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DISCIPLINA TÓPICOS ESPECIAIS I E CURSO DE EXTENSÃO

REDESENHO URBANÍSTICO EM PROCESSOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E URBANIZAÇÃO

Felipe Pereira Sardenberg - Doutorado - PPGAU UFF


Aula 02 - 31/08/22: Regularização Fundiária: Pertinência, Enfoque,
Dificuldades e Obstáculos.
Esta aula introdutória já funciona como um bom resumo para o curso, ao
destacar a importância da regularização fundiária, especialmente num país em
desenvolvimento como o nosso, já que ela garante a segurança na moradia, o
subsídio à força de trabalho do trabalhador, a construção da força política das
classes populares além do resgate à cidadania. Em suma, uma política social
de enfrentamento à pobreza.
A Regularização Fundiária é o processo através do qual se estabelece um
legítimo vínculo jurídico entre um bem imóvel e o respectivo titular do direito de
propriedade ou de outro direito real. Em outras palavras, é a supressão da
clandestinidade em relação à propriedade. Contudo as premissas de
regularização devem ir além da posse propriamente dita pois é necessário
condições de moradia digna, as quais se estendem à casa, incluindo a oferta
de infraestrutura e de serviços públicos de qualidade.
O problema, como evidenciado em sala de aula, é que o espaço urbano como
conhecemos é visto prioritariamente como mercadoria, fazendo com que a
posse da terra seja, desta forma, o resgate mínimo de cidadania nos moldes
capitalistas.1
É importante destacar, ainda, que a insegurança no exercício do direito de
morar reforça o déficit de habitabilidade, tratando-se a regularização
urbanística de um fator desencadeante de uma série de iniciativas familiares de
melhoria da casa e iniciativas comunitárias de melhoria do ambiente do
assentamento. De outro lado, a irregularidade jurídico-urbanística das
ocupações acaba servindo como escudo, para justificar o abandono dos
territórios “fora-da-lei” pelo Poder Público, se prestando, muitas vezes, a lei
como instrumento de acumulação de riqueza e concentração da renda nas
cidades, e, portanto, como fonte inequívoca de legitimação de uma ordem
excludente e injusta. Para o Poder Público há uma inconveniência ética ao se
garantir apenas a titulação do lote, pois muitas vezes, a forma como a área foi
ocupada consagra injustiças.
Assinatura:

1
Bienenstein 1992

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