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Consumo de bebida alcoólica entre alunos do 9º ano do ensino

fundamental

1. Introdução

Sabe-se que a adolescência não é uma fase fácil, pois é caracterizada como a fase
do desenvolvimento dos jovens, e estudos anteriores mostram que a depressão se tornou
uma das doenças mais comuns encontradas pelos pediatras (Bahls 2002). Implicando que
os adolescentes passaram a ser um grupo prioritário para promoção de saúde, visto que
seus comportamentos levam a exposição ao risco a integridade física (Malta 2009).

Segundo Reis e Oliveira (2015), em um estudo realizado em escolas públicas dos


munícipios do interior brasileiro, constatou que 80,9% dos estudantes já haviam feito uso
de bebida alcóolica, 18,4% faziam uso contínuo e considerado consumo de risco, dentre
esses a idade do primeiro consumo foi igual ou inferior a 12 anos.

Contudo o presente trabalho tem como objetivo analisar o uso de bebida alcoólica
em adolescentes, e identificar se o tipo de escola, pública ou privada, ou o sexo influência
no comportamento do jovem ao uso de bebida alcoólica. O estudo irá utilizar uma amostra
probabilística referente ao 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas
das capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal para o ano de 2019, a amostra
foi retirada da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), fornecida pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

2. Referencial Teórico

Os dados são referentes ao percentual de adolescentes em período escolar


referente ao 9º ano do ensino fundamental que experimentaram bebida alcoólica alguma
vez, por sexo e dependência administrativa da escola, segundo os Municípios das Capitais
– 2019. A amostra foi gerada pelo IBGE, através de um questionário aplicado aos alunos
das escolas dos munícipios observados, assim as perguntas foram direcionas como
variáveis, havendo um tratamento de confidencialidade aplicado os microdados obtidos.
“A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - PeNSE 2019
contou com um plano amostral desenhado para atender a uma
nova demanda, referente ao aumento da precisão das
estimativas para escolas privadas fora dos municípios das
Capitais, o que exigiu maior cobertura dessas subpopulações.”
Nota Explicativa IBGE.

3. Metodologia

A variável dependente, que é a variável de interesse que a ser analisada, é o


percentual total de adolescentes no 9º ano do ensino fundamental que já experimentou
bebida alcoólica. Para a análise desta variável iremos realizar o teste de normalidade, que
é utilizado para determinar se o conjunto de dados da variável de interesse (Y), é bem
modelada por uma distribuição normal, ou seja que sua maior frequência se encontra em
torno da média. Para o teste de normalidade será feita uma análise gráfica, através do
histograma obtido pelo Excel, uma análise do resumo estatístico da variável, também
obtido pelo Excel e a conclusão final será através do teste de Shapiro-Wilk obtido através
do software gretl.

Após o teste de normalidade será realizado uma regressão, realizada através do


método de Mínimos Quadrados Ordinais (MQO), esse método busca minimizar o
quadrado do erro da regressão entre o valor rela e o observado, os parâmetros da regressão
será obtido através do Excel, em seguida será feito uma análise de variância através da
ANOVA extraída do Excel, e por fim será calculado os coeficientes de correlação entre
as variáveis.

4. Resultados

4.1.Teste de Normalidade

Nos estudos estatísticos a suposição que os dados seguem uma distribuição normal
é frequentemente utilizada, essa suposição é importante, pois através dela é possível
determinar qual o tipo de teste estatístico será empregado nos dados e quais a hipóteses
iniciais a serem testadas. Muitos dos testes estáticos são paramétricos, os quais necessitam
que os dados sejam extraídos de uma distribuição normalmente distribuída (Nascimento
2015).
Uma das maneiras de identificarmos se os dados seguem uma distribuição normal
é através da análise gráfica do Histograma, sendo assim o Gráfico 1 mostra o Histograma
da variável percentual total de adolescentes no 9º ano do ensino fundamental que já
experimentou bebida alcoólica.

Gráfico 1: Histograma da variável percentual total de adolescentes no 9º ano do ensino


fundamental que já experimentou bebida alcoólica

Histograma
14 120,00%
12 100,00%
10
Freqüência

80,00%
8
60,00%
6
40,00%
4 Freqüência
2 20,00%
% cumulativo
0 0,00%

Bloco

Fonte: Elaboração própria

Aparentemente, analisando o Gráfico 1, os dados não apresentam seguir uma


distribuição normal, pois os percentuais menores de adolescente do 9º ano do ensino
fundamental que já experimentou bebida alcoólica apresentam uma maior frequência,
para auxiliar na conclusão da hipótese, utilizaremos os dados da Tabela 1, que apresentam
um resumo estatístico da variável.

Tabela 1: Resumos estatístico da variável percentual total de adolescentes no 9º ano do


ensino fundamental que já experimentou bebida alcoólica

Média 60,91782707
Erro padrão 0,98534948
Mediana 61,48195603
Modo #N/D
Desvio padrão 5,120026085
Variância da amostra 26,21466711
Curtose 0,854768564
Assimetria 0,389489392
Intervalo 23,03138954
Mínimo 51,90512506
Máximo 74,9365146
Soma 1644,781331
Contagem 27
Nível de confiança(95,0%) 2,025414862
Fonte: Elaboração própria

Através do resumo estatístico da Tabela 1, pode-se notar que a média e a mediana


são próximas, o que caracteriza uma distribuição simétrica, também tem que o coeficiente
de assimetria é de 0,39, próximo de zero o que caracteriza distribuição simétrica, portanto
pelo resumo estatístico temos que os dados seguem uma distribuição normal, sendo assim
foi realizado o teste de Shapiro-Wilk para concluir o teste de normalidade. O hipótese
nula do teste de normalidade é que os dados segue uma distribuição normal contra a
hipótese alternativa de que os dados não segue uma distribuição normal, considerando
um nível de significância de 5%, temos que o p-valor do teste realizado foi de 0,3519,
como o p-valor é maior que o nível de significância estabelecido não rejeitamos a hipótese
nula, portanto com 5% de significância pode-se concluir que a variável percentual total
de adolescentes no 9º ano do ensino fundamental que já experimentou bebida alcoólica
segue uma distribuição normal.

4.2. Regressão Linear

O método de regressão linear utilizada foi o MQO, as variáveis para a regressão


foram:

𝑌: percentual total de adolescentes no 9º ano do ensino fundamental que já experimentou


bebida alcoólica;

𝑋1: percentual de meninos do 9º ano do ensino fundamental que já experimentou bebida


alcoólica;
𝑋2: percentual de meninas do 9º ano do ensino fundamental que já experimentou bebida
alcoólica;

𝑋3: percentual de alunos do 9º ano do ensino fundamental de escola pública que já


experimentou bebida alcoólica;

𝑋4: percentual de alunos do 9º ano do ensino fundamental de escola privada que já


experimentou bebida alcoólica;

Assim o modelo de regressão será:

𝑌̂ = 𝛽̂0 + 𝛽̂1 ⋅ 𝑋1 + 𝛽̂2 ⋅ 𝑋2 + 𝛽̂3 ⋅ 𝑋3 + 𝛽̂4 ⋅ 𝑋4 + 𝜖

Utilizando MQO temos os seguintes parâmetros:

Tabela 2: Parâmetros da Regressão

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P


Interseção -1,3368 0,5647 -2,3674 0,0271
Variável X 1 0,5277 0,0173 30,5024 0,0000
Variável X 2 0,5426 0,0223 24,3828 0,0000
Variável X 3 -0,0388 0,0256 -1,5123 0,1447
Variável X 4 -0,0085 0,0112 -0,7638 0,4531
Fonte: Elaboração própria

4.3. Análise de Variância (ANOVA)

Tabela 3: ANOVA da Regressão

gl SQ MQ F F de significação
Regressão 4 680,5645392 170,1411348 3681,239042 9,76136E-31
Resíduo 22 1,016805734 0,046218442
Total 26 681,5813449
Fonte: Elaboração própria

4.4.Correlação

A Tabela 4, traz a matriz de correlação entre as variáveis.


Tabela 4: Matriz de Correlação

Y X1 X2 X3 X4
Y 1,0000 0,7979 0,9134 0,9168 0,4931
X1 0,7979 1,0000 0,4862 0,7028 0,2902
X2 0,9134 0,4862 1,0000 0,8655 0,5152
X3 0,9168 0,4862 0,8655 1,0000 0,2130
X4 0,4931 0,2902 0,5152 0,2130 1,0000
Fonte: Elaboração própria

5. Discursões e Conclusão

Dado a Tabela 3, a ANOVA, tem se que o p-valor do teste F, que testa a


significância do modelo, foi inferior a 0,05, portanto com 5% de significância podemos
concluir que o modelo de regressão linear múltipla (MRLM) é significativo para variável
percentual total de adolescentes no 9º ano do ensino fundamental que já experimentou
bebida alcoólica, ou seja, pelo menos uma variável independente consegue explicar a
variabilidade da variável. Tem-se também que o coeficiente de Determinação (𝑅 2 ) do
modelo foi de 0,9985, isso implica que 99,85% da variação da variável percentual total
de adolescentes no 9º ano do ensino fundamental que já experimentou bebida alcoólica é
explicada pelo MRLM..

Considerando os parâmetros do MRLM apresentados na Tabela 2, temos que o


sexo feminino tem uma influência maior na variável percentual total de adolescentes no
9º ano do ensino fundamental que já experimentou bebida alcoólica; do que o sexo
masculino, e que um aluno de escola pública influencia mais na variável percentual total
de adolescentes no 9º ano do ensino fundamental que já experimentou bebida alcoólica,
do que um aluno de escola privado, considerando o valor absoluto do parâmetro estimado.
Sendo assim podemos concluir que dentre os municípios observados na amostra, a
proporção de meninas que experimenta bebida alcoólica na adolescência é maior do que
a de meninos e que os alunos de escola pública tende a experimentar bebida alcoólica
antes ou durante o 9º ano em uma proporção maior que os alunos de escola privada.

Tais conclusões pode ser confirmada pela Tabela 4 de correlações, onde tem-se
que a correlação entre a variável percentual total de adolescentes no 9º ano do ensino
fundamental que já experimentou bebida alcoólica e a variável percentual de meninos do
9º ano do ensino fundamental que já experimentou bebida alcoólica tem uma correlação
de 0,7979 enquanto a correlação de meninas é de 0,9134. Também temos que a
correlação entre a variável percentual total de adolescentes no 9º ano do ensino
fundamental que já experimentou bebida alcoólica e a variável percentual de alunos do
9º ano do ensino fundamental de escola pública que já experimentou bebida alcoólica é
de 0,9168 contra a correlação de 0,4931 dos alunos de escola provada.

Portanto podemos concluir que a proporção de meninas que experimenta bebida


alcoólica antes ou durante o 9º ano do ensino fundamental é maior que a de meninos e
que o percentual de alunos de escola pública que experimenta bebida alcoólica antes ou
durante o 9º ano é maior que a de alunos de escola privada.

6. Referencial Teórico

BAHLS, Saint-Clair; BAHLS, Flávia Rocha Campos. Depressão na adolescência: características


clínicas. Interação em Psicologia, v. 6, n. 1, 2002.

DA CUNHA NASCIMENTO, Dahan et al. Testes de normalidade em análises estatísticas: uma


orientação para praticantes em ciências da saúde e atividade física. Revista Mackenzie de
Educação Física e Esporte, v. 14, n. 2, 2015.

MALTA, Deborah Carvalho et al. Prevalência de fatores de risco e proteção de doenças crônicas
não transmissíveis em adolescentes: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
(PeNSE), Brasil, 2009. Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, p. 3009-3019, 2010.

REIS, Tatiana Gonçalves dos; OLIVEIRA, Luiz Carlos Marques de. Padrão de consumo de álcool
e fatores associados entre adolescentes estudantes de escolas públicas em município do interior
brasileiro. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 18, p. 13-24, 2015.

VIEIRA, Denise Leite et al. Álcool e adolescentes: estudo para implementar políticas
municipais. Revista de Saúde Pública, v. 41, p. 396-403, 2007.

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