IDEOLOGIA E CULTURA POLÍTIC NA ERA DIGITAL (2ª PARTE)
Numa época onde o virtual é vivenciado como real, o desenvolvimento tecnológico
atual favorece ideologicamente a dominação social e alienação política que comprometem a verdade, que são veiculadas, principalmente, através das fake news. De acordo com o autor, as fake news não se tratam de um fenômeno a parte, mas sim de uma nova cultura política que se tornou capaz de formar o indivíduo em sociedade através da vida virtual. Ele define três espaços que demonstram o “terreno fértil” que são os espaços cibernéticos para a proliferação das fakes news. Primeiro, nesta sociedade do espetáculo, como o autor chama, os estímulos visuais constantes e imediatos fazem com que os indivíduos se tornem uma extensão de seus celulares, tornando-se “sujeitos-tela”. Em segundo, as fakes news se propagam num ambiente onde a política se estabelece culturalmente por meios digitais sobrepostos em uma lógica que não permite contraponto racional. As afirmações são estabelecidas sob uma lógica sutil de comportamento autoritário e opressor, que se utiliza discursos microfascistas de “bem contra o mal”. E terceiro, a razão critica encontra-se perdida entre a pluralidade de narrativas de um fato e a unilateralidade subjetiva de como são vivenciados pelos indivíduos orientados pela política das fake news. Esse espaço se torna propício de acordo com a necessidade de satisfação imediata e entorpecente das pessoas, que absorvem noticias sem que haja a utilização de reflexão. Dessa maneira, incorporasse uma comunidade que acredita facilmente em realidades falsas, capazes de gerar conflitos em escalas grandes que ameaçam a democracia e podem levar a casos violentos e, como é relatado no texto, até, a mortes. O autor questiona “como podemos resgatar um caminho para construir a democracia, não apenas como regime de governo, mas sobretudo como cultura na era digital”. E, acredito que, com a educação política engajada, critica, libertadora, que produza sentido e que permita a elaboração de uma nova realidade seremos capazes de resgatar um caminho para construir a democracia como cultura na era digital.