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FALE – UFAL

Literatura da Língua Portuguesa 3

Docente: Ana Clara Magalhães de Medeiros

Discente: Nadja Eudocia dos Santos Lins

Diários de leituras – Fernando Pessoa e seus heterônimos

É difícil ler uma obra sem antes pesquisar a respeito de seu escritor. Saber quem é o
autor responsável por uma leitura que você achou um verdadeiro deleite é algo indispensável
para o seu conhecimento. Pesquisando sobre Fernando Pessoa (1888-1935) escritor das obras
que li, percebi seu vasto currículo acadêmico; filósofo, tradutor, poeta, inventor, empresário…
(um verdadeiro artista/intelectual). No entanto, apesar de tantas profissões, ele é destacado
como um dos mais importantes poetas da língua portuguesa.

Com as leituras dos diários pessoanos, percebi algumas características semelhantes nas
escritas. A crítica, o lirismo, a subjetividade e a ironia são exemplos delas. Fernando Pessoa
foi um poeta modernista que usou da literatura para manifestar diversos temas sociais, ele
criava heterônimos para suas obras realizadas, provocando uma certa exclusão do “eu” por
múltiplas identidades- um verdadeiro exemplo de humildade ou mistério - (risos).

O poema “Hora absurda” de Fernando Pessoa foi uma leitura muito nostálgica para
mim. Essa obra tem versos longos com ritmos, metáforas e aliterações. A melancolia é uma
característica evidente nos versos escritos, o eu-lírico expressa fortes sentimentos de tristeza,
solidão, perturbação ilusão e paixão.

A melancolia dele me envolveu de uma forma que me vi no lugar desse personagem,


me causando reflexões sobre a importância de ter paz de espírito, um amor leve, recíproco e
verdadeiro. O verso do poema que mais me encantou do poema foi o seguinte:

O palácio está em ruínas… Dói ver no parque o abandono

Da fonte sem repuxo… Ninguém ergue o olhar da estrada

E sente saudades de si ante aquele lugar-outono…

Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada…


Esse escrito me traz uma reflexão sobre a vida: vejo o palácio como uma
representação da vida, a qual vai sendo destruída pelas angústias do cotidiano. Essa destruição
que acontece aos poucos causa dor e tristeza, paramos para recordar dos dias passados, mais
calmos, alegres e tranquilos. O sofrimento vai destruindo tudo isso, deixando o ser humano
cada vez mais frágil.

“Tabacaria” é uma obra escrita pelo misterioso heterônimo Álvaro de Campos. Esse é
o poema que mais gostei desse autor, porque ele me faz refletir a respeito da soberba humana.
Não posso querer ser algo, pois o que é o ser humano? Se fôssemos tão importantes como
muitos imaginam ser, teríamos o controle sobre nossa vida. Os problemas surgem, seja ele
financeiro, familiar, doença e estresses diários. Essas são situações que não estão em nosso
controle, a morte em breve chegará para todos e tudo ficará/passará. O verso que mais me
atraiu foi o seguinte:

Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Apesar do poeta reconhecer a sua inutilidade, ele diz que tem nele todos os sonhos do
mundo. Ou seja, acredito que seja necessário reconhecermos quem somos (nada somos), no
sentido de ser humilde e leal. Mas, entendendo que independente desse reconhecimento, os
sonhos devem surgir e a busca pelas realizações deles também.

Nesse poema percebe-se a angústia do eu lírico consigo mesmo. Ele exala um


sentimento de insatisfação e inutilidade consigo mesmo, os versos denotam a tristeza e a
sensação de derrota vivenciada. Além disso, percebi que o poeta observa as coisas
fundamentais do cotidiano, criticando o comportamento do homem moderno.

Ricardo Reis é outro heterônimo de Fernando Pessoa, a poesia lida por min foi “Vem
sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio”. Essa é uma obra que mostra uma certa melancolia,
com um tom de busca pela felicidade (ainda que passageira, como é a vida). O ideal de
aproveitar o aqui e o agora é uma ação defendida pelo eu lírico; o passado se foi e o amanhã é
incerto, então viva o hoje, isso é a famosa concepção filosófica carpe diem.
Nessa obra existe uma declaração fúnebre, o eu lírico descreve sobre a vida e sua
efemeridade para conquistar/convencer à pastora que eles se amem.

Por meio dos versos refleti a importância de ser forte independente das lutas que
surjam no meu caminho. Entender que a vida é curta e passageira, que deve ser vivida da
forma simples, proveitosa e humilde possível.

O rio, no poema, é retratado como um ambiente causador de paz e tranquilidade. O


campo, de fato, é um local que proporciona um lazer para o corpo e a alma, é um exemplo de
lugar para aproveitar o curto tempo da vida. A Contemplação da natureza é algo defendido de
uma forma que me senti com a necessidade de sentir o perfume das flores, observar os
animais, sentir o vento e o ar puro vindo da natureza. O verso da obra que mais chamou a
minha atenção foi o seguinte:

“Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.

Mais vale saber passar silenciosamente

E sem desassossegos grandes”.

A partir dele eu compreendi que aproveitando ou não a vida, ela passa. Ela não vai
deixar de passar porque eu não estou aproveitando, ela vai seguir e terminar independente
disso. Então preciso vivê-la aproveitando as coisas mais importantes que ela proporciona com
a família, viajando, estudando, fazendo amizades e gestos bondosos. Passar uma vida
sossegada, sem muito estresse e preocupações é um desafio que preciso enfrentar, pois a paz
vale mais que qualquer tesouro e a vida só é bem vivida quando levada de forma tranquila.

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