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A CULTURA ARTÍSTICA E A
REGENERAÇÃO NACIONAL
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[ Escriptos 2010 ]
4 Reynaldo dos Santos
ÍNDICE
Introdução...........................................................................................................7
Primeira parte – O nacionalismo científico......................................................11
Segunda parte – Medicina e Arte........................................................................31
Terceira parte – A Grande Guerra.....................................................................55
Quarta parte – Afirmação historiográfica.........................................................71
Quinta parte – O espírito da regeneração.......................................................105
Sexta parte – O confronto metodológico.......................................................125
Sétima parte – A persistência............................................................................ 141
Oitava parte – Sistematização crítica e síntese final.......................................157
Conclusão............................................................................................................ 187
Curriculum Vitae de Reynaldo dos Santos......................................................193
Notas.................................................................................................................... 227
Fontes e bibliografia........................................................................................... 261
Uma vida em imagens ....................................................................................... 273
Cronologia artística portuguesa – Sinopse......................................................283
Nota à versão digital.................................................................................... I [288]
6 Reynaldo dos Santos
A cultura artística e a regeneração nacional 7
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE
O NACIONALISMO CIENTÍFICO
As primeiras referências
Contemplação e conhecimento
A arte da essência
A ilha de Ruskin
O português-alemão
De modo natural, a nova geração sentiu-se atraída por estas teses, que
apelavam precisamente à renovação das elites, bem como a um ressurgi-
mento nacional que colocasse o país a par das outras nações europeias.
A Geração de 90 e o cosmopolitismo
A redenção do manuelino
SEGUNDA PARTE
MEDICINA E ARTE
cos itens então em uso: “Número – 797 R; Altura – 1,69; Olhos – azuis;
Boca – regular; Nariz – regular; Cabelos – louros; Barba – pouca; Rosto –
comprido; Cor – natural; Sinais particulares – foi vacinado” 48.
Cumprida esta breve formalidade, Reynaldo dos Santos foi colocado
na Reserva Militar, podendo regressar aos estudos médicos. Nos momentos
livres, visitava com alguma regularidade a Feira da Ladra, onde faria a pri-
meira compra artística: um retrato de origem francesa 49.
No trilho de Ramalho Ortigão, o estudante interessava-se igualmente
pela forma como os assuntos artísticos representavam um ponto de partida
para a crítica social e para os propósitos reformistas, sendo acompanhado
neste entusiasmo por Jorge Cid, seu colega na Escola Médico-Cirúrgica.
Além de aspirante a médico, Jorge Cid era um jovem caricaturista que
colaborava com Rafael Bordalo Pinheiro na revista A Paródia. Segundo um
jornal vila-franquense da época, também o próprio Reynaldo dos Santos
começou a participar naquela publicação, nomeadamente com alguns textos
não assinados ou sob pseudónimos, tratando-se de “piadinhas” destinadas a
acompanhar as exuberantes caricaturas50.
Embora com um estatuto bem mais modesto, Reynaldo poderia dizer
que era colega de Ramalho Ortigão, que também escrevia na Paródia, jun-
tamente com o republicano João Chagas, entre outros.
Se Reynaldo dos Santos apenas teve uma oportunidade para falar com
Ortigão, em contrapartida era seguro o convívio com Jorge Cid, que seria
recordado como “o meu primeiro amigo na vida. Sempre o mais íntimo, o
mais seguro, o mais dedicado e o mais nobre”, e com o qual empreendeu as
primeiras verdadeiras viagens, inclusivamente a Paris 51.
Desta amizade resultariam laços duradouros, pois Reynaldo acabaria
por namorar e depois casar com a irmã do colega, Susana Cid, que então
trabalhava numa chapelaria da Rua Augusta 52.
dos. Esta pareceu uma iniciativa estranha, mesmo porque os próprios norte-
-americanos ainda costumavam eleger a Europa para vir estagiar. Em todo o
caso, Reynaldo soubera que naquele país se apostava fortemente na cirurgia
experimental, ramo de vanguarda que o interessava desde o estágio junto de
Fernand Cathelin.
Durante o ano de 1905, o português visitou Nova Iorque, Boston, Fi-
ladélfia, Baltimore, Rochester e Chicago, assistindo os mais importantes
cirurgiões locais.
Numa instituição científica encontra-se o diário desta viagem, no qual
Reynaldo dos Santos descreveu por exemplo os trabalhos no City Hospital
de Boston: “As 6 operações do quadro foram praticadas n’uma sala grande
com duas bancadas para os assistentes. A appendicite no operating room nº
2. A anesthesia usada é a etherização simples ou precedida do protoxydo de
azoto”. Notava ainda detalhes já usuais naquele país, como o facto de todos
os cirurgiões utilizarem barrete branco, revelando-se ainda “muito hábeis a
dar nós só com um dedo”61.
Noutras passagens descreveu particularidades sobre os mestres norte-
-americanos, como Murphy, que “opera sem luvas, mas os seus ajudantes e
nurses usam-nas”. Já relativamente a Albert Ochner, Reynaldo acrescentava
que era de “estatura mediana, forte, cara rapada, cabelo crescido atrás,
óculos de oiro”62.
Neste período, Reynaldo limitava-se a fazer descrições simples, sem as
analogias com o mundo artístico que viria a registar posteriormente num
outro diário.
Entretanto, em Baltimore, teve a oportunidade de colaborar com Har-
vey Cushing, o fundador da moderna neurocirurgia que, apesar do tempera-
mento volátil, se entendeu facilmente com Reynaldo dos Santos 63.
Anotando os métodos operatórios de Cushing, o português ainda des-
creveu a visita guiada que o norte-americano lhe proporcionou pelo novo
Laboratório de Cirurgia Experimental, em fase final de edificação: “no rés-
-do-chão, casas divididas em gaiolas para os animais. No 1.º andar, duas
salas para anatomia pathologica, e um dressing room. Tenciona ensinar aí a
cirurgia experimental, fazendo tudo como se tratasse de gente”.
Recorrendo-se à utilização de animais, sobretudo de cães, o novo
Laboratório facilitava o ensino de técnicas cirúrgicas e a aplicação de anes-
36 Reynaldo dos Santos
concurso para Augusto Monjardino, ainda que ficasse aprovado com “mé-
rito absoluto” nas respectivas provas.
Sobre este assunto, escreveria Jaime Celestino da Costa: “São as iro-
nias do destino: Reynaldo dos Santos viria a ser um dia um urologista de
craveira internacional e o mais destacado professor de Cirurgia da Facul-
dade de Medicina de Lisboa. Na realidade, Augusto Monjardino, ligado a
uma Medicina Operatória sem serviço, nunca se revelaria como professor, e
foi longe da Faculdade que realizou a obra da sua vida: a Maternidade Al-
fredo da Costa”69.
Tratou-se do primeiro contratempo entre Reynaldo dos Santos e a Es-
cola Médico-Cirúrgica, embora o cirurgião encarasse tal insucesso como
uma oportunidade para continuar as suas investigações clínicas em total
autonomia. Sobre o caso, o próprio acrescentou que “se tivesse entrado
para a Escola em 1907, teria passado o resto da minha vida a comer
alpista”70.
Deste modo, ainda que lhe fossem atribuídas tarefas de docência en-
quanto Assistente, à margem dos quadros da instituição, concentrou-se no
desenvolvimento de mais artigos científicos, começando a publicar com
regularidade na revista A Medicina Contemporânea, dirigida por aquele que fora
co-fundador da publicação em 1883: Miguel Bombarda.
Se Harvey Cushing possuía um génio difícil, o de Bombarda era ainda
mais tempestuoso. Normalmente resolvia diferendos a punhos, e sentindo-
-se uma vez ofendido com uma caricatura publicada n’A Paródia, exigiu a
Jorge Cid que o enfrentasse num duelo, o qual só não ocorreu devido à in-
tervenção de João Chagas71.
Dono de um temperamento muito particular, foi também com ele que
Bombarda impusera a reestruturação do Hospital de Rilhafoles, melhorando
as condições dos “alienados mentais” ali internados. Segundo Júlio Dantas,
seu admirador e antigo aluno, o espírito disciplinador do famoso médico-
-psiquiatra tornava-o um verdadeiro “militar à paisana” 72.
Era mesmo lendário o escrúpulo de Miguel Bombarda, que ia desde os
fardamentos hospitalares ao rigor que exigia nos artigos científicos dos seus
colaboradores. A estes, antes de lhes permitir que se lançassem em textos
originais, Bombarda “solicitava” que resumissem a literatura existente. A
síntese era aqui um objectivo essencial, pelo que Reynaldo dos Santos foi
obrigado a aperfeiçoar a técnica de leitura e de escrita.
A cultura artística e a regeneração nacional 41
A educação artística
arte é a síntese mais completa e luminosa dos séculos volvidos, o mais efi-
caz elemento de solidariedade e concórdia para as sociedades modernas, a
mais tocante manifestação do culto da pátria, a mais eloquente e imor-
redoira afirmação do génio característico das raças e dos povos, a fonte
inexaurível onde a produção industrial encontra os elementos que, na
concorrência dos mercados, a especializam, impondo-a pela originalidade, e,
finalmente, para o indivíduo, em face das lutas e do frio utilitarismo do
nosso tempo, o mais seguro refúgio, a mais doce consolação, o mais pode-
roso meio de espiritualizar a vida”99.
Apesar de todo este entusiasmo, a iniciativa “esbarrara com a apatia e
indiferenças gerais”, como recordou Alfredo da Cunha, histórico Director
do jornal Diário de Notícias e um dos participantes nas tertúlias.
Tendo faltado um suporte institucional à iniciativa, surgiria uma nova
oportunidade logo no ano seguinte, em 1910, após José de Figueiredo ter
sido consagrado junto da opinião pública por revelar Nuno Gonçalves
como o patrono de uma escola portuguesa de pintura. Efectivamente, na
sequência da revolução do 5 de Outubro, ao republicano e prestigiado
Figueiredo seria confiada a direcção do Museu Nacional de Belas-Artes, que
se especializou em arte antiga, tendo as obras posteriores a 1850 sido
transferidas para um novo museu, de arte contemporânea, a dirigir por
Columbano.
Dando prioridade à reorganização do agora Museu Nacional de Arte
Antiga, José de Figueiredo começou por alterar os critérios expositivos que
tanto reprovara, onde “os piores horrores se exibem abafando meia dúzia
de obras boas, obras que seleccionadas e expostas d’outra maneira lucrariam
imensamente”100. Entre estas, destacar-se-iam os Painéis de S. Vicente.
Concluindo essa tarefa, em 1912 o Director pôde recuperar os objec-
tivos da efémera Liga de Educação Estética, contando agora com a estrutura
institucional do Museu. Inspirando-se na Sociedade dos Amigos do Louvre,
fundou em Lisboa o Grupo dos Amigos do Museu Nacional de Arte
Antiga, alistando como sócios todos aqueles que ia conhecendo,
independentemente das tendências políticas ou da formação profissional.
Como testemunhou Alfredo da Cunha, “o seu número ia crescendo,
ao passo que o Dr. José de Figueiredo, com a sua característica persistência,
ia fazendo, dia a dia, como que o recrutamento, voluntário ou forçado,
desses amadores ou diletantes”101.
50 Reynaldo dos Santos
O hipocondríaco e o médico
livro sobre Nuno Gonçalves, mencionando numa carta que só “Deus sabe
como consegui realizar as indispensáveis excursões na galiza e em território
português”104. Também o rival Joaquim de Vasconcelos percorria o norte do
país analisando o românico, “por montes e vales, ora sob os ardores do sol,
ora batido pelas chuvas frias, ora gelado dentro das naves seculares de
velhos templos. Sendo Portugal aparentemente tão pequeno, de superfície,
nem por isso deixa de ser sob tantos aspectos, um grande domínio incóg-
nito”105.
Estas expedições eram muitas vezes solitárias e penosas, ficando José
de Figueiredo agradado com a disponibilidade de Reynaldo dos Santos em o
acompanhar sempre que possível. Já motivado pelas investigações clínicas, o
cirurgião sentia-se igualmente cativado pelo estudo pioneiro da arte, pela
hipótese de contemplar peças há muito abandonadas e de vir a estabelecer
relações que os séculos fizeram esquecer.
Portugal era efectivamente um “domínio incógnito” que tinha muito a
oferecer àqueles com curiosidade científica e capacidade de sacrifício. Para
tal, o cirurgião possuía uma reconhecida aptidão para suportar longas via-
gens, ele que percorrera boa parte dos Estados Unidos, regressando ainda
mais dinâmico.
Em todo o caso, José de Figueiredo e Reynaldo dos Santos formavam
uma dupla curiosa. O Director do Museu caracterizava-se pela constituição
frágil, revelando ainda uma gaguez adquirida na infância de modo bizarro,
nomeadamente quando, numa rua do Porto, se surpreendeu com uma
pessoa de pele negra, característica que então desconhecia existir e que
constituiu um choque momentâneo, deixando sequelas para o resto da vida
ao nível do discurso.
Constantemente preocupado com a saúde, revelava também episódios
de profunda melancolia, agravados após uma queda sofrida no Alentejo 106.
Com interregnos, a determinação voltava sempre em acessos explosivos.
Por seu turno, Reynaldo demonstrava um humor mais regular e sociá-
vel, bem como um permanente entusiasmo por variados assuntos, adaptan-
do-se à personalidade de José de Figueiredo após ter lidado com os génios
de Harvey Cushing e de Miguel Bombarda.
Por intermédio de Figueiredo, Reynaldo integrou a Direcção do
Grupo de Amigos do Museu, juntando-se a Luís Fernandes, Afonso Lopes
52 Reynaldo dos Santos
o cirurgião, quase do mesmo modo com que procurava soluções para diag-
nósticos difíceis no campo da medicina.
Para saber mais sobre as obras e os criadores do passado, Reynaldo viu
em José de Figueiredo o professor ideal, mesmo porque o Director do
Museu não demonstrava reservas em contradizer ideias geralmente aceites,
como se verificou ao negar que o modo flamengo fosse predominante na
pintura do século XV. Além disso, Figueiredo era cosmopolita, viajante e
possuía uma sólida visão comparativa dos fenómenos artísticos.
Nos intervalos das cirurgias, Reynaldo fazia questão de o acompanhar
em novas jornadas por Portugal e Espanha, juntando-se-lhes pontualmente
Jorge Cid108.
Em 1915, encontrando-se Reynaldo dos Santos e José de Figueiredo
em Madrid, foram informados de que na localidade de Pastrana existiriam
umas enigmáticas tapeçarias com as armas de Portugal. Após uma viagem
de 100 quilómetros, ficaram surpreendidos com a qualidade e importância
histórica dos panos. Concluindo tratar-se de representações da tomada de
Arzila por D. Afonso V, os dois visitantes conjecturaram que os desenhos
originais que guiaram a tecelagem seriam da autoria do próprio Nuno Gon-
çalves.
Este foi primeiro grande momento da ainda incipiente carreira de Rey-
naldo no domínio artístico. José de Figueiredo, grato pelo voluntarismo do
inesperado e improvável discípulo, ceder-lhe-ia o direito de trabalhar o tema
e comunicar a descoberta, motivando-o ainda mais para estes assuntos.
Contudo, apenas vários anos depois o cirurgião viria a divulgar as tapeça-
rias, uma vez que, tal como o seu mestre, entendia ser necessário integrá-las
no espírito da arte nacional, o que exigia estudos complementares.
De facto, a mesma preocupação tivera José de Figueiredo quando pre-
feriu não apresentar Nuno Gonçalves logo após a descoberta do mono-
grama “NG”, mas antes através de um desenvolvido livro, no qual o artista,
os Painéis de S. Vicente e a escola portuguesa de pintura surgiram como
assuntos interligados.
Agora incumbido de uma tarefa similar relativamente aos panos, o ci-
rurgião viu, no entanto, levantarem-se outras prioridades, designadamente
no seu meio profissional, relativamente ao qual decidiu tornar públicas as
suas opiniões.
54 Reynaldo dos Santos
TERCEIRA PARTE
A GRANDE GUERRA
quais nossos aliados, amanhã talvez nossos irmãos, n’uma guerra como esta,
se sob o ponto de vista nacional é impolítico ficar-lhe estranho, sob o ponto
de vista humanitário é uma vergonha não aparecermos com o nosso
contingente de pessoal e material de socorros devidamente organizados.
Não faz honra aos nossos sentimentos humanitários; sobretudo, dir-se-ia
que não temos consciência das responsabilidades e dos deveres que se im-
põem n’um momento d’estes a uma nação civilizada e progressiva ou que
como tal se quer ser tida”112.
Reivindicando o envio de uma “ambulância” portuguesa com três
cirurgiões, um médico, pessoal de enfermagem e material de tratamento,
apelava à mobilização da sociedade, nomeadamente à generosidade dos
particulares, às campanhas dos jornais, às subscrições públicas e às receitas
da caridade, de modo a financiar a iniciativa.
Por outro lado, e ainda que Reynaldo tivesse efectuado alguns estágios
na Alemanha e na Áustria, deixava transparecer a sua simpatia pelos
Aliados. Na verdade, fora em França, nos Estados Unidos, em Inglaterra e
na Bélgica que estabelecera as mais sólidas amizades. Do pequeno reino
belga chegavam notícias alarmantes, incluindo a execução da enfermeira
Edith Cavell pelos ocupantes alemães, acusada de auxiliar a fuga de alguns
soldados. Segundo os últimos relatos, todo o país estava mesmo a ser de-
vastado pelos germânicos, o que chocou o cirurgião português.
Ainda que orgulhoso da sua independência política, Reynaldo colo-
cou-se ao lado dos republicanos que desejavam a entrada de Portugal na I
Grande Guerra, junto dos Aliados. Tal seria não apenas um modo de garan-
tir os interesses nacionais na Europa e nas colónias africanas, mas também
uma forma de mobilizar o país para recuperar os ideais progressistas de
1910, que se estavam já a perder devido a radicalismos e divisões internas.
A este propósito, o idoso Ramalho Ortigão escrevera a Afonso Lopes
Vieira, mostrando-se confuso e perplexo com o extremismo republicano:
“Meu caro poeta e amigo, em regresso de uma curta ausência de dois anos
encontro-me numa estranha Lisboa onde em tão pouco tempo acabou tudo
o que constituía a tradição, os habitantes, os costumes, a familiar maneira de
ser da minha antiga e amada terra. Emendaram-me tudo”113.
Também desapontado, o médico e deputado Jaime Cortesão demitiu-
-se do Parlamento e abandonou a vida política. Defendendo que a entrada
A cultura artística e a regeneração nacional 57
O Yser rouge
em tristeza. Toda a sua figura, longa, delgada e escura, a pele torrada com
um bigode cinzelado a prata velha, tem um ar de velho marfim gótico, da
escola flamenga, cheio dum sentimento religioso que é pelo menos o culto
da sua Pátria dilacerada. Lembro-me de que o Barão de Beyrens, último
ministro belga em Berlim, recebeu repetidas assurances de que a inde-
pendência belga seria respeitada, e que com mais força do que ninguém
sentiu toda a grandeza da malvadez e traição germânicas em oposição às
afirmações que pessoalmente recebera do Kaiser e dos seus homens de
estado”119.
Como é bem perceptível, tratava-se de uma descrição com referência a
elementos artísticos, diferente daquelas observações mais simples registadas
aquando da visita aos Estados Unidos, no início do século.
Seria com base nas reflexões anotadas no seu Diário de Guerra e nas
descrições que enviava à família que Reynaldo redigiu o artigo “Nas
margens do Yser”, publicado em Janeiro de 1917 na Atlântida, revista co-
-fundada pelo brasileiro João do Rio e pelo português João de Barros, o
poeta republicano com especial interesse pelas questões educativas e pelas
“indústrias caseiras”.
João de Barros fora claro quanto ao valor económico, social e pedagó-
gico da arte, afirmando que “não há sociedade democrática que possa viver,
progredindo, sem o culto da Arte”. Neste aspecto, salientava igualmente o
papel de John Ruskin, cujos livros eram “eloquentes e entusiásticas defesas
da arte do povo e para o povo”120.
Para a revista Atlântida escrevia com regularidade José de Figueiredo,
bem como Afonso Lopes Vieira, Raul Lino e ainda Jorge Cid, contribuindo
pontualmente Ricardo Jorge, Henrique Lopes de Mendonça, Raul Proença e
Jaime Cortesão, entre outros.
O tema da guerra justificava natural destaque, embora os assuntos
históricos, etnográficos, literários e artísticos merecessem ampla abordagem
na Atlântida, a qual, sendo co-dirigida por um português e por um brasi-
leiro, visava igualmente aprofundar o intercâmbio entre os “países irmãos”.
Neste contexto, dirigindo-se pela primeira vez a um público mais vas-
to, Reynaldo publicou o artigo “Nas margens do Yser”, relatando a viagem
até ao rio que ficara ensanguentado pelos combates, sendo agora conhecido
por “Yser rouge”.
60 Reynaldo dos Santos
João Chagas advertir que tal opção daria a falsa ideia de se tratarem de
impressões literárias, pelo que o trabalho foi publicado como A Cirurgia na
Frente Ocidental125.
Neste texto, Reynaldo dos Santos destacou que, em tempos de paz,
“uma equipe de cirurgiões trata mil feridos ou doentes durante um ano,
num hospital fixo, com todo o material necessário. Na guerra, essa mesma
equipe pode receber mil feridos… num dia”126.
Prosseguindo, sistematizou os mais diversos aspectos, desde os dife-
rentes tipos de veículos de transporte às categorias de macas. Quanto aos fe-
rimentos, considerava quatro formas principais: “1 – Tecidos destruídos ou
fortemente contusos (pele, tecido celular, músculos e esquirolas ósseas, etc.);
2 – Partes que estão apenas separadas mas vivas; 3 – Corpos estranhos que
n’elas entraram e ficaram (balas, estilhaços de granada, pedaços de roupa,
terra, etc.); 4 – Germens que n’ela penetraram e a contaminaram” 127.
O caso mais problemático era “o da intervenção nas feridas do ventre.
É-se abstencionista? Morrem quase todos, e as melhores estatísticas dão
80% de mortalidade, sendo difícil sustentar a sua exactidão. Foi-se inter-
vencionista, nas condições iniciais da guerra? Parece que morriam ainda
mais”128.
O assunto era particularmente complexo, referindo-se ainda as análises
bacteriológicas realizadas por Alexander Fleming aos fardamentos britâni-
cos, mostrando que um terço estava logo à partida contaminado pelo té-
tano.
Assim, dedicando-se Reynaldo ao estudo de métodos operatórios e de
organização hospitalar em cenário de guerra, aprofundou os contactos com
médicos estrangeiros, reencontrando por exemplo Tuffier e Carrel.
Em contrapartida, mantinha-se o diferendo com a Faculdade de Me-
dicina de Lisboa, degradando-se ainda mais o já conturbado trato com os
dirigentes da instituição, ficando inclusivamente Ricardo Jorge desconfortá-
vel quanto ao estilo provocador do seu antigo aluno. Neste contexto ad-
verso, Reynaldo dos Santos preferiu regressar ao grande conflito mundial,
trabalhando directamente sob ordens inglesas.
Como voluntário no norte de França, serviu no 26th General Hospital,
de onde conservou gratas memórias, encontrando nas rotinas britânicas um
exemplo a seguir. Também Ricardo Jorge viria a corroborar essa opinião
após visitar os hospitais da Grande Guerra, comentando: “Mais uma vez a
A cultura artística e a regeneração nacional 63
concertos que se dão nos teatros do campo, a plateia cheia de nurses encar-
nadas e de australianas semi-selvagens. Peças ingénuas, música de cake walk,
monólogos infantis, mas é uma volta à vida primitiva dos teatros da pedra
lascada”134.
Menos animadas pareciam as actuações nacionais: “No dia 26 houve
então a representação portuguesa. Vieram algumas das damas da Cruz Ver-
melha, e alguns rapazes cantaram o fado, a Margarida vai à fonte, dançaram
o Vira, o Portela tocou guitarra e um dos doentes saltou à praça, digo ao
palco, e também cantou o seu fado, falando do Kaiser malandro e refe-
rindo-se à passagem dos alemães pela Bélgica, apesar do contrato assinado
em papel selado. Uma coisa fantástica. Meia dúzia de soldados dançaram o
fandango, mas com uma tristeza de macacos”135.
O outro médico
Hospitais e catedrais
existirem “sítios onde uma ferida da coxa com fractura do fémur dava 50%
de mortalidade”139.
Não obstante, tinha agora a companhia dos colegas e amigos Alberto
Mac-Bride, Augusto Lamas e especialmente Jorge Cid, que viera destacado
como Comandante da Cruz Vermelha do CEP. Em périplos por terras fran-
cesas surgiram episódios caricatos, como referiu Reynaldo a Susana Cid: “o
trem que nos trazia era puxado por um cavalo a morrer e guiado por um
cocheiro bêbado. Foi preciso o [Augusto] Lamas (que também vinha) guiar
o carro, eu puxar o cavalo à sela e o Jorge [Cid] de pé ao lado” 140.
Por vezes, os problemas nos transportes eram oportunidades para
contemplar a arte francesa, como ficou expresso numa das mais literárias e
estéticas passagens do seu Diário: “Voltámos há dois dias duma nova estada
na frente. Viagem cheia de acidentes, com pannes de automóvel, des-
carrilamentos do comboio, bombardeamentos de aeroplano e um dia de
fome, mas destas fomes de colar o umbigo às costas. […] A única coisa que
me fica como recordação agradável desta volta da frente, foi o espectáculo
formidável da Catedral de Amiens à noite, meio iluminada pelo luar. Não
havia ninguém nas ruas. A noite estava duma transparência fria, toda picada
de estrelas. A massa enorme e robusta da Catedral, estava toda banhada
duma luz azulada que acentuava as saliências e tornava mais profundas as
sombras. Tudo tomava um relevo mais acentuado e os contrastes violentos
eram os duma água-forte. Como se não distinguiam os pormenores, as
grandes massas e as linhas principais tomavam um valor, que de dia se dilui
um pouco na multiplicidade dos detalhes. E então a harmonia maravilhosa
dessas linhas, o equilíbrio das proporções, tudo impressiona de noite, como
sendo a verdadeira expressão da arquitectura. Certamente que os baixos re-
levos são admiráveis, e que as esculturas que ornam os pórticos são do mais
belo gótico, mas mesmo sem os sacos de areia que as protegem agora,
recolhidas no fundo dos nichos e mergulhadas na sombra da noite, só valem
a esta hora, pela parte de mistério que opõem à luminosidade dos salientes
iluminados dos perfis dos botaréus e das facetas dos coruchéus. A abside
então é uma maravilha de harmonia mais perfeita que tenho visto. Lembra
uma enorme jóia, facetada e talhada como uma pedra preciosa que o luar
fazia cintilar. E em torno, nas pontas dos coruchéus, as estrelas faziam um
diadema luminoso. Lembrei-me de outras catedrais visitadas de noite, Tole-
A cultura artística e a regeneração nacional 67
A oportunidade de Rouen
QUARTA PARTE
AFIRMAÇÃO HISTORIOGRÁFICA
João de Ruão
Vergílio Correia
tivo a João de Ruão, e ainda António Baião, Luís Keil e Vergílio Correia.
Tal como Reynaldo, também Vergílio Correia fora influenciado na
juventude pela actividade do arqueólogo figueirense António dos Santos
Rocha. Porém, o tímido Correia não se voluntariara para aquelas escava-
ções, admitindo a esse respeito como “tive sempre escrúpulo em me acercar
dos homens eminentes em qualquer departamento de actividade, preferindo
admirá-los através das suas obras”152.
De facto, preferiu ler os artigos na revista Portugália, onde António dos
Santos Rocha fizera destacar o evidente “contraste entre a civilização
exótica, geométrica e utilitária, que os romanos transportaram e transplan-
taram [para a antiga Lusitânia], e a cultura e arte indígenas – compósito
particular resultante da mescla de influências central-europeias, orientais e
helénicas, actuando sobre um fundo tradicionalmente arcaico” 153.
Contudo, apesar de um interesse inicial pelo carácter genérico da arte
portuguesa, depressa Vergílio Correia relativizou esta questão, preferindo
análises mais individualizadas de obras e respectivos criadores, especial-
mente através de estudos documentais em arquivos.
Correia divergia assim da corrente dominante, a qual apenas encarava
as análises particulares como meros passos intermédios para uma historio-
grafia generalista, destinada a formar as elites quanto à essência da “raça”
portuguesa e a contribuir para a regeneração nacional.
Precisamente por não admitir que os estudos históricos se limitassem a
servir objectivos nacionalistas, Vergílio Correia estaria destinado a um rela-
tivo isolamento, o que se verificou logo no início da carreira profissional, no
Museu Etnológico. Aqui, além de se incompatibilizar com o difícil tem-
peramento do Director José Leite de Vasconcelos, o jovem investigador
também demonstrava objectivos de trabalho bastante diferentes.
Como referiu um amigo comum, “ao contrário dos escritos arqueoló-
gicos de Leite de Vasconcelos, que sempre nos dão o historial dos temas, as
investigações de Vergílio Correia foram dominadas pela paixão da des-
crição objectiva e do inédito; se aquele foi o criador de sistematizações e,
sobretudo, o mestre admirável que ensinou a aprender e a estimar o valor da
continuidade histórica, este foi acima de tudo o expositor de factos
preciosos e densos, cujas dimensões teóricas, ou melhor sistemáticas, nem
sempre o prenderam”154.
A cultura artística e a regeneração nacional 75
O Grupo da Biblioteca
Vergílio Correia, o qual veio denunciar o facto num trabalho de base do-
cumental relativo à biografia de Chanterene170.
Ficando as relações pessoais comprometidas, também a natureza dos
respectivos estudos sobre o francês revelava profundas diferenças: o cirur-
gião privilegiava a análise e a comparação directa das obras, de modo a
integrá-las ou excluí-las do que seria o espírito nacional, enquanto Vergílio
Correia dava prioridade à análise documental como forma de aprofundar o
conhecimento sobre casos concretos.
Para Correia, “antes de construir teorias é necessário alicerçá-las com
factos. Antes de expor ideias gerais, fatalmente inconsistentes por infunda-
mentadas, e que, como tais, só aproveitam à literatura do dia-a-dia, temos de
organizar o relato minucioso e fiel dos documentos” 171.
A situação revelava-se tanto mais incómoda porque Vergílio Correia
era funcionário de José de Figueiredo, o qual ficara desagradado com as crí-
ticas públicas a Reynaldo e ao método generalista.
No entanto, verificou-se então o falecimento de Joaquim Martins Tei-
xeira de Carvalho, professor na Universidade de Coimbra. Aberta esta vaga,
Vergílio Correia candidatou-se e obteve colocação, abandonando de ime-
diato e com prazer o Museu Nacional de Arte Antiga, o que susceptibilizou
ainda mais Figueiredo.
Por ironia, o próprio Joaquim Martins Teixeira de Carvalho havia sido
o anfitrião e guia de Reynaldo dos Santos quando este se deslocara a
Coimbra para estudar melhor a obra de Chanterene. Nesse périplo, o cirur-
gião tomara vários apontamentos não apenas sobre o mestre francês, mas
também relativamente a outros aspectos da escultura do século XVI.
Agora, com a morte daquele professor, a Universidade de Coimbra
decidiu homenageá-lo levando ao prelo um seu estudo inédito, intitulado O
Mosteiro de S. Marcos segundo os manuscritos de Fr. Adriano Casimiro Pereira e
Oliveira. Para esta edição, Reynaldo foi convidado a publicar em prefácio as
notas que apontara na companhia de Joaquim Martins Teixeira de Carvalho,
do qual lembrava “as suas justas observações sobre a incompreensão do
Renascimento pelos artistas portugueses do século XVI”172.
Nesse prefácio, o cirurgião sustentou que, em S. Marcos, apenas o
retábulo do altar-mor seria de Chanterene, atribuindo a João de Ruão todos
os outros elementos renascentistas, uma vez que eram de execução mais
A cultura artística e a regeneração nacional 83
simples. Por outro lado, quanto aos três túmulos manuelinos na capela-mor,
atribuiu-os a Diogo Pires-o-Moço com base num documento que encon-
trara na Torre do Tombo, considerando ainda que nessas obras eram veri-
ficáveis algumas inspirações francesas.
Assim, apresentava um exemplo de como o classicismo mais popular
de João de Ruão era facilmente assimilado pelos artistas manuelinos por-
tugueses, os quais, em contrapartida, em pouco ou nada se reviam nos
trabalhos eruditos de Chanterene.
Por via dos artistas franceses, Reynaldo aproximou-se da temática do
manuelino, interessando-se inclusivamente por alguns documentos relativos
ao Mosteiro dos Jerónimos e, sobretudo, à vizinha Torre de Belém.
Do mesmo modo, o estudo daqueles escultores conduziu o cirurgião a
outras expressões artísticas, lembrando-se no mesmo prefácio que João de
Ruão era amigo de pintores como Cristóvão de Figueiredo, do qual até viria
a ser cunhado.
Nestas investigações, Reynaldo aproveitava para tomar notas sobre
pintura, embora considerasse não ter competência para sistematizar as infor-
mações no contexto geral da arte portuguesa.
Portugueses em Pisa
A primeira monografia
Febre marroquina
Os Arrudas
As origens do manuelino
rinho, o qual “revela logo nas suas proporções aquele profundo sentimento
românico que havia de ser uma das características da arte nacional” 220.
Apesar de Reynaldo não excluir algumas “sobrevivências do gótico”,
sublinhou como a memória românica marcava a estrutura geral da Torre de
Belém, como de outros edifícios manuelinos. Sobre essa base simples
enxertaram-se, neste caso, elementos decorativos islâmicos, de que as cúpu-
las aos gomos seriam exemplo paradigmático.
Alargando a questão, referiu igualmente que, além dos monumentos
com inspirações magrebinas, outros também manuelinos demonstravam
influências do plateresco espanhol, ou até integravam peças esculturóricas
renascentistas dos mestres franceses.
Por seu turno, não obstante estas especificidades, a generalidade dos
edifícios manuelinos apresentava em comum certos elementos decorativos
de raiz nacional, nomeadamente formas heráldicas e naturalistas, que Rey-
naldo entendia simbolizarem o poder real e o mar.
Em retrospectiva, Joaquim de Vasconcelos começara por ver apenas
desordem em toda essa mescla de formas; depois, Ramalho Ortigão e Antó-
nio Augusto Gonçalves entenderam que o manuelino seria uma reacção às
normas rígidas do classicismo; agora, Reynaldo fazia evoluir o conceito,
encontrando ali uma expressão do cosmopolitismo português, ingénuo e de
brandos costumes, generosamente disposto a assimilar formas oriundas de
outras paragens, mesmo que não as compreendendo verdadeiramente.
Embora não fizesse uma verdadeira sistematização teórica, Reynaldo
dos Santos notava que a simplicidade estrutural, de tradição românica, esta-
va aqui associada a um claro gosto ornamental. Também José de Figueiredo
apontara o mesmo nos Painéis de Nuno Gonçalves, de uma simplicidade
românica na composição geral, mas patenteando também um elevado senti-
do decorativo.
Este espírito encontrava-se de tal modo enraizado que mesmo alguns
artistas estrangeiros a trabalhar em Portugal facilmente o incorporavam,
caso do espanhol João de Castilho, que a historiografia ainda considerava ter
sido o autor de uma das maiores obras nacionais: a janela ocidental da sala
capitular do Convento de Cristo, em Tomar. Para o cirurgião, apenas assim
se compreenderia a perfeição com que aquele mestre expressou “a obsessão
portuguesa do mar”221.
100 Reynaldo dos Santos
Elogios e reservas
A contestação
QUINTA PARTE
O ESPÍRITO DA REGENERAÇÃO
A derrocada nacional
António Sérgio
A União Cívica
A germânica e a Lusitânia
za, que lhes transluz no rosto, os velhos navegadores e cavaleiros das tábuas
de Mestre Nuno [Gonçalves]”264.
Designando-se a nova revista de Lusitânia, quanto ao subtítulo Antó-
nio Sérgio ainda ponderou a longa hipótese de Revista de estudos sobre a história
e a cultura portuguesa, ou que à cultura de Portugal interessam, mas após um diálogo
fortuito com Leite de Vasconcelos optaria por uma alternativa mais simples:
Revista de Estudos Portugueses265.
nal mal o novo presidente tome posse; que vários jornais apontaram o
grupo Seara Nova para entrar nesse governo – não era pois o momento de
divagarmos nas puras belas-letras, e que devíamos mostrar-nos atentos, ou
pelo menos acordados”268.
O sentimento de que o país carecia de reformas urgentes foi intensi-
ficado pelas últimas notícias de Espanha, onde o general Primo de Rivera
instaurou uma ditadura militar em Setembro de 1923. Embora Sérgio escre-
vesse a Raul Proença dizendo-se encantado com a declaração de Rivera em
promover os civis competentes, não tinha verdadeiras esperanças: “Haveria
um artigo interessante a fazer [para a Seara] sobre o exemplo da Espanha: ou
as classes civis fazem a revolução construtiva ou temos que sofrer a da
classe militar”269.
Em Lisboa, ainda antes dos convites para o novo governo, um epi-
sódio no domínio musical constituiu uma inesperada oportunidade para
apelar àquela “revolução construtiva” por parte da sociedade civil, moti-
vando os seareiros, integralistas e apolíticos que se reuniam na Biblioteca
Nacional a constituir uma base comum não apenas para reforma cultural
das elites, mas agora também para o combate político… contra os políticos
e suas oligarquias.
António Sérgio, Reynaldo dos Santos e Afonso Lopes Vieira seriam os
líderes dos “Homens Livres”, movimento constituído após a alegada sabo-
tagem do projecto de Francisco de Lacerda.
Maestro com larga experiência, Lacerda criara a orquestra Filarmonia
para divulgar a música clássica junto do grande público. Após as primeiras
experiências no atelier do escultor Teixeira Lopes, o maestro dava conta dos
progressos a Lopes Vieira: “Como já deve saber, lá fomos dar um concerto
no Coliseu – um bom programa destinado ‘aos amadores pobres, sedentos
de musica’. […] E ficou assente que assim se fará, de futuro; para os velhos
e novos ricos, em S. Carlos; para os ‘outros’, no Coliseu…” 270.
Contudo, a meio de um concerto realizado em Novembro de 1923,
desta feita no Teatro de S. Luís, parte dos músicos da própria Filarmonia
recusou-se a tocar. Estalava o escândalo.
Emissários pagos, invejas e até ultimatos parecia estarem na origem do
sucedido, acusando-se a Empresa do Teatro de S. Luís de ter minado um
projecto incómodo.
116 Reynaldo dos Santos
Os Homens Livres
talística dos espectáculos da arte, e assegurar mais uma vez os direitos abso-
lutos da Caixa Forte nos domínios da Inteligência”, não poupando críticas à
“sociedade insensível e bronca” que condenava os projectos inovadores 284.
Além de Sérgio e de Raul Proença, igualmente Afonso Lopes Vieira,
Jaime Cortesão, Augusto da Costa, Simões Raposo e Aquilino Ribeiro cola-
boraram no primeiro número da revista, que terminou com um artigo de
Reynaldo dos Santos: “Portugal Hostil aos Homens de Mérito”.
Adaptando uma comunicação provocatoriamente lida nas celebrações
do I Centenário da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa 285, o cirurgião
lembrou na revista Homens Livres como diferentes figuras históricas da
medicina portuguesa tiveram no passado de sair ou mesmo fugir do país.
Garcia de Orta, Amato e Rodrigo de Castro foram, pela arte médica, expo-
entes do Humanismo do século XVI, mas apenas conseguiram destacar-se
no exterior. Tal como os exemplos posteriores de Zacuto Lusitano, Ribeiro
Sanches ou António de Almeida, “nenhum deles é o filho duma escola,
duma educação ou duma tradição portuguesa”286.
Estas críticas foram reforçadas por Augusto Celestino da Costa no
segundo número da revista, saído logo a 12 de Dezembro, apontando-se a
escassez de verdadeiras elites como um dos maiores problemas do país287.
Os Homens Livres pareciam estar sólidos na campanha reivindicativa,
incluindo até nas páginas da revista uma secção artística, com a qual tenta-
vam reabilitar o projecto de Francisco de Lacerda. Contudo, este segundo
número foi igualmente o último.
O crime político
A organização da Lusitânia
Seara Nova era nítida, partilhando ambas até o segundo andar do n.º 46 da
Praça Luís de Camões.
Como Afonso Lopes Vieira recusava deslocar-se àquela sede, era na
Biblioteca Nacional que se encontrava com Reynaldo para decidir a estru-
turação dos conteúdos da Lusitânia. Também por aquele motivo, a gestão
burocrática e administrativa cabia essencialmente ao cirurgião, uma vez que
estava interligada com a da Seara. Era com Câmara Reis – editor das duas
publicações – que Reynaldo tratava da contabilidade, existindo mesmo
compensações de uma revista em relação à outra, sempre que necessário 299.
Entre diversos papéis repletos de cálculos, encontram-se também no
espólio do cirurgião os mais variados documentos respeitantes à Lusitânia,
incluindo listas de assinantes, cheques, recibos, relatórios de tiragens e do-
cumentos alfandegários relativos ao envio de exemplares para o estrangeiro,
por exemplo, confirmando o seu grande empenho neste projecto.
Sobre a aceitação da revista no norte do país, Reynaldo dos Santos
recebia notícias frequentes de Luciano Pereira da Silva, o qual, por seu
turno, efectuava convites para que outras personalidades participassem tam-
bém na Lusitânia, casos de Eugénio de Castro, Lúcio de Azevedo e até
Menéndez Pidal, outra referência do país vizinho300.
Pareciam assim reunidas todas as condições para o sucesso da iniciati-
va, onde a arte ocuparia um lugar destacado.
124 Reynaldo dos Santos
A cultura artística e a regeneração nacional 125
SEXTA PARTE
O CONFRONTO METODOLÓGICO
Reynaldo descartou essa leitura e propôs que a letra inicial “a” deveria ser
isolada, tendo um valor simbólico especial e autónomo. Significaria o alfa,
ou seja, o princípio de tudo.
Nesta interpretação, a legenda reportava o princípio e o fim do
mundo, hipótese que o cirurgião considerou reforçada por um parecer que
solicitara a Carolina Michaëlis, no qual se confirmava que, no período
medieval, o termo “até” era pouco utilizado. Não obstante, a filóloga
advertia-lhe que a tradicional interpretação da “legenda de Alcobaça – até a
fim do mundo – […] me parece boa e não me afastarei dela sem razões
poderosas”304.
Ainda assim, Reynaldo defendeu a sua leitura, uma vez que permitia
uma melhor correspondência entre a legenda e a respectiva rosácea, marca-
da pelo ciclo da vida e da morte. Para mais, notava igualmente que o outro
túmulo, de D. Inês, apresentava uma iconografia que completava a do rei,
pois evocava o Juízo Final.
Em todo o caso, mostrar-se-ia prudente no seu artigo: “Esta hipótese,
embora cheia de lacunas e de dúvidas no meu próprio espírito, parece-me
todavia digna de consideração porque abrange e interpreta a composição
geral (e não apenas a rosácea) e se inspira no espírito idealista e teológico da
época dando à iconografia uma significação mais largamente simbólica do
que intencionalmente histórica e levantando na leitura da legenda uma
dúvida que parece legítima, embora talvez a não resolva ainda” 305.
A questão dos túmulos surgiria ainda noutro ponto do fascículo inau-
gural da Lusitânia, nomeadamente nas últimas páginas, dedicadas a análises
bibliográficas e comentários sobre actividades culturais. Aqui, Reynaldo
apresentou uma crítica ao livro Estatuária Lapidar do Museu Machado de Castro,
de António Augusto Gonçalves, discordando quando se afirma que antes
dos túmulos de Alcobaça já existiam influências externas importantes.
Como naquele livro também se relacionavam os túmulos alcobacenses
com as cúpulas aos gomos da Torre de Belém, inevitavelmente o cirurgião
contestou mais uma vez essa teoria, não resistindo a deixar um comentário
indirecto a Vergílio Correia, ainda relativo à questão do manuelino 306.
Esta análise crítica não foi a única a surgir no primeiro número da Lu-
sitânia, uma vez que José de Figueiredo deu igualmente o seu contributo,
visando um outro livro. Desta forma, a nova revista estreava-se trazendo
novidades importantes, mas igualmente prometendo novas polémicas.
128 Reynaldo dos Santos
Nicolau Chanterene. Por este facto, Reynaldo encontrava aqui mais uma
prova do cosmopolitismo manuelino.
Neste âmbito, em vez de se individualizarem os fenómenos artísticos,
interessava antes contextualizá-los sistematicamente no carácter português,
exigindo-se para tal uma indispensável sensibilidade que permita descor-
tinar “o segredo dessa magia tão excepcional, sentida pelos artistas e só não
compreendida pelos copiadores de documentos que se improvisam em his-
toriadores de arte”313.
Enquanto a polémica com Vergílio Correia prometia novos episódios,
o cirurgião voltou a referir a evolução da escultura em Portugal, agora ao
efectuar, ainda no segundo fascículo da Lusitânia, a crítica do livro A Cate-
dral de Santa Maria de Braga, da autoria de Manuel de Aguiar Barreiros. Sobre
este trabalho, Reynaldo entendeu que ali não se contextualizou as peças
escultóricas na lógica nacional, faltando também referir que o túmulo de D.
Gonçalo Pereira era das obras que melhor representavam o naturalismo
singelo que vigorara em exclusividade até ao surgimento dos túmulos de
Alcobaça. Estes, por seu lado, influenciaram já a Virgem de Nossa Senhora
de Braga, peça que o cirurgião entendia estar igualmente mal explicada na-
quele livro314.
Por seu turno, numa outra análise bibliográfica para o mesmo fascícu-
lo da Lusitânia, Reynaldo dos Santos elogiava o breve trabalho de Aarão de
Lacerda sobre A Capela de Nossa Senhora da Conceição, nomeadamente porque
se demonstrava compreensão quanto às grandes correntes que se cruzavam
na escultura portuguesa315.
Historiografias em conflito
O cemitério
Pedindo sensatez a certos líderes golpistas, Raul Proença sabia que era
inútil querer o mesmo de Filomeno da Câmara, o qual não esquecera o
modo como tinha sido tratado dois anos antes nos jornais. Enquanto os
apolíticos do Grupo da Biblioteca se limitaram a ignorar o seu projecto para
uma Acção Nacional, já os seareiros e os integralistas criticaram-no com
violência, sendo-lhes por isso dado o mesmo destino: o exílio.
140 Reynaldo dos Santos
A cultura artística e a regeneração nacional 141
SÉTIMA PARTE
A PERSISTÊNCIA
Tapeçarias e tábuas
à iconografia de S. Vicente, negando mais uma vez que fosse este o perso-
nagem central dos Painéis381.
Por seu turno, na última Lusitânia, o artigo de Reynaldo que contra-
dizia Dornelas e a suposta entrega do caixão em Arzila permitiu reequilibrar
as opiniões, até aí claramente a favor de Saraiva e da tese fernandina.
Ainda foi ponderado um novo fascículo da Lusitânia, dedicado preci-
samente à questão dos Painéis. Seria o XI, com artigos de Reynaldo, José de
Figueiredo, Luciano Freire, Jaime Cortesão e Bashford Dean, investigador e
coleccionador de armas antigas382. Porém, o projecto não teve seguimento,
pois Dean faleceu em 1928, Jaime Cortesão encontrava-se no exílio, ao
passo que Reynaldo dos Santos começava a desenvolver novas e complexas
investigações médicas na sua “Universidade de Arroios”.
Definitivamente, admitiu-se que a Lusitânia perdera toda a dinâmica.
Os exilados
dito o que havia para dizer, Fidelino não teria voltado para a Biblioteca, e a
nossa obra não teria sido destruída. Ocasião única que se perdeu” 384.
Na realidade, o ambiente na Biblioteca Nacional estava de tal modo
tenso que o novo Director foi agredido por um grupo de tipógrafos. En-
contrando-se Reynaldo no edifício, foi chamado para dar assistência ao
ferido, aplicando-lhe vários ligamentos na cabeça. Tendo uma fotografia
chegado à imprensa, Câmara Reis escreveu em triunfo aos exilados Proença,
Sérgio e Cortesão: “Vocês viram no Século, o […] [Fidelino de Figueiredo],
de cabeça entrapada, depois de o Reynaldo lhe ter arrancado a coroa de es-
pinhos?”385
Entretanto, apesar das críticas de Raul Proença para com a falta de
envolvimento político do cirurgião, um episódio dramático reaproximaria os
dois homens. Tendo Proença deixado internada em Lisboa uma das suas
filhas, Reynaldo dos Santos ainda o informou das precárias melhorias da
jovem, combinando um reencontro em Paris, por ocasião de um congresso
de cirurgia386.
Apesar do optimismo, novos exames mostraram um agravamento do
quadro clínico, acabando a paciente por falecer. Reynaldo viria a confortar o
amigo com a sua própria experiência: “Desde que o exame do Cassiano e do
Pulido tinham revelado a meningite, ou antes, confirmado a sua natureza,
que o espectáculo terrível da doença e da morte da minha filha me
reapareceu, atingindo agora um amigo como há dois anos me atingiu a mim.
[…] Meu pobre Proença! Os egoístas e os corrompidos não sabem o que
custou a independência de um espírito e de um carácter. Ninguém tem sido
mais cruelmente experimentado que o meu amigo e ninguém tem por si
mais estima e mais respeito”387.
Poucas semanas depois, era um Proença psicologicamente afectado
quem respondia, confessando os sintomas de demência que cada vez mais o
atormentavam: “Há coisas estranhas, extraordinárias, sobrenaturais, em toda
a minha vida. Isto perturba-me. Não deixa de ser interessante que factos
maravilhosos de telepatia, de pressentimento, mesmo de levitação (já tenho
visto chaves voar) tenham vindo ao encontro do espírito mais impregnado
de largo positivismo e mais desejoso de racionalidade” 388.
A troca de correspondência continuaria, justificando Reynaldo dos
Santos a sua falta de envolvimento político num momento tão sensível. Para
A cultura artística e a regeneração nacional 151
Arteriografia e aortografia
O lirismo nacional
OITAVA PARTE
SISTEMATIZAÇÃO CRÍTICA E SÍNTESE FINAL
A Academia
giado como “um dos mais completos pensadores-artistas que têm existido”,
o intelectual espanhol proferiu então uma conferência intitulada O barroco
como constante histórica, sintetizando a sua tese427.
No geral, a arte portuguesa era simultaneamente simples e decorada,
revelando um espírito românico pelo modo singelo como se estruturava, e
um espírito barroco pela ornamentação que igualmente desenvolvia, inspi-
rada quer nas indústrias populares quer nas formas trazidas de várias partes
do Mundo. Nacionalismo e cosmopolitismo eram dois factores que, em
Portugal, se complementavam numa concepção artística muito particular,
fruto de uma especial capacidade de assimilação. Por esse motivo, ex-
pressando um forte carácter, a identidade nacional não perigava com as in-
fluências vindas do estrangeiro, antes se enriquecia ao adaptá-las.
Também no âmbito da regeneração das elites, Portugal deveria olhar
para o exterior e recuperar a verdadeira tradição cosmopolita como forma
de se reencontrar e progredir. Constituindo exemplo e guia, a arte cumpriria
assim plenamente a sua missão.
Para Reynaldo dos Santos, estava encontrada a lógica e a coerência da
cultura nacional. A partir daqui tratar-se-ia fundamentalmente de o demons-
trar e promover, culminando numa grande edição que resumisse a História
da Arte em Portugal – verdadeiro guia de cultura para os intelectuais do
presente e do futuro.
Para esse objectivo, faltariam alguns estudos complementares que
demonstrassem como outros temas artísticos, ainda pouco estudados, igual-
mente se enquadravam no modelo iniciado no século XIX e que Eugénio
d’Ors veio a concluir. Em todo o caso, tratar-se-ia agora não de aperfeiçoar
o sistema, mas de confirmar a sua validade em toda a linha, tornando-o um
elemento incontestável e uma ferramenta para a urgente reforma das menta-
lidades.
A este propósito, o cirurgião lamentava “ouvir a pessoas com res-
ponsabilidades de cultura: de Arte não percebo nada! Confissão mais estranha
ainda quando se descortina através da aparente modéstia das palavras – um
tom de orgulhosa indiferença por uma lacuna essencial da cultura. […] É
por acaso mais interessante a história política e militar do mundo, cujas
consequências são mais efémeras e de objectivos tantas vezes menos ele-
vados?”428
162 Reynaldo dos Santos
O herdeiro de Figueiredo
O verdadeiro nacionalismo
A ofensiva internacional
denação com os países da Europa de Leste, apesar das amizades que Rey-
naldo dos Santos mantinha com vários investigadores oriundos desse qua-
drante448.
Um dos temas principais seria Nuno Gonçalves, assunto anterior-
mente levado ao Congresso londrino de 1939, mas que agora, dez anos
depois, iria ter uma verdadeira consagração internacional. De igual modo,
também ao manuelino foi dado lugar de relevo nos debates do Congresso,
tentando o Presidente da Academia promover a perspectiva cosmopolita e
barroquista dessa arte.
Em termos gerais, Reynaldo mostrou-se satisfeito pelos resultados
daquele evento, destacando como, “pela boca de espanhóis, franceses, itali-
anos, ingleses, belgas, suíços, holandeses, americanos, suecos, noruegueses,
dinamarqueses, etc., reconheceu-se à história e ao espírito da arte portu-
guesa autonomia, expressão original e independência”449.
O evento teria sido um completo sucesso não fosse a incómoda comu-
nicação de um historiador francês, dedicada ao significado da decoração
manuelina. Efectivamente, Paul Evin contestou que obras como a janela de
Tomar figurassem um naturalismo marítimo, vislumbrando antes uma “vé-
gétation caractéristiquement terrestre”450.
Reagindo mal a esta opinião, tendo mesmo apressado o término da
respectiva apresentação no Congresso, o Presidente da Academia entendeu
que o francês vinha ameaçar, verdadeiramente, a tese relativa ao cosmopo-
litismo nacional que os elementos marítimos sugeriam. Assim, mais que
uma “mera” questão historiográfica, estar-se-ia a colocar em causa uma re-
ferência fundamental para a regeneração do país.
Sabendo que a tese de Paul Evin ganhara adeptos junto de vários
especialistas, Reynaldo dos Santos começou a preparar um livro dirigido ao
grande público, reiterando um manuelino marítimo e universalista, questão
particularmente importante quando o país se fechava à Europa e ao mundo,
escudado por um nacionalismo artificial e por um ruralismo desconfiado.
Na verdade, apesar das convenientes alianças que estabelecera com o
regime, o Presidente da Academia Nacional de Belas-Artes sentia-se injusti-
çado pelas observações que o conotavam ideologicamente ao Estado Novo,
quando tanto se esforçava por lançar as bases da reabilitação nacional, colo-
cando a História da Arte ao serviço dessa missão.
A cultura artística e a regeneração nacional 171
A lição cosmopolita
vez que esse país soube criar da desagregação do seu Império uma dinâmica
que manteve o reino na vanguarda científica e cultural. A esse propósito, o
cirurgião lembrava o comentário que lhe fizera o físico britânico e prémio
Nobel Edward Appleton: “Agora que estamos pobres, vamos pensar”453.
A autonomia manuelina
A convicção do apóstolo
As grandes exposições
As últimas peças
utilização das superfícies murais, entendendo que, “sob este ponto de vista,
no Ocidente, fomos nós que demos à decoração azulejada uma amplitude
que nenhum outro país, nem mesmo a Espanha, lhe deu”. Por outro lado,
realçou o “sabor oriental das combinações geométricas e policromas, e nos
muros, como nos frontais de altar, a sugestão é a dos tapetes persas, borda-
dos e tecidos do Oriente, como as colchas da Índia”471.
Em monografias, artigos e prefácios, Reynaldo mostrava-se incansável
na tentativa de demonstrar que a arte nacional combinava a simplicidade
românica e o barroquismo cosmopolita. Por exemplo, convidado a escrever
um texto de apresentação para o livro Janelas Portuguesas, de Bonfim Barrei-
ros, o Presidente da Academia notava a propósito da colecção ali inven-
tariada: “Por vezes rude pela matéria e plebeia pelos ornatos, mais graciosa
que requintada, mas cheia de todo o encanto da sensibilidade de um povo,
que continuou a sentir as formas no período barroco, como as visionara no
manuelino e logo as amara no românico”472.
Estendendo a sua perspectiva, Reynaldo dos Santos foi abordando as
mais diversas expressões e períodos. No artigo “A influência inglesa nas
nossas artes decorativas no século XVIII”, notou inclusivamente que os
fabricantes britânicos de móveis tiveram de lhes acrescentar pinturas que
imitavam lacados orientais, de modo a que fossem mais facilmente aceites
pelos clientes portugueses. Com ironia, Reynaldo lembrou que também se
encomendavam relógios a Londres, “e é possível que se os feitos para In-
glaterra eram exactos, os exportados para Portugal se atrasassem um pouco,
feitos ao gosto dos costumes”473.
Na verdade, nunca esquecera como os assuntos artísticos, mesmo nos
seus aspectos caricaturais, eram uma referência privilegiada para compreen-
der a mentalidade vigente e regenerar o país.
A síntese final
era particularmente forte e exigia maior detalhe. Na verdade, este livro foi o
principal ensaio para a sua obra final.
Após apresentar aquele trabalho em Espanha, Reynaldo iniciou, enfim,
a redacção da grande síntese da arte portuguesa, em português e para os
portugueses. Agora octogenário e padecendo de problemas de saúde, sobre-
tudo de arteriosclerose, o autor dedicou quase toda a década de 60 a esse
objectivo, estruturando-o em três volumes e a que deu o título geral de Oito
Séculos de Arte Portuguesa – História e Espírito.
Na introdução, referiu tratar-se do corolário dos múltiplos trabalhos
que o ocupavam desde 1921, quando publicou o primeiro estudo sobre arte,
versando as origens de João de Ruão e sua vinda para Portugal. Destacando
a importância dos intelectuais da “geração de 70” para a formação do seu
pensamento, não esqueceu “a nova geração do primeiro quartel do século
XX”, dominada essencialmente por José de Figueiredo.
Se este período fora “sobretudo de análise crítica, cabia à geração se-
guinte, à do segundo quartel do século XX, iniciar a síntese das aquisições
alcançadas em mais de meio século de obra renovadora, para elaborar en-
fim uma primeira História da Arte Portuguesa”480.
Pela sua longevidade, Reynaldo percorreu gerações. Conheceu o pró-
prio Ramalho Ortigão; depois, com José de Figueiredo e Eugénio d’Ors,
contribuiu decisivamente para a identificação de uma “constante de sen-
sibilidade” na arte portuguesa, a qual deveria ser agora resumida num derra-
deiro trabalho para orientar as novas gerações de intelectuais.
Assim, nos Oito Séculos de Arte Portuguesa – História e Espírito, todos os
casos concretos são apresentados sob um mesmo enquadramento
explicativo, o qual é reforçado com textos autónomos destinados a unificar
o carácter das diversas expressões artísticas.
Contudo, encontrando-se Reynaldo dos Santos já irreversivelmente
abalado na saúde, as últimas páginas do empreendimento caberiam à esposa
Irene Quilhó, que referiu simplesmente ter feito o possível “para que os
leitores pudessem exercitar a vista no reconhecimento das formas. Se o con-
seguimos, está cumprida a nossa missão”481.
Reynaldo dos Santos estava no fim da sua vida. Para alguns era uma
relíquia do século XIX, para outros um representante da ideologia do Esta-
do Novo, enquanto o próprio se via como um espírito emancipado. Após
A cultura artística e a regeneração nacional 185
CONCLUSÃO
Durante toda uma vida, da qual se dizia que pareciam duas – tal o
labor verificado em áreas distintas – Reynaldo dos Santos foi demonstrando
particular interesse pelos temas artísticos, seguindo os apelos reformistas e
patrióticos que se intensificaram entre os séculos XIX e XX.
Hippolyte Taine e John Ruskin eram então as principais referências,
demonstrando como as questões estéticas podiam e deviam ser associadas à
formação das elites. Em Portugal, Ramalho Ortigão assumia-se como o
principal representante dessa lógica, advogando a urgente conservação do
património histórico e a identificação do verdadeiro estilo nacional, de
modo a obter-se uma referência que inspirasse as novas gerações. Neste
âmbito, encontrou-se no românico a expressão da autêntica simplicidade do
povo português.
Se esta missão parecia necessária em face da incapacidade dos par-
tidos monárquicos em regenerar o país, também as inépcias dos governos
republicanos mostraram que caberia aos intelectuais, mais que aos políticos,
orientar as futuras gerações.
Orgulhosamente “apolítico”, cosmopolita e interessado por assuntos
culturais, Reynaldo dos Santos ambicionou aperfeiçoar a lógica da estética
nacional, notando uma forte interacção entre o fundo românico e as influ-
ências externas. Deste modo, a simplicidade das estruturas arquitectónicas
era compensada por uma vocação decorativa, através da qual se adaptavam
as formas que chegavam do exterior.
188 Reynaldo dos Santos
CURRICULUM VITAE DE
REYNALDO DOS SANTOS
Actividade profissional
Actividade historiográfica
Condecorações
Bibliografia médica
O valor da reacção de Cammidge e da análise das fezes para o diagnóstico das pancreatites.
Medicina Contemporânea, n.º 1, 1910.
O catetrismo uretral e a separação intra-vesical do estudo da função reno-uretral. Medicina
Contemporânea, n.º 7, 1910.
Cirurgia do intestino grosso. Medicina Contemporânea, n.º 5, 1910.
Perfurações gastro-duodenais agudas. Comunicação à Sociedade de Ciências Médicas de
Lisboa em 26 de Fevereiro de 1910. Medicina Contemporânea, n.º 9, 1910.
Terapêutica dos tumores vesicais. Comunicação à Sociedade de Ciências Médicas de
Lisboa, em 24 de Abril de 1910. Medicina Contemporânea, n.º 16, 1910.
Kysto hidático do rim simulando uma hidronephrose traumática. Medicina Contemporânea,
n.º 2, 1911.
Volvo agudo do intestino delgado. Medicina Contemporânea, n.º 11, 1911.
Radiografia do bassinete e uretero. Comunicação à Sociedade de Ciências Médicas de
Lisboa em 17 de Junho de 1911. Medicina Contemporânea, n.º 26, 1911.
Embolia da artéria renal. Aspecto clínico. Comunicação à Sociedade de Ciências
Médicas em 1 de Julho de 1911.
Les pancréatites, diagnostique et traitement. Discussão sobre os relatórios. III Congresso
Internacional de Cirurgia, Bruxelas, Setembro de 1911.
Catheteres urteraes metálicos. Comunicação à Sociedade de Ciências Médicas, 30 de
Setembro de 1911.
Les pancreatites. Medicina Contemporânea, n.º 43, 1911.
Les sondes urétérales métaliques souples. Communication au XV Congrès de l’Asso-
ciation Française d’Urologie (Paris, Oct. 1911). Medicina Contemporânea, n.º 44,
1911.
O III Congresso Alemão de Urologia. Medicina Contemporânea, n.º 47, 1911.
Catheteres ureteraes metálicos. Comunicação à Sociedade de Ciências Médicas de
Lisboa em 30 de Dezembro de 1911.
Tratamento dos apertos do uretero pélvico. Novo instrumento para a ureterotomia interna.
Comunicação à Sociedade de Ciências Médicas, em 30 de Dezembro de 1911. Me-
dicina Contemporânea, n.º 53, 1911.
As hemorragias perineais espontâneas. Medicina Contemporânea, n.º 4, 1912.
As infecções agudas sépticas do rim e o seu tratamento cirúrgico. Medicina Contemporânea,
n.º 8, 1912.
As perfurações intestinais na febre tifóide (com a colaboração de Alberto Mac-Bride).
Medicina Contemporânea, n.º 11, 1912.
Tratamento operatório das fracturas no serviço de A. Lane, em Londres. Medicina
Contemporânea, n.º 26, 1912.
A técnica actual da prostatectomia. Medicina Contemporânea, n.º 28, 1912.
Como tratar uma fractura. Medicina Contemporânea, n.º 37, 1912.
A cultura artística e a regeneração nacional 203
Sea and overseas influences in Portuguese Art. Conferência realizada na Royal Academy,
Londres, em 27 de Fevereiro de 1937.
Homenagem à memória do Dr. José da Figueiredo. Discurso pronunciado no Museu
Nacional de Arte Antiga, em 19 de Janeiro de 1938.
Quentin Metsys au Portugal. Conferência realizada no Museu das Belas-Artes de
Bruxelas, em 12 de Abril de 1938.
A Arte na Cidade de Évora. Conferência realizada no Teatro Garcia de Resende,
Évora, em Abril de 1938.
Nuno Gonçalves o maior pintor peninsular até ao século XVII. Comunicação no
Congresso Internacional de História de Arte, Londres, em 25 de Julho de 1939.
Diogo de Arruda e a Janela da Tomar. Conferência realizada na Faculdade de Letras
de Lisboa, em Agosto de 1939.
La Pintura Portuguesa de los siglos XV y XVI. Conferência realizada na Real
Academia de San Fernando, Madrid, em 3 de Abril de 1940.
A Holanda de Ramalho Ortigão. Conferência realizada no salão do jornal O Século,
em 15 de Março de 1941.
O Restauro dos Primitivos e as suas Revelações. Conferência realizada no Círculo Eça de
Queirós, em 20 de Março de 1941.
Significação da pintura portuguesa do século XVII. Conferência realizada no Automóvel
Club de Portugal, em 16 de Abril de 1942.
A Arte na Educação e na Cultura. Conferência realizada no Ateneu Comercial do
Porto, em 24 de Março de 1945.
O papel da arte no prestígio das civilizações e na formação espiritual dos homens. Conferência
realizada em Coimbra, em 1945.
Escultura portuguesa e sua evolução. Duas conferências realizadas na Sorbonne, Paris,
em 28 e 31 de Maio de 1946.
O Espírito da Critica de Arte. Conferência realizada no Teatro de São Luís, em
Janeiro de 1947.
A Escultura da Idade Média em Portugal. Conferência realizada no Teatro D. Maria II,
Lisboa, em Março de 1948.
A Escultura da Idade Média em Portugal. Conferência realizada na Biblioteca Pública
Municipal do Porto, em 15 de Abril de 1948.
A Arte na Cultura. Conferência realizada na Faculdade de Ciências, Lisboa, em 25
de Fevereiro de 1949.
Renaissance Painting in Portugal. Conferência realizada no Instituto das Belas-
-Artes da Universidade de Nova Iorque, em 3 de Novembro de 1950.
O Manuelino. Conferência realizada em Nice, em 1950.
D. João V e as Belas-Artes. Conferência realizada na Biblioteca da Universidade de
Coimbra, em 27 de Janeiro de 1951.
216 Reynaldo dos Santos
Miguel de Arruda e a Igreja de Santo Antão de Évora. A Cidade de Évora, n.º 19, 1949.
Antecedentes Portugueses e exóticos. Artes Plásticas no Brasil, 1952.
Uma Custódia de Toledo en la India Portuguesa. Goya, n.º 1, 1954.
L’Orfèvrerie Portugaise. Le Jardin des Arts, Janeiro de 1955.
Los Tesoros de Orfebreria de Portugal en Paris. Goya, n.º 4, 1955.
Man and the sea in Portuguese Painting. Connoisseur, Fevereiro de 1956.
A Faiança do século XVI nos Primitivos Portugueses. Panorama, n.º 4, 3.ª série,
Dezembro de 1956.
Van Gogh. Boletim do Auto-Clube Médico Português, n.º 4, Abril, 1957.
Le Style Manuelin et l’Unité du Sentiment Natlonal. Sinthèses, Junho-Julho, 1958.
Hodart, precursor de Ia escultura barroca en Portugal. Goya, n.º 25, Julho-Agosto, 1958.
Os Pintores da Rainha D. Leonor. IV Congresso das Misericórdias, 1958.
A Arquitectura e as Artes Decorativas. Colóquio, n.º 1, 1959.
Ourivesaria Portuguesa no Estrangeiro (séc. XVI-XVII) (com a colaboração de Irene
Quilhó). Colóquio, n.º 2, 1959.
Os mosaicos de Ravena. Colóquio, n.º 3, 1959.
Conceito do Renascimento. Colóquio, n.º 4, 1959.
A Paisagem e o Naturalismo dos segundos planos nos Primitivos Portugueses. Colóquio, n.º
5-6, 1959.
Dois Belos Espécimes de Cerâmica turca da Colecção Gulbenkian. Colóquio, n.º 5-6, 1959.
Francesco Guardi na Colecção Gulbenkian. Colóquio, n.º 5-6, 1959.
O Museu de Arte Sacra na Bahia. Colóquio, n.º 5-6, 1959.
Bilder, Krippen, Staatskarossen. Marian, n.º 8, 1959.
Os tapetes de Arraiolos e a sua origem Persa. Colóquio, n.º 8, 1960.
Velásquez e a pintura europeia do seu tempo. Colóquio, n.º extraordinário, Julho-
-Outubro 1960.
A Exposição Henriquina de Belém. Colóquio, n.º 10, 1960.
A Exposição, Gulbenkian em Paris. Colóquio, n.º 11, 1960.
Lo Románico en Portugal. Goya, n.º 43-45, 1961.
A exposição de Velásquez em Madrid. Colóquio, n.º 12, 1961.
O carácter da Arte Portuguesa através dos tempos. Colóquio, n.º 14, 1961.
El Románico en Portugal. ABC, Setembro de 1961.
Os Retratos da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel. Colóquio, n.º 16, 1961.
Goa e a Arte Indo-Portuguesa, Colóquio, n.º 17, 1962.
O Centenário de Velásquez. Museu, 2.ª série, n.º 2, Maio de 1961.
Bernardo Marques. Colóquio, n.º 20, 1962.
Uma Escultura de José de Almeida. Colóquio, n.º 23, Abril de 1963.
220 Reynaldo dos Santos
Guia de Portugal, 1.º vol.: Introdução artística. Arquitectura, Escultura e Pintura; S. Roque;
Madre de Deus; Jerónimos; Torre de Belém; Paço Real de Sintra; Retábulo da Pena.
Guia de Portugal, 2.º vol.: Évora, história de arte, seus monumentos e Museus; Estremoz. A
Igreja do Convento de S. Francisco; Vila Viçosa. Notas artísticas; Beja; Algumas notas
artísticas sobre Abrantes; Portalegre. Algumas notas artísticas; Tomar. Monumentos e
introdução histórica e artística; Igreja da Piedade da Merceana; Tábuas de S. Quintino; Nota
sobre a Natividade da Atouguia da Baleia; Mosteiro da Batalha.
Guia de Portugal, 3.º vol.: A Pintura quinhentista na Beira; A Arte de Coimbra; Santa
Cruz; Sé Velha, de Coimbra; Museu Machado de Castro; Igreja Matriz de Góis; Túmulo do
Conde de Sortelha;
224 Reynaldo dos Santos
Guide Bleu: Introdução artística nos Guides Bleus (Hachette. Portugal. Madeira-Açores).
1931, 1957 e 1960.
Principais exposições
NOTAS
1
Reynaldo tinha como irmãos Clemente, Rodolfo, Cristina e Emília dos Santos.
2
Diário de Notícias, 31 de Dezembro de 1871, p.2; Jornal do Comércio de 1 de
Fevereiro de 1872, p.2, e de 2 de Fevereiro de 1872, p.2.
3
Confira-se por exemplo O Villafranquense, edições de 20 de Junho de 1896, p.3; 6
de Fevereiro de 1897, p.2; 30 de Outubro de 1897, p.2; 15 de Abril de 1899, p.2;
26 de Outubro de 1899, p.2; 8 de Março de 1900, p.3; 3 de Janeiro de 1901, p.1;
13 de Fevereiro de 1902, p.3; 11 de Julho de 1904, p.3; e 5 de Novembro de 1904,
p.4.
4
Foram da autoria do Barão de S. Clemente as Memórias Biográficas Parlamentares, os
Documentos para a História das Cortes Gerais da Nação Portuguesa e as Biografias Parla-
mentares Portuguesas.
5
Como exemplo, em 22 de Agosto de 1896 (p.2), O Villafranquense dava conta da
viagem de férias de Reynaldo dos Santos à Figueira da Foz, na companhia de
familiares de João Afonso de Carvalho, uma importante figura que teria um papel
crucial no futuro de Reynaldo.
6
Informação colhida junto do Prof. Bartolomeu Cid dos Santos. Henrique de
Vilhena tinha inclusivamente ligações familiares a Santos Rocha por intermédio da
mulher deste, Maria Joana Pereira dos Santos Jardim.
7
VILHENA, Henrique de: O Dr. Santos Rocha, Lisboa, 1937, p.75.
8
Confira-se as referências a Augusto Rocha em – FERNANDES, Barahona: Miguel
Bombarda, Lisboa, 1952, pp.6, 11.
9
Num texto sobre a personalidade intelectual de Ramalho Ortigão, Reynaldo dos
Santos recordou como, através de Augusto Rocha, deslumbradamente se inte-
ressou pelas teses de Taine, ainda nos tempos da juventude passados na Figueira
da Foz (SANTOS, Reynaldo dos: Ramalho Ortigão, Lisboa, 1935, p.14). O professor
de medicina em Coimbra faleceria em 1901, facto lamentado n’O Villafranquense (7
de Fevereiro de 1901, p.1).
10
TAINE, Hippolyte: Philosophie de l’Art, vol.I, Paris, ed. Librairie Hachette, 1895,
p.54.
11
Idem: ibidem, pp.39-42.
228 Reynaldo dos Santos
12
Idem: ibidem, p.142.
13
TAINE, Hippolyte: Notes sur l’Angleterre, Paris, ed. Librairie Hachette, 1876, p.213.
14
Idem: ibidem, p.355.
15
Será de referir o facto de Ruskin mostrar-se crítico quanto à preferência por
determinadas variantes do gótico, como a perpendicular, que tinha intuitos
monumentalizantes. De entre as várias opções consideradas para o revival, “the
most natural, perhaps the safest choice, would be the last [the English earliest
decorated]”, por ser a mais sincera e genuína. RUSKIN, John: The Lamp of Beauty –
Writings on Art / The Seven Lamps of Architecture, Londres, Phaidon, 1995, p.232.
16
SANTOS, Reynaldo dos: Ramalho Ortigão, Lisboa, 1935, p.9.
17
ORTIGÃO, Ramalho: O Culto da Arte em Portugal, Lisboa, 1896, pp.174-175. A este
propósito confira-se – PACHECO, Manuel António de Moura: Influências de Hippolyte
Taine no pensamento estético português, Porto, 1969. Originariamente uma Tese de
Licenciatura em Filosofia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, o referido trabalho sublinha as influências de Taine em vários intelectuais
portugueses, com destaque para os casos de Eça de Queirós e de Ramalho
Ortigão (sobre este último, atente-se ao estudo comparativo inserto na página 65).
A título complementar, confira-se igualmente – OLIVEIRA, Maria João: O
Pensamento Estético de Ramalho Ortigão, Dissertação de Mestrado em História da
Arte, FCSH – Universidade Nova de Lisboa, 1988. Sobre esta temática, confira-se
igualmente o capítulo “Procurando uma identidade nacional”, em – LEANDRO,
Sandra M.ª Fonseca: Teoria e Crítica de Arte em Portugal (1871-1900), Dissertação de
Mestrado em História da Arte Contemporânea, FCSH – Universidade Nova de
Lisboa, 1999, pp.55-70.
18
ORTIGÃO, Ramalho: A Holanda, Lisboa, 1900, pp.VII, 344.
19
Idem: O Culto da Arte em Portugal, Lisboa, 1896, pp.118-120.
20
Idem: ibidem, p.119.
21
ROBINSON, J.C.: The Early Portuguese School of Painting, sep. do Fine Arts Quarterly
Review [n.º 11, Outubro de 1866], p.7.
22
José-Augusto França realçou o papel de Joaquim de Vasconcelos, onde “a
consciência e o método profissional” elevaram a História da Arte a um patamar de
exigência e de rigor que não tinha precedentes em Portugal. FRANÇA, José-Au-
gusto: A Arte em Portugal no Século XIX, vol.II, Lisboa, Bertrand, 1990, pp.372-375.
23
“Joaquim de Vasconcelos em Águas Santas”, Arte, n.º 43, Julho de 1908, p.51.
Realce-se igualmente o interesse autobiográfico do livro de Vasconcelos – O
consummado germanista e o mercado das letras portuguezas (Porto, 1873). A propósito da
luta de Vasconcelos pelo rigor a implementar nos estudos de História da Arte,
Nuno Rosmaninho reproduz nos anexos documentais do trabalho A Historiografia
Artística Portuguesa – de Raczinski ao dealbar do Estado Novo, a capa da edição A Arte
Manuelina e os Críticos (de José Pessanha), na qual Vasconcelos acrescentou à pena:
“e os Historiadores, se faz favor”.
24
VASCONCELOS, Joaquim de: O consummado germanista e o mercado das letras portuguezas,
Porto, 1873, pp.XIV, 3.
A cultura artística e a regeneração nacional 229
25
“1 – Tecidos e rendas, 2 – cerâmica, 3 – vidros e cristais, 4 – mobiliário, 5 –
escultura em madeira, 6 – indústria dos metais, 7 – agricultura, 8 – caça e pesca, 9
– traje popular e 10 – festas e superstições”. VASCONCELOS, Joaquim de: Industrias
Portuguezas – resumo histórico (escripto de 1886-87), s.l., p.3. Confira-se igualmente –
VASCONCELOS, Joaquim de; VIANA, Maria Teresa Pereira (org. e pref.): Indústrias
Portuguesas, Lisboa, IPPC, 1983.
26
VASCONCELOS, Joaquim de: Teoremas para o estudo da História da Arte na Peninsula e
especialmente em Portugal, Porto, Arcádia, 1913, p.29.
27
VASCONCELOS, Joaquim de: O consummado germanista e o mercado das letras portuguezas,
Porto, 1873, p.73; Idem: Teoremas para o estudo da Historia da Arte na Peninsula e
especialmente em Portugal, Porto, 1913, pp.44-45.
28
“Ce qui domaine dans un tête allemande de vingt ans, ce n’est pas le désir de
faire figure au cercle ou au café, comme cela se voit en France, c’est la volonté
d’acquérir des vues d’ensemble sur l’humanité, le monde, le surnaturel, la nature et
sur beaucoup d’autres choses encore, bref, d’avoir une philosophie complète”.
TAINE, Hippolyte: Philosophie de l’Art, vol.I, Paris, ed. Librairie Hachette, 1895,
p.164.
29
VASCONCELOS, Joaquim de: A Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, Porto, 1891.
Citação de Estácio da Veiga em – PEREIRA, M.ª L. Estácio da Veiga Silva: O Museu
Archeologico do Algarve, Faro, 1981, p.122. Sublinhando a importância ao que
representava o comum, Reynaldo viria a citar Ramalho Ortigão: “não vejo em arte
razão alguma plausível para que, como motivo ornamental de uma torre [das
cabaças], á folha de acantho ou ao chavelho em voluto da architectura grega se
não prefira a nossa linda pucarinha de barro vermelho de Reguengo, da Atalaia ou
da Asseiceira”. Citação em – SANTOS, Reynaldo dos: Ramalho Ortigão, Lisboa, 1935,
p.11.
30
“Discurso do Prof. Agostinho de Campos” em – AA.VV.: Raul Lino, Lisboa, ed.
SNBA e Associação dos Arquitectos Portugueses, 1932, pp.10-11.
31
Confira-se a base crítica de José de Figueiredo relativamente aos pintores
portugueses seus contemporâneos (Portugal na Exposição de Paris, Lisboa, ed.
Empreza da Historia de Portugal, 1901, pp.53-76).
32
Confira-se – ORTIGÃO, Ramalho: Pela Terra Alheia, 2 vols., Lisboa, Livraria
Clássica Editora, 1949.
33
FIGUEIREDO, José de: Algumas Palavras sobre a Evolução da Arte em Portugal, Lisboa,
1908, p.39.
34
VASCONCELOS, Joaquim de: “Ensaio sobre a architectura romanica em Portugal”,
Arte, n.º 38, Fevereiro de 1908, p.15. Vasconcelos viria a aprofundar os estudos
sobre o românico e correspondente importância das “indústrias caseiras” no clás-
sico A Arte Romanica em Portugal, Porto, ed. Marques de Abreu, 1918 (texto de
1914).
35
Idem: Elencho de Quatro Conferências sobre a Historia da Arte Nacional, Porto, 1908,
p.6.
36
MONTEIRO, Manuel: S. Pedro de Rates, Porto, 1908, p.16. Reynaldo admiraria em
230 Reynaldo dos Santos
50
O Villafranquense, 19 de Abril de 1900, p.1. Nesta edição refere-se que “as suas
piadinhas” foram escritas na revista “de harmonia com as caricaturas do talentoso
Cid”. Tendo A Paródia iniciado a publicação em Janeiro de 1900, poderão ser
considerados pelo menos os seguintes números: n.º 2, de 24 de Janeiro de 1900,
p.15; n.º 3, de 31 de Janeiro de 1900, p.18; e n.º 4, de 7 de Fevereiro de 1900, p.27
(edições com caricaturas de Jorge Cid até 19 de Abril de 1900).
51
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, 10 de Fevereiro [sem ano]. Espólio
documental de Raul Proença – Reservados da Biblioteca Nacional de Portugal
(BNP), documento E7/1838. Sobre a viagem a Paris, O Villafranquense noticiaria a
partida de Reynaldo na edição de 23 de Agosto de 1900 (p.2), périplo que duraria
até Outubro, em ano de Exposição Internacional. Sobre o grande evento
parisiense, publicou-se na Paródia um texto satírico, com ilustrações de Jorge Cid –
“Crónica nenhuma”, A Paródia, n.º 29, 1 de Agosto de 1900 [páginas sem nu-
meração].
52
Informação colhida junto de Maria Amélia Santos Curvelo.
53
Confira-se as edições de O Villafranquense de 30 Junho de 1899, p.2; de 29 de
Maio de 1902, p.1; e de 3 de Julho de 1902, p.1.
54
SANTOS, Reynaldo dos: Ricardo Jorge, sep. de A Medicina Contemporânea, n.º 38-39,
Setembro de 1939, p.3.
55
FARIA, José Alberto de: Ricardo Jorge, defensor da Saúde dos Portugueses, sep. de A
Medicina Contemporânea, n.º 38-39, Setembro de 1939, p.6.
56
SANTOS, Reynaldo dos: Ricardo Jorge, sep. de A Medicina Contemporânea, n.º 38-39,
Setembro de 1939, pp.5-6.
57
JORGE, Ricardo: Ramalho Ortigão, Lisboa, 1915, p.25.
58
Confira-se O Villafranquense, edições de 8 de Março de 1900, p.2, e de 11 de
Fevereiro de 1905, p.2.
59
Informação colhida junto do Prof. Bartolomeu Cid dos Santos.
60
The British Medical Journal, 2 de Julho de 1904, pp.10-11.
61
Diário de viagem aos Estados Unidos, entrada de 4 de Agosto de 1905; depo-
sitado na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.
62
Diário de viagem aos Estados Unidos, 1905, depositado na Sociedade das
Ciências Médicas de Lisboa.
63
Sobre a diferença dos temperamentos de Cushing e de Reynaldo confira-se –
ANTUNES, João Lobo: Um Modo de Ser, Lisboa, Gradiva, 2000, p.172.
64
Carrel acabaria ostracizado após defender o regime Nazi, aquando da ocupação
de França. Confira-se igualmente – SILVA, Cândido Nunes da: Memórias de um
cirurgião, Lisboa, 2000, pp.42-43. Neste trabalho de cariz autobiográfico, o autor,
discípulo de Reynaldo na cirurgia, lembra o interesse que lhe despertou a
correspondência de Carrel para o seu mestre, nomeadamente uma carta em que o
francês “dá conta da primeira transplantação renal com êxito, feita no cão, e
descreve com entusiasmo o começo da secreção da urina pelo rim transplantado”.
Em 1909 Reynaldo daria conta dos progressos e dos contactos que mantinha com
Alexis Carrel no artigo “A transplantação dos membros”, em – A Medicina Con-
temporânea, n.º 3, 17 de Janeiro de 1909, pp.20-22.
232 Reynaldo dos Santos
65
Informação colhida junto do Prof. Bartolomeu Cid dos Santos. João Afonso de
Carvalho ainda legaria a Reynaldo participações no Mercado Geral de Gados (a
funcionar nos terrenos posteriormente ocupados pela Feira Popular de Lisboa, em
Entre-Campos), proporcionando-lhe maior segurança financeira.
66
Santos, Reynaldo dos: “A cirurgia experimental”, Polytechnia, vol.I.
67
Idem: “A dor renal provocada”, Polytechnia, vol.II.
68
Idem: “Feridas e rupturas traumáticas do pancreas”, Polytechnia, vol.II.
69
COSTA, Jaime Celestino da: Um Certo Conceito de Medicina, Lisboa, Gradiva, 2001,
p.186.
70
Comentário de Reynaldo dos Santos lembrado por Jaime Celestino da Costa.
Idem: ibidem, p.187.
71
FURTADO, Diogo: Miguel Bombarda, Lisboa, 1952, p.14.
72
Citação de Júlio Dantas em – FURTADO, Diogo: Miguel Bombarda, Lisboa, 1952,
p.13.
73
Note-se que para Bartolomeu Cid dos Santos, a capacidade de leitura e a resis-
tência para longas viagens eram características que distinguiam Reynaldo dos
Santos.
74
Carta de Patente para ‘Urorhytmographo – J.A. da Cunha Ferreira, Agente Official de
Marcas e Patentes, Março de 1909. Espólio documental de Reynaldo dos Santos –
Arquivo pessoal de Bartolomeu Cid dos Santos (AP-BCS). Sobre o aparelho,
confira-se o artigo de Reynaldo: “Exploração funccional do uretere. Urorhytmo-
graphia”, A Medicina Contemporânea, n.º 51, 19 de Dezembro de 1909, pp.415-418.
75
GOMES, António Luís: O Dr. Alberto Mac-Bride e a Cidade de Évora, Lisboa, s.d.,
p.10. Note-se que Alberto Mac-Bride manter-se-ia sempre empenhado na di-
vulgação do património artístico de Évora, vindo inclusivamente a motivar Túlio
Espanca para os estudos de arte. Também a história da capital mereceu a Mac-
-Bride particular atenção, sendo sócio fundador do Grupo dos Amigos de Lisboa.
76
António Luís Gomes refere categoricamente – “Digo-vos isto: foi ele [Alberto
Mac-Bride] que iniciou no amor a Évora o Professor Reinaldo dos Santos, insigne
Historiador de Arte, seu chefe de equipa e colaborador no campo da investigação,
e outros médicos da mesma equipa, Jorge Cid, Augusto Lamas, quantos mais!”.
GOMES, António Luís: O Dr. Alberto Mac-Bride e a Cidade de Évora, Lisboa, s.d., p.11.
77
Cândido Nunes da Silva lembra ainda comentários do seu mestre sobre antigas
organizações de tertúlias: “Falou-me várias vezes de umas reuniões num 2.º andar
ao Intendente onde se juntava com alguns dos melhores nomes da juventude
médica lisboeta de então, como Aníbal de Castro, Alberto e Eugénio Mac-Bride,
Carlos de Melo, Alberto Faria, Pulido Valente, Morais Sarmento, Castro Freire,
Carlos Santos, Fernando Lopes, Marçal Mendonça, Cancela de Abreu, para discu-
tirem temas médicos ou de cultura geral”. SILVA, Cândido Nunes da: Memórias de
um cirurgião, Lisboa, 2000, p.43.
78
ORTIGÃO, Ramalho: O Culto da Arte em Portugal, Lisboa, 1896, p.175; FIGUEIREDO,
José de: Portugal na Exposição de Paris, Lisboa, ed. Empreza da História de Portugal,
1901, p.41. Note-se ainda que Teresa Pontes refere que Figueiredo era presença
habitual em tertúlias com Eça de Queirós. PONTES, Teresa: Museologia da Arte –
A cultura artística e a regeneração nacional 233
91
FIGUEIREDO, José de: O Pintor Nuno Gonçalves, Lisboa, 1910, p.135.
92
Idem: ibidem: pp.138-139. Refira-se também que Reclus era tio de Élie Faure, um
escritor de arte influenciado pelo pensamento estético de Taine e pelo seu
determinismo. Faure seria autor de uma Histoire de l’Art em cinco volumes, que
foram vertidos para português por Vitorino Nemésio, escritor que começara a
buscar orientação para os seus próprios trabalhos junto de Afonso Lopes Vieira.
Segundo Faure: “Uma coisa é descrever os monumentos que o homem deixou no
seu caminho pelos seus caracteres exteriores, medi-los, definir-lhes as funções e o
estilo, situá-los no espaço e no tempo, outra é tentar dizer que raízes secretas tais
monumentos mergulham no coração das raças, como lhes resumem os desejos
mais essenciais, como constituem o testemunho sensível dos sofrimentos, das
necessidades, das ilusões e das miragens que escavaram na carne da unanimidade
dos mortos e dos vivos o passo sangrento da sensação ao espírito”. FAURE, Élie:
História da Arte, vol.I, Lisboa, ed. Estúdios Cor, 1951, p.11.
93
FIGUEIREDO, José de: O Pintor Nuno Gonçalves, Lisboa, 1910, p.111.
94
Idem: ibidem, pp.111, 146-147. Note-se que era esta capacidade de interpretação
dos tipos naturais e humanos que constituíra também a medida crítica de Figuei-
redo relativamente à pintura dos artistas contemporâneos.
95
VASCONCELOS, Joaquim de: A Pintura Portugueza dos sec. XV e XVI, s.l., s.d. [1917],
p.8.
96
Idem: O Ensino da Historia da Arte nos Lyceus e as Excursões Escolares, Porto, 1908,
p.5.
97
FIGUEIREDO, José de: O Legado Valmor e a Reforma dos Serviços de Bellas-Artes,
Lisboa, 1901, p.47.
98
Sobre a Liga confira-se – CUNHA, Alfredo da: Dr. José de Figueiredo, Lisboa, ed.
Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga, 1938, pp.9-13; PONTES, Teresa:
Museologia da Arte – conceitos e práticas de José de Figueiredo, Dissertação de Mestrado
em Museologia e Património, FCSH – Universidade Nova de Lisboa, 1999, pp.73-
-74.
99
CUNHA, Alfredo da: Dr. José de Figueiredo, Lisboa, ed. Amigos do Museu Nacional
de Arte Antiga, 1938, p.12.
100
FIGUEIREDO, José de: O Legado Valmor e a Reforma dos Serviços de Bellas-Artes,
Lisboa, 1901, p.49. Sobre a organização do Museu confira-se igualmente –
MANAÇAS, Vítor: Museu Nacional de Arte Antiga – Uma leitura da sua História,
Dissertação de Mestrado em História da Arte, FCSH – Universidade Nova de
Lisboa, 1991.
101
CUNHA, Alfredo da: Dr. José de Figueiredo, Lisboa, ed. Amigos do Museu Nacional
de Arte Antiga, 1938, p.14.
102
Reynaldo dos Santos, num texto sobre Figueiredo, confirmaria que o início do
convívio com o Director do Museu Nacional de Arte Antiga verificou-se naquela
fase. SANTOS, Reynaldo dos: Homenagem à Memória do Dr. José de Figueiredo, ed.
Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa, 1938, p.11.
103
SANTOS, Reynaldo dos: Homenagem à Memória do Dr. José de Figueiredo, ed.
Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa, 1938, pp.11, 16, 18.
A cultura artística e a regeneração nacional 235
104
Carta manuscrita de José de Figueiredo, 9 de Novembro de 1909. Cartas e ou-
tros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VI, maço n.º 1 – Reservados
da Biblioteca Municipal de Leiria.
105
VASCONCELOS, Joaquim de: A Arte Românica em Portugal, Porto, 1918, p.11.
106
SANTOS, Reynaldo dos: Homenagem à Memória do Dr. José de Figueiredo, ed.
Academia Nacional de Belas-Artes, Lisboa, 1938, p.9. Alfredo da Cunha cor-
roborava Agostinho de Campos na caracterização de Figueiredo, amigo comum,
como uma personalidade particularmente difícil (CUNHA, Alfredo da: Dr. José e
Figueiredo, Lisboa, ed. Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga, 1938, p.15).
Confira-se igualmente: Carta manuscrita de José de Figueiredo, 21 de Julho de
1929. Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.IX, maço n.º
40 – Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria.
107
Esse interesse pela arte de outros países foi acompanhando Reynaldo dos
Santos durante a sua vida. Por exemplo, em 1927, Jorge Cid informava o escultor
Costa Mota: “O Reynaldo partiu nas férias da Páscoa para a Italia, e tem estado a
percorrer a Grecia, Turquia, Palestina, Egipto, etc., onde foi fazer o seu abas-
tecimento de Arte, de Archeologia e de Historia para a próxima saison”. Carta
manuscrita de Jorge Cid, 7 de Maio de 1926. Depositada no espólio documental
de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
108
Confira-se por exemplo o postal enviado de Bragança a Afonso Lopes Vieira
por Figueiredo, Cid e Reynaldo, com caricaturas dos signatários. Postal manus-
crito de José de Figueiredo, Jorge Cid e Reynaldo dos Santos, 22 de Setembro de
1916. Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.X, maço n.º
89 – Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria.
109
SANTOS, Reynaldo dos: A Reforma dos Hospitais Civis, sep. de A Medicina
Contemporânea, 1915, p.8.
110
Idem: ibidem, p.24.
111
Idem: Sobre o Problema do Ensino Médico, sep. do Jornal da Sociedade das Ciências
Médicas de Lisboa, 1931, p.4.
112
Idem: “Cirurgia de Guerra”, A Medicina Contemporânea, n.º 40, 4 de Outubro de
1914, p.320.
113
Carta manuscrita de Ramalho Ortigão, 21 de Abril de 1913. Cartas e outros Es-
criptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.II, maço n.º 5 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria. Logo em 1911, Raul Lino solidarizou-se com João
de Barros, esperando que o afastamento deste fosse corrigido para que a Re-
pública tivesse novamente “the right man in the right place” nos domínios da
educação. Carta manuscrita de Raul Lino, 14 de Março de 1911. Espólio docu-
mental de João de Barros – Reservados da BNP, documento N11/1755.
114
Por exemplo, confira-se o artigo “Extracção de balas” (A Medicina Contem-
porânea, n.º 5, 1 de Fevereiro de 1914, pp.35-36) e a “Nota sobre os [33] feridos
por arma de fogo durante o movimento de 14 de Maio no Hospital de Santa Mar-
tha”, que assina juntamente com Augusto Lamas (A Medicina Contemporânea, n.º 26,
27 de Janeiro de 1915, pp.204-206). Também em diferentes números da mesma
publicação, agora do ano de 1916, surgem rubricas subordinadas ao tema “cirurgia
236 Reynaldo dos Santos
de guerra”, referentes ainda não à Guerra Mundial mas aos ferimentos por balas e
granadas resultantes dos conflitos nacionais.
115
Ofício da Faculdade de Medicina de Lisboa, 5 de Julho de 1916. Espólio docu-
mental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
116
Carta manuscrita de João Chagas, 8 de Abril de 1916. Espólio documental de
Reynaldo dos Santos – AP-BCS. Note-se ainda que Reynaldo contaria nesta fase
com o apoio do seu outro cunhado, Pedro Cid, que abraçara a carreira diplomá-
tica.
117
Rascunho de carta dactilografada e manuscrita de Reynaldo dos Santos, sem
indicação do destinatário, s.d. [1916]. Espólio documental de Reynaldo dos San-
tos – AP-BCS.
118
Por cortesia do Prof. Bartolomeu Cid dos Santos, foi possível ter acesso à
versão dactilografada deste Diário de Guerra, com transcrição e ortografia actua-
lizada por Maria Nazareth Vilhena dos Santos.
119
SANTOS, Reynaldo dos: Diário de Guerra – versão dactilografada, entrada de 7 de
Junho de 1916. Espólio documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
120
BARROS, João de: A Educação Republicana, Lisboa, ed. Aillaud e Bertrand, 1916,
pp.97-98. Relativamente às potencialidades dos alunos, João de Barros lançou o
desafio aos professores na página 111 da mesma obra: “Fazendo-lhes amar toda a
Arte e toda a Beleza, começando pela Arte e Beleza de sua terra (– quer apenas
instruindo os olhos e a sensibilidade, como convém no ensino infantil, quer
instruindo também o cérebro, como já se pode principiar a fazer no ensino
primário e como todo o ensino profissional e secundário se fará com toda a
facilidade –) ter-se-á ensinado a criança a amar o seu país, com um amor mais
profundo e mais ardente, ensinando-lhe ao mesmo tempo a amar e a venerar a
humanidade inteira pela visão e compreensão das suas mais belas criações”. Como
referiu na mesma obra (p.99), a arte destacava-se “como factor de educação
social”. Barros reforçava as considerações que em 1901 fizera José de Figueiredo,
quando este comentou que “às artes plásticas o caminho mais nobre que lhes resta
é, a meu ver, o da sua socialização e acção educadora sobre o povo”. FIGUEIREDO,
José de: Portugal na Exposição de Paris, Lisboa, ed. Empreza da Historia de Portugal,
1901, pp.130-131.
121
SANTOS, Reynaldo dos: “Nas margens do Yser”, Atlântida, n.º 15, 15 de Janeiro
de 1917, p.205.
122
Idem: ibidem, p.206.
123
Idem: ibidem, p.207.
124
Idem: Diário de Guerra – versão dactilografada, notas sem data de entrada.
Espólio documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
125
Carta manuscrita de João Chagas, 28 de Setembro de 1916. Espólio documen-
tal de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
126
SANTOS, Reynaldo dos: A Cirurgia na Frente Ocidental, 1916, p.12.
127
Idem: ibidem, pp.43-44.
128
Idem: ibidem, pp.68-69.
129
JORGE, Ricardo: “Sanidade em campanha”, A Medicina Contemporânea, n.º 3, 21 de
A cultura artística e a regeneração nacional 237
notas]: Afonso Lopes Vieira Anarquista, Lisboa, ed. António Ramos, 1980. Como
fonte coeva sobre o pensamento de Lopes Vieira, destaque-se o artigo de Jaime
Magalhães Lima: “Pergaminhos de um Precursor – ‘Em Demanda do Graal’ – de
Afonso Lopes Vieira”, Diário de Lisboa, 1 de Agosto de 1922, p.3.
189
Afonso Lopes Vieira era amigo do radical “Pad Zé”, do qual Jorge Cid fizera
uma caricatura n’A Paródia (n.º 102, 25 de Dezembro de 1901, em página não
numerada).
190
Carta manuscrita de António Arroio, 30 de Maio de 1915. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VI, maço n.º 4 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
191
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 16 de Fevereiro de
1910. Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.II, maço n.º 1
– Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria.
192
Carta manuscrita de Hipólito Raposo, 28 de Janeiro de 1910. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.IV, maço n.º 51– Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
193
Carta manuscrita de António Sardinha, 2 de Janeiro de 1911. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.IV, maço n.º 49 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
194
Carta manuscrita de Afonso Costa, 1 de Novembro de 1911. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.IV, maço n.º 42 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
195
LINO, Raul: Afonso Lopes Vieira, sep. do Boletim da Academia Nacional de Belas-
-Artes, n.º 16, Lisboa, 1947, p.5.
196
ORTIGÃO, Ramalho: O Culto da Arte em Portugal, Lisboa, 1896, p.173. Ainda em
1871, Ramalho e Eça de Queirós tinham defendido a independência das Farpas em
relação a movimentos políticos: “Sr. redactor – tendo-se espalhado vagamente que
o periodico As Farpas é uma publicação republicana julgamos dever declarar o
seguinte: As Farpas teem por único partido politico o bom senso”. Diário de No-
tícias, 5 de Maio de 1871, p.2.
197
COTTIN, Paul: Positivisme et Anarchie, Paris, ed. Félix Alcan, 1908. Na página 56 o
autor denunciou: “Auguste Comte, Littré, Taine. Ceux-là sont les pères de
l’Anarchie”. Em contrapartida, os seareiros viam em Taine um mestre no combate
ao obscurantismo de algumas elites – “A Moral dos Mestres”, Seara Nova, n.º 53,
15 de Setembro de 1925, p.84.
198
Citação de Reclus em – VIANA, J. M. Gonçalves: A evolução anarquista em Portugal,
Lisboa, ed. Seara Nova, 1975, p.29.
199
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, s.d. Cartas e outros Escriptos diri-
gidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VI, maço n.º 2 – Reservados da Biblioteca Mu-
nicipal de Leiria.
200
Postal manuscrito de Afonso Lopes Vieira, 23 de Junho de 1921. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
201
Carta manuscrita de Jorge Cid, 19 de Setembro de 1923. Cartas e outros Es-
criptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.V, maço n.º 9 – Reservados da
242 Reynaldo dos Santos
220
Idem: ibidem, p.60.
221
Idem: ibidem, p.128.
222
Idem: ibidem, pp.104-109.
223
Carta manuscrita de António Baião, 18 de Junho de 1923. Espólio documental
de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
224
Carta manuscrita de Aarão de Lacerda, 2 de Julho de 1923. Espólio documen-
tal de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
225
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 6 de Setembro de
1923. Espólio documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS. Note-se que Caro-
lina Michaëlis estudara árabe durante dois anos, sendo essa uma das várias línguas
que dominava.
226
Carta manuscrita de David Lopes, 18 de Dezembro de 1923. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
227
Carta manuscrita de Joaquim de Vasconcelos, 7 de Fevereiro de 1924. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
228
Carta manuscrita de Walter Crum Watson, 2 de Setembro de 1923. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
229
Efectivamente, para confirmar a sua argumentação, o próprio Vergílio Correia
ver-se-ia na necessidade de voltar a publicar o artigo na revista A Terra Portuguesa
(n.º 39, Julho de 1924, pp.42-52).
230
CORREIA, Vergílio: Lugares Dalém, Lisboa, 1923, pp.101-102.
231
Diário de Notícias, 11 de Abril de 1923.
232
Carta manuscrita de José Figueiredo, 9 de Maio de 1923. Espólio documental
de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
233
CORREIA, Vergílio: Lugares Dalém, Lisboa, 1923, pp.99, 101-102. Sobre a visita de
Diehl a Portugal confira-se o artigo – “O Professor Mr. Diehl”, Diário de Notícias,
20 de Abril de 1923, p.1.
234
Diário de Notícias, 10 de Junho de 1922.
235
“O problema do ensino médico por Reynaldo dos Santos”, Seara Nova, n.º 4, 5
de Dezembro de 1921, p.120.
236
GOMES, António Luís: Presença de Alberto Mac-Bride, Lisboa, 1953, p.26.
237
“Apelo à Nação”, Seara Nova, n.º 21, Fevereiro-Março de 1923, p.129.
238
Seara Nova (Maio de 1923).
239
Tal foi possível após um processo de aproximação. A este propósito, note-se
que, ainda em Abril de 1922, a Seara acusou de forma positiva o elogio vindo de
sectores integralistas para com o trabalho em prol da cultura nacional desenvol-
vido pelos seareiros na Biblioteca Nacional, nomeadamente a edição do Processo
dos Távoras e a versão fac-similada de Os Lusíadas. Apesar de expressarem no
mesmo texto as diferenças profundas que politicamente os separavam dos inte-
gralistas, os seareiros não deixavam de notar como o reconhecimento do seu tra-
balho por parte daqueles contrastava com a indiferença e mesmo crítica oriundas
dos próprios círculos republicanos. “Os integralistas e alguns homens da ‘Seara
Nova’”, Seara Nova, n.º 11, 1 de Abril de 1922, p.293. Confira-se igualmente a
resposta de António Sardinha dirigida a Raul Proença, datada de 27 de Dezembro
244 Reynaldo dos Santos
252
SÉRGIO, António: “O Problema Pedagógico”, Conferências de Propaganda, Porto,
1923, pp.27-34.
253
PROENÇA, Raul: “A União Cívica e a Seara Nova”, Seara Nova, n.º 22, Abril de
1923, pp.156-157. Idem: “A União Cívica e a Seara Nova – Resposta às ob-
jecções fundamentais”, Seara Nova, n.º 23, Maio de 1923, p.187.
254
“Mais longe ainda”, Nação Portuguesa, n.º 12, 1923, p.564.
255
Seara Nova n.º 22, de Abril de 1923, p.173; e n.º 24, de Junho de 1923, p.218.
256
Carta posteriormente citada em – “D. Carolina e Gaston Paris”, Lusitânia,
fasc.X, Outubro de 1927, p.194.
257
Carolina Michaëlis deu ainda, particularmente, apoio a António Sérgio aquan-
do do conflito com os Saudosistas da Renascença Portuguesa. “Apreciei [o apoio]
por vir de uma investigadora tão cuidadosa, e de tão minucioso espírito scientifico
como ela é. Aprova também a campanha contra o Saudosismo. Que diriam a isto
os Saudosistas?”. Carta manuscrita de António Sérgio, 22 de Abril de 1914.
Espólio documental de Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/156.
258
“Uma Carta de Antero (a D. Carolina Michaëlis)”, Seara Nova, n.º 1, 15 de
Outubro de 1921, p.20.
259
Postal manuscrito de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 24 de Abril de 1923.
Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.II, maço n.º 1 –
Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria.
260
Postal manuscrito de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, s.d. [1923]. Cartas e
outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.II, maço n.º 1 – Reservados
da Biblioteca Municipal de Leiria.
261
Sobre a importância do escudo nacional enquanto elemento sintetizador da his-
tória portuguesa, confira-se o artigo de António de Vasconcelos: “O Escudo
Nacional Português”, Lusitânia, fasc.II, Março de 1924, pp.171-184. Na abertura
deste artigo, o autor resumia convictamente: “O escudo nacional é o brasão que
simboliza a Pátria. Não podemos fitá-lo com frieza e indiferença. Para nós, os
portugueses, o escudo das quinas brilha esmaltado pelo fulgor das nossas glórias.
Toda a história de Portugal se encontra indissoluvelmente ligada a este símbolo
augusto e venerando”. Note-se que António de Vasconcelos daria continuidade ao
artigo no terceiro fascículo da Lusitânia (pp.321-337).
262
Reynaldo apresentou uma “Introdução Artística” e resumos sobre alguns
importantes monumentos (no volume I, dedicado a Lisboa, escreveu sobre os
Jerónimos, Torre de Belém S. Roque, Madre de Deus, Paço Real de Sintra e
retábulo da Pena; nos volumes II e III escreveu entradas sobre vários monu-
mentos do Alentejo e da zona centro do país).
263
Carta manuscrita de José de Figueiredo, 9 de Setembro de 1923. Espólio
documental de Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/907.
264
Seara Nova, n.º 13, 12 de Maio de 1922, p.1. Sobre aquela viagem histórica e o
imaginário camoniano confira-se igualmente – COSTA, Sebastião da: “A lição do
Lusitânia”, Seara Nova, n.º 15, 1 de Julho de 1922, pp.45-46. Referência habitual na
Seara, a epopeia dos pilotos vinha de encontro ao desejo logo manifestado no
número inaugural: “O Grupo Seara Nova não se limita a glorificar os mortos
246 Reynaldo dos Santos
heróis: quer que apareçam os heróis vivos”. Seara Nova, n.º 1, 15 de Outubro de
1921, p.3. Outro aviador que seria exaltado nesse período nas páginas da revista,
da qual viria a integrar o corpo directivo, foi Sarmento de Beires.
265
Carta manuscrita de António Sérgio, s.d. Cartas e outros Escriptos dirigidos a
Afonso Lopes Vieira, vol.VII, maço n.º 41 – Reservados da Biblioteca Municipal
de Leiria.
266
Carta manuscrita de António Sérgio, 27 de Setembro de 1923. Espólio docu-
mental de Jaime Cortesão – Reservados da BNP, documento E25/1009.
267
Carta manuscrita de António Sérgio, s.d. [1923]. Espólio documental de Jaime
Cortesão – Reservados da BNP, documento E25/1005.
268
Carta manuscrita de António Sérgio, s.d. [escrita entre a publicação dos núme-
ros 26 e 27 da Seara Nova]. Espólio documental de Raul Proença, documento
E7/60.
269
Carta manuscrita de António Sérgio, 16 de Setembro de 1923. Espólio
documental de Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/97. Postal
manuscrito de António Sérgio, 20 de Setembro de 1923. Espólio documental de
Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/66. Ainda relativamente à
situação em Espanha, a condenação ao desterro de Miguel de Unamuno faria
aumentar as críticas dos seareiros ao Directório de Rivera, que não diminuíram
apesar da revogação da pena (ver edições da Seara Nova n.º 34, de 9 de Abril de
1924, p.194, e n.º 37, de Julho-Agosto de 1924, p.11).
270
Carta manuscrita de Francisco de Lacerda, 26 de Junho de 1923. Cartas e
outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.V, maço n.º 38 – Reser-
vados da Biblioteca Municipal de Leiria. Sobre a iniciativa de Lacerda, confira-se
igualmente: Diário de Notícias, 6 de Maio de 1923, p.1. Note-se que a Filarmonia
inseria-se num movimento mais amplo, a Pro-Arte, com a qual Lacerda desejava
estreitar colaboração entre os profissionais das artes e do espectáculo, tendo como
grande objectivo a criação de uma Casa do Artista – um centro cultural onde as
diferentes expressões pudessem ter ponto de encontro.
271
Assinaram o manifesto: Afonso Lopes Vieira (autor do texto), Agostinho de
Campos, Alberto de Oliveira, Aníbal de Bettencourt, António Arroio, António
Carneiro, António Correia de Oliveira, António de Lencastre, António Sérgio,
Aquilino Ribeiro, Augusto Gil, Bento Carqueja, Câmara Reis, Carlos Malheiro
Dias, Carlos Selvagem, Celestino da Costa, Columbano Bordalo Pinheiro, Eugé-
nio de Castro, Gualdino Gomes, Jaime Cortesão, João de Barros, Joaquim Manso,
Jorge Cid, José de Figueiredo, Lourenço Cayolla, Moreira de Sá, Oliveira Ramos,
Pulido Valente, Queirós Veloso, Raul Brandão, Raul Lino, Raul Proença, Rey-
naldo dos Santos, Teixeira Lopes, Trindade da Costa e Xavier da Costa.
272
Manifesto Um Crime, 16 de Novembro de 1923, pp.1, 3.
273
O Século, 17 de Novembro de 1923, p.3; O Século, 19 de Novembro de 1923, p.2.
274
O Século, 18 de Novembro de 1923, p.3; O Século, 20 de Novembro de 1923, p.5;
O Século, 22 de Novembro de 1923, p.4.
275
O Século, 25 de Novembro de 1923, p.5.
276
Sobre este episódio confira-se a descrição dos acontecimentos na memória
A cultura artística e a regeneração nacional 247
288
SÉRGIO, António: “Lapsos e mal entendidos”, Homens Livres, n.º 2, 12 de De-
zembro de 1923, p.15.
289
Carta manuscrita de Hipólito Raposo, 7 de Dezembro de 1923. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VII, maço n.º 31 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
290
Diário de Lisboa, 21 de Dezembro de 1923, p.8.
291
Diário de Lisboa, 13 de Fevereiro de 1924, p.2.
292
Diário de Lisboa, 22 de Dezembro de 1923, p.8.
293
Diário de Lisboa, 4 de Fevereiro de 1924, p.9.
294
Confira-se por exemplo a carta do jovem Vitorino Nemésio a Afonso Lopes
Vieira, no “dia de Reis” [6 de Janeiro] de 1924 – Cartas e outros Escriptos diri-
gidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VI, maço n.º 48 – Reservados da Biblioteca Mu-
nicipal de Leiria.
295
A título de exemplo, na Lusitânia citou-se Menéndez Pelayo, o qual, não sem
algum lirismo, escreveu que Carolina Michaëlis “foi a fada que a Alemanha envi-
ou a Portugal para nos ensinar a amar melhor as cousas portuguesas”. Confira-se
– fasc.II, Março de 1924, p.302. Igualmente, de Ortega y Gasset foi publicado um
texto na efémera revista Homens Livres, sob o título de “Palavras sobre Espanha
que se aplicam a Portugal”. Com dureza, referia o intelectual: “O cinismo, a
desapreensão, a incompetência, a ilegalidade, o caciquismo, etc., procedem e pro-
cederão da grande massa espanhola que vive desde há muito tempo em um grau
extremo de desmoralização. […] Exactamente os mesmos defeitos que ao
aparecerem nas funções do Estado atribuímos á ‘velha politica’, encontramo-los
nas operações privadas dos cidadãos. Apesar de serem detestáveis os ‘velhos polí-
ticos’, são muito piores os velhos espanhóis, essa grande massa inerte e maldi-
cente, sem ímpeto, nem fervor, nem interna disciplina”. Confira-se – “Palavras
sobre Espanha que se aplicam a Portugal”, Homens Livres, n.º 1, 1 de Dezembro de
1923, p.12. Poucos anos depois, Vitorino Nemésio viria a realçar o papel de
Ortega y Gasset enquanto exemplo na regeneração da política e das elites – Seara
Nova, n.º 175, 22 de Agosto de 1929, pp.106-107.
296
Lusitânia, fasc.I, Janeiro de 1924, p.4.
297
Coisas Nossas – Órgão da Associação Académica do Colégio-Liceu de Sintra, n.º 2,
Janeiro de 1924 [página não numerada].
298
Comentário de Joaquim de Vasconcelos em – postal manuscrito de Afonso Lo-
pes Vieira, 11 de Julho de 1926. Espólio documental de Reynaldo dos Santos –
AP-BCS.
299
Exemplificando a relação de interdependência administrativa entre as duas
publicações, escrevia Câmara Reis a Reynaldo: “Outro ponto importante, que de-
sejo resolver consigo e com o Sérgio, pela forma mais equitativa: a remuneração
do pessoal, em harmonia com o trabalho que lhes cabe na Seara e na Lusitânia”.
Carta manuscrita de Luís da Câmara Reis, 26 de Agosto de 1924. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
300
Carta manuscrita de Luciano Pereira da Silva, 26 de Maio de 1924. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
A cultura artística e a regeneração nacional 249
301
SANTOS, Reynaldo dos: “A iconografia dos túmulos de Alcobaça”, Lusitânia,
fasc.I, Janeiro de 1924, p.84. Sublinhe-se que, para Afonso Lopes Vieira, o ingé-
nuo lirismo era em Portugal a “afirmação do supremo carácter da Raça”. VIEIRA,
Afonso Lopes: Ilhas da Bruma, Coimbra, 1917, p.127.
302
Tratou-se de um dos raros pontos onde Reynaldo discordava de Afonso Lopes
Vieira, o qual sempre insistiria que os túmulos de Alcobaça eram de tradição
puramente nacional, considerando mesmo que o mestre escultor deveria ser por-
tuguês. Lopes Vieira viria a expor a sua argumentação no livro A Paixão de Pedro o
Cru, na sequência do qual Reynaldo lhe escreveria afirmando que não descartara
essa hipótese, embora sem admitir que a reconhecia. Carta dactilografada de
Reynaldo dos Santos, 25 de Março de 1940. Cartas e outros Escriptos dirigidos a
Afonso Lopes Vieira, vol.XIV, maço n.º 16 – Reservados da Biblioteca Municipal
de Leiria.
303
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, 5 de Setembro [de 1923]. Cartas e
outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VI, maço n.º 2 – Reserva-
dos da Biblioteca Municipal de Leiria.
304
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 9 de Dezembro de
1923. Espólio documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS. Note-se que
Carolina Michaëlis já esclarecia dúvidas de filologia portuguesa para os trabalhos
literários de Afonso Lopes Vieira. Confira-se por exemplo – postal manuscrito de
Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 26 de Setembro de 1922. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.X, maço n.º 43 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
305
SANTOS, Reynaldo dos: “A iconografia dos túmulos de Alcobaça”, Lusitânia,
fasc.I, Janeiro de 1924, p.90. Contudo, embora cumprimentando o cirurgião por
este estudo, Carolina Michaëlis, informava-o de que, se a memória não a enga-
nava: “o seu digno colega, Dr. Antonio de Vasconcellos, escreveu também, mas
conserva ainda inéditas, umas páginas sobre a Rosácea, no sentido de V.E.”.
Postal manuscrito de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, s.d. Espólio documental
de Reynaldo dos Santos – AP-BCS. Efectivamente, em 1921 António de
Vasconcelos começara a trabalhar a questão, vindo a publicar as conclusões em
1928, no livro Inês de Castro. Aqui demonstra que concordava com Reynaldo na
significação da roda, embora considerasse que, ao contrário do esquema tra-
dicional, a de Alcobaça seria parada, como se coubesse aos personagens o en-
cargo de a percorrer. Quanto à legenda, António de Vasconcelos propõe outra
leitura: “A(qui) E(spero) A FIN DO MU(n)DO”. VASCONCELOS, António de: Inês
de Castro, Porto, ed. Marques Abreu, 1928, pp.107-109, 123.
306
SANTOS, Reynaldo dos: “A. Gonçalves: Estatuária Lapidar do Museu Machado
de Castro”, Lusitânia, n.º 1, Janeiro de 1924, p.128.
307
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 25 de Fevereiro de
1924. Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço
n.º 67 – Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria.
308
FIGUEIREDO, José de: “Vergílio Correia: Sequeira em Roma (Duas Épocas)”,
Lusitânia, fasc.I, Janeiro de 1924, p.131.
250 Reynaldo dos Santos
309
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 11 de Março de 1924.
Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 67 –
Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria.
310
Terra Portuguesa, n.º 37, Março de 1924, pp.14-15.
311
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 25 de Março de 1924.
Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 67 –
Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria. Passados breves meses, Vergílio
Correia dirigiria outra carta de protesto a Carolina Michaëlis. Transcrita na Terra
Portuguesa (n.º 39, Julho de 1924, pp.62-63), o original dessa carta encontra-se no
espólio documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS, enquanto a primeira foi
devolvida a Correia.
312
SANTOS, Reynaldo dos: “O Claustro dos Jerónimos”, Lusitânia, fasc.II., Março
de 1924.
313
Idem: ibidem, pp.214-215. Esta passagem deixa igualmente nítida a comunhão
de espírito entre Reynaldo e Afonso Lopes Vieira, o qual, a propósito do “Ro-
mance de Amadis”, receberia o elogio de Manuel Gonçalves Cerejeira: “A sua
obra é na verdade um trabalho felicíssimo de intuição e gôsto. Neste sentido é aci-
ma de tudo uma grande obra de arte. Um filólogo, por exemplo, nunca o poderia
fazer, a menos que tivesse uma alma de artista”. Carta manuscrita de Manuel
Gonçalves Cerejeira, 23 de Fevereiro de 1926. Cartas e outros Escriptos dirigidos
a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 8 – Reservados da Biblioteca Muni-
cipal de Leiria.
314
SANTOS, Reynaldo dos: “P.e Manuel de Aguiar Barreiros: A Catedral de Santa
Maria de Braga”, Lusitânia, fasc.II, Março de 1924, pp.270-274. Note-se que a
exclusividade do carácter nacional na escultura até aos túmulos de Alcobaça con-
tinuou a ser defendido por Reynaldo no Guia de Portugal (vol.I, 1924, p.96).
Atente-se igualmente que Alberto Feio viria em breve a colocar em causa aquela
tese ao estudar os túmulos da Rainha Santa Isabel e de D. Gonçalo Pereira,
considerando que esta última obra – que o cirurgião entendia ser paradigmática da
tradição nacional – poderia ser de mestres castelhanos ou aragoneses, acres-
centando: “O ponto de vista do sr. Reinaldo dos Santos é, sem dúvida, mais
simpático, mas carece de demonstração para ter o devido aceite da sciência histó-
rica”. FEIO, Alberto: “Dois sepulcros medievais e seus artistas”, Biblos, Boletim da
Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, n.º 8-9, Agosto e
Setembro de 1925, pp.438-445 (citação transcrita da p.442). Sobre esta questão
confira-se igualmente – CORREIA, Vergílio: Inês de Castro – nota bibliográfica sobre o
livro do doutor António de Vasconcelos, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1928, pp.
11-12.
315
Elogiando a capacidade de Aarão de Lacerda em relacionar obras de acordo
com o espírito que encerram, Reynaldo exemplificou: “No interior e da escultura
do altar, o sr. A.L. destaca St.ª Ana, que com razão aproxima da admirável obra-
-prima do Museu Machado de Castro, imagem superior do naturalismo por-
tuguês”. Pelo contrário, o cirurgião limita-se, no mesmo texto, a comentar de
passagem um outro trabalho, de Aguiar Barreiros, dedicado ao mesmo monu-
A cultura artística e a regeneração nacional 251
mento, também designado de Capela dos Coimbras, notando que este estudo não
demonstrava o brilho intuitivo daquele de Aarão de Lacerda. SANTOS, Reynaldo
dos: “P.e M.A Barreiros: A Capela dos ‘Coimbras’; Aarão de Lacerda: A Capela de
N.ª S.ª da Conceição”, Lusitânia, fasc.II, Março de 1924, p.275.
316
“Joaquim de Vasconcelos”, Lusitânia, fasc.II, Março de 1924, p.303; “Sánchez
Cantón”, Lusitânia, fasc.III, Junho de 1924, pp.483-484.
317
CORREIA, Vergílio: “Hodart”, Terra Portuguesa, n.º 38 Maio de 1924, p.23.
318
Idem: ibidem, p.25.
319
Carta manuscrita de Joaquim de Carvalho, 12 de Junho de 1924. Cartas e ou-
tros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 5 – Reservados
da Biblioteca Municipal de Leiria.
320
Carta manuscrita de Joaquim de Carvalho, 19 de Junho de 1924. Cartas e
outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 5 – Reser-
vados da Biblioteca Municipal de Leiria.
321
Terra Portuguesa, n.º 38, Maio de 1924, p.36.
322
FIGUEIREDO, José de: “Vergílio Correia: Vasco Fernandes”, Lusitânia, fasc.III,
Junho de 1924, pp.413-420.
323
CORREIA, Vergílio: “Cronica”, Terra Portuguesa, n.º 39, Julho de 1924, pp.57-63;
Idem: “Torre de Belem”, Terra Portuguesa, n.º 39, Julho de 1924, pp.39-56.
324
“In Memoriam”, Lusitânia, fasc.III, Junho de 1924, p.485.
325
BAZIN, Germain: Histoire de l’Histoire de l’Art, Paris, ed. Albin Michel, 1986,
p.257.
326
Exemplificando a importância das rivalidades enquanto factores motivadores
para a prossecução de projectos, atente-se o caso da revista Arte e Arqueologia
fundada em Coimbra em 1930 por Vergílio Correia e António Augusto
Gonçalves. Este último afirmava no texto de abertura que a nova publicação fora
criada para dar combate à historiografia que privilegiava a sensibilidade e os cri-
térios subjectivos na análise artística.
327
SANTOS, Reynaldo dos: “A Tapeçaria de Tânger”, Lusitânia, fasc.X, Outubro de
1927, p.156.
328
Carta manuscrita de Luciano Pereira da Silva, 27 de Março de 1924. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS. Do mesmo modo, e pelas mes-
mas razões, Afonso Lopes Vieira informava Reynaldo sobre o desagrado de Ri-
cardo Jorge, amigo próximo do casal Vasconcelos. Postal manuscrito de Afonso
Lopes Vieira, 25 de Julho [sem ano]. Espólio documental de Reynaldo dos Santos
– AP-BCS.
329
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, s.d. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 67 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
330
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, 26 de Julho de 1924.
Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 67 –
Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria.
331
Carta manuscrita de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, s.d. Espólio documen-
tal de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
252 Reynaldo dos Santos
332
Carta manuscrita de Carlos Malheiro Dias, 19 de Maio de 1924. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 28 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
333
CORREIA, Vergílio: “Crónica – o ‘galbo’ de mestre Nicolau”, Terra Portuguesa, n.º
39, Julho de 1924, p.63.
334
Carta manuscrita de António Sérgio, s.d. [1924]. Espólio documental de Rey-
naldo dos Santos – AP-BCS.
335
Carta manuscrita de António Sérgio, s.d. [1924]. Cartas e outros Escriptos
dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VII, maço n.º 41 – Reservados da Biblioteca
Municipal de Leiria.
336
Carta dactilografada de António Sérgio, 29 de Agosto de 1924. Cartas e outros
Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VII, maço n.º 41 – Reservados da
Biblioteca Municipal de Leiria.
337
Carta manuscrita de António Sérgio, s.d. [1924] Cartas e outros Escriptos
dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VII, maço n.º 41 – Reservados da Biblioteca
Municipal de Leiria.
338
Sobre este assunto confira-se: Diário de Lisboa, 21 de Dezembro de 1923, p.4.
339
Confira-se – Diário de Lisboa de 8 de Fevereiro de 1924, p.5
340
Carta manuscrita de António Sérgio, 21 de Outubro [de 1924]. Espólio
documental de Carlos Malheiro Dias – Reservados da BNP, documento D4/
1393-5. Com esta carta, Sérgio pretendia confirmar a participação de Malheiro
Dias na União Intelectual Portuguesa, o que viria a acontecer. Noutra missiva, de
9 de Dezembro de 1924 (mesmo espólio, documento D4/1393-9), Sérgio
informava que a União preparava conferências para o ano seguinte, onde um dos
oradores seria Reynaldo dos Santos. Sobre os propósitos e estrutura da organi-
zação que se fundava, confira-se igualmente: “União Intelectual Portuguesa”,
Lusitânia, fasc.II, Março de 1924, p.303.
341
Diário de Notícias, 15 de Maio de 1925, p.2. Quatro anos depois, a comunicação
seria recuperada e desenvolvida noutro contexto, como será referido. Por
curiosidade, note-se que aquela mesma edição do Diário de Notícias ainda infor-
mava sobre o convite a Henrique de Vilhena – o antigo companheiro de veraneio
de Reynaldo na Figueira da Foz – para o cargo de reitor da Universidade de Co-
imbra.
342
Carta manuscrita de António Sérgio, s.d. [1925]. Espólio documental de
Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
343
Carta manuscrita de Luciano Pereira da Silva, 27 de Março de 1925. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
344
Carta manuscrita de Luciano Pereira da Silva, 14 de Maio de 1925. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
345
Carta manuscrita de Carlos Michaëlis de Vasconcelos, 30 de Agosto de 1925.
Cartas e outros Escriptos dirigidos a Afonso Lopes Vieira, vol.VIII, maço n.º 3 –
Reservados da Biblioteca Municipal de Leiria.
346
Carta manuscrita de Afonso Lopes Vieira, 11 de Julho de 1926. Espólio
documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
A cultura artística e a regeneração nacional 253
347
Carta manuscrita de Luciano Pereira da Silva, 19 de Novembro de 1925. Espó-
lio documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
348
Carta manuscrita de Afonso Lopes Vieira, s.d. [1926]. Espólio documental de
Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
349
PROENÇA, Raul: “A ditadura militar”, Seara Nova, n.º 91, 10 de Junho de 1926.
350
Apesar de aquela referência não ser incorrecta, uma vez que cada três fas-
cículos da Lusitânia correspondiam a um volume, a numeração deveria ter conti-
nuado directamente para o fascículo IV, lapso aliás notado por Câmara Reis que,
aquando de uma revisão de provas, pedia maior atenção a Reynaldo dos Santos na
composição das capas da revista. Carta manuscrita de Luís da Câmara Reis, 26 de
Agosto de 1924. Espólio documental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
351
SANTOS, Reynaldo dos: “O Museu de Arte Contemporânea”, Lusitânia, fasc.IV
(ou “fascículo I do volume segundo”), Setembro de 1924, p.52.
352
Idem: ibidem, p.54.
353
ORTIGÃO, Ramalho: A Holanda, Lisboa, 1900, p.301.
354
SANTOS, Reynaldo dos: “O Museu de Arte Contemporânea”, Lusitânia, fasc.IV
(ou “fascículo I do volume segundo”), Setembro de 1924, p.52.
355
Idem: Manuel Monteiro, Braga, ed. Rotary Club de Braga, 1953, p.10.
356
SANTOS, Reynaldo dos: Van Gogh, Lisboa, 1957, pp.3-4, páginas não numera-
das.
357
SANTOS, Reynaldo dos: “A Exposição de Eduardo Viana”, Contemporânea, n.º 8,
1923, p.90.
358
Idem: ibidem, p.91.
359
Informação colhida junto de Bartolomeu Cid dos Santos.
360
SANTOS, Reynaldo dos: “Homenagem a Columbano” [texto de Reynaldo inserto
a seguir de outro de José de Figueiredo, sob o mesmo título], Lusitânia, fasc.VII,
Outubro de 1925, pp.113-114. Note-se que na edição que juntou os fascículos V e
VI, inteiramente dedicada a Luís de Camões, Reynaldo dos Santos apenas colabo-
rou com um breve texto sobre tapeçarias.
361
SANTOS, Reynaldo dos: “A Adoração dos Reis Magos”, Lusitânia, fasc.VII, Ou-
tubro de 1925, p.40.
362
SANTOS, Reynaldo dos: “O cirurgião António de Almeida e a Setembrizada de
1810”, Lusitânia, fasc.VIII.
363
Jaime Celestino da Costa notou que Reynaldo também se referia a si próprio
quando elogiava os amigos ou evocava os seus modelos. COSTA, Jaime Celestino
da: Um Certo Conceito de Medicina, Lisboa, Gradiva, 2001, p.200.
364
SANTOS, Reynaldo dos: “O cirurgião António de Almeida e a Setembrizada de
1810”, Lusitânia, fasc.VIII, p.219. Além de António de Almeida, o primeiro por-
tuguês a integrar o Real Colégio de Cirurgiões de Londres, Reynaldo dos Santos
ainda lembra, no mesmo contexto, o caso de Jácome Ratton, companheiro de
desterro de Almeida, que viu assim recompensado o interesse por Portugal, como
referia Reynaldo, irónico.
365
SANTOS, Reynaldo dos: “Archivo Español de Arte y Arqueologia”, Lusitânia,
fasc.VIII, Dezembro de 1925, pp.270.
254 Reynaldo dos Santos
366
SANTOS, Reynaldo dos: “K. Woermann: História del arte en todos los tiempos y
pueblos”, Lusitânia, fasc.VIII, Dezembro de 1925, p.277.
367
SANTOS, Reynaldo dos: “J.A. Ferreira: Os túmulos de Santa Clara de Vila do
Conde”, Lusitânia, fasc.IX, Abril de 1926, pp.472-477.
368
SANTOS, Reynaldo dos: As Tapeçarias da Tomada de Arzila, Lisboa, 1925, p.IX.
369
Confira-se no mesmo trabalho, a título exemplificativo, a descrição dos batéis
da tapeçaria do desembarque (p.22).
370
Diário de Notícias de 12 de Fevereiro de 1926, pp.1-2.
371
Diário de Notícias, 20 de Fevereiro de 1926, p.1.
372
Diário de Notícias, 22 de Fevereiro de 1926, p.1; Diário de Notícias, 25 de Fe-
vereiro de 1926, p.1. Confira-se ainda o apontamento sobre o assunto no Diário de
Lisboa, 23 de Fevereiro de 1926, p.1.
373
Diário de Notícias, 27 de Fevereiro de 1926, p.4.
374
Realizada na Associação dos Arqueólogos Portugueses, em 19 de Abril de
1926, a comunicação foi impressa em Lisboa no mesmo ano sob o título As tape-
çarias de D. Afonso V foram para Castela por oferta deste Rei.
375
SANTOS, Reynaldo dos: “A Tapeçaria de Tânger”, Lusitânia, fasc.X, Outubro de
1927, pp.155-161.
376
CORREIA, Vergílio: “As Tapeçarias de Pastrana”, Terra Portuguesa, n.º 42,
Dezembro de 1927, p.123.
377
DORNELAS, Afonso de: O valor historico das tapeçarias de Don Afonso V existentes em
Pastrana (Guadalajara – Espanha), Madrid, 1927, pp.157-158.
378
SANTOS, Reynaldo dos: “Os painéis de Nuno Gonçalves – As fantasias de um
investigador e a competência da critica que as acatou”, Diário de Lisboa, 23 de
Janeiro de 1926, p.3. Figueiredo publicaria o artigo “Os painéis de S. Vicente por
Nuno Gonçalves” no Diário de Notícias de 23 de Janeiro de 1926, pp. 1-2.
379
Diário de Lisboa, 29 de Janeiro de 1926, p.3. A Figueiredo já tinha dado a réplica
no Diário de Notícias de 26 de Janeiro de 1926 (p.1), vindo o Director do Museu
das Janelas Verdes apresentar a sua tréplica na edição seguinte.
380
CORREIA, Vergílio: “Não é S. Vicente a figura principal dos painéis do Museu de
Arte Antiga”, Diário de Lisboa, 26 de Janeiro de 1926, p.3.
381
CORREIA, Vergílio: “Iconografia de S. Vicente”, Terra Portuguesa, n.º 42, De-
zembro de 1927, pp.97-121.
382
A questão das armas figuradas nos Painéis servira a Reynaldo como mais um
argumento em favor da tese vicentina, nomeadamente ao nível da cronologia das
tábuas, posição que Luís da Fonseca depressa veio contestar (cf. Diário de Notícias,
1 de Março de 1926, p.1). A colaboração de Bashford Dean na Lusitânia seria de
molde a favorecer a tese de Figueiredo e de Reynaldo.
383
Informação colhida junto do Prof. Bartolomeu Cid dos Santos. Por seu turno,
António Reis, com base num texto de Teolinda Proença, informa que Raul Proen-
ça foi acompanhado até à fronteira por Manuel Mendes e João Cid dos Santos,
passando para Espanha com a ajuda de um pároco. REIS, António: Raul Proença –
Biografia de um intelectual político e republicano, vol.I, Dissertação de Doutoramento,
FCSH – Universidade Nova de Lisboa, 2000, p.542.
A cultura artística e a regeneração nacional 255
384
Carta manuscrita de Raul Proença, 16 de Abril de 1927. Espólio documental de
Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
385
O Século, 4 de Março de 1927, p.5. Carta manuscrita de Luís da Câmara Reis, 17
de Março de 1927. Espólio documental de Raul Proença – Reservados da BNP,
documento E7/1663.
386
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, 18 de Setembro de 1927. Espólio
documental de Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/1809.
387
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, 23 de Novembro de 1927. Espólio
documental de Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/1808.
388
Carta manuscrita de Raul Proença, 16 de Dezembro de 1927. Espólio do-
cumental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
389
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, 3 de Janeiro de 1930. Espólio do-
cumental de Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/1813.
390
Carta manuscrita de Raul Proença, 18 de Janeiro [de 1930]. Espólio docu-
mental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
391
Sobre o Guide Bleu, pela primeira vez com um volume exclusivamente dedi-
cado a Portugal, por iniciativa de Marcel Monmarché, confira-se o artigo “Portu-
gal no estrangeiro – um guia sobre o nosso país editado pela casa Hachette”,
Diário de Notícias, 22 de Outubro de 1930, p.4.
392
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, 23 de Abril [sem ano]. Espólio
documental de Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/1839. No
contexto destas revisões, a propósito da descrição de Lisboa feita por Proença, o
cirurgião comentava: “é evidente mais um grande serviço prestado pelo meu
amigo à causa nacional na consagração da sua história e da sua arte”. Carta ma-
nuscrita de Reynaldo dos Santos, 6 de Janeiro de 1928. Espólio documental de
Raul Proença – Reservados da BNP, documento E7/1810.
393
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, 31 de Agosto [sem ano]. Espólio
documental de Raul Proença, Reservados da BNP, documento E7/1831.
394
Carta manuscrita de Raul Proença, 1 de Novembro de 1930. Espólio docu-
mental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
395
Carta dactilografada de António Sérgio, 11 de Outubro de 1930. Espólio docu-
mental de Reynaldo dos Santos – AP-BCS.
396
SANTOS, Reynaldo dos: Egas Moniz e a sua descoberta da arteriografia cerebral, sep. das
Memórias da Academia das Ciências de Lisboa – Classe de Letras, tomo III, Lisboa, 1940,
p.3.
397
Os primeiros mecanismos desenvolvidos por Reynaldo eram notoriamente
artesanais, adaptando peças de outras máquinas, como nos referiu o Prof. Joaquim
Correia, que ainda realçou a admiração que Reynaldo dos Santos nutria por Egas
Moniz, nomeadamente por conduzir estudos experimentais num país como Por-
tugal, sujeitando-se às mais variadas críticas e dificuldades.
398
O Século, 19 de Maio de 1930, pp.1-2.
399
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, s.d. Espólio documental de Raul
Proença – Reservados da BNP, documento E7/1843.
400
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, 31 de Agosto [sem ano]. Espólio
256 Reynaldo dos Santos
estritamente uma categoria – tinha um devir inscrito no tempo, tinha uma espécie
de história”. D’ORS, Eugénio: O Barroco, Lisboa, ed. Vega, 1990, p.65. Nesta
perspectiva transversal, as várias regiões e épocas históricas autonomizaram di-
versos tipos de barroco, avançando o autor espanhol com vários tipos específicos
classificados ao modo de Lineu (nomenclatura binominal com género e espécie
em latim). Note-se que d’Ors individualizava este esquema daquele de matriz he-
geliana, pois a alternância de eons, e respectiva adaptação aos condicionalismos de
cada época, não implicava uma dialéctica com um fim de superação, realçando
antes que “o permanente tem uma história, a eternidade conhece vicissitudes”
(pp.65-66).
416
D’ORS, Eugénio: O Barroco, Lisboa, ed. Vega, 1990, pp.65, 87.
417
Sobre os encontros de Pontigny confira-se – BAZIN, Germain: Histoire de
l’Histoire de l’Art, Paris, ed. Albin Michel, 1986, pp.196, 588.
418
D’ORS, Eugénio: O Barroco, Lisboa, ed. Vega, 1990, pp.76, 119-120.
419
Idem: ibidem, pp.123-128.
420
Idem: ibidem, p.122.
421
Idem: ibidem, p.119.
422
Cartas manuscritas de José de Figueiredo, de 6 e de 21 de Agosto de 1931.
Espólio documental de Raul Proença – Reservados da BNP, documentos E7/913
e E7/914.
423
Boletim da Academia Nacional de Belas-Artes, n.º 1, 1932, pp.19, 29-30.
424
D’ORS, Eugénio: O Barroco, Lisboa, ed. Vega, 1990, pp.123-124.
425
SANTOS, Reynaldo dos: “Eugénio d’Ors”, Boletim da Academia Nacional de Belas-
-Artes, n.º 8, 1955, p.53.
426
Realizada em 1936, aquela conferência de Reynaldo dos Santos foi publicada
em 1941, incluída nas Conferências de Arte.
427
Sobre a visita, conferência e elogios de José de Figueiredo, confira-se o Diário
de Notícias de 13 de Maio de 1936, p.1, e o Diário de Lisboa de 15 de Maio de 1936,
p.9.
428
SANTOS, Reynaldo dos: “O significado da pintura portuguesa no século XVII”,
Conferências de Arte, 2.ª série, Lisboa, 1943, p.38.
429
Idem: “A famosa janela de Tomar não é de João de Castilho mas dos Arrudas”,
Fradique, 2 de Maio de 1935, pp.1-2. Confira-se o artigo de Garcez Teixeira no
fasc. VII da Lusitânia.
430
Idem: Ramalho Ortigão, Lisboa, 1935, p.13.
431
Idem: Homenagem à Memória do Dr. José de Figueiredo, ed. Academia Nacional de
Belas-Artes, Lisboa, 1938, pp.29-30.
432
Idem: “Nuno Gonçalves não ocupa na história da arte o seu lugar de mestre da
pintura do séc. XV”, Diário de Lisboa, 21 de Julho de 1939, p.4 (artigo que resume
a participação no congresso londrino).
433
Diário de Notícias, 16 de Julho de 1939.
434
SANTOS, Reynaldo dos: Os Primitivos Portugueses, Lisboa, 1940, p.6.
435
Situação de Jaime Cortesão apresentada em – carta manuscrita de Fernando
Correia, 6 de Agosto de 1940. Espólio documental de Reynaldo dos Santos – AP-
258 Reynaldo dos Santos
-BCS.
436
Carta manuscrita de Reynaldo dos Santos, s.d. Espólio documental de Jaime
Cortesão – Reservados da BNP, documento E25/955.
437
Por exemplo, reivindicava que no ensino superior não deveria existir uma dis-
criminação da pintura e da escultura em relação à arquitectura (Diário das Sessões –
V Legislatura, 19 de Abril de 1950, p.796). Contudo, a iniciativa de maior relevo no
âmbito legislativo ocorreu não no domínio artístico, mas no da medicina.
Solicitado a formular um parecer sobre a Proposta de Lei de Organização
Hospitalar, Reynaldo apresentaria o documento em Janeiro de 1946, suscitando as
críticas aceso debate na Assembleia, onde o parecer foi objecto quer de elogios
(Diário das Sessões – V Legislatura, 19 de Janeiro de 1946, p.252) quer de reparos
(Diário das Sessões – V Legislatura, 23 de Janeiro de 1946, p.277).
438
Citação em – MOURÃO-FERREIRA, David: O Espírito de oposição na obra de Afonso
Lopes Vieira, sep. das Memórias da Academia das Ciências de Lisboa – Classe de Letras –
tomo XX, Lisboa, 1979, p.365.
439
SANTOS, Reynaldo dos: “Preâmbulo”, Personagens Portuguesas do Século XVII –
Exposição de Arte e Iconografia – Catálogo, Lisboa, ed. Academia Nacional de Belas-
-Artes, 1942, p.5.
440
Idem: “O significado da pintura portuguesa no século XVII”, Conferências de
Arte – 2.ª série, Lisboa, 1943 (conferência original proferida a 16 de Abril de 1942
no Palácio da Independência, na sequência da exposição “Per-sonagens
Portuguesas do Século XVII”).
441
Boletim da Academia Nacional de Belas-Artes, n.º VI, 1940, pp.5-11.
442
Preâmbulo do volume dedicado à Cidade de Coimbra – Inventário Artístico de
Portugal, Academia Nacional de Belas-Artes.
443
SANTOS, Reynaldo dos: Afonso Lopes Vieira – o artista e o homem, sep. do Boletim da
Academia Nacional de Belas-Artes (n.º XVI), Lisboa, 1947.
444
Idem: ibidem.
445
Idem: ibidem.
446
Idem: ibidem.
447
Idem: A Escultura em Portugal, vol.II, Lisboa, ed. Academia Nacional de Belas-
Artes, 1950, p.74.
448
Relatório de 27 de Junho de 1948, AN/TT – Arquivo Salazar, AOS/CP-251,
7.251.5.
449
“Revelações de um Congresso de Arte, Diário de Notícias, 30 de Abril de 1949,
p.1.
450
EVIN, Paul-Antoine: “Faut-il voir un symbolisme maritime dans la décoration
manueline?”, XVI Congrès International – Rapports et communications, vol.II, Lisboa-
-Porto, 1949, pp.191-198.
451
Egas Moniz; Reynaldo dos Santos – Últimas Lições, Ed. Sociedade Portuguesa de
Radiologia e Medicina Nuclear, Lisboa 1984, pp.101-111.
452
Proferida a 22 de Maio de 1950, a última lição foi reportada no Diário de No-
tícias do dia seguinte (pp.1, 4). A 16 de Junho do mesmo ano, o Diário de Notícias
retomou o tema e apresentou os excertos da aula. Quanto à falta de visão cos-
A cultura artística e a regeneração nacional 259
FONTES E BIBLIOGRAFIA
Publicações periódicas
Fontes impressas
Dicionários e enciclopédias
• PEREIRA, José Fernandes, et al.: Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Lisboa, Ed.
Presença, 1989.
• AMARAL, Eduardo Girão: O Professor Reynaldo dos Santos, sep. do Jornal da Sociedade
das Ciências Médicas de Lisboa, 145, Lisboa, 1981.
• CARDOSO, Edgar: Elogio Histórico de Reynaldo dos Santos, sep. das Memórias da
Academia das Ciências de Lisboa, 1971.
• CARVALHO, Aires de: Reynaldo dos Santos: três décadas na presidência da Academia
Nacional de Belas-Artes, sep. do Boletim da ANBA, Lisboa, 1980.
• CASTELO-BRANCO, Fernando, et al.: Sessão de Homenagem da Academia Nacional de
Belas-Artes aos falecidos Presidentes Prof. Doutor Reynaldo dos Santos e Arquitecto Raul
Lino, Lisboa, ANBA, 1975.
• COSTA, Jaime Celestino da: Reynaldo dos Santos – Depoimento de um discípulo, sep. das
Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, 1972.
• Idem: Reynaldo dos Santos – personalidade singular, sep. do Jornal da Sociedade das
Ciências Médicas de Lisboa, 145, Lisboa, 1981.
• ESTEVES, Juvenal: Reynaldo dos Santos e a cultura, sep. do Jornal da Sociedade das
Ciências Médicas de Lisboa, 145, Lisboa, 1981.
• Idem: Homenagem ao Prof. Reynaldo dos Santos, um vilafranquense, s.l., 1985.
• MOURA, António Carneiro: Homenagem a Reynaldo dos Santos, Lisboa, Faculdade de
Medicina de Lisboa, 1950.
• PAMPLONA, Fernando de: Reynaldo dos Santos – Mestre da Sensibilidade, sep. do
Boletim da ANBA, Lisboa, 1970.
• PEREIRA, Artur Torres: Reynaldo dos Santos na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa,
sep. do Jornal da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, 145, Lisboa, 1981.
• SEGURADO, Jorge: Reynaldo dos Santos e a arte do manuelino, Lisboa, 1980.
• SILVA, Cândido Nunes da: Evocação de Reynaldo, urologista, sep. do Jornal da Sociedade
das Ciências Médicas de Lisboa, 145, Lisboa, 1981.
• SOUTO, A. Meireles do: Elogio do Prof. Doutor Reynaldo dos Santos, Lisboa, Academia
Portuguesa de História, 1971.
A cultura artística e a regeneração nacional 265
Bibliografia geral
• VITRY, Paul: Essai sur l’oeuvre des sculpteurs français au Portugal, Coimbra, Imprensa
da Universidade, 1933.
• WATSON, Walter Crum: Portuguese Architecture, Londres, ed. A. Constable, 1908.
272 Reynaldo dos Santos
A cultura artística e a regeneração nacional 273
1 2
1. Família Santos. Clemente e Maria Amélia, com os filhos Cristina, Emília, Cle-
mente, Rodolfo e Reynaldo (junto ao x).
2. Residência familiar em Vila Franca de Xira.
274 Reynaldo dos Santos
3 4
5 6
3. Na juventude, em fotografia.
4. Na Fonte Bella, à esquerda, junto a uma alegada namorada.
5. No Carnaval de Vila Franca de Xira, à direita, como ardina.
6. Na juventude, em caricatura.
A cultura artística e a regeneração nacional 275
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14. Figuras da medicina portuguesa dos anos 30-40. Reynaldo como “Gioconda”
no canto superior esquerdo. No lado oposto, Ricardo Jorge caricaturado como o
recém-criado Rato Mickey. Entre outros médicos, o oncologista Francisco Gentil
retratado como um conhecido chef, trespassando um caranguejo (câncer).
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As imagens contidas neste volume foram cedidas por Bartolomeu dos Santos, Jai-
me Celestino da Costa, Judite Gonçalves e Maria Emília dos Santos, aos quais se
regista a cortesia e o agradecimento.
282 Reynaldo dos Santos
A cultura artística e a regeneração nacional 283
Gótico: arte medieval dos séculos XIV-XV, caracterizada pela maior altura
das construções e ampla iluminação do interior. O gótico corresponde a um
período de relativa estabilidade económica e social, pelo que, na Europa
Central e em Inglaterra, erigiram-se grandes e complexas catedrais como
símbolos da competição entre cidades e estados. Em Portugal, consolidan-
do-se a dominação cristã, surgiram edifícios góticos especialmente no cen-
tro e sul, embora sem a escala e complexidade dos principais monumentos
europeus, não obstante o importante caso do Mosteiro da Batalha.
284 Reynaldo dos Santos
Barroco: arte dos séculos XVII e XVIII, que buscava inspiração nas formas
imprevistas e sinuosas da natureza. Em Portugal, o barroco caracterizou-se
por uma maior simplicidade durante o século XVII, fruto das contingências
financeiras após a restauração da independência em 1640. Este primeiro
ciclo barroco foi considerado uma referência particularmente importante da
arte nacional, uma vez que então se procurou compensar a simplicidade
arquitectónica através das artes decorativas, inspiradas nas possessões ultra-
marinas. Por seu turno, no século XVIII, o ouro brasileiro permitiu a D.
João V importar esculturas e modelos arquitectónicos, querendo-se imitar a
sumptuosidade da corte francesa.
Para mais, Reynaldo dos Santos interessa igualmente por ter sido fi-
gura central de uma geração que durante vários anos colocou Portugal na
vanguarda mundial da ciência médica.
De facto, passavam também por aqui os desígnios patrióticos e re-
generacionistas, e se esta vertente clínica apenas pôde ser relativamente
sumarizada na dissertação de 2004, já na versão editorial de 2010 (e por con-
seguinte nesta digital) a temática conhece alguns desenvolvimentos impor-
tantes, introduzindo-se por exemplo a análise de manuscritos como o Diário
da Viagem aos EUA (1905), depositado na Sociedade das Ciências Médicas.
Embora as entradas desse documento registem sobretudo os contactos
do ainda jovem Reynaldo com os mais afamados colegas cirurgiões norte-
-americanos, igualmente aí se encontram referências de como essa expe-
riência lhe servia de inspiração para que, ao regressar, promovesse em
Lisboa novas iniciativas e projectos científicos, que contribuiriam também
para a regeneração das mentalidades, ou seja, da Cultura.
Existem portanto múltiplos e sistemáticos nexos que importa recupe-
rar e entender, quer autonomamente, quer contextualizando-os numa época
e num país, sendo esse o objectivo último que se procurou com os estudos
sobre Reynaldo dos Santos.
Por outras palavras, pretendeu-se analisar historicamente a própria
historiografia, nas suas metodologias, conquistas e utopias.
A cultura artística e a regeneração nacional 291