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ARTICULAÇÃO SOCIAL EM MOVIMENTOS ESCOLARES: CONSCIENTIZAÇÃO E PERTENCIMENTO NO IFPR

1Júnior Cezar Castilho

1Técnico em Assuntos Educacionais / Instituto Federal do Paraná – Campus Umuarama

Introdução: Segundo Saviani (1997), a escola é um instrumento de apropriação do saber e esse é o melhor serviço que
ela presta aos interesses da comunidade, uma vez que pode minimizar a seletividade social e torná-la democrática.
Nesse sentido, a escola tem a função social de garantir o acesso aos saberes científicos produzidos pela humanidade e
permitir que os estudantes desvelem a realidade, saibam nela atuar e transformá-la por meio do trabalho. Essa premissa
do trabalho como princípio educativo é a razão da criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.
Estes foram criados pela lei federal 11892, de 20 de dezembro de 2008, que também instituiu a Rede Federal de
Educação Profissional. Significativamente, em um prazo de dez anos desde a publicação da referida lei, houve um
incremento na oferta de vagas na educação profissional, em cursos de formação inicial e continuada, de formação
técnica de nível médio, superior e pós-graduação em todo território nacional. No Instituto Federal do Paraná, o processo
de ingresso do corpo discente está condicionado ao atendimento da lei federal nº 12.711, de 29 de agosto 2012, que
dispõe sobre o ingresso dos estudantes nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível
médio. A referida lei é, sobretudo, assunto de interesse no meio acadêmico por constituir-se uma política pública de
ações afirmativas por meio de cotas étnico-raciais e cotas sociais, visando à democratização de suas políticas,
notadamente daquelas relativas ao acesso. O processo seletivo de ingresso na instituição leva em consideração uma
política institucional de cotas, que destina 80% (oitenta por cento) à inclusão. Não obstante, essa política de acesso não
é garantia de permanência e êxito. Abrantes (2013) apresenta um estudo sobre os motivos da evasão escolar nos cursos
técnicos subsequentes do IFPR. A pesquisa revelou um percentual na ordem de 50% de estudantes evadidos nos
diversos cursos. Quanto à motivação, a pesquisa revelou diversas realidades contrastantes por parte dos estudantes
evadidos. Logo, existem diferentes matizes de exclusão. É preciso entender o enleio histórico da vida social dos
diferentes grupos que compõem a instituição e buscar articulá-los em movimentos sociais coletivos e solidários, numa
perspectiva de conscientização e pertencimento.
Objetivo: Discutir a noção de articulação em movimentos escolares para a comunidade acadêmica do IFPR, com base
no referencial da Psicologia Social Comunitária, visando o conhecimento de métodos de conscientização e
pertencimento.
Desenvolvimento: Freitas (2014) sugere que assumir essa postura de articulação levará quem se aventurar ao trabalho
a experimentar três situações desafiadoras: Como construir e cultivar uma cultura democrática em nossa comunidade
acadêmica? Como consolidar relações e redes comunitárias associativas visando diminuir os impactos causados por e
causadores de evasão? Como convencer a comunidade acadêmica, pais e comunidade externa de que vale a pena
participar? Nesse sentido, Freitas (2014) apresenta 5 condições para que essa prática se efetive:1) Fortalecimento dos
processos de conscientização; 2) O trabalho guiar-se pelas necessidades da população; 3) A continuidade das práticas
comunitárias depende dos envolvidos;4) Empregar categorias teórico-metodológicas adequadas; 5) Participação
multiprofissional para análise da totalidade histórica. Satisfeitas essas condições, é possível se compreender, segundo
Freitas (2014 p.80) “os sentidos e significados, em cada etapa do trabalho na ótica dos envolvidos, fato que contribui
para que sejam encontradas alternativas no cotidiano das relações que deveriam fortalecer processos de
conscientização e participação”. Assim, é possível conhecer e contribuir na intervenção das injustiças sociais, visando à
transformação social. O texto de Freitas (2014) deixa claro que para se efetivar uma pertinente busca pela transformação
social, é necessário um envolvimento da comunidade. Sugere-se uma inversão de tomadas de atitude, na qual a
organização comunitária se construa num movimento ascendente, partindo da base. Para tanto, é vital a participação
efetiva de todos da comunidade acadêmica. Mas como integrar essa coletividade? E é sobre participação comunitária
que trata o texto La participacion: significado, alcances y límites, de Montero (1996). Nele, a autora discute que o sentido
de participação é muito importante na proposta de construção de uma sociedade realmente democrática. Montero (1996)
considera existir diferentes graus de participação e de compromisso dos indivíduos numa coletividade. Considera que
para haver uma verdadeira participação é necessário se construir um movimento iniciado nos grupos de base, cujas
vontades e interesses se encontrem com as instituições e agências estatais e governamentais.
Conclusão: Os textos analisados apontam importantes considerações sobre a articulação social em movimentos
escolares, estimulando iniciativas de conscientização da participação e compromisso de pertencimento do grupo escolar,
que pode se aplicar a uma ação que se deseja transformadora nos campi do IFPR.

Referências
ABRANTES, Terezinha dos Anjos et all. Conhecendo e Combatendo a Evasão nos Cursos Técnicos do IFPR – Campus
Umuarama. Disponível em http://educere.bruc.com.br/ANAIS2013/pdf/9540_6344.pdf. Acesso em: 08 jul. 2019.
https://sisweb02.unipar.br/eventos/anais/4354/html/19206.html 1/2
03/03/2020 https://sisweb02.unipar.br/eventos/anais/4354/html/19206.html

FREITAS, Maria de Fatima Quintal de. Psicologia social comunitária como politização da vida cotidiana: desafios à
prática em comunidade. In: STELLA, C. (Org.). Psicologia Comunitária: contribuições e experiências. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2014. p. 65-85.
Lei Nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008 . Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Disponível em: . Acesso em 08
jul. 2019
Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais
de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.Disponível em: . Acesso em 08 jul. 2019
MONTERO M., E. Jaua, E. Hernández, J. P. Wyssenbach, S. Hurtado y A. Janssens (Comp.), Participación:
significados, alcances y límites. Caracas: CESAP. 1996
SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 6 ed. Coleção Polêmicas do Nosso
Tempo. Campinas: Autores Associados, 1997.

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