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Pelo Amor de Seu Companheiro

(Matilha Nehalem 14)


De: AJ Jarrett

Avery Watterson vivia a vida por seus próprios termos, não se


importando com quem machucasse no processo. Confrontado com um inimigo
desconhecido, Avery se encontra fugindo, correndo em direção a uma pessoa
que sabe que não vai ficar feliz em vê-lo, mas que outra escolha tem?
Nova cidade, nova escola, Landen Halliwell está em alta, mas algo
parece estar faltando nesta nova vida perfeita. Um encontro casual mostra
Landen exatamente o que é, um companheiro. Avery não era o que esperava
em um companheiro, mas sua aparência deslumbrante e atitude convencida
deixavam Landen fraco nos joelhos e querendo passar mais tempo com o
homem.
Segredos sempre acham seu caminho e Avery não pode mais se
esconder deles. Seu perseguidor se aproxima e Avery não sabe o que fazer.
Fugir desta vez não é uma opção, mas pode realmente ficar e arriscar aqueles
a quem ama?
Capítulo Um

Landen virou à esquerda e correu pela rua. O sol estava surgindo no


horizonte, mas não diminuia o frio no ar. Era final de outubro e as
temperaturas caiam gradualmente, todos os dias, até a chegada do inverno.
Felizmente para Landen, não importava. Ser um shifter lobo
significava que poderia correr durante todo o ano em sua forma de lobo. Tinha
todo aquele pelo grosso para mantê-lo aquecido, mas adorava correr em duas
pernas. O vento queimando em seu rosto e seus músculos ajudava a relaxá-lo.
Trocar para forma de lobo ainda levaria algum tempo para se acostumar.
Agora que era parte do bando de Nehalem poderia mudar tanto quanto
quisesse, enquanto estivesse na propriedade Carsten. Era livre para ser quem
realmente era, Landen Halliwell, shifter lobo e estudante universitário.
Sua vida tinha mudado tanto no último ano e meio. Fora para a
faculdade, deixando a segurança da casa de seus pais para entrar num mundo
desconhecido. Sendo adotado, não sabia quem eram seus pais biológicos ou
como ser um shifter lobo. Dizer que seus pais ficaram um pouco chocados
quando mudou pela primeira vez seria um eufemismo, mas não entraram em
pânico. Eles o amavam e encontraram maneiras de protegê-lo do mundo
exterior.
Quando foi para a faculdade, ficou feliz por encontrar alguém que era
um shifter como ele. Zach era seu melhor amigo, mostrando-lhe as manhas de
ser um lobo. Claro, que Zach era um pouco esquivo e muito reservado, mas
Landen apenas ignorava isso. Quem era ele para julgar?
Depois de seu primeiro ano de faculdade, Zach decidiu que queria se
transferir de escola. Landen não queria ficaro sozinho, por isso foi com Zach.
Não conhecia quaisquer outros shifters e era bom ter alguém para
compartilhar seus segredos.
Mas logo Zach mostrou sua verdadeira face, que acabou por ser uma
obscura máscara de loucura. Mudou de escola para rastrear Kyle Argent, o
homem que matou sua companheira. Perder um companheiro pode ser
devastador para um shifter e levou Zach à loucura e, no final, custou sua vida.
Landen se lembrava de quando considerava Zach seu melhor amigo,
mas sua necessidade de vingança tomou o controle de sua vida. Landen odiava
admitir, mas Oliver fez a melhor coisa, tirando Zach fora de sua miséria
quando colocou uma bala entre seus olhos.
Não querendo pensar sobre os olhos sem vida de Zach fixando o
nada, empurrou suas pernas com mais força, batendo forte na calçada.
Sorriu ao olhar ao redor em todas as belas casas que ladeavam a rua.
Realmente gostava de Silver Creek. Graças a Roderick, foi capaz de se
transferir no meio do semestre sem gerar perguntas. Não tinha certeza de
como o homem fez isso, mas Kyle disse que Roderick era um caçador do alto
escalão no conselho e poderia muito conseguir o que queria. A única coisa que
Roderick não poderia fazer era colocar Landen no time de futebol do
Hemsworth. Isso não incomodou Landen, no final. Estava mesmo cansado de
jogar. Era apenas um meio de levá-lo para a faculdade. Agora, queria se
concentrar em seus estudos e outras coisas grandes, graças a Roderick e ao
Conselho de Caçadores que pagavam por sua educação, podia continuar a
fazer exatamente isso. Roderick disse-lhe para pensar nisso como uma
recompensa por ajudar a prender um assassino, ou seja, Zach.
Oliver e seu melhor amigo Levi eram caçadores e estudantes
universitários. Oliver e Kyle eram companheiros, assim Oliver se transferiu
para Hemsworth quando Kyle voltou para casa depois de todo o ocorrido com
Zach. Oliver e Levi compraram uma velha casa de dois andares, e Kyle e
Landen foram morar com eles. Landen não sabia como podiam ter recursos
para tal casa, mas uma noite Levi lhe disse que caçadores ganhavam muito
bem. Não querendo ser rude, Landen deixou por isso mesmo.
Outra grande coisa sobre a vida em Silver Creek era que muitos
outros membros do bando de Nehalem viviam ali. A avó de Kyle morava perto
de Seth e seu companheiro Caleb. A algumas ruas o irmão de Kylie, Ian. Todos
eram muito bons para Landen e o consideravam como um dos seus.
Landen nunca teve problemas em fazer amigos, mas era bom ter
pessoas a sua volta que sabiam exatamente quem era. Não precisava esconder
sua verdadeira natureza, o que fazia sua vida menos estressante.
Assim que Landen entrou na Harris Street, onde Ian e Will viviam,
notou algo muito estranho em seu quintal. Um brilhante BMW preto estava
enviesado em frente a seu quintal, bloqueando a calçada. Landen reduziu o
passo. Olhou por cima do ombro, em seguida, pelo outro para ver se mais
alguém notou isso, mas ainda era muito cedo e nenhum dos vizinhos ou Will e
Ian ainda estavam à vista.
Landen caminhou até o lado do motorista do carro e olhou para
dentro. Um homem loiro estava deitado sobre a direção no lugar do condutor.
Ergueu a mão e bateu na janela. Landen sorriu quando as sobrancelhas do
homem se mexeram, mas ele não abriu os olhos. Apenas se mexeu e virou.
Bateu no vidro de novo e o motorista não se mexeu, então Landen
tentou a maçaneta da porta. No momento em que a porta se abriu o fedor
azedo de álcool atingiu seu nariz. Estremeceu e recuou. O cheiro era tão forte
que pensou que poderia ter chamuscado seus pelos do nariz. Landen abaixou-
se para agitar o homem quando percebeu as garrafas de bebidas vazias no
chão do carro.
Por natureza, Landen era um cara legal. Queria acreditar que todos
tinham algo bom dentro deles, mas isso realmente o irritou. Esse cara estava
bêbado e dirigia seu carro. Então, embriagado, estacionou seu carro de luxo no
gramado da frente de outra pessoa. Era perigoso e egoísta colocar outros em
risco assim.
De repente, estava tão furioso que queria arrancar o loiro de seu
assento pelo cabelo. Landen balançou o braço do bêbado.
— Ei!— Nada. — Acorde.
— Foda-se. — O homem sussurrou com voz rouca, então se
aconchegou mais perto da console central.
Não sabendo mais o que fazer, fechou a porta e caminhou até a porta
da frente de Will. Odiava ter que acordar Will e Ian tão cedo, mas o que mais
poderia fazer? Sem ter seu celular com ele, não poderia chamar a polícia, por
isso precisava que Will ou Ian o fizessem. Era seu quintal, afinal.
Bateu por uns bons três minutos antes que ouvisse passos chegando
mais perto da porta. Os bloqueios soaram sendo destrancados e, lentamente,
a porta se abriu. Um Will amarrotado pelo sono estava diante dele. Os olhos
inchados e o rosto enrugado com linhas de sono.
— Landen. — Will esfregou os olhos. — Percebe que é muito cedo,
né?
— Ei, desculpe por isso, mas... — Landen virou para apontar para o
carro no jardim da frente.
— Que porra é essa! — Will saiu para a varanda, boquiaberto,
enquanto olhava para o carro.
— Bebê, o que está acontecendo? — Ian perguntou quando se
inclinou na soleira da porta, coçando seu peito. Seus olhos estavam
sonolentos. — Hey, Landen. — Os olhos dele se arregalaram e ele se
endireitou. — Está tudo bem? Há algo errado com Kyle?
Landen sorriu e balançou a cabeça.
— Kylie está bem. Acho que ainda está escondido perto de Oliver.
— Então...
— Seu merdinha! — Os gritos de Will cortaram qualquer outra coisa
que Ian poderia ter dito.
Ian e Landen correram para a grama e ficaram atrás de Will. As mãos
de Will estavam enroladas em um punho, mas ele não abrira a porta ainda.
— Bebê, você sabe quem é este homem? — Ian perguntou quando
colocou as mãos nos ombros de Will.
— Sim. — Will latiu.
Will estendeu a mão e abriu a porta. Ian e Landen estremeceram
quando o odor repugnante de álcool rolou para fora do carro.
— Acorde, seu merda. — Will sacudiu o homem adormecido
duramente. — Levante-se!
Ian deu um passo para trás para ficar ao lado de Landen.
— O que diabos está acontecendo aqui? — Ele sussurrou quando
olhou por cima do ombro.
— Não tenho certeza, cara. — Landen inclinou a cabeça para dar uma
olhada melhor no homem, que rolou para deitar de costas. As maçãs do rosto
estavam pontilhadas de rosa e seu rosto tinha uma aparência delicada, fina e
suave.
— Pare de gritar. — O homem esfregou os dedos finos sobre a testa.
— Pare de gritar? Você está brincando comigo? —Will bateu a mão em
cima do carro fazendo com que o homem se encolhesse em seu lugar.
— Will, acalme-se. — Ian correu para agarrar Will em torno da cintura
quando ele se abaixou para pegar o estranho.
— Acalmar? — Will olhou para Ian. — Ele está bêbado. Há garrafas de
vodca vazias por todo o chão do carro. Ele destruiu nosso quintal. Foda-se, até
mesmo atropelou a bicicleta de Kelsey. — Will estava quase espumando pela
boca.
Landen foi até a frente do veículo e de fato viu a bicicleta de Kelsey
saindo debaixo do carro preto lustroso. Kelsey era a irmãzinha de Ian e Kyle, e
Landen não invejou esse cara, uma vez que a menina visse isso. Ela
provavelmente tentaria lhe arrancar a cabeça. Uma coisa que Landen aprendeu
desde que se mudou para Silver Creek foi a não mexer com ela.
— Will o que é isso? — Ian perguntou em um tom irritado, mas ainda
leve.
— Vocês dois, por favor, podem ficar quietos? — O homem abriu os
olhos, virou-se para colocar as pernas para fora da porta aberta, e depois se
levantou. Passou a mão pelo cabelo loiro brilhante, enviando os fios dourados
à volta da testa. Mesmo estando injetados, os olhos ainda pareceram a Landen
do azul mais intenso que tinha visto. Como um daqueles retratos de um
oceano onde a água se parece com vidro de tão claro.
— O que está fazendo aqui? — Will perguntou.
O cara olhou em volta e Landen monitorou cada movimento seu.
Assim que o homem voltou seus olhos hipnóticos para Landen, sorriu por um
momento e Landen sentiu seus joelhos começarem a tremer. Com a mesma
rapidez, o homem voltou sua atenção para Will e Ian.
— Bem, irmão mais velho, pensei que ficaria feliz em me ver. — O
lábio superior do homem curvou-se para o lado em um meio sorriso.
— Irmão? — Ian olhou para Will.
— Sim. — Will passou a mão sobre o rosto e soltou um suspiro
pesado. — Ian, deixe-me apresentá-lo ao meu irmão, Avery.
Avery. Landen repetiu o nome dentro de sua cabeça e seus olhos se
fecharam. Tudo sobre Avery deveria enojá-lo completamente, mas Landen
sentia-se atraído pelo alcoólatra. Bem, assumiu que ele tinha um problema
com a bebida. Não queria rotular um homem tão bonito como Avery, mas
quem dirigia com aquela quantidade de garrafas vazias de bebida em seu
carro?
Bonito? Acabei de dizer bonito?
Landen não conseguia tirar os olhos de Avery. Quando Avery estava
encostado na porta do carro, parecia um modelo. Sua estrutura óssea parecia
ser cortada a partir de pedra afiada, bordas retas. Seus lábios formavam um
arco grosso quando sorria, fazendo Landen controlar seus pés ansiosos para
não chegar mais perto. Não era tão alto quanto os 1,91m de Landen, mas
mantinha-se de pé como se soubesse que era perfeito. A camisa cinza de
manga comprida abraçava o corpo magro, tão firmemente quanto o jeans de
marca que estava usando.
— Avery? — Ian olhou entre os dois irmãos.
— Prazer em conhecê-lo, Ian. — Avery estendeu a mão trêmula para
Ian. Os olhos penetrantes de Avery analisaram Landen por cima do ombro de
Ian. — Todos vocês.
A boca de Landen ficou tão seca que pensou que poderia desmaiar.
No meio do cheiro horrível de álcool algo fez cócegas no seu nariz. O aroma
refrescante de neve recém-caída. Seu pênis se contraiu em seus shorts de
ginástica e rapidamente deixou cair às mãos para cobrir a protuberância
crescendo.
— Tenho que ir. — Landen andou para trás até que sentiu a calçada
debaixo de seus pés, em seguida, virou-se e correu para o outro lado em
direção a sua casa.
Will e Ian não disseram nada sobre sua saída abrupta. Pareciam estar
preocupados com o irmão de Will, Avery.
Todo o caminho pela rua podia sentir os olhos azuis penetrantes nas
costas. Não sabia o que significava e com certeza não pararia para voltar e
descobrir.

Capítulo Dois

Avery observou quando o bonitão loiro e alto fugiu. Não costumava


ter esse tipo de efeito sobre os homens, mas talvez isso fosse bom, como um
desafio.
— Você está me ouvindo? — A voz cheia de raiva de Will o tirou de
seu devaneio com corpo firme correndo pela calçada.
— Não, não estava. — Avery sorriu para ele. — Não aprendeu que
gritar comigo não o levará a nada?
Will nasceu seis anos antes de Avery, então assumiu que tinha o
direito de controlar Avery. Ou assim Will pensava. Não que não amasse ou
respeitasse seu irmão mais velho, mas Avery tinha um monte de merda na
cabeça. A última coisa que precisava era que lhe gritassem.
— Oh, desculpe-me por tentar ter algumas respostas. — Will abriu a
boca, mas, em seguida, fechou rapidamente. — Avery, onde estão as chaves
do seu carro?
— Por quê? — As sobrancelhas de Avery se ergueram. Não estava
mais bêbado, apenas de ressaca. Com certeza não deixaria seu irmão tomar
seu carro.
— Por quê? — As narinas de Will se dilataram enquanto tentava não
gritar. Se o fizesse acordaria toda a vizinhança, o que podia ser um pouco
embaraçoso.
Avery teve que morder o interior de sua bochecha para não rir.
Gostaria de ver o perfeito Doutor Watterson perder as estribeiras no meio da
rua.
— Acho que ele quer tirar seu carro do pátio e estacioná-lo
corretamente. — Ian disse com um sorriso e estendeu a mão.
— Ah, claro, é claro. — Avery vasculhou seus bolsos pelas chaves.
Suas calças eram tão apertadas que mal conseguia enfiar a mão nelas.
— Elas ainda estão na ignição, idiota. — Will empurrou Avery fora do
caminho e entrou. Ligou o carro e o tirou da grama e da calçada.
Avery ignorou o comentário, porque foi descuidado e merecia ser
punido por dirigir alcoolizado. Porém, não dando desculpas para si mesmo,
teve uma péssima semana. Saiu da NYU, porque estava fracassando em cada
curso que escolheu, o que enfureceu seus pais e o cortaram. Tudo o que tinha
era o dinheiro em sua conta corrente e seus cartões de crédito, mas desde que
seus pais pagavam a conta destes, assumiu que seriam cancelados a qualquer
momento.
Mas a coisa mais estressante de tudo, que o mandou correndo para
seu irmão mais velho como um garotinho com medo, foi que recebeu outra
carta. Uma prometendo que não demoraria muito. Avery não entendia o que
significava isso ou quem eram eles. Tudo o que sabia era que não queria ficar
sentado no apartamento, que já não podia pagar, e esperar por quem quer
que fosse vir buscá-lo.
Com seus pais fora do país, até só Deus sabia quando, sua única
outra opção era Will. Então embalou algumas coisas, não se importando com o
que deixou para trás, e saiu de Nova York. Will e ele não eram exatamente
muito chegados, mas certamente se importaria se alguém estivesse lhe
enviando cartas assustadoras.
Elas começaram em maio do ano letivo anterior. Receber as cartas
não era o que o assustava mais. Era onde as encontrava. No início, chegaram
ao e-mail endereçado a ele. Sempre foram digitadas, sem remetente. No início
foi lisonjeiro. Coisas sobre o quão bonito era e como alguém teria a sorte de
tê-lo. A princípio Avery riu, até que começaram a chegar uma vez por semana.
Em seguida, começaram a aparecer nos lugares mais estranhos, em sua caixa
postal e sem postagem, sob o sua porta da frente, na janela de seu carro, em
seu livro de cálculo. Até que encontrou uma no travesseiro em seu quarto,
escrita em uma extravagante letra cursiva. Refletiu em como foi parar em cima
de seu travesseiro. Sua cama estava arrumada, não por ele, e podia ver o
contorno do corpo de outra pessoa no edredom.
Isso foi o suficiente para fazê-lo fugir de seu apartamento e da cidade
que amava. Se fosse esperto, teria mantido as cartas e ido a polícia, mas não
foi. Na época, não pareceu valer a pena dar as cartas estúpidas um segundo
pensamento. Estava muito cheio de drogas e bebidas para se importar. Outra
razão pela qual seus pais o cortaram.
Avery não considerava sua droga recreativa um problema. Apenas
virou-se para algo mais forte quando o álcool não aliviava a dor de se sentir
completamente sozinho. Seus pais achavam que precisava ir para a
reabilitação, mas não era um viciado. Avery podia tomar decisões ruins de vez
em quando, mas não era um completo idiota.
O único lugar em que podia escapar dos limites previstos para o que
podia fazer era Indigo. O novo clube de fantasia que atendia crianças ricas
estragadas, como Avery, dando-lhe saída para todas as suas frustrações.
Também não doía que cada funcionário trabalhando no clube era digno de ser
um modelo. Sexys bartenders, garçons, seguranças que mantinam os foliões
sob controle, eram muitos gostosos e Avery teve seu quinhão de todos eles.
Sexo vinha fácil para Avery e estava sempre pronto para um boa fodida, por
isso ou sob o efeito do pó, ecstasy ou bebida, estava disposto a deixar cair as
calças para foder ou ser fodido na escuridão das cabines privadas no clube.
— Vamos entrar antes que os vizinhos começam a olhar. — Will
resmungou enquanto caminhava em direção à porta da frente.
Avery entrou e sorriu quando percebeu a sensação aconchegante da
casa. Pisos de madeira com um tapete macio de cor creme na sala de estar,
grandes móveis estofados e até mesmo uma cadeira ao lado da lareira. Avery
foi até a lareira para olhar os retratos na murada. Alguns de Will e Ian, então
um deles com uma menina. Mais alguns com pessoas que não conhecia. Mas
não era muito surpreendente que não houvesse nada dele. Não eram tão
próximos, mas parecia que Will havia excluído Avery de sua vida
completamente. Mas quem poderia culpar Will? Avery não foi o melhor irmão,
que poderia ter sido. Para ser honesto, foi francamente uma praga, sempre
contando com Will para isso e aquilo. Sempre querendo segui-lo, sempre
fazendo uma grande cena que o deixava aborrecido.
Quando Will estava em seu último ano da faculdade de medicina,
Avery foi visitá-lo enquanto procurava escolas. Avery transou com o cara pelo
qual Will tinha uma enorme queda. Na época disse que não sabia quem era o
cara, mas era uma mentira. Fez isso para irritar Will, para ter uma reação do
filho da puta frio. Mas Will não reagiu da maneira que esperava. Ele afastou
Avery e desde então não tinham mais se falado.
— Então, por favor, me diga por que está aqui? — Will sentou-se no
sofá e seu bonito amante sentou-se ao seu lado, sua mão esfregando as costas
de Will, confortando-o.
Avery odiava ter ciúmes de seu irmão, mas, porra, tinha. Will foi para
a faculdade, formou-se e tornou-se um médico. Realizou seu sonho e ainda por
cima tinha um pedaço quente de bunda que o olhava como se fosse um deus.
— O quê? Não está feliz em me ver? — Avery sorriu e cruzou as
pernas, colocando o tornozelo sobre o joelho.
— Dificilmente. — Will zombou. Seus lábios puxaram para trás com
tanta força que os dentes ficaram expostos. — Então, diga o que fiz para
merecer esta honra.
— Bebê, acalme-se. — Ian agarrou a mão de Will. — Ele é seu irmão.
Não precisa de uma razão. — Fez um pequeno trejeito em seus lábios bonitos
que o fez parecer absolutamente adorável.
— Como não precisa? — Will virou-se para enfrentar seu amante, mas
manteve um dedo acusador apontado diretamente para o peito de Avery. —
Não nos falamos, então sim, ele aparecer é questionável. Nada além de
problemas segue seu nariz melequento.
Avery ficou sentado muito quieto enquanto ouvia seu irmão falar
sobre ele como se não estivesse lá. Ouvir todas essas coisas, que sabia ser
verdade, vindo diretamente da boca de Will ainda lhe doía. Era verdade que o
problema o seguia e que era um idiota egoísta.
De repente, vir aqui parecia uma má ideia. Se admitisse que havia
um louco lhe enviando cartas de amor apenas adicionaria mais estresse para
Will e lhe proporcionaria um bilhete de expulsão da casa de seu irmão. Essa
parte poderia manter para si mesmo. Havia saído de forma tão abrupta, talvez
a pessoa que escrevia as cartas não soubesse onde estava. Mas a única coisa
que não conseguia esconder era o fato de que estava falido, sem nenhuma
ajuda vinda de seus pais.
— Eles me cortaram. — Murmurou enquanto olhava para os dedos
remexendo.
— O quê? — Will parou de falar com Ian e olhou para ele. Avery
estava muito envergonhado para sustentar o olhar de seu irmão.
— Nossos pais. — Avery olhou para cima. — Eles me cortaram.
Disseram que era hora de pensar seriamente sobre minha vida e o melhor
presente que poderiam dar era me forçando a fazer isso sozinho.
Ainda podia ouvir o tom frio de seu pai e a voz de sua mãe quando
lhe disseram o que ia acontecer. Que era um embaraço para eles. Não se
importavam que fosse gay ou que gostasse de festejar a noite toda. Tudo o
que importava era que mantivesse o nariz limpo e que representasse um bom
espetáculo na frente dos amigos ricos de seus pais. Avery não podia sequer
fazer isso.
O que mais havia inconformado sua mãe era o fato de que foi pego
transando com o marido de sua melhor amiga. Woods era um homem mais
velho e sexy, que, para ser justo, flertou com Avery em muitas ocasiões, por
isso, quando Woods convidou Avery para falar, uma coisa levou a outra e o
pau de Avery acabou na bunda do Sr. Woods. Sua esposa deveria estar
durante toda a semana em algum spa ou resort, mas decidiu voltar mais cedo
e teve um grande espetáculo quando entrou pela porta.
Seus pais disseram que a gota d'água foi o abandono da faculdade,
mas Avery achava que estava fazendo um favor a eles. Estava abandonando
todas as suas disciplinas tentando poupar seu dinheiro. Foi uma desculpa
esfarrapada que não aceitaram.
— O que diabos você fez? — Will estreitou os olhos. Não era nenhuma
surpresa que pensaria ser culpa dele, com certeza.
— Bem, por onde devo começar? — Avery colocou o dedo no queixo
como se pensando nisso. Devia levar isso um pouco mais a sério, mas odiava
como todo mundo chegava à conclusão de que sempre era o culpado, mesmo
quando não era. Não era possível alguém, qualquer um, ficar ao seu lado pela
primeira vez na sua vida? — Abandonei a escola e fui pego transando com o
Sr. Woods.
— Você fez o quê? — Will perguntou.
— Quem é o Sr. Woods? — Ian perguntou ao mesmo tempo.
— É uma longa história curta, o Sr. Woods é o marido da melhor
amiga da minha mãe. Também é um advogado muito bem sucedido. Para ser
justo, não foi inteiramente minha culpa. Woods está atrás da minha bunda
desde que fiz dezesseis anos e vamos apenas dizer que valeu a pena esperar.
— Avery riu, tentando aliviar o clima.
— Oh! — As bochechas de Ian arderam num vermelho brilhante e ele
desviou o olhar.
— Isso não me surpreende. — Will balançou a cabeça. — Sempre
pensando com seu pau e não com a porra do seu cérebro. — Will levantou a
mão para impedir Avery de dizer qualquer coisa em sua defesa. — Por que
largou a faculdade?
— Fui reprovado, então só acelerei o processo. — Avery deu de
ombros.
— Como diabos foi reprovado em todas as suas aulas? Quer saber,
não responda a isso. — Will se levantou e começou a andar. — A partir da
condição em que apareceu aqui, posso imaginar o motivo.
Avery relaxou no sofá. Não tinha nada a dizer em sua defesa, porque
o prego bateu na cabeça. Mesmo que não estivesse recebendo cartas de um
perseguidor, ainda teria feito o que estava fazendo, fazendo festa e não dando
a mínima para quem machucasse.
— Então, já que os pais o cortaram, o que espera que eu faça por
você? — Will girou sobre os calcanhares para encará-lo.
Pedir um lugar para ficar, de repente parecia uma coisa ruim de dizer
a seu irmão. Will parecia tão chateado que Avery não queria ver sua cabeça
explodir, mas não tinha outra escolha.
— Me ajude.
— Ajudá-lo? — Will franziu as sobrancelhas em sua testa. — O que
quer que eu faça? Deixá-lo ficar aqui e continuar seu estilo de vida? Foder todo
cara que cruza seu caminho? Hum? — Will cruzou os braços sobre o peito e
olhou para ele.
— Will, pare com isso. — Ian levantou e caminhou até Will e virou-se
para o encarar. —É óbvio que vocês dois não se dão bem. — Tanto Will e
Avery resmungaram. — Mas ele é seu irmão e precisa de sua ajuda.
— O que está acontecendo aqui? — Avery se virou ao som da voz de
uma menina, magra e com cabelo castanho-claro esfregando os olhos. Ela não
parecia muito mais velha do que onze ou doze anos. Avery sorriu e desejou
que pudesse voltar no tempo paraa idade em que a vida era muito mais
simples. — Quem é você? — Ela perguntou a Avery.
— Avery. — Ele acenou para ela. — E você é?
— Kelsey. — Ela olhou para Ian depois de volta para Will.
— Vamos lá, Kelsey. — Will sorriu para a menina que sorriu de volta
com muito amor em seus olhos. Will caminhou até ela e colocou o braço sobre
os ombros. — Vou fazer o café da manhã.
Assim que a menina estava fora de vista, Will se virou e olhou para
Ian.
— Ele fez sua cama e agora tem que deitar nela. Não o quero em
volta de Kelsey. — Com isso, Will virou e entrou na cozinha.
Os ombros de Avery caíram, mas não foi pela recusa de Will por
ajudá-lo, mas com a falta de amor nos olhos de seu irmão. Avery tinha
conseguido afastar a todos que amava.
— Acho que é isso. — Avery levantou. — Foi bom o conhecer, Ian. Se
puder ter minhas chaves de volta vou sair de seu caminho. — Seu peito doía
de tristeza e medo. Não sabia para onde poderia ir, mas acima de tudo doía
saber que seu irmão não se importava com o que lhe acontecesse.
— Espere um segundo. — Ian agarrou seu braço e o puxou. — Não
sei o que está acontecendo entre vocês, mas sei que não se dá as costas à
família.
— Está tudo bem, Ian. Will e eu não somos próximos, e vamos
apenas dizer que há muito sangue ruim entre nós.
— Mas, ainda assim, você é família e se há uma coisa que aprendi
neste último ano, família é tudo. — Ian sorriu para ele. — Então, basta ficar aí
e vou lidar com o seu irmão. — Ian o empurrou de volta no sofá, deu um
tapinha no seu ombro e foi para a cozinha.
Avery não tinha outro lugar para ir, então ficou sentado lá esperando
que Ian pudesse pelo menos ter vontade de concordar em deixá-lo ficar por
um pouco. Pelo menos até que descobrisse o que faria a seguir.
Capítulo Três

Ao chegar em casa, Landen correu até seu quarto, pegou algumas


roupas e atravessou o corredor até o banheiro. A casa estava escura e
silenciosa, ainda era muito cedo para os outros levantarem. Sendo um sábado
de manhã, isso não era incomum. Ao contrário de Landen, os caras gostavam
de dormir em seus dias de folga da escola.
Tirou a roupa, enquanto esperava a água aquecer. Quando o vapor
começou a flutuar ao longo das portas de vidro, Landen deslizou para dentro.
Os jatos de água quente correram por seu corpo, aquecendo sua pele gelada.
Lavou o cabelo, agarrou o sabão e começou a se lavar. Sua mão
passou por cima de seu peito, descendo até que esbarrou em seu pau, que
exigia atenção. Ensaboou seu grosso pênis e o acariciou.
Já estava meio duro, já que aqueles olhos azul-escuros sugavam os
seus. Avery. Landen gostava desse nome. Muito. Quanto mais pensava nisso,
mais percebia que gostava não só do nome, mas do próprio homem. Estava
louco. Tinham acabado de conhecer e não sob as melhores circunstâncias. O
cara era irmão de Will e, obviamente, tinha um problema com a bebida. A
última coisa que queria era estar atraído por um cara com problemas.
Mas não podia negar o quão bonito era Avery. Seu rosto era magro,
com feições delicadas. O nariz perfeito e os lábios cor de rosa acrescentavam à
sua beleza. Avery lembrava a Landen de um desses modelos da Abercrombie &
Fitch1, não um atleta de futebol musculoso como ele mesmo, mas um corpo
flexível, com músculos magros.
— Oh, Deus... — Landen gemeu quando a mão dele se acelerou em
seu pênis.
Quando seus olhos fecharam, lembrou dos dedos finos e longos de
Avery e não demorou muito para imaginar qual seria a sensação de ter os
dedos, aparentemente ágeis, tocando seu pau.

1
Famosa rede americana de roupas.
Gemendo, sentiu a aproximação de seu orgasmo. Pensou no pequeno
sorriso nos lábios de Avery, enquanto o olhava. O homem podia parecer
pequeno e inocente, mas algo lhe dizia não era nada disso. A selvageria
queimava naqueles olhos azuis, que intrigavam Landen.
Era estranho... Uma parte sua queria fugir, como fez, mas outra
queria correr para Avery e arrebatá-lo para cima. Segurá-lo perto e beijar seus
lábios cheios, até que ambos estivessem fora do ar.
Gemeu e sua mão bombeou mais rápido. Suas bolas apertaram e
jogou seu gozo quente no jato de água do chuveiro. Empurrou seus quadris
para frente, perseguindo mais da sensação de entorpecimento mental até que
se tornou demais para ele segurar. Sua mão se afastou de seu pênis amolecido
e deixou cair a cabeça em seu peito.
— Preciso transar. — Essa era a única explicação para que estivesse
tão excitado agora. Fazia cerca de quatro meses desde que fez sexo. Quatro
meses era muito tempo.
Landen se enxaguou e saiu do chuveiro. Quando abriu a porta, ouviu
um movimento na cozinha. Jogou a toalha e a roupa suja no cesto, pegou sua
mochila e desceu escadas.
— Bom dia! — Cantou para Kyle.
— Bom dia. — Kyle sorriu para ele por cima do ombro, enquanto fazia
café. — Como foi sua corrida hoje de manhã?
Landen parou de puxar seu livro e seu laptop para olhar para Kyle.
— Interessante.
— Como assim? — Kyle se virou para se apoiar às costas contra o
balcão de mármore.
— Bem, conheci Avery, o irmão mais novo de Will, esta manhã. —
Landen riu. — E vamos apenas dizer que foi de uma forma muito interessante.
— Explicou sobre o carro no jardim da frente e como Will não parecia muito
satisfeito ao ver seu irmão mais novo.
— Ele dirigia bêbado aqui? — Serviu duas xícaras de café, em
seguida, levou-os até a mesa, deu uma para Landen e sentou-se na cadeira ao
lado dele. — E atropelou a bicicleta de Kelsey? — Sacudiu a cabeça. — Que
confusão para acordar numa manhã de sábado. — Kyle soprava o café
fumegante. — Então, como ele era?
Landen olhou para fora das janelas que se alinhavam ao lado da
cozinha. Chupou seu lábio inferior em sua boca enquanto pensava sobre Avery.
Seu pênis empurrou em suas calças e um sorriso pateta se espalhou no seu
rosto.
— Oh, meu Deus! — Kyle começou a rir. — Você gosta dele.
— Quem gosta de quem? — Oliver, o companheiro de Kyle, entrou na
cozinha.
Oliver e Landen tiveram um começo rochoso em sua amizade.
Principalmente porque Landen tinha uma grande paixão por Kyle, mas, para
ser justo, era porque sentiu que Kyle era como ele, um shifter lobo. Mas
depois de saber que Kyle gostava de Oliver, recuou. Só gostava de ser amigo
de Kyle e agora de Oliver, também.
— Nada. — Landen cutucou Kyle com o pé debaixo da mesa.
— Avery, irmão de Will, que por sinal estava tão bêbado quando
chegou na casa de Will, que estacionou o carro no meio do gramado da frente.
— Kyle chutou Landen de volta na canela.
— Não me diga! — Oliver soltou um assobio baixo, enquanto enchia
uma caneca com café.
— Acho que devemos ir lá e encontrá-lo. — Os olhos de Kyle se
iluminaram. — Só ouvi Will mencionar seu irmão uma vez antes, e foi para
responder a pergunta que sim, ele tinha um irmão.
— Não sei, gente. — Landen levantou a mão para empurrar seu
cabelo loiro desgrenhado de seus olhos. Precisava de um corte de cabelo
urgente. — Parecia haver muita tensão entre os dois. Acho que é melhor dar-
lhes um pouco de espaço, se entende o que quero dizer.
Kyle abriu a boca para debater o que Landen sugeriu, mas a
campainha salvou. Kyle pulou da cadeira e correu para a porta da frente.
Landen tinha um mau pressentimento sobre isso.
— Oi, Ian. — Landen podia ouvir a emoção na voz de Kyle enquanto
cumprimentava seu irmão.
— Cara, por que você parece que está preste a ficar doente? — Oliver
perguntou enquanto se sentava na cadeira da qual Kyle acabara de sair.
— Não há razão. — Landen balançou a cabeça de um lado para o
outro e rebocou um sorriso no rosto.
Oliver levantou uma sobrancelha para ele, dando-lhe um olhar
engraçado, mas não disse mais nada.
— Ei, pessoal. — Ian disse entrando na cozinha e, logo atrás dele,
estava Avery.
Landen olhou para o seu livro, mas manteve-se esgueirando olhares
para Avery. Porra, o cara era muito bonito para não encarar.
— Este é Avery, irmão de Will. — Ian apresentou o homem.
— Oi. — Oliver levantou-se e apertou a mão de Avery.
Kyle jogou de bom anfitrião, servindo a todos uma xícara de café
enquanto os outros se sentavam ao redor da mesa. Avery se sentou em frente
a Landen e, mais uma vez, ele podia sentir os olhos nele enquanto um dedo
deslizava sobre o peito.
— Vou direto ao assunto. — Ian virou-se para Avery. — Você não se
importa, não é?
— Não. Vá em frente. Não é como se não fossem descobrir em breve
de qualquer maneira. — Avery deu de ombros.
— Ok, aqui está o negócio. Avery e Will não se dão bem, e Will está
sendo um idiota sobre deixar Avery ficar com a gente. Assim, será que se
importariam de o deixar ficar aqui?
— O quê? — A cabeça de Landen disparou.
— Will e eu cobriremos a sua parte do aluguel. Só precisamos de
algum lugar para ele viver. — Ian olhou entre Kyle e Oliver.
Não importava o quanto tentasse, Landen não conseguia tirar os
olhos de onde Avery estava sentado. Sua língua serpenteou para umedecer os
lábios e os olhos de Landen se arregalaram quando a ponta afiada deslizou
sobre a carne cheia. Um gemido baixo ganhou vida no fundo de seu estômago.
— Sim, claro, Ian. — Respondeu Oliver. — Ainda temos dois quartos
vazios. Ele pode ter um desses.
— Obrigado. — Ian sorriu para Oliver. — Avery ainda vai decidir se
quer se matricular em Hemsworth no próximo semestre, então vai procurar
um emprego por enquanto.
— Oh! — Rosto de Kyle se iluminou. — O Café Early Bean está
contratando. Talvez possa conseguir um emprego lá.
— Isso é realmente uma ótima idéia. — Disse Ian.
Kyle e Ian continuaram a falar, mas Landen não estava escutando.
Estava fascinado pelo homem diante dele. Sabia que deveria desviar o olhar,
mas não podia se forçar a fazê-lo. O pequeno sorriso brincando estava de volta
no rosto de Avery, como se soubesse que tinha Landen em suas garras
sedutoras.
— Então, está resolvido. — Ian bateu palmas e se levantou. — Avery
nos trouxe até aqui e todas as suas coisas estão em seu carro.
— Quer que o leve de volta para a sua casa? — Perguntou Avery.
— Não, posso andar. Não é tão longe. — Ian sorriu. — Kyle, Oliver,
gostariam de andar comigo?
— Claro. — Oliver se levantou. — Landen, pode mostrar para Avery
um dos quartos vazios?
Landen apertou os lábios e balançou levemente a cabeça, indicando
que não podia. Oliver inclinou a cabeça para o lado como se quisesse
perguntar porque não, e Landen fez o seu melhor para se defender com os
olhos, mas não deu certo.
— Tudo bem. — Landen levantou-se e limpou as mãos úmidas na
calça jeans.
Todos se dirigiram para a porta da frente. Ian disse adeus a Avery e
fez com que tivesse seu número de telefone antes que ele, Kyle e Oliver
caminhassem pela calçada.
— Precisa de ajuda com as malas? — Perguntou Landen.
— Não tenho muito, mas com certeza. — Avery abriu a trava do
porta-malas e Landen foi ajudar pegar as suas coisas.
Tudo o que ele tinha era uma mochila e uma mala compacta com
uma bolsa combinando. Landen puxou a mala e a bolsa, deixando a mochila
para Avery. Liderou o caminho até os degraus da frente e a casa. Subiu as
escadas até o segundo andar.
A casa tinha cinco quartos. A suíte principal, que Kyle e Oliver
ocupavam, ficava no térreo, do lado oposto da sala. No andar de cima era
onde os outros quartos estavam localizados. O segundo andar foi projetado de
forma quadrada. Uma vez que chegaram ao topo, se dividia em dois. Um
corredor à direita e outro à esquerda. Dois quartos em cada lado com um
banheiro no final de cada corredor.
Levi tinha tomado um dos dois quartos à esquerda e Landen tinha um
dos dois à direita. Tinham espaço suficiente para que não precisassem lotar
um dos lados da casa.
Uma vez que chegaram ao topo, Landen perguntou:
— Qual é o quarto que gostaria? Há um lá e outro aqui. — Landen
apontou para as duas portas abertas.
— Onde fica o seu quarto? — Avery perguntou se virando para olhar
para Landen.
— Aqui. — A voz de Landen rachou enquanto apontava por cima do
ombro em seu quarto.
— Então vou pegar este. — Avery foi em direção ao quarto em frente
ao seu.
Porra!
Landen forçou um sorriso e levou a bolsa de Avery para o quarto. Já
era ruim o suficiente que não conseguisse manter seu pênis quieto perto desse
cara. Agora, seria forçado a dormir no corredor dele, também. E, pelo sorriso
maligno no rosto bonito de Avery, ele sabia exatamente o efeito que tinha
sobre Landen.
— Aqui está. — Landen largou as malas em cima da cama, em
seguida, voltou para a porta.
— Qual é a pressa? — Os dedos frios e suaves de Avery caíram em
volta do seu pulso e Landen congelou por um breve momento, virando-se
lentamente para o enfrentar. — Não gostaria de conhecer seu novo vizinho? —
Avery deixou cair o queixo no peito, olhando para cima através de seus longos
cílios de ouro. Tinha a aparência da inocência, mas também era muito sedutor.
— Acho que conheço o suficiente. — Landen tossiu para limpar a
garganta.
— Você não está curioso como os outros? Quero dizer, inferno. Kyle e
Oliver pareciam estar numa pressa terrível para andar com Ian para casa. —
Avery inclinou a cabeça para o lado. — Tenho certeza que se Will tem alguma
coisa a dizer e seus ouvidos estarão queimando em breve.
— Vocês dois não se dão bem? —Perguntou Landen. A mão em seu
pulso não o soltou, mas o domínio de Avery afrouxou um pouco.
— Não, mas não posso dizer que é por causa de Will. — Avery riu e
caminhou em direção à cama, puxando Landen atrás dele. Sentou e Landen foi
sentar-se ao seu lado. — Sou uma criança mimada egoísta e a tensão entre eu
e meu irmão é minha culpa. — Avery soltou um suspiro profundo. — Droga, foi
bom admitir, mas também me faz sentir como uma merda.
— É bom admitir seus defeitos e aceitar a sua responsabilidade
quando algo dá errado. — Disse, não tendo certeza se Avery realmente queria
uma resposta. — Você é apenas humano e vai cometer erros, mas aceitar
erros faz de você uma pessoa melhor.
— Ah, é? — Avery deslocou-se na cama e puxou a mão de Landen em
seu colo, traçando o dedo sobre a palma da sua mão. — Se disser a Will que
levo a culpa por toda a merda que fiz para ele ao longo dos anos, acha que ele
vai me perdoar?
Landen perdeu a capacidade de respirar e falar quando Avery o olhou
com seus suaves olhos azuis, que se encheram de lágrimas. Queria o
confortar, mas também sabia que isso poderia levar a outras coisas e não
tinha certeza se Ian, Will e Kyle queriam que Avery estivesse fora dos limites,
ou se Avery nem sabia o que eram. Shifters lobo não eram de conhecimento
comum entre o mundo humano.
— Não tenho certeza. — Os olhos de Landen caíram para os lábios
úmidos de Avery. — Mas tudo o que pode fazer é tentar.
— Você faz parecer tão simples. — Avery sussurrou, seu dedo ainda
correndo sobre a palma da mão.
— Às vezes é. — Landen baixou a cabeça para encontrar os olhos
tristes de Avery. — Will é um cara bom. Não posso imaginar que quer ficar
com toda essa raiva e ressentimento, que você acha que ele tem em sua
direção. — Landen encolheu os ombros. — Você é seu irmão e ele te ama. Só
precisa lhe mostrar que mudou. — No fundo de sua mente, Landen estava
morrendo de vontade de saber o que exatamente Avery fez para perturbar
tanto Will, mas talvez fosse melhor não saber.
— Você é um cara doce. — Avery inclinou a cabeça e sorriu para
Landen. — E é fácil de falar. Gosto disso em você. Sinto que poderia lhe dizer
qualquer coisa.
— Hum, obrigado. — Landen não sabia mais o que dizer. Gostava que
Avery gostasse de falar com ele, mas quanto mais ele falava, mais Landen não
conseguia tirar seus os dos lábios cheios e tudo abaixo da cintura ficou muito
duro.
Avery levantou a mão para tocar o rosto de Landen. O toque suave
causou um arrepio nas costas de Landen. Os dedos finos deslizaram através de
seu cabelo, empurrando os fios grossos de seu rosto. Muito lentamente, como
se estivesse num impasse, Avery se inclinou para frente. Landen engasgou
quando os lábios macios tocaram os seus. A outra mão de Avery veio até sua
bochecha e Landen se inclinou para o beijo.
O beijo foi um encontro suave de duas pessoas. Não áspero ou
faminto, mas doce, apenas um roçar macio de lábios contra os lábios.
Estendeu as mãos para envolver seus braços em torno de Avery quando a
súbita vontade de reivindicar Avery uivou em sua cabeça. Seu lobo queria sair
e queria Avery. Landen recuou e tropeçou quando se levantou da cama.
— Qual é o problema? — Avery perguntou quando ele ficou em pé.
— Nada. — Landen passou a mão pelo cabelo. — Eu... Tenho que ir.
— Landen andou tão rápido quanto suas duas pernas permitiam, desceu as
escadas e saiu pela porta da frente. Graças a Deus, tinha as chaves do carro
no bolso e entrou em seu jipe. Não tinha certeza de onde estava indo. Tudo o
que sabia era que tinha que ir embora, antes que algo acontecesse que não
poderia tomar de volta.

Capítulo quatro

— Bem, isso não foi como eu esperava... — Disse Avery para si


mesmo, enquanto observava Landen fugir de seu quarto.
Foi até a porta do quarto e ouviu quando Landen desceu os degraus,
os pés ecoando no corredor enquanto fugia. Fechou a porta e foi se deitar em
sua cama. Olhou para o teto e repetiu os últimos cinco minutos com Landen
em sua cabeça.
Não conseguia entender o que deu errado. Estavam conversando e,
com certeza, tendia a ficar um pouco emocional e carente quando falava de
sua família, especialmente de Will. Não tinha sido um bom irmão e não
merecia o perdão de seu irmão, mas isso não mudava o fato de que ainda o
queria.
Não querendo pensar sobre a decepção que era a sua família, voltou
a pensar no beijo que trocou com Landen e seus olhos se fecharam. Ergueu a
mão para passar sobre seus lábios e, caramba, se ainda não podia sentir o
toque suave e o gosto da boca com sabor de café de Landen. Um zumbido
lento irradiava através de seu corpo. Só um beijo e sabia que não era o
suficiente. Precisava ter Landen.
Espiou pelo canto do olho para ter certeza de sua porta ainda estava
fechada, então moveu as mãos para baixo e desabotoou as calças. Colocou
sorrateiramente a mão direita dentro e tirou seu pau já pulsando. O simples
pensamento da boca deliciosa de Landen e suas grandes mãos em seu corpo o
deixou com pré-sêmen vazando na ponta. Passou o polegar sobre a cabeça,
espalhando o liquido num círculo.
Não querendo ir devagar ou curtir o momento, passou os dedos em
torno de seu eixo e começou a bombear seu punho para cima e para baixo.
Seu aperto ia cada vez mais forte e sua boca se abriu enquanto podia sentir as
faíscas de desejo atravessando suas veias. Não conseguiu segurar e depois de
mais cinco bombeadas gozou num jorro de calor cremoso, que cobriu sua mão.
— Foda-se! — Avery gemeu quando a mão dele parou. — Se fiquei
assim só de pensar nele, não tenho certeza se sobreviveria a coisa real. —
Avery tirou a mão de sua calça jeans, então levantou da cama. Pegou uma
muda de roupa e pegou seu kit de barbear, que tinha todos os seus sabonetes
nele e atravessou o corredor até o banheiro para um banho rápido.
Após seu banho, vestiu-se e desceu as escadas. Precisava de um
pouco de café e precisava sair para procurar um emprego. Quando desceu os
degraus, pegou seu reflexo num espelho grande pendurado na parede. Parou
na frente dela e ajeitou a blusa preta com decote em V, que tinha escolhido e
bateu algumas peças de fiapos de suas calças cáqui de encaixe confortável.
Quando olhou para seu reflexo, passou as mãos pelo cabelo tentando obter a
aparência certa de confuso e não perfeitamente elegante. Sorriu para si
mesmo e saltou para a cozinha.
Uma vez lá, procurou nos armários até encontrar as canecas e se
serviu de uma xícara de café. Sentou-se à mesa e pegou seu Iphone.
Pesquisou o Café Early Bean, que Kyle mencionou que estava contratando.
Trabalhar numa cafeteria parecia um trabalho fácil e que fazia o tipo de dele.
Não era de trabalhar duro, ou mesmo trabalhar, mas a realidade de sua
situação assumiu. Para ter dinheiro, tinha que conseguir um emprego.
— Oi.
Avery olhou por cima de seu telefone para ver um cara de cabelos
loiros, muito musculoso, entrar na cozinha. Usava apenas uma cueca boxer e
seu corpo firme estava exposto para que todos pudessem ver. Coçou o saco
quando passou pela mesa.
Uma bunda quente invadindo a cozinha deveria ter agitado o pau de
Avery, empurrando o zíper, mas nada, surpreendentemente, aconteceu. Ainda
olhou para baixo para se certificar de que te não conseguia senti-lo, mas não,
nada aconteceu em sua região inferior, o que achou bastante estranho. Tinha
vinte e um anos de idade, do sexo masculino e cheio de tesão. Seu pau ficava
duro se o vento soprasse na direção certa.
Avery balançou a cabeça e tomou um outro olhar para a bunda
envolta naquela cueca apertada, mas nada. Tinha que ser todo o estresse que
estava o motivo de não estar reagindo ao senhor gracinha na cueca preta.
— Sinto muito, mas quem diabos é você? — O garoto quente
perguntou, enquanto seus olhos pousaram no rosto de Avery.
Os olhos de Avery vagueavam na frente do homem e inclinou a
cabeça para a protuberância na parte da frente de sua cueca e ainda nada.
Droga, qual é o problema comigo?
— Oh, desculpe. — Avery olhou para o homem, uma sobrancelha
arqueada, seu rosto ainda amassado de sono. — Sou Avery, irmão de Will
Watterson. — Avery se levantou e estendeu a mão.
— Bem, Olá, Avery. Sou Levi. — O homem apertou sua mão. — Posso
perguntar por que está na minha cozinha?
— Porque ele vai morar aqui, por enquanto. — Disse Kyle, quando ele
e Oliver entraram pela porta dos fundos. — Então, pode querer começar a
colocar roupa quando andar ao redor da casa. — Kyle apontou para as cuecas
pretas de Levi.
— Tanto faz, cara. — Levi pulou para sentar no balcão da cozinha. —
Não me importo se o twink loiro roubar um olhar de vez em quando. Sinto-me
confortável com a minha sexualidade e adoro ter as pessoas admirando o meu
corpo. — Um sorriso arrogante se espalhou sobre o rosto de Levi.
— Muito Pretensioso? — Kyle revirou os olhos.
— Não, apenas confiante no homem que sou. — Levi piscou para Kyle
e tomou um gole de seu café.
— Desculpe-me, twink?
Avery odiava ser chamado assim. Só porque era magro e não
passava a vida numa academia, não fazia dele menos viril do que o idiota
sentado na bancada.
— Como sabe se sou gay ou não?
— Primeiro, já se olhou no espelho? Não quero ser ofensivo, nem
nada, mas meio que parece muito como uma menina. Quanto tempo gasta em
seu cabelo para que vá nessa direção? — Perguntou Levi, mas não deu a Avery
uma chance de responder. — E segundo, seus olhos estavam grudados na
minha bunda, depois no meu pau, desde que entrei na cozinha. Todas essas
coisas gritam gay, mano.
Todos os olhos estavam agora sobre ele e tinha que forçar a saliva na
boca a descer por sua garganta seca, ou arriscar a babar por seu queixo.
—Posso ser gay. — Avery tossiu para limpar a garganta. — Mas
realmente não estou interessado. — Porque já tinha postos os olhos em
Landen. — Gosto de um homem com um pouco mais de modéstia e
personalidade.
— Ah, ai está. — Oliver apertou um Levi atordoado no ombro. — Duas
coisas que faltam no meu homem.
— Sim, sim, que seja. — Levi pulou do balcão. — Foda-se tudo. Sei
que sou perfeito. — Ele sorriu e se virou para sair da cozinha, balançando os
quadris quando saiu. — Engulam, rapazes. Minha bunda é boa!
— Ele é... — Avery não conseguia encontrar as palavras para
descrever Levi.
— Uma praga, mas é legal. — Oliver sentou-se ao lado de Avery. —
Então, quais são seus planos para o dia?
— Ir atrás de trabalho. — Avery olhou para o telefone e puxou o
endereço para o café.
— Oh, doce! Está tomando o meu conselho sobre o trabalho. — Disse
Kyle quando se inclinou sobre o ombro de Avery, para olhar para o seu
telefone. — Shane e Dominic possuem o Bean. Era apenas uma loja do tipo
padaria, mas uma vez que Margie decidiu se mudar para o Arizona, vendeu a
propriedade para Shane e Dominic, então agora é uma versão maior, com
garçons e outras coisas. Grande sucesso com o pessoal da faculdade.
— E você deve saber. — Oliver puxou Kyle em seu colo. — Vai lá a
cada intervalo entre as aulas.
— Como se você se importasse... — Kyle beijou Oliver. — É bom estar
perto de membros de nossa ma... — As palavras de Kyle foram cortadas por
Oliver esmagando seus lábios nos dele.
Avery olhou para os dois perguntando o que Kyle estava prestes a
dizer. Os membros de sua... O quê?
— O que Kyle quis dizer, foi que há uma forte comunidade gay na
cidade e todos saímos juntos de vez em quando. Como membros de um grupo.
— Sim! — As bochechas de Kyle coraram. — O que ele disse.
— Ok. — Avery se levantou e caminhou até a pia para lavar a xícara.
Era bom saber que não era o único gay na cidade, além de seu irmão e seu
namorado. — Bem, estou fora.
— Precisa que vamos com você? — Perguntou Kyle, levantando-se do
colo de Oliver. — Não nos importamos.
E aqui vamos nós.
Avery teve de reprimir a vontade de revirar os olhos.
— Não sei o que meu irmão lhes disse quando levaram Ian para casa.
— Porque Avery tinha certeza de que foi uma bronca. — Mas não sou uma
total causa perdida. Posso cuidar de mim e prometo que não vou ter uma
única bebida. — Deu de ombros e levantou a mão para oscilar para trás e para
frente. — A menos que seja café. — Sorriu para deixá-los saber que não
estava tentando ser rude.
— Não é isso. — Kyle olhou para seu namorado depois de volta para
Avery. — É que é novo na cidade. Pensei que pudesse precisar de um guia ou
algo assim.
— Agradeço a oferta, mas já estão me ajudando muito por me deixar
ficar aqui. — Andou até Kyle e descansou a mão em seu ombro. — Vou ficar
bem sozinho. Tenho GPS no meu telefone. — Acenou com o dispositivo de lado
a lado.
— OK, mas apenas no caso... — Kyle pegou o telefone de sua mão e
digitou o número dele. — Se precisar de alguma coisa é só me chamar.
— Vou ligar. — Avery tomou de volta o seu telefone e se dirigiu para
a porta da frente, mas parou na entrada para voltar para Kyle e Oliver. — Mais
uma vez, obrigado por me deixar ficar aqui.
— Você é muito bem-vindo. — Kyle deu um sorriso brilhante para ele.
Avery acenou um adeus e foi até o carro. Abriu a porta e deslizou
para o macio banco de couro preto. Era bom que seu carro fosse um presente
comprado e pago por seus pais. É claro que não pensaram em tirar isso
quando o cortaram.
Enquanto dirigia pela vizinhança tranquila, não podia deixar de
admirar o seu entorno. Todas as casas tinham gramados agradáveis, com
árvores. Passou uma casa onde uma senhora estava fora, cuidando dos
canteiros de flores na frente de sua casa, outra onde um homem estava
cortando, e no final da rua um grupo de crianças andando de bicicleta. O que o
surpreendeu mais foi que todos acenaram quando ele passou. Era um
estranho, mas pararam e acenaram ‘Olá’. Isso nunca aconteceu em Nova York.
Uma pessoa precisaria levar um tiro para parar assim. A cidade estava sempre
em movimento constante, com todos numa corrida para chegar onde
precisavam ir, mas não aqui. Era como se o tempo andasse em seu próprio
ritmo em Silver Creek. Estava começando a ver o seu charme.
A voz no telefone disse para virar à direita na Avenida Wildrose e o
destino seria à direita. Encontrou um lugar vazio e estacionou paralelo, tirou os
óculos e os colocou no banco do passageiro, então saiu do carro. Virou-se para
o edifício de vidro frontal com a placa pintada à mão, Café Early Bean.
Esta parte da cidade era mais velha e tinha lojas que alinhavam a
rua. Tinha a forma de um quadrado, com uma grande área gramada no centro.
Um parque de um lado, com bancos para as pessoas sentarem e se divertirem,
enquanto assistiam seus filhos brincarem.
Avery respirou fundo, apreciando o ar fresco e limpo. Tinha que
admitir que esta era definitivamente uma boa mudança para o que estava
acostumado.
Virando-se, passou por cima do meio-fio e se dirigiu para a porta da
frente café. Quando abriu a porta, o forte cheiro de café encheu seu nariz e
algo doce. Bolo? Avery não tinha certeza, mas certamente o cheiro era
delicioso. Seu estômago começou a rosnar, lembrando-lhe que não tinha
comido nada desde o da anterior pela manhã, e mesmo quase tomou seu peso
em vodka, não contava como alimento.
O lugar estava lotado, as mesas cheias de pessoas conversando,
tomando café e comendo diferentes tipos de assados. Caminhou até o balcão e
esperou sua vez. Depois de alguns minutos, chegou a sua vez no balcão.
— Posso ajudá-lo? — Disse um cara, cujo nome no crachá dizia
Shane.
— Oi, sim, me disseram que estavam contratando. — Avery limpou as
palmas das mãos suadas nas coxas. Nunca trabalhou, um dia sequer, em sua
vida. Tinha certeza que não estava qualificado para qualquer coisa.
— Oh, você deve ser Avery. — Shane chegou ao balcão para oferecer
sua mão. — Kyle e Ian me falaram a seu respeito. — Avery apertou sua mão.
— Sou Shane e sim, estamos à procura de ajuda. — Shane ergueu um dedo e
gritou por cima do ombro. Um homem magro e jovem, com cabelo castanho,
curto veio até o balcão. — Carl, você se importa em cuidar da frente por
alguns minutos.
— Sim, com certeza. — Carl se mudou para a direita e atendeu a
próxima pessoa na fila.
— Siga-me. — Shane acenou para Avery entrar no balcão. — Meu
escritório está bem aqui, na parte de trás.
Avery seguido Shane num corredor curto, para um escritório
espaçoso, com duas mesas posicionadas contra as paredes opostas. Um
computador em cada uma, com papéis espalhados sobre elas.
— Desculpe pela bagunça. Meu sócio, Dominic, e eu gastamos tanto
tempo na frente que quase não temos a chance de limpar aqui. — Shane virou
a cadeira na mesa vazia para Avery se sentar. — Será que Kyle te disse para
que era o trabalho?
— Uh, não. — Avery sentou-se. — Só disse que estava contratando e
estou precisando de um emprego.
— Estamos à procura de alguém para ajudar a limpar as mesas e
ajudar no balcão de recepção durante o turno do dia. Teria domingos e
segundas-feiras de folgas. Trabalho principalmente durante o dia e Dominic
lida com as horas da noite. Contratamos alguns alunos universitários para
trabalhar a noite. Começamos a ter um karaokê nas noites de sábado. É algo
bom, queria experimentar e até agora tem sido um sucesso. Então, como pode
ver, é bastante movimentado por aqui. Desde que Dominic e eu compramos o
café, o negócio se expandiu e só cresceu.
Avery acenou com a cabeça. O trabalho parecia bastante fácil.
— Compreensível. Por que parece que vocês têm um lugar muito
popular.
— Temos certeza que é. — Shane olhou para cima de cavar uma
gaveta em sua mesa. — Então, quando pode começar?
— Desculpe-me? — Avery se inclinou para frente, pensando que devia
ter entendido mal a pergunta.
— Quando pode começar? — Shane lhe entregou uma pilha de papéis,
que pegou com a mão trêmula. — Esses são os seus formulários e um pedido.
— Shane deu de ombros. — A aplicação é apenas um padrão que todos os
funcionários devem preencher.
— Você está me contratando? — Os olhos de Avery estavam grandes
como pires. Nunca tinha sido entrevistado para um emprego antes, mas
presumia que consistia em ser questionado para a posição.
— Sim. — Shane cruzou as pernas e recostou-se na cadeira.
— Mas não quer me fazer algumas perguntas primeiro? Para saber se
sou mesmo qualificado para a posição. — Avery esperava que questionar a
prática de contratação de Shane não lhe custasse um emprego.
— Avery, meu querido, você estará limpando mesas e preenchendo
encomendas no balcão. Não é ciência de foguetes, querido. — Shane riu. — Se
quer o emprego é seu. Ian e Kyle disseram que poderia realmente precisar
deste trabalho e eu poderia usar alguma ajuda, então o que me diz?
— Sim! — As bochechas de Avery doíam de tanto sorrir. Tinha feito
isso. Tinha conseguido um emprego.
— Fabuloso, agora meu namorado e o de Dominic, ficarão felizes em
não ter que vir tanto ajudar. — Shane balançou a cabeça em desgosto. — Eles
não têm problema em vir aqui para comer e beber as nossas coisas, mas peça-
lhes para pegar alguns copos e vai achar que foram baleados.
Avery sorriu para Shane.
— Alguns caras são assim, mas tenho certeza que não está com ele
por sua capacidade de limpeza. — Ele atirou para Shane uma piscadela.
— Isso é verdade. — Shane riu enquanto se levantava de sua cadeira.
— Então, está pronto para começar hoje?
Olhou para suas roupas e sapatos pretos extravagantes, debatendo
se estava bem com a possibilidade de ter a sua roupa suja. Com um encolher
de ombros, silenciosamente, disse ‘foda-se’. Estava começando uma nova vida
aqui em Silver Creek, e roupas caras, sapatos e produtos de cabelo eram uma
coisa do passado.
— Adoraria.
— Essa é a resposta que estava esperando ouvir. — Shane levou-o de
volta na frente e entregou-lhe um avental.
O dia continuou com Avery atendendo mesas e as limpando.
Circulando e falando com os clientes para ver se precisavam de alguma coisa e
correndo para conseguir o que tinham pedido. Estava, sinceramente,
impressionado com o quão bons todos eram para ele. O rapaz, Carl, mostrou-
lhe como usar a máquina de café e jorrou sobre seu namorado o tempo todo.
Todo mundo que tinha conhecido era gay. Era como se Silver Creek fosse uma
utopia gay.
Perto das quatro, o outro proprietário, Dominic, entrou. Avery achou
o homem muito bom e conversaram por alguns minutos, até que ficou
ocupado novamente. O café ficava aberto até às onze horas aos sábados, mas
em torno de seis Shane puxou-o de lado.
— Você pode ir embora agora. — Shane girou em torno dele pelos
ombros e desamarrou o avental. — Fez um ótimo trabalho hoje o quero de
volta aqui na terça-feira de manhã, às seis.
Seis? Não se lembrava da última vez que tinha acordado tão cedo,
mas esta era uma parte de sua nova vida.
— Vejo você as seis, Shane!
Avery acenou um adeus e foi até o carro, entrou e voltou para casa.
Dores e cansaço enchiam seus ossos, mas não ia reclamar. Nunca se viu
trabalhando num emprego regular antes, mas esta era a mão que tinha e teve
a sorte de ter encontrado pessoas legais, que estavam dispostas a lhe dar uma
chance. Agora só precisava trabalhar para Will ter vontade de lhe dar uma
segunda chance, também. Queria ser um bom irmão para Will. Provar a ele
que tinha mudado. Podia levar tempo e, felizmente para Avery, tudo o que ele
tinha era tempo.

Capítulo Cinco

— Cara, tem certeza sobre isso? — Levi perguntou a Landen quando


ele se sentou na cadeira do barbeiro. — Quero dizer, não ama o seu cabelo ou
algo assim? — Levi passou o dedo em uma das longas mechas onduladas que
cercavam a cabeça de Landen.
Depois que fugiu da casa e de Avery mais cedo naquele dia, foi para
a casa Carsten. Mudou e correu ao redor da propriedade na sua forma de lobo
até que seu corpo cansou. Quando voltou para casa, se vestiu e olhou se tinha
chamadas no celular. Tinha algumas mensagens de texto perdidas de Levi.
Levi estava entediado, precisando de alguém para sair com ele, Landen queria
evitar ir para casa, assim, passar um tempo com Levi soava como uma grande
ideia. Com Avery em casa, seria tentação demais voltar.
Levi e Landen se encontraram em Silver Creek e decidiram ir até o
café, mas quando chegaram próximo às janelas da frente, Landen parou de
caminhar, como se tivesse ficado preso no concreto. A pessoa a quem estava
tentando evitar, estava rindo numa mesa perto da janela. Rapidamente
desviou seu caminho, é claro que essa mudança levou a uma tonelada de
perguntas de Levi, sobre o porquê de não irem mais ao Café Early Bean.
Decidiram atravessar a cidade e ir até um pequeno restaurante para
almoçar, onde Landen confidenciou a Levi que meio, tipo, tinha uma queda por
Avery e que o tinha beijado. Depois que Levi riu pra caramba, parou e
concordou em manter seu segredo. Não tinha certeza de como abordar o
assunto de gostar de Avery, sendo ele irmão de Will e humano. Havia algum
rancor entre os dois irmãos e ainda não estava certo de quanto tempo Avery
ficaria em Silver Creek. Não queria ajustar sua vida a um homem, só para ter
que ser deixado em poucas semanas.
— É apenas cabelo. — Estendeu a mão para empurrar a longa franja
de seus olhos. Precisava de uma mudança em sua vida, cortar o cabelo era a
única coisa que estava o deixando louco para mudar, parecia um grande
começo. O barbeiro perguntou como queria o corte e Landen olhou para Levi
que apenas encolheu os ombros. — Raspe tudo.
O barbeiro lhe colocou um avental e prendedores, então começou a
raspar todo seu cabelo. Sentiu-se liberto ao se livrar dos seus cabelos
rebeldes. A memória de Avery correndo os dedos por seus cabelos surgiu no
limiar de seu cérebro, fazendo seu pau se contorcer. Um momento de pesar
sacudiu-o, enquanto o barbeiro raspava outra linha para baixo na parte de trás
de sua cabeça, mas isso não importava. Tinha conhecido muita gente como
Avery na faculdade. Meninos bonitos, mas só de passagem, até que
encontrassem um pênis melhor para sentar. Não queira isso. Queria encontrar
alguém que quisesse apenas a ele. Estava cansado de conexões de uma noite.
— Então, o que acha? — Landen perguntou a Levi, uma vez que o
barbeiro terminou.
— Acho que parece mais com um cara, agora. — Levi zombou.
— Você é um idiota.
Pagou o barbeiro e então saiu da loja, rindo com Levi.
— Então, tenho que perguntar. Se Avery está trabalhando no café,
isso significa que teremos que encontrar outro lugar para sair? Porque, cara,
não posso viver sem aqueles muffins e cookies. — Levi tinha um olhar
preocupado no rosto.
— Caramba, não sei... — Landen abriu a porta o seu Jeep. — Por tudo
que sei, ele não ficará aqui muito tempo, então não será um problema.
Uma súbita onda de tristeza encheu seu peito, deixou cair o queixo e
olhou para o chão.
— Cara, realmente gosta dele, não é? — Levi o cutucou no braço.
— Não sei. — Landen encolheu os ombros. — Acho que sou apenas
eu. Já fazia um tempo desde que um cara fez um movimento para mim. É bom
ter alguém dando em cima, pra variar. — No fundo, sabia que era uma
mentira. Gostava de Avery mais do que queria admitir, tinha acabado de
conhecer o cara. O que isso dizia sobre ele?
Levi ficou ali olhando para ele por alguns momentos. Seus olhos
perfuraram os de Landen, até que teve que desviar o olhar. Estava com medo
de que Levi fosse capaz de ver dentro de sua cabeça e dissesse que estava
mentindo.
— Ok. — Levi acenou com a cabeça. — Vamos voltar para casa e
jantar com os pombinhos.
— O quê? Sem encontro quente está noite? — Landen perguntou
enquanto entrava em seu jipe.
— Não, estou tendo uma noite de folga. Acho que as senhoras de
Silver Creek precisam de uma pausa de toda essa grandiosidade. — Levi
acenou com a mão na frente do seu corpo.
Landen fechou a porta do carro e riu durante todo caminho de volta
para casa. Levi era um cara fácil de se gostar. Pena que era hetero. Podia se
ver com alguém como Levi. Além de ser agradável de se olhar, era um grande
cara. Preocupava-se com seus amigos e o ouvia quando precisava falar.
Para o espanto de Landen, e uma breve quantidade de excitação, o
carro de Avery estava estacionado na extremidade da calçada. Uma vez lá
dentro, não o viu em lugar nenhum. Mais uma vez, não tinha certeza de como
se sentia sobre isso.
— Meu Deus! — Landen se virou para ver Kyle sentado no sofá da
sala de estar. — O que fez com seu cabelo?
— Nosso garoto aqui precisava de uma mudança. — Levi bateu na
parte de trás da cabeça de Landen, com força suficiente para mandá-lo
tropeçando para frente. — Não o faz parecer másculo?
— Sim, mas... — Kyle mordeu o lábio inferior, como se não soubesse
o que dizer.
— Parece ótimo! — Oliver disse quando entrou na sala de estar. —
Kyle, pare de ficar tão chateado. É apenas cabelo.
— Mas era um lindo cabelo. — Kyle fez beicinho.
— Às vezes, acho que você estava destinado a ser uma menina. —
Levi se sentou na cadeira e pegou o controle remoto. — Então, o que há para o
jantar?
Enquanto Levi e Oliver discutiam as opções para o jantar, Landen foi
sentar-se do outro lado de Kyle.
— Oliver está certo, é só cabelo. — Disse Landen, colidindo seu ombro
com o de Kyle. — Vai crescer de volta em uma semana.
— Eu sei. É que odeio mudança. Então, muitas coisas mudaram na
minha vida e sei que é estúpido que algo tão pequeno, como você cortando
cabelo, possa me incomodar. — Kyle se mexeu na cadeira. — Está tudo bem?
Quer dizer, você sempre manteve um cabelo mais longo. O que aconteceu?
— Bom corte de cabelo. — Kyle e Landen olharam para as escadas,
enquanto Avery fazia seu caminho para baixo. Avery sorriu para Landen.
Não conseguia desviar o olhar enquanto Avery descia os degraus, um
de cada vez, como se estivesse em câmera lenta. Usava calça de pijama larga,
que parava, perigosamente baixa, em seus quadris estreitos e uma camiseta
branca apertada. Seu cabelo estava despenteado, como se tivesse acabado de
acordar e seus olhos estavam um pouco inchados. A pele levemente bronzeada
parecia impecável.
— Obrigado. — Disse para Avery, então se virou para olhar para Kyle,
que estava lançando olhares entre os dois.
— Estamos pedindo pizza! — Disse Levi enquanto pegava seu telefone
celular. — Isso está legal para todo mundo?
A pizza chegou e se sentaram na sala de estar, assistindo um filme
na TV. Landen ficou em seu lugar ao lado de Kyle, enquanto Avery sentou-se
na namoradeira, com as pernas dobradas sob ele. Parecia relaxado e de vez
em quando Landen o pegava olhando para ele. Levou tudo em Landen para
não olhar também. Só porque queria Avery, não queria dizer que iria pensar
com o pau e não com seu cérebro. A primeira coisa que precisava fazer era
falar com Ian e Will, para ver se poderia ter as suas bênçãos em continuar algo
com Avery. Tão estúpido quanto possa parecer, não queria perturbar qualquer
um de seus novos amigos por pisar fora da linha. Pelo que sabia, Will não
queria que seu irmão se envolvesse com um shifter lobo. E, em segundo lugar,
queria saber se Avery ficaria por aqui. Não queria ficar investindo ainda mais
em um cara que iria deixá-lo. Finalmente, por volta das dez, Landen se
levantou, espreguiçou e encerrou sua noite. Disse boa noite para os outros
quatro e subiu as escadas. Parou no banheiro para tomar um banho rápido e
escovar os dentes, em seguida, foi para o quarto e se deitou na cama.
O quarto era muito calmo e qualquer barulhinho o fazia ficar se
contorcendo. Estava no limite e muito ansioso, mas o porquê não sabia.
Provavelmente tinha algo a ver com saber que o quarto do homem, que tão
desesperadamente queria beijar, tocar e fazer todos tipos de coisas ruins
junto, era em frente ao dele. Saiu da cama e pegou o ventilador do armário.
Era velho e muitas vezes o ligava à noite, quando não conseguia dormir.
Normalmente, o turbilhão de vento e o som vibrando, o ajudava a se acalmar
para dormir. O ventilador fez seu truque. Em apenas uma questão de minutos,
adormeceu.
O roçar de lábios macios em seu pescoço e uma mão firme
massageando seu pau, fez Landen gemer em seu sono. O toque parecia muito
real, melhor do que qualquer sonho que tivera.
— Quero tanto você. — O som da voz de Avery contra sua orelha o
fez se sentar em sua cama.
Sua mente ainda estava um pouco nebulosa do sono e levou um
momento para seus olhos se ajustarem, mas com certeza Avery estava deitado
ao seu lado, na sua cama. Sua camisa tinha ido embora e tudo o que usava
era aquela calça de pijama xadrez solta e baixa, tão baixa que podia ver os
pelos pubianos, perfeitamente aparados, espreitando para fora do seu topo, e
a protuberância distinta parecendo uma barraca no tecido fino. Engoliu de
volta o caroço que se formou em sua garganta e olhou para cima para
encontrar os olhos escuros de Avery.
— O que está fazendo aqui? — Landen sussurrou asperamente,
enquanto olhava para a porta, rezando para que ninguém escolhesse aquele
momento para entrar.
— Não conseguia dormir. — Avery rolou para o lado, puxou as
cobertas e sentou ao lado de Landen.
— Então? — Landen puxou o cobertor para cobrir seu peito nu.
— Então, pensei em vir e ver como você estava. — Avery se moveu
perto o suficiente para colocar o braço em volta da cintura de Landen e exercer
pressão sobre o seu estômago, forçando-o a se deitar.
Landen cedeu e deitou de costas no colchão e olhou para o teto.
— Por quê?
— Essa é uma boa pergunta e não tenho certeza se sei a resposta. —
Avery levantou a mão e colocou um dedo sob o queixo de Landen, que virou a
cabeça para o enfrentar. — Você parece tão calmo quando dorme. Não queria
te acordar, mas não consegui me manter quieto e não o tocar. — A mão de
Avery se mudou para o lado da bochecha de Landen. — Sinto muito.
Calor explodiu sobre a bochecha de Landen, onde Avery o tocou. A
sensação de formigamento dançava sobre sua pele, um gemido baixo deslizou
por seus lábios.
— Toda vez que estou perto de você, sinto como se estivesse sendo
puxado cada vez mais perto. — A voz de Avery baixou para quase um
sussurro. — É como se não pudesse me conter.
— Nem eu. — Landen disse suavemente, enquanto Avery se inclinava
para beijar seus lábios. Era como se fogos de artifício queimassem dentro de
Landen, sentiu como se estivesse caindo. Não era um tipo ruim de queda, mas
parecia que estava caindo num lugar onde as coisas pareciam se encaixar. Não
havia hesitação ou confusão. Com aquele beijo suave, Landen soube que Avery
era seu companheiro.
Avery rolou em cima dele e aprofundou o beijo. Sua língua quente e
úmida se arrastou sobre os seus lábios, até que os abriu apenas o suficiente
para Avery entrar. Nunca havia tido um beijo tão bom antes, em toda a sua
vida. Seu sangue começou a ferver e não conseguia tocar Avery o suficiente.
Ele correu os dedos para cima e para baixo nas costas dele, então foi
diminuindo a carícia, até que seus dedos estivessem à deriva sob a parte
traseira das calças dele, para acariciar a curva superior da sua bunda.
Crescer sem ser acompanhado por outros shifters lobo, deixou-o
sentindo que às vezes era ignorante em relação ao seu lado lobo. Tinha um
medo real de que não fosse capaz de reconhecer seu companheiro quando o
conhecesse. Mas quanto mais bebia no gosto sensual de Avery, o sentimento
de incerteza desaparecia. A forte atração que sentia, agora fazia todo sentido.
Foram feitos para ficarem juntos. Empurrou para baixo as calças de Avery e
amassou os globos firmes sob suas mãos. Seus quadris se arquearam para
fora da cama, esfregando seu pênis no pênis igualmente duro de Avery, que
pressionava contra o seu.
— Tire isso. — Avery se sentou, empurrando as pernas de Landen,
abrindo assim um espaço para si entre suas pernas. Puxou para baixo a boxer
de Landen e jogou-a por cima do ombro, no chão. — Não acho que já estive
tão ligado na minha vida. — A língua de Avery saiu para lamber seu lábio
superior, enquanto seus olhos devoraram o corpo de Landen.
Podia sentir os olhos de Avery sobre ele, quase como se estivesse
tocando-o com suas mãos.
— Nem eu. — Gemeu quando Avery passou os dedos em torno de seu
pênis e o apertou. Tinha que ser o vínculo de acasalamento que colocava sua
atração no limite.
Avery se ajoelhou entre as suas pernas e lambeu uma linha direta, de
suas bolas até a ponta quente de seu pênis. Fechou suas mãos agarrando o
lençol ao lado da cabeça de Avery, tentando esconder as unhas afiadas que
cresciam em seus dedos. Seu lobo empurrava a superfície de sua pele, mas
Landen o refreou. Nenhuma reivindicação seria feita naquela noite, mas isso
não significava que não podiam ter sexo. A boca de Landen se abriu e
engasgou com o ar quando Avery mordiscou a coroa de seu pênis e,
lentamente, engoliu seu pênis até o fundo de sua garganta.
— Deus, Avery... — Landen se debatia debaixo de seu companheiro,
tentando segurar seu orgasmo. Que estava vindo cedo demais, mas foi inútil.
— Preciso de você dentro de mim.
— Sério? — A cabeça de Avery apareceu quando parou de chupar e
arqueou uma sobrancelha em questionamento.
— Hum, sim. — Landen, de repente, se sentiu um pouco
autoconsciente. Será que Avery preferia ser passivo? Landen não estava certo,
mas esperava que seu companheiro fosse um amante versátil, para que
tivessem um tempero a mais para polvilhar. — Tudo bem?
— Não tem ideia de quão bem estou. — Um olhar de alívio se
espalhou pelo rosto de Avery, ele se inclinou para cima sobre Landen,
alcançando à cabeceira da cama. Uma vez que Avery tinha o que estava
procurando, voltou à antiga posição. Tinha um enorme sorriso em seu rosto,
quando ergueu um pequeno pacote de papel alumínio e um tubo de
lubrificante.
— Estou um pouco ofendido. — Landen zombou. — Pareço tão fácil
para ter certeza de trazer isso?
— Não, era apenas um sonho, uma esperança minha. — Avery piscou
então se inclinou para beijá-lo.
O beijo tornou-se mais agressivo. Avery mordiscou e puxou os lábios
de Landen.
Landen passou os dedos na parte de trás da cabeça de Avery,
enredando-os em seu cabelo loiro. A sensação dos dedos frios e lisos em sua
bunda fez Landen abrir os olhos.
— Você está bem? — Avery perguntou enquanto empurrava um dedo
molhado no fundo de seu canal.
A cabeça de Landen caiu no travesseiro e seus olhos giraram para
parte de trás de sua cabeça. Tinha se passado muito tempo desde que tinha
sido penetrado, não podia esperar para ter Avery enterrado até as bolas dentro
dele.
— Espetacular. — Resmungou. Abrindo ainda mais suas pernas,
implorando para Avery lhe dar mais.
— Você é um passivo ganancioso, não é? — Avery brincou enquanto
acrescentava outro dedo.
— Não, só sei o que quero. — Landen abriu os olhos e olhou
profundamente para Avery. — E o que quero, é você.
Pôde ver o caroço no pomo de Adão de Avery quando ele engoliu.
Seus dedos pararam o movimento de entrar e sair. O tempo pareceu parar
enquanto compartilhavam este momento de necessidade e desejo.
—Quero você, também. — Avery tirou os dedos de dentro de Landen,
fazendo-o gemer com a perda. O som da embalagem de alumínio rasgando
encheu a sala e, em menos de um minuto, Avery já tinha colocado o
preservativo no comprimento de seu pênis duro e o coberto de lubrificante.
Avery usou a mão esquerda para empurrar para cima a parte de trás
da coxa de Landen e usou a direita para guiar seu pênis até a entrada de
Landen, que vibrava. Landen se arqueou fora da cama quando a grossa
cabeça em forma de cogumelo violou sua abertura. Avery poderia ser um cara
magro e delicado, mas nada sobre o tamanho de seu pau era pequeno. Seu
pênis tinha de cerca de dezessete centímetros de comprimento e era tão
grosso quanto o de Landen. O látex cobrindo seu pênis impedia Landen de
sentir totalmente a superfície cheia de veias. Avery tirou um pouco e empurrou
de volta. Continuou neste movimento, até que seus testículos foram
esmagados contra a bunda de Landen.
— Tão apertado. — Avery disse sem fôlego. — Tão perfeito.
Avery lembrava a Landen de um deus grego, enquanto estava em
cima dele, seu pau pulsando no fundo da sua bunda. Seus olhos estavam
fechados, um pequeno sorriso enfeitava seus lábios. Avery estava perdido em
êxtase, que Landen lhe deu e que deixou Landen ainda mais duro. Poderia
gozar com o olhar de pura felicidade no rosto de Avery.
— Avery, se mova. — Exigiu Landen. A necessidade de gozar era tão
grande, mas queria fazer isso com Avery gozando nele.
Avery puxou seu pênis fora, até que apenas a cabeça permaneceu, e
empurrou de volta. Landen mordeu seu lábio inferior para não gritar e
balançou no comprimento sólido que preenchia seu traseiro.
— É tão bom... Tão certo. — Avery balbuciou. — Poderia fazer isso
pelo resto da minha vida.
Landen respirou ofegante e acenou com a cabeça, sem saber se
Avery estava olhando para ele.
Avery passou os braços por trás dos joelhos de Landen e se ancorou
nele, usando o corpo de Landen como alavanca para empurrar mais fundo e
mais rápido. Landen estendeu a mão e agarrou seu pênis inchado, empurrando
ao mesmo tempo dos impulsos rápidos dos quadris de Avery.
— Estou tão perto. — Avery perdeu o ritmo enquanto fodia Landen. —
Preciso que goze. — Os olhos de Avery apertaram. —Preciso o sentir gozando
com o meu pau.
Bastou ouvir os apelos ofegantes de Avery, que foi enviado ao limite
em um êxtase alucinante. Esperma disparou da ponta de seu pênis, pintando
seu peito de listras brancas. Seu corpo se contorceu e estremeceu enquanto
atingia seu orgasmo. Mais três impulsos e Avery se desfez. Caiu em cima de
Landen, enterrou o rosto na curva de seu pescoço e mordeu, abafando seus
gritos de prazer.
A dor aguda dos dentes em sua carne ocasionou mais um pequeno
orgasmo em seu corpo, seus caninos cresceram. As pontas afiadas perfuraram
o lábio inferior de Landen e pode sentir o sabor do cobre encher sua boca.
Tomou respirações lentas e profundas, tentando se acalmar, para enviar seu
lobo de volta para seu esconderijo.
Finalmente, quando sua respiração voltou ao normal, Avery saiu dele.
Tirou a camisinha e a jogou no lixo ao lado da mesa de cabeceira. Avery pegou
uma camiseta descartada no chão e limpou o esperma do peito de Landen e,
então, caiu de costas no colchão.
— Isso foi incrível. — Avery se virou de lado e jogou um braço sobre o
estômago de Landen.
— Foi? — Landen rolou de lado para enfrentar Avery.
— Não, sério, quis dizer exatamente isso. — Avery disse e escovou os
lábios de Landen com os seus. — Nunca gozei com tanta força na minha vida.
Como você, foi perfeito.
Landen se sentou, estava na ponta da sua língua a verdade para
dizer a Avery. Que eram companheiros e que era um shifter lobo, mas não o
fez. Por enquanto, só queria aproveitar este momento de pura felicidade com
seu companheiro. Amanhã poderiam lidar com todo o resto.
Avery virou e Landen se aconchegou em suas costas, segurando-o
firmemente.
— Boa noite, Landen. — Disse Avery com um bocejo.
— Boa noite, Avery. — Landen disse beijando a nuca de Avery e
deixou-se cair em um sono repousante.
Capítulo Seis

O calor cobrindo suas costas e o pau de ferro aveludado, crescendo


pressionado contra sua bunda, fez Avery acordar com um sorriso no rosto. Não
tinha sido um sonho. Ele e Landen tinham transado. Espere, não, era mais do
que apenas uma transa ou uma festa de foda aleatória. Era...
— Ei, Landen, quer ir tomar o café da manhã comigo e com Ollie?
Os olhos de Avery se abriram quando a voz alta e alegre ecoou no
quarto.
— Merda! — Disseram Avery e Landen, ao mesmo tempo em que se
sentaram na cama.
— O que... — Kyle ficou com a boca aberta, enquanto olhava para os
dois.
— Feche a porta. — Landen gemeu.
Kyle fechou a porta e se encostou nela.
— Será que você e ele...? — Apontou de Avery para Landen.
Repetindo o gesto novamente.
— Se está tentando perguntar se fizemos sexo, então a resposta é
sim. — Avery não conseguia manter o sorriso bobo fora de seu rosto.
Ele se arriscou na noite anterior entrando no quarto de Landen, mas
não podia mais ficar de fora. Sentia-se preso ao loiro sexy. Em todo momento
que estava deitado em sua cama, podia sentir seu coração batendo rápido em
seu peito pela necessidade de estar com Landen.
Era uma loucura e sabia disso, mas algo dentro dele dizia que tinha
que estar com Landen. Nunca tinha sentido uma conexão tão forte com outro
homem antes e combatê-la não era mais uma opção.
Fazia apenas dois dias e não tinha mais nada como referência a partir
dai, mas sentia que isso era amor ou o inicio dele. Tinha ouvido outras pessoas
descreverem esses sentimentos avassaladores e os tinha começado a sentir
quando se conheceram. Não tinha certeza se com Landen também era assim
ou se somente ele se sentia desta forma sobre o homem. Tinham acabado de
se conhecer, mas Landen era diferente. Landen não era como os outros caras
que tinha paquerado, aqueles apenas pensavam em foder ou pedir dinheiro
emprestado a ele. Landen era especial.
— Landen? — Os olhos de Kyle tinham uma espécie de súplica, que
Avery não subestimou.
— Não é o que pensa, Kyle. — Landen se deslocou na cama e puxou
as cobertas até acima de sua cintura. — Isso foi mais do que somente sexo.
Isso significa alguma coisa.
Avery correu os olhos entre os dois. Era como se estivessem tendo
algum tipo de conversa psíquica. E se sentiu deixado de fora, uma vez que era
óbvio que estavam falando sobre ele.
Sua testa franziu e uma sensação ardente borbulhava em seu
estômago. Não gostava de como Landen e Kyle pareciam ser próximos. Por
que Kyle se importava com quem Landen dormia? A menos...
Não queria pensar nisso. Kyle estava namorando Oliver, que do seu
próprio jeito era um pedaço quente de bunda, mas odiava a proximidade
compartilhada entre Kyle e Landen. Eram amigos, mas Avery tinha tido
relações sexuais com uma abundância de supostos amigos em seus 21 anos.
— Oh, meu Deus. — Kyle murmurou enquanto olhava de Landen para
Avery. Sua boca ficou aberta e seus olhos estavam arregalados, incrédulos.
— Qual é o problema com ele? — Avery cutucou o ombro de Landen
com o seu.
— Uh, nada. — Landen sorriu para ele.
— Sei que deveria ter perguntado isso ontem à noite, mas você e ele?
— Avery fez um gesto entre Kyle e Landen e balançou as sobrancelhas.
— Claro que não! — Landen gritou, ao mesmo tempo em que Kyle
gritou não.
— Ok, legal. — Avery não poderia descrever como se sentiu aliviado.
Seu coração já não parecia que ia estourar em seu peito.
— Então, e quanto ao café da manhã? — Perguntou Kyle.
— Você quer ir? — Landen lhe perguntou e um pequeno sorriso
curvou seu lábio superior.
— Se você for, então não há outro lugar onde preferiria estar. —
Avery odiava o quão brega e idiota parecia, mas era verdade. Onde quer que
Landen estivesse, queria estar também, mesmo que fosse apenas para o café
da manhã com os amigos.
— Isso é tão bonito. — Avery e Landen se viraram para olhar Kyle,
que sorria para eles. —Sinto muito. — As bochechas de Kyle coraram com o
calor. — Vou sair e deixar os dois se vestirem. Esperaremos vocês lá embaixo.
Com isso Kyle saiu pela porta.
— Isso foi um pouco...
— Estranho? — Terminou a sentença para Landen.
— Sim. — Landen mudou-se para a beira da cama e jogou as pernas
para o lado, em seguida, se levantou.
Os olhos de Avery miraram a bunda firme e apertada, onde teve o
prazer de gozar na noite passada, mas agora, à luz do dia, podia apreciar
verdadeiramente a beleza do corpo de Landen. Dos até suas panturrilhas não
havia nada além de músculos. Não havia nenhuma pequena protuberância de
gordura em toda sua pele. Landen era todo músculo, como uma estátua de
mármore coberta de pele lisa e macia. Landen se virou e seu pênis estava no
nível dos olhos de Avery. Engoliu um bocado de saliva, sua mão se contraiu só
de pensar em tocar o pênis semi ereto, que zombava dele.
— Acho que deveria ir para o seu quarto se preparar. — Avery olhou
para o rosto sorridente de Landen. — Se demorarmos muito, irão sem nós.
Avery se arrastou até Landen e colocou as mãos na cintura do
homem, o puxando para perto. Seus paus colidiram um contra o outro e
ambos ficaram ofegantes.
— E seria uma coisa tão ruim? — Perguntou Avery.
— Não, mas... — Landen mordiscou seu lábio inferior, enquanto
procurava as palavras certas para dizer. Avery não gostou do olhar nervoso
em seu rosto.
— Mas?
— Só não quero que pense que tudo o que quero é sexo. — Landen
passou os braços sobre os ombros de Avery e descansou sua testa contra a
dele. As expirações suaves que deixavam sua boca sopravam suavemente
sobre o rosto de Avery. — Gosto de você, Avery, e não sei o que isso tudo
significa para você, mas quero mais do que apenas um amigo de foda. Já fui lá
uma vez e agora quero muito mais. — Landen deu um passo para trás
deixando suas mãos caírem de Avery. — Entende isso?
— Mais do que pensa. — Os olhos de Avery vibraram com a ameaça
de lágrimas. Em toda sua vida nunca quis um homem mais do que queria
Landen.
— Vou me vestir. — Avery pulou da cama e se dirigiu para a porta.
A mão suave em seu pulso o parou e foi puxado de volta para os
braços de Landen. Nenhuma palavra foi dita, apenas um breve roçar de lábios
contra lábios, e Landen se afastou. Um sorriso iluminou seu rosto inteiro e
Avery se sentiu perdido naqueles olhos verdes suaves.
— Apresse-se. — Landen girou Avery pelos ombros e deu um tapinha
no seu bumbum, quando caminhou em direção à porta.
Avery não conseguia se lembrar de ser mais feliz do que estava
agora.
O café da manhã acabou por ser mais agradável do que tinha
esperado. Kyle não comentou o que descobriu nessa manhã, só conversaram
sobre a escola e sobre o novo trabalho de Avery no café. Estava tudo tão
perfeitamente normal. Não estava acostumado a isso. Sua vida tinha sido uma
corrida louca de um lado para o outro. Escola o entediava e festejava para
preencher o tédio. Mas, então, quando começou a receber doses de bebida e o
uso recreativo de drogas, isso se tornou um vício mais frequente para ajudá-lo
a relaxar, mas tudo isso parecia tem acontecido em outra vida.
Estar com Landen encheu sua vida de uma forma, que não tinha
percebido que estava vazia. A calma caiu sobre ele, viver em outro lugar e
longe da cidade parecia ser seu pequeno paraíso.
No caminho de volta para a casa, o celular de Avery começou a tocar.
— Alô?
— Oi, Avery, é Dominic. Odeio te pedir algo, porque começou há
pouco tempo e hoje deveria ser o seu dia de folga, mas pode me ajudar esta
noite? Um dos nossos funcionários avisou que não poderá vir. Sei que é pedir
muito, mas só seria da uma as nove.
— Claro, estarei lá. — Avery podia sentir os olhos de Landen sobre
ele, mas não olhou de volta. Se fizesse, sabia que iria querer ficar em casa,
enrolado nos braços grossos de Landen, o dia todo.
— Você é um salva-vidas. Vejo você a uma. — Avery desligou o
telefone e se inclinou ao lado de Landen. O calor que irradiava do cara era
intenso. Ele se perguntou se Landen já teve frio.
— O que foi aquilo? — Landen perguntou enquanto passava o braço
sobre os ombros de Avery.
— Trabalho. — Inclinou a cabeça para olhar para Landen. — Alguém
ligou dizendo que ia faltar e precisam de mim.
— Sério? — Landen lamentou. — Queria passar o dia com você. —
Landen se inclinou para sussurrar no ouvido de Avery. — Na cama.
O som da risada de Kyle fez Avery quebrar o contato visual com
Landen.
Landen havia falado tão baixo em seu ouvido, não havia nenhuma
maneira de Kyle poder ter ouvido isso, certo?
—Vou dizer o quê faremos. — Avery puxou o rosto de Landen até o
seu e moveu sua boca até a orelha de Landen. Lentamente lambeu ao redor do
exterior de seu ouvido, fazendo Landen a gemer. — Quando chegar em casa,
vou rastejar para a cama com você. O que acha disso?
— Perfeito.
O sorriso no rosto de Landen foi contagiante. Avery correu os olhos
sobre seu rosto forte e angular. O homem realmente poderia ter sido um
modelo ou, com o seu tamanho, um atleta profissional. Estendeu a mão e
segurou o rosto de Landen. Seu amante virou com o toque e se aconchegou
mais perto.
Lentamente, deixou sua mão ir passear nos cabelos espetados e
curtos. Gostou muito do seu cabelo longo, mas com o cabelo curto seu rosto
não estava mais escondido por trás daquela massa espessa de cabelos.
— Este seu cabelo curto seu está realmente cada vez mais bonito
para mim. — Avery passou a palma da mão para trás e para frente, deixando o
cabelo fazer cócegas sobre sua mão. — Gosto dele assim.
— Obrigado. — As bochechas de Landen coraram num vermelho
brilhante. Amou o quão tímido poderia ser, algumas vezes.
— Consigo ver todas estas suas características perfeitas e esculpidas
que você tem, sem ter que empurrar seu cabelo para fora do caminho. —
Avery inclinou-se para beijar seus lábios. — Além disso, adoro ser capaz de
olhar para esses seus olhos cor de esmeralda. — A voz de Avery mudou para
um sussurro. — Tão bonito.
Olhou para os lábios cheios de Landen precisando de um sabor.
O beijo começou lento e tornou-se rapidamente urgente. Esqueceram
que não estavam sozinhos, enquanto suas línguas dançavam uma ao lado da
outra. Avery fechou os dedos em torno do pescoço de Landen e o segurou. O
calor úmido o juntou mais e Avery não queria parar.
— Ei, caras, estamos de volta em casa. — Oliver disse limpando a
garganta quando Landen e Avery o ignoraram.
— Devo ligar a mangueira? — A voz de Kyle tremia de tanto rir
enquanto falava.
Landen se afastou sorrindo. O coração de Avery se sentiu tão
completo, que pensou que ia explodir e morrer de felicidade ali mesmo no
carro.
A vida realmente tinha um jeito de surpreendê-lo, dando-lhe esse
homem especial. Não sabia o que tinha feito para merecer Landen, mas
gastaria todo santo dia tendo a certeza que o manteria em sua vida.
Provaria a Landen, com sua força de vontade, que não era um fodido
completo. Seria preciso um dia de cada vez.

Capítulo Sete

Quando chegaram em casa era perto do meio-dia, Avery subiu para


se aprontar para o trabalho. Quando desceu, sentou-se com Landen um pouco,
antes que tivesse que ir. No minuto em que saiu pela porta, Landen sentiu sua
falta. Sabia que ele estaria de volta, mas uma parte sua lhe dizia para não ter
muitas esperanças. Só porque acreditava que fossem companheiros, não
queria dizer que Avery sentiria o mesmo.
— Então, menino, o que exatamente está acontecendo entre você e
Avery? — Kyle se sentou na cadeira ao lado dele na mesa da cozinha. — E não
me dê qualquer besteira sobre não saber. Vi o jeito que olhou para ele esta
manhã, quando os peguei na cama juntos, e o jeito que continuou a olhar para
ele durante todo o dia. — Kyle ergueu a mão. — Não me entenda mal, não foi
só você. Avery o olhou como se fosse a única pessoa no mundo. Foi muito
bonito, na verdade.
— Ele fez isso? — Landen perguntou, suas esperanças crescendo.
— Sim. — Kyle revirou os olhos. — Como não percebeu?
Landen encolheu os ombros timidamente.
— Acho que isso é tudo tão novo para mim. — Olhou para Kyle. —
Tenho medo de me envolver ou de pensar que significo mais do que ele
realmente é.
— Landen, amigo... — Kyle pegou a sua mão na dele. — Esta manhã,
quando disse que era mais do que apenas sexo, quis dizer que ele é o seu
companheiro, certo?
— Acho que sim. — Landen balançou a cabeça. — Não tenho certeza.
— Havia sido criado por seres humanos e todo esse lado shifter ainda era
muito novo para ele. Sentia como se Avery fosse seu companheiro, mas como
saberia com certeza? Talvez só estivesse atraído por Avery e quisesse
acreditar em algo que não estava realmente lá. — Isso tudo é tão confuso. —
Landen colocou as mãos em seu rosto, movendo-as para cima, para apoiá-las
em cima de sua cabeça.
— Sei exatamente como se sente. — Kyle deu um tapinha nas costas
dele. — Pelo menos tem uma desculpa para ser tão ignorante sobre as coisas.
Eu? — Kyle apontou um dedo em seu peito. — Fui criado por shifters lobo e
ainda não tinha a menor ideia do que fazer quando conheci Oliver. Claro,
queria pular em seus ossos no momento em que coloquei os olhos sobre ele,
mas era mais do que isso. — Kyle olhou para fora na frente dele como se
estivesse perdido em uma memória. — Queria mantê-lo comigo para sempre.
Para amar e protegê-lo. Para ser capaz de acordar todos os dias com ele ao
meu lado. Foi amor à primeira vista.
Landen acenou com a cabeça, porque era assim que se sentia sobre
Avery. Um homem que acabou de conhecer. Parecia loucura, mas no mundo
dos lobos era dessa forma que era feito. Um companheiro para a vida.
— Eu me sinto assim em relação a Avery. — Os olhos de Landen se
fecharam enquanto sua mente voltou à memória deles fazendo amor na noite
anterior. A maneira com que Avery começou lento, pegou o ritmo e transou
com ele até o esquecimento. O movimento de entrar e sair de seu pênis
enquanto o enchia, o enviando sobre a borda em puro êxtase. Sexo nunca
tinha sido tão bom. — É como se inda pudesse senti-lo dentro de mim, mesmo
agora.
— Opa, acalme-se.
Landen abriu os olhos ao ouvir o som da voz de Levi. Oliver e Levi
estavam entrando na cozinha.
— Esse rapaz fodeu você? — A testa de Levi contraiu, seus olhos
arregalaram.
— Levi! — Oliver empurrou Levi no ombro, mas ele não se intimidou.
— Assumi, desde que você era o maior, que... Sabe...?
Levi acenou com a mão ao redor. Seu rosto ficou um tom claro de
vermelho, enquanto procurava as palavras certas para dizer.
— Que você estaria assumindo, não ele.
— Por que somos amigos?  Perguntou Landen.

— Tudo o que estou dizendo é que parece estranho que o pequeno


Avery seria o ativo.— Levi levantou as mãos no ar.  É tudo o que estou
dizendo.
— Levi, é sobre o que se sente bem, não sobre o que a sociedade nos
faz pensar que é aceitável. Sim, sou maior do que Avery, mas gosto de ser o
passivo. Isso não me faz menos homem e não é estranho.
Levi puxou a cadeira em frente a Landen e olhou entre Oliver e Kyle.
— Você também? Sabe...?
— Isso não é da sua conta. — Kyle respondeu.
Oliver ficou atrás de Kyle e balançou a cabeça negativamente. Landen
começou a rir e Levi parecia aliviado.
— Ok, de volta para o assunto em questão. — Kyle bateu palmas,
chamando a atenção.
— Você acredita que Avery é o seu companheiro, certo? — Landen
acenou com a cabeça. — Ele é humano e o irmão de Will, então acho que
deveria ir falar com ele, antes de dizer qualquer coisa para Avery. Ele pode ser
capaz de ajudá-lo a encontrar uma maneira de contar para o seu irmão. Essa
coisa de companheiro e de lobo shifter.
— O irmão dele? — Landen, já tinha decidido falar com Will, mas
agora que sabia que tinha que fazer, estava mais do que um pouco nervoso. —
O que devo dizer? — Ele olhou para Kyle.
— Por que está me olhando? — Kyle arrastou sua cadeira longe de
Landen. — Pelo que Ian disse a Oliver e a mim ontem, os dois não se dão bem
e não tenho interesse em ficar no meio de tudo isso. Você, por outro lado, não
tem escolha. Avery é seu companheiro o que faz com que você e Will sejam da
mesma família.
— Quão estranho é isso? — Levi riu. — Vocês dois são melhores
amigos e seu irmão — Levi apontou para Kyle. — é acasalado com o irmão de
seu companheiro. — Levi moveu um dedo para apontar para Landen. — Então,
vocês são como uma família.
— Já éramos, seu idiota. — Kyle enrolou um guardanapo e jogou em
Levi. — Amo todos vocês como família. Mesmo você, seu idiota.
— Será que vai comigo? — Landen interrompeu Kyle e Levi. Devia ir
por si mesmo, mas não achava que pudesse fazer isso sozinho.
— É claro que vou. — Kyle estendeu a mão para Landen.
— Bom, então vamos lá. — Landen levantou-se e puxou Kyle.
— Agora? — Kyle suspirou.
— Sim, agora, antes que eu perca a coragem. — Começou a
caminhar em direção à porta lateral que levava para fora, arrastando Kyle
atrás dele.
— Boa sorte! — Oliver gritou e atirou a Kyle uma piscadela.
Enquanto caminhavam pela rua, Landen manteve seu domínio sobre
a mão de Kyle. Suas mãos estavam suadas e gotas de suor apareceram em
sua testa. Pensava que era assim que um homem sentia quando pedia ao pai
da mulher que queria se casar sua mão, mas no seu caso, era um irmão e não
era uma proposta de casamento. Avery era seu companheiro e não havia como
fugir. Foram feitos para ficar juntos e só esperava que Will estivesse bem com
isso, porque não havia nada que qualquer um deles pudesse fazer sobre isso.
— O que devo dizer? — Perguntou Landen calmamente.
— A verdade, acho. — Kyle apertou a mão dele.
— Certo. — Landen acenou com a cabeça ainda não convencido de
que este era o caminho a percorrer, mas era tudo que tinha.
A caminhada parecia mais curta do que o habitual e, antes que
percebesse, estavam na porta de Will e Ian. Ergueu a mão e bateu.
— Oi, Landen, Kyle. — Will cumprimentou-os com um sorriso, então,
seus olhos caíram para suas mãos juntas. — Está tudo bem?
— Sim! — Disseram Kyle e Landen, ao mesmo tempo, voltando a
olhar um para o outro.
— Tudo bem, entrem. — Will segurou a porta aberta para eles.  Ian
e Kelsey não estão aqui. Foram com a vó, ver o bebê Lucas na casa de Ethan e
Holden.
— Isso é bom. Na verdade, vim aqui para falar com você. — Landen
sentou-se no sofá ao lado de Will, puxando Kyle ao seu lado. Era como se Kyle
fosse a sua única ligação com sua sanidade.
— Ah, é mesmo? — As sobrancelhas de Will arquearam-se em sua
testa lisa. — O que foi? — De repente, o sorriso feliz no rosto transformou-se
em uma carranca e sua mandíbula apertou. — Isso é sobre Avery? O que fez
agora?
— Nada. — Landen soltou a mão de Kyle. — Mas trata-se de Avery.
Will assentiu com a cabeça.
— Bem, você vê. — Landen inclinou a cabeça para o lado, mordendo o
interior de sua boca. — Avery e eu... — Ele não podia fazer as palavras saírem
de sua boca. Realmente gostava de Will e não queria que nada mudasse entre
eles.
— Avery e você... O quê? — Will perguntou quando deslizou para a
borda de seu assento.
As mãos de Landen começaram a tremer e manteve os olhos fixos no
chão na frente dele.
Kyle se aproximou e pegou a mão direita dele e disse:
— Eles são companheiros, Will. Landen e Avery são companheiros.
— Você tem que estar brincando comigo. — Will caiu de volta no sofá
e as pernas se abriram como se não tivesse nenhuma energia sobrando em
seu corpo.
— Sinto muito, Will. — Landen falou rápido. — Não queria que isso
acontecesse, mas aconteceu. Por favor, não fique com raiva de mim.
— Por que eu iria ficar com raiva de você? — Will virou a cabeça para
olhar Landen nos olhos. — Eu, de todas as pessoas, sei o que é encontrar um
companheiro. Claro que não sabia que era o que estava acontecendo entre Ian
e eu, mas nunca iria odiá-lo por encontrar o seu companheiro. Mesmo que seja
com o meu irmão mais novo, o pequeno encrenqueiro. — Will balançou a
cabeça de um lado para o outro. — Você já disse a ele?
— Não. — Landen disse suavemente. — Na verdade, não sei como
dizer a ele ou se isso é algo que ele quer. — Ele virou seus olhos tristes para
Will. — Você é seu irmão e conhece-o melhor. O que devo fazer?
— Foda-se. — Will gemeu, em seguida, soltou um suspiro profundo. —
Landen, tem que entender uma coisa. — Ele mudou de posição no sofá e
posicionou-se no canto, de frente para Landen e Kyle. — Avery e eu não somos
os irmãos mais próximos no mundo. Somos mais como estranhos. Nunca nos
demos bem e, para ser honesto, não me importo realmente em conhecê-lo.
— Por quê? — Landen fora uma criança que daria qualquer coisa para
ter um irmão ou uma irmã. Não conseguia entender como Will poderia ser tão
grosseiro.
— Há uma diferença de seis anos entre nós, e Avery sempre foi um
irmãozinho chato. Provavelmente pior, no nosso caso, porque os nossos pais
estavam sempre ao seu lado. Foi um grande chorão e sempre conseguiu o que
queria e sempre tive a ceder aos seus desejos. Não era justo e acho que ainda
me ressinto disso.
Will encolheu os ombros.
— Então, nos reaproximamos quando mais velhos. Avery não
compreende o conceito de limites e respeito pelos outros e pelo que digo. Fez
algumas coisas que não me importo de falar. Então, se está me perguntando
como o meu irmão é e como fazer para contar a ele sobre vocês dois e a coisa
lobo, não posso ajudá-lo. Ele é um estranho para mim como uma pessoa
qualquer na rua.
Os olhos de Landen arrepiaram com a queimadura familiar de
lágrimas. A tristeza que viu em Will partiu seu coração. Parecia que esses dois
irmãos estavam longe de serem próximos. Will pensava em Avery como um
estranho, e agora Landen se perguntava se Avery sentia o mesmo por Will.
Duas pessoas que deveriam estar mais perto do que qualquer coisa, foram
separadas por uma grande lacuna que, do ponto de vista de Will, era culpa de
Avery. Agora Landen estava morrendo de vontade de saber o que exatamente
Avery fez para isso acontecer.
— Isso é tão triste. — Disse Landen sem pensar.
— É. — Will cruzou os braços sobre o peito. — Sempre tive esperança
de que Avery iria mudar e agora talvez vá. Se Avery sentir qualquer coisa
como eu sinto por Ian, então toda a sua vida vai mudar e a forma como olha
para as coisas vão mudar. Você pode ser a pessoa a fazer Avery Watterson se
tornar um homem melhor e desejo-lhe toda a sorte, Landen. Você é um cara
muito doce, que é merecedor de amor e alguém para amá-lo de volta.
— Obrigado. — Landen sorriu para Will, apreciando suas amáveis
palavras.
— Mas se quer um conselho, sugiro fazê-lo imediatamente, como
arrancar um band-aid. Acabe logo com isso e veja o que acontece.
— Assim como um médico. — Kyle riu. — Surpreenda-o e espere que
seja distração suficiente para fazer a pessoa não surtar.
— Ei, isso funciona mais frequentemente do que pensa. — Will
apontou o dedo para Kyle e piscou.
Depois de mais alguns minutos de conversa, Will levou Landen e Kyle
de volta para a porta da frente. Fizeram suas despedidas e começaram a
descer a calçada.
— Landen! — Will o chamou e correu em direção a ele.
— Sim?
— Estava falando sério sobre dizer-lhe rapidamente. Não dê a ele
uma chance de fugir, porque Avery é bom nisso. — Will passou a mão sobre a
cabeça, penteando o cabelo para trás com os dedos. — Sei que parece que não
gosto do meu irmão, mas eu o amo. Ele fez algumas coisas que não tenho
certeza se posso perdoar, mas quero. Ele é a única família que tenho além de
meus pais e eles não se importam o suficiente com qualquer um de nós.
Desejo-lhe sorte com isso e apenas seja aquele cara doce e carinhoso que sei
que é e acredite em seu vínculo de acasalamento. Bastou ver Ian uma vez e eu
era um caso perdido, e vendo como Avery é, aposto que caiu tão forte quanto
você, mas é muito teimoso para admitir isso. — Will estendeu a mão e agarrou
seu bíceps superior e apertou. — Boa sorte, Landen, vai precisar dela. Avery é
bastante teimoso.
— Obrigado, acho. — Landen riu enquanto o observava caminhar de
volta para casa. Parecia que nem tudo estava perdido entre os irmãos.
Kyle divagou sobre isso por todo o caminho de casa, mas Landen mal
escutou. Sua mente estava muito ocupada correndo com pensamentos e ideias
sobre como contar a notícia a Avery. Mas, como Will disse, era melhor contar a
ele mais cedo do que mais tarde e não deixá-lo fugir. E Landen se sentiria
melhor quando tudo estivesse em aberto e não teria que esconder quem e o
que realmente era. Só tinha a esperança de que Avery iria entender e aceitar o
que tinha a dizer, porque que outra opção eles tinham?

Capítulo Oito

Faltavam 30 minutos antes do fechamento e Avery caminhava em


torno do café arrumando as mesas e recebendo os últimos pedidos dos clientes
restantes. Alguns estavam trabalhando em laptops e alguns estavam lendo
livros. O ambiente era muito tranquilo e sossegado. Avery gostou. Estava lento
para um domingo à noite no trabalho. Não que tivesse algo para comparar,
uma vez que este era seu primeiro emprego e tudo.
Sentado à mesa mais distante estava um homem, um homem bonito.
Tinha cabelos loiros ondulados na altura dos ombros, pele dourada e usava
uma camiseta preta apertada e calça jeans desbotada. Parecia um menino
mau, algo que teria definitivamente despertado seu interesse a alguns dias,
mas não mais. Sua mente estava transbordando com imagens de Landen,
mais precisamente um Landen nu, então a boa aparência desse cara não soou
sequer um bip em seu radar. Parecia que era uma espécie de um homem de
um só cara agora e estava realmente começando a gostar do som disso.
— Posso trazer-lhe alguma coisa? — Avery perguntou ao homem.
O cara estava olhando para o balcão da frente. Seus olhos tinham um
olhar atordoado, como se estivesse distraído. Avery olhou por cima do ombro
para ver Dominic ajudando um cliente. Ele fez uma careta. Avery se sentiu mal
pelo pobre homem na mesa. Dominic estava fora do mercado. Avery teve o
prazer de conhecer o pedaço de namorado de Dominic mais cedo, quando
chegou no trabalho. O cara parecia perigoso de forma erótica. Avery podia ver
o perigo.
Os olhos do homem se voltaram para Avery e ele balançou a cabeça,
como se tivesse acabado de notar Avery parado lá.
— Não, estou bem. — Ele voltou a olhar para Dominic.
— Oh, pelo amor de Deus! — Avery puxou a cadeira em frente ao
homem e se sentou. — Isto não é geralmente da minha conta, mas não perca
seu tempo. O gostoso atrás do balcão é comprometido.
Avery não costumava ajudar os outros ou até mesmo dar um
segundo pensamento sobre os sentimentos de outras pessoas. Ele se
surpreendeu. Talvez estivesse finalmente começando a crescer.
— Desculpe-me? — A testa do homem enrugou e ele voltou sua
atenção para Avery.
— Percebi que está olhando para Dominic. — Avery apontou por cima
do ombro. — Entendo totalmente. Ele é super doce e um colírio para os olhos,
mas tem um namorado. Um namorado grande e de aparência rude. — Avery
respirou fundo e apertou os dentes. — Não quero ver você se machucar.
— Obrigado pela informação. — O cara sorriu, expondo uma boca
cheia de dentes brancos e brilhantes. — Vou manter isso em mente. — Ele
apertou os olhos em expectativa.
— Sou, Avery. — Ele estendeu a mão. — E você é?
— PJ. — Apertou a mão de Avery. — Você é novo na cidade? Não o vi
por aqui antes.
— Eu sou. — Avery sorriu. — Hoje é apenas o meu segundo dia de
trabalho. Meu irmão mora aqui e quando as coisas ficaram muito complicadas
na casa de meus pais, vim para cá.
— Sinto muito em ouvir isso. Os pais podem realmente estragar sua
vida, às vezes. — Os olhos verdes brilharam com raiva. PJ levantou a caneca
aos lábios e bebeu o resto do seu café, em seguida, colocou o seu copo para
baixo. — Bem, Avery, foi um prazer conhecê-lo. Talvez te veja por aí algum
dia.
— Talvez veja.
Depois que PJ tinha partido, Avery levantou-se e limpou a mesa. PJ
parecia um cara legal, tipo solitário, mas não eram todos os tipos sozinhos no
mundo?
O último cliente saiu e Avery ajudou Dominic a limpar. Não
mencionou o cara para Dominic, que estava sentado à mesa olhando para ele.
Não havia necessidade de criar problema quando não houve nenhum dano.
Avery advertiu PJ que Dominic era comprometido, mas algo na maneira que PJ
olhava para Dominic não gritava atração, era mais como afeto, se isso fizesse
algum sentido.
Avery disse boa noite para Dominic e caminhou até seu carro. Estava
um breu lá fora. A única luz vinha dos postes decorativos que ladeavam a
praça. Avery entrou em seu carro e foi para casa.
Uma vez em casa, estacionou na rua, para não bloquear o carro de
alguém. Sabia que todos os caras que viviam aqui iam para Hemsworth e,
provavelmente, teriam aulas de manhã, e a última coisa que queria era ser
acordado de madrugada para mover o carro para fora do caminho.
A porta da frente estava trancada, então puxou a chave e entrou.
Nem um único som chegou a seus ouvidos e, felizmente, alguém tinha deixado
a luz do corredor acesa. Caminhou na ponta dos pés até as escadas, passou
silenciosamente pela porta de Landen e se dirigiu ao banheiro. Queria entrar
em uma ducha antes de voltar e se aconchegar com Landen. Esteve pensando
nisso durante todo o dia, desde o momento em que começou a trabalhar.
Com a toalha enrolada na cintura, jogou suas roupas em seu quarto,
em seguida, aproximou-se da porta de Landen. Bateu na porta.
— Entre. — A voz de Landen veio do outro lado.
Avery empurrou-a e sorriu quando viu Landen deitado em sua cama,
sem camisa e com apenas um par de calças de moletom. Estava deitado
apoiado em algumas almofadas.
— Você está absolutamente lindo. — Avery deu um pulo na cama e se
lançou para Landen. Ele inclinou sua boca sobre Landen e beijou-o longa e
duramente. Sua língua pontuda lambeu os lábios cheios até que se separaram
com um suspiro e Avery empurrou para frente, tomando o que queria.
— Precisamos conversar. — Landen tentou empurrar Avery longe,
sem sucesso.
— Falamos depois. — Avery murmurou contra o pescoço de Landen
enquanto beijava e chupava ao longo da carne delicada e suave.
— Tudo bem. — A voz de Landen saiu trêmula e Avery sentiu o
momento em que seu corpo relaxou na cama, dando-lhe o controle total.
Gostava que o seu grande e forte homem o deixasse assumir o
controle. Deixava Avery selvagem. Lentamente deslizou para baixo do pescoço
de Landen, na clavícula e foi descendo. Traçou sua língua ao longo dos
contornos rígidos do abdômen de Landen. Os músculos tremiam ao seu toque.
Avery fugiu mais para baixo entre as pernas de Landen e puxou seu
pênis de sua calça de moletom, passando os dedos em torno do comprimento
quente. Num movimento fluido, começou a acariciá-lo duro e rápido. Avery
usou os dedos da outra mão para acariciar a coxa de Landen.
— Esperei o dia todo para fazer isso. — Avery sussurrou sobre o
quadril de Landen, girando a língua ao redor do músculo aparente.
Abrindo a boca, estendeu sua língua e a enrolou em torno da ponta
do pênis de Landen. Então começou a lamber uma faixa molhada da coroa
estriada ousada até a base de espessura. Sugou ao longo do comprimento
cheio de nervuras até chegar à cabeça do pau de Landen. Abriu a boca e
engoliu-o, esvaziando suas bochechas.
— Avery. — Landen gemeu quando seus dedos se enrolaram em seu
cabelo. — Isso é tão bom.
Avery trabalhou para cima e para baixo no pau de Landen, circulando
sua língua ao redor da cabeça inchada e tomando-o na garganta profunda
novamente. Não ter um reflexo de vômito realmente fazia dele um profissional
em chupar pau e usou todos os seus truques para impressionar Landen.
Estendeu a mão entre as coxas de Landen e acariciou suas bolas, tirando um
gemido profundo da garganta de Landen.
Quando balançou a cabeça mais e mais rápido, Avery esfregou o
dedo sobre a abertura ondulada da entrada de Landen. Empurrou de leve até
que violou a pequena entrada, fazendo Landen se contorcer sob dele. Avery
empurrou seu dedo na medida em que chupava a ponta de seu pau, pré-
sêmen escorreu de Landen e Avery bebeu, querendo mais e mais.
— Estou perto. Oh Deus, estou perto. — Landen empurrou seus
quadris para fora da cama enchendo a garganta de Avery com o aço duro.
Avery acrescentou outro dedo e, então, fechou os dedos,
massageando sobre a próstata de Landen. O corpo de Landen ficou tenso e ele
gozou com um grito gutural, enchendo a boca de Avery com seu esperma
quente. Avery deixou o grosso fluido escorrer para baixo em sua garganta
enquanto cantarolava seu prazer em todo o comprimento pulsante.
Uma vez que as bolas de Landen estavam vazias, Avery sentou e
agarrou seu pênis duro e começou a bombear seu punho. Landen olhou para
ele e Avery segurou seu olhar enquanto se masturbava. Uma, duas, três
pancadas e Avery atirou seu gozo sobre o pau e as bolas de Landen, cobrindo-
o com seu esperma.
Quando a última gota saiu de seu corpo, Avery desabou sobre o
quente e pegajoso peito de Landen, que passou os dedos pelos cabelos de
Avery. O toque suave relaxou-o ainda mais até que seus ossos eram como
geleia.
— Isso foi tão quente. — Avery murmurou contra o peito de Landen.
— Poderia literalmente chupar seu pênis durante horas e horas.
Avery sentou-se o suficiente para olhar para Landen, que estava
chupando o lábio superior e não conseguia encontrar o olhar de Avery. Algo
não estava certo. Landen parecia chateado.
— Qual o problema, querido?
— Não que não gostei do que fez para mim, mas ainda precisamos
conversar. — A Voz de Landen era baixa e distante.
— Conversar, certo. — Avery sentou-se sobre os joelhos, em seguida,
levantou-se e pegou sua toalha do chão. Sabia tudo sobre ter a conversa com
outro cara. Nada de bom vinha da conversa. Uma vez que enrolou a toalha na
cintura, ele se sentou na cadeira no canto da sala. De repente, precisava de
espaço do homem que não conseguia parar de pensar.
— Avery, não é nada de ruim. — Landen puxou as calças para cima.
Avery percebeu que não tinha limpado o sêmen seco de seu corpo. — Bem,
espero que não seja ruim. Acho que tudo depende da maneira que olha para
isso.
— Como?
Landen levantou uma sobrancelha para seu amante, sem saber do
que diabos estava falando.
— Aqui está a coisa, Avery. — Landen mudou-se para sentar na beira
da cama. Vincos nos cantos de sua boca. — Gosto de você, muito. Mas preciso
te contar uma coisa.
— Ok. — Avery se inclinou para frente, apoiando os cotovelos sobre
os joelhos. Tinha uma sensação estranha de que precisava se preparar para
más notícias.
— Preciso te contar... — Apertou as mãos e começou a torcer os
dedos, como se estivesse ansioso. — Eu sou diferente.
— Diferente como? — Agora Avery estava começando a ficar nervoso.
— O que estou preste a lhe dizer pode parecer loucura, e se fosse
você, acharia que eu era louco, também. — Landen soltou uma risada nervosa.
— Landen, você está realmente começando a me deixar preocupado.
O que está acontecendo?
— Eu sou um...  Landen passou a mão pela cabeça raspada. —
Porra! Isso é mais difícil do que pensei que seria.
— O que é mais difícil? O que está tentando me dizer? — Um suor frio
correu sobre o corpo de Avery e sentiu-se tonto. Landen era o primeiro homem
pelo qual Avery poderia ver-se apaixonado e não podia perdê-lo. Fosse o que
fosse, entenderia. Avery deu de ombros. Não podia ser tão ruim assim.
— Só vou dizer isso. Tirar o Band-Aid rápido. — Landen respirou
fundo e disse: — Sou um shifter lobo, o que significa que posso me
transformar em um lobo.
— Hã? — Bem, talvez Avery estivesse errado. Ser compreensivo
parecia muito ruim agora.
Avery abriu a boca e fechou-a novamente. Isto não era o que
esperava que Landen fosse dizer e não estava inteiramente certo do que isso
significava. Ficou lá olhando de olhos arregalados, sem saber o que fazer a
seguir. O homem por quem tinha perdido seu coração era fodidamente louco.

Capítulo Nove

Landen podia ver a confusão e o medo nos olhos de Avery. Deveria


ter esperado essa reação. Se alguém tivesse dito isso a ele, teria tido suas
dúvidas, pensando que a outra pessoa estava mentindo para ele ou tentando
brincar. Mas, no caso de Landen, isso era verdade.
— Avery, dizer alguma coisa. — Landen podia sentir seu coração
acelerando em seu peito. Seu estômago rolou em ondas e bile subiu no fundo
de sua garganta.
— Uh, bem... — Avery soltou um suspiro e fechou a boca apertada,
franzindo os lábios. — O que exatamente quer que eu diga? — Os olhos de
Avery correram em direção à porta.
— Não sei. — Landen levantou as mãos no ar. — Que acredita em
mim ou não. Diga o que está em sua mente.
— Sim, não quer saber o que está em minha mente. — Avery se
levantou.
— Não, não faça isso. — Landen pulou da cama e ficou na frente de
Avery. — Não vou deixar você fugir de mim.
— Não estou fugindo. — Disse Avery com os dentes cerrados e virou-
se para a parede. — Finalmente encontro o cara dos meus sonhos e é um
louco. — Avery murmurou tão baixo, para si mesmo, que se Landen não
tivesse sua audição lobo teria perdido todas as palavras.
— Não sou louco. — Landen estendeu a mão para tocar o ombro de
Avery, que se encolheu para longe. Enviou uma sacudida de dor ao coração de
Landen pensar que seu companheiro o temia. — Disse que sou o cara dos seus
sonhos. Não deveria significar que me dê uma chance de provar isso para
você?
— Você ouviu isso? — Avery perguntou quando se virou, seus olhos
se arregalaram em choque.
— Sim, ouvi um monte de coisas. — Landen bateu na lateral de sua
orelha. — É um efeito colateral da minha condição. — Um pequeno sorriso
curvou o lábio superior. — Ouvi quando seu carro parou na casa. Ouvi subir
ponta dos pés até as escadas e seguir para o banheiro. Levou tudo em mim
para não segui-lo no corredor. — Landen encolheu os ombros. — Mesmo que
não o tivesse ouvido, teria o cheirado. — Ele cheirou o ar. — O aroma fresco,
limpo de seu xampu misturado com o aroma amargo dos grãos de café. E
depois há o seu cheiro natural. O cheiro do orvalho matinal que cobre a grama
na primavera. É como o céu.
— Oh, meu Deus. — Avery caiu pesadamente na cadeira que estava
sentado antes, como se suas pernas perdessem a capacidade de manter o seu
peso. — Por que isso está acontecendo comigo? Não posso ter algo puro e bom
na minha vida, sem toda a loucura? — Perguntou, mas não estava olhando
para Landen.
— Eu sou isso. — Landen caiu de joelhos. — Acho que a única
maneira para que acredite em mim é lhe mostrar.
Landen deixou cair a cabeça para frente, para apoiar o queixo no
peito, e deixou a sensação calmante da mudança tomar seu corpo. O ar em
torno dele começou a brilhar e ouviu arfar da respiração de Avery. O corpo de
Landen contorceu e estremeceu quando começou a mudar de forma. Seu rosto
esticado e puxado para formar o seu focinho longo e os seus ossos rachando e
estalando enquanto mudava a forma. Pêlo brotou sobre sua carne, cobrindo-o
com um cobertor grosso de pelo branco.
Pareciam horas, mas tinha sido apenas uma questão de segundos
para deixar seu lobo vir para frente. Balançou a cabeça e lambeu a sua longa
língua para passar sobre o focinho.
— Santa merda!
Landen olhou para cima para ver Avery sentado com as pernas
puxadas até o peito na cadeira. Sua estava totalmente branca e parecia um
pouco aflito. Mas quem poderia culpá-lo? Tinha acabado de assistir ao seu
namorado, ou de acordo com Avery, o homem de seus sonhos, se transformar
num lobo. Tinha que ser um pouco chocante.
Dando um passo hesitante para frente, Landen choramingou e
manteve a cabeça baixa, fazendo o seu melhor para não parecer ameaçador,
mas era meio difícil quando era um lobo de duzentos quilos, com um
comprimento de corpo de mais de seis metros e as patas do tamanho de uma
grande mão humana. Landen era enorme em forma de lobo e sabia disso,
então tentou parecer pequeno. Andou mais perto de Avery, realizando
manobras em sua barriga.
— Esta é a coisa mais louca que já vi e cresci em Nova York! — A voz
de Avery tremeu quando falou rápido. — Devo estar sonhando. — Avery cobriu
o rosto com as mãos trêmulas.
Landen apoiou em suas patas e inclinou-se para Avery, sacudiu a
língua sobre as costas das mãos de Avery e choramingou novamente.
Numa ação tão lenta que parecia levar horas, Avery tirou as mãos do
rosto. Seus brilhantes olhos azuis estavam arregalados e olhou profundamente
para Landen.
— É realmente você ai dentro. — Avery estendeu um dedo e acariciou
a mandíbula de Landen, então de volta ao redor da orelha. — Seus olhos são a
mesma coisa. — Balançou a cabeça de um lado para o outro. — Landen? —
Avery deixou suas pernas cair no chão.
Landen descansou a cabeça no colo de Avery e esfregou a cabeça de
um lado para o outro, tentando amenizar os seus temores. A mão trêmula
acariciou a pele bem atrás de sua orelha esquerda e um gemido baixo encheu
a sala. Adorava ter mãos de Avery sobre ele nesta forma ou seu um humano.
Avery teve seu tempo tocando Landen e olhando por cima do seu
corpo. Logo estava correndo as mãos para cima e para baixo na testa de
Landen e massageando as suas costas.
Landen respirou fundo e deixe a mudança agir. O esticar e puxar do
seu corpo fez Avery sentar em sua cadeira para assistir. Em questão de
segundos, estava ajoelhado, nu, entre as coxas de Avery.
— Então, acredita agora que não sou louco? — Sorriu para Avery.
— Se você é louco, então também sou. — Avery soltou uma risadinha
nervosa. — Como?
— Venha. — Landen se levantou e estendeu a mão para Avery tomar.
— Vamos fazer isso na cama.
Levou Avery pela mão até a cama e se arrastou em cima do colchão
macio, estendendo os braços para Avery, que deixou cair a toalha no chão e
entrou nos braços de Landen, deixando sua cabeça descansar em seu peito e
enrolando seus braços ao redor da sua cintura.
Landen correu sua mão para cima e para baixo nas costas de Avery
enquanto explicava o que sabia sobre shifters lobo. Ninguém estava certo de
quando tudo começou, ou mesmo quem foi o primeiro shifter lobo conhecido.
Ser um shifter era apenas uma coisa aleatória, como uma pessoa que tem
olhos azuis. Era apenas seu DNA. Explicou que um shifter só poderia nascer,
não se transformar, e poderiam mudar sempre que quisessem. Não eram
escravos da lua e, o mais importante, não eram todos monstros do mal. Claro,
houve alguns shifters que mataram pelo esporte de matar, mas havia seres
humanos assim também. Um monstro era um monstro, não importa qual a
forma em que estavam.
— Será que os outros sabem sobre você? — A mão de Avery em seu
peito parou de se mover.
— Sim, e há outros como eu.
— Como quem? — Avery apoiou em seu cotovelo e olhou nos olhos de
Landen.
— Kyle, Ian, os caras que possuem o café onde trabalha. — Landen
listou todos os shifters lobos que viviam em Silver Creek e Nehalem, a
pequena cidade vizinha. — Todos apenas vivem uma vida normal. Somos como
você, mas com a capacidade de ficar todo peludo e andar sobre quatro patas.
— Landen sorriu.
—Então, Will sabe sobre tudo isso? Seu namorado é um shifter lobo e
ele não me disse? — Perguntou Avery, uma pitada de raiva em seu tom.
— Bem, para ser justo, não estão realmente em condições de falar e
você mesmo está namorando um lobo. — Landen fez um som de estalo com a
boca e piscou para Avery. — As pessoas que vivem em casas de vidro não
devem atirar pedras.
— Sim, bem, acabei de descobrir. Ele sabe... — Avery sentou-se. —
Foda-se, por muito mais tempo do que eu. — Avery se afastou dele e Landen
mudou-se para posicionar as pernas ao redor Avery e puxou o corpo para trás
em seu peito.
— Bebê, por que está tão chateado? — Landen esfregou o rosto mal
barbeado em Avery. — Eu ser um shifter o incomoda tanto assim?
— Não, não é isso. — Avery riu. — Por incrível que pareça, não me
incomoda. O choque inicial de tudo isso me assustou, foda-se, mas me
preocupo demais com você para deixar que isto fique entre nós. — Landen
liberou a respiração que estava segurando. — É mais por meu irmão ser
praticamente um estranho para mim. E ele me odeia, então por que confiaria
uma única coisa para mim?
— Não é da minha conta, mas por que você e Will não são próximos?
Falei com ele hoje cedo, para dizer que você e eu estávamos vendo um ao
outro e ele disse que não se dão bem. Por que isso? — Landen teve que
admitir que estava um pouco preocupado em ouvir o que Avery tinha a dizer
sobre isso. Algo lhe dizia que não era culpa de Will o desvio entre os dois
irmãos.
— Acho que começou quando éramos apenas crianças. Eu estava
sempre correndo atrás dele, querendo estar com ele. — Ele deu de ombros. —
Coisas que todos os irmãozinhos fazem com seus irmãos mais velhos, mas, no
nosso caso, eu lamentava, chorava e esperneava até Will ceder para o que eu
queria. Então, quando ficamos mais velhos, ele era o bom filho e eu tinha
prazer em fazer troça dele, brincando com ele em todas as chances que tive.
Will foi o bom aluno, que não festejava, e eu era o garoto que ficava alto e
bebia com amigos quando tinha treze anos. Mais de uma vez Will teve que me
limpar e colocar na cama. Era mais um pai do que um irmão para mim, já que
nossos pais estavam sempre fora. Mas o que realmente nos afastou foi que
dormi com um cara Will estava namorando na faculdade. Eu sabia o quanto
Will gostava dele e estava com ciúmes. Estava com ciúmes que meu próprio
irmão não podia suportar me ver, então queria lhe pagar com dor. — O corpo
de Avery tremia quando começou a chorar.
— Avery, bebê... — Ele tentou acalmar seu companheiro, mas Avery
soluçava nos braços com abandono, deixando sair toda a sua tristeza e dor
pelo que tinha feito.
— Você disse que eu deveria pedir uma segunda chance, mas como
posso? — Avery ergueu seus braços para se envolver em torno do corpo de
Landen, chorando em seu peito. — Como posso esperar que me perdoe?
— Porque é seu irmão. — Disse Landen simplesmente. — Acho que
ele acha que você não tem nenhum remorso sobre o que fez com ele. E do
jeito que chegou em sua casa, no outro dia, não ajuda. Precisa mostrar a ele o
quanto mudou e que o ama.
— Talvez sim, mas fiz algumas coisas realmente de merda para o
único membro da família que amava. —Avery disse em voz baixa.
— Venha, vamos deitar. Você teve um dia emocionante. — Landen
saiu e acomodou-se na cama. Avery levantou-se para apagar as luzes e voltou
para deitar ao seu lado, de costas para Landen, que se enrolou de conchinha
atrás dele.
Havia ainda a coisa toda de companheiro que precisava discutir, mas
teria que esperar. Não queria que sobrecarregá-lo no momento. Avery estava
lidando com muito e podia esperar mais um ou dois dias para trazer a questão
“sou seu companheiro”.
O quarto estava quieto e Landen deslizou os dedos para cima e para
baixo no lado de Avery. A pele lisa parecia como seda sob as pontas dos dedos
e afundou a cabeça nos fios dourados suaves do cabelo de Avery, deixando-os
fazer cócegas na sua bochecha. Oh, como amava o homem em seus braços.
Queria gritar dos telhados, mas podia esperar. Apenas segurar Avery em seus
braços era suficiente para Landen.
— Ainda está acordado? — Perguntou Avery.
— Estou, realmente não posso dormir. — Landen apertou seu braço
ao redor da cintura de Avery.
— Nem eu. — Avery entrelaçou seus dedos com Landen, onde
descansavam em sua barriga lisa. — Posso te pedir uma coisa?
— Qualquer coisa. — Landen beijou o lado da cabeça de Avery.
— Faça amor comigo. — Avery sussurrou.
Landen começou a beijar o pescoço de Avery, que arqueou as costas,
empurrando sua bunda na virilha de Landen e dando-lhe mais espaço para
beijar o seu pescoço. Landen beliscou um pouco quando passou a mão em
torno do pênis, que se projetava dos macios pêlos pubianos aparados na base
de Avery. Pré-sêmen escorria da ponta e caia na palma da sua mão a,
facilitando o deslizar para baixo do pau de Avery.
A dor no pau de Landen pulsava com a batida de seu coração. Queria
suas bolas enterradas profundamente em Avery. Até agora não soubesse onde
Avery começava e terminava. A mais íntima proximidade compartilhada com
outro indivíduo. Queria tudo isso e muito mais com Avery.
—Pegue o material. — Avery gemeu quando empurrou sua bunda
firme no pau grosso do Landen. — Preciso de você agora.
Landen estendeu a mão para o criado-mudo, abriu a gaveta e tirou o
lubrificante. Abriu a tampa e derramou um pouco na mão. Avery levantou a
perna para cima para envolver atrás Landen, abrindo-se mais para os seus
dedos.
O primeiro toque de carne ondulada sob as pontas dos dedos fez seu
pau pulsar. Avery gemeu quando dedilhou a umidade fria sobre sua entrada
quente. Pressionou no centro e foi mais longe, até que tinha passado a
resistência de Avery. As paredes de seda aquecidas chuparam o dedo esticado.
— Mais... — Avery ofegou, empurrando os quadris para trás.
Landen escorregou outro dedo, depois outro, torcendo seu pulso para
esfregar sobre a próstata de Avery, que gritou e seu pau saltou contra sua
barriga lisa.
Landen puxou sua mão e posicionou a cabeça do pênis inchado na
entrada, apertando de leve.
— Camisinha... — Avery pediu.
— Não precisamos de uma. — Landen mordiscou a orelha de Avery
enquanto empurrava para frente, rompendo o canal perfeito que o puxou mais
profundo. — Shifters lobo não pode pegar doenças humanas.
— Então... Está me dizendo... — A frase de Avery foi cortada por um
gemido profundo, quando Landen empurrou mais profundo. — Eu poderia ter
andado ido sem, em você, esse tempo todo?
— Faz apenas dois dias, amor. — Landen sussurrou em seu ouvido.
— Ainda assim. — Avery começou a mover os quadris em um círculo
e foi a vez de Landen gemer alto no quarto silencioso.
Enquanto se moviam como um só, correndo mais e mais rápido para
seu orgasmo, toda conversa cessou. Landen bombeou seus quadris para
frente, fazendo Avery ofegar. Agarrando Avery atrás de seu joelho dobrado,
usou como alavanca para ir mais profundo, pulsando, embalado pelos gritos da
boca de seu companheiro.
— Ah, merda! Vou gozar. — Avery agarrou seu pau e começou a
masturbar-lo.
— Sim, bebê, goze para mim. — Os dentes de Landen começaram a
alongar e afinar, fazendo sua voz ganhar um som distorcido e grosso. — Quero
sentir você gozar no meu pau.
Avery deixou escapar um gemido e seu corpo estremeceu, se
contraindo contra Landen. Sêmen quente explodiu de fenda de Avery, cobrindo
o peito com bolhas pegajosas de calor.
Entre o cheiro e as lamúrias sexy’s vindo da boca de Avery, Landen
perdeu seu domínio sobre a realidade.
Abrindo a boca, bateu e mordeu a pele lisa, entre o ombro e pescoço
de Avery. O gosto acobreado de sangue quente encheu sua boca. Seu orgasmo
disparou como um foguete, cobrindo as paredes internas de Avery.
— Lan... Landen! — Avery gritou novamente, quando outro orgasmo
sacudiu seu corpo.
À medida que os tremores de seu orgasmo diminuíram, lentamente,
puxou os dentes do ombro de Avery. Lambeu a ferida fechada, mas não tirou
seu pênis do corpo frouxo de Avery. Queria ficar ligado apenas um pouco mais.
— Você está bem? — Landen perguntou depois de alguns minutos de
silêncio.
— Estou fantástico. — Disse Avery num bocejo. — Mas exausto.
— Eu também. — Landen o beijou na bochecha e puxou o
companheiro mais perto de seu peito suado, selando-os juntos e deixando o
sono puxá-lo.
Capítulo Dez

Na manhã seguinte, depois que todos saíram, Avery se levantou e se


preparou para o dia. Fez uma promessa a si mesmo que, uma vez que era seu
dia de folga, iria visitar o irmão. Landen o encheu de tanta esperança de que o
relacionamento do seu e Will era recuperável, que não podia esperar para ver
o irmão.
A tensão nervosa o dominava e poderia mentir, dizendo que era por
saber que o homem pelo qual estava apaixonado era um cão. Um cachorro
grande.
Por mais estranho que fosse, não estava pirando sobre a coisa
shifter. Claro, foi pego desprevenido e, inicialmente, estava apavorado. Mas
assim que os profundos olhos verdes o olharam, tudo desapareceu e que eram
apenas Avery e Landen.
Pegou suas chaves de seu armário e desceu as escadas. Entrou em
seu carro e foi em direção ao café. Não que fosse tentar subornar Will ou
comprar o seu perdão, mas café e muffins não fariam mal.
Enquanto Kyle estava se preparando para a escola, perguntou-lhe se
podia mandar um texto a Ian, para ver se Will estaria trabalhando naquele dia.
Kyle, feliz, mandou e Avery não se surpreendeu quando lhe disse Will estava
no hospital naquele dia. Não queria aborrecer Will com esta conversa em seu
trabalho, mas não podia esperar nem mais um minuto. Sua vida estava
começando a se encaixar. Encontrou um homem pelo qual, de bom grado,
abriria mão de seus caminhos para festas. Encontrou uma casa numa cidade
agradável, onde imediatamente fez verdadeiros amigos. E o melhor, sem
cartas, em três dias, de seu perseguidor. Podia ser apenas três dias sem uma
carta, mas em Nova York estava recebendo uma por dia, às vezes mais do que
isso. Não havia dúvida de Avery estava tendo o seu novo começo aqui em
Silver Creek.
Encontrou uma vaga de estacionamento vazia do outro lado da rua
do café e estacionou seu carro. Estava perto do parque e levou um momento
para apreciar a mudança de cores nas folhas. Vermelhos e amarelos agarrado
às árvores. Foi engraçado. Avery nunca notou as cores brilhantes antes.
Enquanto passeava ao longo do caminho em torno da praça da
cidade, notou um rosto familiar sentado no banco de frente na diagonal do
café. Com as mãos nos bolsos Avery caminhou até o homem.
— PJ, certo? — Avery inclinou a cabeça para dar uma olhada melhor.
O homem estava com um boné de beisebol puxado para baixo,
cobrindo o rosto.
— Oh, oi. — PJ olhou para cima da revista que estava lendo. — Avery,
como vai?
— Não tão ruim e você?
— O mesmo aqui. Apenas apreciando esta bela manhã de outono.
PJ olhou para Avery, como se esperasse que dissesse alguma coisa,
mas Avery tinha acabado de sair da conversa fiada.
— Bem, estou com pouco de pressa. — Avery balançou em seus pés.
— Coisas de família.
— Conheço o sentimento. — Um fantasma de um sorriso curvou o
lábio superior de PJ, mas se foi muito rápido antes que pudesse formar um
sorriso completo.
— Ok, então. Acho que vou te ver por aí. — Disse Avery adeus a PJ e
foi em direção ao café.
— Bom dia, luz do sol. — Shane cumprimentou-o quando entrou pela
porta. — Hoje não é seu dia de folga?
— Sim, mas vim para tomar um café e pegar bolinhos para viagem.
— Avery se abaixou para olhar no balcão expositor de vidro.
— O que tem em mente? —Perguntou Shane.
— Uns que digam que sinto muito por ser um idiota e, por favor,
perdoe-me? — Avery olhou para Shane. — Vou pedir desculpas para o meu
irmão hoje e preciso de toda a ajuda que puder conseguir.
— Bem, Will é um grande fã dos bolinhos de limão. — Shane sorriu
para ele.
— Ótimo. — Avery se levantou. — Dê-me seis deles e dois cafés,
pretos.
— É para já.
Com sua bandeja de café empilhada em cima de sua caixa de muffin,
Avery ficou olhando para entrada da emergência do hospital. O caminho para o
hospital foi muito rápido. Agora se via incapaz de eliminar as etapas restantes
para o hospital.
Foda-se! Endireitou os ombros e se dirigiu para as portas de correr.
Uma vez lá dentro, foi até o balcão onde uma enfermeira se sentava.
— Posso ajudá-lo? — Ela olhou para os presentes nas mãos de Avery
então olhou de volta para seu rosto.
— Sim, estou aqui para ver o Dr. Watterson.
— Claro, querido. — Ela pegou o telefone. — Vou chamá-lo.
Levou apenas cerca de um minuto ou dois, antes de Will vir andando
pela porta dupla no final do corredor. O sorriso em seu rosto caiu quando
avistou Avery.
— Ei, Will. — Avery sorriu brilhante e ergueu as caixas em suas mãos.
— Avery. — Will assentiu com a cabeça e colocou as mãos nos bolsos.
— Como posso ajudá-lo?
Ele parecia tão formal, sem um pingo de emoção na sua voz.
Lágrimas queimaram na parte de trás dos olhos de Avery e olhou para os itens
em suas mãos.
— Esperava que pudéssemos conversar. Se tiver um minuto. — Ele
olhou para o irmão.
Will pareceu debater por um momento, mordendo o interior de sua
bochecha antes de assentir com a cabeça.
— Sim, claro, siga-me. — Will se virou e seguiu o caminho por onde
veio. Segurava um cartão-chave para o painel de caixa ao lado das portas e as
abriu.
— Então, o que quer falar? — Will conduziu Avery para o que parecia
uma sala de descanso e fechou a porta. Se apoiou no balcão, com os braços
cruzados sobre o peito.
— Nós? — Avery disse isso mais como uma pergunta do que uma
declaração. Sentiu-se tolo por querer ter essa conversa enquanto seu irmão
estava no trabalho. Apenas outra razão para Will achar que era um babaca
egoísta e infantil.
— Estou confuso. — A testa de Will franziu. — Está perguntando ou
dizendo isso?
Avery colocou as caixas em suas mãos sobre a mesa-redonda na
frente dele.
— Vim aqui para falar com você. Na esperança de que possa, de
alguma forma, me perdoar por ser um egoísta mimado por toda a minha vida.
— A respiração de Avery correu para fora de seus pulmões numa rajada de
vento. — Não sou perfeito, mas não percebi o quão imperfeito estava até que
vim aqui.— Ele deu de ombros. — Vivi a minha vida para mim e para o que eu
queria e não me importei com quem machuquei. E te machuquei muito. Como
não me matou quando éramos jovens, não tenho certeza. — Todas as coisas
ruins que tinha feito quando era mais jovem passou diante de sua mente como
se estivesse em câmera lenta. A única coisa que se destacava em sua mente
era que Will nunca perdeu a calma. Levou toda a merda que Avery lhe
entregou e não disse uma palavra. Will sempre conseguiu manter a calma e
pensar racionalmente, mesmo quando encontrou o namorado dentro nele. —
Estou tão arrependido, Will. — Avery desabou na cadeira vazia e escondeu o
rosto entre as mãos e deixar as lágrimas caírem. — Sou uma pessoa de merda
e quero provar que mudei. Não sou mais tão idiota. — Olhou para seu irmão
com os olhos manchados de lágrimas. — Juro.
Will não disse nada por um longo tempo. Ficou em silêncio
observando Avery se enrolar como um bebê. Mas Avery não tentou esconder o
que estava sentindo. O peito dele estava rasgado de emoção. Deveria ter feito
isso há muito tempo, mas era muito idiota e teimoso para aceitar sua culpa no
racha entre ele e Will.
— Sabe, deveria ter chutado sua bunda naquela época. — Avery
olhou para cima para ver Will sorrindo para ele. — Talvez se tivesse, você não
teria sido uma merda. — Will puxou a cadeira ao lado de Avery e sentou-se.
— Então é sua culpa? — As bochechas de Avery aqueceram e sorriu
timidamente para seu irmão. — Por não ser mais um cara durão?
— Não é só culpa minha, mas deveria ter batido de volta na linha em
mais de uma ocasião. — Will fez um gesto para a caixa em cima da mesa. —
São para mim?
— Sim. — Avery passou a mão sobre os olhos. — Shane disse que
eram seus favoritos.
Os olhos de Will se arregalaram quando abriu a caixa e sorriu.
— E ele estava certo. — Will pegou um dos bolinhos e deu uma
mordida. Depois de mastigar outra grande mordida, disse: — Então, acho que
estar com Landen tem sido bom para você?
Avery não podia acreditar como o amor o fez, finalmente, perceber
como sua vida tinha sido uma merda antes. No espaço de três dias, tinha
mudado completamente de quem costumava ser e o que pensava que queria
da vida. Era incrível o que o amor podia fazer com uma pessoa.
— Muito. — Um sorriso enorme espalhou por seu rosto e Avery
começou a rir. — Estar com Landen me fez querer ser um homem melhor para
ele, que também acredita em mim. No primeiro dia que apareci na cidade e lhe
disse quanto você me odiava, ele me disse para não desistir. Que se o amasse
o suficiente e provasse que poderia ser um homem melhor, então você iria vê-
lo.
— Avery, nunca odiei você. — Will colocou o bolo para baixo. —
Estava frustrado com você, mas nunca o odiei. Meio que me culpava pela
forma como acabou. Mamãe e papai estavam sempre fora e as babás que
tivemos não davam a mínima para nós. Deveria ter estado mais lá para você.
Acho que nós dois somos culpados pela situação de nossa relação.
— Mas o que fiz com você, dormir com seu namorado... — Avery não
quis trazer todo o fiasco com o ex-namorado de Will, Jonathon, e o que tinha
acontecido.
— Sim, isso foi duro, ver meu então namorado fodendo o meu irmão
mais novo, mas estava preste a acontecer. Ele era um idiota. Mas vê-lo com
ele e como você não se importava com nada, me ajudou a finalmente deixar ir.
Queria parar de me sentir responsável por você e isso me deu a chance de me
libertar desse fardo. — Will deu outra mordida em seu muffin. — E, além disso,
tive a minha vingança sobre aquele idiota bajulador. Encontrei com ele uma
semana depois que aconteceu, no estacionamento do hospital que trabalhava e
dei-lhe um surra nela. Disse a ele que você tinha apenas dezessete anos e
que, se apresentasse queixa contra mim, eu o jogaria na cadeia por estupro.
— Eu tinha dezoito anos. — Avery deu uma risadinha.
— Então... — Will encolheu os ombros. — Ele não sabia, mas sabia
que era jovem. Não deveria ter se aproveitado da situação. Mesmo que você
estivesse tendo relações sexuais por anos antes disso, ainda era muito jovem.
Odiava saber que você estava se prostituindo pela cidade com seus amigos.
Você precisava ser uma criança e nunca teve essa chance, e na primeira
chance que tive de lavar as mãos, eu fiz. Por isso, Avery, sinto muito.
— Não sinta. — Avery estendeu a mão e enxugou uma lágrima que
escapou de seu olho. — Só saber que se importa o suficiente. É engraçado,
realmente. Estava sempre agindo para chamar sua atenção. Acho que nunca
assumi que iria afastá-lo com isso.
— Nós dois somos culpados, Avery. — Will pegou o bolo e colocou no
balcão. — Não é como se tivéssemos os melhores exemplos enquanto crescia.
— Não, não tivemos. — Concordou Avery.
— Por isso digo que é um começar de novo. Deixe o passado ficar no
passado e podemos seguir em frente e ser a família que nunca fomos. O que
diz? — Perguntou Will.
— Acho que realmente gosto disso. — Will levantou-se, puxou Avery
de pé e o abraçou com força. Foi o abraço que Avery estava esperando há
anos para ter. Foi perfeito.
— Então, como está levando a coisa toda de lobo? — Will sussurrou
quando olhou para a porta fechada.
— Ok. — Avery sugou seu lábio inferior. — Quero dizer, me apavorei
totalmente quando Landen mudou na minha frente, mas, depois do choque
inicial, não estava com medo. — Ele sorriu enquanto voltava a pensar na noite
anterior. Estendeu a mão e tocou a mordida em seu pescoço. — Olhei em seus
olhos verde-escuros e sabia que este era o homem que amava e se
transformava num grande lobo, e ainda o amo.
— Isso é porque são companheiros. — Will disse enquanto tomava um
gole de café. — Eu me lembro quando Ian me disse. — Will continuou a falar,
mas Avery só estava parcialmente ouvindo.
O que era um companheiro?
— Desculpe-me, o que significa essa palavra? — Avery interrompeu
Will.
— Que palavra?
— Companheiro?
— Oh, merda. — Will colocou o seu copo para baixo e limpou as mãos
num guardanapo. Olhou ao redor da sala, nervoso. — Landen não conversou
após revelar que era um lobo?
— Conversamos sobre ele ser um shifter e depois tivemos sexo.
— É. — Will estremeceu e levantou as mãos. — Não preciso saber
essa parte.
— Sinto muito. — Avery corou. Isto era uma coisa estranha para ele.
Desde quando corava? — Então, de volta a esta coisa companheiro. O que é
isso?
— Você realmente deve falar com Landen. Ele deve ser o único a
dizer-lhe. — Will se levantou e fechou a tampa da caixa de muffin.
— Oh, não, não. — Avery se esticou através da mesa e agarrou Will
pela manga do jaleco branco. — Ele teve sua chance e agora estou pedindo
para você.
Will revirou os olhos e puxou sua mão de Avery.
— Tudo bem, mas Landen realmente devia ser o único a dizer-lhe. —
Will sentou-se e respirou fundo. — Aqui está a coisa. Lobo shifters tem um
companheiro para a vida. É um vínculo que não pode ser quebrado ou
ignorado. A atração é sentida de imediato, uma vez que os vê não pode
manter suas mãos fora deles. É como se estivesse no alto de uma espécie de
afrodisíaco. Lembro da primeira vez que vi Ian. — Um sorriso doce surgiu no
rosto de Will e seus olhos ficaram um pouco vidrados. — É amor à primeira
vista, Avery. Não há outra maneira de explicar. Você os ama sem questionar
ou duvidar. É uma sensação incrível.
— E sou o de Landen? — Avery perguntou, um pouco chocado, mas
estupidamente exaltado que não sabia o que fazer. A parte infantil dele queria
saltar para cima e para baixo e dançar pelos corredores do hospital, mas a
parte adulta estava chateada. Landen devia ter-lhe dito na noite passada. Isto
era, afinal, sobre eles e o resto de suas vidas juntos.
— É. — Will assentiu com a cabeça. — Ele me disse no outro dia,
quando veio me ver. Presumi que ele te disse e... — Will apontou para o
ombro de Avery, onde a marca aparecia no canto. — A marca de mordida em
seu pescoço... Os lobos têm uma coisa para morder seus companheiros.
— Obviamente. — Avery estendeu a mão para tocar a pele áspera.
O som do nome de Will sendo chamado pelo interfone os
interrompeu.
— Bem, o dever chama. — Will se levantou. — Não fique muito
chateado com Landen. Ele é um cara bom e não foi criado por shifters lobo.
Portanto, isto tudo é novo para ele, também. — Will deu um tapa no ombro
dele e se dirigiu para a porta. Avery seguiu Will para fora da sala e foi na
direção oposta de seu irmão. — Avery! — Will o chamou.
— Sim? — Avery virou-se para seu irmão.
— Estou contente que conversamos.
— Eu também. — Avery correu de volta para seu irmão e passou os
braços em volta dele e segurou firme. — Amo você, Will.
— Também te amo, irmãozinho. — Will beijou o lado de sua cabeça e
deu um passo atrás. — Mas ainda deve Kelsey uma bicicleta.
— Certo. — Avery acenou com a cabeça. Kelsey era irmã de Ian e,
pelo que tinha aprendido, Will a amava como se fosse sua. — Vou levá-la para
fazer compras de bicicleta uma vez que receber o pagamento.
Will disse adeus e Avery deixou o hospital. Todo o caminho para casa
estava em guerra com a sua voz interior. Era como nos desenhos animados,
com o anjo num ombro e o diabo no outro. Metade dele queria ter uma
conversa amorosa com Laden. Ser o companheiro de Landen era uma enorme
foda e não poderia estar mais feliz em saber que este homem era seu até o dia
que morresse. Mas havia aquela parte dele, a parte irracional, que não
conseguia se acalmar por Landen omitir algo tão importante dele.
— Sua bunda é tão minha. — Avery puxou o carro na garagem e saiu.
Olhou para o relógio e viu que era apenas onze horas e Landen não
estaria em casa por mais uma hora ou algo assim. Isso era bom. Estava bem
com a espera.

Capítulo Onze

A última aula de Landen terminou tarde e chegou em casa com meia


hora de atraso. Prometeu a Avery que estaria em casa ao meio-dia e
almoçariam juntos. Também tinha planejado deixar cair a bomba
'companheiro'.
Colocou o jipe no jardim e saiu. Entrou pela porta da frente e chamou
por Avery, mas não teve resposta. Sem pensar sobre isso, acabou indo para a
cozinha. Seu estômago roncou e achou melhor comer alguma coisa antes de
dizer Avery, possivelmente, a maior novidade de suas vidas.
Um texto em seu telefone soou e olhou para baixo enquanto se
dirigia para a cozinha e, totalmente distraído, encontrou Avery sentado à
mesa.
— Merda! — Ele pulou para trás de surpresa. — Você me assustou.
Liguei para você, mas você não disse nada. — Avery estava sentado com os
braços cruzados sobre o peito, os olhos apertados para ele. — Estão todos
bem?
— Não posso acreditar que não me contou. — Avery bateu as mãos
em cima da mesa. Observou enquanto Avery ficava de pé e pisava para trás e
para frente, andando no chão da cozinha. — Depois de tudo o que falou a noite
passada, conseguiu deixar de fora o fato de que somos almas gêmeas.
— Chamamos de companheiros, simplesmente. — Landen o corrigiu.
— Tanto faz. — Um grunhido frustrado deixou os lábios de Avery. —
Deveria ter me contado. Deveríamos ser conectados um ao outro e confiar em
mim, mas sinto que não sabemos nada sobre o outro. Você não confiou em
mim o suficiente para me dizer na noite passada?
— Confio em você.
— Então, por que diabos não disse nada? — Avery virou para ele. —
Estou fodidamente apaixonado por você, Landen. Deveria ter me contado. —
Avery desabou em sua cadeira, deixando cair a cabeça para frente para
descansar em seus braços.
Os olhos de Landen se arregalaram com a confissão de Avery. Ele o
amava. Avery estava apaixonado por ele. Essa foi a melhor coisa tinha ouvido
falar.
— Você me ama? — Landen perguntou se ajoelhando ao lado de
Avery e virou sua cadeira para encará-lo. Quando Avery ainda não olhava para
ele, colocou um dedo sob o queixo e inclinou a cabeça para cima. — Você me
ama.
— É claro que amo. — Avery sacudiu a cabeça para se libertar de
Landen. — E deixe-me dizer-lhe, menino lobo, não amo. Então, imagine minha
surpresa quando percebi que estava me apaixonando por você. Teria sido
muito bom saber que não estava perdendo minha cabeça e que você e eu
estávamos destinados a ficarmos juntos. — A voz de Avery suavizou. — Eu te
amo mais a cada minuto que passa, se isso é possível.
— Também te amo, Avery. — Landen caiu de joelhos e se inclinou
para beijar os lábios macios de Avery. — E sinto muito por não ter dito algo na
noite passada. Só não queria sobrecarregar o seu cérebro com tudo isso.
— Confie em mim quando digo para, por favor, sobrecarregar. Posso
aguentar. — Os olhos de Avery começaram a encher de água e afastou uma
lágrima fugitiva. — Há tanta coisa que não sabemos sobre o outro. Sinto que
precisamos descarregar toda a nossa bagagem pessoal. Se vamos passar o
resto de nossas vidas junto, temos de botar essa merda para fora.
— O resto de nossas vidas? — Landen sorriu. — Adoro o som disso.
— Eu também, seu grande idiota. — Avery colocou as mãos sobre as
bochechas de Landen e o beijou intensamente.
Depois de mais alguns minutos de beijos, Landen o puxou e subiu as
escadas, onde disse a Avery cada detalhe chato de sua vida. Ele lhe contou
sobre seus pais e ser adotivo. Também disse como conheceu Kyle e os outros.
Cada detalhe, até mesmo as pequenas coisas odiar como ervilhas e não gostar
que sua comida seja tocada.
Em seguida, foi a vez de Avery. Não podia acreditar na vida que
Avery levava em Nova York. Ele tinha apenas vinte e um, um ano mais velho
do que Landen, mas tinha vivido muito nesses curtos anos. Todas as drogas,
bebendo e festejando. Parecia tão estranho saber que Avery costumava ser
assim. Não era nada como o homem que se apaixonado.
— Meus dias de festas ficaram no caminho da escola. — Avery deu de
ombros. — Não querendo desistir da bebida e do sexo casual, sai fora da
faculdade. Meus pais ficaram decepcionados e fizeram questão de me deixar
saber que, mais uma vez, eu não estava à altura do grande Will Watterson.
Não que culpe Will ou qualquer coisa. — Avery arranhou a lateral da cabeça. —
Oh, e a melhor amiga de minha mãe me pegou transando com seu marido.
Acho que foi mais do que parar a escola que chateou meus pais.
Por que decidiram fazer isso? O rosto de Landen queimava com todas
as coisas Avery lhe disse. Talvez fosse ingênuo, mas nunca faria nenhuma
dessas merdas. Tinha medo de deixar seus pais decepcionados ou seus
amigos. Mas isso era tudo no passado de Avery e não ia usar contra seu
companheiro.
— Então, há mais alguma coisa que quer me dizer? — Landen
perguntou quando relaxou na cama, precisando de uma soneca depois de toda
a abertura de alma que acabaram de fazer.
Avery ficou em silêncio por tanto tempo que Landen, na verdade,
sentou-se. Houve um profundo sulco abaixo do centro da testa de Avery e ele
mordiscava seu lábio inferior.
— Bebê, você está bem?
— Sim, ótimo. — Avery sorriu então se lançou para Landen. —
Acredite ou não, me sinto mais leve.
— Tinha imaginado. — Landen gemeu quando rolou Avery debaixo
dele. — Tudo a porcaria que estava segurando, tinha que ser pesado como o
inferno.
— Ei. — Avery fez cócegas nos lados da Landen. — Você queria saber.
— Lembre-me disso, da próxima vez que eu quiser saber alguma
coisa. — Landen agarrou o pulso de Avery e prendeu-os acima de sua cabeça.
Todo riso desapareceu de seus lábios quando olhou para seu companheiro. —
Eu te amo, não importa o que, Avery. Você é meu.
— O mesmo aqui, menino lobo. — Avery entrelaçou os braços em
volta do pescoço de Landen e puxou o para um beijo.
Landen foi de boa vontade, com uma leveza em seu próprio coração.
A vida era tão boa. Nada poderia dar errado.

*****
Fazia mais de uma semana desde que Avery se mudou para Silver
Creek e sua vida entrou numa rotina. Nunca pensou que seria assim, mas
adorava ter uma programação e ter por perto as pessoas que se preocupavam
com ele. A vida estava indo tão bem, que tinha ainda verificado Hemsworth e
preencheu os pedidos para iniciar o próximo semestre.
Landen tinha falado tanto sobre se tornar um professor que Avery
pensou que também queria fazer algo assim. Havia tantas crianças no mundo
que tinham pais ausentes como ele e se pudesse fazer a diferença na vida de
uma criança, se sentiria como se tivesse feito algo.
Também tinha começado a sair com seu irmão. Will passava tempo
com ele e que o gastavam apenas começando a conhecer um ao outro
novamente. Às vezes parecia que eram praticamente estranhos.
Mas a melhor parte era que não tinha recebido uma carta de seu
misterioso perseguidor. A vida era absolutamente perfeita.
— Avery, obrigado novamente por trabalhar até mais tarde. — Disse
Dominic enquanto o ajudava a limpar os balcões.
— Sério, Dominic, não é um problema. — Ele deu de ombros. —
Preciso do dinheiro extra de qualquer maneira. Devo a uma menina uma
bicicleta nova e, vamos apenas dizer, ela tem um gosto caro. — Avery
estremeceu quando se lembrou da longa discussão que ele e Kelsey tinham
tido sobre sua bicicleta mutilada. Num ponto, Avery pensou a pequena iria
bater nele.
— Ainda aprecio isso, cara.
Uma vez que o café estava limpo e tudo foi guardado, Dominic
segurou a porta da frente para Avery e disseram boa noite na calçada. O carro
de Dominic estava estacionado bem na frente e Avery acenou quando foi
embora.
Avery foi para seu carro pela rua. Era uma noite clara e as estrelas
iluminavam o céu enegrecido. Os dias estavam ficando mais frio e as noites
ainda mais. Puxou a gola do paletó apertado em torno de suas orelhas e
abaixou a cabeça, protegendo contra o vento gelado.
Quando chegou ao seu carro, bateu as fechaduras e pulou para
dentro. Ligou o carro e esperou que o aquecedor soprasse um pouco de ar
quente. Relaxou no assento e deixou cair a cabeça para trás. Fechou os olhos
por um momento, apenas curtindo o zumbido de calor soprando a seus pés.
Um carro que passava fez Avery abrir os olhos. Ele se sentou e
começou a puxar o cinto de segurança quando algo branco contra seu pára-
brisa chamou sua atenção. Um calafrio percorreu suas costas, mas não foi por
conta do tempo lá fora. Engoliu o nó na garganta, abriu a porta do carro e
saiu. Olhou para os lados, mas não vi nada fora do comum. Pegando a nota
sob o limpador de pára-brisa, Avery abriu e a leu.
Em breve, meu amor. Nós vamos estar juntos. Logo!
— De novo não. — Avery deixou cair carta de seus dedos trêmulos e o
vento a levou embora. Caiu contra seu carro lutando contra o pânico.
— Cara, você está bem?
Avery soltou um grito de surpresa ao ouvir a voz vindo da parte de
trás do seu carro. Olhou para ver PJ olhando para ele, cansado.
— PJ, você me assustou. — Acalmou-se ao ver um rosto familiar.
— Percebi. — Os olhos de PJ foram para cima e para baixo da rua
como se estivesse procurando algo. — Você está bem agora?
— Sim. — Avery abriu a porta do carro. — Obrigado por verificar.
Acho que a rua tranqüila e escura me assustou.
— Se tem certeza que está tudo bem, vou sair. — PJ acenou por cima
do ombro.
— Estou, obrigado. — Avery voltou para o carro e colocou o cinto de
segurança. Acenou para PJ quando passou por ele.
Quando chegou em casa, correu para a porta. Antes de entrar, olhou
para o bairro tranquilo. Nada parecia fora do lugar. Tomou uma respiração
profunda do ar frio. Talvez fosse apenas uma coincidência. Nada para se
preocupar. Ou, pelo menos, foi o que disse a si mesmo.
Avery entrou e subiu as escadas. Tomou um banho rápido depois se
arrastou ao lado de Landen dormindo. Passou os braços ao redor da cintura de
seu companheiro e apertou forte, como se estivesse tentando se tornar um
com Landen.
O sono não chegou rápido naquela noite. A letra cursiva e inclinada
da carta brilhava em tinta preta por trás de suas pálpebras. Fez uma promessa
que se recebesse mais, diria a Landen. Não queria que o que quer que fosse se
intrometesse em sua vida atual.

Capítulo Doze

— Eu juro que se não escolher uma, vou te deixar aqui. — Avery


passou a mão sobre os olhos cansados enquanto estava esperando por Kelsey
para escolher uma bicicleta para substituir a que ele passou por cima de seu
primeiro dia no cidade.
Era uma tarde de quarta-feira e tinha acabado de sair do trabalho,
pegou a princesa na escola e a trouxe para a única loja de brinquedos na
cidade. Fileira após fileira de opções para escolher e Kelsey não conseguia se
decidir.
— Se fizer isso, Will vai acabar com você. — Kelsey ajoelhou-se ao
lado de um dos modelos.
— Ei, fofoqueira. — Avery levantou o pé para chutá-la na bunda.
Ela balançou a cabeça e volta e fez um estalo com os dentes.
— Cuidado, senhor. Eu mordo. — Avery riu e Kelsey voltou para
inspecionar as bicicletas.
Avery andou pelo corredor, dando a Kelsey algum espaço. Levantou a
mão para cobrir seu bocejo. O dia parecia se arrastar por mais tempo do que o
habitual. Ainda precisava de algum tempo para se acostumar a levantar às seis
da manhã, pelo menos Landen sempre se levantava com ele e o acompanhava
até o seu carro.
Naquela manhã Landen o beijou por tanto tempo e tão
profundamente, que Avery praticamente saltou dele na garagem. Estar
cansado e com tesão nunca era uma boa combinação.
Parou para olhar para uma tela de jogos para o Xbox. Nunca tinha
entendido o conceito de jogar videogames por horas a fio. Landen e Levi
entravam em longas sessões de Black Ops2, e Avery tinha que andar
praticamente nu só para chamar a atenção de Landen.
— Ei, Ave. — Kelsey correu até ele, carregando alguma coisa na mão.
— Encontrou uma?
— Não, ainda não, mas esse cara me pediu para te dar isso. — Ela
estendeu a mão e Avery olhou para baixo para ver um pedaço branco de papel
dobrado na mão fina.
Avery arrancou-a de sua mão e abriu-a. Era a mesma escrita bonita,
mas os ângulos eram mais nítidos e havia lágrimas no papel, e a nítida força
da caneta cavando nele.
Como você pôde? Precisa ser punido por sua exposição pública desta
manhã. Ninguém está autorizado a tocá-lo, apenas eu. Você é meu e não vou
compartilhar. Não me deixe irritado ou alguém vai se machucar. Vejo você em
breve, meu amor.
O coração de Avery começou a trovejar em seu peito. Olhou ao seu
redor, girando em círculo. As crianças corriam ao redor da loja com os pais não
ficam muito atrás, nada de suspeito.
— Quem te deu isso? — Avery perguntou puxando Kelsey para seu
lado.
— Não tenho certeza. — O rosto de Kelsey franziu. — Estava olhando
para a qualidade dos pneus da bicicleta azul, alguém bateu no meu ombro e
disse para dar isso para o cara de suéter vermelho. O que diz? — Ela se
levantou na ponta dos pés, tentando pegar um vislumbre do conteúdo.
— Nada. — Avery dobrou o pedaço de papel para trás e enfiou-o no
bolso. Agora eram duas cartas que tinha recebido desde que se mudou para
Silver Creek. Esta não era apenas uma coincidência. — Vamos lá.— Avery
agarrou a mão de Kelsey e correu para frente da loja e da saída. — Precisamos

2
Call of Duty: Black Ops é um jogo eletrônico de tiro em primeira pessoa.
chegar em casa.
Avery sentiu como se todos estivessem olhando para ele. Tantos
olhos, nenhum familiar. Não gostou nem um pouco. Qualquer uma dessas
pessoas poderia ter escrito aquela carta.
Kelsey deve ter percebido a tensão rolando de Avery em ondas,
porque não disse uma única palavra no carro até em casa. Ele puxou para a
casa de Will e estacionou o carro. Saiu, abriu a porta de Kelsey, pegou sua
mão e praticamente a arrastou para a porta da frente. Uma vez na porta de
madeira grossa, começou a bater com o punho até o ponto de doer. O medo
de estar sendo observado o aterrorizava e achou que ia colocar Kelsey em
perigo sem que soubesse.
— Onde é o fogo? — Will perguntou quando a porta abriu.
— Vamos lá, Kelsey. — Avery empurrou-a para frente e deu mais um
olhar para trás, em direção a rua aberta. Avery fechou a porta e virou a
fechadura. Puxou a cortina que cobria a janela estreita ao lado da porta.
— Avery, o que está acontecendo com você? — Will perguntou,
dando-lhe um olhar engraçado.
— Ele está agindo de forma estranha durante todo o caminho para
casa. — Kelsey por cima do ombro enquanto se dirigia para a cozinha. —
Tenho que admitir. — Kelsey virou e ergueu as mãos. — É um pouco
assustador. — Ela virou-lhe as costas e entrou na cozinha.
— Avery, você está bem? — Will estendeu a mão para descansar no
seu ombro. No contato, Avery pulou e gritou como se tivesse sido atingido. —
Que diabos, Avery! — Will estalou. — O que está acontecendo com você?
— Está começando de novo. — Avery passou os braços ao redor da
cintura e as lágrimas inundaram seus olhos. — Eu... Eu pensei que iria parar
quando me mudei, mas ele me encontrou.
— Quem te encontrou? — Will balançou a cabeça de um modo que
dizia que não entendia.
— Eu não sei! — Avery gemia e seus olhos se arregalaram.
— Tudo bem, acalme-se. — Will estendeu hesitante a mão e puxou
Avery em direção ao seu peito.
Avery se lançou para frente e agarrou seu irmão com tanta força em
torno da cintura, que pensou que poderia quebrá-lo em dois. Avery permitiu
que Will o levasse para o sofá e sentasse com ele. Will o balançou para frente
e para trás, enquanto as lágrimas de Avery umedeciam sua camisa. Avery se
sentia impotente e fraco.
Era um homem adulto que devia ser capaz de lidar com seus próprios
problemas, mas, neste caso, não sabia exatamente com o que estava lidando.
Uma ameaça sem nome e sem rosto que não tinha ideia de como lutar.
— Diga-me o que aconteceu. — Disse Will em voz calma, sua mão
esfregando para cima e para baixo nas costas de Avery.
Avery endireitou-se e apertou as mãos.
— Tudo começou há um ano.
— O que começou?
— Comecei a receber cartas. — Ele deu de ombros. — Como de um
admirador secreto. Dizendo o quão bonito achava que eu era e como qualquer
cara teria a sorte de me ter. Coisas assim, nada assustador. — Avery levou
seu dedo até a boca e começou a mastigar a unha já mordida. — Então
comecei a recebê-las com mais freqüência, como todos os dias. — A voz de
Avery começou a engasgar. — Apareciam sob a porta do meu apartamento, na
minha janela do carro e em meus livros da escola.
— O quê? — Will gritou, mas Avery continuou com sua história.
— Estava sob um monte de estresse com a escola e estava festejando
demais, e então aconteceu a merda com mamãe e papai. Só não sabia o que
fazer. — Avery enxugou os olhos. — Cheguei em casa, depois de estar fora
durante toda a noite, para ver que a nota tinha sido deixada na minha cama. A
cama tinha sido feita, o que nunca faço, nunca! — A voz de Avery caiu tão
baixo que não sabia se Will seria capaz de ouvi-lo. — Na cama havia a marca
de um corpo, como se alguém tivesse sido deitado ali por um bom tempo. A
carta dizia o quão desapontado estava comigo. Que não deveria dar o meu
corpo a qualquer um. — Outro episódio de choro tomou conta de seu corpo e
Will o abraçou enquanto chorava.
Depois de alguns minutos, Will perguntou:
— Quem você acha que está fazendo isso?
— Se soubesse, não estaria tão assustado. — As mãos de Avery
começaram a tremer. — Só recebi cartas, nada mais.
— Por que você não foi a polícia ou disse a mamãe ou papai?
— Oh, sim, certo! — Avery revirou os olhos. — Como se nossos pais
teriam dado a meus problemas um segundo pensamento. Eles só se
preocupam com eles mesmos e só se preocupam se os estou envergonhando.
E a polícia? Não fui, porque... — Avery se lembrava de receber a primeira carta
e como ela animou todo o seu dia. Na verdade, esperou por outra e outra, mas
depois se tornou muito. — Will, gostava de receberas cartas no início. Saber
alguém lá fora, se preocupava comigo.
— Oh, Ave. — Os braços de Will apertaram em seu ombro e Avery
deixou-se ir. Chorou pelo terror que sentia e por sua própria maneira confusa
de pensar que a ter essas cartas era de alguma forma uma coisa boa. Estava
tão carente de amor e atenção que tomaria de qualquer um. O único destaque
de seus dias sombrios era receber essas pequenas notas doces. Que idiota
tinha sido.
— Será Landen saber sobre isto? — Will perguntou, enfiando a mão
no bolso.
— Não. — Avery balançou a cabeça. — Pensei que tinha parado uma
vez me mudei, mas depois comecei a ter as cartas novamente. Uma no meu
carro no outro dia e esta que foi dada a Kelsey. — A voz de Avery quebrou. —
Sinto muito, Will. Nunca iria colocá-la em perigo. Eu juro.
— Eu sei, Avery. Eu sei. — Will beijou o topo de sua cabeça. — Agora
vou chamar Landen e pedir que Levi e Oliver venham com ele. Precisamos que
saibam. Oliver e Levi podem não ser a polícia, mas podem ajudar a protegê-lo.
Avery acenou com a cabeça. Não queria envolver mais ninguém
nessa confusão, mas que outra opção tinha? Seu namorado era um shifter
lobo, o que na mente de Avery fazia dele um pouco mais perigoso do que o ser
humano médio. Em seguida, tinha Levi e Oliver, caçadores que policiavam o
mundo shifter. Não eram da polícia, mas, maldição, estava perto o suficiente
disso.

Capítulo Treze

Landen acabara de entrar pela porta da frente quando seu celular


começou a tocar.
— Olá.
— Ei, Landen, sou eu, Will.
— Ei, Will. Como está indo? — Landen perguntou quando colocou sua
mochila na mesa da cozinha e abriu a porta da geladeira.
— Landen, Levi e Oliver estão em casa? — Will perguntou, sem se
preocupar em responder a pergunta de Landen. — Realmente preciso que os
três venham a minha casa. — Houve uma longa pausa. — Trata-se de Avery.
O corpo de Landen congelou.
— O que houve? Ele está bem? — Landen estava indo para a porta.
— Sim, ele está bem, mas existem algumas coisas que precisamos
discutir. Juro que ele está seguro. Avery está sentado ao meu lado.
— Deixe-me falar com ele. — Landen esperou enquanto Will puxou o
telefone longe de sua orelha. Sua audição extraordinária lhe permitiu ouvir
cada palavra que Will disse. Ouviu-lhe dizer a Avery que ele queria falar com
ele, mas Avery respondeu com uma voz fraca e derrotada que não tinha
vontade de falar. Landen não gostou nem um pouco. Tudo tinha ficado muito
bem naquela manhã. Não, melhor do que bem. O que tinha acontecido nas
últimas oito horas desde que tinha visto seu companheiro?
— Landen, ele não sente vontade de falar. Não tome isso
pessoalmente. Está mentalmente esgotado. É só pegar os caras e vir aqui
agora. — Will desligou o telefone.
— Levi! Oliver! — Landen gritou enquanto se dirigia de volta para a
porta da frente.
— Por que está gritando? — Levi olhou por cima do corrimão no andar
de cima.
— Tudo bem? — Oliver saiu de seu quarto seguido de perto por Kyle.
Ambos estavam sem camisa e Landen sentiu uma pitada de culpa por
interromper a sua diversão, mas Avery precisava deles.
— Will acabou de ligar. Algo está errado com Avery. Ele quer que a
gente vá lá agora. — Disse Landen apressado. Abriu a porta da frente e saiu
para a varanda. À distância, podia ouvir Levi correndo escada abaixo. O medo
na voz de Kyle quando perguntou a Oliver o que estava acontecendo fez
Landen correr mais rápido. Não se incomodou em pegar seu carro. Correu o
mais rápido que pôde para a casa de Will. Seus olhos lacrimejaram e a brisa
fresca agitava as lágrimas. Os músculos de suas pernas gritaram quando se
empurrou mais duro do que já tinha feito antes. Tudo o que importava era
chegar a Avery.
Uma vez que chegou a casa de Will, enxugou as lágrimas e bateu na
porta.
— Landen, entre. — Ian, o irmão de Kyle, atendeu a porta. — Ele está
na sala de estar.
Tudo ao seu redor estava bloqueado de sua vista, assim que seus
olhos se concentraram em seu companheiro sentado no final do sofá, roendo
sua unha.
— Oi, Landen. — Will estendeu sua mão enquanto caminhava em
direção a ele. — Por que não se senta? — À menção de seu nome Avery, olhou
para cima. Seus olhos estavam brilhantes e úmidos.
— Ei, bebê. — Landen sentou ao lado de Avery e colocou o braço
sobre o ombro. — O que está acontecendo?
Nesse momento a porta da frente se abriu e Kyle, Oliver e Levi
entraram. Conversaram com Will e Ian, por um momento, e foram se juntar a
ele e Avery na sala de estar.
— Então, qual é, pessoal? — Levi perguntou, suas sobrancelhas
arqueadas enquanto seus olhos corriam entre Landen e Avery.
— Essa é uma boa pergunta. — Landen olhou para Avery.
Landen viu quando o punho de Avery apertou e depois relaxou em
seu colo. Sua cabeça ainda estava baixa e não olhou no rosto de ninguém.
Este não era um comportamento normal de Avery. Seu companheiro era uma
borboleta social que nunca se esquivava de multidões, especialmente uma
multidão de seus próprios amigos e familiares.
— Avery, quer dizer a eles? — Will perguntou quando se sentou na
cadeira ao lado de seu irmão.
— Não... — Avery limpou a garganta e olhou para cima. — Aqui está o
negócio. — Ele tomou uma respiração profunda. — Tenho um perseguidor.
— O quê? — Landen recuou, surpreso com a explosão de Avery. Ele
disse como se não foi um grande negócio. Este seria o caso, se não fosse por
Will reunir todos juntos, portanto, devia ser muito importante.
— Cerca de um ano atrás, comecei a receber essas cartas. Nada
grande, apenas coisas dizendo o quão bonito eu era e que esperava que
tivesse um bom dia. Fizeram-me sentir bem. — Avery olhou para Landen
então, com um sorriso aguado. — Pensei que eram doces e não pensei em
nada disso, até que percebi que estava entrando em meu apartamento e então
ele me seguiu até aqui.
— Você já foi à polícia sobre isso? — Perguntou Landen.
— Não. — Avery balançou a cabeça. — Como disse no começo, eu
gostava de recebê-las. Gostei de cada palavra.
— Uau! — Os olhos de Levi se arregalaram pela confissão de Avery.
Landen ficou um pouco chocado com a admissão, também.
— Então o que mudou? — Oliver perguntou e Avery começou a
explicar toda a situação para eles.
Landen ficou horrorizado com a falta de auto estima de seu
companheiro. E pensar que estava tão carente de carinho que aceitaria um
completo estranho invadindo seu espaço. Não queria julgar Avery, porque se
estivesse na sua situação, talvez pudesse ter se sentido da mesma maneira.
Quanto mais Avery falava, mais Landen ficava chateado. Alguma
aberração invadiu o seu apartamento e caminhou em seu espaço, mexendo em
suas coisas. Então, realmente o seguiram centenas de quilômetros até Silver
Creek. Não era preciso ser um gênio para perceber, e rapidamente, que não
era um comportamento amigável. Esse cara queria Avery e nada iria o parar
até tê-lo.
Não foi há muito tempo que Kyle esteve na mesma situação e Landen
se sentira tão impotente, mas agora a mesma coisa estava acontecendo com
seu companheiro. Algum estranho o queria e Landen faria tudo em seu poder
para encontrar esse cara e arrancar sua garganta.
— Bebê, você está bem? — Perguntou Avery, seus dedos finos
apertando os seus maiores.
— Não, não realmente. — Landen respondeu honestamente. — Este
psicopata te seguiu até aqui. Está observando não apenas você, mas a todos
nós e se aproximou de Kelsey. Isto é além de muito fodido. Por que não foi à
polícia ou à sua família no início? — Landen não queria ficar chateado com
Avery, mas dane-se. Como poderia o seu companheiro ter sido tão descuidado
com a sua segurança?
— Como eu disse. — Avery soltou a mão de Landen. — Eu gostei
delas. — Ele soltou uma risada amarga, nenhum humor em seu tom. — Você
não sabe o que é viver a minha vida. Claro, venho de dinheiro, mas ter
dinheiro tem um preço. Meus pais nunca se importaram comigo. Eles só se
importavam em eu não constrangê-los. ‘Por que não pode ser mais parecido
com Will?’, minha mãe diria. Bem, não podemos todos ser tão perfeitos e tão
impecáveis quanto o grande Dr. Will Watterson.— Avery olhou para o irmão. —
Sem ofensa.
— Nenhuma. — Will deu um sorriso de boca fechada.
— Você não vê? Era uma pessoa solitária até que vim aqui. Não
acredito que tenha tido um verdadeiro amigo. Eles me usavam como eu os
usava. Não sou uma vítima. Simplesmente não me importava o suficiente
comigo mesmo para parar toda a merda que estava fazendo. Dormi com um
cara diferente a cada noite, bem alto com a maconha, com os caras com quem
festejava e isso sem mencionar o quanto bebia até desmaiar. Não tinha nada
para viver e essas cartas, pouco loucas, eram tudo que tinha. — O peito de
Avery soltou para cima e para baixo. Levou um momento para se acalmar. —
Isso foi até que conheci você, Landen. Pela primeira vez na minha vida tudo
parece estar se encaixando. Tenho o meu irmão de volta na minha vida, fiz
amigos. — Avery olhou para todos, finalmente, deixando seus olhos se
contentar em Landen. — E tenho você. Eu te amo mais do que tudo, Landen.
Você me faz querer ser uma pessoa melhor e sinto muito que esteja envolvido
em toda essa merda.
— Eu também te amo. — Landen beijou Avery na testa e se
aconchegou perto de seu lado. — E não se arrependa, porque não me
arrependo. Estamos nisso juntos, não importa o que aconteça. — Landen olhou
para Oliver então Levi. — Então, o que vamos fazer agora?
— Devemos envolver a polícia? — Levi perguntou a Oliver.
— Não tenho certeza. — Oliver passou a mão sob o queixo. — Quero
dizer, seria a coisa certa a fazer, mas a coisa toda de shifter torna esta uma
situação diferente. O que acontece se essa pessoa o viu mudar? O que
fazemos então?
— E Caleb? — Ian sugeriu. — Ele é um caçador e um policial, e é
acasalado com um shifter lobo. Talvez possa nos aconselhar sobre o que fazer.

*****
Meia hora depois, Caleb apareceu. Ele tinha dois meninos com ele.
— Olá, Will. — O homem olhou por cima do ombro para os meninos
de pé atrás dele. — Ia levá-los para jantar. Espero que não se importe que os
trouxe junto. Seth está fora da cidade, conversando com seu editor, por isso
estou de plantão com os garotos nos próximos dias.
— Não tem importância, Caleb. Na verdade, Skyler vai deixar Carson
aqui em poucos minutos também. Ele e Kelsey estão trabalhando em algum
projeto para a escola juntos.
Caleb olhou ao redor da sala lotada.
— Parece que está com a casa cheia.
— O que posso dizer? Gosto do barulho. — Will conduzido Caleb para
o sofá.
— Pai, posso ir brincar com Kelsey? — O menino mais novo
perguntou.
— Claro, Kamden. — Um sorriso iluminou o rosto de Caleb, enquanto
observava o rapaz fugir para o quarto de Kelsey.
— Ele o está chamando de pai agora? — Perguntou Will.
— Sim. Começou a fazer isso há um mês atrás. Me fez chorar na
primeira vez que nos chamou assim.
O menino atrás de Caleb revirou os olhos e sentou na poltrona no
canto mais distante. Avery podia ver a raiva e a dor nos olhos do garoto.
Sentia-se como uma alma gêmea com o menino. Avery sabia o que era ser
infeliz o tempo todo, mas sabia por que era tão infeliz. Não tinha nenhuma
pista de por que o adolescente mal-humorado estava tão chateado. Mas quem
era Avery para julgar. O que não parecia ser nada para algumas pessoas, era
uma coisa enorme para as outras.
— Caleb, este é meu irmão Avery.
Avery se levantou e apertou a mão de Caleb.
— Prazer em conhecê-lo. — Em outra vida, que parecia ser a muito
tempo, Avery teria dado em cima de Caleb. O homem era cheio de músculos,
tinha cabelo escuro e curto, e era um policial. Avery tinha uma tendência a ir
atrás de um homem de uniforme.
— Da mesma forma. — Caleb sentou no sofá oposto em frente à sua.
— Então, o que está acontecendo?
Avery explicou o que estava acontecendo durante a maior parte do
ano passado. Landen nunca deixou seu lado e estendeu a mão para dar apoio
moral enquanto falava sobre toda sua a roupa suja.
— Ainda tem as cartas? — Perguntou Caleb.
— Aqui esta a de hoje. — Avery puxou o pedaço de papel amassado
do bolso de trás e entregou a Caleb. — Tenho um pouco mais em casa no meu
quarto.
Caleb sentou-se e leu a nota. Sua testa franziu enquanto olhava,
então voltou sua atenção para Avery.
— Não tem idéia de quem pode estar enviando essas cartas? Temos
que perguntar isso a todas as nossas vítimas de assedio, se podem pensar em
alguém que poderia agir como alguém suspeito. Um amigo que sempre se
pareceu um pouco mais pegajoso do que o resto ou alguém que pode ter
mesmo namorado. Esse cara pode ser qualquer um, nenhum nome aparece
em sua mente?
— Não. — Avery balançou a cabeça. — Como disse, festejei muito,
Caleb. Quero dizer muito. Todos os meus amigos eram como eu. Não se
preocupavam com outras pessoas e não se preocupavam comigo. Era tudo
sobre ficar alto e esquecer nosso cotidiano.
Caleb acenou com a cabeça, em seguida, olhou de volta para a carta.
— Então, o que vamos fazer? — Perguntou Landen.
— Odeio dizer isso, mas temos que esperar. — Caleb entregou a carta
de volta para Avery.
— Esperar? — Landen gritou e Avery agarrou sua mão para ajudar a
acalmá-lo.
— Sinto muito, mas sim. Poderia levar a carta para verificar as
impressões, mas muitas pessoas a tocaram por isso provavelmente não vai
nos dar alguma pista, mas as outras cartas podem. Já que é um shifter,
Landen, vou envolver Roderick nisto. É melhor ter o conselho do caçador
envolvido e a polícia. — Caleb olhou de volta para Avery. — Vou precisar das
cartas que tem em casa. Espero que possamos começar de um ponto de
partida, mas, até lá, vamos ter que sentar e esperar. Pessoas assim
geralmente cometem um erro e estaremos lá para pegá-lo.
— Ok. — Avery sussurrou. Sentiu muita vergonha por todos saberem
o que estava acontecendo. Queria ser forte e resistente, mas, afinal, não era
bom em cuidar de si mesmo.
— Acho que deve ligar para Shane e Dominic e dizer-lhes o que está
acontecendo. Pedir uma licença de trabalho. — Sugeriu Landen. Havia tom em
sua voz, como se o que dissesse fosse lei e Avery iria cumpri-la.
— Uh, não. — Avery virou para olhar para seu companheiro. — Não
vou deixar essa aberração controlar minha vida. Tenho vivido para agradar
outras pessoas por muito tempo e não vou deixar este idiota controlar a minha
vida. Sim, estou com medo, mas ficar sentado no meu quarto tranquilo
durante todo o dia vai me deixar louco e não vou deixar que tenha esse poder
sobre mim.
— Avery...
— Landen, vamos conversar na cozinha. — Will interrompeu Landen e
ele e Caleb caminharam com Landen, Levi, Oliver e Kyle para a cozinha.
Avery odiava saber que estavam lá falando sobre ele. Uma batida na porta da
frente fez o garoto na cadeira levantar-se para atendê-lo.
— Ryan, não sabia que estaria aqui. — Disse Carson quando entrou
na casa, seguido por um de seus pais, Skyler.
— Confie em mim, não estou aqui porque quero. — Ryan girou sobre
seus pés e se afastou antes de Carson poder dizer outra palavra.
Avery tinha encontrado Carson e seus pais no café um dia. Eram
umas famílias realmente doces. Fez Avery começar a pensar que queria isso.
Uma família.
— O que está rolando, Avery? — Skyler deu um pequeno salto em sua
caminhada.
— Questões de perseguidor. — Relaxou no sofá.
— Sério?
— Todo mundo está na cozinha. — Avery acenou com a mão nessa
direção. — Eles vão informá-lo.
— Ele está apenas louco, porque se preocupa com você. — Disse
Ryan quando se sentou ao lado de Avery. — Se estivesse no lugar dele me
sentiria da mesma maneira. — Ryan olhou para a sala de jantar onde Kamden,
Kelsey e, agora, Carson estavam sentados. — Se isso estivesse acontecendo
com a pessoa que amasse nada me pararia de protegê-lo. — Os olhos do
garoto seguiram Carson enquanto ele se movia pela sala. — Matar primeiro,
perguntar depois. — Ryan balançou a cabeça e virou-se para Avery. — Bem,
isso é o que eu faria, pelo menos.
Avery olhou de Ryan e Carson e vice-versa. Isso era totalmente
estranho. Pelo que Kelsey lhe dissera, Ryan não gostava de Carson e não tinha
sido amigável com ele desde que se mudou para cá, para viver com Caleb e
Seth. Não importava. Avery tinha outras coisas para tratar e tentar descobrir
por que Ryan estava seguindo Carson com os olhos não fazia parte dos seus
negócios.
Quando voltaram da cozinha, Landen parecia um pouco mais
relaxado. Pegou a mão de Avery e puxou-o de pé. Abraçou-o firmemente em
torno da cintura e pediu desculpas por gritar e disse que ele estava certo.
Avery tinha que continuar a viver a sua vida e não permitir que este homem
tivesse qualquer controle sobre ele.
— Podemos ir para casa? — Perguntou Avery.
— Sim. Caleb virá com a gente para coletar as cartas que tem em seu
quarto. — Landen beijou o topo de sua cabeça. — Vai ficar tudo bem, querido.
Não vou deixar nada lhe acontecer.
— Eu sei que não vai. — Avery enterrou o rosto no peito de Landen e
respirou seu perfume claro, fresco. Isso o fez se sentir seguro e confortado.
Não estava sozinho nisto e acreditava que Landen faria tudo em seu poder
para protegê-lo, mas seria o suficiente?
Capítulo Quatorze

Depois de Caleb e seus filhos haviam saído com as cartas, Avery


tinha se desculpado. Landen ouviu o chuveiro abrir, feliz em saber que, por
enquanto, Avery estava a salvo no banheiro. Odiava como tudo parecia fora de
controle agora. Também odiava que seu companheiro tivesse escondido isso
dele. Avery já não tinha que passar a vida sozinho. Landen estava aqui para
ajudar a aliviar o fardo, mas dependia de Avery deixá-lo.
— Cara, você tem que relaxar. — Levi deu um tapa nas costas dele
enquanto estava ao pé da escada.
— Como? — Ele se virou para olhar para Levi. — Um cara, que nem
Avery conhece, está deixando cartas doentias. Como posso relaxar sabendo
que alguém está lá fora, esperando para levá-lo de mim?
— Entendo, cara, eu sei, mas não pode deixar que esse babaca
controle suas vidas. Ele é, provavelmente, algum bichano estúpido que, uma
vez que encontrá-lo, vai ser fácil pra caralho chutar sua bunda. Pense nisso,
cara. Esse cara mexeu com o homem errado. Não só você é um shifter lobo,
mas tem caçadores do seu lado e um policial. Esse cara não tem a menor
chance.
— Espero que esteja certo. — Landen tinha suas dúvidas. Esta pessoa
escrevia para Avery há mais de um ano e ainda não tinha cometido nenhum
deslize. Poderia ser como um fantasma e passar despercebido até que fosse
tarde demais. Perder Avery não era uma opção para Landen.
— É claro que eu estou certo. — Levi riu. — Quando vocês, cadelas,
vão descobrir que estou fodidamente certo tempo todo?
— Sabe que existe tal coisa como a modéstia? — Landen brincou.
— Sim, não para mim. Quando você é incrível, não há como escondê-
lo. — O rosto de Levi começou a rachar e começou a rir. Landen se juntou a
ele. — Mas, falando sério, cara, só tem que ser positivo. Não posso deixar esse
cara ganhar.
Landen acenou com a cabeça e disse boa noite para Levi. Subiu as
escadas, ignorando seu quarto para escorregar para o banheiro. Precisava de
um banho quente para lavar o stress do dia. Com tudo que está acontecendo,
tinha esquecido completamente do seu trabalho de Inglês para o dia seguinte.
Teria que levantar cedo para lidar com isso. Agora só queria tomar seu banho,
rastejar na cama e se deitar ao lado de seu companheiro.
Uma vez que se secou, envolveu a toalha ao redor da cintura e se
dirigiu para o seu quarto. Ele abriu a porta e entrou no quarto escuro. Avery
estava deitado de lado de costas para a porta. Não disse nada ou moveu um
músculo, enquanto Landen andava pelo quarto. Jogou a roupa suja no cesto e
pendurou a toalha sobre as costas da porta do armário, puxou o cobertor para
trás e subiu debaixo dos lençóis. Ele se aproximou das costas de Avery e
curvou o corpo em torno de sua volta, pressionando-o em seu peito. O aroma
de morango do seu xampu fez cócegas em seu nariz e esfregou-o atrás na
tentativa de sugar até a última gota do cheiro doce de seu companheiro.
Enquanto tivesse Avery em seus braços tudo estava bem.
— Eu te amo. — Sussurrou próximo ao ouvido de Avery.
— Eu sei. — Avery colocou seu braço ao longo de Landen e segurou-o
com mais força.
— E sabe que não vou deixar nada acontecer com você, certo?
— Eu sei. — Avery soltou um suspiro profundo e virou no abraço de
Landen para olhar em seus olhos. — Mas não quero que se coloque em risco
por mim. Não seria capaz de viver comigo mesmo se algo lhe acontecer. —
Lágrimas juntaram em seus olhos e seu queixo começou a tremer. — Não
valho a pena, Landen.
— Não vale a pena? — Landen se afastou o suficiente para olhar para
baixo, para seu companheiro. — Você vale tudo no mundo para mim. Não
entende isso? Sem você, não existo. Então, por favor, pare de dizer merda
assim. Claro, isso não é o ideal, mas seria o caso para qualquer um. Ter algum
lunático o seguindo é assustador, mas vamos lidar com isso juntos. — Landen
abaixou a cabeça para beijar a ponta do nariz de Avery. — Somos uma equipe,
você e eu. O que acontece com você, acontece comigo. Eu te amo, Avery
Watterson, para o melhor ou pior.
Avery acenou com a cabeça e pulou para frente, capturando os lábios
de Landen num beijo doloroso. A pressão foi tão intensa que Landen
choramingou, mas não se afastou. Se for isso que Avery necessitava, então
daria de bom grado ao seu companheiro. As mãos de Avery seguraram em
seus ombros e rolou até que montou os quadris de Landen. Balançou para trás
e para frente, moendo seus pênis juntos. Deixou suas mãos descansarem
livremente nos quadris dele, deixando seu companheiro definir o movimento.
— Por favor, Landen, faça amor comigo. — Disse Avery entre beijos.
— Eu só... — A cabeça de Avery caiu para frente para descansar no espaço
entre seu pescoço e o ombro. — Só quero esquecer por um tempo. —
Landen não disse uma palavra. Rolou Avery debaixo dele e estendeu a mão
para o lubrificante que estava em seu criado-mudo. Com movimentos rápidos,
cobriu seu eixo grosso e despejou um pouco dentro do canal aquecido de
Avery, que gemeu e empurrou seus quadris para baixo nos dedos invasores de
Landen.
Não querendo esperar um momento mais, Landen tirou os dedos e
posicionou a ponta de seu pênis na abertura de Avery. Olhou nos brilhantes
olhos azuis de seu companheiro e empurrou para frente. Seu pênis rompeu a
resistência firme e Avery engasgou quando suas unhas cravaram nos músculos
das costas inchadas de Landen, que não parou até que suas bolas estivessem
pressionadas contra as nádegas suaves de Avery. Ainda segurava, dando ao
seu companheiro um minuto para ajustar se à sua plenitude.
— Por favor, Landen. — Avery sentou-se o melhor que podia com
Landen deitado em cima dele. — Faça-me esquecer.
A súplica nos olhos de Avery, a emoção crua escorrendo pelos poros,
o fez puxar e empurrar todo o seu comprimento para dentro do sedoso canal
quente. Avery ergueu as pernas para ligar os tornozelos na parte inferior das
costas de Landen e segurou. Acelerou suas estocadas, fazendo o seu melhor
para dar o que ele queria e precisava. Quis reivindicar Avery novamente.
Cobrir seu corpo com sua marca de mordida, mostrando ao mundo a quem
Avery pertencia. Não era como se pensasse em Avery como sua propriedade,
mas ele era sua alma gêmea, o amor da sua vida. E Landen queria que o
mundo soubesse e queria que o tarado que estava assediando Avery soubesse
também.
Só de pensar em alguém observando Avery, fez os quadris de Landen
acelerarem. Passou os braços sob as suas costas e segurou suas mãos em
torno de seus ombros para ancorá-los juntos. Landen soltou seu controle e se
chocou com a entrada esticada, fazendo com que os mais deliciosos sons
escoassem para fora da boca de Avery.
— Sim, sim, ai mesmo. — As unhas de Avery rasgaram a pele de
Landen. A prensagem quente de sua masculinidade, escorregadia com pré-
sêmem, esfregando juntamente com estômago de Landen. — Faça-me gozar,
bebê.
O suor escorria do corpo de Landen e a umidade facilitava o caminho
para que o pênis pulsante de Avery deslizasse para trás e para frente. Podia
sentir a cabeça do pau inchar, então a primeira explosão de calor pegajoso
espalhando entre seus corpos fortemente pressionados.
Landen continuou a pressão em Avery quando ele chegou ao clímax.
As paredes justas de sua bunda ondulavam ao longo de seu comprimento, até
que Landen não aguentava mais e se deixou ir, em completa rendição.
Não tinha certeza de quando os dentes desceram de seu maxilar
superior, mas tinham. Arranhou ao longo do ombro de Avery, que inclinou a
cabeça para o lado e apertou a cabeça de Landen para baixo na carne macia.
Landen bateu rápido e forte, causando uma erupção do pênis de Avery. Ele
gritou e apertou as pernas em torno da cintura de Landen.
Como seu sêmem enchendo o canal apertado de Avery, soltou o pescoço de
dele e lambeu a marca, fechando-a. Em seguida, plantou beijos suaves ao
longo do queixo de seu companheiro até seu ouvido.
— Eu te amo, mais a cada vez que respiro. Nunca me diga que não
vale a pena tudo o que tenho para te dar. — Sua voz estava rouca e tensa com
a força de seu orgasmo.
— Tudo bem. — Disse Avery em voz baixa. Seus braços enrolados no
pescoço de Landen, segurando como se fosse um salva-vidas e fosse se afogar
no mar escuro e solitário sem ele.
Ficaram assim por mais algum tempo até que Landen rolou para o
lado e posicionou Avery contra seu peito. Cobertos de esperma e suor,
adormeceram.

*****
Avery abriu os olhos para ver o quarto ainda envolto em trevas.
Olhou para o relógio e viu que era só um pouco depois das cinco da manhã. O
corpo robusto deitado ao seu lado se mexeu e apertou mais o corpo dele.
Sorriu quando curvou seu corpo menor em torno de Landen. Não importa o
que aconteceu ontem ou no dia anterior, percebeu que não estava sozinho
neste barco. Tinha seu irmão, amigos, o amor de sua vida, ao seu lado.
Passaria por isso.
O cheiro doce rolando de Landen enrijeceu seu pênis. Pressionou
beijos leves na parte de trás do pescoço de Landen e balançou os quadris para
trás e para frente deixando seu comprimento endurecido entre o vinco de
Landen. Landen gemeu e empurrou ainda mais para ele.
Avery moveu as mãos para beliscar e rolar no mamilo esquerdo de
Landen. Então fez o seu caminho lentamente pelas costas lambendo um rastro
molhado ao longo de sua coluna vertebral. Quando alcançou os globos
redondos de sua bunda, mordiscou cada bochecha, o que fez Landen a sacudir
seus quadris contra a cama. Empurrou Landen suavemente, não tendo certeza
se o seu namorado estava acordado. Puxou o cobertor para trás, agarrou cada
lado das bochechas rechonchudas e as afastou. Soprou uma respiração quente
sobre a sua entrada e sacudiu a língua.
Se Landen não estivesse totalmente acordado, gemeu e empurrou
sua bunda para cima em direção ao rosto de Avery, que lambeu a pequena
abertura, gradualmente empurrando sua saliva para dentro. O sabor salgado e
almiscarado de Landen fez seu pau engrossar ainda mais. Pérolas de pré-
sêmem escorriam da ponta.
Avery empurrou um dedo no canal de Landen enquanto sua língua
transava com ele. Com a umidade somando, foi capaz de inserir outro dedo.
Landen curvou seus quadris no colchão enquanto implorava a Avery para
transar com ele.
Sentando-se, estendeu a mão para a mesa lateral para pegar
lubrificante e rapidamente cobriu seu pênis, dolorosamente ereto, com o
líquido. Com Landen ainda deitado de bruços, posicionou a ponta do seu pênis
inchado em sua entrada e seguiu em frente. Quando a ponta aliviou dentro, o
músculo relaxou, os dois homens soltaram gemidos profundos de prazer.
Afundou todo o seu comprimento na profundidade do apertado canal
até que descansou totalmente em cima de seu amante. O ajuste sufocante
quase o enviou sobre a borda, mas tomou uma respiração após outra para
recuperar o controle de seu próprio corpo.
Nenhuma palavra foi falada enquanto puxava apenas empurrar para
frente, enchendo o canal apertado de Landen. Eles se moveram juntos pelo
que pareceram horas, seus corpos em perfeita harmonia quando se moviam
numa dança erótica de dar e receber, trabalhando em direção a um objetivo
comum.
Sentiu suas bolas subirem para perto de seu corpo e acelerou seus
quadris dando a Landen tudo o que tinha.
— Avery. — Landen gemeu no travesseiro, enquanto seu corpo tremia
embaixo dele.
As paredes apertadas e lisas de Landen apertaram em torno de seu
pau e Avery perdeu a batalha por seu controle. Explodiu num jorro grosso de
esperma.
Quando sua respiração voltou sob controle, puxou muito suavemente
para fora da entrada agredida de Landen e beijou-o no ombro.
— Bom dia, meu amor.
— Bom dia. — Landen esticou os braços sobre a cabeça e virou a
cabeça para olhar para Avery. — Que maneira de acordar.
— Só o melhor para o meu bebê. — Avery piscou para Landen.
— Oh, e tenho certeza que o seu pau não tem nada haver com isso. — Brincou
Landen.
— Com certeza o meu pau tem alguma coisa com isso. — Avery deu-
lhe um beijo casto e subiu sobre o corpo de Landen. — Mas vamos lá? Você
totalmente provocou isso. E sou completamente irresistível.
— E vaidoso. — Landen jogou o travesseiro em que estava deitado
em Avery.
— Entre muitas outras coisas. — Avery pegou o travesseiro e jogou-o
de volta para a cama. — Agora vamos pular para o chuveiro. Tenho que estar
no trabalho em uma hora. Então, vamos levantar, dorminhoco. — Avery bateu
palmas.
O sorriso de Landen caiu de seu rosto quando se moveu para sentar.
Estremeceu um pouco quando se sentou em sua bunda.
— Ainda quer ir para o trabalho, depois de tudo o que aconteceu?
— Landen. — Avery mudou-se para sentar-se ao lado de seu amante.
Pegou a mão de Landen na sua. — Preciso. Não posso deixar este monstro
ditar a minha vida. Vou continuar assim. Se esse cara realmente me quer, não
importa se estou preso aqui em casa ou no trabalho. Se há uma vontade, há
um caminho, e minha vontade diz pra levantar e viver a minha vida. — Ele
trouxe a mão de Landen até seus lábios e beijou-a. — Por favor, entenda que
preciso para fazer isso.
— Ave, eu entendo, mas isso não significa que tenho que gostar. —
Landen passou os braços pesados em torno da fina moldura de Avery. — Posso
pelo menos levá-lo para o trabalho e buscá-lo? Isso vai ajudar a me fazer
sentir melhor sobre tudo isso.
— Então, por todos os meios, pode ser meu chofer. — Avery se
levantou. — Agora vamos passar isso. Preciso de um banho urgente. — Ele
balançou as sobrancelhas. — Se houver tempo suficiente, talvez possamos
fazer algumas outras coisas.
Avery correu para fora do quarto com Landen no seu encalço.

Capítulo 15

Depois de tomar um longo banho, Avery e Landen desceram as


escadas até a cozinha. Avery fez café enquanto Landen colocava um par de
bagels3 na torradeira. Comeram juntos e quando terminaram, Avery abriu o
caminho para porta da frente. Ele não estava feliz que Landen achasse que
tinha que levá-lo para o trabalho, mas apenas disse a si mesmo que era
apenas uma maneira de passarem mais tempo juntos.
A brisa fresca da manhã arrepiou seus cabelos, fechando os olhos e
respirando o orvalho da manhã.
— Droga. — Landen sussurrou atrás dele.
Avery se virou para ver Landen olhando para a porta da frente.
— Landen, bebê, qual é o problema? — Ele puxou o ombro de Landen
para levá-lo a se virar.
Um pedaço de papel branco e brilhante estava colado na porta preta.
Uma palavra aparecia nele.
Logo!
Avery correu, rasgou e amassou o papel que estava na porta.
A raiva passou por ele como um fio vivo se preparando para chocar.
Os pontos pretos dançaram na frente de sua visão e sua mandíbula enrijeceu.

3
Produto de pão tradicionalmente feito de massa de farinha de trigo fermentada, na forma de um anel, feito à mão e
que primeiro é fervido em água e depois assado.
— Avery! — Landen estendeu a mão para seu braço, mas ele se
afastou.
— Não! — Retrucou — Estou cansado — Avery acabou em direção à
rua tranquila. — Você está me ouvindo? Estou cansado disso. Foda-se! Pode
tentar tudo para me assustar, mas isso não vai funcionar. Se vier atrás de
mim, estarei pronto para uma luta. Porque não irei de bom grado, seu pedaço
de merda doente! — Levou o braço para trás e jogou o papel enrolado para a
rua.
— Bebê... — Landen veio por trás dele e esfregou as mãos para cima
e para baixo nos braços de Avery. — Acalme-se. Ele não vai ganhar. Como
disse, vamos continuar vivendo nossas vidas. — Ele beijou a nuca de Avery. —
Vamos passar por isso juntos.
Acenou com a cabeça e deixou Landen levá-lo ao seu Jeep. Decidiu
ali mesmo que não permitiria ser uma vítima. Esta era a sua vida e ia superar
isto. Que outra escolha tinha?

*****
Fazia uma semana e meia desde que Avery recebeu a última carta.
Estava começando a ter esperanças de que quem tinha lhe enviado as notas
tinha desistido. Claro que parecia muito improvável, mas tomaria o que
pudesse obter. Nenhuma nota significava um bom dia.
Estava lá em cima no banheiro se preparando. Era dia das bruxas e
prometeu ir com Ian e Kelsey. Será que iria gostar, nunca tinha comemorado
os dia das bruxas, então estava mais do que um pouco animado.
— O que você deveria ser? — Landen ergueu os olhos do livro que
estava lendo quando Avery entrou pela porta do quarto.
— Don Draper4. — Girou, virando para Landen novamente e viu a
expressão vazia no rosto. — De Mad Men.

4
Personagem da série televisa, Mad Men.
Avery pensou bastante em seu traje. Adorava o seriado e viu o terno
perfeito no brechó na cidade. Era um azul marinho com uma fina gravata
preta. Limpou os sapatos pretos, comprou uma camisa branca e usou gel para
alisar o cabelo para trás. Achou que ficou bem parecido.
— Pelo menos não está indo como Joan.— Landen riu.
— Não tenho certeza se o mundo está pronto para ver este corpo
num vestido. — Acenou com a mão na frente dele.
— Se usasse um vestido, não iria deixar o seu pequeno corpo quente
fora de casa. — Landen pulou para fora da cama e passou seus braços ao
redor de sua cintura, inclinou a cabeça beijando-o até precisar de ar em seus
pulmões. — Você está sexy nessa roupa. Podemos jogar quando chegar em
casa?
— Com certeza. — Avery mordiscou o lábio inferior de Landen.
— Tem certeza que não quer que vá com vocês? — Os olhos de
Landen estavam arregalados quando procurou o rosto de Avery.
— Pare de se preocupar, Lan. Ficarei bem. Ian vai me manter seguro.
Se acontecer alguma coisa, que não acho que vá, Ian pode ir todo lobo no
cara. Tudo vai ficar bem.
— Sim, mas ainda...
— Mas nada. — Avery o beijou rapidamente nos lábios e saiu de seus
braços. — É Dia das Bruxas e as ruas vão estar repletas de pessoas. Já
conversamos sobre isso. Esse cara teria que ser um idiota para tentar alguma
coisa hoje à noite com tantas testemunhas ao redor.
— Sei que odeio o fato que não o peguei ainda. — A cabeça de
Landen caiu para frente para apoiar o queixo no peito.
— Bebê, olhe para mim. — Avery estendeu um dedo para levantar o
queixo de Landen. — Ele não deixou mais uma única nota em mais de uma
semana. Todos os testes de Roderick nessas cartas não deram em nada. Tudo
o que podemos fazer é sentar e esperar. Sim, é um saco, mas é desse jeito.
— Não significa que tenho que gostar disso. — Landen fez beicinho.
— Não, não significa, mas tem um trabalho para terminar, então é
melhor começar com isso. — Avery acariciou seu traseiro. — Porque quer
minha bunda quando eu chegar em casa.
A campainha tocou e ambos desceram as escadas.
— Quem é? — Avery ouviu Levi perguntar para a pessoa na porta.
Enquanto descia as escadas viu que eram Ian e Kelsey.
— Sou Peggy. — Kelsey disse quando jogou o cabelo sobre o ombro.
— Peggy? — Levi levantou uma sobrancelha para ela e Ian revirou os
olhos por trás de Kelsey.
—De Mad Men, seu idiota. — Kelsey empurrou Levi, correndo para
dar um abraço em Avery.
— Ei, menina. — Avery se inclinou para lhe dar um abraço e olhou
para seu vestido. Achou-o ao mesmo tempo em que encontrou seu terno e
pensou que seria divertido fazer um tema para as suas fantasias. Kelsey amou
a ideia. Mal sabia que Kelsey assistia a série. — Você está maravilhosa. —
Avery segurou a sua mão enquanto ela girava num círculo.
— Parece que ela pertence a década de setenta com esse pesadelo de
poliéster que está vestindo. — Levi sorriu.
— Você só está com ciúmes porque não tem do seu tamanho. —
Disse Kelsey sem perder o ritmo e os outros começaram a rir.
— Você é muito sarcástica para uma criança. — Levi apontou o dedo
para Ian e então para Avery. — Vocês dois devem ser uma má influência para
meus preciosos jovens.
— Nah! — Ian colocou a mão no ombro de Kelsey. — Ela nasceu
assim. Não tive nada a ver com isso.
— O que posso dizer? É o que me faz incrível. — Kelsey deu de
ombros e se dirigiu para a porta. — Vamos, rapazes. Vamos pegar alguns
doces.
— Você ouviu a senhora. — Avery cutucou Ian no braço.
Ambos seguiram Kelsey de perto, enquanto ela ia de porta em porta.
Depois de um tempo Avery perguntou:
— Então, o que você deveria ser? — Ele estava tentando descobrir o
traje de Ian, mas não estava chegando em lugar nenhum.
— Sou Scott, de Teen Wolf. A série da MTV. — Disse como se fosse
óbvio.
Avery começou a rir.
— Primeiro, é engraçado que assista a esse programa, segundo, você
é um shifter e vai fantasiado de um. — Avery balançou a cabeça. — Muito
engraçado.
— Ei. — Ian o empurrou seu braço, empurrando-o para fora da
calçada. — Já tive bastante merda de seu irmão e minha irmã sobre a minha
escolha.
— E na sua escolha em programas de TV? — Interrompeu Avery.
— Seu merdinha. — Ian passou o braço em volta do pescoço de Avery
e começou a correr os dedos pelo cabelo perfeitamente estiloso.
— Ei, agora, cuidado com o cabelo. — Avery pulou para trás e ajeitou
o cabelo de volta no lugar. — E, merdinha? Por favor. — Ele fez um som com
os lábios. — Sou mais velho que você.
— Mas sou mais alto. — Ian mostrou a língua.
— Agora, crianças, preciso separar vocês? — Avery se virou para ver
Seth, Ryan e Kamden, em pé, no meio da calçada.
— Oi, Seth. — Avery cumprimentou o outro homem. Seth e Caleb
viveram uma quadra deles. — Esta noite Caleb trabalha?
— Sim, está chateado por ir, mas o dever chama, né?
— Mesma coisa para Will. Ele queria tanto ver Kelsey e Avery saírem
hoje à noite. — Ian lançou um sorriso para Avery. — Ele e Avery nunca
participaram do dia das bruxas e queria ver seu irmão na cidade.
— Ah, como é doce! — Seth brincou.
— Você cala a boca, por favor. — Avery cruzou os braços sobre o
peito.
— Carson! Kamden! — Kelsey decolou assim que viu que seus
amigos . — Vocês trouxeram Carson?
— Sim. — Seth acenou com a cabeça. — Noah precisava ir a um baile
no colégio e queria que Skyler fosse com ele, então me ofereci para trazer
Carson com a gente.
Avery observou as três crianças correndo até a calçada para outra
casa e tocarem a campainha. Foi então que percebeu Ryan em pé atrás de
Seth.
— Oi, Ryan, não vai participar? — Perguntou Avery.
— Não. Isso é para as crianças. — Ryan enfiou os dedos nos bolsos.
— Só estou aqui porque o pai número dois não me deixou ficar em casa
sozinho.
— Pai número dois? — Avery arqueou uma sobrancelha para Seth.
— Esse é o novo jeito dele me chamar. Sou o número dois e Caleb é o
pai número um. Vai entender... — Seth virou-se para olhar para Ryan. — Filho,
não havia nenhuma maneira de eu deixá-lo ficar em casa sozinho, porque o
conheço. Mal estaria fora de casa, antes que se esgueirasse para encontrar
seus amigos. Então, desculpe, cara, está preso com a gente.
— Ei, Ryan! Vem com a gente. — Carson correu para Ryan.
— Pela centésima vez, não. — Ryan revirou os olhos e deu um passo
para longe de Carson.
— Filho, iria matá-lo ser bom? — Seth virou-se para acompanhar as
outras crianças.
Avery deixou Ian andar na sua frente e ficou para trás com Ryan.
Caminharam em silêncio por algumas casas.
— Não vou me desculpar se é isso que está pensando. — Ryan
murmurou.
— Não disse uma única palavra. — Avery ergueu as mãos. — Só
achava que você tem um caso grave de babaquice.
— O quê? — Ryan parou de andar e inclinou a cabeça para o lado.
— Bem, é isso ou gosta da criança, mas não quer admitir. — Avery
deu de ombros. — Faça a sua escolha. Ainda não decidi.
— Não gosto de Carson. — Ryan soltou uma risada nervosa. — Ele é
uma praga.
— Todo mundo é, mas com certeza gosta de manter seus olhos sobre
aquele garoto. — Avery ressaltou. Nas poucas vezes que esteve perto de Ryan,
era um pouco idiota e rude com Carson, mas nunca se afastava do garoto.
Quase como se estivesse olhando por Carson.
— Ele é o melhor amigo do meu irmão. Me preocupo com ele, como
faço com Kam. Nada mais do que isso. — Ryan começou a andar novamente.
— Entendo totalmente. — Avery assentiu com a cabeça. — Oh, olhe!
— Avery pegou seu celular para tirar uma foto. — Carson e Kelsey estão de
mãos dadas. — Não estavam, mas queria ver a reação de Ryan.
— O quê? — Ryan gritou e sua mandíbula apertou com tanta força
que podia ouvir os dentes do garoto rangerem.
— Apenas brincando. — Avery deu uma risadinha.
Ryan ficou em silêncio por um tempo.
Avery presumiu que a ira de Ryan vinha dele gostar de Carson, de
uma forma que não estava confortável. O que poderia entender. Ryan tinha
treze anos e Carson apenas onze. Talvez quando ficassem mais velhos, ele
descobriria tudo, mas por agora é mais fácil para Ryan afastar Carson.
Entendia isso.
Observou enquanto as crianças corriam, de casa em casa. Correram
tanto que ficou surpreso que ainda não tinham ficado cansados. Mas então se
lembrou que todas aquelas três crianças eram shifters e, provavelmente,
poderiam correr a noite toda.
Finalmente, por volta das nove, jogou a toalha. Disse boa noite para
o Seth, Ian e todas as crianças e voltou para sua casa.
— Tem certeza que não quer que vá com você? — Perguntou Ian.
— Agradeço a preocupação, mas acho que vou ficar bem. — Ele deu
um tapinha no ombro de Ian. — Te passo uma mensagem quando chegar em
casa.
Ian balançou a cabeça e observou Avery caminhar pela calçada de
volta para casa.
A rua tinha ficado um pouco mais silenciosa, quase não tinham
crianças como havia no início da noite. Notou alguns adolescentes olhando
muito desconfiados enquanto caminhavam pela rua. Avery se lembrou de ser
criança, e foi bom, para que não dissesse nada.
Um carro passou, muito lentamente. Avery olhou o carro, mas não
pensou muito sobre isso. Estava a uma quadra de sua casa. O mesmo carro
passou na outra direção, indo ainda mais lento. Estava escuro demais para ver
como o motorista se parecia.
— Isso é um pouco estranho... — Avery murmurou para si mesmo
enquanto observava o carro chegar até o final da rua, virar-se e voltar para
ele.
Sem pensar duas vezes, começou a correr. O carro passou por ele
novamente e piscou os faróis altos. Avery empurrou as pernas mais e mais
rápido e deu um suspiro de alívio quando a casa ficou à vista. Subiu os
degraus e abriu a porta. Descansou as costas na superfície dura e engoliu um
suspiro atrás do outro.
— Você está bem? — Oliver perguntou saindo de seu quarto.
Avery gritou e apertou a mão ao peito. Sorriu para cobrir seu medo.
— Sim, só me assustei, foi tudo.
— Tenho certeza. — Oliver deu-lhe um olhar para cima e para baixo.
— Bem, boa noite. — Disse quando passou por Oliver para chegar às
escadas.
— Boa noite, Sr. Draper.
Avery riu enquanto subia as escadas. Seu coração ainda estava
correndo a um milhão de quilômetros por hora, mas se recusou a dizer a
alguém o que tinha acontecido. Pelo que sabia, eram apenas mais
adolescentes assustando alguém. E com Avery no limite, era o alvo perfeito.
Desconsiderou isso e entrou no quarto que dividia com Landen. Dentro dos
braços de Landen era o lugar mais seguro do mundo, pelo menos para Avery.
Capítulo Dezesseis

— Obrigado novamente, Avery, por trabalhar esta noite. — Disse


Dominic enquanto empacotava os cupcakes, que estava pensando em levar
para a escola, para o aniversário de Kamden, no dia seguinte.
Era domingo à noite e deveria ter sido o dia de folga de Avery, mas
não se importava com isso. Landen e Kyle estavam trabalhando em casa,
enquanto Oliver e Levi estavam na casa Carsten, envolvidos nos negócios de
shifter e caçadores. Assim Avery ficou sem nada melhor para fazer.
— Não foi nada. — Sorriu para Dominic. — Fico feliz em ajudar.
Havia algumas pessoas sentadas em volta das mesas. Não
reconheceu todas, mas viu um rosto familiar do lado de fora.
— Oi, PJ, como vai? — Ele caminhou para o homem que era uma
espécie de amigo. PJ vinha para o café como na maioria das noites e Avery
achava que o cara era bom, não sentia nenhuma vibração estranha vindo dele.
Só achava estranho que PJ só vinha quando Dominic estava trabalhando.
Parecia um pouco estranho.
— Oh, bem. — Sorriu, enquanto ajeitava-se na cadeira. — Como tem
passado? As coisas ainda estão boas com o seu namorado?
— É claro. — Avery puxou a cadeira do outro lado de PJ e sentou.
— PJ, sei que não nos conhecemos muito bem, mas qual é o seu negócio com
Dom? — Avery olhou para Dominic atrás do balcão. — Está atraído por ele?
Acha ele quente ou algo assim?
— Eca, não! — Disse PJ um pouco rápido demais. Seu rosto estava
amassado em desgosto, mas ele rapidamente relaxou os músculos. —
Desculpe por isso. — Ele riu. — Não, não estou atraído por Dommy. Ele apenas
se parece com alguém que conheço.
— Oh, tudo bem. — Pensou que fazia sentido. PJ poderia estar
mentindo, mas acreditava que estava dizendo a verdade. — Ele é um cara
legal, assim como o seu namorado. Deveria ir falar com ele. — Deu de ombros.
— Poderiam se tornar amigos.
— É verdade, mas não sei. — PJ olhou para sua xícara de café e
circulou o dedo sobre a borda. — Posso te perguntar uma coisa?
— Claro. — Avery acenou com a cabeça e apoiou os cotovelos sobre a
mesa.
— Ele está feliz? Dominic, quero dizer.
— Pelo que vi, sim. Ouvi dizer que perdeu a memória depois de um
acidente, mas parece ter se recuperado o suficiente para viver uma vida feliz.
— E o seu namorado é bom para ele? — Avery acenou com a cabeça
e PJ deu um suspiro de alívio. — É bom saber. Obrigado, cara.
PJ levantou-se da cadeira.
— Você está indo embora? — Avery se levantou.
— Sim. — PJ enfiou o longo cabelo loiro atrás de suas orelhas.
— Cara, você acabou de fazer um monte de perguntas enigmáticas
sobre o meu amigo, não quer me explicar isso?
— Como disse, ele se parece com alguém que conheço e acho que
tenho um fraquinho por ele. — PJ correu os olhos na direção de Dominic. —
Meu amigo se foi, mas saber que Dominic está vivendo uma vida boa, ajuda. É
difícil de explicar.
— Não, eu entendo. — Avery deu um tapinha no ombro de PJ. —
Sinto muito pelo seu amigo. O que aconteceu com ele?
— É uma longa história. — PJ deu-lhe um sorriso fraco, então se
dirigiu a porta. — Vejo você por aí, Avery.
— Sim, mais tarde. — Ele gritou quando terminou andar pelo café
recolhendo canecas vazias e pratos. Os últimos retardatários da noite foram
embora, Avery se trancou atrás deles.
Enquanto estava limpando as mesas, uma figura passando pela
janela chamou sua atenção.
— Que diabos? — Avery correu para a porta, abrindo-a. — Ryan! — O
garoto se virou e teve a decência de parecer envergonhado. — O que está
fazendo ai fora, tão tarde? Será que seus pais sabem onde está?
— O que acha? — Ryan puxou o capuz sobre a cabeça, protegendo-se
do ar frio.
— Cuidado com a boca, espertinho, traga seu traseiro aqui — Avery
recuou e segurou a porta aberta para Ryan. — Landen e eu vamos te levar
para casa assim que sairmos.
— Você não tem que fazer isso. — Ryan disse enquanto passava por
Avery. — Estava indo para lá agora.
— Uh, não. — Avery balançou a cabeça. — Está escuro e não
sabemos o que pode acontecer com você lá fora, por conta própria. — Estava
projetando seus medos para o menino, mas o mundo ainda não era um lugar
seguro.
— Vai dizer aos meus pais? — Os lábios de Ryan formaram um
beicinho.
— O que acha? — Avery repetiu as palavras de Ryan, enquanto
colocava as mãos nos quadris.
— Foda-se! — Ryan deixou a cabeça cair para trás em seus ombros,
enquanto olhava para o teto.
— Ei! — Avery o golpeou com a toalha que estava em suas mãos. —
Olha a língua! — Ryan resmungou um ‘desculpe’ e sentou em uma das
banquetas no balcão da recepção. — Então o que estava fazendo?
— Ia encontrar com alguns amigos. — Ryan deu de ombros. — Nada
muito emocionante.
— Nunca é. — Avery limpou outra mesa.
— Ryan, o que está fazendo aqui? — Dominic perguntou quando
voltou.
— Peguei-o fazendo uma caminhada, o vi passar pelas janelas da
frente, então o fiz entrar. — Respondeu Avery por Ryan.
— Fugindo da escola. — Dominic riu. — Você está tão ferrado.
— Não me Diga. — Ryan deixou cair a cabeça para frente, para
descansar na bancada de vidro.
Avery e Dominic caminhavam pelo café preparando-o para amanhã
de manhã. Precisava chamar Landen para vir buscá-lo, mas queria esperar até
que estivessem mais perto de terminar.
— Avery, vou trazer meu carro. Você se importa de me ajudar a
carregar os cupcakes? — Perguntou Dominic.
— Claro que não, Dom. — Avery terminou de encher os porta-
guardanapos e deu um tapa no ombro de Ryan enquanto passava. — Ajude-
me a levar essas caixas para fora, sim?
— Tudo bem.
Entregou uma das caixas para Ryan, então, pegou a outra. Puxou a
porta e empurrou-a com o ombro. Saíram para o corredor mal iluminado e
esperaram o carro de Dominic. Não demorou muito antes que os faróis
iluminassem o beco escuro.
— Obrigado, pessoal. Aprecio isso. — Dominic apareceu e ajudou a
carregar as caixas.
— Bem, são para a classe do meu irmão, então acho que deveria
ajudar. — Ryan sorriu para Dominic.
— Espertinho. — Avery riu.
Estavam muito ocupados rindo e brincando, e não ouviram os passos
se aproximando.
— Avery. — Uma voz profunda disse na frente do carro.
— Sim? — Sem pensar duas vezes, virou. Um homem alto, com
cabelos negros e pele levemente bronzeada, estava poucos metros à frente do
carro de Dominic. Avery não reconheceu o homem. — Posso ajudar?
— Sinto muito que me precisei de tanto tempo, mas estava
esperando o momento certo. — Disse o homem, enquanto olhava nos olhos de
Avery.
— Oh, meu Deus! — Avery murmurou baixinho e empurrou Ryan para
trás dele. — Dominic, leve-o para dentro e chame a polícia.
— O que está acontecendo? — Perguntou Dominic.
— Apenas faça! — Avery podia ouvir o pânico em sua voz e suas
mãos começaram a tremer.
— Não tão rápido. — O homem sacou uma arma e apontou para Ryan
e Dominic. — Você não vai a lugar nenhum.
Porra! O que faço? A mente de Avery estava correndo. Parecia quase
um anticlímax. Nunca, em um milhão de anos, teria pensado que a porra do
perseguidor iria apenas caminhar até ele. Isso era uma loucura.
— Ei, cara, apenas deixe-os ir. — Avery olhou por cima do ombro em
direção Dominic e Ryan. — Eles não têm nada a ver com isso, sou eu que
quer, certo?
— Avery, não tem que fazer isso. — Sussurrou Dominic pelo canto de
sua boca.
Um som gutural profundo veio de Ryan, enquanto olhava por cima do
carro para o homem apontando uma arma para eles. Avery percebeu que as
garras do Dominic tinham alongado e seus olhos estavam brilhando.
— Por favor, deixe os ir. Não vou lutar com você. Irei com você sem
resistir. Só, por favor... — implorou Avery.
Aconteceu tudo de uma vez e não tinha certeza do que estava
acontecendo até que fosse tarde demais. Dominic mudou e se lançou para o
homem. O homem ergueu a arma, mas Avery não ouviu o barulho do tiro. Não
havia nada além de silêncio. Viu quando Dominic caiu no chão. Correu para
Dominic, com Ryan ao seu lado.
Com a ajuda de Ryan rolaram Dominic sobre suas costas. Um risco
vermelho-escuro surgiu ao lado de sua cabeça e o sangue escorria de seu
couro cabeludo, onde a bala o atingiu.
— Dominic! — Avery sentiu o pulso. — Oh Deus, não!
— Vamos, Avery. — O homem foi ao lado dele e estava puxando-o de
pé.
— Deixe-me em paz. — Avery balançou os braços e chutou com os
pés. O homem o socou com tanta força que viu estrelas. Quando levantou a
cabeça, viu Ryan. — Ryan, não! — Gritou quando o jovem pulou do chão. Seus
olhos brilhavam um azul escuro profundo e seus dentes tinham aumentado
para pontas afiadas. O homem levou o braço para trás e bateu a coronha da
arma na cabeça de Ryan, que caiu no chão. — Ryan! — Gritou.
— Ele vai ficar bem. Agora vamos. — O homem começou a arrastar
Avery para baixo, na direção oposta do café.
— Por que está fazendo isso? — Avery lutou como pôde, mas o punho
de ferro do homem prendia seu braço.
— Porque estamos apaixonados. — O homem virou Avery para
encará-lo, envolvendo seus braços fortes e musculosos ao redor da sua
cintura. Avery tentou se afastar. — Não se lembra de toda a diversão que
tivemos? — O homem se inclinou e começou a esfregar o nariz contra a
bochecha de Avery, beijando ao longo da sua mandíbula.
— Pare com isso. — Avery virou o rosto antes que o homem pudesse
capturar seus lábios. — Nem sei quem você é.
— Não minta. — O homem agarrou um punhado de cabelos de Avery,
puxando sua cabeça para trás. — Sei que lembra. Como pôde me esquecer? —
Empurrou Avery contra o capô do carro e bateu sua cabeça na superfície do
metal, até que sentiu que ia desmaiar. — Acho que vou transar com você até
que lembre. Como isso soa? — O homem foi para pegar os jeans de Avery.
Ele estava lá, mole, enquanto era empurrado e virado para deitar de
bruços. O ar frio provocou arrepios ao longo de sua bunda. Ele se encolheu
quando o homem o agarrou, mas não podia se mover. Estava congelado de
medo.
— Você vai esquecer tudo sobre garoto de faculdade, assim que
estiver dentro de você. — As lágrimas vieram aos olhos de Avery enquanto o
homem falava em seu ouvido. — Sou tudo o que vai querer. Está me ouvindo?
— Ele agarrou os cabelos de Avery, novamente batendo sua cabeça no capô do
carro. — Responda-me.
— Sim. — Seu corpo tremia enquanto suas emoções assumiam.
Estava preso atrás de um prédio escuro, sem ninguém para ajudá-lo. Dominic
tinha sido baleado, Ryan estava inconsciente, Avery estava indefeso e esse
homem se preparava para estuprá-lo. A vontade de lutar o dominou, mas
como poderia? Precisava chegar a esse desgraçado antes que Ryan acordasse.
Se alguma coisa acontecesse com o jovem, nunca se perdoaria.
O som de um profundo rosnado ecoou no beco e nas paredes de
pedra. Avery tentou ver através das lágrimas para saber quem era. A massa
escura correu pelo beco em direção a eles. Por um momento, pensou que
poderia ser Landen, mas o cabelo deste lobo era negro como a noite, com
olhos azuis marinhos, tão escuros quanto seu pelo.
— Que porra é essa? — O homem atrás de Avery afrouxou seu
aperto, enquanto se levantava.
Um latido agudo foi o único aviso que teve antes do lobo correr para
frente. O homem ergueu a arma, mas foi empurrado para o chão por um outro
lobo, um loiro de olhos verdes brilhantes.
Avery puxou suas calças, pulou sobre o capô do carro e assistiu. O
pequeno lobo loiro mordia mão do homem até que largou a arma. O lobo
negro foi direto para a garganta. O homem gritou e implorou por sua vida,
mas foi inútil. Os sons não eram mais altos do que um murmúrio. Sangue
escoria de sua garganta e vazava pelo canto de sua boca. Viu quando a vida
deixou os olhos do homem. Deveria ter se sentido mal, mas não se importava.
Para ele, o homem teve o que merecia.
— Dominic!
Avery olhou para o som, para ver PJ correndo de volta para o carro
do Dominic. Seu corpo nu se ajoelhou e colocou a cabeça de Dominic em seu
colo.
Como se estivesse em câmera lenta, Avery virou-se para baixo do
carro. Seus olhos corriam para o lobo negro que gemia e batia as patas no
chão na frente do carro. Estendeu lentamente a mão para o lobo farejar. O
lobo acariciou sua cabeça grande na palma da sua mão. Não sabia por que ele
fez isso, mas parecia a coisa certa a fazer. Afinal o lobo tinha acabado de
salvar sua vida.
— Dommy, por favor, acorde!
Ao som da voz angustiada de PJ, Avery virou e correu de volta para
os outros. Podia ouvir o lobo correndo ao lado dele, mas não olhou para cima.
Muita coisa tinha acontecido esta noite, mal conseguia segurá-lo juntos.
Abaixou-se ao lado de Ryan e sacudiu seu ombro.
— Ryan, pode me ouvir? — A voz de Avery estava áspera com
emoção. — Ryan!
— Ave? — Ryan abriu os olhos devagar e Avery deu um suspiro de
alívio. — Onde ele está? — Ryan tentou sentar, mas Avery segurou-o perto de
seu peito.
— Não tem que se preocupar com ele. — Avery olhou para a figura
escura no chão. Ryan seguiu seu olhar e acenou com a cabeça. Seus braços
encontraram a cintura de Avery e o adolescente o abraçou. — Ele está vivo? —
Perguntou PJ.
— Ainda está respirando. — As mãos de PJ percorriam o corpo de
Dominic, para verificar mais danos.
— PJ, quem é você, realmente? — Avery tinha a sensação de que PJ
não era quem dizia ser. Não poderia ser uma coincidência que estivesse
pendurado no café e era um shifter lobo. Algo não estava somando, mas não
podia colocar os pedaços juntos.
— Meu nome é Peyton, não PJ. — Ele olhou para cima para encontrar
o olhar curioso de Avery. — Sou o irmão de Dominic.
Avery não sabia o que dizer. Olhou o corpo para cima de Dominic e
de Peyton. Não viu qualquer semelhança, mas por que PJ... Peyton... Seja qual
for o nome dele, iria mentir?
— Devemos chamar meu pai. — Ryan pegou seu telefone e discou o
número de Caleb.
— Vamos levá-lo para dentro. — Avery ofereceu enquanto levantava,
puxando Ryan com ele.
Peyton ajudou Dominic a se levantar. Esperou na porta dos fundos,
enquanto Avery movia-se para abri-la.
— O que ele tem? — Perguntou Avery olhando para o grande lobo
negro.
— Ele vai ficar bem aqui. — Peyton voltou sua atenção para o lobo.
— Silas, voltarei para casa assim que terminar aqui. Prometo. — O lobo latiu e
correu pelo beco, para a rua. — Ele não gosta de estar na forma humana. —
Disse Peyton, tentando explicar.
— Meus pais estão a caminho. — Ryan murmurou enquanto olhava
para o corpo inerte de Dominic.
— Ele vai ficar bem, Ry. — Avery puxou Ryan em seus braços e
encontrou o olhar de Peyton sobre sua cabeça. — Tudo vai ficar bem.
Estava fazendo uma promessa que não podia fazer, mas ajudava
mentir para si mesmo. Porque se as coisas desmoronassem, pelo menos teria
a mentira para ajudar.

Capítulo Dezessete

Foi se aproximando das 10:30h e Landen ainda não tinha ouvido falar
de Avery. Estava preste a chamá-lo quando Oliver gritou para ele da sala de
estar. Pegou sua carteira, as chaves e desceu as escadas. Ficou surpreso ao
ver Seth na porta da frente, e Oliver e Kyle se preparando para sair dela.
— O que está acontecendo, caras? — Enjoo, pesado e grosso, nadou
em seu estômago.
— Houve um acidente no café. — Seth desviou o olhar, incapaz de
atender o questionamento nos olhos de Landen. — O perseguidor atacou.
Avery está bem, mas Dominic levou um tiro.
Isso foi tudo o Landen ouviu. Saiu pela porta da frente, puxando as
chaves do bolso.
— Landen, espere. — Kyle agarrou pelo ombro e o virou. — Você
precisa se acalmar. Avery está tudo bem, mas precisa para relaxar antes de
chegar ao volante desse carro.
Landen acenou com a cabeça.
— Aqui, você dirige. — Entregou as chaves para Kyle.
Kyle dirigiu o jipe de Landen e Oliver subiu no banco de trás. O
caminho para o café parecia mais longo do que o habitual. Quando Kyle
finalmente parou o jipe em frente ao café, Landen saltou. A porta da frente
estava aberta quando passou por ela. Olhou em volta à procura de seu
companheiro. Numa mesa afastada, Ryan sentava, agarrando-se a Caleb e
Seth correu, passando Landen para chegar a seu filho e companheiro. Vozes
que vinham da parte de trás do café levaram Landen para o escritório
principal. Deitado no sofá estava um Dominic inconsciente. Roderick ajoelhava-
se ao lado dele, segurando um pano manchado de vermelho em sua cabeça.
Outro homem, que não conhecia, estava ao lado, braços cruzados sobre o
peito nu, olhando para Dominic.
Virou-se ao ouvir a voz de seu companheiro, com um tom doloroso.
— Avery! — Landen eliminou a distância entre eles e puxou Avery em
seus braços. Afastou-se para olhar melhor para seu companheiro. Para ver
com os seus próprios olhos que estava tudo bem. — Ele não o machucou,
machucou?
— Não. — O rosto de Avery estava amassado e lágrimas caíam dos
olhos. — Estava tão assustado. Ele atirou em Dominic e bateu em Ryan. Tinha
certeza de que nunca iria você de novo.
— Ah, bebê. — Landen puxou Avery volta em seus braços e balançou-
o para trás e para frente.
— Will está a caminho. — Avery enxugou o rosto no peito de Landen.
— Ele vai verificar em Dominic.
— Ele não deveria estar num hospital? — Perguntou Landen.
— Roderick e Peyton disseram que não há razão para isso. Ele já está
começando a se curar.
Will chegou em seguida. Deu a seu irmão um rápido olhar e o
abraçou com força, depois passou a trabalhar em Dominic.
— Aqui, vamos sair para dar-lhes algum espaço. — Landen sugeriu.
Uma vez que estavam fora do escritório, levou Avery até uma mesa
vazia. Caleb veio em seguida e fez um monte de perguntas, que Landen mal
ouviu. Sua própria mente estava correndo com o que aconteceu.
— Vamos levar o corpo e rebocar o carro. — Caleb esfregou a mão no
seu cabelo. — Isso é algo que não fazemos muito, mas temos que encenar um
acidente.
— Por quê? — Por tudo o que importava, ficaria feliz em ver a
podridão do corpo numa vala.
— O homem perseguindo o seu companheiro era um ex-policial.
Oficial Fredrick Morris, de uma delegacia em Nova York. O conselho dos
caçadores descobriu que o cara estava de licença médica há cerca de três
anos. Depois de ser baleado. Seu parceiro na força foi morto no acidente.
Aparentemente, teve um colapso mental.
— Mas por que estava atrás de Avery? — Perguntou Landen.
— Trabalhava de segurança num dos clubes que eu freqüentava
quando morava em Nova York. — Avery respondeu, não encontrando o olhar
de Landen. — Não o reconheci no início, porque seu cabelo está mais longo
agora e eu estava um lixo cada vez que o vi. — Avery saiu do abraço de
Landen e passou os braços em torno de si.
— Ave, qual é o problema? — Landen se aproximou de Avery, mas ele
se afastou.
— Dormi com ele, Landen. Deixei que o homem me fodesse e não
conseguia nem lembrar dele. Trouxe isso não só para mim, mas para todos
vocês. Minhas ações descuidadas feriram Dominic e Ryan.
— Você não pode culpar a si mesmo. — Landen pegou Avery e o
colocou no colo. Ele deixou seu companheiro chorar em seu ombro, enquanto
esfregava suas costas.
— Ele está certo, Avery. — Caleb bateu os dedos sobre a mesa. —
Morris era um canhão solto. Ninguém poderia ter previsto isso. E sobre o meu
filho, bem, isso é culpa minha e de Seth. Deveríamos ter mantido uma
vigilância maior nele.
— Pai, não diga isso. — Ryan soluçou. — Por favor, não se culpe. Sou
um idiota, que tomou uma decisão estúpida. — Ryan levantou-se e bateu com
o punho contra o peito dele.
— Ei, amigo, acalme-se. — Seth circulou seus braços ao redor da
parte de trás Ryan e Caleb se levantou para abraçá-lo de frente. — Vai ficar
tudo bem, mas, juro por Deus, se puxar algo assim de novo, vou te bater.
— Feito. — Ryan murmurou contra o peito de Caleb.
— Bebê, não pode assumir a responsabilidade por isso. — Landen
usou o dedo para erguer o queixo de Avery. — Dominic só fez o que qualquer
um de nós teria feito. Mesmo Ryan. E sei que você teria feito o mesmo por
qualquer um deles.
— Ele fez. — Ryan disse quando se afastou de seus pais. — Ele
ofereceu a si mesmo, para ir sem uma luta se o cara soltasse a mim e a
Dominic. — Ryan passou a mão em seu olho.
Uma explosão de orgulho encheu o peito de Landen. Seu
companheiro teria se sacrificado por seus amigos e, apesar de estar orgulhoso,
também se irritou. Nunca quis pensar que Avery se colocasse no caminho do
perigo.
— E isso aí é o que faz de você uma boa pessoa, Ave. — Landen
sussurrou no ouvido de Avery.
O silêncio do café foi interrompido por gritos vindos do escritório, que
lentamente ficaram mais altos, até que os ocupantes vieram para a frente da
loja.
— Vou com você! — Uma voz declarou com forte autoridade.
— Diabos, que vai! — A voz de Roderick era ameaçadora. Landen
olhou na direção dos gritos e viu Roderick levando Dominic em seus braços. —
Nem sequer sabemos quem você é.
— Peyton! — Kyle levantou-se e olhou para o recém-chegado
discutindo com Roderick.
— Você conhece esse cara? — Perguntou Roderick.
— Ele era um membro do bando de minha mãe. Bem, mãe adotiva. —
Kyle esclareceu.
— Oh, você realmente não está vindo com a gente, então. — Roderick
virou as costas para Peyton.
— Pare com isso! — Avery gritou e se levantou. — Se não fosse por
Peyton eu estaria muito longe agora com esse maluco. Ele salvou minha vida.
— Avery voltou toda sua atenção para Peyton. — Diga a eles o que me disse.
Todos se viraram para olhar para Peyton e o cara não conseguia
encontrar o olhar de qualquer um.
— Sou meio-irmão de Dominic. Estive procurando por ele durante os
últimos cinco anos.
Landen e, aparentemente, todos os outros não estavam esperando
isso.
— É uma longa história, mas é a verdade. Se não acredita, chamar
Conselho de caçadores de Northwestern. Eles vão corroborar a minha história.
— Conselho de caçadores? — Roderick inclinou a cabeça para o lado.
— Sim. — Peyton passou a mão pelo cabelo ondulado grosso. — Sou
um shifter lobo e um caçador.
— Caleb, ligue. — Roderick ordenou enquanto carregava Dominic fora
da porta, com Peyton indo atrás dele.
— Que loucura é tudo isso? — Perguntou Kyle. — Não conheço Peyton
muito bem, mas era um dos lobos que ajudaram a impedir Sasha de matar o
bando inocente.
— Ele é meio que meu amigo. — Disse Avery pegando a mão de
Landen entre as suas. — Mas o conhecia como PJ. Ele vinha ao café à noite,
quando Dominic trabalhava. Tudo faz sentido agora.
— Com certeza. — Kyle olhou ao redor da sala. — Vamos sair daqui?
— E o corpo? — O aperto de Avery em sua mão chegou a ponto de
doer.
— Já foi tratado. — Caleb bateu Avery no ombro. — Vá para casa e
descanse um pouco. Faça o seu melhor para tirar tudo isso de sua mente,
Avery. E obrigado por proteger meu filho.
— Não fiz muita coisa, mas, com certeza, ele entrou em ação quando
as coisas ficaram difíceis. — Avery sorriu para o adolescente. — Acho que pode
estar seguindo seus passos para ser um policial.
— Deus nos ajude a todos, então. — Caleb riu. — Não tenho certeza
se meu coração poderia suportar o stress.
Landen passou o braço em volta dos ombros de Avery, levou-o para
fora do café e para seu jipe. Ajudou a Avery entrar e afivelou o cinto de
segurança para ele. Avery estava estranhamente quieto no caminho de casa e
entendia por que. As coisas que viu naquela noite e a culpa de não ser capaz
de impedir, estariam com ele para sempre.
Uma vez em casa, Avery caminhou em silêncio até o banheiro e
entrou no chuveiro.
Landen disse um rápido ‘boa noite’ para seus amigos e seguiu Avery
para cima. Seu telefone começou a tocar e atendeu.
— Olá.
— Ei, Landen, sou eu, Will. Como ele está? — Will perguntou.
— Ok, acho. Realmente tranqüilo demais.
— Acho que era de se esperar. — Will soltou um suspiro pesado. — Se
precisar de alguma coisa, não hesite em chamar, ok?
— Ok, o homem, vai fazer. — Landen desligou o telefone e jogou-o
em sua cômoda.
Landen tirou a cueca e estava jogando suas roupas no cesto, quando
Avery entrou pela porta. A água pingava de seu cabelo e a calça folgada do
pijama se agarrava a seus quadris. Seus olhos estavam manchados de
vermelho e tinha manchas avermelhadas nas bochechas de tanto chorar.
— Venha aqui, querido. — Landen estendeu os braços para Avery,
mas não se moveu. Não queria perturbar ou afastar Avery. Isto tinha de ser do
jeito de Avery, que com um passo lento, finalmente, caiu nos seus braços. —
Quer falar sobre isso? — Uma parte de Landen precisava saber o que
aconteceu, mas outra seria feliz sem nunca saber.
— Não, realmente. — Avery sufocou uma risada. — Mas quero dizer a
você. Conversar com você sempre me faz sentir melhor. — Landen os moveu
para sentar na cama, com as costas encostadas na cabeceira. — O mais
engraçado de tudo isso, agora que sei quem ele era, é que não consigo tirar
seu rosto da minha mente. Toda vez que fecho meus olhos o vejo, mas não o
homem que estava lá fora esta noite. O que encontrei no clube. Eu o conhecia,
Landen. Deixei-o entrar na minha cama. — Avery quebrou novamente.
— Ouça-me, Ave. Não havia nenhuma maneira de você ou qualquer
outra pessoa saber que ele iria reagir desta maneira. Todos temos as nossas
conexões de uma noite ou amigos de foda, que não desenvolvem
comportamento perseguidor. Esse cara estava quebrado de maneiras que
ninguém sabia. Não pode se culpar.
— Logicamente, entendo isso, mas ainda dói. — Avery levou um
minuto antes de falar novamente. Falou sobre como Morris os surpreendeu no
beco quando ajudava Dominic a carregar seu carro. Então, como Dominic
tentou parar Morris e levou o tiro. — Nunca vi nada como isso antes. A arma
nem sequer fez um som. Caleb disse que tinha algum tipo de silenciador, mas
ainda não tirou os seus efeitos. O corpo de Dominic caiu no chão como uma
boneca de pano. — Avery cobriu os olhos enquanto chorava mais com a
lembrança. Tudo que Landen podia fazer era abraçá-lo e o fez. — Ele estava
me empurrando contra o carro, Landen. Teria me estuprado, se não fosse por
Peyton. Se Peyton não estivesse lá... — A voz de Avery sumiu quando mais
lágrimas venceram.
Landen apertou Avery. Realisticamente, sabia que poderia ter sido
uma possibilidade e estava tão agradecido a Peyton por parar Morris antes que
ele tivesse a chance. Se tivesse acontecido não sabia se Avery teria se
recuperado.
— Mas ele estava lá e isso é tudo que importa. — Landen devia muito
a esse cara, Peyton. Ele manteve seu companheiro seguro e eliminou o doente
que atormentava Avery a mais de um ano. Era uma dívida que não tinha
certeza de que poderia reembolsar integralmente.
— Eu te amo tanto, Landen. — Avery mudou-se para escarranchar no
colo de Landen. Beijou ao longo de suas bochechas até o pescoço. — O
pensamento de nunca mais te ver novamente fez meu coração bater tão
rápido, que pensei que ia morrer sozinho. — Avery sugou o ombro de Landen e
ele inclinou a cabeça para o lado, para lhe dar mais espaço para se
movimentar.
— Não tem que se preocupar mais com isso. — Landen passou os
dedos pelo cabelo úmido de Avery. — Não vou a lugar nenhum e nem você. —
Ele gemeu quando Avery lambeu e chupou sua clavícula, indo para o outro
lado de seu pescoço. — Diga-me o que precisa, bebê.
— Você e só você. — Avery se sentou e olhou nos olhos de Landen. —
Preciso fazer amor com você. — A mão de Avery deslizou entre seus corpos e
foi até a protuberância na boxer de Landen. — Por favor, preciso estar dentro
de você.
— Sim. — Landen disse sem fôlego, deixando Avery deitá-lo de
costas.
Avery puxado para baixo a boxer de Landen e a chutou para fora.
Observou os movimentos frenéticos de Avery enquanto ele tirava as calças e
subia entre suas pernas abertas. Landen lhe entregou lubrificante, que pegou
da mesa do lado, e Avery fez um rápido trabalho de umedecer seu pau duro.
Avery não teve o tempo para prepará-lo e Landen não se importava. Podia
sentir a urgência de seu companheiro para fazer sua reivindicação. Para fazer
algo em que poderia ter o controle e Landen estava feliz em lhe dar isto.
A ponta lisa encontrou sua entrada e Avery empurrou para frente,
sem parar, até que estava completamente encaixado no corpo de Landen, que
mordeu o lábio para segurar seu grito de dor. Avery parou por um momento
enquanto estava em cima do corpo de Landen. O pênis de Landen suavizou um
pouco com a dor lancinante, mas lentamente começou a endurecer quando
Avery puxou suavemente para fora e voltou para dentro.
O ato de amor começou lentamente. Compartilharam beijos suaves,
doces, línguas dançando juntas enquanto seus corpos trabalhavam juntos,
chegando perto da felicidade entorpecente que precisavam.
— Nunca quero ficar sem você. — Disse Avery enquanto seus quadris
começavam a bater com mais força contra seu traseiro.
— Nunca irá ficar. — Landen gemeu quando a cabeça do pênis de
Avery massageou sua próstata, enviando pequenas ondas de choque de suas
bolas até o topo de sua cabeça. — Estamos juntos para sempre.
Avery se moveu para ter espaço suficiente para envolver os dedos
finos ao redor do pênis de Landen e começou a bombear seu punho.
— Goze para mim, Lan. Preciso te sentir você se desfazendo em volta
do meu pau. Preciso disso.
O desespero na voz de Avery mandou Landen para um lugar que
apenas ele e Avery existiam. Suas bolas lançavam seu gozo pegajoso. O calor
líquido escorreu pelos dedos de Avery, que grunhiu enquanto afundava mais
duro em Landen. Sentiu o corpo de Avery ficar tenso e depois com um gemido
alto seu corpo se rendeu ao seu orgasmo. Landen abraçou o corpo de seu
companheiro, que balançava com cada jato de esperma que saia de seu pênis.
— Eu te amo mais do que tudo, Avery Watterson. — Landen beijou o
topo da cabeça de Avery. — Estamos juntos nessa, por isso não sinta
necessidade de esconder nada de mim. Estou aqui para você.
— Também te amo, Lan. — Avery beijou ao longo do pescoço de
Landen. — E confie em mim, vou lhe dizer qualquer coisa que queira saber.
Mesmo as coisas que não quiser. — Avery sentou-se o suficiente para sorrir
para Landen.
— Bem, não disse tudo isso... — Landen brincou.
— Você, seu idiota. — Avery começou a fazer cócegas ao longo dos
lados de Landen, causando-lhe um ataque de risos. — Lembre-se, isto é para o
melhor ou o pior, meu amigo.
Landen rolou, prendendo Avery sob ele.
— Para o melhor ou o pior. — Ele se inclinou para beijar os lábios
inchados de Avery.
Avery enroscou seu corpo ao redor de seu corpo e o beijo se
aprofundou, Landen percebeu que não havia nenhum outro lugar no mundo
onde preferisse estar ou alguma outra pessoa. Avery era tudo para ele. Seu
humano o deixava louco às vezes, mas era amor e era o amor de sua vida, de
modo que poderia assumir qualquer coisa que seu companheiro quisesse.

Capítulo Dezoito

Avery acordou no conforto do abraço de seu amante, mas logo depois


a realidade o atingiu. As lembranças da noite anterior caíram pesado em seus
ombros e não podia mais ficar parado. Levantou-se da cama, tomou banho e
se vestiu, o tempo todo com Landen o seguindo de perto. Era como se Landen
pensasse que iria desaparecer se o deixasse fora de suas vistas por muito
tempo.
Após o café da manhã, Kyle sugeriu que todos fossem até a casa de
Roderick e Dominic. Eles não viviam longe e todo mundo queria ver como Dom
estava indo.
— Ainda acho que deveriam ter o levado para o hospital. — Disse
Kyle.
— Para quê? — Perguntou Levi. — Ele já estava se curando. Se o
levassem para a emergência, com um tiro na cabeça já cicatrizando, saberiam
que algo estava seriamente errado. E quer a toda a cidade sobre shifters? A
próxima coisa que veria seria um linchamento de sua pequena bunda. — Levi
apontou um dedo para o lado de Kyle, fazendo-o rir.
— Ei! — Oliver pegou uma das mãos do volante para bater em Levi.
— Nada de falar da pequena bunda de meu companheiro.
— Deus, não é tão pequena. — Kyle bufou, mas não conseguiu evitar
o sorriso do rosto.
Enquanto Avery ficava lá ouvindo os três brigarem, tentava tirar tudo
de sua mente. Assumiu que estavam fazendo isso de propósito. Avery esteve
tranquilo durante toda a manhã e os caras provavelmente não estavam
acostumados com isso.
A primeira coisa que notou quando chegaram na casa de Roderick
foram todos os carros estacionados no pátio e ao longo da rua. Saíram do
carro e caminharam até a porta da frente. Oliver não se preocupou em bater e
seguiram-no para dentro.
Avery não tinha encontrado todos os membros do bando Nehalem,
mas tinha a sensação de que isto estava preste a mudar. Encontrou um após o
outro. Alguns eram shifters lobo e alguns eram seus companheiros humanos.
Se não tivessem dito que eram, nunca teria adivinhado. Para ele, todos eram
apenas pessoas reunindo-se por uma causa, Dominic.
— Will, ele não acordou ainda? — Avery perguntou a Will uma vez que
foi capaz de tê-lo sozinho.
— Ainda não. — Will balançou a cabeça, com uma expressão sombria
no rosto. — Mas isso não é incomum. Shifters têm uma composição diferente
em seus corpos do que nós seres humanos, mas é normal que o corpo se cure
assim. É melhor se estiver inconsciente.
Avery acenou com a compreensão. Poderia ser melhor para Dominic
curar enquanto estivesse inconsciente, mas era mais difícil para as pessoas
que o amavam.
— Será que ele vai ficar bem, já que não acorda?
— Não tenho nenhuma razão para pensar que não irá.
Isso era bom, pelo menos. Mas Avery também se perguntava se Dom
iria acordar e não lembrar de nenhum deles como da última vez que sofreu um
ferimento na cabeça. Isso seria devastador para todos os envolvidos.
— Peyton está aqui? — Avery queria mudar de assunto.
— Está. — Will fez um gesto com o queixo para a porta do quarto em
que Dominic estava. — Acho que verificaram o cara. Aparentemente, é um
caçador, assim como um lobo. Seu pai faz parte do conselho. Ele certificou
tudo que Peyton disse. Eles são irmãos. Por parte de mãe.
— Por que ele estava à procura de Dominic? Será que não sabia onde
estava? — Com todos os seus defeitos, quando se tratava de seu irmão pelo
menos sabia onde poderia encontrar Will em qualquer minuto. Tinha até seu
número de telefone, mesmo que nunca tenha usado até recentemente.
— Venha aqui. — Will passou o braço em volta dos ombros de Avery e
levou-o para fora, para o pátio. Havia um frio no ar, mas o sol brilhante
ajudava a mantê-lo aquecido. — Aqui está a coisa. Antes de Dom perder a
memória, ele nunca falou sobre sua família. Era muito fechado sobre a sua
vida antes de se mudar para Nehalem e agora sabemos o porquê. O pai de
Dominic matou sua mãe e, em seguida, deu um tiro na cabeça. Depois de
tudo, ele sumiu. Ninguém, apenas Dominic, pode dizer por que fez isso. Peyton
é cinco anos mais velho do que Dom e estava na faculdade quando ele partiu.
Acho que Peyton e seu pai estavam à procura de Dom este tempo todo.
O coração de Avery doía pela dor que Dominic tinha sofrido. Isso era
uma coisa terrível para acontecer a qualquer um. Fez Avery se sentir ainda
pior por agir como um egoísta todos esses anos em relação ao seu irmão.
— Mas, se Peyton e seu pai fazem parte do conselho do caçador,
como é que simplesmente não perguntaram ao redor ou entraram em contato
com Roderick? Ele é muito conhecido, pelo que Landen disse.
— Há várias divisões no conselho e vários bandos diferentes nos
Estados Unidos. Tudo o que tinham era o seu nome e uma fotografia antiga de
Peyton e Dom, de quando eram crianças. E antes que Dom perdesse a
memória, ele era um gênio da computação. Se não queria ser encontrado,
faria com que não fosse.
— Droga. — Murmurou Avery enquanto olhava para a porta fechada.
Pensou que poderia ser melhor se Dominic nunca tivesse essa memória de
volta. Quem gostaria de se lembrar de algo tão horrível assim?
— Você sabe o engraçado de tudo isso? — Avery viu como Will
rapidamente olhou para o chão. — Isso me faz pensar sobre nós e como,
mesmo quando não podia suportar a sua visão, ainda me importava para você.
Nunca iria me afastar sem você saber como entrar em contato comigo. Posso
não ter sido o melhor irmão do mundo, mas sempre te amarei.
— Também te amo, Will. — Lágrimas nublaram sua visão e Avery
levantou a mão para limpar os olhos. — Se pensa que foi um mau irmão, devo
ter sido horrível. — Ele riu. — Estou feliz que estamos aqui agora. Trabalhando
em remendar o nosso relacionamento.
— Eu também. — Will deu um passo em sua direção, passou os
braços em volta de Avery e o abraçou.
O silêncio do momento que estava compartilhando com seu irmão foi
interrompido pela abertura da porta traseira. Peyton saiu e deu-lhes um
sorriso tenso.
— Oi, Avery. — Peyton ergueu a mão para dar um pequeno aceno.
— Ei. — Avery enfiou as mãos nos bolsos e não tinha certeza para
onde olhar.
— Vou para dentro ver se Roderick precisa de alguma coisa. — Will se
desculpou e voltou para a casa.
— Então, conseguiu se reconciliar com seu irmão? — Perguntou
Peyton.
— Sim. — Avery assentiu. Ele cruzou as mãos sobre o peito. Estava
nervoso, mas não sabia por quê.
— Sinto muito por enganar você de qualquer maneira. Eu só... —
Peyton soltou um suspiro e olhou para o brilhante céu azul. — Não sabia o que
fazer. Estive procurando por Dommy por tanto tempo, andando de cidade em
cidade tentando ter uma vantagem sobre ele, então, finalmente, tenho uma.
Peyton sorriu quando disse a Avery como pegou o cheiro de Dominic
em Roderick, quando ele veio resgatar Ian e Kyle, da casa da mãe psicótica de
Ian. Seguiu-os de volta para Silver Creek e que estava vigiando Dominic desde
então.
— Imagine o meu choque quando cheguei aqui e, finalmente, vi o
meu irmão. Sonhei com esse dia durante os últimos cinco anos, apenas para
descobrir que Dom tinha perdido a memória e não lembrava de mim. Cada
memória compartilhada sumiu de sua mente. — Peyton limpou uma lágrima
que escorria pelo seu rosto. — Foi como perdê-lo mais uma vez. Não podia lhe
dizer nada, porque não queria trazer as memórias dolorosas, que era melhor
deixar esquecidas por Dom em sua nova vida. Ele parecia tão feliz no café, na
primeira vez que o vi. Não queria fazer nada que mudasse isto.
Podia dizer que Peyton estava tentando ser forte, mas estava
perdendo a batalha. Peyton sentou-se no degrau de concreto e escondeu o
rosto entre as mãos, chorando silenciosamente.
Avery se aproximou e sentou ao lado de Peyton, esfregando a mão
para cima e para baixo de suas costas.
— Ei, cara, não sinta a necessidade de pedir desculpas para mim. Pelo
amor de seu irmão e sua felicidade, você estava disposto a ir embora e deixá-
lo viver a sua vida. Isso é uma coisa muito altruísta de fazer. Dominic tem
sorte de ter você. — Avery acreditava em cada palavra que disse.
— Obrigado por dizer isso, mas ainda não muda nada. Ele pode
acordar e ainda não se lembrar de mim, mas tudo bem. Posso viver com isso,
desde que ele acorde.
— Ele o fará. Tem muito pelo que viver para não fazer isso. — O
aguilhão das lágrimas não derramadas queimou na parte de trás de seus
olhos. Avery estava doente de chorar.
— Obrigado, Avery. — Peyton inclinou-se e deu-lhe um abraço. —
Você é meu único amigo aqui. — Peyton deu de ombros. — Bem, além de
Silas.
— Falando de...
— Uma história para outro dia. — Interrompeu Peyton.
— Ei, você está ai. — Landen abriu a porta de trás e deu a volta em
Avery e Peyton, que se levantaram do degrau. — Peyton, certo?
— Sim, e você deve ser Landen. Prazer em conhecê-lo. — Peyton deu
a Landen um pequeno sorriso. — Queria que fosse em circunstâncias
diferentes.
— Eu também. Sinto muito sobre o seu irmão.
— Obrigado. Vou voltar para dentro. Ver se há alguma mudança. —
Peyton voltou para dentro, deixando Avery e Landen sozinhos na varanda de
trás.
Landen puxou uma das cadeiras da mesa de vidro no pátio de pedra.
Bateu a mão em seu joelho e Avery rapidamente entendeu o recado,
sentando-se em seu colo. Eles se sentaram em silêncio, observando as folhas
caírem das árvores, voando à deriva por todo o quintal, varridas pelo vento.
— No que está pensando? — Perguntou Landen.
— Dominic, Roderick e Peyton. — Ele se aconchegou no peito de
Landen, deixando a cabeça encostar em seu ombro. — Não poderia imaginar
passar por tudo isso. Quero dizer, Dominic não sabe o que está acontecendo e
talvez isso seja o melhor. Quem sabe?
— Talvez, mas também pode acordar com sua memória restaurada.
— Landen virou-se para beijar Avery na testa.
— Mas isso seria a coisa certa? A coisa justa? — Avery ponderou com
suas próprias perguntas. Seria realmente uma coisa boa para Dom lembrar
tudo isso de uma só vez, depois de fugir disto durante os últimos cinco anos?
Independentemente do resultado, ficaria feliz de ver Dom acordar. Para voltar
à sua vida habitual.
— Isso não cabe a nós decidir, Ave. De qualquer maneira, Dominic
tem muitas pessoas aqui que se importam com ele. Vai passar por isso, assim
como você vai passar por isso.
— Realmente não estou preocupado comigo neste momento. — Avery
soltou um riso amargo. — Pela primeira vez na minha vida, não estou
pensando em mim. — Avery endireitou-se e olhou para longe, para as árvores
balançando. — Desde que vim para cá a minha vida mudou para melhor. Claro
que vim por medo, mas fiquei porque era o que eu queria. Queria ser um
irmão melhor para Will, uma pessoa mais forte em que os outros pudessem
confiar, e queria ser um homem melhor para você. Eu te amo tanto, Landen.
Você só merece o melhor que a vida tem para dar. Preocupa-me que eu não
seja o suficiente.
— Pare de falar bobagem. — Landen colocou as mãos sobre as
bochechas de Avery. — Você é tudo para mim. Não me interprete mal, você
teve seus problemas no passado, mas não tivemos todos? É como seguimos
em frente, uma vez que tudo seja dito e feito. Você é um bom homem, Avery
Watterson. Só espero que eu possa ser o tipo de homem que merece.
— Você é mais do que suficiente. — Avery inclinou-se e apertou os
lábios para Landen de.
Avery quebrou o beijo e deitou-se no abraço forte de Landen. Sua
vida não tinha sido terrível, mas não foi perfeita. Ele teve que crescer rápido
em uma vida que não importava, mas tudo tinha mudado. Pela primeira vez na
sua vida, não estava preocupado com o amanhã. Recebeu um presente
quando veio a Silver Creek. Não só ele e seu irmão se reconectaram, mas
também encontrou o amor em Landen, um bom homem. Avery não tinha
certeza do que fez para ter tanta sorte, mas sabia de uma coisa, ia viver cada
dia ao máximo e amaria Landen para o resto de sua vida.

FIM

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