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PRÁTICAS MUSICAIS

PEDAGÓGICAS

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


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Meu nome é Mariana Galon da Silva. Sou mestre em educação pela


UFSCar (2015), licenciada em Educação Artística com habilitação
em Música pela USP (2006) e especialista em Arte e Educação e
Tecnologias Contemporâneas pela UNB (2012). Tenho experiência
com o ensino de Música na Educação Básica; atuei como regente de
um coro infantil e como coordenadora da área de Música.
Atualmente, sou docente de um curso de Artes Visuais, educadora
musical (violoncelo) do Projeto Guri, docente do curso de
Licenciatura em Música do Claretiano – Centro Universitário e
tutora de um curso de Educação Musical. Além disso, desenvolvo
pesquisas na área de Criação Musical Coletiva, Práticas Sociais e
Processos Educativos e em Educação Musical Humanizadora.
E-mail: marianag.claretiano@gmail.com
Mariana Galon da Silva

PRÁTICAS MUSICAIS
PEDAGÓGICAS

Batatais
Claretiano
2016
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus
Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni
• Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa
Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami
Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

780.7 S581p
 
 Silva, Mariana Galon da 
      Práticas musicais pedagógicas / Mariana Galon da Silva – Batatais, SP :  
Claretiano, 2016. 
               122 p.   
 
                ISBN: 978‐85‐8377‐502‐7 

       1. Educação musical. 2. Práticas musicais. 3. Métodos ativos. 4. Criação musical. 
       5. Métodos criativos. I. Práticas musicais pedagógicas.      
         
 
 
 
 
                                                                                                                                                     CDD 780.7 

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Práticas Musicais Pedagógicas
Versão: ago./2016
Formato: 15x21 cm
Páginas: 122 páginas
SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 13
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 14
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 15

Unidade 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA


1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 20
2.1. CRIAÇÃO COMO ESSÊNCIA ONTOLÓGICA.............................................. 20
2.2. CRIAÇÃO MUSICAL PEDAGÓGICA: PANORAMA DAS PESQUISAS
DESENVOLVIDAS NO BRASIL.................................................................... 25
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 31
3.1. CRIAÇÃO E CRIATIVIDADE....................................................................... 31
3.2. CRIAÇÃO MUSICAL PEDAGÓGICA........................................................... 32
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 33
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 34
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 35
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 36

Unidade 2 – A CRIAÇÃO MUSICAL PEDAGÓGICA NA SEGUNDA


GERAÇÃO DE MÉTODOS ATIVOS E DE EDUCADORES
DO SÉCULO 21
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 41
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 41
2.1. SEGUNDA GERAÇÃO DE MÉTODOS ATIVOS .......................................... 41
2.2. ABORDAGEM DO FINAL DO SÉCULO 20 E INÍCIO DO SÉCULO 21:
KEITH SWANWICK..................................................................................... 56
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 64
3.1. M. SCHAFER E J. PAYNTER....................................................................... 64
3.2. KEITH SWANWICK.................................................................................... 65
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 66
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 68
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 68
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 69

Unidade 3 – A CRIAÇÃO MUSICAL PEDAGÓGICA SEGUNDO


AUTORES DA AMÉRICA LATINA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 73
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 74
2.1. VIOLETA HEMSY DE GAINZA ................................................................... 74
2.2. HANS-JOACHIM KOELLREUTTER............................................................. 80
2.3. TECA ALENCAR DE BRITO........................................................................ 87
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 92
3.1. VIOLETA HEMSY GAINZA......................................................................... 93
3.2. HANS-JOACHIM KOELLREUTTER ............................................................ 93
3.3. TECA ALENCAR DE BRITO........................................................................ 95
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 95
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 97
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 97
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 98

Unidade 4 – A UTILIZAÇÃO DA CRIAÇÃO MUSICAL COMO


FERRAMENTA EDUCATIVA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 103
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 103
2.1. ENSINO MUSICAL DE EXCELÊNCIA ........................................................ 104
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 116
3.1. EDUCAÇÃO MUSICAL E FORMAÇÃO HUMANA..................................... 116
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 117
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 119
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 119
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 120
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Práticas de atividades e vivências baseadas em pedagogias musicais vincula-
das à criação musical. Desenvolvimento prático da criação musical na educa-
ção básica e/ou em projetos sociais, com base em metodologias da educação
musical. Metodologias de ensino da segunda geração dos métodos ativos e
dos educadores Keith Swanwick, Hans-Joachim Koellreutter, Teca Alencar de
Brito e Violeta Gainza, com ênfase na abordagem da criação musical destes
autores. Prática da criação musical coletiva como ferramenta educacional nos
diferentes ambientes e contextos educacionais.

Bibliografia Básica
BRITO, T. A. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educação musical. 2.
ed. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2011.
FONTERRADA, M. T. O. O lobo no labirinto: uma incursão à obra de Murray Schafer. São
Paulo: Editora da Unesp, 2003. v. 1.
SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. Tradução de Alda Oliveira e Cristina
Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.

Bibliografia Complementar
BEINEKE, V. As crianças estão compondo: como nós estamos ouvindo a sua música?.
In: HENTSCHKE, L.; SOUZA, J. (Orgs.). Avaliação em educação musical: reflexões e
práticas. São Paulo: Moderna, 2003. p. 91-105.
BRITO, T. A. Quantas músicas tem a música? ou Algo estranho no museu. São Paulo:
Editora Fundação Peirópolis, 2009. v. 1.
FRANÇA, C. C.; POPOFF, Y. Festa mestiça: o congado na sala de aula. Belo Horizonte:
UFMG, 2011.
FRANÇA, C. C. Se essa música fosse minha. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos,
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.

8 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
Caro aluno, seja bem-vindo a mais uma parte do nosso
curso!
Neste material estudaremos as práticas de atividades e vi-
vências baseadas em pedagogias musicais vinculadas à temática
de criação musical.
No início do século 20, houve um movimento de reflexão
sobre o ensino de música difundido por pesquisadores, educa-
dores e compositores que se dedicaram a pensar sobre o modo
como ensinamos música, como os alunos aprendem música e
sobre a importância do ensino de música para a formação dos
indivíduos.
Antes desse movimento, principalmente no século 19, o
ensino de instrumentos musicais seguia o modelo de ensino ela-
borado pelo conservatório de Paris, em que a prioridade era o
desenvolvimento da excelência técnica dos alunos de música.
Já no século 20, por meio da reflexão sobre a própria prá-
tica, músicos/educadores, como Émile Jaques-Dalcroze e Zol-
tán Kodály, passaram a questionar a abrangência desse ensino
pautado somente na técnica, já que não era um ensino voltado
para todos. Partindo dessa ideia, eles propuseram maneiras de
ensinar que compreendiam a música em sua completude, visan-
do, em primeiro lugar, proporcionar aos seus alunos vivências e
experiências musicais.
O grupo desses pensadores da educação musical foi cha-
mado de "primeira geração de métodos ativos". Entre eles, des-
tacamos: Émile Jaques-Dalcroze, Zoltán Kodály, Carl Orff e Edgar
Willems.

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 9


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Os métodos ativos em educação musical referem-se ao


ensino de música pautado na experiência, nas vivências práti-
cas musicais, levando a abordagem dos conteúdos teóricos a um
momento posterior.
É importante que você compreenda a definição de dois
conceitos: método e conteúdo.
Método é a maneira como fazemos algo, ou o caminho
que trilhamos para chegar a um fim. Em uma pesquisa cientí-
fica, a metodologia abrange os passos percorridos do início até
sua conclusão, isto é, refere-se às etapas de construção dessa
pesquisa. Em uma aula de música, o método é a maneira como
esta é dada, incluindo o momento de chegada do professor à
sala, a forma de explicação e a ordem escolhida para a aplicação
de cada atividade. Resumindo, método, na educação musical, diz
respeito a como ensinar (MATEIRO; ILARI, 2012).
O modo como ensinamos é muito importante para obter
um aprendizado satisfatório de nossos alunos, não nos esque-
cendo, também, de refletir sobre o que ensinamos. Este é o con-
texto dos conteúdos musicais. Em outras palavras, quem ensina,
ensina algo (conteúdo) e de um modo (método).
Como educadores musicais, devemos ter cuidado para não
dominar várias metodologias de ensino, com diversas estraté-
gias, mas pobres em conteúdos.
Observe o esclarecimento a seguir:
Não há, nunca houve nem pode haver educação sem conteúdo,
a não ser que os seres humanos se transformem de tal modo
que os processos que hoje conhecemos como processos de co-
nhecer e de formar percam seu sentido atual. O ato de ensinar
e de aprender, dimensões do processo maior – o de conhecer
–, faz parte da natureza da prática educativa. Não há educação

10 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

sem ensino, sistemático ou não, de certo conteúdo. E ensinar é


um verbo transitivo-relativo. Quem ensina, ensina alguma coisa
– conteúdo – a alguém – aluno. A questão que se coloca não é a
de se há ou não educação sem conteúdo, a que se oporia à ou-
tra, a conteudística porque, repitamos, jamais existiu qualquer
prática educativa sem conteúdo [...] (FREIRE, 2011, p. 110).

E a quais conteúdos nos referimos?


Estamos nos referindo aos conteúdos que são os pilares
da construção musical, os fundamentos da música, a harmonia,
a história da música, o desenvolvimento da percepção, e tantos
outros que foram sendo construídos ao longo da evolução do
homem.
Por outro lado, não é possível ser um educador que domi-
na com maestria todos os conteúdos musicais, mas não possui as
devidas ferramentas para transmiti-los. Por isso, a nossa tarefa é
árdua, uma vez que necessitamos tanto dominar os conteúdos
quanto o modo de transmiti-los.
Assim,
[...] o ensinar constitui-se numa atividade bastante complexa,
em que é preciso dar ao conteúdo que se ensina (o quê) uma
forma (como, o modo de ensinar) que viabilize um processo de
ensino e aprendizagem significativo [...] (MATEIRO; ILARI, 2012,
p. 14).

No cotidiano musical, geralmente, a palavra método é em-


pregada em livros que apresentam uma série de exercícios mu-
sicais. Nesse caso, o educador torna-se mero executor de uma
receita pronta de ensino. Contudo, não é a esse tipo de método
que nos referimos neste material de estudo.
O educador deve ter ciência de que nenhum método da
educação musical é fechado em si mesmo, isto é, o método arti-

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 11


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

cula-se com cada contexto educacional e com a reflexão docen-


te. "Assim, é necessário conhecer diferentes métodos da edu-
cação musical, para aprender com as experiências já realizadas,
com as propostas já sistematizadas, sem, no entanto, torná-los
uma camisa de força" [...] (MATEIRO; ILARI, 2012, p. 14).
Ao longo das unidades deste material, estudaremos vá-
rios métodos e abordagens da educação musical, dando espe-
cial atenção àqueles que destacam a criação musical. Para tanto,
mencionaremos os pesquisadores e educadores da segunda ge-
ração de métodos ativos, bem como os educadores importantes
no contexto da América Latina.
Com base no conteúdo aqui apresentado, você deverá se
apropriar dessas abordagens, modificando-as, refletindo sobre
as relações com seu contexto, e, por fim, criando sua própria ma-
neira de aplicá-las.
Veja o trecho a seguir:
Hoje em dia impõem-se cada vez com maior evidência: que os
professores não são apenas consumidores, mas são também
produtores de materiais de ensino; que os professores não são
apenas executores, mas são também criadores e inventores de
instrumentos pedagógicos; que os professores não são apenas
técnicos, mas são também profissionais críticos e reflexivos [...]
(NÓVOA, 2002, p. 36).

Crie seu modo de ensinar com base nas experiências aqui


apresentadas, na reflexão sobre suas experiências e no pensa-
mento crítico sobre sua prática diária.
Vamos aos nossos estudos?

12 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
1) Composição musical: é a expressão tradicionalmente
utilizada para "criação musical". Embora os significa-
dos sejam iguais, alguns autores preferem o termo
composição.
2) Criação: "é, basicamente, formar. É poder dar uma for-
ma a algo novo. Em qualquer que seja o campo da ati-
vidade, trata-se, nesse ‘novo’, de novas coerências que
se estabelecem para a mente humana, fenômenos re-
lacionados de modo novo e compreendidos em termos
novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de
compreender; e esta, por sua vez, a de relacionar, orde-
nar, configurar, significar [...]" (OSTROWER, 2001, p. 9).
3) Criação musical: "todos os processos em que há a
apropriação e a organização de sons pelos sujeitos de
maneira autônoma, consciente e intencional, onde
nesse processo os sons são compreendidos, relacio-
nados, apropriados, ordenados, res-significados e uti-
lizados como forma de expressão e comunicação [...]"
(SILVA, 2015, p. 47).
4) Grafia musical não convencional: refere-se à escrita
musical que emprega signos diferentes do que é tradi-
cional. Ela é amplamente utilizada na música contem-
porânea, uma vez que a grafia convencional não supre
as necessidades dessa música. Além disso, ela serve
como ferramenta pedagógica.

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 13


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

5) Humanização: esta palavra, na literatura, aparece com


diferentes significados. De acordo com o conceito frei-
riano, é a incessante busca dos indivíduos pela sua vo-
cação ontológica de "ser mais". "Ser mais" é a própria
vocação ontológica do ser humano, de existir na histó-
ria em plenitude de consciência e práxis, fazendo-se e
refazendo-se no mundo de forma crítica. Essa constan-
te busca por "ser mais", pela humanização proporcio-
na ao ser humano diversas possibilidades. "Essa busca
de ser mais, de humanização do mundo, revela que a
natureza humana é programada para ser mais, mas
não determinada por estruturas ou princípios inatos"
(ZITKOSKI, 2010, p. 369).
6) Ontologia: "parte da filosofia que trata do ser enquan-
to ser, do ser concebido como tendo uma natureza co-
mum que é inerente a todos e a cada um dos seres"
(FERREIRA, 1986, p. 1569).
7) Potencial criador: é a criatividade, potencial inerente
ao homem, que é uma das suas diversas potencialida-
des. O potencial criador requer a realização, porque é,
sobretudo, uma necessidade existencial.

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo.

14 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


3. ESQUEMA DOS CONCEITOS‐CHAVE 
O  Esquema  a  seguir  possibilita  uma  visão  geral  dos 
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
conceitos mais importantes deste estudo.  

Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Práticas Musicais Pedagógicas.


Figura 1 Esquema de Conceitos‐chave de Práticas Musicais Pedagógicas. 

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1986.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 17.
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
MATEIRO, T.; ILARI, B. (Orgs.). Pedagogias em educação musical. Curitiba: Ibpex, 2012.
(Série Educação Musical).
NÓVOA, A. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002.
OSTROWER, F. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 2001.
SILVA, M. G. Criação musical coletiva com crianças: possíveis contribuições para
processos de educação humanizadora. 2015. 146 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade Federal de São Carlos, 2015.
ZITKOSKI, J. J. Ser mais. In: STRECK, D. R.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário
Paulo Freire. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 15


© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS
UNIDADE 1
CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA
PEDAGÓGICA

Objetivos
• Compreender o conceito de criação.
• Compreender a criação como essência ontológica dos seres humanos.
• Estudar as principais pesquisas sobre criação musical no Brasil.
• Compreender a importância da criação no ensino de música.

Conteúdos
• Conceito de criação.
• Conceito de potencial criador.
• Panorama histórico do uso da criação na educação musical.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:
1) Não se limite a este conteúdo; busque outras informações em sites con-
fiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final de cada
unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é
um fator determinante para o seu crescimento intelectual.
2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; reflita de forma crítica
sobre a evolução do conteúdo, relacionando-o às suas práticas educacionais.

3) Não deixe de ler os materiais complementares descritos no Conteúdo Di-


gital Integrador.

17
© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS
UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo, você está
preparado?
Como já mencionamos, estudaremos as metodologias do
ensino de música que abordam a criação musical. No entanto,
antes disso, é importante que você compreenda o que é criação,
criatividade e criação musical.
Agora, vamos refletir juntos: o que entendemos por cria-
ção? Você considera que todos são capazes de criar?
Nesta unidade, veremos que muitos autores se dedicaram
ao estudo da criatividade, sendo esta uma característica própria
do ser humano.
Após refletirmos sobre a criação como essência ontológica
do ser humano, abordaremos a criação aplicada à arte musical
com viés pedagógico, ou seja, a criação musical realizada em es-
paços de ensino de música.
Pesquisas em educação musical vêm se ocupando da cria-
ção musical como prática pedagógica/musical no cotidiano do
ensino de música desde o início do século 20.
Nas diversas pesquisas sobre essa temática, determinadas
atividades aparecem com a denominação de "improvisação",
"composição", "arranjo" e, também, "criação musical". Neste
material, utilizaremos o termo criação musical por considerar
que ele abarca todos os fazeres musicais nos quais a criatividade
está presente.
Nesta unidade, você também terá a oportunidade de co-
nhecer um panorama geral das pesquisas que vêm sendo desen-
volvidas sobre a criação musical no Brasil.

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 19


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

2.1. CRIAÇÃO COMO ESSÊNCIA ONTOLÓGICA

Na introdução desta unidade, colocamos duas questões


para reflexão: o que você entende por criação? Você considera
que todos são capazes de criar?
Se você fizer, rapidamente, uma pesquisa de campo com as
pessoas ao seu redor, questionando-as com essas perguntas, to-
das serão capazes de oferecer respostas. Talvez, muitas respon-
dam que criação é a descoberta e a elaboração de algo novo, ou,
então, que podem criar aqueles que possuem dom ou talento. É
comum associarmos a criação musical àqueles que criam gran-
des obras de arte ou importantes inventos tecnológicos. Por isso,
imaginamos que só uma parcela pequena dos seres humanos é
capaz de criar.
Em pesquisas sobre a temática da criatividade, Alencar e
Fleith (2003b), ao analisarem o que as pessoas entendiam por
criatividade, constaram que ainda predominavam ideias como:
a criatividade é um dom divino destinado a um grupo seleto de
indivíduos; criatividade não pode ser ensinada; as pessoas são
criativas ou não; criatividade não se aprende; a ideia criativa sur-
ge como um toque de mágica; indivíduos muito criativos tendem
a ter problemas psicológicos como a loucura etc.

20 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

Mas, será que a criação abrange somente essas grandes


invenções e importantes inventos? Será que a crença de que so-
mente algumas pessoas podem criar é verdadeira?
Vamos conhecer brevemente as conclusões de alguns es-
tudiosos sobre a criatividade humana. Dessa maneira, podere-
mos partir do nosso senso comum para uma reflexão mais apro-
fundada sobre o tema.
Consideramos o ato de criar como uma vocação originária
do ser humano, que, ao criar, não só modifica o ambiente ao seu
redor, mas também cria a si mesmo (FREIRE, 2011). Logo, criar
diz respeito à tomada de decisões e às transformações que faze-
mos cotidianamente no ambiente onde vivemos.
Pense em quantas vezes você já "improvisou" algo em seu
trabalho, na cozinha etc., quando da falta de objeto específico
ou ingrediente. Quando improvisamos para resolver certo pro-
blema ou para termos nossas necessidades atendidas, estamos
criando.
No processo de criação, a curiosidade é fundamental, pois
ela traz inquietação, indagação e a busca de respostas. A curio-
sidade nos leva a fazer perguntas que, frequentemente, são res-
pondidas pela criatividade (SANTOS, 2010).
Para Freire (1996, p. 15), "não haveria criatividade sem a
curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impa-
cientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele
algo que fazemos" [...].
A criatividade, a tomada de decisões e as escolhas são ca-
racterísticas humanas. Por isso, afirmamos que criar faz parte da
nossa essência ontológica, ou seja, todos temos a possibilidade
de criar, e fazemos isso sempre, sem perceber.

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 21


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

Os estudos sobre a criatividade iniciaram-se no século 19,


por meio de uma abordagem psicológica. No entanto, somente
no século 20 esses estudos ganharam força.
No início do século 20, realizaram-se estudos sobre gran-
des artistas, como Leonardo da Vinci, Goeth e Shakespeare, a
fim de compreender como se davam seus processos criativos.
Por meio desses estudos, Freud apontou que a criatividade se
originava no inconsciente humano, assim, os grandes trabalhos
criativos, na verdade, representavam a sublimação de complexos
reprimidos.
Até a década de 1970, os estudos sobre a criação e a criati-
vidade visavam definir o perfil do indivíduo criativo e, apesar de
concluírem que a criatividade é uma das características do ser
humano, apontavam que alguns indivíduos são mais criativos do
que outros por se destacarem nas descobertas de grandes feitos.
No entanto, só no início do século 21 os estudos que admi-
tem a criatividade como fruto das interações e do contexto cul-
tural fortaleceram-se, destacando que os fatores sociais, cultu-
rais e históricos influenciam o desenvolvimento da criatividade.
Esses estudos apontam que a criação não pode ser atribuída so-
mente às habilidades pessoais, já que a forma de criar também
sofre a influência de elementos do ambiente onde o indivíduo
está inserido (ALENCAR; FLEITH, 2003a).
Atualmente, há várias linhas de pensamento sobre a cria-
tividade. Vamos nos basear na linha de pesquisa que afirma que
o ato de criar é uma vocação originária do ser humano (FREIRE,
2011). Em outras palavras, a criação é todo ato humano de mo-
dificar algo, seja a partir de tomadas de decisões ou de manipu-
lação de ferramentas que se apresentam no seu cotidiano, ou,
ainda, de refazer o já feito. Com base nesse pensamento, a criati-

22 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

vidade não é uma ação restrita a algumas pessoas que possuem


faculdades específicas.
De acordo com tais ideias, a autora Fayga Ostrower (2001)
aponta que a criatividade é um potencial inerente ao homem e
que a criação é uma das suas necessidades.
Essa autora afirma que a criação não se reduz à criação
artística, mas também aos demais fazeres que integram a vida
dos seres humanos. Assim, o homem cria em todos os âmbitos
do fazer. Observe uma explicação dessa autora:
[...] Em nossa época, as artes são vistas como área privilegia-
da do fazer humano, onde ao indivíduo parece facultada uma
liberdade de ação em amplitude emocional e intelectual inexis-
tente nos outros campos de atividade humana. Não nos parece
correta essa visão de criatividade. O criar só pode ser visto num
sentido global, como um agir integrado em um viver humano.
De fato, criar e viver se interligam [...] (OSTROWER, 2001, p. 12).

O homem carrega em si um potencial criador, uma neces-


sidade existencial de criar (JORGE, 2006). Essa potencialidade
é exercida nos diversos aspectos da vida, de uma maneira glo-
bal, como um agir integrado em que "criar e viver se interligam"
(JORGE, 2006). Portanto, "o homem cria, não apenas porque que
quer, ou porque gosta, e sim porque precisa; ele só pode crescer,
enquanto ser humano, coerentemente, ordenando, dando for-
ma, criando" [...] (OSTROWER, 2001, p. 10).
No entanto, é importante que esse potencial encontre
terreno fértil para que ele possa dar frutos. Na infância, perce-
bemos tal potencial mais latente. Desde a mais tenra idade, a
criança tenta produzir teorias, questões e dar respostas, "o que
constitui um dos aspectos mais excepcionais da criatividade" (RI-
NALDI, 2012, p. 206). A criança demonstra a capacidade de reu-

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 23


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

nir os elementos que possui e começa a elaborar, partindo desse


ponto, conceitos próprios, de modo criativo (RINALDI, 2012).
Mas, se temos dúvidas em relação à capacidade de criar
dos adultos, como agimos com as crianças?
Embora a criatividade da criança possa ser ampliada pelo
uso da imaginação nas brincadeiras, nas tomadas de decisões,
ela também pode ser reprimida e sufocada. Muitas instituições
escolares fazem isso ao enquadrar o educando em currículos ex-
tremamente rígidos, em que, muitas vezes, a manifestação da
criatividade da criança é vista como erro (RINALDI, 2012).
Sobre esse assunto, veja o trecho a seguir.
[...] A criança cedo percebe que sua imaginação não joga: é
quase algo proibido, uma espécie de pecado. Por outro lado,
sua capacidade cognitiva é desafiada de maneira distorcida. Ela
não é convidada, de um lado, a reviver imaginativamente a es-
tória contada no livro; de outro, a apropriar-se, aos poucos, da
significação do conteúdo do texto [...] (FREIRE, 2008, p. 30).

A criança, então, passa somente a obedecer a regras sem


refletir, escolher, tomar decisões, ser autônoma. Na ausência dos
estímulos à criatividade, nas vivências escolares, a criança não
amplia a sua capacidade criadora.
Neste momento é importante refletirmos sobre nosso
papel como educadores no desenvolvimento da criatividade.
Crianças que não recebem estímulos à sua criatividade tendem
a tornar-se adultos pouco inventivos e que têm medo de criar.
Como apoio a uma prática educativa que possibilita o apri-
moramento da criatividade, apresentaremos um histórico das
pesquisas em educação musical que destacam as práticas criati-
vas em sala de aula.

24 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

Com as leituras propostas no Tópico 3.1, você poderá


aprofundar seus estudos sobre criação e criatividade. Antes de
prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indica-
das, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.2. CRIAÇÃO MUSICAL PEDAGÓGICA: PANORAMA DAS PES�


QUISAS DESENVOLVIDAS NO BRASIL

O ato de criar, musicalmente, percorreu toda a história da


humanidade. Podemos citar, como exemplos, os grandes compo-
sitores da história da música ocidental. Comumente, esses com-
positores iniciavam seus trabalhos fazendo cópias de obras com
as quais se identificavam e, partindo dessas obras, desenvolviam
seu próprio estilo de composição. Não havia escolas de compo-
sição musical; os interessados em música aprendiam uns com os
outros e também por meio da experimentação.
No final do século 18, houve mudanças nesse cenário, já que
a figura do "gênio" destacou-se, sendo criado o primeiro conserva-
tório musical, em 1794: o Conservatório de Paris. Este difundiu um
modelo de ensino que se espalhou pela Europa e América, chegan-
do ao Brasil em 1845. A proposta desse conservatório era o ensino
individualizado, centrado no desenvolvimento do virtuosismo ins-
trumental, no rigor metodológico e, principalmente, com fins profis-
sionalizantes (BRITO, 2007). Com esse modelo, pouco espaço havia
para o desenvolvimento da criatividade dos alunos.
Hoje, ainda podemos observar esse modelo sendo utiliza-
do com muita ênfase no estudo de instrumentos musicais, prin-
cipalmente em aulas individuais.
Com relação a isso, veja uma reflexão:

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 25


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

[...] As atividades de criação também ficam à margem do estudo


do instrumento, uma vez que, segundo a herança, a formação de
compositores se dá em outros espaços e planos. Isso tudo sem
contar o ranço da concepção inatista, que acolhe e/ou exclui alu-
nos segundo o reconhecimento (ou não) de seu talento natural,
decidindo por eles se "vale a pena" estudar música (em função
de um possível "futuro promissor") [...] (BRITO, 2007, p. 58).

Durante todo o século 19, o ideário romântico em que as


pessoas que compunham eram "gênios", "prodígios", "especiais"
prevaleceu e exerce influência ainda hoje, haja vista o senso co-
mum sobre quem pode criar.
Já no século 20, propagaram-se as ideias de que a música
poderia ser uma atividade oferecida a todos e que a criação mu-
sical seria uma ferramenta pedagógica importante.
Atualmente, observamos que, embora ainda exista resistên-
cia de alguns educadores quanto às atividades de criação musical,
a educação musical vem se ocupando em promover um processo
de conscientização por meio de pesquisas sobre tais atividades. Ao
refletirmos sobre essas pesquisas realizadas no Brasil (teses, disser-
tações, revistas e anais de congressos), é possível perceber o cres-
cente número de relatos de experiências com a criação musical.
Compreendemos como criação musical:
[...] todos os processos em que há a apropriação e a organiza-
ção de sons pelos sujeitos de maneira autônoma, consciente e
intencional, onde nesse processo os sons são compreendidos,
relacionados, apropriados, ordenados, re-significados e utili-
zados como forma de expressão e comunicação. Desse modo,
consideramos que na criação musical a música é utilizada como
linguagem na busca da livre expressão de quem a cria. [...] Nes-
se sentido, a improvisação livre, a composição de músicas inédi-
tas, os arranjos, a criação de paisagens sonoras estão no âmbito
da criação musical [...] (SILVA, 2015, p. 47).

26 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

Em outra unidade, abordaremos os principais composito-


res, educadores e pesquisadores que redigiram suas metodolo-
gias com enfoque na criação musical. A seguir, discorreremos,
brevemente, sobre as principais pesquisas brasileiras com essa
temática.

Viviane Beineke
Viviane Beineke (Figura 1) é professora
do Departamento de Música e do Programa
de Pós-graduação em Música da Universidade
do Estado de Santa Catarina (UDESC). Em seu
Doutorado em Música pela Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul (UFRGS), elaborou
a tese Processos intersubjetivos na composição
musical de crianças: um estudo sobre a apren-
dizagem criativa (2010). Entre seus trabalhos, Figura 1 Viviane Beineke.
podemos mencionar também uma série de materiais didáticos,
como, por exemplo, "Lenga la Lenga: jogos de mãos e copos".
Em sua pesquisa, Beineke (2010) investigou como a apren-
dizagem criativa se articula em atividades de criação musical no
ensino de música na Educação Básica, tendo em vista as pers-
pectivas dos alunos e dos professores. Ela aponta que, nas ativi-
dades de criação musical, as crianças constroem sua identidade,
tornam-se agentes da própria aprendizagem, participando de
um processo de aprendizagem significativa. Destaca, também,
que o professor, por meio de sua atuação, pode proporcionar
condições para que esses aprendizados ocorram (LUME, 2016).
Beineke (2010) embasou seu pensamento sobre criação
musical em autores como Burnard e Csikszentmihalyi, os quais
explicam que essa atividade é importante por ser um meio de de-

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 27


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

senvolver a criatividade e a inventividade do educando (aprendi-


zagem significativa), tão exigidas no mercado de trabalho atual.
Ainda sobre esse assunto, Beineke (2012, p. 54) aponta
que "na aprendizagem criativa, a realização de tarefas de criação
colaborativa permite desenvolver e expandir a compreensão e
construção de significados pelos alunos".

Marisa Trench de Oliveira Fonterrada


Atualmente, Marisa Trench de Oliveira
Fonterrada (Figura 2) é professora livre-docente
em Técnicas de Musicalização, no Instituto de
Artes da Unesp, e docente aposentada dessa
mesma universidade, mas ainda atua, volun-
tariamente, no Programa de Pós-graduação. É
um dos grandes nomes da educação musical
no Brasil, sendo sua abordagem sobre criação
musical ligada à filosofia musical de R. Murray Figura 2 Marisa Trench
Schafer, que estudaremos na próxima unidade. de Oliveira Fonterrada.

As pesquisas dos seus orientandos colaboram muito para


a conscientização sobre a criação musical pedagógica. Destaca-
mos a pesquisa de Borges e Fonterrada (2007), em que é feita
uma reflexão sobre os modos de escuta na contemporaneidade,
principalmente os que surgiram na segunda metade do século
20. Nessa pesquisa apontam que é necessário refletir sobre uma
nova maneira de ensinar música e sobre novas propostas de
educação musical, destacando a criação musical como ferramen-
ta efetiva no ensino da música contemporânea em sala de aula.
Ainda relatam que o educando, ao criar musicalmente, dis-
cursando e utilizando as ferramentas musicais da música erudita
pós século 20, passa por um processo de conscientização e com-

28 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

preensão do repertório contemporâneo, sendo capaz de estabe-


lecer uma ligação entre o seu pensamento musical, a composi-
ção contemporânea e a paisagem sonora do meio em que vive
(BORGES; FONTERRADA, 2007).
Fonterrada também é autora de livros sobre educação mu-
sical, entre os quais destacamos: De tramas e fios: um ensaio
sobre música e educação (2008).

Carlos Kater
Carlos Kater (Figura 3) é professor titular
na Escola de Música da Universidade Federal
de Minas Gerais. Fez Doutorado e Pós-douto-
rado na Universidade de Paris IV Sorbonne.
Kater também atua em outras áreas, sendo
compositor, pesquisador de música contem-
porânea (musicólogo) e educação musical
(educador). Suas pesquisas remetem à forma-
ção humana, sendo voltadas especialmente Figura 3 Carlos Kater.
para a criação musical na Educação Básica. Elaborou uma série de
materiais didáticos, entre os quais destacamos: Musicantes e o boi
brasileiro, uma história com [a] música (2013).
Na área da criação musical, Kater vem elaborando, especifica-
mente, um projeto sobre a "Formação Musical Inventiva": o chama-
do "Música da Gente", que propõe a formação musical por meio da
criação musical. Esse projeto é desenvolvido, atualmente, em uma
escola da rede pública de São Bernardo do Campo (São Paulo).
Além disso, ele vem dedicando-se à pesquisa sobre criação
e expressão na educação musical, com o foco na criação de
atividades lúdico-musicais, integrando a música à formação
humana.

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 29


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

Leda de Albuquerque Maffioletti


Leda de Albuquerque Maffioletti (Fi-
gura 4) é docente na Faculdade de Educação
da UFRGS, realizando pesquisas sobre Edu-
cação: Arte Linguagem Tecnologia, Educação
Musical e Formação de Professores.
Leda de Albuquerque Maffioletti, em
sua tese de Doutorado intitulada Diferencia-
ções e integrações: o conhecimento novo na
Figura 4 Leda de
composição musical infantil (2005), explica Albuquerque Maffioletti.
como se forma o conhecimento na composi-
ção infantil. Para elaborar a pesquisa, ela acompanhou e analisou
a prática da criação musical com 70 crianças. O desdobramento
dessa pesquisa apontou que a composição musical de crianças
cria um espaço de aprendizagem no qual elas podem aprender
os significados culturais musicais e também significar a sua pró-
pria música. Dessa maneira, ao compor, as crianças criam signifi-
cados para nutrir suas trocas simbólicas na cultura.
Como podemos notar, são diversas as pesquisas que
abordam a criação musical no ensino de música, em diferentes
contextos.
Esses foram apenas alguns dos pesquisadores que vêm se
dedicando à pesquisa em criação musical no Brasil. Na Unida-
de 3, abordaremos outros nomes com mais detalhes, como, por
exemplo, Hans-Joachim Koellreutter e Teca de Alencar de Brito.
Com base nas pesquisas sobre criação musical no ensino
de música, hoje sabemos que essas atividades são fundamentais
para a aprendizagem musical significativa e que contribuem para
a formação humana dos nossos alunos, uma vez que promovem

30 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

a autonomia, o pensamento crítico, a alteridade e o alargamento


da consciência, como veremos na Unidade 4.

As leituras indicadas no Tópico 3.2 tratam da criação


musical pedagógica. Neste momento, você deve realizar essas
leituras para aprofundar o tema abordado.

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. CRIAÇÃO E CRIATIVIDADE

Com o estudo desta unidade, percebemos como é impor-


tante compreender o que é criação e criatividade, antes de enfo-
carmos a criação musical. Nos textos selecionados a seguir, você
poderá expandir seu conhecimento sobre essa temática.
• ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Contribuições teóricas
recentes ao estudo da criatividade. Psicologia: Teoria e
Pesquisa, Brasília, v. 19, n. 1, p. 1-8, jan./abril 2003a.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v19n1/
a02v19n1.pdf>. Acesso em: 15 abril 2016.
• ALENCAR, E. M. L. S. O contexto educacional e sua
influência na criatividade. Linhas Críticas, Brasília, v. 8, n.
15, p. 165-178, jul./dez. 2002. Disponível em: <https://
www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&sou
rce=web&cd=1&ved=0CBwQFjAAahUKEwi2he3NnLHI
AhUCrB4KHVpUBSc&url=http%3A%2F%2Fperiodicos.

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 31


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

unb.br%2Findex.php%2Flinhascriticas%2Farticle%2Fdo
wnload%2F6477%2F5235&usg=AFQjCNHYMarzvmRO
DcaB0WvwQeoIsaGEBQ&bvm=bv.104819420,d.dmo>.
Acesso em: 15 abril 2016.
• VERAS, I. A. A criatividade como condição de ser humano.
Revista Filosofia Capital, Brasília, v. 4, ed. 8, p. 3-8, 2009.
Disponível em: <http://www.filosofiacapital.org/ojs-
2.1.1/index.php/filosofiacapital/article/view/91/67>.
Acesso em: 15 abril 2016.

3.2. CRIAÇÃO MUSICAL PEDAGÓGICA

Nos textos selecionados a seguir, você poderá aprofundar


seus estudos sobre a criação musical no contexto do ensino de
música.
• BEINEKE, V. A composição no ensino de música:
perspectivas de pesquisa e tendências atuais. Revista
da ABEM, Porto Alegre, n. 20, p. 19-33, set. 2008.
Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.
com.br/revista_abem/ed20/revista20_artigo2.pdf>.
Acesso em: 15 abril 2016.
• BORGES, A. H.; FONTERRADA, M. T. O. Abordagens
criativas: ensino/aprendizagem da música
contemporânea. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA,
17., 2007, São Paulo. Anais ... São Paulo: ANPPOM/
Unesp, 2007. p. 1-6. Disponível em: <http://www.
academia.edu/6344642/ABORDAGENS_CRIATIVAS_
ENSINO_APRENDIZAGEM_DA_M%C3%9ASICA_
CONTEMPOR%C3%82NEA>. Acesso em: 15 abril 2016.

32 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

• MAHEIRIE, K. Processo de criação no fazer musical: uma


objetivação da subjetividade, a partir dos trabalhos de
Sartre e Vygotsky. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8,
n. 2, p. 147-153, jul./dez. 2003. Disponível em: <http://
dx.doi.org/10.1590/S1413-73722003000200016>.
Acesso em: 15 abril 2016.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) De acordo com os estudiosos, o que o senso comum aponta sobre a criação?
a) O senso comum aponta que todos podem criar.
b) O senso comum aponta que os muito inteligentes podem criar.
c) O senso comum aponta que somente as mulheres podem criar.
d) O senso comum aponta que somente as crianças são criativas.
e) O senso comum aponta que somente os dotados de talento criativo
nato podem criar.
2) Conforme o que foi estudado nesta unidade, o que leva as pessoas a se-
rem criativas e capazes de criar?
a) Nascer com um dom especial.
b) A inspiração divina.
c) O potencial criador que todo ser humano possui.
d) O estudo sobre criatividade.
e) A alimentação saudável.
3) Como a herança do pensamento europeu do século 19 pode prejudicar a
aplicação das atividades de criação musical?
a) A supervalorização do compositor, iniciada no século 19, pode impedir
que o educador perceba a capacidade de criar dos educandos.

© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS 33


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

b) A herança do pensamento europeu não prejudica, ao contrário, só


vem a contribuir com a aplicação das atividades de criação musical.
c) A herança do pensamento europeu prejudica a aplicação das ativida-
des de criação musical, pois as formas musicais desse período são mui-
to difíceis de serem utilizadas de maneira pedagógica.
d) A herança do pensamento europeu contribui com a aplicação dessas
atividades, porque utiliza como exemplo as crianças prodígios.
e) Todas as alternativas estão corretas.

4) Quais as características do ensino conservatorial?


a) Ensino baseado na liberdade de expressão dos alunos.
b) Ensino baseado na teoria musical em detrimento da prática.
c) Ensino individualizado, enfocando o desenvolvimento do virtuosis-
mo instrumental, o rigor metodológico e, principalmente, com fim
profissionalizante.
d) Ensino baseado no desenvolvimento da criatividade.
e) Todas as alternativas estão corretas.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) e.

2) c.

3) a.

4) c.

5. CONSIDERAÇÕES
Caro aluno, chegamos ao final da nossa primeira unidade
de estudos. Visamos facilitar a sua aprendizagem sobre a cria-
ção e, em especial, a criação musical. Dessa maneira, você pôde

34 © PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS


UNIDADE 1 – CRIAÇÃO MUSICAL COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

compreendê-la como algo que pode ser realizado por todos nós,
incluindo as crianças, já que somos seres essencialmente criati-
vos. Perceber os nossos alunos como pessoas capazes de criar é
fundamental para oferecermos, em nossas aulas, atividades de
criação musical.
Com o estudo desta unidade, você também pôde conhecer
o panorama geral das pesquisas sobre a criação musical no Brasil.
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que ampliará seu
conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, conhecere-
mos algumas metodologias que tratam da criação musical, para
que você possa incluí-las em seu futuro profissional como docente.

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Viviane Beineke. Disponível em: <https://lh6.googleusercontent.com/-
ikn8T4P5K9w/AAAAAAAAAAI/AAAAAAAAAAA/PhOD-OOaU_U/photo.jpg>. Acesso
em: 15 abril 2016.
Figura 2 Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. Disponível em: <http://sites.ffclrp.usp.
br/viencontromusicologia/images/marisa.jpg>. Acesso em: 15 abril 2016.
Figura 3 Carlos Kater. Disponível em: <http://www.movimento.com/wp-content/
uploads/2015/10/Carlos-Kater.jpg>. Acesso em: 15 abril 2016.
Figura 4 Leda de Albuquerque Maffioletti. Disponível em: <http://s7.postimg.org/
ek2n2eqq3/LEDA_MAFIOLETTI.jpg>. Acesso em: 15 abril 2016.

Sites pesquisados
ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Contribuições teóricas recentes ao estudo da
criatividade. Psicologia: teoria e pesquisa, Brasília, v. 19, n. 1, p. 1-8, jan./abril 2003a.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v19n1/a02v19n1.pdf>. Acesso em: 15
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JORGE, S. R. O processo de criação artística para Sigmund Freud e para Fayga


Ostrower: convergências e divergências. 2006. 144 f. Dissertação (Mestrado em
Psicologia) – Instituto de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2006. Disponível em: <http://www.pucminas.br/documentos/
dissertacoes_sandra_regina.pdf>. Acesso em: 15 abril 2016.
LUME – REPOSITÓRIO DIGITAL DA UFRGS. Resumo da tese "Processos intersubjetivos
na composição musical de crianças: um estudo sobre a aprendizagem criativa".
Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/17775>. Acesso em: 15
abril 2016.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Universidade de Brasília, 2003b.
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sobre aprendizagem criativa. 2009. 290 f. Tese (Doutorado em Educação Musical) –
Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
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perspectivas educacionais. Revista Educação, Santa Maria, v. 37, n.1, p. 45-60, jan./
abril 2012.
BORGES, A. H.; FONTERRADA, M. T. O. Abordagens criativas: ensino/aprendizagem da
música contemporânea. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E
PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 17., 2007, São Paulo. Anais... São Paulo: ANPPOM/
Unesp, 2007. p. 1-6.
BRITO, T. A. Por uma educação musical do pensamento: novas estratégias de
comunicação. 2007. 288 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia
Universidade Católica, São Paulo, 2007.
FONTERRADA, M. T. O. O lobo no labirinto: uma incursão à obra de Murray Schafer. São
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Unesp; Rio de Janeiro: Funarte, 2008.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21. ed.
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______. Professora sim, tia não. 19. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
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KATER, C. Musicantes e o boi brasileiro – uma história com [a] música. São Paulo:
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MAFFIOLETTI, L. A. Diferenciações e integrações: o conhecimento novo na composição
musical infantil. 2005. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
OSTROWER, F. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes, 2001.
RINALDI, C. Criatividade como qualidade humana. In: ______. Diálogos com Reggio
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Educação) – Universidade Federal de São Carlos, 2015.

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© PRÁTICAS MUSICAIS PEDAGÓGICAS

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