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MIECOM

LABORATÓRIOS DE COMUNICAÇÃO 1

2008/2009

Projecto de um programa de análise de circuitos de corrente


alternada sinusoidal pelo método das tensões nodais

GUIA DE PROJECTO

Jorge Sá jos@dsi.uminho.pt

Pedro Pimenta pimenta@dsi.uminho.pt

José Augusto Lima jal@di.uminho.pt

Luís F. Botelho Ribeiro lfbr@dei.uminho.pt


MIECOM - Laboratórios de Comunicação I Projecto 2008/2009

1Introdução

Este projecto visa o desenvolvimento de um programa para análise de circuitos de corrente alternada
sinusoidal a partir de uma descrição guardada num ficheiro. A análise será baseada no método das
tensões nodais. Para o processo não se complicar excessivamente, vamos considerar apenas a
resposta em regime estacionário, ou seja, admitiremos que o circuito se encontra ligado há tempo
suficiente para que todas as grandezas eléctricas nos diferentes ramos estejam completamente
estabilizadas. Consideraremos, ainda, que todas as fontes sinusoidais estarão a trabalhar à mesma
frequência e que todos os dispositivos presentes no circuito são lineares. Assim, estaremos em
condições de usar a análise em regime estacionário – a qual corresponde graficamente à solução pelo
método fasorial.

Deste modo, cada corrente ou tensão sinusoidal estará completamente caracterizada através de um par
de valores reais [ módulo, fase_inicial_graus]. Por fase inicial (em graus), consideraremos a fase no
instante t=0. As amplitudes das tensões serão expressas em unidades de Volt e as correntes em
Ampére. Nas impedâncias aplica-se a lei de Ohm generalizada:

U = Z.I
O traço sobre as variáveis indica a presença de um valor complexo: uma amplitude complexa, no caso

de tensão U ou corrente I, ou uma impedância complexa Z . Omitindo o traço, referimo-nos ao módulo

da impedância. No caso de uma resistência, a impedância será real com módulo igual ao valor de R.

Para uma bobine Z L = ωL e o argumento será de +90º. Num condensador Z C = 1 ωC e o argumento


vale -90º. Estas definições deverão ser suficientes para resolver o problema proposto, sem necessidade
de maior fundamentação. Para uma explicação mais detalhada desta matéria, recomenda-se a consulta
dos apontamentos e bibliografia da disciplina de Análise de Circuitos.

O programa deve ser desenvolvido com recurso à linguagem de programação C, introduzida na


disciplina de Métodos de Programação 1. Para além do algoritmo de resolução do sistema de equações
resultante da aplicação do método, um aspecto que deve merecer particular atenção é a definição das
estruturas de dados necessárias a formulação do problema e rotinas para a realização de operações
algébricas entre os valores complexos intervenientes nos cálculos.

Propõe-se que os alunos comecem por tentar desenvolver um método de resolução de um sistema de
equações lineares com coeficientes complexos (por exemplo de 3 equações a 3 incógnitas). Numa
segunda fase, poderão generalizar o código para um sistema de equações de “qualquer” ordem.
Finalmente, já com os conhecimentos de algoritmia e de análise de circuitos mais consolidados, poderá
passar à parte de leitura e interpretação do ficheiro da netlist, criando então a matriz com as equações

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cuja resolução entretanto já terão codificado. A netlist é um ficheiro de texto com uma descrição do
circuito, especificando todos os componentes usados e a forma como se ligam.

Dado um circuito eléctrico, é possível obter, com base no método das tensões nodais, um sistema de
equações lineares cuja solução fornece as tensões nos diferentes nós e, a partir destas, todas as outras
grandezas derivadas: correntes nos ramos, potências consumidas, potências fornecidas, etc. Tendo isto
presente, a resolução do problema assenta num conjunto de algoritmos, cujo desenvolvimento pode ser
feito de forma relativamente independente e não necessariamente por esta ordem:

•Um algoritmo que efectue a leitura da netlist e determine o número de nós independentes

•Um algoritmo que obtenha o sistema de equações lineares na forma matricial;

•Um algoritmo que resolva o sistema de equações lineares, obtendo assim as tensões nodais
(amplitude e fase);

•Um algoritmo de cálculo das grandezas derivadas a partir das tensões nodais e apresentação dos
resultados.

O ficheiro da netlist (em texto ASCII) descrição do circuito é composto por um conjunto de linhas
correspondendo cada uma a um ramo do circuito. Cada ramo poderá ter um componente ou, numa
situação especial, dois associados em série. Como os alunos acabarão por se aperceber, a existência de
ramos constituídos por uma fonte de tensão, sem resistência em série, pode complicar um pouco (ou
talvez não…) algoritmo de resolução do sistema pelo método proposto. Por este facto, não será exigido
que a solução apresentada contemple esta situação. Contudo, os grupos que desenvolvam um método
que admita também este tipo de ramo, terão naturalmente uma bonificação na classificação.

A sintaxe da descrição dos ramos do circuito no ficheiro é a seguinte:

<tipo de ramo> <referência> <nó1> <nó2> <complexo1> [<complexo2>]

Os diferentes campos são separados por um ou mais espaços e/ou TABs. Para o presente projecto,
assume-se que os tipos de ramo que podem estar presentes no circuito são os seguintes:

•Resistência (R)

•Bobina (L)

•Condensador (C)

•Fonte de corrente independente (I)

•Fonte de tensão em série com uma resistência (UR)

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•Fonte de tensão independente (U) (opcional)

Desta forma, o campo <tipo de ramo> pode assumir um dos seguintes valores: R, L, C, I, U ou UR.

Haverá ainda uma linha especial, iniciada pela letra w, a qual servirá para definir a frequência angular
da(s) fonte(s) sinusoidal do circuito (em unidades de rad/s). Por exemplo, para a frequência de 10 5 rad/s
teremos:

w 100000.0

Tirando o caso acima, o campo <referência> é usado para identificar e diferenciar os ramos do circuito,
sendo constituído por uma letra minúscula.

<nó1> e <nó2> representam os nós entre os quais o ramo está ligado. Devido à polaridade das fontes,
há que convencionar a sua forma de ligação entre os nós. No caso da fonte de corrente, o <nó1> é o nó
pelo qual a corrente entra. No caso da fonte de tensão isolada (componente U) ou em série com a
resistência (componente UR), o <nó1> é o nó mais próximo do pólo negativo da fonte de tensão. Ainda
para este caso, o campo <valor1> indicará o valor da tensão da fonte e o campo <valor2> será o valor da
resistência associada em série. Caso o componente seja uma resistência (R), uma fonte de tensão (U)
ou uma fonte de corrente (I), o campo <complexo1> indicará o respectivo valor (amplitude, fase),
omitindo-se o campo <complexo2>. Tratando-se da análise de sinais sinusoidais, como vimos acima
cada valor complexo na prática corresponde a um par de valores reais.

Os valores dos componentes são expressos em unidades do sistema internacional ( , A, V, F, H).

Exemplos de linhas em um ficheiro de netlist e seu significado:

•Resistência Ra = 4,7 kΩ entre os nós 2 e 3:

R a 2 3 4700

•Condensador Cx = 10 F entre os nós 2 e 3:

C x 2 3 10e-6

•Fonte de corrente Ib = 1 mA entre os nós 1 e 2, com a corrente a entrar pelo nó 1:

I b 1 2 1E-3

•Fonte de tensão Ux = 5 V entre os nós 2 e 3, com o pólo negativo voltado para o nó 2:

UR x 2 3 5

•Fonte de tensão Ux = 10 V em série com a resistência Rx = 1 kΩ entre os nós 1 e 0, com o pólo


negativo da fonte de tensão mais próximo do nó 1:

UR x 1 0 10 1000

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O ficheiro da netlist pode incluir também linhas de comentário, iniciadas pela sequência “//”.

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2Exemplos de aplicação

2.1Ensaio de uma bobine de valor L desconhecido


Para começarmos a programar, vamos desenvolver um pequeno programa de apoio ao ensaio de uma
bobine em corrente alternada sinusoidal. O objectivo deste ensaio, a realizar em laboratório, é
determinar o valor aproximado de Lb a partir de duas medidas de tensão. Consideremos a seguinte
montagem de ensaio. Ue representa uma fonte de tensão sinusoidal.

1 2
Lb
Ra

+
Ue
-

Fig. 1 - Circuito de determinação experimental do coeficiente de auto-indução de uma bobine - L

Para este ensaio basta medir a amplitude da tensão nos pontos 1 e 2. À tensão em (1) chamaremos v 1; e
designaremos por v2 a tensão no ponto (2). Neste ensaio, mede-se apenas a amplitude das tensões,
ignorando a fase. A frequência ω deve ser escolhida de modo a que v 1 e v2 sejam diferentes – o
desejável será que v2 ande entre 30% e 60% de v1, para minimização do erro.

O programa de computador deve pedir ao operador os valores ω, v1 e v2, determinando a seguir o valor
de Lb, pelas seguintes fórmulas:

2
R v 
L= com ω = 2πf = 2π / T e ainda k =  1  − 1
ω .k v 
 2

2.2Estado de um circuito a partir da solução analítica


Vamos agora considerar a análise de um circuito muito simples com uma fonte de tensão (sinusoidal),
uma bobine e algumas resistências. Neste primeiro exercício não usaremos um ficheiro com a netlist .
Em vez disso, os dados estarão definidos (“hard-wired”) no próprio programa, de modo que este nem
sequer precisará de fazer inputs do teclado. Além disso, não será necessária a resolução de qualquer
matriz, uma vez que o trabalho de análise foi feito por um humano(sim, daqueles que por vezes erram!) e

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apenas será necessário introduzir no programa as funções complexas de parâmetros complexos a que o
nosso falível humano chegou. Com estas funções, em princípio serão obtidas as tensões e correntes
necessárias. Eis o circuito que iremos analisar a seguir:

1 2
ia Ri Ra ic

+
Rc
Ue Lb
- ib

Fig. 2 - Primeiro circuito a analisar

A frequência de trabalho será de 100 kHz. Para Ri, a resistência interna da fonte, assumiremos o valor 0.
Ra vale 100Ω e Rc vale 10 kΩ. A bobine Lb tem de indutância 60µH. Estes valores, devem ser facilmente
editáveis no código do programa, para se poder estimar o seu impacto nos resultados, embora a
topologia considerada para o circuito seja sempre a mesma, uma vez que o “nosso” humano já concluiu
o seu trabalho analítico em papel e pede-nos para introduzir no computador a seguinte solução:

a) Se o valor de Ri for diferente de zero (caso geral) obtemos as tensões nodais pelas formulas:

C 21
.K 1
C1
U2 = −
C
C 2 − 21 .C1
C1

K 1 − U 2 .C12
U1 =
C1

Da análise desta expressão facilmente se percebe que o valor de U2 terá que ser calculado antes de U1.

b) Se Ri for igual a zero, as tensões nodais obtêm-se pelas fórmulas:

U1 = U e

U1
U2 = −
Ra .C 2

Todos os coeficientes nas fórmulas acima devem ser definidos no programa como variáveis complexas.
As suas expressões são como se segue:

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 1 1 
C1 = − + 
 Ri Ra 

1
C 12=
Ra

1
C 21=
Ra

 1 1 1 
C 2 = − + + 
 Ra Rc Z Lb 

Ue
K1 = −
Ri

Z Lb = jωL com ω = 2πf

Conforme indica o método das tensões nodais, podemos agora obter as correntes e as potências a partir
das tensões nos nós. Seja o valor de Ri igual ou diferente de zero, a expressão das correntes não varia:

Ue −U2
ia =
Ri + Ra

U2
ib =
Z Lb

U2
ic =
Rc

Potência activa por ramo do circuito:

Na resistência Ri:

PRi = Ri .ia2

Na resistência Ra:

PRa = Ra .ia2

Na bobine Lb:

PLb = U 2 . ib . cos( ∠U 2 − ∠ib ).

Na resistência Rc:

PRc = U 2 . ic . cos( ∠U 2 − ∠ic ).

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2.3Análise de um circuito com duas fontes independentes


Considere-se como exemplo o seguinte circuito eléctrico, com ambas as fontes à frequência f=50Hz.

ramo a 1 ramo c
Ra ramo b Rc
+ 5Ω Rb 35 Ω
10 Ω
Ua
2 3
ramo k
- Lk
Il Cm
100 mH
0,2 mF
ramo l ramo m
0

Fig. 3 - Circuito que servirá de exemplo para ilustrar o método de resolução proposto

Como se pode ver, este circuito inclui uma fonte de tensão, uma fonte de corrente e cinco impedâncias,
das quais 3 são resistências puras. Num ramo, aparece uma associação directa entre uma fonte de
tensão e uma resistência. Assim, esse ramo deverá ser “codificado” com o tipo UR na netlist.

2.3.1Entradas do sistema
Começamos por identificar todos os ramos presentes, os quais irão corresponder às linhas do ficheiro
contendo a netlist. Com a presença de N=4 nós no circuito, sabemos que o número de nós linearmente
independentes será N-1. Por outro lado, da análise do circuito verifica-se a existência de R=6 ramos, a
saber:

Ramo a: Fonte de tensão Ua (+12V e fase 0º) em série com resistência Ra (5 Ω) do nó 0 ao nó 1

Ramo b: Rb (10 Ω), do nó 1 ao nó 2

Ramo c: Rc (35 Ω), do nó 3 ao nó 1

Ramo k: Lk (100 mH), do nó 2 ao nó 3

Ramo l: Il (0,1 A e fase +90º), do nó 2 ao nó 0

Ramo m: Cm (0,2 mF), do nó 3 ao nó 0

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Estamos agora em condições de traduzir a descrição do circuito da figura 1 na linguagem convencionada


para a netlist. Notar que o circuito fica completa e univocamente definido pela enumeração dos seus
ramos.

// Circuito de exemplo
UR a 0 1 12 0 5
R b 1 2 10
R c 3 1 35
L k 2 3 100e-3
I l 2 0 0.1 +90
C m 3 0 0.2E-3

Fig. 2 – netlist descrevendo a constituição do circuito a analisar.

A informação entrada no nosso programa será então constituída unicamente pelo conteúdo de um
ficheiro, conforme acima se ilustra.

A primeira tarefa do projecto consistirá então na concepção e implementação de um algoritmo que leia e
valide liminarmente um ficheiro de texto contendo a descrição (netlist) de um circuito eléctrico qualquer.
O programa deve acusar a existência de eventuais “pontas soltas”. Isto consegue-se muito simplesmente
percorrendo a lista de ramos à procura de qualquer nó que apenas surja uma vez. Embora em princípio
não se considere verdadeiramente um nó aquele ponto que apenas liga dois ramos, no contexto de
discussão particular deste programa vamos aceitar que tal ponto seja tratado como um nó.

2.3.2Análise do circuito
Lidos do ficheiro todos os ramos, o programa deve agora determinar N, o número de nós efectivamente
referidos pela netlist, descontadas eventuais pontas soltas, e obter o número de nós linearmente
independentes. Identificados os nós, teremos um sistema linear de N-1 equações, facilmente resolúvel.

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Os alunos que considerarem o caso de ramos apenas com uma fonte de tensão, terão de pensar na
maneira mais correcta de introduzir no sistema de equações a informação respeitante aos nós ligados
por essa fonte.

Para a resolução do sistema, trabalharemos com a Lei dos Nós, a qual impõe que, pelo princípio da
conservação da carga, a soma algébrica das correntes entrando num nó será zero.

Vejamos como se constrói a equação do Nó 1. Vamos considerar todas as correntes com o sentido a
apontar para o nó. Como se pode ver, o nó 1 junta os ramos a, b e c. Então a primeira equação dirá

simplesmente que a soma das três correntes I a , I b e I c é igual a zero. Usando a tensão nodal U a
como a primeira incógnita do nosso problema, diremos que a corrente entrando no nó 1 vinda do ramo a

U a − U1 U 2 − U1
terá o valor . A corrente que entra, vinda do ramo b valerá .
Ra Rb

U 3 − U1
Finalmente, a corrente vinda do nó 3 para o nó1 pelo ramo c terá o valor .
Rc

A equação que descreve o nó 1 será assim obtida

U a − U1 U 2 − U1 U 3 − U1
+ + =0
Ra Rb Rc

Procedendo da mesma maneira para o nó 2, desta vez encontramos uma fonte de corrente, pelo que
uma das correntes que entra na soma é de valor já conhecido:

U1 − U 2 U −U2
+ + (− I l ) + 3 =0
Rb Zk

Nesta equação aparece-nos a impedância Z k que diz respeito a uma bobine, pelo que o seu valor

complexo tem de amplitude z k = ωLk = 2πf .Lk e o valor da fase será +90º.

Finalmente para a equação do nó 3, temos assim:

U1 − U 3 U 2 − U 3 0 − U 3
+ + + =0
Rc Zk Zm

Nesta equação, além de Z k que já conhecemos, aparece-nos a impedância Z m que diz respeito a um
condensador, pelo que o valor complexo desta impedância se pode exprimir através da amplitude

Z m = 1 ωC = 1 2πfC e a fase fica igual a -90º.

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Obtido o sistema de equações, há que reordenar os termos de modo a ficarmos de um lado com os
coeficientes das incógnitas e, do outro, todos os termos independentes. Convém relembrar que as

incógnitas são as tensões nodais complexas U 1 , U 2 ,U 3 .

Feito isto, o sistema pode ser apresentado na forma matricial A.x=B em que A é a matriz dos
coeficientes, x é o vector com as incógnitas e B o vector contendo todos os termos independentes. Para
isto associam-se os termos segundo o conjunto de incógnitas já definido e passam-se para o segundo
membro os termos independentes. Passando o resultado para a forma matricial deverá chegar-se à
seguinte forma:

  1 1 1 1 1    
 − U R 

− + +   U 1  a a

  Ra Rb Rc  Rb Rc    
 


 1  1 1  1    
 − 
 + 
  .U 2
 =  I l

Rb   
  Rb Z k  Zk    
 1 1  1 1 1    
 


 − + +  U 3  0 
 Rc Zk  Rc Z k Z m    
 


A

Considerando os dados de todos os componentes explicitados na netlist, a matriz dos coeficientes terá o
seguinte valor

− 0.3286 0.1 0.0286 



A =  0.1 − 0.1 + 0.0318 j − 0.0318 j 

 0.0286 − 0.0318 j − 0.0286 − 0.0310 j 

A matriz B dos termos independentes será:

 2.4 
B = − 0.1 j 
 0 

2.3.3Resolução do sistema de equações


Chegados a este ponto, ficamos perante um puro problema de álgebra matricial, para o qual nos
poderemos socorrer de qualquer método de resolução algébrica ou numérica. Recorrendo aos

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conhecimentos da disciplina de Álgebra será então possível obter uma solução x, a partir da matriz dos
coeficientes (A) e da matriz dos termos independentes (B). A solução clássica envolve o cálculo da
matriz inversa de A e resulta do seguinte produto de matrizes x = A-1.B.

No fundo o problema traduz-se então no cálculo da matriz inversa da matriz quadrada A, seguido da
multiplicação matricial do primeiro resultado pelo vector B.

Obter-se-á desta forma as correntes fictícias e as tensões nas fontes de corrente. Depois, podem-se
determinar facilmente as correntes reais em todos os componentes e, a partir daí, também as tensões
em todos os nós do circuito.

A solução do sistema resultará então assim,

U 1  9.24 − 0.135 j 
   
U 2  =  5.79 + 2.07 j 
U 3   2.02 − 8.78 j 
   

Outras formas de resolução são igualmente possíveis e até talvez de mais simples implementação em C.
Estas podem passar pela diagonalização ou pelo escalonamento da matriz resultante da concatenação
da matriz quadrada A com o vector B.

2.3.4Apresentação dos resultados


A saída desejada consiste nas tensões, correntes e potências em todos os nós ou ramos do circuito, com
uma precisão de 3 dígitos significativos e em coordenadas polares. Neste exemplo, o resultado da
análise deverá ser apresentado da forma seguinte. Primeiro as tensões nodais:

Tensões nodais:

U1 = 9,24 V / φ = -0,837º

U2 = 6,15 V / φ = 19,7º

U3 = 9,01 V / φ = -77,0º

Correntes nos ramos:

Ia = 0.55 A / φ = +27.6º

Ib = 0.41 A / φ = -320º

Ic = 0.32 A / φ = +494º
Fig. 3 – resultados da análise do circuito – as tensões nos nós
Ik = 0.37 A / φ = -189º
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Il = 0.1 A / φ = +90º

Im = 0.57 A / φ = +128º
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Depois seguem-se as correntes, obtidas a partir das tensões nodais:

Fig. 4 – resultados da análise do circuito – as correntes nos ramos

Finalmente, as potências activas consumidas nos diferentes ramos:

Potências consumidas por ramo:

Pa = -5.09 W (cos φ = 0,95 ind.)

Pb = 1.67 W (cos φ = 0,95 ind.)

Pc = 3.62 W (cos φ = 0,95 ind.)

Pk = 2e-16 W (cos φ = 0,95 ind.)

Pl = 0.207 W (cos φ = 0,95 ind.)

Pm = 2e-16 W (cos φ = 0,95 ind.)

Fig. 5 – resultados da análise do circuito – as potências activas

3Formato do relatório de projecto

O relatório a submeter deverá cumprir os seguintes requisitos:

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1.Formato do texto

a.Tipo de letra : Arial, tamanho 10

b.Margens Página:

i.Esquerda: 3 cm

ii.Direita: 1,5 cm

iii.Superior: 3 cm

iv.Inferior: 3 cm

c.Parágrafos

i.Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas

ii.Depois do parágrafo: 6 pontos

iii.Antes do parágrafo: 6 pontos

iv.Alinhamento: Justificado

v.Avanço da primeira linha: 0 cm

d.O índice deve ser automático

e.Número de página no rodapé, à direita, com a indicação do número total de páginas


também. A primeira página (capa) não deve conter número de página

f.No cabeçalho de todas as páginas, excepto na capa, deve constar o nome do curso e o
nome da unidade curricular, bem como o ano lectivo em causa

g.De igual forma, no rodapé deve constar o nome do trabalho realizado.

h.Na capa deve constar:

i.Nome do curso

ii.Nome da unidade curricular

iii.Ano lectivo

iv.Nome, número mec. e endereço de email dos alunos que compõem o grupo.

v.Uma imagem centrada

i.Todas as imagens devem surgir centradas no texto e possuir uma legenda, com a
numeração da figura automática, à excepção da imagem da capa. Se a imagem foi
retirada de um site, deverá surgir uma nota de rodapé com a indicação do endereço do
site.

j.Todas as palavras que não estejam em português deverão surgir em itálico.

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k.Estrutura do documento

i.Todos os capítulos deverão iniciar-se no topo de cada página

ii.O estilo dos títulos dos capítulos e sub-capítulos é da responsabilidade dos


alunos, excepto a fonte que deverá ser Arial.

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