Você está na página 1de 10

Introdução

Querido leitor, temos estudado a psicologia gnóstica, que nos ensina as


chaves para Despertar a Consciência e para o Autoconhecimento, mas temos
que enfatizar que todos os estudos de psicologia que se deram através da
história, por muito respeitáveis que sejam seus autores, estão condenados
ao fracasso se não ensinam a forma precisa de eliminar o Ego, o Eu, o Mim
Mesmo; ou seja, não se trata de reprimir, nem de mudar um comportamen-
to, se trata de conhecer o Ego e eliminá-lo em sua raiz para assim poder Ser
verdadeiramente livre!

02
Instituto Gnosis Brasil · www.gnosisbrasil.com · fb.com/gnosisbrasil
Formação, manifestação e alimentação
do Eu Psicológico
Sabemos que o Ego é um conjunto de vícios, erros, defeitos. O certo é que
está formado por milhares de eus e todos estão vivos dentro de nossa psique,
engarrafando e roubando nossa consciência, alimentando-se de nossa vida e
nossa energia.
Nos referimos ao Eu Psicológico ou, também chamado, Eus, Mim Mesmo, Si
Mesmo, cujo conjunto forma o que em psicologia se conhece com o nome de
Ego (do latim egus, que quer dizer Eu).
O Ego é o mesmo subconsciente de que falam os psicólogos modernos. A
origem do Eu se remete a idades imemoráveis. Se diz, em inumeráveis literaturas
míticas e religiosas de todas as latitudes, que a humanidade permaneceu em
estado divinal, alheia ao mal enquanto teve sua vida paradisíaca no Éden. A
humanidade nessa época estava mais além do bem e do mal e suas almas eram
puras e inocentes.
O Eu teve um princípio e terá inevitavelmente um fim. Tudo o que tem um
princípio tem um fim. O Ser Íntimo (o Deus Interno) de cada um de nós não teve
princípio e não terá fim. Ele é o que é, o que sempre foi e o que sempre será.
O Eu sim teve um princípio e continua repetindo acontecimentos para satisfazer
paixões e inevitavelmente deverá pagar seu próprio karma ou consequências de
suas ações. O Ser Íntimo não continua porque não teve princípio. Só continua
o que pertence ao tempo, o que teve um princípio. O Ser não pertence ao
tempo. O que continua está submetido à decrepitude, degeneração, dor,
paixão. Nossa vida atual é o efeito de nossa vida passada, continuação de
nossa vida passada, o efeito de uma causa anterior.
Toda causa tem seu efeito, todo efeito tem sua causa, toda causa se
transforma em efeito, todo efeito se converte em causa. Como em um filme,
os Eus passam em ordem sucessiva pela tela da nossa existência, para representar
seu papel no drama da vida. Cada Eu do trágico filme tem sua mente própria e
suas ideias e critérios próprios, o que um Eu gosta, outro Eu não gosta. Em
matéria de psicologia devemos fazer uma diferenciação entre o Eu e o Ser.
O Eu não é o Ser, nem o Ser é o Eu. Todo mundo diz “meu Ser”, pensando
em seu Ser, mas não sabe o que é o Ser e o confunde com o Eu. Quando
batemos em uma porta, se alguém interroga dizendo: “quem bate?”, nós
respondemos sempre dizendo: “Eu”; nisto não cometemos erro e a resposta é
exata, mas quando dizemos: “todo meu Ser está triste, enfermo e abatido”,
então sim erramos torpemente, porque o humano todavia não possui o Ser. Só
o Ser pode fazer, enquanto tenhamos o Ego tudo simplesmente nos acontece.
Batem em nós e reagimos batendo, nos acusam, reagimos gritando, alguém

03
Instituto Gnosis Brasil · www.gnosisbrasil.com · fb.com/gnosisbrasil
nos fere o amor próprio e reagimos cometendo loucuras.
À medida que se desenvolve a personalidade na criança, começa a
manifestar-se através dela o Ego ou Eu Psicológico, o qual constitui uma
segunda natureza de tipo inferior, animalesca, em nós. A presença em nossa
psique desta multiplicidade egóica é o que determina a falta de individualidade
e integridade do homem máquina. Por tal razão, não existe uma vontade única
no indivíduo, senão múltiplas vontades diferentes e contraditórias entre si.
Devido a esta constituição egóica, a humanidade atual nada pode fazer, o ser
humano moderno está manejado pelo Eu Pluralizado, o qual gasta torpemente
suas energias, determinando o funcionamento desequilibrado do homem.
Uma vez desenvolvida, a personalidade fica totalmente a serviço do Eu
Psicológico, o qual é o fator de discórdia no ser humano e o causador de nossos
pesares, sofrimentos e angústias. O Eu é um obstáculo para que o homem seja
realmente consciente, já que ao manter a consciência fracionada, engarrafada,
nos sujeita a uns 97% de sonho e inconsciência.
O Ego, o Eu, o Mim Mesmo, os agregados psicológicos, são entidades que
se desenvolveram através de várias existências e durante a formação de nossa
personalidade (0 aos 7 anos), começam a se expressar, tomando força até
chegar a dominar de forma total todas as funções do corpo humano.
Esses defeitos ou Eus se manifestam através dos Centros da Máquina Humana:
emocional, intelectual, sexual, motriz e instintivo; por meio das impressões.
A personalidade joga um papel muito importante no transcurso de nossa
vida física, devido a que é o instrumento através do qual se manifestam os
diferentes Eus que criamos. Nossa personalidade manifesta nossos Eus, sem ela
não podem manifestar-se na terceira dimensão (mundo físico). Os Eus são os
“Demônios Vermelhos” citados pelo Livro dos Mortos do antigo Egito ou também
conhecidos como o “Dragão das Sete Cabeças” do Apocalipse; eles representam
os Sete Pecados Capitais, ou seja, a ira, a cobiça, a luxúria, a inveja, a gula, o
orgulho e a preguiça.
Devemos transformar esses pecados capitais nas virtudes do coração. Então
a ira converteremos em amor. A luxúria em castidade científica. A cobiça em
caridade universal. A inveja converteremos em alegria pelo bem alheio. A gula
em temperança. O orgulho em humildade e a preguiça em diligência.
A mente humana não é o cérebro. O cérebro está feito para elaborar o
pensamento, mas não é o pensamento. A mente é energética e sutil, mas nós
cometemos o erro de autodividir-nos em milhares de pequenos fragmentos
mentais, que em seu conjunto, compõem isso que é a Legião do Eu pluralizado.
Todos os seres humanos são imperfeitos, todos têm o Eu Psicológico. Este gasta
torpemente dito material psíquico em explosões de ira, inveja, cobiça, ódio,
ciúmes, fornicações, apegos, vaidades, etc.
O Eu se fortifica quando cometemos erros e continuamos a cometê-los. Se
suprimirmos os defeitos que sabemos que temos, eles continuam nos outros
terrenos da mente e o Eu se fortifica negativamente.

04
Instituto Gnosis Brasil · www.gnosisbrasil.com · fb.com/gnosisbrasil
Há pessoas dedicadas aos estudos espirituais que de hoje para amanhã
suprimem a ambição violentamente, esse tipo de repressão é uma classe de
ambição. É apenas outra forma de ambição, que ambiciona desenvolvimento
espiritual, e acaba fortificando o Eu. Existem certas escolas que ensinam a
reprimir. Esse sistema acaba fortificando mais ainda os Eus.
O Eu sempre é perverso. Às vezes se veste de santo e faz obras de caridade
e deixa sua herança antes de morrer a um hospital ou a uma escola à qual
pertenceu, com a ambição de ganhar o céu ou de que lhe levantem uma
estátua.
O Eu é a origem do erro e de suas consequências. Enquanto exista o Eu,
existirá a dor e o erro. Toda ideia, paixão, afeto, desejo, vício, etc., têm seus
correspondentes Eus e o conjunto de todas essas entidades é o Ego. Todas essas
entidades metafísicas, todos esses Eus que constituem o Ego, não têm verdadeira
ligação entre si, não têm coordenação de nenhum tipo, cada uma destas
entidades depende das circunstâncias, mudanças de impressões, etc.
Uma das representações bíblicas mais famosas da conquista do Ser e da
aniquilação do Ego é a luta entre David e Golias. A ilustração deste mito bíblico,
a seguir, mostra a decapitação dos defeitos psicológicos e a morte do Eu.

Gustave Doré (1832 – 1883)

05
Instituto Gnosis Brasil · www.gnosisbrasil.com · fb.com/gnosisbrasil
Classificamos as mensagens do Eu Psicológico de duas formas:

1. Mensagens Fotográficas.
2. Mensagens Fonográficas.

A medicina oficial tem avançado muito sobre este tema e criou uma ciência
que é a Eletrofisiologia. Esta ciência tem permitido fotografar os impulsos
elétricos que se manifestam no cérebro e que acionam o ser humano. Eles
plasmaram o que se chama paisagens elétricas, situações mentais que se
apresentam no interior de nossa psique.
Autoridades da Medicina de diferentes países afirmam que o que faz o
corpo atuar e realizar certos tipos de ações são as chamadas vozes elétricas. Isto
é o mesmo Ego que nós carregamos em nosso interior.
Se começamos a observar-nos nestes instantes, perceberemos que nestes
momentos estamos emitindo imagens.
Observando por um momento a mente, vemos que cada pensamento tem
uma forma ou uma representação e cada representação é, em si mesma, o Ego.
Mas se colocamos um pouco mais de atenção em nós mesmos, perceberemos
também que existem vozes em nosso interior. Cada uma delas nos dizem
diferentes coisas: “faz isto”, “faz aquilo”... Esses são os vários Eus. Cada pensamento
tem seu Eu pensador.

A Conversa Interior

Observe a conversa que se processa no interior da mente, e busque o lugar


de onde ela provém. Essa conversa interior equivocada é a causa de muitos
estados desarmônicos e desagradáveis no presente e no futuro.
Muitos calam exteriormente mas com a língua interior esfolam vivo ao próximo.
A conversa interior produz confusão. Ela está feita de meias-verdades ou de
verdades que se relacionam entre si, de um modo mais ou menos incorreto ou
com algo que se expressou ou se omitiu.

Trabalho sobre si mesmo


A medida que alguém trabalha sobre si mesmo, vai compreendendo, cada
vez mais, a necessidade de eliminar radicalmente de sua natureza interior tudo
isso que nos faz tão abomináveis. As piores circunstâncias da vida, as situações
mais críticas, os fatos mais difíceis, resultam sempre maravilhosos para o auto-
conhecimento íntimo.
Nestes momentos inesperados e críticos afloram sempre, e quando

06
Instituto Gnosis Brasil · www.gnosisbrasil.com · fb.com/gnosisbrasil
menos esperamos, Eus secretos; se estamos alertas, incontestavelmente,
nos descobrimos. As épocas mais tranquilas da vida são precisamente as
menos favoráveis para o trabalho sobre si mesmo.
O sentido da auto-observação íntima se encontra atrofiado em todo ser
humano, trabalhando seriamente, auto observando-nos de momento a momento,
tal sentido se desenvolverá de forma progressiva. À medida que o sentido da
auto-observação se desenvolve mediante o uso contínuo, seremos cada vez
mais capazes de perceber de forma direta aqueles Eus sobre os quais jamais
tivemos nenhuma informação.
Aproveitando os momentos críticos, as situações mais desagradáveis, os
instantes mais adversos, se estamos alertas, descobriremos nossos defeitos
sobressalentes, os Eus que devemos desintegrar urgentemente.

Passos para a morte do Eu


1. Descobrimento: Após
descobrir um defeito psicológi-
co, devemos propor-nos a não
expressá-lo mais, não dar-lhe
alimento. Assim lhe tiramos
energia.
2. Compreensão: Se com-
preendemos um defeito em
sua totalidade, recuperamos
a consciência que ele tinha
aprisionado. É necessário
muito estudo, análise, reflexão
e meditação. Com isto com-
preenderemos os defeitos em
todos os níveis da mente. Para
a compreensão total de um
defeito é necessário meditar
diariamente.
3. Acusação: É quando se
dita uma sentença, ou seja,
quando somos conscientes de
todos os danos que esse defeito
tem causado a nós mesmos
e a outras pessoas. Ou seja,
um arrependimento real. Tam-
bém é bom exercício imaginar O Ego se alimentando das paixões
como seríamos sem esse de-

07
Instituto Gnosis Brasil · www.gnosisbrasil.com · fb.com/gnosisbrasil
feito, para sentir a verdadeira necessidade de não tê-lo mais.
4. Eliminação: É necessário compreender que com os passos anteriores
tiramos a energia do defeito, a consciência que ele aprisionou. Agora necessitamos
também tirar-lhe a matéria. A eliminação dessa matéria se produz quando
despertamos em nós uma energia superior à mente, que é de natureza feminina;
essa energia é chamada no Oriente de Kundalini e é capaz de desintegrar a matéria
do Eu ou agregado psicológico.

O Centro de gravidade permanente


Não existindo uma verdadeira individualidade, resulta impossível ter
continuidade de propósito. Se não existe indivíduo psicológico unitotal, se
em cada um de nós vivem muitas pessoas, se não há sujeito responsável,
seria absurdo exigir de alguém continuidade de propósitos. Bem sabemos
que dentro de uma pessoa vivem muitas pessoas, então o sentido pleno da
responsabilidade não existe realmente em nós.
O que um determinado Eu afirma em um instante dado, não pode expressar
nenhuma seriedade, devido ao fato concreto de que qualquer outro Eu pode
afirmar exatamente o contrário em outro momento. Por isso, é urgente com-
preender que só trabalhando com verdadeira continuidade de propósitos e
sentido completo de responsabilidade moral, podemos consagrar a totalidade
de nossa existência ao trabalho esotérico sobre nós mesmos. É urgente com-
preender a necessidade de permanecer localizado, em recordação constante
de si mesmo, para poder ir acrescentando consciência.
É necessário que façamos diariamente um balanço de consciência. Mediante
esta avaliação, poderemos dar-nos conta perfeitamente se em verdade estamos
sendo sérios em nosso trabalho ou se, pelo contrário, seguimos vivendo uma
vida mecânica. O balanço de consciência é uma autoavaliação que a pessoa
deve realizar diariamente, de forma justa, para conhecer e compreender o que
é o bem e o mal do trabalho que está realizando. A prática do balanço de
consciência e da auto-observação nos mostra nossas falhas.
A pessoa que se propõe a fazer um trabalho de regeneração e de transformação
forma seu centro de gravitação no coração, permitindo assim que a Luz a
compreensão e o amor do Ser lhe dêem a clareza do que deve fazer para
consigo mesmo e para com a humanidade.

08
Instituto Gnosis Brasil · www.gnosisbrasil.com · fb.com/gnosisbrasil
Epílogo
Querido leitor, este folheto foi uma introdução à constituição do Ego, que,
como vemos, não é uniforme, mas sim um aglomerado de diferentes energias-
matérias autônomas em nosso interior que, sem dar-nos conta, nos dominam.
Os “Demônios Vermelhos” no Egito, os “Agregados Psicológicos” no Budismo,
o “Dragão das Sete Cabeças” do Apocalipse, em última instância são todos
representações do Ego em nós mesmos. O Ego é um conjunto de agregados
psíquicos que podem e devem ser eliminados, pois não fazem parte de nossa
verdadeira natureza, nosso Ser Íntimo, nosso Deus Interno, que quando se
expressa em nós, nos confere Paz, Amor e Felicidade autênticos.

09
Instituto Gnosis Brasil · www.gnosisbrasil.com · fb.com/gnosisbrasil
Ciclo de Conferências

Primeira Câmara
As lições da Primeira Câmara vão nesta ordem de desenvolvimento:

01. O que é Gnosis


02. Personalidade, Essência e Ego
03. O Despertar da Consciência
04. O Eu Psicológico
05. Luz, Calor e Som
06. A Máquina Humana
07. O Mundo das Relações
08. O Caminho e a Vida
09. O Nível do Ser
10. O Decálogo
11. Educação Fundamental
12. A Árvore Genealógica das Religiões
13. Evolução, Involução e Revolução.
14. O Raio da Morte
15. Reencarnação, Retorno e Recorrência.
16. A Balança da Justiça
17. Os Quatro Caminhos
18. Diagrama Interno do Homem
19. Transformação da Energia
20. Os Elementais.
21. Os Quatro Estados de Consciência
22. A Iniciação

Você também pode gostar