1) A nomeação de Antonio Aracre, ex-CEO da Syngenta, para assessor presidencial representa a consolidação da orientação pró-agronegócio e pró-multinacionais do governo.
2) A Syngenta é uma grande empresa de agrotóxicos e sementes que domina parte significativa do mercado argentino e defende a expansão da fronteira agrícola.
3) A política do governo desde o início tem sido favorável aos interesses das grandes corporações, como a chinesa e do agronegócio, independentemente de
1) A nomeação de Antonio Aracre, ex-CEO da Syngenta, para assessor presidencial representa a consolidação da orientação pró-agronegócio e pró-multinacionais do governo.
2) A Syngenta é uma grande empresa de agrotóxicos e sementes que domina parte significativa do mercado argentino e defende a expansão da fronteira agrícola.
3) A política do governo desde o início tem sido favorável aos interesses das grandes corporações, como a chinesa e do agronegócio, independentemente de
1) A nomeação de Antonio Aracre, ex-CEO da Syngenta, para assessor presidencial representa a consolidação da orientação pró-agronegócio e pró-multinacionais do governo.
2) A Syngenta é uma grande empresa de agrotóxicos e sementes que domina parte significativa do mercado argentino e defende a expansão da fronteira agrícola.
3) A política do governo desde o início tem sido favorável aos interesses das grandes corporações, como a chinesa e do agronegócio, independentemente de
Escrito por Nicolás Núñez, dirigente do coletivo Ambiente em Luta (Izquierda Socialista + independentes); e publicado em 06/01/2023
O jornalismo tradicional fala em um “sinal aos
mercados”, uma tentativa de alavancar a “chegada de investimentos”, mas, na verdade, a chegada de Antonio Aracre à Assessoria do presidente da nação implica a consolidação do rumo que sempre teve o governo da Frente de Todos. Vamos ver. Ex-CEO da Syngenta, empresa que responde pela estatal China National Chemical Corp (empresa química nacional do gigante asiático), a Aracre havia anunciado meses atrás que daria o salto “para a política”, e os vazamentos de o “Lago Escondido” acabou encontrando um lugar para isso. É que Julian Leunda, o antecessor em seu cargo, teve que renunciar depois de aparecer entre aquelas mensagens nas quais funcionários de Horacio Rodríguez Larreta e outros meios de comunicação e funcionários judiciais organizaram suas viagens ao território apropriado pelo magnata britânico Joe Lewis na Província de Río Negro e falaram criminalmente e abertamente de questões como “limpar um Mapuche”. Com a cadeira vaga, o peronismo acabou recorrendo ao mesmo banco de quadros políticos a que o macrismo soube recorrer: o dos chefes das multinacionais que são os verdadeiros donos do país. A Syngenta é hoje a principal empresa global dedicada à fabricação e comercialização de produtos químicos agrícolas e dos principais produtos alimentícios do planeta, após absorver gradativamente grandes multinacionais de sementes e produtos químicos. Mesmo na Argentina, a Comissão Nacional de Defesa da Concorrência (CNDC) foi obrigada a opor-se à fusão entre a Syngenta e a Nidera Semillas (Nidera Sementes), dado que: “A Syngenta lidera o mercado argentino na pré e pós comercialização de sementes e detém 40% e 45% das operações, respectivamente. Enquanto isso, a Nidera é a segunda operadora no mercado, com 15% e 20%, para a primeira e segunda seções. Juntos, atingem 60% das operações de pré-comercialização e 65% do pós-comercialização em nosso país” (22/05/21). Ou seja, é uma empresa com papel estratégico na produção de alimentos, na formação de preços, seja para exportação ou para consumo local, e no desenvolvimento geral da expansão da fronteira agrícola baseada na expansão do uso de agrotóxicos e a concentração de terras. Crescendo à sombra da Monsanto-Bayer, (que é muito mais exposta a reclamações), a Syngenta sustenta seus lucros com base na ocultação ativa do perigo de alguns produtos que vende em países como o nosso, como a atrazina, um herbicida desregulador endócrino proibido em 37 países, e que sua empresa inventora, Ciba Geigy, não comercializa em seu país de origem, a Suíça (Nota Agência Tierra Viva). A empresa que por 36 anos teve como empregado Aracre também tem desde 2015 sua comercialização do glifosato que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta como possível cancerígeno em humanos e cancerígeno em animais. A ideia de uma “República Unida da Soja” que em grande parte ordenou a extensão ilimitada da fronteira da soja, esmagando tudo em seu caminho (comunidades de povos indígenas, florestas, selvas, produção sustentável, além de escolas e casas fumigadas), teve a Syngenta como sua promotora estelar. Nesse contexto, não há como afirmar juridicamente que não pode haver “conflito de interesses” ao colocar um mercenário desse calibre no topo do Estado. Mas quanto à orientação política, social, econômica e ambiental específica proposta pela Aracre e pelo governo da Frente de Todos, não há conflito ou oposição no rumo a seguir. De fato, já em março do ano passado, esse personagem havia aproveitado sua extensa instalação midiática para se tornar um defensor comprometido do acordo alcançado entre o governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI), apoiando assim o brutal ajuste que se aprofunda desde então nos ombros dos setores populares. “Porta Giratória” e diferentes nomes próprios para uma mesma orientação política A nomeação de Antonio Aracre representa um exemplo clássico do que é conhecido como movimentos de “Porta Giratória”, em que funcionários trocam cargos-chave em multinacionais por outros em governos, ou vice-versa, de forma, é claro, a garantir a maior efetividade possível da defesa dos interesses empresariais. Agora, seria uma completa ilusão pensar que o compromisso da Frente de Todos com as multinacionais e grandes patronais do agronegócio, e mesmo com o governo ditatorial chinês, só começaria agora que a Aracre teria escritório próprio na Casa Rosada (sede da presidência da República Argentina, em Buenos Aires). Olhando ao longo do tempo, temos os enormes benefícios que Sergio Massa, atual Ministro da Economia, concedeu ao setor graças ao “dólar da soja”. Ou, ainda, temos o Projeto de Lei do Agronegócio que entrou na pauta das sessões extraordinárias do Congresso, mas que está rondando a pauta há dois anos. Temos, por outro lado, a tentativa de transferência das megafábricas chinesas de suínos para o nosso país, o novo endividamento por projetos nucleares entrados na Ásia, ou a própria entrada na "Rota da Seda", para perceber que o compromisso do governo peronista com a ditadura capitalista chinesa vem desde as origens de seu mandato. De fato, apenas para citar um único precedente, podemos nos referir ao endosso de Cristina Kirchner à instalação de uma base militar/espacial chinesa na Província de Neuquén, ainda em 2015. Por outro ângulo, podemos acrescentar que a lavagem do vínculo com a liderança do agronegócio que esta nomeação implica é totalmente correlata à política justificada por setores como como Pátria Grande de Juan Grabois, que no ano passado havia afirmado que não tinha escrúpulos em ir “aos beijos”, simbolizando acordos com o “Czar da Soja”, Gustavo Grobocopatel. A designação de Aracre, então, nada mais é do que a coroação do rumo percorrido pelo governo de Alberto e Cristina Fernández desde o dia zero, só que agora passaria a ser um pouco mais administrado por um de seus próprios beneficiários. Essa afirmação é importante porque setores que compõem ou estão ligados ao governo nacional aderiram à legítima rejeição à designação de Aracre, mas tentando intervir internamente na Frente de Todos. Com ou sem Aracre, este é e será um governo pró-agroquímicos, pró-extrativistas, pró- multinacionais (chinesas, ianques, europeias, o que for) e, sobretudo, pró-FMI. Nossa denúncia da nomeação de Aracre tem que ser, ao mesmo tempo, uma denúncia da política geral de pilhagem e depredação ambiental do peronismo no governo. Assim como, um correlato das lutas que já estamos dando em todo o país contra as iniciativas que são promovidas sem rachaduras pela Frente de Todos e pela oposição patronal de Juntos por el Cambio. Em última análise, o único governo que estará livre dos interesses das multinacionais e do FMI será um governo diferente, socialista, da classe trabalhadora e da esquerda, que junto com as comunidades planeje democraticamente os rumos do país a serviço das maiorias populares e em harmonia com a natureza.
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