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Situação Atual e
Alternativas Futuras
Fevereiro de 2021
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EXPANSÃO DA
GERAÇÃO
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
MME/SPE
Ministério de Minas e Energia
Ministro
Empreendimentos
Bento Albuquerque
Secretária-Executiva do MME eólicos ao fim da
Marisete Fátima Dadald Pereira
Secretário de Planejamento e Desenvolvimento
Energético
vida útil
Paulo Cesar Magalhães Domingues
Secretário de Energia Elétrica
Rodrigo Limp Nascimento
Secretária de Petróleo, Gás Natural e
Situação Atual e
Alternativas Futuras
Biocombustíveis
Jose Mauro Ferreira Coelho
Secretário de Geologia, Mineração e
Transformação Mineral
Alexandre Vidigal de Oliveira
URL: http://www.epe.gov.br
Sede
Esplanada dos Ministérios Bloco "U"
Ministério de Minas e Energia - Sala 744
Brasília – DF - CEP: 70.065-900
Escritório Central
Praça Pio X, 54 – 7º Andar
No. EPE-DEE-NT-012/2021-r0
20091-040 - Rio de Janeiro – RJ Data: 08 de fevereiro de 2021
IDENTIFICAÇÃO DO DOCUMENTO E REVISÕES
Área de Estudo
EXPANSÃO DA GERAÇÃO
Estudo
Empreendimentos eólicos ao fim da vida útil
Macro atividade
Os primeiros parques eólicos brasileiros foram instalados nos anos 90. A tecnologia da
época trabalhava com altura do eixo do cubo menor que 50 metros e turbinas com potência
inferior a 1 MW. Assim foi o início da indústria eólica brasileira.
Considerando que os contratos da fonte eólica nos Leilões têm, em geral, duração de 20
anos, prazo equivalente à vida útil de projeto dos equipamentos, percebe-se que os
empreendimentos em operação desde os anos 90 já atingiram essa idade. Já os primeiros
projetos contratados no âmbito do PROINFA atingirão esse tempo nos próximos 5 anos.
Até 2030, mais de 50 parques alcançarão a faixa dos 20 anos de operação, representando
mais de 600 aerogeradores e de 940 MW de potência.
Assim, evidencia-se a importância em discutir possíveis ações após esse período, sejam elas
de manutenção, modernização ou descomissionamento dos parques eólicos instalados. Os
1 Utiliza-se “Leilões de Energia” indistintamente neste documento como referência aos Leilões de Energia
Nova, de Fontes Alternativas e de Energia de Reserva.
2 Sobre a evolução dos projetos cadastrados para os Leilões de Energia, consultar a Nota Técnica disponível
em: https://bit.ly/EOL-2020
Busca-se, portanto, por meio desta Nota Técnica, identificar desafios, oportunidades e
possibilidades para essas usinas.
Esta Nota Técnica está dividida em 7 Capítulos. As alternativas ao final da vida útil são
apresentadas no Capítulo 2, considerando modernização ou descomissionamento dos
parques. No Capítulo 3, são mostradas algumas experiências internacionais importantes
neste contexto. Nos capítulos seguintes são apresentadas análises para o mercado
brasileiro, considerando a situação do estoque atual de aerogeradores (Capítulo 4),
questões comerciais e regulatórias (Capítulo 5) e de planejamento energético (Capítulo 6)
e, no Capítulo 7, são apresentadas as conclusões do estudo.
O ciclo de vida de parques eólicos se inicia com a validação do local onde o empreendimento
será instalado, suas fases de construção e de operação, até a fase de finalização da vida
operacional esperada. Neste momento, existem duas alternativas: aumento do tempo do
ciclo de vida de operação (com ou sem repotenciação) ou descomissionamento e
desativação total do parque (Ornelas; Tofaneli; Santos, 2019).
o Repotenciação parcial;
• Descomissionar o parque.
É importante destacar que é possível adotar soluções mistas em que parte dos
equipamentos são descomissionados e repotenciados e parte deles tem a sua vida
operacional estendida. Destaca-se não haver consenso na literatura quanto à terminologia
dessas alternativas, sendo que alguns conceitos podem se misturar. Nas seções seguintes
serão apresentadas as terminologias adotadas neste estudo.
2.1 Modernização
A extensão da vida útil também pode ser chamada de Reabilitação ou Retrofit e envolve a
troca de componentes como gerador, caixa multiplicadora, mecanismos de controle de
direção ou de frenagem, entre outros, com o objetivo de recuperar ou incrementar a
performance original do projeto, estendendo o tempo de operação e a vida útil de seus
componentes por prazo superior ao que foi inicialmente projetado.
Segundo Ziegler et al. (2018) a extensão da vida útil costuma ser a opção escolhida quando
não é possível, ou é economicamente inviável, repotenciar a usina. O principal benefício
esperado é aumentar o retorno do investimento em um parque eólico, prolongando-se o
seu fluxo de caixa, porém devendo-se considerar que os gastos com manutenção deverão
aumentar, tendo em vista a maior necessidade de ações de reparo em equipamentos
desgastados. Do ponto de vista ambiental, o uso dos equipamentos por mais tempo pode
ser benéfico.
Como será apresentado no Capítulo 3, muitas usinas europeias tiveram sua vida útil
estendida. Além disso, o estudo de Wiser & Bolinger (2019) indica que proprietários de
parque eólicos norte-americanos estimam uma vida operacional de cerca de 30 anos para
os seus projetos mais recentes. Muitos deles atribuem esse aumento da expectativa da vida
Para o prolongamento da vida útil pode ser necessário adquirir novas autorizações e
estabelecer novos contratos, mediante uma avaliação dos riscos econômicos, ambientais e
legais. É necessário, também, certificar-se que os componentes dos aerogeradores
continuarão disponibilizados no mercado, para garantir a segurança e continuidade
operacional do parque.
3 https://rules.dnvgl.com/docs/pdf/DNVGL/ST/2016-03/DNVGL-ST-0262.pdf;
https://standardscatalog.ul.com/ProductDetail.aspx?productId=UL4143
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Alguns autores consideram a troca da nacele e do rotor, mantendo fundação e torre, como
repotenciação parcial (Lantz et al., 2013), enquanto, para outros, esse exemplo seria
considerado como uma repotenciação total.
11
Para repotenciação total ou parcial podem ser necessárias melhorias e alargamentos nas
estradas de acesso para passagem de equipamentos pesados visto que, em ambos os
casos, por se tratar de aerogeradores, torres e pás de maiores dimensões, os guindastes e
estruturas de desmontagem e montagem utilizados para a troca dos mesmos, também
deverão ter dimensões e capacidade de carga mais avantajados do que as utilizadas na
construção do projeto original. A capacidade de escoamento da energia na região pode
limitar a possibilidade de repotenciação e, portanto, também deverá ser avaliada. Como
haverá a retirada de equipamentos deve-se atentar para os custos de desmontagem,
descontaminação e preparação para a destinação final das peças retiradas, além da
recuperação dos locais.
Efeito Esteira
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Demolição - as torres são derrubadas e o objetivo final será a remoção dos componentes
destruídos e a limpeza dos detritos dentro do sítio. Esse processo substitui a remoção de
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• Verificação das condições das estradas de acesso ao parque e das vias de serviço
para permitir a passagem de estruturas e equipamentos, tais como guindastes,
caminhões e equipamentos de movimentação de carga.
De acordo com a American Wind Energy Association (2020), muitos governos estaduais e
locais nos EUA exigem planos de descomissionamento, cujo objetivo final é restaurar a área
ocupada pelo parque de forma a retorná-la ao mais próximo possível das condições prévias
à sua instalação. Leaf (2019) propõe que as estratégias de descomissionamento estejam
integradas no projeto e na instalação e impactos de longo prazo devem ser considerados.
Essa autora ressalta ainda que, para garantir um processo de remoção sustentável, o ideal
é que eventuais modificações ao longo da vida útil do projeto, tais como modernização,
repotenciação ou trocas na administração do parque, sejam sempre registradas.
14
Schreiner & Condonho (2018) ressaltam que a desativação dos parques não é contemplada
no licenciamento ambiental trifásico e sugerem a criação de uma quarta fase de
licenciamento com a emissão de licença de desinstalação para esse tipo de
empreendimento. Em uma pesquisa em que participaram dez órgãos estaduais
responsáveis pelo licenciamento ambiental onshore no Brasil, o tema repotenciação e
descomissionamento de parques eólicos foi considerado relevante por todos esses órgãos
ambientais (Tereza, 2019). Sobre integrar o descomissionamento ao licenciamento
ambiental, metade dos participantes foi a favor da criação de uma licença de desinstalação,
enquanto a outra metade acredita que o descomissionamento deva ser uma etapa prevista
no licenciamento da operação. A avaliação de experiências internacionais demonstrou que
metade dos participantes prefere que haja uma contribuição do empreendedor para um
fundo monetário direcionado à desativação dos parques eólicos e para a restauração
ambiental como condição para a emissão da licença de instalação. Outros apontaram que
seria importante a elaboração de um plano de desativação que antecedesse à construção
do parque.
Uma questão que deve ser enfrentada diz respeito a sobre em quem recai o ônus de fazer
o descomissionamento. Em que pese o disposto na Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), discutida adiante, percebe-se a ausência de regulamentação específica sobre o
descomissionamento de parques eólicos no Brasil. A matéria acaba sendo tratada caso a
caso, mediante acordo de vontades entre o empreendedor e o proprietário do terreno onde
o parque eólico foi ou será instalado.
15
Cabe ainda ressaltar que uma pequena parcela desses contratos não possui disposições
sobre descomissionamento, ou seja, não aponta quem (empreendedor ou proprietário)
ficará encarregado de fazer o descomissionamento do parque.
De acordo com a American Wind Energy Association (2020), o aço, o cobre e outros metais,
que compõem o maior volume de uma turbina, possuem valor residual e podem ser
reciclados. Knutson (2019) aponta que a maioria das partes elétricas e metálicas são
recicladas, ao passo que pás e lubrificantes a base de óleo e graxas são descartados. Outro
destino possível para a maior parte das peças de um aerogerador é a sua venda para
parques eólicos nos mercados da Ásia ou África. Estima-se que os EUA terão mais de 700
mil toneladas de material de pás descartadas nos próximos 20 anos, sendo que o mundo
pode vir a descartar milhões de toneladas até 2050 (Bomgardner & Scott, 2018). Na Europa,
onde a disponibilidade de espaço é restrita e a rigidez das normas de gestão de resíduos é
maior, também há a tendência de que os componentes retirados de parques antigos sejam
revendidos para países em desenvolvimento (Institute for Energy Research, 2019).
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Os cabos aéreos deverão ser removidos, no entanto, os subterrâneos podem ser mantidos
a depender da relação custo-benefício socioeconômico e ambiental do procedimento de
escavação, considerando os outros usos e a drenagem do terreno. A regulamentação
internacional também apresenta variação no que se refere à retirada dos cabos
subterrâneos, mas sabe-se que para alguns locais ela é obrigatória. Onde não há essa
obrigatoriedade, preconiza-se que as extremidades dos cabos devam ser enterradas a
profundidades que podem variar entre 0,5 m e 1,2 m (Machuca, 2015).
As pás dos aerogeradores são compostas por uma mistura de resina termofixa
(frequentemente o epóxi) e fibra de vidro que, diferentemente de outros termoplásticos,
não pode ser simplesmente derretida e reciclada (Institute for Energy Research, 2019;
Bomgardner & Scott, 2018). Tal característica faz com que o seu destino seja objeto de
grande preocupação para o meio ambiente. Martínez et al. (2018) estimam que 100% do
material das pás seja disposto em aterros sanitários, à semelhança do que ocorre com a
borracha, PVC e outros plásticos que compõem os parques eólicos.
Uma destinação apontada para as pás é a trituração e confecção de granulados que podem
ser usados em pisos, paletes e tubulações. Após a trituração, adição de adesivos e
compressão, os resíduos das pás podem gerar painéis resistentes a fogo e umidade (devido
à presença da fibra de vidro), propriedades ideais para a construção de prédios comerciais
e industriais. Esse tipo de material isolante para edificações pode ser produzido também a
partir da pirólise das pás compostas por epóxi (Bomgardner & Scott, 2018), técnica também
conhecida aqui no Brasil (Guerrero et al. 2011).
17
18
Caberá ao empreendedor avaliar a melhor decisão. Alguns aspectos que afetam a decisão
são a avaliação de integridade dos equipamentos, a regulação sobre repotenciação,
regulação ambiental, requisitos para o prolongamento da vida útil, possibilidade de
renovação do arrendamento das terras, atratividade técnica e econômica da terra (inclusive
para outras atividades) e os subsídios existentes tanto para os parques em operação como
para parques novos que venham a ser construídos. Os ativos de transmissão possuem vida
útil mais longa que as máquinas, e a avaliação deve contemplar inclusive o sistema de
transmissão. Outra situação que pode contribuir para a decisão é a garantia do
fornecimento de peças, como rotores e naceles, pelos fabricantes.
Segundo Lantz, Leventhal, & Baring-Gould (2013) alguns fatores críticos para a atratividade
da repotenciação são os preços de venda de energia, a durabilidade e confiabilidade dos
aerogeradores, o avanço tecnológico, o quanto será possível reutilizar da infraestrutura
existente e o recurso eólico disponível. Além disso, a regulação ambiental e a existência de
parques vizinhos na região à jusante do parque podem afetar a decisão de repotenciação
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Bona, Ferreira & Duran (2020) avaliaram o potencial para repotenciação no Brasil e
simularam diferentes cenários técnicos e economicos para determinar quais os parâmetros
mais relevantes para um projeto de repotenciação. Pela perspectiva técnica concluíu-se que
a atividade de repotenciação no Brasil deveria focar inicialmente em turbinas com menos
de 2 MW, atualmente distribuidas em 179 parques eólicos no país, e que, em um cenário
de contínuo decréscimo de tarifas de venda de energia nos leilões, a repotenciação poderá
se tornar atrativa economicamente, mesmo antes do fim da vida útil das turbinas.
Caso o local seja apropriado para repotenciação deve-se avaliar a idade ideal para fazer a
substituição das turbinas. Se a repotenciação não for possível, pode-se avaliar a extensão
da vida útil. A principal questão é se os custos operacionais serão equilibrados pela receita
da energia que será produzida (Ziegler et al., 2018). Em termos financeiros importa
considerar o retorno financeiro de um investimento em repotenciação com o retorno do
investimento em um parque novo, por exemplo. Ao se considerar uma extensão da vida
útil importa contabilizar os gastos com manutenções mais frequentes e trocas de peças.
Não sendo viáveis a repotenciação e nem a extensão da vida útil, a opção é o
descomissionamento.
Ressalta-se também a possibilidade de que o empreendedor opte por adotar opções mistas
em seus parques eólicos, em que parte das turbinas são descomissionadas e repotenciadas
e parte tem a sua vida útil estendida, por exemplo.
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Para subsidiar este estudo, apresenta-se a experiência internacional como uma forma de
identificação de desafios futuros, aprendizado das iniciativas que obtiveram bons resultados
e sugestões de procedimentos que poderão ser adotados ou adaptados para a realidade
brasileira. Nos documentos referenciados nesta pesquisa internacional, verifica-se que
aspectos regulatórios, ambientais, subsídios financeiros e aspectos relacionados a evolução
tecnológica são os fatores que influenciam decisivamente nas iniciativas desenvolvidas
nestes países.
3.1 Europa
De acordo com o WindEurope (2020), existem atualmente 34.000 turbinas com mais de 15
anos de operação, representando 36 GW instalados onshore. Desse total, estima-se que
9GW tenha entre 20-24 anos de operação e 1 GW com 25 anos ou mais.
Para o mercado europeu, o relatório Wind Energy in Europe Outlook 2023 (WindEurope,
2019) aponta que dos cerca de 22 GW de projetos eólicos que atingirão 20 anos entre 2019
e 2023, 18 GW terão sua vida útil estendida, 2 GW serão descomissionados e 2 GW serão
repotenciados, aumentando a potência instalada. De acordo com esse estudo, em 2019,
178 MW de usinas eólicas foram descomissionados e 185 MW foram adicionados através
21
Esse estudo identifica que as principais razões para os números baixos são a falta de
regulação, dificuldades de autorização e preços altos de energia. Segundo o mesmo
relatório, a Comissão Europeia recomenda que, para cumprir o objetivo de 32% em energias
renováveis, os países membros precisam ser mais específicos em suas medidas regulatórias
para implantação de projetos de energias renováveis, em particular no que diz respeito à
repotenciação. Em geral, nos países onde não se encontra legislação específica para a
desativação do parque, o local de instalação deverá ser retornado às condições originárias
anteriores.
Verifica-se que as regras ambientais atuais na Europa são mais restritivas do que na época
de instalação dos primeiros parques eólicos, dificultando a repotenciação em muitos locais.
Na Alemanha cerca de 40% dos projetos existentes não serão elegíveis para repotenciação
por conta de mudanças regulatórias e, possivelmente, terão sua vida operacional estendida
ou serão descomissionados.
De forma geral, a prática de extensão de vida útil tem prevalecido na Europa, com tendência
de aumento nos próximos anos, até que os subsídios fiscais ou tarifas feed-in expirem. Para
tanto, alguns países (Alemanha e Dinamarca), estabeleceram requisitos relativos aos
serviços de inspeção e certificado de segurança, cobrindo os componentes estruturais,
enquanto outros, como Espanha e a Grã-Bretanha aplicam os mesmos requisitos de novos
projetos, independentes da idade da turbina (Ziegler et al., 2018).
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A partir de 2021, estima-se que 4.000 MW instalados não serão mais beneficiadas pela
tarifa feed-in, e até 2025, uma média de 2.400 MW por ano perderá este subsídio, levando
a indústria eólica alemã a focar no descomissionamento e repotenciação em larga escala,
com substituição dos atuais equipamentos com longo tempo de operação por outros mais
novos.
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DINAMARCA - As usinas repotenciadas podem participar dos leilões “de energia neutra”,
que têm por objetivo diminuir as emissões de gás carbônico (meta de redução em 70% até
2030). Em relação ao descomissionamento, as autoridades locais têm autonomia sobre a
definição dessas condições já no licenciamento para construção e operação. O
descomissionamento deve ser iniciado, no máximo, 1 ano após o término de operação do
parque.
ESPANHA – Em função dos incentivos dados aos primeiros parques, o que não ocorre para
novos empreendimentos ou para repotenciação, a extensão de vida útil tem sido preferida
pelos empreendedores por representar um menor custo de investimento, embora ainda
existam áreas disponíveis com bom recurso eólico (Ziegler et al., 2018).
FRANÇA - Apresentou em 2020 seu Plano Nacional de Energia e Clima (NECP) para 2030.
O país busca atingir 33% de energia renovável em sua matriz energética em 2030 e, para
isso, o governo busca, dentre outras ações priorizar a utilização das áreas dos parques em
fim de vida útil para repotenciação. A repotenciação e descomissionamento dos parques na
França, assim como a instalação de novos, são regulados pelo Código Ambiental (Code de
L’environnement) (Wind Europe, 2020).
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ITÁLIA - Parques repotenciados podem participar dos leilões de energia juntamente com
os parques novos, como forma de incentivar a modernização dos parques existentes. Em
relação a repotenciação e descomissionamento de turbinas eólicas são tratados no Decreto
Ministerial de 10/09/2010, intitulado “Guidelines for authorisation of plants powered by
renewable sources” (Wind Europe, 2020).
PORTUGAL - Segundo Simões et al. (2019), a capacidade eólica próxima ao fim de vida
útil em Portugal é da ordem de 50 MW. Contudo, a capacidade em operação de turbinas
com potência nominal inferior a 2 MW, cuja substituição é desejável é de aproximadamente
690 MW. Os autores apontam que o processo de reconfiguração das usinas carece de
regulamentação específica no que diz respeito a questões ambientais, sendo importante
que a avaliação de impactos reflita o conhecimento acumulado, não só na avaliação
efetuada quando do licenciamento do projeto inicial, mas também durante o processo de
monitoração ambiental dele.
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REINO UNIDO - A maioria dos parques eólicos do Reino Unido recebe autorização de
outorga de operação por um prazo de 25 anos. No final deste prazo, as turbinas
normalmente precisariam ser removidas e o local retornado ao seu uso anterior, de acordo
com as normas ambientais vigentes. Mas uma medida do National Planning Policy
Framework, lançado em julho de 2018, permitiu às autoridades locais avaliar propostas
para atualizar ou renovar os parques eólicos instalados. Até 2018, a maioria dos parques
eólicos que atingiram o limite de 25 anos de operação tiveram a permissão para estender
o período de operação por até 10 anos adicionais. No ano de 2019, 22 parques tiveram
permissão para serem repotenciados, enquanto apenas dois foram desativados. Em média,
a repotenciação aumentou a produção dos parques em 155% e reduziu o número de
turbinas em 39%, enquanto a altura dos aerogeradores aumentou 90%. Reporta-se que
essas mudanças causaram dificuldades para as autoridades locais avaliarem o impacto
visual do novo layout junto ao público em geral e moradores locais (RTPI, 2020). Os
requisitos de descomissionamento são estabelecidos nas condições do licenciamento e,
para a permissão, os custos de desativação devem ser previstos no planejamento original
de instalação. Não existe legislação específica para disposição final de resíduos de
fundações de turbinas eólicas.
SUÉCIA - O Código Ambiental Sueco não permite a extensão da licença ambiental após
seu vencimento, sendo necessária uma nova, que também pode ser exigida quando da
instalação turbinas eólicas adicionais. Em qualquer caso, as licenças ambientais abrangem
inclusive a desmobilização, sendo necessária novas licenças para construção e operação de
novo parque eólico.
26
Atualmente, nos Estados Unidos, ocorre uma crescente busca por repotenciação parcial,
em função dos Créditos Fiscais de Produção (PTC´s) para fontes renováveis e, também por
conta dos avanços tecnológicos que aumentam a eficiência das turbinas e sua vida útil,
além de reduzirem os gastos com manutenção. Entre os anos 2017 e 2018, foram
contabilizados 23 projetos de um total de 3.445 MW de capacidade e 2.425 turbinas que
passaram por repotenciação parcial. A maior parte dessas modificações envolveram
aumento no diâmetro do rotor e trocas de componentes da nacele, havendo poucas
modificações na altura do rotor e na potência unitária (Wiser & Bolinger, 2019).
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3.4 China
O mercado de repotenciação na China deve crescer a partir de 2023, onde espera-se que
mais de 21 GW de capacidade sejam repotenciados entre 2019 e 2028. Atualmente a
repotenciação ainda encontra obstáculos na China devido ao vencimento das tarifas feed-
in. A repotenciação deverá ter seu crescimento a partir da diminuição da disponibilidade de
locais com bons recursos dos ventos para novos projetos. Também se estima que, à medida
que os subsídios sejam cortados e o mercado de novas construções desacelere, os
desenvolvedores se concentrarão no mercado de repotenciação para novos investimentos
(Energy Global, 2019).
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Este capítulo apresenta um panorama dos parques eólicos localizados no Brasil conforme o
tempo de operação dos empreendimentos, a potência instalada, a evolução das
características tecnológicas e os fatores de capacidade, com enfoque maior nos parques
que, até 2030, atingirão 20 anos de operação.
4 Global Wind Atlas 3.0, um aplicativo gratuito desenvolvido, pertencente e operado pela Universidade Técnica
da Dinamarca (DTU) em parceria com o grupo Banco Mundial, utilizando dados fornecidos pela Vortex, e
financiamento do Programa de Assistência à Gestão do Setor de Energia (ESMAP). https://globalwindatlas.info
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600
Número de Aerogeradores
500
400
300
200
100
0
1998 1999 2002 2004 2006 2007 2008 2009 2010
30
Durante a elaboração desta Nota Técnica, foram realizadas reuniões com pesquisadores e
proprietários dos parques eólicos mais antigos, buscando identificar suas percepções e
planos. Agradecemos às pesquisadoras Lívia Tavares Ornellas, Ana Paula Monção, Luzia
Aparecida Tofaneli e Marinilda lima Souza; e às empresas Copel, CPFL Renováveis,
Energimp, GE Renewable Energy, Iberdrola (Neoenergia), Omega geração e Wobben
Windpower por compartilharem seus estudos e opiniões, contribuindo para este
documento.
31
4.1 Equipamentos
Entre 1998, ano de entrada em operação do parque mais antigo em operação atualmente,
e 2020 observa-se uma expressiva evolução tecnológica. A Figura 6 apresenta a média da
potência nominal, da altura e do diâmetro das turbinas utilizadas nos parques por ano de
entrada em operação comercial, obtidas por meio dos sistemas SIGEL e SIGA da ANEEL.
Os primeiros parques possuem turbinas com 0,5 MW de potência unitária e menos de 50 m
de altura do cubo e de diâmetro do rotor. As turbinas instaladas em 2019 possuem, em
média 2,4 MW de potência, 95 m de altura do cubo e 112 m de diâmetro do rotor. Observa-
se grande mudança principalmente quando se compara os diâmetros adotados nos
primeiros parques com aqueles de 2019.
Ao analisar os parques habilitados para participar dos leilões em 2019 (EPE, 2020) observa-
se uma diferença ainda maior: em média, a potência unitária das turbinas foi de 3,2 MW e
32
3,0 140
2,5 120
100
2,0
80
1,5
60
1,0
40
0,5 20
0,0 0
2013
2017
1998
1999
2002
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2014
2015
2016
2018
2019
Média de Potência Nominal da Turbina(MW) Média de Altura do Eixo do cubo (m)
Média de Diâmetro do Rotor (m)
Destaca-se, dentre as regras para habilitação técnica para participação nos Leilões de
Energia, o requisito de que os aerogeradores sejam novos, ou seja, sem nenhuma utilização
anterior. Considerando que os primeiros leilões com participação da fonte eólica ocorreram
quando os parques europeus passavam pela primeira onda de repotenciação (vide capítulo
3), entende-se que essa regra contribuiu para evitar o uso de máquinas desmobilizadas e
para o desenvolvimento do mercado nacional.
Neste item, são apresentadas algumas análises com o objetivo de comparar a produtividade
dos parques eólicos contratados via PROINFA com os parques mais atuais.
Assim como o vento, a produção dos parques eólicos também varia ao longo dos anos. É
interessante avaliar se esta variação se deve apenas à variabilidade do vento ou se também
existem questões operacionais.
33
200%
30% 26%
180%
Energia Média (W/m²)
160%
20%
140% 12%
120% 10%
3%
100% 0%
80% 0%
60%
-3%
-10% -6%
40%
20%
-20% -14%
0% -18%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
-30%
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
200%
30%
180%
Fator de Capacidade
A mesma análise foi feita para parques do PROINFA localizados na região Sul, conforme
mostrado na Figura 8. Observa-se que, em 2012, os dados de geração não estão coerentes
com o vento. Pode-se inferir que um ou mais parques do PROINFA tiveram problemas
operacionais naquele ano. Porém, nos anos seguintes, a geração média está coerente com
as variações do recurso eólico.
34
100% 0%
-1%
50%
-10%
-9% -8%
0%
-14%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez -20%
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
250%
20%
Fator de Capacidade
200%
8%
10% 6%
150%
1%
100% 0%
0%
-2% -2%
50% -4%
-10% -7%
0%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez -20%
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Para esta análise, as usinas foram selecionadas de acordo com o estado em que se localizam
e com a distância da costa, de modo que os parques estivessem submetidos a
características locais semelhantes. Foram analisados os fatores de capacidade nos anos de
2018 e 2019 das usinas instaladas no litoral da região nordeste e no litoral da região sul.
No processo de composição das amostras foram excluídos aqueles parques com geração
nula em três ou mais meses do período. Além disso, também foram excluídos os parques
que apresentaram fatores de capacidade médios anuais extremamente baixos para
condições normais de operação, inferiores a 10%, configurando uma situação prolongada
de baixa geração de energia e ocasionada, provavelmente, por problemas técnicos. Cada
parque foi classificado de acordo com o seu ano de entrada em operação. Nesta análise,
não foram selecionadas as tecnologias dominantes ou representativas de cada período,
levando-se em consideração, apenas, o ano de entrada em operação comercial,
independentemente se o projeto utilizou os aerogeradores mais modernos disponíveis na
época ou os de tecnologia mais consolidada. Os projetos mais recentes passaram a adotar
35
50,0%
45,0%
40,0%
Fator de Capacidade Médio Anual
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Parques de 2006 a Parques de 2009 a Parques de 2012 a Parques de 2015 a
2008 2011 2014 2017
FC Médio - 2018 28,1% 28,0% 36,7% 45,9%
FC Médio - 2019 32,1% 30,3% 33,5% 42,9%
Figura 9 - Fator de capacidade médio nos anos de 2018 e 2019 – Litoral Nordeste
Baseado em: CCEE, (2020), ANEEL (2020b).
36
50,0%
45,0%
Fator de Capacidade Médio Anual
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Parques de 2006 a Parques de 2009 a Parques de 2012 a Parques de 2015 a
2008 2011 2014 2017
FC Médio - 2018 26,0% 32,7% 33,1% 38,3%
FC Médio - 2019 23,6% 31,0% 31,2% 35,8%
Figura 11 - Fator de capacidade médio nos anos de 2018 e 2019 – Litoral Sul
Baseado em: CCEE, (2020), ANEEL (2020b).
37
Como apresentado no item 4.1, os equipamentos instalados nos parques contratados via
PROINFA são muito diferentes dos equipamentos atuais, tanto em potência instalada,
quanto em altura do hub e diâmetro do rotor. Portanto, é importante analisar qual a
diferença ao usar novos aerogeradores em substituição aos aerogeradores antigos.
Para este exercício, foram feitas simulações utilizando um local representativo do litoral do
Nordeste e outro do litoral do Sul. As estimativas foram feitas utilizando o software
Windographer com dados reais de medição de vento de 10 em 10 minutos entre os anos
de 2012 e 2019. Por ser um estudo simplificado não foi analisada a disposição dos
aerogeradores no terreno (layout), nenhuma perda foi considerada, inclusive a perda
devido à interferência entre as turbinas e os resultados representam a produção bruta dos
aerogeradores.
O objetivo é simular um parque existente, com potência instalada de 42 MW, passando por
uma repotenciação total, com troca de todos os aerogeradores, mas sem mudar a
potência instalada, dada a possível restrição de aumento da capacidade de escoamento.
Representando os parques antigos, são usados 2 modelos de aerogeradores instalados em
parques no Brasil. Note que, mesmo para os parques antigos, existem diferenças
significativas na tecnologia usada. Para representar os parques atuais, foi utilizado um
38
39
80 73 73 71 70 64
68 60 58 59
58 57
70 61 62 60 55
51
60 54 53
49 50 48 50 41
47 47 45 38 36 36 38 37
50 41
40 40 40 34
38 31
34
40
28 30
26 30
23 40 41 40 34
30 22 37 31 29 29 31 30
34 20 27
20 30 25
28
22 23
20 10
10 18 17
0 0
Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
40 40 39 41 40 40 33 33
39 32
36 30 30 30
40 35 34 28
32 27
30
29 28
26 27 27 26
30 24 35
35 28 28
27
30 20 25 25 25
29 23 22
20 27
24 23
21 22 22 21 20 10
10
0 0
Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
40
Já nos Leilões de Energia os contratos para a fonte eólica são de 20 anos. Logo, tendo
comercializado em leilão, não existe impedimento legal para que os parques continuem a
operar após o prazo final dos contratos, desde que estejam regularizados perante o poder
concedente e demais órgãos.
Nesse sentido, cabe destacar a diferença entre os prazos de contrato de venda de energia
e de autorização. Enquanto os primeiros são de usualmente de 20 anos nos Leilões de
Energia, as outorgas de autorização têm vigência de 30 a 35 anos. Portanto, encerrado o
contrato, o empreendedor ainda pode continuar operando sua usina por alguns anos
adicionais, restando a definição sobre a comercialização da energia nesse período.
No caso do ACR, eventualmente essa comercialização poderia ocorrer por meio dos leilões
de energia existente, embora estes leilões usualmente considerem apenas a participação
de termelétricas. No entanto, para o caso de modernização dos aerogeradores, a forma de
se comercializar a energia passa pelo entendimento da alteração técnica que será realizada
41
Destaca-se também uma mudança introduzida recentemente pela Medida Provisória (MP)
nº 998/2020 ao tratar das reduções nas tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão
e de distribuição (TUST e TUSD) para determinadas fontes, inclusive a eólica. A MP prevê
a manutenção dos descontos aos novos empreendimentos e ao montante acrescido de
capacidade instalada, desde que solicitação seja feita dentro de 12 meses e de que a
operação inicie em até 48 meses após a outorga (nova ou alterada). Tal medida pode
representar um benefício para a repotenciação (parcial ou total) que resulte em potência
adicional. Porém, a MP restringe o desconto ao prazo da outorga, não sendo aplicado no
caso de prorrogação. Adicionalmente, a validade desta medida dependerá de sua
manutenção no texto final e da conversão da MP em Lei, ainda não ocorrida até a conclusão
desta Nota Técnica.
42
43
Como foi relatado nos capítulos anteriores, as usinas eólicas brasileiras mais antigas
aproximam-se de vinte anos de operação, período em que a vida útil dos equipamentos
entra em vias de encerramento. Embora os parques possam ser tecnologicamente
modernizados, a decisão do empreendedor resulta da análise econômica baseada na
regulamentação e oportunidades vigentes.
Para o planejamento energético, uma série de questões se levantam ante essa situação: a
demanda pode contar com o suprimento de energia eólica desses parques em fim de vida
útil? Em caso de descomissionamento do parque para aproveitamento do sítio em novo
layout, o terreno onde o parque se assenta permite maior aproveitamento do recurso eólico
sob a nova condição tecnológica? Quais os efeitos operativos trazidos ao SIN, tendo em
vista os critérios de suprimento de energia? Como o sistema e o custo marginal de operação
seriam afetados pela desativação, mesmo que gradual, do grande número de parques
economicamente não-repotenciáveis ou operacionalizáveis além da vida útil original?
Nos Planos Decenais de Expansão de Energia (PDE), por exemplo, ao contrário das
termelétricas, a saída das eólicas ainda não é considerada nesse horizonte de planejamento.
Mas, dada a relevância que esse tema deve ganhar, os avanços necessários para essa
consideração nos planos futuros já estão em estudo pela EPE. Para tanto, os
questionamentos acima se fazem necessários.
44
Com relação à rede em que se conectam os parques, ou conjuntos de parques, aos troncos
de transmissão, em caso de desativação do parque eólico, em muitos casos, o
empreendedor seria o responsável pelo seu descomissionamento. No entanto, em outros
casos ela é incorporada à rede básica e, em caso de desativação do parque eólico, a rede
não seria necessariamente descomissionada. É importante considerar que os ativos de
transmissão têm vida útil maior que a dos aerogeradores. Um questionamento que surge é
se a rede elétrica, de responsabilidade do SIN, projetada e operada para injeções de
potência do parque a ser desativado requereria investimentos adicionais como efeito da
desmobilização da usina. A rede é dimensionada tanto para escoar geração quanto para
aumentar confiabilidade. Então pode haver casos em que algum reforço de menor porte
seja necessário. Isso deverá ser analisado caso a caso, já que a rede evolui com o tempo,
tanto em termos de topologia como carga e outras gerações.
45
Embora haja tempo até o encerramento da maioria dos contratos, permitindo a análise
cuidadosa pelos empreendedores, o planejamento deve antever e antecipar questões e
ações, que vão se tornar cada vez mais relevantes, dada a quantidade de projetos eólicos
viabilizados nos últimos 20 anos. Assim, as respostas aos questionamentos formulados
nesta Nota Técnica deverão reduzir as incertezas para o planejamento.
46
Nos próximos 10 anos, muitos parques eólicos brasileiros irão ultrapassar 20 anos de
operação. Estes parques deverão optar entre: (i) continuar operando realizando apenas
alguns ajustes em seus equipamentos; (ii) continuar operando mantendo as fundações e
torre, mas substituindo componentes como rotor, nacele e drive-train; (iii) descomissionar
os aerogeradores desde as suas fundações e aproveitar o local para instalar novos
equipamentos; ou (iv) desativar totalmente o parque. Foram apontadas ações de
modernização e de descomissionamento de turbinas eólicas usualmente praticadas quando
os empreendimentos eólicos se aproximam do fim da sua vida útil operacional, avaliando
para cada alternativa as vantagens, barreiras, pontos de atenção e outros fatores que
podem afetar a decisão do proprietário de repotenciar, estender a vida útil ou desativar
seus equipamentos.
Na sequência, o capítulo 4 indica a situação dos parques brasileiros, apontando seu tempo
de operação e características técnicas, mostrando a relevância que as ações de
modernização devem ganhar nos próximos 10 anos, dado que , mais de 50 parques eólicos,
com potência instalada que ultrapassa os 900 MW, já terão ultrapassado os 20 anos de
operação e contrato, sendo que quase a totalidade desse montante é proveniente de
47
Conforme o exposto, conclui-se que questões referentes ao fim da vida útil operacional de
parques eólicos se tornarão cada vez mais relevantes no Brasil e os agentes devem começar
a se planejar. Avaliações econômicas diante das oportunidades regulatórias e tecnológicas
possíveis serão preponderantes na decisão dos empreendedores. Especial atenção deve ser
dada às atividades de descomissionamento e disposição de resíduos que necessitam ser
planejadas com antecedência.
48
Ainda não foram realizados muitos estudos sobre questões relativas ao fim de vida
operacional de parques eólicos no Brasil, portanto existem numerosas possibilidades de
estudos futuros. Cada um dos temas tratados nesta Nota Técnica pode ser aprofundado
em outros trabalhos. Destacamos a importância de estudos que tratem dos seguintes
aspectos:
• Estudo dos benefícios e desafios de cada alternativa para o país como um todo e
para o consumidor de energia elétrica (incluindo a questão ambiental).
49
AMARAL, B.M. Modelos VARX para geração de cenários de vento e vazão aplicados à
comercialização de energia, Dissertação de Mestrado, PUC-RIO - Pontifícia Universidade
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50
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56
2016 52% 85% 78% 90% 79% 93% 120% 134% 145% 145% 133% 113%
2017 102% 78% 50% 64% 59% 83% 97% 110% 148% 132% 103% 94%
2018 80% 47% 45% 45% 59% 84% 105% 114% 133% 110% 124% 86%
2019 91% 49% 40% 36% 56% 88% 87% 130% 138% 135% 116% 107%
SUL (Fator de Capacidade Médio = 29,0%)
2012 96% 69% 81% 90% 81% 68% 90% 126% 144% 133% 102% 94%
2013 95% 73% 84% 103% 71% 78% 61% 98% 101% 126% 166% 118%
2014 68% 91% 85% 98% 68% 110% 115% 103% 137% 127% 104% 94%
2015 68% 79% 90% 72% 92% 67% 77% 127% 97% 140% 141% 100%
2016 113% 82% 92% 100% 83% 95% 116% 86% 115% 180% 116% 100%
2017 85% 72% 98% 123% 118% 86% 92% 127% 126% 133% 105% 131%
2018 105% 83% 62% 56% 94% 82% 101% 128% 127% 119% 150% 101%
2019 95% 63% 88% 65% 77% 67% 97% 99% 104% 100% 145% 120%
2016 42% 67% 65% 74% 71% 94% 130% 136% 153% 142% 134% 96%
2017 87% 67% 42% 52% 59% 85% 117% 135% 174% 143% 117% 92%
2018 73% 40% 42% 39% 60% 89% 115% 125% 144% 111% 118% 74%
2019 68% 38% 26% 31% 54% 86% 79% 132% 134% 131% 106% 95%
SUL (Energia Média = 374 W/m2)
2012 106% 62% 77% 83% 77% 67% 87% 150% 197% 175% 137% 106%
2013 89% 67% 83% 97% 60% 76% 69% 85% 97% 141% 217% 112%
2014 63% 99% 70% 89% 57% 112% 104% 114% 153% 165% 116% 90%
2015 61% 64% 76% 65% 81% 51% 74% 119% 97% 165% 142% 100%
2016 115% 73% 85% 85% 67% 78% 155% 68% 142% 220% 104% 103%
2017 71% 65% 80% 125% 148% 78% 80% 164% 143% 142% 110% 123%
2018 91% 65% 45% 45% 81% 73% 99% 132% 125% 110% 157% 83%
2019 89% 49% 73% 52% 62% 51% 100% 85% 99% 97% 159% 113%
57