Desvio Fonético e Fonológico - Passei Direto

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Impresso por Alexsandra Ribeiro Ferreira, CPF 083.727.259-93 para uso pessoal e privado.

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Desvio Fonético e Fonológico

Disturbio articulatório é quando o problema é só na articulação do som.


Disturbio fonológico é um distúrbio de lingg, a criança consegue produzir
o som mas não o emite na comunicação.

Desvio Fonético e Fonológico: as trocas na fala


Marcadores: Fala
Esta dificuldade é mais conhecida como "trocas na fala", pois caracteriza-
se pelas trocas, omissões, inversões e acréscimos de fonemas durante a
fala. O atraso na aquisição fonológica, ou seja, na linguagem oralizada
pode resultar neste quadro. Classificam-se em: desvio fonético, desvio
fonológico e desvio fonético-fonológico.

Aquisição fonológica do português:


A ordem de aquisição dos fonemas pela criança ocorre naturalmente de
acordo com o grau de dificuldade. Os últimos fonemas a serem
adquiridos são as líquidas, principalmente a líquida não lateral r, que
tende a ser adquirida pela criança após os quatro anos. Este fonema é o
último por que depende de um ato motor complexo que é a vibração de
língua. Veja a ordem de aquisição dos fonemas abaixo:

Plosivas: p, t, k, b, d, e g ---------- 1ano e 6 meses - 1 ano e 8 meses

Nasais: m, n e ñ ---------- 1 ano e 6 meses - 1 ano e 8 meses

Fricativas: v, f, s, z, S, Z ---------- 1 ano e 8 meses - 2 anos e 10 meses

Líquidas: l, R, lh, r ---------- 3 anos - 4 anos e 2 meses


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Os fonemas geralmente são adquiridos nesta ordem, porém a idade


ilustrada para esta aquisição é a penas uma média. Muitas crianças
conseguem pronunciar estes fonemas mais precocemente e sem
dificuldades, enquanto outras demoram um pouco mais, apresentando
certas dificuldades que devem ser trabalhadas de preferência antes da
alfabetização.
A criança deverá adquirir todos os fonemas até os quatro anos, no mais
tardar quatro anos e meio. Aos cinco, se as trocas persistem já passa a
ser considerada uma "patologia da fala". Desta forma, fica evidente uma
maior dificuldade no tratamento da fala. Por isso o ideal é iniciar a
observação desta criança antes dos cinco anos, a fim de encaminhá-la a
um especialista mais precocemente. Isto garantirá resultados mais
satisfatórios, sem correr o risco de comprometer o aprendizado escolar.

Desvio Fonético
É uma alteração miofuncional oral, ou seja, um comprometimento motor
que possui uma causa orgânica. Por exemplo: a perda de um dente pode
fazer com que os sons de alguns fonemas se alterem durante sua
produção; a presença de freio lingual curto, mais conhecido como "língua
presa", impede a movimentação adequada da língua para a produção de
certos fonemas; a mal oclusão dentária; além disso, a própria
incoordenação dos movimentos dos músculos da face pode ocasionar
dificuldades na fala.

Desvio Fonológico
É uma desorganização no sistema de sons da criança, não tendo
nenhuma relação com comprometimentos orgânicos que afetem a
produção da fala. Crianças com desvio fonológico apresentam alterações
no seu desenvolvimento fonológico sem causa aparente.
Caracteriza-se pela fala espontânea quase ininteligível, com linguagem
bem desenvolvida e ausência de anormalidades anatômicas ou
fisiológicas nos mecanismos de produção da fala.

Desvio Fonético-Fonológico
Ocorre quando existe a presença de alteração motora e falta de
compreensão dos fonemas durante a fala.

As Perturbações Articulatórias
As alterações articulatórias podem ser de dois tipos: orgânicas e funcionais.
Os problemas dizem-se fonéticos quando se localizam exclusivamente a nível
da produção de fala (i.e., planeamento e execução dos movimentos
articulatórios) e fonémicos quando o sistema fonológico se encontra alterado
ou inadequado. Neste último caso, a pessoa é capaz de produzir sons mas fá-
lo de forma inconsistente, imatura ou inventada. Os erros reflectem uma
aprendizagem incompleta das regras de uso tendo, portanto, uma base
linguística.
Para uma eficaz intervenção nas perturbações de fala é necessário, por um
lado, identificar qual destes dois tipos se trata e, por outro lado, fazer
uma avaliação cuidada da situação. Para o correcto diagnóstico é
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necessário recolher informação relativa a aspectos como os factores estruturais


(e.g., desvios orgânicos da língua e de outras estruturas anatómicas), a
existência de dificuldades de coordenação motora (i.e., avaliar a acção
simultânea e sucessiva de contracções musculares) e sensoriais (i.e., avaliar a
existência de problemas auditivos e proprioceptivos), ao desenvolvimento da
linguagem (e.g., averiguar se houve atraso na aquisição dos grandes marcos
da linguagem e ver se há problemas a outros níveis como o sintáctico, o lexical,
o morfológico e o semântico) e a factores ambientais (factores que possam ter
dificultado ou impeçam a aquisição dos sons; e.g., língua materna dos pais,
idade dos pais, factores emocionais, modelos parentais, dinâmica familiar) ou
evolutivos (e.g., desenvolvimento motor da criança, doenças prolongadas,
inteligência, imitação do comportamento de crianças amigas com problemas de
articulação, problemas emocionais). Para além destes aspectos, é necessário
identificar-se os erros articulatórios propriamente ditos.
Através da análise de amostras de fala espontâneas e de respostas a testes
de articulação é importante identificar quais são os sons que o paciente
produz incorrectamente, que tipo de erros dá e onde estes se localizam (e.g.,
em que estrutura silábica, em posição inicial, medial ou final de palavra). É
preciso igualmente identificar algumas palavras-chave (i.e., palavras
específicas onde o paciente consegue articular correctamente o fonema-
problema), quais as produções correctas após estimulação auditiva e visual
forte, contexto fonémicos e silábicos relevantes e contextos comunicacionais
(e.g., tipo de situaço comunicativa, velocidade do enunciado, tipo de material
comunicativo).

Os erros articulatórios mais frequentes são as omissões, as substituições, as


distorções, as adições e as inversões. No caso específico das substituições,
chama-se a atenção para o facto de a substituição de um fonema por outro
depender da semelhança entre ambos, quer a nível da sonoridade, quer a nível
dos movimentos (e.g., articular /p/ em vez de /t/ mas raramente articular /p/ em
vez de /l/). Para além de se delimitarem os erros articulatórios é necessário
identificar-se as regras fonológicas que estão por detrás desses erros. Esta
identificação das regras subjacentes aos erros articulatórios pode ser feita
através de uma análise dos traços distintivos, através de uma análise de
acordo com o sistema tradicional de classificação dos sons da fala, ou através
de uma análise aos processos fonológicos aplicados.

• Traços Distintivos
Os traços são propriedades de sons e caracterizam-se por serem binários
(presentes (+) vs. Ausentes (-)). Quando determinados traços servem para
diferenciar um som da fala de outro designam-se por distintivos. O leitor
interessado encontra em Mira-Mateus, Andrade, Viana e Villalva (1990) uma
revisão dos vários traços distintivos. Aqui, e para exemplificar, falaremos
apenas de quatro traços distintivos: o nasal (que tem a ver com a ressonância
nasal), o contínuo (bloqueio mínimo da corrente de ar), o estridente (som de
fricção), e o sonoro (funcionamento das cordas vocais)
Em casos de perturbações articulatórias, a identificação de traços
comprometidos pode ser de extrema utilidade pois permite ao terapeuta
trabalhar directamente esses traços ao invés de incidir sobre os diversos
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fonemas que se caracterizam pela sua presença. Considere, por exemplo, o


caso de um paciente incapaz de produzir os fonemas /s, z, f, v/. Ao invés de
ensinar a correcta articulação de cada um dos quatro sons, o terapeuta pode
intervir apenas no traço distintivo que é comum aos mesmos. No exemplo
dado, o traço distintivo ausente é a estridência. Assim, a intervenção poderia
passar por treinar o paciente a sibilar, a assobiar e a estridência. Assim, a
intervenção poderia passar por treinar o paciente a sibilar, a assobiar e a
produzir zumbidos e por usar técnicas específicas de reconhecimento do traço
da estridência de imitação.

• Sistema Tradicional de Classificação dos Sons da Fala


A classificação dos fonemas consonânticos é feita através de quatro
características fundamentais: o ponto de articulação, o modo de articulação, o
vozeamento e a nasalidade. Já a classificação das vogais é feita através da
região de articulação, do grau de abertura, da intensidade, da posição labial e
da nasalidade.
À semelhança da abordagem anterior, pode ser útil identificar qual a
característica que se encontra ausente em caso de dificuldades articulatórias.
Por exemplo, se o paciente tiver dificuldade em articular fonemas cujo ponto de
articulação seja o alveolar, a intervenção pode ser mais eficaz se se centrar
especificamente no ensino de gesto articulatório correspondente(i.e., levar a
ponta da língua a tocar, ou a aproximar-se, dos alvéolos).

• Processos Fonológicos
Os processos fonológicos são processos naturais que as crianças usam para
simplificar os padrões de fala do adulto. Estes processos fonológicos têm a ver
com o tipo de erros articulatórios presentes na articulação de palavras.
Exemplos são a omissão de um segmento sonoro (e.g., dizer /peto/ em vez de
PRETO), a substituição de um som por outro (e.g., dizer /piSAmA/ em vez de
PIJAMA), a inversão, ou metátese (e.g., /kurkudilo para CROCODILO), a
adição (e.g., /f6lor/ para FLOR) e a assimilaço (e.g., /nAniS/ para NARIZ). O
leitor interessado encontra em Castro e Gomes (2000) os principais processos
fonológicos observados em crianças portuguesas entre os 3 e os 5 anos de
idade.
Considere o caso de um paciente que substitui sistematicamente os sons /S/ e
/Z/ por /s/ e /z/, respectivamente. Por exemplo, em palavras como CHAPÉU e
MÁGICO o paciente produz /sApEw/ e /maziku/, respectivamente. O tipo de
desvio observado é a anteriorização. Neste caso, a intervenção pode passar
pela técnica do bombardeamento auditivo (e.g., no início e final de cada
sessão, o terapeuta lê listas de palavras que contenham o som alvo) e pelo
treino conceptual. O treino conceptual consiste em estabelecer contrastes
mínimos com significado de forma a levar o paciente a perceber que a
alteração de um som por outro altera o significado da palavra (e.g., /masu/ vs.
/maSu/, /Zelu/ vs. /zelu/).

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