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A viagem do Beagle

Article · January 2009

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Thomas Dellinger
Universidade da Madeira
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CIÊNCIAS DA VIDA E DA TERRA

O grande homem com os seus 1.80m era também grande fisicamente para a época. Não passou pela Madeira,
poderia, mas não teve essa oportunidade, TEXTOTHOMASDELLINGERFOTOGRAFIADR

Estamos em Dezembro de 1831. A passagem


de ano, talvez em antecipação da festa que a Ma-
deira viria a ter, foi passada ao largo, provavel-
mente não muito longe da Ilha. Era a época da
guerra civil entre Miguelistas e liberais, sendo
possível u m ataque destes à Madeira. Talvez te-
nha sido essa a razão para não atracar na Madei-
ra e aprovisionar o Beagle, utilizando em alter-
nativa Tenerife. O plano original, segundo Fit-
zroy, o comandante do Beagle, era parar na Ma-
deira durante uma semana. Com medo de não se
dar b e m no mar, Darwin antevia que a Madeira
seria o porto ideal para desistir e regressar no
veleiro seguinte a Inglaterra. Não se concretiza-
ram os presságios: n e m o Beagle veio à Madeira,
n e m Darwin desistiu da viagem que viria a mu-
dar, não só a Biologia, mas a própria posição do
ser h u m a n o como espécie.
Foi u m a das últimas grandes circum-navega-
ções científicas com o objectivo de efectuar le-
vantamentos cartográficos. Partiu com atraso a
27 de Dezembro de 1831, regressando ao Reino
Unido a 2 de Outubro de 1836, 5 anos depois, em
vez dos 3 planeados.
Darwin viajou como convidado pessoal do co-
mandante, partilhando a sua cabina e custeando
a sua alimentação, material de trabalho e envio
de espécimens para o Reino Unido.
A viagem partiria de Plymouth, passando por
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Canárias, Cabo Verde, Brasil, Uruguai, Argenti- de Darwin. Mas este não se fixou apenas nos ani-
na, Chile, Peru, Galápagos e regressando via Ta- Darwin viajou como mais vistosos. Seriam as aves pardas e inconspí-
hiti, Nova Zelândia, Austrália, Ilhas Cocos, cuas que o inspirariam. Notou que as várias ilhas
Ilhas Maurícias, Africa do Sul, novamente Bra- convidado pessoal tinham espécies parecidas, mas não iguais. A
sil e, por último, pelos Açores, antes de chegar principal foi a sabiá de Galápagos, o
ao porto de partida. do comandante, partilhando 'mockingbird', espécie que, mesmo hoje em dia,
Desta viagem ficaram na memória essencial- se aproxima dos seres humanos. Cada ilha tinha
mente as 3 semanas passadas nas Ilhas Galápa- a sua cabina e custeando a sua espécie de plumagem distinta. O mesmo
gos, um período muito curto em relação ao res- acontecia com os bicos dos tentilhões e com a
to da viagem. No entanto, houve outros momen- a sua alimentação. forma das carapaças das tartarugas gigantes.
tos que inspiraram Darwin e que a história não Sem uma teoria formada, mas com uma visão
relevou de igual maneira. Um deles foi a simili- mais ampla do Mundo, muito material para es-
tude dos fósseis sul-americanos com os animais tudar e matéria para pensar, Darwin regressou
vivos que lá encontrou. Fósseis de papa-formi- ao seu País. Nunca mais embarcou em nenhuma
gas e nandus gigantes, parecidos anatomica- viagem marítima, nem tão-pouco viajou para o
mente aos que actualmente ainda vivem no Bra- estrangeiro. Levaria mais de 25 anos a digerir a
sil e Argentina. informação que colheu.
Galápagos foi certamente um ponto alto. A sua Os artigos nas edições seguintes da MAIS
fauna estranha e exuberante chamou a atenção aprofundarão estas fases posteriores.

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