Você está na página 1de 105

FERNANDA FERNANDES

Detox Emocional
DESINTOXICANDO AS SUAS EMOÇÕES
Ano 2020
Copyright ©2020 by Poligrafia Editora
Todos os direitos reservados.
Este livro não pode ser reproduzido sem autorização.

Detox Emocional
Desintoxicando as suas emoções
ISBN 978-65-86540-48-2
Autora: Fernanda Fernandes
Coordenação Editorial: Marlucy Lukianocenko
Projeto gráfico e Diagramação: Cida Rocha
Revisão: Fátima Caroline P. de A. Ribeiro
Poligrafia Editora
www.poligrafiaeditora.com.br
E-mail: poligrafia@poligrafiaeditora.com.br
Rua Maceió, 43 – Cotia – São Paulo
Fone: 11 4243-1431 / 11 99159-2673
*A editora não se responsabiliza pelo conteúdo da obra, formulada exclusivamente pela
autora
“Olhar para os espinhos significa entrar em contato com memórias e
traumas que você sempre quis esquecer. Querer esquecer ou querer que
algo não exista não é o suficiente. Você quer se libertar do passado, mas
ele continua lá. Só é possível libertar-se do passado chegando a um
acordo com ele!”.
Prem Baba
Agradecimentos
A gratidão é uma das expressões de amor, através do reconhecimento.
Quero expressar minha gratidão amorosa a Deus, primeiramente; à minha mãe e ao
meu pai, por terem me dado a oportunidade de vir à vida e pelo quanto contribuíram para
me tornar quem sou hoje; a todos os meus ancestrais maternos e paternos, em movimento
de honra, e aos familiares que me apoiam e prestigiam meu trabalho.
Ao meu pai, que se encontra na pátria espiritual e que, em nossa última conversa, me
disse coisas muito importantes e amorosas para impulsionar a minha trajetória e me tornar
um ser humano cada vez mais livre.
A extensão desse movimento amoroso a todos os mestres que passaram pela minha
vida e, especialmente, a Johnny De’Carli, por ter me iniciado no reiki, e ao Dr. Adaílton
Meira, que, com excelência, expandiu meus conhecimentos em constelações familiares.
Aos amigos André Marouço, Júlio Senna, Karen Pereira e Ana Cláudia Faccin, que
tornaram meu sonho de ter um programa de rádio realidade.
Ao meu querido orientador espiritual Plácido Tadeu, por todo o direcionamento
ofertado, que me fez despertar para um novo olhar nessa jornada.
E à primeira pessoa que, ao ver meus textos nas redes sociais, me perguntou por qual
motivo eu ainda não tinha escrito um livro e, além desse incentivo, trocou experiências e
mostrou os caminhos que eu deveria trilhar nessa jornada de escritora: o amigo e escritor
Auriel Filho.
À minha querida editora Marlucy Lukianocenko, por acreditar no meu projeto, apoiar,
aconselhar com muito profissionalismo e dar suporte nessa jornada.
Quero destacar alguns amigos que sempre me incentivaram, acreditaram no meu
trabalho e neste projeto: Valdir Carleto, Ricardo Nogueira, Gorette Cavalcante e Cláudio
Palermo.
E minha imensa gratidão aos maiores responsáveis pela continuidade deste propósito
de vida, que são meus clientes, alunos, ouvintes e os que me acompanham nas redes sociais
e nas palestras que cada dia me motivam a seguir e a criar mais.
Prefácio
Quando li este livro da Fernanda, fiquei encantado, pois ela conseguiu chegar ao cerne
das questões realmente importantes para que tenhamos qualidade de vida, saúde mental e
inteligência emocional.
Creio que o grande segredo da vida está em sermos felizes. Não fomos feitos para
fazermos o que não é da nossa real essência. Julgar, brigar, condenar, mentir são ilusões
que nosso ego cria para nos separar da real fonte de sabedoria de que viemos. Para ser feliz,
é necessário, primeiramente, limpar nossas mentes de pensamentos tóxicos, sentimentos de
culpa, inveja, mágoas. Como diz Fernanda Fernandes, precisamos de um detox. Só assim, a
onda de amor poderá entrar, sem filtro, sem crença limitante, sem ego. Ser feliz é um
estado de espírito, um estado de ser, uma frequência que pode ser sintonizada por quem
solta o passado e mergulha de cabeça na alegria.
Também é fundamental o perdão integral a tudo e a todos que nos fizeram mal,
inclusive a prática do autoperdão. Perdoar é se desconectar da memória de dor. É uma
libertação e um alívio para a alma. Sem perdão, não há felicidade.
Precisamos aprender a ressignificar, dar um novo sentido a tudo o que ainda nos
incomoda. Devemos honrar e aceitar nossos pais como eles são ou foram. O princípio da
felicidade implica a prática inesgotável da gratidão por tudo o que temos, somos ou
recebemos.
Por fim, a liberdade inestimável de você ser você mesmo, pois uma personagem não
poderá encontrar uma felicidade realmente autêntica.
Amar, perdoar, alegrar-se e viver. Será tão difícil assim?
Creio que possa ser “desafiador”, não “difícil”. Afinal de contas, não importa o que
aconteceu com você. A forma de reagir sempre será uma escolha sua.
Eis aqui um resumo para a felicidade.
Minha recomendação é que você leia este livro como muita dedicação e, ao mesmo
tempo, leveza, pois a Fernanda traz lições maravilhosas para a vida. Esta obra tem
impactado muitas vidas e, certamente, impactou a minha positivamente também.
Aproveite!
Boa leitura.
Lucas Naves
Professor de Hipnose e PNL (Programação Neurolinguística)

MEU RECADO
Neste livro, eu conto parte da minha história de vida, como demonstração de superação
e força, ânimo, para que possa servir de inspiração para que você, caro/a leitor/a, busque
vencer suas dores emocionais e ter uma vida com propósito, com sentido, e possa descobrir
o seu autoamor.
Você terá uma série de exercícios e técnicas para aplicação e condicionamento do seu
modelo mental, para promover a ressignificação dos seus processos.
Sugiro que você leia todo o livro e depois volte aos exercícios, para que o seu olhar
seja ampliado e passe a entender a importância das técnicas, proporcionando clareza nas
atividades e conseguindo dar os passos significativos para o autoamor.
Cito, por diversas vezes, algumas das minhas histórias e as de alguns clientes/pacientes
que atendi, sem dar nomes aos mesmos para preservar suas identidades.
Você encontrará informações que venho recolhendo, já há algum tempo, sobre como
ressignificar dores emocionais e despertar o autoamor.
Algumas coisas escrevi a partir do conhecimento adquirido em palestras, cursos de que
participei, vídeos a que assisti, grupos de discussões, mas, principalmente, pela minha
vivência e pela minha experiência na aplicação de cada uma das ressignificações.
Minha proposta, em cada capítulo, é expandir a sua consciência para promover a
ressignificação das suas dores emocionais.
Você vai compreender, neste livro, que quando você conseguir promover o autoamor,
vai transformar todos os seus processos e vai aprender o poder que é ser você mesmo.
Aqui, abro para você algumas das minhas maiores dores do passado, minhas feridas,
para que saiba que não importa o que você viveu ou fez, nem as coisas que considera mais
tristes e pesadas, quero que saiba que podemos mudar nossas vidas.
Saiba que, em cada capítulo que você ler, eu estou com você em vibração de amor,
porque o fiz com muito amor.
Com amor,
Fernanda Fernandes

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 O poder de ser você
CAPÍTULO 2 Onde tudo começou
CAPÍTULO 3 O poder da gratidão
CAPÍTULO 4 Detox do inimigo interno
CAPÍTULO 5 Detox dos julgamentos
CAPÍTULO 6 Detox através das leis sistêmicas
CAPÍTULO 7 Detox conhecendo os seus valores
CAPÍTULO 8 Detox compreendendo os traumas emocionais
CAPÍTULO 9 Detox da rejeição
CAPÍTULO 10 Detox curando a criança interior
CAPÍTULO 11 Detox Ho’oponopono
CAPÍTULO 12 O detox continua
Referências
CAPÍTULO 1 - O PODER DE SER VOCÊ
Meu nome é Fernanda Fernandes, sou terapeuta, consteladora familiar,
coach e palestrante. Amo o que faço, tenho uma mente saudável e me amo e
me aceito a cada dia mais e mais, a cada dia o amor por mim se torna mais
profundo.
Esse amor promoveu uma força incomparável em mim e fez com que,
através dele, eu desenvolvesse uma filosofia de vida, um novo modo de olhar,
que trouxesse equilíbrio à minha vida e me fizesse me conectar com o que
tem real valor, me colocando na rota de uma vida plena e feliz.
Eu escolhi esse nome para este capítulo porque acredito na ressignificação
das nossas experiências, compreendendo que acolher o que nós somos é o
caminho para despertar o nosso melhor, é a verdadeira conexão com a nossa
alma.
Ser você é olhar para tudo o que nos compõe, qualidades e defeitos, sem
excluir nada. Os “defeitos” podem ser alterados, mas fazem parte da nossa
construção. É olhar para nossas luzes e sombras, para começarmos a curar o
que é preciso.
Eu acredito, verdadeiramente, que somos 100% responsáveis por tudo o
que acontece em nossas vidas, as coisas boas e as más! Até mesmo as que
ainda não temos consciência ou lembramos.
Eu acredito em vidas anteriores e que elas refletem, sim, em nossos
resultados, no que acontece hoje em nossas vidas.
Fizemos escolhas lá atrás e boa parte dessas escolhas e acordos refletem
em nossas vidas.
Quando acreditamos que somos 100% responsáveis, então passamos a
entender com clareza que nós podemos mudar o que sentimos em nossas
vidas. E, com isso, vêm os resultados.
Por conta disso, não fica mais nas mãos dos outros a nossa mudança.
Até mesmo as dores geradas pelos nossos pais e familiares.
Você pode estar se perguntando, mas e o que o outro me fez? E a dor que
ele gerou em mim?
Ele gerou porque nós permitimos, nós é que escolhemos dar o significado
a essa dor, mesmo que de forma inconsciente.
O outro que nos fez “mal” irá sofrer a lei de ação e reação, com o nosso
perdão ou não.
Se eu continuar com mágoa, raiva e dor pelo outro e não perdoá-lo, ele irá
sofrer os impactos da lei de ação e reação?
Sim! E se eu perdoar?
Também.
Acontece que, quando liberamos o “perdão”, quem fica livre somos nós!
Eu não me intoxico mais com aqueles sentimentos, não tenho mais
gatilhos mentais daqueles acontecimentos dolorosos, não fico mais ancorada
naquele processo.
Passo a estar aberta para o novo! Deposito, naquele lugar, novos
sentimentos.
Eu mudo o significado do que ocorreu, tirando as crenças limitantes,
entendendo os fatos como eles realmente são, não como nosso orgulho ferido,
nossa mágoa, nossa raiva os interpretaram.
E até mesmo quando criança, o que vi, ouvi e senti, tudo o que signifiquei
naqueles momentos, passa a ser compreendido de outra forma.
Além disso, despertar o “poder de ser quem eu sou” me fez compreender
que minhas escolhas me fizeram chegar até aqui. As boas e as que são
consideradas “ruins”. Então, eu sou o que criei e acreditei.
E, nessa filosofia, eu passo também a não me culpar, não ficar me
julgando ou criticando tanto.
Passo a compreender que, no momento em que eu “errei”, eu estava
tentando satisfazer minhas necessidades, com os conhecimentos e vivências
que tinha até ali. Que, a partir do momento em que amplio minha consciência
e meus entendimentos, mudo minha direção.
Pense comigo:
quantas vezes você já deve ter dito para você mesmo: “Se eu tivesse o
conhecimento e a maturidade que tenho hoje, não teria feito daquela forma”.
Já pensou assim?
Acredito que a maioria das pessoas já deve ter feito reflexão parecida.
Então, nessa filosofia, você aprende que você deu o melhor que podia dar
naquele momento.
Agora, é olhar para a frente, tirando o aprendizado do que você foi, do
que você entendia, mudar seus resultados no hoje e projetar um novo futuro.
Eu acredito que a realidade mental que criamos através do que falamos
sobre nós, sobre o que pensamos sobre nós, sobre os outros e sobre o mundo
criou nossos resultados hoje.
E eu acredito plenamente que a chave para nossa cura emocional está em
nos amarmos e descobrirmos o poder de sermos nós mesmos.
Agora que você já tem uma noção da minha filosofia, vamos seguir.
Quero te convidar a refletir sobre essa ótica.
CAPÍTULO 2 - ONDE TUDO COMEÇOU
Eu nasci em um lar chamado disfuncional, onde discussões, brigas e
climas tensos faziam parte do cotidiano, por conta de um pai com a doença
do alcoolismo e uma mãe cheia de feridas e desequilíbrios emocionais.
A minha gestação, pelo que descobri, não foi tão tranquila, e minha mãe
também teve rejeição pós-parto. Eu recebi toda essa informação de forma
inconsciente, mas sentia isso de forma clara.
Minha mãe também veio de um histórico de família disfuncional, e
também não recebeu o amor e o carinho necessários, e por que todos nós
seres humanos, desde a nossa concepção, ansiamos. Comigo, com ela, com
você é assim, e a falta dele nos faz olhar, mesmo que de forma inconsciente,
para esse amor interrompido.
Pegando carona em um aprendizado que tive com um professor, onde ele
dizia mais ou menos assim:
“[...] Dar e receber este amor. Amor no início da vida é alimento da alma.
É essencial para a formação da personalidade e constituição do EU
SUPERIOR, que é a consciência do ser humano, ser humano”.
Dentro dessa ótica sistêmica, que é uma das bases do meu trabalho, hoje
compreendo os processos dos meus pais. Eles são resultados das suas
criações, do seu sistema familiar, de suas encarnações, como eu sou também.
Quem não recebeu não sabe dar!
Minha mãe pouco recebeu! Ela vinha de um lar onde seu pai sofria da
doença do alcoolismo, viu sua mãe sofrer muito com violência física e
agressões diversas. Por sua vez, minha avó materna também teve um
histórico familiar disfuncional. Seu pai cometeu suicídio e sua mãe era
altamente rígida, não era afetuosa e carinhosa.
Amigos, só por esse pequeno trecho, percebam a repetição de padrões e
como a vida da minha mãe se assemelha com a minha. Como era o pai da
minha mãe, meu avô?
E meu pai?
Minha mãe, de forma inconsciente, foi buscar um parceiro que se
assemelhasse ao seu pai. Na visão sistêmica, criada por Bert Hellinger1, isso é
uma forma inconsciente de buscar “o pai”, esse amor que, para ela, foi
interrompido.
1 Bert Hellinger: nascido em 1925, estudou Filosofia, Teologia e Pedagogia. Trabalhou 16
anos como membro de uma ordem de missionários católicos com os Zulus, na África.
Depois, ele se tornou psicanalista e desenvolveu a sua própria abordagem de Constelação
Familiar, a partir das experiências com dinâmica de grupos, terapia primal, análise
transacional e vários processos de hipnose terapêutica.
Porém, no meu caso, eu tomei consciência desses padrões e parou em
mim! Eu não levo adiante esse campo há alguns anos. Mas nem sempre foi
assim...
Eu me curei porque acolhi sem julgamento, depois do entendimento, o
que tinha no meu sistema, honrei meus pais e meus avós os aceitando como
são, tendo a consciência de que eles deram o melhor que podiam.
Hellinger diz que, quando um toma a consciência, transforma o que era
maldição em bênção, no sistema familiar e na vida.
Voltando à minha mãe e à minha gestação, com esse histórico e sem
suporte para ressignificar suas questões, ela se viu sem apoio e, de certa
forma, “abandonada” pelo meu pai, já que o mesmo era ausente, estava
naqueles momentos voltado para as coisas dele, que envolviam trabalho
intenso (ele sempre trabalhou muito duro), e para o problema com o álcool,
que o deixava distante de nós.
Ela descreveu para mim essa sensação de ausência, de abandono, somada
aos momentos em que ficava irritada e revoltada com o comportamento do
meu pai. E o sentimento passado para mim no útero foi o de abandono! Eu
recebi tudo isso!
E, de forma inconsciente, eu tomei parte da dor da minha mãe para mim,
só fui dar conta disso nas constelações familiares que vivenciei, nos cursos
que fiz, nas terapias integrativas e nas experiências em atendimentos.
Tive convulsão febril durante boa parte da minha infância. Toda vez que
eu convulsionava, meu pai parava tudo, saía de onde estivesse para ficar com
a gente! Nesse momento, os meus pais ficavam juntos, assim eu os unia e
“salvava” minha mãe, claro que de forma inconsciente.
Uma forma de preencher esse “vazio” da minha mãe era ficar doente,
pois, ao ler que eu tinha que ser a “salvadora” da minha mãe, a doença era
uma forma que unia meus pais, não deixando minha mãe mais abandonada.
Isso só foi compreendido de forma clara com a visão sistêmica e outras
terapêuticas que associei.
Então, ao receber essa carga e essa informação desde o útero, comecei o
meu processo de vida desafiador desde tenra idade.
Minha mãe, que também sofreu processos de violência física desde a
infância, transportou para mim esse padrão que ela recebeu. Durante boa
parte da minha vida, ela me batia muito, de forma muito agressiva, a ponto de
rasgar algumas vezes a roupa do meu corpo.
Durante muitos anos, eu tinha MEDO dela, achava que ela não me amava.
Algumas vezes, só o olhar dela já me fazia sentir dor de estômago. Muitas
vezes, quando criança, eu fazia orações pedindo para DEUS me tirar dali,
daquela casa, e me manter longe dela; por várias vezes, ensaiei arrumar
minhas coisas e ir morar com a minha avó, porque não aguentava mais aquela
casa, mas o MEDO dela me paralisava.
Minha infância teve, para mim, poucos registros de felicidade. Quando
olho as fotos daquela época, vejo no meu olhar o medo, a insegurança, uma
criança sem brilho; brincava e me divertia às vezes, mas era uma criança
insegura e amedrontada.
Somado a tudo isso, durante alguns anos, na escola, um garoto, bem
maior e mais velho do que eu, abusava sexualmente de mim em sala de aula,
quase que diariamente. Ele me obrigava a sentar na carteira de frente da dele,
para conseguir me tocar.
O garoto me ameaçava, dizia que iria me matar se eu contasse para os
meus pais ou para a diretora.
Um dia, conversando com meu pai sobre como me defender, sem contar a
ele o real motivo, ele disse que eu deveria bater em quem me ferisse, para que
me tornasse forte.
Então, fiz alguns treinos com uma lancheira de ferro que eu tinha e,
depois de muitos anos sofrendo com esse garoto, eu consegui tomar forças e
coragem e arrebentei a lancheira na cabeça dele, e disse que se ele fosse
reclamar na diretoria eu iria contar o que fazia comigo.
Naquele momento, eu percebi que era forte, que não era a medrosa e que
podia me defender, mas me tornei, durante algum tempo, uma garota
agressiva no modo de falar e agir. Era normal que isso acontecesse, dado o
meu histórico.
Tive uma adolescência de baixa autoestima: me sentia muito mais feia do
que todas as minhas amigas, me achava desinteressante. E muitos diziam que
era normal se sentir assim na adolescência.
Sim, muitos adolescentes se sentem assim; porém, se têm históricos de
violência, rejeição, medos, essa questão se torna muito maior.
Havia algumas amigas de adolescência, que tinham lares mais
equilibrados, com mais afeto, mais acolhimento, onde conheci os pais e
convivia com eles e, claro, a autoestima delas era muito melhor do que a
minha. Tudo compõe para um resultado positivo ou negativo.
Depois dessa adolescência traumática, de baixa autoestima, eu começo
minha jornada de transformação, de ir buscar algo que mudasse toda aquela
dor, que era algo bem solitário, que eu não compartilhava com ninguém, já
que não confiava em ninguém para partilhar.
Eu começo, então, no início da fase adulta, por volta dos 18 anos, a ter
contato com a espiritualidade, onde percebia a presença de alguém que
cuidava de mim, que me velava. Ele não falava comigo, mas eu sentia o
conforto da sua presença.
Comecei a despertar o interesse por livros e conteúdos espiritualistas, que
começavam a fazer muito sentido e me davam conforto.
Um dia, em visita à casa de praia onde meus pais foram morar – nessa
época, estava estudando e morava fora –, durante uma arrumação, achei o
Evangelho segundo o Espiritismo, e perguntei se era de alguém. Minha mãe
disse que não, e que poderia ser do antigo morador. Li ele todo e, desde
então, nunca mais me desliguei dele, tenho até hoje, está bem velho, mas eu o
guardo e tenho um carinho especial por ele.
Logo após, comecei os estudos na doutrina espírita, que me deu aquele
pontapé DE VERDADE para sair dos meus processos de dor e começou a
tirar o véu que tapava meu olhar para as coisas realmente positivas da vida.
Fiz várias assistências e tratamentos espirituais, estudei muito, fiz vários
cursos dentro das instituições espíritas que frequentei.
E já sentia que muita coisa estava melhor, conseguia ver mais cores na
vida, já sentia que tudo poderia ser mudado e somente eu poderia mudar tudo
isso, estava até fazendo trabalhos voluntários.
Nessa fase, as coisas estavam muito melhores e eu já tinha ânimo para
buscar cursos e demais terapias.
Eu nem imaginava, naquele momento, que mais um grande desafio eu
enfrentaria, que iria acontecer algo muito doloroso, profundo, que me
marcaria por muitos e muitos anos e me faria quase cair no fundo do poço
novamente.
Um dia, voltando do trabalho para casa, fui abordada por um rapaz
armado, no que, no início, parecia ser um assalto, mas logo depois ele disse
que seu interesse era outro.
Ele me levou para um terreno atrás de uma escola e se jogou comigo em
um buraco enorme, me batia muito e me obrigou a tirar a roupa e me
estuprou.
Ele dizia que sua intenção era me matar, mas que algo que ele não sabia
explicar não deixava, que iria me dar uma chance de sair viva de lá, mas que
eu saísse do local depois de pelo menos 10 minutos, o que daria tempo para
ele fugir, e que se eu saísse antes, ele voltaria para me matar.
Eu sentia a presença de um protetor, alguém que me pedia para dizer
algumas coisas. Eu não me lembro de nada, apenas lembro que isso fez com
que o rapaz desistisse de me matar.
Nem preciso dizer que fiquei em estado de choque! Saí do buraco cheio
de terra onde ele me jogou, completamente aérea, sem saber o que fazer,
machucada.
Durante um tempo, veio uma revolta, pois eu pensei: caramba! DEUS,
Não está bom, não? Já sofri tanta coisa e, quando começo a transformar meus
processos, transformar minhas dores, estou estudando, trabalhando no bem,
me acontece isso?
Depois de um tempo, entendi que, por conta desse suporte espiritual,
minha vida foi preservada, e compreendi que, de alguma forma, esse
acontecimento era algo que eu precisava limpar, resgatar, ressignificar, então
intensifiquei a minha jornada em busca da mudança.
Nós somos agentes causadores, não somos vítimas, e tudo acontece por
conta de situações que criamos, nessa ou em vidas anteriores, e essa
compreensão faz toda a diferença.
Tive, antes dessa compreensão, a fase de revolta, quando me afastei um
tempo da religião, comecei a ir a festas, baladas, constantemente, quase que
todo dia, tive comportamentos de revolta, e depois percebi que toda essa
revolta estava retornando para mim em mais e mais dor.
Além de depressão – muitas vezes não tinha vontade de sair da cama, não
via cor em nada –, por diversas vezes olhava da janela do apartamento em
que morava e pensava em me jogar.
Não me conformava com aquela vida, com tudo o que tinha me
acontecido, e por diversas vezes questionei a presença de Deus.
Era algo que não compartilhava com ninguém, era sozinha na minha dor,
não confiava em ninguém para partilhar o que eu sentia. Meus pais já tinham
passado pelo baque do acontecimento, tinham suas dores, e eu não queria
mostrar a eles todas as minhas dores.
Para não decepcionar meus pais e trazer mais problemas, tinha decidido
não falar nada, absolutamente nada do que eu sentia.
Nos meus atendimentos, lido com muitos casos de pessoas que passam
por diversas dores emocionais, mas a família e os amigos não sabem, elas
guardam para si. É como se eu voltasse no tempo e me visse na mesma
condição; sei o que elas sentem.
Depois de anos desperdiçando meu tempo e minha energia no que não
agregava em nada para minha vida, pois eu acumulava mais experiências
traumáticas e dores com o “amortecimento” e as fugas através de festas,
bebidas e comportamentos desequilibrados, que só potencializavam as coisas,
eu fui buscar uma saída, um “chega!” para tudo aquilo. Um dia, parada em
uma praça, olhando as pessoas passarem, eu comecei a pensar no que estava
fazendo na minha vida, no que tudo aquilo estava me trazendo. Foi aí que eu,
então, resolvi colocar a mão na massa e tomar o leme da minha vida, resolvi
vencer as dores e os sentimentos que tinham me levado até ali.
Eu tenho certeza de que a intercessão daquele protetor e de um outro que
anos depois se apresentou, dizendo sempre estar comigo, que essa reflexão
foi possibilitada, somando a tudo isso os estudos e o propósito da minha
alma, que me chamava, possibilitou esse insight e a disposição de começar
uma jornada me desconectando de tudo aquilo.
Voltei a estudar, fiz faculdade e pós-graduação, me dediquei ao trabalho,
à jornada de autoconhecimento e ao detox emocional, limpando tudo o que
tinha me feito sofrer.
Comecei a elaborar os passos que eu iria seguir de forma a não deixar
mais nada me atrapalhar. Inclusive, durante um tempo, fiquei de certa forma
solitária e um pouco radical, com lazer quase que inexistente, só estudos e
trabalho. Hoje, entendo que tudo isso foi o mecanismo que encontrei para não
sair do caminho: eu precisava mudar.
E o caminho era a busca e a transformação desses processos dolorosos e
não sentir mais as dores emocionais, ter uma vida equilibrada e com
qualidade.
Por conta de toda essa trajetória e de muitas outras coisas que vivi e de
todo esse processo que compartilhei com vocês, quis escrever este livro e
contribuir com técnicas, caminhos e ferramentas de mudança, para que, assim
como eu... Você desperte o poder de ser você, que você possa dar os
primeiros passos, que parte da minha vida possa contribuir para, de alguma
forma, você iniciar o seu detox emocional.
CAPÍTULO 3 - O PODER DA GRATIDÃO
Quando limpei boa parte das dores emocionais, que me impediam de
entrar em ação e de ter motivação, comecei a etapa de elevação da
AUTOESTIMA, comecei a me empoderar e a me tornar quem sou hoje: hoje,
eu sei o poder de ser eu mesma! Amando-me verdadeiramente, fazendo
acordos de alegria comigo, gostando de me olhar no espelho e de ser quem eu
sou.
É isso o que amo fazer hoje: ajudar as pessoas a serem elas mesmas e
descobrirem o seu caminho, o seu poder.
Nessa nova fase da vida, comecei a limpar e a fazer um verdadeiro
DETOX em tudo o que não agregava mais para minha vida.
E fui buscar diversas terapêuticas integrativas, pois a terapia convencional
já tinha feito seu papel. Foi até um ponto, aquela forma convencional, não
estava mais surtindo efeitos; eu precisava de algo que complementasse, que
ampliasse meu entendimento.
Então, coloquei a mão na massa, e um dos ajustes importantes era
também a vida profissional. Queria descobrir o meu real propósito nesta vida,
e viver de algo que verdadeiramente eu amava fazer, trabalhando em
conjunto as minhas questões emocionais.
Eu trabalhei durante 22 anos no mundo corporativo e em alguns anos em
multinacionais grandes, era bem remunerada, tinha salário acima da média do
meu mercado, tinha muitos benefícios. Porém, no meu processo de imersão
em busca do meu propósito, comecei a perceber que achava esse trabalho
uma chateação, mas também que eu não era simplesmente uma reclamona e
uma ingrata, que se eu me sentia sem ânimo para trabalhar e fazer atividades
pertinentes ao trabalho, isso ocorria por estar distante do meu propósito.
Quando as dores intensas foram suavizando significativamente, eu ampliei a
lente para olhar de forma profunda para diversas áreas da minha vida, e o
trabalho estava nesse kit de mudanças.
Muitas pessoas me chamaram de maluca quando abandonei o mundo
corporativo para me dedicar aos atendimentos e palestras.
E tenho clareza de que muitas delas não sabem o real significado de
propósito, de fazer o que se ama, de estar conectado ao que te faz feliz, o que
faz você levantar todos os dias com mais e mais vontade de evoluir, de
contribuir, de criar.
As inseguranças, os medos e as crenças limitantes contribuem para que as
pessoas não ousem e não se disponham a fazer o que realmente amam fazer.
Gráficos, reuniões intermináveis, relatórios, infinidades de e-mails para
responder, telefone tocando sem parar, da empresa e dos clientes. Aquela
rotina não fazia sentido para mim e estava me deixando emocionalmente
abalada. O final do domingo era tenso, pois a segunda-feira estava próxima e
toda aquela rotina enlouquecedora iria começar.
Resolvi, então, ir atrás do que realmente iria me fazer feliz
profissionalmente, com o meu propósito.
Durante muitos anos, fiz diversos cursos de desenvolvimento pessoal, li
muitos livros, até que, depois de uns anos, eu passei por um processo de
coaching, então resolvi fazer a formação de coaching, que foi sensacional.
Eu lembro que, durante o curso, não caíam fichas, mas cofres na minha
cabeça!
Eu dizia internamente: “Yes! Yes! Isso mesmo, agora faz todo o
sentido!”. Comecei ali mesmo, durante o curso, a traçar minhas estratégias,
como seria meu trabalho, escrevia sem parar nos cadernos e no meu celular.
No primeiro dia depois de um curso intenso, que durou mais de 8 horas, fui
dormir às 2h30 da manhã, escrevendo muito.
No decorrer do curso, fui montando meu plano de ação.
Detalhe: não contei para ninguém o que eu iria fazer. As pessoas mais
próximas desconfiavam, mas não sabiam de nada.
Aprendi uma coisa: baú aberto não esconde tesouro.
Até que desse certo, queria preservar tudo!
No meu plano de ação, eu iria sair do mundo corporativo em três anos,
mas quando a gente descobre o amor e começa a trilhar a rota da paixão, do
propósito, as coisas criam uma velocidade...
Em 1 ano e meio, eu consegui sair.
E, depois disso, não parei, meu plano continua em ação, algumas coisas
tinham sido traçadas a longo prazo e elas continuam, inclusive este livro é
parte de um dos objetivos desse grande planejamento.
Não parei naquele curso de coaching, comecei a fazer uma série de outros
cursos, formações terapêuticas; precisava ampliar tudo o que havia
apreendido.
Nesse meio caminho, também fiz um detox no meu relacionamento. Era
casada há mais de 7 anos com alguém muito diferente de mim e que eu não
amava mais por diversos motivos. Aprendi muita coisa, inclusive que essa
ideia de que “opostos se atraem” é uma grande sabotagem. Na realidade, os
“dispostos se atraem”!
Os opostos podem até se atrair, mas depois se distraem e, então, se
repelem.
Sou grata pela experiência, mas chegava o momento de apertar mais uma
tecla rumo ao AUTOAMOR, e que só fui me dar conta depois de despertar o
meu poder interior e entender que eu merecia ser feliz, e que não iria me
prender em medos.
Até então, eu achava que não tinha condições de ter algo melhor, uma
relação de parceria, feliz, vibrante, com romance, com desejo, tudo o que não
tinha naquele relacionamento e não tinha me dado conta.
Foi quando decidi me divorciar e seguir o meu caminho, da forma que
sempre sonhei em fazer, sem nada para obstruir o caminho.
Não foi fácil, como todo término de relação, sempre tem alguns desafios,
julgamentos dos amigos e familiares de uma parte e da outra, mas eu estava
determinada a ter uma vida com mais propósito em todas as áreas, então
esses obstáculos foram tirados da frente e, quando decidi virar aquela página,
assim o fiz. Casa nova, vida nova!
Todos os dias pela manhã, logo após o café, pegava meu plano de ação e
alinhava tudo o que tinha que fazer naquele dia. Era muito vibrante, muito
feliz!
Eu comemorava cada passo, cada situação vencida!
Aprendi que temos que ser felizes no caminho, não tem essa de ser feliz
quando se chega ao pódio, na etapa final.
Cada passo pequeno diário que comemoramos, além de nutrir nossa
mente com hormônios como endorfina, dopamina e serotonina, nos dá prazer,
ânimo, sensação de vitória; nós entramos em ressonância com as energias da
prosperidade, da alegria, do sucesso, e o universo começa a nos trazer mais
daquilo que sintonizamos, colapsamos essas frequências e a fluidez começa a
ser muito maior.
Vamos falar mais sobre essa questão da frequência e da ressonância com
o universo mais adiante, de forma um pouco mais detalhada.
O importante é você entender que comemorar as vitórias diárias é muito
importante para que você se motive a seguir, encha seu tanque do
entusiasmo, da alegria e da prosperidade.
E não estou falando somente da vida profissional, mas em todas as áreas
da sua vida em que você precisa dar mais foco, precisa ser olhada para a
melhora dos resultados, como: autoestima, equilíbrio emocional, saúde,
espiritualidade, finanças, relacionamentos amorosos ou familiares, tudo o que
você perceber que precisa ser alinhado.
Outro ponto importante para se conquistar melhores resultados é a
gratidão. E ela fez e faz parte do meu detox e do equilíbrio energético.
Muito provavelmente, você já deve ter visto muita coisa nos livros, na
internet, falando sobre gratidão. E estão falando muito, porque é realmente
importante.
E por quê?
Quando nos dispomos a olhar as coisas que temos, que conquistamos e
que nos acontecem com o olhar da gratidão, tudo muda.
Diversos estudos apontam que as pessoas gratas são mais prósperas e
felizes. Em uma pesquisa, um psicólogo americano chamado Abraham
Maslow percebeu que as pessoas que promoviam a gratidão tinham melhores
resultados na saúde emocional e ampliavam suas consciências para a
mudança.
“Gratidão não é apenas a mais rica das virtudes, mas sim a mãe de todas
as outras”, dizia o filósofo grego Cícero.
Através da gratidão, eu promovo a admiração, a apreciação pela vida e
pelo que se tem.
Quem pratica a gratidão de forma consciente desenvolve a valorização
pelo que se tem e diminui a ansiedade pelo que ainda não conquistou, além
de se conectar com energias benéficas e salutares que promovem paz interior.
A gratidão nos acalma e diminui as nossas preocupações, porque nossa
mente se aquieta, sentimos nosso coração mais descansado, passamos até a
dormir melhor; ela contribui muito para diminuir as tensões da vida moderna.
Contribui para a cura de uma série de doenças psicossomáticas e dores da
alma, como tristeza, depressão, baixa autoestima, melancolia, melindres,
ansiedade e tantas outras.
Quando desenvolvemos esse hábito, acionamos as energias curativas do
universo e, com isso, de todo o nosso ambiente e de tudo o que está ao nosso
redor.
Quanto mais eu agradeço, mais eu recebo.
Em contrapartida, quanto mais eu sou ingrato com as coisas que tenho,
mais receberei daquilo por que sou ingrato.
Ex: Estou insatisfeito com o meu carro, reclamo dele.
Note que aparecem mais problemas mecânicos, elétricos, acontecem com
ele, mais coisas negativas relacionadas a ele aparecerão.
De acordo com a intensidade da minha ingratidão, até acidentes pequenos
e grandes envolvendo o mesmo.
O universo nos devolve aquilo que pensamos, sentimos e acreditamos.
Eu vou buscar o que preciso, seja a troca de um carro, uma casa, seja o
que for, mas eu agradeço pelo que já possuo.
O processo não é ignorar seus desafios, a questão está em agradecer
aquilo que você considera de positivo na sua vida, das pequenas às grandes
coisas.
Exemplo: um sorriso de um familiar logo cedo, seu café da manhã, o seu
banho quente, a sua cama, seu alimento diário, aquele almoço do fim de
semana com a família, um livro que você comprou, uma música que te
alegrou o dia.
Depois, para as coisas maiores, mas que muitas vezes passam por nós no
dia a dia desapercebidas, como: amor dos familiares, pais, filhos, avós, a sua
saúde, a sua casa.
Focar somente nas coisas boas que seus familiares têm de positivo e
agradecer.
Exemplo: meu filho é tão carinhoso, minha irmã cozinha tão bem, minha
filha é tão estudiosa, meu chefe é tão inteligente, meus colegas de trabalho
são muito educados.
Não estou propondo você fechar completamente os olhos para os desafios
e os pontos que te incomodam no outro. Eles precisam ser trabalhados e
olhados, mas a questão é: quanto tempo e quanta energia você direciona
naquilo que você e que o outro têm de negativo?
Eu procuro olhar para isso nos momentos em que estou lendo algo, que
remete a mim ou ao outro, nos pontos que ainda não estão bons, nas
vivências, nos processos terapêuticos. Agora, ficar nessa fixação mental,
constante, dando foco e energia constante no “defeito”, no que te incomoda
no outro e em você, só aumenta ainda mais a sensação de que aquilo é
definitivo e não pode ser alterado, além de potencializar, aumentar a lente no
que é ruim no outro e em você.
A gratidão é um atributo natural da mente que aciona os mecanismos da
prosperidade, da abundância, de mais felicidade, paz.
O que não está bom em nossas vidas é porque esquecemos, dentre várias
outras ações, de colocar a gratidão também.
Não devemos agradecer o que não aconteceu, só o que aconteceu, porque
sua mente consciente e mente inconsciente irão entrar em conflito.
Em tudo o que você quer melhorar, coloque gratidão.
Mas ela deve ser sentida, não é só falar. Tenho que manifestar esse
sentimento dentro de mim.
Tenho que sentir!
Já ouvi gente se incomodando com a onda da gratidão, dizendo que hoje
em dia só se fala de gratidão.
E que bom que se fale muito disso, porque eu acredito que a gratidão pode
transformar sua realidade mesmo.
Ela foi um dos componentes para o meu processo de cura, que uso até
hoje.
Gratidão é um sentimento profundo, mas ele precisa ser um sentimento
real.
Concentre-se no fluxo de gratidão e faça, em minutos, com que todo o
fluxo da sua vida pessoal se eleve.
Gratidão e a Neurociência
Para que os nossos sonhos e metas de vida sejam realizados, a
neurociência diz que devemos criar um campo mental adequado, padrões
mentais que contribuem para suas realizações.
Para isso, um dos caminhos é a projeção mental, em que fazemos nossas
mentes consciente e inconsciente estarem alinhadas para que aquele sonho ou
desejo faça neuroassociações e, assim, crie um campo mental favorável para
que aquilo que desejo se realize.
A partir dessa condição mental, passamos a colocar nossas metas em um
chamado plano de ação, que muitas vezes se dá através de listas, planilhas.
Porém, antes de eu listar meus sonhos e metas, preciso fazer a lista das coisas
que eu já conquistei, realizei, pensar em coisas das mais simples às maiores,
nos campos da afetividade, das coisas materiais, dos relacionamentos, paz,
saúde...
E agradecer a tudo isso.
Quando ativamos a gratidão em nossos pensamentos, passamos a ativar o
sistema de recompensa dentro do cérebro, localizado em uma área chamada
núcleo accumbens, responsável pela sensação de bem-estar e prazer em nosso
corpo.
O sistema de recompensa do cérebro é a base neurológica da satisfação e
da autoestima. E a gratidão exercitada estimula a ação dessa área.
Quando o cérebro identifica que algo é positivo, deu certo, que tivemos
êxito, que nos deixou felizes a ponto de merecerem reconhecimento,
passamos a liberar uma substância chamada DOPAMINA, que é um
importante neurotransmissor, que vai mandar mensagens entre os neurônios,
cujo mecanismo de ação inclui ativar os receptores dopaminérgicos,
identificando a presença da dopamina no núcleo accumbens2.
2 O núcleo accumbens é uma estrutura cerebral que forma o nosso sistema de prazer e
recompensa. Sem isso, certamente perderíamos a força, essa catarse e essa energia
incontrolável que nos torna humanos, parte de um ambiente onde todos, absolutamente
todos, se movem com base em um conjunto de objetivos (objetivos pessoais, emocionais,
sexuais, de aprendizado, de alimentação…).
Assim, pessoas que praticam a gratidão exibem níveis mais altos de
DOPAMINA, com isso deixando cada vez mais as emoções positivas
prevalecerem no seu dia a dia.
Essas pessoas têm mais vitalidade, satisfação com a vida, bom humor,
disposição, energia, otimismo.
Para que essa produção de DOPAMINA seja cada vez mais constante, ela
deve ser construída através dos nossos pensamentos. Um dos caminhos para
ativar esse bem-estar é a GRATIDÃO.
Outro hormônio liberado através da gratidão é a OCITOCINA, que
estimula o afeto, traz mais tranquilidade e reduz a ansiedade, o medo e as
fobias.
A ocitocina é produzida em uma região do cérebro chamada
HIPOTÁLAMO, que liga o sistema nervoso ao sistema endócrino através da
glândula pituitária, que vai liberar a OCITOCINA para a corrente sanguínea.
O cérebro não vai criar o sentimento de gratidão sozinho, nós é que temos
que mandar esse comando para que ele, então, passe a liberar hormônios que
ajudam a diminuir esses estados mentais tóxicos, como: medo, angústia,
raiva, ansiedade e desânimo, que nos impedem de realizar e ter uma vida
mais plena e feliz.
Assim, os obstáculos que são colocados em nosso caminho serão muito
mais fáceis de serem transpostos, nos possibilitando atingir nossas metas.
Gerar sentimento de gratidão é uma escolha! E ninguém pode fazer por
você.
Como a gratidão opera?
A gratidão é um dos primeiros passos que damos em relação ao amor,
quando agradecemos ao criador das pessoas e da vida.
As pessoas que se sentem gratas se sentem amadas.
Não percebemos, mas esse nobre sentimento é despertado desde pequenos
dentro de nós, quando nossos pais nos orientam a agradecer.
Porém, muitos dos pais e dos filhos acabam condicionando a gratidão
somente a uma questão de cordialidade e educação.
“Meu filho, agradeça à vovó pelo bolo”.
“Agradeça ao coleguinha por emprestar o brinquedo”.
“Vai lá, querido, agradeça à titia pelo presente”.
Deveríamos explicar aos nossos pequenos que, ao agradecer, estamos
gerando alegria no outro que nos fez um bem, porque gera reconhecimento, e
em nós o sentimento de ser querido, de que gostam de nós, de sermos
respeitados, amados, e, com isso, vêm bem-estar e alegria. Somado a tudo
isso, é preciso ensinar a agradecer todos os dias pelo que se é e pelo que se
tem.
Que sentimento desperta em nós?
“Nossa, como a vida é boa comigo! Sou amado, sou querido, que coisa
boa aconteceu”.
Em nosso dia a dia, com os afazeres, passamos a não dar a atenção devida
à gratidão.
Acabamos por não agradecer na intensidade correta.
E, com isso, o foco em nossos desafios, nas coisas que nos entristecem,
que nos desequilibram, fica mais propício.
O nosso olhar fica mais no negativo do que no positivo. Tem gente que,
sem perceber, cria em relação à gratidão um olhar de débito.
Ela recebe um presente, um favor, algo que considera que foi muito
grande, daí passa a entrar em conflito porque se sente em débito, acha que
precisa dar na mesma proporção, que terá que retribuir no mesmo valor.
Ora, se recebemos algo que consideramos tão grandioso, é porque, de
uma maneira ou de outra, merecemos, então cabe a nós nos sentirmos
imensamente gratos.
Daí, passamos a criar uma condição mental de crédito, e não de débito.
É possível darmos tudo na mesma proporção e medida do que recebemos?
Ou damos aquilo que temos?
A resposta é: damos aquilo que temos, mesmo que não seja na mesma
medida. A questão está em darmos o nosso melhor.
Então, se eu recebi algo e não tenho como retribuir no mesmo valor, na
mesma proporção, darei o que de melhor posso dar, mesmo que seja somente
em palavras, por não dispor em espécie ou em matéria de nada.
Através das palavras, demonstrar, externar ao outro aquilo que recebeu
com todo o seu carinho, seu amor e alegria, muitas vezes é o que basta para
que o outro sinta-se retribuído.
Gratidão e a prosperidade
Quanto mais eu agradeço, mais eu ativo o fluxo do dar e receber.
Meu olhar muda, começa a notar o quanto tenho recebido, e então
percebo o que há à minha volta, gerando esse sentimento de estar recebendo.
As pessoas que começam a praticar a gratidão nos relatam que, a cada dia,
sua lista de coisas a agradecer aumenta.
Desbloqueamos o fluxo e vamos recebendo e recebendo mais, e com isso
passamos, além de ativar a gratidão, a ativar a prosperidade.
Sendo assim, ser grato é também ser próspero.
E nos dias em que os desafios parecem intensos, como agradecer?
Sabe aqueles dias em que, ao acordar, você já tem uma notícia
desagradável, risca seu carro ao sair da garagem, no caminho toma uma
fechada no trânsito, chega no trabalho e já tem um grande desafio para
resolver? E aí?
Tudo isso acontece porque, quando nos deparamos com algo negativo,
colocamos ele ou eles bem perto de nós, trazemos como se fosse diante do
nosso rosto, a ponto de não conseguirmos ver ao redor. Com essa ação, não
conseguimos ver solução imediata para as coisas e o problema se apodera,
acaba sendo o foco, o ponto principal.
Quando tomamos a ação de distanciá-lo, passamos a racionalizar, e então
podemos perceber que o problema não é tão grande assim; passamos a ver
possíveis soluções e, o que é melhor, passamos a perceber quantas coisas
boas temos ao nosso redor acontecendo, daí, quando nos damos conta, ao
invés de reclamar, passamos a agradecer.
Por isso, o planejamento faz com que os desafios e os “problemas” que
são pontuais tenham menor importância, relevância, e nos motiva a virar o
jogo.
O caminho é remodelar minhas ações que não deram os resultados
esperados e seguir.
Conclusão: a gratidão é uma poderosa ferramenta para desbloquear a
prosperidade e a abundância em nossas vidas. Ela amplia nosso olhar para o
que temos e abre caminhos para mais e mais conquistas. Torna a negação em
aceitação, transforma o negativo em aprendizado, o caos em ordem, direciona
nosso olhar para o presente e cria um futuro muito mais promissor.
Exercícios:
Você vai precisar de um caderno auxiliar a este livro, para fazer todos os
exercícios contidos aqui.
Vamos chamar de “Meu caderno”.
Nesse caderno, marque o dia e escreva todas as coisas pelas quais você é
grato ou grata naquele dia, das coisas mais simples até as mais
surpreendentes. No mínimo 5.
Exemplo:
7 de janeiro de 2017
Hoje sou grata:
Pela caminhada no bosque, o dia estava lindo.

Pela mensagem carinhosa que recebi do meu pai.

Pela cliente que me escreveu dizendo que amou a nossa 1ª sessão.

Pelos elogios dos meus amigos ao peixe assado que fiz.

Pelas mais de 300 mil visualizações do meu vídeo.


Coloque no seu caderno, diariamente, as coisas pelas quais você é grata/o;
caso não goste de agendas impressas ou cadernos, use o bloco de notas do seu
celular, o importante é escrever, para racionalizar a informação e, com isso,
sua mente condicionar alegrias, conquistas e gratidão.
Comemorando suas vitórias
Qual a importância de comemorarmos as pequenas e as grandes vitórias?
Nessa jornada de transformação e ressignificação das dores emocionais, é
de suma importância comemorarmos cada passo positivo que damos.
A mente de quem sofreu processos dolorosos tem muitos registros
negativos. Muitos arquivos são acessados a cada gatilho mental que se
associe a uma cena, a uma informação similar à registrada.
Um gesto de alguém, uma palavra, uma frase, um comportamento ou um
toque pode acionar um gatilho mental com um desses registros e, por conta
disso, a pessoa, naquele momento, pode reagir ficando irritada, agressiva,
impaciente.
E, para conseguirmos disposição, ânimo para seguirmos nessa jornada de
transformação, é muito importante enviarmos para nossa mente registros de
alegria, de conquistas, de vitórias, principalmente para quem tem questões
ligadas a baixa autoestima, preguiça, insegurança e até mesmo depressão.
É muito importante enviar esses registros.
CAPÍTULO 4 - DETOX DO INIMIGO INTERNO
Inimigo interno 1
Um sabotador poderoso dentro do processo de comemorar conquistas e
vitórias é fazer comparações com as conquistas dos outros. Isso é muito fácil
de acontecer e é muito nocivo para sua evolução dentro dessa jornada que eu
quero te convidar a fazer.
Ao olharmos o resultado do outro, podemos concluir que os nossos:
Não estão bons;
São pequenos ou até mesmo bobos;
Que a pessoa não merece, porque ela não se dedica como você, que isso é
injusto;
Que a pessoa começou antes e está mais longe.
Que ela tem mais condições, e você não tem para alcançar os resultados.
A lista de sabotadores é enorme! E a chance de eles entrarem em ação, se
você não estiver atenta/o, é muito grande.
Não olhe para o quintal do vizinho! Cada ser é único e tem sua história e
suas experiências, vivências, olhar. Às vezes, aquele resultado que você está
achando o máximo do outro, ele pode nem achar tanto assim, ou até mesmo
não estar gostando.
Outro ponto é que, às vezes, vemos o resultado, mas não vemos a
trajetória trilhada pelo outro, qual caminho percorreu. Então, esqueça a grama
do vizinho, ela definitivamente não vai te ajudar em nada dentro desse
processo de comemorar suas vitórias e dar passos em direção à sua
transformação.
Não deixe as grandes vitórias se tornarem pequenas!
Todas as suas vitórias, por mais que pareçam grandes agora, vão acabar se
tornando pequenas. E por que isso acontece? Simples, você vai crescendo, e
seus objetivos também.
E é justamente por isso que muitas pessoas deixam de comemorar as
pequenas vitórias.
Para não deixar as grandes perderem a força e as pequenas não terem
importância, vamos comemorar todas, porque cada uma delas tem seu papel
na construção dessa mente em transformação.
Não deixe que aquela conquista tão legal do tipo “consegui emagrecer
15kg em 7 meses” perca a importância quando você já estiver perto da sua
meta de peso e, de repente, naquela semana você perdeu 1kg. Esse olhar faz
com que o que foi maravilhoso e grande não tenha mais força, importância, e
quando não conseguir perder mais o que precisava na semana, aquele gatilho
poderoso dos 15kg nem lembrado será!
A comemoração de cada conquista, pequena ou grande, vai ser uma
poderosa aliada nessa caminhada, por isso eu te peço que dê muita
importância para essa ferramenta. Ela vai funcionar para você como um
combustível, e eu sei que quando deixamos ela de lado, sem importância, a
estrada ficará puxada e, com isso, o desgaste será muito maior.
Exercício:
Durante 21 dias, você deve anotar, diariamente, todas as vitórias que
aconteceram no dia, das tarefas que conseguiu realizar, das pequenas às
grandes coisas.
Seguem os exemplos, mas use a sua criatividade para comemorar cada
vitória de um jeito que te agrade e faça sentido para você.
Minha(s) vitória(s) do dia foi(foram) Vou comemorar

Dia 1- Fazer caminhada Vou mandar uma mensagem


para minhas amigas, contando

Dia 2- Marcar consulta que estava adiando Vou tomar uma água de coco,
que adoro

Dia 3- Inscrição para o curso Postar uma foto nas redes


sociais

Dia 4- Não comi doces Comentar no grupo da academia

Dia 5- Ser paciente na fila do banco, levei Ouvir uma música que amo na
um livro volta

Dia 6- Consegui terminar o livro Posto algum comentário


relevante sobre o livro

Dia 7-Escrevi duas páginas do meu livro Vou fazer as unhas

Dia 8- Não pensei coisas negativas sobre Vou dançar uma música alegre,
mim em casa

Dia 9- Consegui dizer não hoje Compartilho com a minha


melhor amiga

Dia 10- Troquei de carro Vou jantar sozinha ou com


amigos em um lugar especial,
para comemorar

Dia 11- Não mandei mensagem para o Vou assistir a algo que me
crush (paquera)- quando se faz isso com motive ainda mais a cuidar de
muita frequência mim

Dia 12

Dia 13

Dia 14

Dia 15

Dia 16

Dia 17

Dia 18

Dia 19

Dia 20

Dia 21
Inimigo interno 2
Nos processos de dores e traumas emocionais, na grande maioria dos
casos, muitas pessoas operam com profundo sentimento de desvalor. Foi
assim comigo e, em muitos atendimentos, percebo essa desvalorização
associada.
Sabemos que isso é um dos resultados da dor não ter sido ressignificada.
As sensações mais constantes são: ansiedade, incapacidade e inferioridade.
E essas sensações são potencializadas pelo inimigo interno, que é um
chacal psicológico, que acessa todos os registros de dores vivenciadas por
você ou que estão no seu sistema familiar por uma questão de identificação e
vínculos.
E como ele atua?
Aquela vozinha interior que te julga, que diz que você não é bom, que não
realiza, que nada dá certo, que você é incapaz, que estimula o seu medo, a sua
insegurança, que estimula a sua ira, que ajuda a condicionar esses
comportamentos e você passa a acreditar que isso é uma verdade, e assim
você passa a seguir sua vida.
Associações do inimigo interno são geradas por suas vivências
Tudo o que você viu, ouviu, sentiu desde a sua infância até a sua fase
adulta contribuiu para você construir as suas crenças, que podem ser
fortalecedoras ou limitantes.
As informações que você registrou e significou, que vieram dos seus pais,
familiares, professores, amigos, do meio em que vivia, contribuíram para a
construção dessas crenças, sem esquecer tudo o que você sentiu no útero.
Durante a gestação, recebemos registros, sensações, impressões e, a partir
daí, podemos nos vincular a tudo o que nossa mãe sentia, como citei no
início, com as minhas experiências.
As crenças fortalecedoras são aquelas motivações, encorajamentos, forças
que você vivenciou dessas relações.
Exemplo: “Meu filho, você será um sucesso!”;
“Minha filha, você é muito inteligente!”;
“Você é muito carinhosa, amorosa!”;
“Tudo ao que você se dedica dá certo!”.
As crenças limitantes são aquelas informações a que você se vinculou que
te colocam para baixo, que te dão medos, que te limitam, como o próprio
nome diz.
Exemplos:
“Você é lenta!”;
“Não confie em ninguém; todos irão te trair”;
“Homens não prestam”;
“Isso não é para você!”;
“Casar é uma prisão”;
“Você faz tudo pela metade”;
“Ricos não prestam”;
“Você só será aceita se for magra”;
“Você é burro!”;
“Você tem que ser como seu irmão”;
“Não sou valorizada”;
“Não é possível viver do que se ama”;
“É melhor dar do que receber”;
“Eu não posso/não consigo”;
“Tudo precisa ser perfeito”.
Frases com distorções cognitivas, que geram essas crenças limitantes, que
se enraizam na nossa mente, e vivemos operando por essas crenças, muitas
vezes de forma inconsciente.
Essas distorções cognitivas são a metodologia criada pelo inimigo interno.
Tipos de inimigos internos
Esse inimigo pode atuar de diversas formas.
Veja os tipos mais frequentes:
O dramático:
São aquelas pessoas que supervalorizam os acontecimentos, criando um
universo limitador.
Exemplo: quando alguém recusa um convite, logo de cara dispara um
gatilho interno de rejeição.
Você entende que foi rejeitado, não avalia a recusa do convite de outra
forma que não seja a rejeição.
Situações que podem acontecer:
A pessoa recusou seu convite porque estava sem dinheiro, ficou sem jeito
de dizer.
Tinha outro compromisso, realmente.
Não estava bem naquele momento e prefere ficar só.
Para o inimigo dramático, você foi rejeitado, as pessoas não gostam de
você.
O nada a ver:
Nesse padrão, o inimigo te faz acreditar que as pessoas não gostam de se
relacionar com você.
Ele faz você acreditar que tudo o que envolve socialização, coisas novas,
os resultados, na grande maioria ou nunca, acontecem como você espera. E
atribuindo sempre a você o fracasso nessas relações, o desinteresse das
pessoas de estar com você, que algo sempre vai acontecer para você queimar
o filme, sair de forma negativa das situações.
A leitura é: SOU UM INCOMPETENTE! UM FRACASSO.
Falas como: “Mais uma vez, falei o que não devia”.
“A tarefa ou a ação era super simples, todos fazem, mas eu só dou
mancada”.
“Ele/a se desinteressou por mim, por conta do que falei”.
“Toda vez que me disponho a conhecer novas pessoas, algo sai errado”.
Sempre eu:
A pessoa se culpa por tudo, sendo ou não “culpada”.
Vive se recriminando, está no centro das coisas ruins.
Se recrimina por ter sido agressiva, distraída, pelos resultados ruins na
vida das pessoas! Tudo o que acontece de forma negativa, na maioria das
vezes, traz para si e, muitas vezes, de forma inconsciente, até pelas dores dos
pais, dos irmãos, da família.
Mesmo que muitas vezes os acontecimentos estejam fora do seu controle
para resolução ou responsabilidade, a pessoa chama no peito a culpa! Como
se dissesse: “Por minha causa, se não fosse por mim...”.
Até situações mais simples, como:
Atraso para chegar a um compromisso, mesmo que não seja você o
motorista ou a responsável pelo trajeto.
A cara feia do cônjuge ou namorado, na maioria das vezes atribui para
você!
“Acho que é comigo a situação!”;
“Só pode ser comigo, eu tenho certeza!”.
A vidente:
Você adivinha, conclui que as pessoas não gostam de estar com você, de
você, que se irritam com você, não se preocupam com você.
E tudo isso porque esse “vidente” faz essa leitura.
E o que é mais interessante, sem qualquer evidência da realidade, na
verdade é uma interpretação dos fatos.
As pessoas que tiram essas conclusões, eu vejo de forma recorrente nos
meus atendimentos.
Exemplos de situações:
Ele/a está achando meu papo sem graça;
Ele/a está olhando justamente para essa parte (nariz, cabelo, olhos, pintas,
cicatriz...) que eu detesto do meu corpo.
Em todos os tipos de inimigos internos citados acima, quando eu
proponho aos meus clientes, por exemplo, perguntar para as pessoas sobre o
que está acontecendo, para ver se a realidade bate com o que ele lê, na
maioria das situações é uma interpretação errada, uma leitura equivocada. As
pessoas dão respostas muitas vezes completamente diferentes ao que a pessoa
achava que era.
E acontecem situações hilárias que as clientes compartilham comigo, tipo:
“Eu achei que ele estava se desvencilhando de mim, mas quando fui
conversar com ele, sem graça, confessou que era vontade de ir ao banheiro”.
Casos em que a pessoa foi surpreendida com relatos de que ela achava
que não seria boa o suficiente para se relacionar, porque era muito inteligente.
E não porque era inferior, feia ou gorda, como achava.
E a cliente, que era a “rejeitada” no primeiro momento, percebeu que o
outro se sentia inseguro com ela, menor.
A nossa mente cria ilusões que damos espaço para que se instalem e
alimentem esses inimigos internos, que nos afastam da nossa essência, de nos
sentirmos realmente com valor e nos amarmos verdadeiramente.
E aí, percebeu quais tipos de inimigos têm operado na sua mente?
Descreva aqui:
______________________________________________________________________
Nos atendimentos, eu aprofundo muito mais essa análise dos inimigos e
como fazer para combatê-los, mas aqui vamos dar os passos iniciais.
Coloque o “inimigo” no ringue
Exercício:
1º passo: o seu caderno (aquele que indicamos no início)
O caderno da___________________________________ (coloque seu
nome nesse caderno). Você irá usá-lo para outras atividades propostas. Ele
será mais que seu diário, será seu espaço de sacadas (ideias), downloads
(entendimentos) e novos caminhos.
2º passo: anotações
Durante 30 dias, anote todas as declarações, distorções e refutações, para
que depois você possa ter a dimensão clara de quantas coisas negativas você
declara sobre a vida e entra no jogo do inimigo interno.
Obs: precisa ser anotado para que realmente funcione.
Quem não anota se sabota!
Existem situações em que o inimigo age de forma mais agressiva, fazendo
com que você tenha declarações mais pesadas sobre você.
Exemplos: palavras pesadas sobre si mesmo/a.
“Você é terrível, você é nojenta, você é horrorosa”...
Técnica do combate
Quando o ataque agressivo começar, você precisa rebater com mais força.
E por que isso?
Ele está “acostumado”, quando chega a esse nível, a ser acolhido, aceito
muitas vezes, e a refutar o inimigo interno com uma nova informação. O
padrão muda, a leitura feita pela mente passa a ser outra.
A neurociência e diversos outros estudos apontam que para mudar, muitas
vezes, um comportamento, precisamos fazer o antigo gerar uma “dor” (no
caso, emocional).
A mente quer nos proteger, então ela faz fuga de tudo o que causa
desconforto. Combatendo o inimigo com o inverso, com intensidade, de
forma instantânea, você interrompe essa associação negativa gerada por ele.
Sendo assim, com comandos mentais, se você estiver em condições e
local apropriado para interromper o padrão, dizer:
– Cala a boca! Não aceito isso! Isso não é verdade! Mentiroso!
No local onde estiver, se puder falar com energia e voz alta, é ótimo.
Caso esteja em uma situação em que não possa fazer isso, use toda a
intensidade e energia, porém falando mentalmente com você.
Tudo com muita energia!
No modelo mental aceito e acolhido, muitas vezes você não luta, não
refuta a informação; deixa ela criar imagens: é como se apertasse a tecla
“Enter” em toda situação.
Parece estranho, né? Mas isso está condicionado.
Falar de forma mais dura com esse inimigo interno faz parte da
reprogramação.
Os inimigos internos, de maneira geral, usam o absoluto para fechar as
portas das possibilidades.
Pontos de atenção:
Situações que parecem não ter importância parecem mais tênues, porém,
por conta das repetições de falas, acontecimentos parecidos criam padrões
intensos de dor e sentimento de rejeição sem que possamos nos dar conta.
Situações como vou dar o exemplo abaixo, somadas a tudo o que
registramos na vida sobre nós mesmos, fazem com que a mente crie
neuroassociações, que realmente somos um fracasso, que somos rejeitados,
não somos bons, que não somos importantes para a família ou para o mundo,
e por aí vai...
Exemplo de como desarmar o inimigo:
Inimigo interno em ação
“Nossa, fiz um jantar e mandei 10 convites, e só vieram 4 pessoas”.
“As pessoas realmente não valorizam minha amizade”.
“Eu faço, faço e nunca é o bastante”.
“É assim que a gente descobre quem gosta da gente”.
Desarmando: (conversa mental)
“Vieram 4 pessoas e vamos nos divertir, veio quem tinha que vir e podia
vir”. “Quem não pôde estar aqui perdeu um jantar maravilhoso”.
“Eles têm os seus motivos para não vir, estavam sem grana e ficaram sem
graça em não trazer algo, tinham outro compromisso ou não estão bem e isso
não tem nada a ver comigo, tenho momentos em que não quero ver ninguém,
em que não estou bem, eles também. Vamos comer, então, e nos divertir!”.
Exercícios como o do exemplo acima ajudam o inimigo interno a se
desarmar.
Exercício:
Pense em uma situação recente em que você se sentiu desvalorizada/o,
rejeitada/o, que não foi boa/bom o suficiente, que se julgou muito.
Baseado no exemplo acima, descreva o que você lembra que pensou sobre
a situação.
______________________________________________________________________
Escreva abaixo como você poderia desarmar o inimigo interno nessa
situação vivida. Dentro dessa perspectiva de dar um outro olhar para as
coisas, como você poderia pensar diferente, de forma positiva, pela situação
acontecida?
______________________________________________________________________
É dessa forma que você deve começar a exercitar a sua mente sobre as
situações em que o inimigo interno entrou em ataque.
A mudança de nossas dores emocionais exige de nós condicionamento,
novas leituras, dar outros significados para situações que nos criam tristezas,
medos, inseguranças, vazio, culpa.
Para isso, é preciso o conhecimento, a prática e a repetição, até que sua
mente inconsciente acate essa nova realidade, esse novo significado.
Eu sei que, às vezes, a jornada é árdua; muitas vezes perdemos a força,
não temos ânimo, mas o quanto é dolorido pagar esse preço de estar na
condição de baixa autoestima, de medo e inseguranças, de incapacidade, de
vazio ou culpas?
Quanto isso tem custado na sua vida? Como tem sido pagar esse pedágio?
O quanto esse seu comportamento tem afetado as pessoas que você ama?
De zero a 10, classifique: sendo 0 a situação de nenhum impacto e 10 uma
dor extrema, que você não aguenta mais.
Minha nota é: ___________________
Caso sua nota seja maior que 5, afirmo que chegou, de verdade, a hora de
entrar em ação, que isso está realmente impactando sua vida, que você
precisa fazer algo, porque isso pode aumentar e o único caminho para a
mudança é o novo olhar, a nova forma de encarar e ver o que sente e pensa
sobre si mesma/o.
Muitas pessoas que estão abaixo de 5 são as que mais têm dificuldades em
mudar, sabe por quê?
Porque ainda não doeu o suficiente, ainda não está incomodando o
suficiente, por isso não entram em ação. Elas ainda usam de mecanismos
internos, consciente ou inconscientemente, que amortecem a “dor”, coisas
tipo: bebidas, festas constantes, baladas, programas de televisão, jogos,
filmes, compras e relacionamentos, como amortecedores para o que elas não
querem olhar.
Eu vejo, diariamente, nos meus atendimentos, nos relatos das pessoas, eu
fiz isso no passado, tenho amigos e familiares que estão nessa fase.
Eu não posso ter lazer? Sim, você pode, e é saudável com equilíbrio, faz
parte, mas a questão é a prioridade.
O que é prioridade na sua vida?
Terminar os estudos ou ficar em festinhas todos os fins de semana e, em
alguns casos, até em dias de semana, sabotando seu futuro?
Descobrir e viver do seu propósito, daquilo que te move, da sua paixão ou
ficar na televisão vendo programas sem conteúdo até tarde?
Emagrecer e ter uma vida mais saudável ou comer em excesso,
impactando sua disposição e saúde?
Ter autoestima para ter melhores relacionamentos, conquistas
profissionais e evolução em diversas áreas da vida ou ficar se sabotando e se
sentindo incapaz de realizar coisas?
A dor é ainda, em nosso mundo, o mecanismo de mudança mais eficaz.
Muitas pessoas só mudam na dor, quando o copo transborda, quando as
feridas estão intensas, quando os amortecedores não fazem mais efeito, então
é que muitas pessoas mudam.
Eu fui assim, muitas pessoas são assim, mas hoje, com o novo olhar, não
deixo que meus valores sejam atacados, me amo verdadeiramente. Quando
um desafio acontece, uma questão chega em minha vida, eu observo, tomo
consciência e já começo a fazer as ações necessárias para a mudança, não é
mais preciso a questão chegar ao extremo para eu olhar.
Pense bem: não foram as palavras que você queria ouvir que fizeram
mudanças efetivas na sua vida, mas as que precisava ouvir que a
transformaram. Comigo foi assim e com muitos dos meus clientes e
espectadores das minhas palestras também, e com você?
E o meu convite para os que estão com menos de 5 é que não deixem a
situação se agravar, não usem amortecedores, paliativos, não mascarem os
sintomas, comecem já as ações necessárias.
“Ah! Mas eu não sei como e o que fazer”. Olha só, aqui neste livro eu
estou te propondo várias formas e até chegar ao final desse conteúdo terá
muito mais. Use esses recursos, mas não pare por aqui, amplie e pesquise. O
caminho do autoconhecimento é maravilhoso, transformador e de grandes
conquistas. A cada conhecimento novo subimos um degrau na nossa
evolução, no nosso amor próprio, nos nossos sonhos.
Sabe o que é mais sensacional em tudo isso? Que contribuímos para o
mundo, porque pessoas ao nosso redor são impactadas, se inspiram, e assim
criamos uma corrente do bem, do amor e da prosperidade.
As nossas ações, vibrações e pensamentos impactam a todos ao nosso
redor e ao nosso planeta como um todo, porque somos seres vibracionais, em
ressonância e interação com tudo o que está ao nosso redor. Tudo é energia,
nós somos energia e isso impacta no todo.
Nosso corpo é composto por tecidos e órgãos, estes são formados de
células, que são compostas de átomos, que são compostos de partículas
subatômicas e essas partículas são formadas de ENERGIA!
Qual a energia que você tem vibrado e mandado para o universo?
O que nós vibramos é o que atraímos. E isso não é frase feita, é uma
realidade, e a física quântica prova isso!
Quem pensa em fracasso e sente fracasso atrai mais e mais disso em todas
as áreas da sua vida.
Sendo assim, não temos outra escolha a não ser a evolução, a
transformação e a ressignificação do que somos, pensamos e sentimos.
Quando eu falo disso, me lembro de Jesus, com o conteúdo mais
motivacional que eu já vi no mundo, que diz mais ou menos assim:
no mundo, teremos aflições, mas tenhamos bom ânimo, porque Ele
venceu o mundo, e podemos fazer o que Ele fez e muito mais, se tivermos a
fé do tamanho do grão de mostarda, poderemos mover os montes (obstáculos
em nossa vida).
E Ele ainda disse que somos Deuses!
Ele foi, para mim, o maior exemplo de superação do mundo.
Imagina milhares de pessoas contra você, e essas pessoas te perseguindo,
caluniando, debochando de você? E, no final, ao ser crucificado ao lado de
bandidos, ainda pedir a Deus que perdoasse a todos nós, porque os que o
atacavam não sabiam o que estavam fazendo?
Quantas vezes nos desequilibramos por conta de uma vizinha fofoqueira,
de um pequeno grupo da escola que nos persegue ou nos ofende, pela forma
como fomos tratados pelos nossos pais ou familiares e temos uma dificuldade
gigante de perdoar? Muitos passam anos em terapias para começar a dar
passos na ressignificação e, então, perdoar. Muitos morrem sem perdoar.
E Jesus pede nosso perdão e ainda demonstra todo o amor do mundo.
Eu não conheci, até hoje, maior exemplo de superação e amor.
Daí, muitos podem dizer:
“Ah, mas foi Jesus, eu não sou Jesus!”.
Lembra-se da passagem citada acima, sobre termos a fé do tamanho do
grão de mostarda?
O que Jesus diz que somos capazes de fazer?
A questão é: nós acreditamos verdadeiramente na nossa força?
Temos diversos exemplos de pessoas que seguiram esse caminho de ter
fé, de acreditar na mudança, no bem e no amor.
Irmã Dulce, Dalai Lama, Mandela, Chico Xavier, Zilda Arns e muitos
outros.
E existem muitos desconhecidos no nosso dia a dia, que passam por
adversidades e fazem a diferença, dão a volta por cima e transformam sua
vida e a de muitos que os rodeiam.
Eu costumo ter “mentores”, pessoas que me inspiram, que conseguiram
mudanças e transformações, e como eles já desbravaram o caminho,
venceram muitos desafios, me ajudam a trilhar caminhos mais assertivos e
mais inteligentes.
E, conforme vou evoluindo e me transformando, esses mentores são
substituídos por outros que deram passos mais largos, para que eu me motive
ainda mais e cresça ainda mais.
Mentes vencedoras se inspiram! Eu ouvi isso um dia, e guardei para a
vida! Não me comparo, eu me inspiro, porque cada um deles soma para
determinadas áreas da minha vida, cada um tem uma contribuição.
O que eu quero mostrar com isso é que todos nós podemos chegar onde as
pessoas que nós admiramos chegaram, e que se elas habitam o mesmo
planeta que eu e venceram desafios, eu também posso!
Essa é a leitura de quem busca ter a mente vencedora!
Então, crie sua lista de pessoas que te inspiram e leia coisas que elas
escreveram, veja vídeos, assista a palestras, vá a cursos, para que você nutra
cada dia mais a mente de coisas positivas que irão te dar mecanismos para a
mudança.
Mudança de padrões
Em situações em que somos pressionados, muitas vezes ficamos
angustiados, estressados e, quando a autoestima está baixa, o crítico abaixa e
entramos em desespero, criando ainda mais dor naquela situação.
Quero propor um exercício para os momentos de pressão, super simples.
Exemplo: sofri uma pressão no trabalho, me desequilibrei, estou sentindo
que vou estourar!
Pare na hora, dê uma desculpa, dizendo que precisa ir ao banheiro. Caso
tenha sido por telefone ou mensagem, diga que precisa atender a um outro
telefonema, saia de cena por uns instantes.
Respire profundamente, no mínimo 5 vezes.
Tome um copo de água.
Ao fazer esse movimento, a emoção que estava sequestrada pela
amígdala*, no cérebro, passa, então, a ser liberada, recobramos a consciência
e saímos do processo impulsivo.
*Amígdala Cerebral: entenda melhor o funcionamento.
A melhor explicação que já vi e quis compartilhar com vocês foi escrita
por Júlio Rocha do Amaral, MD & Jorge Martins de Oliveira, MD, PhD.
no artigo “Sistema Límbico: o centro das emoções”!
Pequena estrutura em forma de amêndoa, situada dentro da região
antero-inferior do lobo temporal, se interconecta com o hipocampo, os
núcleos septais, a área pré-frontal e o núcleo dorso-medial do tálamo. Essas
conexões garantem seu importante desempenho na mediação e controle das
atividades emocionais de ordem maior, como amizade, amor e afeição, nas
exteriorizações do humor e, principalmente, nos estados de medo e ira e na
agressividade. A amígdala é fundamental para a autopreservação, por ser o
centro identificador do perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o
animal em situação de alerta, aprontando-se para se evadir ou lutar. A
destruição experimental das amígdalas (são duas, uma para cada um dos
hemisférios cerebrais) faz com que o animal se torne dócil, sexualmente
indiscriminativo, afetivamente descaracterizado e indiferente às situações de
risco. O estímulo elétrico dessas estruturas provoca crises de violenta
agressividade. Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas,
com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma
informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida. Ele sabe
quem está vendo, mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.
É você!
É comum, nos meus atendimentos e vivências, as pessoas detectarem que
pessoas com quem podemos ter relações difíceis, conflitos (como chefe,
vizinho, colega de trabalho, namorado, marido e tantas outras pessoas) são
representações de alguém conhecido que nos feriu anteriormente, como pais,
irmãos, familiares, pessoas de relações anteriores que a nossa mente
decodifica como similar no comportamento, no gesto, na tonalidade de voz.
Funciona como se o nosso inconsciente dissesse:
“É você!”.
Exemplo: pode ser que você se incomode com a forma como o seu marido
trata seus filhos, porque isso lhe recorda seu pai, que era exagerado nesse
ponto. E, no momento em que seu marido age, o gatilho é disparado, fazendo
você recordar certas situações com seu pai, e na maioria das vezes isso se dá
de forma inconsciente.
E isso acontece por quê? Porque existe alguém que ainda não perdoamos
ou não ressignificamos o seu comportamento.
Veja o exemplo: um cliente, em uma das imersões que fizemos no
consultório, descobriu onde estava a chave por se irritar tanto com o sócio,
que tinha um comportamento mais lento e um jeito diferente do seu de lidar
com os problemas quando eles apareciam.
A questão estava relacionada ao irmão dele, que o incomodava
demasiadamente desde a infância, com um comportamento mais devagar e
sem compromisso.
Muitas vezes, ele apenas presenciava isso na escola com os colegas e com
a mãe, quando o irmão tinha esse comportamento e como as pessoas se
irritavam.
Ele me disse que as pessoas falavam do irmão da seguinte maneira:
“Ele se finge de tonto, faz as coisas devagar para nos irritar e debochar da
gente!”. A mãe também dizia que era para provocar.
Sendo assim, para ele, todas as pessoas que tinham gestuais e atitudes que
a mente dele associava como parecidos com os de seu irmão o irritavam
muito.
Eu perguntei se ele percebia que pelo fato de não ter “curado” esse
julgamento em relação ao irmão, o universo, por ressonância, atraía pessoas
com o mesmo padrão de comportamento.
Ele me disse que jamais chegaria a essa conclusão, e que agora fazia todo
o sentido!
Resultado: depois de algumas sessões e de uma constelação3, ele
conseguiu se livrar desse julgamento do irmão, permitindo a ele ser quem era,
e descobriu que o irmão não fazia isso para provocar, mas por associações
com questões da infância em que passou a agir assim como estratégia para
não errar; o medo de errar o fazia executar as coisas de forma mais lenta.
3 O que é uma constelação familiar?
É um método que ocorre em um grupo sob a orientação de uma pessoa (terapeuta formado
em constelações). Serve para descobrir os antecedentes de fracasso, doença, desorientação,
dependência ou algo semelhante.
O relacionamento com o sócio mudou da água para o vinho, porque ele
entendeu e ressignificou a raiz de tudo isso. Inclusive, me contou que o sócio
passou a cuidar de tarefas que exigiam ter pessoas com mais cuidado para
tomar decisões, como contratos e processos administrativos.
Assim, muitas vezes você pode ter conflitos com uma pessoa ou
determinado tipo de pessoa, pelo fato de elas dispararem o gatilho no seu
inconsciente, de alguma pessoa ou circunstância que se assemelha.
Exercício:
Pense em uma pessoa com quem você tem conflito, dificuldades no
relacionamento, ou em pessoas que comumente te irritam.
Pegue uma folha e descreva tudo o que te incomoda nessa pessoa, tente
ser o mais detalhista possível.
Agora, pegue essas características e tente associar a alguma pessoa, de sua
família ou convivência, que tem a maioria dessas características que te
irritam.
Escreva abaixo o nome dela:
_________________________________________________
Durante 30 dias, você vai, duas vezes por dia, se lembrar dessa pessoa e
dizer mentalmente:
“Eu quero me desassociar da dor [descreva a questão emocional] que me
faz lembrar você.
Você deu e dá o melhor que pode, dentro do que você conhece, como eu
também.
Estou disposta/o a não te julgar mais e a dar um sinto muito pelo que
aconteceu.
Estou livre, estou livre, estou livre.
Eu me liberto e te liberto da mágoa, do ressentimento ou julgamento”.
Esse exercício funciona muito bem quando a pessoa que pratica se dispõe
a fazer com entrega, mesmo que, no começo, não acredite no que fala, mas se
insiste em repetir de coração essas frases, vai começando a liberar esse
“perdão”; com isso, por tanto falar, as mentes inconsciente e consciente
passam a aceitar isso como uma verdade.
Lembrem-se: as nossas palavras têm um poder enorme, as pessoas
repetem tantas coisas negativas com tanta naturalidade... Faça o mesmo com
as palavras positivas, esse é um dos passos no caminho da cura emocional,
quando nos dispomos a limpar.
E quanto mais limpamos, mais evoluímos como seres materiais e
espirituais. Começamos a ascender mais degraus nessa jornada da limpeza.
Agora, se você está disposto a se transformar, a fazer algo novo, a tentar
fazer esses exercícios e vir comigo nessa jornada, posso te garantir que, ao
terminar este livro, vai mudar muita coisa, você se sentirá muito mais leve.
CAPÍTULO 5 - DETOX DOS JULGAMENTOS
Para nós, sistêmicos, esse é um dos piores entraves para nossa vida, pois,
ao julgar o outro, nos achamos, de forma inconsciente, maiores do que ele.
De alguma forma, olhamos para o outro e sentimos que poderíamos fazer
diferente, melhor.
É muito comum as pessoas dizerem, nas primeiras consultas, que hoje não
têm mais nada de conflitos com os pais, que têm uma relação muito boa.
Porém, quando saímos da superfície, fazemos a pessoa expandir a
consciência; todos começam a ver o quanto julgam, o quanto se acham
melhores.
Os pais são sempre maiores que nós, os avós mais ainda, e os bisavós
muito mais, e assim por diante.
Nós entendemos que existe uma hierarquia e primazia, quem veio antes
tem o seu lugar reservado, teve mais experiências e aprendizados.
Por conta disso, quando as pessoas começam a entender os conteúdos
sistêmicos, começam a entender o quanto é importante não julgar e tomar os
pais e os familiares como eles são. Mesmo que não sejam como esperávamos,
como projetamos, eles são grandes.
É muito comum, nas sessões ou nas vivências de constelações, a pessoa
dizer:
“É... Mas minha mãe foi fraca, eu não iria admitir que algum homem
fizesse o que meu pai fez para ela”.
“Meu pai foi muito rígido, por conta disso, minha mãe não tinha voz
ativa”.
“Ele viajava muito, nos deu pouca atenção, mas hoje eu compreendo”.
E, nas expressões das pessoas, percebo como esses julgamentos todos
ainda ressoam, e que a historinha que contam do “tudo bem” não é bem
assim.
É muito comum as pessoas relatarem que os pais cobravam de forma
enérgica as tarefas de casa ou escola, e por vezes diziam que não iriam ser
nada, que seriam “vagabundos”.
Na mente desses pais, era uma forma de forçar os filhos a entrarem em
ação, a intenção não era ferir. Para muitos pais, eu pergunto, ou vejo nas
vivências, e a resposta é essa!
A criação que tiveram os levou a acreditar que esse era o caminho. Daí,
como a vida está em constante movimento, queiramos ou não, as galáxias se
movem, os planetas, tudo se transforma, e não é diferente com o ser humano,
uns são mais rápidos, outros, mais lentos, mas o movimento acontece. Então,
quando, por exemplo, viram avôs, fazem tudo diferente com os netos e ainda,
em muitos casos, criticam os filhos na educação rígida que dão aos netos.
Assim, meus queridos, para termos êxito nessa jornada de cura,
precisamos nos libertar dos julgamentos. Colocar nossos pais, nossos
familiares, com amor no coração e sem julgamentos, aí começamos a limpar,
fazer o detox nas questões familiares, e as coisas passam a se conectar de
forma diferente.
Não há como sermos felizes sem tomar nossa família!
Eles são os responsáveis por estarmos aqui. Devemos fazer essa honra a
todos os nossos familiares maternos e paternos, porque, dentro de cada um de
nós, eles vivem, queiramos ou não. Somos o resultado de todos os que vieram
antes. As constelações familiares explicam que tudo o que acontece nas
famílias fica gravado no campo morfogenético4 familiar.
4 Campo morfogenético: o biológo inglês Rupert Sheldrake sugeriu, em 1981, no livro
Uma nova ciência da vida: a hipótese da causação formativa e os problemas não resolvidos
da biologia, que existem campos de informações não materiais que são transmitidos por
ressonância.
Essa ressonância mórfica é o processo em que acontecimentos e comportamentos de
organismos no passado influenciam organismos no presente.
Dores, exclusões, mortes, assassinatos, medos, traições, traumas, todas as
questões, então tudo isso ressoa em nós e na nossa vida, queiramos ou não. E,
quando limpamos, também incluímos e colocamos cada um no seu lugar.
Veja alguns tipos de julgamentos mais comuns em relação aos pais:
“Como minha mãe foi casar com meu pai? Eu nunca casaria com alguém
assim”.
“Como ela aceita isso tudo?”.
“Eu já disse o que ela deveria fazer, mas não me escuta”.
“Eu tenho que cuidar da minha mãe, porque ela não sabe tomar decisões”.
“Ela sofreu demais, não posso deixar ela sofrer mais, então faço tudo por
ela”.
Em todas essas falas, muito comuns nas constelações e nos meus
atendimentos, está implícito: ela ou ele não souberam fazer escolhas, não
sabem escolher, não sabem fazer; então, como eu sei mais, eu faço. Ela é
fraca, menor, então eu que sou maior, defino, resolvo.
Podemos até tentar vender a ideia, contar a historinha de que é por
compaixão, cuidado, amor... Mas não é! Essa mulher e esse homem se
escolheram, tomaram suas decisões e são grandes, quem decide são eles,
filhos não decidem nada pelos pais.
Muitas mães me dizem: “me sinto humilhada, irritada, desmerecida,
menor, porque querem decidir no meu lugar, sem eu pedir”.
É verdade, muitas vezes sem pedir, fazemos movimentos assim, em
direção aos nossos pais.
Uma vez, estava em uma perfumaria e uma moça entrou com a mãe, e a
moça segurava a senhora pelos braços e dizia: “Fica aqui, senta aqui, eu vou
levar esse para você, fica aí, vou ver uma coisa já volto, não sai daí”.
Eu me aproximei da senhora e disse: “É interessante como ela cuida de
você”.
A senhora, com semblante triste, me disse:
“Ela pensa que é minha mãe e me trata como se eu fosse uma inútil”.
Eu não me espantei, porque vejo isso com constância no meu trabalho.
Tirar o lugar de alguém traz muitos conflitos. Imagine que você comprou
um ingresso para assistir a um show com cadeira marcada, e quando chega no
show tem uma pessoa sentada no seu lugar, que cria caso para sair?
Assim acontece quando tomamos lugares na família que não são nossos.
Entramos somente no papel de filhos, exceto quando eles nos acionam,
quando eles nos pedem.
Respeitar essa primazia, essa hierarquia, faz a nossa vida ganhar força e
equilibrar o nosso campo familiar em todos os âmbitos.
O primeiro passo é começar a limpar o que tem no pai e na mãe, que
julgamos, que tentamos tomar o lugar.
Faça uma lista do maior número de vezes em que você, dentro do que
abordamos acima, julgou seus pais, tomou o lugar deles e decidiu por eles.
______________________________________________________________________
E quando envolve abuso sexual, abandono, violência?
Da mesma forma, devemos nos libertar do sentimento de julgamento e
das dores que envolvem esse processo.
Eu peço sempre para os meus clientes fazerem uma pesquisa do histórico
familiar dos seus pais, como foi a infância, como foi a vida, quem eram os
avós, não o vovô e a vovó que conhecemos, carinhoso, que brinca e dá
atenção. Lembre-se: eles mudaram, não servem como referência para o
passado.
Eu digo, nas minhas palestras, sempre: uma coisa é a nossa avó, a outra é
a mãe das nossas mães.
Muda muito quando eu pergunto para a minha avó as coisas e quando eu
pergunto para a minha mãe, por exemplo.
Temos que tentar extrair o outro lado.
E você pode estar me perguntando, mas eu não tenho mais avós vivos,
então pergunte às tias-avós, aos primos, tios (irmãos dos nossos pais), tente
rastrear o maior número de informações.
Essa pesquisa faz toda a diferença no processo de perdão.
Uma cliente descobriu que o pai abusador foi abusado na infância e, por
conta desse registro que não foi tratado, para ele amor era abusar, foi a forma
que esse homem entendeu como expressar amor.
Outra cliente descobriu patologias mentais sérias no campo familiar da
mãe e que a mãe sofreu muitas violências na infância, e por isso tornou-se tão
agressiva e, por vezes, desequilibrada.
Tive um caso onde a cliente descobriu que a mãe não a odiava, e sim ao
olhar para ela lembrava que a mesma era fruto de um estupro feito pelo
padrasto. Por conta disso, a abandonou com a avó e, quando se encontravam,
era sempre distante, evitava contato. Antes de tomar esse conhecimento, a dor
era imensa da rejeição que ela sentia vindo da sua mãe.
Há uma série de histórias que muitas vezes, como filhos, não sabemos, e
por isso julgamos o comportamento dos nossos pais. Alguns traumas vêm
desde o útero, desde a gestação.
Um caminho muito importante é entender que quem não recebeu não sabe
dar, vai ter que aprender.
São muitos emaranhados, muitas histórias ocultas dentro do nosso sistema
familiar, e tomar a consciência desse campo nos liberta e nos permite o
caminho da libertação ao perdoar.
Ouvimos muito que temos que perdoar, mas o verdadeiro perdão vem
apenas do entendimento, quando eu compreendo as questões que levaram as
pessoas a tomarem determinadas ações.
É desafiador e, em alguns momentos, impossível mudar aquilo de que não
sabemos o motivo e a causa durante o processo de perdoar.
Permita-se sair desse campo do julgamento e vá descobrir o amor e as
maravilhas que acontecem nas nossas vidas.
CAPÍTULO 6 - DETOX ATRAVÉS DAS LEIS SISTÊMICAS
Quando eu compreendi as leis sistêmicas, a maioria das coisas que ainda
não havia limpado sofreu uma limpeza interna.
O que são essas leis sistêmicas?
Primeiro, vou falar um pouco sobre o codificador das constelações
sistêmicas familiares, quem descortinou essas leis, que já existiam, e colocou
luz para que chegassem até nós! Ninguém sabia com essa clareza até ele
levantar o véu.
Ele já foi apresentado anteriormente, mas vale complementar. Seu nome é
Bert Hellinger, nascido em Leimen (Alemanha), em uma família católica. Foi
seminarista e, aos 20 anos, se tornou padre. Formou-se em Teologia e
Filosofia. Foi enviado como missionário católico para a África do Sul, onde
foi diretor de várias escolas. Foi bacharel em artes. Ao final dos anos 1960,
abandonou o clero e passou a estudar Gestalt-terapia. Formou-se psicanalista.
É casado com Sophie, com quem ministra cursos, seminários e oficinas
por diversos países.
Hellinger diz que a maior necessidade de todos nós, desde a concepção, é
o amor. Precisamos dar e receber amor.
Funciona como um alimento da alma, é essencial para a formação da
nossa personalidade e constituição do “eu superior”.
“Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é
preciso apenas amar bastante e tudo ficará bem. […] Para que o amor dê
certo, é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que
haja o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor”.
(Bert Hellinger).
E ele diz que esse amor segue regras; essas leis ele descobriu que atuam
sobre as pessoas das famílias, dos grupos e das nações.
A humanidade vem ignorando essas leis durante toda a sua história e, com
isso, uma série de conflitos, distúrbios, dores, tragédias de forma coletiva e
individual são instaladas.
E através de um estudo amplo e experimentado, surgiu essa terapia
profunda chamada CONSTELAÇÃO FAMILIAR.
Hellinger aponta que, onde houver pessoas convivendo, essas leis atuarão.
Vamos a elas...
Lei de pertencimento
Todos nós temos o direito de pertencer. Para a constelação, ninguém pode
ser excluído, como ninguém pode se sentir maior ou melhor. Cada um deve
ocupar o seu lugar.
Todas as vezes em que excluímos, tomamos o lugar do outro, nos
sentimos melhores ou maiores, dentro do campo sistêmico familiar ou de
convívio, estamos criando uma “agressão às leis de amor.”
A dor ou a exclusão ficam registradas no campo sistêmico, atuando e
reverberando em todos. Porém, dentro desse campo, sempre vai ter alguém
mais sensível à dor que, de forma inconsciente, a toma para si, como uma
forma de amenizar e equilibrar o campo. Todos estamos ligados como uma
grande teia, então, tudo o que acontece de dor, todos irão ser afetados.
Vamos dar alguns exemplos de exclusão, para ficar mais clara essa lei:
Religiões diferentes (os que não concordam podem excluir);
Homossexuais;
Casamentos com pessoas de outra origem, filosofia, posição social;
Grávidas expulsas de casa;
Abortos;
Assassinatos;
Heranças.
Esses são os casos mais frequentes de excluídos e rejeitados do sistema.
“Pertencer a nossa família é nossa necessidade básica. Esse vínculo é o
nosso desejo mais profundo. A necessidade de pertencer a ela vai além até
mesmo da nossa necessidade de sobreviver. Isso significa que estamos
dispostos a sacrificar e entregar nossa vida pela necessidade de pertencer a
ela”. (Bert Hellinger)
Lei de ordem e chegada
Essa lei fala que a ordem hierárquica é muito importante.
Quem chegou antes tem primazia, tem preferência, os mais velhos são
maiores, vieram antes.
Ela fala do posicionamento.
Uma forma de agredir essa lei é quando eu tomo um lugar que não é meu,
desrespeitando quem veio na frente.
Exemplos:
Julgar os mais velhos;
Filhas que tomam o lugar da mãe;
Irmãos mais novos que tomam o lugar dos mais velhos.
Em todas as constelações que ministrei, o que mais acontece são pessoas
tomando lugares e posições que não são as suas, criando um grande
desequilíbrio no sistema.
E os que tiveram seus lugares “tomados” se revoltam, adoecem e, em
alguns casos, se “aproveitam” da situação de ter alguém para fazer. E o que
faz pelo outro ou pelos outros fica sobrecarregado e sofre.
“O ser é estruturado pelo tempo. O ser é definido pelo tempo e através
dele recebe seu posicionamento. Quem entrou primeiro em um sistema tem
precedência sobre quem entrou depois. Sempre que acontece um
desenvolvimento trágico em uma família, uma pessoa violou a hierarquia do
tempo”. (Bert Hellinger).
Lei de dar e tomar
Essa lei trata do equilíbrio nas relações. Para que ela aconteça, é
necessário que haja essa troca.
Todos nós somos dotados dessa capacidade de dar e receber, podemos
oferecer nossos dons, talentos, habilidades, recebendo daqueles que foram
agraciados por esse movimento a compensação.
Quando temos baixa autoestima e significamos, de alguma forma, que não
somos merecedores ou queremos ser olhados, é muito comum nos
colocarmos na posição de doadores. Com isso, passamos a não estar abertos
ao campo de receptores, desde amor, prosperidade, atenção, cuidado.
A pessoa passa uma vida se doando aos outros e não recebe, na grande
maioria das vezes, nem a metade do que doou, e em muitos casos reclama
com frequência de que as pessoas são ingratas e não reconhecem nada do que
é feito.
Nas constelações, os pais dão a vida e os filhos tomam, esse é o papel dos
pais. Acontece que, quando os filhos querem assumir a função dos pais, o
desequilíbrio está instalado. Não temos que devolver; nós, enquanto filhos,
somos receptores.
“Os filhos precisam compreender que a gratidão deles para com os pais
será repassar o amor às próximas gerações”. (Bert Hellinger).
Agora que um pouco das leis sistêmicas foi apresentado, fica mais
fácil compreender alguns conflitos do seu campo sistêmico.
Claro que precisamos ter mais entendimento, mas serve para nortear
melhor o que vem a seguir...
E, para aprofundar mais esse conteúdo e contribuir para a sua jornada da
cura, seguem algumas perguntas:
No exercício anterior, você listou os momentos em que você “julgou
seus pais”, as coisas que te incomodavam, irritavam, o deixavam triste
ou até mesmo revoltavam.
Escreva qual lei você estava infringindo (pertencimento, ordem e chegada
ou dar e tomar).
Você costuma mais dar ou receber? Em qual posição se sente mais à
vontade?
Entendendo um pouco mais de constelações.
As constelações procuram solucionar traumas e conflitos de dor
através da reconciliação e do olhar do amor.
É possível entender e curar as feridas psicológicas do passado que estão,
no momento, causando dores e evitar que gerações futuras possam perpetuar
esses movimentos que causaram esses traumas e dores.
Um outro caminho é sabermos a quais vínculos estamos associados e que
não nos pertencem, que tomamos para nós.
Descobrir os emaranhados (conflitos, registros de dor gravados no nosso
campo).
E os processos mais comuns vivenciados nas constelações são:
Movimentos interrompidos em direção à mãe ou ao pai;
Medo;
Lealdades invisíveis;
Identificação com um ancestral;
Situações de incesto ou abuso;
Doenças crônicas;
Relacionamentos amorosos;
Processos de luto;
Eventos trágicos nos ancestrais;
Abortos, mortes prematuras ou violentas.
Funcionamento da dinâmica
A dinâmica é realizada com várias pessoas reunidas na mesma sala. São
pessoas que estão com seus laços familiares em desequilíbrio e, na grande
maioria das vezes, desconhecem.
Elas participam para superar alguns conflitos familiares e interpessoais
que se arrastam há anos.
Devemos fazer um pequeno esclarecimento: embora as constelações
familiares sejam realizadas em grupos, não são consideradas como terapia de
grupo, pois existem diferenças metodológicas importantes em relação a elas.
As constelações familiares também podem ser feitas de forma individual,
com bonecos. Normalmente, eu aplico para pessoas de quem preciso entender
um pouco mais os emaranhados e sistemas ou para quem tem bloqueios em
estar em grupos. Em geral, faço uma prévia com o cliente, para ver se
iniciamos pelos bonecos.
Hellinger diz que: quando somos crianças, sacrificamos nosso próprio
equilíbrio emocional para corrigir os problemas emocionais de nossos pais
ou outros membros próximos da família. Segundo ele, as constelações
familiares podem ajudar a descobrir e reinterpretar esses padrões
inconscientes, para que possamos viver e nos relacionar de uma maneira
mais saudável, equilibrada e feliz.
No campo morfogenético, gravam-se todos os movimentos, traumas,
falas, conflitos e dores do nosso sistema familiar, e através das constelações
acessamos esses registros para ressignificar esses conflitos emocionais.
No decorrer deste livro, vamos fazer vários apontamentos sobre a ótica
sistêmica das constelações familiares, integrando com outras ferramentas.
CAPÍTULO 7 - DETOX - CONHECENDO OS SEUS VALORES
A minha proposta é que você identifique seus valores e, a partir daí, saiba
quais estão preenchidos e quais estão negligenciados, para que possa alinhá-
los e, com isso, aumentar sua autoestima e melhorar diversas áreas da sua
vida.
Para isso, reuni diversos conteúdos que estudei e apliquei em milhares de
pessoas.
Valores norteiam nossas decisões e por eles vivemos.
Vejam como os valores impactam nossas vidas.
Até mesmo na hora de dizermos “NÃO”.
Quando não temos clareza dos nossos valores, não sabemos negociar,
acabamos dizendo sim quando queremos dizer não.
E, com isso, passamos a preencher os valores dos outros.
As sensações de não merecimento, de vazio e de não pertencimento só
aumentam.
Como se falássemos, de forma inconsciente:
“Para mim nada, e para os outros tudo!”.
Você já sentiu algo parecido? Dificuldade de negociar e falar não?
Reflexão/exercício:
Escreva em seu caderno quais os momentos, presentes e passados, mais te
marcaram e em que você preencheu os valores dos outros e se esqueceu do
seu.
Quando nos colocamos com sinceridade, dizendo o que sentimos com
amor e educação, passamos a ser respeitados.
As pessoas com as quais fazemos as coisas e cedemos o tempo todo, na
realidade, na maioria das vezes, não têm respeito por nós; o que acontece é
uma questão de vantagem.
Afinal, ter uma pessoa que cede ao que queremos quase que o tempo todo
é vantajoso.
Exercício:
Você vai se colocar em uma posição confortável, fazer algumas
respirações e dizer frases parecidas com estas:
“Hoje, estou aprendendo a dizer não, quando não quero algo, sem precisar
sofrer, sentir raiva e me incomodar”.
Visualize a pessoa a quem você cede com muita frequência, fazendo mais
o que ela/ele quer.
Imagine a cena em que ela ou ele mais te solicita.
E diga:
“Eu sinto muito, vejo o quanto é importante para você que eu te ajude ou
faça isso, mas nesse momento eu não poderei contribuir, tenho algo muito
importante para mim que precisa ser feito (aqui não tem importância se tenha
algo de grande relevância a fazer, mesmo que seja não fazer nada, porque
está precisando descansar ou relaxar, inclua sem problemas)”;
“Eu tenho certeza de que você encontrará uma ou outra solução e
compreenderá que, nesse momento, não poderei fazer, já que em outras
oportunidades contribuí com você, mas nessa não será possível”.
Após essa cena de faz de conta, quero que você veja como se sentiu e
anote tudo o que você sentiu. Isso será útil, mais para a frente, para entender
quais valores estão sendo negligenciados.
Acredite que, quando começar a negociar com as pessoas, sem infringir
tanto os seus valores, elas passarão a te admirar; as que se afastarem ou
saírem da sua vida, entenda que, de verdade, foi livramento, claramente tinha
ali uma relação de vantagens.
A maioria das pessoas acha que conhece seus valores, mas quando
participa de processos de desenvolvimento pessoal, cai para trás ao se deparar
com valores que desconheciam.
Elas agem sendo norteadas por eles, mas, por uma questão de não se
conhecer verdadeiramente, acabam infringindo esses valores e passando por
cima. O resultado de tudo isso é que suas questões emocionais, como
AUTOESTIMA, por exemplo, acabam sendo impactadas.
Para facilitar o entendimento dessa questão de valores, segue mais um
exemplo.
Muitas pessoas falam muito de dinheiro, que precisam de dinheiro, que
desejam ter mais dinheiro.
O que o dinheiro representa para você?
Poder, segurança ou conforto?
O dinheiro representa o valor meio, ou seja, ele é o caminho para que eu
chegue no valor que realmente me representa.
Valores como: amor, segurança, contribuição e reconhecimento são
valores-fim, ou seja, são eles que te movem e te norteiam.
Carro, casa, dinheiro são valores-meio.
O fato de os valores-“meio” eu conseguir ver, tocar e sentir cria a ideia de
que são eles que nos norteiam.
E, associado às nossas crenças, geramos resultados.
Por vezes, leituras equivocadas na mente são geradas por crenças
limitantes e que nos nivelam por baixo ou criam “certezas” e ideias que nos
levam, de forma equivocada, a correr atrás do valor-meio.
E, com isso, nossos valores-fim muitas vezes são esquecidos.
Muitas das nossas dores emocionais se dão por estarmos afastados do
nosso propósito, daquilo que nos faz levantar da cama todos os dias, com
disposição e ânimo para começar o dia e nos relacionarmos com as outras
pessoas.
E os valores e as crenças são grandes influenciadores nesse caminho.
Os valores e as crenças estão completamente ligados.
O que são crenças?
Tudo aquilo em que você acredita de forma consciente ou inconsciente
como verdade pode ser considerado uma crença.
Ela funciona como manual de regras interno.
De acordo com minhas crenças, eu formo meus valores.
Eu posso ter gerado crenças que me impulsionam, como: sou capaz, tudo
o que começo vou até o fim, tudo o que faço traz prosperidade, sou forte.
Limitantes: para mim, tudo é na luta, as pessoas têm mais sorte do que eu,
não sou valorizado, tenho o dedo podre, todo rico é desonesto.
Por que as crenças e valores influenciam tanto?
Por que elas levam pessoas a abrirem mão, por exemplo, de conforto,
segurança e, por vezes, da sua vida, para não se sentirem culpadas por não
agir certo?
A resposta é que, embora muitas vezes o conteúdo da crença tenha coisas
negativas, em alguns casos nocivas e desestimulantes, como estão arraigadas,
essas crenças emergem de todos os registros mais profundos que
significamos durante toda a nossa vida.
E, quando não temos isso claro, passamos a operar de forma desconexa,
criando dores emocionais intensas.
Como são formados as crenças e os valores?
As primeiras são formadas em nossa criação, pelos nossos pais, e também
pela necessidade de sermos amados e aprovados por eles.
Nas constelações familiares, fica muito claro esse movimento nosso em
direção aos pais, como citamos anteriormente. Por necessidade de amor, nos
vinculamos e tomamos as dores e as crenças dos nossos pais, para sermos
vistos, amados e aprovados.
Exemplo:
Uma moça tomou toda a crença que o pai transmitiu de que só podia
comer depois de trabalhar.
Ela, inclusive, repetiu isso na constelação, dizendo:
“Eu só consigo comer em paz depois que eu trabalho”.
Às vezes em que comia antes de trabalhar, parecia que ela estava
negligenciando algo.
Desde criança, além de ouvir o pai falar isso, normalmente ele fazia com
que ela e os irmãos arrumassem tudo, fizessem todo o dever para depois
comer.
Olha só a crença arraigada, que foi passada para várias gerações
anteriores a essa.
A mente dela significou “eu não posso comer sem ter feito alguma tarefa
ou atividade” e, com isso, momentos de lazer sempre foram desafiadores,
depois que ela tomou a consciência dessa crença.
Ela ia a festas, aniversários, churrascos e era sempre aquela que mal se
sentava para se distrair e comer, porque ficava limpando, ajudando, lavando
coisas, ajudando alguém a cuidar de alguma criança.
E todos diziam a ela, inclusive o marido, que aquilo era ruim, porque ela
não aproveitava nada.
Esse exemplo demonstra crenças intensas, arraigadas, que nos direcionam
à vida e não sabemos o porquê.
E vimos, nas constelações, que essa crença foi gerada porque ela, o pai e
os outros se vincularam para entender melhor uma dor no sistema ancestral
que sofreu por comida, na era de escravos.
E eles só comiam depois que eram escravizados, depois de um trabalho
árduo, sofriam muito.
Essa dor ficou agindo no sistema e passou a ser, para todos, uma crença,
pelo vínculo e a associação criada.
Não quer dizer que todos os ancestrais de negros sentem e passam pela
mesma coisa. Essa informação foi gerada pelo sistema dela, pelo núcleo a que
ela pertencia.
Outro exemplo de algo mais simples, mas que estava impactando a vida
da cliente: ela não conseguia administrar seu tempo e ficava muito cansada.
Quando chegava do trabalho, exausta, ainda ia colocar roupas para lavar na
máquina, fazer o jantar, dar banho nas crianças, colocava toda noite a mesa
com travessas, baixelas, pratos e talheres.
Nas sessões individuais, buscando identificar sabotadores e crenças que
estavam contribuindo para isso, dentre várias coisas, eu perguntei:
“De tudo isso, o que te deixa mais cansada?”.
Ela disse que era a louça, porque, além da louça do preparo, das panelas,
ainda tinha as travessas, as baixelas, os talheres.
Eu perguntei por qual motivo as pessoas da casa não se serviam direto no
fogão e as crianças não eram servidas direto no prato.
Quando eu terminei de falar, ela ficou olhando para mim, deu uma
gargalhada e logo ficou emocionada, por perceber que estava se
sobrecarregando com uma coisa que não tinha necessidade.
Eu quis saber de onde vinha aquela ação e ela disse que a mãe, a avó, as
tias e todas as mulheres da família tinham o hábito de sempre colocar a mesa,
em todas as refeições, com todo esse aparato.
O entendimento dela é de que tinha uma crença arraigada, forte, que as
mulheres tinham que servir, por isso fazia tudo aquilo e, ainda por cima, não
delegava nada ao marido e aos filhos, e ficava sobrecarregada.
Quando conseguimos mudar essa crença, ela passou a ter mais qualidade
de vida, mais tempo para cuidar de si e de suas coisas.
Essas crenças são muito inconscientes e não percebemos a atuação da
maioria delas.
É muito comum, quando pergunto aos meus clientes sobre o motivo que
os leva a fazer tais coisas, eles não saberem responder, não saberem nem por
que as fazem, simplesmente agem dentro desse olhar da repetição do seu
sistema.
Nas constelações, chamamos de repetição de padrões, que nada mais são
do que crenças que vão passando de geração para geração e não percebemos.
As crenças não são criadas somente em nosso meio familiar; criamos
crenças também em outros sistemas a que pertencemos e convivemos, como:
amigos, escola, faculdade, trabalho, relacionamentos.
Tudo isso associado a tudo o que vivenciamos, as cenas e as palavras
criaram símbolos, que foram armazenados em nossa mente inconsciente.
Ao nos depararmos com cenas e palavras que se assemelham, disparamos
gatilhos mentais, que fazem conexões de dor ou amor.
Essas crenças podem ser mudadas? E os valores?
Sim! Anthony Robbins umas das maiores autoridades em coaching no
mundo, diz que podemos criar novas crenças e valores para que venhamos a
alcançar os resultados esperados.
Temos alguns valores que ele chama de “matriz”, alguns deles associados
a crenças limitantes. Se não mudarmos esses valores, eles passam a impactar
nossos resultados e nossa vida.
Por isso, podemos criar crenças fortalecedoras e “novos valores”
associados a elas, para ressignificar processos de dores gravados em nosso
inconsciente, que trazem resultados negativos para a nossa vida.
Quer ver como crenças e valores mudam?
Muitas pessoas são ligadas a algum grupo que reivindica, que luta por
ideais e tudo o mais.
Quando, por exemplo, são promovidas para cargos de gerenciamento e
liderança nas empresas, passam a ter contato com novas informações,
pessoas e ambientes, muitas delas mudam. Passam a adotar novos valores.
O fato de que podemos mudar é libertador, não é?
Agora, é fácil MUDAR essas crenças e valores limitantes?
Não! Porque vai exigir de nós disciplina para condicionar novos registros
de valores e crenças.
Não é fácil, mas é perfeitamente possível quando você se dispõe a mudar.
Em resumo, os valores dirigem nossa vida e as crenças sustentam os
valores.
Exercício comportamento improdutivo:
Pense, agora, em um comportamento inadequado que você teve ou tem
com frequência.
Exemplo: desde chorar por tudo, ficar bravo/a além da conta, até mesmo
aquela coisa que você sempre faz questão, do tipo “tem que ser assim”, mas
depois se arrepende.
Pode ser também beber em excesso, fumar, não responder mensagens,
chegar atrasado/a.
Pense e responda: se esse comportamento trouxesse algo de positivo, o
que seria?
De bate e pronto, você vai me responder:
NADA!
Exemplo:
Eu me descontrolo com meu namorado quando desconfio dele.
Por qual motivo você faz isso?
Resposta: eu quero que ele seja verdadeiro.
Qual o seu entendimento, o significado disso para você?
Quero clareza nas coisas.
O que significa essa clareza?
Eu preciso ver o que está acontecendo.
Em uma palavra, o que isso significa?
Segurança.
A segurança é importante para você?
Muito!
Obs: esse valor pode estar atrelado a uma crença limitante, você pode ter
criado a crença do preciso ver para me sentir seguro/a.
Percebe? Isso é um valor que precisa ser alterado, porque está ligado a
uma crença limitante: todas as vezes em que você não consegue ver ou
monitorar, se sente inseguro/a.
E estar com alguém que você tem que ver tudo, saber de tudo, vigiar
constantemente é muito sofrimento para ambos.
Quais dos valores abaixo fazem conexão com você? Quais os mais
importantes? Escolha apenas 8.
Desafios
Rotina
Aceitação social
Sucesso
Contribuição
Responsabilidade
Previsibilidade
Estabilidade
Crescimento contínuo
Mudança e variedade
Poder
Respeito
Reconhecimento
Segurança
Comprometimento com o próximo
Comprometimento consigo mesmo
Status
Fama
Liberdade
Honestidade e excelência
Individualidade
Competitividade
Compaixão
Reputação
Ordem e organização
Valide os valores escolhidos com os significados a seguir.
Principais valores e significados (definições do coach Gerônimo
Thelm5)
5 Gerônimo Thelm é professor há mais de 19 anos, coach, palestrante internacional e
escritor.
Desafios: pessoas movidas a novos desafios, se permanecerem muito
tempo no mesmo lugar sem se sentirem desafiadas, ficarão desconfortáveis.
Tendem a não ter o valor da segurança muito alto.
Rotina: gostam que as coisas aconteçam numa sequência previamente
estabelecida e, de preferência, repetidamente. Não costumam gerenciar muito
bem imprevisibilidades e desafios.
Aceitação social: pessoas com o valor da aceitação social precisam que o
grupo em que estejam a aceitem. Não suportam não ter a atenção do grupo de
que fazem parte. Muitos adolescentes, com o valor elevado da aceitação
social, acabam com uma tendência maior de atitudes que não teriam
normalmente, como fumar ou beber, para conseguirem ser aceitos pelo grupo.
O mesmo pode acontecer com adultos, que acabam permitindo certas atitudes
ou condutas do grupo para poder ser aceitos.
Sucesso: pessoas com o valor do sucesso muito alto não suportam ser só
mais uma. Não se trata tanto de reconhecimento, mas de ser bem-sucedido no
que fazem, independentemente de ter ou não reconhecimento.
Contribuição: precisam ajudar ao próximo de alguma maneira. Pessoas
com este valor se sentem extremamente incomodadas quando não estão
contribuindo com algo. Não necessariamente precisa ser uma contribuição
altruísta; às vezes exercer uma profissão remunerada, mas que ajuda o cliente
a evoluir em alguma medida, como é o caso de alguns médicos, psicólogos,
coaches e outros.
Reponsabilidade: o valor da responsabilidade pode aflorar com vários
critérios, como pontualidade, cumprimento do que é esperado dele. É um
valor muito positivo, mas quem o tem precisa estar alerta para não abandonar
a vida social e familiar pelo trabalho.
Previsibilidade: precisa saber o que acontecerá no seu dia. Tolera pouco
os desafios e as mudanças inesperadas do dia a dia. Uma pessoa com cargo
de gestão na iniciativa privada com este valor tende a sofrer muito, em razão
da dificuldade de se prever os acontecimentos cotidianos. Pessoas com o
valor da previsibilidade tendem a se dar muito bem no serviço público, que
acaba tendendo ao rotineiro.
Estabilidade: muito parecido com segurança, mas se diferencia, pois o
valor da segurança permite que as pessoas aceitem desafios e mudanças,
desde que se organizem para respeitar sua segurança, como no caso de fazer
uma boa reserva financeira para mudar de emprego.
Já quem tem o valor da estabilidade dificilmente se sentirá motivado a
fazer uma mudança radical de vida, mesmo que tenha uma fortuna guardada.
Crescimento contínuo: recusa-se a permanecer onde está em termos de
conhecimento, aprendizado e função profissional. Precisa evoluir
permanentemente nos diversos papéis que exerce na sociedade.
Mudança/Variedade: oposto da previsibilidade e da rotina. Mesmo que
esteja bem profissionalmente, tende a querer mudanças de vida de tempos em
tempos. Não há mal nenhum nisto, mas a pessoa precisa aprender a lidar com
esse valor, pois, se ele for mal gerenciado, pode impedir a evolução
profissional. É a ideia de que pedra que gira muito não cria limo.
Poder: precisa mandar. Gosta de ter pessoas que o obedecem pelo cargo
ou pela função exercida. É um valor perigoso para uma função de líder, pois
pode-se cair na tentação de abandonar as técnicas de liderança para chefiar
pela força e pelo poder.
Respeito: pessoas com esse valor estão sempre atentas ao direito do
outro. O problema é que tendem a se incomodar além do limite com quem
fura fila num pedágio, ouve um som alto de carro e outras formas de não
cuidado com o próximo.
Reconhecimento: precisa ser reconhecido nos diversos papéis da vida.
Para pessoas assim, muitas vezes, um elogio em público vale mais do que um
bônus por uma meta cumprida. Já vi muitas pessoas receberem um belo
bônus por meta batida e se sentirem mal por ninguém ter vindo parabenizá-
las.
Segurança: tem muita dificuldade de lidar com qualquer situação que
possa pôr em risco a posição de vida já conquistada, tanto no emprego, como
no status social e patrimonial.
Comprometimento com o próximo: se falar para alguém que fará algo,
fica muito incomodado se não o fizer. Muitas pessoas com este valor são
extremamente pontuais, para não deixar o próximo esperando. Muitas vezes,
fazem muito mais pelo próximo do que por si mesmos.
Comprometimento consigo mesmo: pessoas com este valor são super-
realizadoras, pois, se disserem que vão fazer… Fazem!
Status: importa-se com a forma como é vista pela sociedade. Não é
reconhecimento sem sucesso, é status mesmo. Já vi pessoas morarem em
apartamentos simples para ter uma BMW na garagem.
Fama: não é status. É ser referência no que faz. Ser reconhecido na rua ou
no seu meio por algo que realiza profissionalmente.
Liberdade: precisa de certas concessões familiares e profissionais. Não
suporta bem o rigor de horário comercial, de 8h às 17h; se sente sufocado se
não tiver uma mínima liberdade. Odeia ser regulado por seus parceiros de
vida. Um homem com este valor não tolera ser questionado por que demorou
tanto no futebol de terça.
Honestidade: são intolerantes a quase toda forma de “jeitinhos”. São
incapazes de fazer algo que não seja totalmente lícito.
Excelência: procuram fazer tudo com perfeição. O perigo deste valor é
impedir que a pessoa progrida numa velocidade adequada, pois sempre
acredita que algo poderia ser melhor e acaba paralisando. Pessoas com este
valor precisam aprender e praticar o “feito é melhor que perfeito”.
Individualidade: precisam de um tempo para si. Para muitos, bastam 10
minutos por dia de um tempo para si.
Competitividade: transforma tudo numa competição. “Vamos ver quem
faz mais rápido” ou “vamos ver quem faz mais” são frases comuns.
Costumam realizar muita coisa, mas têm o grande risco de fazer inimizades
pelo caminho.
Compaixão: pode ser nos dois sentidos. Precisa que os outros se
ressintam das suas dores e se ressente muito das dores dos outros. Muitas
vezes, a compaixão é só um subvalor da contribuição.
Reputação: o que importa é como os outros o veem. Muitas vezes, não
interessa nem mesmo se ele é aquilo mesmo, mas se é visto assim já fica
satisfeito. É um valor perigoso, pois pode transformar uma pessoas em duas,
aquilo que se vê por fora e o que ela é realmente por dentro.
Ordem/Organização: não é rotina e nem previsibilidade, o valor da
organização faz com que as pessoas precisem ter tudo sob controle. Se
começam a não saber exatamente como andam as coisas, tendem a se sentir
inseguras e irritadas, como se perdessem o controle da situação. Costumam
ter lugar para tudo em casa e no trabalho, e sabem exatamente onde está a
conta de luz de 3 anos atrás. Lembre-se de que alguns valores são muito
parecidos, mas há uma razão para isto: às vezes, o cliente não se vê num
valor específico, mas acaba se vendo em outro valor similar.
Agora, o que fazer? Descobri que alguns valores e crenças precisam ser
mudados.
Vamos para o próximo passo.
No exercício anterior, você escolheu os valores matrizes, os 8 mais
importantes. Agora, coloque em grau de relevância qual seria o primeiro
lugar, o segundo, o terceiro... Até o oitavo. Você tem os seus valores e a
escala, então venha para o segundo passo:
Escreva sua lista nas linhas em branco ao lado, começando pelos estados
que mais tentará evitar. Ex: em primeiro lugar, o pior estado é a frustração,
em segundo é a culpa, e assim por diante. Qual, para você, é o pior estado?
Rejeição 1)---------------------------
Raiva 2)---------------------------
Frustração 3)---------------------------
Solidão 4)---------------------------
Depressão 5)---------------------------
Fracasso 6)---------------------------
Humilhação 7)---------------------------
Culpa 8)----------------------------
Reescreva seus valores abaixo.
Agora, faça a comparação com a lista de valores matrizes e repelentes.
Lembrando que valores matrizes são os 8 valores que você escolheu e os
repelentes são os estados que você quer evitar ao máximo.
Valores matrizes Valores repelentes
1 1

2 2

3 3

4 4

5 5
6 6

7 7

8 8
Veja só qual valor repelente você está atraindo com esse valor ou valores
matrizes.
Para combater esses repelentes, você precisa criar novos valores.
Exemplo:
Comportamentos improdutivos: insegurança.
Valor matriz = segurança.
Repelente = fracasso.
Qual o valor novo que, se você tivesse, iria combater o repelente
fracasso?
Poderia SER o valor crescimento contínuo?
Então, quando eu for buscar a evolução e o crescimento, eu aprendo a não
operar na insegurança e me sentir, por vezes, fracassada.
Faça uma lista de novos valores.
Ao lado de cada valor, escreva o que vai fazer (ação) para preencher esse
novo valor de forma que a mudança dependa só de você.
Exemplo:
Pessoas que têm o valor reconhecimento.
Reconhecimento, para mim, é quando faço algo que cuide de mim,
retribuindo a pessoa de valor que eu sou, sem depender, necessariamente, de
o outro me reconhecer.
E veja como é maravilhoso ter ações de AUTOAMOR e a valorização
que depende somente de nós!
Não devo esperar que os outros atendam meus valores?
Que eles me respeitem, atendam meus limites?
Não!
Nós é que colocamos esses limites, nós é que nos respeitamos, quando
deixamos claro para o outro qual valor está sendo violado.
De forma gentil, deixe muito claro quais são os seus valores.
Nós é que passamos a influenciá-los a atender nossos valores, através da
nossa clareza e postura.
As pessoas não têm que atender as nossas expectativas e nem nós as
delas.
Nós somos responsáveis pelos nossos resultados.
Leve a lista de novos valores e ações que você colocou para nutrir novos
valores.
Coloque no celular ou impresso na sua agenda.
Alguns clientes colocam até na mesa de trabalho, para olhar todas as
vezes que têm algum sentimento negativo.
Veja qual pensamento precisa ser colocado no lugar, olhando para as
frases e os valores.
CAPÍTULO 8 - DETOX COMPREENDENDO OS TRAUMAS EMOCIONAIS
O trauma é ainda pouco compreendido por muitas pessoas, pelo fato de
que em cada um ele pode se manifestar de forma diferente.
E, em muitos casos, o que é vivenciado como um trauma para uns, para
outros é considerado bobagem.
Um exemplo bem polêmico é a questão da agressão física sofrida durante
a infância. Muitas pessoas citam que o fato de terem sido agredidas pelos pais
com cintas, objetos, tapas e socos não foram experiências traumáticas,
inclusive me dizem apoiar, que isso realmente os colocou em uma conduta
reta e de respeito pelos pais.
Eu já atendi a diversos casos de pessoas que, inclusive, apoiavam essa
tese e, durante os atendimentos terapêuticos, constelações e demais técnicas,
saem da caixinha com esse “trauma” e com a percepção do que essa
ocorrência significou para a sua criança interior, tomam um susto e a ficha
cai, literalmente.
Casos de autoestima abalada e medos são os sintomas mais recorrentes
quando o indivíduo se depara com essas questões e vê o quanto a tal “surra”
corretiva, que considerava maravilhosa, já não é bem assim.
O fato de a criança não significar as coisas pela mente consciente, e
somente pela mente inconsciente, as leituras que foram feitas por ela, os
registros que foram criados diante de situações como essas são variados. E o
adulto, quando se depara com o que a criança sentiu e significou, fica
surpreso, estupefato, muitas vezes.
No meu caso, o sentimento diante das agressões que sofri durante toda a
infância até o início da fase adulta eram de humilhação, falta de amor,
sensação de exclusão, medos intensos, vontade de morrer em algumas vezes,
já que eu passei a me enxergar como algo que não tinha valor.
Essas compreensões vieram com a jornada terapêutica em que eu
caminhei e ressignifiquei, mas não tem como esquecer, aquilo fica gravado
na mente. A questão, agora, é que, ao lembrar esses sentimentos, não vêm
mais à tona ódio ou ressentimentos.
No lugar, entrou a concordância no sentido de entender que não tinha
como ser diferente, era assim que as pessoas davam conta, compreendiam,
naquele momento, que era o correto. Além da compreensão do sistema,
quando entendi porque foram assim e geraram esses resultados, entram o
apaziguamento e a calma na mente e na alma.
Sendo assim, a criança agredida gravou informações sobre essas
ocorrências, e muitas vezes temos que ir lá no que ela interpretou para
chegarmos ao núcleo de determinados comportamentos negativos que o
adulto tem.
Essas compreensões são muito profundas, não estão na mente consciente,
que traz somente o superficial, as respostas estão lá no inconsciente.
Por isso, situações como essas citadas são tão desafiadoras de
compreensão para muitas pessoas.
E muitos banalizam, debocham e desconsideram as ocorrências
traumáticas vivenciadas pelos outros. Discursos de que é “mimimi”, frescura,
falta de uns tapas, de ter o que fazer e por aí vai.
Um evento pode ter sido traumático para você e para mim não; isso não é
motivo para que venhamos a tratar o que sente o outro com desprezo.
E os casos de supervalorização dos fatos, que realmente são “mimimis”,
pessoas mimadas, não existem?
Claro que existem, mas o caminho para sair disso não é com violência,
agressões e deboches. A pessoa vai precisar tomar a consciência de que está
em um caminho equivocado, que isso irá gerar consequências.
Vivemos em uma era de muitos recursos e caminhos alternativos para
mudar o que precisamos, não é mais preciso se utilizar de coisas retrógradas e
de que não há comprovação de benefícios.
Até porque as variantes para que alguém tenha um comportamento
improdutivo são inúmeras: vão desde situações vivenciadas na geração
atual, que ela significou e compreendeu, ligações com emaranhados dos
antepassados, até questões de vidas pretéritas, em que eu acredito e coloco
na balança como medidor.
Não sabemos o que a criatura leva na alma para julgarmos.
“O julgamento nos afasta da verdade!”.
Muitas pesquisas apontam que um trauma que não foi resolvido causa
danos avassaladores em muitos casos.
Os sofrimentos gerados por um trauma atacam de forma física e
emocional a vida das pessoas. Impactam em: trabalho, relações familiares,
amorosas, na sociedade como um todo e, principalmente, na forma como as
pessoas passam a se enxergar.
Compreender as nuances e variantes dos traumas é de grande importância
para todos nós, pois vivemos em sociedade, nos relacionamos e precisamos
ampliar os entendimentos e as percepções para criar caminhos e condições de
mais equilíbrio entre todos e, principalmente, de amor.
Enquanto não nos movimentarmos para expandir essas compreensões
diante dos traumas e das dores emocionais e entendermos a importância de
transformá-los e entrarmos em ação para os limparmos, estaremos,
infelizmente, deixando de herança para as gerações posteriores o registro de
abusos e violências, e até de guerras entre povos e dentro dos campos
familiares.
A boa notícia é que essas compreensões estão chegando; existem pessoas
se especializando, estudando, divulgando e promovendo esses debates e
reflexões para que as gerações futuras sofram menos.
E a minha maior motivação em escrever este livro é contribuir com esse
movimento, através do que vivi, senti, estudo e trabalho.
É uma das coisas que quero deixar como legado.
É de extrema importância esse olhar coletivo, porque esses sentimentos e
emanações que ressoam não são só no nosso campo familiar, mas no planeta
e em todos os que aqui habitam.
Somos campos eletromagnéticos, campos vibracionais. O que eu sinto e
penso não impacta somente na minha vida, mas na de todos os que convivem
comigo e, com isso, os que recebem, se conectam, transmitem para os outros.
Quando eu curo em mim, contribuo para a cura de todo o meu sistema.
Hellinger diz que aquele que toma consciência transforma o que era
“maldição” em bênção.
CAPÍTULO 9 - DETOX DA REJEIÇÃO
Quantas vezes você deixou de fazer coisas ou fez para não ser rejeitado?
E, em alguns casos, até mesmo por pessoas com quem não tem vínculos
emocionais?
Um colega de trabalho, um grupo novo de amigos, uma paquera...
E os impactos de ter esse olhar acontecem com algumas pessoas até para
pedir informação de onde ir.
Eu atendia a uma moça cujo medo da rejeição e do julgamento das
pessoas era tão intenso que ela usava o GPS do celular, mesmo a pé, para não
ter que pedir informação para as pessoas, por achar que, por conta do seu
sotaque, seria rejeitada. Mas, na realidade, eram os registros de rejeição
significados por ela que estavam impactando enormemente na sua vida.
No campo profissional, existem impactos, principalmente se houver
alguma função que exija exposição, contato.
É muito comum perceber na pessoa que passa pelo processo de rejeição a
autoestima abalada, como se deixasse marcas.
Como citamos nas leis sistêmicas, anteriormente, a rejeição é uma forma
de exclusão. Todo rejeitado se sente excluído.
Nos atendimentos e nas constelações, o que mais acontece dentro do
campo da rejeição é:
Filhos abandonados pelos pais/adoção;
Filhos que sentem que os irmãos são preferidos;
Filhos que se sentem muito criticados pelos pais, que não recebem elogios
e são comumente comparados a outros irmãos e a outras crianças.
Normalmente, pessoas que vivenciaram isso tendem, durante a vida, a
passar por situações que as façam realmente acreditar que são rejeitadas.
E por que isso acontece?
Aquele sentimento de rejeição ou qualquer outro sentimento negativo que
vivenciamos fica armazenado no nosso inconsciente e são gravados os
registros daquelas emoções. Através de cenas que a mente entende como
“semelhantes”, por conta de falas, cheiros, imagens, sons, até mesmo toques
e gestos, podem-se disparar gatilhos mentais e a mente vai fazer associação
com as ocorrências traumáticas, tristes, doloridas e, então, dar como se fosse
um “Enter”, validar o que pensamos sobre nós, sobre como as pessoas nos
tratam, sobre o mundo.
São situações traumáticas que vão refletir na vida adulta:
Namoros ou casamentos rompidos, em que quase sempre o outro termina,
e não você;
Perda de trabalhos ou de promoções;
Ser tratado de forma diferenciada no trabalho ou, literalmente, ser
excluído;
Amizades desfeitas.
São casos que acontecem na vida de quase todas as pessoas, mas, para
quem se sente rejeitado, essas situações são potencializadas, acontecem
repetidas vezes. A queixa é sempre o outro ou os outros, que rompem, que
excluem.
Por que a dor da rejeição é tão grande?
A pessoa se sente sem valor, excluída, menor.
Ela traz para si toda a culpa, sente que é o problema, quando, na
realidade, o que está acontecendo é que a leitura na mente e o significado
dado pelas ocorrências não foram mudados, transformados, e esses registros
estão atuando de forma repetida e contínua.
Quando a pessoa passa a compreender que os pais, por exemplo, podem
ter vindo de um sistema familiar disfuncional, de um emaranhado intenso,
que são seres humanos e não são super-heróis, que têm falhas e acertos,
começa a apaziguar essas histórias registradas dentro de si e tudo isso perde a
força.
Podemos também estar vinculados, ter tomado a dor de algum ancestral,
algum excluído, alguém que não foi visto, e estamos atraindo esse sentimento
para nós.
A busca por um olhar expansivo é que vai mudar essa informação.
Recordo o caso de uma senhora de mais de 70 anos a quem eu atendia,
que sentia de forma muito intensa a rejeição da mãe por ela.
Quando começamos um dos exercícios pós-constelações, pedi para ela
pesquisar a história familiar, por conta das informações que apareceram no
campo das constelações.
E, para ela, era um grande desafio, porque muitos parentes já tinham
falecido, mas ela se lembrou de uma tia que vivia no interior. Entrou em
contato e foi visitá-la.
E, na visita, descobriu que a mãe tinha sido vendida, com 13 anos de
idade, para o seu pai, na época com 30 anos de idade.
A tia disse que se lembrava da irmã dizer que a sensação a cada relação
sexual era de estupro.
Ela descobriu que a mãe e a tia praticamente não tiveram infância: tinham
que trabalhar na roça, para ajudar, além de cuidar dos irmãos. Os pais não
tinham tempo e nem disposição para afetos, carinhos.
E aí, na consulta, quando me contou tudo isso, eu perguntei:
“Como fica olhar para essa mulher agora? A sua mãe?”.
Ela chorou muito e disse:
“Ela foi uma vencedora, passou por tanta dor e nunca nos abandonou. Fez
de tudo, quando meu pai morreu, para cuidar de nós, trabalhava muito.
Deu o amor do jeito que sabia dar. Como posso exigir dela o afeto, o
carinho idealizado?”.
Então, naquele momento, os mais de 70 anos que ela tinha lido como
rejeição passaram a ser amor, um amor diferente do que esperava, mas era
amor.
Há um outro caso, de uma moça muito bonita e rica que sentia ser
rejeitada pela mãe, que a mãe se preocupava apenas em dar coisas materiais.
Ela contava que a mãe a comparava com as primas, que sempre apontava
defeitos, chamava atenção para comportamentos, exigia dela a perfeição. Não
havia elogios, eram somente críticas.
No processo terapêutico e nas constelações, apareceram registros de
abusos que a mãe tinha sofrido. No primeiro momento, ela ficou indignada,
porque a mãe e a avó nunca tinham falado sobre isso.
Então, ela tomou coragem e foi conversar com a mãe.
A moça descobriu que a mãe tinha sido abusada por diversas vezes pelo
padrasto, que a avó dizia que a culpa era dela, pelo seu comportamento, a
criticava o tempo todo e batia muito nela.
Eu fiz a pergunta parecida com a do caso anterior:
“Como é olhar para essa mulher? Essa mãe que, até então, era sem
coração para você?”.
A minha cliente abaixou a cabeça e disse se sentir envergonhada por ter
julgado tanto a mãe, que não conhecia a história, não sabia de nada.
Ela confessou que, na mesma hora, abriu o coração para a mãe e pediu
perdão, contou o que sentia.
E, por conta disso, mãe e filha resgataram sentimentos.
São várias histórias, são muitas situações que sofremos por não sabermos
a verdade. Até aquele momento, elas tinham a verdade que tinham criado. Ao
se deparar com as histórias, tudo aquilo que tinha sido construído caiu por
terra.
Você pode pensar: “mas minha mãe e meu pai não tiveram nada de
traumático, não passaram por dores nesse nível”.
Será que não? Será que é você que não sabe?
Em todas as vezes que me deparei com situações de rejeição, tinha algo
ali que era desconhecido, algo que não tinha sido olhado.
É preciso aprofundar, na maioria das vezes, para entender.
A rejeição, quando instalada, é tão poderosa que até em casos de
relacionamentos amorosos, quando o outro termina, diz que a questão não é
do parceiro, que o conflito é com ele mesmo, que está passando por algum
desafio, situação, que não consegue continuar. A pessoa parece não ouvir
nada disso, fica somente a informação que:
“É comigo, foi por minha causa, se eu não fosse assim, se não agisse
assim sempre, é porque sou feia, é porque sou gorda, é porque sou pobre, é
porque...”. Ou seja, sempre está nela, o motivo está sempre nela.
No trabalho também, as coisas negativas sempre são atribuídas a ela. Se
vê menor, incapaz, ineficaz, sem condições.
Todas as situações de perdas e ganhos têm, sim, a nossa parte, aquilo com
o que contribuímos para o resultado.
Acontece que, para a pessoa que sente a rejeição, 100% do resultado
negativo é atribuído a ela.
O rejeitado tem uma necessidade constante de aprovação, por isso seus
valores são quase sempre infringidos, para preencher os outros, para ter a
validação e a aceitação dos outros.
A mágoa e a raiva são muito comuns naqueles que se sentem rejeitados. A
lista de pessoas que a fizeram sofrer normalmente é grande.
CAPÍTULO 10 - DETOX CURANDO A CRIANÇA INTERIOR
A importância de olhar para os fatos que interpretamos do útero à
infância, da juventude até os dias atuais nos faz carregar traumas, dores
emocionais de toda ordem, por conta das significações e dos entendimentos.
E a nossa criança interior precisa ser acolhida, precisa receber outras
impressões e registros.
E, mesmo que hoje sejamos adultos, tudo o que registramos em nossa
mente, todas a significações atuam em nossas vidas mais do que imaginamos
nos dias atuais, em nossas escolhas, em nossas relações, no que pensamos
sobre nós e sobre a vida.
O caminho da cura está na compreensão, que passa pela consciência do
que realmente aconteceu, e não naquilo a que demos o significado.
Esse é o passo inicial e mais importante.
É muito comum as pessoas dizerem:
“Minha mãe falhou comigo aqui...”.
“Meu pai falhou comigo na situação X”.
É insano cobrarmos de nós e de nossos pais que, na época tal, fizessem
diferente, porque nessa época citada eles não tinham o conhecimento que eles
têm hoje.
Quantas coisas mudamos em nós?
Quem era você há 10 anos? Quais os pontos que você mudou?
Que aprendizados te fizeram mudar, que hoje você olha para trás e
percebe que não eram bons?
Ei! Com os nossos pais foi assim também.
Na época dos meus pais, não era comum as pessoas fazerem terapias (eles
são da década de 1950/60). Não era comum, na fase deles, procurar livros
que abordassem questões de comportamento, autoajuda.
E, mesmo que quisessem, eles não tinham condições financeiras e nem
meios para ir buscar desenvolvimento pessoal como se tem hoje, de forma
acessível e, muitas vezes, até gratuita.
Como eles poderiam transformar suas questões internas? Mudar algumas
visões?
Além de tudo isso, como já dissemos anteriormente, eles, como nós, são
herdeiros de um sistema familiar que compreende etnias, culturas,
comportamentos, valores, crenças, emaranhados e uma série de fatores que
influenciam as ações.
Uma moça disse que era descendente de alemães e a forma de eles
demonstrarem o afeto é diferente; muitas vezes não tem o toque, o beijo
como demonstração de carinho e amor.
Ela sentia essa necessidade e percebia que faltou para sua criança interior
isso, e não sabia como se curar.
Parte da resposta já estava na pergunta.
O sistema familiar dela tinha costumes e formas de agir e, por conta disso,
distribuíram da maneira que receberam.
E não podemos “julgar” que os alemães, os russos, os italianos, ou seja
qual descendência for, é melhor ou pior, está certo ou está errado.
Está certo do jeito que foi, porque, para cada sistema, afeto se demonstra
de um jeito.
Os nossos ancestrais aliviaram essa entrega para nós; entregaram-nos
mais leve do que receberam. A bisavó aliviou, na maioria das vezes, o que
entregou para a nossa avó, e o quanto a nossa avó transferiu de forma mais
leve para a nossa mãe?
Quando eu fui tomando essas consciências, o caminho de acolhimento do
que recebi do meu sistema materno e paterno ficou mais leve.
Foi uma jornada, cada dia um pouco até ir apaziguando as carências, a
falta dos abraços e beijos, de colocar no colo, de conversar...
Eu dizia todo dia para minha criança interior:
“Olha só! Eu vejo que para você está dolorido isso tudo aí, eu sei que
você queria mais carinho.
Eu quero te dizer que você recebeu tudo o que o pai e a mãe puderam dar.
Eles deram o seu melhor.
Eu descobri, agora adulta, que a história deles foi bem tensa, pesada, e
descobri que a mãe e o pai não receberam nem perto do quanto você precisa e
pede. Eu agora cuido de você; a cada compreensão que eu tiver, eu vou
acalentando você, nutrindo você.
Eu cuido de você!”.
Essas e outras falas que eu fazia com minha criança interior iam
limpando, ia ficando mais leve.
A compreensão é o único caminho para nos afastar do julgamento.
Outro ponto a se destacar é que algumas pessoas têm dificuldades com
toques, abraços e beijos. Em alguns casos, existe alguma questão sexual, com
alguma referência traumática nesse campo, que toques, contatos representam
bloqueios.
Pessoas que foram agredidas fisicamente têm, algumas vezes, essas
dificuldades.
Uma cliente chegou em uma das sessões me dizendo que não se
conformava: todas as vezes em que ia tentar ser mais afetuosa, abraçar a mãe,
ela a afastava.
Não entendia o motivo do comportamento e não tinha coragem de
perguntar, pelo fato de a mãe ser mais fechada, manter uma distância muito
grande.
Eu sugeri que ela fosse entender mais esse comportamento, e foi então
que ela tomou coragem de falar com uma tia, que contou que a avó da minha
cliente era uma mulher endurecida, rígida e que não deixava os filhos
brincarem; o tempo todo era de atividades, serviços, tarefas.
E essa avó, toda vez que não concordava com um comportamento,
colocava todos os filhos pequenos sentados à mesa, com as mãos para cima,
para bater com colher de pau, com muita força.
Ela, então, olhou para as mãos da tia-avó, que tinha dedos tortos, e
lembrou-se das mãos da mãe e começou a chorar, pois os dedos dela eram
bem tortos.
Chorando muito, ela percebeu que aquela mãe, com mais de 78 anos, não
teve contato com o afeto, que o toque representava dor, pelo fato de ter
gravado no inconsciente que o contato físico estava conectado com uma
informação de agressão. Como poderia fazer diferente com ela, dar o amor
por que a sua criança interior ansiou e que ainda hoje, como mulher adulta,
sofria com isso?
São diversas questões que impedem o ser humano de ser mais afetuoso,
receptivo ao contato como forma de expressão de carinho e amor.
Sendo assim, cada um dá o que tem.
Exercícios para limpar registros de dor na criança interior:
Quero compartilhar com vocês uma técnica de cura interior que aprendi
com uma escritora americana e especialista em ressignificação mental
chamada Louise Hay6.
6 Autora motivacional, professora de metafísica, palestrante. Uma das melhores e maiores
autoridades quando se trata de autoajuda. É fundadora da Casa Hay de publicações
literárias.
Sugiro que você grave com sua voz essas falas, e depois coloque pelo
menos uma vez por semana para ouvir.
“Comece a se visualizar como uma criança de cinco ou seis anos.
Olhe bem nos olhos dessa criança. Veja a ânsia de carinho que existe
neles e conscientize-se de que essa criança quer uma única coisa de você:
amor. Assim, estenda os braços e receba neles a criança.
Abrace-a com amor e ternura. Diga-lhe que você a ama muito, que se
importa demais com ela.
Admire tudo o que existe nessa criança e diga-lhe que não há mal em
cometer erros quando se está aprendendo. Prometa que, aconteça o que
acontecer, você sempre a apoiará. Agora deixe essa criança ficar muito
pequena, até chegar a um tamanho que caiba em seu coração.
Coloque-a dentro dele de tal forma que o seu rostinho esteja voltado para
você e você possa dar a ela muito amor.
Agora visualize sua mãe como uma menininha de três ou quatro anos,
assustada, procurando por amor sem saber onde encontrá-lo. Estenda os
braços, segure essa criança contra o seu peito e diga-lhe o quanto a ama, o
quanto se importa com ela.
Deixe-a saber que pode contar com seu apoio, que você estará sempre ao
lado dela, não importa o que aconteça.
Quando ela se acalmar e começar a se sentir segura, faça-a ficar
pequenina, de um tamanho que caiba no seu coração. Coloque-a nele, junto
com sua própria criancinha. Em seguida, dê às duas muito amor.
Agora imagine seu pai como um menininho de três ou quatro anos,
assustado, chorando e procurando amor.
Veja as lágrimas escorrendo pelo seu rostinho enquanto ele procura um
amparo que não encontra.
Você já adquiriu prática em confortar criancinhas. Assim, abra os braços
e segure o corpo trêmulo do menino contra seu peito. Conforte o menino.
Cante para ele. Deixe-o sentir o quanto você o ama.
Deixe-o saber que você sempre estará ali para ampará-lo.
Quando as lágrimas da criança secarem e você sentir o amor e a paz no
seu corpinho, faça o menino ficar bem pequeno, para que possa caber no seu
coração. Coloque-o lá dentro para que as três crianças deem muito amor
umas às outras e você possa amá-las.
O amor que existe no seu coração é tamanho que você poderia curar o
planeta inteiro.
Porém, por enquanto, vamos usar esse amor para curar a você mesmo.
Sinta um calor começar a surgir no seu centro cardíaco, uma ternura, uma
bondade. Deixe essa sensação começar a mudar o que você pensa e fala
sobre você mesmo.
Na infinidade da vida onde estou, tudo é perfeito, pleno e completo.
A mudança é a lei natural de minha vida. Dou boas-vindas a ela.
Estou disposto a mudar. Escolho mudar meu pensamento. E conclua
visualizando a sua criança feliz e livre.
Sinta a gratidão”.
Eu usei muitas vezes essa técnica/meditação e posso garantir que, se nos
dedicarmos, ela contribui muito.
Exercício: sonhos da criança
Escolha um lugar calmo e tranquilo, onde possa fazer esse exercício sem
interrupções.
Leve seu caderno de anotações.
Pode colocar uma música relaxante, bem suave ou sua música de infância.
Se não quiser música, ok.
Faça o que for melhor para você.
Sente-se confortavelmente, feche os olhos e faça algumas respirações bem
profundas, pelo menos umas 3 vezes.
Faça a visualização de quando era criança, por volta de 5, 6 ou 7 anos.
Olhe bem para essa criança, perceba o maior número de detalhes.
Como ela era?
O que ela gostava de comer, como gostava de se vestir, as brincadeiras,
como gostava de se divertir?
Quem eram seus amigos?
Conecte-se apenas com as coisas boas.
O que você dizia que queria ser? O que você mais gostava de fazer?
Entregue-se ao máximo, como se isso estivesse acontecendo agora.
Agora, você vai pedir mentalmente para sua criança se aproximar de você,
visualize ela se aproximando de você.
Olhe bem nos olhos dela e diga: “Eu te amo profunda e completamente e
vou deixar atuar em mim, a cada dia mais e mais, tudo o que te deixava
alegre, feliz, todas as coisas positivas que você sentia.
E, a partir de agora, vou gravar na minha mente todos os momentos
felizes que você viveu e vou me alimentar deles todas as vezes em que eu
precisar de doses mais alegres no meu dia a dia.
Para isso, vou escolher as cenas mais felizes; para cada uma delas, vou
dar um nome (escolha no máximo 3 cenas).
Quando eu precisar delas, vou fechar os olhos, respirar bem profundo e
dizer o nome ou os nomes.
E minha mente vai trazer todos os sentimentos e as sensações positivas
vividas nessa época”.
Finalize com o seguinte comando:
“Queridas memórias, obrigada/o por compartilhar comigo todos os
momentos felizes vivenciados. Eu acolho, aceito e integro a minha vida”.
E volte lentamente, no seu tempo, respire e abra os olhos.
Esse exercício pode ser repetido quantas vezes forem necessárias, até que
sua mente faça a ancoragem, registre essas emoções e, quando você fechar os
olhos e disser os nomes das cenas, elas fluam dentro de você com facilidade.
CAPÍTULO 11 - DETOX HO´OPONOPONO
Ho’oponopono foi criado pelos xamãs havaianos (kahunas) e é praticado
há mais de 3 mil anos. Na segunda metade do século passado, ele começou a
ser difundido por toda a Europa, Oriente, Ásia e América, por uma
descendente dos Kahunas, uma sacerdotisa chamada Morrnah Nalamaku
Simeona.
Ela fez adaptação do Ho’oponopono, que antes era conduzido por um
facilitador Xamã, para que pudéssemos aplicá-lo individualmente.
Morrnah faleceu em 1991, na Alemanha, mas deixou um importante
discípulo para dar continuidade a esse lindo trabalho, Dr. Ihaleakala Hew
Len, mestre e professor de Ho’oponopono.
Ele utilizou a técnica em um hospital psiquiátrico no Havaí, com
resultados surpreendentes.
Muitas pessoas tiveram contato com o Ho´oponopono através de Joe
Vitale7 e seus textos.
7 É reconhecido como um professor espiritual e escritor americano de dezenas de
livros.Também trabalhou como ator nos filmes The Attractor Factor e Zero Limits.
Contribuiu com seu conhecimento e depoimento para o documentário The Secret (2006).
Somos parte de um todo, comandado por um criador (Deus), e tudo está
em ressonância e interação.
É um processo havaiano para solucionar problemas e limpeza de
memórias.
Através do que pensamos, associados ao que sentimos e o que foi
armazenado em nossa mente, criamos uma frequência.
E, enquanto não limpamos a informação de dores que existem em
algumas dessas memórias que foram gravadas em nosso subconsciente, elas
continuam interagindo com tudo o que vemos, sentimos e pensamos.
Sendo assim, sem perceber, atraímos mais e mais do que nos entristece,
sabota, rouba nossa energia e nos enfraquece.
Um dos princípios do Ho’oponopono é que o universo físico é uma
criação dos nossos pensamentos.
A realidade que criamos na matéria é criada pelo que eu penso. Esse
pensar me traz conexões com as coisas, situações e pessoas com quem nós
interagimos.
Esses conceitos são também afirmados pela física quântica, que aborda
muito a interação do universo com o que somos e pensamos.
Quando pensamos em algo e esse algo nos traz uma tristeza ou uma
alegria, a nossa mente e o universo não fazem associações com o tempo. Se
esse sentimento, essa vibração é do passado, do presente ou do futuro, ou
seja, vamos receber a frequência e o resultado de acordo com o que pensamos
e estamos sentindo.
Eu li em uma apostila de vivência de Ho’oponopono um trecho que, para
mim, resume tudo o que estamos atraindo para nossas vidas, através do que
pensamos.
“A energia flui para onde a atenção se direciona.
Isso implica que o efeito de manter a atenção, consciente ou inconsciente,
é capacitar o objeto de atenção.
Fique na doença e a doença aumentará em sua vida; habite em felicidade
e será feliz;
concentre-se em falta e deficiência e se tornará mais escasso; centre-se
na abundância
e a fartura prevalece. Claro, se o seu foco é misto, obterá resultados
mistos”.
Princípios do Ho’oponopono:
1. O universo físico é uma realização dos seus pensamentos;
2. Se os pensamentos são destrutivos, eles criam uma realidade física
destrutiva;
3. Se os pensamentos são perfeitos, eles criam uma realidade física
transbordando AMOR;
4. Você é o responsável por criar seu universo físico como ele é;
5. Você pode alterar os pensamentos destrutivos que criam uma realidade
doente e muitos sofrimentos;
6. Não existe lá fora. Tudo existe como pensamentos em sua mente.
Ho’oponopono e a nossa responsabilidade
Para o Ho’oponopono, nós somos 100% responsáveis por tudo o que
acontece em nossas vidas.
Os pensamentos são gerados por nós e os sentimentos também; os outros
são agentes externos, mas quem decide o sentir em relação ao que fizeram
somos nós.
Não devemos fazer transferências e nem nos sentir culpados. A
significação correta é entender que parte de nós está conectado com aquela
informação, habita em nós e somente nós temos o poder de limpar.
Por conta disso, as frases e os exercícios que vou propor não são feitos
para o outro, e sim para nós, para o que nós sentimos.
Muitas pessoas, ao fazer a prática do Ho’oponopono, pensam e atribuem
ao outro aquilo que precisam limpar, perdoar, mas precisamos atribuir para
nós.
Ex: Limpa em mim tudo o que está promovendo a raiva...
Até mesmo para contribuir para a cura de alguém, temos que curar
primeiro em nós o que, de repente, reflete no outro ou promove para que ele
tenha determinado comportamento em relação a mim.
Quando assumimos a responsabilidade pelo sentir e atrair, entendemos
que qualquer coisa que experimentamos e não gostamos é de
responsabilidade nossa, por atração.
Uma pessoa com muitos medos tem crenças arraigadas sobre o medo, vai
atrair pessoas e situações que só fortalecem esse medo.
Tem gente que fala de assalto, tem medo forte de ser assaltado, vê
noticiários que falam sobre assalto ou tem algum trauma relativo a essa
questão, por exemplo, e vira alvo para ser assaltada.
Caso eu tenha registros sobre agressão na mente, sou agressivo, mesmo
que não tenha consciência disso, e vou, sem perceber, atrair agressões no meu
dia a dia.
Vamos interagir e atrair o que pensamos, até que seja limpo.
Neste livro, estamos propondo uma série de entendimentos e
compreensões que promovem a limpeza e, conforme nós compreendemos,
vamos abrindo caminhos para mudar o pensamento e o sentimento pelas
ocorrências e registros; por conta desse detox emocional, os registros de
dores vão perdendo a força e, se tivermos disciplina e disposição para aplicar,
vamos curando essas emoções.
Ho’oponopono e os comandos de limpeza
Um dos comandos mais usados para limpar as memórias é a utilização de
frases:
“Sinto muito, me perdoe, sou grata e eu te amo!”.
Entenda o significado de cada parte dessas frases:
“Sinto muito” (por ter manifestado esse problema em minha vida, de
quem sou 100% responsável);
“Me perdoe” (peço perdão a mim mesmo/a e, assim, estou me libertando
desses problemas);
“Sou grata” (por esse problema ter se manifestado em minha vida e agora
começo a limpá-lo);
“Eu te amo” (sei que sou parte do criador e, sendo assim, sou perfeito em
minha origem).
Exercício:
1) Repita esse comando por diversas vezes ao dia, limpando as memórias
relacionadas ao que se está sentindo.
“Divindade, limpa em mim tudo o que está contribuindo para (colocar a
informação negativa que está sendo vivida. Exemplo: medo, culpa, escassez,
inveja, rejeição), transmuta de zero na mais pura luz, e assim está feito.
Sinto muito, me perdoe, sou grata e eu te amo”.
Exemplo:
“Divindade, limpa em mim tudo o que está contribuindo para o medo,
transmuta de zero na mais pura luz, e assim está feito.
Sinto muito, me perdoe, sou grata e eu te amo”.
Existem muitos vídeos na internet com meditações de Ho’oponopono,
como também cursos e treinamentos para aprender muito mais sobre essa
prática, que contribui muito para a limpeza de registros, memórias de dores
emocionais, de frequências e vibrações a que estamos nos conectando.
Sugiro que você pesquise ainda mais sobre o assunto, para que possa
integrar mais informações dentro do seu processo de detox emocional.
CAPÍTULO 12 - O DETOX CONTÍNUA
Na jornada do autoconhecimento, em que descobrimos limitadores,
traumas, medos, inseguranças, causas, potencialidades, competências e
habilidades, o caminho é contínuo. A cada passo que damos, vamos para um
próximo nível, limpando cada vez mais e colocando novas informações.
O aprendizado e as transformações não cessam, e isso é maravilhoso. No
início, quando começamos a mexer nos porões, nos calabouços, nas coisas de
que não tínhamos consciência ou fugíamos, é normal termos dores, é normal
parecer que bagunçou.
Na realidade, está começando o processo de organização; é que estávamos
tão habituados com a forma como lidávamos com nossas questões que
confundimos e, muitas vezes, achamos que virou desordem.
É assim quando reformarmos nossa casa: faz sujeira, dá cansaço,
aparecem coisas que não estavam no planejamento da obra, no meio do
caminho, para resolvermos, e não tem como fugir, porque é importante.
Depois, as coisas começam a se organizar, começamos a ver como está
ficando bom, como está mais confortável, mais gostoso aquele ambiente.
Assim é nossa casa mental, quando começamos a tirar o lixo, os registros
que significamos, muitas vezes, de forma equivocada; parece que tudo virou
um caos em muitos casos, mas, se nos esforçamos e nos dedicamos, as coisas
começam a se encaixar, organizar; temos clareza, dores são eliminadas e tudo
passa a ter um outro sabor, cheiro, paisagem.
Neste livro, o meu propósito é iniciar com vocês os passos da limpeza, da
mudança.
É importante dizer que o maior sabotador que podemos ter é dar espaço
para os analgésicos emocionais, as fugas, quando percebemos que temos uma
jornada de transformação pela frente.
É como você ir ao médico e tomar a medicação de forma inadequada, não
seguir o tratamento, que muitas vezes nos exige mudança de hábitos,
disciplina. A doença não foi tratada como deveria, usamos paliativos e eles,
uma hora, não têm mais ação, não surtem mais efeito, e muitas vezes, por
termos “mascarado” a doença, ela vem com mais complicações e desafios.
Existem várias formas de fugas. As mais comuns são:
Comer em excesso, usar bebidas, drogas ilícitas, fazer uso de medicações
que deixam a pessoa dopada, anestesiada;
Dormir demais, ficar tempo excessivo na internet e na televisão;
Gastos com coisas inúteis e ocupações constantes somente com lazer,
festas.
Essas defesas e fugas psicológicas são também viciantes. No começo, elas
realmente nos anestesiam, nos tiram o olhar daquilo que está nos causando
conflitos e dores, mas as consequências são muitas, por exemplo, no trabalho,
com a falta de foco, o sobrepeso, perdas financeiras, complicações diversas.
O caminho da superação: continue no Detox
Situações adversas irão acontecer em nossas vidas e algumas delas são
incontroláveis, como, por exemplo, a morte de um ente querido ou a traição
de uma parceria, seja comercial ou de relacionamento. Temos que olhar para
elas e pensar: como eu contribuí para isso?
O que deixei de fazer ou fiz para chegar a isso? É alguma crença? Algum
registro emocional que eu ainda não limpei? O primeiro passo é enfrentar as
verdades, não fugir ou tentar mascará-las.
Tem algo que chegou em nossas vidas e precisa ser olhado, precisa ser
limpo, eu preciso colocar outra informação ali que limpe, ressignifique isso a
ponto de não mais me sabotar.
Um dos maiores desafios que tenho notado nessa minha jornada é lidar
com os sentimentos.
As pessoas fogem de olhar para suas dores existenciais, e não se dão
conta de que essas dores são um chamamento, um caminho para nossa
transformação, para crescermos.
É tão desafiador olhar para dentro, lidar com nossos sentimentos, que
criamos em torno de nós uma muralha, uma bolha, para não olhar para as
nossas questões. Queremos nos tornar insensíveis às dores. E, com isso, juros
emocionais, como já citei, vão se acumulando.
Então, olhe para essa questão, deixe ela fluir, entenda o que você sente, o
que acontece, quantas vezes ela chega, em que cenas, momentos, gatilhos.
Enfrentar nossas questões e não fugir delas vai exigir de nós um tanto de
humildade e de coragem.
Humildade em admitir que você não é fácil, que você sente e que não
deve envergonhar-se de sentir, demonstrar que errou, que tem fraquezas.
Coragem para colocar a mão na massa, ir diante do espelho e dizer para
você mesmo que essa dor está aí, e que você vai buscar todos os meios para
vencê-la.
“Olhar para os espinhos significa entrar em contato com memórias e
traumas que você sempre quis esquecer. Querer esquecer ou querer que algo
não exista não é o suficiente. Você quer se libertar do passado, mas ele
continua lá. Só é possível libertar-se do passado chegando a um acordo com
ele!”. (Prem Baba).
Essa compreensão é de suma importância para superarmos nossas dores
emocionais e seguirmos nesse caminho evolutivo.
O caminho pode ser longo, mas precisamos estar comprometidos com a
cura.
Só por hoje
Talvez você ainda tenha questões muito fortes que ainda doam demais e,
mesmo com todo esse conteúdo, a dor ainda seja intensa, e você vai precisar
de mais tempo nessas práticas e em tantas outras que você vai conhecendo e
agregando.
Você pode estar, neste exato momento, vivenciando algo muito dolorido,
devastador, e não consegue dar conta de algo que vai exigir de você
planejamento a médio e a longo prazo.
E, pensando nas pessoas que se encontram nessa condição, eu quero te
convidar a, só por hoje, fazer o exercício abaixo:
Sente-se confortavelmente, apoie sua coluna, feche seus olhos e respire
profundamente três vezes.
Diga para sua mente que só por hoje, mesmo que você não acredite nas
frases que iremos dizer aqui, você vai se permitir sentir, sem deixar o ego
bloquear.
Diga:
“Eu vou me abrir hoje, só por hoje, sem resistências, eu vou me abrir a
sentir. Vou deixar esse sentir fluir em mim”.
E imagine uma cena em que você se sentiu forte, com coragem na sua
vida... Ou uma cena que te deixou muito feliz...
Pode ser do passado, lá da infância, da adolescência, da fase adulta...
Deixe sua mente te levar...
Pode ser também uma realização, alguma conquista... Pequena, média,
grande; não importa.
Não entre em conflito com essa cena, apenas vá até ela.
Veja o cenário, as pessoas envolvidas, perceba se era dia ou noite.
Permita-se sentir o quanto foi bom, o quanto te fez bem.
Sinta com toda a energia que puder, perceba como fica seu corpo ao
sentir.
Perceba que área do corpo vibra, fica mais quente, com mais
intensidade...
Cabeça? Ombros? Costas? Pés? Mãos?
Sinta, sinta muito essa cena.
E diga mentalmente para você:
“Eu criei as condições para isso acontecer, inconsciente ou
conscientemente. Fui o responsável, direta ou indiretamente. Sou
merecedor/a de tudo isso”.
Que bom, respire e sinta mais profundo isso! Permita-se!
Ainda de olhos fechados, visualize você, veja você forte, feliz.
Acredite nessa cena, permita-se sentir.
E diga para você:
“Você hoje vai ficar muito bem, muito mais confiante, porque tem a
certeza do seu poder de criação, do poder de criar todas as situações da sua
vida.
E hoje, só por hoje, você vai sentir vontade de fazer algo por você.
Só por hoje, você vai se levantar e fazer algo para te deixar feliz, rir ou se
movimentar”.
Visualize, na sua frente, uma rosa.
Ela simboliza um presente que hoje vai dar para você.
Entregue essa rosa para você.
E diga:
“Eu hoje te amo muito, muito mais que ontem, e te aceito profunda e
completamente.
Eu te amo, eu te amo, eu te amo”.
Respire e sinta esse amor, permita-se deixá-lo entrar.
Faça três respirações e abra os olhos.
E escreva quais são as coisas que você vai se comprometer a fazer hoje.
Você pode memorizar o exercício ou gravar com sua voz, para depois
fazer.
Estudando um pouco a metodologia do AA, Alcoólicos Anônimos, pude
entender que, em alguns casos, a pessoa precisa se comprometer, se dedicar
naquele dia; que se a dor estiver muito intensa, o vício emocional ou físico
que ela criar não dará condições para criar nada a longo prazo; só a sensação
de ter que pensar no tempo, na jornada, no que vai precisar “abrir mão”,
mudar já gera uma ansiedade maior, uma impotência, por vezes de medo e,
em alguns casos, até de pavor.
Então, em alguns pacientes, eu passei a usar a metodologia de só por hoje,
e eles tiveram muitos progressos, ânimo, disposição, sensação de realização.
Depois de um tempo, perceberam que fizeram muito, que realizaram muitas
coisas, que estão muito melhores, aí então começam a se dispor a planejar, se
dispõem a participar de práticas, vivências, cursos que têm um tempo maior,
e assim, vão saindo da dor em direção ao caminho da cura.
Este livro é um compartilhar de experiências, vivências e aprendizados
que busquei no meu processo de cura e evolução e no meu trabalho como
terapeuta.
A minha jornada de crescimento continua e, com certeza, teremos outras
experiências e técnicas para compartilhar com vocês em breve.
Com todo o amor,
Fernanda Fernandes
Referências:
FREUD, Sigmund, New Introductory Lectures on Psycho-Analysis,
Ernst Pfeiffer, pp 23 a 42.
MCKAY, Mattew,. e FUNNING ,Patrick, P, Self- Esteem., pp 23 a 41.
CROWLEY, Himmelweit, Knowing Women, Objetiva, Pp 32 a 41
ROSS, Gina, Beyound the Trauma vortex into the healing vortex, São
Paulo, Summus, pp 21 a 27.
LIVINGSTONE, Bob. A cura integrada de corpo, mente e alma: Livre-
se das dores emocionais, São Paulo: Larrouse, 2008., 1,pp. 160.
HELLINGER, Bert. As ordens do Amor, São Paulo, Cultrix, 2001, pp.
58 a 183.
TOLLE, Eckart. O despertar de uma nova consciência. Rio de Janeiro:
Sextante, 2007, pp. 224
https://www.hellinger.com/pt/pagina/bert-hellinger/vita-bert-hellinger/
https://amenteemaravilhosa.com.br/nucleo-accumbens/

Você também pode gostar