Sintomas identificados pelo
paciente/cuidador, crenças,
preocupações e outros dados
clínicos (história clínica), tentativas de
tratamento e expectativas.
Prontuário

CFF, 2016
O motivo de consulta reflete a perspectiva
da pessoa sobre o que está acontecendo
com ela.
O profissional de saúde deve identificar
exatamente como o paciente se expressa,
sem fazer qualquer juízo de valor quanto à
veracidade e/ou exatidão do mesmo.
Se o paciente apresentar mais de uma
razão para a consulta, essas múltiplas
razões devem ser codificadas também.
(Classificação internacional de atenção
primária, 2ª ed.)

WONCA, 2009
Problema de saúde autolimitado
“Enfermidade aguda de baixa
gravidade, de breve período de
latência, que desencadeia uma
reação orgânica a qual tende a
cursar sem dano para o paciente e
que pode ser tratada de forma
eficaz e segura com medicamentos
e outros produtos com finalidade
terapêutica”. Sem exigência de
prescrição médica.

CFF, 2013
Problema de
saúde
autolimitado

WONCA, 2009
Problema de • Dor generalizada/múltipla
saúde • Arrepios
autolimitado
• Febre
• Debilidade/ Cansaço geral
• Sentir-se doente
GERAL E NÃO-
ESPECÍFICO • Desmaio/ Síncope
• Inchaço
• Problemas de sudorese
• Etc.

WONCA, 2009
Problema de • Dor abdominal generalizada/ cólicas
saúde • Dores abdominais, epigástricas
autolimitado • Azia
• Dor anal/ retal
• Dispepsia/ Indigestão

APARELHO DIGESTIVO • Flatulência/ gases


• Náusea
• Vômitos
• Diarreia
• Etc.

WONCA, 2009
Modelo SOAP
Dados objetivos: sinais ou dados
mensurados e/ou observados,
incluindo resultados de exame.

Avaliação: análise dos dados


subjetivos e objetivos a fim de
Prontuário identificar a(s) necessidade(s) e o(s)
problema(s) de saúde do paciente,
considerando as intervenções
possíveis, os fatores que agravam os
sinais/ sintomas e os sinais de alerta
para encaminhamento.

CFF, 2016
Modelo SOAP
Plano: na elaboração do plano,
devem ser definidos os objetivos
terapêuticos, as intervenções e os
critérios de acompanhamento para
avaliação dos resultados. As opções
de intervenção selecionadas podem
Prontuário incluir: terapias farmacológica e não
farmacológica, e outras intervenções
relacionadas ao cuidado, como o
encaminhamento.

CFF, 2016
Prontuário

Dados do Modelo SOAP

CFF, 2016
Sim Encaminhar ao
Razão de consulta médico
Mais de 7
dias?

Não

Sim
Necessita de
diagnóstico médico

Não
Sim
Farmacovigilância
Sim
Outros PS* e/ou
Necessita encaminhar
medicamentos
ao médico?

Não

Educação Avaliação
Seguimento
sanitária farmacoterapêutico

Escolher o
medicamento
(MIP)
Marques, 2018

Prescrição
Problema de saúde autolimitado
Dispensação
Medicamentos industrializados e preparações magistrais - alopáticos ou
dinamizados -, plantas medicinais, drogas vegetais ou com medidas não
farmacológicas.
Prescrição farmacêutica
- Tempo mínimo de comercialização 10 anos sendo, no mínimo 5 anos no
Brasil;
- Reações adversas com causalidade reconhecidas e reversíveis após a
suspensão de uso do medicamento;
- Baixo potencial de toxicidade

- Baixo potencial de interação


medicamentosa e alimentar

Anvisa, 2016
- Indicação para o tratamento, prevenção e alívio de sinais e sintomas de
doenças não graves e com evolução inexistente ou muito lenta, sendo
que os sinais e sintomas devem ser facilmente detectáveis pelo paciente,
seu cuidador ou pelo farmacêutico, sem necessidade de monitoramento
laboratorial ou consulta com o prescritor.

Anvisa, 2016
- Baixo potencial de risco ao paciente: mau uso, abuso e intoxicação.
- Não apresentar potencial de dependência
Receita Esta deve ser redigida em português, por
extenso, de modo legível, observados a
nomenclatura e o sistema de pesos e
medidas oficiais, sem emendas ou rasuras.

CFF, 2016
Descrição da terapia farmacológica,
quando houver, incluindo as seguintes
informações:
a) nome do medicamento ou formulação,
concentração/dinamização, forma
farmacêutica e via de administração;
b) dose, frequência de administração do
medicamento e duração do
Receita tratamento;
c) instruções adicionais, quando
necessário.

CFF, 2016
Na receita:
Identificação do estabelecimento
farmacêutico, consultório ou do serviço de
saúde ao qual o farmacêutico está
vinculado;

Nome completo e contato do paciente;

Receita Descrição da terapia não farmacológica ou


de outra intervenção relativa ao cuidado
do paciente, quando houver;

Nome completo do farmacêutico,


assinatura e número de registro no Conselho
Regional de Farmácia;

Local e data da prescrição.

CFF, 2016
Instrução Normativa n° 11/ 2016

Grupos terapêuticos Indicações Terapêuticas Observações

Antiacnéicos e tópicos
Acne, acne vulgar, rosácea, espinhas Restrições: retinóides
adstringentes
Acidez estomacal, dor de estômago,
Antiácidos, Antieméticos,
dispepsia, enjoo, náusea, vômito, Restrições: metoclopramida,
acidez estomacal, azia,
epigastralgia, má digestão, queimação, bromoprida, mebeverina,
desconforto, eupépticos,
pirose, esofagite péptica, distensão inibidores da bomba de prótons
enzimas digestivas
abdominal, cinetose, hérnia de hiato
Restrições: Ioperamida infantil,
Antidiarréicos Diarreia, Disenteria
opiáceos
Instrução Normativa n° 11/ 2016

Grupos terapêuticos Indicações Terapêuticas Observações

Cólica, cólica menstrual, dismenorreia,


Antiespasmódicos Desconforto pré-menstrual, cólica biliar/ Restrições: mebeverina
renal/ intestinal
Alergia, coceira, prurido, coriza, rinite
alérgica, urticaria, prurido senil, prurido
Restrições: Adrenérgicos,
Anti-histamínicos e anti- nasal, prurido ocular alérgico, febre do
corticoids (exceto hidrocortisona
seborreico feno, dermatite tópica, eczemas, caspa,
de uso tópico)
dermatite seborreica, seborreia,
oleosidade
Antissépticos orais e Aftas, dor de garganta, profilaxia das
--
antisséptico buco-faríngeo cáries
Instrução Normativa n° 11/ 2016

Grupos terapêuticos Indicações Terapêuticas Observações

Restrições: Adrenérgicos (exceto


Antissépticos oculares Antissépticos oculares nafazolina com concentração <
0,1%), corticóides
Assaduras, dermatite de fraldas,
dermatite de contato, dermatite
Antissépticos da pele e
ammoniacal, intertrigo mamário/ --
mucosas
perianal/ interdigital/ axillar, odores dos
pés e axilas
Disúria, dor / ardor/ desconforto para
Antissépticos urinário --
urinar
Instrução Normativa n° 11/ 2016

Grupos terapêuticos Indicações Terapêuticas Observações

Antisséptico vaginal tópico Higiene íntima, desodorizante --

Antisséptico nasal,
Antissépticos nasais, fluidificantes
fluidificante nasal, --
nasais umectantes nasais
umectante nasal
Resolução/CFF nº 546/ 2011, que dispõe sobre a
indicação farmacêutica de plantas medicinais e
fitoterápicos isentos de prescrição.
Medicamento Fitoterápico : comprova sua segurança e
eficácia por meio de estudos clínicos

Produto Tradicional Fitoterápico: comprova a segurança


e efetividade pela demonstração do tempo de uso na
literatura técnico-científica.
Um fitoterápico, seja ele Medicamentos Fitoterápicos ou Produtos Tradicionais
Fitoterápicos, pode ter como Insumos Farmacêuticos Ativos Vegetais ou um derivado
vegetal. A droga vegetal sempre é obtida da planta medicinal (1), enquanto o
derivado vegetal pode ser obtido diretamente da planta medicinal (2) ou da droga
vegetal (3). A droga vegetal, sendo o ativo na formulação, pode ser comercializada
dessa forma, sem processamento adicional, como chá medicinal para uso em
preparações extemporâneas (5), ou pode ser comercializada em outras formas
farmacêuticas, como cápsulas, por exemplo, podendo conter excipientes (4).
Quando o derivado é o IFAV na formulação (6), pode estar associado ou não a
excipientes.

INSTRUÇÃO
NORMATIVA
Nº 4, DE 18 DE
JUNHO DE
2014
• Medicamento Fitoterápico: A RDC nº 138/2003 traz
a lista de indicações terapêuticas isentas de
prescrição médica. Assim, qualquer medicamento
fitoterápico que possua indicações terapêuticas
descritas na RDC nº 138/2003 deve ser de venda
isenta de prescrição médica; qualquer outra
indicação terapêutica tornará o MF de venda sob
prescrição médica. A restrição é definida de
acordo com a indicação terapêutica dada ao
medicamento.
• Produto Tradicional Fitoterápico: todos isentos de
prescrição médica, considerando que são
indicados para alegações terapêuticas de baixa
gravidade.
Brasil, 2015
Brasil, 2015
Brasil, 2015
Brasil, 2015
Brasil, 2015
Brasil, 2015
Uma paciente de 32 anos, vai a farmácia e
solicita um medicamento para “intestino
preso”. Ao ser consultada pelo
farmacêutico, a paciente diz que sua
alimentação é rica em carboidratos e
proteínas e não tem o hábito de ingerir
frutas, verduras e legumes. Não utiliza
nenhum medicamento constipante e
Caso 1 aparentemente não possui nenhuma
patologia. A paciente é secretária em um
escritório de advocacia, tem pouco tempo
para almoçar e não tem o hábito de jantar,
faz apenas um lanche.

Qual a intervenção farmacêutica?

Marques, 2018
Paciente de 25 anos, que se apresenta à
farmácia queixando-se de tosse produtiva
há 4 dias. Ao ser indagado sobre o aspecto
do catarro, ele relata que o mesmo não
apresenta sangue e nem aspecto amarelo-
esverdeado. Não apresenta febre e nem
dor torácica.

Caso 2 Qual o tratamento medicamentoso e não


medicamentoso para este paciente.

Marques, 2018
Uma senhora vai até a farmácia e pergunta
ao farmacêutico se tem Neocid®. Ao ser
indagada sobre para que ela ia utilizar o
produto, ela respondeu que era para matar
piolho na cabeça do filho.

Que conselhos o farmacêutico daria para


essa mãe?
Caso 3 Qual o medicamento seria indicado para
essa situação?

Marques, 2018
Uma senhora vai até a farmácia e pergunta
ao farmacêutico se tem Neocid®. Ao ser
indagada sobre para que ela ia utilizar o
produto, ela respondeu que era para matar
piolho na cabeça do filho.

Que conselhos o farmacêutico daria para


essa mãe?
Caso 4 Qual o medicamento seria indicado para
essa situação?

Marques, 2018
CFF. Prescrição Farmacêutica e Atribuições Clínicas do Farmacêutico Prescrição
Farmacêutica e Atribuições Clínicas do Farmacêutico

WORLD ORGANIZATION OF NATIONAL COLLEGES, ACADEMIES AND ACADEMIC


ASSOCIATIONS OF GENERAL PRACTITIONERS/FAMILY PHYSICIANS. Classificação
internacional de atenção primária (CIAP 2). 2. ed. Florianópolis: SBMFC, 2009.

Conselho Federal de Farmácia. Programa de Suporte ao Cuidado Farmacêutico na


Atenção à Saúde – PROFAR / Conselho Federal de Farmácia. – Brasília: Conselho
Federal de Farmácia, 2016.

RDC nº 98, de 01 de agosto de 2016. Disponível em :


http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2921766/RDC_98_2016.pdf/32ea4e54-
c0ab-459d-903d-8f8a88192412. Acessado em 27 de agosto de 2018.

Pereira, Ricardo de Souza, Clínica e prescrição farmacêutica. Belo Horizonte: Rona,


2014.

MARQUES, L. A. M. Prescrição Farmacêutica em Problemas de Saúde Autolimitados,


1ª Ed. 2018. Med [Internet]. 2013 Mar 5;158(5 Pt 2):397–403
Brasil. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Secretaria dos
Colaboradores. Comissão Assessora de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Plantas
Medicinais e Fitoterápicos. / Conselho Regional de Farmácia do Estado de São
Paulo. – São Paulo: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, 2015

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