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OS PLANETAS

T odos os ingredientes que compõem a interpretação astrológica


são símbolos — não apenas signos ou rótulos. Estes últimos for-
necem simplesmente uma quantidade limitada de informação sobre
uma característica ou qualidade particular, mas são sempre subordi-
nados ao que eles descrevem ou para o qual apontam. Os símbolos,
por outro lado, possuem um potencial em constante expansão e são
sempre maiores do que nós podemos apreender no primeiro mo-
mento. Portanto, eles nos levam adiante para maior compreensão, da
mesma forma que um rio leva um barco, ora depressa, ora devagar, ao
longo de um cenário sempre diferente, conduzindo eventualmente
ao oceano — vasto e insondável, mas de algum modo passível de ser
conhecido pelo explorador diligente.
E não obstante, o estudo de cada aspecto individual — planeta,
signo ou casa — ainda conserva uma sensação de categorização, incli-
nando-se mais para a análise e a fragmentação, do que para a meta da
síntese que nós buscamos. É útil, portanto, estar sempre consciente,
ao longo de nossos estudos, das conexões e agrupamentos que exis-
tem na astrologia em tão diversas formas.
Por exemplo, há diversas inter-relações entre os planetas que po-
demos considerar. O Sol e a Lua têm a maior visibilidade e impacto
físico na Terra e podem ser considerados sob certo ponto de vista
como um par. O Sol traz calor e luz, sempre aparecendo como um
disco de ouro no céu. Ele é poderoso e masculino como um deus,
constante na sua doação de energia. Seus caprichos e cor mudam ape-
nas como resultado da atmosfera da Terra—nuvens, nevoeiro, nebli-
na — e quando a Terra gira 180° sentimos sua falta na escuridão e na
friagem. ALua é o corpo mais próximo de nosso planeta, visivelmente

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brilhante à noite, com a textura das nuvens de dia e sempre mudando
a aparência durante cada mês. Ela é uma deusa—feminina, receptiva,
misteriosa, influenciando as massas aquáticas da Terra na cheia e na
vazante das marés.
Se usarmos a analogia de uma família, o Sol e a Lua são como pai e
mãe na nossa ordem planetária. Entre os dois, no espaço, estão as ór-
bitas de Mercúrio e Vénus, o filho e a filha. Mercúrio, o rapaz, ansioso
por aprender, possui a qualidade de um azougue, conquistando para
si o trabalho de mensageiro dos deuses. Vénus é Afrodite, a linda filha,
desejosa de amor e relacionamento.
Além da órbita da Terra está Marte, o planeta vermelho. Ele é o filho
mais velho que saiu pelo mundo em busca de seu destino, levando
sua espada na mão. Estes cinco formam a família planetária mais pró-
xima e podemos considerá-los como os que têm a influência mais
pessoal no mapa astral. Nenhum deles leva mais de dois meses para
passar através de um signo zodiacal (a Lua leva apenas alguns dias), e
todos eles mudam rapidamente suas posições no mapa, criando di-
ferenciação contínua à medida que passam as semanas.
Além de Marte estão os asteróides, fragmentos de rocha que algum
dia podem ter sido um planeta sólido, e além dos asteróides estão Jú-
piter e Saturno. Estes dois corpos, planetas maiores do nosso sistema
solar, são os mais distantes que podem ser vistos a olho nu. Na família
planetária, Júpiter é o tio jovial, sempre otimista e muito divertido. Ele
gosta de trazer presentes, mesmo se ele não pode pagá-los e embora
as crianças o adorem, se ficar tempo demais, sua exuberância pode
ser cansativa. Saturno é o avô, um professor que nunca se aposentou;
rígido e crítico para com a geração jovem, ele parece formidável aos
jovens e imaturos. Mas ele tem muita sabedoria que partilhará quando
for abordado com respeito.
Saturno e Júpiter são como duas grandes forças sociais equilibra-
das: a preservação e a expansão. Eles agem como um traço-de-união
entre o mundo ocupado da família planetária — os planetas pessoais
— e as questões mais amplas do coletivo—o destino da raça humana
— simbolizado pelos planetas exteriores.
Estes planetas, Urano, Netuno e Plutão, foram descobertos depois
da invenção do telescópio e provavelmente John Keats estava pen-
sando em Urano, visto pela primeira vez pouco antes de seu nasci-
mento, quando escreveu (do "Homero" de Chapman): "Então senti-
me como um observador dos céus/ Quando um novo planeta penetra

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no seu conhecimento." A conscientização fascinante cie que Saturno
não era o limite do sistema solar, deve ter fascinado muitas mentes
criativas daquela época. Esses planetas exteriores estão além de qual-
quer analogia com uma família planetária, representando mais uma
Trindade da iNova Era para a raça humana—Magi oferecendo dons de
esclarecimento, inspiração e transformação.
Agora vamos considerar cada um dos planetas individualmente e
com mais detalhes.

O Sol
O Sol representa a necessidade básica de auto-expressão consciente
no mapa. É a célula de energia solar no caráter de uma pessoa — o
senhor e o doador da vida — e simboliza a maneira pela qual aquele
indivíduo vai brilhar para o mundo. O Sol é o senso de identidade de
uma pessoa. A facilidade ou segurança com a qual ele será capaz de
projetar sua individualidade dependerá da harmonia dos aspectos
para com o Sol e o grau no qual a sua colocação equilibra ou conflita
com outros fatores no mapa.
O Sol é um princípio masculino e tem a ver com a coragem, poder,
autoconfiança e vontade. Ele simboliza a autoridade e o propósito, o
que dita as regras, pai e marido. Seu potencial é o pico da maturidade
construtiva. A generosidade, vitalidade e a criatividade nascem de sua
fonte. O Sol é a auto-suficiência em abundância, com bastante energia
para irradiar calor e vida à sua volta.
O símbolo do Sol © é como um diagrama do sistema solar, uma
célula ou um átomo, insinuando o poder e a criatividade que o Sol
representa no mapa. O pontinho no centro é a semente, a primeira
centelha de vida, a única essência dimensional de onde nasce toda a
vida. O círculo é a totalidade, o fluxo interminável de energia que
oferece a meta do eu individualizado como uma possibilidade para
todos. O próprio círculo muitas vezes é mencionado como espírito.
Toda criação pode ser vista neste único símbolo, lembrando-nos da
unidade divina que promete a cada um de nós ser Deus em potencial.
Os antigos adoravam o Sol e atribuíam numerosas divindades ao
poderoso astro dourado no céu. Tais deuses como Ra, Apolo, Helios,
Shakuru, Shamash e Osíris têm nomes de poder mágico. À medida
que os sons são pronunciados, nós liberamos o poder dos arquétipos.
Podemos ver Khepri, o Deus-Escaravelho, empurrando a bola do Sol

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diante dele, ou temos visões de carruagens de fogo passando veloz-
mente no céu enquanto os deuses do Sol fazem suas inevitáveis via-
gens diárias.

Palavras-chave do Sol: Identidade, auto-expressão consciente, poder,


autoridade.

A Lua
A Lua brilha no céu com a luz refletida do Sol. Na astrologia corres-
ponde á maneira pela qual nós refletimos e reagimos ao que está
acontecendo à nossa volta. Tem a ver com nossos sentimentos, emo-
ções e instintos e, da mesma forma que a Lua influencia as marés de
nosso planeta, assim ela simboliza a cheia e a vazante de nossa nature-
za emocional, nossas melancolias e mutabilidade. É o arquétipo da
mãe que está dentro de todos nós, homem ou mulher, se nos preocu-
parmos em buscá-lo, pois é através da Lua que expressamos instintos
maternais — cuidado, proteção e sensibilidade. Diz-se que a Lua tem
ligação com o passado e é desta fonte primitiva que fluem nossas res-
postas a instintos naturais. A Lua é um princípio feminino e associa-se
à personalidade interior, à receptividade, à passividade. Ela pode
atuar como guia interno ao mais profundo inconsciente, uma imagem
disfarçada em mistério, ligando o sombrio mundo pessoal do incons-
ciente ao mundo mais claro da consciência pessoal.
O símbolo para a Lua )) é a representação do seu quarto crescente
na transição de nova a cheia. Mas também pode ser vista como dois
meios-círculos. Eles tomam a forma de uma tigela, um recipiente femi-
nino dando forma a tudo que é posto nele. O meio-círculo, diversa-
mente do círculo fechado, é finito e incompleto, quase como se esti-
vesse lutando pela totalidade. É freqüentemente descrito como repre-
sentante da alma — uma afirmação que não deve ser interpretada ao
pé da letra, mas que mostra simbolicamente mais uma vez a qualidade
de união da Lua, aqui entre o potencial solar do espírito e os elemen-
tos mais extrovertidos e básicos do mapa.
Na mitologia, a Lua é associada a divindades tanto masculinas
quanto femininas, mas são as deusas da Lua que simbolizam mais ade-
quadamente os princípios astrológicos lunares e o arquétipo femi-
nino — ísis, deusa-mãe; Ártemis, associada à natureza; Parvati, uma

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deusa hindu da fertilidade e do poder feminino; e Hécate, mistério,
magia e trevas.

Palairas-chave da Lua: Reação, receptividade, instinto, emoções,


melancolia.

O Sol e a Lua formam a integração básica do masculino e do femi-


nino do mapa — yin-yang, ativo-passivo. Esta é a relação interior onde
um casamento harmonioso internamente leva à integração psicoló-
gica externa. De igual modo, na relação exterior, na comparação dos
horóscopos (sinastria), procuramos vínculos de aspectos ou afinida-
des zodiacais entre a Lua num mapa (o do homem em particular), e o
Sol no outro mapa. Em qualquer relacionamento, sabendo que a Lua
nos ajuda a entender a receptividade da outra pessoa — 'falar ao seu
signo lunar' é sempre bom conselho. O adulto maduro, quando em
sua fase positiva, usará e exibirá suas características do signo solar.
Mas quando o ego ainda não está formado, a criança mostrará fre-
qüentemente as qualidades do signo lunar mais fortemente do que
outros fatores do mapa. Isto porque cada ato nos primeiros dois ou
três anos de vida é uma reação, uma resposta ao caleidoscópio fantás-
tico e excitante do meio ambiente à sua volta — novas visões, novos
sons, novos cheiros e novas sensações tácteis. O pequeno ser ainda
não desenvolveu a auto-identidade do Sol.

Mercúrio
Mercúrio representa a comunicação em todas as suas formas — fala-
da, lida, escrita, ensinada e pensada. O processo de união favorecido
pelo envio de mensagens é simbolizado por Mercúrio e 'estar ocu-
pado' é a marca mais autêntica do planeta. Na verdade sua simples pas-
sagem pelo zodíaco reflete sua qualidade de corpo-ocupado — Mer-
cúrio ora está à frente, ora atrás de seu Sol, em cuja órbita se destaca,
como seu satélite mais próximo, mas nunca está a mais de 28° de dis-
tância. No mapa astral, Mercúrio indica a mentalidade e a capacidade
intelectual do indivíduo, como ele fala, como pensa e o modo como
sua mente funciona. Evidencia as habilidades de raciocínio, a capaci-
dade de ensinar e de aprender e, em manifestação evoluída, a trans-
formação de energias espirituais em matéria. A versatilidade e nature-
za inquisidora de Mercúrio reporta-nos à idéia da criança na nossa fa-

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mília planetária — ela está ansiosa por aprender e está interessada em
tudo. Mas do mesmo modo que uma criança antes da puberdade tem
um interesse apenas insignificante na identidade sexual, assim Mer-
cúrio é considerado neutro e hermafrodita e suas qualidades tendem
a ser especialmente tingidas, não apenas por seu signo e colocação na
casa, mas também por qualquer outro planeta formando um aspecto
com ele.
Visualmente, o símbolo de Mercúrio ^ quase se parece com um
pequeno manequim com orelhas levantadas — alerta e ansioso em
passar informação. Simbolicamente consiste no círculo do espírito
sobre a cruz da matéria, sobreposto pelo semicírculo da alma — uma
combinação aberta a várias interpretações, todas elas podendo ajudar
a ampliar nossa compreensão dos princípios do planeta. Talvez o es-
pírito esteja baseado na matéria através da qualidade intuitiva da alma;
talvez a acumulação de lembranças das várias encarnações que uma
alma possui seja suprema, tanto sobre o espírito quanto sobre a ma-
téria, no que se refere à qualidade mercurial da inteligência ativa. O
símbolo também pode ser visto como uma representação do cadu-
ceu, o bastão mágico com duas cobras enroscadas em volta da haste,
algumas vezes encimada por um símbolo alado. O caduceu é um sím-
bolo complexo que merece estudo mais profundo, mas em termos
simples ele representa o poder da sabedoria que pode trazer a felici-
dade e a boa sorte. Ele protege os mensageiros, que sempre o por-
taram, e também tem ligações importantes com a cura, sendo usado
até hoje como um emblema da profissão médica.
O deus Mercúrio era romano, mas o seu correspondente no Pan-
teon grego era Hermes. Ele tinha um capacete alado, usava sandálias e
atuava como mensageiro dos deuses. Cuidava de todos os viajantes e
era o deus do comércio, dos jogos e da trapaça. O Vótan teutônico
(Odin, na mitologia nórdica), embora um deus da guerra, é associado
a Mercúrio, como Thoth no antigo Egito.

Palavras-chave de Mercúrio-, Comunicação — a palavra escrita e fala-


da, intelecto, a mente.

Vénus
Vénus é um planeta do relacionamento, harmonia e beleza. Sua colo-
cação no mapa mostra o anseio por uma ligação pessoal íntima, a ca-

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pacidade de amar e de ser amado. Também indica apreciação da arte e
da beleza e é um dos indicadores da criatividade no mapa. A atração é
uma força poderosa e Vénus a utiliza com sentimento e energia. Em-
bora o planeta seja um princípio feminino, não é necessariamente
passivo — lembrem-se do ardor de uma jovem apaixonada. Vénus
pode se manifestar de forma apaixonada, sensual e extravagante, mas
também com charme e beleza. Astrólogos antigos referiam-se a Vénus
como o 'menor benéfico'.
O símbolo $ sugere que há um equilíbrio entre a cruz da matéria e
o círculo do espírito, mas que o espírito é supremo. De um modo
mais prosaico, pode-se ver o símbolo como o espelho de mão no qual
a jovem se admira. É também o símbolo biológico para a mulher.
A Vénus romana era Afrodite para os gregos e governava o amor, os
prazeres sensuais, a fertilidade e a beleza. Ela nasceu no mar onde ha-
viam caído os órgãos genitais decepados de Urano. Outras deusas do
amor incluem Ishtar (assírio-babilônia) e Frija, Freva ou Frig (celta-
teutônica). Esta última gostava tanto de lindos colares que era capaz
de passar uma noite com cada um de seus vários ourives anões, a fim
de obter o colar que ela admirava especialmente.

Palairas-chave de Vénus-, Amor, atração, beleza, harmonia.

Marte
Marte é o símbolo da energia, do vigor, da positividade e da agressão.
Por ser um planeta tão poderoso, a energia pode freqüentemente es-
tar polarizada na sua manifestação. O guerreiro pode se tornar selva-
gem, atacando indiscriminadamente, saqueando e estuprando cruel-
mente, enquanto num exército bem treinado o poder está sob contro-
le e pode ser direcionado com eficiência e disciplina. A energia canali-
zada do planeta destaca o aspecto corajoso e determinado do princí-
pio masculino — a confrontação é direta e confiante, a ação é forte e
eficaz. Marte impõe o respeito quando utilizado com harmonia, mas
basta uma ligeira perda de controle para que esta energia provoque o
medo, o ressentimento e o ódio. A iniciativa e a independência vêm
de Marte, atos que freqüentemente implicam um corte indefinido
para com os padrões antigos e as comodidades restritivas. Na verdade,
Marte está associado a todos os objetos cortantes, não apenas espadas
de guerreiros, mas facas, escalpos e outros instrumentos afiados.

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O símbolo para Marte foi inicialmente concebido para ser o contrá-
rio de Vénus e foi desenhado como a cruz acima do círculo ò . Este foi
modificado para o símbolo fálico e agressivo utilizado até hoje O", re-
presentando o masculino na biologia e o ferro na física. O símbolo
mais antigo coloca as considerações materiais (a cruz) acima do es-
pírito (o círculo) — assuntos espirituais podem ser completamente
esquecidos na busca por realizações materiais ou, por outro lado,
pode demonstrar que a vida espiritual ainda tem de ser vivida no
mundo material, onde o viajante precisa de coragem e determinação
para a sobrevivência e o progresso.
As divindades associadas ao princípio de Marte são os heróis e os
deuses da guerra. Marte, o deus guerreiro, foi mais importante para os
romanos conquistadores do que seu equivalente Ares foi para os gre-
gos. Foi Marte que apadrinhou Rómulo e Remo, fundadores de Roma.
Odin (Voden ou Vótan) era o deus da guerra nórdico, e Hércules, um
herói arquetípico, também simboliza o princípio de Marte no horós-
copo.

Pa la i >ras - chat >e de Marte: Energia, vigor, confrontação e determi-


nação.

Júpiter
Júpiter é o maior planeta do sistema solar. Ele leva cerca de um ano
para viajar através de um só signo e, portanto, cerca de doze anos para
fazer uma volta completa no zodíaco. Ele gira rápido no seu eixo, ro-
dopiando uma vez a cada dez horas e é formado quase totalmente por
substâncias gasosas — também fisicamente irradia energia, ao contrá-
rio da maioria dos outros planetas que a absorvem. Adequadamente, a
evolução numa escala grandiosa é o princípio de Júpiter no horós-
copo. É o planeta do otimismo, de infinitas possibilidades e de vastos
horizontes —- mundos novos a explorar, novas filosofias para enri-
quecer a mente e compreensão mais ampla da consciência espiritual
que leva à sabedoria. Júpiter costuma ser conhecido como 'o grande
benfeitor' e freqüentemente confere benevolência e boa sorte a to-
dos os seus contatos. Certamente tende a trazer à tona o melhor do
signo e da casa nos quais está colocado, pois o prazer, a preservação e
a felicidade são suas qualidades. Mas algumas vezes Júpiter traz coisas
boas demais para ser verdade — o excessivo prazer pela comida con-

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duz ao alargamento da cintura, o zelo religioso exagerado gera não
somente longos sermões mas também fanatismo. Entusiasmo e
oportunismo excessivos podem provocar desapontamentos ou
mesmo a desgraça. Canalizar a energia é muito importante indepen-
dente do fator astrológico. Onde Júpiter não está especialmente bem
colocado no mapa, sua energia pode fugir alegremente do controle. É
com paciência e maturidade que uma existência de prazeres torna-se
a estrada para a sabedoria.
O próprio símbolo é otimista2|.— o semicírculo da alma sobe um
pouco por sobre a cruz da matéria e sugere uma sabedoria maior para
com as coisas materiais.
Na mitologia, o deus romano Júpiter, Zeus para os gregos e as di-
vindades paralelas nas outras culturas, algumas vezes parecem mais
poderosas até mesmo que os deuses do Sol — talvez porque estes
seres nunca são retratados como longínquos. A sabedoria, o aprendi-
zado e a justiça eram seus atributos; o trovão e o raio, seu poder visível.
Thor-Donar (teutônico) e Indra (hindu) são deuses extrovertidos,
poderosos, governando os trovões, enquanto Vishnu, o guardião, re-
presenta a mais profunda sabedoria de Júpiter.

Palavras-chave de Júpiter •. Desenvolvimento, oportunidade, justiça,


religião, preservação.

Saturno
A limitação é um dos princípios de Saturno. É o 2? maior planeta e
representa o limite do sistema solar visível a olho nu. O planeta é cir-
cundado por seus anéis, um cinturão de poeira de rocha gelada e frag-
mentos — uma contenção simbólica adequada aos princípios astroló-
gicos do planeta. Ele leva cerca de dois anos e meio para passar de um
signo a outro e em média 29 anos e meio para completar a volta pelo
zodíaco. Saturno é um dos planetas mais importantes da carta e ape-
sar disso um dos menos compreendidos. Os astróligos medievais co-
nheciam-no como 'o grande nefasto' e, de fato, seus princípios podem
ser considerados em parte como disciplina, dificuldade, limitação,
responsabilidade e trabalho árduo. Mas Saturno é também o profes-
sor, aquele que parece ter o hábito de marcar exames antes que o alu-
no tenha aprendido a lição. Isto parece impiedoso, mas na realidade
os ensinamentos estão sempre à disposição do aluno que procura por

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eles. E se ele procura com cuidado e os encontra, então Saturno será
visto como um velho sábio.
Cada um de nós tem uma alma que escolheu combater a dificul-
dade de expressar o espírito através do material básico de um corpo
humano. Saturno representa aquele campo de batalha; mas as dificul-
dades que podem ser inicialmente experimentadas não raro se trans-
formam em qualidades que são, apesar de sérias, valiosas — dever,
controle, conservação, estabilidade e paciência. Porém, há um lado
mais profundo em Saturno que precisa ser compreendido. Seu efeito
se faz sentir ao dificultar a manifestação das qualidades de seu signo,
nos assuntos de sua casa e em quaisquer aspectos planetários. A difi-
culdade é um sentimento de desconfiança ou mesmo medo, uma in-
quietação mal definida, limitando assim a expressão do signo, casa e
aspecto. O indivíduo, então, ou se encolhe amedrontado ou anula os
sentimentos negativos compensando-os com atitudes positivas. A in-
quietação não pode ser ignorada ou varrida para debaixo do tapete;
tem de ser aceita, confrontada, compreendida e elaborada a fim de
que a energia saturnina na carta possa ser transformada na força que
ela promete.
O símbolo!"? é quase exatamente o contrário do de Júpiter — refle-
tindo os opostos dos dois princípios do planeta. A cruz da matéria se
sobrepõe ao semicírculo da alma, mostrando a disciplina do mundo
material que a alma escolheu experimentar.
Na mitologia, Saturno é Cronos, um dos muitos frutos da união en-
tre Gea, a mãe-terra, e Urano, o céu estrelado, que foi também seu
primeiro filho. Cronos, mancomunado com sua mãe, castrou seu meio-
irmão e depois tomou de seus pais a supervisão da criação do
mundo. Ele engoliu cada um de seus próprios filhos até que caiu na
armadilha de engolir uma pedra em vez da criança Zeus. A velha pro-
fecia foi cumprida quando Cronos foi destronado por seu filho, for-
çado a vomitar seus outros filhos e então banido para o exílio além da
terra e do mar. Lá ele tornou-se o Senhor do Tempo.

Palavras-chave de Saturno: Lições a serem aprendidas, responsabili-


dade, dever, restrição, limitação.

Saturno e Júpiter são duas grandes forças equilibradas operando


entre os corpos 'pessoais' que se movem rapidamente e os planetas

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exteriores, os indicadores do coletivo, que se movem lentamente. Jú-
piter pode enaltecer as qualidades mais brandas do signo e da casa em
que está colocado, enquanto Saturno produz a seriedade e as dores
crescentes que precedem a maturidade. Saturno é o mais forte, a in-
fluência mais notória dos dois, tanto no mapa astral quanto, especial-
mente, pelo trânsito. Mas se as lições de Saturno são abordadas com
consciência e compreensão, então as oportunidades oferecidas por
Júpiter tornam-se mais atingíveis.
Os três planetas exteriores, freqüentemente citados como a oitava
mais alta', não têm tanta influência pessoal como os sete planetas in-
teriores, visíveis a olho nu — suas posições e aspectos mútuos são os
mesmos para todas as pessoas nascidas há um longo período de
tempo. Por isso, eles se relacionam com gerações inteiras e com ener-
gias coletivas que afetam a sociedade como um todo. Mas a maneira
pela qual eles se integram com o resto da carta, paradoxalmente, tem
uma forte influência. Seus aspectos para com os planetas pessoais e
sua possível angulosidade são particularmente importantes. Quando
isto acontece o indivíduo tem uma oportunidade potencial de experi-
mentar e trabalhar com as energias coletivas, alargando seus horizon-
tes e sua esfera de influência. Isto poderia ser feito através de alguma
contribuição especial à sociedade ou talvez em termos de evolução
pessoal — mas a escolha a ser feita tem que ser consciente e agarrada
a oportunidade. Os planetas pessoais fundem-se mais com o signo no
qual estão colocados e permitem a manifestação da influência daque-
le signo; enquanto os planetas exteriores, quando fortes numa carta,
trazem consigo mais de sua própria energia, direta e pura, para o cará-
ter do indivíduo.

Urano
O primeiro dos planetas exteriores, Urano, foi descoberto em 1781 —
por acaso, pois tanto astrônomos quanto astrólogos naquela época
acreditavam que nada havia além de Saturno. Visível apenas por teles-
cópio (a não ser em raras circunstâncias quando pode ser visto a olho
nu), Urano leva cerca de sete anos em cada signo e uma média de 84
anos para circundar o zodíaco. Astronomicamente, o planeta é excên
tricô, seu eixo de rotação pendendo levemente do horizontal, resul-
tando que cada pólo experimenta alternadamente uma estação
quente outra fria, a cada quarenta e dois anos do nosso tempo. Sua

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descoberta se deu na época da Revolução Francesa, da Revolução In-
dustrial e da Guerra da Independência Americana. Na astrologia os
princípios de Urano são mudança revolucionária, inventividade,
acontecimentos inesperados e excentricidade. Muitos se perguntam
se sua descoberta 'causou' os acontecimentos históricos da época ou
se, ao contrário, os astrólogos determinaram as influências dele de-
vido ao que estava acontecendo no mundo. A resposta não é nenhuma
destas. É um caso de sincronicidade — os acontecimentos foram sig-
nificativamente coincidentes. A humanidade tinha evoluído a ponto
de poder tomar em sua percepção consciente a energia de Urano; ao
mesmo tempo, os acontecimentos uranianos foram acontecendo no
mundo à volta dela. O planeta esteve sempre ali, porém, anterior-
mente, sua influência estava latente.
A revolução pode nascer de várias raízes — um desejo anárquico
de expulsar o velho regime, uma reação petulante contra o status
quo ou um ideal humanitário querendo acelerar a evolução. Urano
olha sempre para o futuro, sentindo intuitivamente as possibilidades,
sintonizando-se com comunicações de freqüência mais alta. Real-
mente, Urano é muitas vezes descrito como a oitava mais alta de Mer-
cúrio. Thomas Edison definiu um gênio como "um por cento de ins-
piração e 99 por cento de transpiração" — Urano é este um por cento:
o raio precisando sempre daquele fio condutor que o traz são e salvo
à terra. A progressividade do planeta também produz excentricidade,
divergências e rebelião, muitas vezes expressas de maneiras muito in-
tensas, nervosas e imprevisíveis.
O símbolo $ parece uma complexa antena de televisão em cima
de um globo, mas algumas interpretações chamam a atenção somente
para o H maiúsculo de Herschel, o descobridor do planeta. Talvez es-
tas sejam fugas à complexidade da construção do próprio símbolo. A
cruz da matéria localiza-se no círculo do espírito como o velho glifo
de Marte, mas há também dois semicírculos separados, voltados para
fora. Estes podem ser dois receptores da alma acrescentando um co-
nhecimento superior à cruz material elevada no espírito. Ou talvez os
semicírculos da alma estejam voltados parajanus, sugerindo a entrada
de uma porta sagrada para novos e inesperados níveis de compreen-
são. Não há uma explicação correta única, mas a meditação nas possili-
dades pode levar à percepção intuitiva de compreensão mais pro-
funda.
Como um deus, Urano era o céu estrelado e não era cultuado na

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Grécia antiga. Mas na Rig-Veda o céu e a terra eram conhecidos como
o casal imortal' ou 'os avós do mundo'. A união de Urano com Gea,
sua mãe, não só criou o mundo, mas também começou a linhagem
dos deuses. Mesmo seus genitais castrados, ao caírem no mar fizeram
Afrodite nascer das espumas, e as Fúrias se ergueram do chão no qual
seu sangue foi derramado.

Palavras-chave de Urano: Mudança repentina ou inesperada, in-


ventividade, originalidade, revolução.

Netuno
Netuno liga-nos às energias místicas de um outro mundo. Ele propor-
ciona o contato com a intangibilidade de tal modo que a inspiração, a
espiritualidade, os poderes físicos e outros extremos de sensibilidade
ficam disponíveis a qualquer um que se liberte de seus laços e per-
mita que ocorra o misterioso processo. O refinamento é parte deste
processo, mas o equilíbrio é superior. Além disso, a natureza rarefeita
das energias de Netuno torna-se facilmente distorcida e abusada. Tra-
ga essa intangibilidade ao mundo cotidiano e a fraude, a ilusão, o idea-
lismo e a fantasia aparecerão. Enganosa e sedutoramente ela nos em-
bala na confiança renovada de Lethe — lembrando-nos que Netuno
também está associado às drogas, álcool, anestesia e escapismo. Ne-
tuno é um par de óculos cor-de-rosa, um castelo no ar ou sete véus
escondendo uma sedutora odalisca que se transforma apenas num
outro fantasma depois que a dança acaba. A magia do mundo material
pode ser tão facilmente substituída pela magia muitas vezes mais trai-
• çoeira do mundo espiritual — mas se a pessoa se agarra rapidamente
à réstia de luz prateada, como um 'sutratma' guiando através da névoa,
ela será capaz de se ligar à realidade mais altamente refinada prome-
tida por Netuno: amor universal, a manifestação superior de Vénus.
O planeta foi descoberto em 1846 sob circunstâncias confusas e
mal compreendidas. Perderam-se os cálculos, as comunicações não
tinham data e, na noite clara em que pretendiam vê-lo pela primeira
vez, uma nuvem misteriosa apareceu obscurecendo o céu. Netuno le-
va 165 anos para viajar pelo zodíaco e passa cerca de 14 anos em cada
signo. A história da música popular e a indústria cinematográfica (am-
bas regidas por Netuno) podem ser seguidas através dos ciclos de mu-
danças do signo.

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Na mitologia, Netuno era deus do mar com deveres um tanto inde-
finidos, talvez porque os romanos fossem meio desinteressados do
mundo marítimo. Os gregos reconheciam Poséidon como um deus
poderoso rivalizando com Zeus, deus dos céus e Hades, deus do sub-
mundo. Este deus das águas era tão irascível e licencioso como todos
os outros do Olimpo e não como o Netuno da astrologia. Talvez ainda
haja mitos mais profundos a serem desvendados, mas a simbologia
dos domínios de Poséidon permanece. A água está em toda parte. Ela
toma várias formas: líquido claro, espuma opaca, neve, gelo, vapor,
nuvem. Ela refresca e dá vida ou corrói e destrói mesmo a rocha mais
sólida, imperceptível mais inevitavelmente. Ela lava e purifica, mas
pode também afogar.
O símbolo se assemelha ao tridente de um deus marinho, mas
pode ser visto também como o cadinho da alma com a cruz da matéria
atravessada mas suspensa.

Palavras-chave de Netuno: Refinamento, inspiração, misticismo, de-


cepção, confusão.

Plutão
Plutão é o princípio da transformação no mapa astral e ele acrescenta
uma dimensão mais profunda e intensa a tudo que toca. Onde Urano é
a destruição e a mudança das estruturas externas, Plutão é a transfor-
mação interior—o terremoto, o vulcão e a semente que possui poder
suficiente para forçar o seu crescimento, mesmo que eventualmente
através do concreto. Plutão promete o potencial da fénix — aquele
pássaro mitológico que entra no fogo, morre e renasce, ascendendo
com plumagem maravilhosamente renovada. Assim há também uma
conexão com a morte, literal e simbolicamente. Antes de qualquer
coisa nascer novamente, o velho deve morrer e embora a purgação do
fogo não seja sempre fácil, a substância regenerada torna-se aço tem-
perado. Temos de entender a natureza da crise. Não é a tragédia que
pode parecer, mas uma oportunidade para novo crescimento — em
chinês o caracter para 'crise' é idêntico ao de 'perigo e oportunidade'
— um desafio excitante. Plutão é geralmente considerado como
sendo a mais alta expressão de Marte, mas algumas fontes sugerem
Mercúrio. Certamente há um elo com a comunicação mais complexa
na qual Plutão se associa à psicologia, explorando profundezas pes-

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soais, os drenos do inconsciente. Também confronta a morte em to-
das as suas formas — o orgasmo sexual da besta de duas costas, que os
elisabetanos chamavam de 'a pequena morte', a morte da velha perso-
nalidade e talvez a preparação para a morte do corpo, liberando o veí-
culo físico da alma.
O planeta foi conhecido por volta de 1905, os primeiros anos da
psicologia profunda, mas se manteve escondido até sua verdadeira vi-
são em 1930. Esta foi a época dos nazistas na Alemanha e os sindicatos
do crime na América. Foi também quando os meios de libertar o
imenso poder do átomo infinitesimal tornaram-se uma realidade para
a humanidade.
Plutão leva 248 anos para se movimentar à volta do zodíaco, e pode
levar algo em torno de 13 a 32 anos para mover-se num único signo.
Isto se dá graças à sua singular órbita oblíqua, que também o faz entrar
na órbita de Netuno de vez em quando durante seu ciclo de dois sé-
culos e meio. Isto aconteceu no final de 1978 e permanecerá assim até
março de 1999. Está mais próximo em 1989. Plutão também estará em
seu próprio signo de Escorpião de 1983 a 1995. O período de agora
até o final do milênio será certamente um período especialmente plu-
tônico, uma renovada purgação para o planeta Terra e para a raça hu-
mana.
Dois símbolos são usados para Plutão. E é um monograma das
iniciais tanto do seu descobridor Percival Lowell quanto de seu nome
(parece que o nome foi sugerido por uma menina de onze anos que
estava pensando no cachorro de Disney e não no deus do submundo.
Estranhas são as formas de sincronicidade). O outro símbolo Ç* su-
gere que o espírito está pairando no semicírculo da alma acima da
cruz da matéria. É quase como se um átomo permanente de criação
estivesse passando por um processo alquímico, sendo aquecido pela
existência e experiência no mundo material.
Todas as culturas antigas tinham seus deuses do submundo (Orcus,
Dis, Supai, Yawa, Osíris, Anúbis, Hei) mas foi para os gregos que Plu-
tão ou Hades imperavam. Ele raptou Perséfone para seu reino das tre-
vas e freqüentemente usava um capacete que o tornava invisível. Mas
ele era também o deus das fortunas enterradas e da riqueza mineral e
foi ele que fez as colheitas crescerem do fundo da terra.

Palavras-chave de Plutão: Transformação, regeneração, morte e re-


nascimento, eliminação, a fénix.

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