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Mundo Descontente

De mim sei pouco


De você menos ainda,
Não me preocupo com a incerteza do novo dia,
Me preocupo em procurar o meu sujeito artista,
No meio do mundo tão preocupado com
A vida de todo mundo.

A Palavra é Um Sintoma Sem a Poesia

As palavras nos colocam em lugares


A gramatica é rígida e não voa,
É um território preso
Extinto de tanto não viver
A palavra se torna sintoma
Sem horizonte, sem história e sem poesia.

O Ideal não Conhece a Vida

Não quero ser feliz,


Felicidade é um ideal,
Todo ideal não conhece a vida,
Quero me embriagar com a vida,
Essa arte de não ter controle de nada,
No teatro quero improvisar,
Na vida quero cantar,
Na poesia quero está.
A Criatividade é o Oposto Do Que é Posto

A criatividade é o oposto do que é posto,


É o que não rima com o vício da repetição,
Atraída neblina que surge na velha cicatriz,
Em um dia antigo aspirando a ilusão.
O vento é a graça criativa que banha a estrela faminta,
É uma atualização permanente atravessando o fim.
No rosto nasce um destino que cessa tudo que fora escrito
É o infinito jamais preso, estendido nos livros.
A criatividade é uma suavidade leve sem definição,
É o teu beijo de jardim que finda tudo que é estático,
Somos uma alteridade criativa no escuro da vida.

Alimento da Travessia

No singelo traço do dia,


Faço-me poesia.
Minha cantoria é desafinada,
Mas nunca desesperada.
Quando amanheço,
Cativo a vontade de viver intensamente,
Desperto ao despertar a necessidade de amar,
Me movo sem motivo para parar,
Pois somos feitos de amor e sonhos a nos alimentar.
No Imaginário Distante Onde a Linguagem Saiba Voar.

Tudo que passa me apaga como uma solidão rara,


Possuir o nada é se alastrar na curva sem contorno.
Sigo a violência das horas e o perfume dos horizontes,
Sou outro no instante perto do que não sou agora,
O sonho é o que grita em uma porta trancada de palavras.
Ser alguém e não ser ninguém,
Como um verbo indomável que respira a flor,
No tempo vão sem medo, sem prisão,
Tudo que há não cabe no fundo do mar,
É o imensurável inundado de estranhezas.
Me afirmo onde não tem lugar,
No imaginário distante onde a linguagem saiba (possa) voar.

O Futuro Sem identidade

O nome do nosso futuro não tem identidade,


Futuro despido, desconstruído
Identidade é alienação
Quero uma ação revolucionaria
O desejo humano não tem identidade,
Ser idêntico a si é uma ilusão,
Quero um rosto sem definição,
Sonho,
Com uma diversidade radical,
Onde a nossa identidade seja substituído,
Pelo motor desejante da vida,
Quero criar uma coisa sem essência,
Algo que não tenha rigidez moral.
Apenas uma criatividade nua de frente ao mar
Decifrando a beleza singular da vida.

Mulher

Mulher
Não cabe em palavras
Dentro de mim há muitas
Nasci de uma
Toda mulher é uma artista
Não há poesia em mim
Sem as muitas que existem, sem fim
O feminino é revolução
Nascimento da poesia
Mulher
É o nome do nosso futuro
Futuro desconstruído
De muito sonhar
Serei feminino.

A Potência é o Motor da Vida.

Uma potência sem corpo,


Explosão de afeto e devoção,
O mar é uma correnteza móvel
Uma luz que ofusca o olhar
O poeta é um inventor de palavras
A potência aonde toca vibra
A potência é o motor da vida.

Encontrar a face Do Próprio Destino

Ela corria na intensidade dos seus pês,


Sobre esse estranho mundo que a excluía.
Ouvia gritos de corrupção nas trovoadas
Das ruas iludidas.
Corria desse espelho de aparências
Que a pressionava,
Aspirava uma solução nesse mundo,
Vasto de solidão.
Ela se encontrava no caos de luxúria,
De censuras e estranhezas.
Ela só queria fechar os olhos para
Encontrar a liberdade,
Para seguir viagem em busca de
Algumas verdades.

Aquele Menino Faminto Por Liberdade

Vamos fugir para o abismo criado ao vento,


O não querer a norma é a nossa forma poética,
É o nome da escondida tinta que permeia o além,
Transformação é o início, meio e o que não termina.
Descortina esse furo branco onde a lei invade,
Para que essa parte possa ser o infinito que rompe a tudo,
E aquele menino faminto por liberdade, encontre sua cidade.

Se Eu Pudesse Representar o Meu Todo No Papel

Se eu pudesse representar o meu todo no papel,


Não seria nada, talvez só palavras.
As letras de súbito sairiam de minha alma,
Que ficaria sem alma.
Escrevo a parte do todo,
Esse completo não pode ser descrito por inteiro,
Sempre haverá sobras para novas histórias.
Os detalhes que exponho fazem elo com as travessias
Que já fui e as que estarão por me vestir.
Tudo é percurso,
Tento ser o rio com seus remansos,
Peregrinando no encanto das palavras,
Que por um espanto sairão e continuarão em mim.

Viajo Como Alguém Virgem no Mundo

Viajo como alguém virgem no mundo


Um estranho que veste roupas do futuro
Viajo para fugir de mim
Uma eterna fronteira entre o prazer e o pecado
Grito para romper os espaços
Sigo afirmando o meu descompasso.

O Corpo Vida

O corpo só consegue suportar o peso do mundo


Se a música estiver viva nesse corpo,
O corpo que não dança, que não vibra
É colonizado por uma identidade fixa
Que rejeita a festa da vida.
Que sufoca o respirar
Que se quebra de tanta imensidão recusar
A música liberta o corpo político.
Corpo vida, Corpo Eros
Um corpo que rima e vibra
No palco que se afirmar a vida
Quero ser um corpo que brinca
E nunca um corpo que não respira.

Solto em Algum Lugar Criar é Encontrar.

O criar é o sinônimo da esperança de frente ao mar,


Velado é o olhar do medo pairando no sopro da rua,
A estrela é uma flauta ampliada em teu sorriso,
Intenso é o sol que soletra o nome da noite.
O mistério é a curiosidade da imensidão do vago,
Assistir o céu é desaparecer no pequeno grão de terra,
A rua corre por não segurar o relógio do tempo,
A ferida arde por não sanar um coração que pulsa calado.
O criar é o sinônimo da saudade que já não há,
Como um perfume perdido em um lugar conhecido,
Ler o mar é a experiência do poeta menino a fantasiar.
Solto em algum lugar criar é encontrar.

Poesia Movimento

O instante em que sou movimento


Sou a própria vida em mim (viva)
Ser movimento é ser vida
Talvez poesia seja uma viagem,
Sem rumo, apenas estrada.

A Vida Não Pode Ser Negada

A vida não pode ser negada


Ela precisa ser afirmada
A vida é conflito é luto é luta,
A vida também é arte.
Ao invés de eliminarmos o outro (diferente)
Que possamos fazer arte com outro.
Trocarmos o excesso ódio pela arte.
A vida está para além da moral.
A vida não tem normal.
A vida é a coragem de correr riscos,
A vida é a criatividade de dançar com o real.
A vida não tem definição,
Ela é o nascimento de uma criança
Que agora experimenta a poesia.
O que vida quer de nos é a sensibilidade.
A tal sensibilidade de percebermos nossas limitações,
E dessas limitações nascer uma flor de esperança

Leonardo Pinta-me

Pinta-me o singelo grito da arte que nos surpreende.


Pinta-me a poesia mais bela em nossa mente.
Pinta-me a luz que reluz a alma que pondera.
Revela-me meu autorretrato para amar-me sem limites.
Sublima-me na saudade da Mona-Lisa que faz minha alma levitar.
Sublima-me a maldade que faz meu peio assustar ao acordar.
Pinta-me o conhecimento mais belo, que nos convida a viver.
Pinta-me o sublimar do mar que nos faz mar o ar da vida.
Pinta-me o sonho de um desejo sem fim.
Leonardo está ao seu lado me lanço em histórias que nos faz não ter fim...

O Meu Sonho se Chama Desconstrução

O meu sonho se chama desconstrução


Pousarei sem pestanejar no descompasso do rio,
Universo grande na qual não temos controle,
O protagonista reinventa a canção.
Reinventar significa desconstruir uma ilha,
E fabricar um rio em movimento.
Lamento a terra que permanece igual,
Uma cor que fica presa na tinta.
O meu sonho se chama desconstrução,
Como uma coisa despida que busca afirmação,
Uma ideia perdida no fluido rio, imensidão.

Quero Calcular o Grito

Quero calcular o grito,


Quando ecoa no derradeiro espelho ausente.
Quero mergulhar na sombra somente,
Onde a luz é o hálito afinado da música.
Quero a cifra despida e pálida,
Que se padece na faminta fome por vida.
Quero entoar o hegemônico remanso adormecido,
Crescido no invisível indecifrável.
Pois o grita está cheio de palavras silenciodas,
E o silêncio fala dessa imensidão de um instante.
Quando a palavra toca no real
Ela grita

Fazer da Perda Sua Poesia de Vida

O artista não é um ideal,


O artista é um perdedor,
O artista não culpa o outro por sua perda,
Se responsabiliza por sua derrota,
A arte é fazer luto dessa perda
E fazer dessa perda sua poesia de vida.
O Que Fora Perdido Foi Elaborado Incompletamente

O que fora perdido foi elaborado incompletamente.


Aquilo que se dissipa é o mesmo do que grita no meu corpo,
Como uma coisa sem nome que sonha em ser palavra falada.
O vivido é guardado em um afeto raro,
Nada se perde em definitivo,
O suposto perder é minha ânsia de refazer,
Construir novamente uma paisagem singular,
Que possa ter coragem de amar a diferença.

O poeta é um tradutor de poesias

O poeta não aquele que faz poesia


O poeta é aquele que traduz a poesia.
Somos a soma de todos nossos acontecimentos.
E tudo o que acontece é uma luz feita de poesia.
A poesia é o encontro do olhar,
É quando a nudez da alma abraça o infinito,
É o parto de uma criança que pergunta
O que significa o amor?

A Poesia é a Dança do Real

Sou humano com muitas palavras,


Algumas certas e outras erradas,
Quero soltá-las para ganharem assas,
Pois só elas são capazes de curar as ilusões.
As minhas ilusões viraram palavras,
É as minhas palavras ganharam os corações.
A poesia é a dança do real

Luta Que É Nessa Luz Que Nosso Amor Fará Justiça

Acordei em labirintos empoeirados de terra,


Excesso de ordem em um fundo desarrumado de um povo armado.
Cicatrizes ao chão, sem nenhuma respiração de beleza,
As noites mortas rasgam um olhar sedento de vida.
Os braços ávidos por outros lábios, parecem secos derramados,
Há um horizonte infértil empoeirado de tristeza.
No levantar de um mar sem água vendo o sol morrer,
Propagando um verbo cansado, maltratado, rígido e ameaçado.
Minha musa, renova a esperança esquecida,
Os acordes que foram apagados pelos tiros desesperados.
Minha musa, o amor renasce em teu semblante que exala coragem,
Perfumado de prazer que se estende aonde um tiro não haver.
Luta que é nessa luz que nosso amor fará justiça.

Invento Uma Valsa Que Abraça a Vida

Invento uma valsa que abraça a vida,


Vida inquieta em namorar com o mar,
Invento para não me suicidar
A poesia é a vida
Vida que me banha em alto mar.
Dançar é a nossa festa de rima.
Coração a transbordar,
Alegria é um momento de prazer,
Luz que viaja, perdida de tanto viver,

Beijo a Cidade de Onde Nasci,

Beijo a cidade de onde nasci,


Natureza vasta de árvores altas de anúncios,
Uma micro imagem lapidada pela fotografia do mundo,
Dança o vento por entre portas invisíveis.
A tristeza é um olhar que não escuta,
A terra continua o ciclo do nascimento.
Vejo que o perfume da cidade é antigo,
Já foram construídas narrativas desconhecidas,
A moça bonita não está mais aqui na qual me apaixonei,
Tudo muda e permanece guardado na música.

O Vazio é Maior Que o Todo,

O vazio é maior que o todo,


O vazio constrói poetas,
O todo constrói a ilusão de completude.
No vazio nasce uma novidade,
No todo se perde o outro.
No vazio o mar é possibilidade,
No todo o mar é distância.
O vazio não quer acumular conceitos,
O todo é o próprio conceito.
O vazio é estrado,
O todo é o fim da estrada.

O Tempo Essa Correnteza Leve, Violenta e Breve

O tempo essa correnteza leve, violenta e breve,


Fabricando fronteiras de pálidas descobertas.
O pulmão magico da vida finita.
O olhar submisso de tudo que fora visto na paisagem do horizonte,
Rascar-te o comprimento longo do olhar vestido.
Árduas folhas secas que desatam sobre a terra escassa,
O tempo essa vastidão de movimentos sem perdão,
Guardados no sopro da imensidão.

A Poesia é uma Transgressão Criativa

Na gramática tudo que é diferente


É visto como um erro
Na poesia tudo que é diferente
É potência que rima.
A gramática é um regime normativo
Escravidão da palavra
É uma subjetividade presa
A poesia é uma transgressão criativa
Não quero acabar com a gramática
Só quero libertar a poesia
Quando a Escrita Toca no Rosta da Imensidão.

O verso é a forma de peregrinar nesse salto da vida,


Me acentuo pelo movimento das cores,
O que rabisca a linha do tempo alimentada por ti,
Como uma grande correnteza na eminencia de se expandir.
Quero contemplar o detalhe oculto do teu beijo,
Aquele que viaja para o além do desejo das bússolas,
Partilhar o desbravar da lua perto da tua poesia,
Não quero a rima, quero o espontâneo pulsante da novidade,
O olhar primeiro da madrugada,
Nossa teoria virá ato,
Quando a escrita toca no rosta da imensidão.

Um Lugar Sem Nome

Em um escombro de terra sem geografia,


Adentrava as tímidas e regressivas ilhas.
Pedaço extinto de abraços parados no tempo,
Um lugar sem nome encharcado de livros sem páginas,
Os escondidos hiatos entre a pausa e o retrato.
Os dias noturnos cobriam o início de um calado mundo,
A cor do nada se entrelaçava nas paredes do abandono,
Tingindo um navegar a cessar a estrada a fora,
Não se ouvia o mapa da cidade que caia devagar,
Como uma penumbra que relutar a sobreviver.
A vida tem um aviso é hora de nascer.
Poesia é Quando a Palavra Aprende a Sonhar.

A linguagem é apenas um modo de representar poesia,


O poeta não é aquele que tem domínio da linguagem,
O poeta se faz quando abre o olhar,
Quando se ler o mundo em formato de música,
Quando se reinventa uma relação humana.
Poesia não é propriedade privada,
Poesia é o nada.
Poesia é quando a palavra aprende a sonhar.

Escrevo Para Existe Fora de Mim

Escrevo para existir fora de mim.


Não pertenço aos dicionários
Talvez seja a última palavra que quero me despir,
Sou um verso contrariando a gramática
Que tanto fui silenciado.
Hoje quero o grito ousado da poesia,
Que não cabe em nenhuma explicação,
Explicar é matar as coisas,
Coisas essas que foram feitas para sonhar,
Alienação é o meu passado
Me visto de palavras que saibam voar

Novo Nascimento
O melhor dia foi quando descobrir
Que a palavra não nasceu para ser
Subordinada a uma estrutura gramatical,
Mas é com a palavra que posso
Fazer música, poesia e vida
Novo nascimento.

Madrugada Acordada

Dentro da luz há uma parte que escapa,


O caminho é uma madrugada que dorme acordada,
Fechado o espelho desperta o tempo,
O encontro de duas terras isoladas.
Dentro do quarto chora acordada,
Um lugar se aponta para um rio que escapa,
Perto de ti o beijo virou tempo,
Corrida e um vontade solitária.
Dentro da imensidão há um lugar que escapa,
Nossa flor que pinta o tempo acordado,
O céu isolado se faz solitário em nosso quarto, madrugada.

Escrever é a Minha Luta Para Não Morrer

Quero rasgar o andar, o previsível não tem mais lugar.


Não quero correr, estou cansado de viver sem ar
Escrever é a minha luta para não morrer.
Como um respiro profundo nesse mundo noturno.
Aprendo a amar a madrugadas
Lá escrevo uma história ao avesso sobre o nada,
A vida não é uma reta
É um jogo imprevisível
Não escrever me deixa inquieto
Preciso escrever sobre esse horizonte desconhecido.

É a Prosa da Tua Poesia Pronta Para Sonhar.

Invento a paisagem imitando o vício de te desenhar,


Dentro da pintura existe um verso pronto para o amanhã,
Como um veloz rio que se aparta além do vazio.
É mansa a arte que assalta o olhar levantado,
É o muito sem muros de ti que há de se espalhar em mim.
O detalhe é a beleza da pausa que mergulha em tua asa,
Sigo a me alimentar da inquieta imagem além da margem,
É a prosa da tua poesia pronta para sonhar.
Nessa terra calma passas por mim como um vetor,
A fotografia se quebra no princípio movimento da espera
Algo se esconde na palavra na qual se revela.

Queremos Conceituar Tudo,

Queremos conceituar tudo,


Perdemos o prazer diante do desconhecido,
Lutamos contra um nada no qual despossuímos.
Não se pode explicar o infinito,
A palavra é inventada, não colonizada.
O tecido do mundo vai sendo composto,
Por uma abertura de segredos,
De dia onde se perguntam cadê o igual?
Não se faz poesia sem a diferença,
A pintura se expressa quando a tinta acaba.

Mergulhar no Rosto da Primavera

Mergulhar no rosto da primavera é desaguar o que pesa,


É ser outro nessa terra viciada de uma essência parada.
Abro os olhos e miro uma velocidade lenta de ti,
Como um navio antigo no meio de uma civilização.
Me lembro da pouca misericórdia dos lábios de pedra,
O triste velado que molhava por não ser olhado,
Vivi o que separa a boca e o que separa a palavra.
Um longo cinza se afirmava como uma prosa perdida,
Lembro que o nosso amor estava lá,
Naquilo que o mundo recuava e a vida abraçava,
Como uma coragem incessante de um peito vibrante,
A coragem é o mergulho entre o abismo e o respiro.

Miro um Estranho Dentro de Mim Querendo Ser Nomeado,

Miro um estranho dentro de mim querendo ser nomeado,


Como uma parte que reproduz tingindo uma luz sem posição.
Oculta ocupação que desenha o mistério da cor azul,
Esse pedaço perto de um amanhecer repetitivo.
O canto é a forma que o universo se alastra no absoluto,
A resposta é vazia e calada como o cheiro de uma rosa,
A mesma rosa que cultiva um semblante do indizível.
O que está dentro, permanece tímido e furioso,
Como o teatro de um improviso que atiça o lábio.
Quero ensaiar com a nudez da alma e com o corpo falante,
Para reconhecer um ser limitante que brinca de fantasiar,
Quero tocar no retrato que se verbaliza em ato de desejar.

Ser poeta

É escrever sobre coisas que não tem nome,


Lapidar o ar manifestando beleza oculta.
Ser poeta
É saltar no horizonte a luz cintilante,
É o particular de um canto a desvelar.
Ser poeta
É a dança da música que jamais fora esquecida,
Ritmo que aumenta o vocabulário da vida.
Ser poeta
É construir do nada um destino,
É ser autor do próprio caminho.

Sou Aquilo que na Gramatica Não Tem Corpo,

Sou aquilo que na gramatica não tem corpo,


O que flutua no compasso de uma valsa desafinada na estrela,
Escutar é o mistério de campos dispersos e inquietos,
Querer colocar para fora, mas o para fora não cabe em palavra.
Respiro a contemplar só aquilo que os olhos navegam,
Ter o fascínio de arquitetar faíscas de fantasias.
Sou o que afirma com o distante grito de uma infância,
Sou o que elabora o raio em uma brisa pausada no agora,
Desenho a fotografia, à parte livre do que termina.
Sou o que sustenta a potência eminente do que sou amanhã,
Como um rio incessante que toca no derradeiro inédito,
Lembrar é nomear convocando a poesia a falar.

Meu Desconhecer

Aonde não existe arte


Sei exatamente quem sou
Um ser rígido e sem cor
Existo no meu próprio desconhecer
A arte é um descolonizar das certezas
A arte é bussola quebrada
A estranheza é sinônimo da poesia
Sou uma pintura abstrata
Construindo meu próprio avesso

Eu Não Escrevo Eu Reescrevo

Eu não escrevo
Eu reescrevo
Escrever é estar alienado a gramática
Reescrever é encontrar a poesia
Minha Escola é a Poesia

Só aprendi uma coisa com a gramatica


Que preciso derrota-la a cada dia
Lembrar que pertenço a escola da poesia
Aprendi poesia com a vida,
Uma potência estranha, eterno enigma
Obrigado vida.

O Poeta é um Criador de Realidades

O poeta cria uma realidade


Que é possível sonhar com a diversidade,
A palavra criada por um poeta
Não pertence ao repetitivo mundo solitário,
A palavra do poeta dança com a estranheza,
Ela é o surpreendente grito de uma revolução,
Revolução do laço social,
O eu não faz poesia,
Ele se perde em seu próprio narcisismo,
É preciso desconstruir para fazer poesia.
É preciso fazer luto para construir um futuro.

Morte-Vida

Sou um estranho nessa estrada vasta,


Busco alegria nos momentos pequenos,
O tempo corre pelos espaços abertos
Sigo esse enigma da vida,
Essa parte solta é aonde me afirma,
Não compreender a vida é vive-la,
Uma espécie de viver criativo,
Sem isso não há vida,
Só uma morte derradeira,
Morte-viva.

A Palavra Como Potência

As palavras eram gritos,


Imposição de regras
Gramática fechada
A palavra é o meu sintoma,
A palavra era inibida e silenciada.
Me afirmo com novas palavras,
Rescrever não é repetir,
É ganhar possibilidades,
Nessa realidade reduzida,
Que nunca conheceu a vida,
Horizonte é a poesia
Vida é quando o poeta beija a palavra,
A palavra que ontem era violência,
Hoje é vida e potência

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