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ACADÊMICO R.

DISCIPLINA Curso Letras

MAPA – Material de Avaliação Prática de Aprendizagem

1. Chamo-me Miguel Pedro de Almeida, tenho 57 anos, vivo sozinho, não tenho
família de sangue, minha real família é em meu trabalho, o circo. Eu amo meu ofício,
sou um dos palhaços, adoro brincar com as crianças e fazê-las rir. Recentemente
um de meus colegas de trabalho sumiu, as vezes me pergunto se fugiu com outro
circo ou se encontrou um amor na cidade, sinto falta dele.

2. Chamo-me Maria Laura dos Santos, tenho 31 anos, sou administradora de uma
grande loja de roupas em São Paulo. Venho de uma família de 5 pessoas, dois
irmãos, eu e meus pais. Nascida no interior do Mato Grosso, não gosto muito de
falar, mas gosto de julgar as pessoas em pensamento, sinto que minha opinião é
muito boa e superior para ser compartilhada. Semana passada tive um problema no
trabalho, um dos funcionários dizia que eu deveria mudar meu comportamento frente
aos outros, ele nunca mais poderá falar algo assim, já que agora dei seu corpo de
comer aos porcos.

Tema:

Heterônimo: Maria Laura dos Santos

TRANCAS

A vida é uma flor, que floresce aos poucos

e vai se abrindo, e se despindo

e revelando seu interior, desnudando seus rubores

A vida é uma flor, que é formosa um dia

e noutro é espalmada ao chão

A vida é uma flor, singela, inócua,

que em um momento estimada

e noutro arrancada impetuosamente,

só para satisfazer a amante de alguém.


4. Por fim, faça uma breve análise do porquê esse ter sido o
resultado poético de seu heterônimo. O que há no texto que
remete a sua identidade?

Veja a seguir minha análise do poema assinado pelo meu heterônimo Thomás dos
Reis.

Thomás é um homem extremamente antissocial e pessimista. O título Trancas


mostra um homem fechado, que não se sente confortável em expor seus
sentimentos, é como se eles estivessem “trancados” dentro de si. O Primeiro verso
começa com o termo condicional Se e o verbo poder, indicando que o eu-lírico é
incapaz de assumir o desejo de “trancar suas portas e janelas”. O termo Todas
indica que as portas e janelas a que se refere estão além das portas e janelas
materiais (de uma casa, por exemplo) , mas as próprias portas e janelas do corpo:
que fala (a boca?) e que choram (os olhos?). O desejo do eu-lírico é não ter contato
com ninguém, até mesmo dentro de si – não pensar em ninguém, nem ser lembrado
por ninguém. O isolamento é tão forte, que o termo condicional “se” só perde sua
força quando toma a ideia de trancar as próprias trancas, pois, em seguida, admite
“ter certeza” de, enfim, estar na absoluta solidão.

Thomás dos Reis remete em seu poema a solidão da ausência da esposa


metaforicamente, e percebemos que não há com quem falar (fechar as portas da
fala) e também o choro (janela). A absoluta solidão seria uma metáfora para a
própria morte, pois no último verso vemos que a solidão que o eu-lírico se refere é
feita de luto, choro e comoção. A morte, para Thomás dos Reis, seria a única forma
de voltar a ver sua amada, já que o heterônimo é extremamente pessimista em
relação a vida.

A atividade vai explorar seu entedimento acerca da produção literária através da


identidade heteronômica. A função não é avaliar o conteúdo poético em si, mas o
entendimento que a identidade do heterônimo é mais decisiva na produção do
poema do que a identidade de seu próprio criador. O professor Silvio, raramente, iria
escrever um poema com esse conteúdo, enquanto Thomás o faria constantemente.
A função da apresentação da mini-biografia é justamente para comparação entre o
eu-ortônimo do eu-heterônimo.

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