Você está na página 1de 16

Escola do Altruísmo Conteúdo

A Alma como palco de forças espirituais 1


Por Daniel Burkhard

Sumário

1) Introdução
2) Os buracos na alma - carências
3) Os demônios preenchem os buracos na alma
4) Como reconhecer os demônios
5) Os fantasmas em nosso pensar
6) A atuação dos demônios e fantasmas no social
7) Como lidar com os demônios
A estratégia dos demônios
Transformando demônios em órgãos de percepção, redimindo-os
8) Como lidar com os fantasmas
9) Seres espirituais
10) Anjos
11) Arcanjos
12) Arqueus

1.Introdução

Este trabalho tem como base o livro de Jaap van de Weg, médico antroposófico na
Holanda, com o título Mundos e Seres. (A alma como palco de forças espirituais)
Apesar do título meio assustador, o autor conseguiu trazer o assunto do
autoconhecimento, que tem como consequência direta o encontro com as forças do mal sem
qualquer ranço moralista ou religioso. Cada pessoa pode constatar por experiência própria aquilo
que ele apresenta. As únicas condições são criar momentos de silêncio e reflexão e uma
honestidade consigo mesmo.
Enxergo uma grande possibilidade de desenvolver o assunto com o apoio da musicoterapia
e da dramaterapia.

O livro descreve os demônios, os fantasmas e também os seres espirituais que atuam tanto
na alma do homem moderno quanto na sociedade por ele criada. Existem muitas pessoas que não
gostam de falar sobre demônios e fantasmas. Podemos denominá-los de maneira diferente, mas a
realidade deles não pode ser negada.

O mundo atual é uma verdadeira festa de demônios e fantasmas, tanto a nível individual
quanto coletivo. Endividamento econômico financeiro, poluição da Terra, destruição do meio
ambiente, aquecimento global, exploração predatória dos recursos naturais até a exaustão são

1
aspectos onde fazemos cheques pré-datados que deverão ser resgatados pelas gerações
vindouras. Isso é um egoísmo para o qual nenhuma palavra é suficiente.

Rudolf Steiner revelou numa de suas palestras o seguinte: No ano 1848, a


Humanidade passou pelo limiar para uma nova consciência. Este processo aconteceu
de uma maneira inconsciente para os Humanos. Mas é de uma importância
existencial, que os Humanos acordem e tomem consciência deste fato, do contrário
a Humanidade terá que passar por muitos sofrimentos. Faz parte desta nova
consciência, o acordar para a confrontação consciente com as forças contrárias ao
desenvolvimento, ou as forças do mal.

A imagem abaixo quer dar uma visão geral sobre as diferentes forças e entidades que
conforme a visão antroposófica atuam na alma humana.
A partir de nosso corpo que abriga nossos instintos, impulsos e necessidades emanam
forças para dentro da alma em forma de cobiças, que são as forças propulsoras para o nosso Ego e
que podemos chamar de forças de baixo ou forças inferiores.
A partir de nossa identidade espiritual emanam impulsos espirituais para dentro da nossa
alma em forma de valores, ideais, entusiasmo, alimentados pelo nosso Eu superior, que podemos
chamar de forças de cima ou forças superiores.
As duas forças se encontram no palco da nossa alma e lutam pela supremacia, mas
somente um Eu consciente pode decidir em cada momento a direção que quer seguir.
Nisso consiste o exercício da nossa liberdade.

2
Cada um de nós pode constatar estes fenômenos em nós mesmos nos momentos de
silêncio, quando conseguimos aquietar a alma. Mas logo de início deparamo-nos com uma
dificuldade que consiste no seguinte:
De cima entram impulsos espirituais em nossa alma que percebemos na forma da imagem
ideal que temos de nós mesmo.
De baixo adentram as forças negativas que habitam a nossa alma.
Existe uma discrepância entre aquilo que queremos ser e aquilo que atualmente somos.
Isso gera em nossa alma o sentimento de vergonha. Essa é uma experiência difícil de ser suportada
e muitas pessoas procuram evitá-la, fugindo para o barulho da vida. Naturalmente trata-se de um
processo subconsciente.

Outro aspecto importante é o fato de que o mundo astral é povoado por seres anímicos,
que são os demônios e os fantasmas. O mundo espiritual é povoado por seres espirituais que
conhecemos como hierarquias. (anjos, arcanjos, arqueus, etc.)
As duas categorias têm a sua atuação na alma humana e se expressam como forças
anímicas.
As forças espirituais são mais sutis do que as forças astrais. Os seres das hierarquias
pertencem ao mundo espiritual; os demônios e fantasmas pertencem ao mundo astral e por esta
razão falam muito mais alto do que os primeiros.
Podemos nos imaginar uma sala onde se toca música de Bach e ao mesmo tempo toca uma
banda de rock. Somente poderemos ouvir a música de Bach quando a banda de rock silenciar.

3
2. Os buracos na alma ou as nossas carências

As nossas carências, necessidades e frustrações cavam buracos na nossa alma, que


sentimos de maneira semiconsciente como vazio interior.
Os buracos mais importantes são:

Solidão Mágoa Medos Sentir-se rejeitado

Preocupações Frustrações Tédio Sentir-se ignorado

Carência afetiva Saudade Insatisfação Inseguranças, etc.

Observação:
O medo tem uma posição de destaque entre os buracos na alma. Ele é o buraco dos buracos. Ele
faz parte da própria existência. Podemos encontrá-lo em todos os níveis de nossa organização
humana.
. Como incerteza na cabeça, gerando um desconforto. (pensar)
. Como insegurança no coração. (sentir)
. Como medo na barriga. (querer)
. Como pânico (quando o medo toma conta do corpo todo e o Eu começa a se retirar)
. Hiperventilação (quando a respiração se torna cada vez mais rápida e superficial)
. Desmaio (quando o Eu se retira do corpo)

Nos buracos entram imediatamente forças, que emanam de seres que aparentemente
querem nos consolar e compensar nossa dor, tentando ocupar o espaço anímico, alojando-se nele
para estabelecer o seu poder sobre nós. Estes seres são os demônios. Quem tiver dificuldades com
o nome demônio pode chamá-los de sedutores.

3. Apresentação dos demônios sedutores

Os mais importantes são nossos conhecidos há séculos ou milênios e correspondem aos


sete pecados capitais.
Joost van denVondel, (1587 a 1679) em seu drama “Lúcifer” os denominou com nomes de
animais, o que pode ser um complemento interessante, já que todos os animais estão
incorporados em nossa natureza. São eles:

Leão: Orgulho, Vaidade (Stolz, Eitelkeit)

Dragão: Ressentimento, Ciúme, Vingança (Groll, Eifersucht)

Hipopótamo: Agressividade, Raiva (Agressivität, Wut, Ärger)

Macaco: Tesão, Luxúria (Geilheit, Wollust)

Lobo: Ganância, Avareza (Habgier,Geiz)

Porco: Insaciabilidade, Gula (Unersätlichkeit, Fresssucht)


4
Burro: Preguiça (Faulheit)

Para Jaap van de Weg os demônios são seres reais, que têm objetivos e estratégias para
nos seduzir e ocupar o máximo espaço possível de nossa alma. Eles consistem em energia
emocional.
Os demônios são obstáculos importantes e necessários ao nosso desenvolvimento. Eles
tentam nos seduzir e nos tornar dependentes deles. Cedendo a eles perdemos a nossa liberdade.
Eles são necessários ao nosso desenvolvimento porque ao superá-los nos tornamos mais fortes e
mais livres.

Os demônios da família da Gula (porco)

São basicamente os vícios que nos dominam e preenchem algum vazio na nossa alma
Os vícios mais importantes estão ligados com: Comida
Álcool
Fumo
Doces
Chocolates
Refrigerantes
Drogas etc.
A estratégia deste demônio é a seguinte:
. Ele procura um buraco na alma, p.ex. uma insatisfação.
. Ele oferece um meio para preencher o buraco (chocolate)
. Ele promove a repetição(mais chocolate)
. Ele estabelece um hábito (sempre junto com o cafezinho)
. Ele promove a dependência(o chocolate faz falta)
. A dependência se instala no organismo físico
. O vício arruína a saúde física.

Quando a alma é preenchida de interesses, engajamento e vontade criadora, os demônios


não tem vez. Mas uma vez instalados, a sua superação é desafiadora.

Os demônios da família da vaidade e do orgulho (Leão)

Este demônio é mais visível para as outras pessoas do que por nós próprios. Por isso é bom
ouví-las.
A imagem do leão macho é perfeita para representar esta família:
 Peito estufado
 Juba exuberante
 Exibição de força
 Procura colocar-se no centro das atenções
 O maior objetivo é exibir-se
 Nas reuniões de trabalho o objetivo de exibir-se é maior do que o objetivo do grupo
 O orgulho nos faz sentir maiores do que realmente somos
 A arrogância é outra expressão deste demônio
 A falsa modéstia é uma arrogância camuflada
 A ambição é outra expressão deste demônio

5
Também aqui podemos perceber uma estratégia do demônio:

. Esforço para se autopromover


. Testando os limites
. Lutando por poder
. Perda da autocrítica
. Perda dos limites
. Auto bajulação
. Loucura (Monstruosidade, Hitler, Stalin, Kadaffi, Sadam Hussein, etc. etc.)

Os demônios da família do ressentimento, do ciúme e da vingança (Dragão)

Ressentimento é a sensação de ser vítima de uma pessoa ou de uma instituição, sobre a


qual não temos influência. Vivenciamos que alguém nos faz mal sem termos condições para reagir.
Quando o demônio consegue fincar pé em nossa alma, ele nos faz lembrar de outros
episódios, quando isso também aconteceu. Agora é desencadeada a seguinte sequência:

. Vivenciamos um desagrado
. Lembramo-nos de outras situações anteriores
. Sentimos medo que outra situação igual se repita
. Já ficamos ressentidos de antemão
. O demônio já determina as nossas percepções, estreitando nossa visão.
. O ressentimento se acumula. Cada nova situação reforça o ressentimento.
. Ou estouramos ou partimos para a vingança ou empurramos tudo para dentro do corpo
físico causando sérios problemas de saúde (problemas de coração)
Muitos filhos cultivam um ressentimento contra os pais, às vezes, durante décadas ou a
vida inteira, o que lhes tira uma grande quantidade de energia criativa. O ciúme segue uma
escalação similar.

Observação
Pode parecer que devemos tirar os demônios a todo custo de nossa alma. Medo dos
demônios é uma péssima reação porque o medo estreita as nossas possibilidades de viver. Os
demônios fazem parte de nossa alma. O que devemos fazer é reconhecê-los, tirar deles o mando e
integrá-los em nossa alma. Em muitos casos os demônios nos ajudam em nossa sobrevivência
anímica.

Os demônios da família da preguiça (Burro)

Podemos encontrar os efeitos da preguiça em qualquer lugar


Como todos os demônios, também o da preguiça mostra apenas uma pequena parte da
realidade encobrindo a totalidade. Ele não sente responsabilidade pelo todo.
Alguns exemplos:
. A pessoa joga na rua a embalagem do biscoito que acabou de comer.
. Somente faço a manutenção do carro depois dele ter quebrado.
. Num acidente, na rua, muita gente vem correndo por curiosidade, mas ninguém se
mexe para ajudar.
. Preguiça intelectual: prefiro ver qualquer coisa na TV a ler um livro.
Num programa de televisão, os organizadores deitaram uma bicicleta no meio do caminho
para pedestres e esconderam uma filmadora por perto. Os pedestres preferiram contornar o
6
obstáculo e reclamar de tanto desleixo. Somente o vigésimo que passou levantou a bicicleta e a
encostou numa árvore.
Também aqui podemos observar uma escalada da atuação do demônio:
. Preguiça
. Conforto O vazio interior abre as portas para vários outros
. Desinteresse demônios, como raiva, gula, luxúria etc.
. Desleixo
. Tédio
. Vazio interior

Os demônios da família da Ganância e da Avareza (Lobo)

O grande impulso deste demônio é possuir. É o demônio do TER.


O gesto é pegar e agarrar. A ganância é diretamente ligada com a avareza, o medo de
perder. Propriedade e dinheiro podem gerar uma sensação de segurança, mas por outro lado
também o medo de perder.
A alegria de possuir algo novo é de curta duração. Então precisamos adquirir logo algo mais
novo. Novos produtos, novos modelos, anunciados com propaganda refinada, atiçam o demônio
da ganância.
Toda a nossa economia de consumo é calcada no demônio da ganância, que é diretamente
responsável pela destruição do meio ambiente.
A curiosidade é outra manifestação da ganância. Precisamos saber de tudo que acontece
ao nosso redor. Não se trata de um interesse genuíno, porém da necessidade de possuir a
informação, muitas vezes para alimentar a fofoca.
A ganância gera um fluxo de energia que tentamos roubar dos outros que os deixa
exauridos porque não existe troca. É pegar e pegar.

Os demônios da família da raiva e da agressão (Hipopótamo)

Quando ficamos com raiva, sentimo-nos mais fortes e causamos mais impressão nos
outros. Sentimo-nos invulneráveis. Crescemos para uma entidade que escapa do controle do Eu.
No momento que o Eu reassume o controle voltamos novamente para o tamanho natural.
Na raiva a energia é voltada para fora, somos autores.
No ressentimento a energia é voltada para dentro, somos vítima.
O autor e a vítima se complementam, porém de maneira não saudável.
O primeiro é seduzido pelo demônio da raiva, o segundo pelo demônio do ressentimento.
Este drama tende a se repetir.
Os dois preenchem buracos idênticos na alma: o da insegurança.
Muitas vezes a vítima acumula as suas vivências de ressentimento até o recipiente ficar
cheio então ele estoura e a vítima se torna autor.
Em seguida bate na porta o fantasma da culpa: Isso você não devia ter feito. Veja o que
você aprontou!
Quando a vítima não descarrega o seu ressentimento em forma de um ataque de raiva
para fora, por exemplo, por educação, a raiva é descarregada para o corpo físico e o resultado
pode ser uma enxaqueca, ou uma dor de estômago, formando com o tempo uma úlcera
estomacal.
Na raiva focamos a nossa atenção total num único ponto e queremos prejudicar o outro. O
nível de adrenalina sobe, os nossos pensamentos se aceleram, sentimos crescer a nossa força e
partimos para a ação.
7
Quando a raiva é armazenada, ela é comprimida e se torna ódio.
Agora tentamos destruir o outro.
Algo diferente acontece com a nossa ira, quando são feridos os nossos valores, como por
exemplo, pelos crimes de colarinho branco que ficam impunes.
A ira sagrada não entra na categoria dos demônios. Também se fala da ira dos deuses.

Os demônios da família da Luxúria (Macaco)

O demônio da luxúria procura dominar a nossa vida sexual.


Na cultura grega era o Deus Dionisos que seduzia as pessoas para os bacanais com muito
vinho e sexo, o que tinha a função de despertar as pessoas na área das emoções, para conectá-las
cada vez mais ao corpo físico, a fim de distanciá-los do mundo espiritual, ligando-os com a terra.
Hoje vivemos num ciclo de evolução diferente onde as pessoas devem buscar
gradativamente o afrouxamento dos seus laços com o corpo físico e com a terra.
O que no passado era benéfico, nos tempos atuais se torna prejudicial.
O demônio da Luxúria tenta empurrar o lado belo e positivo da sexualidade para o lado
pervertido da sexualidade.
Ela tem uma estratégia peculiar que consiste na criação de uma personalidade paralela em
nós, que pode se permitir a luxúria sem culpa e que foge do controle do Eu.
Mas apesar deste truque, num nível mais profundo, aparece a vergonha que põe em xeque
a nossa autoestima.
O gesto típico da Luxúria é conquistar – usar – descartar, sem amor e sem uma vivência de
troca amorosa entre duas almas.
Os homens são mais encarnados no corpo físico do que as mulheres. Por esta razão existe
mais literatura pornográfica masculina do que feminina.
Na sexualidade atuam seres ainda muito mais potentes. Porém no contexto deste trabalho
já avançamos um bom pedaço.
Com isso completamos a descrição de nosso zoológico e podemos começar a praticar um
pouco a diagnose, para reconhecer os demônios em nosso dia a dia em nós mesmos e nos outros.

4. Como reconhecer os demônios

Exemplo I

Jaap van de Weg conta a pequena história de Flávia, uma paciente dele, que poderá servir
de exemplo da atuação dos demônios na alma humana:

Convidei a minha amiga Débora para o chá das cinco. Uns dois dias antes eu fui ao
cinema e contei para a Débora com entusiasmo sobre o filme que havia visto. Era um filme
belo, sutil e muito inteligente. O trabalho dos artistas foi simplesmente fantástico. Faz
tempo que não havia visto um filme com esta qualidade.
A Débora me interrompe e diz que também viu o filme e que não gostou. Achou o
filme de mau gosto, superficial e chato. Não sei como você podia gostar deste filme.
Senti a reação da amiga como um tapa na cara. Senti como eu estava encolhendo e
me tornando pequena. Tentei não deixar transparecer o meu choque, mas quando a Debora
se despediu e eu fiquei sozinha, uma sensação terrível invadiu a minha alma. Senti uma

8
solidão e fiquei deprimida. Como de costume nestas ocasiões, tentei afastar os meus
sentimentos com um bom pedaço de chocolate. Mas logo em seguida me senti pior ainda
por não conseguir resistir ao chocolate. Mais uma vez você foi derrotada sua gorducha
nojenta!!!!

Em seguida a convidamos para analisar junto conosco a sua história nos quatro níveis:
O nível físico, onde relatamos fatos externamente visíveis.
O nível etérico, onde formamos imagens sobre os acontecimentos invisíveis.
O nível astral, onde descrevemos as forças anímicas que atuam no acontecimento.
O nível espiritual, onde reconhecemos os seres por trás das forças anímicas.

Nível físico:

Vejo duas mulheres conversando animadamente. Ouvimos as palavras. Podemos filmar


tudo. Vemos que uma das mulheres olha fixamente para o chão. Estamos no mundo objetivo.

Nível etérico:

O terapeuta convida Flávia para contar a sua história interior dramatizada em forma de
imagens, criando um pequeno drama que poderia ser o roteiro de um filme. Ela é a produtora da
peça.

Vejo duas mulheres conversando animadamente. Uma conta para a outra a sua
história com entusiasmo. De repente a ouvinte recebe um olhar fixo e na sua testa crescem
dois pequenos chifres. Ela dá um tapa na cara da outra. Esta leva um susto e encolhe,
ficando cada vez menor de tamanho. A outra cresce. Agora as duas são de tamanhos
diferentes.
De repente a anfitriã está sozinha. Ela se sente desolada com o que aconteceu.
Agora entra um senhor que parece ser gentil e oferece para ela uma barra de chocolate,
como consolo. Ela aceita e come o chocolate todo. O sedutor a observa com satisfação e
em seguida desaparece.

Estas imagens tem o valor de um sonho que também acontece em imagens. Estas imagens
dizem algo mais profundo sobre nós mesmos.

Nível astral:
Flávia continua seu relato: Nestes momentos eu sinto uma solidão. Não existem
pessoas por perto. Parece que estou numa paisagem ressecada e sem vida. Parece um
enorme deserto desolado. Não sei o que devo fazer lá.

Neste nível encontramos as forças que se encontram atrás das imagens. Entramos no
mundo da alma com as nossas emoções e sentimentos. Agora não se trata de percepções com os
olhos e ouvidos, mas de vivências interiores que são subjetivas e menos concretas do que as
impressões sensoriais.

9
São forças, por exemplo: humores, seduções, julgamentos, impulsos, cobiças, etc. Atrás
destas encontraremos uma camada ainda mais profunda onde vivem os seres dos quais estas
forças emanam. Podemos considerar as forças como os atos desses seres. Qual é a diferença entre
uma força e um ser? Um ser é maior e mais abrangente do que uma força. Um ser vive, tem
intenções e estratégias. Ele quer alcançar um objetivo. Ele atua e se relaciona com outros seres.
Outra diferença consiste no fato de que podemos nos relacionar ativamente com um ser e
nos comunicar com ele e até negociar.
Voltando para o relato da Flávia podemos verificar que ela se sentiu ferida, rejeitada,
diminuída e totalmente infeliz. Ela buscou o consolo no chocolate e depois ficou mais infeliz ainda
por ter cedido á sedução do chocolate e por sentir nojo de si.

Nível espiritual:
Neste nível encontramos a imagem ideal de nós mesmos, que poderemos alcançar no
futuro. São os nossos valores, os objetivos que dão sentido á nossa vida. Esta imagem tem um
caráter moral. Não devemos confundí-la com as normas de comportamento que a sociedade nos
impõe. Ideais e valores são forças criadoras. Em nossos ideais encontramos as possibilidades do
futuro. Na realização destes ideais nos tornamos criadores. Criadores de nós mesmos, porque
construímos a nossa própria almae criadores do mundo através daquilo que aparece para fora
pelos nossos atos.

Quem é aquele que trabalha de modo criativo em nossa alma? É aquela parte dentro de
nós que consegue distanciar-se de nós mesmos e observar nossos pensamentos. Com esta parte
podemos nos conscientizar de nossos sentimentos e impulsos volitivos e desta maneira conduzir a
nossa vida. Esta parte espiritual em nós é o Eu autoconsciente que também é parte do mundo
espiritual.
Valores são qualidades morais que habitam nossa região do sentir. Eles expressam a
maneira como lidamos uns com os outros. Eles atuam no aqui e agora.

5. Os Fantasmas em nosso pensar


Os fantasmas vivem em nosso pensar e por esta razão é mais fácil detectá-los. Da mesma
forma como os demônios criam estruturas fixas em nosso sentir, os fantasmas fazem o mesmo em
nosso pensar através de críticas, autocríticas, dogmas, crenças, preconceitos e normas. Dogmas e
normas podem, durante algum tempo, dar uma ajuda importante para a organização e
estruturação da convivência humana, mas quando se perpetuam transformam-se em fantasmas,
que começam a se tornar prejudiciais para o desenvolvimento.
Os fantasmas falam conosco interiormente. Eles comentam aquilo que outras pessoas
fazem em forma de crítica, mas também criticam tudo que nós fazemos. Eles sempre têm razão.
Eles não conhecem o amor. Fantasmas tentam transformar-nos em robôs que sempre fazem tudo
certo. Existe apenas uma maneira certa: a deles.

Os fantasmas mais importantes são:


O crítico para fora (procura os defeitos dos outros).
O crítico para dentro (você nunca acerta nada).
O perfeccionista (exige perfeição por medo de ser rejeitado).
O acusador (os outros são culpados pelos meus problemas).
O semeador de dúvidas (você tem realmente certeza?).
O sabotador (não vou conseguir mesmo).

10
Exercício I

Descreva uma situação que você sentiu como frustrante e como você lidou com ela.
Em seguida tente descrever a situação nos quatro níveis.
Em seguida escolha um colega do grupo para trocarem as suas experiências do exercício e
ajudem-se mutuamente a descobrir novos detalhes que o relator ainda não havia percebido.
Inicialmente sentimos alguma dificuldade para realizar este processo de conscientização,
mas com um pouco de treino ele se torna rotina e acontece automaticamente.
A melhor forma de praticar este treinamento é criar momentos de silêncio e recolhimento,
escolhendo eventos que aconteceram recentemente, revisitando-os novamente e descrevendo-os
nos quatro níveis.

Exemplo II
Tive um atrito com um colega de trabalho. Mostrei a ele uma falha no subprojeto dele que
poderia criar sérios problemas para o projeto todo.
A reação dele foi a seguinte: Estou sobrecarregado de trabalho. Vocês sempre empurram as
tarefas desagradáveis para mim.
Na realidade ele tinha se oferecido para assumir esta responsabilidade.
Perdi a paciência e respondi para ele parar de se lamentar deste jeito.
Perdemos o dia por causa desta briga.

Do lado externo o colega se defronta com a crítica.


Do lado interno ele se defronta com a sensação de culpa, vergonha e insegurança. Se ele
não assumir a responsabilidade a partir de seu Eu, o demônio do ressentimento se apodera dele
dizendo: Você tem toda razão, sempre abusam de sua bondade.
O narrador da história tem vários encontros ao mesmo tempo:
Ele encontra o colega com o qual ele tem uma diferença.
Ele encontra ao mesmo tempo o demônio do ressentimento do outro, que ele percebe
através de sua própria raiva.
A tentação é grande de responder com um demônio da mesma espécie, por exemplo:
Levantar, sair da sala e bater a porta atrás de si.
No mundo físico trata se de um erro cometido.
No mundo anímico trata se do embate do demônio do ressentimento com o demônio da
raiva. (Dragão x Hipopótamo)
Os dois Eus foram expulsos do cenário e os dois demônios travam uma luta.
Os bichos gritam tão alto que as pessoas não se ouvem mais.
Agora cada um deve fazer a sua lição de casa ou alimentar outros demônios.

Exercício II
Para cada sedutor podemos fazer as seguintes perguntas:
Quando o encontro dentro de mim?
Em quais hábitos ele se instalou?
Em quais momentos ele se torna ativo?
O que ele me oferece?

11
6. Demônios e fantasmas no social
Uma epidemia de proporções assustadoras é a obesidade.
O fastfood, por exemplo, transformou um número enorme de crianças, homens e
mulheres, em pacientes obesos, cardíacos, diabéticos e depressivos.
O excesso de ingestão de açúcar em forma de refrigerantes, bolachas, biscoitos e sorvetes
etc., destrói o instinto sadio das pessoas deste a época de criança.

Que demônios são responsáveis por esta calamidade pública?


Em primeiro lugar surge a Gula que se transforma gradativamente em vício, quando o
demônio já domina a pessoa.
Quem produz toda esta comida e porquê?
Como resposta encontramos a ganância por lucros cada vez maiores, independente de
questões morais.
O terceiro demônio desta história é a preguiça. Fastfood pode ser encontrado em qualquer
esquina da cidade sem o menor esforço.

Outro campo interessante para ser observado são os fenômenos ligados ao custo Brasil.
Uma série de leis, regulamentos, normas e procedimentos emperram a eficácia dos processos
burocráticos. Em certo momento eles ajudam a organizar e estruturar os processos, mas quando
se tornam ultrapassados eles se transformam em fantasmas.
Em muitos países do terceiro mundo existem elites que criaram culturas paralelas às
culturas reinantes no resto dos países. São culturas de opulência, de esbanjamento do dinheiro
público, onde reinam os demônios sem disfarce. Podemos identificar toda a fauna de demônios,
que atuam sem o mínimo constrangimento, retardando ou inviabilizando o desenvolvimento dos
respectivos países.

7. Como lidar com os demônios


A estratégia dos demônios pode ser explicada com a imagem do sapo.
Jogado na água quente o sapo vai tentar pular para fora.
Jogado na água fria o sapo fica, mesmo que a água vá sendo aquecida até ferver.

As primeiras reações para lidar com um demônio podem ser:


Negar a existência dele.
Fugir dele para outros ambientes anímicos, procurando os ruídos do mundo conhecido.
Banalizar
Pôr a culpa nos outros, geralmente nos pais.

Outras opções, pouco produtivas para os dias atuais são:


O banimento através do ascetismo, que era praticada nos conventos e em comunidades.
O deslocamento para a periferia da alma, o que consome muita energia e enfraquece a
pessoa, porque o demônio só espera a sua oportunidade para atacar novamente, por exemplo, no
alcoolismo, fumo, drogas, chocolate, doces. etc.
Outra forma de banimento acontece, por exemplo, quando engolimos a nossa raiva
empurrando o demônio para dentro do corpo físico, o que, a médio prazo, causa úlcera estomacal.

A opção recomendada para lidar com os demônios pode ser:


12
1- Reconhecer e aceitar o demônio
2- Permitir e observar a sua atuação
3- Integrar
4- Espiritualizar

1 - Reconhecer e aceitar a existência do demônio


Demônios relacionados com o medo são facilmente detectados.
Demônios relacionados com a vaidade são mais facilmente visíveis para as outras pessoas.
É bom ouví-las.

2 - Permitir a atuação do demônio e observar

Isso exige a presença de um Eu autoconsciente.


Se ele não estiver presente podemos criar prejuízo para nós ou para outros.
. O primeiro passo é acabar com todos os julgamentos morais a respeito.
. Observá-lo à distância: Como ele atua?
Quando ele atua?
Que estratégia ele adota?
Que buracos na alma ele preenche?
. Tentar conhecê-lo a fundo.

3 - Integrar
O demônio atua na região inferior da alma.
Quando o conhecemos bem podemos elevá-lo à região superior da alma, onde se torna
produtivo.
Alguns exemplos podem ilustrar isso:
O demônio da raiva tenta nos arrastar para uma raiva generalizada que torna-se destrutiva.
Ela estimula a outra pessoa a reagir com raiva também e o conflito está armado. Por fim lutam os
demônios, um contra o outro, e os Eus são desalojados do cenário.
Mas esta raiva pode ser transformada em autoconfiança e prestar um bom trabalho.
Nesse casoo demônio é colocado sob a tutela do Eu que consegue deixar claro onde estão
os limites, sem nos retirarmos precocemente do cenário. Podemos deixar claro até onde o outro
pode avançar dentro de nosso território.

O demônio da preguiça pode ser colocado sob a tutela do Eu e nos ensinar a sermos
preguiçosos nos momentos certos. É uma preguiça sadia que nos propicia momentos de silêncio e
reflexão.
O demônio da ganância pode se revelar como curiosidade exagerada, quando queremos
descobrir os aspectos íntimos das outras pessoas para o nosso proveito próprio.
Esta ganância pode ser transformada em curiosidade pelo conhecimento que pode evoluir
para o interesse autêntico pelo outro.

4 - Espiritualizar

Já verificamos como os demônios nos arrastam para a animalidade quando os deixamos


atuar livremente. Eles habitam a região ainda desconhecida pelo Eu. Em seguida havíamos
mostrado que colocando os demônios sob a tutela do Eu podemos criar a calma interior e
promover novas energias.
13
Podemos, porém, avançar mais um passo e adentrar mais uma nova região, que é a região
do espírito.
Valores, e ideais fazem parte da região do espírito. Nesta região o egoísmo já é superado.
Verdade, valores e amor são os elementos desta região.
Espiritualizar demônios significa colocá-los a serviço de um desenvolvimento espiritual.
O que isso significa para a raiva que já transformamos na fase anterior em autoconfiança?
Ela é levadaa um nível mais elevado e transformada em ira moral.
Ira moral se dirige a situações objetivas e o respeito pela pessoa continua intacto.
Eu odeio a mentira, mas respeito o mentiroso.
Eu odeio a corrupção, mas respeito o corrupto.
Eu odeio a gula, mas respeito o guloso.

Transformando Demônios em órgãos de percepção, redimindo-os.

Podemos perceber o mundo anímico através de certos sentimentos e emoções.


Vamos pegar como exemplo o aborrecimento, que seria então um buraco na nossa alma.
Algo de fora provoca uma contração na região do estômago.
Esta contração leva à percepção de um sentimento de irritação.

Se esta irritação persiste, ela se acumula e atola na região das emoções e não é trazida
para uma percepção consciente, causando a raiva que pode até causar problemas físicos. Quando
desenvolvemos o órgão de percepção do sentimento, (chacra de 10 pétalas) a irritação no plexo
solar é captada a tempo e conduzida ao pensar, com o qual podemos conectá-la a experiências
anteriores e colocá-la num contexto racional. Podemos então nos questionar: O que me causa esta
irritação? Isso exige presença de espírito, mas com algum treino podemos chegar lá.
Quando desenvolvemos o órgão de percepção da raiva, ele pode nos avisar imediatamente
se alguém procura nos atacar. Podemos então encarar o fato e lidar conscientemente com a
situação. Começamos então a entender o outro com as suas razões, o que pode gerar em nossa
alma o sentimento de compaixão. Neste caso redimimos o demônio da raiva.

8. Como lidar com os fantasmas

Podemos reconhecer os fantasmas individualmente em nossa alma, em discussões ou


reuniões. A caraterística principal deles é a crítica, a expressão caricatural, e a ausência de calor e
amor. Eles lidam com estereótipos, deturpações e arbitrariedades.
Querer enfrentá-los com bons argumentos é tempo perdido, principalmente na esfera
individual, pois eles dispõem da força do pensamento e de uma grande inteligência. Quanto mais
tentamos convencê-los, mais facilmente eles nos derrubam com seus argumentos.
O nosso crítico interior nos diz que aquilo que fizemos não é bom e ele sempre tem razão,
porque sempre alguma coisa pode ser feita melhor. A perfeição absoluta não existe.
O truque dele é tirar um exemplo fora de seu contexto. No momento que respondemos a
provocação já entramos no jogo dele e perdemos a visão do todo.

Na alma acontece uma luta entre o Eu e o fantasma. O Eu, a partir do interesse, tem
condições de corrigir as imagens fornecidas pelos fantasmas ampliando-as e integrando-as. O Eu
vive no elemento do amor. Quando o fantasma consegue a supremacia saímos da esfera do amor
para a esfera do desamor. Nesta esfera, o fantasma se torna cada vez mais poderoso dominando o
nosso pensar, tornando-nos cada vez menores.
14
Se o nosso Eu quer ser dono de nosso pensar ele deve estabelecer uma relação com o
fantasma tornando-o nosso servidor. Estou ouvindo o que você me diz. Estou grato pela sua
contribuição. Vou aproveitá-la. Desta maneira o fantasma se transforma gradativamente em
instância positiva.
Um bom exemplo pode ser o nacionalismo ou o racismo. Seria um erro grave querer
ignorá-lo. Mas o nosso Eu pode usá-lo para descobrir de maneira objetiva as caraterísticas de cada
raça ou povo e descobrir a contribuição, inclusive a nossa, que cada um tem a dar para o todo.

9. Os seres espirituais

Os seres espirituais das hierarquias dos anjos, arcanjos, arqueus, etc. têm uma atuação
mais sutil em nossa alma do que os demônios e fantasmas. Para criar órgãos de percepção dos
fantasmas e demônios precisamos nos conectar com vivências como: aborrecimento, dúvida,
decepção. Estes são sentimentos negativos que nos fazem sentir menores e provocam na alma um
movimento de retração.
Para termos uma percepção dos seres superiores precisamos nos conectar com vivências
como: entusiasmo, gratidão, saudade ou nostalgia. Cada um destes sentimentos nos abre outra
região do mundo espiritual.
Perante os demônios e fantasmas sentimos medo.
Perante os seres espirituais sentimos veneração, como os pastores do campo a vivenciaram
quando o céu se abriu para eles na noite de natal.
Assim como podemos desenvolver órgãos para percepção dos demônios e dos fantasmas
podemos desenvolver órgãos para percepção de seres espirituais.
Partimos novamente de um sentimento como, por exemplo, a comoção. Trata-se daquela
comoção que nos faz calar interiormente. Quando refletimos retrospectivamente podemos nos
perguntar: O que provocou este sentimento em mim? No fim de nossa retrospectiva meditativa
podemos chegar á seguinte pergunta: Quem irradia este efeito?
Como já vimos anteriormente partimos novamente do evento para a força e de lá para o
ser. Com cada um destes passos passamos por um novo limiar.

10. Anjo
O anjo nos acompanha de uma encarnação para outra e tem a função de nos proteger.
Nas crianças sentimos essa sua atuação de protetor diretamente.
Nos adultos percebemos a sua atuação nos fenômenos da providência, naqueles aparentes
acasos da vida que não conseguimos explicar.
O anjo guia nosso destino enquanto não temos a necessária consciência para assumir este
papel. Ele se confunde com o nosso Eu superior.
O sentimento que nos leva para perto do anjo é a saudade ou a nostalgia. Nostalgia é uma
força poderosa que pode nos abrir para a percepção do mundo espiritual. Nostalgia é maior do
que cobiça ou desejo. Ela pode nos levar para além dos limites estreitos da nossa existência diária.
No mundo inferior vivem os seres que querem nos dominar.
No mundo superior vivem os seres que nos querem ajudar, quando nos abrimos para eles.
Quando olhamos para a nossa biografia retrospectivamente ficamos maravilhados com o
modo como tudo se encaixou para compor uma grande sinfonia. Lembramo-nos dos momentos
felizes e dos momentos de desespero, quando tudo parecia não ter mais saída e percebemos
como tudo faz um profundo sentido. Isso á a obra de nosso anjo.

15
11. Arcanjo
Os arcanjos são os nossos inspiradores. Começamos a sentir a sua atuação principalmente
no meio da vida quando já saímos da fase do deslumbramento com a terra e entramos numa crise
de valores começando a nos questionar: O que finalmente eu vim fazer nesta terra? É a busca da
inspiração que tivemos e que nos preencheu de entusiasmo antes de chegarmos novamente á
terra. Foram os arcanjos que nos inspiraram para a nossa nova missão na terra.
Qualquer verdadeira missão pode ser descrita com palavras como: Cuidar de..., Justiça,
Ideias, etc.
Ao longo da primeira metade da vida muitas vezes a nossa missão fica enterrada debaixo
do entulho da vida diária. (educação, normas, hábitos, falsos valores, costumes etc.)
Mas no meio da vida as nossas decisões pré-natais buscam a sua realização, o que significa
muitas vezes uma crise existencial e uma mudança de vida ou profissão.
Na vida terrestre chamamos as inspirações dos arcanjos de ideais, valores e missão. Trata-
se de uma energia cósmica que quer ser liberada. Ela procura o seu caminho para o mundo, para
atuar como energia criadora através do serhumano.
Toda energia é o efeito de um ser.
Quando esta energia criadora não pode ser liberada podemos sentir na região do
estômago a irritação se acumular, que pode densificar-se a tal ponto que se transforma no ser de
um demônio da raiva. Com o passar do tempo podemos desenvolver a Síndrome de Burnout, que
é um tipo de stress psicológico.
Por exemplo, como enfermeira eu quero cuidar de pacientes, mas o fantasma da
burocracia me impede de realizar o meu impulso ou a minha missão. Em vez de gastar o meu
tempo com os pacientes eu o gasto preenchendo planilhas e formulários.
Iniciativas espontâneas nossas podem ser consideradas impulsos destes seres.
Quando procuramos na nossa biografia momentos onde tivemos iniciativas espontâneas
podemos eventualmente detectar um fio vermelho entre elas, o que certamente indica a
inspiração do arcanjo.
Quando a nossa decisão envolve dinheiro, interesse próprio, fama, poder, etc., podemos
saber que a iniciativa foi sequestrada por algum ou diversos demônios.
Uma categoria especial entre os arcanjos é o espírito do povo. É o ser espiritual que inspira
um povo e o torna uma unidade. Ele se manifesta na língua comum, na tradição e nos costumes
compartilhados.
Empresas e grupos podem atrair um espírito da empresa ou do grupo que se manifesta na
cultura da empresa ou na inspiração comum dos membros de um grupo.
Uma contribuição interessante neste sentido é o trabalho de Bert Hellinger com sua
Constelação Familiar que lida com o espírito da família.

12. Arqueus

Entre os seres que nos inspiram para a ação encontramos os arqueus, em forma de
espíritos do tempo. Eles inspiram nos humanos ideias e ações para impulsionar cada época.
Podemos observar como de maneira surpreendente aparecem em algum canto do planeta ideias
ou iniciativas que se espalham de maneira rápida e inexorável sobre um continente ou sobre o
planeta todo.

Mais informações sobre os seres espirituais: vide a Antroposofia de Rudolf Steiner.

16

Você também pode gostar