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MOÇAMBIQUE
Março de 2019
O contexto A metodologia utilizada
As florestas são um dos recursos naturais que afectam, directo ou Foi usado o instrumento de avaliação PROFOR da FAO, ajustado a
indirectamente, as pessoas, no campo e nas cidades, pelos serviços e bens realidade nacional em 2015. A ferramenta está organizada em três pilares da
essenciais que proporcionam a sociedade. A importância das florestas para governação florestal (Figura 1).
o país é reconhecida pelo Estado, por isso, chama toda a sociedade a
contribuir para a protecção, conservação e uso racional deste recurso, em No Pilar 1 considerou-se as políticas, leis, regulamentos e normas do sector
benefício da presente e das futuras gerações de moçambicanos. A realidade florestal e de outros sectores que, directo ou indirectamente afectam, as
mostra que estamos muito longe desta situação ideal. florestas no país. Na avaliação da governação florestal aferiu-se a clareza e
coerência do quadro legal e institucional, dentro e fora do sector florestal,
Os recursos florestais estão ameaçados pelos desmatamento para a suas interacções na definição do quadro geral do uso, gestão e dos
produção de alimentos e urbanização, produção de lenha e carvão, processos de tomada de decisões relacionadas com as florestas no país.
queimadas descontroladas, corte ilegal e exploração desenfreada da
madeira em toros.
2.
Tabela 1. Resultados da avaliação do Pilar 1, Quadro Legal e Institucional, na Província de Zambézia e
Cabo Delgado em 2018
A media geral do Pilar 1 foi de 2.5, na Zambézia, e 2.7, em Cabo Delgado. Nas duas províncias, a
maioria dos indicadores (54%), teve pontuação 1 e 2, portanto longe situação desejada. Indicadores
com pontuação 3 somaram 31% na Zambézia, e 8% em Cabo Delgado. Indicadores com a pontuação
4 e 5 totalizaram 15% e 38% em Zambézia e Cabo Delgado, respectivamente.
O gap, ou seja, a diferença para a situação ideal desejada, foi superior a 60 %. Estes resultados
corroboram a situação actual do sector florestal e reforçam a validade e a necessidade de intensificar
a reforma legal e institucional em curso nesta área no país.
A média do Quadro Legal e Institucional praticamente não mudou na Zambézia, de 2016 para 2018
(Tabela 2). Em Cabo Delgado a media passou de 2.1, em 2016, para 2.7 em 2018. O gap para a
situação ideal permaneceu da mesma magnitude, nas duas províncias, durante o período de análise.
3.
As políticas leis planos e programas de
desenvolvimento de outros sectores de
economia nacional que afectam as
florestas não estão devidamente
alinhadas com a protecção e
conservação de florestas. Os sectores de
agricultura, energia e mineração, formal e
informal, foram considerados os
principais sectores que impactam
negativamente as florestas no país. A
perda de florestas devido a estas
actividades é agravada por falta de
ordenamento territorial, que indique as
áreas permanentes de floresta, que não
podem ser convertidas em outros usos.
4.
O envolvimento dos sectores de agricultura,
Zambézia Cabo Delgado
energia e mineração em actividades do MFS
Componentes e Indicadores 2018 2018 2016 2018 (regeneração, maneio, protecção e
conservação e uso racional) é crucial para a
1. Politicas e leis que afectam as florestas 3.0 3.0 2.0 4.0 perpetuação das florestas no país. Neste
grupo inclui-se as grandes hidroeléctricas,
2. Concordância entre a política florestal e outras 2.0 2.3 1.5 2.5
políticas que afectam as florestas como por exemplo Cabora Bassa, que
dependem directamente da cobertura florestal
3. Quadro institucional 2.0 1.7 2.0 1.0 das bacias hidrográficas, para a protecção
4. Incentivos, instrumentos económicos e partilha de 2.6 3.0 3.0 3.4 contra erosão e assoreamento das albufeiras,
benefícios produção de água e manutenção da
Media geral 2.4 2.5 2.1 2.7 capacidade de armazenamento das
barragens.
A média geral do Pilar 2 atingiu 2.8 na Zambézia e 2.4 em Cabo Delgado. Na Zambézia, 47% de
indicadores tiveram pontuação baixa, 1 ou 2; 29% de indicadores tiveram pontuação 3 e; 24%
pontuação 4 ou 5. Em Cabo Delgado, indicadores com pontuação 1 ou 2 totalizam também 47%; com
pontuação 3 somam 41% e com maior pontuação apenas 12%.
Na duas províncias, a maior parte de indicadores apresentam um gap, para a situação ideal, maior
que 40%; indicadores próximos da situação ideal foram reduzidos; 5 indicadores na Zambézia e
apenas 2 em Cabo Delgado.
6.
Na Zambézia, a media da Planificação e Tomada de Decisões, em 2016 e 2018, foi de 1 e 2.8, respectivamente Dum modo geral, Encontros do Fórum
(Tabela 4). Em Cabo delgado a media passou de 1.8, em 2016, para 2.4, em 2018. Durante o período de estudo, foram descontinuados e a associações de
verificou melhoria e diminuição gap, para a situação ideal, na maioria dos indicadores, especialmente na operadores tem défice de organização,
província da Zambézia, em que a redução do gap atingiu 30%. Em Cabo Delgado a redução do gap foi modesta, funcionamento e capacidades para
apenas 2 %. cumprirem os objectivos para os quais
foram criados. A participação destas
Tabela 4. Resultados da avaliação do Pilar 2, Planificação e Tomada de Decisões, nas províncias de Zambézia e organizações no diálogo do Governo com
Cabo Delgado em 2016 e 2018 sector privado, através do CTA, ainda não
tem impacto desejado. Dum modo geral,
os encontros são feitos adhoc, se a
Zambézia Cabo Delgado devida informação dos assuntos a tratar,
Componentes 2016 2018 2016 2018 com pouco ou nenhuma antecedência,
dificultando a preparação e contribuição
informada e efectiva dos participantes.
1. Participação de stakeholders 1 2.8 1.8 2.4
2. Transparência e Responsabilidade 1.5 2.7 3.3 3.0 Os mecanismos de participação são
dominados pelas lideranças locais e
3. Capacidade e Acção dos stakeholders 1.3 2.8 1.7 1.7 pessoas influentes do sector florestal.
Media geral 1.3 2.8 2.3 2.4 As plataformas de participação de
stakeholders precisam de melhor
organização e institucionalização.
O quadro legal da oportunidade de participação de stakeholders em processos de planificação e tomada de No Pilar 3 (Implementação, Alocação e
decisões, contudo estes processo não são abrangentes nem eficazes. A participação da mulher é praticamente Conformidade) foram avaliados 30
nula e a das comunidades locais limitada, por conta dos custos envolvidos. Esta situação pode ser revertida indicadores desdobrados em 4
através de fixação de cotas mínimas de participação dos grupos desfavorecidos e provimento do necessário componentes de governação de
apoio logístico. governação florestal (Tabela 5):
Os mecanismos de participação precisam de melhor organização e institucionalização. Os Conselhos Locais de (i) Gestão dos recursos florestais;
Gestão de Recursos Florestais, vulgos COGEPS, previstos na Lei de Florestas, nunca foram implementados. Os (ii) Aplicação da Lei e do Regulamento
CGC, que funcionam nas aldeias, foram estabelecidos para a canalização dos 20%. Existem varias associações Florestal;
de operadores e o Fórum de Florestas que, teoricamente, deviam facilitar a participação de operadores nos (iii) Cooperação e Coordenação e
processos de planificação e tomada de decisões no sector florestal. (iv) Medidas de Combate a Corrupção.
Tabela 5. Resultados da avaliação do
Encontros do Fórum foram descontinuados e a associações de operadores tem défice de organização, Pilar 3, Implementação, Alocação e
funcionamento e capacidades para cumprirem os objectivos para os quais foram criados. A participação destas Conformidade, na Província de Zambézia
organizações no diálogo do Governo com sector privado, através do CTA, ainda não tem impacto desejado. e Cabo Delgado em 2018
7.
de licenciamento e fiscalização florestal,
Nr Zambézia Cabo Delgado reconhecimento das licenças de exploração,
Componentes
Indicadores verdadeiras e falsas, guias de transito, lista de
especificações etc.
1. Gestão dos recursos florestais 13 1.6 2.3
9.
▪ Introduzir um sistema idêntico a “janela única” nos processos ▪ Divulgar o Projecto Corrupção Zero no sector florestal a nível das
administrativos sectoriais, como por exemplo, a licenciamento províncias e distritos, a todos stakeholders. Promover e incentivar
florestal, exportação, venda de madeira e produtos apreendida, para adopção de código de conduta, ética e deontologia profissional no sector
maior transparência, combater a corrupção e a influência externa. de florestas, assim como medidas de prevenção e combate a corrupção
no sector privado.
No âmbito do Implementação, Alocação e
▪ Publicitar casos de ilícitos florestais do sector público e privado,
Conformidade investigados e seu desfecho final.