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®
BRASIL
CONTAG
Con fed eração N acional d o s Trab al ha d ores na Agric u lt ura ( Con tag )
Políticas Sociais
2 Jornal da Contag
Sindicalismo
Mercosul debate acesso à terra
Contag marca presença no Políticas específicas para agricultura familiar
10º Congresso Nacional da CUT
Dino_Parizotti / CUT
estiveram na mesa de discussão da Cúpula Social,
em Assunção, no Paraguai, no fim de julho
A
Contag participou, entre 23 e internacional pela segurança da pro-
24 de julho, em Assunção, no priedade, tanto no meio rural quanto
Paraguai, da Cúpula Social no urbano.
do Mercosul. O encontro reuniu pre- Entre conclusões focadas na agri-
sidentes, representantes de governo cultura familiar e soberania alimentar,
e de movimentos sociais dos países- estão a necessidade de reformulação
membros para discutir temas como do conceito do Mercosul, indo além
acesso à terra, políticas específicas da questão comercial, ampliando, por-
para a agricultura familiar e igualdade tanto, os marcos social, cultural e am-
de gêneros. biental, e de avançar com a reforma
Durante o evento, o presidente do agrária em todos os países participan-
Paraguai, Fernando Lugo, recebeu re- tes, além de adotar o conceito de so-
C
om o tema Desenvolvimento com a organização dos trabalhadores, presentantes dos governos e de orga- berania alimentar, em substituição ao
com trabalho, renda e direitos, é importante a definição da estratégia nizações sociais dos países da Amé- de seguridade alimentar.
o 10º Congresso Nacional da da CUT, no sentido do fortalecimento
rica do Sul, entre as quais a Contag,
CUT aconteceu entre 3 e 7 de agosto da representação na base”, diz.
para debater a importância da mo- Mercosul Sem Fome – Paralela-
e reuniu 2,5 mil delegados e delega- Para a vice-presidente e secretária
das de todo o País. Uma delegação de Relações Internacionais da Contag, bilização na construção de políticas mente à Cúpula dos Povos, a Confede-
de 400 trabalhadores e trabalhadoras Alessandra Lunas, a participação de públicas para o Mercosul. “O encon- ração de Organizações de Produtores
rurais participou do evento. trabalhadores e trabalhadoras rurais no tro foi importante porque respaldou Familiares do Mercosul (Coprofam) e
Entre as ações aprovadas no Plano congresso foi importante para garantir nossas demandas dentro do espaço a ONG Action Aid promoveram o se-
de Luta estão a de potencializar a mo- a ocupação de vários espaços na CUT. que é a Cúpula Social”, afirma a vice- minário Situação da Fome e Políticas
bilização pela implementação da Polí-
presidente da Contag e secretária de Públicas de Abastecimento, Sobera-
tica de Valorização do Salário Mínimo, Eleição – No último dia do congres-
Relações Internacionais da entidade, nia e Segurança Alimentar no Merco-
e reforçar a luta pela implementação so, 7 de agosto, foi eleita a Diretoria
da Lei Maria da Penha. Entre as Lutas da CUT para o mandato 2009-2012. Alessandra Lunas. sul Ampliado, que ocorreu no dia 22
Gerais, a plenária decidiu que é ne- Arthur Henrique da Silva foi reelei- Ao final, os participantes elabora- de julho, na Central Nacional de los
cessário desenvolver campanha por to como presidente. As Fetags e os ram documento com as propostas dis- Trabajadores (CNT), também mere-
uma política macroeconômica e de de- sindicatos conseguiram a eleição de cutidas, entregue aos líderes de cada ce destaque. O encontro teve o apoio
mocratização do orçamento da União, trabalhadores e trabalhadoras rurais, país. Priorizar políticas habitacionais da Organização Nacional Campesina
assim como continuar a luta pela am- que vão compor a Direção Nacional e
que levem em consideração as carac- (Onac) e da União Agrícola Nacional
pliação da reforma agrária, pela erra- Executiva da central.
terísticas das pessoas que vivem em (Unac), ambas do Paraguai.
dicação do trabalho infantil e escravo, A secretária nacional de Mulheres
e pela ampliação das políticas públi- da Contag, Carmen Foro, deixa a Vice- cada região, assim como as neces- Durante o seminário, foi lançada
cas para a agricultura familiar. Outro Presidência para ser titular da Secreta- sidades específicas de pessoa com também a campanha Mercosul sem
ponto destacado no documento final ria de Meio Ambiente da CUT. No novo deficiência é uma das conclusões da Fome, que é promovida pela Copro-
é a necessidade de lutar para revogar cargo, ela afirma que irá interagir com mesa-redonda Terra, Casa e Habitat, fam, da qual Alessandra Lunas é se-
as reformas da Previdência que retira- a experiência acumulada na direção que consta do documento, bem como cretária executiva, e pela Actionaid.
ram direitos dos trabalhadores. da central e com o trabalho realizado
diversificar o modelo das casas cons- “Precisamos de ações para superar
na Contag. “Faremos conexão com o
truídas, por meio de financiamentos os problemas em comum de nossos
Rurais – Durante o congresso, tam- que a Secretaria de Meio Ambiente
bém foi aprovada a criação da Coorde- de nossa confederação vem fazendo, públicos, dando prioridade às coope- países e, nada melhor do que mobi-
nação Nacional dos Cutistas no Campo. com o que as federações filiadas vêm rativas e organizações populares. Ou- lizações como essa, para intensificar
De acordo com as regras definidas na fazendo e com o que se discute atu- tra diretriz apontada pela mesa foi o nossos anseios e cobrar soluções”,
resolução que criou a coordenação, almente sobre meio ambiente”. Tam- lançamento, em 2010, de campanha avalia Alessandra.
nos estados onde houver federações e bém vai compor a Executiva da CUT
sindicatos ligados à Contag e filiados à o companheiro Jasseir Alves Fernan-
CUT, não será permitida a filiação ou o des, da Federação do Espírito Santo, e
reconhecimento de outras representa- atual secretário-geral da CUT-ES.
ções do campo. Já nos estados em que Para a direção da CUT foram elei-
as federações e os sindicatos são filia- tos os seguintes companheiros do
dos às demais centrais, a CUT poderá Contag: Elenice Anastácio, secretária
reconhecer entidades diferenciadas. de Jovens; Willian Clementino, secre-
O secretário de Finanças e Ad- tário de Política Agrária; Alessandra
ministração da Contag, Manoel dos Lunas, vice-presidente; Aristides dos
Santos, explica que a coordenação Santos, presidente da Fetape; Clésio
será responsável por debater e propor Antônio Brandão, tesoureiro da Feta-
estratégias de ações e políticas a ser es; Adauto Valentino, presidente da
desenvolvidas para trabalhadores e Fetagri/TO, Raimundinha Celestina,
trabalhadoras rurais. “Tendo em vista a coordenadora da Região Nordeste e
conjuntura do País, com a intensa dis- Vanderli Ferreira Lopes, sindicalista do
puta que a CNA e os ruralistas têm feito Rio Grande do Sul.
Jornal da Contag 3
Eventos
Festivais mobilizam
Educação do Campo ganha jovens em todo o País
força com fórum nacional
R
eflexões e debates sobre te- “O festival foi um momento im-
mas importantes para os jo- portante para os jovens expressa-
vens do campo, ao lado de rem suas dificuldades e o que que-
Encontro discute perspectivas, exemplos de apresentações culturais, competições rem para o campo”, avalia Suziane
sucesso e desafios da área esportivas e muita animação. Essas Ferreira, coordenadora de Jovens
César Ramos são as principais atividades dos Fes- da Federação dos Trabalhadores
tivais da Juventude Rural, previstos na Agricultura do Rio Grande do
para ocorrer até março de 2010, em Norte (Fetarn).
vários estados, municípios e polos sin-
dicais. Em todo o País, os jovens tra- Capacitação – A secretária de Jo-
balhadores e trabalhadoras rurais se vens Trabalhadores e Trabalhadoras
preparam para o 2º Festival Nacional Rurais da Contag, Elenice Anastácio,
da Juventude Rural, que ocorrerá em ressalta que, aliados ao programa Jo-
Brasília, entre 7 e 10 de junho de 2010. vem Saber, os festivais estaduais são
Em julho, Maranhão e Rio Grande importantes porque mobilizam a ju-
do Norte realizaram seus festivais. Em ventude do campo para o debate de
setembro, será a vez de Alagoas e Ron- temas que afetam sua vida. “Esses
dônia. Os demais estados estão finali- festivais se tornaram instrumento de
zando suas agendas. No Rio Grande do mobilização da juventude, para que
Norte, cerca de mil jovens participaram ela conheça o movimento sindical e
de palestras e debates sobre o tema Su- aperfeiçoe seus conhecimentos so-
cessão Rural com Terra, Meio Ambiente bre política sindical e políticas públi-
Sustentável, Trabalho e Renda. cas”, avalia.
4 Jornal da Contag
Capa
O
César Ramos
debate sobre a maior inser- ras rurais nas políticas executadas
ção das trabalhadoras ru- nos territórios.
rais nos territórios marcou
as ações da Jornada das Margari- Debates – Nos três dias do seminá-
das 2009. Entre 19 e 21 de agosto, rio, as dirigentes sindicais participaram
a Comissão Nacional de Mulheres de debates sobre o Projeto Alternativo
Trabalhadoras Rurais organizou, em de Desenvolvimento Rural Sustentável
Brasília, o seminário nacional Prota- e Solidário (PADRSS), política de terri-
gonismo das Mulheres nos Territórios torialidade, assistência técnica, aces-
Rurais, que reuniu cerca de 100 diri- so a terra, organização produtiva das
gentes de todo o País. mulheres e políticas públicas para as
A secretária de Mulheres da Con- trabalhadoras nos territórios.
tag, Carmen Foro, destacou que as Participaram das discussões lide-
discussões apontaram reflexões im- ranças do Movimento Nacional das
portantes para as trabalhadoras ru- Trabalhadoras Rurais do Nordeste
rais. “Os debates giraram em torno (MMTR/NE), do Movimento Interesta-
de várias questões, como: qual o dual de Quebradeiras de Coco Ba-
modelo de desenvolvimento que nós baçu (MIQCB), do Conselho Nacional
queremos; qual o lugar das mulheres dos Seringueiros (CNS) e representan-
no processo de desenvolvimento, e tes do Ministério do Desenvolvimento
como vamos continuar protagonizan- Agrário (MDA); da Secretaria Especial
do políticas para as mulheres, na ten- de Políticas para as Mulheres (SPM)
tativa de corrigir histórica desigualda- e da Universidade Federal de Viço-
de existente até hoje”, relatou. sa (UFV/MG) e dirigentes sindicais A secretária de Mulheres da Contag, Carmen Foro, abriu o seminário
Ao final do seminário, as dirigen- da Contag. nacional Protagonismo das Mulheres nos Territórios Rurais, que reuniu,
tes sindicais propuseram que fosse Durante o seminário, houve a em Brasília, cerca de 100 lideranças sindicais de todo o País
destinado, no mínimo, 30% das va- apresentação de experiências dos César Ramos
Jornal da Contag 5
Plano Safra Sindicatos
Ministro do Trabalho
Agricultores familiares terão anuncia concessão
mais segurança e possibilidade de de mais registros
investimentos na próxima safra
O
ministro do Trabalho e Emprego, Carlos
Lupi, anunciou, no dia 26 de agosto, a
concessão de 22 novos registros para
O
Plano Safra 2009/2010 trouxe novidades gamento de bancos. “É uma complementação do sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras ru-
para os agricultores familiares. Um dos Programa de Garantia de Preços para a Agricultura rais. O anúncio foi feito em reunião com dirigentes
pontos de destaque é a extensão do Se- Familiar (Pgpaf)”, explica. da Contag, na sede do Ministério, e é resposta à
guro da Agricultura Familiar (Seaf) para contratos parte dos registros reivindicados pela entidade
de investimento. Até 2008, o seguro cobria apenas Lei da Ater – O presidente Lula também assinou, no Grito da Terra 2009.
operações de custeio. Outra conquista são os fi- durante o lançamento do Plano Safra, projeto de lei A falta de registro ainda atinge vários sindi-
nanciamentos pelo programa Mais Alimentos. Na que modifica a forma de contratação de serviços catos ligados à Contag. Uma lista com outras 59
última safra, só era permitido o financiamento de de assistência técnica e extensão rural (Ater). O entidades que buscam o registro foi publicada no
tratores; agora, o benefício foi estendido para im- projeto foi encaminhado, em regime de urgência, dia 28, no Diário Oficial da União. Caso não haja
plementos e equipamentos agrícolas. ao Congresso Nacional, e precisa ser aprovado contestações, o Ministério concederá o registro
As mudanças foram anunciadas pelo presiden- tanto pela Câmara quanto pelo Senado. Atualmen- definitivo.
te Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro do De- te, os serviços de Ater são contratados por meio de O presidente da Contag, Alberto Broch, enfatiza
senvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, no dia convênios, o que, segundo Rovaris, torna o proces- que a concessão dos registros é muito importante
22 de julho, durante o lançamento oficial do Plano so demorado e sem continuidade. para os sindicatos beneficiados, mas o processo
Safra 2009/2010, em Brasília. Se aprovada a lei, a assistência técnica passará de legalização dessas entidades ainda está lento,
Para o secretário de Política Agrícola da Contag, a ser serviço básico. “Havendo demanda, a orga- e a demanda é alta. “A reunião foi muito positiva,
Antoninho Rovaris, as medidas anunciadas com- nização de Ater se credencia no Ministério do De- mas queremos que esse trabalho seja reforçado,
plementam os vários instrumentos de política agrí- senvolvimento Agrário (MDA) para trabalhar com os para que possamos ter, em um curto espaço de
cola existentes, e vão dar maior sustentabilidade agricultores familiares. A remuneração será feita por tempo, mais sindicatos legalizados”, disse.
à agricultura familiar. Outro ponto destacado pelo serviço prestado, e não mais por projeto, como é fei-
secretário foi o descontingenciamento de R$140 to hoje”, explica. A Lei Geral de Ater também foi uma Educação – Além de registro sindical, os diri-
milhões para as atividades de assistência técnica reivindicação importante do Grito da Terra 2009. gentes da Contag também reivindicaram o aten-
e extensão rural (Ater). Rovaris esteve presente na audiência pública dimento de outras propostas, como a publicação
No entanto, para Rovaris, ainda é preciso avan- realizada pela Câmara dos Deputados, no dia 03 das chamadas de projetos do programa ProJo-
çar mais. A Contag vem negociando com o governo de setembro e defendeu as mudanças. Ele expli- vem Trabalhador. “Estamos na expectativa para
federal a implementação do Programa de Desenvol- cou que atualmente menos de 40% dos agriculto- apresentar o projeto, porque a juventude neces-
vimento Sustentável da Unidade Familiar de Produ- res e agricultoras familiares têm acesso a assistên- sita dessa política”, explicou a secretária de Jo-
ção, o Pronaf Sustentável. O programa foi criado em cia técnica. “O número de técnicos, pouco mais vens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da
junho, pelo Decreto nº 6.882/09 e deve ser implanta- de 13 mil, é insuficiente para atender cerca de 4,5 Contag, Elenice Anastácio.
do a partir de unidades piloto ainda neste ano. milhões de famílias”, disse, acrescentando que a De acordo com o ministro, essa demanda de-
Outra reivindicação da Contag, pauta do Grito conseqüência para essa carência de profissionais pende de autorização dos recursos pelo Minis-
da Terra Brasil 2009, é a criação de uma política de é o endividamento dos agricultores familiares, que tério do Planejamento. “O orçamento ainda não
renda para a agricultura familiar, pela qual o gover- ficam sem orientação de como utilizar de forma efi- está liberado, mas vamos conversar novamente
no federal garantiria a aquisição do excedente de ciente o crédito. “Crédito sem Ater é igual a endivi- com o Ministério do Planejamento, para solicitar
produção que estivesse comprometido com o pa- damento”, enfatizou. essa liberação”, respondeu.
Planejamento
6 Jornal da Contag
Regularização Fundiária
Trabalho Escravo
D
são foram suspensas. Em relação às listas anterio-
res, nessa última houve aumento de ocorrências de irigentes das Fetags da Amazônia Legal
empresas agropecuárias e de produtores das áreas se reuniram, nos dias 17 e 18 de agosto,
de expansão da fronteira agrícola. Em outros anos, para discutir como o movimento sindical
a liderança era de empresas canavieiras. de trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR)
O secretário de Assalariadas e Assalariados da fará o controle social no programa Terra Legal,
Contag, Antônio Lucas Filho, ressalta a importância sobre regularização fundiária de terras públicas
do trabalho feito pelas equipes de fiscalização do
da União na região amazônica.
Ministério do Trabalho, em especial do Grupo Mó-
Ao final, os dirigentes sindicais definiram
vel, mas afirma que é preciso evitar que uma rela-
que o movimento sindical participará do moni-
ção de trabalho acabe em escravidão. “A ideia não
é apenas que se descubram novos casos. Quere- toramento das diversas etapas e também rei-
mos que o governo busque e aplique mecanismos vindicará participação dos movimentos sociais
que possam fazer que essa prática acabe de uma nos grupos executivos, com garantia de parida-
vez por todas”, reforça. Ele explica que, no meio de. “Vamos acompanhar o programa para que
rural, essas atividades consomem grande parte sejam cadastrados os que têm direito de fato e
dos recursos destinados às atividades agrícolas no não haja regularização de terras griladas”, ex-
Brasil. “Não podemos mais financiar a escravidão
plicou o secretário de Política Agrária da Con-
com dinheiro público”.
tag, Willian Clementino.
As propostas foram apresentadas ao coor-
Goiás – A Federação dos Trabahadores e Traba-
lhadoras Rurais de Goiás (Fetaeg) entregou docu- denador-geral do programa Terra Legal, Carlos
A
relação de empregadores flagrados na ex- mento na Superintendência do Incra em Goiás, em Guedes, que esteve no evento, no dia 17, e ao
ploração de mão de obra escrava no Brasil que reivindicava a desapropriação de 18 fazendas superintendente nacional de Regularização Fun-
tem 13 novos nomes. A chamada Lista Suja com flagrante de trabalho escravo. O estado ocupa diária da Amazônia Legal, Raimundo Sepeda.
foi atualizada em julho pelo Ministério do Trabalho e o primeiro lugar no Brasil em número de trabalha-
Emprego (MTE). Figuram, nesse rol, 175 infratores, dores e trabalhadoras rurais resgatados. A orienta- Levantamento – A coordenação do programa
entre pessoas físicas e jurídicas. Os maiores infra- ção da Contag é para que as demais federações
apresentou dados mostrando que 88% das pro-
tores estão nos estados de Goiás, Tocantins, Mara- sigam o exemplo da Fetaeg. “Se uma propriedade
priedades cadastradas no programa Terra Legal
nhão e Mato Grosso. tem trabalho análogo à escravidão, ela não cumpre
Além dos 13 nomes que entram pela primeira vez são de agricultores familiares. Os 12% restantes
sua função social e por isso deve ser desapropria-
na lista, o MTE confirmou mais quatro empregadores da”, enfatiza Antônio Lucas. são cadastros de médias propriedades. No en-
tanto, esses médios proprietários detêm 45% das
Veja os 13 novos nomes incluídos na Lista Suja. áreas a ser regularizadas.
Regis Francisco Ceolin – CPF: 438.282.480-04 sibilidade de terras ocupadas por comunidades
tradicionais e quilombolas ser regularizadas por
Salomão Pires de Carvalho – CPF: 024.354.897-49
terceiros, a não vistoria de terras de até quatro
Selson Alves Neto – CPF: 159.949.706-97
módulos fiscais e a venda de terras com até três
Rosana Sorge Xavier – CPF: 993.277.088-49 anos de regularização.
Fonte: ONG Repórter Brasil
Jornal da Contag 7
Conversa de Pé de Ouvido
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movimento social do campo. Filho de agricultores e ex-escravos, iniciou a
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luta pela terra em 1957, e continua até hoje. Aos 74 anos, é presidente do
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Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural (Centru) do Maranhão,
entidade que fundou primeiramente em Pernambuco, em 1979, quando
retornou do exílio. Nesta entrevista, ele conta sua história e fala sobre a
situação do movimento sindical do campo hoje.
Manoel da Conceição
Como o senhor começou a militar contra esse sistema de latifúndio, de na prática, ocupando as terras de coletivo e unificado. Hoje estamos divi-
no movimento sindical do campo? latifundiário tomar terra dos agriculto- que precisávamos, terras da União. didos em várias centrais e isso nos en-
Meu pai tinha uma área de terra, res. Estou nessa luta até hoje. fraquece demais. Em vez de estar bri-
que herdou dos avós. A terra não Foi por causa da luta que o senhor gando contra os fazendeiros, contra a
tinha documento e estava dentro Como se deu essa luta? teve de deixar o País? burguesia, estamos brigando entre nós.
da terra do patrão, que fez propos- Pindaré Mirim foi onde comecei a Quando eu estava em São Paulo, fui
ta de registrar no nome dele. Disse discutir a questão de uma organização para um encontro de não violência, da O senhor continua ativo, fundou o
que a gente ia ficar a vida inteira na sindical, isso já em 1962. Participei dos Igreja Católica. E lá a polícia mandou Centro de Educação e Cultura do
terra, nunca ia cobrar renda, e meu seminários promovidos pelo Movimen- me prender de novo, e fiquei desapa- Trabalhador Rural (Centru). Como
pai concordou. Em 1952, o patrão to de Educação de Base (MEB), e, no recido por 48 dias, sendo torturado, surgiu a ideia de criar o centro?
morreu, aí a mulher dele e os filhos final do curso, o MEB orientou assim: violentado. Só saí da cadeia com or- A gente queria ajudar o movimento
resolveram tomar a terra. Nós ainda “Vocês vão levar essa notícia para a dem de expulsão do País. Só tinha dois sindical na formação dos trabalhado-
reagimos, mas fomos expulsos. Em comunidade e organizar o sindicato. lugares para mim: cadeia ou cemitério. res e das trabalhadoras também do
1956, nos mudamos para o Mearim, Todo mês a gente se encontra, para ver Aí fui para a Suíça, onde fiquei durante campo, para continuar no seu fortale-
no município de Bacabal, para um como está andando o trabalho”. E nós quatro anos, morando como refugiado. cimento orgânico e consciente, para
lugar chamado Santa Luzia. Lá fica- começamos a trabalhar, fazer a discus- formação política, social, cooperati-
mos em uma área de terras devolu- são na comunidade. Tinha uma dificul- E qual a avaliação que o senhor faz do va, dentro da linha social e ecológica.
tas, onde só moravam posseiros. Em dade, porque, nessa época, 90% dos movimento sindical do campo hoje?
1957, apareceu Manassé Castro, filho agricultores não sabiam ler. Criamos 28 Eu acho que o movimento do campo Como o senhor analisa o processo
do delegado de Polícia local, alegan- escolas na comunidade. De dia eram teve momentos difíceis. Quando o mo- de construção de uma Educação do
do que a terra era dele. as crianças e à noite, os adultos. A gen- vimento estava começando a se cons- Campo? Qual a importância dessa
te ia estudar sindicalismo, cooperativis- truir, havia uma ditadura, quando os educação diferenciada na luta dos
Então a história se repetiu? mo e política de modo geral. O fato é dirigentes sindicais mais conscientes camponeses pela terra?
Sim. Mas dessa vez resolvemos que, no dia 18 de agosto de 1963, fun- foram perseguidos. Quando foi melho- A gente gostaria que tivesse uma
lutar pelos nossos direitos. Os mora- damos o primeiro Sindicato de Traba- rando, a Contag foi criada, com novas política de formação para o campo as-
dores não aceitaram, e resolvemos ir lhadores Rurais Autônomos de Pindaré filosofias de trabalho. Quando acabou sumida pelo governo. Porque – você
a Bacabal nos informar. Lá, pediram Mirim, no Maranhão. a ditadura, os trabalhadores já estavam pode ter certeza – as escolas fazem
que nós fizéssemos uma reunião, com vontade de fazer greve geral, foi formação, mas fazem formação para
pois só tratariam do assunto se esti- Já existiam outros sindicatos rurais melhorando. Mas agora, depois que os trabalhadores serem empregados
véssemos organizados em associa- na região? passou toda essa luta difícil e pesada, dos patrões. E eu quero que os tra-
ção local. Quando estávamos fazen- Haviam outros. Mas esse foi o pri- e temos até o presidente da República, balhadores sejam empregados de si
do a reunião, com mais ou menos meiro sindicato fundado dentro das temos uma dificuldade, porque o en- mesmos, que nós sejamos autônomos
70 famílias, o Manassé chega, num normas legais da lei, porque antes tendimento do “autoempoderamento” no campo e na cidade. Não posso ser
caminhão cheio de jagunços, e, sem quem fundava eram os políticos, só coletivo dos trabalhadores tanto no sin- só empregado de um patrão que me
nenhuma troca de palavras, mandou para ter voto dos trabalhadores na dicato como no partido não está exis- manda a vida inteira. Eu quero que
meter bala. Matou cinco agricultores: época da eleição. A bandeira era a tindo, quase. Há uma classe dominada construamos o projeto de sociedade
três jovens casados, uma velhinha de luta pela reforma agrária, pela terra, e outra dominante, e nós não podemos que entendemos justa, não escrava,
75 anos e um garotinho de três. Quan- e, quando eles não atendiam, nós estar em um governo ou um movimento não feudal e não capitalista. Vamos
do eles foram embora, eu fiz um jura- ocupávamos. Foram as primeiras sindical sem ter esse entendimento de discutir a sociedade humana e solidá-
mento perante a comunidade e Deus, ocupações no Maranhão, o conflito luta de classe. E a maior parte dos com- ria que precisamos construir e isso só
que a partir daquele momento eu ia começou a aguçar entre nós e os fa- panheiros não tem essa consciência vai acontecer se tiver educação, orga-
travar uma luta com quem quisesse, zendeiros, porque começamos a agir política, desse “autoempoderamento” nização, saber, conhecimento.
expediente
Jornal da Contag - Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch | 1º Vice-
Presidente/ Secretária de Relações Internacionais Alessandra da Costa Lunas | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Antonio Lucas Filho | Finanças e Administração
Manoel José dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto |Secretário Geral David Wylkerson Rodrigues de Souza | Jovens Trabalhadores Rurais Maria
Elenice Anastácio | Meio Ambiente Rosicléia dos Santos |Mulheres Trabalhadoras Rurais Carmen Helena Ferreira Foro | Política Agrária Willian Clementino da Silva Matias | Política
Agrícola Antoninho Rovaris | Políticas Sociais José Wilson Gonçalves | Terceira Idade Natalino Cassaro | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto
2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail comunicacao@contag.org.
br | Internet www.contag.org.br | Assessoria de Comunicação Jacumã - Soluções Criativas em Comunicação Ltda. | Edição Ana Luiza Aguiar|
Reportagem Ciléia Pontes, Danielle Santos, Iara Balduíno | Projeto Gráfico Wagner Ulisses e Fabrício Martins | Diagramação Fabrício Martins |
Diretor responsável: Ronaldo de Moura
| Revisão Bárbara de Castro e Joira Coelho | Impressão Dupligráfica
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